ser mais para os demais - jesuitasbrasil.comª... · expectativas para a 36ª congregação geral...

36
Em EDIçãO 27 ANO 3 AGOSTO 2016 INFORMATIVO DOS JESUíTAS DO BRASIL PAPA FRANCISCO ENCONTRA-SE COM JOVENS, NA POLôNIA pág. 10 EXPECTATIVAS PARA A 36ª CONGREGAçãO GERAL pág. 22 PAM SJ INICIA EXPERIêNCIA DE VOLUNTARIADO pág. 25 SER MAIS PARA OS DEMAIS O MAGIS 2016 REUNIU JOVENS DO MUNDO INTEIRO EM UMA CELEBRAçãO PELA VIDA especial pág. 12

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  • JESUTAS BRASIL

    Em edio 27ANO 3AgOstO 2016InformatIvo dosJesutas do BrasIl

    PAPA FrANciscO eNcONtrA-se cOm jOveNs, NA POlNiA

    pg. 10

    exPectAtivAs PArA A 36 cONgregAO gerAl

    pg. 22

    PAm sj iNiciA exPeriNciA de vOluNtAriAdO

    pg. 25

    SeR MAiS PARA oS deMAiSO mAgis 2016 reuNiu jOveNs dO muNdO iNteirO em

    umA celebrAO PelA vidA

    especial pg. 12

  • 4 5Em Em

    SuMRio edio 27 | ANO 3 | AgOstO 2016

    edItorIal Ser mais para qu?

    CalendrIo lItrgICo

    entrevIsta PeregrInos em mIsso A servio de vrios provinciais

    o mInIstrIo de unIdadena IgreJa santa s Primeira viagem Polnia Ataque igreja na Frana Comisso estudar funo de dicono

    para mulheres

    esPeCIal Experincia Espiritual e Humana

    mundo CrIa Conversaes com o Padre Geral: O que podemos

    esperar da 36 Congregao Geral?

    amrICa latIna CPal Incio e o Governo da Companhia Universal Assembleia da Plataforma Apostlica Amaznia Voluntariado Encontro do CIMI Norte

    servIo da f Aplicativo Click To Pray lanado no Brasil

    dIlogo Cultural e relIgIoso Jesutas lanam livros

    6

    78

    10

    12

    22

    25

    26

    27

    Em 2016, aconteceram mais de 90 Experimentos Inacianos no MAGIS.

    Na foto, um grupo participa do experimento da peregrinao

  • 4 5Em Em

    EmJESUTAS BRASIL

    Promoo da JustIa e eCologIa Benefcios da filantropia so maiores que imunidade Voluntariado e ao comunitria no Cear

    eduCao Colgio Anchieta (RJ) recebe medalha Tiradentes

    ETE FMC sediar Feira Estadual de Cincias e Tecnologia Colgio dos Jesutas celebra 60 anos com Trduo Inaciano e Missa

    Solene

    Juventude e voCaes Conhecendo a etapa inicial da formao jesuta Mais disponibilidade com mais intensidade Especializao em Juventude forma 8 turma

    na Paz do senhor Pe. Bernardo Alwisius Schuster

    JuBIleus / agenda

    28

    30

    32

    34

    35

    InformatIvo dosJesutas do BrasIl

    exPedieNte

    EM COMPANHIA uma publicao mensal dos

    Jesutas do Brasil, produzida pelo Ncleo de

    Comunicao BRA So Paulo.

    ContAto [email protected]

    www.jesuitasbrasil.com

    diRetoR editoRiAlPe. Anselmo Dias

    editoRA e joRnAliStA ReSPonSvelSilvia Lenzi (MTB: 16.021)

    RedAoJuliana Dias

    diAgRAMAo e edio de iMAgenSHanderson Silva

    rica Silva

    AnnCiorica Silva

    ColAboRAdoReS dA 27 edioAndria Pedroso, Bruno Alface, Evenice Neta,

    Everson Lima, Pe. Johan Konings, Marcia Savi-

    no, Osvaldo Meca, Pe. Valrio Sartor, Vincius

    Moraes e Ana Ziccardi (reviso). Um agradeci-

    mento especial a todos que colaboraram com a

    matria especial dessa edio.

    FotoSBanco de imagens / Divulgao

    tRAduo dAS notCiAS dA CRiA e dA CPAlPe. Jos Luis Fuentes Rodriguez

  • 6 7Em Em

    SeR MAiS PARA qu?

    Pe. Aldomrcio Margoto dal bo, SJResponsvel pela Delegao brasileira no MAGIS 2016

    No incio da primeira semana dos Exerccios Espirituais, Santo Incio de Loyola sugere que fa-amos uma meditao cuja orao prepa-

    ratria consiste em pedir a graa para que

    todas as nossas aes sejam ordenadas

    puramente ao servio e louvor de Sua Di-

    vina Majestade [EE46]. No trmino des-

    sa mesma orao, Incio nos prope um

    colquio diante do Cristo crucificado, su-

    gerindo que nosso olhar se volte para ns

    mesmos enquanto nos questionamos:

    o que tenho feito por Cristo, o que fao

    por Cristo e o que devo fazer por Cristo

    [EE53]. Perceber o olhar misericordioso

    do Cristo que se entrega por ns e, depois,

    olhar para ns mesmos, questionando-

    -nos sobre como temos reagido a essa

    entrega, acende em nossos coraes o

    desejo de viver mais plenamente nossa

    vocao de servio ao Reino de Deus. Esse

    gesto de reconhecimento da ao miseri-

    cordiosa de Deus por meio da entrega de

    Seu Filho, inspira-nos a mais am-Lo e

    servi-Lo, desejosos de sermos mais prxi-

    mos da maneira de ser do prprio Cristo.

    A inspirao que Jesus promo-

    ve nunca nos passa despercebida. Ela

    sempre deixa marcas que, s vezes,

    nos questionam, s vezes nos inspi-

    ram, mas, quase sempre, nos arrastam

    ao encontro do Senhor. Por isso, neste

    ano de 2016, 29 jovens, marcados pela

    espiritualidade inaciana, se lanaram

    experincia do programa MAGIS, que

    antecede a JMJ (Jornada Mundial da Ju-

    ventude), na Polnia. Eles buscaram, na

    inspirao do prprio Cristo, a maneira

    de ser mais para os outros.

    Ser magis Ser maiS para Servir, amar, cuidar, perdoar Ser livre para viver a ao qual o eSprito noS impele e aSSim realizar-noS plenamente

    O sentido da palavra magis pode ser

    empregado em tudo o que fazemos. En-

    tretanto, essa mesma expresso de mais

    ou ser mais jamais pode vir desacompa-

    nhada do seu significado mais profundo,

    que nos apresentado na espiritualidade

    inaciana: ser mais para. Incio nos en-

    sina que a ao do Esprito Santo que faz

    brotar em ns o magis guia-nos para o

    maior servio e louvor de Deus [EE98].

    O magis no nos aprisiona na incessante

    competio de ser mais que ou de ter mais

    que. Ele no comparativo; libertador.

    O magis nos leva a libertar-nos de nosso

    prprio amor, querer e interesse; guia-

    -nos ao encontro do outro para desco-

    brirmos nele a realizao da nossa mis-

    so em Cristo. Ser magis ser mais para

    servir, amar, cuidar, perdoar ser livre

    para viver a ao qual o Esprito nos

    impele e assim realizar-nos plenamente.

    Ser magis livrar-se dos apegos desne-

    cessrios, do peso das falsas necessida-

    des que criamos e que nos limitam em

    nossa caminhada, para que possamos

    nos dedicar mais completamente reali-

    zao da misso de Cristo. Por isso, o ma-

    gis perpassa toda nossa maneira de ser,

    ajudando-nos para que nossas escolhas

    sejam mais livres e direcionadas para a

    nossa plena realizao.

    O papa Francisco apresenta constan-

    temente marcas dessa fora libertadora

    que o magis inaciano deixou em sua vida.

    Atravs do seu compromisso de levar a

    misericrdia divina como sinal do seu

    apostolado, ele nos tem mostrado que a

    misericrdia o caminho mais propcio

    para arrancar de nossos ombros e dos om-

    editoRiAl

    bros de nossos irmos o peso desneces-

    srio da condenao que nos divide e nos

    afasta. O que Francisco tenta apresentar ao

    mundo o olhar misericordioso de Deus

    em um trabalho marcado pelo dilogo

    e pela reconciliao. Para isso, nesta 31

    edio da Jornada Mundial da Juventude,

    ele nos convidou a refletir sobre a 5 bem-

    -aventurana do evangelho segundo Ma-

    teus: Felizes os misericordiosos, porque

    alcanaro misericrdia (Mt 5,7). Francis-

    co pede para que a juventude da Igreja seja

    tambm um sinal verdadeiro dessa mise-

    ricrdia divina a fim de que ela possa me-

    lhor cumprir a vontade do Pai, reafirmada

    no exemplo do seu Filho Amado. Ele ainda

    nos lembra como devemos testemunhar

    nossa f crist ao fazer ainda mais forte a

    mensagem deste ano jubilar: sede, pois,

    misericordiosos como o vosso Pai mise-

    ricordioso (Lc 6,36). Ser tocado pela mise-

    ricrdia divina tambm ser chamado a

    viv-la como meio de mais amar e servir

    ao Senhor atravs de nossos irmos.

    Assim, como num itinerrio espiri-

    tual, o programa MAGIS promove um ca-

    minhar mais profundo para a descoberta

    da vida Crist e torna vido na juventu-

    de o desejo pelo servio e louvor a Deus.

    Nele, os jovens abrem seus coraes para

    perceber o que tm feito e o que ainda

    podem fazer por Cristo. Eles experimen-

    tam a liberdade consciente que os torna

    mais para os outros e, assim, tambm se

    tornam fora transformadora na histria

    da Igreja e do mundo, como verdadeiras

    testemunhas de Cristo.

    Boa leitura!

  • 6 7Em Em

    calendrio litrgicoPrprio da Companhia de Jesus AgoSto

    So Pedro Fabro, presbtero

    DIA 2

    DIA 18

    Santo Alberto Hurtado, presbtero

  • 8 9Em Em

    entReviStA PeregriNOs em missO

    ir. geraldo luiz de Castro, Sj

    Em 14 de agosto de 1958, aos 19 anos, Ir. Geraldo

    Luiz de Castro ingressou na Companhia de

    Jesus. A escolha pela vida religiosa espelhava-

    se nos vrios parentes que tambm tinham

    optado por seguir esse caminho. Em entrevista

    ao informativo Em Companhia, Ir. Castro, como

    conhecido, conta um pouco da sua histria

    nesses 58 anos dedicados misso dos jesutas

    no Brasil e em Roma (Itlia), onde trabalhou por

    oito anos na Cria Geral da Ordem religiosa.

    Atualmente, desempenhando a funo de

    auxiliar do arquivista na Provncia dos Jesutas

    do Brasil, no Rio de Janeiro (RJ), ele lembra: Se

    no me engano, j passei pela administrao de

    nove provinciais.

    Kostka, em Itaici, Indaiatuba (SP). Uma vez por semana,

    dois novios iam at Elias Fausto dar aula de catequese no

    Grupo Escolar. Frequentavam essas aulas duas de minhas

    irms menores. Um dia, conhecendo minha inclinao,

    uma delas props-me ir falar com aqueles seminaristas.

    Gostei da ideia e fui falar com eles. O novio Pio Ugayama

    convidou-me para ir at Itaici, conhecer aquela casa, sen-

    tir o ambiente, falar com o superior. Ento, um domingo

    de manh, tomei o trem e fui sozinho at l. O superior da

    casa era o padre Francisco Rocha. Ele falou com franqueza

    que, no meu caso, com 19 anos e apenas com o antigo curso

    primrio, no via a possibilidade de eu enfrentar os estu-

    dos para ser padre jesuta. E sugeriu-me que, se eu quisesse,

    poderia ser irmo jesuta. Props-me, para isso, fazer l um

    Como o senhor conheceu os jesutas?

    Nasci em Elias Fausto, municpio do

    interior de So Paulo, onde meus pais vi-

    viam do cultivo da terra em pequeno ter-

    reno. Catlicos, frequentvamos a Igreja,

    onde participei da Congregao Mariana.

    Como sabido, as Congregaes Marianas

    foram fundadas por jesutas e, por isso,

    suas normas tinham muito a ver com a

    espiritualidade inaciana. Na parquia,

    participei tambm de uma conferncia de

    So Vicente de Paulo.

    O que motivou o senhor a seguir a vida

    religiosa?

    Desde muito cedo, tive alguma notcia

    de vida religiosa, j que vrios parentes ha-

    viam optado pela vida consagrada. No meu

    caso, tambm andei sondando a possibili-

    dade de ser religioso: padre ou irmo.

    Naquela poca, por volta de 1956/57, o

    noviciado dos jesutas da Provncia Bra-

    sil Central estava se instalando na Vila

    A SeRvio devRioS PRovinCiAiS

  • 8 9Em Em

    estgio para conhecer um pouco melhor a vocao de irmo

    e preparar-me para o noviciado numa comunidade de jo-

    vens (Postulantes).

    No dia de Santo Incio, 31 de julho de 1957, despedi-me de

    meus familiares e parti decidido a dedicar toda minha vida a

    essa vocao, entendendo que essa deciso seria um modo de

    eu servir a Deus e, indiretamente, servir ao prximo.

    E como foi esse perodo em Itaici?

    Em Itaici, tnhamos como instrutor, em tempo integral,

    um irmo jesuta, Ir. Jos Nicodemos de Oliveira. Ele era dig-

    no do ofcio que exercia. Os dias eram bem ocupados com ati-

    vidades espirituais e trabalhos em diversas oficinas, alm de

    tempo para recreio e algum esporte.

    Do grupo de 10 ou 12 postulantes, daquela poca, vrios

    desistiram. Mas, em agosto de 1958, quatro de ns entramos

    no Noviciado. Daquele pequeno grupo, fazamos parte o Ir.

    Kazuo Kimura e eu.

    At aquela poca, a Companhia apreciava a formao aca-

    dmica dos candidatos a irmo jesuta, mas no a exigia. Bas-

    tava que tivesse boa disposio e capacidade para assimilar os

    ensinamentos religiosos e aprender na prtica algum ofcio.

    Na casa de Itaici, em plena construo, havia muito trabalho,

    executado exclusivamente pelos irmos e postulantes. Havia

    cozinheiro, despenseiro, copeiro, padeiro, sapateiro, alfaiate,

    roupeiro, hortelo e os que cuidavam de criao para produo

    de carne e leite, para uma comunidade de aproximadamente

    80 pessoas, entre padres, irmos, estudantes e postulantes.

    Logo no incio do noviciado, fui encarregado de aprender

    e exercer o ofcio de padeiro da casa. Gostava desse trabalho e

    procurei aperfeioar-me na medida do possvel.

    Depois de algum tempo, fui destinado para ser auxiliar

    da enfermaria da casa. Minha funo principal era cuidar de

    um padre idoso que j no conseguia caminhar. Passava todo

    tempo ou na cama ou na cadeira de rodas, devendo ser ajuda-

    do em tudo.

    Com o intuito de proporcionar-me um melhor conheci-

    mento na prtica de enfermagem, o provincial destinou-me

    para o Colgio Anchieta, em Nova Friburgo (RJ), onde, ento,

    trabalhava o Ir. Luciano Brando. Fui para l, mas logo o Ir. Bran-

    do percebeu que eu no tinha as qualidades necessrias para

    aquele tipo de trabalho. Assim, o provincial destinou-me para

    ser seu secretrio, sobretudo como datilgrafo e arquivista.

    Em quais apostolados da Companhia

    de Jesus o senhor atuou?

    Um tempo depois de estar como secret-

    rio, em 1967, o padre Candido Gavia, assisten-

    te para a Amrica Latina Meridional, pediu ao

    padre provincial que me destinasse para a C-

    ria Geral, onde precisavam de um datilgrafo

    para a correspondncia em lngua portuguesa.

    E l fui eu para Roma (Itlia). Com isso, tive

    oportunidade de enriquecer meus conheci-

    mentos, aprender uma nova lngua e conviver

    com jesutas de vrias partes do mundo.

    Depois de aproximadamente oito anos,

    voltei para o Brasil e fui destinado para a resi-

    dncia dos jesutas de Santa Rita do Sapuca

    (MG), onde fiz o curso de eletrnica. Na Par-

    quia de Santa Rita, exerci o ofcio de Ministro

    da Eucaristia e participei de uma conferncia

    de Vicentinos. Terminado o curso de ele-

    trnica, permaneci ainda em Santa Rita por

    mais algum tempo, prestando algum servio

    na prpria Escola e na residncia.

    Quais outras misses o senhor desem-

    penhou como jesuta?

    Em janeiro de 1983, voltei a exercer o of-

    cio de auxiliar na Cria Provincial da antiga

    Provncia do Brasil Centro-leste. Por vrios

    anos, minha ocupao principal era datilo-

    grafar as cartas do Provincial. Cuidava tam-

    bm de imprimir e expedir as Notcias da

    Provncia, alm da superviso das mquinas

    copiadoras, entre outras funes.

    Atualmente, minha ocupao na Cria

    Provincial da Provncia do Brasil, no Rio de

    Janeiro (RJ), tem consistido em prestar ajuda

    ao arquivista da Provncia, padre Jos Luis

    Fuentes Rodrguez.

    Agradeo a Deus pela vocao Compa-

    nhia de Jesus como irmo jesuta. Agradeo

    tambm s pessoas com quem tenho convi-

    vido, que, apesar de minhas limitaes, me

    aceitam com caridosa amizade.

  • 10 11Em Em

    o MiniStRio de unidAde nA igRejA sANtA s

    PRiMeiRA viAgeM PolniA

    Em sua primeira viagem Po-lnia, entre 27 e 31 de julho, o papa Francisco teve como prin-cipal misso participar da 31 Jornada

    Mundial da Juventude (JMJ), em Cra-

    cvia (veja matria especial, pg. 12).

    Ao chegar ao pas, ainda no aeroporto,

    o pontfice foi recebido pelo presi-

    dente polons, Andrzej Duda, e pelo

    cardeal Stanislaw Dziwisz, arcebispo

    de Cracvia. Em seguida, foi levado ao

    Castelo de Wawel, onde encontrou-se

    com as autoridades civis e religiosas

    e o Corpo Diplomtico. a primei-

    ra vez que visito a Europa Centro-

    -Oriental e fico feliz por comear pela

    Polnia, que, entre os seus filhos, nos

    deu o inesquecvel So Joo Paulo II,

    idealizador e promotor das Jornadas

    Mundiais da Juventude. Ele gostava de

    falar da Europa que respira com seus

    dois pulmes.

    Durante o encontro, Francisco dis-

    se que o sonho de um novo humanis-

    mo europeu animado pelo respiro

    criativo e harmnico destes dois pul-

    mes e pela civilizao comum, que

    afunda suas razes mais slidas no

    cristianismo.

    Ao concluir seu discurso, o papa

    pediu ao governo polons polticas so-

    ciais apropriadas para a famlia, sobre-

    tudo as mais frgeis e pobres, e para a

    vida, que deve ser acolhida e protegida.

    Que Nossa Senhora de Czestochowa

    abenoe e proteja a Polnia!

    Em seguida, o pontfice dirigiu-se

    vizinha Catedral de Cracvia, para

    um encontro com os bispos da Pol-

    nia, sem a presena da imprensa. O

    papa decidiu encontrar os bispos sem

    a presena da mdia porque assim to-

    dos poderiam se expressar sem medo.

    Ele falou sobre os atos de misericr-

    dia, tambm sobre o questionamento

    de alguns bispos poloneses, contou

    depois o arcebispo de Cracvia, Sta-

    nislaw Dziwisz.

    Durante a viagem de cinco dias

    Polnia, o papa cumpriu vrias ativi-

    dades dentro da programao da JMJ.

    Um dos momentos mais importantes,

    entretanto, foi sua visita ao campo de

    concentrao nazista de Auschwitz,

    ao sul do pas, em 29 de julho. Sozi-

    nho, Francisco atravessou a entrada

    sob a inscrio em alemo, em ferro

    forjado, Arbeit macht frei (O traba-

    lho liberta, em portugus), para per-

    correr silenciosamente o lugar onde

    foram exterminadas mais de um mi-

    lho de pessoas.

    Durante esse percurso, Francisco vi-

    FOtO

    : Ph

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    o Sonho de um novo humaniSmo europeu animado pelo reSpiro criativo e harmnico deSteS doiS pulmeS e pela civilizao comum, que afunda SuaS razeS maiS SlidaS no criStianiSmoPapa Francisco

  • 10 11Em Em

    AtAque igrejA NA FrANA

    CoMiSSo eStudAR Funo de diCono PARA MulheReS

    Em 26 de julho, dois homens arma-dos com facas entraram na igreja de Saint-Etienne de Rouvray, perto de Rouen (Frana), e tomaram como refns o

    proco, duas religiosas e dois fiis durante

    a missa. Os terroristas mataram o sacerdo-

    te e feriram gravemente outra pessoa, sen-

    do, depois, mortos pela polcia francesa.

    Ao saber do episdio, o papa Francis-

    co expressou dor e horror pela violncia

    Em 2 de agosto, com objetivo de ampliar a participao das mu-lheres na Igreja Catlica, o papa Francisco criou uma comisso para

    estudar a possibilidade de haver dia-

    conisas. Os defensores da mudana

    ressaltam que no h obstculos teo-

    FOtO

    : Fil

    iPPO

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    FP

    Papa atravessa a entrada do campo de extermnio nazista de Auschwitz

    absurda e condenou radicalmente toda

    forma de dio. O episdio abala ainda

    mais por ter ocorrido em uma igreja, local

    sagrado onde se anuncia o amor de Deus,

    onde foi barbaramente morto um sacer-

    dote e envolvidos alguns fiis, conforme

    contou o porta-voz do Vaticano, padre Fe-

    derico Lombardi.

    O papa enviou um telegrama ao ar-

    cebispo de Rouen, Dominique Lebrun,

    expressando sua dor pelas vtimas do

    atentado. Ao concluir o texto, o pontfice

    escreveu que pede ao Senhor que inspi-

    re a todos pensamentos de reconciliao

    e de fraternidade nesta nova prova e que

    derrame sobre cada um a abundncia das

    suas bnos.

    Fontes: News.VA | Zenit | Cano Nova |

    Portal Exame

    lgicos para que as mulheres voltem a

    exercer uma funo que j existiu nas

    origens do cristianismo.

    Os diconos, dentro da Igreja Ca-

    tlica, ocupam o primeiro degrau da

    hierarquia, seguidos dos padres e bis-

    pos. Eles so autorizados a pronunciar

    sermes durante a missa, oficiar bati-

    zados, casamentos e funerais, porm

    no tm permisso para celebrar a

    eucaristia, ouvir confisso de fiis ou

    realizar a extrema-uno.

    Fontes: Folha de S. Paulo | O Globo

    sitou a cela do sacerdote polons Maxi-

    miliano Kolbe, onde teve um momento

    de recolhimento. Kolbe, que se ofere-

    ceu aos nazistas para morrer em troca

    de um pai de famlia, foi beatificado

    por Paulo VI, em 1971, e canonizado por

    Joo Paulo II, em 1982.

    Alm de sobreviventes de Auschwitz,

    o papa tambm cumprimentou cristos

    poloneses que arriscaram suas vidas du-

    rante a guerra para ajudar a esconder e

    proteger judeus. Ao final, Francisco no

    fez declaraes, deixando apenas uma

    mensagem no livro de visitas: Senhor,

    tem piedade de seu povo, senhor, perdo

    por tanta crueldade.

    Fontes: Rdio Vaticana| Zenit | Folha

    de S. Paulo | Agncia Brasil | G1

  • 12 13Em Em

    eSPeCiAl

    eXPeRinCiA eSPiRituAl e huMAnANA simPlicidAde e NA PArtilhA, jOveNs de 52 NAes viveNciArAm O magis iNAciANO

    12 Em

  • 12 13Em Em

    Elas foram chegando, pouco a pouco, dos mais diferentes lugares. Azuis, amarelas, vermelhas, com duas, trs e at quatro cores, e foram cortando o

    cu da cidade de Lodz, na Polnia. Assim,

    sob um dia ensolarado, as bandeiras trazi-

    das por jovens de 52 pases comearam a

    tremular e celebrar a vida, celebrar o incio

    do MAGIS 2016. uma cena difcil de sair

    da memria. As bandeiras que carregva-

    mos j no significavam mais fronteiras,

    pelo contrrio, serviam apenas para mul-

    tiplicar as cores que compunham aquela

    festa de pluralidade. Era o amor do Cristo,

    no tive dvida. Meu corao encheu-se

    de alegria ao ver o melhor da humanida-

    de acontecer bem ali, diante de nossos

    olhos, relata o carioca Fbio Ribeiro de

    Souza, 26 anos, um dos 29 integrantes da

    delegao brasileira do MAGIS que reu-

    niu jovens de diversas regies do Brasil.

    Nesse clima de respeito e valorizao

    da diversidade, o MAGIS 2016 teve incio

    no dia 15 de julho. O encontro mundial de

    jovens que cultivam a espiritualidade ina-

    ciana e que antecede a JMJ (Jornada Mun-

    dial da Juventude) reuniu, nessa edio,

    cerca de 1600 peregrinos, 400 voluntrios

    e 200 jesutas. Em minhas primeiras ho-

    ras em Lodz, no meio de tantas diferenas

    culturais, uma semelhana peculiar cha-

    mou minha ateno: estvamos unidos

    e buscando ter a gratido de cada dia no

    corao, desejando que as pessoas enxer-

    gassem Deus cada vez que olhassem nos

    olhos de cada um de ns, confessa Paola

    13Em

  • 14 15Em Em

    Senhor Jesus,

    ensina-me a ser generoso

    a te servir como tu o mereces,

    a dar sem medida,

    a combater sem medo de feridas,

    a trabalhar sem procurar repouso,

    a me dedicar sem esperar outra recompensa

    que no seja a de saber

    que fao a tua vontade.

    Amm

    Amm.

    Menegotto, jovem de 25 anos, que mora

    em So Jos do Rio Preto (SP).

    O lema dessa edio To give and not to

    count the cost, em portugus Dar sem ter

    em conta o custo, foi inspirado em uma

    orao atribuda a Santo Incio de Loyola

    [veja no box]. Com esse desejo no cora-

    o, a delegao brasileira uniu-se aos

    peregrinos do Lbano, dos Estados Uni-

    dos, da Frana, das Ilhas Maurcio e de

    tantas outras naes. O jovem Fbio diz

    que os desafios de peregrinar comearam

    antes mesmo da chegada dos brasileiros

    na Universidade de Lodz, instituio je-

    suta. Nossa chegada ao campus univer-

    sitrio no foi das mais tranquilas: j era

    noite, chovia e fazia muito frio, com um

    vento gelado, lembra Fbio, porm res-

    salta: mesmo assim, nada disso tornou

    menos empolgante a experincia. Pelo

    contrrio, vencer todas essas adversida-

    des juntas e manter o esprito de equipe

    foram as primeiras provas a demonstrar

    que a delegao brasileira j estava imbu-

    da do esprito inaciano.

    Nessa edio, por recomendao

    mdica, o superior geral da Compa-

    nhia de Jesus, padre Adolfo Nicols,

    no pde participar da missa de envio

    dos jovens para as Experincias Inacia-

    nas. A cerimnia foi presidida pelo pa-

    dre Tomasz Kot, SJ, assistente da Euro-

    pa Central e Oriental da Companhia de

    Jesus, que representou o padre geral.

    Na ocasio, o jesuta conversou com os

    jovens inacianos e respondeu algumas

    perguntas. Ele convidou os peregrinos

    a celebrarem e a serem felizes, pois

    todos estavam unidos no MAGIS e em

    preparao para a JMJ (Jornada Mun-

    dial da Juventude). Hoje, a situao

    no mundo no oferece muito espao

    para alegria. H guerras, o desempre-

    go que afeta muitos jovens, a falta de

    sentido para a vida, falta de esperana

    e at mesmo falta de alegria tambm.

    No entanto, Deus convida-nos a cantar

    e a nos alegrar, declarou. Aps esse

    momento, os peregrinos iniciaram sua

    jornada no MAGIS.

    eXPeRiMentoS inACiAnoS

    Entre os dias 17 e 23 de julho, os jo-

    vens vivenciaram os Experimentos Ina-

    cianos, que foram pensados com base

    nas experincias espirituais de Santo

    Incio de Loyola. Uma oportunidade

    para aprender a trabalhar em conjunto,

    para conhecer mais de perto a comuni-

    dade local e para conhecer a si prprio de

    forma mais profunda. Os mais de 1600

    jovens, divididos em pequenos grupos

    de at 25 pessoas, de trs ou quatro na-

    cionalidades diferentes, viveram um ver-

    dadeiro intercmbio cultural e religioso.

    No grupo, um jovem de cada pas foi es-

    colhido para ser assessor do idioma, ou

    seja, para facilitar a traduo do ingls

    para a lngua de origem dos peregrinos.

    Alm disso, cada grupo contou com o

    acompanhamento de um jesuta.

    Os 97 experimentos, que acontece-

    ram na Polnia, na Eslovquia, na Re-

    pblica Tcheca e na Litunia, estavam

    organizados em cinco categorias: pere-

    grinao, espiritualidade, servio (pro-

    grama social), sociocultural e artstico.

    Os brasileiros ficaram divididos em sete

    grupos distintos. Alguns experimentos

    se repetiram, mas foram vivenciados em

    lugares diferentes, explica padre Aldo-

    mrcio Margoto Dal Bo, responsvel pela

    delegao brasileira no MAGIS 2016.

    Para o estudante jesuta Marcos Ven-

    turini, 29 anos, o perodo das experin-

    cias o mais marcante. So nas experi-

    ncias que reconhecemos o outro na sua

    singularidade, com o seu jeito de seguir a

    Cristo. Viver os experimentos em peque-

    nos grupos, com pessoas de pases dife-

    rentes, ser acolhido pelos anfitries em

    suas casas, tocar a realidade e cada pes-

    soa, com suas dores e alegrias, o mo-

    mento mais profundo do MAGIS, afirma.

    Todo o Experimento foi desenvolvi-

    do baseado na espiritualidade inaciana

    e contemplou momentos como a orao

    pessoal, a experincia apostlica em si,

    a Eucaristia, o crculo MAGIS (grupos de

    eSPeCiAl

    14 Em

    Membros da delegao brasileira do MAgiS 2016

  • 14 15Em Em 15Em

    compartilhamento) e a pausa inaciana

    para refletir sobre o dia. Durante os ex-

    perimentos, vivemos as experincias da

    encarnao. Afinamos os sentidos para

    encontrar Deus, que se revela no simples,

    no cotidiano, confessa Marcos.

    vivenCiAndo o MAgiS

    Na Repblica Tcheca, aps um dia

    cansativo de peregrinao na flores-

    ta, um dos grupos foi acolhido em uma

    pequena cidade. Assim como em outras

    comunidades, os moradores haviam

    preparado para os jovens uma pequena

    recepo com comida e msicas tpicas.

    Mas, para Ana Carolina Almeida, 23 anos,

    esse momento foi diferente. Para mim,

    teve um significado muito especial, pois,

    durante nossa experincia, visitamos lo-

    cais que eram historicamente muito im-

    portantes para a populao local. Assim,

    quando compartilhavam esse caminho

    conosco, eu percebi que elas partilhavam

    algo que lhes era muito precioso e que fa-

    ziam isso de todo o corao, conta.

    Na cidade de Mnisek, as pessoas que

    acolheram os peregrinos pediram para

    que cada grupo cantasse o hino de seu

    pas. ramos quatro grupos: lituanos,

    brasileiros, poloneses e espanhis. En-

    to, tnhamos que explicar rapidamente

    a letra. Nesse momento de troca singela,

    me dei conta de que, em cada lugar que

    parvamos, as pessoas se esforavam em

    oferecer o melhor que podiam para nos

    ajudar a vivenciar o MAGIS, explica a

    moradora do Rio de Janeiro (RJ).

    Assim, na simplicidade e na partilha

    com cada pessoa, os jovens foram viven-

    ciando e descobrindo o magis inaciano

    nos experimentos. O gesto simples de

    partilhar um alimento tpico da regio ou

    o experimento da peregrinao foi uma oportunidade nica de contato comigo, com deuS e com o outro

    Ana Carolina Almeida

    de escutar atentamente a histria local e

    das pessoas que ali viviam tornou-se um

    momento nico.

    Para Ana Carolina, uma experincia

    emocionante receber o servio de algum

    que se esforava em ser mais para os de-

    mais. O experimento da peregrinao foi

    uma oportunidade nica de contato comi-

    go, com Deus e com o outro. No cansao,

    rezamos nossos prprios limites, no s

    fsicos, mas tambm pessoais; no cami-

    nho compartilhado e feito a p, descobri-

    mos o apoio do grupo, que tanto alento

    para a caminhada fsica, como companhia

    para o exerccio espiritual, confessa.

    Fbio, que tambm participou do

    experimento de peregrinao, diz que

    o mais bonito de toda a experincia foi

    sentir de forma concreta a linguagem

    universal do amor. Durante as conver-

    sas com os companheiros de peregri-

    nao, era incrvel perceber sistemati-

    camente como cada pessoa com que eu

    fazia partilha, ainda que de pas to dis-

    tante, com cultura e idioma to diferente,

    tinha a capacidade de tocar e me ajudar

    a meditar vrios aspectos da minha vida,

    sem sequer saber que fazia isso enquanto

    falava, ressalta.

    Aps uma jornada de 80 km, entre

  • 16 17Em Em

    eSPeCiAl

    Praga e Svat Hora, na Repblica Tcheca,

    o paulistano Rodrigo Dornelles acredita,

    assim como seus dois colegas de cami-

    nhada, que o experimento o ajudou a

    perceber a beleza da simplicidade. A pe-

    regrinao uma excelente metfora de

    nossas vidas, pois, caminhando despo-

    jados de coisas suprfluas, podemos dar

    mais ateno ao essencial. Alm disso,

    as dificuldades inerentes ao caminho e

    a simplicidade das coisas nos permitem

    estar muito mais atentos aos sinais de

    Deus, acredita o jovem de 26 anos.

    Para ele, o momento mais marcante

    da peregrinao foi a chegada monta-

    nha sagrada. A cereja do bolo de nossa

    peregrinao foi a missa celebrada em

    Svat Hora, um lugar bonito e muito

    difcil de chegar, relembra Rodrigo. A

    chegada foi marcante, pois coroou o ven-

    cimento de todas as adversidades que

    tivemos para chegar l. A cada pessoa

    do grupo que cruzava a porta de entrada,

    nos alegrvamos ainda mais. Isso mar-

    cou, tambm, a unio de 24 pessoas que,

    antes do MAGIS, eram totalmente desco-

    nhecidas umas das outras e que hoje ce-

    lebram a amizade, afirma.

    Enviado a viver o experimento do

    servio na Parquia Sagrado Corao de

    Jesus, em Bytom, sul da Polnia, o estu-

    dante jesuta Marcos contou que a ex-

    perincia possibilitou um contato mais

    prximo e intenso com o cotidiano das

    pessoas. Quando estamos em outro pas,

    somos, muitas vezes, atrados pelos atra-

    tivos que nos apresentam, sejam esses

    naturais ou artificiais. No h nada de er-

    rado em apreciar tais atrativos. Contudo, o

    MAGIS uma experincia de encarnao,

    uma oportunidade de ir mais a fundo na

    realidade. So as pessoas normais do lu-

    gar que, com suas vidas, garantem uma

    vivncia de comunho profunda. Em

    Bytom, vivi, de fato, a experincia do en-

    contro com o outro, com toda a sua hist-

    ria e o seu mistrio, ressalta ele.

    Foi buscando esse mesmo encon-

    tro com o outro que o carioca Francisco

    Rios, 26 anos, decidiu participar do MA-

    GIS 2016. O desejo de conhecer outras

    pessoas era to intenso que, assim que

    ele soube que iria para a Polnia, come-

    ou a estudar polons. Ao tentar apren-

    der a lngua, acabei aprendendo tambm

    sobre a cultura do pas, o que me desper-

    tou o interesse de conhecer mais de perto

    essa cultura. Por isso, optei por participar

    do experimento do dilogo sociocultural,

    para poder conhecer melhor os costumes

    e o modo de viver das pessoas, confessa.

    Para Francisco, alm dos experimen-

    tos, as celebraes foram alguns dos mo-

    mentos mais marcantes do MAGIS. Nessa

    hora, eu conseguia parar para refletir sobre

    tudo o que estava acontecendo ao meu

    redor. E, ao fazer isso, podia sentir como

    Deus estava sendo bom comigo e podia

    sentir o Seu Amor me tocando. De uma

    forma geral, o sentimento mais forte em

    relao a esses momentos era uma pro-

    funda gratido em relao a Ele, afirma.

    16 Em

  • 16 17Em Em 17Em

    cada peSSoa deScobre o magis olhando para JeSuS e deixando-Se interpelar por ele

    Marcos venturini

    Os momentos de silncio propor-

    cionaram para Paola oportunidades para

    saborear cada encontro, conversa e ativi-

    dade de que participou durante o evento.

    Ela vivenciou, com mais 16 pessoas, uma

    experincia que associou os Exerccios

    Espirituais ao teatro. L, dividimos nos-

    sas histrias, partilhamos profundamen-

    te as histrias de nossas famlias e pases.

    Algumas atividades nos fizeram perceber

    quais fatores tinham-nos feito caminhar

    at onde estvamos e quais os elementos

    que nos do base para projetar aonde que-

    remos chegar, ou seja, os nossos sonhos,

    diz. Para Paola, o MAGIS deixou uma

    chama acesa em seu corao e a certeza

    de que Deus a ajudou em cada passo na

    peregrinao e no encontro com o outro.

    E uma certeza a jovem j tem: a zona de

    conforto no um bom lugar.

    CoMunho de CoRAeS

    No dia 23 de julho, aps o perodo

    dos Experimentos Inacianos, os jovens

    reencontraram-se na cidade polonesa de

    Czestochowa, onde realizaram o Festival

    das Naes. Na festa, 24 delegaes apre-

    sentaram a cultura de seu pas, por meio

    de danas, msicas e muita alegria. A de-

    legao brasileira fez todo mundo sair do

    cho com uma quadrilha bem animada,

    que encerrou a noite.

    O estudante jesuta Alex Palmer, 27

    anos, acredita que o fato de o Festival das

    Naes ter sido realizado aps o perodo

    dos experimentos inacianos contribuiu

    para o clima de comunho entre todos.

    Acredito que fortaleceu a unio e a intera-

    o entre os participantes, uma vez que j

    no ramos to estranhos uns aos outros

    e alimentvamos a expectativa de encon-

    trar nossos amigos e prestigiar as suas

    performances, diz. O jesuta conta que

    um dos momentos mais emocionantes

    da noite foi quando jovens do Lbano, do

    Egito e da Sria apresentaram-se juntos.

    Mesmo em meio a todo o contexto de

    guerra e sofrimento, principalmente para

    os srios, eles nos mostraram orgulhosos

    a sua cultura, expressando a alegria de sua

    f, afirma Alex.

    O encerramento do MAGIS 2016

    aconteceu com uma peregrinao ao

    Santurio de Jasna Gra, conhecido

    tambm como Mosteiro de Nossa Se-

    nhora de Czestochowa, centro da f

    catlica polonesa, realizada no dia 24.

    Segundo Alex, em termos de compa-

    rao, a importncia da localidade

    similar ao Santurio de Nossa Senhora

    Aparecida para os brasileiros. Aps um

    percurso de cerca de 3 quilmetros (os

    peregrinos caminharam divididos em

    duas rotas), nos sentamos em crculos

    na grama bem vasta para nosso ltimo

    momento de Crculos Magis. A liturgia

    foi conduzida com refros de Taiz e

    muitos sacerdotes estavam dispon-

    veis, ao longo do gramado, para escutar

    confisses. Terminado esse momento,

    com bno do Santssimo Sacramento,

    entramos no santurio para mais um

    instante de orao, explica o jesuta.

    Em 2013, no Brasil, o Festival das Naes

    foi realizado no comeo do MAGIS.

  • 18 19Em Em

    eSPeCiAleSPeCiAl

    Agora, os jovens estavam prontos

    para partirem rumo ao encontro com o

    papa Francisco. A missa de encerramen-

    to aconteceu na manh do dia 24, antes

    dos peregrinos embarcarem para Cra-

    cvia. Foi um momento bem especial.

    Nas oferendas, alguns jovens trouxeram

    um grande tecido com as assinaturas e

    mensagens que todos foram deixando

    ao longo dos dias. O padre Waldek Los

    posicionou-se para receber o tecido,

    beijando-o e levantando-o um pouco,

    em um instante bastante emocionante e

    aplaudido, conta Alex, que ressalta: um

    momento de forte consolo espiritual foi

    quando, durante a comunho, o grupo de

    msica entoou um canto, que criou uma

    atmosfera de gratido e louvor a Deus por

    todo o bem recebido dEle ao longo da-

    queles dias.

    Durante essa jornada espiritual e

    humana, cada peregrino pode saborear

    essa experincia de forma nica. No

    MAGIS, eu conheci pessoas de realida-

    des muito diferentes e pude entender

    como a Companhia de Jesus ajuda cada

    uma delas a encontrar Deus de sua pr-

    pria forma, revela Francisco.

    O magis inaciano, inspirao do

    encontro, est presente em todos os

    momentos. Para Marcos, cada pes-

    soa descobre o magis olhando para Je-

    sus e deixando-se interpelar por ele.

    O jovem Fbio acrescenta: o MAGIS,

    evento, um momento simblico, pois

    rene pessoas diferentes em culturas,

    formaes, ideologias e aptides, to-

    das em torno de uma misso, trabalhar

    pelo Reino de Deus entre os homens, no

    amar e servir.

    Magis, termo em latim que significa

    o mais, o melhor, era uma palavra mui-

    to utilizada por Santo Incio de Loyo-

    la. Seu significado nos interpela para a

    necessidade de nos doarmos mais em

    relao quilo que j fazemos ou vive-

    mos. Para Rodrigo, o encontro MAGIS

    e a essncia do magis inaciano tm

    um sentido especial. Ao contrrio do

    que o nome talvez possa sugerir, no

    uma busca compulsiva ou desenfreada,

    uma gula ou espcie de perfeccionismo

    interminvel que faz de ns eternos in-

    satisfeitos. Por vezes, ser mais significa

    ser mais simples, econmico, singelo,

    puro...ou seja, ser magis pode at mes-

    mo ser menos, conclui.

    18 Em

  • 18 19Em Em 19Em

    o enContRo CoM FRAnCiSCo

    Quando Jesus toca o corao de um

    jovem, de uma jovem, estes so capazes

    de aes verdadeiramente grandiosas,

    afirmou o papa Francisco na cerimnia

    de acolhida da 31 JMJ (Jornada Mundial

    da Juventude), realizada entre os dias 26

    e 31 de julho, em Cracvia (Polnia). Com

    o tema Bem-aventurados os misericordio-

    sos, porque eles alcanaro misericrdia

    (Mt 5,7), o encontro, que reuniu cerca de

    2 milhes de jovens, aconteceu em sin-

    tonia com o ano Santo da Misericrdia.

    A jovem Paola Menegotto disse que a

    chegada do papa foi um pouco tumultu-

    ada, pois havia muitos seguranas e pes-

    soas. Nesse momento, algum poderia

    me perguntar: Paola, voc gostaria de

    estar em algum outro lugar? Eu respon-

    deria: no! Todos os dias de nossas vidas

    somos convidados a viver assim: ser a

    paz na guerra, o silncio no meio dos gri-

    tos, a ao entre a indiferena, o amor e a

    compaixo diante das excluses, por que

    aqui seria diferente?, ressalta.

    Em seus discursos para a juventude,

    o pontfice destacou que a misericrdia

    preserva sempre o rosto jovem, uma vez

    que um corao misericordioso no se

    acomoda, mas sabe ir ao encontro dos

    outros. Um corao misericordioso

    sabe ser um refgio para quem nunca

    teve uma casa ou perdeu-a, sabe criar

    um ambiente de casa e de famlia para

    quem teve de emigrar, capaz de ternu-

    ra e compaixo. Um corao misericor-

    dioso sabe partilhar o po com quem

    tem fome, um corao misericordioso

    abre-se para receber o refugiado e o mi-

    grante. Dizer misericrdia juntamente

    convosco dizer oportunidade, dizer

    amanh, compromisso, confiana,

    abertura, hospitalidade, compaixo, so-

    nhos, declarou.

    No momento da Via Sacra, que se-

    guiu as 14 estaes que contemplam o

    caminho de Cristo at a morte no Cal-

    vrio, Francisco chamou os jovens a se-

    rem protagonistas no servio: O Senhor

    renova-vos o convite para vos tornardes

    protagonistas no servio. Ele quer fazer de

    vs uma resposta concreta s necessida-

    des e sofrimentos da humanidade; quer

    que sejais um sinal do seu amor miseri-

    cordioso para o nosso tempo!. Para Paola,

    esse foi um dos momentos mais ines-

    quecveis da JMJ. Foi um dos dias mais

    fantsticos que passei em minha vida.

    ntido o quanto Francisco capaz de tocar

    e transformar o corao das pessoas com

    suas palavras e aes, afirmou.

    O papa Francisco tambm abordou

    a questo da violncia no Oriente Mdio

    e o problema do terrorismo. Durante a

    Viglia de Orao, aps ouvir o relato da

    jovem sria Rand Mittr, 26 anos, o pont-

    fice falou que, a partir daquele momento,

    o sofrimento e a guerra que vivem muitas

    pessoas deixariam de ser uma coisa an-

    nima: para ns, j no so s uma notcia

    de imprensa, pois tm um nome, um ros-

    to, uma histria, fizeram-se-me vizinhos.

    Francisco pediu para que todos os peregri-

    nos fizessem um minuto de silncio e que

    rezassem pela vida de tantas pessoas que

    sofrem com a violncia e a intolerncia.

    Um dos momentos mais marcantes

    da JMJ foi a visita do papa aos campos

    de extermnio de Auschwitz e Birkenau.

    L, Francisco ficou em silncio e em

    orao devido ao sofrimento humano,

    recordando tantas vidas tiradas nesses

    campos durante o nazismo. A peregrina

    Paola, que tambm esteve em Auschwitz,

    diz que trouxe uma bagagem repleta de

    oraes e questionamentos. horrvel

    pensar na falta que o amor e a identifi-

    cao com o prximo so capazes de fa-

    zer. O dio e ganncia podem imperar no

    mundo se no nos responsabilizarmos e

    no formos firmes na misso que Deus

    nos deixou. Que estejamos atentos a

    A prxima JMJ,

    que ser realizada em

    2019, j tem destino certo:

    o Panam, pas da Amrica

    Central, que tem uma popula-

    o de cerca de 3,6 milhes de

    pessoas, maioria delas catlicas.

    Os panamenhos receberam a not-

    cia com muita alegria e j esto an-

    siosos para receber o papa e os mi-

    lhares de jovens do mundo inteiro.

    cada vida que sofreu e sofre com a falta

    de amor nesse mundo, ressaltou.

    Na missa de envio, o papa frisou

    aos jovens que a JMJ no terminava

    ali, mas sim que estava comeando,

    pois na casa de cada jovem que

    Jesus quer habitar todos os dias. Na

    hora da celebrao, a temperatura

    era de 40 e, para os peregrinos que

    caminharam tantos quilmetros, o

    desafio era manter-se em p durante

    a missa. Nesse momento, somente

    o Esprito Santo capaz de modificar

    nosso interior, abrir os nossos olhos e

    nos fazer enxergar o que estava acon-

    tecendo ali: o papa estava enviando

    mais de um milho e meio de pessoas

    que vivem a mesma crena para suas

    casas, pedindo a cada uma delas que

    regressasse e se tornasse a diferena

    na sua realidade. Eu senti que s Deus

    capaz de unir, na paz e por amor,

    tanta gente, confessou Paola. Ns, os

    jovens, somos aqueles com energia e

    tempo para fazer tudo isso que o papa

    nos pede. Voltemos, cada um para sua

    casa, para fazer aquilo que o jovem faz

    melhor: nadar contra a corrente, gritar

    at ser ouvido e ter coragem, conclui

    a jovem.

  • 20 21Em Em

    Voluntariado Jovem So Paulo (SP)

    15 a 23 de julho

    O Centro Magis Anchietanum e obras parceiras

    da cidade de So Paulo, inspirados pelo tema da

    JMJ 2016, Felizes os misericordiosos (Mt 5,7), pro-

    puseram para essa experincia um roteiro pelas

    bem-aventuranas. Durante o dia, os jovens visi-

    taram e trabalharam em obras de misericrdia e,

    no perodo noturno, participaram de atividades

    relacionadas s experincias vivenciadas.

    Voluntariado Jovem Cascavel (PR)

    23 a 30 de julho

    Os jovens realizaram atividades de cuidados pessoais no Abrigo de Idosos - So Vicen-

    te de Paula, cuidaram dos cavalos da APAE (Associao dos Pais e Amigos dos Excep-

    cionais) e ajudaram em diversas tarefas no Recanto das Crianas, como no conserto

    de brinquedos e na organizao de alguns espaos. O experimento teve como objetivo

    alimentar a reflexo e o compromisso com a justia social por meio do trabalho em

    equipe, da orao pessoal e comunitria, e do servio gratuito e disponvel.

    Magis na Amaznia Santarm (PA)

    20 a 31 de julho

    A experincia aconteceu no distrito de Boim, em

    Santarm (PA), localizada na Reserva Tapajs, s

    margens do Rio de mesmo nome. O objetivo era

    incentivar e apoiar o projeto de evangelizao da

    Parquia Santo Incio de Loyola. Durante a expe-

    rincia, foram desenvolvidas atividades de apoio

    ao projeto de revitalizao da festa de Santo In-

    cio e incentivo participao dos jovens nas ati-

    vidades paroquiais e da comunidade.

    eSPeCiAleSPeCiAl

    Em 2013, o MAGIS foi realizado no

    Brasil. Esse encontro reuniu cerca de 2

    mil jovens e inspirou o trabalho da Com-

    panhia de Jesus no pas com a juventude.

    Assim nasceu o Programa MAGIS Brasil,

    responsvel por organizar, em 2016, pela

    primeira vez, as Experincias MAGIS, que

    aconteceram no ms de julho.

    Em unidade e paralelamente ao even-

    to da Polnia e JMJ (Jornada Mundial da

    Juventude), a iniciativa promoveu ativi-

    dades em todo o territrio nacional. Um

    momento de ir ao encontro do prximo e

    de conhecer as diferentes culturas e reali-

    dades brasileiras, tendo como referncia

    a espiritualidade inaciana.

    Por meio de atividades de evange-

    lizao, enraizadas nas demandas so-

    cioculturais de cada regio, de espiritu-

    alidade e de voluntariado, a Companhia

    de Jesus, por meio do Programa MAGIS,

    proporcionou aos jovens experincias

    profundas de imerso em outras realida-

    des, de autoconhecimento e construo

    colaborativa de uma igreja missionria

    que vai s ruas, como nos pede o papa

    Francisco, afirma padre Jonas Caprini,

    secretrio para Juventude e Vocaes da

    Provncia dos Jesutas do Brasil (BRA) e

    coordenador do Programa MAGIS Brasil.

    Veja como foram as experincias:

    eM SintoniA CoM A PolniA

    20 Em

  • 20 21Em Em 21Em

    Misso Vocacional Teotnio Vilela (AL)

    9 a 17 de julho

    A experincia, voltada para jovens que

    se sentiam inquietos vocacionalmente,

    aconteceu na Parquia Nossa Senhora de

    Ftima, comunidade onde foi celebrada a

    ordenao presbiteral do jesuta Jos C-

    lio dos Santos, no dia 16 de julho.

    Peregrinao Inaciana Litoral do Esprito Santo

    7 a 10 de julho

    Com um percurso de, aproximadamente, 40 quil-

    metros, os peregrinos saram da cidade de Marata-

    zes com destino final ao Santurio Nacional de So

    Jos de Anchieta, no municpio de Anchieta (ES). A

    experincia instigou os jovens a reconhecerem-se

    capazes de fazer seu caminho aos passos de Jesus.

    Peregrinos Urbanos a Servio Salvador (BA)

    20 a 24 de julho

    A experincia aconteceu na comunidade da Trin-

    dade, na Igreja de mesmo nome, localizada na Ci-

    dade Baixa, em Salvador (BA), onde pessoas em si-

    tuao de rua so acolhidas. A vivncia dos jovens

    participantes consistiu em partilhas e oraes

    comunitrias, peregrinao, trabalhos voluntrios

    em atividades de reciclagem de materiais e arte-

    sanato e colaborao no servio das pessoas que

    vivem na comunidade.

    Leia um trecho do depoimento dos jovens que parti-

    ciparam da experincia:

    [...] Gratido, ento, o que temos para deixar. Nosso

    sincero e fervoroso agradecimento por momentos

    to singulares, to nicos, inesquecveis. Estar aqui

    com vocs e poder levar tudo isso na bagagem a

    prova que, independentemente de onde estivermos,

    nosso corao bate na mesma sintonia. Sempre. [...]

    Acesse o link e confira o texto na ntegra:

    http://bit.ly/2bGaJM3

    Voluntariado e Insero Social e Ambiental Rio de Janeiro e

    Duque de Caxias (RJ)

    25 a 31 de julho

    A experincia, proposta pela Casa Magis Rio e realizada

    na Associao das Comunidades de Vida Mariana (ACVM),

    promoveu momentos de orao e partilha, reflexes sobre

    os temas da misericrdia e da ecologia. Os jovens tambm

    participaram como voluntrios das atividades sociais na

    ACVM, realizaram trilhas ecolgicas, workshops temticos

    e trabalhos no campo.

    So PAulo

    PARAn

    PAR

    eSPRito SAnto

    Rio de jAneiRo

    AlAgoAS

    bAhiA

  • 22 23Em Em

    A CoMPAnhiA de jeSuS no Mundo criA gerAl

    ConveRSAeS CoM o PAdRe geRAl.:o que PodeMoS eSPeRAR dA 36 Cg?

    Em 2 de outubro de 2016, comear em Roma (Itlia) a 36 CG (Congre-gao Geral). O superior geral da Companhia de Jesus, padre Adolfo Nico-

    ls, j anunciou que solicitar Congre-

    gao Geral sua renncia ao cargo. A CG

    livre para aceitar ou no a apresentao de

    sua demisso. Nessa breve conversa, com

    o padre Patrick Mulemi, o padre geral fala

    de suas expectativas sobre a 36 CG.

    J sabemos que quem define a agen-

    da o Esprito Santo e os eleitores,

    mas, falando em geral, o que o senhor

    espera da prxima Congregao Geral?

    Gostaria de ter expectativas que se-

    jam realistas e apropriadas para uma

    Congregao Geral. Depois do Vaticano II,

    era necessrio reformular muitos aspec-

    tos e dimenses da vida religiosa e isso

    foi levado a termo pelas Congregaes

    Gerais 31 e 35. As Congregaes empreen-

    deram essa tarefa e, com maior ou menor

    acerto, promoveram as mudanas na sua

    metodologia para que o enfoque dos no-

    vos tempos se incorporasse na Igreja.

    Agora, podemos voltar s tarefas pr-

    prias de uma Congregao Geral. No

    creio que uma CG tenha como finalidade,

    ordinariamente, produzir longos docu-

    mentos. Trata-se, antes, de uma repre-

    sentao de toda a Companhia de Jesus

    para discernir como aprimorar a nossa

    vida religiosa e como desempenhar me-

    lhor nosso servio Igreja e ao Evangelho

    a servio das almas.

    Seriam essas as minhas expectativas.

    Isto , espero que a Congregao produ-

    za como frutos uma vida religiosa mais

    intensa no esprito do Evangelho e uma

    renovada imaginao para enfrentar a

    nossa misso.

    O senhor tem a impresso de que a

    36 Congregao ser diferente da lti-

    ma, na qual o senhor foi eleito?

    Sim, penso que ser bem diferente.

    Os tempos mudaram e a Companhia

    est mais consciente de que precisa-

    mos de ousadia, imaginao e coragem

    para fazer frente nossa misso como

    parte da grande Misso de Deus pe-

    rante o nosso mundo. nova tambm

    a frmula que utilizaremos e que nos

    abre novo caminho para a concepo

    da Congregao Geral. No estaremos

    reunidos at outubro de 2016, mas a

    Congregao comeou j em setembro

    de 2015, com as reunies do Comit

    preparatrio (setembro) e do Comit

    de Coordenao (dezembro). Isso su-

    pe uma mudana importante e, certa-

    mente, afetar a Congregao.

    O que aconteceria se a Congregao

    votasse contra seu pedido de renncia?

    Seria uma grande surpresa. Eu pen-

    so que a Companhia de Jesus cons-

    ciente de que necessitamos de agilida-

    de e de ousadia para enfrentar o futuro

    e no bom para Companhia viver na

    incerteza de que trazem consigo os

    dois (ou mais) ltimos anos de servi-

    o de todo superior geral. Em termos

    concretos, a Congregao Geral livre

    para aceitar ou no a representao da

    minha renncia, a CG teria que eleger

    um vigrio e tomar medidas para os

    prximos anos nos quais as minhas ca-

    pacidades diminuiro muito, com toda

    certeza, coisa que atualmente j estou

    comeando a sentir.

    O papa Francisco dirigir sua palavra

    Congregao Geral?

    Assim esperamos, mas o papa li-

    vre e tenho a certeza de que far uso

    dessa liberdade. Da nossa parte, todos

    esperamos que se dirija a esta Congre-

    gao e d a conhecer seus sentimen-

    tos e preocupaes.

    eu penSo que a companhia de JeSuS conSciente de que neceSSitamoS de agilidade e de ouSadia para enfrentar o futuro

    Acompanhe as notcias sobre a 36 CG

    pelo site www.gc36.org

  • 22 23Em Em

    Deus e Senhor nosso, Pai amoroso, ns vos agradecemos por nos ter chamado, embora pecadores que somos, para sermos companheiros e seguidores de vosso Filho como Incio.

    Com ele, vos pedimos que nos coloque com seu Filho, especialmente neste momento de preparao para a Congregao Geral 36. Abenoai a Companhia de Jesus com vosso Santo Esprito, para que, com f renovada, esperana e amor, possamos buscar a vossa vontade no nosso servio ao vosso povo. Ns vos apresentamos esses pedidos em nome do Senhor Jesus Cristo, pela intercesso da Virgem Maria, Me de Deus, de Santo Incio e de todos os Santos e Bem-aventurados da Companhia de Jesus.

    Amm.

    oRAo dA 36 CongRegAo geRAl

  • 24 25Em Em

    A CoMPAnhiA de jeSuS nA AMRiCA lAtinA cPAl

    Muitos falam do jovem Incio de Loyola como militar, por isso dizem que a Companhia de Jesus tem um governo com obedi-

    ncia de militar. Na realidade, o jovem

    Incio foi mais um aprendiz de corteso

    do que militar. poca, essa funo de

    governo implicava tambm habilidades

    militares. Mas sua especialidade era a

    corte, com suas negociaes e relaes,

    mais que propriamente o campo de ba-

    talha. Ajustam-se melhor a essa imagem

    os adjetivos que Victor Codina confere ()

    a Incio como superior geral da Compa-

    nhia: estratego e eficiente. Mas, quan-

    do Incio assume o governo da recm

    fundada Companhia de Jesus, j predo-

    mina nele a sua dimenso mstica ().

    O tempo de Incio foi o comeo da

    modernidade e, portanto, da globalizao.

    O mundo europeu abre-se ao comrcio

    cada vez mais ativo com o Oriente e aos

    novos territrios que so descobertos

    com o avano da tecnologia da navegao.

    O despertar industrial reclama mais mat-

    rias-primas e novos mercados, e o avano

    da cincia produz inovaes tecnolgicas

    nunca antes imaginadas.

    A Companhia de Incio muito pou-

    co institucionalizada. uma companhia

    ad dispersionem em direo a misses

    diversas, em multiplicidade de lnguas e

    culturas. No tem o governo de institui-

    es, mas de homens para a misso. Pou-

    inCio e o goveRno dA CoMPAnhiA univeRSAl

    Pe. jorge Cela, SjPresidente da CPAL

    cas eram, no tempo de Incio, as institui-

    es e muitos, os missionrios.

    Quando a 36 Congregao Geral

    prope o governo como um dos temas

    centrais de discusso, faz isso em uma

    Companhia de Jesus em um mundo for-

    temente institucionalizado. Colgios,

    universidades, grandes centros sociais,

    centros de espiritualidade ou de comu-

    nicao. Mas, tambm, em uma Compa-

    nhia que se sente chamada s fronteiras,

    convocada a sair de suas instituies e a

    encontrar os desafios de um mundo em

    rpida e constante mudana.

    Como dar resposta ao convite do

    papa Francisco de sermos uma Igreja de

    sada, que se mistura com o povo nas

    praas da periferia e se contamina com

    o odor de ovelha; e, ao mesmo tempo,

    como governar a complexidade institu-

    cional construda nos ltimos sculos?

    Santo Incio queria uma Ordem de

    Cavalaria Ligeira, com grande mobilida-

    de, disponvel para fronteiras e periferia.

    Por isso, no quis conventos, nem es-

    truturas pesadas com cor e oraes. Isso

    exige estruturas de governo mais leves e

    flexveis, com melhores antenas para de-

    tectar as fronteiras.

    Para isso, requer-se uma identidade

    forte, aquela que brota dos Exerccios Es-

    pirituais; uma misso clara de servio da

    f e promoo da justia nas fronteiras

    [...] como governar a complexidade inStitucional conStruda noS ltimoS SculoS?

    () Escritos Ignacianos, Cochabamba, 2014.

    () Idem

    () Diz-nos Victor Codina citando a parte X das Constituies: E S. Francisco e outros bem-aventurados, mesmo quando esperavam em Deus, nem por isso deixavam de pr os

    meios mais convenientes para que suas casas se conservassem e se aumentasse para maior servio e maior louvor de sua divina majestade; que de outra forma pareceria mais

    tentar o Senhor a quem serviam do que proceder por bom caminho Porque a Companhia, que no foi instituda por meios humanos no pode conservar-se nem aumentar-

    -se por eles, seno pela mo onipotente de Cristo e Senhor Nosso, necessrio nEle s por a esperana de que Ele h de conservar e levar adiante o que se dignou comear

    para seu servio e louvor e ajuda das almas. Idem.

    mais difceis; e uma forte ligao a uma

    estrutura slida que d estabilidade: o

    servio Igreja e a seu pontfice.

    Requer, no superior, uma men-

    te aberta, a flexibilidade que nasce da

    identidade forte e a misso clara, a in-

    formao necessria para acertar nas

    decises, a atitude de escuta do esprito

    conatural prtica do discernimento;

    estratgia, eficcia e mstica.

    Por isso, Incio dotou o superior de

    instrumentos de informao adequados:

    informes, cartas nuas, comunicao re-

    gular, consulta, representao em obedi-

    ncia. Tudo como insumos para a mstica

    de olhos abertos, que o discernimento

    para a busca coletiva da vontade de Deus

    sobre a ao do grupo ().

    Hoje, mais do que nunca, os ins-

    trumentos permitem-nos informao

    adequada e rpida neste mundo global e

    intercultural. As redes facilitam a cons-

    truo coletiva do conhecimento sobre a

    realidade e a ao conjunta que tenha in-

    cidncia pblica.

    Precisamos saber integr-las s estru-

    turas de governo e dotar estas da mstica

    que permita no reduzir o governo a an-

    lises tcnicas da realidade e exerccios de

    planejamento, nem a um autoritarismo

    em nome de Deus, mas que saiba utili-

    zar todos os instrumentos possveis para a

    prtica do discernimento da misso.

  • 24 25Em Em

    Fonte: Pan-Amaznia SJ Carta Mensal n 28 Julho 2016 | Acesse o link (http://bit.ly/2bmlRxX) do Portal Jesutas Brasil e faa o

    download das edies completas da Pan-Amaznia SJ Carta Mensal.

    AssembleiA dA PlAtAFOrmA APOstlicA AmAzNiA

    eNcONtrO dO cimi NOrte

    voluntARiAdo

    Entre 14 e 17 de julho, a Assem-bleia da Plataforma Apostlica Amaznia da Provncia dos Jesu-tas do Brasil (BRA), em Manaus (AM),

    contou com a organizao e participa-

    o da equipe do Projeto PAM SJ (Projeto

    Pan-Amaznico), da CPAL (Conferncia

    dos Provinciais Jesutas da Amrica La-

    tina), formada pelos padres Alfredo Fer-

    Em julho, teve incio a experincia de voluntariado do Projeto PAM SJ (Projeto Pan-Amaznico), da CPAL (Conferncia dos Provinciais Jesutas da

    Amrica Latina), com a equatoriana Lore-

    na Perez, que tem o apoio da CVX (Comu-

    nidade de Vida Crist) do Equador. Alm

    de ter em vista todos os aspectos legais e

    uma estrutura de atuao organizada, a

    proposta est sendo construda com base

    O Pe. Valrio Sartor participou do encontro das equipes do CIMI (Conselho Indigenista Missio-nrio) Norte I, que aconteceu em Ma-

    naus (AM), entre 24 e 28 de julho, com

    cerca de 50 participantes. Nesse evento,

    houve momentos de formao com as

    temticas sobre as mudanas clim-

    ticas (assessorado por Ivo Poletto); de

    oficinas de mapeamento e de uso do

    GPS; e de oficinas de compostagem e

    em trs atividades principais:

    1. Apoiar o trabalho pastoral das co-

    munidades da parquia de Nazareth,

    nas margens do rio Amazonas, do

    lado colombiano.

    2. Colaborar com a pastoral juvenil

    junto aos Freis Capuchinhos do Vica-

    riato de Leticia.

    3. Apoiar a elaborao da poltica do

    voluntariado do Projeto PAM SJ.

    ro, Valrio Sartor e Pablo Mora. Compa-

    receram ao encontro 45 pessoas, entre

    jesutas e leigos, colaboradores vincula-

    dos Companhia de Jesus, como CIMI

    (Conselho Indigenista Missionrio),

    REPAM (Rede Eclesial Pan-amaznica),

    Fundao F e Alegria, PEC (Projeto

    Educao e Cidadania) e SARES (Servio

    de Ao, Reflexo e Educao Social).

    elaborao de inseticidas orgnicos.

    Foi possvel, tambm, um momen-

    to para a socializao do trabalho

    das equipes, no qual o Projeto PAM SJ

    apresentou seus avanos, bem como a

    programao das atividades do CIMI.

  • 26 27Em Em

    CoMPAnhiA de jeSuS serviO dA F

    APliCAtivo CliCk To Pray lAnAdo no bRASil

    O Click To Pray nos coloca em rede com outros irmos e irms, afirmou o padre Frderic For-nos, SJ, diretor internacional da Rede

    Mundial de Orao do Papa (Apostolado

    da Orao e Movimento Eucarstico Jo-

    vem), no lanamento do aplicativo, que

    aconteceu no dia 14 de julho, no Pateo

    do Collegio, em So Paulo (SP).

    O padre Eliomar Ribeiro, SJ, diretor

    nacional da Rede Mundial de Orao do

    Papa no Brasil (AO-MEJ), presidiu o en-

    contro, que contou tambm com as pre-

    senas de Juan Della Torre, fundador e

    CEO da La Machi, empresa responsvel

    por desenvolver o aplicativo, e do padre

    Adriano Zandon, formador geral da

    Cano Nova, em So Paulo (SP).

    Em 2014, por iniciativa do Apostola-

    do da Orao de Portugal, foi lanada a

    primeira verso do Click To Pray. Segun-

    do padre Frderic, a qualidade do proje-

    to piloto surpreendeu a todos e, assim,

    o Apostolado da Orao decidiu trans-

    formar a ferramenta em uma platafor-

    ma internacional para a Rede Mundial

    de Orao do Papa.

    Agora, a plataforma, que existe em es-

    panhol, francs e ingls, est disponvel

    Rede de Orao

    O Apostolado da Orao um servio da Igreja Catlica confiada Companhia de

    Jesus desde o sculo XIX. Nossa misso rezar pela misso da Igreja, mobilizando

    os catlicos diante dos desafios da humanidade, expressos nas intenes da orao

    do pontfice, despertando, assim, a capacidade missionria dos cristos, por meio de

    uma relao pessoal e profunda com Jesus, afirma padre Frderic Fornos.

    tambm em portugus do Brasil, pas com

    o maior nmero de catlicos do mundo e

    onde o Apostolado da Orao tem grande

    representatividade. Atualmente, mais de

    trs milhes de pessoas esto unidas

    Rede Mundial de Orao do Papa no pas.

    Para o padre Eliomar Ribeiro, a pla-

    taforma conecta o corao e a orao

    da esq. p/ dir., padre eliomar Ribeiro, SJ, juan della torre, e os padres Frderic Fornos, SJ, e Adriano Zandon

    O APOstOlAdO dA OrAO est PreseNte em 98 PASeS, em umA rede de mAis de 35 MilheS de PessOAs.

    O mej se FAz PreseNte em umA rede cOm MAiS de uM Milho de criANAs e jOveNs NO muNdO. O Segundo MAioR mOvimeNtO de juveNtude dA igrejA cAtlicA, em NmerO de PArticiPANtes.

    das pessoas com os grandes desafios da

    humanidade. A Rede Mundial de Ora-

    o do Papa nos chama para um com-

    promisso apostlico com a misso da

    Igreja, que a misso de Cristo, que nos

    chama a olhar os desafios da humani-

    dade. O Click To Pray nos mostra as in-

    tenes que o papa Francisco pede para

    rezarmos, explicou o jesuta.

    O padre Frderic Fornos afirma que

    a orao essencial para a misso da

    Igreja, por isso a importncia da Rede

    Mundial de Orao do Papa e das fer-

    ramentas que facilitam o acesso s in-

    tenes de orao do pontfice. Em um

    mundo de indiferena, a plataforma de

    orao Click To Pray quer nos ajudar a

    abrir o corao para os grandes desafios

    da humanidade, mobilizando-nos para

    a misso da Igreja, declarou.

    O jesuta ressaltou que a Rede

    Mundial de Orao do Papa nos ajuda

    a sair da indiferena, promovendo a

    cultura do encontro. Precisamos abrir

    nossos coraes, todos os dias, aos ho-

    mens, mulheres e crianas, ao nosso

    pas e a outros pases, que enfrentam

    os desafios do mundo de hoje. O apli-

    cativo Click To Pray uma rede, uma

    rede de outros irmos e irms de di-

    versos pases, que querem um mundo

    de paz, justia, fraternidade e orao.

    Uma orao que nos conecta com o

    mundo. Orar abre nossos coraes para

    os outros, para a misso, para transfor-

    marmos o mundo. Como disse papa

    Francisco: No subestime a fora da

    orao, reforou padre Frderic.

  • 26 27Em Em

    CoMPAnhiA de jeSuS dilOgO culturAl e religiOsO

    Entre os meses de junho e julho, os jesutas Alfredo Sampaio e Johan Konings lanaram seus mais recentes livros.

    Padre Alfredinho, como conheci-

    do pelos participantes dos retiros que

    orienta, completou 25 anos de sacer-

    dcio e decidiu comemorar esse im-

    portante momento com o lanamento

    da obra Solidrios, Obedientes e Amo-

    rosos As Novas Faces da Humildade

    para o Mundo de Hoje.

    Padre Konings, professor no depar-

    tamento de Teologia da FAJE (Facul-

    dade Jesuta de Filosofia e Teologia),

    escreveu o livro Lucas, o evangelho da

    graa e da misericrdia, em parceria

    com o frei Isidoro Mazzarolo. A obra

    uma reedio da publicao Bblia

    passo a passo, editada pela Edies

    Loyola, na dcada de 1990.

    Para o padre Alfredo, a solidarie-

    dade, a obedincia a Deus e o amor ao

    prximo traduzem-se na vivncia da

    humildade. Em entrevista ao site do

    Centro Loyola de F e Cultura PUC-Rio,

    o jesuta falou sobre o que o motivou

    a escrever o livro. Aprendi de minha

    me que ser humilde era um valor a ser

    buscado e conservado a qualquer cus-

    to. Sempre tive atrao por estar prxi-

    mo s pessoas mais humildes e, nelas,

    descobria a alegria que eu tanto perse-

    guia, revela. Outra razo que me levou

    a escrever sobre a humildade foi o meu

    trabalho junto aos moradores de rua de-

    pendentes qumicos no Rio de Janeiro

    (RJ), quando aprendi o quanto no era

    humilde e precisava me colocar a servi-

    o daqueles mais necessitados, afirma.

    J padre Konings explica que seu

    livro segue o mtodo do comentrio-

    -parfrase, da coleo Bblia passo a

    aprendi de minha me que Ser humilde era um valor a Ser buScado e conServado [...]

    a obra de lucaS uma eScola de f [...]Padre johan Konings

    jesutAs lANAm livrOs

    Padre Alfredo Sampaio

    passo, da qual a obra sobre Lucas faz

    parte. Muitas vezes, interrompemos

    o comentrio sequencial para incluir

    uma nota sobre algum assunto que

    extrapola o contexto imediato da fra-

    se, conta. Os autores reescreveram o

    Evangelho versculo por versculo, do

    mesmo modo como se encontra na

    Bblia, mas usando palavras e frases

    mais acessveis, acrescentando expli-

    caes necessrias para o leitor atual.

    A obra voltada para grupos de leitu-

    ra bblica, mas tambm para aquelas

    pessoas que se interessam pela Bblia.

    A prpria leitura uma escola, por

    isso fizemos tudo para deixar o texto

    da Bblia falar, acrescentando apenas

    umas explicaes e tirando os mal-

    -entendidos. A obra de Lucas uma

    escola de f e o livro ajuda as pessoas

    a lerem o Evangelho, diz.

    FOtO

    : ceN

    trO

    lO

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    As duas publicaes foram

    editadas pela Edies Loyola,

    para adquirir as obras basta aces-

    sar o site www.loyola.com.br.

  • 28 29Em Em

    CoMPAnhiA de jeSuS PrOmOO dA justiA e ecOlOgiA

    da esq. p/ dir., o presidente do FoniF, Custdio Pereira, o secretrio geral da Cnbb e bispo auxiliar de braslia, dom leonardo Steiner, e o analista da consultoria da doM Strategy Partners, Pedro Mello

    beneFCioS dA FilAntRoPiA So MAioReS que iMunidAdeNo dia 8 de agosto, em Braslia (DF), o FONIF (Frum Nacional das Instituies Filantrpicas) divulgou a pesquisa A contrapartida do

    setor filantrpico para o Brasil, cujos da-

    dos comprovam a abrangncia de atuao

    dessas organizaes no pas. O estudo

    mostra que os benefcios gerados so-

    ciedade nas reas de Assistncia Social,

    Educao e Sade so muito mais amplos

    se comparados com o valor da imunidade

    usufruda, ou seja, com as isenes fiscais

    concedidas a essas entidades.

    A pesquisa foi desenvolvida pela

    empresa de consultoria DOM Strate-

    gy Partners de maio de 2015 a junho

    de 2016 e baseou-se em dados oficiais

    e restritos a instituies filantrpicas

    que possuem o Cebas (Certificado de

    Entidades Beneficentes de Assistncia

    Social), concedido pelo Governo Fede-

    ral, por intermdio dos Ministrios da

    Educao, Desenvolvimento Social e

    Sade. O estudo constata que o valor da

    iseno fiscal previdenciria das insti-

    tuies filantrpicas muito inferior ao

    benefcio que elas geram sociedade.

    Segundo o estudo, as instituies

    filantrpicas realizaram mais de 160 mi-

    lhes de atendimentos em 2014 e gera-

    ram 1,3 milho de empregos. A cada R$ 1

    obtido por isenes fiscais, as instituies

    filantrpicas retornam R$ 5,92 em benef-

    cios para a sociedade. Se as reas de atu-

    ao forem analisadas separadamente, na

    Sade, esse coeficiente de contrapartida

    sobe para R$ 7,35. Ou seja, a cada R$ 100

    de iseno a um hospital beneficente, so

    investidos R$ 735 no atendimento po-

    pulao. Na Assistncia Social, a cada R$

    100, o retorno sociedade de R$ 573 e, na

    Educao, R$ 386, por meio da concesso

    de bolsas de estudo, por exemplo.

    Ainda conforme a pesquisa, 53% dos

    atendimentos do SUS so realizados pe-

    las Santas Casas e hospitais filantrpicos.

    Os hospitais beneficentes configuram-

    -se como referncias mundiais em reas

    como oncologia, cardiologia e transplan-

    tes, aponta o estudo. Quanto Assistn-

    cia Social, 4,8 milhes de vagas de aten-

    dimento so oferecidas pelo setor. No

    mbito da Educao, da bsica superior,

    o setor filantrpico atende mais de 2,2 mi-

    lhes de alunos, sendo que 31% dos alu-

    nos matriculados nessas instituies de

    Ensino Superior so bolsistas.

    Para o presidente do FONIF, Cust-

    dio Pereira, os dados levantados provam

    a importncia do setor. Eu tenho certe-

    za de que as instituies filantrpicas

    so fundamentais, pois atendem mi-

    lhes de brasileiros na Sade, Educao

    e Assistncia Social. Temos que intera-

    gir e participar em toda possvel mudan-

    a que afete o setor, disse.

    Para o secretrio geral da CNBB

    (Conferncia Nacional dos Bispos do

    Brasil) e bispo auxiliar de Braslia, dom

    Leonardo Steiner, os dados levantados

    pela pesquisa mostram que as insti-

    tuies filantrpicas esto dispostas a

    continuar cuidando dos mais neces-

    sitados. Eu creio que nossas institui-

    es, independentemente de serem

    catlicas, evanglicas ou mesmo no

    confessionais, esto dispostas a esse

    tipo de cuidado. Com a apresentao

    da pesquisa, sintamos mais nimo em

    trabalharmos em favor dos irmos e das

    irms que necessitam e sintamos o or-

    gulho de sermos entidades filantrpi-

    cas certificadas, enfatizou.

    No dia 31 de agosto, o FONIF par-

    ticipar de uma audincia pblica

    sobre o tema, em Braslia (DF), mar-

    cando presena de forma mais ativa

    nos debates relevantes para o setor.

    Criado h trs anos para ser um cen-

    tralizador de dados, o Frum Nacional

    das Instituies Filantrpicas ganhou,

    recentemente, um CNPJ e pretende ser

    o porta-voz do segmento. Na avaliao

    dos dirigentes, o FONIF que une, sob

    o mesmo guarda-chuva, entidades de

    Sade, Educao e Assistncia Social,

    que sempre trataram de suas deman-

    das de maneira isoladas.

    Alm de coletar dados e patrocinar

    novas pesquisas, a inteno que o

    setor se antecipe aos debates mais im-

    portantes no Legislativo, com embasa-

    mento jurdico e argumentaes mais

    estruturadas. Queremos ser mais ouvi-

    dos, porque temos dados sobre a nossa

    contribuio para a sociedade, afirma

    Custdio Pereira.

    Fontes: CNBB/ Valor Econmico

    Faa o download da pesquisa por meio

    do link: http://bit.ly/2aHlZaa

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  • 28 29Em Em

    1 Frum de Universitrios

    No dia 3 de julho, como parte do

    projeto de Extenso Universitria

    UniVaz, aconteceu o I Frum dos Uni-

    versitrios de Vazantes. Cerca de 30

    estudantes participaram do encontro,

    dentre eles jovens das universidades

    espanholas de Comillas e Deusto. O

    estudante de Letras da Unilab, Douglas

    Brasil Coutinho, conta que o encontro

    foi muito bem-sucedido. Essa pri-

    meira experincia foi muito promis-

    sora e j houve at manifestaes, por

    parte dos universitrios, para novos

    encontros e compartilhamento de vi-

    vncias, diz o jovem. Douglas, natural

    de Vazantes e um dos organizadores

    do encontro, ficou orgulhoso do resul-

    tado. Vazantes tinha tudo para ser s

    mais uma comunidade do interior.

    No entanto, est tornando-se protago-

    nista de uma histria de muito suces-

    so com a educao, afirma.

    vOluNtAriAdO e AO cOmuNitriA NO ceAr

    Em julho, cerca de 40 universitrios do Brasil e da Espanha participa-ram do projeto de Extenso Uni-versitria UniVaz, promovido pela Unicap

    (Universidade Catlica de Pernambuco)

    em parceria com a Fundao F e Alegria,

    na comunidade de Vazantes, no munic-

    pio de Aracoaiaba (CE), Semirido Nor-

    destino. O objetivo da iniciativa integrar

    obras jesutas e ao comunitria, por

    meio de oficinas e cursos de extenso nas

    reas esportivas e culturais.

    Do Brasil, participaram universit-

    rios de Vazantes, da Unicap e da UFPE

    (Universidade Federal de Pernambuco),

    e da Espanha, jovens da PUC Comillas

    e da Universidade de Deusto. Para os

    estudantes, o projeto proporcionou

    extensa troca de saber com as pessoas

    que vivem no interior. O padre Pedro

    Rubens Ferreira de Oliveira, reitor da

    Unicap e idealizador do projeto, ressal-

    ta que a iniciativa tambm possibilitou

    grande aprendizado aos educadores de

    F e Alegria. A experincia promoveu

    uma formao suplementar, que ajuda

    a animar a misso, por meio da articu-

    lao de momentos ldicos e do aper-

    feioamento profissional. Alm disso,

    proporcionou s crianas, aos jovens e

    aos adolescentes do interior que, nor-

    malmente, no viajam de frias, o aces-

    so a uma programao diferenciada,

    com momentos educativos, ldicos e

    culturais, na prpria comunidade.

    A voluntria Sara Lapuente, profes-

    sora de escola primria e estudante de

    Lnguas Modernas, na Espanha, falou

    de sua experincia em Vazantes. Che-

    guei ao Brasil e comecei o meu trabalho

    como voluntria no F e Alegria, junta-

    mente com outros colegas espanhis

    e brasileiros. Desde o primeiro dia, o

    padre Pedro Rubens e todos que traba-

    lham no Centro acolheram-nos como

    parte de sua famlia, proporcionando-

    -nos todo o seu amor e entusiasmo,

    afirma a jovem.

    O carinho da comunidade local com

    os voluntrios nunca ser esquecido

    pela estudante espanhola. impossvel

    explicar a alegria que as crianas e os jo-

    vens nos transmitiram desde o primeiro

    dia, nos recebendo com beijos e abraos,

    assim como todos os moradores da ci-

    dade. S com isso, eu poderia dizer que

    minha experincia em Vazantes valeu a

    pena. O sorriso de cada criana me deu

    foras para tentar ajud-las a conseguir

    uma vida melhor, pois elas so o futuro,

    conta Sara, acrescentando: por isso

    que a educao tem um papel muito im-

    portante. Nesse perodo, organizamos

    vrias oficinas para eles, como aulas de

    espanhol, arte, educao para cidadania

    e esportes, mas tambm aprendemos e

    muito! O F e Alegria nos proporcionou

    aulas de Portugus, Libras e Maracatu.

    O estudante de Licenciatura em His-

    tria da Unicap, Joo Felipe Xavier, conta

    que a experincia de ser voluntrio no

    Semirido Nordestino foi apaixonante

    e singular. Na medida em que adentra-

    mos na vida da comunidade, no seu dia

    a dia, sentimos uma espiritualidade forte

    e apaixonante. Na simplicidade, o acolhi-

    mento tornou-se uma das muitas virtu-

    des desse pequeno povoado de pessoas

    de grande corao. Sobretudo, o carinho e

    a satisfao em receber estrangeiros. Pes-

    soas at ento desconhecidas, mas sem

    distino, foram acolhidas como filhos

    e filhas desse pequeno grande pedao

    de terra. Nas primeiras semanas de con-

    vivncia, destaco esses dois aspectos: o

    acolhimento e o carinho dessas pessoas,

    partilha Joo. Para o estudante, o volunta-

    riado prope que os jovens universitrios

    levem e ensinem um pouco de suas ha-

    bilidades para as pessoas da comunida-

    de. Entretanto, ele ressalta: percebi que,

    nessa integrao, ns aprendemos mais

    do que ensinamos, pois, na verdade, foi

    uma grande partilha de dons e habilida-

    des para ambos os lados.

  • 30 31Em Em

    CoMPAnhiA de jeSuS educAO

    O Colgio Anchieta, de Nova Fri-burgo, por iniciativa da Assem-bleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, recebeu a Medalha Tira-

    dentes. A cerimnia de entrega da hon-

    raria, concedida pelo Estado as pessoas

    e entidades que prestam relevantes ser-

    vios causa pblica fluminense, acon-

    teceu no dia 22 de julho.

    O diretor geral da instituio, pa-

    dre Luiz Antnio de Arajo Monnerat,

    conhecido como Toninho, participou

    do evento, que contou com a presen-

    a da comunidade educativa, de au-

    toridades e de convidados. Antes das

    homenagens, houve uma breve apre-

    sentao da Banda do Colgio Anchie-

    ta, seguida de um Momento Cnico,

    preparado pelo TACA (Teatro Amador

    do Colgio Anchieta).

    cOlgiO ANchietA (rj) recebe medAlhA tirAdeNtes

    ete Fmc sediAr FeirA estAduAl de ciNciAs e tecNOlOgiA

    O deputado estadual Wanderson

    Nogueira, que indicou a homenagem

    instituio jesuta, destacou que a

    histria do colgio muito impor-

    A ETE FMC (Escola Tcnica de Eletrnica Francisco Moreira da Costa) sediar a 2 edio da Fecete (Feira Estadual de Cincias

    tante para a sociedade brasileira. Os

    servios prestados pela instituio

    so muito relevantes, sobretudo para

    a formao humanstica, afirmou.

    da esq. p/ dir., Carlos Cortez, diretor administrativo; Ricardo Ribeiro, diretor acadmico; Pe. Monnerat e o deputado Wanderson nogueira

    evento, promovido pela instituio, incentiva a pesquisa cientfica dos alunos de Minas gerais

    e Tecnologia), que ser realizada nos

    dias 6 e 7 de outubro. O evento aconte-

    cer simultaneamente PROJETE (Feira

    Tecnolgica da ETE FMC), que chega a

    sua 36 edio, com a exposio anual

    de, aproximadamente, 200 invenes.

    Alm da mostra de projetos, o evento

    conta com extensa programao que

    envolve palestras, oficinas, minicursos

    e um show de cincias.

    A Fecete tem como objetivo incen-

    tivar e difundir a pesquisa cientfica

    entre os alunos de Minas Gerais, alm

    de proporcionar a troca de experincias

    entre as escolas. O evento abre espao

    para que os estudantes possam apre-

    sentar seus trabalhos criativos e ino-

    vadores, desenvolvidos nas escolas de

    Ensino Fundamental, Mdio e Tcnico

    de todo o estado.

    A primeira edio da Feira supe-

    rou nossas expectativas em relao ao

    nmero, diversidade e qualidade

    dos trabalhos inscritos. Conseguimos,

    tambm, promover um excelente in-

    tercmbio entre os nossos alunos e os

    expositores da Fecete. Para este ano,

    esperamos atingir ainda mais escolas

    e, dessa forma, contribuir para a po-

    pularizao da cincia e tecnologia em

    Minas Gerais, afirma o coordenador,

    professor Eduardo Abranches.

  • 30 31Em Em

    Colgio doS jeSutAS CelebRA 60 AnoS CoM tRduo inACiAno e MiSSA Solene

    Em 2016, o Colgio dos Jesutas completa 60 anos de atuao em Juiz de Fora (MG). Para celebrar esse importante momento, a institui-

    o organizou um Trduo Inaciano, re-

    alizado entre os dias 3 e 5 de agosto, na

    Capela Santo Incio, e uma Missa Sole-

    ne, presidida pelo arcebispo Metropo-

    litano de Juiz de Fora, dom Gil Antnio

    Moreira, no dia 6 de agosto.

    As celebraes contaram com as

    presenas do diretor geral da institui-

    o, padre Srgio Eduardo Mariucci;

    do delegado para a Educao Bsica da

    Provncia dos Jesutas do Brasil (BRA),

    padre Mrio Sndermann; de trs an-

    tigos reitores do Colgio dos Jesutas:

    padres Jos Luis Fuentes, Nilson Ma-

    rstica e Nelson Lopes da Silva; e de

    jesutas que atuam em Juiz de Fora:

    padres Gerardo Cabada Castro e Cyril

    Suresh e os irmos Germn Gonzlez

    da esq. p/ dir., os padres jos luis Fuentes (antigo reitor), Srgio eduardo Mariucci (diretor geral da instituio), nelson lopes da Silva (antigo reitor) e gerardo Cabada Castro (orientador espiritual do colgio)

    Hernndez e Tranquilo Fiametti.

    A Companhia de Jesus, desde 1956,

    pde participar da histria dessa hos-

    pitaleira cidade, tendo aqui uma obra

    apostlica onde os jesutas podem

    colaborar com a Arquidiocese e cons-

    tituir uma comunidade educativa sen-

    svel s necessidades e aos desafios da

    sociedade, especialmente no trabalho

    com a juventude. No queremos seguir

    fazendo mais do mesmo, nem sermos

    colgios tradicionais, antigos, volta-

    dos para expectativas e padres do pas-

    sado. As novas geraes nos trazem de-

    safios que precisam ser encarados com

    o perfeito equilbrio entre o que temos

    de melhor, da nossa tradio secular,

    com o que podemos fazer de melhor

    com a inventividade e criatividade dos

    nossos professores e alunos, declarou

    o provincial na mensagem.

    Nos quatro dias de celebrao, a

    participao de alunos, seus fami-

    liares e educadores foi muito signi-

    ficativa e os momentos de ofertrio

    emocionaram a todos. Muitos dons

    e talentos artsticos tambm foram

    compartilhados pelos estudantes do

    Coral do Colgio dos Jesutas, que

    cantaram e tocaram no Trduo e na

    Missa, bem como por alunos do En-

    sino Mdio, que prepararam uma co-

    reografia especial em homenagem

    Virgem Imaculada, apresentando-a

    nos Ritos finais da Missa Solene.

    O Colgio dos Jesutas tambm

    teve a alegria de receber os profis-

    sionais da web TV A Voz Catlica, da

    Arquidiocese de Juiz de Fora, que re-

    gistraram imagens da Missa Solene e

    produziram um vdeo sobre a Cele-

    brao do Jubileu de Diamante do Co-

    lgio dos Jesutas. Assista ao vdeo no

    link: http://bit.ly/2bg5Zer

  • 32 33Em Em

    CoMPAnhiA de jeSuS juveNtude e vOcAes

    ConheCendo A etAPA iniCiAl dA FoRMAo jeSutA

    jovens vivenciaram a experincia Montserrat, em Feira de Santana (bA)

    Entre os dias 25 de julho e 3 de agos-to, os jovens que esto no Plano de Candidatos da Companhia de Je-sus visitaram o Noviciado Nossa Senhora

    da Graa, em Feira de Santana (BA), onde

    vivenciaram a Experincia Montserrat.

    Nessa convivncia, os jovens puderam

    experimentar a rotina dos novios, com-

    posta por momentos de espiritualidade,

    servios humildes, lazer, pastoral, dentre

    outros, explica padre Kleber Barberino

    Chevi, coordenador do Plano de Candida-

    tos ao Noviciado da Provncia dos Jesutas

    do Brasil (BRA).

    Segundo o jesuta, o objetivo da visi-

    ta foi promover o encontro dos candida-

    tos com os novios, j que o noviciado

    a prxima etapa a ser realizada pelos

    que desejarem continuar o processo de

    ingresso na Companhia de Jesus. Os

    momentos vivenciados aqui ofereceram

    elementos que contribuem para o discer-

    nimento vocacional deles, afirma padre

    Kleber. Na ocasio, eles tambm tiveram a

    oportunidade de partilhar as experincias

    vivenciadas, desde maro de 2016, nas re-

    sidncias jesuticas espalhadas pelo pas.

    Para o candidato Dimas Oliveira,

    que, atualmente, reside em Belm (PA),

    reencontrar os outros companheiros

    e, principalme