shared services center
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TREVISAN ESCOLA DE NEGÓCIOS
REENGENHARIA DE PROCESSOS E CENTRALIZAÇÃO DE OPERAÇÕES NA REDUÇÃO DE CUSTOS DE EMPRESAS
Gabriel Nascimento Pinheiro
2010
2
PINHEIRO, GABRIEL NASCIMENTO
Reengenharia de processos e centralização de operações na
redução de custos de empresas
SÃO PAULO
2010
3
GABRIEL NASCIMENTO PINHEIRO
Reengenharia de processos e centralização de operações na redução de custos de empresas
Monografia apresentada como pré-requisito para
obter o título de bacharel em Administração de
empresas pela Trevisan Escola de Negócios.
Orientador: Mario Cesar Falcão
SÃO PAULO
2010
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente aos meus pais por me darem a oportunidade de me formar,
se encarregando de todas as onerações financeiras referentes a meus estudos
desde meu primeiro momento na faculdade, deixando assim que me focasse
interamente na conclusão do meu curso, além do apoio incondicional que estes
demonstraram ao longo do período de conclusão, sempre me auxiliando quando
necessário. Também agradeço ao professor Mario Cesar Falcão que sempre me
auxilou na realização deste estudo. Por último agradeço a empresa de consultoria
na qual trabalho pela oportunidade de vivenciar na prática, o conhecimento que aqui
será mostrado.
5
RESUMO
Este estudo tem como objetivo apresentar um plano de criação de valor para uma
empresa, de forma a diminuir seus custos com atividades que não estejam ligadas
ao seu Core Business. Este plano baseia-se em duas metodologias
complementares:
• Padronização de processos empresariais (Reengenharia de Processos);
• Criação de um Centro de Serviços Compartilhados (Shared Services Center)
Dessa forma será apresentada uma contextualização da reengenharia de processos,
mostrando o ambiente no qual ela foi desenvolvida e como foi melhorada ao longo
dos anos, apresentado através de sua aplicação em um estudo de caso. Estará
presente também neste estudo de casos a centralização destes processos em uma
mesma estrutura de negócio. Tal estrutura de negócio, conhecida como Shared
Services Center (SSC), Centro de Serviços Compartilhados, seria a evolução da
padronização dos processos financeiros, de forma que uma empresa que possua
diferentes filiais, ou atue em diferentes segmentos com estruturas de negócios
independentes, pode estruturar uma área responsável por realizar todas as
atividades de Back Office, de forma a reduzir os custos e atividades redundantes,
aumentando sua eficiência.
Palavras-chave: Reengenharia de Processos; Centro de Serviços
Compartilhados; Redução de custo; Cliente interno; Gerencimanto de Projeto;
Implementação de melhorias
6
ABSTRACT
This study aims to present a value creation plan trough process improvement and
centralization in order to reduce costs related to non core business activities. This
plan is based on two complementary methodologies:
• Business processes standardization (Process Reengineering);
• Shared Services Center creation;
For this it will be presented the environment which reengineering has developed and
how it was improved over the years, presented through its application in a case
study. Will also be present in this case study the centralization of these processes in
the same business structure. This business structure, known as Shared Services
Center (SSC), usually is developed after financial processes standardization, so that
a company that has different branches, or operates in different business segments
with independents companies can create an area responsible for performing all Back
Office activities in order to reduce costs and redundant activities, increasing
efficiency.
Key-words: Process Reengineering; Shared Services Center; Cost Reduction;
Internal Client; Project Management; Improvement Implementation
7
SUMÁRIO 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................. 9
2. INTRODUÇÃO A REENGENHARIA DE PROCESSOS ..................................................... 9
3. METODOLOGIA DA REENGENHARIA DE PROCESSOS.............................................. 16
3.2. METODOLOGIA CONSOLIDADA ................................................................................ 19
3.2.1. PREPARANDO-SE PARA A REENGENHARIA DE PROCESSOS .................. 20
3.2.2. MAPEAR E ANALISAR OS PROCESSOS AS-IS ............................................... 22
3.2.3. DESENHAR OS PROCESSOS TO-BE ................................................................ 24
3.2.4. IMPLEMENTAR OS PROCESSOS DESENHADOS .......................................... 26
3.2.5. MELHORIA CONTÍNUA ........................................................................................ 27
3.3. FORMAS DE DESENHAR PROCESSOS DE NEGÓCIOS ....................................... 29
3.3.1. EPC (EVENT DRIVEN PROCESS CHAIN)............................................................ 30
3.3.2. BPMN (BUSINESS PROCESS MODELING NOTATION) ................................. 36
3.4. FERRAMENTAS AUXILIARES ..................................................................................... 41
3.5. APLICABILIDADE NAS EMPRESAS ........................................................................... 47
4. CENTRO DE SERVIÇOS COMPARTILHADOS ................................................................ 53
4.1. CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................................... 53
4.1.1. Estruturação de um Centro de Serviços Compartilhados ...................................... 56
4.2. CENTRO DE SERVIÇOS COMPARTILHADO NAS EMPRESAS ............................ 62
4.2.1. CENTRO DE SERVIÇOS COMPARTILHADOS DA NASA .................................. 62
4.2.2. PESQUISA SETORIAL .......................................................................................... 64
5. ESTUDO DE CASO SOBRE REENGENHARIA DE PROCESSOS EM UM CENTRO DE SERVIÇOS COMPARTILHADOS ................................................................................................ 70
5.1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE CASO ........................................................................ 70
5.2. CRIAÇÃO DO CENTRO DE SERVIÇOS COMPARTILHADOS .................................. 71
5.2.1. CRIAÇÃO DOS PROCESSOS AS-IS ...................................................................... 71
5.2.2. ANÁLISE DOS PROCESSOS AS-IS ....................................................................... 73
5.2.3. DESENHO DOS PROCESSOS TO-BE ................................................................... 74
5.2.4. IMPLEMENTAÇÃO E MANUTENÇÃO DAS MELHORIAS.................................... 75
5.2.5. RESULTADOS ........................................................................................................... 75
5.3. PROBLEMAS VERIFICADOS DURANTE A REALIZAÇÃO DO PROJETO ............... 76
6. CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 78
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 79
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LISTA DE ABREVIATURAS
BPMN – Business Process Modeling Notation
BPR – Business Process Reengineering
CSC – Centro de Serviços Compartilhados
EPC – Event Driven Process Chain
ERP – Enterprise Resource Planning
FTE – Full Time Equivalent
IDEF – Integration DEFenition
KPI – Key Process Indicator
PMO – Project Management Office
SLA – Service Level Agreement
SSC – Shared Services Center
TOC – Theory of Constraints
WSM – Workflow System Management
9
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Um processo empresarial pode ter várias formas. Pode-se utilizá-lo para padronizar
processos de manufatura de determinado produto, ou ser utilizado para controlar a
qualidade de uma linha de montagem. Devido a esses aspectos este estudo focará
apenas na criação de processos na área financeira, por estes serem comuns a
grande maioria das empresas.
2. INTRODUÇÃO A REENGENHARIA DE PROCESSOS
Empresas de todo o setor, em todas as suas áreas funcionais, são baseadas em
atividades desenvolvidas por seus funcionários. Quando tais atividades são
realizadas de forma seqüencial, repetidamente e visando um objetivo, um processo
é formado. Porem na maioria das empresas tais processos não estão
documentados, ou até mesmo nunca foram sequer levados em consideração pela
área gerencial, o que acaba gerando falta de padronização das tarefas,
conhecimento retido nos funcionários que realizam tais atividades e, em alguns
casos, redundância e diminuição da eficiência.
Como exemplo básico pode-se citar a área de crédito de uma empresa. Ao receber
o contato do vendedor em relação a um potencial cliente, faz-se necessário o
levantamento de informações sobre este, de forma a ter uma análise de crédito que
possa enquadrá-lo em um perfil de risco.
Contudo, quando cada analista possui seu próprio método de análise, contatando
ocasionalmente agências de risco, enquanto outros não realizam tal atividade,
haverá não uniformidade nas análises, de forma a prejudicar futuras vendas da
empresa.
10
O cenário apresentado acima está presente em grande parte das empresas,
especialmente empresas de pequeno e médio porte, que não possuem uma área de
qualidade oficialmente instituída. Neste aspecto, a reengenharia de processos atua
de forma a conscientizar, empresa e colaboradores, de que a eficiência está
intimamente ligada à eficiência processual de cada um, de forma a convergir para a
eficiência geral da empresa.
Orientar uma empresa sob a ótica de um conjunto de processos, como escreveu
Davemport: “...equivale a virar uma organização de cabeça para baixou, ou, pelo
menos, de lado.” (Davemport, 1994, p. 6). Tal descrição é correta baseando-se no
fato de que, ainda hoje, a maioria das empresas são estruturadas em áreas
organizacionais e pessoas. Outro autores corroboram esta visão, como Grover e
Malhotra: “
As such it represents an input-output activity view of the business as opposed
to a functional, resposability-centered structural view. Such a horizontal view
of the business represents a paradigm shift from the traditional hierarchy-
based vertical view. (Gover e Malhotra, 1997, p. 199)
Uma estrutura verticalizada possui, entre outras, duas características negativas: não
possuir uma interconexão entre suas áreas, deixando-as isoladas, gerando
problemas de comunicação e fluxo de produção. Outro aspecto negativo e a
concentração de informação, popularmente chamada de Know How, sob poucas
pessoas. Tal cenário não é o melhor para a empresa, pois mantêm o controle do
processo produtivo sob poucas pessoas, que muitas vezes acabam não
compartilhando este conhecimento de forma correta, por medo da concorrência, ou
mesmo por não possuir tempo para ensinar outros como realizar as tarefas.
Este cenário difere para empresas que instituíram uma padronização de processos,
pois tal conhecimento acima mencionado, agora estará alcance de todos, de forma
que se poderá visualizar o fluxo de informações entre as áreas.
A reengenharia de processos, ou BPR (Business Process Reengineering) tem seu
início no final da década de 80 e início da década de 90, motivada pela necessidade
de se aumentar qualidade e reduzir custos frente ao crescimento constante da
11
concorrência. Tal cenário, aliado as pressões econômicas, fez com que grandes
empresas tivessem que se modernizar, como apresentado no parágrafo abaixo:
A abordagem revolucionária necessária ao desempenho comercial deve
abranger tanto a maneira de ver e estruturar a atividade, como também a
maneira de melhorá-la. As atividades empresariais devem ser vistas não em
termos de funções, departamentos ou produtos, mas de processos-chave. A
realização de níveis de melhoria dessa ordem de magnitude em tais
processos significa seu replanejamento do princípio ao fim, como o emprego
de todas as tecnologias inovadoras e recursos organizacionais disponíveis.
(Davemport, 1994, p. 1).
De forma sucinta, pode-se definir a reengenharia de processos como:
...the fundamental rethinking and radical redesign of business processes to
achieve dramatic improvements in critical, contemporary measures of
performance such as cost, quality, service and speed.
(Hammer, Champy, 1993).
No contexto histórico destas mudanças, ou seja, a década de 90, onde novas
tecnologias estavam sendo implementadas, como a utilização da internet ou
sistemas de integração, muitas metodologias foram desenvolvidas na área de
gestão, e esta em especial possui muito das características da área de informática.
A primeira delas consiste na adoção da atividade como unidade básica dentro de
uma empresa, da mesma forma que um comando está para um programa de
computador. Quando tais comandos são colocados em uma ordem lógica e
começam a interagir entre si, é gerado um programa. Um processo ocorre da
mesma forma, podendo ser descrito como:
... uma ordenação específica das atividades de trabalho no tempo e no
espaço, com um começo e um fim, e inputs e outputs claramente
identificados: uma estrutura para a ação. Esse elemento estrutural dos
processos é a chave para obtenção das vantagens da reengenharia de
processos. (Davemport, 1994, p. 7)
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Ao reorganizar uma empresa através da visão de processos, o foco da empresa
também muda do produto para a necessidade do cliente, tanto interno quanto
externo, pois o resultado do processo será como o cliente irá analisar sua qualidade,
verificando se esta atendeu sua necessidade. (Davemport, 1994).
Esta visão de processos consegue assim reduzir eventuais confusões quanto a
atividades que devem ser realizadas, ou uma sub-utilização através das funções,
pois não há a visão global das atividades (Grover e Malhotra, 1997), como pode ser
visto na figura abaixo:
Figura 2.1 – Fluxo do serviço dentro da empresa
Fonte: Grover e Malhotra, 1997
Cada caixa branca dentro da figura representa um processo. Como pode ser
observado o fluxo de transformação do serviço segue uma tendência
horizontalizada, fazendo com que o fluxo se torne menos burocrático, aumentando a
eficiência.
Outro aspecto importante que vale ressaltar nesta figura consiste na característica
cross-sector, ou seja, ser realizado por diferentes áreas, de forma que sempre deve
existir um responsável claramente definido, que ficará encarregado por manter seu
funcionamento de maneira correta. Isto faz desta visão uma forma holística de
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visualizar a empresa, consistindo em uma integração de todos os recursos
envolvidos: “BPR should recognize the importance of process and technology and
their integration in business vision, structure and relationships, resources and
culture.”(Majed, Zahir e Mohamed, 2001, p. 437).
Por impactar a empresa de uma forma geral, a reengenharia de processos é um
desafio que exige um pensamento inovador constante, pois esta metodologia requer
um programa de mudança que se inicia na área gerencial da empresa, e desta parte
para níveis mais baixos, de forma que se os líderes não levarem essa mentalidade
de “quebras de paradigma” adiante, a institucionalização dos redesenhos de
processo irá se tornar maçante, além de sempre haver opositores que dificultarão o
andamento das atividades do projeto.
Um dos pontos abordados acima consiste na tecnologia. Tal aspecto é primordial na
hora que os processos, especificamente os de ordem financeira, estão sendo
redesenhados, pois a tecnologia que irá prover caminhos para que a burocracia que
essa mudança irá gerar não inviabilize o retorno esperado do projeto. Ferramentas
como ERP (Entreprise Resource Planing), ou sistemas de gestão integrado, e de
workflow, que consistem em controlar aprovações e o fluxo das informações,
automatizam atividades que, se feitas de forma manual, não trariam o retorno
desejado na reengenharia dos processos como descreve van der Aalst: “ERP and
WFM (Workflow Managment) systems are the software applications that make these
reengineered processes possible. Each of these tools requires an explicit
representation of the business processes at hand.” (van der Aalst, 199, p.2).
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Figura 2.2 – Tecnologia suportando operações na empresa
Fonte: Al-Mashari
Na figura acima a tecnologia serve para sustentar as mudanças que o projeto
demanda durante sua realização, além de estar intimamente ligada ao redesenho de
processos como uma conexão entre as metodologias e técnicas aplicadas a
realização do projeto e as ferramentas utilizadas pela empresa.
Um processo de aumento de crédito a um determinado cliente pode servir de
exemplo, pois ao analisar a situação cadastral do mesmo, e propor um aumento do
seu limite de crédito, um analista envia uma requisição por sistema ao seu gerente
que, ao analisá-la irá aprovar através de um fluxo de aprovação. Se a requisição for
aprovada, o sistema automaticamente aumenta o limite de crédito do cliente,
informando também o vendedor responsável pelas vendas a este cliente.
15
Esta é uma situação cotidiana nas grandes empresas, onde a flexibilidade e a
velocidade das vendas podem ser o diferencial entre uma venda efetivada, ou a
substituição da empresa por alguma de suas concorrentes.
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3. METODOLOGIA DA REENGENHARIA DE PROCESSOS
3.1. TIPOS DE METODOLOGIA
Existem muitas metodologias de redesenho de processos no mercado, como
apresentado por Grover e Malhotra:
…methodologies for conducting reengineering are the intellectual property of
large consulting firms _e.g. Andersen Consulting, CSCrIndex, Ernst and Young,
McKinsey, SRI, etc... These methodologies often involve modeling techniques.
For instance, a suite of modeling techniques known as Integrated DEFinition or
IDEF. collectively serve as an efficient means of process analysis. (Grover e
Malhotra, 1997, pag. 201).
Todavia esse conhecimento não está restrito somente as grandes empresas de
consultoria, apesar de estas terem a vantagem do conhecimento empírico para
apoiarem suas metodologias, uma vez que a cada cliente atendido, novas
experiências põem a prova tais conhecimentos, que gradativamente vão se
aperfeiçoando. Essa realidade contrasta com o ambiente acadêmico, pois algumas
teorias, mesmo apresentando na teoria promessas de bons resultados, estas
acabam por terem seus resultados minados pela realidade empresarial, onde há
colaboradores desmotivados, falta de interesse da alta gestão, entre outros fatores
negativos. Dessa forma algumas metodologias acabam não se aplicando a realidade
empresarial, como exemplo de algumas não levarem em consideração a análise da
situação atual da empresa. (Muthu, Whitman e Cheraghi. 1999)
Tabela 3.1 – 1ª Metodologia
Atividades Metodologia 1 Desenvolver visão e estratégia 2 Criar uma nova cultura 3 Integrar e melhorar a empresa 4 Desenvolver soluções tecnológicas
Fonte: Muthu, Whitman e Cheraghi. 1999
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A metodologia acima baseia-se na visão holística da reengenharia de processos,
conforme comentado anteriormente. Dessa forma ela leva em consideração
aspectos como visão e estratégia empresarial, integrando a o ambiente empresarial
em uma visão sistêmica (IDEF model), conforme a figura abaixo:
Figura 3.1 – Sistem IDEF
Fonte: Copyright by D.R Underdown & D.H Liles 1997. All Rights Reserved
Tal metodologia não leva somente em consideração as necessidades empresariais,
como também a cultura da empresa e as necessidades do cliente, de forma a gerar
um modelo específico para cada uma, objetivando processos empresariais
integrados e eficientes.
Transform Enterprise
A0
18
Entre a metodologia apresentada por Underdown e a metodologia a seguir,
apresentada por Muthu, Whitman e Cheraghi ( Muthu, Whitman e Cheraghi,1999
apud HARRISON, PRATT e MAURICE, 1993, p. 6 - 11) há diferenças significativas,
pois a primeira metodologia leva em consideração aspectos não-mensuráveis, como
cultura, visão e estratégia, enquanto a segunda fornece uma análise quantitativa da
situação atual da empresa. Porém há um consenso em priorizar a necessidade do
cliente como um dos aspectos principais, como apresentado na tabela a seguir:
Tabela 3.2 – 2ª Metodologia
Atividades Metodologia 1 Determinar as necessidades do cliente e metas para os
processos 2 Mapear e mensurar os processos existentes 3 Analisar e modificar os processos existentes 4 Desenhar os processos melhorados 5 Implementar os novos processos
Fonte: apud HARRISON, PRATT e MAURICE, 1993
Esta metodologia apresenta um viés mais técnico, levando-se em consideração
atividades e análise processual da situação atual da empresa. Dessa forma é
possível perceber que existem diversas linhas de pensamento na reengenharia de
processos.
Dessa forma uma terceira metodologia, que pode representar uma consolidação das
metodologias anteriormente apresentadas, pode ser resumida na tabela a seguir:
Tabela 3.3 – 3ª Metodologia
Atividades Metodologia 1 Motivar a reengenharia de processos 2 Justificar a reengenharia 3 Planejar a reengenharia 4 Iniciar o processo de mudança 5 Desenhar processos As-Is e analisá-los 6 Desenhar processos To-Be e validá-los 7 Implementar os novos processos
Fonte: Muthu, Whitman e Cheraghi. 1999
19
Mayer e Dewitte apresentam uma metodologia que, além de levar em consideração
aspectos culturais da empresa, defendem uma análise qualitativa dos processos
atuais, de forma a encontrar pontos “desconexos” no fluxo, ou ineficiências por parte
de atividades estarem sendo realizadas de forma duplicada. (Mayer e Dewitte,
1998).
3.2. METODOLOGIA CONSOLIDADA
De forma a apresentar um metodologia unificada, a que mais se assemelha ao caso
que será apresentado consiste na metodologia apresentada por Muthu, Whitman e
Cheraghi, que consiste em uma consolidação das metodologias apresentadas
anteriormente:
Figura 3.2 – Metodologia consolidada
Fonte: Muthu, Withman Cheraghi, 1999
Importante ressaltar que no estudo de caso levantado foi utilizada a metodologia
apresentada acima, de forma que foi comprovada sua eficiência no sentido de
ultrapassar as metas inicialmente planejadas no caso que será apresentado.
Preparar-se para a Reengenharia de processos
Mapear e analizar os procesos As-Is
Desenhar os procesos To-be
Implementar os procesos redesenhados
Melhoria Contínua
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3.2.1. PREPARANDO-SE PARA A REENGENHARIA DE PROCESSOS
Antes de se iniciar o mapeamento de processos é imprescindível fazer um
planejamento de todo seu escopo. Sem tal planejamento dificilmente o resultado
esperado será obtido. Os esforços relacionados à reengenharia de processos são
falhos na hora que estes estão sendo implementados nas empresas 70% das vezes
(Mayer e Dewitte, 1998, p.2, apud Champy, 1995). Entre as três principais causas
levantadas destaca-se a falta de uma tecnologia confiável e uma metodologia
incoerente.
Levando-se isso em consideração, pode-se dividir a fase de planejamento em três
grupos de atividade:
1. Criar um grupo “cross functional”, ou seja, de diferentes áreas;
2. Identificar as necessidades do cliente;
3. Desenvolver os objetivos e a metodologia a ser utilizada;
(Muthu, Whitman e Cheraghi, 1999, p. 3)
Existe a necessidade de se criar um grupo “cross functional”, pois o redesenho dos
processos terá um impacto em diversas áreas da empresa, necessitando de
conhecimentos específicos de cada área que será impactada. Quando se está
realizando o redesenho de processos da área financeira de uma empresa, por
exemplo, tais atividades têm impacto em áreas como contas a pagar, contas a
receber e contabilidade, onde muitas vezes em grandes empresas, tais áreas são
separadas e diferentes pessoas realizam suas atividades operacionais.
Há três alternativas para se realizar um projeto deste tipo, sendo a primeira designar
um time “cross functional” que se dedicará em tempo integral a realização do
projeto, de forma a manter uma área de PMO (Project Management Office). A
segunda consiste em designar um gestor do projeto que, com o auxílio de
colaboradores part-time, auxiliarão o desenvolvimento das atividades do projeto,
porem irão continuar fazendo as atividades operacionais. Uma terceira alternativa,
que, mesmo quando utilizada ainda deverá ser utilizada em complemento as duas
21
primeiras, seria a contratação de serviços especializados de uma empresa de
consultoria, de forma a realizar as atividades do projeto, tornando-se assim
responsável por sua conclusão e também do resultado inicialmente proposto no
contrato.
Assim quando um grupo de pessoas é destacado, tornando-se responsável por
conseguir os resultados esperados, têm-se o início da fase de planejamento do
projeto, identificando as necessidades do cliente, pois tais necessidades que irão
servir de base para se fixar os objetivos do projeto, pois tais objetivos são inerentes
ao que o cliente deseja como valor recebido.
Outra etapa consiste na escolha da metodologia. Neste aspecto a ajuda da
consultoria sempre traz um diferencial por causa de sua alta especialização e de
todo o conhecimento agregado que esta possui. Todavia um projeto deste tipo,
quando gerido por um profissional com experiência na área de reengenharia de
processos, e colaboradores que entendam os processos operacionais também pode
ser realizado de maneira satisfatória.
Outro aspecto imprescindível dentro da fase de planejamento, após as etapas acima
terem sido realizadas, consiste na divulgação para todos os envolvidos da
metodologia que será utilizada, bem como os objetivos que o projeto quer alcançar,
escopo e áreas envolvidas, de forma a não haver dúvidas quanto ao objetivo do
projeto e também de suas etapas e de como este será realizado.
Após se ter uma metodologia em mente e, ter mapeado os processos que estavam
no escopo do projeto, é necessário saber por onde iniciar o processo de
reengenharia, sendo este passo um dos mais importantes na etapa de planejamento
das análises:
Having identified and mapped the processes, deciding wich ones needs to be
reengineered and in what order is the million-dollar question. No company can
take up the unenviable task of reengineering all the processes simultaneously.
(Muthu, Whitman and Cheraghi, 1999, p. 2)
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3.2.2. MAPEAR E ANALISAR OS PROCESSOS AS-IS
Usualmente nesta etapa do projeto entrevistas são realizadas com as áreas
operacionais de forma a entender como os processos são realizados atualmente,
levantando os inputs necessários para a atividade, além de sistemas utilizados e
quais outras áreas podem estar envolvidas. Quando tais processos são levantados,
torna-se possível analisá-los e identificar quais problemas estão ocorrendo, e onde
melhorias podem ser implementadas (Mayer e Dewitte, 1998). Tais técnicas de
desenho de processos serão apresentadas posteriormente.
Quando se cobriu todo o escopo do projeto, e todos os processos já foram
desenhados,inicia-se a fase de análise, onde serão identificados pontos de
ineficiência e melhorias que podem ser implementadas. Nesta etapa se faz presente
a análise holística da empresa, através de uma visão integrada da empresa, como
descrito por Mayer e Dewitte:
Our experience has shown us that members of a cross-functional team are
often surprised at “how things get done” somewhere else in the enterprise.
This type of analysis and information exchange also provides managers with
the opportunity to identify another type of disconnect—specifically, situations
where the process is being performed contrary to the business rules that are
supposed to guide the process (i.e., it is not being done the way they think it is
(Mayer e Dewitte, 1998, p. 35)
Também nesta etapa é possível analisar os pontos de restrições dos processos,
baseado na teoria do físico Eliyahu Goldratt, que, em 1985 escreveu o livro A Meta
(Goldratt, 1985). O autor salienta que é necessário buscar as retrições do sistema,
sendo este o nome de sua teoria, Theory of Constraints (TOC), ou Teoria das
Restrições.
Tais restrições são os pontos de ineficiência do processo, a medida que sua
eficiência máxima nada mais é que a eficiência do seu ponto de restrição, de forma
que, quando tal restrição e encontrada e reparada, outras irão aparecer, sendo
necessário uma melhoria contínua dos processos da empresa. (Goldratt, 1985).
23
Sob a ótica da reengenharia de processos uma restrição é algo que limita o sistema
de alcançar um nível melhor de desempenho, quando comparado com sua meta
inicial (Mayer e Dewitte, 1998).
Outra forma de analisar os processos é através de uma Route Cause, ou análise de
causa e efeito. Tal metodologia busca identificar a cadeia de eventos que um ponto
de ineficiência está causando no processo, como representado na figura a seguir:
Figura 3.3 – Diagrama de Ishikawa
Fonte: Mayer e Dewitte, 1998 apud Richardson, 1981
A análise através da “Causa e Efeito” é abordada sob a perspectiva de cada
problema ser, na verdade, uma oportunidade de ganhos, pois quando analisado de
forma correta, este erro pode mostrar toda a cadeia de eventos que está sendo
impactada por esta ineficiência, apresentando-se assim as oportunidades de
melhoria.
Esta metodologia de análise aborda os problemas processuais de forma oposta a
abordagem geralmente empregada nas empresas através de uma abordagem dos
sintomas gerados pelos problemas. Enquanto esta última carece de um
planejamento adequado e é utilizada, principalmente, de forma emergencial, a
análise de “causa e efeito” necessita de planejamento e reuniões constantes para se
pensar sobre a origem do problema, sendo assim, mais onerosa para a empresa,
porêm gerando maior retorno, pois aplicando-a será possível eliminar o problema, ao
invés de gerenciar os efeitos que este está causando.
O processo de análise de causa e efeito consiste em, primeiramente, identificar o
erro, usando técnias de brainstorming, por exemplo, que consiste em reunir algumas
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pessoas envolvidas pelo processos e propor ums discussão sobre os principais
pontos de ineficiência em suas opiniões.
Quando os principais problemas já foram encontrados, é possível analisá-los sob
diversos aspectos, utilizando por exemplo o Diagrama de Ishikawa, onde cada traço
perpendicular ao traço horizontal consiste em grupo de problemas, como o
ambiente, as pessoas ou a tecnologia empregada.
Destas causas elencaras é possível analisar os efeitos que estão sendo gerados,
chegando-se assim a como estes problemas são sentidos pelas pessoas da
organização.
Após a análise dos processos atuais (As-Is) é necessário validar as necessidades de
mudança encontradas nos processos, sendo que estas necessidades deverão ser
sanadas pelas soluções que serão propostas na próxima etapa.
3.2.3. DESENHAR OS PROCESSOS TO-BE
O objetivo desta etapa é produzir uma ou mais alternativas para a situação atual da
empresa, que irá satisfazer os objetivos estratégicos. (Muthu, Withman e Cheraghi,
1999, p. 4 apud Mayer e Dewitte, 1998)
Nesta etapa do projeto, onde as necessidades de melhorias já foram levantadas,
espera-se que a reengenharia dos processos apresente resultados de acordo com
os objetivos previamente acordados, sendo mais uma vez necessário o
conhecimento de um equipe “cross functional”, pois como Mayer e Dewitte
apresentam:
At this point in time process design (or business re-engineering or balance
sheet engineering or process improvement) is still more of an art than a true
engineering discipline. There are few guidelines and no natural laws.
(Mayer e Dewitte, 1998, p. 37)
25
O conhecimento agregado vindo das experiências dos componentes do projeto são
fundamentais neste ponto para propor soluções aplicáveis ao contexto em que a
empresa está inserida. Outra alternativa muito utilizada pelas empresas é a
contratação de empresas de consultoria para auxiliá-las neste processo de
mudança, onde está terá o papel principal na busca por soluções que alcancem os
objetivos do projeto.
Algumas atividades já utilizadas no mercado com sucesso incluem o Benchmarking,
que consiste na comparação do desempenho dos processos de uma organização
em relação a empresas que atuam no mesmo setor (Muthu, Whitman e Cheraghi,
1999), pois tais empresas passaram ou irão passar por problemas semelhantes aos
que a empresa esta enfrentando. Este ambiente é benéfico para todos os
participantes, pois cada um pode extrair destes encontros o conhecimento que
melhor lhe convêm.
Além do Benchmarking, reuniões com gerentes e analistas da área e outras pessoas
envolvidas com a operação podem ajudar a equipe do projeto a encontrar soluções
que, do ponto de vista da operação podem parecer óbvios, por estes estarem
engajados com as atividades diariamente.
Outra técnica utilizada pelas grandes empresas consiste na busca das “melhores
práticas” do mercado, ou seja, modelos desenvolvidos por empresas de consultoria
ou centros de estudos especializados em gestão que, após analisar o conhecimento
empírico e teórico, chegam a modelos que se assemelham a cenários ideais para as
empresas. Como exemplo disso pode-se citar métricas para analisar quais
realmente são os resultados alcançados ao longo do período de implementação do
novos processos, como redução de pessoas, diminuição do tempo de
processamento, ou melhora percebida por parte do cliente. Neste ponto é difícil
generalizar indicadores que possam servir para empresas de diferentes setores, pois
a realidade difere para cada uma delas, assim como as melhoras alcançadas na
reengenharia de processos.
Todo esse conhecimento agregado irá gerar um novo modelo de processos, que
deverá ser desenhado e, depois de finalizado e validado pela área gestora da
empresa, implementado no lugar dos processos atualmente utilizados.
26
Quando já se tem definido quais ferramentas serão utilizadas nesta etapa, inicia-se o
processo de revisão das análises prévias, analisando agora o impacto real na
redução de custos, além dos custos necessários a sua implementaçã0, pois mesmo
que estes se diluam a medida do tempo, gerando assim o retorno do investimento,
se faz necessário analisar os novos fluxos e quais ferramentas serão necessárias a
sua implementação, como um novo sistema de gestão ou um ferramenta de
comunicação entre as áreas, por exemplo.
Neste aspecto é importante criar uma análise e documentar quais são os “Gaps”, ou
lacunas que os novos processos têm, e que devem ser eliminados para que as
mudanças possam ocorrer. Isso será fundamental na hora da implementação dos
novos processos.
Quando se têm todos os pontos de melhoria analisados, além da análise dos
processos As-Is, pode-se agora desenhar os novos processos e, assim , iniciar sua
implementação na empresa, utilizando uma metodologia de desenhos de processo
pré-estabelecida na fase de planejamento do projeto de reengenharia de processos.
Duas das principais metodologias de desenho serão mostradas no próximo capítulo.
3.2.4. IMPLEMENTAR OS PROCESSOS DESENHADOS
Dentro da metodologia apresentada esta etapa consiste no momento onde pode
haver resistência por parte de alguns colaboradores, por retirá-los de sua zona de
conforto, como descreve Furey: “The implementation stage is where reengineering
efforts meet the most resistance and hence it is by far the most difficult one. (Furey,
1993, p. 21)
É importante neste momento apresentar a todos os resultados obtidos e como eles
serão alcançados, integrando toda a equipe, para que não haja suposições sobre o
futuro da área, pois muitas vezes os efeitos gerados pela reengenharia de processos
é o aumento de eficiência através da realização de mais atividades por parte dos
colaboradores atuais, como por exemplo um incremento de 15% no número de
faturas processadas no contas a receber, ou, a redução de 10% no quadro de
27
colaboradores da área, de forma a continuar processando a mesma quantidade de
faturas que se processa atualmente.
Tais resultados podem ser alcançados, dependendo dos objetivos previamente
planejados e de qual situação será mais vantajosa para a empresa.
Outro aspecto que estratégia de implementação deve contemplar é o alinhamento
da estrutura organizacional com os sistemas utilizados, políticas e procedimentos da
empresa com os novos processos, quando tais aspectos forem impactados pelas
melhorias propostas. (Mayer e Dewitte, 1998)
Uma forma alternativa de se iniciar um processo de mudança é através do uso da
simulação, como apresentado a seguir:
Using prototyping and simulation techniques, the transition plan is validated
and it’s pilot versions are designed and demonstrated. Training programs for
the workers are initiated and the plan is executed in full scale.
(Muthu, Withman e Cheraghi, 1999, p. 4 apud Mayer e Dewitte, 1998) Tendo em vista que atualmente quase todas as atividades são realizadas dentro de
um sistema, este sempre deverá ser levado em consideração em qualquer
implementação de melhoria, pois se houver um alto custo para customizar um
sistema, de forma a atender as melhorias previamente propostas, este pode ser o
diferencial entre a melhoria ser implementada ou descartada, reduzindo assim o
resultado projetado pelo projeto na melhoria global da empresa.
Durante esta etapa também os “Gaps” mencionados anteriormente deverão ser
gradativamente eliminados a medida que os novos processos vão sendo
implementados.
3.2.5. MELHORIA CONTÍNUA Como descreveu Muthu, Withman e Cheraghi (1999, p. 4) “A process cannot be
reengineered overnight. A very vital part in the success of every reengineering effort
lies in improving the reengineered process continuously”. Dessa forma uma atividade
de monitoramento precisa ser mantida pela empresa, contemplando o progresso das
28
ações que estão sendo implementadas, e também os resultados que estão sendo
alcançados.
Esse monitoramento deve ser realizado através da mensuração das atitudes dos
colaboradores, da visão do cliente, observando se este sentiu diferença no valor
oferecido pela empresa e também observar se houve melhora percebida por parte
dos fornecedores, pois eles também são parte do grupo de stakeholders da
empresa. (Muthu, Withman e Cheraghi, 1999)
Um dos fatores mais importantes da melhoria contínua dentro da empresa se baseia
no uso de fatores críticos de sucesso, que consistem em indicadores empresariais
criados a partir da década de 70, porêm ainda muito utilizados pelas empresas
atualmente. Dentre suas muitas definições a que mais se assemelha a reengenharia
de processos foi criada por Rockart: “the limited number of areas in which results, if
they are satisfactory, will ensure successful competitive performance for the
organization”. (Rockart, 1979) Estes indicadores consistem em apresentar quais
etapas dentro um processo devem ser cumpridas para que outras possam ser
realizadas. O monitoramento constante dessas “etapas-chave” auxilia no bom
desempenho dos processos e na previsibilidade de erros futuros, facilitando assim o
surgimento de melhorias.
Como comentando anteriormente a utilização dos fatores críticos de sucesso difere
para cada empresa, ficando assim impossibilitado de se criar tais indicadores para
todas as empresas, por estas apresentarem diferenças geográficas, estratégicas,
econômicas, etc (Rockart, 1979).
Tais indicadores podem variar no sentido de sua perenidade, como no caso de um
projeto, por exemplo, onde a decisão do escopo dos processos a serem analisados
é um fator crítico de sucesso, porêm até o momento que este foi definido, após isso
sua aplicabilidade termina. No caso de uma atividade processual onde a validação
de um superior deve ser realizada, sem a qual um processo não pode ser
completado, pode ser determinado como uma fator crítico de sucesso perene, pois
ela sempre se fará presente no processo, além de, representar um controle de
qualidade nas atividades que estão sendo realizadas.
29
Em relação a eficiência dos novos processos, a melhoria pode ser analisada através
de indicadores como o processamento de informações por colaborador, ou o custo
de horas extras realizadas por cada funcionário. Se tais indicadores sofrerem
quedas gradativas a medida que os novos processos vão sendo implementados, isto
indica que os novos processos estão agregando valor a empresa e atingindo seu
objetivo.
3.3. FORMAS DE DESENHAR PROCESSOS DE NEGÓCIOS
Antes de se apresentar as formas de representar os processos para futuras
análises, primeiro deve-se esclarecer o significado da metodologia IDEF0
(Integration DEFinition), na qual a maioria das empresas de consultoria se baseia:
IDEFØ é um método concebido para o modelo de decisões, ações e
atividades de uma organização ou sistema. IDEFØ foi derivado de uma
linguagem gráfica bem estabelecida a Structured Analysis and Design
Technique (SADT).
(IDEF.com)
Tal metodologia deveu-se a um pedido da Força Aérea dos Estados Unidos, que
desejava analisar e comunicar as perspectivas funcionais de um sistema. Tem o
objetivo de estabelecer um escopo para análise e, de forma analítica, apresentar
quais funções estão sendo realizadas, quais as necessidades de uma atividade
específica, além de informações sobre quais sistemas estão sendo utilizados.
(IDEF.com, 2010). Em dezembro de 1993 o National Institute os Standards and
Technology (NIST), dos Estados Unidos, divulgou o IDEF0 como padrão para a
modelagem de funções. De forma simplificada pode-se descrever o conceito de
IDEF0 na figura a seguir:
30
Figura 3.4 – Integration DEFinition
Fonte: IDEF.com
3.3.1. EPC (EVENT DRIVEN PROCESS CHAIN)
A metodologia EPC (Event Driven Process Chain), em uma tradução livre Processo
de Eventos em Cadeia, consiste em uma forma de desenhar processos intercalando
atividades e eventos que, alocados em forma de um fluxo de atividades, irá mostrar
o caminho que deve ser seguido para se completar um processo.
Assim definiu van der Aalst (1999) sobre esta metodologia: “Event-driven process
chains are an intuitive graphical business process description language introduced
by Keller, Nuttgens and Scheer in 1992” (van der Aalst, 1999, p. 4).
Esta forma de representação processual apresenta três estruturas básicas:
Evento: Corresponde a uma situação que antecedeu ou foi causada por uma
atividade. Também pode representar uma pré-condição para que uma atividade
ocorra. O evento se intercala entre as atividades geralmente para representar uma
mudança de estado no fluxo (van der Aalst, 1999). Um fluxo de assinatura de uma
requisição, por exemplo, passa pela atividade de criar uma requisição que, após ser
criada deve ser enviada a um aprovador que irá analisá-la e verificar se esta é
realmente necessária. Após a análise, o aprovador pode assiná-la, aprovando-a
desse modo, o que representa um evento posterior a uma atividade de análise, ou
31
descartá-la, sendo este outro evento possível da atividade de análise da requisição.
É escrito dentro do fluxo através da estrutura Substantivo + Verbo e representado
pelo desenho de um hexágono.
Atividade: Representa uma tarefa dentro do fluxo, a ser desempenhada pelo ator da
atividade par que o fluxo possa transcorrer normalmente. Utilizando o exemplo
acima, a atividade de analisar a requisição consiste em uma atividade dentro do
fluxo, onde o input desta atividade consiste da requisição e o output consiste em
uma requisição aprovada, que neste caso é representada por sua assinatura, ou a
requisição negada. Sua estrutura de representação segue a regra Verbo +
Substantivo, o que indica um estado de ação dentro do fluxo. O diagrama que o
representa é um retângulo no fluxo.
Conectores: São utilizados para conectar eventos e atividades, indicando o caminho
a ser seguido dependendo do resultado da atividade antecessora ao conector.
Existem três formas de conectores dentro da metodologia EPC, sendo estes:
Figura 3.5 – Tipos de conectores EPC
Fonte: Elaboração Própria
O primeiro símbolo representa o conector de “todos os caminhos devem ser
seguidos”, de forma que o fluxo somente poderá continuar após todas as atividades
que estão após este conector serem completadas. O conector “X” representa a
possibilidade de somente um caminho ser seguido. No exemplo da requisição que
precisa ser assinada, este conector deveria ser usado após a atividade de análise da
requisição, pois somente há um caminho a ser seguido, a requisição ser aprovada
ou rejeitada.
O último conector, representado por um “V”, representa que “um ou mais caminhos
podem ser seguidos”. Diferente do primeiro conector, nem todos os caminhos devem
ser seguidos para que o fluxo se concretize.
32
Na metodologia EPC nunca pode existir dois eventos subseqüentes, pois deve haver
uma ação que interaja entre estes.
Como exemplo segue um fluxo apresentando por van der Aalst (1999, p. 5):
Figura 3.6 – Fluxo EPC
Fonte: van der Aalst
33
No fluxo acima após a requisição do cliente ser recebida pela empresa (evento), o
fluxo se inicia pela atividade de comparar a requisição do cliente com o pedido
recebido pela empresa, de forma a verificar se este pedido realmente foi feito pelo
cliente.
Se o pedido realmente existe, o ator irá verificar a disponibilidade do pedido no
estoque da empresa, onde podem ocorrer dois eventos excludentes após esta
atividade: Os artigos estarem disponíveis ou estes necessitarem ser produzidos.
Neste ponto o fluxo se divide em dois grupos de atividades distintos. O primeiro
consiste na disponibilidade dos artigos para serem entregue de forma imediata ao
cliente, onde o ator irá emitir uma ordem de envio. Neste ponto é importante
destacar a forma de representação de uma atividade e um evento. No primeiro caso,
o autor escreveu “Ship Order”, iniciando a frase por um verbo, indicando assim uma
ação. No caso do evento subseqüente, a frase se iniciou por um substantivo: “Order
shipped”, e o verbo em sua forma no passado, indicando que a ação já ocorreu.
Após a ordem de entrega ser emitida, a cobrança também é realizada por parte da
empresa fornecedora, que irá cadastrar essa cobrança no contas a receber da
empresa, onde o ator irá verificar se o pagamento referente a esta fatura já foi
realizado. Caso o pagamento não tenha sido realizado, atividades de cobrança
podem ser tomadas. Se o pagamento já foi realizado, o fluxo se encerra.
Este seria um caminho que o fluxo poderia ter seguido, mas caso os artigos pedidos
pelo cliente não estejam disponíveis, estes devem ser produzidos, necessitando
assim que duas atividades ocorram para que o fluxo continue: Comprar a matéria-
prima e fazer o plano de produção. Somente após tais atividades serem realizadas é
que o fluxo poderá continuar, com a atividade de confeccionar o produto pedido pelo
cliente. Após esta atividade, há uma ligação entre os caminhos, onde as atividades
de envio e cadastramento da fatura do contas a receber devem ocorrer, como já foi
apresentando.
Este fluxo representa de forma clara o significado da característica “cross function”,
da reengenharia de processos, pois um fluxo passou por diversas áreas da
empresa, possuindo diferentes atores que tiveram que interagir entre si para que o
pedido do cliente fosse realizado. Esta visão global da empresa, tendo foco o
diferencial a necessidade do cliente, e não mais os departamentos da empresa é o
34
grande diferencial da reengenharia de processos. A seguir um modelo apresentando
como as áreas interagiram entre si:
Figura 3.7 – Áreas envolvidas
Fonte: Elaboração Própria
Além dos diagramas acima apresentados, outros componentes podem fazer parte
de um fluxo EPC, auxiliando o leitor a entender de forma mais completa o fluxo. Tais
componentes são:
Hole ou ator – Responsável por realizar as atividades, geralmente alocado a direita
da atividade;
Documentos – Geralmente atividades possuem documentos que precisam ser
utilizados para sua realização, como políticas da empresa, planilhas de cálculo,
requisições, formulários, etc. Tais documentos podem ser representados no fluxo
utilizando a mesa regra que foi apresentada anteriormente ao IDEF (Integration
DEFinition) (ver figura X);
Controles – Empresas de capital aberto muitas devem seguir determinadas
legislações que prevêem o uso de controles internos para assegurar a integridade
das atividades da empresa. Dependendo do nível de detalhamento dos processos,
Estoque
Compras
Produção
Contas a receber
35
os controles devem ser alocados ao lado das atividades as quais fazem referências,
mostrando assim que para que o fluxo ocorra, determinados controles devem ser
seguidos.
Um exemplo deste caso pode acontecer sob a forma de uma aprovação por um
gerente para qualquer pagamento que supere um determinado valor, por exemplo.
Outro exemplo clássico da utilização de controles internos é a segregação de
funções em determinadas atividades, precavendo atitudes danosas contra o
patrimônio da empresa e de seus acionistas.
Com o advento da tecnologia, a criação de processos se tornou mais simples e
integrada com a empresa, através de ferramentas como o ARIS, criada pela
empresa de tecnologia IDS Scheer™. Esta plataforma, utilizada através da internet
permite criar processos utilzando diversas metodoligias desde o EPC até o BPMN
(Business Process Modeling Notation), que será explicado posteriormente.
Ao utilizar essas ferramentas é possível criar um manual explicativo, por
apresentarem uma integração com ferramentas de gestão como o sistema SAP.
Quando uma atividade no SAP é indicada dentro do processo, ao clicar com o cursor
sobre esta atividade, o menu do SAP é automaticamente aberto, podendo assim
dar-se continuidade ao processo:
36
Figura 3.8 – Ferramente ARIS
Fonte: sitio da empresa IDS Scheer™ (http://www.ids-scheer.com/pt)
Na figura acima é possível ver a tela do programa, além dos diagramas básicos
utilizados pela metodologia EPC, como os eventos (diagrama rosa) e as atividades
(caixas verdes), além do conector e do ator que está realizando as atividaes, sendo
mostrado ao lado direito da atividade.
Dessa forma a criação de processos é feita de forma conjunta com a área
operacional, facilitando o entendimento dos processos.
3.3.2. BPMN (BUSINESS PROCESS MODELING NOTATION)
Mais atual que o IDEF ou EPC, a metodologia conhecida como BPMN (Business
Process Modeling Notation) tem sido muito utilizada na área de TI, como apresenta
Barn e Oussena:
37
Historically process modeling notations have included: IDEF0, petri-nets,
Merise, UML Activity Diagrams to name but a few. But it is only recently …,
that the Business Process Modeling Notation (BPMN) has emerged as
probably the most important standard for describing business processes
(Barn e Oussena, 2009, p. 3, apud BPMN org)
Esta metodolgia tem como objetivos básicos: Simples de ser entendida, de modo a
ser fácil de utilizá-la, além de ser rapidamente entendida para pessoas não-
téncnicas, como gerentes e diretores. O segundo objetivo consiste em poder
modelar e apresentar processos complexos. (Owen e Raj, 2003)
Para se modelar um processo através desta metodologia, inici-se evidenciando o(s)
evento(s) que gera(m) o processo, representando geralmente uma necessidade,
além de apresentar as atividades realizadas durante o processo e o resultado final
deste conjunto de atividades. Durante o fluxo, decisões e caminhos que devem ser
seguidos são apresentados através dos gateways, que podem ser vistos como os
conectores da metodoligia EPC.
Fazendo uma comparação entre as duas metodologias apresentas (EPC e BPMN),
pode-se dizer que estas representam atividades que acontecem dentro do processo,
com a diferença de que os diagramas do EPC sempre representarão atividades,
enquanto no BPMN, quanto um diagrama estiver descrita com um “+”, tal diagrama
representará um sun-processo, ou seja, um conjunto de atividades similares que
foram agrupadas dentro de um processo maior. Tal representação pode ser vista no
fluxo abaixo:
38
Figura 3.8 – Processo BPMN
Fonte: Owen e Raj, 2003.
Como pode ser visto no fluxo acima, diagramas redondos representam o início e o
fim do fluxo, podendo também apresentar eventos intermediários, caso o
detalhamento do fluxo os necessite, sendo os eventos finais representados por um
fluxo com uma borda mais grossa que o evento inicial. E conforma comentado
anteriormente, quando as atividades (diagramas azuis) apresentarem o símbolo “+”,
como o primeiro diagrama, por exemplo, representará um conjunto de atividades
dentro do fluxo que se está apresentando. Usualmente nas ferramentas utilizadas
para mapear processos em BPMN, tal conexão é feita de forma automática, ou seja,
quando houver a necessidade de um maior detalhamento das atividades, basta
pressionar a caixa de atividade que ela apresentará todas as atividades daquele
conjunto, como no exemplo abaixo:
39
Figura 3.9 - Conjunto de atividades BPMN
Fonte:Owen e Raj, 2003
Além deste aspecto pode-se destacar as representações de documentos utilizados
no fluxo, indicado pelas figuras verdes, além dos gateways seguirem as mesmas
regras que já foram apresentadas para os conectores da metodologia EPC, podendo
representar três situações básicas:
1. X – Somente um caminho pode ser seguido;
2. O – Um ou mais caminhos podem ser seguidos;
3. + - Todos os caminhos devem ser seguidos;
40
Diferente do EPC, onde cada atividade apresenta ao lado o ator que a realiza,
quando se utiliza BPMN para representar um processo, tal situação é apresentada
através do uso de “pool”, agrupando um conjunto de atividades sob um mesmo ator,
conforme figura abaixo:
Figura 3.10 – Uso de “pool” no BPMN
Fonte: Ownen e Raj, 2003
Evidenciando-se os atores no canto superior esquerdo é possível apresentar o
conjunto de atividades que estes realizam.
Para o estudo de caso que será apresentado a metodologia utilizada durante a
realização do projeto foi a EPC, sendo esta decisão tomada pela empresa, por já ser
utilizada em outras filiais ao redor do mundo.
41
3.4. FERRAMENTAS AUXILIARES
Durante a fase da reengenharia de processos, como já foi anteriormente descrito,
esta acaba por impactar a organização desde sua visão estrutural, até as mínimas
atividades. Aliando a esse fato, algumas ferramentas auxiliares podem ser utilizadas
durante esse período para maximizar seus resultados.
A primeira ferramenta auxiliar consiste no uso do FTE (Full Time Equivalent), cujo
objetivo é mensurar qual o esforço de determinado processo. Sua metodologia é
descrita sob a seguinte fórmula:
(H/BH)*P
H – Horas dedicadas ao processo ou atividade
BH –Base de horas do processo ou atividade (Ex: Semanal; Mensal; Anual)
P – Número de pessoas que realizam o processo ou atividade
Um FTE representa e esforço de um colaborador trabalhando em período integral
em uma determinada atividade ou processo. De forma a exemplificar essa
metodologia irá se usar o processo de reportagem gerencial.
Em um processo de reportagem gerencial há diversas atividades, que pode variar
dependendo da estrutura da empresa. Em uma organização onde há um ERP
(Entreprise Resource Planing), ou sistema de gestão integrado implementado, há
duas atividades principais: retirar as informações do sistema e, formatá-las de forma
a gerar o relatório desejado.
Supondo que na área há seis pessoas, mas somente quatro realizam as duas
atividades descritas acima, e tais atividades devem acontecer na última semana de
cada mês, por ser o período de fechamento das vendas mensais, considera-se que
tais atividades possuem uma base de horas semanal, ou seja, 40 horas para ser
desenvolvida.
42
Cada colaborador, durante a semana de fechamento, utiliza dez horas para realizar
as atividades, com isso chega-se ao FTE de:
FTE = (H/BH)*P
FTE = (10/40)*4 FTE = 1
Ou seja, as duas atividades do processo de reportagem gerencial utilizam um FTE
para serem realizadas. Importante notar a diferença do significado de Headcount, ou
colaborador do número gerado pelo FTE. Este último não representa um
colaborador de forma integral, apenas o ESFORÇO proporcional a uma pessoa
trabalhando de forma integral em um processo ou atividade.
Tal metodologia é usualmente utilizada na forma de mensuração de esforços de
processos, na forma de achar as atividades que demandam maior esforço, sendo
assim possível iniciar análise das melhorias a partir deste ponto. Após se mapear os
processos As-Is, se faz necessário entrevistar os responsáveis dos processos, de
forma a mensurar-se o tempo de cada atividade.
Quando já se possui as atividades que despendem mais tempo para serem
realizadas, têm-se um bom ponto de partida para se iniciar a análise dos processos
atuais de forma a propor melhorias, pois melhorias nestas atividades principais terão
um maior impacto no aumento da eficiência e/ou redução de custos.
Conforme já foi explicado anteriormente, os recursos da empresa são limitados,
assim, um bom direcionador de quais processos devem ser priorizados nas análises
de melhoria auxilia na tomada de decisão e em seus futuros impactos.
Outra ferramenta que pode ser utilizado quando se está fazendo uma reengenharia
dos processos de uma empresa, é a utilização de Triggers, ou “gatilhos”. Por um
processo impactar diferentes áreas, deve-se sempre estabelecer uma comunicação
entre os envolvidos e, também, datas que as principais atividades devem ser
realizadas.
Voltando-se ao exemplo do processo de reportagem gerencial, ficou claro que ele se
inicia na última semana do mês, por se tratar de um relatório com dados sobre
evolução de vendas, valor médio de cada produto vendido, margem de lucro, etc.
43
Levando-se em consideração que o processo inicia-se com a retirada das
informações do sistema, têm-se um trigger nesta atividade, que consiste na última
semana do mês. Ao documentar que o processo deve se iniciar nesta data têm-se
um trigger estabelecido.
Continuando no mesmo processo, após o relatório ser gerado, ele precisa ser
formatado, sendo que esta atividade precisa ser realizada a três dias do final do
mês, pois o relatório ainda precisa ser enviado ao Controller Financeiro, para que
este possa validá-lo, tendo um prazo final de validação até o penúltimo dia útil do
mês, pois se for necessário realizar algum ajuste, ainda haverá tempo antes de ser
enviado ao gerente de venda. Com isso têm-se a seguinte linha do tempo:
Figura 3.11 – Dia de fechamento
Fonte: Elaboração Própria
Sendo “F”o dia do fechamento contábil do mês, e o número subseqüente a letra
representando os dias restantes para o fechamento. Com isso, esse processo
apresenta três triggers, sendo realizado por, no mínino, dois colaboradores. Se
houver qualquer problema no processo, será possível investigar onde ocorreu, uma
vez que o cliente da atividade não receberá a informação necessária no prazo que
está deveria ser enviada.
Além do FTE e do Trigger, pode-se utilizar também a SLA (Service Level
Agreement), que consiste em um acordo para a entrega de um serviço.
Gerar o relatório do sistema
Formatar o relatório de
vendas
Validar o relatório de vendasF - 3
F - 2 F - 5
44
Um SLA é definida como um documento que regula as expectativas entre o
consumidor e o prestador do serviço. Apresenta como o serviço será entregue, e
ajuda a manter a qualidade constante dos serviços entregues. (Wustenhoff, 2002)
Alguns aspectos são imprescindíveis para se desenvolver uma SLA, como o objetivo
do prestador do serviço, como este irá entregar o serviço/produto prometido, além
da área ou pessoa responsável por medir a eficiência desta entrega. Neste aspecto
estarão inclusos KPI (Key Process Indicator), que consistem em indicadores de
eficiência do processo. Além destes três aspectos, são fundamentais também o que
acontecerá caso o prestador do serviço falhe em entregar o resultado prometido e,
como a SLA irá melhorar ao longo do tempo, através de um processo de melhoria
contínua. (Wustenhoff, 2002).
Como exemplo de SLA, segue uma figura elencando o conteúdo necessário para
criar este documento:
45
Quadro 3.1 –SLA Template
Fonte: Sun Microsystem
Quando este documento é utilizado com processos padronizados, estes se tornam
os documentos que conterão o conhecimento da empresa, e sua base para a
criação de um processo de qualidade. Todavia a empresa também terá que manter
uma área de controladoria, como já foi citado, pois será está área que ficará
responsável por mensurar o desempenho dos responsáveis pelos processos
empresariais. Há casos em que a realização do projeto de reengenharia de
processos foi um sucesso, porém as empresas não conseguiram sustentar o
resultado, pois a melhoria contínua deve sempre estar presente, além de uma
responsável por controlar o andamento das atividades empresariais.
46
E em casos onde os processos não estejam ocorrendo de forma correta, será
necessário analisá-los novamente, buscando as principais falhas. Isto é feito através
da manutenção de um controle de qualidade. Neste caso a SLA também é de
grande relevância, uma vez que ela também precisa prever casos semelhantes:
Quadro 3.2 – SLA na prevenção de erros
Fonte: Sun Microsystem
Para se criar uma SLA deve-se ater, principalmente três aspectos: ser realista,
mensurável e simples. (Wustenhoff, 2002). Por ser uma ferramente que atua em
sinergia ao KPI (Key Process Indicator), é fundamental que ela possa ser fácil de ser
entendida por todos os envolvidos, evitando assim conflitos futuros caso algo de
errado ocorra no processo. Em relação aos outros dois aspectos, uma SLA deve
retratar o momento vivido pela empresa, objetivando uma melhora futura. De nada
adianta criar metas que não possam ser alcançadas ou que estejam abaixo da
capacidade produtiva da empresa. Este fator acaba penalizando a aspecto da
mensurabilidade do documento, pois não será possível criar uma SLA que mensure
corretamente as atividades da empresa se este não estiver de acordo com sua
realidade.
Como um auxiliar no processo de melhoria contínua dentro da empresa, a SLA
também auxilia a sempre manter atualizada as expectativas do cliente, tanto interno
quanto externo, além de métricas sempre atuais em relação aos serviços prestados,
dessa forma esse documento deve ser revisto periodicamente pela empresa.
Em relação aos KPIs, como já foi falado, estes estariam junto a SLA, por se tratar da
forma de mensuração da qualidade e da eficiência dos processos empresariais.
Como exemplo de um KPI usual, pode-se citar a quantidade de notas fiscais
processadas pela área de contas a pagar, relacionando-as ao total recebido durante
47
o período. Dessa forma chega-se uma porcentagem de processamento que, se
monitorada de forma constante irá gerar um indicador da eficiência da área. Após se
firmar um nível mínimo de processamento, que servirá de base para a SLA, este
deverá ser constantemente mensurado de forma a fornecer a qualidade da área de
forma atual. Caso o nível de processamento diminua de forma recorrente, deverá
seguir o procedimento já mencionado no caso de falhas no processo.
A seguir um exemplo da integração da SLA e de um KPI:
Quadro 3.3 - SLA e KPI
Fonte: Sun Microsystem
3.5. APLICABILIDADE NAS EMPRESAS
A busca constante por melhorias no ambiente empresarial constitui uma demanda
por novos serviços que atendam a estas necessidades. A reengenharia de
processos consiste apenas em mais uma ferramenta que a empresa pode utilizar
para se diferenciar de seus concorrentes , aumentando sua eficiência ou reduzindo
seus custos.
Desta forma é importante apresentar a percepção do mercado em relação a
aplicabilidade das várias ferramentas disponíveis, comparando-as em relação ao
seu custo-benefício, pois quanto mais complexa uma solução empresarial, maior seu
custo de implementação, porém esta terá que entregar resultados superiores a
ferramentas comparativamente mais baratas.
Neste aspecto a reengenharia de processos possui essa barreira, pois seu custo de
implementação é alto, além de exigir colaboradores capacitados na área de projetos,
48
tempo e recursos para modificar desde a estrutura hierárquica da empresa, até sua
área de tecnologia.
Os autores Darrell Rigby e Barbara Bilodeau realizaram em 2009 uma pequisa sobre
“Management Tools and Trends™”, sendo tal pequisa anualmente realizada pela
empresa de consultoria Bain & Company™.
O histórico desta pequisa é apresentado pela empresa de consultoria do seguinte
modo:
Starting in 1993, Bain & Company has surveyed executives around the world
about the management tools they use and how effectively those tools have
performed. We focus on 25 tools, honing the list each year. To be included in
our survey, the tools need to be relevant to senior management, topical and
measurable. By tracking which tools companies are using, under what
circumstances and how satisfied managers are with the results, we’ve been
able to help them make better choices in selecting, implementing and
integrating the tools to improve their performance.
Bain & Company™ All rights reserved
Os resultados desta pequisa tornam-se ainda mais satisfatórios se levar em
consideração o ambiente econômico no qual a pesquisa foi realizada, pois neste
período o mundo passava por uma retração econômica decorrente da crise
americana do Subprime, com reflexos no mundo todo.
Neste ambiente de escassez de crédito e retração da economia global, as empresas
tendem a diminuir seus investimentos e analisá-los com o máximo de atenção, uma
vez que também há durante períodos de recessão econoômica, escassez de capital.
Desta forma o resultado de tal pesquisa se torna ainda mais relevante, pois os
resultados obtidos por elas tiveram que superar a crise econômica no qual as
empresas estavam situadas:
49
Gráfico 3.1 – Número de ferramentas utilizadas
Fonte: Bain & Company, 2008
Como fica evidenciado o número de ferramentas utilizadas pelas empresas durante
a realização das pesquisas ficou abaixo da média histórica, o que representa o
cuidado quanto à aplicação do capital em projetos de melhoria e gestão.
Este cenário está presente desde pequenas empresas, até multinacionais, pois
como apresentado na pesquisa, quanto maior a empresa, maior o uso de
ferramentas gerenciais, como também a quantidade de ferramentas aplicadas.
Neste caso o cenário manteve-se o mesmo, com redução expressiva no número de
ferramentas usadas por estas grandes empresas, sendo que na média, onze
ferramentas foram utilizadas durante a pesquisa, número inferior, por exemplo, a
média de quinze ferramentas utilizadas no ano de 2006 (Rigby e Bilodeau, 2009)
Como comentado anteriormente a redução de custos foi o principal aspecto
levantado pelos participantes da pesquisa quando indagados pelos resultados que
as ferramentas iriam proporcionar (Rigby e Bilodeau. 2009). Deste cenários o
indicador de custo-benefício é um dos mais representativos, conforme a tabela
abaixo:
50
Quadro 3.4 - Ranking de utilização de ferramentas gerenciais
Fonte: Bain & Company, 2008
A solução menos onerosa é a mais citada uma vez que empresas do mesmo setor,
com estruturas similares passam por dificuldades semelhantes em períodos de crise.
Dessa forma o benchmarking foi considerado a melhor ferramenta por se tratar de
uma fonte de informação e inovação pouco custosa, e com rápido índice de
aplicabilidade. Em relação a esta lista é importante ressaltar que foram as mais
utilizadas entre as 25 ferramentas pesquisadas pela empresa Bain & Company™.
Outras ferramentas que não necessitam contratação de serviços externos, como
revisão do planejamento estratégico ou da visão e missão da empresa também
tendem a ser muito utilizados, pelas mesmas características da primeira ferramenta
citada.
Quanto à reengenharia de processos, fica evidente sua aplicabilidade no cenário
empresarial e os resultados decorrentes, pois mesmo sendo difícil de implementá-la,
e requerer muitas mudanças em diversas áreas, seus resultados compensam o
investimento, tendo o diferencial de poder ser usada em conjunto com qualquer uma
das outras nove ferramentas citadas.
51
Em relação ao seu retorno pode-se perceber um alto nível de satisfação, além de ter
um índice de usabilidade elevado:
Tabela 3.1 – Aplicabilidade das ferramentas
Fonte: Bain & Company, 2008
Em relação à satisfação mais uma vez os números corroboram sua aplicabilidade e
seus resultados, sendo uma das quatro ferramentas com maiores índices de
satisfação.
Corroborando a premissa que em tempos de crise o principal objetivo das empresas
consiste na redução de custo, muitos dos executivos entrevistados apresentaram a
razão de buscarem as soluções da empresa de consultoria:
In follow-up interviews, executives described the battle to contain costs. The
vice president of a large insurance company explained, “We’re eliminating
discretionary investments, and we’re off-shoring and outsourcing as much as
we can to maintain the lowest possible cost structure. We’re concentrating on
keeping the legacy systems afloat.”
(Rigby e Bilodeau, 2009, p. 3)
52
Mesmo no cenário de contenção de investimentos e redução no uso de ferramentas
gerenciais, a pesquisa apontou que a maioria dos executivos está esperançosa,
projetando maior uso da inovação na parte gerencial da empresa como forma de
diferenciação de seus concorrentes:
One reason for the projected increase in innovation tools: the need for firms to
differentiate themselves as competition intensifies. “We’ve pulled a lot of
innovation triggers already,” says the rental car executive. “But if the economic
environment hits our industry harder than we currently anticipate, we will focus
more on innovation to survive.”
(Rigby e Bilodeau, 2009, p. 7)
53
4. CENTRO DE SERVIÇOS COMPARTILHADOS
4.1. CONTEXTUALIZAÇÃO
Empresas que possuem uma área de atuação segmentada, composta por diversas
áreas de negócios, ou que atuam em mercados diferentes mercados podem ter
ganho de eficiência, ou redução de custos através da centralização de suas
atividades administrativas em um só estrutura organizacional, criando assim um
Centro de Serviços Compartilhados (CSC).
Como já foi mostrado anteriormente, com a padronização de processos dentro de
uma empresa é possível reduzir seus custos, através da redução do número de
FTEs necessários para realizar as atividades, por exemplo. Tendo em vista esse
cenário, após os processos terem sido descritos, analisados, melhorados,
padronizados e implementados, chega-se um momento onde empresas que
possuem diferentes unidades de negócios podem reunir processos relativos a
atividades de back office sob uma mesma estrutura, ganhando assim ganho de
escala no processamento de informações, e redução de custo na sua estrutura
organizacional. Com isso inicia-se a criação de um CSC.
Defini-se Centro de Serviços Compartilhados como sendo:
“…internal service providers which bundle competencies and provide
standardized services for different business divisions within the company. The
main goal of implementing shared services is to achieve a higher level of
service quality at a lower cost level.
Fonte: Point of View, Price Watherhouse Coppers™, 2008, p. 3
Outro objetivo decorrente da criação desta estrutura reside na parte estratégica, pois
ao criar um CSC, a empresa consegue reduzir sua estrutura e também focar-se
apenas no seu Core Business, ou seja, atividades como contabilidade e contas a
pagar deixam de ser feitas para que a empresa se foce apenas em realizar suas
atividades principais, dependendo do seu setor de atuação. Exemplos desse cenário
geralmente são vistos em empresas que possuem diversas áreas de negócios
54
independentes, como holdings detentoras de várias empresas, ou grupos
empresariais donos de várias marcas que atuam no mercado de varejo, como
Unilever™ e Procter & Gamble™, por exemplo.
Com isso, antes da criação do Centro de Serviços Compartilhados, cada uma
dessas unidades de negócios possuiam uma estrutura idenpendente, como qualquer
empresa.Setores oriundos da parte administrativa, como áreas de departamento
pessoal, contas a pagar e a receber, contabilidade e centro de atendimento ao
cliente eram mantidos para cada uma dessas unidades. Pode-se fazer uma paralelo
desta elencando aspectos de uma organização com um Centro de Serviços
estabelecido, e outra que ainda não o criou:
Quadro 4.1 – Comparação de estruturas funcionais
Fonte: Shared Service Center – Better, Cheaper, Faster – Price Waterhouse Coppers™, 2009, p.2
De forma análoga a contabilidade, pode-se representar os gastos referentes ao Back
Office como sendo as despesas da empresa, e os custos os gastos com as
atividades principais. Quando tais empresas terceirizam suas despesas para outra
unidade , a margem de lucro aumenta, aumentando também a eifiência do grupo
empresarial como um todo.
Mesmo estas empresas apresentando processos altamente eficientes, padronizados
e constantemente melhorados, uma redução de custos desta magnetude não
55
poderia ser conseguida se tais estruturas não se juntassem de forma a um CSC
atender a todo esse conjunto de empresas.
O CSC geralmente se apresenta como uma unidade independente dentro da
empresa, diferenciando-se apenas no seu cliente e no seu objetivo, onde o cliente é
interno, ou seja, todas as empresas que demandarem serviços do Centro de
Serviços Compartilhados.
Através de acordo de serviço, ou SLA (Service Level Agreement), definem-se quais
tipos de serviços serão prestados, além de indicadores de eficiência e valores que
serão cobrados por esses serviços. Neste ponto deve haver a primeira redução de
custos, de acordo com o objetivo de um CSC, pois este não existe para gerar lucros
para a empresa. Ele é criado para aumentar a eficiência dos processos
administrativos e financeiros, gerando ganhos de escala. Com isso o valor a ser
cobrado deve ser o mínimo possível, de forma apenas a manter a estrutura do
centro de serviços, prevendo neste custo também investimentos constantes na
tecnologia e melhoria nos processos que estiverem no escopo do Centro de
Seviços.
Pode-se entender a comunicação entre uma unidade de negócio e o CSC na figura
a seguir:
Figura 4.2 – Fluxo de informações entre empresa e CSC
Fonte: Point of View, Price Watherhouse Coppers™, 2008, p. 3
56
Um Centro de Serviços Compartilhados deve sempre estar ao posicionamento e
objetivos de seus clientes, pois esta “estratégia corporativa” deve ser a base para o
planejamento do próprio CSC, e também de como ele deve ser direcionado e
também quais áreas devem receber os investimentos propostos no Budget.
4.1.1. Estruturação de um Centro de Serviços Compartilhados
Criar um Centro de Serviços Compartilhado é um processo longo e requer um
planejamento detalhado de cada etapa da implementação. No início da
planejamento deve estar elencado quais são os processos que estaro no escopo do
CSC, além de como tais processos serão agrupados, quais sistemas irão suportá-
los, como também como será feita a comunicação com as demais empresas, e qual
o nível de serviço que será prestado.
Há diferentes metodologias disponíveis no mercado, sendo que, usualmente,
empresas que desejam migrar para este modelo de negócios empregam os esforços
de empresas de consultoria para ajudar na estruturação do Centro de Serviços.
Dentre as metodoligias há um consenso de planejar a integração das atividades
através de wave, que representam uma integração paulatina e gradativiva das
áreas. Geralmente dentro do escopo de um Centro de Serviços Compartilhado há
processos das seguintes áreas:
57
Quadro 4.1 – Áreas envolvidas no Centro de Serviços Compartilhado
Fonte: Point of View, Price Watherhouse Coppers™, 2008, p. 3
Para se planejar uma integração através de waves deve-se escolher quais grupos
de processos serão inicialmente integrados, como os processos financeiros, de
vendas, etc. Definindo o escopo dessa forma, partindo geralmente dos processos
com menos peculiaridades e excessões, o projeto ganha velocidade e conhecimento
prévio para integrar depois processos mais complexos e que irão requerer maior
tempo de análise.
Utilizando a figura acima como exemplo, poderia se iniciar uma integração através
da área financeira, no sub-grupo de processos de Ativo Fixo, por este grupo ser
similar em diversas empresas e apresentar poucas particularidades, uma vez que a
gestão de ativos fixos, representada por atividades como depreciação, inventário,
substituição, entre outras, tendem a ser similares nas empresas.
Diferente do sub-grupo dos processos de “Planning and Forecasting” ou a área de
Tecnologia da Informação, por tais áreas estarem diretamente envolvidas com as
particularidades de cada empresa, onde muitas vezes empresas de um mesmo
grupo podem possuir programas de gestão diferentes, ou a área de planejamento,
que é intrínsica a cada empresa.
58
Dessa forma uma empresa é integrada de forma gradativa, como a figura a seguir:
Figura 4.3 – Waves do CSC
Fonte:Church e Neeley, 2007.
Após se planejar as etapas da integração outros aspectos devem ser levados em
consideração (Bain & Company, 2009, p. 52):
• Padronizar os processos antes de integrá-los;
• Identificar pessoas-cahve antes de integrar os processos;
• Alta gerência comunicar claramente a visão deste projeto e os ganhos
esperados;
• Reegenharia de processos – Os primeiros aspectos da redução de custos são
decorrentes da redução de pessoas e do redesenho dos processos;
59
Estes aspectos deixam claro a complementaridade das duas ténicas mostradas,
reengenharia de processoe Centro de Serviços Compartilhados, pois a última é uma
evolução da padronização dos processos, um potencial de ganhos através da
integração destes processos redesenhados.
Tendo estes aspectos em mente na hora do planejamento do projeto de CSC, deve-
se entender qual o nível de serviço que será prestado por este. Neste ponto inicia-se
a criação das SLAs que irão prover o entendimento entre o Centro de Serviços e as
empresas que este prestará os serviços.
Após ter-se claramente definido o nível de serviços, inicia-se a fase de análise de
ganhos, semelhante a etapa de análise dos processos As-Is da Reengenharia de
Processos, previamente detalhada. Dessa forma busca-se ganhos através da
integração, seja através de processos mais eficientes, integração física e
tecnológica, ou na redução do quadro de colaboradores:
Figura 4.4 – Novos CSC
Fonte:Church e Neeley, 2007.
Nesta etapa é primordial a análise dos ganhos através do uso da tecnologia, pois o
trânsito de documentos e informações entre o Centro de Serviços e as empresas por
ele atendidas será grande. Faturas para pagamento, contratos de Hedge financeiro,
formulários de criação de fornecedores ou cadastro de clientes no sistema. Todos
60
esses documentos, e as informações por ele geradas devem ser passadas entre o
provedor do serviço, no caso o CSC, e a empresa demandante, de forma rápida, ágil
e segura. Por isso a implementação de ferramentas como scanning, workflow, que
consiste em um sistema de aprovação e envio de informações em tempo real, são
parte fundamental dentro de um Centro de Serviços.
O fluxo a seguir mostra claramente o serviço prestado pelo CSC, além do uso da
tecnologia mencionada acima:
Figura 4.5 – Tecnologia dentro de um CSC
Fonte:Church e Neeley, 2007.
A imagem retrata a contabilização de uma fatura no contas a pagar e seu respectivo
pagamento. O processo inicia-se com a geração da fatura pelo provedor do serviço,
onde este envia a fatura para o Centro de Serviços, também a disponibilizando uma
versão digital para visualização em seu sitio na internet.
Quando a fatura física chega ao Centro de Serviços, este irá escaneá-la e verificar
se o pedido de compra realmente existe e se a fatura está correta, também
61
realizando as atividades decorrentes, caso esta esteja incorreta. Após a verificação
da fatura, o aprovador da empresa cliente (interna) do CSC aprova o pagamento da
fatura no sistema que automaticamente informa o Centro de Serviços para efetuar o
pagamento da fatura.
Desta forma um fluxo de pagamento de fatura que possui diversas atividades,
anteriormente realizado por todas as empresas agora é realizado pelo Centro de
Serviços.
Quando o cenário acima é aplicado para várias empresas e um conjunto de
processos variados, a redução de custos é significativa, chegando a margens acima
de 20%, como apresentado no gráfico a seguir:
Gráfico 4.1 – Redução de custos do CSC
Fonte: Shared Service Center – Better, Cheaper, Faster – Price Waterhouse Coppers™, 2009, p.4
A redução acima pode parecer “fantasiosa”, mas este resultado é perfeitamento
possível, como será mostrado no estudo de caso. Porêm deve-se levar em
consideração a amplitude do projeto e a estrutura que ele irá impactar. Quanto maior
a empresa e sua área de atuação, maior o potencial de ganho apresentado na
criação do Centro de Serviços Compartilhados.
62
Empresas com atuação global, presentes com plantas produtivas em vários países
apresentam um potencial de ganho maior do que empresas que atuam apenas em
seus países de origem e possuem poucas unidades de negócio.
No primeiro caso quando se cria um CSC que atende um conjunto de países,
diminui-se o quadro de colaboradores, além de reduzir o espaço físico necessário
em cada país, além de haver ganho de escala no processamento de informações,
ou da área de compras, por exemplo. Quando as decisões estão integradas em um
só lugar é possível obter descontos na negociação com fornecedores e ou com
empresas de tecnologia, chegando-se assim a margem realmente significativas de
redução de custos. Esse ganho também já contempla a reengenharia de processos,
que como já foi apresentado, faz parte da criação de um Centro de Serviços
Compartilhado.
4.2. CENTRO DE SERVIÇOS COMPARTILHADO NAS EMPRESAS
4.2.1. CENTRO DE SERVIÇOS COMPARTILHADOS DA NASA
Criar um Centro de Serviço Compartilhado requer diversos aspectos que já foram
elencados. Tais impedimentos ainda fazem com que sua aplicabilidade esteja
restrita a grandes empresas, detentoras de diversas unidades de negócios.
Contudo existem alguns exemplos de sucesso no mercado, sendo um dos mais
emblemáticos o Centro de Serviços da NASA™ (National Aeronautic and Space
Administration).
A missão do NSSC (NASA Shared Services Center) consiste:
“provide timely, accurate, high-quality, cost-effective, and customer–focusedsupport
for selected NASA business and technical services.” NASA™ - NASA Shared
Services Center (NSSC) – Overview , 2010, p. 2
63
Com o objetivo de reduzir os custos operacionais de Back Office, além de aumentar
a qualidade dos serviços prestados, ela decidiu criar um Centro de Serviços que
atendenssem os seus nove centros operacionais espalhados pelos Estados Unidos,
de forma a integrar em uma mesma estrutura atividades que não estivessem
relacionados a sua missão:
Figura 4.6 – Centros de operações da NASA
Fonte: NASA Shared Services Center (NSSC) – Overview , 2010
Como descrito anteriormente o processo de implementação de um Centro de
Serviços requer tempo e uma equipe preparada. No caso da NASA, desde sua
idealização até o início de suas ativiadades, foram necessários mais de cinco anos
para iniciar suas operações, sendo que o escopo de suas atividades atualmente
consistem nos processos a seguir:
64
–Financial Management (AP, AR, Travel, Payroll, Financial Reporting)
–Human Resources (Benefits, Personnel Action Processing, SES Case
Documentation)
–Information Technology (Enterprise License Management, Tier 1 Help Desk)
–Procurement (Grants, Agency Wide Contracts)
NASA™ - NASA Shared Services Center (NSSC) – Overview , 2010, p. 9
Sendo “AP” relacionado a atividades de Contas a Pagar e “AR” a atividades de
Contas a Receber.
Após a implementação do Centro de Serviços Compartilhados a NASA conseguiu
alcançar:
1. Redução de 20% a 30% de custo através da consolidação de serviços em
uma única estrutura;
2. Melhoria da qualidade dos serviços atraves de uma estrutura cross-function;
3. Padronização dos processos de acordo com a aplicação da políticas internas,
facilitando a melhoria dos processos e a resolução de problemas;
(adaptado de NASA Shared Services Center (NSSC) – Overview , 2010, p. 10)
4.2.2. PESQUISA SETORIAL
A aplicabilidade de um Centro de Serviços independe do setor de atuação da
empresa, mas pode-se elencar como limitantes para a disseminação deste modelo
de negócios a tecnologia aplicada aos processos, comunicação e controle, além do
conhecimento espacífico em relação a realização do projeto e o desenvolvimento
das atividades de criação do CSC.
Tendo em vista esse cenários, há concentração deste modelo em países da Europa
e Estados Unidos, além de, na maioria dos casos, a implementação de um Centro
de Serviços ser realizada por uma empresa de consultoria.
65
Com expertise e experiência neste mercado, usualmente empresas de consultoria
realizam pesquisas de mercado e tendnências neste setor, sendo umas dessas
publicações realizada pela Ernst & Young™, intitulada Latin American Shared
Service Survey, focando no mercado potencial da América Latina.
Com uma abrangência total de 80 empresas espalhadas por diversos países da
América Latina, como México, Argentina, Chile e Brasil, foi possível constatar que
mais da metade destas empresas possui esforços relacionados a implementação de
um Centro de Serviços, como apresentado no gráfico abaixo:
Gráfico 4.2 – Existência do CSC na América Latina
Fonte: Ernst & Young™ - Latin American Shared Service Survey p. 7
Por se tartar de uma pesquisa focada em empresas de atuação global ou mesmo
regional, espera-se que essas empresas sempre estejam atrás de melhorias de seus
processos de negócios visando o aumento da qualidade e a redução de custos,
como pode ser observado no gráfico a seguir:
66
Gráfico 4.3 – Fatores de decisão
Fonte: Ernst & Young™ - Latin American Shared Service Survey p. 8
Visando os objetivos acima na hora da implementação do Centro de Serviços, foi
constatado que a expectativa média dos custos empresariais variavam entre 20% e
30%, com ganhos reais próximos a 20%.
Em relação a aspectos operacionais apontados na pequisa é importante destacar
primeiramente o escopo utilizado ao se criar um CSC:
Gráfico 4.4 – Abrangência de um CSC
Fonte: Ernst & Young™ - Latin American Shared Service Survey p. 11
67
Tal cenário corrobora a conclusão anteriormente apontada no sentido de criar um
Centro de Serviços focando a regionalização dos processos administrativos, como
uma atuação focada na América Latina, por exemplo, ou casos de empresas que
querem alterar sua atuação global. Com isso fica evidenciado que, a criação de um
Centro de Serviços ainda está restrito ao grandes corporações, por fatores
limitantes já mencionados.
Em relação a estratégia de implementação destaca-se o uso de criar um CSC com
base nas funções que este irá desempenhar, como gerenciamento de ativos fixos,
contabilidade ou reportagem:
Gráfico 4.5 – Estratégia de Implementação
Fonte: Ernst & Young™ - Latin American Shared Service Survey p. 9
Neste caso a empresa concentra seus esforços na centralização de seus processos,
independente de suas unidades de negócios. Com isto o principal esforço na criação
de um Centro de Serviços fica concentrado na padronização dos processos em
relação a todas as unidades de negócios envolvidas.
No caso de a estratégia se basear na centralização por unidades de negócio haverá
o esforço de centralizar as operações de forma Cross-Sector, ou seja, os processos
serão centralizados idenpendentemente da área, representando a consolidação de
68
atividades de contabilidade com atividades de gerenciar o contas a receber e
também atividades de compras e contas a pagar, por exemplo. Com isto as
principais áreas centralizadas que foram destacadas na pesquisa foram as
seguintes:
Quadro 4.2 – Principais serviços no escopo do CSC
Fonte: Ernst & Young™ - Latin American Shared Service Survey p. 12
Em relação aos limitadores já mencionados destaca-se os investimentos em
tecnologia como o principal, pois atividades que são centralizadas em um Centro de
Serviços necessitam de uma tecnologia compatível para suportar estas atividades,
como as ferramentas abaixo:
Quadro 4.3 – Principais tecnologias utilizadas
Fonte: Ernst & Young™ - Latin American Shared Service Survey p. 12
69
Possuir um sistema integrado em um Centro de Serviços é imprescindível para as
atividades que irão ser centralizadas, pois sem tal sistema, a inserção das
informações, sua visualização seu controle ficam comprometidos por não haver uma
integração entre estas atividades, uma vez que serão realizadas por pessoas
diferentes que, provavelmente, também estarão em localidades diferentes.
Por último a pesquisa também procurou estabeler os principais métodos de
comunicação entre o Centro de Serviços e seus clientes. Neste aspecto é importante
destacar o uso extensivo de SLAs (Service Level Agreement), como já mencionado
anteriormente:
Gráfico 4.6 – Formalização do relacionamento cliente X CSC
Fonte: Ernst & Young™ - Latin American Shared Service Survey p. 13
A causa do uso preferencial da SLA é resultado de sua abragência e seu valor
agregado, pois esta pode ser usada, além da formalização das atividades entre o
CSC e seus clientes, pode também ser usada como forma de controle das
informações e de seus resultados esperados em relação aos resultados
propriamente entregues.
70
5. ESTUDO DE CASO SOBRE REENGENHARIA DE PROCESSOS
EM UM CENTRO DE SERVIÇOS COMPARTILHADOS
5.1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE CASO
O case que será apresentado ocorreu no centro de serviços compartilhado (Shared
Services Center) de uma empresa que atua no setor de consumo. O objetivo
principal da reengenharia de processos neste estudo de caso consistia em dois
objetivos principais: Redução de custos e aumento de eficiência.
Este projeto consistiu em centralizar em um local da América Latina, no caso o
Brasil, todas as atividades de Back Office da empresa, que consistem em atividades
contábeis, de reportagem, gerenciamento de ativos fixos, contas a receber, contas a
pagar, entre outras. Tal projeto de reengenharia de processos aconteceu sob a
forma de waves, ou ondas, ocorrendo a centralização de forma parcial.
Para isso ocorrer a América Latina foi divida em três regiões principais: Brasil,
Região Sul (Argentina, Chile Uruguai e Paraguai) e Região Norte (Colômbia, Peru,
Venezuela e Equador).
Tendo planejado as etapas de implementação, o projeto seguiu a metodologia
consolidada, que foi explicada anteriormente. Também foram utilizados para a
criação dos processos o uso do EPC (Event Driven Process Chain), além de terem
sido criadas SLAs e KPIs para que os processos pudessem ocorrer sem problemas.
Todo o projeto de reengenharia de processos foi realizado em um período
aproximado de dois anos, sendo a primeira parte a implementação de processos
padronizados no Brasil, levando-se em consideração especificações impostas pela
sede da empresa, localizada nos Estados Unidos. Após os processos serem
padronizados no país e a estrutura do centro de serviço ter sido criada, inicia-se a
“regionalização” dos processos, iniciando-se pela Região Sul.
Para este estudo será apresentado à reengenharia de processos da Região Sul, por
ter sido regionalizada de acordo com as expectativas, além de, até o momento, ser a
principal área regionalizada.
71
5.2. CRIAÇÃO DO CENTRO DE SERVIÇOS COMPARTILHADOS
O Shared Services Center da empresa nasceu como uma necessidade de reduzir os
custos e seguir uma tendência que estava sendo aplicada por seus principais
concorrentes. Por ser uma empresa americana com atuação global o modelo do
Centro de Serviços foi criado nos Estados Unidos, de forma a atender primeiramente
o país. De forma gradativa foram sendo criados outros Centros ao redor do mundo,
atendendo países da Ásia, Europa e Américas.
Desta forma foi iniciada uma análise de quais países poderiam receber esta
estrutura em cada continente, levando-se em consideração sua importância
estratégica no mercado global e oferta de mão-de-obra qualificada.
Visando atender três unidades de negócio principal, composta por diversas fábricas
e áreas comerciais distintas, foi escolhido o Brasil para ser instalado o Centro de
Serviços na América Latina.
Antes de iniciar a remodelagem dos processos, houve a elaboração de uma
proposta contendo os objetivos principais do projeto, o escopo dos processos que
seriam analisados, além de um cronograma de atividades e a metodologia que seria
empregada.
Após a estrutura ser montada no país foi iniciado a etapa das atividades da
reengenharia de processos.
5.2.1. CRIAÇÃO DOS PROCESSOS AS-IS
A primeira etapa do projeto consistiu em levantar em cada um dos países da Região
Sul, como eram realizadas as atividades de finanças da empresa. Neste ponto é
importante destacar que somente foram levantados os processos As-Is da Argentina
e Chile, uma vez que para os outros dois países não era economicamente viável
fazer este levantamento.
Para isto, o escopo dos processos foram divididos em três partes:
72
• Record to Report (R2R) – Grupo de atividades como o registro contábil das
operações financeiras da empresa, gerenciamento dos ativos fixos, como
controle de depreciação e compra de novos materiais, além do
gerenciamento dos “dados mestres corporativos” usualmente chamados de
Master Data, como o cadastro de clientes, fornecedores e produtos da
empresa. Todos esses dados, após serem registrados no sistema, são
formatados e transformados em relatórios gerenciais, contábeis ou legais, de
forma a prover com informações todos os clientes internos ou externos deste
conjunto de processos.
• Invoice to Cash (I2C) – Conjunto de processos que consistem no
gerenciamento do contas a receber da empresa, além das atividades de
cobrança e de revisão de políticas de crédito para os clientes.
• Invoice to Pay (I2P) – Conjunto de atividades que controlam a relação da
empresa com os fornecedores na forma do gerenciamento do contas a pagar,
além do processamento de faturas de fornecedores nacionais e
internacionais. Também neste conjunto de processos foram agrupados
também os processos de apuração de impostos.
A metodologia usada para o levantamento dos processos As-Is foi à realização
de workshops nos países (Argentina e Chile) apresentando aos analistas e
gerentes a metodologia e o objetivo do projeto.
Realizada a parte introdutória, foi pedido aos participantes do workshop que
dscrevessem suas atividades, também informando documentos que eram
utilizados, como políticas, templates entre outros, além do sistema que era
utilizado, caso a atividade assim requeresse, uma vez que a empresa possui
diversos ERPs.
Feito este levantamento das atividades, foi desenhado os processos na
ferramenta ARIS, utilizando a metodologia EPC para cada empresa presente no
workshop.
73
5.2.2. ANÁLISE DOS PROCESSOS AS-IS
Após os processos estarem desenhados, iniciou-se a fase de análise dos mesmos,
de forma a propor melhorias, levando-se em consideração também como estas
atividades já eram realizadas no Brasil.
Nesta etapa foram realizados benchmarkings com empresas do mesmo setor, de
forma a poder visualizar como tais atividades erm realizadas por empresas que
possuam uma estrutura semelhante. Além disso, também foram realizados
pequenos workshops com consultores e gerentes que já trabalhavam na área
financeira da empresa no Brasil, de forma a analisar quais aspectos poderiam ser
melhorados nos processos As-Is.
Para a análise da eficiência operacional foi proposto um modelo de confronto entre a
eficiência das operações no país de origem, e a eficiência no Brasil, medida através
do FTE (Full Time Equivalent). Caso não houvesse ganhos na regionalização, tal
atividade deveria ser mantida no local, de forma há sempre buscar o maior ganho.
Ao término da análise dos processos, constatou-se uma melhora significativa da
eficiência operacional, na forma da centralização das operações, pois com isso
poderia haver redução no número de pessoas, além de ganho de escala no
processamento das informações e diminuição do tempo de processo, uma vez que a
estrutura estaria centralizada em um só lugar. Todavia, como vala a pena destacar,
há atividades que não seriam passíveis de mudança, ou não seriam
economicamente viáveis. Com isso foi mantido colaboradores nos países afetados,
para que realizassem atividades que não poderiam ser regionalizadas, como
pagamento bancário e cobrança.
Além de analisar os processos buscando um ganho de eficiência e/ou redução dos
custos, também foi necessário criar documentos que garantissem a qualidade do
processo e também sua eficiência, uma vez que agora haveria um fluxo de
informação entre o centro de serviços compartilhados no Brasil, e os centros locais
que suportariam determinadas atividades no país de origem.
Para isso foram criados SLAs (Service Level Agreements), KPI (Key Process
Indicators), além de levar em consideração as políticas internas. Com esses
74
materiais suporte, aliados aos processos remodelados, foi possível criar um
estrutura onde cada pessoa saberia a quem se reportar, além das datas que cada
processo deveria ser realizado, de forma a entregar um serviço de qualidade ao
cliente interno, que consistia nas áreas comerciais da empresa.
Além de analisar os processos, outra etapa fundamental do projeto foi a análise dos
esforços referentes a cada país, além de busca de sinergias entre empresas com
processos semelhantes, de forma a juntar atividades semlehantes sob a mesma
pessoa, pois esta, além de já possuir um conhecimento de como realizar o processo,
ganharia em relação ao volume de processamento por colaborador, diminuíndo
assim o custo dos serviços prestados. Como exemplo deste cenário pode-se
comentar o processo de análise de crédito da Argentina que, por ser semelhante ao
processo do Brasil, pode ser facilmente implementado, reduzindo assim a estrutura
que havia no país vizinho de oito FTEs, para apenas quatro.
5.2.3. DESENHO DOS PROCESSOS TO-BE
Ao fim das considerações em relação aos processos As-Is, foi necessário remodelar
os processos, que deveriam ser validados pelos países onde estes foram
mapeados, de forma a verificar se eles eram viáveis. Neste ponto é importante
destacar, como foi afirmado anteriormente, que na realização dos processos To-Be
foi fundamental haver como base os processos da forma exata como eram
realizados anteriormente, pois isto auxiliou na hora em que melhorias eram
discutidas, a não propor algo que seria inviável de ser implementado. Tal fato foi
constatado na hora da validação com os responsáveis pelos processos locais, pois
após esta etapa houve poucas alterações a serem realizadas.
Nesta etapa também foram revisados os materiais suporte, como SLAs e KPI, com o
centro local de cada país, de forma a deixar claro como a estrutura do centro de
serviços funcionaria.
75
5.2.4. IMPLEMENTAÇÃO E MANUTENÇÃO DAS MELHORIAS
Após a validação dos processos e dos materiais suporte, iniciou-se o período de
implementação das melhorias, além da regionalização das atividades. Esta etapa,
como já havia sido programada na proposta, é a mais longa do projeto, devido a
levar em consideração mudanças que devem ser feitas nos sistemas da empresa,
além da troca de conhecimento entre os realizadores das atividades.
Para gerenciar essas melhorias foi criado um documento levantando todos os Gaps,
“lacunas” que ainda deveriam ser analisadas para que as melhorias fossem
implementadas, tais como implementação de um novo sistema de comunicação,
onde pudesse haver o controle do fluxo de informações, podendo verificar datas e
usuários que realizaram determinadas atividades, ou também como poderia ser
controlado alguns indicadores de performance (KPI).
Nesta etapa os benefícios da padronização de processos começam a ser
percebidos, com a redução do quadro de funcionários, diminuição do tempo de
realização dos processos além do aumento da qualidade do serviço prestado aos
clientes finais.
5.2.5. RESULTADOS
Por ainda não estar totalmente implementado, o Centro de Serviços Compartilhados
para a região da América Latina, não é possível mensurar seu ganho total na
estrutura de custos da empresa, porêm até a realização da etapa descrita acima, ou
seja, a implementação das melhorias e a regionzalização das atividades, foi
aproximada de 25% de redução de custos, considerando uma redução de
aproximadamente 30% no número de colaboradores:
76
Gráfico 5.1 – Redução de custo do CSC
Fonte: Elaboração própria
Verificado o resultado obtido até a etapa atual da centralização das operações é
possivel indicar que o resultado atingiu o objetivo esperado, que consistia em uma
redução mínima de 20% nos custos.
Outro aspecto positivo da centralização foi a melhora da qualidade do serviço, que
por estar em uma mesma estrutura física, pode ser controlado de uma forma melhor.
Todavia este aumento de qualidade só pode ser conseguido, pois a empresa
investiu na implementação de novas ferramentas que possibilitaram uma
comunicação eficiente entre os países e o Centro de Serviços no Brasil, através de
escaneamento de comunicação, instituição de triggers, e implementação de
ferramentas de workflow.
5.3. PROBLEMAS VERIFICADOS DURANTE A REALIZAÇÃO DO PROJETO
Antes de iniciar a remodelagem dos processos, houve a elaboração de uma
proposta contendo os objetivos principais do projeto, o escopo dos processos que
seriam analisados, além de um cronograma de atividades e a metodologia que seria
empregada.
R2R I2C I2P
16 17 16
8 9 8
Modelo Atual Modelo Futuro
77
Durante a realização das atividades pode-se perceber que existem situações que
podem ser uma ameaça ao sucesso de um projeto como este. Entre as principais
pode haver a falta de comprometimento de alguns colaboradores, que podem se
sentir ameaçados com o projeto, temendo perderem seus empregos, gerando
situações que atrasam o cronograma das atividades. Outro aspecto que pode
impactar de forma negativa consiste em um controle inadequado do andamento do
projeto e, também, da implementação das melhorias. Se não houver um
acompanhamento constante e adequado, como uma comunicação adequada com
todos os envolvidos, a qualidade poderá ser não satisfatória.
Outro aspecto que pode atrasar um processo deste tipo consiste em não estabelecer
uma metodologia confiável antes de iniciar as atividades. Com o suporte de uma
metodologia correta, o gestor do projeto sempre saberá quais atividades devem ser
realizadas, além de como devem ser realizadas.
Como já foi apresentando há varias metodologias disponíveis, além de ferramentas
que podem ser utilizadas juntas a reengenharia de processos para aumentar sua
eficiência, como foi utilizado no caso apresentado acima, uma vez que somente a
reengenharia dos processos não conseguiria alcançar o resultado desejado.
78
6. CONCLUSÃO
Empresas que buscam a reengenharia de processos para melhorar sua estrutura de
custos, tem como objetivo também aumentar a qualidade percebida pelo cliente.
Pode-se perceber que em relação a estes dois aspectos, a ferramente atende tais
requisitos, desde que seja implementada de forma correta, desde a liderança da
empresa, até o seu nível operacional.
Pode-se utilizar a reengenharia de processos através de muitas metodologias,
porêm sempre deve-se focar no ambiente no qual a empresa está inserida, pois com
o alto investimento que esta ferramenta exige, deve-se sempre buscar uma solução
personalizada que funcione especificamente para a empresa em questão.
Quando tal ferramenta é utilizada em conjunto com um Centro de Serviços
Compartilhados o nível de melhoria aumenta, pois tais ferramentas podem ser
usadas de forma complementar. Nesta situação os resultados esperados de redução
de custos, que se aproximam de 30%, conseguem ser atingidos, como foi mostrado
pelo estudo de caso e pela pesquisa setorial.
Vale ressaltar que ao dar inicío ao processo de mudança, deve-se também atentar
para as ferramentas auxiliares, pois estas ajudarão no momento de transição, além
de auxiliar no controle da qualidade dos serviços prestados, além de garantir
métricas que manterão o processo de melhoria constante dentro da empresa.
Em relação aos aspectos negativos deve-se destacar o alto custo de implementação
que ainda inviabiliza uma popularização maior popularização destas ferramentas de
gestão, além de impactar grande parte da empresa, exigindo assim um ambimente
propício a mudanças, principalmente tecnológicas.
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