sistema 2002 finalizado
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Nova Concepção de Deficiência Mental Segundo a American
Association on Mental Retardation-AAMR: Sistema 2002
Erenice Natália Soares de Carvalho
A Associação Americana de Retardo Mental – AAMR1 propõe novo modelo para a
compreensão da deficiência mental, incluindo definição, terminologias, classificação e
sistemas de apoio. Incorpora novos conhecimentos e discussões científicas acerca dessa
condição, apresentando um enfoque funcional, bioecológico e multidimensional, com
ênfase nos sistemas de apoio à pessoa com deficiência mental.
O Sistema 2002 adota a seguinte definição de deficiência mental:
Deficiência caracterizada por limitações significativas no
funcionamento intelectual da pessoa e no seu comportamento
adaptativo - habilidades práticas, sociais e conceituais -
originando-se antes dos dezoito anos de idade. (AAMR, 2002, p.8)
Modelo teórico da AAMR
O modelo teórico do Sistema 2002 representado na Fig. 1 denota a relação dinâmica
entre o funcionamento do indivíduo, os apoios de que dispõe e as seguintes cinco
dimensões:
• Dimensão I – Habilidades intelectuais
• Dimensão II – Comportamento adaptativo (habilidades conceituais, sociais e
práticas de vida diária)
• Dimensão III – Participação, interações e papéis sociais
• Dimensão IV – Saúde (saúde física, saúde mental, etiologia) 1 Fundada em 1876, a AAMR tem assumido liderança na área da deficiência mental, elaborando manuais periodicamente atualizados que levam a público novos conhecimentos e avanços científicos. Tem oferecido ao longo dos anos às pessoas com deficiência mental e suas famílias, à comunidade científica, a profissionais e pessoas interessadas informações, terminologias, sistemas de apoio e classificações de deficiência mental, considerações práticas que orientam tomadas de decisão relacionadas a melhores condições de vida para essa população específica.
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• Dimensão V – Contexto (ambientes, cultura).
Fig. 1. Mo
Ha
A
incluindo
aprendiza
problema
ambiente
Co
É
adquirida
prejudicam
cotidianas
I. Habilidades Intelectuais
II. Comportamento Adaptiativo
III. Participação, interações, papéis
sociais
IV. Saúde
V. Contexto
delo teórico da deficiência menta
bilidades intelectuais
inteligência é entendida no
raciocínio, pensamento abstra
gem, inclusive das experiênc
s. O funcionamento intelectua
e reagir a ele adequadamente.
mportamento adaptativo
definido como o “conjunt
s pela pessoa a fim de funcion
tanto as vivências da pessoa
e demandas ambientais.
Apoios
l. Fonte: AAMR, 2002, p. 1
Sistema 2002 como “c
to, compreensão de idéias
ias vividas e a capacidade
l reflete, portanto, a capac
o de habilidades concei
ar em sua vida diária” (p.
como suas habilidades pa
FuncionamentoIndividual
0.
apacidade mental geral”,
complexas, facilidade de
de planejar e solucionar
idade para compreender o
tuais, sociais e práticas
14). Limitações nessa área
ra responder às mudanças
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O consenso emergente é de que a estrutura do comportamento adaptativo consiste
nos seguintes grupos de fatores:
a) Habilidades conceituais – relacionadas aos aspectos acadêmicos, cognitivos e de
comunicação. São exemplos dessas habilidades:
- Linguagem (receptiva e expressiva);
- Leitura e escrita;
- Conceitos relacionados a dinheiro;
- Autonomia.
b) Habilidades sociais – relacionadas à competência social. São exemplos:
- Habilidades interpessoais;
- Responsabilidade;
- Auto-estima;
- Credulidade (probabilidade de ser enganado, manipulado);
- Ingenuidade;
- Observância de regras e das leis;
- Evitação de vitimização.
c) Habilidades práticas – relacionadas à vida independente. São exemplos:
- Atividades da vida diária: alimentação, deslocamento, higiene, vestuário;
- Atividades instrumentais de vida diária: preparação de alimentos,
arrumar a casa, uso de meios de transporte, uso de medicação, manejo de
dinheiro, uso de telefone;
- Habilidades ocupacionais;
- Segurança no ambiente.
Participação, interações e papéis sociais
Essa dimensão considera os ambientes nos quais as pessoas vivem, aprendem,
trabalham, interagem, se divertem. Quando positivos, contribuem para o crescimento,
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desenvolvimento e bem-estar da pessoa. Em relação aos que apresentam deficiência mental,
constituem os contextos típicos de seu grupo etário, sendo consistentes com a diversidade
cultural e lingüística da pessoa, constituindo espaços que possibilitam sua participação,
interações sociais e vivência de papéis sociais. Nesse sentido o comportamento adaptativo
reflete a quantidade e qualidade do engajamento da pessoa com deficiência mental em seu
ambiente.
Saúde
As condições de saúde física e mental influenciam o funcionamento das pessoas em
geral, não sendo diferente em relação aos que apresentam deficiência mental. Facilitam ou
inibem sua atuação quanto ao funcionamento intelectual, comportamento adaptativo,
participação, interações e papéis sociais nos diferentes contextos. O enfoque multifatorial
da atual concepção adotada pela AAMR considera aspectos etiológicos, causas biomédicas,
sociais, comportamentais e educacionais. Igual importância se dá ao fato da deficiência
manifestar-se apenas na pessoa ou também em seus pais, o que apontaria para fatores
intergeracionais, importantes na prevenção. Em relação à saúde, os seguintes aspectos
devem ser considerados:
- Condições de saúde física e mental podem afetar a avaliação da inteligência e o
comportamento adaptativo, além do desempenho em diferentes tarefas;
- Os efeitos da medicação manifestam-se no desempenho e na disposição pessoal;
- A avaliação das necessidades de apoio requer a consideração das condições de
saúde física e mental.
Contexto
Descreve as condições em que a pessoa vive, relacionando-as com a qualidade da
vida diária. Os seguintes níveis são considerados: os contextos relacionados ao ambiente
imediato e próximo da pessoa (micro-sistema); vizinhança, comunidade e organizações
educacionais e de apoio (meso-sistema) e elementos mais amplos, como padrões culturais,
societais e influências sócio-políticas (macro-sistema ou mega-sistema).
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Os contextos devem propiciar oportunidades de educação, trabalho, recreação e
lazer, possibilitando participar da vida comunitária, fazer opções, adquirir competência para
desempenhos significativos, ser alvo de respeito, participar da vida familiar e fazer amigos.
De igual modo, o ambiente deve favorecer e estimular condições de bem-estar quanto à
saúde e segurança pessoal, conforto material, segurança financeira, atividades cívicas e
comunitárias, estímulo ao desenvolvimento e condições de estabilidade.
Sistemas de Classificação e Apoio
A classificação tem a finalidade de realizar categorizações que permitem a
apropriação de recursos, o fomento para pesquisa, a promoção de serviços e a comunicação
de aspectos característicos da deficiência mental. Permite organizar informações, planejar
pesquisa, realizar avaliações, planejar intervenção, dentre outros.
A classificação baseia-se em diferentes fatores que levam à identificação das
variadas necessidades das pessoas com deficiência mental, suas famílias, pesquisadores,
profissionais da saúde e outros profissionais. Aspectos da deficiência mental de uma pessoa
podem ser classificados com base na intensidade dos apoios de que necessita, na etiologia,
no seu nível intelectual ou nos resultados obtidos na avaliação do comportamento
adaptativo.
As seguintes medidas classificatórias podem ser utilizadas, dentre outras: escalas de
verificação da intensidade dos apoios, medidas de QI, categorias de educação especial
propiciadas, avaliações de contexto ambiental, avaliação de saúde mental, categorias de
benefícios.
O sistema de classificação adotado nesse modelo é baseado na intensidade dos
apoios disponibilizados à pessoa com deficiência mental. Vários fatores precisam ser
considerados, incluindo:
• Tempo de duração (período de tempo em que os apoios são necessários);
• Tempo de freqüência (com que freqüência são necessários);
• Ambientes em que são necessários;
• Recursos demandados (custos, pessoal, especialistas);
• Nível de envolvimento dos apoios na vida da pessoa.
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Apoios são definidos como “recursos e estratégias que objetivam promover o
desenvolvimento, a educação, os interesses e o bem-estar da pessoa e aprimora seu
funcionamento pessoal.” (p. 145).
Esse desempenho pessoal diz respeito principalmente à independência,
estabelecimento de relacionamentos, comportamento cooperativo, participação escolar e
comunitária e qualidade de vida pessoal. Aplica-se a todas as dimensões indicadas no
modelo teórico da deficiência mental, especificadas na Fig. 1.
O paradigma de apoio adotado pela AAMR considera vários pontos, incluindo sua
própria forma de operacionalização: o modelo de apoio, as bases ecológicas e igualitárias
que fundamentam a necessidade e o provimento desses apoios, sua operacionalização,
formas de provisão, sistemas de avaliação que permitem a identificação dos sistemas de
apoio, bem como sua planificação. O modelo de apoio proposto pela Associação está
ilustrado na Fig. 2.
Nessa perspectiva os apoios:
• Consistem em recursos e estratégias;
• Capacitam a pessoa a ter acesso a recursos, informações e relacionamentos
em ambientes integrados;
• Resultam em integração crescente e melhoria no crescimento e
desenvolvimento pessoal;
• Podem ser avaliados a partir dos resultados.
A adequada avaliação dos apoios necessários é relevante para sua planificação e
viabiliza o sistema de classificação.
Essa concepção garante que a deficiência mental deixe de ser vista como uma
condição da pessoa, mas uma condição interativa, bidirecional cujo entendimento requer o
envolvimento de concepções bioecológica, multidimensional e funcional de modo a
incorporar a relação dinâmica entre pessoa, ambiente e sistemas de apoio.
A avaliação das necessidades de apoio deve preceder seu processo de planificação,
realizando-se de acordo com quatro passos: a) identificação de áreas relevantes para
provimento de apoios; b) identificação das atividades de apoio relevantes para cada área; c)
avaliação do nível ou intensidade dos apoios; d) registro do plano individualizado de apoio.
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7
Fig. 2. Modelo de apoio para pessoa com deficiência mental.
Capacidade pessoal e habilidade s adaptativas Fatores de proteção e de risco
Participação na vida Ambientes
(exigências e demandas)
Áreas de Apoio
• Desenvolvimento humano • Saúde e segurança
• Ensino e educação • Comportamento
• Vida familiar • Socialização • Vida
comunitária • Proteção e defesa
• Empreoo •
Intensidade do Apoio Necessário
Funções do Apoio
• Ensino • Apoio comportamental
• Ajuda, favorecimento
• Assistência na vida familiar
• Planejamento financeiro
• Acesso e uso dos bens comunitários
• Assistência no emprego
• Assistência à saúde
Fontes de apoio
Intensidade do Apoio Necessário
Resultados Pessoais
• Independência • Relacionamentos • Cooperação • Participação escolar e comunitária • Bem-estar pessoal
Avaliação dos apoios
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O modelo de apoio é consistente com a abordagem sócio-ecológica segundo a qual
o crescimento, desenvolvimento e ajustamento dependem dos fatores relacionados à pessoa
nos contextos específicos. Nessa abordagem, a deficiência é relacionado à inter-relação
entre patologias, impedimentos e ambientes da pessoa. Os fatores pessoais e ambientais são
enfatizados, de modo a enfatizar os seguintes aspectos em relação à deficiência (AAMR,
2001, p. 150):
• É a expressão das limitações no funcionamento individual dentro de um
contexto social, representando significativa desvantagem para a pessoa;
• Não é fixada nem dicotomizada e, sim, fluida, contínua e tranformacional,
dependendo das limitações funcionais da pessoa e dos apoios disponíveis no
ambiente;
• Pode ser reduzida por meio do provimento de intervenções, serviços ou
apoios que focalizem a prevenção, o comportamento adaptativo e o
estabelecimento de papéis para a pessoa.
A intensidade do apoio leva em conta as condições pessoais, as situações de vida e a
faixa etária, variando em duração e intensidade. Segundo sua intensidade, os apoios podem
ser classificados em:
• Intermitente – episódico, baseado em necessidades específicas e oferecido
em certos momentos, em tempo limitado, particularmente em momentos de
transição no ciclo de vida da pessoa;
• Limitado – consistente, nos momentos necessários, mas por período limitado
de tempo, embora não intermitente.
• Contínuo – envolvimento regular (por exemplo, diário) em pelo menos
alguns ambientes, (escola, trabalho, lar), sem limitações quanto ao tempo;
• Pervasivo – constante, de alta intensidade, nos diversos ambientes,
potencialmente durante o ciclo de vida. Envolve uma equipe maior de
pessoas administrando os apoios.
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A noção de funcionamento diz respeito ao processo interativo pessoa-ambiente,
apresentando-se alterado nos casos de deficiência2. O funcionamento caracteriza-se por
três dimensões básicas – corpo, indivíduo e sociedade -, segundo o modelo da
International Classification of Functioning, Disability, and Health-ICF / Organização
Mundial de Saúde (2001, p. 105). A deficiência mental, na concepção desse modelo,
implica “problemas marcantes e severos na capacidade de realizar (impairment), na
habilidade de realizar (limitações na atividade) e na oportunidade de funcionar
(restrições na participação).
Diagnóstico
Três critérios devem ser observados no processo de diagnóstico: o funcionamento
intelectual da pessoa, seu comportamento adaptativo e a idade do aparecimento ou de
manifestação dos sinais indicadores de deficiência mental.
Em relação à avaliação do funcionamento intelectual e do comportamento
adaptativo, os critérios objetivos, ou seja, as medidas psicométricas são preferidas, tendo
como ponto de recorte dois desvios padrões abaixo da média.
A avaliação do contexto não se associa ao uso de medidas padronizadas.
A realização do diagnóstico objetiva estabelecer a elegibilidade de serviços, de
benefícios e a garantia de direitos legais da pessoa com deficiência mental.
Os instrumentos de avaliação diagnóstica sugeridos pela AAMR são os testes
psicométricos de inteligência, as escalas de comportamento adaptativo e o registro
documental dos indicadores de idade de origem da condição deficitária.
O julgamento clínico exerce um importante papel no diagnóstico da deficiência
mental, segundo esse modelo, como também a classificação da deficiência mental e o
planejamento dos sistemas de apoio necessários.
Marcos referenciais para os processos avaliativos
2 “Expressão de limitações no funcionamento individual dentro de um contexto social, representando significativa desvantagem para o indivíduo”. (AAMR, p. 15).
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Os processos avaliativos relacionados à deficiência mental têm diferentes propósitos
de acordo com o Sistema 2002: a realização de diagnóstico, a classificação e a planificação
dos sistemas de apoio. Os seguintes aspectos, dentre outros, devem ser observados na
efetivação do processo avaliativo, qualquer que seja o propósito:
• Qualidade dos instrumentos de medida – validade e adequação do uso;
• Qualificação do avaliador;
• Seleção dos informantes;
• Relevância dos contextos ambientais;
• Papéis sociais exercidos, participação, interações, oportunidades,
experiências vividas pela pessoa e metas pessoais;
• História clínica e social;
• Fatores físicos e mentais associados.
Pressupostos subjacentes à definição de deficiência mental
Os seguintes pressupostos são considerados na aplicação da definição proposta:
• As limitações no funcionamento individual devem ser dimensionadas em
relação aos contextos culturais e ambientais nos quais a pessoa com deficiência
mental está inserida e ter como parâmetro seu grupo etário;
• Qualquer sistema válido de avaliação leva necessariamente em conta a
diversidade cultural e lingüística, os fatores sensoriais, motores e
comportamentais do indivíduo, bem como as formas diferenciadas de
comunicação que utilize;
• No indivíduo, coexitem freqüentemente limitações e fraquezas;
• O propósito essencial da descrição das limitações pessoais é o desenvolvimento
de um perfil de apoios necessários à pessoa;
• A vida de uma pessoa com deficiência mental melhora quando se coloca à sua
disposição os apoios apropriados de que necessita, pelo período de tempo
suficiente.
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Princípios norteadores da definição
Seis princípios fundamentam a definição proposta, desdobrando-se nas seguintes
recomendações:
1. A definição deve comunicar de maneira clara e inequívoca as características
essenciais da condição definida como deficiência mental;
2. A operacionalização da definição deve necessariamente ser específica em
termos de delimitação de escores ou comportamentos descritivos, de modo a
estabelecer critérios confiáveis e válidos de elegibilidade;
3. A definição tem que ser ampla o suficiente para incluir as pessoas com
deficiência mental e específica o suficiente para excluir dessa categoria grupos
que a ela não pertençam;
4. A definição e sua operacionalização devem considerar necessariamente
diferenças ou déficits culturais, lingüísticos, sensoriais e motores, sem a inclusão
das pessoas com essas características nos critérios de deficiência mental;
5. A sensibilidade do diagnóstico aos elementos contextuais específicos presentes
do ambiente deve ser minimizada, ao mesmo tempo em que reconheça a
importância das variáveis ambientais e dos fatores ecológicos no
desenvolvimento inicial da pessoa.
6. A definição e sua operacionalização devem esclarecer se limitações mais
abrangentes são requeridas para a identificação da pessoa como deficiente
mental ou se limitações severas em áreas específicas de funcionamento são
suficientes.
Natureza multifatorial da etiologia
Existem quatro categorias de fatores de risco para a deficiência mental, que
interagem ao longo do tempo, do ciclo de vida e, possivelmente, das sucessivas gerações
das famílias. Aproximadamente em 50% das pessoas com deficiência mental, mais de um
fator de risco causal estão presentes:
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- Biomédicos – fatores relacionados a processos biológicos, como desordens
genéticas ou nutricionais;
- Sociais – fatores relacionados às interações familiares e sociais, como
estimulação e responsividade do adulto, condições de miséria, violência
doméstica, etc.;
- Comportamentais – fatores relacionados a comportamentos potencialmente
causais, como maltrato ou negligência infantil e abuso de substâncias químicas
pelos pais;
- Educacionais – fatores relacionados à disponibilidade de apoios educacionais
que promovem o desenvolvimento mental e o desenvolvimento das habilidades
adaptativas.
A concepção multifatorial da etiologia da deficiência mental considera os fatores de
risco biomédicos, mas os contextualiza, de modo a incluir outros fatores de risco que
podem ter igual ou maior importância na determinação do atual nível de funcionamento da
pessoa. A causa, ou causas, da deficiência mental, são identificadas, portanto, pelos efeitos
resultantes de interferências ou impedimentos no funcionamento da pessoa, a ponto de
incluí-la nos critérios indicadores da deficiência. O que se defende é a presença de vários
fatores de risco, interagindo ao longo do tempo.
Idéias atuais sobre efeitos intergeracionais chamam a atenção para fatores que
afetam não apenas um membro da família, mas seus pais, passando de geração em geração.
Esses fatores, antes vistos como ”fraqueza genética da família”, são reconhecidos como
fatores ambientais previsíveis e reversíveis de natureza psicossocial, cultural ou familial,
podendo ser determinantes de deficiência mental e demandar apoio individual e familiar, a
título de prevenção.
Bibliografia de Referência AMERICAN ASSOCIATION ON MENTAL RETARDATION. Mental retardation: definition,
classification, and systems of supports. Washington, DC, USA: AAMR, 2002.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e
Saúde. São Paulo: EDUSP, 2003.
Texto produzido para fins didáticos. Não publicado.