serie proext n1

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ISSN Online 2357-755X R ECONHECENDO CAMINHOS PARA UMA E DUCAÇÃO P ATRIMONIAL NO TERRITÓRIO CEARENSE S ÉRIE P ATRIMÔNIO C ULTURAL E E XTENSÃO U NIVERSITÁRIA

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  • ISSN Online 2357-755X

    R E C O N H E C E N D O C A M I N H O S PA R A U M A E D U C A O PAT R I M O N I A L N O T E R R I T R I O C E A R E N S E

    S R I E P A T R I M N I O

    C U L T U R A L E

    E X T E N S O

    U N I V E R S I T R I A

  • Presidenta da Repblica Dilma Rousseff Ministra de Estado da Cultura Marta Suplicy Presidenta do Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional Jurema Machado Diretoria do Iphan Andrey Rosenthal Schlee Clia Maria Corsino Luiz Philippe Peres Torelly Marcos Jos Silva Rgo Robson Antnio de Almeida

    CORPO EDITORIAL Editor-chefe - Luiz Philippe Torelly Editor-assistente - Rodrigo Ramassote Equipe Editorial Snia Regina Rampim Florncio Pedro Clerot Juliana Bezerra Maria Regina de Silos Nakamura Mrcia Oliveira de Almeida Lima Kleber de Souza Mateus Diana Dianovsky Ivana Cavalcanti Desire Tozzi Juliana de Souza Silva

    PUBLICAO IRREGULAR / IRREGULAR PUBLICATION

    Coordenao de Educao Patrimonial (CEDUC) SEPS 713/913 | Lote D | 4o andar 70390-135 - Braslia/DF Fone:(61) 2024-5456/5457/5458 e-mail: [email protected]

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    RECONHECENDO CAMINHOS PARA UMA EDUCAO PATRIMONIAL NO TERRITRIO CEARENSE

    Lucia Maria Gonalves Siebra1 Vanessa Louise Batista2

    Zulmira urea Cruz Bomfim3 RESUMO

    Esse artigo visa apresentar a trajetria da criao de uma linha de extenso e pesquisa na Universidade Federal do Cear atravs da elaborao do projeto intitulado Educao Patrimonial e Ambiental - Aes Protetoras frente ao Risco e Vulnerabilidade Social da Juventude. Considerando que o ano de 2012 foi marcado por vrias situaes e fatos polticos que atravancaram as articulaes necessrias para o andamento contnuo e efetivo das aes previstas no trabalho em campo - o caminho possvel foi a expanso interna da discusso e criao de estratgias de continuidade para efetivar pesquisas e intervenes sobre a Educao Patrimonial a partir do contato com a realidade escolar e comunitria no bairro Jacarecanga, Fortaleza-CE. Sendo assim, os conceitos e mtodos desenvolvidos no Laboratrio de Pesquisa em Psicologia Ambiental (LOCUS), em 2012, foram propagadores da relevncia do aprofundamento dessa temtica, agregando outros ncleos de pesquisa e extenso do Departamento de Psicologia que se integraram para, juntos, gerarem um campo de pesquisa e extenso voltado ao desenvolvimento de conhecimento e mtodos facilitadores dos vnculos entre a populao e a gesto pblica em prol do patrimnio cultural cearense. Palavras-chave: Educao ambiental. Educao patrimonial. Territrio. Espao pblico. Cidade. ABSTRACT

    This article presents the history of the creation of an extension and research line at the Universidade Federal do Cear through the elaboration of the project titled Educao Patrimonial e Ambiental - Aes Protetoras frente ao Risco e Vulnerabilidade Social da Juventude. Considering that the year 2012 was marked by

    1 Profa. Dra. do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Cear, Laboratrio de Pesquisa em Psicologia Ambiental - LOCUS. Coordenao adjunta do Programa LOCUS - Educao Patrimonial e Ambiental: Aes Protetoras frente ao Risco e Vulnerabilidade Social da Juventude (LOCUS/Proext 2012). e-mail:[email protected] 2 Profa. Dra. do Departamento de Fundamentos da Educao da Universidade Federal do Cear, Laboratrio de Estudos sobre a Conscincia - LESC-PSI. Colaboradora do Programa LOCUS/Proext 2012. e-mail: [email protected] 3 Profa. Dra. do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Cear, Laboratrio de Pesquisa em Psicologia Ambiental - LOCUS - Coordenao geral Programa LOCUS/Proext 2012. e-mail: [email protected]

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    several political situations and facts that cluttered the necessary articulations for the continued progress and effective joint actions envisaged in field work - the possible way was the expansion of internal debate and the creation of continuity strategies in order to accomplish research and interventions on Heritage Education through the contact with the reality of the school and of the Jacarecanga neighborhood community, at Fortaleza -CE. Therefore, the concepts and methods developed in the Laboratrio de Pesquisa em Psicologia Ambiental (LOCUS), in 2012, were spreaders of the relevance in deepening this theme, bringing together other extension and research centers of the Psychology Department, which have joined together, in order to generate a field of research and extension aimed at the development of knowledge and facilitating methods of linkages between population and public management in favor of Cears cultural heritage Key Words: Environmental education. Heritage education. Territory. Public space. City.

    APRESENTAO

    A relao entre Educao Ambiental e Patrimonial se d a partir de um indicativo de

    que ambas podem se valer de mtodos semelhantes para atuar no territrio e gerar novas

    formas de vinculao popular e insero no processo de construo geo-histricas alm

    de uma nova matriz cultural e poltica para a vida nas cidades. A dicotomia entre a vida

    industrial e a vida no campo foi se acirrando ao longo da histria humana, gerando o

    que se denomina de vida urbana e vida rural. Embora essa seja a viso proeminente,

    inclusive dentre muitas teorias sociais e polticas, acredita-se que tal dicotomia gera

    modelos culturais excludentes e ideologicamente projetados para a manuteno de uma

    cultura hegemnica comprometida com as estruturas de dominao.

    A Educao produz Cultura, gera posicionamentos sociais e polticos, conduz uma

    sociedade a agir em seus territrios, seja consciente ou alienadamente. Assim, pensar e

    atuar sob a tica educativa faz-lo na perspectiva de uma produo cultural que

    valorize e se aproxime da vida existente nos territrios e localidades, em suas

    especificidades, diversidade e complexidade; gerar novos valores, novas formas de

    apropriao do contexto geo-histrico da existncia humana no territrio vivo e

    dinmico; revisitar e atualizar o passado em prol de um futuro pacfico e revitalizador

    da vida nas cidades, seja em seus espaos centrais ou perifricos, nas dinmicas

    industriais (comerciais e financeiras) ou rurais.

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    A discusso acerca da Educao Ambiental tem se ampliado mundialmente na medida

    da compreenso de sua relevncia para o enfrentamento da crise ambiental que vem se

    instalando no espao mundo, em funo das prticas capitalistas globalizadas e

    distanciadas da vida sustentvel. A cultura global desterritorializa as prticas cotidianas,

    gerando um modelo de urbanidade tal que a histria dos povos e suas produes

    (materiais e imateriais) so descontextualizadas da vida pblica e privada, gerando a

    desvalorizao das prticas populares e tradicionais e a degradao fsica e simblica

    dos espaos, sejam pblicos ou privados.

    O estudo e as delimitaes acerca do que se considera patrimnio cultural tm sido

    construdo de forma a se ampliar e aprofundar, mediante diversos mtodos cientficos.

    Contudo, a perspectiva participativa para se pensar uma Educao Patrimonial gera, no

    apenas uma forma de adaptao das pessoas aos valores dotados institucionalmente pelo

    Iphan, mas oferece uma ampliao semntica do termo patrimnio cultural.

    Em atividades coletivas ou em conversas mais ntimas com os moradores das

    localidades trabalhadas, o Patrimnio como tema gerador para a reflexo da vida na

    cidade leva os sujeitos a se reportarem sua histria de vida e a se apropriarem de seus

    lugares, de suas caractersticas identitrias e histricas. A palavra Patrimnio, quando

    apresentada aos cidados das diversas idades, leva-os a refletirem acerca de dimenses

    fundamentais vida humana: a) histrica e sociocultural; b) comunitria e intergrupal; e

    c) afetiva e pessoal.

    As prticas de Educao Ambiental desenvolvidas pelo Laboratrio de Pesquisa em

    Psicologia Ambiental - LOCUS - consideram tais dimenses para a facilitao de

    processos de conscientizao, concebendo as diferentes formas de envolvimento dos

    indivduos ao se apropriarem e se comprometerem consigo e com os outros em sua

    trajetria vivida. Vale ressaltar que a conscincia no algo a ser desenvolvido de fora

    para dentro, a base de uma ao heternoma, mas sim atravs de um processo

    interpessoal e contnuo - seu desenvolvimento possvel mediante um

    comprometimento pessoal de aprofundamento compreensivo acerca do pertencimento

    individual e coletivo nos espaos de vida e convivncia.

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    As intenes de gerar novos entendimentos e compreenses acerca da cultura vigente e

    das necessidades prementes de transform-la em prol de um mundo sustentvel

    atravessam as questes que so pertinentes ao objeto da Educao Patrimonial, j que o

    Patrimnio Cultural evidncia das produes humanas no territrio, sejam materiais

    ou imateriais. A convergncia, portanto, faz com que os objetos da Educao Ambiental

    e Patrimonial se integrem e ambas possam ser desenvolvidas como uma perspectiva

    complexa de atuao. Vale ressaltar, portanto, que a Educao Ambiental aqui proposta

    no se restringe a refletir e atuar apenas na dimenso ecolgica, mas entende que o

    ambiente, como o definiu Milton Santos, a "organizao humana no espao total" e o

    espectro analtico-interventivo composto por dimenses sociopolticas, econmicas,

    culturais e ecolgicas.

    Assim, as atividades desenvolvidas foram divididas em trs ncleos: a) Ncleo terico-

    conceitual: destinado ao levantamento e aprofundamento terico e documental acerca

    do Patrimnio Cultural Brasileiro e do Socioambiente Cearense, assim como as prticas

    educativas a eles relacionadas; b) Ncleo interventivo: voltado ao mapeamento dos

    espaos comunitrios e institucionais da cidade propcios ao desenvolvimento das

    atividades de Educao Patrimonial; c) Ncleo de Ensino Institucional: visando a

    formao continuada do grupo de alunos e professores interessados em se aprofundarem

    na temtica.

    A sistematizao das aes de cada ncleo favoreceu a implantao de uma linha de

    atuao e pesquisa no Departamento de Psicologia e, mais recentemente, no de

    Departamento Fundamentos da Educao em funo do envolvimento de professores

    dos mesmos. A perspectiva de continuidade do trabalho vislumbra a chegada de novos

    professores de outros departamentos, j que se pretende desenvolver uma perspectiva

    interdisciplinar de atuao no campo da Educao Patrimonial na Universidade Federal

    do Cear - UFC.

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    NCLEO TERICO-CONCEITUAL EM EDUCAO PATRIMONIAL E AMBIENTAL

    Denominou-se de Ncleo Terico-conceitual em Educao Patrimonial e Ambiental as

    aes planejadas diretamente para atender demanda existente no grupo de trabalho

    (professores, alunos e voluntrios) relativo aos conceitos bsicos das reas temticas de

    Educao Patrimonial e Psicologia Ambiental. Enquanto nesta ltima j havia um

    percurso terico sedimentado anteriormente no Laboratrio, o mesmo no ocorria a

    respeito da Educao Patrimonial - era a primeira incurso no universo do Patrimnio

    Cultural.

    Duas estratgias formativas foram implementadas: um grupo de estudo e trs cursos

    com professores convidados. O grupo de estudos props como contedos orientados

    para as discusses, por um lado, a questo da cidade e do espao pblico, e por outro, os

    conceitos de patrimnio histrico e cultural, referncias culturais e valores, este era o

    dilogo proposto. A ideia desenvolvida no grupo de estudos perpassou toda a proposta

    de trabalho, ou seja, uma aproximao entre a produo terico-metodolgica da

    Psicologia e o campo do Patrimnio Cultural.

    Os cursos realizados abordaram trs segmentos considerados fundamentais: a educao

    patrimonial, a cultura ambiental e o registro imagtico atravs da fotografia.

    Foi realizada inicialmente uma conferencia denominada "Sustentabilidade: Valores e

    Cultura Ambiental" pelo Prof Dr. Ricardo Garcia Mira, da Universidade da Corua. O

    evento teve carter informativo e foi aberto comunidade.

    O mesmo convidado, aprofundou a temtica da conferncia, ministrando o primeiro

    curso, parte do programa formativo, com o tema "Sustentabilidade: Valores e Cultura

    Ambiental" realizado em trs dias. Participaram 50 pessoas, incluindo professores e

    alunos da UFC e de outras universidades, alm de funcionrios de orgos pblicos

    municipais e estaduais. As pessoas inscritas puderam aprofundar questes torico-

    prticas trazidas pelo professor que abordou o tema da sustentabilidade, visto pela

    Psicologia Ambiental Europia, com nfase no comportamento ecolgico.

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    Como parte do curso foram realizadas atividades de campo no litoral cearense, as quais

    foram realizadas em localidades onde a vulnerabilidade social est presentes e demanda

    uma interveno comunitria.

    O segundo curso desenvolvido teve como tema a Educao Patrimonial e foi

    ministrado pela Prof Simone Fernandes, tcnica do Instituto do Patrimnio Histrico e

    Artstico Nacional de Ouro Preto e membro da Casa do Patrimnio naquela localidade.

    As prticas desenvolvidas por esse grupo apresentavam semelhanas interessantes e

    referncias importantes para o aprofundamento do dilogo entre os grupos.

    Alm da abordagem terica acerca dos temas Patrimnio Cultural e Educao

    Patrimonial, foi realizada uma trilha no bairro Jacarecanga, acompanhada tambm pelo

    professor do curso de fotografia (curso que ser apresentado a seguir). Esta atividade no

    campo integrou os grupos participantes dos dois cursos, tendo sido uma estratgia

    bastante enriquecedora. A trilha congregou, alm dos participantes dos referidos cursos,

    alunos das disciplinas de Prticas Integrativas I e II. Ao oferecer condies prticas de

    aproximao entre os mtodos adotados pelo LOCUS e pela Casa do Patrimnio de

    Ouro Preto, foram identificadas as condies de replicao dessa vivncia junto

    comunidade do referido bairro e a necessidade de aprofundar o conhecimento sobre o

    uso de equipamentos de registro a fim de otimizar recursos subsidirios educao

    ambiental e patrimonial proposta.

    O terceiro curso foi realizado pelo Prof. Marcos Vieira, fotgrafo profissional,

    socilogo e mestre em Polticas Pblicas e Sociedade, estudioso da cultura brasileira.

    Foi voltado a iniciantes e amadores que desejassem aprender e/ou aperfeioar as

    tcnicas de fotografia com qualquer tipo de equipamento fotogrfico, aproximando

    alunos e interessados a aprender fotografia, observando os patrimnios culturais

    existentes no Jacarecanga.

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    NCLEO INTERVENTIVO EM EDUCAO AMBIENTAL E PATRIMONIAL

    As atividades de campo realizadas pelo Ncleo Interventivo em Educao Ambiental e

    Patrimonial podem ser estruturadas da seguinte forma: a) articulao institucional no

    bairro, b) trilhas socioambientais e c) mapas afetivos.

    ARTICULAO INSTUCIONAL NO BAIRRO

    Considerando os espaos pblicos e institucionais do Bairro do Jacarecanga na cidade

    de Fortaleza - CE, as aes socioambientais partiram de um mapeamento

    sociocomunitrio e institucional para deflagrar um processo de "restaurao" da vida

    pblica que, em decorrncia dos espaos abandonados (por sua antiguidade e desuso) se

    tornaram lugares de usos marginais e estigmatizados.

    Embora tenham sido identificadas instituies pblicas estaduais e municipais nas

    redondezas, foram privilegiadas aquelas do entorno imediato da praa para os contatos

    iniciais e apresentao da proposta de atuao, cuja aceitao foi imediata para iniciar o

    Programa de Educao Patrimonial e Ambiental.

    Os trabalhos realizados nos espaos pblicos, associaes e instituies do bairro foram

    iniciados durante o ms de fevereiro de 2012, mediante a visitao e compartilhamento

    da proposta do projeto junto aos seguintes atores sociais que vivenciam a realidade da

    Praa do Liceu: ocupantes da praa do Liceu (juventude e flanelinhas); estudantes,

    gestores e professores das escolas vizinhas, gestores do corpo de bombeiros, presidentes

    de associaes de moradores e comerciantes.

    Trilhas Socioambientais

    As trilhas socioambientais desenvolvidas pelo LOCUS tm como caracterstica

    principal a reflexo dos participantes acerca do territrio j conhecido, porm nem

    sempre "reconhecido" por eles. Parte de uma metodologia das Cincias Geogrficas que

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    mapeia o territrio, propondo caminhos pertinentes ao tema definido para a trilha. A

    Psicologia Ambiental introduz o olhar afetivo juntamente com a reflexo scio-

    histrica, o territrio visto como refletor da historicidade. Busca-se redescobrir valores

    e compreender a importncia do patrimnio como bem cultural de uma populao; um

    processo de (re)construo da identidade, visando ao final a apropriao deste espao-

    lugar.

    As trilhas socioambientais realizadas pelo bairro trouxeram ao conhecimento do grupo a

    Vila So Jos, de origem operria e de importncia histrica para o bairro e cidade.

    Neste lugar as parcerias aconteceram junto aos moradores protagonistas de ao social

    no bairro ou de referncia histrica daquela pequena localidade. Alm da Vila So Jos,

    merece destaque um equipamento cultural cuja gesto do Governo do Estado, trata-se

    da Escola de Artes e Ofcios Tomaz Pompeu, que desenvolve aes formativas na rea

    de Patrimnio Cultural.

    A trilha realizada no bairro Jacarecanga teve seu incio no Cemitrio So Joo Batista,

    equipamento de valor histrico para a cidade de Fortaleza e que se localiza na divisa

    entre os bairros Jacarecanga e Centro. Foram importantes as reflexes do grupo

    participante sobre este espao pblico da cidade, muitos alunos nunca o haviam visitado

    e desconheciam seu valor como patrimnio. Participaram desta trilha os professores dos

    Cursos de Educao Patrimonial e de Fotografia, enriquecendo com seus aportes as

    discusses.

    A trilha partiu do Cemitrio So Joo Batista tendo como pontos de visita e/ou de

    paradas: Parquia Nossa Sra. dos Navegantes, Escola de Aprendizes Marinheiros, Vila

    So Jos, Escola de Artes e Ofcios Tomaz Pompeu, terminando na Praa do Liceu onde

    se encontram o Corpo de Bombeiros e os colgios Liceu do Cear e Juvenal Galeno.

    As caminhadas pelos lugares trouxeram um contato diferenciado, um valor vivenciado e

    um saber experimentado. Presenciar a histria da cidade testemunhando o estado das

    edificaes e do bairro antigo um procedimento potente para despertar um olhar atento

    para a prpria histria. O modo como se cuida dos espaos, produz uma esttica que

    relata o zelo histria do povo de um lugar.

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    O impacto imagtico gera sensaes [corpreas] distintas e, muitas vezes dissonantes.

    Exige novos olhares, novas leituras sobre o socioambiente vivido. E por imagem se

    entende toda a afetao ao corpo, seja sonora, visual, gustativa, ttil ou olfativa.

    Mapas afetivos

    O Mapa Afetivo, considerado um instrumento de diagnstico-ao, desenvolvido pelo

    LOCUS e tem buscado reconhecer a forma como os indivduos percebem e vivenciam

    seus locais de vida, assim como os qualifica afetivamente. Criado em 2006, vem se

    desenvolvendo em diversos bairros de Fortaleza, considerados de baixo ndice de

    desenvolvimento humano: bairros da regional III e Lagamar.

    A partir do Proext 2012 iniciou-se a utilizao dos mapas para a compreenso sobre os

    nveis e graus de valorizao dos patrimnios edificados do bairro Jacarecanga tendo

    como pblico alvo a juventude local. Foi possvel, ento, avaliar o que esta populao

    pensa e sente a respeito da cidade e seus patrimnios, visando desenvolver processos de

    apropriao da histria do espao de vida, o pertencimento ao lugar, assim como seus

    significados e o sentido que adquirem enquanto patrimnios culturais.

    Por meio da aplicao e anlise do instrumento gerador dos mapas afetivos (BOMFIM,

    2010), pde-se perceber as imagens representativas do bairro e como este vivenciado e

    representado pela juventude. Esses dados foram subsidirios para a elaborao de

    algumas aes de Educao Patrimonial e Ambiental.

    A importncia dada aos aspectos simblicos e de construo de significados na relao

    entre pessoa e ambiente se d de maneira que no h uma dicotomia entre a

    subjetividade e entorno. Pessoa e espao compreendem uma s totalidade expressa nos

    sentimentos que podem ser de pertencimento, acolhimento, beleza, agradabilidade,

    medo, insegurana ou, at mesmo, sentimentos destrutivos.

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    Duas importantes categorias de estudo em psicologia ambiental esto presentes neste

    trabalho: apropriao do espao e a afetividade. A primeira pode ser compreendida

    como um processo de identificao com o lugar, ao mesmo tempo em que se age

    diretamente no espao deixando sua marca. Transformar um espao em um lugar

    significativo para o sujeito um exemplo deste processo (POL, 1996).

    A afetividade, compreendida atravs de sentimentos e emoes, expressa a implicao e

    a relao direta (ou indireta) do indivduo com o lugar, funcionando como um indicador

    da tica e da cidadania. A forma como o habitante se implica com o lugar funciona

    como um indicador de sua ao. O instrumento dos mapas afetivos (BOMFIM, 2010),

    baseia-se nesta categoria para estudar as relaes socioambientais que, por intermdio

    da percepo do jovem, revelam os sentimentos e emoes em relao ao bairro, s

    edificaes antigas e a estima que debruam sobre eles.

    Para este diagnstico da situao do bairro de Jacarecanga, foram considerado os

    aspectos apontados pelos jovens estudantes das escolas pblicas da localidade: Colgio

    Juvenal Galeno e Colgio Liceu do Cear. A aplicao do instrumento dos mapas

    afetivos foi realizada com uma turma de ensino mdio de cada instituio de ensino,

    junto a trinta e nove participantes presentes. Tal procedimento ocorreu em sala de aula,

    com o consentimento da direo de ambas as escolas e endosso dos alunos que se

    dispuseram a participar.

    Os resultados apontaram a presena de imagens de insegurana, destruio, contraste,

    pertencimento, atratividade e agradabilidade mostrando que a representao e a vivncia

    no bairro Jacarecanga podem ter inmeras significaes. Dos trinta e nove questionrios

    coletados vinte foram provenientes do Colgio Juvenal Galeno, no qual, 55% dos

    participantes estudam e moram no bairro. Com relao s imagens, a de destruio foi

    encontrada em 25%, a de insegurana uma frequncia de 20%, contraste tambm

    apresentou 20%, pertencimento15%, agradabilidade 10% e atratividade 10%. A

    violncia foi bastante enfatizada nos mapas afetivos dos estudantes. Muitos

    representavam situaes de assalto na praa e compra de drogas com o dinheiro do

    furto.

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    A Praa Gustavo Barroso (localizada em frente ao Liceu do Cear) marcada pelo

    estigma da violncia, pela figura dos assaltos, pelo perigo, provocando medo e tenso

    nos estudantes, os quais evitam atravess-la. Tanto os estudantes que moram e estudam

    no bairro quanto os que moram em outro bairro e esto ali s para estudar, ambos

    reinvindicam segurana pblica. Mas o estigma da insegurana e da violncia foi mais

    enfatizado por aqueles que no moram no bairro.

    Percebe-se, ento, que os jovens moradores do bairro, embora identifiquem a

    insegurana proveniente do abandono dos espaos pblicos desse bairro histrico,

    apresentam certa tolerncia e desenvolvem formas de aproximao e uso destes, apesar

    do perigo eminente. Contudo, aqueles que moram em outro bairro e utilizam aquele

    espao em momentos especficos precisam se sentir mais seguros para que possam

    usufruir e valorizar os espaos do bairro, assim como conhecer sua histria e cultura.

    Ambos necessitam de melhores condies de uso para tornarem estes espaos lugares

    significativos para si e seus grupos de convvio.

    Com base nestes resultados e nas avaliaes ambientais feitas em grupos reflexivos e

    dialgicos junto aos jovens estudantes, emergiu a proposta de um ato pblico

    denominado Praa do Liceu: Este patrimnio tambm meu com objetivo de

    reavivar os usos da praa, j abandonada pela populao. Objetivou-se, tambm, neste

    evento prestar informaes populao acerca da histria do bairro, discutir solues

    para os problemas encontrados nas reas de sade, esporte, cultura, culinria, lazer,

    segurana, saneamento e memria do bairro. Este evento foi planejado, porm

    parcialmente realizado, devido aos impedimentos provocados face ao ano atpico para a

    cidade e para a universidade: o perodo eleitoral (para prefeito da cidade) inviabilizou a

    ao efetiva do poder pblico, que pouco pode ser parceiro no desenvolvimento dos

    trabalhos; e a greve federal das universidades que ocupou boa parte do ano letivo,

    restringindo o perodo de vigncia do projeto e, consequentemente, a execuo das

    atividades do projeto.

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    NCLEO DE ENSINO INSTITUCIONAL

    Convencionou-se denominar Ncleo de Ensino Institucional a incluso de contedos

    fundamentais ao desenvolvimento do programa em duas disciplinas obrigatrias do

    curso de graduao em Psicologia, Prticas Integrativas I e II. Os alunos das disciplinas,

    aps preparao terica em sala de aula, seguiram para o campo com o objetivo de

    estudar o territrio e identificar equipamentos de interesse educativo e cultural. Atravs

    de visitas aos moradores de uma vila operria, foram capazes de resgatar a memria do

    lugar e traar um perfil daquela comunidade, ainda protegida da especulao

    imobiliria presente na cidade de Fortaleza.

    A disciplina optativa de Psicologia Ambiental foi criada em 2003 com o objetivo de

    difundir a psicologia ambiental no curso de psicologia de forma interdisciplinar,

    agregou subsdios ao projeto por intermdio das trilhas culturais e ecolgicas e dos

    contedos ministrados em sala de aula. A cada ano a disciplina enfatiza uma temtica

    especial priorizada em suas aulas prticas, e no ano de 2012, a nfase foi dada ao tema

    do patrimnio histrico e cultural. A trilha cultural deu nfase ao teatro Jos de Alencar,

    apresentando os detalhes de sua histria e memrias presentes nesta edificao e na

    cidade de Fortaleza. As visitas ao Museu do Cear possibilitou a articulao entre as

    informaes sobre a histria da cidade e a percepo ambiental referente constituio

    urbanstica e arquitetnica vislumbrada durante o percurso.

    A trilha cultural e ecolgica da disciplina Psicologia Ambiental foi realizada no stio

    histrico de Aracati-CE e em seu bairro litorneo Canoa Quebrada, respectivamente,

    com a participao dos alunos da disciplina e participantes do curso Sustentabilidade e

    Valores Ambientais. Nesta trilha foi possvel perceber a importncia de conhecer um

    dos Stios Histricos do Cear e sua relao com os ambientes naturais degradados

    como parte de um processo mais amplo de preservao do patrimnio. Durante esse

    atividade privilegiou-se a reflexo sobre a preservao da natureza e do fazer destas

    populaes como parte deste processo e estratgia fundamental para a transformao

    dos significados atribudos a estes lugares, assim como das posturas diante das

    condies socioambientais nesses espaos repletos de significaes scio-polticas e

    culturais da sociedade cearense.

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    Ao chegar na Vila do Estevo, em um encontro com a rede comunitria de Canoa

    Quebrada (associaes, conselho, comrcios...), refletiu-se acerca das condies geo-

    histricas daquele territrio, em sua forma de ser e fazer-se cidade. Tal encontro derivou

    perspectivas de continuidade das aes, repercutindo na elaborao de projetos

    conjuntos em parcerias locais e institucionais. Esse momento reafirmou a parceria entre

    o Locus e o Laboratrio de Estudos Sobre a Conscincia (Lesc-PSI) firmando os

    interesses mtuos de desenvolvimento das proposies metodolgicas em pesquisa-

    ao. Assim, nasceu a proposta do projeto submetido ao PROEXT 2013, denominado

    Patrimnio, Cultura e Conscincia Biocntrica. Essa proposta foi desenvolvida junto

    com a equipe do projeto "Duas Fendas" na Vila do Estevo em Canoa Quebrada e dos

    moradores, atores locais, sendo apoiada pela nova gesto do governo municipal,

    integrando uma rede para a efetivao da Educao Patrimonial em abrangncia local.

    Foi criada, ainda em 2012, a disciplina optativa Psicologia e Arte, ofertada em 2013 no

    curso de Psicologia, porm aberta a outros cursos da universidade. Dentre os contedos

    selecionados podem ser destacados os conceitos de patrimnio cultural, referncias

    culturais, arte pblica, cultura e identidade nordestina. Dedicou-se parte da carga horria

    a temas preparatrios e de sensibilizao para o PROEXT-2014 que abordar o tema da

    Memria, Identificao e Valorizao da Cultura Sertaneja. Para esse projeto, foi

    firmada a parceria com o NUCOM Ncleo de Psicologia Comunitria, com larga

    atuao na rea de Psicologia Social, que atua em territrios rurais, lugares em que o

    Patrimnio Imaterial deixa marcas visveis e so passveis de valorizao e

    evidenciao. Esta vinculao vem, portanto, ampliar a rede institucional criada no

    campo de pesquisa e extenso em Educao Patrimonial da Universidade Federal do

    Cear.

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    FATORES FACILITADORES E DIFICULTADORES DA EXECUO DO PROJETO

    As possibilidades de avano do processo de

    aprofundamento das aes no Jacarecanga

    levou o grupo de professores envolvidos nos

    trabalhos a buscarem caminhos alternativos e

    assim criar novas possibilidades de agir no

    territrio cearense. Assim, embora tenha

    havido uma srie de dificuldades para a

    execuo do projeto como planejado, outras

    alternativas foram sendo construdas mediante

    as parcerias com a comunidade da Vila So

    Jos e a Casa Toms Pompeu, no prprio

    bairro; como entre os laboratrios

    extensionistas da UFC e seus campos de

    atuao dentro e fora da cidade.

    O contexto poltico partidrio emergente em 2012, ano de eleio para prefeitura da

    cidade, foi um dos grandes empecilhos para as aes de parceria com o poder pblico e

    a efetiva realizao dos eventos planejados junto aos usurios da praa e instituies

    vizinhas, diante deste dado de realidade, o grupo optou por investir nas iniciativas

    comunitrias da redondeza.

    E no h como no considerar o impedimento trazido pela greve nacional das

    instituies de ensino federal, que alm de retardar parte das aes, inviabilizou outras,

    j que no se podia contar com os alunos na atividade extensionista como previsto

    inicialmente, nem mesmo com a administrao do recurso proveniente governo federal.

    Contudo, ao serem retomadas as aulas, foi possvel ampliar o conhecimento acerca do

    Figura 1: Base extensionista de Educao Patrimonial Fonte: Elaborao prpria, 2013

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    funcionamento do bairro e revisitar alguns dos parceiros, compartilhando o caminho

    percorrido at ento.

    Assim que as aulas reiniciaram, as atividades foram retomadas e os contatos

    comunitrios reavivaram as possibilidades de continuidade das aes de

    aprofundamento dos vnculos com os antigos moradores da Vila So Jos em Fortaleza

    e, tambm, da Vila do Estevo em Aracati.

    ENCADEAMENTO E ARTICULAO DE AES DE EXTENSO (2012-2013) E A CONSTRUO DE MATRIZES TERICO-METODOLGICAS PARA A EDUCAO PATRIMONIAL

    (...) o prprio pensamento emerge de incidentes da experincia viva e a eles deve permanecer ligado, j

    que so os nicos marcos por onde se pode obter orientao (ARENDT, p. 41, 2005).

    Considerando a trajetria do grupo formado por professores e alunos do Departamento

    de Psicologia da Universidade Federal do Cear e, posteriormente do Departamento de

    Fundamentos da Educao da mesma Universidade, as perspectivas de aprofundamento

    das aes educativas no tocante ao tema gerador "Patrimnio Cultural" foi ampliando o

    leque de conexes metodolgicas e tericas, vinculando atividades j desenvolvidas a

    novos processos de significao entre as comunidades das localidades trabalhadas pelos

    professores e alunos. Nesse sentido, a Educao Patrimonial se tornou possibilidade de

    integrao dos diversos temas discutidos nos diferentes mbitos de pesquisa e extenso.

    As equipes dos diferentes grupos e laboratrios envolvidos no debate foram

    identificando as conexes com seus trabalhos e se apropriando de tal tema como objeto

    de estudo e atuao no territrio. Desse modo, gerou-se uma sucesso de projetos

    extensionistas para um desenvolvimento terico-metodolgico que fundamente as

    prticas educadoras voltadas ao patrimnio cultural cearense. E o trabalho no bairro de

    Fortaleza abriu caminhos para que novos territrios sejam considerados espaos

    educadores para a revisitao e valorizao da identidade do lugar.

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    BAIRRO JACARECANGA - FORTALEZA/CE

    Embora o trabalho interventivo durante o ano de 2012 tenha sido tmido e pouco

    aprofundado nas atividades em campo, gerou alguns parmetros de atuao alm da

    necessidade de buscar outros espaos para a efetivao de um planejamento estratgico

    da cidade sustentvel.

    A cidade de Fortaleza apresenta um cenrio socioambiental crtico posto que os espaos

    verdes e histricos esto deteriorados e toda ela desvinculada de sua origem; seus

    moradores demonstram pouco cuidado com o espao pblico e evidente uma

    diminuio dos vnculos afetivos dos mesmos com o lugar de moradia e um

    distanciamento interpessoal entre os habitantes das localidades.

    Considera-se que a noo de patrimnio gera um questionamento acerca da

    compreenso dos aspectos que valoram e valorizam o pertencimento e a dimenso

    identitria das pessoas em relao aos lugares em que vivem. A reflexo acerca do

    significado desse termo leva os sujeitos a se observarem como cidados. A populao

    mais antiga se conecta imediatamente s experincias do passado e reconstituem sua

    histria de vida ao explicitarem a histria do lugar. E a juventude demonstra seu apreo

    e potncia para transformar os espaos deteriorados em um lugar apropriado para sua

    vida cotidiana, idealizando atividades de restaurao e revitalizao da praa pblica

    sediada defronte escola em que estuda.

    Contudo, na Vila So Jos, as relaes de vizinhana so, em certa medida, preservadas

    atravs da rede de vizinhana que se mantm viva atravs do contato comunitrio

    constante e da manuteno do vnculo com a histria do lugar e sua importncia para a

    histria da cidade. Suas evidncias so: as rodas de conversas nas caladas, as festas

    comunitrias em datas comemorativas, os eventos religiosos etc.

    Essa vila foi construda como um espao de moradia para os operrios da Fbrica de

    Redes Philomeno Gomes, fundada em 1920 em Jacarecanga. Tal relao de moradia e

    trabalho algo marcante na vida dos antigos funcionrios, que rememorando suas

    funes e atividades, assim como a vida na vila, retratam a saudade e alegria em

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    pertencerem a esse grupo, como tambm o orgulho em morarem ali, por ser um espao

    que marcou sua histria de vida e preservou as caractersticas comunitrias da vida na

    metrpole cearense. Esse um local de valor histrico inestimvel para a memria da

    Cidade de Fortaleza e preserva alguns traos da sociabilidade prpria da vida em

    comunidade - lembranas que remontam a cidade em fragmentos de tempos4.

    Outro ponto marcante no contato com esse bairro foi a Escola de Artes e Ofcio Toms

    Pompeu, que recebeu os alunos em suas prticas de reflexo e pesquisa, assim como

    envolveu seus estudantes em atividades realizadas pela UFC no espao do bairro. Essa

    vinculao gerou interesses recprocos de aprofundamento do conhecimento acerca dos

    mtodos de articulao comunitria e utilizao dos equipamentos pblicos voltados ao

    patrimnio cultural.

    Tanto a Vila So Jos, quanto a escola Toms Pompeu foram fontes inspiradoras de um

    projeto de extenso, interno aos processos da universidade, denominado "Da Vila

    cidade: por uma Educao Patrimonial Potica e Libertadora" com o objetivo de mapear

    e evidenciar os aspectos intergeracionais que possibilitem reconstituir e enraizar a

    histria do bairro junto com seus moradores e visitantes para, ento, deflagrar um

    processo de Educao Patrimonial e revitalizao comunitria no espao pblico da

    vila.

    Com a expanso do modelo de urbanizao que se difunde globalmente e atinge as

    cidades de todo o mundo, os modelos solidrios de vida nas vilas vm se tornando cada

    vez mais escassos e, com isso, pasteurizando os estilos de moradia, de ocupao e uso

    dos espaos pblicos comuns. Crianas e velhos, que passam a maior parte de seu dia

    no local onde moram, apresentaram suas insatisfaes quanto violncia e a

    vulnerabilidade social crescente na vila durante as visitas domiciliares e conversas na

    praa.

    4 O mtodo de estudo sobre a vida da cidade a partir dos relatos e lembranas de velhos est profundamente retratado e teoricamente fundamentado na obra de Ecla Bosi (1995) "Memria e sociedade: Lembranas de Velhos"; l ela demonstra como os tempos se interpenetram na reconstituio histrica e afetiva do lugar de vida e da cidadania dos sujeitos.

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    Os vnculos ali construdos possibilitaram a abertura e confiana de alguns dos

    moradores para a identificao de demandas e necessidades em desenvolver aes

    educativas e comunitrias. Tais informaes incitaram a reflexo sobre a produo de

    mtodos facilitadores do processo dialgico intergeracional, a fim de favorecer elos

    sociais e reavivar o valor afetivo e histrico que o bairro possui para os seus moradores

    e visitantes. Deste modo, ser imprescindvel um trabalho socioambiental voltado

    emergncia do valor patrimonial da Vila So Jos para a cidade de Fortaleza.

    Aracati/CE

    A proposta do PROEXT 2013, intitulada Patrimnio, Cultura e Conscincia

    Biocntrica, envolveu os professores, extensionistas e pesquisadores do LESC-PSI

    desencadeando uma ao de mapeamento no territrio da cidade de Aracati - Stio

    Histrico do Cear. Buscando identificar, resignificar e valorizar os patrimnios do

    municpio, desenvolveu-se um Curso de Formao em Educao Patrimonial voltado

    aos professores de ensino bsico da rede pblica que facilitou o engajamento entre a

    escola, a comunidade e o poder pblico. Planejar e gerir a cidade a partir de uma base

    educadora em prol do patrimnio cearense. A cidade como um todo poder ser

    considerada um Patrimnio do Cear.

    Em parceria com a Secretaria de Planejamento do Municpio, foi possvel ampliar o

    contato com a comunidade de toda a cidade, identificando os diversos significados que a

    populao aracatiense d e o que considera patrimnio. Nesse sentido se evidenciou que

    estes tocam os diversos setores da gesto pblica, j que para sua preservao

    necessrio uma ao intersetorial e, portanto, um trabalho interdisciplinar na poltica

    pblica local.

    As aes educativas voltadas ao patrimnio evidenciam, em Aracati, que polticas

    intersetoriais so necessrias para a efetivao da transformao cultural da localidade.

    E a nfase no planejamento voltado perspectiva de evidenciao do patrimnio tem

    fomentado uma situao de semeadura e enraizamento dos aspectos identitrios

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    geradores de novas matrizes lgicas e psicolgicas para a vida comunitria e

    institucional.

    A participao popular na construo das diretrizes para o planejamento estratgico da

    cidade congregou 74 comunidades da cidade e cerca de 1400 moradores, em um

    processo de encontros territoriais e municipais. O encontro entre os bairros e as

    comunidades foi realizado em onze territrios e foram denominados "Encontros

    Comunitrios da Cidade". Com a facilitao do pesquisador extensionista Fabio de

    Oliveira Porto, foram efetivados em duas etapas e totalizando 22 encontros de

    moradores das distintas localidades acerca de suas demandas de melhorias. Foram dois

    momentos distintos, denominados fase A e B; o primeiro de carter reflexivo voltado

    sensibilizao da populao para as perspectivas de sua participao e outro gerador de

    prioridades para direcionar as aes da gesto pblica local.

    Durante os primeiros encontros a comunidade refletiu sobre aspectos relevantes a um

    planejamento participativo, remetendo aos aspectos identitrios de cada localidade. Para

    tanto, responderam as seguintes perguntas: Como me sinto em minha comunidade?

    Como se sente o visitante em minha comunidade? O que planejar? O que patrimnio

    Figura 2: Intersetorialidade e Planejamento Urbano Fonte: Elaborao prpria, 2013

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    de minha cidade? O que mobilizar? Quais as caractersticas de uma pessoa

    mobilizadora? Quem se identifica como tal?

    Estas questes remetem o morador a refletir sobre as caractersticas positivas

    emergentes da vida em sua comunidade, assim como as potencialidades que devem ser

    cultivadas e ampliadas em cada um desses lugares; despertando a ateno para questes

    da identidade pessoal e coletiva coerentes com seu modo de perceber e se relacionar

    consigo mesmo, com o outro e com o todo.

    O processo de mobilizao comunitria desenvolvido pelos agentes mobilizadores

    emergentes na fase A, trouxe um nmero maior de pessoas para participar da Fase B,

    para definir as prioridades das aes pblicas na direo das demandas cotidianas. Tal

    definio partiu de trs critrios bsicos: o que mais urgente, o que atinge o maior

    nmero de pessoas e o que patrimnio.

    Ao definir as prioridades de cada comunidade, durante a fase B, preparou-se os

    participantes para a Fase C, os "Encontros Municipais das Comunidades", solicitando-

    lhes que definissem, para alm das pessoas mobilizadoras, aquelas que se identificavam

    ou eram identificadas pelo grupo como integradoras, a fim de gerar um dilogo

    intercomunitrio na definio das prioridades regionais.

    A Fase D culminou no encontro entre a populao e os gestores das pastas das

    priorizaes em destaque, gerando rodas de dilogo entre a populao e os secretrios,

    diretores e tcnicos da Prefeitura Municipal de Aracati. Essa consulta pblica, pautada

    na democracia direta, gerou documentos reguladores das polticas pblicas municipais

    para a gesto compartilhada do futuro dessa cidade.

    Alm do contato com a populao atravs dessa perspectiva amplificada, o grupo de

    alunos e pesquisadores extensionistas vem se aproximando de algumas comunidades

    para o desenvolvimento de agendas locais a fim de trabalhar e dinamizar as vivncias

    patrimoniais e o mapeamento socioambiental de cada lugar. Nesse processo,

    aproximaram-se de comunidades tradicionais, quilombos, bairros vulnerveis

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    socialmente, os quais ofereceram condies de contato continuado e aprofundamento

    das questes referentes aos patrimnios locais.

    Outra frente o encontro com a rede pblica municipal de ensino, atravs da

    participao de 46 professores de 13 escolas distintas no processo formativo voltado ao

    planejamento da cidade com bases na Educao Patrimonial. Tal ao est em

    andamento e preparar os professores para o momento de reencontro com as

    comunidades.

    Desse modo, o mtodo adotado para gerar

    uma cidade patrimnio se apoia em trs

    segmentos relevantes ao desenvolvimento

    municipal que : a gesto pblica, a

    populao e os educadores. Denominada

    de matriz de atuao para um plano

    estratgico da cidade, esta considera trs

    frentes: gesto participativa, a participao

    comunitria e a Educao Patrimonial.

    Esse processo est em andamento e pretende se estender nos prximos anos a fim de

    apoiar o enraizamento de um modelo poltico educador em prol da sustentabilidade do

    municpio enquanto Patrimnio do Estado do Cear.

    VALE DO JAGUARIBE/CE

    A relevncia de relaes intermunicipais para a valorizao das identidades culturais

    regionais gera demanda de estratgias em escalas ampliadas. A manuteno do vigor da

    vida rural, presente no Vale do Jaguaribe, fundamental para a preservao do

    patrimnio cultural local, tendo em vista que o campo preserva traos marcantes da

    peculiaridade e diversidade daquele povo. Sendo assim, identificou-se como possvel o

    Figura 3: Planejamento Estratgico da Cidade

    Fonte: Elaborao Prpria, 2013

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    desenvolvimento de uma proposta de sustentabilidade planificada para evidenciar a

    importncia da vida rural (celeiro dos patrimnios imateriais) nessa regio.

    Esse caminho vem apontando para a continuidade, aprofundamento e ampliao das

    aes no territrio cearense. Tal ao em Aracati, tornou possvel o contato com a

    Associao dos Municpios do Vale do Jaguaribe, criando possibilidades para o

    desenvolvimento do PROEXT 2014, o qual rene os departamentos e laboratrios da

    universidade aos municpios de uma regio de relevncia histrica e cultural no Estado

    do Cear.

    GUISA DE CONCLUSO

    A Educao Patrimonial no socioambiente cearense vem acontecendo atravs de

    vivncias e observaes atentas condio dos patrimnios culturais das cidades, seja

    metropolitana ou interiorana. Atravs do tema gerador "Patrimnio" abriu-se um

    "mundo" de significados e um contato profundo da populao com o seu territrio. Sem

    contar o interesse acadmico em refletir e produzir mtodos afinados com o propsito

    de compreender e proteger o Patrimnio Cultural.

    Tais situaes evidenciam o potencial semntico do termo patrimnio como gerador de

    condies amplificadoras da conscincia espao-temporal e do valor identitrio dos

    citadinos (FREIRE, 2011).

    Ao perceber os diversos nveis de aprofundamento, contato e conhecimento sobre a

    cultura local durante os momentos de encontro e atividades, pode-se considerar esse

    processo educador como prtica facilitadora na interferncia geopoltica. Estes

    momentos desvelaram a importncia da relao histrica na ocupao do Estado do

    Cear, a decorrente invisibilidade dos aspectos tradicional, autctone e/ou originrio da

    cultura cearense em Fortaleza; assim como sua possvel evidenciao em uma cidade do

    interior, como Aracati, com caractersticas sertanejas marcantes e evidentes; muito

    embora em situao de ameaa preservao de suas origens.

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    A trajetria da colonizao cearense se fez do serto para o litoral. Nas pequenas

    cidades situadas no interior do Cear, ainda h evidncias vivas dos patrimnios

    culturais do Estado. A grande cidade se furta a esses cuidados e alicera seu

    desenvolvimento em prticas que negligenciam a vida patrimonial do povo. Contudo,

    nas cidades sertanejas, h muitas evidncias dessa vida... Ela pulsa, viva. Embora em

    expressa urgncia de reconhecimento, valorizao e proteo.

    A questo : como despertar a conscincia entre os citadinos e deflagrar a participao

    social a fim de criar caminhos para proteger o Patrimnio Cultural?

    A obteno de um resultado de trabalho coerente com a complexidade cultural brasileira s poder ser atingida atravs da conjugao de diversas reas de conhecimento, orientadas para o interesse comum de uma apreenso global dos fenmenos em questo. (...) Deve-se dar especial importncia ao relacionamento entre a criao e a produo individual e/ou coletiva, a emergncia dos bens culturais e a proteo ao patrimnio cultural, de modo a potencializar uma produo mais ampla, mais confiante e mais livre, e a despertar a responsabilidade dos setores mais favorecidos para os mais carentes, nas reas de criao e produo (BRANDO, p. 287, 1996).

    No campo vivencial e cotidiano, as prticas educativas viabilizaram a "descoberta" e

    "criao" dos patrimnios de uma cidade e tm despertado a curiosidade e a reflexo

    sobre a vida privada e pblica desse territrio.

    necessrio aprofundar-se nos aspectos culturais peculiares dos espaos a que

    pertencem e manter-se em complexas formulaes de novos significados e sentidos para

    o patrimnio local. H fatos (comunitrios e simblicos) e objetos (de arte e

    edificaes) que podem vir a se tornar reconhecidos e consagrados enquanto patrimnio

    cultural, para alm dos identificados e referenciados pelo Instituto do Patrimnio

    Artstico Nacional. Mas para isso, preciso se desenvolver um movimento interno de

    apropriao e estima voltado queles fatos e objetos apontados e legitimados pela

    populao como cones genunos e representativos da identidade local.

    As aes provenientes de uma Educao Patrimonial libertadora gera, nas palavras de

    Lina Bo Bardi, uma "Poltica Ambiental" como construo intencional, potica e

    compartilhada do futuro (TASSARA, p. 21, 2006). A complexidade existencial de um

    Patrimnio Cultural evoca o afeto pelo lugar, facilita a compreenso do valor local e

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    mobiliza a participao comunitria para construir territrios sustentveis. E isso facilita

    a compreenso dos envolvidos acerca da valorizao da vida na cidade em suas

    mltiplas dimenses.

    O futuro desse processo extensionista aponta para um trabalho continuo e prospectivo,

    gerando reflexes constantes e reconsiderao dos aspectos vividos junto aos moradores

    das cidades envolvidas. Faz, ainda, confiar que a coletividade sensibilizada e fortalecida

    pode gerar redes de concretizao do que se pode denominar Poltica.

    Entre o impedimento e a realizao dos sonhos est a possibilidade de uma vida coletiva

    favorvel convivncia e ao dilogo, troca e cooperao para superar desafios e

    empreender aes planejadas em conjunto. Entre o medo e a alegria de partilhar o

    espao pblico est a coragem de seguir construindo histria, produzindo cultura e

    cultivando solidariedade. Entre o citadino e a cidade est a vinculao ao lugar de vida

    como quem zela de si, do outro e do todo; como quem se vale de seu lugar de cidado

    para viver a cidade, no apenas na cidade. (BATISTA, 2008; SIEBRA, 2012).

    Construir o futuro como "manter acesa a chama" do saber popular, apropriar-se da

    condio de sujeito histrico, sonhar junto e ver florescer polticas sociais e pblicas

    mais poticas e partilhadas. Criar coletivamente, usufruir dos encontros e legitim-los

    como poltica em constante produo.

    Um saber construdo com pacincia e cuidado de quem educa ao educar-se, de quem

    vive a aprendizagem quando troca. E o resultado? o encontro e o respeito com todos

    quantos criaram o sentido, o significado, o valor, a legitimidade, a veracidade do viver

    junto e do produzir histria. Tornar-se um sujeito atento, pertencer a uma gerao

    cuidadosa, uma comunidade livre que trabalha por uma cidade generosa e educadora.

    Es quimera pensar en una sociedad que reconcilie al poema y al acto, que sea palabra viva e

    palabra vivida, creacin de la comunidad y comunidad creadora? (PAZ, p.27, 2011).

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    REFERNCIAS

    ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. 5. ed. So Paulo: Perspectiva, 2005. BATISTA, Vanessa L. Pelas beiras da cidade: a interveno psicossocial como antecedente necessrio ao planejamento urbano participativo. Tese (Doutorado em Psicologia Ambiental) - Universidade de So Paulo. Instituto de Psicologia Programa de Psicologia Social e do Trabalho. So Paulo, 2008. BOMFIM, Zulmira urea Cruz. Cidade e afetividade: estima e construo dos mapas afetivos de Barcelona e So Paulo. Fortaleza: Edies UFC, 2010. BOSI, Ecla. Memria e sociedade: lembranas de velhos. 4. ed. So Paulo: Companhia das Letras, 1995. BRANDO, Carlos R. et al. O difcil espelho: limites e possibilidades de uma experincia de cultura e educao. Rio de Janeiro: Iphan/Depron, 1996. FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperana: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 17. ed. So Paulo: Paz e Terra, 2011. PAZ, Octavio. Los signos en rotation. 5. ed. Madrid: Frcola Ediciones, 2011. POL, E. La apropriacin del espacio. In: IIGUEZ, L.; POL, E. (Coord.). Cognicin, representacin y apropriacin del espacio. Publicacions Universitat de Barcelona, MonografiesPsico/Scio/Ambientais, v. 9, 1996. SIEBRA. Lucia M. G. Percepo da arte pblica da cidade de Barcelona e seus significados simblicos. Tese (Doutorado em Arte, Teora y Conservacin del Patrimonio) - Universidad de Barcelona (UB). Programa Espacio Pblico y Regeneracin Urbana. Barcelona, 2012. TASSARA, E. T. O.; ARDANS, H. O. B. Mapeamentos, diagnsticos e intervenes participativas no campo socioambiental. Documento Tcnico, DF: Ministrio do Meio Ambiente, 2006.

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