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1 A imagem sugere a descoberta da racionalidade humana, exaltada pelos filósofos iluministas. Situação de Aprendizagem 6 O PENSAMENTO E O CONHECIMENTO 1. Introdução Entre tantas coisas, a Filosofia ocupou-se de estudar o ato de pensar e de conhecer. Como o homem pensa e produz conhecimento? A teoria do conhecimento foi chamada de epistemologia e essa área da Filosofia tornou-se fundamental para o desenvolvimento de métodos científicos. Relacionada a isso, está outra questão: qual é o critério necessário para identificar verdades? Sabemos que o conhecimento é transmitido, pela família ou pela escola, por exemplo. Mas não é só isso: o conhecimento não é só transmitido, mas construído, caso contrário, não haveria acúmulo e evolução dos saberes e da forma de pensar ou interpretar o mundo. Como o homem pode elaborar teorias e explicações válidas em torno da realidade? 2. Racionalismo e Empirismo O filósofo René Descartes (1596-1650) iniciou uma teoria do conhecimento. Descartes é um representante do racionalismo ou do inatismo, segundo o qual o homem desenvolve ideias a partir de seu próprio sujeito, pois a realidade está primeiramente no espírito. Diante do polo sujeito e objeto (conhecedor e conhecido), Descartes prioriza o papel do primeiro, pois as ideias não vêm de fora, mas estão dormentes no sujeito e somente um conhecimento baseado no critério da racionalidade interna do homem pode assegurar um conhecimento verdadeiro. Por outro lado, temos os empiricistas que afirmam o contrário: a alma é como uma tábula rasa e o conhecimento só é construído em virtude do contato com a realidade empírica, ou seja, em contato com a realidade sensível. Um filósofo representante dessa concepção é John Locke (1632- 1704) e Francis Bacon (1561-1626). Comparando Descartes a Locke, podemos afirmar que enquanto o primeiro enfatiza o sujeito conhecedor, o segundo enfatiza o objeto conhecido, pois a realidade é acessível ao pensamento humano pela experimentação.

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A imagem sugere a descoberta da racionalidade

humana, exaltada pelos filósofos iluministas.

Situação de Aprendizagem 6

O PENSAMENTO E O CONHECIMENTO

1. Introdução

Entre tantas coisas, a Filosofia ocupou-se de estudar o ato de pensar e de conhecer. Como o homem pensa

e produz conhecimento? A teoria do conhecimento foi chamada de epistemologia e essa área da Filosofia

tornou-se fundamental para o desenvolvimento de métodos científicos. Relacionada a isso, está outra questão:

qual é o critério necessário para identificar verdades?

Sabemos que o conhecimento é transmitido, pela família ou pela escola, por exemplo. Mas não é só isso: o

conhecimento não é só transmitido, mas construído, caso contrário, não haveria acúmulo e evolução dos

saberes e da forma de pensar ou interpretar o mundo. Como o homem pode elaborar teorias e explicações

válidas em torno da realidade?

2. Racionalismo e Empirismo

O filósofo René Descartes (1596-1650) iniciou uma

teoria do conhecimento. Descartes é um representante do

racionalismo ou do inatismo, segundo o qual o homem

desenvolve ideias a partir de seu próprio sujeito, pois a

realidade está primeiramente no espírito. Diante do polo

sujeito e objeto (conhecedor e conhecido), Descartes

prioriza o papel do primeiro, pois as ideias não vêm de fora,

mas estão dormentes no sujeito e somente um

conhecimento baseado no critério da racionalidade interna

do homem pode assegurar um conhecimento verdadeiro.

Por outro lado, temos os empiricistas que afirmam o

contrário: a alma é como uma tábula rasa e o conhecimento

só é construído em virtude do contato com a realidade

empírica, ou seja, em contato com a realidade sensível. Um

filósofo representante dessa concepção é John Locke (1632-

1704) e Francis Bacon (1561-1626). Comparando Descartes

a Locke, podemos afirmar que enquanto o primeiro enfatiza

o sujeito conhecedor, o segundo enfatiza o objeto

conhecido, pois a realidade é acessível ao pensamento

humano pela experimentação.

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Kant, o filósofo que procurou conciliar o empiricismo

e o racionalismo.

3. Immanuel Kant (1724-1804)

Entre a postura dos racionalistas, que valorizam o sujeito, e dos empiricistas, que valorizam o objeto,

encontramos a posição de Kant, para quem o conhecimento esbarra com os limites da razão e com as

possibilidades da experiência. Se não se pode confiar totalmente na razão, também não se pode confiar

totalmente nos sentidos. Para Kant:

“... o nosso conhecimento experimental é um composto do que recebemos por impressões e do que a nossa própria

faculdade de conhecer de si mesma tira por ocasião de tais impressões”.

Em suma, para Kant, o conhecimento resulta da apreensão dos conteúdos pela experiência empírica e pela

razão humana.

4. Texto Filosófico Clássico – A Crítica e Razão Pura de Kant

O efeito de um objeto sobre a capacidade

representativa enquanto somos por ele afetados é a

sensação. Diz-se empírica a intuição que se refere ao

objeto mediante uma sensação. O objeto indeterminado

de uma intuição empírica recebe o nome de fenômeno. No

fenômeno, denomino matéria aquilo que corresponde à

sensação; e denomino forma do fenômeno o que faz com

que o que o fenômeno tem de diversificado possa ser

ordenado em determinadas relações.

Como aquilo em que somente as sensações se ordenam

e podem ser postas de uma determinada forma não pode,

por sua vez, ser a sensação, resulta que a matéria de todo

fenômeno só nos pode ser dada a posteriori, mas a forma

relativa, para todos os fenômenos, já deve estar a priori no

espírito e deve, portanto, pode ser considerada

separadamente de cada sensação.

5. Texto moderno: Conhecimento segundo Cristina G. M. de Oliveira

Dá-se o nome de conhecimento à relação que se estabelece entre um sujeito cognoscente e um objeto.

Assim, todo conhecimento pressupõe dois elementos: o sujeito que quer conhecer e o objeto a ser conhecido.

Por extensão, dá-se também o nome de conhecimento ao saber acumulado pelo homem através das gerações.

O conhecimento pode ser concreto, quando o sujeito estabelece uma relação com o objeto individual. E pode

ser abstrato, quando estabelece uma relação com um objeto geral, universal. Por exemplo, o conhecimento que

temos de homem, como gênero.

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Devemos ressaltar que a relação de conhecimento implica uma transformação tanto do sujeito quanto do

objeto. O sujeito se transforma mediante o novo saber, e o objeto também se transforma, pois, o conhecimento

lhe dá sentido. Há muitos modos de se conhecer o mundo, que dependem da postura do sujeito frente ao

objeto de conhecimento: o mito, o senso comum, a ciência, a filosofia, a arte.

Todos eles são formas de conhecimento, pois cada um, ao seu modo, desvenda os segredos do mundo,

atribuindo-lhe um sentido. O mito proporciona um conhecimento que é mágico porque ainda vem permeado

pelo desejo de atrair o bem e afastar o mal, dando segurança e conforto ao homem. O senso comum ou

conhecimento espontâneo é a primeira compreensão do mundo resultante da herança do grupo a que

pertencemos e das experiências atuais que continuam sendo efetuadas.

A ciência, procurando descobrir o funcionamento da natureza através, principalmente, das relações de causa

e efeito, busca o conhecimento objetivo, lógico, através de métodos desenvolvidos para manter a coerência

interna de suas afirmações.

A Filosofia, por sua vez, propõe-se oferecer um tipo de conhecimento que busca, com todo o rigor, a origem

dos problemas, relacionando-os a outros aspectos da vida humana, numa abordagem globalizante. Já o

conhecimento proporcionado pela arte nos dá não o conhecimento de um objeto, mas de um mundo,

interpretado pela sensibilidade do artista e traduzido numa obra individual.

6. Diversos modos de ver o mundo

Observe o quadro expondo modos de conhecer o mundo, os critérios de verdade, método e relação objeto-

sujeito:

Modos de

conhecer o

mundo

Critérios de

Verdade Objetivação Metodologia Relação Sujeito-Objeto

1. O Mito A fé A experiência pessoal discursiva A experiência

Pessoal

Relação supra pessoal, onde a Revelação do Sagrado se

manifesta (revela) sobrenaturalmente ao profano através do

rito (Dramatização do mito, ou seja, da liturgia religiosa).

2. A

Filosofia A razão

Esteticismo = A subjetividade do

artista e do contemplador A dialética

(O discurso)

Relação transpessoal onde a palavra diz as coisas. O mundo se

manifesta pelos fenômenos e é dizível através do λογοσ.

3. O Senso

Comum

A cultura

Ética e Moral A tradição cultural

As crenças

Silenciosas

(Ideologias)

Relação interpessoal, onde a ideologia é estabelecida pelas

ideias dominantes e pelos poderes estabelecidos.

4. A Arte A estética

Esteticismo = A subjetividade do

artista e do contemplador

(observador) da arte.

O gosto

Relação pessoal, onde a criatividade é a percepção da

realidade do autor e a interpretação é sensibilidade do

observador.

5. A Ciência A

experimentação

Objetividade = Comprovação de

uma determinada tese de modo

objetivo

A observação Relação “impessoal”. A ausência do sujeito do cientista diante de sua

pesquisa: O mito da neutralidade científica.

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Florença, em que viveu Maquiavel, foi um centro

cultural e de arte na Itália Renascentista.

Itália renascentista.

Situação de Aprendizagem 7

MAQUIAVEL E A POLÍTICA DA ASTÚCIA

1. Introdução

Nicolau Maquiavel (Niccolò Machiavelli) nasceu na Florença, no dia 3 de maio de 1469 e morreu na mesma

cidade em 21 de Junho de 1527. Filósofo, historiador, poeta, diplomata e músico italiano do Renascimento, foi

um filho do Antropocentrismo de seu século. Considerado fundador do pensamento político moderno, por ter

escrito sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser. De Maquiavel, surgiu o

adjetivo maquiavélico que significa espírito oportunista, astuto e esperto.

O contexto histórico em que viveu foi marcado pelo esplendor cultural do Renascimento italiano, pelo

retorno à cultura clássica e pelo governo florentino de Lourenço de Médici. Aos 29 anos de idade, foi secretário

da Segunda Chancelaria (responsável pelas guerras e política interna) em Florença. Teve assim a oportunidade

de estudar o comportamento e atitudes dos políticos de sua época, experiência que fundamentou a sua obra.

Escreveu várias obras, entre as quais, destacam-se “O

Príncipe” e os “Discursos sobre a primeira década de Tito

Lívio. ” O “Príncipe” (1513) é a obra mais popular e mais

estudada de Maquiavel. O filósofo italiano enxergou a

possibilidade de um príncipe unificar a Itália e defendê-la

contra os estrangeiros, com a união de Juliano de Médici e

do Papa Leão X, porém, dedicou a obra a Lourenço de

Médici II, mais jovem, com o claro objetivo de estimula-lo a

realizar a unificação. O livro divide-se em 26 capítulos.

Define o principado, criando uma tipificação. Além disso,

defende a necessidade do príncipe de fundamentar suas

forças não em mercenários, mas em exércitos próprios, e,

após tratar do governo propriamente dito e dos motivos

por trás da fraqueza dos Estados italianos, faz uma

exortação a que um novo príncipe conquiste e liberte a

Itália.

2. Conceitos importantes

A obra de Maquiavel está intimamente relacionada com o mundo em que viveu. Foi um empirista, ou seja,

não era um teórico sistemático, não separava a teoria da prática. Pregou o Estado laico, ou seja, a separação da

esfera política da religiosa. Na sua obra, encontramos dois conceitos centrais: virtù e fortuna. Tais conceitos

aparecem muitas vezes e definem parte do seu pensamento. Para ele, a virtù seria a habilidade de adaptação

aos acontecimentos políticos que levaria à permanência no poder. A virtù funcionaria como uma barragem que

deteria os desígnios do destino. O poder de um príncipe é ameaçado se esse não tiver a capacidade de mudar,

acompanhando as alterações da situação. Caso não utilizar a virtù, o governante perderá o poder. Fortuna era,

na mitologia romana, a deusa da sorte, boa ou má, e dos acontecimentos inevitáveis. Para Maquiavel, nunca se

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Maquiavel foi um pensador típico de sua época: uma

renascentista italiano.

sabe se a sorte sorrirá, ou seja, se as circunstâncias históricas serão favoráveis ao governante ou não. Porém,

dizia, quem fosse portador da virtù, seria agraciado pela fortuna.

3. Antropologia maquiavélica.

Para Maquiavel, o homem era naturalmente portador

de uma natureza egoísta e má. Os homens querem obter

os máximos ganhos a partir do menor esforço, e fazem o

bem quando forçados a isso. Não compreendia o homem

como fruto de processos históricos e culturais, e assim,

para ele, o homem era sempre o mesmo, não alterando

suas más inclinações.

4. Texto 1 – Sobre Maquiavel

Mais de quatro séculos nos separam da época em que viveu Maquiavel. Muitos leram e comentaram sua

obra, mas um número consideravelmente maior de pessoas evoca seu nome ou pelo menos os termos que aí

tem sua origem. “Maquiavélico e maquiavelismo” são adjetivo e substantivo que estão tanto no discurso

erudito, no debate político, quanto na fala do dia a dia. Seu uso extrapola o mundo da política e habita sem

nenhuma cerimônia o universo das relações privadas. Em qualquer de suas acepções, porém, o maquiavelismo

está associa - do a ideia de perfídia, a um procedimento astucioso, velhaco, traiçoeiro. Estas expressões

pejorativas sobreviveram de certa forma incólumes no tempo e no espaço, apenas alastrando-se da luta política

para as desavenças do cotidiano. Assim, hoje em dia, na maioria das vezes, Maquiavel é mal interpretado.

Maquiavel, ao escrever sua principal obra, O PRÍNCIPE, criou um “manual da política”, que pode ser interpretado

de muitas maneiras diferentes. Talvez por isso sua frase mais famosa: -”Os fins justificam os meios”- seja tão mal

interpretada. Mas para entender Maquiavel em seu real contexto, é necessário conhecer o período histórico em

que viveu. É exatamente isso que vamos fazer. (Extraído de www.culturabrasil)

5. O Panorama Político

Maquiavel viveu durante a Renascença Italiana, o que explica boa parte das suas ideias. Na Itália do

Renascimento reina grande confusão. A tirania impera em pequenos principados, governados despoticamente

por casas reinantes sem tradição dinástica ou de direitos contestáveis. A ilegitimidade do poder gera situações

de crise e instabilidade permanente, onde somente o cálculo político, a astúcia e a ação rápida e fulminante

contra os adversários são capazes de manter o príncipe. Esmagar ou reduzir à impotência a oposição interna,

atemorizar os súditos para evitar a subversão e realizar alianças com outros principados constituem o eixo da

administração. Como o poder se funda exclusivamente em atos de força, é previsível e natural que pela força

seja deslocado, deste para aquele senhor. Nem a religião nem a tradição, nem a vontade popular legitimaram e

ele tem de contar exclusivamente com sua energia criadora. A ausência de um Estado central e a extrema

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multipolarização do poder criam um vazio, que as mais fortes individualidades têm capacidade para ocupar. Até

1494, graças aos esforços de Lourenço, o Magnífico, a península experimentou uma certa tranquilidade.

Entretanto, desse ano em diante, as coisas mudaram muito. A desordem e a instabilidade ficaram

incontroláveis. Para piorar a situação, que já estava grave, devido aos conflitos internos entre os principados,

somaram-se as constantes e desestruturadas invasões dos países próximos como a França e a Espanha. E foi

nesse cenário conturbado, onde nenhum governante conseguia se manter no poder por um período superior a

dois meses, que Maquiavel passou a sua infância e adolescência.

6. Vida e obra

Maquiavel nasceu em Florença em 3 de maio de 1469, numa Itália “esplendorosa, mas infeliz”, segundo o

historiador Garin. Sua família não era aristocrática nem rica. Seu pai, advogado como um típico renascentista,

era um estudioso das humanidades, tendo se empenhado em transmitir uma aprimorada educação clássica para

seu filho. Maquiavel com 12 anos, já escrevia no melhor estilo e, em latim. Mas apesar do brilhantismo precoce,

só em 1498, com 29 anos Maquiavel exerce seu primeiro cargo na vida pública. Foi nesse ano que Nicolau

passou a ocupar a segunda chancelaria. Isso se deu após a deposição de Savonarola, acompanhado de todos os

detentores de cargos importantes da república florentina. Nessa atividade, cumpriu uma série de missões, tanto

fora da Itália como internamente, destacando-se sua diligência em instituir uma milícia nacional.

Com a queda de soverine, em 1512, a dinastia Médici volta ao poder, desesperando Maquiavel, que é

envolvido em uma conspiração, torturado e deportado. É permitido que se mude para São Cassiano, cidade

pequena próxima de Florença, onde escreve sobre a Primeira década de Tito-Lívio, mas interrompe esse

trabalho para escrever sua obra prima: O Príncipe, segundo alguns, destinado a que se reabilitasse com os

aristocratas, já que a obra era nada mais que um manual da política.

Maquiavel viveu uma vida tranquila em S. Cassiano. Pela manhã, ocupava-se com a administração da

pequena propriedade onde está confinado. À tarde, jogava cartas numa hospedaria com pessoas simples do

povoado. E à noite vestia roupas de cerimônia para conviver, através da leitura com pessoas ilustres do passado,

fato que levou algumas pessoas a considerá-lo louco.

A obra de Maquiavel é toda fundamentada em sua própria experiência, seja ela com os livros dos grandes

escritores que o antecederam, ou sejam os anos como segundo chanceler, ou até mesmo a sua capacidade de

olhar de fora e analisar o complicado governo do qual terminou fazendo parte.

Enfim, em 1527, com a queda dos Médici e a restauração da república, Maquiavel que achava estarem

findos os seus problemas, viu-se identificado por jovens republicanos como alguém que tinha ligações com os

tiranos depostos. Então se viu vencido. Esgotaram-se suas forças. Foi a gota d’água que estava faltando. A

república considerou-o seu inimigo. Desgostoso, adoece e morre em junho. Mas nem depois de morto,

Maquiavel terá descanso. Foi posto no Índex pelo concílio de Trento, o que o levou, desde então a ser objeto de

excreção dos moralistas.

7. A Nova Ciência Política

Maquiavel faleceu sem ter visto realizados os ideais pelos quais se lutou durante toda a vida. A carreira

pessoal nos negócios públicos tinha sido cortada pelo meio com o retorno dos Médicis e, quando estes

deixaram o poder, os cidadãos esqueceram-se dele, “um homem que a fortuna tinha feito capaz de discorrer

apenas sobre assuntos de Estado”. Também não chegou a ver a Itália forte e unificada. Deixou, porém um

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valioso legado: o conjunto de ideias elaborado em cinco ou seis anos de meditação forçada pelo exílio. Talvez

nem ele mesmo soubesse avaliar a importância desses pensamentos dentro do panorama mais amplo da

história, pois “especulou sempre sobre os problemas mais imediatos que se apresentavam”. Apesar disso,

revolucionou a história das teorias políticas, constituindo-se um marco que modificou o fato das teorias do

Estado e da sociedade não ultrapassarem os limites da especulação filosófica.

O universo mental de Nicolau Maquiavel é completamente diverso. Em São Cassiano, tem plena consciência

de sua originalidade e trilha um novo caminho. Deliberadamente distancia-se dos “tratados sistemáticos da

escolástica medieval” e, à semelhança dos renascentistas preocupados em fundar uma nova ciência física, rompe

com o pensamento anterior, através da defesa do método da investigação empírica.

8. O pensamento de Maquiavel

Maquiavel nunca chegou a escrever a sua frase mais famosa: “os fins justificam os meios”. Mas com certeza

ela é o melhor resumo para sua maneira de pensar. Seria praticamente impossível analisar num só trabalho,

todo o pensamento de Nicolau Maquiavel, portanto, vamos analisá-lo baseados nessa máxima tão conhecida e

tão diferentemente interpretada.

Ao escrever O Príncipe, Maquiavel expressa nitidamente os seus sentimentos de desejo de ver uma Itália

poderosa e unificada. Expressa também a necessidade (não só dele, mas de todo o povo Italiano) de um

monarca com pulso firme, determinado que fosse um legítimo rei e que defendesse seu povo sem escrúpulos e

nem medir esforços. Em O Príncipe, Maquiavel faz uma referência elogiosa a César Bórgia, que após ter

encontrado na recém conquistada Romanha, um lugar assolado por pilhagens, furtos e maldades de todo tipo,

confia o poder a Dom Ramiro de Orco. Este, por meio de uma tirania impiedosa e inflexível põe fim à anarquia e

se faz detestado por toda parte. Para recuperar sua popularidade, só restava a Bórgia suprimir seu ministro. E

um dia em plena praça, no meio de Cesena, mandou que o partissem ao meio. O povo por sua vez ficou, ao

mesmo tempo, satisfeito e chocado. Para Maquiavel, um príncipe não deve medir esforços nem hesitar, mesmo

que diante da crueldade ou da trapaça, se o que estiver em jogo for a integridade nacional e o bem do seu

povo.

“... sou de parecer de que é melhor ser ousado do que prudente, pois a fortuna (oportunidade) é mulher e, para

conservá-la submissa, é necessário (...) contrariá-la. Vê-se, que prefere, não raramente, deixar-se vender pelos

ousados do que pelos que agem friamente. Por isso é sempre amiga dos jovens, visto terem eles menos respeito e

mais ferocidade e subjugarem-na com mais audácia”.

Para Maquiavel, como renascentista que era, quase tudo que veio antes estava errado. Esse tudo deve

incluir os pensamentos e as ideias de Aristóteles. Ao contrário deste, Maquiavel não acredita que a prudência

seja o melhor caminho. Para ele, a coerência está contida na arte de governar.

Maquiavel procura a prática. A execução fria das observações meticulosamente analisadas, feitas sobre o

Esta do, a sociedade. Maquiavel segue o espírito renascentista, inovador. Ele quer superar o medieval. Quer

separar os interesses do Estado dos dogmas e interesses da igreja.

Maquiavel não era o vilão que as pessoas pensam. Ele não era nem malvado. O termo maquiavélico tem

sido constantemente mal interpretado. “Os fins justificam os meios”. Maquiavel, ao dizer essa frase,

provavelmente não fazia ideia de quanta polêmica ela causaria. Ao dizer isso, Maquiavel não quis dizer que

qualquer atitude é justificada dependendo do seu objetivo. Seria totalmente absurdo. O que Maquiavel quis

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dizer foi que os fins determinam os meios. É de acordo com o seu objetivo que você vai traçar os seus planos de

como atingi-los.

Assim, a contribuição de Nicolau Maquiavel para o mundo é imensa e fantástica. Maquiavel ensinou, através

da sua obra, a vários políticos e governantes. Aliás, a obra de Maquiavel entrou para sempre não só na história,

como na nossa vida cotidiana atual, já que é aplicável a todos os tempos. É possível perceber que “Maquiavel,

fingindo ensinar aos governantes, ensinou também ao povo”. E é por isso que até hoje, e provavelmente para

sempre, ele será reconhecido como um dos maiores pensadores da história do mundo.

9. Trecho Clássico de Maquiavel de O Príncipe

Quem quiser praticar a bondade em tudo o que faz está condenado a penar, entre tantos que não são bons.

É necessário, portanto, que o príncipe que deseja manter-se aprenda a agir sem bondade, faculdade que usará

ou não, em cada caso, conforme seja necessário.

[…]

Pode-se observar que todos os homens – especial - mente os soberanos, colocados em posição mais

elevada

– Têm a reputação de certas qualidades que lhe valem elogios ou vitupérios (palavra ou atitude ofensiva).

Assim, alguns são tidos como liberais, outros por miseráveis […]; um é considerado generoso; o outro,

ávido; um cruel; o outro, misericordioso; um, efeminado e pusilânime (covarde); e outro bravo e corajoso;

[…] e assim por diante.

Naturalmente, seria muito louvável que um príncipe possuísse todas as boas qualidades acima

mencionadas, mas como isso não é possível, pois as condições humanas não o permitem, é necessário que

tenha a prudência necessária para evitar o escândalo provocado pelos vícios que poderiam fazê-lo perder seus

domínios, evitando os outros, se for possível; se não for, poderá praticá-los com menores escrúpulos. Contudo

não deverá preocupar-se com a prática escandalosa daqueles vícios sem os quais é difícil salvar o Estado; isto

porque, se se refletir bem, será fácil perceber que certas qualidades que parecem virtudes levam à ruína, e

outras, que parecem vícios, trazem como resultado o aumento da segurança e do bem-estar.

10. Texto 2 - Maquiavel e a política contemporânea (Por Alexandre Gomes)

Maquiavel é talvez um dos autores – como a imensa maioria dos clássicos de qualquer área – mais mal

compreendidos tanto pela crítica como, principalmente, pelo senso comum. A própria significação que se dá ao

termo maquiavélico revela está incompreensão.

A principal destas incompreensões provavelmente é a que o vincula à ação inescrupulosa e ao desejo do

poder pelo Poder. Nada mais contrário a Maquiavel, ao definir que “os fins justificam os meios” – frase

habitualmente utilizada fora de contexto - ele não desprezava os fins, os objetivos, mas sim os colocava em seu

devido lugar: no centro de planejamento de qualquer ação política. E quais eram os fins que Maquiavel

almejava, pergunta que poucos se fazem. Em primeiro lugar ele desejava trazer para a Itália uma instituição

republicana na qual a vontade do povo fosse respeitada. É bastante evidente em um texto dele – muito menos

conhecido que "O Príncipe" – Comentários sobre a Primeira Década de Tito Lívio sua vocação republicana e em

certa medida democrática.

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Mas, mesmo nas páginas do Príncipe, ele adverte ao soberano que é perigoso ser odiado pelo povo e que a

um governante que não é capaz de manter-se em paz com o povo é inútil a proteção dos exércitos e

fortificações. Isto se dá porque na sua compreensão de sociedade há atores múltiplos – o príncipe, os nobres, o

povo – e, portanto, ele é capaz de perceber que sempre existirão conflitos na sociedade.

Este modelo é muito diferente dos posteriores que irão imaginar a existência de um Estado acima da

sociedade – como o pensado pelo modelo liberal – ou apenas como apêndice de uma parte da sociedade –

como os marxistas. Ainda hoje parece ser um paradigma eficiente para analisar a política.

Maquiavel dedica boa parte dos seus textos a avaliar que é necessário ver a política como ela é, não como

ela deveria ser. Ao afirmar isto ele em momento nenhum advogou que os muitos truques – do assassinato à

corrupção - analisados por ele fossem um padrão ou um ideal do que deveria ser a política – tampouco de que

ela sempre haveria de ser assim. Ele apenas constatou fatos e analisou os dados presentes. Assim a visão de

Maquiavel é essencialmente estratégica: definir o objetivo, enxergar a realidade como ela é, refletir como a

partir daquela realidade dada se pode chegar à situação desejada no objetivo, rever os objetivos a partir desta

reflexão e, finalmente, pensar nas táticas que podem ajudar a concretizar o objetivo através de um processo

gradual de metas realistas e concretas. Além disto, ele adverte de um lado para que não se perca o objetivo de

vista e de outro para que nem toda tática é recomendável. A questão não é, portanto, linear nem são infinitas as

escolhas porque algumas delas ampliam o risco admissível. Os riscos, avalia ele, às vezes devem ser corridos

porque a sorte em geral favorece aos audazes, mas se deve estar consciente deles. Mais ou menos o conceito

de risco calculado da estratégia militar contemporânea.

Assim ele sabe que o Estado que ele deseja não será obtido enquanto a Itália não for unificada. Sabe que

ela. Não será unificada a não ser por um Príncipe forte e que este processo inevitavelmente conduzirá a guerras

e violência. Sabe que está centralização precisa se dar em torno de um nome forte porque precisará

obrigatoriamente combater a aristocracia – com a qual o Estado republicano final não será possível. Daí o

conteúdo até brutal em alguns momentos do Príncipe.

11. Síndrome de Cassandra

Curioso que Maquiavel, ao lado de dois outros grandes estrategistas – Ibn Khaldun e Karl Clausewitz –

jamais tenham sido ouvidos em sua época. Maquiavel passou a vida toda tentando se fazer ouvir pelos príncipes

italianos. Khaldun passou a vida fugindo de corte em corte do Magreb onde inevitavelmente caia em desgraça.

Clausewitz jamais conseguiu ser levado a sério pelo Estado maior prussiano. Tal como a personagem da

mitologia grega, os três parecem ter recebido ao mesmo tempo o dom de prever o futuro e a maldição de não

ser capaz de convencer ninguém das suas previsões por mais acertadas que fossem. Ainda assim Maquiavel

continua hoje sendo um eficiente conselheiro, Clausewitz moldando os exércitos contemporâneos e Khaldun

arrancando exclamações sobre a atualidade de seu modelo de interpretação do desenvolvimento das

sociedades. Enquanto isto os contemporâneos a eles que obtiveram seus efêmeros sucessos tiveram o nome

apagados da história.

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12. Frases de Maquiavel

“Há três espécies de cérebros: uns entendem por si próprios; os outros discernem o que os primeiros entendem;

e os terceiros não entendem nem por si próprios nem pelos outros; os primeiros são excelentíssimos; os

segundos excelentes; e os terceiros totalmente inúteis”.

“Nenhum indício melhor se pode ter a respeito de um homem do que a companhia que frequenta: o que tem

companheiros decentes e honestos adquire, merecidamente, bom nome, porque é impossível que não tenha

alguma semelhança com eles”.

“Os homens têm menos escrúpulos em ofender quem se faz amar do que quem se faz temer, pois o amor é

mantido por vínculos de gratidão que se rompem quando deixam de ser necessários, já que os homens são

egoístas; mas o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca falha”.

“Não se pode chamar de "valor" assassinar seus cidadãos, trair seus amigos, faltar a palavra dada, ser

desapiedado, não ter religião. Essas atitudes podem levar à conquista de um império, mas não à glória”.

“Assegurar-se contra os inimigos, ganhar amigos, vencer por força ou por fraude, faz-se amar a e temer pelo

povo, ser seguido e respeitado pelos soldados, destruir os que podem ou devem causar dano, inovar com

propostas novas as instituições antigas, ser severo e agradável, magnânimo e liberal, destruir a milícia infiel e

criar uma nova, manter as amizades de reis e príncipes, de modo que lhe devam beneficiar com cortesia ou

combater com respeito, não encontrará exemplos mais atuais do que as ações do duque”.

“Um príncipe sábio deve observar modos similares e nunca, em tempo de paz, ficar ocioso".

“... Pois o homem que queira professar o bem por toda parte é natural que se arruíne entre tantos que não são

bons”.

“Tendo o príncipe necessidade de saber usar bem a natureza do animal, deve escolher a raposa e o leão, pois o

leão não sabe se defender das armadilhas e a raposa não sabe se defender da força bruta dos lobos. Portanto é

preciso ser raposa, para conhecer as armadilhas e leão, para aterrorizar os lobos”.

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Hobbes, filósofo político, para quem a

sociedade era um pacto artificial.

Situação de Aprendizagem 8

A FILOSOFIA SOCIAL: THOMAS HOBBES

1. Introdução

Hoje, dispomos de uma ciência específica que estuda o ser social, as relações sociais: a sociologia. Mas a

filosofia nunca deixou de interpretar a sociedade, a convivência humana, imposta pela própria natureza

antropológica, pois o homem é um ser social e a vida em sociedade tem um fim em si mesmo. A filosofia

também aborda as questões de política e ética, fundamentais para o estudo da sociedade humana. Alguns

filósofos acreditavam que o homem não era naturalmente um ser social. Afirmavam que o homem vivia

originalmente em um estado de natureza, mas que acabava por renunciar a este para assim conseguir algumas

vantagens, como segurança. A sociedade, portanto, era vista como um pacto ou contrato artificial, como um

artifício para assegurar algum bem-estar. Essa visão já não é aceita pelos sociólogos e filósofos modernos. Não

há como pensar o homem sem a sociedade. Veremos abaixo um pequeno texto de Thomas Hobbes (1588-

1679), filósofo inglês, para quem a sociedade era um pacto artificial.

2. Texto Clássico de Hobbes – O Leviatã

Certo que algumas criaturas vivas, como as abelhas e as

formigas, vivem em sociedade (e por isso são inclusas por

Aristóteles entre as criaturas políticas), mas não são regidas senão

por seus juízos e apetites particulares, não dispondo da

linguagem por meio da qual uma possa indicar à outra aquilo que

acredita ser vantajoso para o bem comum. Assim, talvez alguns

desejem saber por que o gênero humano não pode fazer o

mesmo. Ao que respondo:

Em primeiro lugar, os homens estão em contínua competição

pela honra e pela dignidade, o que não ocorre entre essas

criaturas; consequentemente, surgem entre os homens inveja e

ódio e, por fim, a guerra; entre as criaturas não é assim.

Em segundo lugar, entre as criaturas o bem comum não se

distingue do bem individual, mas, sendo, por natureza, inclinadas

a buscar o seu bem individual, acabam por alcançar o bem

comum. Mas, para os homens, a felicidade consiste em

comparar-se com os outros homens...

Em terceiro lugar, não possuindo essas criaturas (ao contrário do homem) o uso da razão, não veem nem

pensam ver qualquer culpa na administração dos seus negócios comuns, ao passo que entre os homens existem

muitos que se julgam mais sábios e capazes que os outros para governar a coisa pública; e se esforçam para

reformar e inovar as formas diferentes, o que acaba por levar à divisão e à guerra civil.

Em quarto lugar, essas criaturas irracionais, mesmo fazendo um certo uso da voz para comunicar entre si os

seus desejos e as suas predileções, são desprovidos da arte da linguagem, mediante a qual alguns homens

podem representar aos demais o que é bem sob a aparência do mal, e o que é mal sob a aparência do bem,

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aumentando ou diminuindo a aparente dimensão do bem e do mal, provocando descontentamento entre os

homens e abalando sua paz e seu bel-prazer.

Em quinto lugar, as criaturas irracionais não são capazes de distinguir injúria e dano; portanto, desde que se

sintam à vontade, não se sentem ofendidas pelas suas companheiras, ao passo que o homem é tanto mais

turbulento quanto mais se sente à vontade; é justamente neste caso que gosta de exibir a sua sabedoria e

censurar as ações daqueles que governam o Estado. Finalmente, o acordo que se produz entre as criaturas é

natural, enquanto o acordo entre os homens é apenas pactual, ou seja, artificial; portanto não surpreen de que

(além do pacto) exijam algumas coisas uns dos outros para tornar o acordo constante e duradouro – ou seja,

um poder comum que os constranja e dirija as suas ações para um benefício comum.

(Thomas Hobbes, O Leviatã)

3. Texto Moderno – Sociedade e Indivíduo

A natureza modificada pelo trabalho humano não é apenas a do mundo exterior, mas também a da

individualidade humana, pois nesse processo o homem se autoproduz, isto é, faz a si mesmo homem.

O autoproduzir-se humano se completa em dois movimentos contraditórios e inseparáveis: por um lado, a

sociedade exerce sobre o indivíduo um efeito plasmador, a partir do qual é construída uma determinada visão

de mundo; por outro, cada um elabora e interpreta a herança recebida na sua perspectiva pessoal.

É bem verdade que o teor dessas mudanças varia conforme o tipo de sociedade: no mundo contemporâneo de

intensa urbanização, as alterações são muito mais velozes do que nas tribos indígenas ou comunidades

tradicionais. Mesmo assim, não há sociedade estática: em maior ou menor grau, todas mudam, estabelecendo

uma dinâmica que resulta do embate entre tradição e ruptura, herança e renovação.

A transformação produzida pelo homem pode ser caracterizada como um ato de liberdade, entendendo-se

liberdade não como alguma coisa que é dada ao homem, mas como resultado da sua capacidade de

compreender o mundo, projetar mudanças e fazer projetos. Pelo trabalho o homem aprende a conhecer as suas

próprias forças e limitações, desenvolve a inteligência, as habilidades, impõe-se uma disciplina, relaciona-se com

os companheiros e vive os afetos de toda relação. Nesse sentido, dizemos que o homem se autoproduz, pois,

ele se modifica e se constrói a partir de sua ação. E nesse movimento tece sua liberdade.

(Sociedade e Indivíduo, Maria Lúcia de Arruda Aranha)

Não há homens sem sociedade. Imagem de índios

brasileiros.

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Exercícios Filosóficos para Reflexão e Fixação

1. A teoria do conhecimento foi chamada de

a) Epistemologia.

b) Filosofia.

c) Ciência.

d) Metodologia.

e) Hermenêutica.

2. “Devemos ressaltar que a relação de conhecimento implica uma transformação tanto do sujeito quanto do objeto. O

sujeito se transforma mediante o novo saber, e o objeto também se transforma, pois o conhecimento lhe dá sentido”.

(Cristina de Oliveira): Com isso, a autora quis

a) ressaltar o caráter dinâmico do processo de conhecimento.

b) indicar os limites do conhecimento.

c) mostrar a impossibilidade de se produzir um saber rigoroso, pois ele está sempre se modificando.

d) valorizar a ciência sobre as demais formas de saber.

e) relativizar a capacidade racional humana.

3. Sobre a produção de conhecimento, julgue as proposições abaixo:

I. Há várias formas de conhecer o mundo, com diferentes peculia - ridades.

II. A arte aparece como uma forma de conhecimento predomi nan-temente objetivo, pois resulta da experiência

empírica.

III. O mito deve ser desclassificado como forma de conhecimento, pois se baseia no inexistente e fantasioso.

IV. A filosofia é um conhecimento racional e elaborado com rigor.

São corretas:

a) apenas I e II. b) apenas II e III.

c) apenas I e III. d) apenas I e IV.

e) apenas III e IV.

4. Segundo o “inatismo”, o homem desenvolve ideias a partir

a) de seu próprio sujeito.

b) da observação empírica.

c) dos dados coletados cientificamente.

d) de uma metodologia científica rigorosa, que deixe de lado pressupostos racionais não comprovados.

e) da realidade externa.

5. (UNICAMP-2013) – A dúvida é uma atitude que contribui para o surgimento do pensamento filosófico moderno. Neste

comportamento, a verdade é atingida através da supressão provisória de todo conhecimento, que passa a ser

considerado como mera opinião. A dúvida metódica aguça o espírito crítico próprio da Filosofia. (Adaptado de Gerd A.

Bornheim, Introdução ao filosofar. Porto Alegre: Editora Globo, 1970, p. 11.). A partir do texto, é correto afirmar que:

a) A Filosofia estabelece que opinião, conhecimento e verdade são conceitos equivalentes.

b) A dúvida é necessária para o pensamento filosófico, por ser espontânea e dispensar o rigor metodológico.

c) O espírito crítico é uma característica da Filosofia e surge quando opiniões e verdades são coincidentes.

d) A dúvida, o questionamento rigoroso e o espírito crítico são fundamentos do pensamento filosófico moderno.

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6. ENEM) – O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo

unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente de outros que, por muita piedade,

permitem os distúrbios que levam ao assassinato e ao roubo. MAQUIAVEL, N. O Príncipe, São Paulo: Martin Claret,

2009. No século XVI, Maquiavel escreveu “O Príncipe”, reflexão sobre a Monarquia e a função do governante. A

manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se

a) na inércia do julgamento de crimes polêmicos.

b) bondade em relação ao comportamento dos mercenários.

c) compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.

d) neutralidade diante da condenação dos servos.

e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe.

7. (IFRN) – Nicolau Maquiavel foi diferente dos teólogos medievais e de seus contemporâneos ao fundamentar as suas

teorias políticas porque partiu

a) da Bíblia para fundamentar as suas teorias políticas.

b) do direito romano para a construção do seu pensamento político.

c) das obras dos filósofos grecorromanos para construir a sua teoria política.

d) da experiência real do seu tempo para fundamentar o seu pensamento político.

8. (UEL) – “O maquiavelismo é uma interpretação de O Príncipe de Maquiavel, em particular a interpretação segundo a

qual a ação política, ou seja, a ação voltada para a conquista e conservação do Estado, é uma ação que não possui um

fim próprio de utilidade e não deve ser julgada por meio de critérios diferentes dos de conveniência e oportunidade.”

(BOBBIO, Norberto. Direito e Estado no pensamento de Emanuel Kant.Trad. de Alfredo Fait. 3.ed. Brasília: Editora da

UNB, 1984. p. 14.). Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, para Maquiavel o poder político é:

a) Independente da moral e da religião, devendo ser conduzido por critérios restritos ao âmbito político.

b) Independente da conveniência e oportunidade, pois estas dizem respeito à esfera privada da vida em sociedade.

c) Dependente da religião, devendo ser conduzido por parâmetros ditados pela Igreja.

d) Dependente da ética, devendo ser orientado por princípios morais válidos universal e necessariamente.

e) Independente das pretensões dos governantes de realizar os interesses do Estado.

9. (ENEM) – “Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo

acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes transformações ocorridas, e que ocorrem

diariamente, as quais escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso livre-arbítrio,

creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle

sobre a outra metade.” MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado). Em O Príncipe, Maquiavel refletiu

sobre o exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o seu pensamento

político e o humanismo renascentista ao

a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do seu tempo.

b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.

c) afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana.

d) romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem.

e) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão.

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10. (UEM) – Thomas Hobbes explica a origem da sociedade e do Estado mediante a ideia de um pacto ou acordo entre os

indivíduos para regulamentar o convívio social e garantir a paz e a segurança de todos. Sobre a teoria política de

Thomas Hobbes, assinale o que for correto.

01) Segundo Thomas Hobbes, no estado de natureza, o comportamento dos homens é pacífico, o que é condição para

instauração do pacto de respeito mútuo às liberdades individuais.

02) Segundo Thomas Hobbes, no estado de natureza, o homem dispõe de toda liberdade e poder para realizar tudo

quanto sua força ou astúcia lhe permitir.

03) Segundo Thomas Hobbes, o Estado é a unidade formada por uma multidão de indivíduos que concordaram em

transferir seu direito de governarem a si mesmos à pessoa ou à assembleia de pessoas que os represente e que

possa assegurar a paz e o bem comum.

04) Na obra Leviatã, para caracterizar o Estado, Thomas Hobbes utiliza a figura do Novo Testamento, o Leviatã, cuja

função é salvar os homens do poder despótico dos reis.

05) Segundo Thomas Hobbes, o Estado não dispõe de poder absoluto algum. É ilegítimo o uso da força pelo soberano

para constranger os súditos, pois o controle do poder instituído, como o próprio poder, deve assentar-se no

acordo e no convencimento.

BIBLIOGRAFIA E SUGESTÓES DE APROFUNDAMENTO

ARANHA, MARIA L. A. Filosofando – introdução à filosofia. São Paulo: Moderna.

CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 12. ed. São Paulo: Ática, 2001.

CHAUI, Marilena. Introdução à Filosofia. São Paulo: Ática, 2010.

MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).

BOBBIO, Norberto. Direito e Estado no pensamento de Emanuel Kant. Trad. de Alfredo Fait. 3.ed. Brasília.

André Petry. O Século do Pacífico. Veja, 24.04.2013. Adaptado

Professor Leandro Andrade da Rocha

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