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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO DE FRANCISCO BELTRÃO
CLAUDIA GIONGO FERRARI
DANÇA: UM CONTEÚDO POSSÍVEL NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
SANTO ANTONIO DO SUDOESTE
2012
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO DE FRANCISCO BELTRÃO
CLAUDIA GIONGO FERRARI
DANÇA: UM CONTEÚDO POSSÍVEL NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Artigo apresentado como requisito final do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE/2010, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná - SEED/PR. Orientadora: Prof. Me. Ilse Lorena von Borstel Galvão de Queirós.
SANTO ANTONIO DO SUDOESTE
2012
DANÇA: UM CONTEÚDO POSSÍVEL NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
FERRARI, Claudia Giongo1
QUEIRÓS, Ilse Lorena von Borstel Galvão de2
RESUMO
Este trabalho faz parte do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná (PDE) Formação Continuada, da Secretaria de Estado da Educação (SEED), agosto de 2010 a 2012. Nos dias de hoje ainda se percebe, na escola, dificuldades em desenvolver o conteúdo dança, de forma regular e sistematizada, na disciplina de Educação Física. Isso se deve a vários fatores, entre eles a influência da mídia, o gosto dos alunos pela prática de esportes e os preconceitos populares em torno da dança, provocando uma grande resistência na sua prática. Este artigo buscou aprofundar conhecimentos sobre a dança, enquanto conteúdo da Educação Física escolar, para compreender seus benefícios, características e gêneros, e, paralelamente, desenvolver aulas de danças para alunos de ambos os sexos, do sexto ano do ensino fundamental, em uma escola pública, a fim de promover o desenvolvimento físico, intelectual e social. Caracteriza-se em uma pesquisa-ação, pois envolveu uma pesquisa bibliográfica e implementação de atividades, esta etapa foi desenvolvida nas aulas de Educação Física, para 19 alunos do ensino fundamental da Escola Estadual D. Pedro II. Este estudo demonstrou que as aulas de danças despertaram nos alunos conhecimentos, sensações, movimentos e expressões corporais melhorando os aspectos afetivos, sociais, cognitivos e motores de forma simultânea. Também que, estudar sobre a dança proporcionou melhor subsídios para a prática pedagógica no cotidiano das aulas de Educação Física.
Palavras-chave: Dança; Educação Física; Educação.
ABSTRACT
This work is part of the Educational Development Program of Paraná (PDE) Continuing Education, the Ministry of Education (SEED), August 2010-2012. These days even noticed in school, difficulties in developing content dance, on a regular and systematic basis in the discipline of Physical Education. This is due to several factors, including the influence of the media, like the students to the practice of sports and popular prejudices around the dance, provoking fierce resistance in their
1 Professora de Educação Física da Escola Estadual "Dom Pedro II" – Ensino Fundamental da cidade de Santo Antonio do Sudoeste (PR).
2 Professora da Unioeste, Campus de Marechal Cândido Rondon, PR, mestre em Educação Física, área de concentração Estudos do Lazer, Unicamp, SP. Membro do Grupo de Extensão e Pesquisa em Educação Física Escolar (GEPEFE) e Confraria de Lazer do Paraná.
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practice. This paper aims to deepen knowledge about the dance, while the content of physical education, to understand its benefits, features and genres, and, in parallel, develop dance classes for students of both sexes, the sixth year of primary education in a school public, to promote the physical, intellectual and social. Characterized in an action research, because it involved a literature review and implementation of activities, this stage was developed in physical education classes for 19 elementary school students of the State School D. Pedro II. This study demonstrated that the dance classes aroused in students knowledge, feelings, expressions and body movements to improve the affective aspects, social, cognitive and motor simultaneously. Also that study about the dance provided better support for pedagogical practice in daily physical education classes.
Keywords: Dance; Physical Education; Education.
1 INTRODUÇÃO
Sentindo a necessidade de refletir e aprofundar conhecimentos sobre a
importância da dança na escola e seus benefícios para a formação e saúde de
cidadãos mais comprometidos e educados, participamos do Programa de
Desenvolvimento Educacional do estado do Paraná, (PDE) Formação Continuada,
da Secretaria de Estado da Educação (SEED), com abrangência de agosto de 2010
a agosto de 2012.
Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná
(DCEs) (PARANÁ, 2008), o objeto de ensino e estudo da Educação Física é a
cultura corporal, sendo a dança um dos conteúdos estruturantes, a qual tem a
função de contribuir para que os alunos se tornem sujeitos capazes de reconhecer o
próprio corpo, adquirindo uma expressividade corporal consciente, refletindo
criticamente sobre as diferentes práticas corporais relacionadas às danças.
Composta por elementos riquíssimos, as danças, na condição de
manifestações culturais, são, muitas vezes, deixadas de lado pela escola, por não
estarem presentes no cotidiano das aulas de Educação Física. Os benefícios da
prática da dança aos alunos são constantes, pois proporcionam experiências
corporais, interpretação, valorização de si e do próximo.
O desenvolvimento de dança enquanto manifestação corporal na escola exige
reflexão e adaptação, visando tornar as aulas dinâmicas e prazerosas,
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oportunizando assim um aprendizado que favoreça a educação, a criatividade e o
interesse do aluno.
A preocupação dos professores em integrar a dança na disciplina de
Educação Física é um constante desafio, pois alguns esportes tomam o maior tempo
e espaço das aulas, implicando várias consequências, entre elas, a exclusão de
alunos que possuem menos capacidades e habilidades esportivas. Partindo desse
problema, questionou-se: As danças, como conteúdo permanente das aulas de
Educação Física, através de atividades rítmicas expressivas, são capazes de
despertar o interesse, mobilizar, educar e integrar os alunos, a este conteúdo para
ambos os gêneros do 6º ano nas aulas de Educação Física?
Este trabalho tem como objetivos aprofundar conhecimentos sobre a dança
enquanto conteúdo da Educação Física, e, paralelamente, desenvolver aulas
compreendendo suas características, importância e gêneros, para alunos de ambos
os sexos, do sexto ano, ensino fundamental, de uma escola pública do Paraná.
Caracteriza-se em uma pesquisa-ação, pois envolveu uma pesquisa
bibliográfica e implementação de atividades na escola. Em relação à pesquisa
bibliográfica, realizou-se uma seleção de conteúdos criteriosa para a análise
interpretativa dos temas relevantes para o trabalho, como: origem e história da
dança; a dança enquanto conteúdo da Educação Física e os diferentes tipos de
danças como manifestações culturais; importância e benefícios para o ser humano,
e metodologias de ensino da danças.
E com relação à implementação de atividades na escola, realizou-se na
Escola Estadual "D. Pedro II", envolvendo 19 alunos de uma turma de quinta
série/sexto ano, do turno matutino, Ensino Fundamental, na disciplina de Educação
Física, com 32 horas-aula destinadas à aplicação deste projeto. Buscou-se integrar e
valorizar a pluralidade cultural através de danças, resgatando e oportunizando aos
alunos uma aprendizagem mais efetiva desse conteúdo. Foi utilizado, como
instrumentos de coleta de dados, um questionário, este acrescido de relatórios
específicos. Os resultados foram analisados através da estatística descritiva e
análise qualitativa.
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2 EDUCAÇÃO FÍSICA E DANÇAS
2.1 BREVE RELATO DA HISTÓRIA DA DANÇA
Na busca pela origem da dança, sabemos que, antes mesmo de o homem se
expressar com palavras, ele dançou, fazendo uso de gestos e emoções,
demonstrando sentimentos e estabelecendo sinais com os rituais, representando
diversos aspectos da vida do homem.
Para Soares et al. (1992, p. 82), “[...] considera-se a dança uma expressão
representativa de diversos aspectos da vida do homem”.
Segundo Faro (1990), a história da Educação Física e, em especial, da
dança, relaciona-se com a existência humana desde a Pré-História, obrigando o
homem a locomover-se para sobreviver, dando início ao adestramento do corpo,
melhorando o seu condicionamento físico na luta pela vida. Praticava, de forma
natural, suas ações, como: saltar, correr, nadar, lançar e dançar, aguçando seus
sentidos e movimentos, em razão de suas necessidades religiosas, fisiológicas e
biológicas. Como todas as artes, a dança é fruto da necessidade de expressão do
homem, vindo, provavelmente, da necessidade de expressão aos deuses na
demonstração de alegria por algo de bom concedido pelo destino.
De acordo com essas ideias, entendemos que a dança se faz presente desde
o início das civilizações e, durante os séculos, vem sofrendo algumas
transformações.
Ressalta Mendes (1985, p.10):
Esteticamente a dança pode ser considerada como a mais antiga das artes, a mais capaz de exprimir tanto as fortes, quanto as simples emoções sem o auxílio da palavra, porque esta, podendo tudo expressar, revela-se insuficiente nesses momentos.
A dança é, desde o princípio, uma arte viva, dispensando palavras, como cita
a autora, pois é a expressão de todos os acontecimentos da vida por meio do
movimento humano, envolvendo emoções e sentimentos. É uma atividade que, no
período da Idade Média, passou a ser realizada também em palcos, por grupos
organizados ou por pessoas individuais, unindo dança, música, artes plásticas e
declamações. A dança foi uma expressão representativa de diversos aspectos da
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vida do homem, passando a materializar significados histórico-culturais de cada
povo ou grupo social.
Nesse sentido, Soares et al. (1992, p. 82) nos relatam que:
As primeiras danças do homem foram as imitativas, onde os dançarinos simulavam os acontecimentos que desejavam que se tornassem realidade, pois acreditavam que forças desconhecidas estariam impedindo sua realização.
De acordo com a organização das civilizações, a dança foi se estruturando
conforme os grupos étnicos e sociais da época, através de documentários históricos
que registram a evolução e o verdadeiro sentido que a dança refletia em cada
momento, como, por exemplo, rituais sagrados, religiosos e festivos, permitindo a
transmissão de sentimentos e emoções da afetividade vivida e como arte de um
povo. Percorrendo a evolução histórica da dança, percebe-se que ela teve, também,
um sentido pedagógico que o professor começa a inserir na sua prática, como uma
forma de linguagem corporal que contribuísse para o desenvolvimento da formação,
educação e integração dos alunos.
2.2 A DANÇA E SUA RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA
Atualmente, a prática da atividade física é constante na vida de todos, por
trazer inúmeros benefícios na formação, no desenvolvimento e na saúde das
pessoas, auxiliando na prevenção, no controle e no tratamento de doenças. Assim,
também a prática da dança através de atividades de expressão corporal contribui
significativamente para o desenvolvimento e o bem-estar do ser humano, podendo
ser praticada por qualquer pessoa, independentemente de suas limitações.
A disciplina de Educação Física vincula o conhecimento dança à cultura
corporal, a fim de envolver os educandos, e assim proporcionar diferentes
possibilidades de expressão corporal através de variadas danças, possibilitando o
movimento humano em sua totalidade, levando o educando a uma reflexão crítica
dos benefícios que a dança proporciona.
Assim, as DCEs, com base nos estudos de Barreto (2004 apud PARANÁ,
2008, p. 71), afirmam:
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Dançar [...] um dos maiores prazeres que o ser humano pode desfrutar. Uma ação que traz uma sensação de alegria, de poder, de euforia interna e, principalmente, de superação dos limites dos seus movimentos. Algumas pessoas não se importam com o passo correto ou errado e fazem do ato de dançar uma explosão de emoção e ritmo que comove quem assiste.
Com base nesse contexto, é evidente a necessidade de reconhecer a
importância de trabalhar o conteúdo de dança de forma regular e sistematizada nas
aulas de Educação Física, tornando-o um conteúdo significativo e atrativo,
elaborando novos conceitos, fazendo com que o aluno demonstre suas preferências
e interesses, oportunizando a liberdade de criação para essas atividades corporais.
Segundo Darido (2007), a escola deverá ofertar danças que despertem o
interesse e o entusiasmo do aluno, evitando o modismo de algumas letras e de
alguns movimentos vulgares. Devem-se-lhes apresentar músicas com ritmos
semelhantes, com letras menos apelativas, podendo-se fazer uma forma de
construção da dança através de uma postura crítica, auxiliando no processo de
ensino-aprendizagem.
É importante, acima de tudo, que a prática da dança com objetivos
educacionais e suas respectivas ações pedagógicas sejam eficientes, respeitando a
individualidade e o desenvolvimento psicomotor, levando o aluno à descoberta de
seu corpo, de seus movimentos, despertando sua expressão lúdica, proporcionando
autoconfiança e felicidade.
2.3 CONTEÚDO E ENSINO DA DANÇA
Conforme consta nas DCEs (PARANÁ, 2008), o conteúdo estruturante
danças contempla conteúdos básicos e específicos, podendo o professor selecionar
ou adicionar outros, de acordo com a região e a realidade na qual os alunos e a
escola se encontram, como veremos no quadro a seguir:
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Danças folclóricas
Fandango; quadrilha; dança de fitas; dança de São Gonçalo; frevo; samba de roda; batuque; baião; cateretê; dança do café; cuá fubá; ciranda; carimbó.
Danças de salão Valsa; merengue; forró; vanerão; samba; soltinho; xote; bolero; salsa; swing; tango.
DANÇA Danças de rua Break; funk; house; locking; popping; ragga.
Danças criativas
Elementos de movimento (tempo, espaço, peso e fluência); qualidades de movimento; improvisação; atividades de expressão corporal.
Danças circulares Contemporâneas; folclóricas; sagradas.
Quadro 1: Conteúdo básico e específico da dança Fonte: Paraná (2008, p. 90)
Tendo enfoque no conteúdo dança, percebem-se os diferentes estilos e tipos
de danças que existem, as quais podem enriquecer significativamente as
experiências corporais na Educação Física na escola.
A dança é uma ferramenta poderosa de aprendizagem, pois proporciona ao
aluno o desenvolvimento da autoconfiança, da coordenação motora, da agilidade, da
resistência, do ritmo, da percepção corporal, da flexibilidade, da noção de espaço
temporal e espacial, além de vários outros benefícios.
Nesse sentido, Marques (2003, p. 52) relata:
O ensino de dança pode, por exemplo, incluir em seus processos artísticos discussões, problematizações e questionamentos sobre corpo, dança e convívio social que incluam as transformações corporais na adolescência, relações de gênero, padrões de beleza e mídia.
Nesse sentido, a dança pode desenvolver as capacidades imaginativas,
cognitivas e criativas dos educandos. Além disso, pode oportunizar momentos de
confraternização e de integração entre colegas, tornando-os indivíduos capazes de
respeitar a si e aos outros por meio dessas atividades corporais.
De acordo com as DCEs (PARANÁ, 2008, p. 72):
[...] é importante que o professor reconheça que a dança se constitui como elemento significativo da disciplina de Educação Física no espaço escolar, pois contribui para desenvolver a criatividade, a sensibilidade, a expressão corporal, a cooperação, entre outros aspectos.
O estudo de Saraiva (2005 apud PARANÁ, 2008) relata que a experiência
corporal por meio da dança permite a inserção dos alunos no contexto escolar,
tendo a oportunidade de refletir e questionar, superando modelos preestabelecidos,
intervindo na sensibilidade do modo de perceber o mundo.
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Nessa perspectiva, cabe aos professores de Educação Física demonstrar e
ensinar a riqueza cultural dos diferentes ritmos musicais e estilos de danças,
educando e integrando os alunos, por meio, principalmente, de atividades rítmicas
expressivas de danças, que os levem a se envolver e participar ativamente,
percebendo a si e ao outro. Consequentemente, ocorrerão mudanças nos
comportamentos individuais e coletivos, contribuindo efetivamente na expressão
corporal, autoestima e formação integral dos alunos.
3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, com o título “Dança: um
conteúdo possível na Educação Física Escolar”, do Programa de Desenvolvimento
Educacional do Estado do Paraná (PDE) – Formação Continuada, da Secretaria de
Estado da Educação (SEED), com abrangência de agosto de 2010 a agosto de
2012, primeiramente foi apresentado para a direção e a equipe pedagógica da
Escola Estadual "D. Pedro II", município de Santo Antônio do Sudoeste (PR),
durante a realização da semana pedagógica, visando informá-los do tema, objetivos
e ações previstas para serem desenvolvidas.
A implementação de atividades na escola envolveu 19 alunos de uma turma
de quinta série/sexto ano, do turno matutino, Ensino Fundamental, sendo
desenvolvida nas aulas de Educação Física na referida escola. Os resultados são
descritos a seguir.
Na primeira etapa da implementação foi aplicado um questionário para os
alunos. Esse questionário teve como objetivo diagnosticar o conhecimento e o
interesse dos alunos sobre o tema a ser desenvolvido, para podermos refletir sobre
as atividades a serem trabalhadas. Após sua aplicação, os dados foram
quantificados e apresentados em gráficos, conforme são apresentados abaixo.
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Figura 1: Sexo. Fonte: Dados da pesquisa, 2011.
De acordo com os dados pesquisados, verificou-se que 53% dos alunos que
frequentavam as aulas nessa turma eram do sexo feminino e 47% do sexo
masculino, totalizando, assim, 100% dos entrevistados, num total de 19 alunos.
Figura 2: Você sabe dançar. Fonte: Dados da pesquisa, 2011.
Pela Figura 2, verificou-se que 37% responderam que sabiam dançar mais ou
menos, 37% pouco, 16% muito e 10% nunca tinham. Percebe-se, assim, que a
maior parte dos alunos, participantes da implementação na escola, já teve algum tipo
de experiência com algum gênero ou estilo de dança, embora em níveis diferentes
de domínio desse conteúdo, sendo que apenas uma minoria nunca tinha dançado.
Nessa direção, percebemos uma maior necessidade de o professor de
Educação Física refletir e aprofundar conhecimentos teóricos, metodológicos e
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práticos sobre a dança, para que pudesse resgatar, integrar e valorizar esse
conteúdo nessa disciplina. O papel do professor seria o de instrumentar-se para
fazer reconhecer a importância e os benefícios da dança para a formação, o
desenvolvimento e a saúde dos alunos, oportunizando o ensino e a aprendizagem
de diferentes danças de forma prazerosa, participativa e educativa.
Na sequência, os alunos foram questionados sobre quais os tipos de danças
que praticavam ou que já tinham aprendido.
Figura 3: Tipos de dança que praticou ou aprendeu. Fonte: Dados da pesquisa, 2011.
De acordo com o apresentado na Figura 3, 53% dos alunos responderam que
já praticaram algum tipo de dança de salão, 21% hip-hop, 16% funk e 10%
assinalaram que participaram de danças circulares. Nota-se que esse resultado tem
relação com a localização da escola e moradia dos alunos, por se tratar de zona
rural, onde é comum acontecerem bailes, festas tradicionais, cursos de danças de
salão e folclóricas para a comunidade, onde a grande maioria dos filhos acompanha
os pais, mesmo podendo apenas assistir e não participar ativamente dessas danças.
Em seguida, perguntou-se em que local eles aprenderam essas danças. As
respostas são apresentadas na figura abaixo.
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Figura 4: Local onde aprendeu as danças. Fonte: Dados da pesquisa, 2011.
Considerando que 42% praticaram aquelas danças na escola em outras
disciplinas, 21% responderam que foi em clubes, 16% que foi em aulas de Educação
Física, 11% que foi no Centro de Tradições Gaúchas (CTG), 5% que foi em escolas
no contraturno e outros 5% responderam que foi em outros locais. Assim, pode-se
afirmar que o espaço e tempo escolar foi importante para a aprendizagem de
danças, no entanto o ensino de danças predominou em outras disciplinas e não na
Educação Física, caracterizando-se assim um conteúdo interdisciplinar.
Atualmente, constatam-se dificuldades de o professor em trabalhar o
conteúdo danças na disciplina de Educação Física, devido a vários fatores, entre
eles, a influência da mídia, o gosto dos alunos pela prática de esportes e os
preconceitos populares em torno da dança, provocando uma grande resistência na
sua prática. Cabe, assim, aos professores de Educação Física fazerem diagnósticos,
estimular e orientar atividades rítmicas e danças desafiadoras em suas aulas, para
haver maior interesse e participação.
Dando continuidade, perguntou-se para os alunos sobre o gosto em praticar
danças.
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Figura 5: Gosta de dançar. Fonte: Dados da pesquisa, 2011.
De acordo com a pesquisa, percebe-se que 53% dos alunos gostam de
dançar, representando uma parcela significativa da turma. Em contraposição, no
entanto, 26% responderam que gostam de dançar somente um pouco e 21% não
gostam de nenhum tipo de dança. Mesmo assim, pode-se considerar equilibrado o
gosto pela dança.
Abordar a dança na escola, além de proporcionar educação, faz com que
reflitam sobre as possibilidades de realizar movimentos corporais, desenvolver a
sociabilização e a cooperação entre os praticantes.
A seguir, perguntou-se, se consideram importante as pessoas aprenderem a
dançar ou praticarem danças com mais frequência:
Figura 6: Importância de aprender a dançar. Fonte: Dados da pesquisa, 2011.
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De acordo com a Figura 6, para o grupo a dança é importante para a
socialização, isso pode ser comprovado pelo percentual da pesquisa, onde 84%
responderam "muito", 11% assinalaram "não" e apenas 5% optaram por "mais ou
menos".
Verifica-se que a maioria dos alunos possui consciência da importância em
aprender a dançar. Por outro lado, uma minoria de alunos não considera importante
a dança, provavelmente por não terem atração e gosto pela dança ou por nunca
terem tido a oportunidade de praticar.
Também foi solicitada a opinião dos alunos sobre os principais benefícios que
a prática de dança proporciona para a sua formação e desenvolvimento.
Nessa pergunta poderiam assinalar várias alternativas de respostas. Os
resultados são apresentados no gráfico abaixo:
Figura 7: Benefícios da prática da dança. Fonte: Dados da pesquisa, 2011.
Observamos, assim, que a criatividade e o raciocínio são os principais
benefícios que a prática de danças proporciona para as pessoas na opinião dos
alunos. Eles, porém, também consideram fatores como ritmo, coordenação motora
ampla e fina, noção espacial e lateralidade, equilíbrio e postura, habilidades físicas,
conhecimento sobre o corpo, ainda que em menor proporção. Poucos alunos
consideram a socialização como benefício proporcionado pela dança.
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Na sequência, perguntamos quais eram os estilos, ou tipos de danças, que
gostariam de aprender nas aulas de Educação Física.
Também nessa pergunta poderiam assinalar várias alternativas de respostas.
Figura 8: Tipos de dança que gostariam de aprender. Fonte: Dados da pesquisa, 2011.
De acordo com os dados, nota-se que as danças de rua foram as mais
pontuadas, seguidas das danças de salão e, em menor escala, as danças clássicas,
danças criativas, danças folclóricas, danças coreografadas e as danças
dramatizadas.
Finalizando esta etapa da pesquisa, podemos dizer que a aplicação desse
questionário foi importante porque foi possível verificar o conhecimento dos alunos
em torno de danças, e conhecermos melhor suas características e interesses. Esse
diagnóstico serviu para direcionar, planejar e desenvolver as atividades da
implementação. Além disso, as perguntas e as respostas proporcionaram aos alunos
esclarecimentos de dúvidas sobre a implementação do conteúdo danças nas aulas
de Educação Física.
Os resultados desse diagnóstico foram apresentados no saguão da escola,
em forma de cartazes, com o objetivo de que todos os segmentos da instituição
(alunos, professores, equipe pedagógica, direção e agentes educacionais)
pudessem verificar as informações.
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Passamos agora para os resultados da segunda etapa de implementação de
atividades na escola, que consistiu no desenvolvimento de aulas teóricas e praticas
sobre danças.
O primeiro tema desenvolvido referiu-se aos benefícios da dança para o
corpo, com o objetivo de refletir e discutir sobre a importância da dança. Iniciou com
leitura de um texto e, após, os alunos responderam a algumas questões: O que
achou mais interessante no texto? Qual é a expectativa em relação à
implementação da dança nas aulas de Educação Física? Observando as respostas
dos alunos, percebemos que a maioria considerou mais interessantes os benefícios
que a dança proporciona, citados no texto. E toda a turma demonstrou estarem
ansiosos e entusiasmados com a implementação. Nessa aula houve troca de
informações e de ideias entre alunos e a professora de Educação Física sobre o
tema. Vários alunos demonstraram que gostariam de conhecer e praticar novos
ritmos de danças, porém nunca tiveram essa oportunidade.
O segundo tema proposto foi pesquisas sobre danças. Propusemos aos
alunos uma atividade de pesquisa sobre a história das danças. Foi realizada na sala
de informática da escola, com o objetivo de identificar e de conhecer a história sobre
diferentes estilos de danças, sua importância cultural e social. Esse trabalho foi
realizado em grupos, divididos por estilos de danças que mais apreciavam. As
danças mais pesquisadas foram: danças de rua, hip-hop e funk. A participação dos
alunos foi unânime e percebeu-se o interesse que tinham ao pesquisar um assunto
que faz parte do cotidiano do aluno.
O terceiro tema foi cartazes sobre danças. Após a pesquisa teórica, foram
confeccionados cartazes utilizando revistas para recortes de letras e figuras, sobre o
conteúdo pesquisado. Foram feitos quatro cartazes, divididos em: danças de rua,
hip-hop, funk e danças de salão. Os alunos participaram ativamente dessas
atividades, pois puderam expor seus interesses e criatividade relacionados aos tipos
de danças. Essa atividade decorou o saguão da escola, e os cartazes foram
atrativos e informativos, despertando a curiosidade das demais turmas da escola.
O quarto tema desenvolvido foi vídeos sobre danças. Foram disponibilizadas
apresentações de vídeos informativos que estão no site do portal "Dia a Dia
Educação", da SEED/PR, sobre vários estilos de danças, com o objetivo de ampliar
conhecimentos sobre a diversidade de danças e estimular o gosto de dançar. Os
alunos demonstraram interesse ao participar da aula.
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O quinto tema foi o filme “Vem Dançar”, com direção de Liz Friedlander. Os
alunos assistiram e o tema foi explorado por meio das seguintes questões que eles
tinham que responder: O que mais chamou a atenção nesse filme? Você se
identificou com algum personagem. Em que momento? A proposta do filme foi muito
interessante, pois possibilitou uma maior informação sobre danças.
O sexto tema foi a construção de conceitos sobre dança. Os alunos foram
estimulados a uma discussão sobre o significado de dança, oportunizando todos a
explanarem suas ideias e concepções a respeito do tema. Em seguida, foi
construído um conceito coletivo pela turma e registrado no caderno de classe.
O sétimo tema foram atividades rítmicas expressivas de danças. Utilizamos
atividades com vários ritmos, atividades nas quais os alunos se expressavam
livremente e dramatizavam ao comando dado pela professora, como, por exemplo,
sentimentos como: dor, alegria, tristeza, liberdade, entre outros. As atividades com
música foram gradativamente diversificadas, para serem atrativas e envolventes,
como pot-pourri de ritmos diferentes de danças. Observamos que essas atividades
de manifestações corporais foram muito descontraídas, já que a turma se
encontrava no início bastante inibida. Além disso, exigiu reflexão e adaptação. Foi
um conteúdo interessante e próximo aos alunos, pois cada qual tinha seu jeito
próprio de ser e de se expressar. Ao término da aula foi feita uma avaliação, na qual
a turma foi questionada: Qual atividade achou mais difícil. Por quê? Qual é a
sensação, após realizar essa aula? Por que dançar? O que o seu corpo sentiu ao
realizar as atividades rítmicas expressivas? Que ritmo gosta mais de interpretar?
As discussões sobre esse tema foram produtivas, pois os anseios e as dificuldades
de expressão corporal foram expostos e isso fortaleceu a confiança no grupo.
O oitavo tema foram atividades rítmicas expressivas. Foi desenvolvida a
atividade com a música “Espelho”, onde um colega é o espelho e o outro a imagem.
Buscava-se contribuir com a descontração, pois o olhar é o foco principal. Em cada
música colocada, houve a troca de duplas, facilitando a proximidade e a socialização
entre os colegas. Inicialmente, vários alunos não sentiam segurança em olhar
diretamente nos olhos do outro, mas isso se tornou natural com o decorrer da
atividade. Todos participaram da atividade e o resultado foi bom.
O nono tema foram atividades rítmicas expressivas. Buscava-se estimular a
expressão corporal lúdica, a integração e a socialização dos alunos. Nessa aula foi
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explorada a atividade com recortes de revistas, onde cada aluno pegava uma figura
e deveria imitar o movimento da figura que estava na sua frente. Após imitar,
trocavam de lugar com o mais próximo colega. Deslocavam-se em círculo para a
direita, até que todos imitassem todas as figuras que estavam no chão, sempre ao
ritmo de uma música. Verificou-se que, por meio dessa atividade, desenvolveu-se a
socialização entre os alunos.
Depois dessa experiência, a turma foi dividida em três grupos, para uma
atividade em que cada grupo deveria imitar uma sequência de figuras por todos os
componentes do grupo. Após, cada equipe apresentou a sua sequência para os
demais colegas. Percebeu-se que essa atividade estimulou muita a expressão
corporal lúdica, a integração e a socialização entre esses alunos.
Na última aula fizemos uma pequena avaliação da Implementação
Pedagógica, realizando duas perguntas para os alunos. Os resultados são
apresentados abaixo:
10
6
3
0
2
4
6
8
10
12
Recortes de figuras de revista
Cinesfera do olhar pot-pourri
Atividades de que mais gostou de participar?
Figura 5: De quais atividades realizadas durante a implementação do projeto você mais gostou de participar? Fonte: Dados da Pesquisa, 2011.
Nota-se que as atividades com recortes de figuras de revistas foram as mais
apontadas como atrativas, sendo atividades práticas de interação, de socialização e
de motivação que envolveram, de forma dinâmica, os alunos.
Na segunda questão: Você acredita que as atividades rítmicas expressivas
contribuíram para trabalhar o conteúdo de dança com mais facilidade? As respostas
19
dos 19 alunos foram positivas, pois relataram que as atividades contribuíram para
descontrair e oportunizaram o desenvolvimento corporal e expressivo.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades realizadas na implementação e execução deste estudo foram
propostas de sugestões e/ou alternativas metodológicas diferenciadas que
possibilitaram ao professor tomar conhecimento da importância desses instrumentos
no processo de ensino-aprendizagem, para que, por meio do seu uso, possa
interferir significativamente no desenvolvimento do educando, tornando as danças
situações propícias às aprendizagens.
Para a professora em questão, as atividades relacionadas às danças
possibilitaram momentos de aprendizagem agradável e prazerosa, demonstrando
que o uso delas, no cotidiano escolar, é de extrema importância, situação essa que
se verificou principalmente na execução das atividades com os alunos.
Assim, portanto, a partir da análise dos dados dos gráficos, os resultados
demonstram que vale a pena investir na formação dos professores para a utilização
das danças no Ensino Fundamental como conteúdo eficaz para a formação de
conceitos.
No decorrer da Implementação Pedagógica resgatou-se o envolvimento dos
alunos nas atividades rítmicas expressivas, fazendo com que eles participassem,
transformando seus conhecimentos sobre danças, em seus próprios ritmos,
valorizando a dança como cultura corporal, ampliando seus saberes e
desconstruindo preconceitos e, consequentemente, variando o repertório da turma.
As atividades práticas aplicadas proporcionaram a vivência de diversos
movimentos e sentimentos, integrando o grupo através de atividades artísticas e
motoras, em diversos ritmos musicais. Os resultados nos surpreenderam, isso
devido à aceitação, à participação e ao interesse dos alunos em relação a esse tema
do conteúdo dança.
O estudo demonstrou que é importante iniciar o trabalho de danças com o
tema atividades rítmicas expressivas, para que os alunos estejam mais à vontade na
aula e com sua turma, e assim manifestem melhor a sua expressão corporal, sintam-
se socializados e inseridos na proposta.
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Concluímos que o objeto aqui descrito e narrado possibilitou um melhor
envolvimento dos alunos com o conteúdo de dança, pois, através dessas atividades
diferenciadas, foram estimulados a vivenciar ritmos, a sociabilizar-se, tendo um
maior contato com seus movimentos. Em consequência, eles acabam atraídos pela
dança sem perceber, levando-os, assim, ao gosto por esse conteúdo e/ou prática
educacional na Educação Física.
Espera-se que este estudo sirva como fonte para novas reflexões e ações em
torno das danças, para todos os professores de Educação Física da rede pública do
Paraná, considerando que a dança ainda é um conteúdo eventual na Educação
Física, e não se apresenta como conteúdo regular nessa área de atuação.
REFERÊNCIAS
DARIDO, Suraya Cristina. Para ensinar educação física: possibilidades de intervenção na escola. São Paulo: Papirus, 2007. FARO, Antonio J. Pequena história da dança. Rio de Janeiro: Zahar, 1990. MARQUES, Isabel A. Dançando na escola. São Paulo: Cortez, 2003. MENDES, Miriam Garcia. A dança. São Paulo: Ática, 1985. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes curriculares de educação física para os anos finais de ensino fundamental e para o ensino médio. Curitiba: SEED, 2008. SOARES, Carmen Lúcia et al. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo: Cortez, 1992.