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Sociedade Civil Organizada Global Sociedade Civil Organizada Global Prof. Diego Araujo Azzi BRI/CECS 2018.3

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Sociedade Civil Organizada GlobalSociedade Civil Organizada Global

Prof. Diego Araujo Azzi

BRI/CECS

2018.3

Aula 15 (05/11)

Sociedade civil e a ordem mundial alternativa

Leitura base:COX, Robert W. Civil society at the turn of the millenium: prospects for analternative world order. Review of International Studies, v. 25, n. 01, 1999. pp. 3-28.

Leitura complementar:BRINGEL, Breno; PLAYERS, Geoffrey (orgs). Protesta e indignacion global: Losmovimientos sociales en el nuevo orden mundial. 1a ed. – Buenos Aires:CLACSO; Rio de Janeiro: FAPERJ, 2017. Introdução, pp. 17-26.CASTELLS, Manuel. The New Public Sphere: Global Civil Society,Communication Networks, and Global Governance. The Annals of the AmericanAcademy of Political and Social Science, March 2008.

1914-1989: O breve século XX (Hobsbawn) mostra um mundomais próximo do colapso do que da revolução

Socialismo soviético colapsa;

Lutas anti-coloniais fracassam em desafiar a hierarquia docapitalismo;

A Esquerda social-democrata na Europa se adapta aoneoliberalismo

A sociedade civil na virada do milênio

As finanças globais dominam e constrangem os Estados esuas politicas governamentais

Ao mesmo tempo, não existe um meio de administraçãocoordenada das finanças globais

A polarização social entre ricos e pobres só aumenta nomundo e as pessoas tem se tornado cada vez maisdescrentes com relação às formas de politica existente

A sociedade civil é ao mesmo tempo formada e formadora doEstado, é um agente de estabilização e reprodução, aomesmo tempo que um potencial agente de transformação

O espaço da socidade civil enquanto potencial transformadorse torna mais estreito quando há uma relação próxima entreas pessoas e suas instituições politicas – quando ahegemonia prevalece – mas que se alarga na medida emque essa identidade é fraca

Os 30 últimos anos do séc. XX transformaram bastante arelação entre Estado e sociedade civil, bem como entrecorporações e Estado

A crise de estagflação da economia capitalista nos anos 1970foi resolvida em parte através da quebra do corporativismo(poder dos sindicatos)

Ao mesmo tempo a pressão corporativa sobre os governospara ret irar o Estado de funções sociais e dedesenvolvimento levou ao fim do welfare state, cujosimpactos se fazem sentir na sociedade civil

Os trabalhadores estão hoje divididos entre três grandescategorias:

Integrados – altamente qualificados

Precários – número maior, em funções secundárias

Excluidos – desemprego estrutural

A sociedade civil no final do séc. XX está compreendidasobretudo como a esfera da autonomia da ação coletiva,diferente tanto do poder corporativo quanto estatal

A sociedade civil é o reino onde as transformações culturaisocorrem, nos embates entre forças hegemônicas e contra-hegemônicas

A sociedade civil também se tornou o campo no qual ideiasem disputa podem ser transformadas e novos conceitos deordem social podem emergir

Mas no final do séc. XX, a sociedade civil é vista não somentecomo potencial emancipatório e transformador da ordemsocial, pode ser interpretada como um reflexo dadominação do próprio Estado e do poder corporativo

Estado e poder corporativo influenciam o desenvolvimento deum determinado tipo de sociedade civil, no sentido de torná-la uma agência para estabilização da ordem e que,portanto, aumente a legitimidade desta ordem existente

ONGs que aceitem receber recursos governamentais secolocam igualmente numa posição de conformidade aordem promovida por este governo (clientelismo)

Na vida real, atores da sociedade civil podem estar muitomais preocupados com a sua sobrevivência o ascensãoeconômica do que em transformar a realidade social

Isto significa que sociedade civil pode ser vista como:

- potencial emancipatório, transformador

- potencial de auxiliar de legitimação da ordem vigente

- potencial mercado para iniciativas cidadãs deempreendedorismo social (de pequena escala)

O advento da globalização não somente da economia masdas telecomunicações, do transporte, da cultura de massa,etc, coloca o problema da construção e manutenção dahegemonia tanto no nivel da economia politica mundialcomo no nacional e local

Cox vê na tendência oligopolista do capitalismo avançado osurgimento de um novo bloco histórico de poder formadopelas mais poderosas corporações transnacionais (WEF,Global Compact, etc)

A partir dos anos 1990, os Estados e organismosinternacionais atuam mais como agências da economiaglobal, adaptando politicas e legislações 'as exigências enecessidades do 'mercado global'

A hegemonia neoliberal dos anos 1990 (pós-URSS) trouxeprofundas consequências sobre a relação entre sociedadepolitica e sociedade civil

Ao ver o Estado se retirar dos serviços públicos e da proteçãosocial, o público perde a confiança na integridade ecompetência da classe politica

O Estado se retira deixando um vácuo entre as antigaspoliticas públicas e uma sociedade civil ainda poucodesenvolvida, abrindo espaço para que o crime organizadocrie espaços de exercicio de poder paralelo

Corrupção na politica se torna inerente 'a transformação debens públicos em mercadorias e favores politicos adquiremvalor de mercado

Ao final do séc. XX existe um problema mundial que dizrespeito 'a um enorme distanciamento da sociedade politicacom relação 'a vida cotidiana das pessoas

- necessidade de reparar ou reconstruir sociedadespoliticas

- necessidade de construir um sentido de identidade entreas pessoas e as autoridades públicas

A questão da sociedade civil no final do séc. XX nos remete,desta forma, a velho dilema Maquiavélico do séc. XVI:'como formar a base social para uma nova autoridadepolítica'?

O problema prático continua sendo o mesmo: como forjar oselos entre as pessoas precarizadas, excluidas emarginalizadas de forma que os mantenha coesos numaformação politica contra-hegemônica

Um dos principais desafios é que a identidade (nem semprepolitizada) agora está muito mais vinculada 'as experiênciasvividas no mundo do consumo do que no mundo daprodução, do trabalho