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R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o C r i s t ã oAno 123 / Setembro, 2005 / No 2.118

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFederação Espírita Brasileira

Direção e RedaçãoAv. L-2 Norte – Q. 603 – Conj. F (SGAN)

70830-030 – Brasília (DF)Tel.: (61)3321-1767; Fax: (61) 3322-0523

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

[email protected]

Para o BrasilAssinatura anual R$ 39,00Número avulso R$ 5,00Para o ExteriorAssinatura anual US$ 35,00

Diretor – Nestor João Masotti; Diretor-Substituto e Edi-tor – Altivo Ferreira; Redatores – Affonso BorgesGallego Soares, Antonio Cesar Perri de Carvalho,Evandro Noleto Bezerra e Lauro de Oliveira SãoThiago; Secretária – Sônia Regina Ferreira Zaghetto;Gerente – Amaury Alves da Silva; REFORMADOR:Registro de Publicação no 121.P.209/73 (DCDPdo Departamento de Polícia Federal do Ministério daJustiça), CNPJ 33.644.857/0002-84 – I. E. 81.600.503.

Departamento Editorial e GráficoRua Souza Valente, 17

20941-040 – Rio de Janeiro (RJ) – BrasilTel.: (21) 2187-8282; Fax: (21) 2187-8298

E-mail: [email protected] de Reformador:Tel.: (21) 2187-8264 / 8274

E-mail: [email protected]

Capa: Luis Hu Rivas

Tema da Capa: EVOLUÇÃO. Através das múltiplasexistências, o Espírito, criado imperfeito, percorretoda a escala evolutiva, até chegar à perfeição.

EDITORIAL 4Evolução

ENTREVISTA: APARECIDO BELVEDERE 13Cairbar Schutel: O Bandeirante do Espiritismo

PRESENÇA DE CHICO XAVIER 15Chico Xavier e a Flor de Manacá – Weimar Muniz de Oliveira

ESFLORANDO O EVANGELHO 21Não te afastes – Emmanuel

A FEB E O ESPERANTO 29Conversando com José PassiniDoutrina, Poesia, Esperanto... – Affonso Soares 30

FEB/CFN – COMISSÕES REGIONAIS 34Reunião da Comissão Regional Norte

SEARA ESPÍRITA 42

Passado, presente, futuro – Juvanir Borges de Souza 5Deveres austeros – Joanna de Ângelis 8Adequação dos estatutos das Instituições Espíritas ao 9

Código CivilTemor da morte – Jorge Leite de Oliveira 10De quem é o rosto – Richard Simonetti 12Servir sempre – Casimiro Cunha 14As Três Revelações – Mário Frigéri 16Será que somos normais? – Carlos Abranches 17Reencarnações – André Luiz 18Ouvir com amor – Aylton Paiva 19Riqueza material: grande desafio à Humanidade – 22

Anselmo Ferreira VasconcelosCurso internacional capacitou trabalhadores 24

espíritas de 23 paísesPeixotinho centenário – Humberto Vasconcelos 26Oração – Albino Teixeira 28Retratando o pioneiro Henri Joseph De Turck – 31

Eduardo Carvalho MonteiroConforme a Semeadura – Paulo Nunes Batista 33Rogativa – Bezerra de Menezes 38Repensando Kardec – Da Lei de Liberdade – 2a Parte – 39

Inaldo Lacerda Lima

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Estudando a questão relacionada com o constante aprimoramento dos homens e a conseqüente evo-lução da Humanidade, Allan Kardec estabelece com os Espíritos Superiores o seguinte diálogo, re-gistrado em O Livro dos Espíritos, questão 781: Pergunta – “Tem o homem o poder de paralisar a

marcha do progresso?” Resposta: “Não, mas tem, às vezes, o de embaraçá-la.” P. “Que se deve pensar dosque tentam deter a marcha do progresso e fazer que a Humanidade retrograde?” R. “Pobres seres, queDeus castigará! Serão levados de roldão pela torrente que procuram deter.”

Em face destas respostas, Kardec ainda comenta: “Sendo o progresso uma condição da natureza hu-mana, não está no poder do homem opor-se-lhe. É uma força viva, cuja ação pode ser retardada, porémnão anulada (...).”

No momento em que nos encontramos, de tantas manifestações de violência e de leviandade nosmais variados aspectos, divulgadas em profusão, e em que muitos se deixam abater pela desilusão e pelopessimismo, justo é lembrarmo-nos da Bondade Divina que, tendo nos criado imortais e sujeitos à Leido Progresso, oferece-nos a oportunidade de viver essa experiência como elemento indispensável de apren-dizado, para a implantação consciente e voluntária em nós mesmos dos valores necessários à ascensão es-piritual, tanto intelectual quanto moral, compatível com o respeito à Lei que norteia a nossa vida.

É, portanto, uma fase transitória, um momento que, dependendo de nossas decisões e do uso quedele fizermos, poderá ensejar o abandono de um círculo vicioso de ignorância e maldade que há muitotemos cultivado, abrindo caminhos novos que nos proporcionarão uma vivência mais alegre e em pazcom a nossa consciência, se optarmos pela prática da Lei de Amor ensinada no Evangelho de Jesus. Taisdecisões, contudo, poderão manter-nos nesse mesmo círculo vicioso, com as conseqüentes dores e sofri-mentos já por nós bastante conhecidos, se decidirmos continuar com as constantes queixas das Leis daNatureza, com o cultivo do desamor, das lamentações e da omissão diante das inúmeras oportunidadesde praticar o bem.

Estamos resgatando, hoje, os resultados decorrentes das nossas ações e decisões do passado, boas emás, e estamos, ao mesmo tempo, construindo o nosso futuro, também com as ações e decisões de hoje,boas e más, de respeito ou de desrespeito às Leis que emanam de Deus, que nos ensejarão dias felizes ouinfelizes no porvir.

Não é sem razão que Jesus, na sua bondade, nos faz um convite permanente, procurando afastar-nosda maldade e da ignorância que nos envolvem: “Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarre-gados, que eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde decoração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo.” (Mateus, 11:28-30.)

EditorialEvolução

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Todos os seres da Criação Divi-na tiveram um princípio, quese perde na eternidade.Somente o Criador existe des-

de sempre, segundo os ensinos daDoutrina Espírita.

O problema das origens esca-pa aos conhecimentos dos homense os próprios Espíritos Superioresevitaram abordar o assunto, natu-ralmente em função do atual está-gio evolutivo em que se encontra aHumanidade.

Pela Revelação Espírita sabe-seque o Espírito humano se originouao receber a individualidade dota-da de inteligência, de vontade e delivre-arbítrio, que lhe cumpre de-senvolver e aperfeiçoar sempre, embusca da perfeição. É a lei do pro-gresso, incidindo sobre todos os se-res espirituais.

Antes desse marco inicial, sabe--se que já existia o princípio espiri-tual conjugado, ou não, à matéria,nos diversos reinos da natureza.

Portanto, nosso passado perde--se no tempo.

Dentro da lei dos renascimen-tos sucessivos em mundos mate-riais, como a Terra, alguns Espíritostomam conhecimento de vidas an-teriores, não como privilégio, maspor razões que justificam a exceçãoao esquecimento do passado, im-

posto a todos os habitantes demundos inferiores, pela Lei Divina,para que não haja prejuízos oriun-dos de recordações do pretérito.

O tempo presente é a atualida-de para todos.

Distingue-se pelos aconteci-mentos do momento, da hora, dodia, ou de qualquer lapso, incluin-do-se a existência atual. Rigorosa-mente, ao nos referirmos ao presen-te, necessitamos delimitá-lo, demar-cá-lo, circunscrevê-lo, para que nãose confunda com o que já passouhá pouco.

O momento presente, a vidaatual, são de extrema importânciapara o ser humano, já que, dos pen-samentos, das palavras, das ações,do procedimento de cada um resul-tam conseqüências que afetam seufuturo, diminuindo ou aumentan-do débitos já existentes perante asleis divinas.

O presente é uma das fases davida, que resulta do que já passoue influi no que ainda virá. É, aomesmo tempo, conseqüência dopassado e determinante para o fu-turo.

O futuro é o tempo que há devir, marcado pelas conseqüênciasdo presente e do passado, na vidados seres espirituais.

Com o conhecimento da Dou-trina dos Espíritos sentimos a im-portância que representa para cadaum o seu passado e sua vivênciaatual, ao lado das realizações coleti-vas de que é parte.

Sabe o espírita que cada qualresponde pelo que fez no passado efaz na atualidade, seja no sentidodo bem ou do mal.

O futuro da vida do Espíritoestá interligado às suas realizaçõespresentes e passadas, cujas conse-qüências se alinharão ao lado desuas novas iniciativas.

Se não podemos modificar opassado, o presente e o futuro de-pendem do que somos, do quepensamos e do que fazemos.

Daí a importância do conheci-mento da Doutrina Consoladora,que aclara a Mensagem do Cristo etraz novos esclarecimentos sobrea vida futura, não como hipótese,mas como certeza decorrente de re-velações superiores para os novostempos.

...

Para as religiões e filosofias es-piritualistas a vida futura é um fatosustentado por diferentes razões.

Todas elas admitem a imorta-lidade, variando a concepção daforma como ocorre a continuidadeda vida.

Diversificam-se as concepçõesrelativas ao elemento imortal, a fi-nalidade a ser alcançada e a conser-vação ou não da individualidade.

É o que se observa nas concep-ções das igrejas denominadas cris-tãs, no Budismo, no Bramanismo,no Hinduísmo, no Islamismo e nasdemais religiões tradicionais.

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Passado, presente, futuroJuvanir Borges de Souza

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A idéia da imortalidade fazparte também de diversas filosofiasespiritualistas surgidas desde remo-tas eras.

Em contraposição ao princípioda perenidade da vida do ser espiri-tual posicionam-se as filosofias ma-terialistas, presentes no seio da Hu-manidade em todas as fases histó-ricas.

O fundamento principal domaterialismo está na existência deum só elemento no Universo – amatéria.

Negando a existência do outroelemento da Criação – o espírito –,procuram as correntes materialistasexplicar a vida e todos os fenôme-nos ligados a ela de uma forma res-tritiva, incongruente e incompatí-vel com a realidade.

A inteligência dos seres, seussentimentos, vontade e tudo o quese refere ao Espírito, à alma, sãoatributos da matéria orgânica, naconcepção materialista.

Nesse caso, morrendo e de-sagregando-se a matéria constituti-va do corpo, nada mais resta senãoa matéria decomposta.

O nadismo decorrente do ma-terialismo inconseqüente, emboraconstituindo minoria na popula-ção terrestre, não deixa de afetarconsiderável parcela da Humanida-de, com suas falsas teorias gerado-ras de princípios prejudiciais à edu-cação individual e à organizaçãosocial.

Haja vista o ocorrido nas socie-dades humanas, com o aparecimen-to e propagação das idéias materia-listas do século XIX, convertidas emfilosofias de vida e de organizaçãosocial – o positivismo, o comunis-mo e o utilitarismo – que ainda in-fluenciam pessoas e nações, com

seus falsos princípios, em contrapo-sição com a realidade.

É de extraordinária importân-cia para a Humanidade a presençado Consolador, prometido por Je-sus, no mundo.

Vindo justamente no “séculodas luzes”, quando se propagaramas filosofias materialistas e se ex-pandiram as ciências de forma im-pressionante, a Doutrina dos Espí-ritos – o Consolador prometido –representa uma luz perene noscaminhos da Humanidade, paraque ela não se perca em desvios eilusões.

Respeitando o livre-arbítrio dohomem para se encaminhar deconformidade com sua vontade,seus esforços e conhecimentos, oConsolador vem demonstrar a con-tinuidade da vida, a vida futura,que não cessa com a morte do cor-po físico.

Contrapondo-se ao materialis-mo multifário, oferecendo as com-provações da continuidade da vida,o Consolador reafirma os ensina-mentos do Cristo quanto à vida fu-tura, que Ele demonstrou com aRessurreição.

Com os ensinos do Cristo e doConsolador, a vida futura do Espí-rito imortal é fato demonstrado enão simples hipótese, vida que sedesdobra em mundos espirituais emundos materiais, como a Terra,nos quais o renascimento do serespiritual ocorre muitas vezes, emcorpos materiais.

A realidade das reencarnaçõessucessivas, comprovadas pela NovaRevelação, já era do conhecimentodos homens há milhares de anos,através das religiões orientais.

Mas foi a Doutrina Espíritaque a explicitou, fundamentando-a

na justiça de Deus e como forma eprocesso para o progresso indivi-dual, na busca da perfeição.

Como observa Allan Kardec,em comentário à questão 171 de OLivro dos Espíritos:

“A doutrina da reencarnação,isto é, a que consiste em admitirpara o Espírito muitas existênciassucessivas, é a única que correspon-de à idéia que formamos da justiçade Deus para com os homens que seacham em condição moral inferior;a única que pode explicar o futuroe firmar as nossas esperanças, poisque nos oferece os meios de resga-tarmos os nossos erros por novasprovações. A razão no-la indica e osEspíritos a ensinam.”

Embora a crença na imortali-dade seja antiqüíssima, referindo--se todas as religiões à vida futuracomo uma realidade, os homensnão encaram esse fato comprova-do com a importância que ele me-rece.

A influência da vida corpóreasobre o Espírito imortal é de talordem que o homem, embora acei-tando a verdade da vida futura, en-cara-a envolta em misticismo, sema segurança e a clareza que merecea questão, de extrema importânciana determinação do caminho a serseguido na fase existencial atual.

Sendo a vida futura uma reali-dade para todo o gênero humano,para todos os Espíritos encarnadosque deixam o envoltório corporal,é estranhável que, após milhares deanos de vivência material, de voltaàs Esferas Espirituais e de novasreencarnações, ainda não haja maiorpreocupação com o que sucederáamanhã, no retorno de cada um àpátria espiritual.

Se as ciências, sob a influência

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do materialismo, não se interessa-ram pelo esclarecimento de tão im-portante questão; se as religiões,embora admitindo a vida futura,não oferecem maiores esclarecimen-tos sobre como se desenvolve essavida, a Espiritualidade Superior,através da Nova Revelação, que sevai desdobrando continuamente,vem em socorro da Humanidade,esclarecendo o que é a vida futura,seu relacionamento com o passadode cada um, a necessidade das reti-ficações dos desvios e a presença dasleis divinas regendo a tudo, com ajustiça perfeita e com o amor sobe-rano do Criador.

Por essa razão, percebe-se a ex-trema importância dos esclareci-mentos trazidos pela Espiritualida-de com o Consolador, para que oshomens possam compreender me-lhor o sentido da vida atual e da vi-da futura, interligadas ao passadode cada ser.

Mas essa compreensão teminfluência direta sobre os pensa-mentos e as ações de cada um,desde que haja a percepção dofuncionamento das leis naturaisou divinas, “dando a cada um se-gundo suas obras”, conforme en-sinou o Cristo.

Se cada um é responsável porsuas ações, colhendo as conseqüên-cias do que faz, no bem ou no mal,desaparece a ilusão do “perdão dospecados” instituído pelas igrejas háséculos, já que o perdão verdadeiro,do Criador à criatura, não exclui anecessidade da retificação do errocometido e do arrependimento sin-cero.

A imperfeição dos homens, suaignorância a respeito das leis divi-nas, os vícios a que se entregam,prejudicando uns aos outros, são

característicos de um mundo deprovas e expiações como o nosso,apesar do progresso realizado espe-cialmente no campo material.

Se as imperfeições são as causasessenciais dos males que afetam aspopulações dos mundos atrasados,como a Terra, o grande problema aser enfrentado é o do combate per-manente a todas as inferioridadesmorais e intelectuais.

Instrução em todos os níveis eeducação em sentido lato, eis asolução adequada para todas asquestões que afetam a Humani-dade.

O posicionamento das ciênciasdentro de um Universo dual, cujoscomponentes essenciais são matériae espírito, necessita ajustar-se no co-nhecimento desses dois elementose não somente no de um deles, amatéria.

Por seu lado, as religiões, ascrenças precisam ajustar-se às reali-dades, à verdade, pela influênciaque exercem sobre os sentimentose sobre o procedimento de seusadeptos.

A vida futura aguarda a todosnós, Espíritos bons, maus, indife-rentes, sensíveis, amorosos e de-dicados aos seus semelhantes, oucapazes dos maiores crimes e tor-pezas.

O Pai de todos nós, o Criadordo Universo, ama a todos, sem ex-ceção de nenhum ser, mas sua Jus-tiça indefectível alcança também atodos, não com o objetivo de con-denar ou premiar, mas fazendo re-tornar a cada um as conseqüênciasnaturais das ações praticadas.

Suas Leis, cujo conhecimentoa Doutrina Consoladora proporcio-nou aos homens, precisam ser co-nhecidas e divulgadas para todos os

povos e raças, já que do seu cum-primento depende o progresso e afelicidade dos indivíduos e das co-letividades, inclusive a transforma-ção do mundo de expiações e pro-vas, em que vivemos, em mundoregenerado.

Trabalhar pela divulgação dasleis divinas que regem a vida, mos-trar aos homens que elas têm apli-cação automática pelo poder so-berano e amoroso de Deus, é amissão mais urgente, honrosa e ne-cessária para todos os espíritas epara todos aqueles que aspiram atransformação do nosso mundopara melhor.

Será essa missão uma utopia,uma aspiração inalcançável?

Muitos espíritas, consideran-do que seu Movimento é pequenoem todo o mundo, considerando adiversidade das religiões e das fi-losofias, ao lado das ciências, quepouco conseguiram, apesar dos bi-lhões de seus seguidores, são pessi-mistas em suas aspirações e espe-ranças.

É evidente que uma transfor-mação intelectual e sobretudo mo-ral de tal magnitude não será nemrápida nem total.

Mas não podemos descrer dopoder da Verdade.

As leis do Amor, da Justiça, doProgresso e todas as leis divinas re-veladas pela Doutrina dos Espíritossão a garantia segura de que o nos-so mundo se transformará, num fu-turo ainda indefinido, e com ele al-cançarão novo estágio de felicidadeseus habitantes atuais e futuros,porque essa é a Lei Divina.

Todos precisamos trabalhar vi-sando essa finalidade, optando sem-pre pelo Bem, em todas as circuns-tâncias que a vida nos oferece.

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Antes que reencarnasses para aatual jornada evolutiva, refle-tiste demoradamente em tor-

no da oportunidade feliz que te erafacultada. Como conseqüência, en-tendeste os benefícios que poderiasauferir caso firmasses um compro-misso austero com a consciência.

Os teus Guias espirituais apre-sentaram-te programas de reabilita-ção dos erros pretéritos, medianteas disciplinas morais, o estudo e otrabalho que te poderiam libertardas algemas escravizadoras dos ví-cios e das paixões asselvajadas, econcordaste de boa mente.

Discutiram contigo de formaque tivesses suficiente claridademental para aceitares ou não os de-veres carregados de responsabilida-de e lutas.

Nada te ocultaram.Informaram-te que o retorno à

experiência carnal seria assinaladopor problemas que deixaste pelo ca-minho e por enfrentamentos quedeverias contornar, a fim de quenão perdesses o precioso tempo emdiscussões inúteis e defesas pessoaisinjustificáveis.

Esclareceram que muitos can-didatos à reabilitação quando naneblina física, perdendo parte daslembranças, atemorizam-se e fo-gem, naufragando no desespero. Aúnica segurança está na decisão fir-

me de fazer o melhor, suportandoos testemunhos com alegria e avan-çando sem olhar para a retaguarda.

No entusiasmo natural que teempolgava, anuíste em enfrentar assituações penosas, mesmo que acusto de sacrifícios e de renúncias.

Por sua vez, eles compromete-ram-se a ajudar-te no desempenhodas tarefas abraçadas.

...E mergulhaste na roupagemmaterial abençoado pela esperançae amparado pelo amor.

O programa existencial cuida-dosamente elaborado proporcionouacontecimentos que direcionaramos teus passos para a fé religiosa, pa-ra algumas dificuldades que funcio-naram como educadoras do teuprocesso evolutivo.

Coincidências e acasos trouxe-ram ao teu coração afetos generososque te refrigeram as horas ardentese adversários vigorosos que passa-ram a assistir-te com flagelação nodia-a-dia da caminhada.

Conseguiste o encontro íntimocom Jesus e te deixaste fascinar porEle e Sua doutrina.

Firmaste um contrato íntimocom o Seu inefável amor, dispostoa servi-lO na Sua seara e resolvestepor entregar as tuas forças juvenis etoda a existência ao Seu serviço.

Tal compromisso torna-te mem-bro da Sua família e aqueles que Oacompanham, no mundo, por en-quanto, ainda não encontram com-preensão nem amizade.

São marginalizados, desacredi-tados pelos próprios companheiros

que ainda vivem em competiçãodoentia, longe da verdadeira frater-nidade.

Desse modo, não te resta outraatitude senão a de prosseguir em jú-bilos e com paz interior.

...

Não poucas vezes, os cardosdos caminhos difíceis cravam-se nascarnes da tua alma, dilacerando-a.

Noutras ocasiões, o ácido dasacusações de muitos profitentes datua fé queima-te os tecidos do co-ração.

Porque te dedicas com intensafirmeza, acusam-te de exibicionista.

Em face da tua perseverançaprofetizam para ti uma futura tor-menta.

Desde que não recuas, és tidopor fanático.

Como te renovas no trabalhoabraçado, és considerado farsante...

Tentas avançar integérrimo, to-davia ressumam do teu passado asheranças perniciosas de que aindanão conseguiste libertação, afligin-do-te sem palavras.

Quando vences uma luta, no-va batalha surge ameaçadora, con-vidando-te ao prosseguimento sobvigilância constante.

Rondam-te os sentimentos ne-gativos, nalguns momentos o desâ-nimo, noutros o cansaço e a amar-gura.

O sol da alegria que te ilumi-nava antes o íntimo, nessas ocasiõesem face das nuvens borrascosas

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Deveres austeros

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apresenta-se como crepúsculo som-brio que te assusta.

Sentes a necessidade de avan-çar, mas o cerco de Entidades per-versas em ambos os planos da Vidaprocuram cercear-te os movimen-tos.

Não descoroçoes, porém.Da mesma forma que essas

conjunturas aflitivas se te apresen-tam, nunca deixaste de receber oapoio dos teus Benfeitores espiri-tuais que te auxiliam ternamente ete inspiram a melhor conduta a pre-servar.

Nenhuma ascensão é fácil.A queda é sempre comum e

quase natural, enquanto que o soer-guimento moral constitui um esfor-ço que não pode ser desconside-rado.

Porfia, pois, viajante querido,seguindo adiante, disposto e jovial,embora a chuva de doestos e as acu-sações que tombam sobre a tua ca-beça, tentando levar-te ao descoro-çoamento do ideal.

Não renasceste para a colheitade alegrias e bênçãos imediatas,portanto, indevidas, mas para se-meá-las com vistas ao teu futuro.

Assim, não recalcitres, não quei-xes, não lamentes.

Agradece a Deus a oportu-nidade e não te detenhas.

Fita os altiplanos espirituais econtinua pelas veredas difíceis dasbaixadas.

É no vale que os rios alargam oleito rumando na direção dos ma-res e oceanos.

Também aí conquistarás expe-riências e sabedoria até o momentoem que alcançarás o Divino Oceano.

...

És o que almejas e coletas emespírito.

Desse modo, o que digam de tinão deve afligir-te.

Por mais se solicite à árvorefrondosa que se enriqueça de frutosfora da estação adequada, ela não oconseguirá. De forma idêntica, sefor amaldiçoada por isso, na quadraprópria ei-la rica de dádivas, espar-zindo abundância.

Jesus, acusado de charlatanis-mo, desde os primeiros dias da Suapregação, prosseguiu imbatível atéo fim.

Dignificando os teus deveresausteros em relação ao trabalho, àalegria de viver e à irrestrita con-fiança em Deus, retornarás felizapós a tarefa cumprida, como ven-cedor das próprias imperfeições queé, em realidade, o que mais im-porta.

Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium Dival-do P. Franco, na sessão mediúnica da noi-te de 20 de junho de 2005, no Centro Es-pírita Caminho da Redenção, em Sal-vador, Bahia.)

Reformador/Setembro 2005 9327

Adequação dos estatutos das Instituições Espíritas ao Código Civil

Anteriormente enquadradas no Código Civil de 1916 como socie-dades civis sem fins lucrativos, as Instituições Espíritas receberam a de-nominação de associações pelo novo Código Civil de 2002. A partir dapublicação da Lei 10.825, em dezembro de 2003, essas instituições pas-saram a ter natureza jurídica de organização religiosa, classificação maisabrangente e adequada com os objetivos e as finalidades da Casa Espí-rita.

De acordo com a Lei 10.825/2003, o artigo 44 do Código Civilincluiu como pessoa jurídica de direito privado as organizações religio-sas. Assim, elas receberam liberdade de criação, organização, estrutura-ção interna e funcionamento.

A partir dessa nova Lei, não é necessário que os Centros Espíritasque ainda não alteraram seus estatutos para se enquadrarem comoassociações adotem tal providência. Da mesma forma, a Instituição quejá alterou sua denominação para associação não está obrigada a modi-ficá-la para organização religiosa.

Entretanto, caso o Centro Espírita continue adotando a naturezade sociedade civil sem fins lucrativos, conforme previa o Código Civilde 1916, ou associação civil, pelo Código Civil de 2002, é obrigatóriaa adaptação de seu estatuto às regras dispostas nos artigos 53 a 61 doCódigo Civil de 2002. As alterações devem ser feitas até o dia 10 de ja-neiro de 2007, conforme determina o artigo 2.031 do Código Civil,com redação dada pela Lei 11.127, de 2005.

Informações adicionais são encontradas no site da FEB na Internet,no endereço www.febnet.org. br, no link Assessoria Jurídica, e consul-tas podem ser efetuadas pelo e-mail jurí[email protected] ou [email protected]

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10 Reformador/Setembro 2005

Objetivando esclarecer-nos so-bre as causas do temor damorte e como nos livrar des-

se receio, Allan Kardec, na RevistaEspírita, de 1865, traduzida porEvandro Noleto Bezerra e editadapela Federação Espírita Brasileira,explica que, qualquer que seja suacondição social, o homem crê, in-tuitivamente, na vida após a morte.Entretanto, indaga, como então po-de haver tamanho apego à matériae medo da morte.

Isso ocorre, esclarece, em virtu-de do instinto de conservação dosseres vivos, mas também porque,sem esse instinto, o homem pode-ria descuidar-se das obrigações ter-renas e mesmo desertar da vida físi-ca antes do tempo.

À medida que o homem en-tende melhor a vida no Além vaideixando de temer a morte, mastambém passa a melhor entendersuas necessidades evolutivas noMundo. Com isso, espera o fim desua vida com mais confiança, resig-nação e coragem. “(...) A certeza davida futura dá-lhe outro curso àsidéias, outro objetivo ao trabalho;antes dela, nada que se não prendaao presente, depois dela tudo pelofuturo, sem desprezo do presente(...).” (Kardec, op. cit., p. 56.)

Passamos a confiar no reencon-tro com os seres queridos, no mun-do espiritual, a ter a certeza de quetoda a nossa atividade no bem nosbeneficiará espiritualmente e de quequanto mais nos esforçarmos no

trabalho em prol do nosso próxi-mo, mais venturosos seremos. Opropósito, enfim, de trabalhar pelonosso aperfeiçoamento intelectual emoral nos encoraja a “suportar asfadigas transitórias da vida” e nosenche de esperança nessa eterna so-lidariedade entre os chamados vivose mortos.

A certeza de que a morte físicanada mais é do que a transformaçãodo ser em novo estado do eternoexistir nos dá “uma razão de ser” àvida. Desse modo, a fraternidade ea caridade passam a ser virtudes per-manentemente cultivadas por nós.

Esclarece ainda Kardec, no ci-tado estudo, que o temor da mortediminui à medida que a certeza davida futura aumenta. Quando essaconvicção se torna completa, cessao medo da morte.

Diz o Codificador da Doutri-na Espírita que o apego às coisasterrenas é causado pelos ensinamen-tos religiosos equivocados desde ainfância.

“(...) De um lado, contorçõesde condenados a expiarem em tor-turas e chamas eternas os erros deuma vida efêmera e passageira. (...)De outro lado, as almas combalidase aflitas do purgatório aguardam aintercessão dos vivos que orarão oufarão orar por elas, sem nada faze-rem de esforço próprio para progre-direm. (...) Acima delas, paira a li-mitada classe dos eleitos, gozando,por toda a eternidade, da beatitudecontemplativa.” (Id. Ibid., p. 58.)

Acrescenta ainda, o Codifica-dor, que o costume de rodear amorte de “cerimônias lúgubres,mais próprias a infundirem terrordo que provocarem esperança”, ri-tuais esses seguidos das lamentaçõesdesesperadas dos sobreviventes, co-mo se a morte fosse um aconteci-mento desgraçado e que nos separauns dos outros, em definitivo, tudoisso só pode concorrer para infun-dir o horror à morte, em vez da es-perança.

Conclui o missionário lionêsque nosso modo de ver o futuro semodifica por completo com o co-nhecimento do Espiritismo. “(...) Avida futura não é mais uma hipóte-se, mas uma realidade; o estado dasalmas depois da morte não é maisum sistema, mas resultado da ob-servação.” Tudo isso nos é informa-do pelos próprios Espíritos desen-carnados. Não mais a incerteza so-bre o porvir. Não mais medo da mor-te, que passa a ser vista como “liber-tação, como a porta da vida, e nãocomo o nada.” (Id. Ibid., p. 60-61.)

Mas precisamos distinguir aque-le que crê, estuda e pratica os ensi-namentos elevados que o Espiritis-mo nos traz daquele que finge crer,que somente ilustra o intelecto semque o sentimento seja verdadeira-mente tocado. Pois, infelizmente,há os que agem assim, ainda quevejam e ouçam os próprios Espíri-tos elevados.

Ao observar pessoas adultas e,especialmente, as da terceira idade,

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Temor da morteJorge Leite de Oliveira

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que começam a envelhecer, é possí-vel identificar aquelas que estiveramrepresentando: são as que permane-cem cheias de medos, de rancor ede mágoas. Aquelas que realmenteaprenderam a viver, que evoluíramcomo pessoas, são as que não per-deram o afeto, pois estão envelhe-cendo com dignidade e em paz.Com estas vale a pena aprender.(MORAN, J. M. Aprendendo a vi-ver: caminhos para a realização ple-na. São Paulo: Paulinas, 1999. p. 5.Coleção Psicologia e Você.)

Para perdermos, definitivamen-te, o medo da morte, precisamos vi-venciar os ensinamentos do Cristo,transmitidos pelos Espíritos Supe-riores. Caso contrário ficaremos,após a passagem pela vida física, co-mo aquele grupo de Espíritos danarração do Espírito Irmão X, naobra Pontos e Contos, capítulo 3,psicografada por Francisco Cândi-do Xavier e publicada pela FEB.Diz-nos o Irmão X que um grupode Espíritos das mais variadas cren-ças vagava, há muito tempo, nastrevas inferiores do Plano Espiri-tual, onde tudo era neblina espessae indefinível penumbra.

Surpresos e revoltados com suasituação, após muito se queixareme sofrerem, resolveram orar. Em res-posta à sua prece, surgiu um emis-sário, vindo em nome do Senhor,que lhes perguntou o que dese-javam.

Um dos inconformados, emnome de todos, disse ao anjo quetodos eles aguardavam a salvação doCristo e não entendiam por quenão receberam o prêmio de sua vi-da de crentes. E, enquanto falava,lágrimas ardentes lhe escorriam dosolhos, acompanhadas pelas dos de-mais sofredores.

O enviado de Jesus considerouque a Justiça Divina nunca falhouno Universo. Mas seu interlocutorrespondeu-lhe que todos ali sofriamsem saber por quê. De certo, recla-mava, haviam sido vítimas de al-gum esquecimento, que esperavamfosse reparado.

Foi então que o emissário doCristo lhes fez dez perguntas, quesintetizamos abaixo, sem que a ne-nhuma delas pudessem ocultar-lhea verdade, tal era a luz do enviadoceleste a invadir e descortinar-lhesas almas:

– Vocês amaram a Deus sobretodas as coisas, de toda a sua alma ede todo o seu entendimento?

E todos responderam, a umasó voz: – Não.

– Procuraram carregar a pró-pria cruz com a negação da perso-nalidade egoística e seguiram oMestre?

E a resposta de todos não se fezesperar: – Não.

Colocaram a Divina Vontadeacima de seus desejos?

– Não.– Fizeram brilhar na Terra a luz

conferida pelo Céu?– Não.– Auxiliaram seus inimigos, ora-

ram pelos que os perseguiram, fize-ram o bem aos que os caluniaram?

– Não.E as questões se sucederam até

chegar à décima pergunta. Todas asrespostas, unânimes, do grupo fo-ram “não”. Então, o mensageiroolhou-os serenamente e observou,após longa pausa:

– Se em dez das lições do Divi-no Mestre vocês não aprenderamnem ao menos uma, como desejammerecer sua companhia e elevaçãoespiritual? Terão de retornar à Ter-

ra e reiniciar as tarefas mal-acaba-das. (Op. cit.)

O conhecimento espírita, porsi só, não nos torna anjos de umahora para outra. Entretanto, é ne-cessário compreender que somentealcançaremos a luz própria com ofirme propósito de nos transformarmoralmente e vivenciar a mensa-gem do Cristo.

Sem a negação da personalida-de egoística, sem esforço contínuono combate às próprias imperfei-ções, sem colocar sobre os ombrosa própria cruz e perseverar no Bem,não passaremos de sombras assusta-das, após a morte do corpo denso,aguardando, inutilmente, que Jesusapareça e nos receba com pompas eglórias por nós imerecidas.

Se queremos perder o medo damorte, precisamos, de fato, crer eagir no bem. Ter a certeza de que amensagem dos Espíritos é a conso-lidação da promessa do Cristo denos enviar o Consolador para ficareternamente conosco. Mas é tam-bém a constatação de que tambémnós precisamos estar com Jesus esua mensagem consoladora eterni-dade afora.

É nisso que está a nossa verda-deira salvação, o resto é ilusão, émentira insustentável à luz maiordos emissários do Cristo. É, enfim,agir como mortos a enterrar seusmortos assustados e temerosos davida, que se faz eterna para os quecrêem e agem conforme sua crençana mensagem de imortal beleza queJesus nos legou e os seus Mensagei-ros nos confirmam: – “E conhece-reis a verdade, e a verdade vos liber-tará.” (João, 8: 32.)

O temor da morte não se sus-tenta ante a revelação espírita se-cundada por nossas boas obras.

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Falava-se sobre as agruras hu-manas...............................Chico Xavier foi indagado a

respeito da postura espírita diantedo sofrimento.

O médium, experiente na artede enfrentar as dores do Mundo,respondeu, bem-humorado:

– Sabemos que o sofrimentofaz parte da existência humana. Porisso, o espírita consciente chora es-condido. Depois, lava o rosto e vaiatender, sorrindo, à multidão.

...

Dores e atribulações são pró-prias deste Planeta de Provas e Ex-piações, onde vivemos, conforme aclassificação de Allan Kardec, em OEvangelho segundo o Espiritismo.

Funcionam como lixas grossas,que desbastam nossas imperfeiçõesmais grosseiras.

Espíritos imaturos, iniciantesna arte de viver como filhos deDeus, aqui estamos atendendo aum desses dois objetivos:

� Provação – as dores solicitadas.O Espírito reencarna com uma

programação que planejou, cons-ciente do que deverá enfrentar parao resgate de seus débitos.

� Expiação – dores impostas.A programação é feita por men-

tores espirituais, em benefício de Es-píritos que recalcitram em reconhe-cer a extensão de seus comprome-timentos perante as leis divinas.

E a nossa posição, leitor amigo,qual será?

É fácil definir.Se guardamos submissão aos

desígnios divinos, aceitando semlamúrias, revolta ou desespero nos-sos males, procurando fazer o me-lhor, estamos em provação.

Se gememos e choramos; senos torturamos, perdidos nos labi-rintos da revolta e da inconfor-mação; se enfrentamos o resgate denossos débitos meio na marra, se-gundo a expressão popular, afligin-do os familiares, estamos em expia-ção. Com semelhante postura, ape-nas multiplicamos sofrimentos, semadicionar valores de resgate.

...

Reportando-se ao assunto, al-guém comentou que certamenteChico esteve em provação, já queencarou com humildade e serenida-de incontáveis males que se sucede-ram em sua gloriosa trajetória, par-ticularmente na infância e na ado-lescência.

A meu ver ele não se enquadraem nenhuma das duas alternativas.

Como todo missionário au-têntico, que vem à Terra em glo-riosas missões em favor do aprimo-ramento moral da Humanidade,certamente escolheu vida difícil,enfrentando privações e dores, afim de não se desviar do caminhotraçado.

Chico situou-se na Terra comoaquele homem da passagem evan-

gélica (João, 9:1-3), que nasceu ce-go não por culpa sua ou de seuspais, mas para que se manifestassemnele as obras de Deus, o que acon-teceu a mão cheia, como diria Cas-tro Alves, nos quatrocentos e dozelivros que psicografou.

...

Conforme ensina a DoutrinaEspírita, a Mestra Dor suavizaráseus rigores, desde que correspon-damos aos apelos do Bem, partici-pando com dedicação nas lides dacaridade, a partir da inesquecívelobservação do apóstolo Pedro, emsua Primeira Epístola (4:8):

O amor cobre a multidão depecados.

Consideremos, todavia, a ne-cessidades de calar quanto às pró-prias atribulações.

É benéfico extravasar em lágri-mas as nossas agruras, aliviando ocoração, mas sempre em recolhi-mento. Em público, corremos orisco de estar apenas fazendo pro-paganda de nossas dores, em buscada comiseração alheia, o “coitadi-nho”!

Depois é lavar o rosto e cuidardo próximo, o atalho que nos per-mite queimar etapas na jornada ru-mo à perfeição, lembrando com asabedoria popular:

O coração é nosso.O rosto é dos outros.

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De quem é o rostoRichard Simonetti

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P. – O que tem a dizer sobre oCentenário de O Clarim?

Belvedere – Durante algunsmeses, a equipe coordenadora daprogramação do Centenário deO Clarim trabalhou intensamentecom o objetivo de comemorarmoscom dignidade, na medida do pos-sível, tão expressivo acontecimento.Nossa principal preocupação foi ade oferecer aos nossos leitores, co-laboradores e amigos desta CasaEditora alguns dias (12 a 14 deagosto de 2005) de confraterni-zação e de aprendizado doutriná-rio, com a participação de algunsrenomados expositores da Doutri-na Espírita. Felizmente consegui-mos pelo menos em parte, atingiros objetivos, se considerarmos oenorme interesse de centenas de par-

ticipantes no evento, não só do Bra-sil bem como de alguns países quenos honraram com suas presen-ças.

P. – Como avalia os reflexos dotrabalho pioneiro de Cairbar Schu-tel?

Belvedere – Os reflexos do tra-balho iniciado por Cairbar Schutelem 15 de agosto de 1904-1905, emMatão (S.P.), a nosso ver, são inco-mensuráveis. “O Bandeirante doEspiritismo” nos deu exemplos in-centivadores relacionados ao estudoconstante dos postulados espíritasem seus três aspectos fundamentais:filosofia, ciência e religião. A divul-gação doutrinária através de O Cla-rim, da Revista Internacional deEspiritismo e dos livros de sua au-toria, tem colaborado para a multi-plicação de incontáveis Casas Espí-ritas em todo o Brasil e também noExterior. Na maioria das vezes, co-mo é de nosso conhecimento, alémdo estudo doutrinário, tais institui-ções têm como atividade a práticaassistencial: material e espiritual.

P. – Atualmente há continui-dade da obra iniciada por Schutel?

Belvedere – O Centro EspíritaO Clarim – sucessor do Centro Es-pírita Amantes da Pobreza – é a en-tidade mantenedora da Casa Edito-ra O Clarim, com gráfica própria.Como atividades normais temosreuniões semanais de estudo de OLivro dos Espíritos, de O Evange-lho segundo o Espiritismo e de de-senvolvimento mediúnico. Tambématendemos algumas dezenas de fa-

ENTREVISTA: APARECIDO BELVEDERE

Cairbar Schutel: O Bandeirante do EspiritismoAparecido Belvedere, Diretor Responsável da Casa Editora O Clarim, destaca o trabalho de Cairbar

Schutel, um dos pioneiros na divulgação do Espiritismo

Aparecido Belvedere

Cairbar SchutelCairbar de Souza Schutel foi um dos maiores vultos do Espiritismo brasileiro.

Convertido ao Espiritismo, fundou no dia 15 de julho de 1905 o Centro EspíritaAmantes da Pobreza, em Matão (SP), o primeiro em toda aquela zona paulista, e quefunciona até hoje. Em 15 de agosto de 1905 fundou o jornal O Clarim e no dia 15de fevereiro de 1925 lançava a Revista Internacional de Espiritismo, que circulamininterruptamente até nossos dias. É autor de dezessete livros. Foi pioneiro da difu-são espírita pelo rádio, transmitindo uma série de palestras espíritas, pela “Rádio Cul-tura de Araraquara PRD-4. Foi chamado, em sua época, de “Apóstolo de Matão” ede “Pai da Pobreza”, e, atualmente, de “O Bandeirante do Espiritismo”.

(Texto baseado na biografia de Cairbar Schutel do livro Grandes Espíritas do Brasil, de ZêusWantuil, 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002, p. 254-264.)

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mílias carentes com fornecimentode cestas básicas, roupas e evangeli-zação à luz do Espiritismo. Estamosestruturando museu com exposiçãoda Biblioteca, máquinas gráficas eoutros objetos usados por CairbarSchutel.

P. – Qual é a projeção atual daspublicações iniciadas por Schutel?

Belvedere – O jornal O Cla-rim, a RIE e os livros de nossa edi-ção, felizmente, têm tido ótimaaceitação. Mensalmente são milha-res de exemplares expedidos por to-do o Brasil e diversos países de nos-so planeta (acima de 30 países). NaRevista Internacional de Espiritis-mo, além das selecionadas matériaspublicadas – graças a um elenco debons articulistas –, também publi-ca cerca de 12 páginas com maté-rias e/ou notícias em bilíngüe, cola-borando de certa forma para incen-tivar o Movimento Espírita no ex-terior. Com a finalidade de colabo-rarmos com o aumento da divulga-ção do Espiritismo, temos em men-te, logo que se oferecer oportunida-de, aumentar a produção com maio-res tiragens e distribuição de nossaspublicações melhorando, sempreque possível, a apresentação gráfica.

P. – A Editora O Clarim inte-rage com outras instituições espíri-tas?

Belvedere – Temos parceria coma USE – União das Sociedades Es-píritas do Estado de São Paulo. Emmeses alternados publicamos pági-na institucional da referida institui-ção. Em contrapartida o DirigenteEspírita, órgão bimestral da USE,divulga encarte de nossas publica-ções. É uma parceria em nível esta-dual que tem dado resultados posi-tivos de ambas as partes. Tambémimprimimos em La Revue Spirite,

fundada por Allan Kardec, e edita-da pelo Conselho Espírita Interna-cional e União Espírita Francesa eFrancofônica, nas versões francesa eespanhola. Com a União EspíritaSueca, editamos em co-produção OLivro dos Espíritos no idioma sue-co: Andarnas Bok.

P. – Ativo na área de difusãodoutrinária, como vê a divulgaçãoda Doutrina Espírita em nossos dias?

Belvedere – É com imensa ale-gria que temos constatado o expres-sivo crescimento da divulgaçãoespírita no Brasil, bem como emmuitos outros países. Revistas, jor-nais, boletins informativos e livrosespíritas com melhor apresentaçãográfica, em razão da alta tecnologiadisponível em nossa época, têm co-laborado de maneira eficaz paramelhor divulgação do Espiritismo.Temos ainda a ressaltar inúmeraspáginas eletrônicas na Internet comexcelente apresentação, disponibili-zando a leitura e estudo da Doutri-na Espírita, facilitando inclusive aaquisição de obras espíritas. Gran-des redes de livrarias instaladas emshopping center, nos terminais ro-doviários, etc. estão disponibilizan-do a venda de grande quantidadede títulos de obras espíritas. Nãopodemos esquecer dos bons progra-mas espíritas que são veiculadosdiariamente em diversas rádios e te-levisões, além de uma quantida-de expressiva de oradores espíritasdivulgando a Doutrina em todo oBrasil e em muitos outros países. Fi-nalizando, Cairbar Schutel foi umdos pioneiros na divulgação do Es-piritismo. Nós, e os que nos prece-deram, estamos dando continuida-de ao trabalho iniciado pelo “OBandeirante do Espiritismo” aquiem Matão em 15 de agosto de

1905. Essa continuidade, é bomque se destaque, nos tem sido pos-sível com a valiosa colaboração demuitos articulistas e amigos de nos-sa Editora.

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Servir sempreSe procuras a extinçãoDas dores, por onde vais,Mantém a disposiçãoDe servir um tanto mais.Sofres crises a granel,Impedimentos gerais,Para vencê-los, não fujasDe servir um tanto mais.Pretendes viver acimaDas aflições em que cais,Não desertes do deverDe servir um tanto mais.Carregas lutas em casa,Provações descomunais,Por tua paz, não desistasDe servir um tanto mais.Encontras pedras, injúrias,Ofensas, erros brutais... Não te afastes do programaDe servir um tanto mais.Tua vida necessitaDe mudanças radicais?Não menosprezes o ensejoDe servir um tanto mais.Angústias do coraçãoEm tempestades morais?Inventa novos recursosDe servir um tanto mais.Se quisermos atingirAs Luzes Celestiais,Aprendamos com JesusQue servir nunca é demais.

Casimiro Cunha

Fonte: XAVIER, Francisco C. CorreioFraterno. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB,2004, cap. 55, p. 127-128.

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OChico é um ser emocionante,eis a expressão que melhortraduz a sua personali-

dade.Situa-se ele para muito além

da dimensão que se possa con-ceber.

Muito haverá que se falarde Chico, no futuro, além doque agora se fala.

Casos sobre ele e relaciona-dos com ele multiplicar-se-ãoquase ao infinito.

Muitos há ignotos e, dessesmuitos, alguns vêm à tona dequando em vez.

O narrado em frente é umdeles. E, dada a pureza e simpli-cidade de linguagem da principalprotagonista, Maria Helena Falcãodos Santos, advogada e esposa demeu prezado colega, magistradoClodoaldo Moreira dos Santos, orana inatividade, transcrevo-o “ipsislitteris”:

“Há dezesseis anos, mais preci-samente no dia 13/04/75, sofri omaior golpe da minha vida.*

Tinha verdadeira adoração porminha mãe. Nossa afinidade eramuito grande.

Na manhã daquele dia fatídi-co, estava eu fazendo a mamadeirapara o meu filho caçula, quando oneto mais velho de minha inesque-cível mãe e que com ela moravachegou em minha casa gritando:‘Tia, a vovó está morrendo!’

Sem acreditar, pois a tarde dodia anterior ela tinha passado comi-go e estava bem, corri até a sua ca-sa, que era perto da minha e a en-contrei já sem fala, deitada em suacama.

Peguei-a nos braços e, che-gando ao alpendre da casa, pedi aum vizinho, que ia passando decarro, que, pelo amor de Deus,nos levasse ao Hospital Santa He-lena.

No banco de trás do carro eusentia que todo o mundo desabavasobre mim. Minha santa mãe, comseus lindos olhos azuis, me fitava

com todo o carinho que lhe era pe-culiar.

Eu, em desespero, passava amão em sua cabeça e rezava.

De repente, ela estremeceu eaquela luz tão forte, que emanavade seus lindos olhos azuis, desa-

pareceu. Os olhos ficaram opa-cos, sem vida.

Minha adorada mãe tinhaacabado de desencarnar em meusbraços.

Entrei em desespero e nadamais fiz conscientemente. Dis-seram-me, depois, que, na horado sepultamento, tiveram queme tirar à força de cima docaixão.

Sofri demais. Não conse-guia tirar da minha mente seusolhos opacos, sem o brilho quetanto os embelezava.

Com o passar dos anos,lendo muitas obras espíritas e cui-dando de meu amado pai que, de-pois de três anos de sofrimento noleito, também retornou ao Além,pude ter outra visão do mundo, daspessoas, da morte. Porém, persistiaem mim a lembrança sofrida dosolhos sem vida de minha mãe.

Acalentava o sonho de um diaver o médium Chico Xavier.

Há seis anos, dez depois do de-senlace de minha adorada mãe, fuisurpreendida com o telefonema deuma amiga, dizendo que o Chicoestava em Goiânia e que estaria naColônia Santa Marta, às 13 horas.

Chico Xavier e a Flor de ManacáWeimar Muniz de Oliveira

*O caso foi relatado ao autor em janeiro de1992.

PRESENÇA DE CHICO XAVIER

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Fiquei muito feliz e pensei: ho-je vou realizar o meu sonho de vê--lo! Pelo menos de longe!...

Troquei rapidamente de roupae, ao sair de casa, senti um desejoincontrolável de pegar uma florzi-nha do pé de manacá que minhamãe adorava e havia plantado paramim. Peguei a florzinha e, fechan-do-a na mão, dirigi-me para a Co-lônia.

Ao ver Chico Xavier passarpor mim, fui invadida por forteemoção e senti um desejo muitogrande de falar com ele. Vi que elese sentou em uma cadeira e as pes-soas, que eram muitas, formavamfila para cumprimentá-lo. Entrei nafila. Sentia a florzinha na minhamão, que eu conservava fechada, ealgo me dizia que continuasse as-sim. O Chico estendia a mão ecumprimentava um a um. Quandochegou a minha vez, para meu es-panto, ele, cabisbaixo, estendeu amão para mim, só que com a pal-ma virada para cima, como à espe-ra de que nela fosse colocado algo.Eu, imediatamente, sem saber por-quê, coloquei em sua mão a florzi-nha de manacá, que só eu sabia es-tar fechada em minha mão. Ele,ainda com a cabeça baixa, abriu opaletó e guardou-a no bolso inter-no do mesmo. Só aí levantou a ca-beça e me encarou. Sentia eu umagrande emoção. Meu rosto estavabanhado pelas lágrimas. Queria di-zer alguma coisa, mas não con-seguia. Ele, então, me disse:

Minha filha, os olhos dela bri-lham mais que a água marinha maispura que possa existir neste plane-ta! E olhava para o meu lado, comose visse alguém.

Eu, que já estava totalmenteembargada pela emoção, entendi

que ele estava vendo minha adora-da mãe, ali, ao meu lado, mais vivado que nunca e que os olhos opa-cos e sem vida, cuja lembrança tan-to me doía e fazia sofrer, não exis-tiam.

Dominada por intensa emo-ção, afastei-me daquele santo ho-mem, sem dizer uma palavra, mas

com a certeza de que minha mãeestava muito bem e que seus belosolhos azuis brilhavam ainda maisque antes”.

Fonte: OLIVEIRA, Weimar Muniz de.Chico Xavier, Casos Inéditos. Goiânia(GO). Federação Espírita do Estado deGoiás, 1998, p. 139-142.

Entre as brumas do passado,Seu vulto sagradoVejo em pensamentos,Revelando à espécie humanaA Lei soberanaDos Dez Mandamentos.Do Sinai refulgurante,Seu gesto giganteModelou nações:– E Moisés, alma pioneira,Nos trouxe a PrimeiraDas Revelações.

Muitos séculos se passaram,Quando anunciaramJesus em Belém.Sob a luz das profecias,Ele era o MessiasQue vinha do Além.Na maior missão terrestre,O Divino MestreFala às multidões:– E Jesus trouxe a Segunda,Que é a mais fecundaDas Revelações.

Depois raia sobre a FrançaO Sol da esperançaE do alvorecer.Ele iluminou a TerraNa obra que encerraA luz do Saber.Com bom senso e fé serena,Fez jorrar da penaDivinais lições:– E Kardec, alma obreira,Nos trouxe a Terceira Das Revelações.

Três Revelações divinas,Fontes peregrinasDe Amor e Verdade,Promanando do Infinito,Desde o antigo EgitoÀ atualidade.Moisés é o Legislador,Cristo é o Amor,Kardec é a Razão:– E essas três Fontes de LuzTendem, com Jesus,À Unificação.

As Três RevelaçõesMário Frigéri

“(...) Moisés abriu o caminho; Jesus conti-nuou a obra; o Espiritismo a concluirá.”

Um Espírito israelita

Epígrafe: Allan Kardec. O Evangelho segundo o Espiritismo. 124. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2004, cap. I, item 9.

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Aresposta à pergunta acima ésimples, se depender de umestudo da equipe do Labora-

tório de Psiquiatria do Hospital dasClínicas de São Paulo (HC), inicia-do há dois anos.

De acordo com os dados obti-dos por uma bateria de testes, ape-nas 26,4% das pessoas são normais.

O levantamento feito pelo HCteve o objetivo de testar os efeitosdo antidepressivo cloripramina emvoluntários sem nenhum transtor-no psiquiátrico. O problema é que,de cada 100 pessoas que se apresen-tam para participar, cerca de 80acabam dispensadas por não preen-cher alguns requisitos básicos. Eo principal deles é justamente sernormal.

...

O exame é rigoroso. Para pas-sar na seleção da equipe, é precisoenfrentar três etapas rigorosas epadronizadas. A primeira elimina omaior número de candidatos (53%).Ela se baseia em critérios de idade(é preciso ter entre 21 e 50 anos),de escolaridade (exige-se 1o graucompleto) e num teste americanochamado Self Report Questiona-ry, ou SRQ, de 20 perguntas.Aparentemente simples, ele é capazde detectar se a pessoa tem ou nãotranstornos psicológicos. As chan-ces de acerto são de 80%.

O teste é mais implacável comas mulheres. Há uma diferença dedois números em favor dos homensna pontuação de corte – seis respos-tas “sim” para eles e quatro paraelas. A psiquiatra Mônica Vilber-man, uma das responsáveis pela se-gunda etapa do estudo, afirmouque é preciso ser mais duro com asmulheres “porque elas têm maioroscilação hormonal e mais facilida-de em falar de intimidades”.

Na segunda fase de testes, quecausa a eliminação de 43% dos en-trevistados, psiquiatras investigamse há transtornos psicológicos na fa-mília do candidato. As últimas eta-pas são exames laboratoriais e maisuma entrevista com o psiquiatra, sóque dessa vez com quatro horas deduração. “No total, ficam só 26,4%”,afirmou a psiquiatra Elaine Henna.É o fim da maratona: o candidatorecebe um “atestado” de normali-dade.

O fato é que até o final de2004, somente 40 pessoas resisti-ram até o fim, menos da metade donecessário. Depois da triagem, sãooito semanas de estudo, nas quais ocandidato toma doses mínimas decloripramina, de 10 a 40 miligra-mas. Ressalte-se que em pessoas de-pressivas, são aplicadas de 150 a300mg da droga.

Entre os participantes, a de-pressão é a doença mais comum(46%), seguida de ansiedade (21%)e obsessões (8%).

O psicanalista Ailton Amélio,

da Universidade de São Paulo (USP),tranqüilizou os candidatos, dizendoque “se um determinado transtor-no, como timidez e ansiedade, nãoprejudica aos outros e ao próprioportador dele, não é preciso se preo-cupar”. Para ele, “o normal é não sernormal”.

...

Sem considerar, neste artigo, oscritérios utilizados pela pesquisa pa-ra definir o conceito de normalida-de, quem observa o fenômeno sobo ponto de vista espiritual deveacrescentar a esse tipo de conclusãoas influências que a realidade do Es-pírito traz para a saúde psíquica doser humano.

Vivemos sob uma nuvem deondas mentais, de presenças espiri-tuais, de estímulos psicológicos quefogem aos parâmetros de percepçãodos homens. Muitas dessas influên-cias agem nas causas de inúmerasatitudes das pessoas, desde a execu-ção de crimes horrendos, inspiradospelas sombras da maldade, até ges-tos da mais pura conduta amorosa,como o socorro prestado na horaexata, a palavra correta que silenciaa chance do crime ou a prece subli-me, acompanhada por benfeitoresanônimos, verdadeiros missionáriosda luz...

O Espírito Calderaro faz refe-rência a essa questão na obra NoMundo Maior. O instrutor espiri-tual de André Luiz lembra quemuitos encarnados batalham dia-

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Será que somos normais?Carlos Abranches

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riamente para vencer os própriosmonstros interiores que carregamconsigo. “Há pessoas que têm voca-ção para o abismo”, afirma.

Nessa luta, enfrentam as pres-sões da ansiedade, os transtornosbipolares, em que não conseguemadministrar os impulsos de depres-são e euforia que lhes tomam amente, os processos mais graves deparanóia e esquizofrenia e outrasenfermidades da alma, a agirem ne-gativamente na vida de relação de-les com o mundo.

Os transtornos alimentares, co-mo anorexia, bulimia e obesidademórbida desencadeiam outros qua-dros graves de difícil solução, a exi-gir disciplina do paciente e atençãoamorosa de médicos e familiares,para que a pessoa consiga enxergarhorizontes renovados, mais claros eotimistas com relação ao futuro.

...

Diante dessa intensa dinâmicada relação do homem consigo mes-mo, incluindo-se aí a movimenta-ção do mundo espiritual ao seu re-dor, é natural considerarmos quenem todo mundo pode mesmo ser“normal”.

O ambiente psíquico da Hu-manidade ainda é extremamenteheterogêneo, doentiamente deses-truturado, seriamente desequilibra-do. Isto exige elevada atenção dequem quer sobreviver emocional-mente um pouco acima da média,estruturando-se intimamente paravibrar sobre as ondas psíquicas decaráter doentio.

Os espíritas temos a oportuni-dade de cuidar com apreço bastan-te apurado da saúde emocional. Hátrabalho suficiente no bem, sob oamparo da orientação doutrinária,

para que compreendamos com pro-fundidade os impulsos da depressãoe dos transtornos da mente, paraque não nos permitamos cair nessafaixa, incorrendo nas conseqüênciasimediatas desse tipo de sintonia.

Temos como remédio a luz doautoconhecimento, a coragem deagir sempre focados no bem coleti-vo, a alegria que deve caracterizarnossa opção de vida, além da prece,espelhada em nossas meditaçõesprofundas em busca do melhor quesomos e podemos ser.

...

Se um de nós fosse fazer o tes-te do Hospital das Clínicas de SãoPaulo, talvez não passássemos noexame da normalidade, dentro doscritérios definidos pela pesquisa.

Não é problema. O que im-porta é se podemos afirmar agora,com segurança, se temos o contro-le de nossa vida em nossas mãos, seestamos dedicados o suficiente pa-

ra conhecer as entranhas de cadaatitude que tomamos, se os impul-sos mais primitivos que ainda noscaracterizam estão sob o controledo ser que busca ser melhor a cadaminuto dos dias.

Sentir no bem, para pensar nobem e agir no bem. A proposta é deEmmanuel*, vindo com perfeiçãose encaixar na nova dinâmica queprecisamos impor à vida emocional,apesar de possíveis oscilações quepossam aparecer no decorrer dostempos tumultuados que chegarão.

Esta, sim, é a normalidade ade-quada, em que nos oferecemos nãosó como um ser melhor à vida, mascomo alguém interessado em cola-borar para que os outros se aproxi-mem também, o mais rápido possí-vel, da normalidade de seres equi-librados espiritualmente.

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Reencarnações– Para fazer-me mais claro, voltemos ao símbolo da árvore. O va-

so físico é o vegetal, limitado no espaço e no tempo, o corpo perispiríti-co é o fruto que consubstancia o resultado das variadas operações daárvore, depois de certo período de maturação, e a matéria mental é asemente que representa o substrato da árvore e do fruto, condensando--lhes as experiências. A criatura, para adquirir sabedoria e amor, renasceinúmeras vezes, no campo fisiológico, à maneira da semente que re-gressa ao chão. E quantos se complicam, deliberadamente, afastando--se do caminho reto na direção de zonas irregulares em que recolhemexperimentos doentios, atrasam, como é natural, a própria marcha, per-dendo longo tempo para se afastarem do terreno resvaladiço a que serelegaram, ligados a grupos infelizes de companheiros que, em com-panhia deles, se extraviaram através de graves compromissos com a le-viandade ou com o desequilíbrio.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Pérolas do Além. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004,p. 206. Texto de autoria de André Luiz, na obra Libertação.

*XAVIER, Francisco C. Fonte Viva, pelo Es-pírito Emmanuel, cap. 179, 9. ed. FEB.

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“A moral sem as ações é omesmo que a semente sem o tra-balho. De que vos serve a semen-te, se não a fazeis dar frutos quevos alimentem? Grave é a culpadesses homens, porque dispunhamde inteligência para compreender.Não praticando as máximas queofereciam aos outros, renuncia-ram a colher-lhes os frutos.” (Ques-tão 905 de O Livro dos Espíritos.)

“O homem de bem é bom,humano e benevolente para comtodos, sem distinção de raças, nemde crenças, porque em todos os ho-mens vê irmãos seus.”

“Respeita nos outros todas asconvicções sinceras e não lançaanátema aos que como ele nãopensam.”

“(...) o homem de bem respei-ta todos os direitos que aos seussemelhantes dão as leis da Natu-reza, como quer que sejam respei-tados os seus.”

(O Evangelho segundo o Es-piritismo, cap. XVII – Sede Perfei-tos, item 3, parágrafos 7o e penúl-timo.)

Vivendo em sociedade precisa-mos nos manifestar, para issousamos a linguagem, que po-

de ser oral, escrita e pictórica, ou se-ja, os diversos canais de comuni-cação.

Pela linguagem manifestamosnossos pensamentos, sentimentos eemoções.

A linguagem oral é mais usadae, de modo geral, podemos dizerque é mais direta e atinge o interlo-cutor com maior carga de emoções.

Em nossa vida de relação nãopodemos deixar de usar o juízo devalores, através da análise das situa-ções que vivemos e as formas de in-teração com as pessoas com quemconvivemos. Daí nasce a crítica,que não se confunde com a male-dicência.

A crítica é a busca da verdadepelo exercício da razão.

A maledicência é comentárioinconsistente, veiculado sem obje-tivos éticos, onde não há preocu-pação com a verdade, com a utili-dade e com o bem.

A maledicência é a manifesta-ção do comportamento que expres-sa o egoísmo e a vaidade. O comen-tário visa apenas diminuir o valorde quem está no foco para, artificiale enganosamente, pretender elevar--se acima do outro.

No entanto, quando sofremosalgum julgamento, pela linguagemoral ou escrita, deveremos, primei-ramente, avaliar se o comentário éexpressão de uma crítica ou demaledicência.

Se percebermos que o fruto daanálise feita com relação à nossapessoa é manifestação da maledi-cência, não deveremos nos impor-tunar, nem nos agastar com ela. Senão serve, deve ser esquecida; a nãoser que, por sua gravidade e insen-satez, exija que preservemos nossos

direitos, como Espírito, como pes-soa e como cidadão.

Às vezes, recebemos críticas e apessoa que as faz não está sendomaledicente. É sincera e honesta,mas a crítica é equivocada, certoselementos que a compõem não sãoconsistentes. Temos então o direitode amorosamente rejeitar a crítica,esclarecendo o crítico.

Ao lado das informações queos Evangelhos nos trazem e tam-bém a Doutrina Espírita, os psicó-logos espíritas Almir Del Prette eZilda Del Prette (referência abaixo),baseados nas ciências do compor-tamento, apresentam-nos algunspassos que deveremos observar pa-ra, quando a crítica não for proce-dente, podermos rejeitá-la de formacorreta, assertiva.

Rejeitar a crítica

Procuremos observar, quandorecebermos uma crítica, os seguin-tes pontos:

1. Permitir que o crítico termi-ne de falar.

Ao recebermos uma crítica, atendência natural é, sob impactoemocional, reagir instantaneamen-te, procurando justificar-nos, jun-tando argumentos para rebater asobservações feitas, as quais, de algu-ma maneira, mostram nosso possí-vel desacerto.

De início não sabemos se a crí-tica é procedente ou houve algum

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Ouvir com amorAylton Paiva

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mal-entendido, ou ainda, é uma ma-nifestação de maledicência. Então,deixemos que a pessoa exponha to-do o seu pensamento. Ouçamo--la com atenção. Se for o caso, faça-mos até anotações.

Demonstremos com a posturacorporal assertiva que estamos acom-panhando os seus argumentos e queisso fique claro para ela.

2. Controlar o desconforto daraiva.

Normalmente, quando recebe-mos uma crítica altera-se o nosso es-tado emocional, que pode ir da sim-ples irritação à raiva. Nesse estado,registram-se alterações físicas e fisio-lógicas: aceleração do batimento car-díaco, empalidecimento ou rubori-zação, diminuição da saliva e outros.

Quando a crítica é infundadaou se trata de maledicência, os efei-tos psicológicos e físicos são maisintensos.

Pode haver, também, um dese-quilíbrio psíquico ou espiritual.

Então, manter um controleemocional saudável é necessário pa-ra podermos analisar a crítica e sa-ber aproveitá-la adequadamente.

3. Compreender que ao outroassiste o direito de ter opinião con-trária à nossa.

Procuremos ouvi-lo com aten-ção e deixemos que ele perceba is-so. Assim ele compreenderá quenós estamos respeitando o seu direi-to de opinar.

Em O Livro dos Espíritos, naquestão 833, há o esclarecimentode que: “No pensamento goza ohomem de ilimitada liberdade, poisque não há como pôr-lhe peias.Pode-se-lhe deter o vôo, porém,não aniquilá-lo.”

Procuremos criar uma empatiacom o crítico. Vejamos o assuntodo ponto de vista dele. Manifeste-mos que entendemos o que ele dis-se e também o seu sentimento.

4. Solicitar detalhes, se neces-sário, para melhor compreender aposição assumida pelo crítico.

Quando os motivos ou os fatosgeradores da crítica não ficaremmuito claros, peçamos, com a tran-qüilidade possível, detalhes ou es-clarecimentos

5. Manifestar a discordânciaclaramente, no total ou em parte,quanto à veracidade da crítica.

Após a análise dos argumentosapresentados na crítica, com o exer-cício da razão, verifiquemos se éprocedente ou não. Se julgarmosque ela não é procedente, sem agres-sividade discordemos dela total-mente ou na parte que não tenhafundamento.

6. Estabelecer a veracidade dosfatos que estão sendo apontados.

Ao ouvir a crítica verifiquemosse há veracidade nos fatos que estãosendo apresentados ou se apenas setrata de interpretação daquele quea formula.

7. Solicitar mudança, se neces-sário, quanto à forma como a críti-ca foi feita e sobre a ocasião esco-lhida.

Se a crítica não foi feita de for-ma apropriada ou foi manifestadade forma agressiva, desqualificandoo destinatário, sem respeito à indi-vidualidade e privacidade, emboraela seja procedente em parte ou natotalidade, devemos pedir ao seuemissor que mude a sua maneira dese expressar, respeitando a dignida-de daquele que a ouve.

8. Agradecer à pessoa pela suapreocupação.

Se constatarmos que a pessoafez a crítica de forma adequada eprocedente na sua totalidade ou emparte, é oportuno agradecer-lhe a ma-nifestação que, sem dúvida, se tratade uma forma de amor ao próximo,como ensinou o Mestre Jesus.

BIBLIOGRAFIA:

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.71. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991.

______. O Evangelho segundo o Espiritismo.

116. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999.

PRETTE, Almir e Zilda. Habilidades SociaisCristãs. 1. ed. Petrópolis (RJ). Editora Vozes,

2003.

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Reformador EncadernadoA coleção completa, com índice alfabético das matérias, de

Reformador de 2004, título em gravação dourada, está à venda nasLivrarias da Federação Espírita Brasileira, no Rio de Janeiro-RJ (Av.Passos, 30) e em Brasília-DF (Av. L-2 Norte – Q. 603 – Conjunto F(SGAN) – 70830-030.)

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Não te afastes“Mas livra-nos do mal.”

– Jesus (Mateus, 6:13.)

A superfície do mundo é, indiscutivelmente, a grande escola dos espíritos encar-nados.

Impossível recolher o ensinamento, fugindo à lição.

Ninguém sabe, sem aprender.

Grande número de discípulos do Evangelho, em descortinando alguns raios deluz espiritual, afirmam-se declarados inimigos da experiência terrestre. Furtam-se, des-de então, aos mais nobres testemunhos. Defendem-se contra os homens, como se es-tes lhes não fossem irmãos no caminho evolutivo. Enxergam espinhos, onde a flor de-sabrocha, e feridas venenosas, onde há riso inocente. E, condenando a paisagem a queforam conduzidos pelo Senhor, para serviço metódico no bem, retraem-se, de olhosbaixos, recuando do esforço de santificação.

Declaram-se, no entanto, desejosos de união com o Cristo, esquecendo-se de queo Mestre não desampara a Humanidade. Estimam, sobretudo, a oração, mas, repetin-do as sublimes palavras da prece dominical, olvidam que Jesus rogou ao SenhorSupremo nos liberte do mal, mas não pediu o afastamento da luta.

Aliás, a sabedoria do Cristianismo não consiste em insular o aprendiz na santida-de artificialista, e, sim, em fazê-lo ao mar largo do concurso ativo de transformação domal em bem, da treva em luz e da dor em bênção.

O Mestre não fugiu aos discípulos; estes é que fugiram dEle no extremo testemu-nho. O Divino Servidor não se afastou dos homens; estes é que o expulsaram pela cru-cificação dolorosa.

A fidelidade até ao fim não significa adoração perpétua em sentido literal; traduz,igualmente, espírito de serviço até ao último dia de força utilizável no mecanismofisiológico.

Se desejas, pois, servir com o Senhor Jesus, pede a Ele te liberte do mal, mas quenão te afaste dos lugares de luta, a fim de que aprendas, em companhia dEle, a coope-rar na execução da Vontade Celeste, quando, como e onde for necessário.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. 1. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005,

cap. 57, p. 127-128.

ESFLORANDO O EVANGELHOEmmanuel

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Oequilíbrio e o bom senso aolidar com as posses materiaisconstituem dois dos mais gra-

ves desafios colocados à evoluçãodos Espíritos. O fator financeirotem sido causa de muitas desgraçase clamorosos fracassos para muitascriaturas humanas. Neste início demilênio ainda prevalece a busca in-frene pela acumulação de riquezas,e não raro uma pessoa é considera-da bem-sucedida conforme o tama-nho da sua conta bancária.

Muitas revistas empresariais –nacionais e internacionais – publi-cam em edições periódicas o ran-king dos mais ricos. Grosso modo,pode-se classificar tais pessoas emquatro grandes grupos. O primeiro,levando em conta que todos somosdotados de determinadas potencia-lidades e talentos, é constituído poraqueles que possuem uma capaci-dade especial para a geração de ri-quezas. Normalmente, são empre-endedores que possuem larga visãoempresarial e comercial. Nesse sen-tido, vislumbram e corporificamidéias quase sempre altamente lu-crativas. Tais pessoas geralmente sãoagentes do progresso material, con-siderando que suas criações, via de

regra, atendem demandas latentesda Humanidade e das organizações.

O segundo grupo são os quetambém enriquecem por causa dosseus talentos ímpares em determi-nados campos. Referimo-nos aosartistas, atletas, profissionais liberaise outros. Tais pessoas conquistam,como fruto dos seus labores, umaposição privilegiada em termoseconômico-sociais. O terceiro, sãoos que já “nascem em berço de ou-ro”, cabendo a eles, muitas vezes,ampliar o patrimônio herdado e amanutenção do bom nome das fa-mílias às quais pertencem. O quar-to e último grupo permeia, de umacerta forma, todos os anteriores, ouseja, seus membros constituintessão empresários, profissionais libe-rais, servidores públicos, entre ou-tros, que enriquecem por meiosilícitos. São, por assim dizer, os ar-rivistas contumazes que caminhamna vida ao largo da ética e do sensode justiça. São geralmente pessoasinteligentes que não medem esfor-ços e conseqüências para alcançarsuas metas. Temos visto muitos de-les no noticiário hodierno acusadoscomo protagonistas de lamentáveisdeslizes morais associados a corrup-ções, subornos e escândalos de vá-rios matizes.

A rigor não há crime algumem ser rico. Mas também é públicoe notório que a distância entre os

chamados ricos e o restante da po-pulação em nações como o Brasil,por exemplo, vem aumentando as-sustadoramente. Aliás, em nossopaís, lamentavelmente, tem-se ain-da notícia de pessoas trabalhando –especialmente em fazendas – em re-gime de escravidão. Não são igual-mente poucos os que labutam semcarteira profissional registrada, semfalar no elevado patamar de desem-pregados. Tais fatos, à luz do Espi-ritismo, merecem também atenção,tendo-se em vista que: “O Cristia-nismo possui o extraordinário obje-tivo de criar uma sociedade equili-brada na qual todos os seus mem-bros sejam solidários entre si.” 1

É obvio que tal desiderato sóserá alcançado mediante profundatransformação interior das criaturashumanas. Não obstante, a sublimeadvertência de Jesus sobre a facili-dade de um camelo passar pelo fun-do de uma agulha – referência àporta denominada de Buraco daAgulha que se abria para os deser-tos da Síria, e que era de difíciltransposição na Jerusalém de seutempo 2 – do que um rico entrar noreino de Deus, o homem ainda in-siste na acumulação fria, egoísta,mesquinha e mesmo perversa debens materiais. Segundo o EspíritoFénelon: “O mau uso consiste em osaplicar exclusivamente na sua sa-tisfação pessoal; bom é o uso, ao

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Riqueza material: grande desafio à Humanidade

Anselmo Ferreira Vasconcelos

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contrário, todas as vezes que delesresulta um bem qualquer para ou-trem. O merecimento de cada umestá na proporção do sacrifício quese impõe a si mesmo. A beneficên-cia é apenas um modo de empre-gar-se a riqueza; ela dá alívio àmiséria presente; aplaca a fome,preserva do frio e proporciona abri-go ao que não o tem. Dever, porém,igualmente imperioso e meritório éo de prevenir a miséria. Tal, sobre-tudo, a missão das grandes fortu-nas, missão a ser cumprida me-diante os trabalhos de todo gênero(...).” 3

Portanto, não é difícil concluirque o emprego das fortunas aindanão segue as sensatas recomenda-ções exaradas. Não é por outra ra-zão, aliás, que existem tantas almasno Planeta sem o mínimo necessá-rio às suas sobrevivências. Por outrolado, a literatura espírita tem sidoextremamente explícita sobre as ne-fastas conseqüências colhidas pe-los sovinas, desonestos e incautos.

Num dos inúmeros casos rela-tados, o Espírito André Luiz abor-da o triste encontro com seu avôpaterno, Cláudio, em uma de suasmuitas missões nas regiões umbra-linas. Comenta o inolvidável com-panheiro que todos os Espíritos alise encontravam em terríveis condi-ções, a saber: “(...) Esfarrapados, es-queléticos, traziam as mãos cheiasde substância lodosa que levavamde quando em quando ao peito,ansiosos, aflitos. Ao menor toque devento, atracavam-se aos fragmentosde lama, colocando-os de encontroao coração, demonstrando infinitoreceio de perdê-los.” 4 Em outraspalavras, aqueles inditosos irmãosem assim agindo imaginavam retero ouro em suas mãos.

O instrutor de André na refe-rida missão libertadora, Calderaro,por sua vez, esclareceu-lhe tratar-sede criaturas enlouquecidas pela pai-xão de possuir culminando como“(...) escravos de monstros mentaisde formação indefínivel.” 5 Assimsendo, em tempos como os que es-tamos vivendo, onde o Espiritismodesenvolve uma ação perene parailuminar as consciências apegadas àssensações mais torpes, a precauçãoao lidar com quantidades substan-ciosas de haveres monetários é im-prescindível.

Sob o imperativo da lei de açãoe reação, à qual todos estamos sub-metidos, aos Espíritos que fracas-sam na prova das posses materiais –indubitavelmente, uma das mais di-fíceis e complexas –, caberá enfren-tar ásperas experiências até a aqui-sição dos tesouros que as traças nãoroem e nem a ferrugem corrói (verMateus, 6:19-20). Quando assis-timos as melancólicas imagens deirmãos africanos ou mesmo brasi-leiros, via de regra exibindo as facesamargas e esqueléticas sustentadaspor corpos cadavéricos indican-do avançado estado de subnutriçãocrônica, ficamos a conjecturar quan-tos ali não foram um dia senhores

de expressiva fortuna mas que, pornão aceitarem os apelos do bem, es-tão reencarnados em lares submeti-dos a dolorosa penúria a fim deaprenderem as lições da caridade eda compaixão.

Como o dinheiro não é umfim em si mesmo, devemos nosprecaver quando Deus o coloca emnossas mãos. Primeiramente, paranão nos escravizarmos a ele. Em se-gundo, buscando compreender quese trata de um “empréstimo” do Al-to à nossa evolução, cabendo a nóster que “devolvê-lo” a qualquer mo-mento. Em terceiro, buscando com-partilhar com os menos afortuna-dos através da caridade sem a qualsabemos hoje, graças ao Espiritis-mo, não haver salvação. Em quar-to, fazendo aos outros aquilo quegostaríamos que nos fizessem.

Infelizmente, a Humanidadeainda não percebeu que a riqueza éapenas mais um dos recursos tem-porariamente concedidos pela Pro-vidência Divina para a sua ascen-são espiritual. Nesse sentido, cabe-rá aos seus beneficiários prestar con-tas, no devido tempo, de como taisconcessões foram empregadas emobras do bem, consoante os postu-lados cristãos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:1FRANCO, Divaldo Pereira. Leis morais da vi-da. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 11. ed. Sal-vador: Livraria Espírita Alvorada, 2000, p. 123.2BACELAR, Dolores. A mansão Renoir. PeloEspírito Alfredo. 7. ed. São Bernardo do Cam-po, 1985, p. 167.3KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Es-piritismo. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004,cap. XVI, item 13.4XAVIER, Francisco Cândido. No MundoMaior. Pelo Espírito André Luiz. 23. ed. Riode Janeiro: FEB, 2003, cap. 18.5Idem, ibidem. p. 281.

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Como o dinheiro

não é um fim em

si mesmo, devemos

nos precaver quando

Deus o coloca em

nossas mãos

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Trabalho, alegria e fraternidadeforam a tônica do Curso Interna-cional de Capacitação do Traba-lhador Espírita, que ocorreu no pe-ríodo de 20 a 24 de julho de 2005,na sede da Federação Espírita Bra-sileira (FEB), em Brasília.

Alemanha, Argentina, Bielo--Rússia, Bolívia, Brasil, Canadá,Chile, Colômbia, Equador, EstadosUnidos, Holanda, Itália, México,Paraguai, Peru, Polônia, Porto Ri-co, Portugal, Reino Unido, Rússia,Suécia, Uruguai e Ve-nezuela estiveram re-presentados no Curso.Durante o evento, hou-ve tradução simultâ-nea para o espanhol.O curso foi inteira-mente transmitido pe-la Internet em espa-nhol e português, epessoas de 15 países(México, Estados Uni-

dos, Alemanha, Guatemala, El Sal-vador, Porto Rico, Argentina, Uru-guai, Paraguai, Colômbia, Bolívia,Inglaterra, Luxemburgo, Peru e Ca-nadá) participaram, fazendo per-guntas, tirando dúvidas e enviandomensagens.

Promovido pelo Conselho Es-pírita Internacional (CEI), realiza-ção da Federação Espírita Brasi-leira, o evento incluiu treinamentosnas áreas de “Capacitação Adminis-trativa do Dirigente Espírita”, “Es-

tudo Sistematizado da DoutrinaEspírita”, “Estudo e Educação daMediunidade” e “Evangelização Es-pírita Infanto-Juvenil”.

A programação iniciou-se comapresentação de um coral, da FEB,de 18 vozes, que cantou em inglês,português, espanhol e esperanto. Aprece inicial foi proferida pela Vice--Presidente da FEB, Cecília Rocha.

No primeiro dia do curso, oitem desenvolvido foi “Trabalho Fe-derativo e de Unificação do Mo-

vimento Espírita”. OPresidente da FEB eSecretário-Geral doCEI, Nestor João Ma-sotti, falou sobre oitem Doutrina Espíri-ta, em que destacou osurgimento do Espiri-tismo e o trabalho deKardec e dos Espíri-tos Superiores. Ele res-saltou que o estudo das

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Curso internacional capacitou trabalhadores espíritas de 23 países

Foram cinco dias de uma rica troca de experiências que deverá resultar no incremento

da divulgação da Doutrina Espírita em muitos países

Abertura: Formação da Mesa, com os representantes de todos os países. Fala o Secretário-Geral

Apresentação do Coral da FEB

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obras de Allan Kardec é es-sencial para o trabalhadorespírita: “É necessário dis-tinguir o que é Espiritismodo que é opinião pessoal. Eisso só será alcançado quan-do estudarmos atentamentea Doutrina Espírita.”

Fabio Villarraga Bena-vides, Coordenador do CEIpara a América do Sul, dis-correu sobre o MovimentoEspírita em nível interna-cional. O Diretor da FEB,Antonio Cesar Perri deCarvalho, fez uma exposição sobrea formação e o trabalho do Conse-lho Espírita Internacional. Ao final,foram respondidas diversas pergun-tas sobre os temas expostos.

Nos demais dias, os participan-tes fizeram diversos treinamentos eestudos, trocaram experiências e ti-raram dúvidas sobre capacitação ad-ministrativa de dirigentes de insti-tuições, ESDE, Estudo e Educaçãoda Mediunidade e EvangelizaçãoInfanto-Juvenil.

O encerramento do Curso deCapacitação do Trabalhador Espíri-ta ocorreu em clima de emoção. DaMesa dos trabalhos participaramos Coordenadores dos minicursosministrados: Cecília Rocha, MartaAntunes de Oliveira Moura, RuteVieira Ribeiro, José Carlos da SilvaSilveira e Antonio Cesar Perri de Car-valho. Todos agradeceram a partici-pação dos representantes dos países.

O argentino Enrique Baldovi-no, que mora no Brasil, informouao público sobre o lançamento datradução, para o espanhol, da Revis-ta Espírita, ano 1858. Baldovino es-tá traduzindo os demais volumes daRevista, publicada durante dozeanos por Allan Kardec. A edição

é do Conselho Espírita Internacio-nal.

Duas homenagens sensibiliza-ram os participantes na cerimôniade encerramento do curso. A pri-meira foi dirigida a um dos funda-dores do Conselho Espírita Inter-nacional, o guatemalteco GenaroBravo Rabanales, que desencarnouno dia 12 de julho de 2005, naGuatemala. A segunda foi dedicadaà Vice-Presidente da FEB, CecíliaRocha, pelos 50 anos do primeirocurso de Evangelização Infanto-Ju-venil, realizado em Porto Alegre(RS), do qual participou.

A saudação final dos partici-pantes e representantes dos paísespresentes ao Curso Internacional deCapacitação do Trabalhador Espíri-ta emocionou ao traduzir as gran-des dificuldades enfrentadas pelosespíritas na maioria dos países. Fa-laram Maria Henia Seifert (Alema-nha), Félix Renaud (Argentina),Marco Antônio Cardoso (Bolívia),Maria do Carmo Lopes (Canadá),Odeltte Azócar (Chile), Julio Be-nigno (Equador), Vanderlei Mar-ques (EUA), Maria Moraes (Holan-da), Regina Zanella (Itália), ElviraRubio (México), Gloria Avalos de

Ynsfrán (Paraguai), David OchoaJará (Peru), Ana Martha Cabrera(Porto Rico), Maria Isabel Saraiva(Portugal), Elsa Rossi (Inglaterra),Sônia Liesenberg (Suécia), Eduar-do Camacho (Uruguai), José Vas-quez Lopes (Venezuela), PrzemyslawGrzybowski (Polônia) e Spartak Se-verin (Bielo-Rússia).

Após as considerações dos re-presentantes dos países presentes aoevento, o Diretor da FEB, AffonsoSoares, apresentou a área do portalda FEB direcionada para o ensino edivulgação do esperanto. A línguainternacional é o principal veículode divulgação do Espiritismo noLeste europeu.

Em clima de fraternidade, Ce-cília Rocha fez a prece final, NestorMasotti encerrou o encontro esti-mulando o entusiasmo, a esperançae a confiança nos bons Espíritos. Eleagradeceu a participação dos paísese convidando a todos para se uni-rem em torno da Doutrina Espírita.

Todo o material do Curso foiimpresso em inglês, português eespanhol e está disponível no por-tal da FEB (www.febnet.org.br)e na página eletrônica do CEI(www.spiritist.org).

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Sessão de Abertura: Participantes do Curso

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26 Reformador/Setembro 2005

Por misericórdia do Pai, todossomos compelidos, pela en-carnação, a desempenhar

funções nobres da existência, ex-pressão utilizada por André Luizquando se refere ao papel da-queles que contribuem na cons-trução da sociedade. Somos pais,mães, esposos, filhos, discípulose mestres, amigos, profissionaisde diferentes áreas, compositores,cientistas, poetas. Nessa condi-ção, ainda que indigentes, so-mos levados a praticar o bem ea ensaiar passos consistentes nadifícil aprendizagem do amor.

Falta-nos, em geral, o quedepende fundamentalmente decada um de nós, de uma decisãoque tem de ser pessoal, a refor-ma interior que nos capacite aduas conquistas essenciais: a fre-qüência com que praticamos obem e a forma consciente comodevemos agir nessa direção. Emoutras palavras, falta-nos a con-dição de sermos bons, em quanti-dade e em qualidade. Esse pareceo grande esforço do Evangelho deJesus, o grande empenho daquelesque perceberam a verdadeira inten-ção do Mestre e marcaram sua vidacom exemplos que não podemosesquecer, até porque inauguraram,no panorama do mundo, um novoparadigma a ser seguido.

Peixotinho é um desses exem-plos e é sobretudo por essa razãoque nos temos empenhado em mar-car a passagem de seu centenário denascimento. Não para enaltecê-lo,

até porque, se fosse esta nossa in-tenção, estaríamos contrariando seuEspírito, presente hoje em nossa vi-da talvez de forma mais concreta doque quando integrava o mundo doschamados vivos. Mas para contar asua história e, com essa providência,comprovarmos que a conversão queimporta em cura é possível àquele

que sinceramente se empenhe nes-se sentido.

Quando, pela primeira vez, ti-vemos de apresentar Peixotinho aeventuais leitores da primeira edi-

ção de sua biografia (Materiali-zação do Amor, 1994), usamosdois símbolos extraídos da lite-ratura, símbolos conhecidos dogrande público e, por isso, capa-zes de facilitar o entendimentoda alma de nosso biografado.Um deles foi O Menino do De-do Verde, de Maurice Druon,aquele que transformava em flo-res as balas de uma arma feitapara matar. O outro exemploveio de uma sua conterrânea, aescritora Raquel de Queirós, naobra que marcou definitivamen-te a trajetória da grande escrito-ra – O Quinze. Chico Bento foia figura lembrada. Retirante, viaminguarem suas modestas pro-visões a cada passo da estrada es-pinhosa. Em certo momento,encontra um companheiro deinfortúnio que tentava alimen-tar seus filhos e sua mulher com

restos de carne estragada. ChicoBento divide o que lhe restava como outro. É uma cena surreal, por-que revela um desprendimento so-mente exercitado pelos santos.

Peixotinho tinha o otimismodo menino de Druon e a prodigali-dade de Chico Bento. Seu otimis-mo revelava sua fé e a consciênciade sua atitude permanentemente

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Peixotinho centenárioHumberto Vasconcelos

Peixotinho ao lado de Chico Xavier

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fraterna. Isso ele construiu e suahistória tem servido para incentivara quem se disponha a fazer o mes-mo. Nós, espíritas, temos de estaratentos à tarefa de mencionar essesexemplos, porque eles compõem ahistória do Espiritismo que não po-demos sonegar de nossos filhos.

...

Peixotinho (Francisco PeixotoLins) nasceu em Pacatuba, municí-pio que hoje integra a área metro-politana de Fortaleza, no dia 1o defevereiro de 1905. Passou a infân-cia na capital do Estado e na ado-lescência seguiu o rumo da aven-tura, opção quase fatal de seusconterrâneos, embrenhando-se pe-la Amazônia, em busca de sustento.Logo retornou ao lugar de origem.Era uma pessoa especial. Destemi-do e brincalhão, viu-se envolvi-do em algumas situações embara-çosas, algumas delas típicas de suasincomuns características. Eram oscomeços da mediunidade. A famí-lia pretendeu que ele se dedicasse àIgreja e até chegou a ingressar emseminário. Não era sua praia. Umepisódio mais severo o mantém emestado cataléptico durante algumtempo. Foi julgado morto. Quan-do os fenômenos começaram a in-viabilizar sua vida, encontrou emseu caminho a figura paternal deVianna de Carvalho, então Majordo Exército, servindo em quartel nacidade de Fortaleza. Foi recebido naCasa Espírita onde hoje se ergue aFederação Espírita do Estado doCeará. A terapia espírita deu certo.Os primeiros livros espíritas foramlidos. Lançada estava a base de suaopção espírita.

Transferiu-se para o Rio de

Janeiro, seguindo novamente a ro-tina a que estão os nordestinos pre-destinados. Fixou-se em Niterói,foi convocado para o Exército, pas-sou a servir na Fortaleza de SantaCruz. De lá, já na condição de mi-litar, seguiu para Macaé junto comseu primo-irmão, Raimundo Peixo-to Lins, conhecido no MovimentoEspírita daquela cidade do nortefluminense como Peixotão. Partici-pou da fundação do Grupo Espíri-ta Pedro (sede, hoje, da União Es-pírita Macaense). Em 1936, segun-do o testemunho do Professor Pier-re Ribeiro, seu contemporâneo ain-da hoje encarnado e ativo nas lidesespiritistas, começaram regularmen-te os fenômenos que haveriam demarcar toda a sua vida.

Em Macaé constitui família.Consorcia-se com Baby – uma desuas estrelas-guias – e aí nascem osprimeiros dos nove filhos. A outraestrela-guia foi a filha Aracy, quedesencarnou em 1937 e passou a

ser sua mentora, sempre presentequando o pai ameaçava fugir da ro-tina rigorosa dos médiuns a serviçodo bem. Em 1944, em plena Se-gunda Guerra, é transferido paraImbituba, Santa Catarina. Passariaainda por Santos, São Paulo, ondecolaborou com os trabalhos doCentro Espírita Ismênia de Jesus. ORio foi o seu pouso mais efetivo apartir de 1945. Em 1946, reencon-tra, no Rio, o antigo companheirode Macaé, Antônio Alves Ferreira,integrando-se ao grupo que compu-nha o Culto Evangélico no Lar doamigo. Desse culto surgiu o GrupoEspírita André Luiz, que funcionounos fundos do escritório comercialde Jacques Aboab, na Rua Moncor-vo Filho, até fixar-se em sua sede.

Em 1949, aceitando a hospita-lidade de Maria Amélia Ribeirode Castro, faz uma temporada emCampos. Peixotinho passava mal dasaúde. A asma, que o acompanhouaté a desencarnação, agravou-se ter-

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Materializações com o médium Peixotinho

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rivelmente. Desde sua mais recentetransferência de volta para o Rio,não encontrara residência na VilaMilitar, tendo sido forçado a abrigara família em alguns cômodos emmodesta casa no subúrbio de Os-waldo Cruz, cedidos carinhosamen-te por um confrade. A família per-maneceu em Campos, mas ele re-tornou para seu trabalho no Rio,até que logrou transferir-se parauma unidade do Exército na ci-dade de Goitacá. Em Campos al-cança a reforma no posto de Ca-pitão (1952) e funda o Grupo Es-pírita Aracy (1954), onde passa aexercer seu mediunato até o mo-mento em que foi chamado de vol-ta à pátria espiritual. Desencarnouàs 6h da manhã do dia 16 de junhode 1966. Baby, em cujo colo expi-rou, acomodou seu corpo no leito econvocou as filhas, que dormiamainda, para a prece de despedida.As vozes femininas começaram arogativa ao Pai entoando um hinomuito conhecido: “Companheiro,companheiro/ na senda que te con-duz / que Deus te conceda a bên-ção / a paz da divina luz.” Essesacordes suaves, que tantas vezes sus-tentaram o ambiente em que os Es-píritos se materializavam, serviamagora para facilitar o retorno do sea-reiro.

...

A mediunidade de efeitos físi-cos em Peixotinho não encontra pa-ralelo na literatura espírita. Con-temporâneo de Chico Xavier, dequem se fez amigo e com quemtrocava uma correspondência queainda precisa ser resgatada (a famí-lia reteve apenas uma carta de pró-prio punho do médium mineiro),

Peixotinho propiciava a confirma-ção da crônica espiritual reveladapela psicografia do amigo. Há mo-mentos em que essa confirmaçãochega a resultados notáveis, comoaquele em que se materializou oMinistro Clarêncio, de Nosso Lar,com uma nitidez que ainda hojemaravilha a quem presenciou o fe-nômeno.

As materializações operadas atra-vés de Peixotinho eram luminosas.As reuniões eram realizadas em am-biente rigorosamente escuro, mas aclaridade dos Espíritos materializadosmuitas vezes enchia de luz o ambien-te. A par disso, os fenômenos pro-porcionaram diversos exemplos deantecipação, como a expansão da ho-meopatia e a utilização de alguns re-cursos terapêuticos trazidos pelosEspíritos e aplicados aos assistidos dasreuniões, os quais eram desconheci-dos em nosso meio. Um deles, emplena década de 1950, na cidade deCampos, é uma tomografia, aindaem poder de um dos colaboradoresdo Grupo Espírita Aracy.

Há muito material para estudo.No Recife, onde funciona a Frater-nidade Espírita Francisco PeixotoLins (Rua Sansão Ribeiro, 59 – BoaViagem – 51.030-820 – Recife –Pernambuco), hoje presidida porum dos netos, está instalado o Me-morial Peixotinho, anexo ao Cen-tro de Documentação Espírita dePernambuco. O Memorial está re-compondo a trajetória do médium.Fotografias, cartazes, documentos,objetos e até mesmo fitas gravadascom mensagens ditadas pelos Espí-ritos materializados, compõem seuacervo inicial. O resgate de muitasoutras peças de interesse históricocontinuará a ser feito. Tudo estarádisponível para quem deseje apro-fundar o estudo da Doutrina.

Mas o grande resgate que dese-jamos promover de imediato é oexemplo de abnegação que o mé-dium soube construir a partir desua encantadora humildade e suaprofunda lealdade aos ideais cristãosque servem de base à Doutrina dosEspíritos.

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Oração

Deus de Misericórdia!....................................................................Não nos permitas pedir para fazer aquilo que ainda não podemos,

mas fortalece-nos para fazermos todo o bem de que sejamos capazes,principalmente em auxílio dos que ainda não podem compreender etrabalhar tanto quanto nós. E, sobretudo, ó Pai de Infinita Sabedoria,quando viermos a sentir dificuldade para fazer o que podemos, faze-nosreconhecer que não nos confias tarefa superior às nossas forças e reno-va-nos a certeza de que, se buscarmos estar contigo, nenhuma insufi-ciência nos abaterá, de vez que em teu amor tudo é possível.

Albino Teixeira

Fonte: XAVIER, Francisco C. Correio Fraterno. 6. ed. FEB: Rio de Janeiro, 2004,cap. 59, p. 136.

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Professor Passini, sabemo-loum especialista em Esperanto. Oque o levou a interessar-se tantopor esse idioma?

Como já conhecia algumas lín-guas, quando aprendi o Esperantome foi possível avaliar o quanto ésimples, prático e, sobretudo, neu-tro. Digo neutro porque não está li-gado a nenhum sistema político, anenhuma religião, a nenhuma na-ção. Não pertence a nenhum povoem particular, mas coletivamentepertence a todos os povos.

O Esperanto, criado pelo po-lonês Lázaro Luiz Zamenhof éconsiderado língua perfeita. Porquê?

Bem, um lingüista não admiti-ria conceituá-lo como língua perfei-

ta, mas pode-se dizer que é a línguade mais fácil aprendizado no mun-do, somando-se a isso um poder ex-traordinário de expressão e umaprecisão notável.

Historicamente, as línguas dacomunicação internacional sempretiveram o respaldo político-econô-mico de um Estado forte. Assim foicom o Latim, à época do prestígiode Roma; assim é hoje com o In-glês, à sombra da influência podero-sa dos Estados Unidos. Não tendoesse respaldo, poderá o Esperantoser a língua de todos os povos?

É justamente a falta desse res-paldo a característica mais notáveldo Esperanto. Os povos dominado-res sempre impuseram sua língua,mas essa imposição acaba quandoentra em declínio o poder do povoque fala. Com o Esperanto isso nãose dará, porque, adotado como livreopção, não estará sujeito à variação

de poder político ou econômico deum povo.

Em se tornando, de fato, uminstrumento lingüístico da comu-nicação internacional, passaria oEsperanto no teste prático, ou se-ja, ser falado por pessoas de dife-rentes etnias e línguas de morfolo-gia e fonética diferentes?

É uma pergunta que pode serrespondida com outra: o Inglês,apesar de muito mais difícil que oEsperanto, é falado – por enquanto– no mundo todo e ninguém sepreocupa com isso.

É verdade que o Esperantopode ser aprendido no Curso deLetras da UFJF?

O Esperanto é disciplina regu-lar do Departamento de Letras Es-trangeiras Modernas da UFJF, e seuaprendizado é, como as demais lín-guas ensinadas por esse Departa-mento, aberto a toda a comunida-de acadêmica.

Como ocorreu essa proeza?As Universidades Federais são

autônomas para a criação de disci-plinas. Elaborada a proposta peloDepartamento, foi encaminhadaaos Conselhos Superiores da Uni-versidade que a aprovaram.

Há cursos de Esperanto emoutras Universidades?

Muitas no Brasil e no exterior.Para citar algumas: Federal do

A FEB E O ESPERANTO

Conversando com José Passini*

José Passini, professor das línguas italiana e portuguesa eEsperanto na Universidade Federal de Juiz de Fora, onde foi reitorde 1990 a 1994. Mestrado em língua portuguesa em 1978 e doutora-do em 1986, em Lingüística, defendendo tese sobre a adequação doEsperanto para o papel de língua internacional. Pesquisador em Dia-letologia, co-autor do “Atlas Lingüístico de Minas Gerais”. Iniciou--se no Esperanto em 1961. Introduziu o Esperanto na Universidade,como disciplina ordinária do Departamento de Letras em 1974. De-legado da Associação Universal de Esperanto, membro da Liga Bra-sileira de Esperanto, presidente da Associação Cultural de Esperan-to durante vários anos. Conferencista em vários congressos na-cionais e internacionais de Esperanto.

*Entrevista publicada em Komunikoj (fevereiro//março de 2005) – Boletim da AssociaçãoEditora Espírita F. V. Lorenz.

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Ceará, do Paraná, de Juiz de Fora,além de particulares, como a Ma-ckenzie.

De que forma o Esperantopoderá contribuir para a difusãoda Doutrina Espírita no Planeta?

Já contribui muito. A FederaçãoEspírita Brasileira e a Associação Edi-tora Espírita Francisco ValdomiroLorenz editam livros em Esperanto.Há uma equipe que faz palestras es-píritas regularmente nos congressosmundiais de Esperanto, ao final dasquais são distribuídos livros ofereci-dos pelas citadas entidades.

Sabemos de sua vasta expe-riência com a Evangelização Infan-til. Inclusive na produção de dis-putado material para roteiros detrabalho no preparo das crianças.

Trabalhamos há mais de trintaanos no setor de evangelização in-fantil. Fazemos parte de uma gran-de equipe do Departamento deEvangelização infantil, da AliançaMunicipal Espírita de Juiz de Fora,que produz material para Evangeli-zação nas faixas etárias entre três edoze anos. São planos de aulas quepoderão ser enviados a quem os so-licitar, ao preço das cópias e doporte. Já dispomos de algum mate-rial digitado, que pode ser obtidopelo correio eletrônico. Quem seinteressar, pode solicitar: [email protected]

Além de esperantista e evan-gelizador, Passini é também co-nhecido conferencista na tribunaespírita. Qual dessas frentes maiso empolga?

A mais necessária para o mun-do atual é a evangelização, mas se-ria difícil fazer escolha.

Nova Doktrino

Ne gravas, ke avida pri sciencobibliotekon el dek mil volumojvi legas kaj komentas en albumojpor pla/i nur al via klera menso...

Ne gravas, ke per filozofia pensovi kla/as pri inferaj plagosumojkaj pala, sub la kandelabraj lumoj,vi pre1as jam ebria per incenso...

Sed en la proksimulo vidu fraton,1emantan forte pro la vivodramo:konsolu lin; komprenu lian faton!

Helpante al alia per balzamo,atentu por apogo la konstaton,ke ne trovi1as savo ekster amo!

...

Nova Doutrina

De nada vale que, ávido deciência e para o exclusivo prazer deteu pensamento esclarecido, leias ecomentes uma biblioteca de dezmil volumes...

De nada vale que, com pensa-mento filosófico, maldigas pragasinfernais e, pálido, à luz de cande-labros, ores embriagado pelo incen-so...

Vê, porém, no próximo, umteu irmão a gemer intensamentepelo drama da vida: consola-o;compreende-lhe o destino!

Balsamizando a sorte alheia,busca apoiar-te na verdade de quenão existe salvação fora da caridade!

Doutrina, Poesia, Esperanto...

Affonso Soares

Em números anteriores, publicamos admiráveis poemas de Geral-do Mattos, atual presidente da Academia de Esperanto, originalmen-te compostos em homenagem a Ismael Gomes Braga, de cuja lon-ga e salutar influência o poeta certamente colheu inspiração para abela peça que abaixo reproduzimos, com tradução em prosa, trans-crita do livro Ritmoj de Vivo (Ritmos de Vida), edição de 1968 daCooperativa Cultural dos Esperantistas.

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Conquanto Henri Joseph DeTurck gozasse de grande pres-tígio entre os espíritas do

mundo inteiro no século XIX, in-clusive junto aos brasileiros e à FEB,poucas informações tínhamos con-seguido recolher dele compulsandoas páginas do Reformador e de ou-tros jornais da época no Brasil. Fe-lizmente em nossas pesquisas na Bi-blioteca Saint-Geneviève, em Paris,conseguimos localizar seu necroló-gio no jornal Le Spiritisme, que ti-nha como Editor Gabriel Delanne,e que traz preciosas informações so-bre a vida e a obra do autor de Ca-tecismo Espírita traduzida e publi-cada pelo Reformador em 1883.Pela data da sua publicação, umano antes da fundação da FEB, emque havia pouquíssima literatura es-pírita traduzida para o português, éde se imaginar a importância con-cedida à obra na época. Nem todaa bibliografia de Kardec, inclusive,circulava em português.

Na obra O Espiritismo Peran-te a Ciência, de Gabriel Delanne,ele é citado pelo autor quando háreferência sobre o caso do Processodos Espíritas em 1875: Quando sevêem pessoas sérias como (...) Tur-

ck, Cônsul, jurarem que reconhece-ram espíritos por serem a reprodu-ção exata da fisionomia de seus pa-rentes ou amigos mortos (...).

O Reformador de 1o de junhode 1886 publica a notícia de suadesencarnação com uma curtíssimanota que nos dá poucas pistas desua atuação como espírita:

Partiu para as regiões da luz eda verdade, deixando o corpo can-sado por um penoso labor de oiten-ta e oito anos, nosso distinto amigoe irmão em crença, H. J. De Tur-ck, principal redator do MoniteurSpirite et Magnetique de Bruxelas,e autor de diversas obras espíritas.

Espírita de primeira hora, tra-balhador infatigável, deixa o nossoirmão um nome venerado, não sóno seu país, onde desempenhou im-portantes cargos durante a sua lon-ga peregrinação terrena, como emtodos os outros pontos onde suasobras têm sido estudadas e apre-ciadas.

Que Deus lhe ilumine os pas-sos na senda da verdade.

Necrologia

“Dia 2 de abril (1886) faleceuem Schaerbeek (Bruxelas) nossoestimável correligionário e amigoHenri Joseph De Turck, cônsul ho-norário da Bélgica, condecoradocom a Ordem de Leopold, redator

em chefe do Moniteur Spirite etMagnetique.

De Turck nasceu em Bruxelas,dia 2 de fevereiro de 1798, ele era,por lógica, um dos veteranos denossa causa. Este venerável irmão fi-cou durante muito tempo doente eenfermo, e ele viu a morte se apro-ximar em perfeita calma e uma re-signação toda espírita. Falando-nosde sua situação física que não faziamais do que se agravar, ele nos es-creveu dia 21 de março:

O abatimento é completo, o es-tômago recusa qualquer trabalho.Vejo a aproximação do fim comperfeita serenidade. Esta carta éuma carta de despedida, mais tar-de, estarei em estado mais grave.

O enterro civil teve lugar dia 5de abril, às 11 horas da manhã.Nosso excelente irmão M. Martinpronunciou sobre seu túmulo umdiscurso de que nos não podemosdeixar de dar um pequeno resumo,embora com tristeza:

De Turck não era um espíritado dia seguinte. Ele nasceu espírita.As obras que Allan Kardec publicounão foram para ele uma revelação,mas somente a confirmação do queele era objeto de suas meditações ede seus estudos. As funções hono-ráveis das quais ele foi encarregadopelo governo belga no Cairo e emBeirute como cônsul e pelos quaisfoi recompensado com nominação

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Retratando o pioneiro Henri Joseph De Turck

Eduardo Carvalho Monteiro

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na Ordem de Leopold. Não atrapa-lhou seus estudos.

Ele defendeu a Doutrina comseus escritos e com sua palavra. Apolêmica que ele sustentou, sejacom os jornais, seja com os autoresque atacavam o Espiritismo foi ple-na de vigor; lógico, empolgante, es-tilo que reprimia irônico e, algumasvezes, mordaz.

Sua última obra, Essai de Ca-téchisme Spirite, coroou uma car-reira bem-sucedida. Ele morreu coma pena em sua mão, redigindo onúmero do Moniteur que apareceuvinte dias antes de sua morte.

A partida de De Turck deixaum grande vazio entre os milharesde amigos de Bruxelas, mas a obraà qual ele especialmente se dedicouem seus últimos anos, não morreriacom ele.

MM. Martin, Crignier, Frentzprosseguirão a redação do MoniteurSpirite. Estes devotados irmãos, ten-do cada um suas ocupações pró-prias, encontraram tempo para aper-feiçoar esta tarefa, conduzi-la aosucesso.”

Discurso no Sepultamento

Reproduzimos aqui, segundo oMoniteur Spirite, o discurso pro-nunciado por M. Martin, sob o tú-mulo de nosso bem lembrado ami-go e irmão De Turck:

“Irmãos em Crença,

A morte leva para o Alto umde nossos irmãos mais amados,dos mais venerados, um dos defen-sores mais intrépidos, mais esclare-cidos do Espiritismo; um amigosincero, devotado, afetuosamentededicado.

Devemos nos afligir? Sim, senão soubéssemos que nada morre anão ser o invólucro terrestre que,durante quase um século, foi ocompanheiro deste distinto espíri-to, instrumento de gloriosos traba-lhos onde ele dotou nossa literatu-ra, o agente de numerosos atos decaridade, de devotamento e de co-ragem que fez espalhar sua longacarreira sobre nosso globo; não, secomo ensina nossa consoladoraDoutrina, sua partida do meio denós, não é mais que um avanço dealguns dias, de alguns anos talvez,sobre a viagem que todos nós deve-mos realizar em direção à nossa pá-tria comum.

Quando um de nós deve em-preender uma longa peregrinação,toda a família se reúne para festejara partida, ou se juntam amigavel-mente para enumerar as qualidades,as virtudes sociais e familiares dofuturo imigrante; cada um faz seusvotos para uma feliz viagem e umbreve regresso.

O mesmo pensamento reuniuem torno deste túmulo a família es-pírita de Bruxelas, que ele envolviacom sua afeição e seu respeito, ir-mão cujo invólucro terrestre vai lo-go desaparecer sob este monte deterra, bem como os numerosos ami-gos que ele soube fazer durante sualonga carreira.

Consagremos então alguns ins-tantes que antecipam o fechamen-to deste túmulo para enumerar bre-vemente os títulos diversos e nume-rosos que nosso querido viajantetem, com a nossa estima e nossaeterna afeição.

Nosso irmão De Turck não eraum espírita do dia seguinte; era umdesses homens, nascidos espíritas,cuja missão é esclarecer a Huma-nidade sobre seus destinos e a colo-car no caminho do progresso. An-tes que nosso ilustre Mestre AllanKardec tivesse formulado a admirá-vel Doutrina Espírita, antiga comoo mundo, mas obscurecida duran-te os séculos pelo formalismo into-lerante, De Turck a tinha intuído.Também a aparição das primeirasobras que possuíam os fundamen-tos e desenvolveram os princípiossobre os quais repousa o Espiritis-mo, não foram para ele uma revela-ção, mas somente a confirmaçãodaquilo que ele havia feito objetoconstante de suas meditações. Des-de este dia, ele se tornou o divulga-dor e o propagador da Doutrina.Ele segue com um vivo interesse oprogresso que fez de tempos emtempos, no Novo Mundo, a idéiaespírita que se propaga pouco apouco, que bem logo invade asduas Américas e abraça a Europainteira. Mas ele não assiste inativo aessa rápida difusão. Pensador pro-fundo, filósofo convencido, escritor

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De Turck não era

um espírita do dia

seguinte; era um

desses homens,

nascidos espíritas,

cuja missão é

esclarecer a

Humanidade sobre

seus destinos

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distinto, ele trabalhou, com a pala-vra e com a pena, pela defesa do Es-piritismo, que, como toda idéia no-va, levanta numerosas contrapo-sições, contraposições cada vez maiscombatidas por ele, revertendo ve-lhas superstições e reformando osabusos seculares.

Numerosos são os trabalhosque consagrou em defesa do Espiri-tismo; corajosa polêmica que elesustentou seja com os jornais, sejacom os autores que atacavam aDoutrina.

Nós todos conhecemos e te-mos lido com vivo interesse o jor-nal o Moniteur Spirite, o qual eledirigiu durante quase seis anos.

Todas as questões filosóficas,econômicas, espíritas principalmen-te, aí são tratadas com talento refi-nado, com consciência profunda, eacima de tudo, um bom senso quelhe valeu a admiração e o respeitode todos.

Incessantemente, de sua trin-cheira ele estava sempre prestes adefender nossos verdadeiros princí-pios doutrinários, respondendo comautoridade e algumas vezes comironia mordaz aos ataques que osjornais ‘espiritofóbicos’ dirigiamcontra o Espiritismo.

Ele coroou todos os seus tra-balhos com a publicação de um li-vro, pequeno em seu formato, masgrande em seu conteúdo. Eu que-ro falar de seu Essai de CatéchismeSpirite (edição belga), onde ele semostra sob seu verdadeiro cotidia-no, ou seja como um profundo fi-lósofo, um escritor caprichoso, umespírita convencido. Seu capítulosobre A Origem do mal e a neces-sidade do sofrimento (físico e mo-ral) é uma das suas magníficas con-cepções de todo homem que pen-

sa, que reflete, gosta de ler, parameditar, e onde ele encontra a ex-plicação dos mistérios da vida hu-mana.

Falaremos nós de suas qualida-des de coração, da amabilidade deseu caráter, da serenidade da almacom a qual nosso irmão suportouas longas enfermidades que termi-naram por enfraquecer sua robustaconstituição? Isto seria uma apolo-gia que nós teremos que fazer. Tivea felicidade de viver na sua intimi-dade, podendo melhor do que nin-guém apreciar suas eminentes qua-lidades. Não exageraremos dizen-do que a vida de nosso irmão DeTurck foi uma vida admiravelmen-te plena e digna de um verdadeiroespírita.

Tu estás lá, querido irmão; tuassistes em espírito esta última ceri-

mônia que coroa tua longa peregri-nação sobre a terra. Que tua mo-déstia não seja enfraquecida pelahistória que nos alegra fazer daqui-lo que foste. Nós não faremos maisque relatar, e bem brevemente, asvirtudes de que deste exemplo: tuacoragem, tua caridade, a discriçãona qual tu gostavas de viver. Deixaa teus irmãos esta última conso-lação. Em compensação, nós te so-licitamos uma coisa: é que da mes-ma maneira que foste nosso nobrechefe e guia aqui embaixo, sejasagora nosso inspirador, nosso cola-borador invisível na obra que tu di-rigiste com tanta sabedoria e quenós nos esforçaremos por manterno mesmo nível que tu deixaste.

Adeus... querido De Turck...Saudações de teus amigos e de teusirmãos.”

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Conforme a Semeadura Paulo Nunes Batista

Os males semeados no passadodão frutos semelhantes no presente:da mesma natureza da semente,a quem a planta, o fruto há de ser dado.

A causa tem de ter por resultadoesse efeito que aguarda a alma da gente:do fruto doce – doce, certamente;do fruto amargo – o amargo ora esperado.

Escolhe, pois, amigo, o teu plantio:se espalhas trevas – colherás sombrio;se acendes luzes – terás claridade.

Todo o Universo é pura matemática:o mal dá fatalmente o mal na prática;o Bem só pode dar Felicidade!

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A Reunião Ordinária, de 2005,da Comissão Regional Norte doConselho Federativo Nacional daFEB realizou-se em Porto Velho(RO), de 26 a 29 de maio, com apresença de todas as Federativas daRegião: Federação Espírita do Es-tado do Acre (6 participantes); Fe-deração Espírita do Amapá (8);Federação Espírita Amazonense (8);União Espírita Paraense (9); Fede-ração Espírita de Rondônia (38); eFederação Espírita Roraimense (2).A delegação da Federação EspíritaBrasileira contou com o Presidentee mais 15 membros. Total de parti-cipantes: 87, e mais 9 da equipe deapoio.

Sessão de Abertura

Foi instalada às 20 horas dequinta-feira, dia 26. O Presidenteda Federação Espírita de Rondônia,Pedro Barbosa Neto, abriu a Ses-são com uma prece e saudou os vi-

sitantes e o público presente, pas-sando ao Coordenador da Comis-são a direção dos trabalhos.

Palestra: A palestra programa-da, sobre o relançamento das Cam-panhas Em Defesa da Vida,Viverem Família e Construamos a PazPromovendo o Bem!, proferida porAntonio Cesar Perri de Carvalho,com a utilização de datashow, con-tou com a participação do público.

Reunião Geral

Esta Reunião teve início comuma prece, na manhã de sexta-feira(dia 27), quando o Coordenadorprestou esclarecimentos sobre aPauta a ser desenvolvida e procedeuà apresentação individual dos repre-sentantes das Federativas estaduaise da FEB.

Plenária: Os trabalhos prosse-guiram com a realização da reuniãoplenária que tratou do tema “Suges-tões para o aperfeiçoamento das Co-

missões Regionais”, coordenada peloPresidente da FEB, Nestor João Ma-sotti. Após os esclarecimentos sobrea evolução do trabalho de unificaçãoe do Conselho Federativo Nacional,foram constituídos seis grupos paradiscussão do assunto, cada um delescoordenado pelo dirigente de umadas Federativas. A dinâmica de gru-po discutiu os objetivos da DoutrinaEspírita, do Movimento Espírita, dasEntidades Federativas Estaduais e dasComissões Regionais, e apresentousugestões para a melhoria operacio-nal da Comissão Regional Norte. Osrelatores dos grupos apresentaramem plenário as conclusões a que che-garam, sendo todas aprovadas.

Reuniões Setoriais

Na tarde de sexta-feira, encer-rada a Plenária, tiveram início –com prosseguimento no sábado –as Reuniões Setorias: a) dos Di-rigentes; b) das Áreas específicas:

Reunião da Comissão Regional Norte

FEB/CFN - COMISSÕES REGIONAIS

Palestra de Cesar Perri: Público presente

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Atendimento Espiritual no Cen-tro Espírita, Atividade Mediúnica,Comunicação Social Espírita, Estu-do Sistematizado da Doutrina Espí-rita, Infância e Juventude, e Serviçode Assistência e Promoção SocialEspírita.

Reunião dos Dirigentes

Participaram desta reunião:pela Federação Espírita Brasileira –Nestor João Masotti (Presidente),Altivo Ferreira (Coordenador), Al-berto Ribeiro de Almeida (Secretá-rio), Antonio Cesar Perri de Carva-lho e Evandro Noleto Bezerra (As-sessores); pelas Federativas, os se-guintes Dirigentes: Acre – Gaspa-rina dos Anjos de Jesus (FEEAC);Amapá – Augusto Cezar BarbosaBrito (FEAP); Federação EspíritaAmazonense – Sandra Farias deMoraes (FEA); Pará – Marcos Na-zareno Cardoso dos Reis, represen-tando o Presidente (UEP); Rondô-

nia – Pedro Barbosa Neto (FERO);e Roraima – Volmar Julson Buffi;além de assessores das Federativas erepresentantes de Casas Espíritasdo Estado.

Os trabalhos foram iniciadoscom uma prece, seguida da análisee aprovação da Ata da Reunião de2004 e do exame e aprovação danova metotodologia proposta paraos trabalhos da Comissão. As Fede-

rativas relataram suas experiências eatividades relacionadas com os as-suntos da reunião anterior: “Recur-sos para a manutenção das ativida-des espíritas: busca de soluções” e“Planejamento Orçamentário”. Ve-rificou-se que, além dos processoscomuns a todas as Federativas paraa captação de recursos, algumaspromovem eventos especiais, coe-rentes com as diretrizes doutriná-

rias. A distribuição e vendado livro espírita ainda éum dos sustentáculos dasInstituições, merecendoconsiderações do Presiden-te Nestor quanto à contri-buição da FEB no sentidode apoiar as Federativas.

Assuntos da reunião:1. “Movimento Espírita eEducação Espírita”. Houvea realização nos Estados doPará, Amazonas e Amapádo Seminário “A Qualifi-cação do Trabalhador daUnificação”, e outros estãoprogramados, voltados pa-ra esse tema. As Federativasestão conscientes de que aEducação Espírita, além detodos os benefícios que traz

Seminário: Aspecto parcial

Grupo de Dirigentes (esq./dir.): Volmar (RO); Nestor (FEB); Gasparina (AC); Pedro (RO); Sandra (AM); Alberto (FEB); Altivo (FEB); Marcos (PA); Medeiros (AC)

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para a sociedade e o indivíduo, con-tribui para a qualificação e o desem-penho do Movimento Espírita. 2.“Importância do Censo Espírita poráreas para melhor conhecimento darealidade”. Dos relatos feitos, desta-caram-se as experiências da Federa-ção Espírita Amazonense e da Fede-ração Espírita de Rondônia com arealização do Censo, e os frutos re-sultantes vêm contribuindo para oplanejamento de suas atividades.

Nas informações sobre o Asses-soramento Jurídico-Administrativo,ressaltou-se a colaboração da FEBpara atender às necessidades das Fe-derativas e das casas espíritas, sendosugerida a criação de órgão ou setorde assessoramento nesses assuntos.As Federativas falaram sobre o anda-mento do curso “Capacitação Admi-nistrativa para Dirigentes deCasas Espíritas”, em faseadiantada de implantaçãona maioria delas.

O Presidente da FEBcomunicou a prorrogaçãodo prazo de apresentaçãode sugestões para a revisãodo opúsculo Orientação aoCentro Espírita, a fim deque as Federativas dispo-nham de mais tempo parao exame do documento.

Acerca do Censo Espírita,aprovado na Reunião do CFN de2003, foi informado que, em faceda dificuldade de sua implantaçãoem alguns Estados, está em anda-mento um projeto com vistas à suarealização através da Internet, trans-formado em coleta de dados para oCadastro das Instituições Espíritasde todo o país.

A próxima reunião será realiza-da em Macapá (AP), no período de15 a 18 de junho de 2006, com oassunto “Vivência do Evangelho naprática espírita”. Será realizado, tam-bém, o seminário “Auto-educaçãona atividade espírita”.

Sessão Plenária

Ocorreu na manhã de domin-

go (dia 29), com a presença de to-dos os participantes, iniciada coma apresentação de relatos sucintosdos trabalhos desenvolvidos nasseguintes Reuniões Setoriais:

Reunião dos Dirigentes: OSecretário Alberto Ribeiro de Al-meida fez uma síntese dos princi-pais assuntos tratados e das res-pectivas deliberações.

Área do Atendimento Espiri-tual no Centro Espírita, coordena-da por Maria Euny Herrera Ma-

sotti. Assunto da reunião: “O tra-balhador espírita como instrumen-to da Espiritualidade”. Assuntos pa-ra a próxima reunião: 1. “Atendi-mento Espiritual do Adolescente edo Jovem”; 2. “Pedagogia Espírita”.

Área da Atividade Mediúnica,coordenada por Marta Antunes deOliveira Moura. Assuntos da reu-nião: 1. “O papel do dirigente naharmonização da reunião mediúni-ca”; 2. “O trabalhador da área me-diúnica e suas relações interpessoais”.Assuntos para a próxima reunião: 1.Curso (treinamento) – “Organiza-ção e funcionamento de um grupomediúnico”; 2. “Elaboração de car-tilha que trate da melhoria das rela-ções interpessoais no grupo mediú-nico”; 3. “Reuniões mediúnicas deapoio à Casa Espírita”.

Aspecto da Reunião da Atividade Mediúnica

Aspecto da Reunião do DIJ

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Área da Comunicação SocialEspírita, coordenada por MerhySeba, com assessoria de Sônia Re-gina Ferreira Zaghetto. Assuntoda reunião: 1. “Comunicação So-cial Espírita e Unificação”. Assun-tos para a próxima reunião: 1.“Comunicação Social Espírita eUnificação”; 2. “Estruturação emanutenção geral de um Depar-tamento de Comunicação SocialEspírita”.

Área do Estudo Sistematiza-do da Doutrina Espírita, coorde-nada por Cecília Rocha, com asses-soria de Elzio Antônio Cornélio.Assunto da reunião: “Campanha deinternalização do ESDE: Estraté-gias; Resultados”. Assuntos para apróxima reunião: 1. “A interioriza-ção do ESDE com enfoque nas es-tratégias e resultados alcançados”; 2.“O Censo: uma visão analítica dosdados estatísticos”; 3. “Realizaçãode Seminário para treinamentos dosCoordenadores e Monitores”.

Área da Infância e Juventude,coordenada por Rute Vieira Ribei-ro, com assessoria de Miriam LúciaHerrera Masotti Dusi. Assunto dareunião: “Acompanhamento da exe-cução dos Projetos elaborados noIV Encontro Nacional de Diretoresde DIJ – 1997”. Assunto para a

próxima reunião: “Acompanhamen-to da execução dos Projetos elabo-rados no IV Encontro Nacional deDiretores de DIJ – 1997, com focona avaliação, resultados e próximasações”.

Área do Serviço de Assistênciae Promoção Social Espírita, coor-denada por José Carlos da Silva Sil-veira, com assessoria de Maria deLourdes Pereira de Oliveira. Assun-to da reunião: “Levantamento deinformações sobre a utilização doManual do SAPSE pelos CentrosEspíritas”. Assunto para a próximareunião: 1. “Realização de minicur-so sobre o Serviço de Assistência ePromoção Social Espírita”; 2. “Re-sultados de experiências das Federa-tivas no sentido da sensibilizaçãode trabalhadores para o SAPSE”.

Após os relatos, um partici-pante de cada Área fez comentáriosobre os trabalhos desenvolvidosna respectiva reunião setorial. OCoordenador convidou os Diri-gentes para suas considerações fi-nais e despedidas, os quais avalia-ram positivamente a Reunião ecumprimentaram a Federativa an-fitriã pela organização primorosa eo clima de fraternidade. A seguir,falou o Presidente Nestor em no-me de toda a delegação da FEB. OPresidente da FERO, Pedro Bar-bosa Neto, apresentou todos oscomponentes da equipe de apoioe, com muita emoção, agradeceuas manifestações de carinho dosmembros das Federativas do Nor-te. Os trabalhos foram encerradoscom uma prece proferida por Au-gusto Cezar Barbosa Brito, Presi-dente da Federação Espírita doAmapá, anfitriã da Reunião de2006.

Palestra de Alberto Almeida

Na noite de sábado, a Fede-ração Espírita de Rondônia pro-moveu uma palestra pública deAlberto Ribeiro de Almeida, queabordou sugestivo tema sobre OAndarilho e o Peregrino.

Aspecto da Reunião do ESDE

Aspecto da Reunião do SAPSE

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Senhor!

Não é a primeira vez que Teencontramos na longa jornada embusca da sublimação.

Dias houve, num passado mui-to distante, em que sob o zimbórioda noite carregada de estrelas, reu-níamo-nos em volta das labaredascrepitantes, para sentirmos o teuverbo flamívolo1 no coração.

Apesar disso, passado aquelemomento de integração na Tuaconsciência, descíamos aos vales pa-ra semear a morte, a hediondez.

Depois, no silêncio dos santuá-rios esotéricos, procurávamos inter-pretar a simbologia que traduzia oTeu pensamento e logo descíamospelos rios caudalosos, semeando adestruição e a morte.

Ouvimos da boca profética averdade que liberta e construímosuma raça que experimentou o opró-brio, a humilhação, mas recusou-sea servir-Te...

Contigo aprendemos a liçãosublime do amor, no entanto de-sencadeamos guerras santas, cria-mos tribunais para ceifar vidas eacendemos fogueiras hediondas nanoite da história para que as nossaspaixões predominassem.

Com Allan Kardec aprende-mos a lição da caridade e, nada obs-tante, ainda nos encontramos comoantes, vazios de paz, aturdidos novale das paixões, sem podermos su-bir ao planalto da sublimação.

Apiada-te de nós!Volve até o abismo do nosso eu

propínquo2, arrancando-nos da pe-quenez em que nos comprazemospara a grandeza da Tua misericórdialibertadora.

Recebe a nossa gratidão pelahonra imerecida de estarmos noTeu rebanho.

Recebe, Senhor, a nossa emo-ção em forma de poema, através doqual entregamos-Te a nossa vida,para que ela se transforme em adu-bo a benefício do Teu evangelhorestaurador da verdade.

Nós, os Espíritos-espíritas, aqui

estamos louvando-Te, por retorna-res mil vezes e tentares outras tan-tas arrancar-nos da miserabilidadeem que nos debatemos para alçar-mos a sublimidade do reino em queTe encontras.

Liberta-nos de nós mesmos!Ajuda-nos a entender-Te melhor!

... E faze que em retornando àsatividades habituais, possamos can-tar como os mártires do passado:

Ave Cristo! Aqueles que ire-mos viver a vida eterna, Te sauda-mos e Te homenageamos.

Muita paz meus filhos!Com carinho e o afeto do ser-

vidor humílimo e paternal... que oSenhor nos abençoe!

Bezerra

(Mensagem psicofônica recebida pelo mé-dium Divaldo Pereira Franco no encerra-mento do 3o Congresso Espírita do Esta-do de Mato Grosso em Cuiabá-MT em24 de abril de 2005.)

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RogativaMensagem do Dr. Bezerra de Menezes no encerramento do

3o Congresso Espírita de Mato Grosso

1Flamívolo – ardoroso

2Propínquo – próximo

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6. Fatalidade (questões 85l a867): Dezessete questões prende-ram a atenção do mestre Allan Kar-dec, no trato do assunto fatalidade,em que, efetivamente, tanto se des-concerta o homem! O Codificadorinicia indagando da EspiritualidadeSuperior se “haverá fatalidade nosacontecimentos da vida, conformeao sentido que se dá a este vocábu-lo.” Expressa-se ele em relação aomodo de pensar dos homens, por-quanto se todos os acontecimentossão predeterminados pela Divinda-de, qual a importância do livre-ar-bítrio? Meditemos bem na resposta,muito longa por sinal, mas, óbvia;encontramos logo na sua primeirafrase: “A fatalidade existe unica-mente pela escolha que o Espíritofez, ao encarnar, desta ou daquelaprova para sofrer.”

Poderíamos ainda aditar, comKardec, uma outra importante fa-talidade que sobeja do amor deDeus, que é o determinismo denossa evolução. Traçamos na Espi-ritualidade, antes do mergulho nacarne, uma espécie de destino quepode ser bastante rude em relaçãoaos erros cometidos no passado oualtamente aliviado de grandes sofri-mentos, conforme os propósitos ali-

mentados em relação ao bem queformos capazes de praticar.

Allan Kardec, na indagação852, lembra que “há pessoas queparecem perseguidas por uma fata-lidade, independente da maneirapor que procedem. Não lhes estaráno destino o infortúnio?” E depoisda afirmativa de tratar-se talvez deprovas merecidas e escolhidas poressas pessoas ou conseqüências desuas próprias faltas, oferecem os Es-píritos orientação cabível a todosnós: “(...) Trata de ter pura a cons-ciência em meio dos males que teafligem e já bastante consolado tesentirás.”

Reunamos num único comen-tário ou reflexão as questões 853 a855, sempre com o pensamento nafatalidade. Os Espíritos respondemque “fatal, no verdadeiro sentidoda palavra, só o instante da morteo é.” Logo, qualquer que seja o pe-rigo que nos ameace, se a hora doretorno não chegou não morrere-mos. “(...) Deus sabe de antemãode que gênero será a morte do ho-mem e muitas vezes seu Espíritotambém o sabe, por lhe ter sido is-so revelado, quando escolheu tal ouqual existência.”

Ainda que se trate de uma in-

falibilidade relativa à hora da mor-te, é justo que haja precauções nosentido de evitá-la ou, pelo menos,não ser a pessoa apanhada despre-venida. O fato mesmo de sentirmosa vida em perigo constitui, senãoum aviso, pelo menos a necessida-de de nos desviarmos de algo queatente contra a nossa melhoria es-piritual. Das respostas dos Espíritoselevados sempre colhemos adver-tências que nos levam a estar aten-tos contra qualquer tipo de negli-gência no cumprimento de nossosdeveres.

A questão 856 parece relacio-nar-se um pouco com as anterioresno que tange à morte ou ao seugênero. As Entidades Reveladorasorientam que o Espírito “sabe queo gênero de vida que escolheu o ex-põe mais a morrer desta ou daque-la maneira. Sabe igualmente quaisas lutas que terá de sustentar paraevitá-lo e que, se Deus o permitir,não sucumbirá”. Atentemos no exem-plo dado por Kardec em relaçãoàqueles que, em combate, enfren-tam perigos, convencidos de que ahora da morte não chegou. Os Es-píritos confirmam a presença deum pressentimento favorável ounão que recebem dos Benfeitores

Repensando Kardec

Da Lei de Liberdade(O Livro dos Espíritos, questões 825 a 872)

2a Parte Inaldo Lacerda Lima

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espirituais. Em relação ao temor ounão da morte, afirmou: “Quem te-me a morte é o homem, não o Es-pírito. Aquele que a pressente pen-sa mais como Espírito do que comohomem. Compreende ser ela a sualibertação e espera-a.”

Seguindo o pensamento domestre Kardec e a orientação pa-ciente das Vozes do Mundo Maior,compenetremo-nos na condição deespiritistas conscientes, de que fa-talidade propriamente dita só exis-te em relação à morte. Há todavia,uma fatalidade real a que nos refe-rimos neste estudo que é a fatalida-de de nossa evolução. Ela é quasesempre retardada por nossas imper-feições ou variados deslizes, no pro-cesso do aperfeiçoamento, mas nun-ca sumariamente evitada, porquan-to predomina em tudo o amor deDeus por todos os seus filhos. É oque nos leva a compreender a ques-tão 860, de que tratamos a seguir:“Pode o homem, pela sua vontade epor seus atos, fazer que se não dêemacontecimentos que deveriam veri-ficar-se e reciprocamente?” Os ab-negados Espíritos do Senhor res-pondem: “Pode-o, se essa aparentemudança (destacamos) na ordemdos fatos tiver cabimento na se-qüência da vida que ele escolheu.”Vejamos o termo em destaque –aparente mudança. Fazer o bem,como a todos nos cumpre, “consti-tui o objetivo único da vida”. To-davia, preciso é que nos mantenha-mos vigilantes contra determinadomal, justamente aquele que poderávir a ser causa de um mal bemmaior.

Observemos outra razão porque, repensando Kardec, sublinha-mos a expressão aparente mudançadiante da questão seguinte (861). O

Espírito que comete um assassínionão sabia que viria a ser assassino,pois se tivesse de praticá-lo, tal atonão fugiria ao âmbito da fatalidade.A sabedoria divina, toda Amor eBondade não iria permitir a alguéma “missão” de assassinar, porquantocometer um delito qualquer é tare-fa de livre-arbítrio. Ninguém, naordem divina, estará predestinadoao mal!

Reflitamos, cuidadosamente,prezado leitor, sobre cada frase cons-tante da resposta dada à questão862. Verificamos, na extensão e teordas respostas às questões seguintes,sempre boas razões pelas quais deveo espiritista esforçar-se por ser dife-rente do ponto de vista moral, mas,procurando em tudo exemplificar oEvangelho trazido à Terra por Jesuse privando-se naturalmente de pro-pósitos que poderiam levá-lo a con-fundir certas coisas!... Eis aí forte ra-zão pela qual O Livro dos Espíritosdeverá, por nós, não apenas ser li-do, mas estudado criteriosamente,a fim de nunca confundirmos, porexemplo, vocação com o propósitode satisfazer desejos, já que para to-dos haverá, um dia, satisfatório lu-gar nas sociedades humanas, quan-do cada um aprender a colocar-seno lugar para o qual tiver compe-tência. Na questão 863, afirmam osEspíritos: “São os homens e nãoDeus quem faz os costumes sociais.Se eles a estes se submetem, é porquelhes convêm. (...) Falece-lhes razãopara acusarem os costumes sociais.”Em suma, toda e qualquer aparên-cia de fatalidade, em nossa vida, ésempre resultante do nosso livre-ar-bítrio. Repitamos: Nunca um deter-minismo divino! Antes da reen-carnação, muitos Espíritos, ator-doados diante do seu passado cul-

poso, julgando poder facilmentelibertar-se das manchas que lhesafeiam a organização perispirital,querem uma encarnação que ospossa limpar de uma vez. Deus éque, em sua misericórdia, sabendoque não o suportariam, vai podan-do, por um pouco, determinadosramos da árvore cármica, deixando--lhes apenas o que possam supor-tar...!

Aí está tudo quanto pudemoscolher ou aditar às elucidações dosirmãos maiores da Espiritualidade.Ninguém (questão 867) nasce sobuma boa estrela, no sentido peloqual se manifestam os cultores daboa vida, como supõem alguns quese mantêm presos a velhas supers-tições. A fé raciocinada, os bonspropósitos de elevação moral e es-piritual, a par da confiança em Deus,são a nossa real e boa estrela, na sen-da de nossa evolução.

7. Conhecimento do futuro(questões 868 a 871): “Pode o futu-ro ser revelado ao homem?” – inda-ga Kardec, e os Espíritos Revelado-res assim respondem:“Em princí-pio, o futuro lhe é oculto e só emcasos raros e excepcionais permiteDeus que seja revelado.” Por que sóem casos raros e excepcionais? É oque vamos compreender na respos-ta à pergunta 869: “Com que fim ofuturo se conserva oculto ao ho-mem?” Leiamos atentamente a res-posta dos Espíritos. Iniciam dizen-do: “Se o homem conhecesse o futu-ro, negligenciaria do presente e nãoobraria com a liberdade com que ofaz (...).” Ora, não é preciso iradiante. Isto acontece sempre emnossas lutas, em nossas atividadesdo dia-a-dia. O conhecimento dofuturo ou desperta-nos o orgulho e

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a vaidade ou nos joga nas margensdo desânimo. Até nos lembra certasocorrências no plano dos esportesatuais: Quando determinados des-portistas estão muito convencidosda vitória, pouco caso fazem doadversário, e perdem fragorosamen-te!

Kardec, porém, insiste, na ques-tão 870: “Mas, se convém que o fu-turo permaneça oculto, por quepermite Deus que seja revelado al-gumas vezes?” Resposta: “Permite-o,quando o conhecimento prévio dofuturo facilite a execução de umacoisa, em vez de a estorvar, obrigan-do o homem a agir diversamente domodo por que agiria, se lhe não fos-se feita a revelação.” Analisamosa questão 871 e, sem comentário,transcrevemos a primeira frase daresposta:“Isso equivale a perguntarpor que não criou Deus o homemperfeito e acabado [recordando-nosa questão 119, capítulo I da Parte2a]; por que passa o homem pelainfância, antes de chegar à condi-ção de adulto [questão 379, Parte 2a

do capítulo VII]. E a continuidadeda resposta repousa sobre o óbvio,inclusive a faculdade que ao ho-mem foi dada de escolher, comconsciência, entre o bem e o mal.

8. Resumo teórico do móveldas ações humanas. (questão final,872): Desta síntese dos ensinos dosEspíritos Superiores, apresentadapor Kardec, vamos salientar apenasalgumas sentenças, por sua impor-tância no contexto, com vistas a ummelhor discernimento do leitor es-tudioso: 1) “(...) O homem não éfatalmente levado ao mal; os atosque pratica não foram previamen-te determinados; os crimes que co-mete não resultam de uma senten-

ça do destino.” 2) “(...) Cabe à edu-cação combater essas más tendên-cias.” 3) “(...) a encarnação não aanula. Se ele cede à influência damatéria, é que sucumbe nas provasque por si mesmo escolheu.” 4)“Sem o livre-arbítrio, o homem nãoteria nem culpa por praticar o mal,nem mérito em praticar o bem.”5) “(...) Nenhuma desculpa pode-rá, portanto, o homem buscar, pa-ra os seus delitos, na sua organiza-ção física, sem abdicar da razão eda sua condição de ser humano,para se equiparar ao bruto.” 6) “Afatalidade, como vulgarmente é en-tendida, supõe a decisão prévia eirrevogável de todos os sucessos davida, qualquer que seja a impor-tância deles. Se tal fosse a ordemdas coisas, o homem seria qual má-quina sem vontade.” 7) “Contudo,a fatalidade não é uma palavravã.” Basta façamos um apelo à ra-zão: “(...) De que lhe serviria a in-teligência, desde que houvesse de es-tar invariavelmente dominado, emtodos os seus atos, pela força do des-tino?”

A fatalidade existe, efetivamen-te, como conseqüência natural dogênero de vida que o Espírito esco-lheu como prova, expiação ou mis-são, cumprindo-lhe sofrer todas asvicissitudes dessa existência, saberutilizar-se bem das boas tendênciasque traz do passado, e superar astendências más que lhe forem ine-rentes, através do poder de sua von-tade. Todavia, “(...) não seria pos-sível que Deus, soberanamente jus-to, castigasse suas criaturas por fal-tas cujo cometimento não depende-ra delas, nem que as recompensassepor virtudes de que nenhum méri-to teriam”. 8) “Há fatalidade, por-tanto, nos acontecimentos que se

apresentam por serem estes conse-qüência da escolha que o Espíritofez da sua existência de homem.”Todavia, concluem eles: “Nunca háfatalidade nos atos da vida moral.”9) “No que concerne à morte é queo homem se acha submetido, emabsoluto, à inexorável lei da fatali-dade, por isso que não pode escaparà sentença que lhe marca o termoda existência, nem ao gênero demorte que haja de cortar a esta ofio.” 10) Quanto à responsabili-dade do homem pelos seus atos, oensino da Doutrina Espírita é damais alta moral. “(...) Ela admiteno homem o livre-arbítrio em todaa sua plenitude e, se lhe diz que,praticando o mal, ele cede a umasugestão estranha e má, em nadalhe diminui a responsabilidade,pois lhe reconhece o poder de resis-tir, o que evidentemente lhe é mui-to mais fácil do que lutar contra aprópria natureza.” Eis que não sepode contrapor à veracidade comque o Codificador encerra o trechoem análise: “Assim, de acordo com aDoutrina Espírita, não há arrasta-mento irresistível (...).” (Destaquenosso.)

Emociona-nos prever, e já nãoestá tão longe, o dia em que os ho-mens das mais diversas confissõesdo Cristianismo, clérigos, pastores,filósofos, livres-pensadores, cien-tistas, políticos e outros, tiveremem suas mãos esta obra notável –O Livro dos Espíritos – sob a com-preensão de que não se trata deuma obra humana, mas enviadapelo Cristo de Deus através daMediunidade, não com exclusivi-dade para os espiritistas mas paratodos os homens deste planeta! Éuma emoção que nos transporta aplanos indizíveis!...

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ABRAME: III Encontro Nacional A Associação Brasileira dos Magistrados Espíritasrealiza em Goiânia (GO), de 7 a 10 de setembro cor-rente, o III Encontro Nacional dos Magistrados Espíri-tas, com o tema central Espiritismo e Direito no Sécu-lo XXI. A instalação do Encontro, dirigida peloPresidente da ABRAME, Magistrado Zalmino Zim-mermann, será no Tribunal de Justiça do Estado deGoiás, e a palestra inaugural caberá a Divaldo PereiraFranco. A programação do evento, com seis conferên-cias e três painéis, desenvolve-se na sede da Associaçãodos Magistrados Espíritas do Estado de Goiás. Partici-parão do evento os Ministros Paulo Roberto da CostaLeite (DF), Francisco César Asfor Rocha (DF), Walde-mar Zveiter (RJ) e Milton de Moura França (DF).

Maringá (PR): Jornada Espírita Realizou-se em Maringá, de 6 a 14 de agosto passado,a I Jornada Espírita – Inter-Regional Leste (UREs: 1a

e 3a e Metropolitana) – promovida pela Comissão In-ter-Regional, com o apoio da Federação Espírita doParaná. O evento ocorreu no Auditório da AssociaçãoEspírita de Maringá (AMEM) e foi aberto às 14 horasdo dia 6, com o Seminário Autoconhecimento à luzdo Evangelho de Jesus, por Alírio de Cerqueira Filho(MT).

Divaldo nos EUA e na Oceania Após viagem de um mês por vários países da EuropaOcidental e Oriental, em maio e junho, Divaldo Pe-reira Franco realizou longa jornada em julho pelos Es-tados Unidos e a Oceania. No dia 9 participou, emNova York, de uma homenagem a Francisco CândidoXavier, promovida pela Allan Kardec Educational So-ciety, com a presença de outros convidados, entre osquais o Dr. John Rosner, Bispo da Igreja Presbiteria-na de Montreal (Canadá). No dia 10, viajou a Au-ckland (Nova Zelândia), a fim de proferir uma pales-tra pública, a primeira realizada em auditório leigo.No dia 13 seguiu para Sydney, na Austrália, onde pro-feriu quatro palestras, seguidas de mais uma em Mel-bourne. É assim que o querido seareiro do Cristo vaiespalhando as luzes do Consolador por este mundoafora.

São Paulo: Encontro Estadual de Educadores Realiza-se nos dias 17 e 18 deste mês, em RibeirãoPreto, o Encontro Estadual de Educadores da Infân-cia e Juventude, promovido pelo Departamento de In-fância e Juventude da União das Sociedades Espíritasdo Estado de São Paulo e organizado pelo Departa-mento da Infância da USE Intermunicipal de Ribei-rão Preto. Cerca de 250 participantes estarão reunidosnesse evento, cujo tema central é Educação Espírita –Exercícios de Aprender, que se desdobra através de ofi-cinas e práticas pedagógicas.

Argentina: CEA comemora 105 anos A Confederação Espiritista Argentina comemorou emjunho seu 105o aniversário de fundação e fecunda ati-vidade no estudo e divulgação da Doutrina Espírita,com a realização, no dia 18, às 17h30, de uma sessãosolene, da qual constaram as conferências Mensagensdo Espírito de Verdade e Guias Espirituais, Reunifi-cação do Movimento Espírita e Passado e futuro doEspiritismo. No encerramento, o Presidente da CEA,Dr. Félix José Renaud, prestou homenagens a perso-nalidades encarnadas e desencarnadas.

Espírito Santo: Campanha Em Defesa da Vida O 3o Conselho Regional Espírita, com o apoio daFederação Espírita do Estado do Espírito Santo, pro-moveu em 6 de agosto, na Sociedade de Estudos Es-píritas, de Vitória, o Painel Violência – Causas, Con-seqüências e Soluções, como parte da Campanha EmDefesa da Vida. Foram tratados os seguintes assun-tos: Aborto, pela Cruzada dos Militares Espíritas(CME-ES); Suicídio, pela Associação Jurídica Espíri-ta (AJE-ES); Drogas, pela Associação Brasileira dosMagistrados Espíritas (ABRAME-ES); e Eutanásia, pelaAssociação Médico-Espírita (AME-ES).

Rio de Janeiro: Evento Pró-Unificação Esse evento ocorre no Instituto Espírita “Oásis no Ca-minho”, em Piraí, no dia 7 do corrente mês, das 10hàs 16h, com o tema Os Mentores Espirituais da Unifi-cação Fluminense, que será desenvolvido por CarlosAugusto Abranches. A promoção é da Federação Es-pírita do Estado do Rio de Janeiro (FEERJ).

SEARA ESPÍRITA

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