ser mais para os demais - jesuitasbrasil.comª... · expectativas para a 36ª congregação geral...
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JESUTAS BRASIL
Em edio 27ANO 3AgOstO 2016InformatIvo dosJesutas do BrasIl
PAPA FrANciscO eNcONtrA-se cOm jOveNs, NA POlNiA
pg. 10
exPectAtivAs PArA A 36 cONgregAO gerAl
pg. 22
PAm sj iNiciA exPeriNciA de vOluNtAriAdO
pg. 25
SeR MAiS PARA oS deMAiSO mAgis 2016 reuNiu jOveNs dO muNdO iNteirO em
umA celebrAO PelA vidA
especial pg. 12
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4 5Em Em
SuMRio edio 27 | ANO 3 | AgOstO 2016
edItorIal Ser mais para qu?
CalendrIo lItrgICo
entrevIsta PeregrInos em mIsso A servio de vrios provinciais
o mInIstrIo de unIdadena IgreJa santa s Primeira viagem Polnia Ataque igreja na Frana Comisso estudar funo de dicono
para mulheres
esPeCIal Experincia Espiritual e Humana
mundo CrIa Conversaes com o Padre Geral: O que podemos
esperar da 36 Congregao Geral?
amrICa latIna CPal Incio e o Governo da Companhia Universal Assembleia da Plataforma Apostlica Amaznia Voluntariado Encontro do CIMI Norte
servIo da f Aplicativo Click To Pray lanado no Brasil
dIlogo Cultural e relIgIoso Jesutas lanam livros
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27
Em 2016, aconteceram mais de 90 Experimentos Inacianos no MAGIS.
Na foto, um grupo participa do experimento da peregrinao
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4 5Em Em
EmJESUTAS BRASIL
Promoo da JustIa e eCologIa Benefcios da filantropia so maiores que imunidade Voluntariado e ao comunitria no Cear
eduCao Colgio Anchieta (RJ) recebe medalha Tiradentes
ETE FMC sediar Feira Estadual de Cincias e Tecnologia Colgio dos Jesutas celebra 60 anos com Trduo Inaciano e Missa
Solene
Juventude e voCaes Conhecendo a etapa inicial da formao jesuta Mais disponibilidade com mais intensidade Especializao em Juventude forma 8 turma
na Paz do senhor Pe. Bernardo Alwisius Schuster
JuBIleus / agenda
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35
InformatIvo dosJesutas do BrasIl
exPedieNte
EM COMPANHIA uma publicao mensal dos
Jesutas do Brasil, produzida pelo Ncleo de
Comunicao BRA So Paulo.
ContAto [email protected]
www.jesuitasbrasil.com
diRetoR editoRiAlPe. Anselmo Dias
editoRA e joRnAliStA ReSPonSvelSilvia Lenzi (MTB: 16.021)
RedAoJuliana Dias
diAgRAMAo e edio de iMAgenSHanderson Silva
rica Silva
AnnCiorica Silva
ColAboRAdoReS dA 27 edioAndria Pedroso, Bruno Alface, Evenice Neta,
Everson Lima, Pe. Johan Konings, Marcia Savi-
no, Osvaldo Meca, Pe. Valrio Sartor, Vincius
Moraes e Ana Ziccardi (reviso). Um agradeci-
mento especial a todos que colaboraram com a
matria especial dessa edio.
FotoSBanco de imagens / Divulgao
tRAduo dAS notCiAS dA CRiA e dA CPAlPe. Jos Luis Fuentes Rodriguez
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6 7Em Em
SeR MAiS PARA qu?
Pe. Aldomrcio Margoto dal bo, SJResponsvel pela Delegao brasileira no MAGIS 2016
No incio da primeira semana dos Exerccios Espirituais, Santo Incio de Loyola sugere que fa-amos uma meditao cuja orao prepa-
ratria consiste em pedir a graa para que
todas as nossas aes sejam ordenadas
puramente ao servio e louvor de Sua Di-
vina Majestade [EE46]. No trmino des-
sa mesma orao, Incio nos prope um
colquio diante do Cristo crucificado, su-
gerindo que nosso olhar se volte para ns
mesmos enquanto nos questionamos:
o que tenho feito por Cristo, o que fao
por Cristo e o que devo fazer por Cristo
[EE53]. Perceber o olhar misericordioso
do Cristo que se entrega por ns e, depois,
olhar para ns mesmos, questionando-
-nos sobre como temos reagido a essa
entrega, acende em nossos coraes o
desejo de viver mais plenamente nossa
vocao de servio ao Reino de Deus. Esse
gesto de reconhecimento da ao miseri-
cordiosa de Deus por meio da entrega de
Seu Filho, inspira-nos a mais am-Lo e
servi-Lo, desejosos de sermos mais prxi-
mos da maneira de ser do prprio Cristo.
A inspirao que Jesus promo-
ve nunca nos passa despercebida. Ela
sempre deixa marcas que, s vezes,
nos questionam, s vezes nos inspi-
ram, mas, quase sempre, nos arrastam
ao encontro do Senhor. Por isso, neste
ano de 2016, 29 jovens, marcados pela
espiritualidade inaciana, se lanaram
experincia do programa MAGIS, que
antecede a JMJ (Jornada Mundial da Ju-
ventude), na Polnia. Eles buscaram, na
inspirao do prprio Cristo, a maneira
de ser mais para os outros.
Ser magis Ser maiS para Servir, amar, cuidar, perdoar Ser livre para viver a ao qual o eSprito noS impele e aSSim realizar-noS plenamente
O sentido da palavra magis pode ser
empregado em tudo o que fazemos. En-
tretanto, essa mesma expresso de mais
ou ser mais jamais pode vir desacompa-
nhada do seu significado mais profundo,
que nos apresentado na espiritualidade
inaciana: ser mais para. Incio nos en-
sina que a ao do Esprito Santo que faz
brotar em ns o magis guia-nos para o
maior servio e louvor de Deus [EE98].
O magis no nos aprisiona na incessante
competio de ser mais que ou de ter mais
que. Ele no comparativo; libertador.
O magis nos leva a libertar-nos de nosso
prprio amor, querer e interesse; guia-
-nos ao encontro do outro para desco-
brirmos nele a realizao da nossa mis-
so em Cristo. Ser magis ser mais para
servir, amar, cuidar, perdoar ser livre
para viver a ao qual o Esprito nos
impele e assim realizar-nos plenamente.
Ser magis livrar-se dos apegos desne-
cessrios, do peso das falsas necessida-
des que criamos e que nos limitam em
nossa caminhada, para que possamos
nos dedicar mais completamente reali-
zao da misso de Cristo. Por isso, o ma-
gis perpassa toda nossa maneira de ser,
ajudando-nos para que nossas escolhas
sejam mais livres e direcionadas para a
nossa plena realizao.
O papa Francisco apresenta constan-
temente marcas dessa fora libertadora
que o magis inaciano deixou em sua vida.
Atravs do seu compromisso de levar a
misericrdia divina como sinal do seu
apostolado, ele nos tem mostrado que a
misericrdia o caminho mais propcio
para arrancar de nossos ombros e dos om-
editoRiAl
bros de nossos irmos o peso desneces-
srio da condenao que nos divide e nos
afasta. O que Francisco tenta apresentar ao
mundo o olhar misericordioso de Deus
em um trabalho marcado pelo dilogo
e pela reconciliao. Para isso, nesta 31
edio da Jornada Mundial da Juventude,
ele nos convidou a refletir sobre a 5 bem-
-aventurana do evangelho segundo Ma-
teus: Felizes os misericordiosos, porque
alcanaro misericrdia (Mt 5,7). Francis-
co pede para que a juventude da Igreja seja
tambm um sinal verdadeiro dessa mise-
ricrdia divina a fim de que ela possa me-
lhor cumprir a vontade do Pai, reafirmada
no exemplo do seu Filho Amado. Ele ainda
nos lembra como devemos testemunhar
nossa f crist ao fazer ainda mais forte a
mensagem deste ano jubilar: sede, pois,
misericordiosos como o vosso Pai mise-
ricordioso (Lc 6,36). Ser tocado pela mise-
ricrdia divina tambm ser chamado a
viv-la como meio de mais amar e servir
ao Senhor atravs de nossos irmos.
Assim, como num itinerrio espiri-
tual, o programa MAGIS promove um ca-
minhar mais profundo para a descoberta
da vida Crist e torna vido na juventu-
de o desejo pelo servio e louvor a Deus.
Nele, os jovens abrem seus coraes para
perceber o que tm feito e o que ainda
podem fazer por Cristo. Eles experimen-
tam a liberdade consciente que os torna
mais para os outros e, assim, tambm se
tornam fora transformadora na histria
da Igreja e do mundo, como verdadeiras
testemunhas de Cristo.
Boa leitura!
-
6 7Em Em
calendrio litrgicoPrprio da Companhia de Jesus AgoSto
So Pedro Fabro, presbtero
DIA 2
DIA 18
Santo Alberto Hurtado, presbtero
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8 9Em Em
entReviStA PeregriNOs em missO
ir. geraldo luiz de Castro, Sj
Em 14 de agosto de 1958, aos 19 anos, Ir. Geraldo
Luiz de Castro ingressou na Companhia de
Jesus. A escolha pela vida religiosa espelhava-
se nos vrios parentes que tambm tinham
optado por seguir esse caminho. Em entrevista
ao informativo Em Companhia, Ir. Castro, como
conhecido, conta um pouco da sua histria
nesses 58 anos dedicados misso dos jesutas
no Brasil e em Roma (Itlia), onde trabalhou por
oito anos na Cria Geral da Ordem religiosa.
Atualmente, desempenhando a funo de
auxiliar do arquivista na Provncia dos Jesutas
do Brasil, no Rio de Janeiro (RJ), ele lembra: Se
no me engano, j passei pela administrao de
nove provinciais.
Kostka, em Itaici, Indaiatuba (SP). Uma vez por semana,
dois novios iam at Elias Fausto dar aula de catequese no
Grupo Escolar. Frequentavam essas aulas duas de minhas
irms menores. Um dia, conhecendo minha inclinao,
uma delas props-me ir falar com aqueles seminaristas.
Gostei da ideia e fui falar com eles. O novio Pio Ugayama
convidou-me para ir at Itaici, conhecer aquela casa, sen-
tir o ambiente, falar com o superior. Ento, um domingo
de manh, tomei o trem e fui sozinho at l. O superior da
casa era o padre Francisco Rocha. Ele falou com franqueza
que, no meu caso, com 19 anos e apenas com o antigo curso
primrio, no via a possibilidade de eu enfrentar os estu-
dos para ser padre jesuta. E sugeriu-me que, se eu quisesse,
poderia ser irmo jesuta. Props-me, para isso, fazer l um
Como o senhor conheceu os jesutas?
Nasci em Elias Fausto, municpio do
interior de So Paulo, onde meus pais vi-
viam do cultivo da terra em pequeno ter-
reno. Catlicos, frequentvamos a Igreja,
onde participei da Congregao Mariana.
Como sabido, as Congregaes Marianas
foram fundadas por jesutas e, por isso,
suas normas tinham muito a ver com a
espiritualidade inaciana. Na parquia,
participei tambm de uma conferncia de
So Vicente de Paulo.
O que motivou o senhor a seguir a vida
religiosa?
Desde muito cedo, tive alguma notcia
de vida religiosa, j que vrios parentes ha-
viam optado pela vida consagrada. No meu
caso, tambm andei sondando a possibili-
dade de ser religioso: padre ou irmo.
Naquela poca, por volta de 1956/57, o
noviciado dos jesutas da Provncia Bra-
sil Central estava se instalando na Vila
A SeRvio devRioS PRovinCiAiS
-
8 9Em Em
estgio para conhecer um pouco melhor a vocao de irmo
e preparar-me para o noviciado numa comunidade de jo-
vens (Postulantes).
No dia de Santo Incio, 31 de julho de 1957, despedi-me de
meus familiares e parti decidido a dedicar toda minha vida a
essa vocao, entendendo que essa deciso seria um modo de
eu servir a Deus e, indiretamente, servir ao prximo.
E como foi esse perodo em Itaici?
Em Itaici, tnhamos como instrutor, em tempo integral,
um irmo jesuta, Ir. Jos Nicodemos de Oliveira. Ele era dig-
no do ofcio que exercia. Os dias eram bem ocupados com ati-
vidades espirituais e trabalhos em diversas oficinas, alm de
tempo para recreio e algum esporte.
Do grupo de 10 ou 12 postulantes, daquela poca, vrios
desistiram. Mas, em agosto de 1958, quatro de ns entramos
no Noviciado. Daquele pequeno grupo, fazamos parte o Ir.
Kazuo Kimura e eu.
At aquela poca, a Companhia apreciava a formao aca-
dmica dos candidatos a irmo jesuta, mas no a exigia. Bas-
tava que tivesse boa disposio e capacidade para assimilar os
ensinamentos religiosos e aprender na prtica algum ofcio.
Na casa de Itaici, em plena construo, havia muito trabalho,
executado exclusivamente pelos irmos e postulantes. Havia
cozinheiro, despenseiro, copeiro, padeiro, sapateiro, alfaiate,
roupeiro, hortelo e os que cuidavam de criao para produo
de carne e leite, para uma comunidade de aproximadamente
80 pessoas, entre padres, irmos, estudantes e postulantes.
Logo no incio do noviciado, fui encarregado de aprender
e exercer o ofcio de padeiro da casa. Gostava desse trabalho e
procurei aperfeioar-me na medida do possvel.
Depois de algum tempo, fui destinado para ser auxiliar
da enfermaria da casa. Minha funo principal era cuidar de
um padre idoso que j no conseguia caminhar. Passava todo
tempo ou na cama ou na cadeira de rodas, devendo ser ajuda-
do em tudo.
Com o intuito de proporcionar-me um melhor conheci-
mento na prtica de enfermagem, o provincial destinou-me
para o Colgio Anchieta, em Nova Friburgo (RJ), onde, ento,
trabalhava o Ir. Luciano Brando. Fui para l, mas logo o Ir. Bran-
do percebeu que eu no tinha as qualidades necessrias para
aquele tipo de trabalho. Assim, o provincial destinou-me para
ser seu secretrio, sobretudo como datilgrafo e arquivista.
Em quais apostolados da Companhia
de Jesus o senhor atuou?
Um tempo depois de estar como secret-
rio, em 1967, o padre Candido Gavia, assisten-
te para a Amrica Latina Meridional, pediu ao
padre provincial que me destinasse para a C-
ria Geral, onde precisavam de um datilgrafo
para a correspondncia em lngua portuguesa.
E l fui eu para Roma (Itlia). Com isso, tive
oportunidade de enriquecer meus conheci-
mentos, aprender uma nova lngua e conviver
com jesutas de vrias partes do mundo.
Depois de aproximadamente oito anos,
voltei para o Brasil e fui destinado para a resi-
dncia dos jesutas de Santa Rita do Sapuca
(MG), onde fiz o curso de eletrnica. Na Par-
quia de Santa Rita, exerci o ofcio de Ministro
da Eucaristia e participei de uma conferncia
de Vicentinos. Terminado o curso de ele-
trnica, permaneci ainda em Santa Rita por
mais algum tempo, prestando algum servio
na prpria Escola e na residncia.
Quais outras misses o senhor desem-
penhou como jesuta?
Em janeiro de 1983, voltei a exercer o of-
cio de auxiliar na Cria Provincial da antiga
Provncia do Brasil Centro-leste. Por vrios
anos, minha ocupao principal era datilo-
grafar as cartas do Provincial. Cuidava tam-
bm de imprimir e expedir as Notcias da
Provncia, alm da superviso das mquinas
copiadoras, entre outras funes.
Atualmente, minha ocupao na Cria
Provincial da Provncia do Brasil, no Rio de
Janeiro (RJ), tem consistido em prestar ajuda
ao arquivista da Provncia, padre Jos Luis
Fuentes Rodrguez.
Agradeo a Deus pela vocao Compa-
nhia de Jesus como irmo jesuta. Agradeo
tambm s pessoas com quem tenho convi-
vido, que, apesar de minhas limitaes, me
aceitam com caridosa amizade.
-
10 11Em Em
o MiniStRio de unidAde nA igRejA sANtA s
PRiMeiRA viAgeM PolniA
Em sua primeira viagem Po-lnia, entre 27 e 31 de julho, o papa Francisco teve como prin-cipal misso participar da 31 Jornada
Mundial da Juventude (JMJ), em Cra-
cvia (veja matria especial, pg. 12).
Ao chegar ao pas, ainda no aeroporto,
o pontfice foi recebido pelo presi-
dente polons, Andrzej Duda, e pelo
cardeal Stanislaw Dziwisz, arcebispo
de Cracvia. Em seguida, foi levado ao
Castelo de Wawel, onde encontrou-se
com as autoridades civis e religiosas
e o Corpo Diplomtico. a primei-
ra vez que visito a Europa Centro-
-Oriental e fico feliz por comear pela
Polnia, que, entre os seus filhos, nos
deu o inesquecvel So Joo Paulo II,
idealizador e promotor das Jornadas
Mundiais da Juventude. Ele gostava de
falar da Europa que respira com seus
dois pulmes.
Durante o encontro, Francisco dis-
se que o sonho de um novo humanis-
mo europeu animado pelo respiro
criativo e harmnico destes dois pul-
mes e pela civilizao comum, que
afunda suas razes mais slidas no
cristianismo.
Ao concluir seu discurso, o papa
pediu ao governo polons polticas so-
ciais apropriadas para a famlia, sobre-
tudo as mais frgeis e pobres, e para a
vida, que deve ser acolhida e protegida.
Que Nossa Senhora de Czestochowa
abenoe e proteja a Polnia!
Em seguida, o pontfice dirigiu-se
vizinha Catedral de Cracvia, para
um encontro com os bispos da Pol-
nia, sem a presena da imprensa. O
papa decidiu encontrar os bispos sem
a presena da mdia porque assim to-
dos poderiam se expressar sem medo.
Ele falou sobre os atos de misericr-
dia, tambm sobre o questionamento
de alguns bispos poloneses, contou
depois o arcebispo de Cracvia, Sta-
nislaw Dziwisz.
Durante a viagem de cinco dias
Polnia, o papa cumpriu vrias ativi-
dades dentro da programao da JMJ.
Um dos momentos mais importantes,
entretanto, foi sua visita ao campo de
concentrao nazista de Auschwitz,
ao sul do pas, em 29 de julho. Sozi-
nho, Francisco atravessou a entrada
sob a inscrio em alemo, em ferro
forjado, Arbeit macht frei (O traba-
lho liberta, em portugus), para per-
correr silenciosamente o lugar onde
foram exterminadas mais de um mi-
lho de pessoas.
Durante esse percurso, Francisco vi-
FOtO
: Ph
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o Sonho de um novo humaniSmo europeu animado pelo reSpiro criativo e harmnico deSteS doiS pulmeS e pela civilizao comum, que afunda SuaS razeS maiS SlidaS no criStianiSmoPapa Francisco
-
10 11Em Em
AtAque igrejA NA FrANA
CoMiSSo eStudAR Funo de diCono PARA MulheReS
Em 26 de julho, dois homens arma-dos com facas entraram na igreja de Saint-Etienne de Rouvray, perto de Rouen (Frana), e tomaram como refns o
proco, duas religiosas e dois fiis durante
a missa. Os terroristas mataram o sacerdo-
te e feriram gravemente outra pessoa, sen-
do, depois, mortos pela polcia francesa.
Ao saber do episdio, o papa Francis-
co expressou dor e horror pela violncia
Em 2 de agosto, com objetivo de ampliar a participao das mu-lheres na Igreja Catlica, o papa Francisco criou uma comisso para
estudar a possibilidade de haver dia-
conisas. Os defensores da mudana
ressaltam que no h obstculos teo-
FOtO
: Fil
iPPO
mO
Nte
FOr
te/A
FP
Papa atravessa a entrada do campo de extermnio nazista de Auschwitz
absurda e condenou radicalmente toda
forma de dio. O episdio abala ainda
mais por ter ocorrido em uma igreja, local
sagrado onde se anuncia o amor de Deus,
onde foi barbaramente morto um sacer-
dote e envolvidos alguns fiis, conforme
contou o porta-voz do Vaticano, padre Fe-
derico Lombardi.
O papa enviou um telegrama ao ar-
cebispo de Rouen, Dominique Lebrun,
expressando sua dor pelas vtimas do
atentado. Ao concluir o texto, o pontfice
escreveu que pede ao Senhor que inspi-
re a todos pensamentos de reconciliao
e de fraternidade nesta nova prova e que
derrame sobre cada um a abundncia das
suas bnos.
Fontes: News.VA | Zenit | Cano Nova |
Portal Exame
lgicos para que as mulheres voltem a
exercer uma funo que j existiu nas
origens do cristianismo.
Os diconos, dentro da Igreja Ca-
tlica, ocupam o primeiro degrau da
hierarquia, seguidos dos padres e bis-
pos. Eles so autorizados a pronunciar
sermes durante a missa, oficiar bati-
zados, casamentos e funerais, porm
no tm permisso para celebrar a
eucaristia, ouvir confisso de fiis ou
realizar a extrema-uno.
Fontes: Folha de S. Paulo | O Globo
sitou a cela do sacerdote polons Maxi-
miliano Kolbe, onde teve um momento
de recolhimento. Kolbe, que se ofere-
ceu aos nazistas para morrer em troca
de um pai de famlia, foi beatificado
por Paulo VI, em 1971, e canonizado por
Joo Paulo II, em 1982.
Alm de sobreviventes de Auschwitz,
o papa tambm cumprimentou cristos
poloneses que arriscaram suas vidas du-
rante a guerra para ajudar a esconder e
proteger judeus. Ao final, Francisco no
fez declaraes, deixando apenas uma
mensagem no livro de visitas: Senhor,
tem piedade de seu povo, senhor, perdo
por tanta crueldade.
Fontes: Rdio Vaticana| Zenit | Folha
de S. Paulo | Agncia Brasil | G1
-
12 13Em Em
eSPeCiAl
eXPeRinCiA eSPiRituAl e huMAnANA simPlicidAde e NA PArtilhA, jOveNs de 52 NAes viveNciArAm O magis iNAciANO
12 Em
-
12 13Em Em
Elas foram chegando, pouco a pouco, dos mais diferentes lugares. Azuis, amarelas, vermelhas, com duas, trs e at quatro cores, e foram cortando o
cu da cidade de Lodz, na Polnia. Assim,
sob um dia ensolarado, as bandeiras trazi-
das por jovens de 52 pases comearam a
tremular e celebrar a vida, celebrar o incio
do MAGIS 2016. uma cena difcil de sair
da memria. As bandeiras que carregva-
mos j no significavam mais fronteiras,
pelo contrrio, serviam apenas para mul-
tiplicar as cores que compunham aquela
festa de pluralidade. Era o amor do Cristo,
no tive dvida. Meu corao encheu-se
de alegria ao ver o melhor da humanida-
de acontecer bem ali, diante de nossos
olhos, relata o carioca Fbio Ribeiro de
Souza, 26 anos, um dos 29 integrantes da
delegao brasileira do MAGIS que reu-
niu jovens de diversas regies do Brasil.
Nesse clima de respeito e valorizao
da diversidade, o MAGIS 2016 teve incio
no dia 15 de julho. O encontro mundial de
jovens que cultivam a espiritualidade ina-
ciana e que antecede a JMJ (Jornada Mun-
dial da Juventude) reuniu, nessa edio,
cerca de 1600 peregrinos, 400 voluntrios
e 200 jesutas. Em minhas primeiras ho-
ras em Lodz, no meio de tantas diferenas
culturais, uma semelhana peculiar cha-
mou minha ateno: estvamos unidos
e buscando ter a gratido de cada dia no
corao, desejando que as pessoas enxer-
gassem Deus cada vez que olhassem nos
olhos de cada um de ns, confessa Paola
13Em
-
14 15Em Em
Senhor Jesus,
ensina-me a ser generoso
a te servir como tu o mereces,
a dar sem medida,
a combater sem medo de feridas,
a trabalhar sem procurar repouso,
a me dedicar sem esperar outra recompensa
que no seja a de saber
que fao a tua vontade.
Amm
Amm.
Menegotto, jovem de 25 anos, que mora
em So Jos do Rio Preto (SP).
O lema dessa edio To give and not to
count the cost, em portugus Dar sem ter
em conta o custo, foi inspirado em uma
orao atribuda a Santo Incio de Loyola
[veja no box]. Com esse desejo no cora-
o, a delegao brasileira uniu-se aos
peregrinos do Lbano, dos Estados Uni-
dos, da Frana, das Ilhas Maurcio e de
tantas outras naes. O jovem Fbio diz
que os desafios de peregrinar comearam
antes mesmo da chegada dos brasileiros
na Universidade de Lodz, instituio je-
suta. Nossa chegada ao campus univer-
sitrio no foi das mais tranquilas: j era
noite, chovia e fazia muito frio, com um
vento gelado, lembra Fbio, porm res-
salta: mesmo assim, nada disso tornou
menos empolgante a experincia. Pelo
contrrio, vencer todas essas adversida-
des juntas e manter o esprito de equipe
foram as primeiras provas a demonstrar
que a delegao brasileira j estava imbu-
da do esprito inaciano.
Nessa edio, por recomendao
mdica, o superior geral da Compa-
nhia de Jesus, padre Adolfo Nicols,
no pde participar da missa de envio
dos jovens para as Experincias Inacia-
nas. A cerimnia foi presidida pelo pa-
dre Tomasz Kot, SJ, assistente da Euro-
pa Central e Oriental da Companhia de
Jesus, que representou o padre geral.
Na ocasio, o jesuta conversou com os
jovens inacianos e respondeu algumas
perguntas. Ele convidou os peregrinos
a celebrarem e a serem felizes, pois
todos estavam unidos no MAGIS e em
preparao para a JMJ (Jornada Mun-
dial da Juventude). Hoje, a situao
no mundo no oferece muito espao
para alegria. H guerras, o desempre-
go que afeta muitos jovens, a falta de
sentido para a vida, falta de esperana
e at mesmo falta de alegria tambm.
No entanto, Deus convida-nos a cantar
e a nos alegrar, declarou. Aps esse
momento, os peregrinos iniciaram sua
jornada no MAGIS.
eXPeRiMentoS inACiAnoS
Entre os dias 17 e 23 de julho, os jo-
vens vivenciaram os Experimentos Ina-
cianos, que foram pensados com base
nas experincias espirituais de Santo
Incio de Loyola. Uma oportunidade
para aprender a trabalhar em conjunto,
para conhecer mais de perto a comuni-
dade local e para conhecer a si prprio de
forma mais profunda. Os mais de 1600
jovens, divididos em pequenos grupos
de at 25 pessoas, de trs ou quatro na-
cionalidades diferentes, viveram um ver-
dadeiro intercmbio cultural e religioso.
No grupo, um jovem de cada pas foi es-
colhido para ser assessor do idioma, ou
seja, para facilitar a traduo do ingls
para a lngua de origem dos peregrinos.
Alm disso, cada grupo contou com o
acompanhamento de um jesuta.
Os 97 experimentos, que acontece-
ram na Polnia, na Eslovquia, na Re-
pblica Tcheca e na Litunia, estavam
organizados em cinco categorias: pere-
grinao, espiritualidade, servio (pro-
grama social), sociocultural e artstico.
Os brasileiros ficaram divididos em sete
grupos distintos. Alguns experimentos
se repetiram, mas foram vivenciados em
lugares diferentes, explica padre Aldo-
mrcio Margoto Dal Bo, responsvel pela
delegao brasileira no MAGIS 2016.
Para o estudante jesuta Marcos Ven-
turini, 29 anos, o perodo das experin-
cias o mais marcante. So nas experi-
ncias que reconhecemos o outro na sua
singularidade, com o seu jeito de seguir a
Cristo. Viver os experimentos em peque-
nos grupos, com pessoas de pases dife-
rentes, ser acolhido pelos anfitries em
suas casas, tocar a realidade e cada pes-
soa, com suas dores e alegrias, o mo-
mento mais profundo do MAGIS, afirma.
Todo o Experimento foi desenvolvi-
do baseado na espiritualidade inaciana
e contemplou momentos como a orao
pessoal, a experincia apostlica em si,
a Eucaristia, o crculo MAGIS (grupos de
eSPeCiAl
14 Em
Membros da delegao brasileira do MAgiS 2016
-
14 15Em Em 15Em
compartilhamento) e a pausa inaciana
para refletir sobre o dia. Durante os ex-
perimentos, vivemos as experincias da
encarnao. Afinamos os sentidos para
encontrar Deus, que se revela no simples,
no cotidiano, confessa Marcos.
vivenCiAndo o MAgiS
Na Repblica Tcheca, aps um dia
cansativo de peregrinao na flores-
ta, um dos grupos foi acolhido em uma
pequena cidade. Assim como em outras
comunidades, os moradores haviam
preparado para os jovens uma pequena
recepo com comida e msicas tpicas.
Mas, para Ana Carolina Almeida, 23 anos,
esse momento foi diferente. Para mim,
teve um significado muito especial, pois,
durante nossa experincia, visitamos lo-
cais que eram historicamente muito im-
portantes para a populao local. Assim,
quando compartilhavam esse caminho
conosco, eu percebi que elas partilhavam
algo que lhes era muito precioso e que fa-
ziam isso de todo o corao, conta.
Na cidade de Mnisek, as pessoas que
acolheram os peregrinos pediram para
que cada grupo cantasse o hino de seu
pas. ramos quatro grupos: lituanos,
brasileiros, poloneses e espanhis. En-
to, tnhamos que explicar rapidamente
a letra. Nesse momento de troca singela,
me dei conta de que, em cada lugar que
parvamos, as pessoas se esforavam em
oferecer o melhor que podiam para nos
ajudar a vivenciar o MAGIS, explica a
moradora do Rio de Janeiro (RJ).
Assim, na simplicidade e na partilha
com cada pessoa, os jovens foram viven-
ciando e descobrindo o magis inaciano
nos experimentos. O gesto simples de
partilhar um alimento tpico da regio ou
o experimento da peregrinao foi uma oportunidade nica de contato comigo, com deuS e com o outro
Ana Carolina Almeida
de escutar atentamente a histria local e
das pessoas que ali viviam tornou-se um
momento nico.
Para Ana Carolina, uma experincia
emocionante receber o servio de algum
que se esforava em ser mais para os de-
mais. O experimento da peregrinao foi
uma oportunidade nica de contato comi-
go, com Deus e com o outro. No cansao,
rezamos nossos prprios limites, no s
fsicos, mas tambm pessoais; no cami-
nho compartilhado e feito a p, descobri-
mos o apoio do grupo, que tanto alento
para a caminhada fsica, como companhia
para o exerccio espiritual, confessa.
Fbio, que tambm participou do
experimento de peregrinao, diz que
o mais bonito de toda a experincia foi
sentir de forma concreta a linguagem
universal do amor. Durante as conver-
sas com os companheiros de peregri-
nao, era incrvel perceber sistemati-
camente como cada pessoa com que eu
fazia partilha, ainda que de pas to dis-
tante, com cultura e idioma to diferente,
tinha a capacidade de tocar e me ajudar
a meditar vrios aspectos da minha vida,
sem sequer saber que fazia isso enquanto
falava, ressalta.
Aps uma jornada de 80 km, entre
-
16 17Em Em
eSPeCiAl
Praga e Svat Hora, na Repblica Tcheca,
o paulistano Rodrigo Dornelles acredita,
assim como seus dois colegas de cami-
nhada, que o experimento o ajudou a
perceber a beleza da simplicidade. A pe-
regrinao uma excelente metfora de
nossas vidas, pois, caminhando despo-
jados de coisas suprfluas, podemos dar
mais ateno ao essencial. Alm disso,
as dificuldades inerentes ao caminho e
a simplicidade das coisas nos permitem
estar muito mais atentos aos sinais de
Deus, acredita o jovem de 26 anos.
Para ele, o momento mais marcante
da peregrinao foi a chegada monta-
nha sagrada. A cereja do bolo de nossa
peregrinao foi a missa celebrada em
Svat Hora, um lugar bonito e muito
difcil de chegar, relembra Rodrigo. A
chegada foi marcante, pois coroou o ven-
cimento de todas as adversidades que
tivemos para chegar l. A cada pessoa
do grupo que cruzava a porta de entrada,
nos alegrvamos ainda mais. Isso mar-
cou, tambm, a unio de 24 pessoas que,
antes do MAGIS, eram totalmente desco-
nhecidas umas das outras e que hoje ce-
lebram a amizade, afirma.
Enviado a viver o experimento do
servio na Parquia Sagrado Corao de
Jesus, em Bytom, sul da Polnia, o estu-
dante jesuta Marcos contou que a ex-
perincia possibilitou um contato mais
prximo e intenso com o cotidiano das
pessoas. Quando estamos em outro pas,
somos, muitas vezes, atrados pelos atra-
tivos que nos apresentam, sejam esses
naturais ou artificiais. No h nada de er-
rado em apreciar tais atrativos. Contudo, o
MAGIS uma experincia de encarnao,
uma oportunidade de ir mais a fundo na
realidade. So as pessoas normais do lu-
gar que, com suas vidas, garantem uma
vivncia de comunho profunda. Em
Bytom, vivi, de fato, a experincia do en-
contro com o outro, com toda a sua hist-
ria e o seu mistrio, ressalta ele.
Foi buscando esse mesmo encon-
tro com o outro que o carioca Francisco
Rios, 26 anos, decidiu participar do MA-
GIS 2016. O desejo de conhecer outras
pessoas era to intenso que, assim que
ele soube que iria para a Polnia, come-
ou a estudar polons. Ao tentar apren-
der a lngua, acabei aprendendo tambm
sobre a cultura do pas, o que me desper-
tou o interesse de conhecer mais de perto
essa cultura. Por isso, optei por participar
do experimento do dilogo sociocultural,
para poder conhecer melhor os costumes
e o modo de viver das pessoas, confessa.
Para Francisco, alm dos experimen-
tos, as celebraes foram alguns dos mo-
mentos mais marcantes do MAGIS. Nessa
hora, eu conseguia parar para refletir sobre
tudo o que estava acontecendo ao meu
redor. E, ao fazer isso, podia sentir como
Deus estava sendo bom comigo e podia
sentir o Seu Amor me tocando. De uma
forma geral, o sentimento mais forte em
relao a esses momentos era uma pro-
funda gratido em relao a Ele, afirma.
16 Em
-
16 17Em Em 17Em
cada peSSoa deScobre o magis olhando para JeSuS e deixando-Se interpelar por ele
Marcos venturini
Os momentos de silncio propor-
cionaram para Paola oportunidades para
saborear cada encontro, conversa e ativi-
dade de que participou durante o evento.
Ela vivenciou, com mais 16 pessoas, uma
experincia que associou os Exerccios
Espirituais ao teatro. L, dividimos nos-
sas histrias, partilhamos profundamen-
te as histrias de nossas famlias e pases.
Algumas atividades nos fizeram perceber
quais fatores tinham-nos feito caminhar
at onde estvamos e quais os elementos
que nos do base para projetar aonde que-
remos chegar, ou seja, os nossos sonhos,
diz. Para Paola, o MAGIS deixou uma
chama acesa em seu corao e a certeza
de que Deus a ajudou em cada passo na
peregrinao e no encontro com o outro.
E uma certeza a jovem j tem: a zona de
conforto no um bom lugar.
CoMunho de CoRAeS
No dia 23 de julho, aps o perodo
dos Experimentos Inacianos, os jovens
reencontraram-se na cidade polonesa de
Czestochowa, onde realizaram o Festival
das Naes. Na festa, 24 delegaes apre-
sentaram a cultura de seu pas, por meio
de danas, msicas e muita alegria. A de-
legao brasileira fez todo mundo sair do
cho com uma quadrilha bem animada,
que encerrou a noite.
O estudante jesuta Alex Palmer, 27
anos, acredita que o fato de o Festival das
Naes ter sido realizado aps o perodo
dos experimentos inacianos contribuiu
para o clima de comunho entre todos.
Acredito que fortaleceu a unio e a intera-
o entre os participantes, uma vez que j
no ramos to estranhos uns aos outros
e alimentvamos a expectativa de encon-
trar nossos amigos e prestigiar as suas
performances, diz. O jesuta conta que
um dos momentos mais emocionantes
da noite foi quando jovens do Lbano, do
Egito e da Sria apresentaram-se juntos.
Mesmo em meio a todo o contexto de
guerra e sofrimento, principalmente para
os srios, eles nos mostraram orgulhosos
a sua cultura, expressando a alegria de sua
f, afirma Alex.
O encerramento do MAGIS 2016
aconteceu com uma peregrinao ao
Santurio de Jasna Gra, conhecido
tambm como Mosteiro de Nossa Se-
nhora de Czestochowa, centro da f
catlica polonesa, realizada no dia 24.
Segundo Alex, em termos de compa-
rao, a importncia da localidade
similar ao Santurio de Nossa Senhora
Aparecida para os brasileiros. Aps um
percurso de cerca de 3 quilmetros (os
peregrinos caminharam divididos em
duas rotas), nos sentamos em crculos
na grama bem vasta para nosso ltimo
momento de Crculos Magis. A liturgia
foi conduzida com refros de Taiz e
muitos sacerdotes estavam dispon-
veis, ao longo do gramado, para escutar
confisses. Terminado esse momento,
com bno do Santssimo Sacramento,
entramos no santurio para mais um
instante de orao, explica o jesuta.
Em 2013, no Brasil, o Festival das Naes
foi realizado no comeo do MAGIS.
-
18 19Em Em
eSPeCiAleSPeCiAl
Agora, os jovens estavam prontos
para partirem rumo ao encontro com o
papa Francisco. A missa de encerramen-
to aconteceu na manh do dia 24, antes
dos peregrinos embarcarem para Cra-
cvia. Foi um momento bem especial.
Nas oferendas, alguns jovens trouxeram
um grande tecido com as assinaturas e
mensagens que todos foram deixando
ao longo dos dias. O padre Waldek Los
posicionou-se para receber o tecido,
beijando-o e levantando-o um pouco,
em um instante bastante emocionante e
aplaudido, conta Alex, que ressalta: um
momento de forte consolo espiritual foi
quando, durante a comunho, o grupo de
msica entoou um canto, que criou uma
atmosfera de gratido e louvor a Deus por
todo o bem recebido dEle ao longo da-
queles dias.
Durante essa jornada espiritual e
humana, cada peregrino pode saborear
essa experincia de forma nica. No
MAGIS, eu conheci pessoas de realida-
des muito diferentes e pude entender
como a Companhia de Jesus ajuda cada
uma delas a encontrar Deus de sua pr-
pria forma, revela Francisco.
O magis inaciano, inspirao do
encontro, est presente em todos os
momentos. Para Marcos, cada pes-
soa descobre o magis olhando para Je-
sus e deixando-se interpelar por ele.
O jovem Fbio acrescenta: o MAGIS,
evento, um momento simblico, pois
rene pessoas diferentes em culturas,
formaes, ideologias e aptides, to-
das em torno de uma misso, trabalhar
pelo Reino de Deus entre os homens, no
amar e servir.
Magis, termo em latim que significa
o mais, o melhor, era uma palavra mui-
to utilizada por Santo Incio de Loyo-
la. Seu significado nos interpela para a
necessidade de nos doarmos mais em
relao quilo que j fazemos ou vive-
mos. Para Rodrigo, o encontro MAGIS
e a essncia do magis inaciano tm
um sentido especial. Ao contrrio do
que o nome talvez possa sugerir, no
uma busca compulsiva ou desenfreada,
uma gula ou espcie de perfeccionismo
interminvel que faz de ns eternos in-
satisfeitos. Por vezes, ser mais significa
ser mais simples, econmico, singelo,
puro...ou seja, ser magis pode at mes-
mo ser menos, conclui.
18 Em
-
18 19Em Em 19Em
o enContRo CoM FRAnCiSCo
Quando Jesus toca o corao de um
jovem, de uma jovem, estes so capazes
de aes verdadeiramente grandiosas,
afirmou o papa Francisco na cerimnia
de acolhida da 31 JMJ (Jornada Mundial
da Juventude), realizada entre os dias 26
e 31 de julho, em Cracvia (Polnia). Com
o tema Bem-aventurados os misericordio-
sos, porque eles alcanaro misericrdia
(Mt 5,7), o encontro, que reuniu cerca de
2 milhes de jovens, aconteceu em sin-
tonia com o ano Santo da Misericrdia.
A jovem Paola Menegotto disse que a
chegada do papa foi um pouco tumultu-
ada, pois havia muitos seguranas e pes-
soas. Nesse momento, algum poderia
me perguntar: Paola, voc gostaria de
estar em algum outro lugar? Eu respon-
deria: no! Todos os dias de nossas vidas
somos convidados a viver assim: ser a
paz na guerra, o silncio no meio dos gri-
tos, a ao entre a indiferena, o amor e a
compaixo diante das excluses, por que
aqui seria diferente?, ressalta.
Em seus discursos para a juventude,
o pontfice destacou que a misericrdia
preserva sempre o rosto jovem, uma vez
que um corao misericordioso no se
acomoda, mas sabe ir ao encontro dos
outros. Um corao misericordioso
sabe ser um refgio para quem nunca
teve uma casa ou perdeu-a, sabe criar
um ambiente de casa e de famlia para
quem teve de emigrar, capaz de ternu-
ra e compaixo. Um corao misericor-
dioso sabe partilhar o po com quem
tem fome, um corao misericordioso
abre-se para receber o refugiado e o mi-
grante. Dizer misericrdia juntamente
convosco dizer oportunidade, dizer
amanh, compromisso, confiana,
abertura, hospitalidade, compaixo, so-
nhos, declarou.
No momento da Via Sacra, que se-
guiu as 14 estaes que contemplam o
caminho de Cristo at a morte no Cal-
vrio, Francisco chamou os jovens a se-
rem protagonistas no servio: O Senhor
renova-vos o convite para vos tornardes
protagonistas no servio. Ele quer fazer de
vs uma resposta concreta s necessida-
des e sofrimentos da humanidade; quer
que sejais um sinal do seu amor miseri-
cordioso para o nosso tempo!. Para Paola,
esse foi um dos momentos mais ines-
quecveis da JMJ. Foi um dos dias mais
fantsticos que passei em minha vida.
ntido o quanto Francisco capaz de tocar
e transformar o corao das pessoas com
suas palavras e aes, afirmou.
O papa Francisco tambm abordou
a questo da violncia no Oriente Mdio
e o problema do terrorismo. Durante a
Viglia de Orao, aps ouvir o relato da
jovem sria Rand Mittr, 26 anos, o pont-
fice falou que, a partir daquele momento,
o sofrimento e a guerra que vivem muitas
pessoas deixariam de ser uma coisa an-
nima: para ns, j no so s uma notcia
de imprensa, pois tm um nome, um ros-
to, uma histria, fizeram-se-me vizinhos.
Francisco pediu para que todos os peregri-
nos fizessem um minuto de silncio e que
rezassem pela vida de tantas pessoas que
sofrem com a violncia e a intolerncia.
Um dos momentos mais marcantes
da JMJ foi a visita do papa aos campos
de extermnio de Auschwitz e Birkenau.
L, Francisco ficou em silncio e em
orao devido ao sofrimento humano,
recordando tantas vidas tiradas nesses
campos durante o nazismo. A peregrina
Paola, que tambm esteve em Auschwitz,
diz que trouxe uma bagagem repleta de
oraes e questionamentos. horrvel
pensar na falta que o amor e a identifi-
cao com o prximo so capazes de fa-
zer. O dio e ganncia podem imperar no
mundo se no nos responsabilizarmos e
no formos firmes na misso que Deus
nos deixou. Que estejamos atentos a
A prxima JMJ,
que ser realizada em
2019, j tem destino certo:
o Panam, pas da Amrica
Central, que tem uma popula-
o de cerca de 3,6 milhes de
pessoas, maioria delas catlicas.
Os panamenhos receberam a not-
cia com muita alegria e j esto an-
siosos para receber o papa e os mi-
lhares de jovens do mundo inteiro.
cada vida que sofreu e sofre com a falta
de amor nesse mundo, ressaltou.
Na missa de envio, o papa frisou
aos jovens que a JMJ no terminava
ali, mas sim que estava comeando,
pois na casa de cada jovem que
Jesus quer habitar todos os dias. Na
hora da celebrao, a temperatura
era de 40 e, para os peregrinos que
caminharam tantos quilmetros, o
desafio era manter-se em p durante
a missa. Nesse momento, somente
o Esprito Santo capaz de modificar
nosso interior, abrir os nossos olhos e
nos fazer enxergar o que estava acon-
tecendo ali: o papa estava enviando
mais de um milho e meio de pessoas
que vivem a mesma crena para suas
casas, pedindo a cada uma delas que
regressasse e se tornasse a diferena
na sua realidade. Eu senti que s Deus
capaz de unir, na paz e por amor,
tanta gente, confessou Paola. Ns, os
jovens, somos aqueles com energia e
tempo para fazer tudo isso que o papa
nos pede. Voltemos, cada um para sua
casa, para fazer aquilo que o jovem faz
melhor: nadar contra a corrente, gritar
at ser ouvido e ter coragem, conclui
a jovem.
-
20 21Em Em
Voluntariado Jovem So Paulo (SP)
15 a 23 de julho
O Centro Magis Anchietanum e obras parceiras
da cidade de So Paulo, inspirados pelo tema da
JMJ 2016, Felizes os misericordiosos (Mt 5,7), pro-
puseram para essa experincia um roteiro pelas
bem-aventuranas. Durante o dia, os jovens visi-
taram e trabalharam em obras de misericrdia e,
no perodo noturno, participaram de atividades
relacionadas s experincias vivenciadas.
Voluntariado Jovem Cascavel (PR)
23 a 30 de julho
Os jovens realizaram atividades de cuidados pessoais no Abrigo de Idosos - So Vicen-
te de Paula, cuidaram dos cavalos da APAE (Associao dos Pais e Amigos dos Excep-
cionais) e ajudaram em diversas tarefas no Recanto das Crianas, como no conserto
de brinquedos e na organizao de alguns espaos. O experimento teve como objetivo
alimentar a reflexo e o compromisso com a justia social por meio do trabalho em
equipe, da orao pessoal e comunitria, e do servio gratuito e disponvel.
Magis na Amaznia Santarm (PA)
20 a 31 de julho
A experincia aconteceu no distrito de Boim, em
Santarm (PA), localizada na Reserva Tapajs, s
margens do Rio de mesmo nome. O objetivo era
incentivar e apoiar o projeto de evangelizao da
Parquia Santo Incio de Loyola. Durante a expe-
rincia, foram desenvolvidas atividades de apoio
ao projeto de revitalizao da festa de Santo In-
cio e incentivo participao dos jovens nas ati-
vidades paroquiais e da comunidade.
eSPeCiAleSPeCiAl
Em 2013, o MAGIS foi realizado no
Brasil. Esse encontro reuniu cerca de 2
mil jovens e inspirou o trabalho da Com-
panhia de Jesus no pas com a juventude.
Assim nasceu o Programa MAGIS Brasil,
responsvel por organizar, em 2016, pela
primeira vez, as Experincias MAGIS, que
aconteceram no ms de julho.
Em unidade e paralelamente ao even-
to da Polnia e JMJ (Jornada Mundial da
Juventude), a iniciativa promoveu ativi-
dades em todo o territrio nacional. Um
momento de ir ao encontro do prximo e
de conhecer as diferentes culturas e reali-
dades brasileiras, tendo como referncia
a espiritualidade inaciana.
Por meio de atividades de evange-
lizao, enraizadas nas demandas so-
cioculturais de cada regio, de espiritu-
alidade e de voluntariado, a Companhia
de Jesus, por meio do Programa MAGIS,
proporcionou aos jovens experincias
profundas de imerso em outras realida-
des, de autoconhecimento e construo
colaborativa de uma igreja missionria
que vai s ruas, como nos pede o papa
Francisco, afirma padre Jonas Caprini,
secretrio para Juventude e Vocaes da
Provncia dos Jesutas do Brasil (BRA) e
coordenador do Programa MAGIS Brasil.
Veja como foram as experincias:
eM SintoniA CoM A PolniA
20 Em
-
20 21Em Em 21Em
Misso Vocacional Teotnio Vilela (AL)
9 a 17 de julho
A experincia, voltada para jovens que
se sentiam inquietos vocacionalmente,
aconteceu na Parquia Nossa Senhora de
Ftima, comunidade onde foi celebrada a
ordenao presbiteral do jesuta Jos C-
lio dos Santos, no dia 16 de julho.
Peregrinao Inaciana Litoral do Esprito Santo
7 a 10 de julho
Com um percurso de, aproximadamente, 40 quil-
metros, os peregrinos saram da cidade de Marata-
zes com destino final ao Santurio Nacional de So
Jos de Anchieta, no municpio de Anchieta (ES). A
experincia instigou os jovens a reconhecerem-se
capazes de fazer seu caminho aos passos de Jesus.
Peregrinos Urbanos a Servio Salvador (BA)
20 a 24 de julho
A experincia aconteceu na comunidade da Trin-
dade, na Igreja de mesmo nome, localizada na Ci-
dade Baixa, em Salvador (BA), onde pessoas em si-
tuao de rua so acolhidas. A vivncia dos jovens
participantes consistiu em partilhas e oraes
comunitrias, peregrinao, trabalhos voluntrios
em atividades de reciclagem de materiais e arte-
sanato e colaborao no servio das pessoas que
vivem na comunidade.
Leia um trecho do depoimento dos jovens que parti-
ciparam da experincia:
[...] Gratido, ento, o que temos para deixar. Nosso
sincero e fervoroso agradecimento por momentos
to singulares, to nicos, inesquecveis. Estar aqui
com vocs e poder levar tudo isso na bagagem a
prova que, independentemente de onde estivermos,
nosso corao bate na mesma sintonia. Sempre. [...]
Acesse o link e confira o texto na ntegra:
http://bit.ly/2bGaJM3
Voluntariado e Insero Social e Ambiental Rio de Janeiro e
Duque de Caxias (RJ)
25 a 31 de julho
A experincia, proposta pela Casa Magis Rio e realizada
na Associao das Comunidades de Vida Mariana (ACVM),
promoveu momentos de orao e partilha, reflexes sobre
os temas da misericrdia e da ecologia. Os jovens tambm
participaram como voluntrios das atividades sociais na
ACVM, realizaram trilhas ecolgicas, workshops temticos
e trabalhos no campo.
So PAulo
PARAn
PAR
eSPRito SAnto
Rio de jAneiRo
AlAgoAS
bAhiA
-
22 23Em Em
A CoMPAnhiA de jeSuS no Mundo criA gerAl
ConveRSAeS CoM o PAdRe geRAl.:o que PodeMoS eSPeRAR dA 36 Cg?
Em 2 de outubro de 2016, comear em Roma (Itlia) a 36 CG (Congre-gao Geral). O superior geral da Companhia de Jesus, padre Adolfo Nico-
ls, j anunciou que solicitar Congre-
gao Geral sua renncia ao cargo. A CG
livre para aceitar ou no a apresentao de
sua demisso. Nessa breve conversa, com
o padre Patrick Mulemi, o padre geral fala
de suas expectativas sobre a 36 CG.
J sabemos que quem define a agen-
da o Esprito Santo e os eleitores,
mas, falando em geral, o que o senhor
espera da prxima Congregao Geral?
Gostaria de ter expectativas que se-
jam realistas e apropriadas para uma
Congregao Geral. Depois do Vaticano II,
era necessrio reformular muitos aspec-
tos e dimenses da vida religiosa e isso
foi levado a termo pelas Congregaes
Gerais 31 e 35. As Congregaes empreen-
deram essa tarefa e, com maior ou menor
acerto, promoveram as mudanas na sua
metodologia para que o enfoque dos no-
vos tempos se incorporasse na Igreja.
Agora, podemos voltar s tarefas pr-
prias de uma Congregao Geral. No
creio que uma CG tenha como finalidade,
ordinariamente, produzir longos docu-
mentos. Trata-se, antes, de uma repre-
sentao de toda a Companhia de Jesus
para discernir como aprimorar a nossa
vida religiosa e como desempenhar me-
lhor nosso servio Igreja e ao Evangelho
a servio das almas.
Seriam essas as minhas expectativas.
Isto , espero que a Congregao produ-
za como frutos uma vida religiosa mais
intensa no esprito do Evangelho e uma
renovada imaginao para enfrentar a
nossa misso.
O senhor tem a impresso de que a
36 Congregao ser diferente da lti-
ma, na qual o senhor foi eleito?
Sim, penso que ser bem diferente.
Os tempos mudaram e a Companhia
est mais consciente de que precisa-
mos de ousadia, imaginao e coragem
para fazer frente nossa misso como
parte da grande Misso de Deus pe-
rante o nosso mundo. nova tambm
a frmula que utilizaremos e que nos
abre novo caminho para a concepo
da Congregao Geral. No estaremos
reunidos at outubro de 2016, mas a
Congregao comeou j em setembro
de 2015, com as reunies do Comit
preparatrio (setembro) e do Comit
de Coordenao (dezembro). Isso su-
pe uma mudana importante e, certa-
mente, afetar a Congregao.
O que aconteceria se a Congregao
votasse contra seu pedido de renncia?
Seria uma grande surpresa. Eu pen-
so que a Companhia de Jesus cons-
ciente de que necessitamos de agilida-
de e de ousadia para enfrentar o futuro
e no bom para Companhia viver na
incerteza de que trazem consigo os
dois (ou mais) ltimos anos de servi-
o de todo superior geral. Em termos
concretos, a Congregao Geral livre
para aceitar ou no a representao da
minha renncia, a CG teria que eleger
um vigrio e tomar medidas para os
prximos anos nos quais as minhas ca-
pacidades diminuiro muito, com toda
certeza, coisa que atualmente j estou
comeando a sentir.
O papa Francisco dirigir sua palavra
Congregao Geral?
Assim esperamos, mas o papa li-
vre e tenho a certeza de que far uso
dessa liberdade. Da nossa parte, todos
esperamos que se dirija a esta Congre-
gao e d a conhecer seus sentimen-
tos e preocupaes.
eu penSo que a companhia de JeSuS conSciente de que neceSSitamoS de agilidade e de ouSadia para enfrentar o futuro
Acompanhe as notcias sobre a 36 CG
pelo site www.gc36.org
-
22 23Em Em
Deus e Senhor nosso, Pai amoroso, ns vos agradecemos por nos ter chamado, embora pecadores que somos, para sermos companheiros e seguidores de vosso Filho como Incio.
Com ele, vos pedimos que nos coloque com seu Filho, especialmente neste momento de preparao para a Congregao Geral 36. Abenoai a Companhia de Jesus com vosso Santo Esprito, para que, com f renovada, esperana e amor, possamos buscar a vossa vontade no nosso servio ao vosso povo. Ns vos apresentamos esses pedidos em nome do Senhor Jesus Cristo, pela intercesso da Virgem Maria, Me de Deus, de Santo Incio e de todos os Santos e Bem-aventurados da Companhia de Jesus.
Amm.
oRAo dA 36 CongRegAo geRAl
-
24 25Em Em
A CoMPAnhiA de jeSuS nA AMRiCA lAtinA cPAl
Muitos falam do jovem Incio de Loyola como militar, por isso dizem que a Companhia de Jesus tem um governo com obedi-
ncia de militar. Na realidade, o jovem
Incio foi mais um aprendiz de corteso
do que militar. poca, essa funo de
governo implicava tambm habilidades
militares. Mas sua especialidade era a
corte, com suas negociaes e relaes,
mais que propriamente o campo de ba-
talha. Ajustam-se melhor a essa imagem
os adjetivos que Victor Codina confere ()
a Incio como superior geral da Compa-
nhia: estratego e eficiente. Mas, quan-
do Incio assume o governo da recm
fundada Companhia de Jesus, j predo-
mina nele a sua dimenso mstica ().
O tempo de Incio foi o comeo da
modernidade e, portanto, da globalizao.
O mundo europeu abre-se ao comrcio
cada vez mais ativo com o Oriente e aos
novos territrios que so descobertos
com o avano da tecnologia da navegao.
O despertar industrial reclama mais mat-
rias-primas e novos mercados, e o avano
da cincia produz inovaes tecnolgicas
nunca antes imaginadas.
A Companhia de Incio muito pou-
co institucionalizada. uma companhia
ad dispersionem em direo a misses
diversas, em multiplicidade de lnguas e
culturas. No tem o governo de institui-
es, mas de homens para a misso. Pou-
inCio e o goveRno dA CoMPAnhiA univeRSAl
Pe. jorge Cela, SjPresidente da CPAL
cas eram, no tempo de Incio, as institui-
es e muitos, os missionrios.
Quando a 36 Congregao Geral
prope o governo como um dos temas
centrais de discusso, faz isso em uma
Companhia de Jesus em um mundo for-
temente institucionalizado. Colgios,
universidades, grandes centros sociais,
centros de espiritualidade ou de comu-
nicao. Mas, tambm, em uma Compa-
nhia que se sente chamada s fronteiras,
convocada a sair de suas instituies e a
encontrar os desafios de um mundo em
rpida e constante mudana.
Como dar resposta ao convite do
papa Francisco de sermos uma Igreja de
sada, que se mistura com o povo nas
praas da periferia e se contamina com
o odor de ovelha; e, ao mesmo tempo,
como governar a complexidade institu-
cional construda nos ltimos sculos?
Santo Incio queria uma Ordem de
Cavalaria Ligeira, com grande mobilida-
de, disponvel para fronteiras e periferia.
Por isso, no quis conventos, nem es-
truturas pesadas com cor e oraes. Isso
exige estruturas de governo mais leves e
flexveis, com melhores antenas para de-
tectar as fronteiras.
Para isso, requer-se uma identidade
forte, aquela que brota dos Exerccios Es-
pirituais; uma misso clara de servio da
f e promoo da justia nas fronteiras
[...] como governar a complexidade inStitucional conStruda noS ltimoS SculoS?
() Escritos Ignacianos, Cochabamba, 2014.
() Idem
() Diz-nos Victor Codina citando a parte X das Constituies: E S. Francisco e outros bem-aventurados, mesmo quando esperavam em Deus, nem por isso deixavam de pr os
meios mais convenientes para que suas casas se conservassem e se aumentasse para maior servio e maior louvor de sua divina majestade; que de outra forma pareceria mais
tentar o Senhor a quem serviam do que proceder por bom caminho Porque a Companhia, que no foi instituda por meios humanos no pode conservar-se nem aumentar-
-se por eles, seno pela mo onipotente de Cristo e Senhor Nosso, necessrio nEle s por a esperana de que Ele h de conservar e levar adiante o que se dignou comear
para seu servio e louvor e ajuda das almas. Idem.
mais difceis; e uma forte ligao a uma
estrutura slida que d estabilidade: o
servio Igreja e a seu pontfice.
Requer, no superior, uma men-
te aberta, a flexibilidade que nasce da
identidade forte e a misso clara, a in-
formao necessria para acertar nas
decises, a atitude de escuta do esprito
conatural prtica do discernimento;
estratgia, eficcia e mstica.
Por isso, Incio dotou o superior de
instrumentos de informao adequados:
informes, cartas nuas, comunicao re-
gular, consulta, representao em obedi-
ncia. Tudo como insumos para a mstica
de olhos abertos, que o discernimento
para a busca coletiva da vontade de Deus
sobre a ao do grupo ().
Hoje, mais do que nunca, os ins-
trumentos permitem-nos informao
adequada e rpida neste mundo global e
intercultural. As redes facilitam a cons-
truo coletiva do conhecimento sobre a
realidade e a ao conjunta que tenha in-
cidncia pblica.
Precisamos saber integr-las s estru-
turas de governo e dotar estas da mstica
que permita no reduzir o governo a an-
lises tcnicas da realidade e exerccios de
planejamento, nem a um autoritarismo
em nome de Deus, mas que saiba utili-
zar todos os instrumentos possveis para a
prtica do discernimento da misso.
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24 25Em Em
Fonte: Pan-Amaznia SJ Carta Mensal n 28 Julho 2016 | Acesse o link (http://bit.ly/2bmlRxX) do Portal Jesutas Brasil e faa o
download das edies completas da Pan-Amaznia SJ Carta Mensal.
AssembleiA dA PlAtAFOrmA APOstlicA AmAzNiA
eNcONtrO dO cimi NOrte
voluntARiAdo
Entre 14 e 17 de julho, a Assem-bleia da Plataforma Apostlica Amaznia da Provncia dos Jesu-tas do Brasil (BRA), em Manaus (AM),
contou com a organizao e participa-
o da equipe do Projeto PAM SJ (Projeto
Pan-Amaznico), da CPAL (Conferncia
dos Provinciais Jesutas da Amrica La-
tina), formada pelos padres Alfredo Fer-
Em julho, teve incio a experincia de voluntariado do Projeto PAM SJ (Projeto Pan-Amaznico), da CPAL (Conferncia dos Provinciais Jesutas da
Amrica Latina), com a equatoriana Lore-
na Perez, que tem o apoio da CVX (Comu-
nidade de Vida Crist) do Equador. Alm
de ter em vista todos os aspectos legais e
uma estrutura de atuao organizada, a
proposta est sendo construda com base
O Pe. Valrio Sartor participou do encontro das equipes do CIMI (Conselho Indigenista Missio-nrio) Norte I, que aconteceu em Ma-
naus (AM), entre 24 e 28 de julho, com
cerca de 50 participantes. Nesse evento,
houve momentos de formao com as
temticas sobre as mudanas clim-
ticas (assessorado por Ivo Poletto); de
oficinas de mapeamento e de uso do
GPS; e de oficinas de compostagem e
em trs atividades principais:
1. Apoiar o trabalho pastoral das co-
munidades da parquia de Nazareth,
nas margens do rio Amazonas, do
lado colombiano.
2. Colaborar com a pastoral juvenil
junto aos Freis Capuchinhos do Vica-
riato de Leticia.
3. Apoiar a elaborao da poltica do
voluntariado do Projeto PAM SJ.
ro, Valrio Sartor e Pablo Mora. Compa-
receram ao encontro 45 pessoas, entre
jesutas e leigos, colaboradores vincula-
dos Companhia de Jesus, como CIMI
(Conselho Indigenista Missionrio),
REPAM (Rede Eclesial Pan-amaznica),
Fundao F e Alegria, PEC (Projeto
Educao e Cidadania) e SARES (Servio
de Ao, Reflexo e Educao Social).
elaborao de inseticidas orgnicos.
Foi possvel, tambm, um momen-
to para a socializao do trabalho
das equipes, no qual o Projeto PAM SJ
apresentou seus avanos, bem como a
programao das atividades do CIMI.
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26 27Em Em
CoMPAnhiA de jeSuS serviO dA F
APliCAtivo CliCk To Pray lAnAdo no bRASil
O Click To Pray nos coloca em rede com outros irmos e irms, afirmou o padre Frderic For-nos, SJ, diretor internacional da Rede
Mundial de Orao do Papa (Apostolado
da Orao e Movimento Eucarstico Jo-
vem), no lanamento do aplicativo, que
aconteceu no dia 14 de julho, no Pateo
do Collegio, em So Paulo (SP).
O padre Eliomar Ribeiro, SJ, diretor
nacional da Rede Mundial de Orao do
Papa no Brasil (AO-MEJ), presidiu o en-
contro, que contou tambm com as pre-
senas de Juan Della Torre, fundador e
CEO da La Machi, empresa responsvel
por desenvolver o aplicativo, e do padre
Adriano Zandon, formador geral da
Cano Nova, em So Paulo (SP).
Em 2014, por iniciativa do Apostola-
do da Orao de Portugal, foi lanada a
primeira verso do Click To Pray. Segun-
do padre Frderic, a qualidade do proje-
to piloto surpreendeu a todos e, assim,
o Apostolado da Orao decidiu trans-
formar a ferramenta em uma platafor-
ma internacional para a Rede Mundial
de Orao do Papa.
Agora, a plataforma, que existe em es-
panhol, francs e ingls, est disponvel
Rede de Orao
O Apostolado da Orao um servio da Igreja Catlica confiada Companhia de
Jesus desde o sculo XIX. Nossa misso rezar pela misso da Igreja, mobilizando
os catlicos diante dos desafios da humanidade, expressos nas intenes da orao
do pontfice, despertando, assim, a capacidade missionria dos cristos, por meio de
uma relao pessoal e profunda com Jesus, afirma padre Frderic Fornos.
tambm em portugus do Brasil, pas com
o maior nmero de catlicos do mundo e
onde o Apostolado da Orao tem grande
representatividade. Atualmente, mais de
trs milhes de pessoas esto unidas
Rede Mundial de Orao do Papa no pas.
Para o padre Eliomar Ribeiro, a pla-
taforma conecta o corao e a orao
da esq. p/ dir., padre eliomar Ribeiro, SJ, juan della torre, e os padres Frderic Fornos, SJ, e Adriano Zandon
O APOstOlAdO dA OrAO est PreseNte em 98 PASeS, em umA rede de mAis de 35 MilheS de PessOAs.
O mej se FAz PreseNte em umA rede cOm MAiS de uM Milho de criANAs e jOveNs NO muNdO. O Segundo MAioR mOvimeNtO de juveNtude dA igrejA cAtlicA, em NmerO de PArticiPANtes.
das pessoas com os grandes desafios da
humanidade. A Rede Mundial de Ora-
o do Papa nos chama para um com-
promisso apostlico com a misso da
Igreja, que a misso de Cristo, que nos
chama a olhar os desafios da humani-
dade. O Click To Pray nos mostra as in-
tenes que o papa Francisco pede para
rezarmos, explicou o jesuta.
O padre Frderic Fornos afirma que
a orao essencial para a misso da
Igreja, por isso a importncia da Rede
Mundial de Orao do Papa e das fer-
ramentas que facilitam o acesso s in-
tenes de orao do pontfice. Em um
mundo de indiferena, a plataforma de
orao Click To Pray quer nos ajudar a
abrir o corao para os grandes desafios
da humanidade, mobilizando-nos para
a misso da Igreja, declarou.
O jesuta ressaltou que a Rede
Mundial de Orao do Papa nos ajuda
a sair da indiferena, promovendo a
cultura do encontro. Precisamos abrir
nossos coraes, todos os dias, aos ho-
mens, mulheres e crianas, ao nosso
pas e a outros pases, que enfrentam
os desafios do mundo de hoje. O apli-
cativo Click To Pray uma rede, uma
rede de outros irmos e irms de di-
versos pases, que querem um mundo
de paz, justia, fraternidade e orao.
Uma orao que nos conecta com o
mundo. Orar abre nossos coraes para
os outros, para a misso, para transfor-
marmos o mundo. Como disse papa
Francisco: No subestime a fora da
orao, reforou padre Frderic.
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26 27Em Em
CoMPAnhiA de jeSuS dilOgO culturAl e religiOsO
Entre os meses de junho e julho, os jesutas Alfredo Sampaio e Johan Konings lanaram seus mais recentes livros.
Padre Alfredinho, como conheci-
do pelos participantes dos retiros que
orienta, completou 25 anos de sacer-
dcio e decidiu comemorar esse im-
portante momento com o lanamento
da obra Solidrios, Obedientes e Amo-
rosos As Novas Faces da Humildade
para o Mundo de Hoje.
Padre Konings, professor no depar-
tamento de Teologia da FAJE (Facul-
dade Jesuta de Filosofia e Teologia),
escreveu o livro Lucas, o evangelho da
graa e da misericrdia, em parceria
com o frei Isidoro Mazzarolo. A obra
uma reedio da publicao Bblia
passo a passo, editada pela Edies
Loyola, na dcada de 1990.
Para o padre Alfredo, a solidarie-
dade, a obedincia a Deus e o amor ao
prximo traduzem-se na vivncia da
humildade. Em entrevista ao site do
Centro Loyola de F e Cultura PUC-Rio,
o jesuta falou sobre o que o motivou
a escrever o livro. Aprendi de minha
me que ser humilde era um valor a ser
buscado e conservado a qualquer cus-
to. Sempre tive atrao por estar prxi-
mo s pessoas mais humildes e, nelas,
descobria a alegria que eu tanto perse-
guia, revela. Outra razo que me levou
a escrever sobre a humildade foi o meu
trabalho junto aos moradores de rua de-
pendentes qumicos no Rio de Janeiro
(RJ), quando aprendi o quanto no era
humilde e precisava me colocar a servi-
o daqueles mais necessitados, afirma.
J padre Konings explica que seu
livro segue o mtodo do comentrio-
-parfrase, da coleo Bblia passo a
aprendi de minha me que Ser humilde era um valor a Ser buScado e conServado [...]
a obra de lucaS uma eScola de f [...]Padre johan Konings
jesutAs lANAm livrOs
Padre Alfredo Sampaio
passo, da qual a obra sobre Lucas faz
parte. Muitas vezes, interrompemos
o comentrio sequencial para incluir
uma nota sobre algum assunto que
extrapola o contexto imediato da fra-
se, conta. Os autores reescreveram o
Evangelho versculo por versculo, do
mesmo modo como se encontra na
Bblia, mas usando palavras e frases
mais acessveis, acrescentando expli-
caes necessrias para o leitor atual.
A obra voltada para grupos de leitu-
ra bblica, mas tambm para aquelas
pessoas que se interessam pela Bblia.
A prpria leitura uma escola, por
isso fizemos tudo para deixar o texto
da Bblia falar, acrescentando apenas
umas explicaes e tirando os mal-
-entendidos. A obra de Lucas uma
escola de f e o livro ajuda as pessoas
a lerem o Evangelho, diz.
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ult
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As duas publicaes foram
editadas pela Edies Loyola,
para adquirir as obras basta aces-
sar o site www.loyola.com.br.
-
28 29Em Em
CoMPAnhiA de jeSuS PrOmOO dA justiA e ecOlOgiA
da esq. p/ dir., o presidente do FoniF, Custdio Pereira, o secretrio geral da Cnbb e bispo auxiliar de braslia, dom leonardo Steiner, e o analista da consultoria da doM Strategy Partners, Pedro Mello
beneFCioS dA FilAntRoPiA So MAioReS que iMunidAdeNo dia 8 de agosto, em Braslia (DF), o FONIF (Frum Nacional das Instituies Filantrpicas) divulgou a pesquisa A contrapartida do
setor filantrpico para o Brasil, cujos da-
dos comprovam a abrangncia de atuao
dessas organizaes no pas. O estudo
mostra que os benefcios gerados so-
ciedade nas reas de Assistncia Social,
Educao e Sade so muito mais amplos
se comparados com o valor da imunidade
usufruda, ou seja, com as isenes fiscais
concedidas a essas entidades.
A pesquisa foi desenvolvida pela
empresa de consultoria DOM Strate-
gy Partners de maio de 2015 a junho
de 2016 e baseou-se em dados oficiais
e restritos a instituies filantrpicas
que possuem o Cebas (Certificado de
Entidades Beneficentes de Assistncia
Social), concedido pelo Governo Fede-
ral, por intermdio dos Ministrios da
Educao, Desenvolvimento Social e
Sade. O estudo constata que o valor da
iseno fiscal previdenciria das insti-
tuies filantrpicas muito inferior ao
benefcio que elas geram sociedade.
Segundo o estudo, as instituies
filantrpicas realizaram mais de 160 mi-
lhes de atendimentos em 2014 e gera-
ram 1,3 milho de empregos. A cada R$ 1
obtido por isenes fiscais, as instituies
filantrpicas retornam R$ 5,92 em benef-
cios para a sociedade. Se as reas de atu-
ao forem analisadas separadamente, na
Sade, esse coeficiente de contrapartida
sobe para R$ 7,35. Ou seja, a cada R$ 100
de iseno a um hospital beneficente, so
investidos R$ 735 no atendimento po-
pulao. Na Assistncia Social, a cada R$
100, o retorno sociedade de R$ 573 e, na
Educao, R$ 386, por meio da concesso
de bolsas de estudo, por exemplo.
Ainda conforme a pesquisa, 53% dos
atendimentos do SUS so realizados pe-
las Santas Casas e hospitais filantrpicos.
Os hospitais beneficentes configuram-
-se como referncias mundiais em reas
como oncologia, cardiologia e transplan-
tes, aponta o estudo. Quanto Assistn-
cia Social, 4,8 milhes de vagas de aten-
dimento so oferecidas pelo setor. No
mbito da Educao, da bsica superior,
o setor filantrpico atende mais de 2,2 mi-
lhes de alunos, sendo que 31% dos alu-
nos matriculados nessas instituies de
Ensino Superior so bolsistas.
Para o presidente do FONIF, Cust-
dio Pereira, os dados levantados provam
a importncia do setor. Eu tenho certe-
za de que as instituies filantrpicas
so fundamentais, pois atendem mi-
lhes de brasileiros na Sade, Educao
e Assistncia Social. Temos que intera-
gir e participar em toda possvel mudan-
a que afete o setor, disse.
Para o secretrio geral da CNBB
(Conferncia Nacional dos Bispos do
Brasil) e bispo auxiliar de Braslia, dom
Leonardo Steiner, os dados levantados
pela pesquisa mostram que as insti-
tuies filantrpicas esto dispostas a
continuar cuidando dos mais neces-
sitados. Eu creio que nossas institui-
es, independentemente de serem
catlicas, evanglicas ou mesmo no
confessionais, esto dispostas a esse
tipo de cuidado. Com a apresentao
da pesquisa, sintamos mais nimo em
trabalharmos em favor dos irmos e das
irms que necessitam e sintamos o or-
gulho de sermos entidades filantrpi-
cas certificadas, enfatizou.
No dia 31 de agosto, o FONIF par-
ticipar de uma audincia pblica
sobre o tema, em Braslia (DF), mar-
cando presena de forma mais ativa
nos debates relevantes para o setor.
Criado h trs anos para ser um cen-
tralizador de dados, o Frum Nacional
das Instituies Filantrpicas ganhou,
recentemente, um CNPJ e pretende ser
o porta-voz do segmento. Na avaliao
dos dirigentes, o FONIF que une, sob
o mesmo guarda-chuva, entidades de
Sade, Educao e Assistncia Social,
que sempre trataram de suas deman-
das de maneira isoladas.
Alm de coletar dados e patrocinar
novas pesquisas, a inteno que o
setor se antecipe aos debates mais im-
portantes no Legislativo, com embasa-
mento jurdico e argumentaes mais
estruturadas. Queremos ser mais ouvi-
dos, porque temos dados sobre a nossa
contribuio para a sociedade, afirma
Custdio Pereira.
Fontes: CNBB/ Valor Econmico
Faa o download da pesquisa por meio
do link: http://bit.ly/2aHlZaa
FOtO
: cN
bb
-
28 29Em Em
1 Frum de Universitrios
No dia 3 de julho, como parte do
projeto de Extenso Universitria
UniVaz, aconteceu o I Frum dos Uni-
versitrios de Vazantes. Cerca de 30
estudantes participaram do encontro,
dentre eles jovens das universidades
espanholas de Comillas e Deusto. O
estudante de Letras da Unilab, Douglas
Brasil Coutinho, conta que o encontro
foi muito bem-sucedido. Essa pri-
meira experincia foi muito promis-
sora e j houve at manifestaes, por
parte dos universitrios, para novos
encontros e compartilhamento de vi-
vncias, diz o jovem. Douglas, natural
de Vazantes e um dos organizadores
do encontro, ficou orgulhoso do resul-
tado. Vazantes tinha tudo para ser s
mais uma comunidade do interior.
No entanto, est tornando-se protago-
nista de uma histria de muito suces-
so com a educao, afirma.
vOluNtAriAdO e AO cOmuNitriA NO ceAr
Em julho, cerca de 40 universitrios do Brasil e da Espanha participa-ram do projeto de Extenso Uni-versitria UniVaz, promovido pela Unicap
(Universidade Catlica de Pernambuco)
em parceria com a Fundao F e Alegria,
na comunidade de Vazantes, no munic-
pio de Aracoaiaba (CE), Semirido Nor-
destino. O objetivo da iniciativa integrar
obras jesutas e ao comunitria, por
meio de oficinas e cursos de extenso nas
reas esportivas e culturais.
Do Brasil, participaram universit-
rios de Vazantes, da Unicap e da UFPE
(Universidade Federal de Pernambuco),
e da Espanha, jovens da PUC Comillas
e da Universidade de Deusto. Para os
estudantes, o projeto proporcionou
extensa troca de saber com as pessoas
que vivem no interior. O padre Pedro
Rubens Ferreira de Oliveira, reitor da
Unicap e idealizador do projeto, ressal-
ta que a iniciativa tambm possibilitou
grande aprendizado aos educadores de
F e Alegria. A experincia promoveu
uma formao suplementar, que ajuda
a animar a misso, por meio da articu-
lao de momentos ldicos e do aper-
feioamento profissional. Alm disso,
proporcionou s crianas, aos jovens e
aos adolescentes do interior que, nor-
malmente, no viajam de frias, o aces-
so a uma programao diferenciada,
com momentos educativos, ldicos e
culturais, na prpria comunidade.
A voluntria Sara Lapuente, profes-
sora de escola primria e estudante de
Lnguas Modernas, na Espanha, falou
de sua experincia em Vazantes. Che-
guei ao Brasil e comecei o meu trabalho
como voluntria no F e Alegria, junta-
mente com outros colegas espanhis
e brasileiros. Desde o primeiro dia, o
padre Pedro Rubens e todos que traba-
lham no Centro acolheram-nos como
parte de sua famlia, proporcionando-
-nos todo o seu amor e entusiasmo,
afirma a jovem.
O carinho da comunidade local com
os voluntrios nunca ser esquecido
pela estudante espanhola. impossvel
explicar a alegria que as crianas e os jo-
vens nos transmitiram desde o primeiro
dia, nos recebendo com beijos e abraos,
assim como todos os moradores da ci-
dade. S com isso, eu poderia dizer que
minha experincia em Vazantes valeu a
pena. O sorriso de cada criana me deu
foras para tentar ajud-las a conseguir
uma vida melhor, pois elas so o futuro,
conta Sara, acrescentando: por isso
que a educao tem um papel muito im-
portante. Nesse perodo, organizamos
vrias oficinas para eles, como aulas de
espanhol, arte, educao para cidadania
e esportes, mas tambm aprendemos e
muito! O F e Alegria nos proporcionou
aulas de Portugus, Libras e Maracatu.
O estudante de Licenciatura em His-
tria da Unicap, Joo Felipe Xavier, conta
que a experincia de ser voluntrio no
Semirido Nordestino foi apaixonante
e singular. Na medida em que adentra-
mos na vida da comunidade, no seu dia
a dia, sentimos uma espiritualidade forte
e apaixonante. Na simplicidade, o acolhi-
mento tornou-se uma das muitas virtu-
des desse pequeno povoado de pessoas
de grande corao. Sobretudo, o carinho e
a satisfao em receber estrangeiros. Pes-
soas at ento desconhecidas, mas sem
distino, foram acolhidas como filhos
e filhas desse pequeno grande pedao
de terra. Nas primeiras semanas de con-
vivncia, destaco esses dois aspectos: o
acolhimento e o carinho dessas pessoas,
partilha Joo. Para o estudante, o volunta-
riado prope que os jovens universitrios
levem e ensinem um pouco de suas ha-
bilidades para as pessoas da comunida-
de. Entretanto, ele ressalta: percebi que,
nessa integrao, ns aprendemos mais
do que ensinamos, pois, na verdade, foi
uma grande partilha de dons e habilida-
des para ambos os lados.
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30 31Em Em
CoMPAnhiA de jeSuS educAO
O Colgio Anchieta, de Nova Fri-burgo, por iniciativa da Assem-bleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, recebeu a Medalha Tira-
dentes. A cerimnia de entrega da hon-
raria, concedida pelo Estado as pessoas
e entidades que prestam relevantes ser-
vios causa pblica fluminense, acon-
teceu no dia 22 de julho.
O diretor geral da instituio, pa-
dre Luiz Antnio de Arajo Monnerat,
conhecido como Toninho, participou
do evento, que contou com a presen-
a da comunidade educativa, de au-
toridades e de convidados. Antes das
homenagens, houve uma breve apre-
sentao da Banda do Colgio Anchie-
ta, seguida de um Momento Cnico,
preparado pelo TACA (Teatro Amador
do Colgio Anchieta).
cOlgiO ANchietA (rj) recebe medAlhA tirAdeNtes
ete Fmc sediAr FeirA estAduAl de ciNciAs e tecNOlOgiA
O deputado estadual Wanderson
Nogueira, que indicou a homenagem
instituio jesuta, destacou que a
histria do colgio muito impor-
A ETE FMC (Escola Tcnica de Eletrnica Francisco Moreira da Costa) sediar a 2 edio da Fecete (Feira Estadual de Cincias
tante para a sociedade brasileira. Os
servios prestados pela instituio
so muito relevantes, sobretudo para
a formao humanstica, afirmou.
da esq. p/ dir., Carlos Cortez, diretor administrativo; Ricardo Ribeiro, diretor acadmico; Pe. Monnerat e o deputado Wanderson nogueira
evento, promovido pela instituio, incentiva a pesquisa cientfica dos alunos de Minas gerais
e Tecnologia), que ser realizada nos
dias 6 e 7 de outubro. O evento aconte-
cer simultaneamente PROJETE (Feira
Tecnolgica da ETE FMC), que chega a
sua 36 edio, com a exposio anual
de, aproximadamente, 200 invenes.
Alm da mostra de projetos, o evento
conta com extensa programao que
envolve palestras, oficinas, minicursos
e um show de cincias.
A Fecete tem como objetivo incen-
tivar e difundir a pesquisa cientfica
entre os alunos de Minas Gerais, alm
de proporcionar a troca de experincias
entre as escolas. O evento abre espao
para que os estudantes possam apre-
sentar seus trabalhos criativos e ino-
vadores, desenvolvidos nas escolas de
Ensino Fundamental, Mdio e Tcnico
de todo o estado.
A primeira edio da Feira supe-
rou nossas expectativas em relao ao
nmero, diversidade e qualidade
dos trabalhos inscritos. Conseguimos,
tambm, promover um excelente in-
tercmbio entre os nossos alunos e os
expositores da Fecete. Para este ano,
esperamos atingir ainda mais escolas
e, dessa forma, contribuir para a po-
pularizao da cincia e tecnologia em
Minas Gerais, afirma o coordenador,
professor Eduardo Abranches.
-
30 31Em Em
Colgio doS jeSutAS CelebRA 60 AnoS CoM tRduo inACiAno e MiSSA Solene
Em 2016, o Colgio dos Jesutas completa 60 anos de atuao em Juiz de Fora (MG). Para celebrar esse importante momento, a institui-
o organizou um Trduo Inaciano, re-
alizado entre os dias 3 e 5 de agosto, na
Capela Santo Incio, e uma Missa Sole-
ne, presidida pelo arcebispo Metropo-
litano de Juiz de Fora, dom Gil Antnio
Moreira, no dia 6 de agosto.
As celebraes contaram com as
presenas do diretor geral da institui-
o, padre Srgio Eduardo Mariucci;
do delegado para a Educao Bsica da
Provncia dos Jesutas do Brasil (BRA),
padre Mrio Sndermann; de trs an-
tigos reitores do Colgio dos Jesutas:
padres Jos Luis Fuentes, Nilson Ma-
rstica e Nelson Lopes da Silva; e de
jesutas que atuam em Juiz de Fora:
padres Gerardo Cabada Castro e Cyril
Suresh e os irmos Germn Gonzlez
da esq. p/ dir., os padres jos luis Fuentes (antigo reitor), Srgio eduardo Mariucci (diretor geral da instituio), nelson lopes da Silva (antigo reitor) e gerardo Cabada Castro (orientador espiritual do colgio)
Hernndez e Tranquilo Fiametti.
A Companhia de Jesus, desde 1956,
pde participar da histria dessa hos-
pitaleira cidade, tendo aqui uma obra
apostlica onde os jesutas podem
colaborar com a Arquidiocese e cons-
tituir uma comunidade educativa sen-
svel s necessidades e aos desafios da
sociedade, especialmente no trabalho
com a juventude. No queremos seguir
fazendo mais do mesmo, nem sermos
colgios tradicionais, antigos, volta-
dos para expectativas e padres do pas-
sado. As novas geraes nos trazem de-
safios que precisam ser encarados com
o perfeito equilbrio entre o que temos
de melhor, da nossa tradio secular,
com o que podemos fazer de melhor
com a inventividade e criatividade dos
nossos professores e alunos, declarou
o provincial na mensagem.
Nos quatro dias de celebrao, a
participao de alunos, seus fami-
liares e educadores foi muito signi-
ficativa e os momentos de ofertrio
emocionaram a todos. Muitos dons
e talentos artsticos tambm foram
compartilhados pelos estudantes do
Coral do Colgio dos Jesutas, que
cantaram e tocaram no Trduo e na
Missa, bem como por alunos do En-
sino Mdio, que prepararam uma co-
reografia especial em homenagem
Virgem Imaculada, apresentando-a
nos Ritos finais da Missa Solene.
O Colgio dos Jesutas tambm
teve a alegria de receber os profis-
sionais da web TV A Voz Catlica, da
Arquidiocese de Juiz de Fora, que re-
gistraram imagens da Missa Solene e
produziram um vdeo sobre a Cele-
brao do Jubileu de Diamante do Co-
lgio dos Jesutas. Assista ao vdeo no
link: http://bit.ly/2bg5Zer
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32 33Em Em
CoMPAnhiA de jeSuS juveNtude e vOcAes
ConheCendo A etAPA iniCiAl dA FoRMAo jeSutA
jovens vivenciaram a experincia Montserrat, em Feira de Santana (bA)
Entre os dias 25 de julho e 3 de agos-to, os jovens que esto no Plano de Candidatos da Companhia de Je-sus visitaram o Noviciado Nossa Senhora
da Graa, em Feira de Santana (BA), onde
vivenciaram a Experincia Montserrat.
Nessa convivncia, os jovens puderam
experimentar a rotina dos novios, com-
posta por momentos de espiritualidade,
servios humildes, lazer, pastoral, dentre
outros, explica padre Kleber Barberino
Chevi, coordenador do Plano de Candida-
tos ao Noviciado da Provncia dos Jesutas
do Brasil (BRA).
Segundo o jesuta, o objetivo da visi-
ta foi promover o encontro dos candida-
tos com os novios, j que o noviciado
a prxima etapa a ser realizada pelos
que desejarem continuar o processo de
ingresso na Companhia de Jesus. Os
momentos vivenciados aqui ofereceram
elementos que contribuem para o discer-
nimento vocacional deles, afirma padre
Kleber. Na ocasio, eles tambm tiveram a
oportunidade de partilhar as experincias
vivenciadas, desde maro de 2016, nas re-
sidncias jesuticas espalhadas pelo pas.
Para o candidato Dimas Oliveira,
que, atualmente, reside em Belm (PA),
reencontrar os outros companheiros
e, principalme