seminários integrados

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A conceituação da elaboração visual partiu da analogia de estudo, elaboração de pesquisas e artigos por meio de um método com as características visuais de textos antigos medievais e da composição gráfica daquela época. Período em que houve grande desenvolvimento de pesquisas e estudos em mosteiros. Visualmente me pareceu remeter a idéia de estudo, organização, concentração e seriedade. Os arabescos, carregados no início, mas cuidadosamente tratados dentro do material, e a organização do texto na página, é o que dá conta de remeter as catacterísticas visuais de estudo (fazendo alusão à composição de páginas medievais)

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Page 2: Seminários Integrados
Page 3: Seminários Integrados

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTONúcleo de Educação Aberta e a Distância

Raphael Góes Furtado

V i t ó r i a

2009

Seminários Integradosde Pesquisa e Extensão i

Page 4: Seminários Integrados

LDI coordenaçãoHeliana Pacheco, José Otavio Lobo Name, Hugo Cristo

GerênciaVerônica Salvador Vieira

EditoraçãoWeberth Freitas

CapaJuliana Colli

ImpressãoGM Gráfica e Editora

Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)(Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)

_____________________________________________________________

Furtado, Raphael Góes, 1973-Seminários integrados de pesquisa e extensão I / Raphael Góes

Furtado. - Vitória, ES : UFES, Núcleo de Educação Aberta e àDistância, 2009.

70 p.

Inclui bibliografia.ISBN:

1. Pesquisa. 2. Projetos de pesquisa. 3. Física - Estudo e ensino.4. Extensão universitária. I. Título.

CDU: 001.891:53

F992s

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Universidade Aberta do BrasilCelso Costa Universidade Federaldo Espírito Santo

ReitorRubens Sergio Rasseli

Vice-Reitor e DiretorPresidente do Ne@adReinaldo Centoducatte

Pró-Reitora de GraduaçãoIsabel Cristina Novaes

Pró-Reitor de Pesquisae Pós-GraduaçãoFrancisco Guilherme Emmerich

Pró-Reitor de ExtensãoAparecido José Cirillo

Diretora Administrativa doNe@ad e Coordenadora UABMaria José Campos Rodrigues

Diretor Pedagógico do Ne@adJúlio Francelino Ferreira Filho

Coordenadora do Curso Angela Emilia de Almeida Pinto

Revisor de ConteúdoAntônio Canal Neto.

Revisor de LinguagemSantinho Ferreira de Souza

Design GráficoLDI - Laboratório de DesignInstrucional

Ne@adAv. Fernando Ferrari, n.514 -CEP 29075-910, Goiabeiras -Vitória - ES4009 2208

Page 5: Seminários Integrados

¡Que vivan los estudiantes,jardín de las alegrías!Son aves que no se asustande animal ni policía,y no le asustan las balasni el ladrar de la jauría.Caramba y zamba la cosa,¡que viva la astronomía!

¡Que vivan los estudiantesque rugen como los vientoscuando les meten al oídosotanas o regimientos.Pajarillos libertarios,igual que los elementos.Caramba y zamba la cosa¡vivan los experimentos!

Me gustan los estudiantesporque son la levaduradel pan que saldrá del hornocon toda su sabrosura,para la boca del pobreque come con amargura.Caramba y zamba la cosa¡viva la literatura!

Me gustan los estudiantesporque levantan el pechocuando le dicen harinasabiéndose que es afrecho,y no hacen el sordomudocuando se presenta el hecho.Caramba y zamba la cosa¡el código del derecho!

Me gustan los estudiantesque marchan sobre la ruina.Con las banderas en altova toda la estudiantina:son químicos y doctores,cirujanos y dentistas.Caramba y zamba la cosa¡vivan los especialistas!

Me gustan los estudiantesque van al laboratorio,descubren lo que se escondeadentro del confesorio.Ya tienen un gran carritoque llegó hasta el PurgatorioCaramba y zamba la cosa¡los libros explicatorios!

Me gustan los estudiantesque con muy clara elocuenciaa la bolsa negra sacrale bajó las indulgencias.Porque, ¿hasta cuándo nos duraseñores, la penitencia?Caramba y zamba la cosa¡Qué viva toda la ciencia!

(Violeta Parra)

Me gustan los estud iantes bB

bB

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Apresentação 7

I Antes mesmo de começar 9O primeiro artigo 12

O segundo artigo 17

O terceiro artigo 21

II Explorando um pouco mais 25

III Começando a pesquisa: a escolha do tema 29Além da escolha do tema: o projeto de pesquisa 32

IV Exemplo de projeto de pesquisa 35Para revisão teórica 40

Para coleta de dados 42

Quais são os seus referenciais? 46

V Desenvolvimento da pesquisa 49Entrevista oral 50

O questionário escrito 52

VI Análise dos dados 55

VII A redação do trabalho 57

VIII A apresentação oral do trabalho 59

IX A questão da extensão 63

X Inconclusão 67

Referências biliográficas 69

Sumário

Page 8: Seminários Integrados
Page 9: Seminários Integrados

ApreSentAção

Prezados estudantes, como espero ter deixado claro

na epígrafe, através das belíssimas palavras de Violeta

Parra, imortalizadas na voz inesquecível de Merce-

des Sosa, eu gosto dos estudantes. Até por que nunca

deixei de sê-lo. Mas, quando digo estudante, não

quero dizer aluno, aquele que está simplesmente ma-

triculado em uma disciplina, e sim estudante mesmo:

aquele que estuda, busca e ama o conhecimento, re-

constrói os saberes já acumulados pela humanidade,

questiona-os, ressignifica-os, almeja ir além, tem a

mente aberta e disposta a novas aventuras.

Estudantes são mentes inquietas e mentes inquietas

são a única esperança de superação dos problemas

da humanidade. Com este curso, intenciono abrir

para você, estudante, algumas portas novas na área

de pesquisa em Ensino de Física. Espero que vocês

entrem por estas portas e desbravem este universo.

Estou dando algumas pistas sobre o caminho, mas a

caminhada é individual. Sempre é.

Desejo a vocês muitas horas de produtivo e pra-

zeroso estudo e que obtenham como resultado um

aprendizado consistente. Não poderia desejar mais.

Raphael Góes Furtado

ZXzx

ZXzx

Contem conosco neste percurso.

Um grande abraço,

Page 10: Seminários Integrados
Page 11: Seminários Integrados

Antes de começar uma pesquisa em qualquer

área, é preciso um tema. Mas não se escolhe

um tema do nada. Antes de escolher o tema, é

preciso que o pretendente a pesquisador tenha

uma boa visão sobre quais são os temas sobre o

qual se pesquisa na sua área. Ou seja, é preciso

conhecer as pesquisas já feitas e em desenvol-

vimento em Ensino de Física. Além disto, um

profissional da área de Ensino de Física precisa

estar sintonizado com as novidades da Física,

mesmo que ainda, neste estágio do curso, em

caráter de Divulgação Científica.

Vamos então indicar a você duas fontes fun-

damentais de pesquisa em Ensino de Física em

português do Brasil, e que são um excelente co-

meço para você tomar contato com o que está

sendo feito nesta área.

antes MesMode coMeçar

g I h

Page 12: Seminários Integrados

Estas duas publicações são a referência na área

de Ensino de Física em nosso país, mas não são

as únicas. Existem vários sítios na internet com

bom material de pesquisa na área. Vale muito a

pena dar uma procurada. Existem ótimos blogs

de ciência em português e inglês com discussões

verdadeiramente enriquecedoras e instigantes.

Mas aqui é importante uma recomendação:

A propósito, a Wikipedia, embora possa até ser

útil em alguns casos, não é uma fonte de pesquisa

científica, pois não há ninguém que responda

pela adequação das informações lá contidas.

A primeira é a Revista Brasileira de Ensino de

Física, publicada pela Sociedade Brasileira de

Física (sbf ) e disponível no site.

A outra fonte sine qua non para a pesquisa em

Ensino de Física é o Caderno Brasileiro de Ensino

de Física (antigo Caderno Catarinense de Ensino

de Física), publicado pela Universidade Federal

de Santa Catarina, que você encontra no site.

É importante saber separar o joio do trigo: existe

muita informação não confiável na internet,

muitas vezes com aparência científica. Procure

sempre por informação em sites ligados a ór-

gãos com tradição em pesquisa, como universi-

dades e sociedades científicas reconhecidas.

www.sbfisica.org.br/rbef/

www.periodicos.ufsc.br/index.php/fisica

Vejaem

Vejaem

Page 13: Seminários Integrados

Acesse as duas revistas indicadas acima, consulte

alguns volumes e dê uma olhada nos títulos dos ar-

tigos. Isto vai lhe dar uma noção do que se pesquisa

na área. Além disto, dos títulos que lhe chamarem a

atenção, leia também o resumo.

Com isto você vai saber melhor do que trata o artigo.

Após ler os resumos de vários artigos, faça o download

de pelo menos um artigo, aquele que lhe chamou mais

a atenção. Leia-o atentamente, mesmo que você não

consiga entender tudo. Olhe como o artigo está constru-

ído: você perceberá que a estrutura, em geral, é sempre

muito parecida.

Primeiro, vem a apresentação do problema propriamente

dito, depois as técnicas e métodos utilizados, uma descri-

ção do processo da pesquisa, os resultados e uma conclu-

são, analisando os resultados e perspectivas do trabalho.

Ao fim, são listadas as fontes e referências bibliográficas.

Acesse o volume 31, nº 1 da rbef , de 2009. Ao olhar o

índice, você verá vários artigos. Digamos que os seguin-

tes artigos lhe chamem a atenção:

Mulheres na física: poder e preconceito nos países em

desenvolvimento (D.A. Agrello e R. Garg)

Ensino-aprendizagem de física no nível médio: o estado da arte da

produção acadêmica no século xxi (F. Rezende, F. Ostermann, G. Ferraz)

Autilização da filmadora digital para o estudo do movimento dos corpos

(B.N. Sismanoglu, J.S.E. Germano, J. Amorim e R. Caetano)

Ativ idAdeS

b

b

b

Page 14: Seminários Integrados

Vamos analisá-los rapidamente: Antes mesmo de ler

os resumos, pode-se perceber que tratam-se de temas

muito diversificados.

O primeiro parece ser uma análise sociológica do exer-

cício da profissão de físico, sobre o viés do gênero; o

título do segundo sugere tratar-se de um levantamento

das pesquisas mais atuais na área de Ensino de Física,

enquanto que o terceiro aborda uma determinada téc-

nica para ser usada em laboratórios didáticos.

Leia agora os três (interessantes) artigos e depois con-

tinuaremos a discussão.

Vamos agora analisar a estrutura de cada um

deles e o que podemos aprender com isto.

O primeiro artigo

Sempre é bom saber quem são os autores de

um artigo. Para autores brasileiros, basta ir ao

site do cnpq e procurar pelo currículo Lattes do

pesquisador:

Neste caso, vemos que são duas pesquisadoras

(o gênero, no caso deste artigo, é especialmente

importante) com bastante experiência na área

de pesquisa e ensino de física.

Ao ler o artigo, vemos que as autoras introduzem

diretamente a problematização com duas perguntas:

http://lattes.cnpq.br/

Aproveite a visita e

saiba mais sobre a

plataforma Lattes

e sobre o prof.

César Lattes!

Vejaem

Page 15: Seminários Integrados

“Por que existem tão poucas mulheres na física ?”

e

“Isso é realmente um problema ?”

A partir daí elas iniciam a sua argumentação,

tomando como ponto de partida um caso que

foi um escândalo na comunidade acadêmica:

a declaração do (na época) reitor de Harvard

de que as mulheres teriam menos capacidade

intelectual do que os homens para a física e a

matemática. Se você quer saber mais sobre esta

declaração, vá nas referências bibliográficas do

artigo que você encontrará tudo.

Se as autoras concordassem com o ex-reitor

de Harvard, a primeira das questões que abre

o artigo já estaria respondida: Existem poucas

mulheres na física porque as mulheres não são

boas em física.

Evidentemente que as autoras (assim como eu)

pensam de maneira totalmente diversa e usaram

esta declaração exatamente para apontar em

outra direção, o que é o objetivo do seu trabalho.

A seguir elas partem para apresentar de forma

objetiva o problema, mostrando uma série de

dados relevantes, coletados no Brasil e na Índia,

principalmente. Observe os tipos de dados que

foram escolhidos, as diferentes comparações

que foram feitas. Tudo isto é importante para

construir a argumentação do raciocínio.

Page 16: Seminários Integrados

Como você vê, muitas vezes a leitura de um

artigo lhe dá boas idéias de um caminho a seguir,

seja dando continuidade as pesquisas iniciadas,

seja analisando um caso particular ou seja mesmo

combatendo as posições defendidas no artigo.

No começo da seção 2 do artigo, as autoras

apresentam o fato que lhes instigou a começar

esta pesquisa:

“Em 2007, o resultado das ‘Olimpíadas de Física’,

realizadas em Brasília, chamou-nos a atenção:

havia apenas uma mulher entre os 16 premiados.

Isso nos levou a investigar as causas

deste acontecimento.”

UUU UU UU UU U QWWWWWWWW

Se o assunto lhe interessou, você pode aqui

já pensar em desdobramentos da pesquisa,

que você poderia fazer:

Levantamento de dados sobre a participação

das mulheres entre os alunos do bacharelado

e da licenciatura em física (presencial e a dis-

tância) na Ufes. A quantidade de alunas que

entraram e que se formaram no curso de Fí-

sica da Ufes desde a sua fundação. O mesmo

para os programas de mestrado e doutorado

em Física. Na pós-graduação, qual a distri-

buição das mulheres por área de pesquisa ?

UUU UU UU UU U Q

qWWWWWWWWE

Page 17: Seminários Integrados

Isto é muito importante. Muitas vezes um fato

que você observa, uma notícia de jornal ou um

programa de televisão podem lhe dar o “insight”

para um tema de pesquisa.

Voltando ao artigo, levantados os dados, é ne-

cessário analisá-los. Pelo que foi mostrado pelas

autoras, fica bem claro que, de fato, o número

de mulheres na física é bem menor que o de ho-

mens, em particular no caso do Brasil. Uma vez

que a questão está bem posta (pois não adianta-

ria discutir sobre um problema que não existe),

as autoras podem agora apresentar suas respos-

tas às perguntas colocadas no início do artigo.

E o fazem dizendo:

“Não há incentivo específico para as mulheres

estudarem ou trabalharem em ciência e tecnologia

no Brasil. Ao longo de sua formação e de sua

carreira profissional, a maior parte das físicas

recebe pouco apoio da sociedade e dependem

extensivamente de seu empenho pessoal.”

Sobre a Índia, país de origem e formação de

uma das autoras, acrescentam ainda:

“Algumas regiões registram uma razão de 80

meninas para 100 meninos, atribuída à

difusão da prática do

aborto seletivo. Meninos são mais valorizados

na sociedade indiana que meninas e, como

consequência, muitos casais optam por ter

Page 18: Seminários Integrados

outros filhos depois do nascimento de uma

menina, na expectativa de produzir um varão. Em

casos onde a família já tenha

uma ou duas meninas, a

probabilidade de opção pelo aborto do sexo

feminino é significativamente alta.(...)

O trabalho infantil muitas vezes complementa a

renda familiar e meninas são frequentemente

impedidas de estudar, para auxiliarem

no trabalho doméstico e cuidarem dos irmãos

mais novos, enquanto os pais trabalham.”

Neste ponto, surge outra possibilidade de des-

dobramento do trabalho, que não foi feito neste

artigo: cruzar os dados da participação das mu-

lheres nos cursos de Física com outros dados

da desigualdade entre homens e mulheres, que

podem ser obtidos, por exemplo, no site do i bge .

Observe que as autoras subsidiam suas opini-

ões com base em outros estudos sobre o tema,

encontrados na literatura internacional e citados

ao final do artigo. Esta referência a outros traba-

lhos na área é importante, pois nunca se começa

um trabalho totalmente do zero e é importante

relacionar o que você está fazendo com o que

já foi ou está sendo, feito por outros. Além disto,

não dá pra fazer afirmações vagas como por

www.ibge.gov.br

Vejaem

Page 19: Seminários Integrados

exemplo “uma vez eu li numa revista...” ou “me

disseram que na Inglaterra...”. Se você fizer refe-

rência a uma afirmação de alguém, cite a fonte.

Assim os leitores do seu trabalho poderão con-

frontar a fonte original com as suas afirmações.

Para concluir o artigo, as autoras dão sua res-

posta à segunda questão inicial, respondendo

afirmativamente à segunda questão e apresen-

tando seus argumentos para isto. Você também

deve ter isto em mente: não é possível escrever

um artigo com o objetivo de responder uma per-

gunta e chegar ao final sem uma resposta, pelo

menos parcial ou provisória, para a mesma.

Além das respostas às questões propostas, as

autoras apresentam propostas, ou seja, o tra-

balho delas tem um desdobramento. A partir

da constatação feita, há uma continuidade, um

desenrolar da ação que, no caso, tem menos a

ver com um próximo trabalho de pesquisa e

sim com uma intervenção na realidade de tra-

balho das físicas, no Brasil e no mundo. Mui-

tos trabalhos na área de educação em Física

também terminam propondo ações, tais como

mudanças de políticas educacionais e tecno-

lógicas. Pense nisto: se o objetivo do seu tra-

balho é criticar uma determinada situação, é

importante apresentar também propostas para

a superação dela.

Page 20: Seminários Integrados

O segundo artigo

Neste artigo, que intencionalmente tem caracte-

rísticas totalmente distintas do primeiro, vamos

analisar outros aspectos, embora muito do que

ressaltamos antes continue valendo aqui.

O artigo é uma revisão do que foi publicado em

português em 7 periódicos da área de ensino de

ciências (os principais do Brasil) entre 2000 e 2007,

relativo ao Ensino de Física para o nível médio.

A primeira coisa que você deve perceber aqui é

que todo trabalho tem uma delimitação. Aqui as

autoras escolheram várias: o período (2000-2007),

as fontes a serem analisadas (os 7 periódicos), o

idioma em que foram escritos (apenas os traba-

lhos em português) e o tema (Ensino de Física

em nível médio). Todo trabalho tem uma delimi-

tação e você deve ter claro quais são os limites

do seu trabalho antes mesmo de iniciá-lo, além

de deixar isto bem claro na redação do artigo. É

um erro grave não explicitar a generalidade e a

abrangência da sua pesquisa.

Outra coisa interessante que você vai obter com

este artigo são 5 novas referências de periódicos

na área de ensino de ciências (além dos dois já

citados aqui). E também vai descobrir como é

feita a divisão das áreas de pesquisa em Ensino

de Física pelos estudiosos da área. Isto vai lhe dar

um panorama muito melhor de quais são os te-

mas que você pode escolher para a sua pesquisa.

Page 21: Seminários Integrados

Segundo o artigo, as áreas são:

“Ensino-aprendizagem de física;

Formação do professor de física;

Filosofia, história e sociologia da ciência no ensino de física;

Educação em espaços não-formais e divulgação científica;

Ciência, tecnologia e sociedade;

Alfabetização científica e tecnológica e ensino de física;

Currículo e inovação educacional;

Políticas educacionais;

Interdisciplinariedade e ensino de física;

Arte, cultura e educação científica;

Linguagem e cognição no ensino de física; e

Ensino de física para portadores de necessidades especiais.”

Outro dado que você deve ficar atento: Esta

classificação foi baseada na divisão de temáti-

cas utilizadas nas últimas edições dos dois prin-

cipais eventos da área de Ensino de Física, o En-

contro de Pesquisa em Ensino de Física (epef ) e

o Simpósio Nacional de Ensino de Física (snef ).

Estes eventos tem páginas na internet e, é claro,

você deve dar uma olhada:

As autoras ainda refinaram a classificação, di-

vidindo a temática “Ensino-aprendizagem de

física” nas seguintes subtemáticas, que podem

auxiliar você a entender melhor a amplitude

do assunto:

xi epef : www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/epef/xi/resumo.shtml

xvi i snef : //snef2009.org/

Vejaem

Page 22: Seminários Integrados

“Referenciais teóricos para o ensino e aprendizagem;

Resolução de problemas;

Metodologias/ Estratégias de ensino;

Levantamento de concepções/ dificuldades conceituais;

Avaliação da aprendizagem; Recursos didáticos;

Laboratório didático; Conteúdos reelaborados

para o ensino médio.”

Além de um grande índice da área de ensino,

ao ler o artigo você toma contato com diversos

termos e autores da área de ensino. Cada um de-

les sugere, pelo menos, um trabalho de revisão

teórica. Destacamos aqui:

Análise de conteúdo (Bardin);

Mudança Conceitual;

Modelos mentais (Johnson-Laird);

Campos conceituais (Vergnaud);

Construtivismo (Piaget);

Inatisno (Chomsky);

Transposição Didática (Chevallard);

Vê epistemológico (Gowin);

Ciclo de experiência (Kelly);

Invariantes operatórios (Vergnaud);

Parâmetros Curriculares Nacionais.

No texto você tem uma referência para se situar

sobre cada um destes temas, que são bastante

correntes no jargão da área de Ensino de Ciências.

Page 23: Seminários Integrados

Como uma atividade imediata, proponho a você agora,

seguindo as referências do artigo de Ostermann et al.,

obter uma breve definição sobre cada um destes ter-

mos, bem como sobre quem são os autores citados.

Com certeza isto será bem útil para a sua caminhada.

Nas considerações finais, as autoras fazem uma

análise da distribuição da produção científica

por assunto, chegando a uma conclusão clara:

“a produção se concentra na temática

ensino-aprendizagem.”

A partir daí, interpretam este resultado:

“Pode-se interpretar esta tendência como a expressão

de uma visão instrumentalista da pesquisa em

ensino e muitas vezes tecnicista do processo

educativo, que visa basicamente ao fornecimento

de subsídios ao professor para melhorar o

desenvolvimento do aluno.”

Fica claro que as autoras consideram este re-

sultado como negativo e tecem ao final do ar-

tigo uma dura polêmica com as escolhas temá-

ticas da maior parte dos pesquisadores. Nosso

objetivo aqui não é discutir estas opiniões, mas

Ativ idAdeS

Page 24: Seminários Integrados

sim ver o que se pode depreender da estrutura

do artigo e as ramificações de assuntos que a

leitura do mesmo oferece ao estudante.

O terceiro artigo

O terceiro artigo se enquadra na categoria que

as autoras do artigo anterior identificam como

predominante na produção nacional recente:

a descrição de um experimento de laboratório,

construído com material de baixo custo.

A estrutura deste tipo de trabalho é bem sim-

ples: Após motivar a experiência, é feita uma

descrição da teoria envolvida. No caso, trata-se

de conteúdo equivalente a um curso de Física

Básica em nível universitário, pois é necessário

conhecimento de Cálculo Diferencial e Integral

para entender a dedução das expressões.

Feito isto, o próximo passo é uma descrição

detalhada da experiência, descrevendo o equipa-

mento (inclusive com fotos), software utilizado,

gráficos obtidos, etc...

Page 25: Seminários Integrados

Ao fim, é feita uma análise do resultado físico

(confrontação entre modelo teórico e experi-

mento) e também do resultado didático:

“Deste modo, a aprendizagem efetiva

torna-se mais ativa, com a participação

efetiva do grupo de alunos, devido ao

fato de que estes se sentem motivados

a estudarem o fenômeno através

da captura da imagem do

seu movimento pela filmadora”

Com certeza, um artigo deste tipo lhe fornece

muitas idéias de procedimentos semelhantes

para você desenvolver seu próprio trabalho

nesta linha. O algoritmo para isto está pronto. É

só botar a mão na massa.

Uma última sugestão: este artigo fala de um sof-

tware de edição de vídeo, de código aberto, o Vir-

tualDub. Existem outros, como o Avidemux. Se

você tem interesse na utilização deste tipo de tec-

nologia, vale a pena dar uma pesquisada na rede.

Page 26: Seminários Integrados
Page 27: Seminários Integrados

Ao fazer as atividades do capítulo anterior, com

certeza você abriu bastante os seus horizontes

e já tem muito mais claro o que iremos fazer

aqui. Espero que você tenha incorporado em

seus hábitos acadêmicos a leitura dos periódicos

apresentados lá. Iremos aqui acrescentar outros

hábitos de leitura para você: as revistas de di-

vulgação científica e os blogs de ciência. Como

professor de Física você vai precisar estar sem-

pre atualizado sobre as novidades da pesquisa

em Física e deve buscá-las em fontes confiáveis.

Existem várias revistas e jornais de circulação

em massa que discutem os avanços da pesquisa

científica, mas em geral elas não são rigorosas e

não contam com um corpo editorial que domine

o assunto, cedendo muitas vezes ao sensaciona-

lismo. Vou indicar aqui três publicações muito

sérias que você pode ler sem medo.

explorando uMpouco Mais

g II h

Page 28: Seminários Integrados

Aliás, deve ler:

Scientific American Brasil- Versão brasileira da

mais antiga revista de divulgação científica do

mundo, com mais de 150 anos;

Ciência Hoje- Publicação da Sociedade Brasileira

para o Progresso da Ciência (sbpc ). É a mais tra-

dicional revista de divulgação científica do país.

Pesquisa fapesp- Publicação da Fundação de Am-

paro à Pesquisa do Estado de São Paulo (fapesp ).

Além destas revistas, existem blogs de ciência

muito bons em português e inglês. Vale sempre a

pena dar uma olhada neles. Você mesmo, explo-

rando a rede, descobrirá vários blogs interessan-

tes. Mas tenha sempre em mente: Quem escreve?

Não confie em blogs de anônimos.

Escolha sempre os de pesquisadores ativos ou

então de divulgadores da ciência sérios. Fuja

//cienciahoje.uol.com.br/

//revistapesquisa.fapesp.br/

Vejaem

1 Leia

math.ucr.edu/home/baez/crackpot.html

Lá você encontrará um método perfeito para descobrir se alguém é um

crackpot ou quack. Outras boas páginas sobre o assunto são:

insti.physics.sunysb.edu/~siegel/quack.html

blogs.discovermagazine.com/cosmicvariance/2007/06/19/the-alterna

tive-science-respectability-checklist/

A propósito, você conhece o prêmio IgNobel ? Pesquise sobre isto na

Internet e discuta o que você acha da iniciativa.

Page 29: Seminários Integrados

dos excêntricos (crackpots1 ) que pululam na

internet. Você não vai querer fazer um trabalho

“comprovando” que o homem não foi a Lua2 ou

que o lhc pode criar um buraco negro que vai

destruir o mundo3 .

A seguir vão algumas sugestões minhas:

Os três primeiros são em português e os quatro

últimos em inglês. Todos valem várias horas de

leitura. Muitos deles são bastante divertidos. En-

tão, mãos a obra: faça uma boa leitura e depois

continuamos. Se você tem dificuldades com o

inglês, neste primeiro momento você pode até

abrir mão de ler o material em inglês, mas colo-

que desde já em suas prioridades que você precisa

saber ler literatura técnica em inglês. Sim ou sim.

dragaodagaragem.blogspot.com/

projetoockham.org/index.php

www.hsw.uol.com.br/

blogs.discovermagazine.com/cosmicvariance/

twistedphysics.typepad.com/

asymptotia.com/

blogs.discovermagazine.com/badastronomy/

Vejaem

3Para mim esta página é a contestação definitiva desta teoria da conspiração:

www.badastronomy.com/bad/tv/foxapollo.html

4O próprio cern tem uma rápida explicação didática:

lhc-machine-outreach.web.cern.ch/lhc-machine-outreach/lhc-machine-outreach-faq.htm

Page 30: Seminários Integrados
Page 31: Seminários Integrados

Muito bem: depois de tudo o que você leu, você

deve estar cheio de idéias para produzir o seu tra-

balho de pesquisa. Vamos agora ajudar você a es-

colher um bom assunto. Existem algumas coisas

que você deve ter em mente ao escolher um tema.

coMeçando a pesquisa:a escolha do teMa

g III h

Page 32: Seminários Integrados

está a seu alcance , hoje , d iscut ir adequadaMente este assunto ?

Por exemplo: o paradoxo da não-conservação da

informação em buracos negros é um tema interes-

santíssimo. Está na fronteira da discussão científica

hoje e é um ótimo tema para um trabalho de Inicia-

ção Científica para alunos que já conhecem teoria

da relatividade, têm noções de mecânica quântica,

física estatística, etc... Se você leu um artigo sobre

isto na Scientific American e se interessou pelo

assunto, muito bom! Que isto seja um elemento

motivador para você avançar nos seus estudos de

física, para poder entender melhor este assunto.

Porém, no ponto onde você esta agora, se você for

preparar um seminário sobre buracos negros, você

vai simplesmente repetir mecanicamente informa-

ções que estão na fonte pesquisada sem conseguir

entender a maior parte do que está lá.

Por isto, tenha calma. Se você quiser, você vai

chegar lá, mas vamos começar do começo. Escolha

um tema que você possa, durante o tempo da pes-

quisa, adquirir os conhecimentos necessários para

desenvolvê-lo de forma adequada.

Além disto, pode ser que o assunto esteja ao seu

alcance do ponto de vista da compreensão, mas

não do ponto de vista da realização. Se para con-

cretizar seu trabalho adequadamente é necessária

uma estrutura maior do que aquela da qual você

pode dispor no momento, então guarde sua idéia

para um outro momento.

Page 33: Seminários Integrados

qual a contr ibu ição do seu trabalho ?

Existem trabalhos com diferentes fins: além de

um resultado realmente novo, você pode fazer

uma revisão da literatura, discutir em mais de-

talhe algum tópico geralmente secundarizado,

discutir um determinado tópico de uma maneira

mais pedagógica, etc... De qualquer forma, você

sempre deve fazer um trabalho científico pen-

sando em que aquilo interessa para algum pú-

blico dentro da comunidade acadêmica.

Fazer um estudo detalhado, para obter um re-

sultado parcial sobre o por quê das cortinas do

box se curvarem para dentro durante o banho,

provavelmente não será uma boa escolha. A

questão da contribuição, utilidade, relevância

de uma determinada pesquisa científica é com-

plexa e controversa e não queremos aqui dizer

o que é ou não é pertinente como trabalho de

pesquisa. Mas você tem que ter estas questões

em mente e uma posição a respeito disto.

qual a del iM itação do seu teMa ?

Ou seja: Você se interessou por “Energia”. Exce-

lente escolha! Mas sobre qual aspecto você vai

pesquisar? O tema é praticamente inesgotável e

não dá pra abordá-lo completamente. Sobre o

que você quer pesquisar exatamente? Energia

e aquecimento global? Energias alternativas?

Energia Nuclear? Novas tecnologias? Sobre qual

Page 34: Seminários Integrados

aspecto? Eficiência, custo econômico, custo so-

cial, risco ambiental? A qual universo você vai

restringir seus estudos? Ao planeta inteiro, ao

Brasil, ao Espírito Santo ou “apenas” à sua cidade?

Além da escolha do tema: o projeto de pesquisa

Qual a natureza do seu trabalho ?

Você vai fazer uma revisão teórica? Um conjunto

de entrevistas? Uma experiência? Uma análise de

livros-texto? Vai propor uma nova prática didá-

tica? Vai comentar algum artigo?

Qual a metodologia a ser utilizada ?

Conforme a natureza do trabalho, será diferente

a metodologia. Uma vez escolhido o que vai ser

feito, você tem que decidir como vai ser feito. Você

também tem que se perguntar aqui se você domina

as técnicas a serem utilizadas. Não dá pra você

entrar em um trabalho que demanda uma análise

estatística mais sofisticada dos dados se você não

tem nem noção do assunto.

Quais são seus referenciais ?

Como já dissemos, um trabalho nunca começa do

zero. Ao elaborar um projeto de trabalho você tem

que escolher uma literatura básica que será utilizada

no processo de pesquisa. Essas fontes precisam fazer

parte do seu projeto, para que quem for analisá-lo saiba

que você tem noção do que está se propondo a fazer.

Page 35: Seminários Integrados

Tudo isto que foi discutido não vai ser útil se não for

posto em prática. Por isto, você agora deve executar

a seguinte atividade:

Elaboração de um projeto de pesquisa

Proponha um tema de pesquisa, delimite-o, justifi-

que sua relevância e descreva como você pretende

abordá-lo. Isto é: Elabore um projeto de pesquisa para

ser submetido a um comitê de avaliação, que será

formado pelos tutores e pelo professor do curso. Com

isto vamos saber como você está indo até agora.

Para lhe ajudar, vamos exemplificar a elaboração de

um projeto de pesquisa, detalhando passo a passo

cada um dos itens necessários.

Ativ idAdeS

Page 36: Seminários Integrados
Page 37: Seminários Integrados

Digamos que você ficou sabendo que a escola

onde você trabalha está participando das Olim-

píadas Brasileiras de Física. Vamos pensar sobre

este tema:

exeMplo de projeto de pesqu isa

g IV h

Page 38: Seminários Integrados

É adequado ao seu nível atual de conhecimento ?

Sim! Este não é um assunto complexo, você com

certeza entende plenamente do que se trata e

poderá trabalhar adequadamente nele. Além

disto, não vai ser necessária nenhuma estrutura

especial de pesquisa, você poderá desenvolver

seu trabalho com o que já está a sua mão.

Este trabalho é interessante academicamente ?

Ora, as Olimpíadas de Física são um evento im-

portante no calendário dos professores de Física

de 1º e 2º grau. Ou seja, o objeto da pesquisa é

relevante para muita gente. Não se encontra na

literatura em língua portuguesa muita elabora-

ção a este respeito e, em particular sobre a etapa

capixaba, não existe nenhuma produção teórica.

Sem dúvida existe trabalho a ser feito nesta área.

Então, com certeza, existe sim muito interesse

em se fazer pesquisa nesta área.

Qual a delimitação que utilizaremos para o tema ?

Bom, você vai encontrar aí muitas possibilidades

de recortes para o assunto. Mas uma primeira de-

limitação me parece interessante: restringir-se à

etapa capixaba da Olimpíada. Aliás, você pode-

ria restringir-se ainda mais e fazer um trabalho

mais aprofundado sobre a obf no seu município.

b

b

b

Page 39: Seminários Integrados

Como se sabe (e, se não se sabe, é fácil desco-

brir) existem três níveis nas provas da Olimpí-

ada: alunos do 9º ano (antiga 8ª série) do ensino

fundamental, alunos do 1º e do 2º anos do en-

sino médio e, o nível mais alto, alunos do 3º ano

do ensino médio. Você poderia analisar todos

os níveis, mas seria mais realista se restringir

inicialmente a apenas um nível. Vamos dizer,

então, que você escolheu analisar as provas do

9º ano do ensino fundamental.

Resolvido isto, ainda resta decidir quais as-

pectos da prova analisar, afinal existem várias

questões relevantes. Quantos estudantes parti-

ciparam da mesma a cada ano? Como foram os

resultados deles? Além disto, para analisar os

resultados, existem diversos critérios: as notas;

a comparação das notas com a média nacio-

nal; a evolução temporal das notas; o quanto

do conteúdo das provas corresponde à realidade

das salas de aula do es, qual o impacto que a

Olimpíada trouxe para o ensino de Física no 9º

ano, etc... Ou seja, muitas perguntas interessan-

tes. Muitas abordagens possíveis.

Digamos que, após refletir bastante sobre o as-

sunto, você propôs o seguinte recorte: avaliação

dos resultados dos estudantes do município x

nas Olimpíadas Brasileiras de Física desde a 1ª

edição, com ênfase nos seguintes pontos:

Page 40: Seminários Integrados

Quantos alunos participaram de cada etapa,

em cada ano?

Como foi a distribuição das notas dos alunos

do município x em relação às notas do Espírito

Santo e do Brasil?

Existe uma evolução temporal destas notas?

Como fica a divisão escola pública versus es-

cola particular nesta questão?

Qual a opinião dos professores e alunos par-

ticipantes sobre as Olimpíadas?

Como está a adequação, no município x, en-

tre o conteúdo efetivamente trabalhado em sala

de aula e o que é avaliado nas Olimpíadas?

Você revê estes pontos e conclui que o conte-

údo está bastante interessante. Mas, digamos que

neste instante você tem outra idéia: que tal ava-

liar se os professores que estão ministrando a dis-

ciplina de Física no município x sairiam-se bem

caso fossem submetidos à prova da Olimpíada?

Sem dúvida é uma questão importante e, talvez

você tenha inclusive um palpite sobre a resposta.

No entanto, após uma reflexão mais cuidadosa,

você percebe que seria muito difícil implemen-

tar esta idéia. Você conclui que provavelmente

você não teria colaboração dos professores, os

quais se sentiriam desafiados em suas compe-

tências e até ameaçados com a sua pesquisa.

Assim, mesmo lamentando, você acha melhor

deixar de lado, pelo menos por hora, este tópico.

Page 41: Seminários Integrados

Com isto, você já tem bem mais claro o que

quer fazer. Mas faltam alguns elementos sobre

como fazer para completar o seu projeto.

Qual é a natureza do trabalho que você está propondo?

Bom, com certeza envolve coleta e análise de da-

dos. Ou seja, tem uma parte de campo e uma parte

de tratamento estatístico dos dados. Sem dúvida é

necessário fazer uma discussão introdutória sobre o

que é uma Olimpíada de Física, falar da sua histó-

ria, dos seus objetivos, etc... Para isto, é necessário

fazer uma breve revisão teórica sobre o assunto. Por

outro lado, você já sabe que neste trabalho não será

realizada nenhuma experiência, nem você irá propor

nenhuma técnica nova.

Assim, podemos concluir que o seu trabalho é emi-

nentemente prático embora, como sempre, alguma

teoria seja necessária. Além disto, como a obf é um

grande projeto de extensão (discutiremos isto mais a

frente), e a sua pesquisa deve contribuir para se com-

preender melhor os impactos da obf , o seu projeto

também tem uma característica extensionista.

Qual a metodologia que você vai utilizar?

Agora vamos detalhar mais a questão do como em

nosso hipotético trabalho. Já temos claro que haverá

uma revisão teórica e uma coleta de dados. Mas como

fazê-las? A seguir estão alguns pontos que você deve

levar em conta.

Page 42: Seminários Integrados

Para a revisão teórica

Sejamos claros: para fazer uma boa revisão te-

órica é preciso ler a maior quantidade possível

de material sobre o assunto. No nosso caso, a

referência inicial óbvia é a página da obf , no site

da sbf . Leia tudo que você achar relevante. Após

isto, faça a sua síntese. A idéia é, essencialmente:

“conte a história dos outros, mas com as suas

palavras”. Claro que, se houver algum pequeno

trecho que você julgar importante, você pode e

deve reproduzí-lo no seu trabalho, entre aspas e

citando a fonte. No mais, por mais difícil que seja

a princípio, a questão imperativa é: não copie!

Nem cogite de fazer

uma pesquisa no

famigerado estilo

“copy-paste”.

Isto é plágio.

E plágio é crime!

UUU UU UU UU U QWWWWWWWW

Uma observação importante: quando você

for fazer um trabalho sobre um determinado

autor, leia preferencialmente o autor, ao invés

de ler sobre o autor. Quando você lê sobre um

autor, você está tendo contato com a opinião

de outra pessoa sobre o autor que você está

lendo. Você estará lendo informações filtradas

pela ótica de terceiros, o que, não raramente,

descaracteriza completamente o pensamento

original do autor. Evite intermediários e vá

direto à fonte primária. Se você quer ser

um especialista em Piaget, leia Piaget! Pelo

mesmo motivo, se possível, leia os textos no

original. Ou seja: leia Piaget em francês!

UUU UU UU UU U Q

qWWWWWWWWE

Page 43: Seminários Integrados

Outra coisa: escrever trabalhos acadêmicos

exige fluência na redação e domínio da forma

culta da língua escrita. No entanto, caso você

tenha dificuldades com isto, não se desespere:

é possível superar estas dificuldades, desde que

você coloque isto entre as suas prioridades. Com

algum tempo de dedicação séria você vai conse-

guir escrever bem e corretamente. De agora em

diante você vai precisar disto, cada vez mais. E

seus trabalhos acadêmicos serão avaliados tam-

bém neste quesito. Sobre isto, vale lembrar que:

nenhum corretor ortográfico de nenhum editor

de texto resolve o problema de se escrever corre-

tamente. Se você pensa em usar estas ferramen-

tas como muletas, simplesmente desista.

Sobre a questão da língua inglesa, aqui vai

mais um alerta: embora por enquanto você

possa avançar nas suas pesquisas e estudos sem

conhecimentos de inglês, em nossa área este

avanço será curto. Simplesmente a quase tota-

lidade da literatura em Física só está disponível

em inglês. Apesar dos fascículos do nosso curso

estarem todos escritos em português, a partir de

um certo ponto do curso a bibliografia auxiliar

vai estar principalmente em inglês. As principais

revistas são todas em inglês. Até mesmo a sbf

edita o Brazilian Journal of Physics:

Como já discutimos, também na internet, al-

guns dos melhores sites e blogs de Física são

escritos em inglês. Por isto, não adianta ficar

www.sbfisica.org.br/bjp/

Vejaem

Page 44: Seminários Integrados

se lamentando. Ao invés disto, coloque também

desde já em sua lista de “tenho que” que você

tem que ser capaz de ler em inglês textos técnicos

de física e ensino de física, sem dificuldades. No

começo é difícil, mas depois você não vai nem

perceber que o texto está em inglês. Observe que

a necessidade é de ler textos técnicos. Ler lite-

ratura em geral, escrever e falar em inglês são

coisas bastante úteis, mas não indispensáveis

para você, pelo menos durante a sua graduação.

Para a coleta de dados

Alguns dos dados que precisamos coletar são

bastante objetivos: número de participantes,

média das notas, etc... Para coletar estas in-

formações é preciso descobrir onde elas po-

dem estar arquivadas. A primeira fonte óbvia

para você procurar é o responsável pela obf no

es . Provavelmente você vai encontrar seu e-

mail no site da obf . Então contacte-o e peça os

dados que você precisa. Você provavelmente

conseguirá, com esta única fonte, todos os re-

gistros necessários.

Mas nosso trabalho requer mais informações

do que apenas estes registros. Algumas informa-

ções não estão escritas em lugar nenhum e você

vai ter que construí-las. No nosso caso existem

duas questões deste tipo:

Page 45: Seminários Integrados

Qual a opinião dos professores e alunos par-

ticipantes sobre as Olimpíadas?

Como está a adequação, no município x, en-

tre o conteúdo efetivamente trabalhado em sala

de aula e o que é avaliado nas Olimpíadas?

Para saber a opinião dos alunos e professo-

res, você terá que perguntar a eles. Mas a quais

professores e quais alunos? A primeira resposta,

aparentemente a mais óbvia, é: vamos perguntar

a todos que participaram! Mas, se você pensar

mais um pouco, vai ver que esta proposta é im-

praticável. Deve haver mais de 500 alunos que

já fizeram a obf neste nível em seu município,

algumas dezenas de professores ministraram fí-

sica neste nível ao longo destes anos. É, pois, to-

talmente impraticável. É, além disto, totalmente

desnecessário. Com uma boa amostragem, uma

pequena fração do contingente total pode for-

necer informações mais do que suficientes para

o seu trabalho.

Não vamos aqui discutir as técnicas estatísti-

cas para estabelecer o melhor espaço amostral

para sua pesquisa. Estas discussões ficarão para

a disciplina de Seminários i i , mas você tem que

ter critérios lógicos para fazer sua amostragem.

Por exemplo: Vamos nos restringir aos alunos

que fizeram a olimpíada no ano de 2009. De

quais escolas eles são? Como podemos classifi-

car estas escolas?

Page 46: Seminários Integrados

Os dados obtidos na primeira parte da pesquisa

vão ser de grande valia nesta fase. Digamos que

você descobriu que existem seis escolas partici-

pando na obf em 2009 no seu município: duas

escolas privadas e quatro públicas. Das três pú-

blicas, digamos que três sejam urbanas e uma

na zona rural. Digamos que, das escolas públi-

cas urbanas, duas são na região mais central da

cidade e uma em um bairro mais periférico, de

população mais carente e mais violento.

Provavelmente, as opiniões coletadas nas duas

escolas públicas mais centrais serão parecidas.

O mesmo pode-se dizer das opiniões coleta-

das nas duas escolas particulares. Assim, uma

amostra interessante poderia ser formada por

alunos e professores de uma das escolas parti-

culares, de uma das escolas centrais, da escola

periférica e da escola rural. É lógico que deci-

sões deste tipo só podem ser tomadas a partir

de um conhecimento da realidade do município

que você deve ter previamente ao trabalho, ou

adquirir durante o mesmo.

Muito bem: escolhemos as escolas. Mas quan-

tos ouvir dentro de cada escola? Em relação aos

professores, provavelmente em cada escola ha-

verá apenas um professor ministrando a disci-

plina de Física para o 9º ano. Então é este mesmo

que você vai entrevistar. Com relação aos alunos,

a questão é: Quantos participaram? Digamos

que todos os alunos tenham participado (muitos

Page 47: Seminários Integrados

professores atribuem nota à participação), então

você terá em uma escola, por exemplo, 100 par-

ticipantes, divididos em 3 turmas. Escolha uma

turma. Nesta turma distribua um questionário

simples com perguntas sobre a participação deles

na obf. Além disto, escolha (entre os alunos das

três turmas) alguns em função da nota: alunos

que foram acima da média da escola, alunos que

estiveram na média e alunos que estiveram muito

abaixo da média. Entreviste-os individualmente.

Para a outra questão (relação entre o conteúdo

da prova e o que é trabalhado em sala de aula),

você deve ir além da opinião dos estudantes e

professores. Faça um levantamento de todas as

provas da obf para o 9º ano e também do que é

ministrado usualmente em cada uma das escolas.

Para terminar, confronte o que você obtiver desta

comparação com a opinião dos entrevistados.

Mais adiante discutiremos um pouco sobre

como elaborar um questionário e fazer uma

entrevista. O que importa aqui é que estas fo-

ram as estratégias escolhidas para este trabalho.

Lembre-se, no entanto, que cada caso é um caso

e pede uma estratégia apropriada. Muitas das

questões discutidas aqui têm grande generali-

dade e podem ser adaptadas a diversas situa-

ções, mas ao botar em prática o seu projeto de

pesquisa será necessário que você escolha (e jus-

tifique) a estratégia mais adequada a ser imple-

mentada no problema que você está abordando.

Page 48: Seminários Integrados

Quais são os seus referenciais?

Aqui você vai dizer em que você se baseou,

quais são os seus pressupostos teóricos. Tam-

bém vai expressar com quais outros resultados

você compara os seus, qual é o balizamento dos

seus resultados. No caso em questão não existe,

surpreendentemente, quase nenhuma literatura

sobre Olimpíadas de Física do ponto de vista

da área de Ensino de Física. Isto por si só leva

a uma série de questionamentos. Afinal, se os

pesquisadores da área de ensino são a favor das

Olimpíadas, deveria haver uma série de artigos

analisando as virtudes da mesma. Por outro

lado, se um setor significativo dos pesquisado-

res da área de ensino de Física é contrário às

Olimpíadas, deveria haver, então, uma série de

artigos criticando os males da mesma. No en-

Page 49: Seminários Integrados

tanto, quase não existem trabalhos de pesquisa

acadêmica sobre as Olimpíadas, nem mesmo em

revistas internacionais como o tradicionalíssimo

American Journal of Physics. Para mim, a pre-

sença dessa ausência na literatura acadêmica é

algo muito significativo e deve ter algum signi-

ficado profundo. Isto, por si só, já renderia um

trabalho muito interessante. Neste caso, o maior

referencial teórico é, justamente, a falta de um

referencial teórico!

Com tudo o que foi dito, você tem todos os elemen-

tos para lhe orientar na elaboração do seu projeto

de pesquisa. Como mais um exemplo, na página

web da nossa disciplina você encontrará dois pro-

jetos de Iniciação Científica que submeti em 2009

à prppg-ufes . Lá, os projetos seguem a estrutura

proposta pela prppg, mas você pode encontrar

implícitos todos os elementos discutidos acima.

Page 50: Seminários Integrados
Page 51: Seminários Integrados

Pois bem, desenvolvido o projeto, é hora de

arregaçar as mangas e começar o seu trabalho

de pesquisa. Cada trabalho a ser desenvolvido

demanda uma metodologia própria e não ire-

mos aqui tentar fazer uma discussão exaustiva

de diferentes possibilidades de abordagem. Ao

desenvolver o seu trabalho você sem dúvida irá

se fazer uma série de perguntas e nós (tutores

e professor) iremos trabalhar com você sobre

estas perguntas, individualmente.

No entanto, alguns procedimentos são tão re-

correntes na atividade de pesquisa que iremos

aqui discuti-los, com base em alguns exemplos:

desenvolv iMentoda pesqu isa

g V h

Page 52: Seminários Integrados

A Entrevista Oral

Em nosso exemplo de projeto de pesquisa nós

propusemos a realização de entrevistas com

professores e alunos. Encontramos na literatura

um artigo bastante interessante [4] onde é feito

uso desta técnica.

Antes de continuar, acesse e leia o artigo citado acima

no site do Caderno Brasileiro de Ensino de Física.

Como você observou, as autoras entrevistaram

18 professores de 8 escolas da rede pública, em

diferentes bairros do município do Rio de Ja-

neiro. Nestas entrevistas elas se utilizaram de

duas questões abertas:

Como você avalia sua prática didática?

Como você avalia a aprendizagem de seus alunos?

Perguntas abertas dão origem a diversas possi-

bilidades de respostas. Para extrair informação

quantificável destas entrevistas, as autoras usa-

ram o método da análise de conteúdo (Bardin),

que você já conhece de nossa primeira atividade.

O que para nós aqui é mais importante: as entre-

vistas foram todas gravadas e depois transcritas.

Isto é muito importante no processo de pesquisa.

Ativ idAdeS

Page 53: Seminários Integrados

A transcrição deve repetir exatamente o que foi dito

pelo entrevistado, inclusive com erros de portu-

guês, se for o caso. Você não pode alterar a fala dele.

Além disto, na publicação do trabalho, deve ser

mantido o anonimato do entrevistado. Refira-se a eles

como professor 1, aluno b, ou utilize nomes fictícios.

Se você deseja obter informações sobre um as-

sunto mais específico, então utilize perguntas mais

fechadas. No artigo em questão, as autoras deman-

daram explicitamente aos entrevistados que, em

suas respostas, abordassem dois tópicos: as inova-

ções curriculares e o uso pedagógico da ti e da tc.

Um outro trabalho usando entrevistas, agora

em diversos momentos da evolução de duas tur-

mas de alunos de engenharia durante o desen-

volvimento da disciplina Física Geral I é [5]. Leia

este artigo e observe três coisas:

A apresentação de um referencial teórico (os

modelos mentais de Johnson-Laird);

A utilização de uma ferramenta que ainda não

havíamos discutido (mapas conceituais);

A maneira como foram catalogadas as respos-

tas dos alunos.

Não interfira na resposta do entrevistado. Você

quer saber a opinião dele, não convencê-lo ou

induzi-lo a responder o que você quer ouvir. In-

fluenciar os resultados de uma entrevista equivale

a falsificar dados experimentais. É uma atitude an-

tiética, tenha consciência disto!

Page 54: Seminários Integrados

O Questionário Escrito

Outra ferramenta que constava de nosso projeto

era o questionário, a ser aplicado a uma turma

de alunos. Vamos discutir esta ferramenta mais

uma vez através de um exemplo da literatura.

Leia agora o (interessantíssimo) artigo [6]. Você per-

ceberá que este artigo é instrutivo de diversas ma-

neiras: historicamente, metodologicamente e pela

preocupação em aproximar a atividade de pesquisa

em ensino de Física do cotidiano das salas de aula.

Como você pôde observar, os autores utiliza-

ram o seguinte questionário:

Ativ idAdeS

“Uma caixa de fósforos está em cima

de uma mesa. Se você dá um ‘peteleco’

nela, a caixa de fósforos entra

em movimento e depois de um

certo tempo pára.

a) Porque (sic) ela pára se ninguém faz ela parar?

b) Quais são as forças que estão agindo na caixa de

fósforos durante o tempo em que ela está em movimento?

c) Desenhe, na figura , as forças que estão agindo na

caixa de fósforos durante o movimento dela

e indique o que cada uma delas representa.”

Os autores

esclarecem que no

questionário havia

a figura de um

retângulo, com os

dizeres “caixa de

fósforos” escritos

em seu interior.

Page 55: Seminários Integrados

É evidente que são questões de naturezas bem

diferentes. Cada uma delas dá origem a um tipo

de resposta (explicação, enumeração e desenho)

e no artigo é explicado um método de catalo-

gação das diferentes respostas obtidas a cada

tipo de questão. Observe que é muito mais difícil

catalogar respostas deste tipo do que respostas

a um questionário com alternativas de múltipla

escolha. Por outro lado, naquele você tem mais

acesso à forma como os entrevistados realmente

enxergam as questões.

Para exemplificar um trabalho onde é feito o

uso de questões de múltipla escolha, leia [7]. A

leitura deste trabalho também será muito útil

por outras razões: o mesmo faz parte de uma

No departamento de Física da Ufes existe um

grupo de pesquisa sobre modelagem compu-

tacional. Aproveite o ensejo e faça agora uma

visita ao site do Modelab:

www.modelab.ufes.br

Uma variação das ferramentas acima (entre-

vista e questionário) pode ser a filmagem de

uma atividade didática para posterior análise

das atitudes dos estudantes. Como exemplo

desta técnica, citamos [8] , onde foi filmada uma

atividade de modelagem computacional feita

com alunos de engenharia. Leia este artigo para

saber como utilizar esta ferramenta.

Vejaem

Page 56: Seminários Integrados
Page 57: Seminários Integrados

Esta é uma das partes mais difíceis, senão a

mais difícil do trabalho. Como o objeto da pes-

quisa em ensino de física é, em geral, bastante

subjetivo, não há um jeito óbvio de analisar os

dados. Existem diferentes abordagens e referen-

ciais na busca da captura da informação a partir

dos materiais coletados (questionários, grava-

ções de entrevistas, vídeos, etc...)

As leituras que você fez ao longo deste estudo

devem ter lhe fornecido uma noção da ampli-

tude do assunto. Não pretendemos que você

seja capaz de, já nesta primeira disciplina de

pesquisa, fazer uso rigoroso destes referenciais.

Esperamos, no entanto, que você tome conhe-

cimento da existência deles e que o tratamento

dos dados que você fizer no seu trabalho reflita

estas novas leituras.

Na disciplina de Seminários i i , a cobrança será

maior, pois a maturidade acadêmica de vocês

também o será. Ao fim do curso, quando vocês

escreverem o tcc , espera-se que os trabalhos te-

nham qualidade acadêmica para ser publicados.

a anál ise dos dados

g VI h

Page 58: Seminários Integrados
Page 59: Seminários Integrados

Acredito que não há muito mais a falar sobre isto.

Com os artigos que vocês leram, vocês já sabem

como deve ser a estrutura final de um trabalho

escrito de pesquisa. Além disto, as normas da

abnt fornecem um referencial seguro para a for-

matação adequada de um trabalho acadêmico.

Para uma rápida referência, veja [9], unidade 4.

a redação do trabalho

g VII h

Page 60: Seminários Integrados
Page 61: Seminários Integrados

Esta parte será melhor desenvolvida através

das atividades realizadas na plataforma Moo-

dle, mas vamos desde já ressaltar alguns pontos

importantes:

a apresentaçãooral do trabalho

g VIII h

Page 62: Seminários Integrados

As apresentações serão de 15 minutos. Este é o

tempo médio de uma comunicação oral curta nos

congressos de nossa área e é tempo mais do que

suficiente para mostrar o que você fez. Destes 15

minutos, 10 são para a sua apresentação e os 5

minutos finais são reservados para responder a

perguntas da platéia;

Antes de tudo, vamos deixar uma coisa clara: você

tem que conhecer bem o assunto que você está apre-

sentando. Você tem que saber mais, muito mais, do

que aquilo que vai apresentar. Por isto estude, es-

tude muito para estar bem preparado. Não é aceitá-

vel apresentar um trabalho que você não entende.

Nem é inteligente, já que você correrá o risco de ser,

literalmente, destroçado na hora das perguntas!

Se isto acontecer em uma apresentação de tcc,

defesa de dissertação de mestrado ou de tese de

doutorado, prepare-se: é reprovação na certa.

Page 63: Seminários Integrados

Se acontecer em uma apresentação de congresso,

é vexame certo;

A sua apresentação tem que ser interessante de

ser assistida. Faça com que as pessoas para quem

você irá mostrar o seu trabalho tirem proveito de

assisti-lo. Não adianta discutir tecnicalidades que

não poderão ser compreendidas no curto tempo da

sua apresentação. Isto só tornará sua apresentação

entediante. Não faça a sua platéia dormir! Mante-

nha-a atenta e interessada em sua apresentação;

Use as ferramentas que estão ao seu alcance para

fazer a apresentação o mais interessante e dinâ-

mica possível, mas não deixe o foco no conteúdo

se perca. Não estamos interessados em pirotecnias,

mas em uma boa apresentação;

Fale claramente, olhando para o público, sem ficar

lendo. Ensaie antes para que sua apresentação caiba

confortavelmente dentro do tempo estipulado.

Page 64: Seminários Integrados
Page 65: Seminários Integrados

Pois bem, estamos chegando ao final da dis-

ciplina de “Seminários Integrados de Pesquisa

e Extensão I” e ainda praticamente ainda não

falamos de extensão. Para compensar esta au-

sência, vamos direto à Constituição Federal, que

no caput do seu artigo 207 estabelece:

“As universidades gozam de autonomia

didático-científica, administrativa e de gestão

financeira e patrimonial, e obedecerão ao

princípio de indissociabilidade entre ensino,

pesquisa e extensão.”

a questão daextensão

g IX h

Page 66: Seminários Integrados

Vejam só: a própria Constituição determina que,

nas universidades, ensino, pesquisa e extensão

são indissociáveis, e concede a esta indissocia-

bilidade o status de princípio. Este fato é mais do

que suficiente para se perceber a importância da

extensão universitária. Mas, o que vem a ser isto?

No site da pró-reitoria de extensão (proex) da

Ufes encontramos uma definição de extensão:

segundo o Fórum Nacional de Pró-reitores de

Extensão, extensão universitária é um

“processo educativo, cultural e científico, articulado de

forma indissociável ao ensino e à pesquisa e que

viabiliza uma relação transformadora entre

a universidade e a sociedade”

Traduzindo para uma linguagem mais clara,

extensão é uma intervenção direta da univer-

sidade na sociedade, com o objetivo explícito

de transformar positivamente uma determinada

realidade. Alguns exemplos de atividades de ex-

tensão na área de Física e Ensino de Física são: o

Observatório Astronômico da Ufes, o Planetário

de Vitória e a Olimpíada Brasileira de Física.

O site da proex fornece uma série de informações

importantes sobre o que é extensão, suas dire-

www.proex.ufes.br

Vejaem

Page 67: Seminários Integrados

trizes, abrangência, etc... Vale a penar fazer uma

visita cuidadosa e ler as informações contidas lá.

A extensão universitária, diferentemente da

pesquisa, não tem como principal foco a pro-

dução de conhecimento, mas sim a utilização

do conhecimento que a universidade já dispõe

em benefício da sociedade como um todo. No

entanto, um projeto de extensão pode também

ser fonte para o desenvolvimento de pesquisas,

contemplando o princípio da indissociabilidade

discutido acima.No que diz respeito aos proje-

tos que estamos desenvolvendo em nossa disci-

plina, a extensão se materializa quando estes

projetos apontam “o que fazer” para melhorar o

Ensino de Física e este “o que fazer” é, de fato,

implementado, não apenas proposto.

Nesta primeira disciplina não se espera que se-

jam implementados projetos de extensão pelos

alunos, mas é bastante interessante que os pro-

jetos desenvolvidos aqui não percam o foco da

sua aplicabilidade em sala de aula. É bastante

desejável que nossos alunos já sejam capazes de,

com sua pesquisa, propor práticas extensionis-

tas concretas, passíveis de ser implementadas na

realidade em que vivem e lecionam.

Não estamos restringindo nosso enfoque e di-

zendo que só é válida a pesquisa em Ensino de

Page 68: Seminários Integrados

Física que proponha uma prática de ensino para

ser imediatamente aplicada. Isto seria uma vi-

são estreita. Sabemos que existem “n” linhas

de pesquisa mais teóricas, muito importantes,

e que só a longo prazo poderão se materializar

(ou não) em práticas didáticas. O que não se

pode perder de vista é que, a razão primeira

e última de se pesquisar sobre Ensino de Fí-

sica é, simplesmente, ensinar Física melhor. E

o objetivo de nosso curso de Licenciatura em

Física é, sem dúvida, promover uma revolução

no ensino de Física em nosso estado.

Page 69: Seminários Integrados

inconclusão

Não, nosso curso definitivamente não termina

aqui. Esta é, tão somente, a parte inicial de uma

disciplina que não se pretende a ser mais do que

um primeiro passo no percurso de pesquisa e

extensão que deve ser a rotina dos Professores

de Física que precisamos. Mas quem é o sujeito

deste “precisamos”, quem é este “nós” que está

subentendido na sentença anterior ? Nós somos

os alunos, os cientistas, as escolas, as empresas,

o estado, o país, o meio-ambiente, o mundo, a

sociedade como um todo. E que Professor de

Física é este, que nós precisamos?

g X h

Page 70: Seminários Integrados

Nossa expectativa com esta disciplina é ajudar

a despertar o pesquisador que está em estado

latente dentro de cada um de vocês. Esperamos,

efetivamente, que após serem realizadas todas

as atividades propostas em nosso curso, vocês

vejam a nossa área com outros olhos.

E, para quem tem os olhos educados para ver, a

paisagem é linda. Desafiadoramente linda.

Até a disciplina de Seminários i i !

Raphael Góes Furtado

Nós precisamos de Professores de Física dispostos

a transformar o mundo através da difusão e da

produção do conhecimento científico, aula a aula,

aluno a aluno, experiência a experiência, lei a lei,

teorema a teorema!

Page 71: Seminários Integrados

[1] D. A. Agrello e R. Garg, “Mulheres na física:

poder e preconceito nos países em desenvolvi-

mento”, Rev. Bras. Ens. Fís., v. 41 (2009), n. 1.

[2] F. Rezende, F. Ostermann e G. Ferraz, “Ensino-

aprendizagem de física no nível médio: o estado

da arte da produção acadêmica no século xxi”,

Rev. Bras. Ens. Fís., v. 41 (2009), n. 1.

[3] B. N. Sismanoglu, J. S. E. Germano, J. Amorim

e R. Caetano, “A utilização da filmadora digital

para o estudo do movimento dos corpos”, Rev.

Bras. Ens. Fís., v. 41 (2009), n. 1.

[4] F. Rezende e F. Ostermann, “A prática do pro-

fessor e a pesquisa em Ensino de Física: novos

elementos para repensar esta relação”, Cad. Bras.

Ens. Fís., v. 22 (2005), n. 3, p. 316.

referênc iasb ibl iográf icas

g X h

Page 72: Seminários Integrados

[5] M. C. B. Lagreca e M. A. Moreira, “Tipos de

representações mentais utilizadas por alunos de

física geral na área de mecânica clássica e possí-

veis modelos mentais nesta área”, Rev. Bras. Ens.

Fís., v. 21 (1999), n. 1, p. 202.

[6] A. L. Cunha e H. Caldas, “Modos de raciocínio

baseados na teoria do Impetus: um estudo com

estudantes e professores de ensino fundamental

é médio”, Rev. Bras. Ens. Fís., v. 23 (2001), n. 1, p. 93.

[7] P. F. T. Dornelles, I. S. Araujo e E. A. Veit, “Si-

mulação e modelagem computacionais no au-

xílio à aprendizagem significativa de conceitos

básicos de eletricidade. Parte i i- circuitos RLC”,

Rev. Bras. Ens. Fís., v. 30 (2008), n. 3, p. 3308.

[8] G. Camiletti e L. Ferracioli, “A utilização da

modelagem computacional semiquantitativa no

estudo do sistema mola-massa”, Rev. Bras. Ens.

Fís., v. 24 (2002), n. 2, p. 110.

[9] V.C. Araújo, “Introdução à Metodologia Cien-

tífica”, fascículo do curso de Licenciatura em

Física, modalidade à distância, uab/neaad-ufes ,

Vitória (2009).

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