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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO - SUED
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE
Ficha para Catálogo Artigo Final
Professor PDE/2010
Título. LEITURA E LITERATURA ORAL NO ENSINO MÉDIO
Autor. JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
Escola de Atuação. Colégio Estadual Papa João XXIII – Ensino Médio
Município da Escola. ALTO PIQUIRI
Núcleo Regional de Educação. UMUARAMA
Orientador. Dr. FABIO LUCAS PIERINE
Instituição de Ensino Superior. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGA
Área do Conhecimento/Disciplina. LÍNGUA PORTUGUESA
Relação Interdisciplinar.
Público Alvo. ALUNOS DO 2º E 3º ANO – MATUTINO
PROFESSORES - GTR
Localização.
COLÉGIO EST. PAPA JOÃO XXIII - ENSINO MÉDIO
RUA SEBASTIÃO PEREIRA DE OLIVEIRA Nº 1163
Resumo:
Buscar na leitura o interesse dos alunos com gênero Conto, numa proposta recepcional para que os alunos se interessem mais pela leitura, buscando assim, maior interesse. Através do Conto maravilhoso e fantástico despertando o desenvolvimento do leitor.
Palavras - chave. LITERATURA; LEITURA ORAL; CONTO.
SUMÁRIO
Resumo ...................................................................................................................... 3
Abstract ...................................................................................................................... 3
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 5
1.1. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS ...................................................................... 6
1.2. MOTIVO PARA SE LER UM CONTO ............................................................ 9
1.3. IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO ............................................................. 11
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 16
REFERENCIAS ......................................................................................................... 18
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A LEITURA E LITERATURA ORAL COM GÊNERO CONTO NO ENSINO MÉDIO
João Carlos de Oliveira1
Dr. Fabio Lucas Pierine2
Resumo
Este trabalho foi aplicado aos Estudantes do Ensino Médio, na intenção de buscar experiência e conhecimentos significativos de leitura de textos literários. Na descrição do projeto, que direciona aos alunos caminhos no sentido de possibilitar uma interação maior do estudante com a leitura textual. O aluno traz a leitura de contos fantásticos e contos da atualidade, demonstrando assim, ser possível abordar o imaginário, sonhos e mitos da literatura fantástica, contemplando não somente a historiografia literária, mas também os diálogos que se estabelecem entre textos e promovendo a adaptação a outros textos, objetos e outras manifestações culturais. No enfoque de textos literários, numa característica dialógica na atualização da produção dos séculos anteriores. Busca assim, textos consagrados pela tradição, demonstrando que é possível romper com práticas tradicionais no ensino de literatura.
Palavras-chave: Leitura; Literatura; Conto.
Abstract
This method was applied to high school students, hoping to get experience and significant knowledge of reading literary texts. In the description of the project, which directs students to ways in order to allow greater interaction with the student's textual reading. The student brings the reading of fantastic tales and stories of the day, showing thus be possible to address the imagination, dreams and myths of fantastic
1 Especialista em Análise e Interpretação Textual, Professor de Língua Portuguesa do Colégio
Estadual Papa João XXIII. 2 Doutor na Área de Língua e Literatura Francesas, Professor de Língua Portuguesa da Universidade
Estadual de Maringá-UEM, Docente do Departamento de Letras. .
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literature, covering not only the literary historiography, but also the dialogue established between texts and promoting adaptation to other texts, objects and other cultural events. In the analysis of literary texts, a characteristic dialogue to update the production of earlier centuries. Search well, consecrated by tradition texts, demonstrating that it is possible to break with traditional practices in the teaching of literature.
Keywords: Reading; Literature; Tale.
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1. INTRODUÇÃO
O presente artigo constitui-se como parte integrante das atividades previstas
no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), promovido pela Secretaria de
Educação do Paraná (SEED). Apresenta-se também como resultado de estudos
teóricos sobre prática pedagógica de discussões em torno da leitura de textos
literários entre professores de Língua Portuguesa via Grupo de trabalhos em Rede
(GTR); e da implementação no Colégio Estadual Papa João XXIII – Ensino Médio,
do projeto de leitura e literatura oral em sala com o gênero conto. Por meio deste
projeto, propõe-se o resgate da experiência significativa do leitor com o texto com o
gênero conto, considerando as características dos séculos passados e na
atualidade, trazendo o mito, o sonho, e seres sobrenaturais. Através dos métodos
recepcionais, historiografia literária – diacronia e sincronia – e a linguagem numa
perspectiva dialógica.
Tendo em vista a adesão do Colégio Papa João XXIII – Ensino Médio
regulador de disciplinas da língua portuguesa e outras que contempla a
interdisciplinaridade, em que a literatura contempla os conteúdos tradicionalmente
previstos nas séries 2º A e 3ª A, a implementação da proposta se deu no decorrer do
segundo semestre de 2011-Período da manhã. Para auxiliar a implementação, foi
elaborado um material de apoio – uma Unidade Didática – em que os textos e as
atividades propostas se abrem para variadas possibilidades de abordagem da
literatura, permitindo ao professor conduzir o estudante ao diálogo oralmente com o
texto e com outros gêneros como formas de expressão cultural.
Sabe-se que, por influência dos manuais didáticos, o texto literário foi
relegado a segundo plano em detrimento de uma abordagem historiográfica da
literatura. Essa prática do ensino de literatura contribuiu para que ela fosse vista
apenas como um conteúdo a ser memorizado e o texto literário como objeto
ilustrativo de características de movimentos literários. O projeto visa passar de um
estudo meramente historiográfico da literatura para o enfoque no texto, sem,
contudo, privar o estudante do conhecimento das estéticas literárias, de modo que
os encaminhamentos, textos e intertextos revelem as múltiplas facetas das
características em seu contexto de produção e sua expressão na
contemporaneidade.
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Na contemporaneidade, o projeto aproxima o leitor das técnicas narrativas
da literatura atual e da linguagem vocabular, nas construções sintáticas dos textos
lidos. Nesse sentido, acredita-se que a literatura adquira um novo significado para o
estudante, quando este é capaz de olhar para os textos do passado, confrontando-
os entre si como formas contemporâneas de pensar, agir, e de expressar por meio
da arte especialmente literária.
1.1. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
O universo literário é fruto da imaginação criadora do artista e do trabalho
artístico como revela e exprime a natureza humana. Como expressão do homem a
literatura assume três funções, pois aparece invariavelmente em sua vida como
indivíduo e como grupo, ao lado da satisfação das necessidades mais elementares.
(CANDIDO, 1972, p. 804)
A literatura preenche de fato a necessidade de fantasia em relação ao
homem. Através dela torna-se possível buscar e fazer análise que são às vezes
impossíveis de se concretizar na realidade ou simplesmente, encontrar prazer na
fantasia. Porém, na literatura, a fantasia tem sua base na realidade. Essa relação
com o real a literatura passa a exercer outras funções, sendo uma delas a formativa:
pelo discurso artístico, o homem passa a ter consciência de si e da realidade,
sempre em busca da arte literária, buscando assim, uma função social, já que a
mudança possibilita uma nova visão de mundo que o acompanha.
Nesse contexto, a maioria dos estudantes chega ao Ensino Médio sem
hábitos de leitura, especialmente de textos literários, faz-se necessário promover a
interação do estudante/leitor com o texto, de modo que encontre prazer e sentido na
leitura literária.
Para Bakhtin (1997), a obra literária se constitui no ato da leitura, isto é, os
sentidos de uma obra existem de forma potencial que só manifestam num contexto
que favoreça a compreensão do leitor, a ponto de estabelecer o diálogo entre o que
é contemporâneo no momento de produção e a contemporaneidade no momento de
recepção. Sendo assim, textos do passado podem ser atualizados à medida que o
leitor reconhece neles aspectos de sua realidade contemporânea sem, contudo,
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desconsiderar que tanto o contexto de produção quanto o de recepção são
igualmente importantes na análise de uma obra.
Segundo Zappone (2004.), embora leitura e literatura estejam intrinsecamente
relacionadas, só a partir da década de 1960, estudos sobre esse assunto se
apresentam de forma mais sistemática, em decorrência das novas dimensões
atribuídas à noção do autor, de texto e de leitor. O autor perdeu status de detentor
dos sentidos do texto, pois este deixou de apenas transmitir os pensamentos, as
informações do autor e passou a ser considerado como arranjo repleto de vazios, os
quais são preenchidos pelo leitor no ato da leitura. Por essa razão, o leitor tem se
tornado fator determinante no processo de leitura e recepção do texto.
Um dos maiores expoentes que colocam em evidências o leitor e a leitura no
campo dos estudos literários é Hans Robert Jauss. Em 1967, em sua aula inaugural
na Universidade de Konstanz, Alemanha, Jauss propôs uma reflexão a respeito da
abordagem da historia da literatura vinculada à recepção do texto literário, e à
estética marxista - literatura como representação de estruturas sociais.
A proposta de Jauss ou a saída para o dilema de como unir em um só
aspecto a estética e a história vem da incorporação de uma dimensão pouco
trabalhada pelos estudos literários até então, a dos leitores, dos espectadores ou do
“público” (ZAPPONE, 2004, p.139).
Partindo do modo como o leitor recebe e propõe o estudo da literatura confere
ao texto o valor estético a fim de defender a idéia de que a história literária está
intimamente junto ao aspecto recepcional, portanto é a partir do leitor que os
fenômenos literários passam a ser analisados.
Para Jauss (1994), o texto literário é um ato de recepção, no qual a
experiência do leitor é traduzida e m seu horizonte de expectativas. Uma obra pode
provocar rupturas e ampliar os horizontes de expectativas na medida em que se
afasta desse horizonte. Ao transformar o texto, o leitor adquire experiência de leitura
necessária para buscar e compreender obras mais complexas, pela temática, pela
linguagem, estilos e técnicas – distantes de seu horizonte inicial de expectativa.
Segundo Jauss é importante considerar, que na interpretação da obra a
reconstrução gera expectativas sob o qual foi criado e recebido, pois a abordagem
permite conhecer o modo pelo qual o público, terá recebido ou compreendido a obra.
A interpretação de uma obra deve levar em conta contextos criados e recebidos por
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ele. A fim de se evitarem interpretações superficiais baseadas somente em critérios
do passado ou apenas em critérios do presente.
Jauss considera o leitor uma peça fundamental no processo da leitura, bem
como: na concepção Bakhtiniana “o outro na figura do destinatário se instala no
próprio movimento de produção do texto na medida em que o autor orienta sua fala,
tendo em vista o público-alvo selecionado”. (Apud BRANDÃO, 1997, p. 286).
Por isso que determinados gêneros contemporâneos são obras produzidas
para atender um público seleto que vive de expectativas. Mas em sala de aula o
professor vive condicionado a uma expectativa de ampliar os horizontes do
estudante, pois, a resistência ainda é maior, do que aquele público selecionado. O
trabalho do professor sempre direciona para ruptura e ampliação dos horizontes,
para que contemple e amplie seu repertorio e experiências de leituras, passando
assim, compreender o fenômeno literário em todas as suas dimensões.
Sendo assim, segundo Aguiar e Bordini (1993, p.17), a educação do leitor de
literatura não pode ser vista como polissêmica que é própria do discurso literário,
impositiva e meramente formal. Como os sentidos literários são múltiplos, o ensino
não pode destacar um conjunto deles como meta a ser alcançada pelos alunos. Por
outro lado, informar a essas técnicas ou períodos literários não resultará em
alargamento dos limites culturais que orientam as práticas significativas deles, senão
num estágio bem mais adiantado de sua formação. Antes de formalizar o estudo de
textos por essas vias, é preciso vivenciar muitas obras para que estas venham a
preencher esquemas conceituais.
No entendimento sobre texto teórico aqui apresentado é possível conceituar o
texto literário como objeto de estudo, inteirar o leitor com o texto realmente a qual
ele é na sua concretude da análise. Aprender pela tradição requer um leitor
consciente daquilo em que ele está inserido, com base em leituras, e na busca de
um caminho de idealismo e perseverança, trazendo para uma realidade na qual seu
público trabalha as propostas curriculares no Ensino Médio.
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1.2. MOTIVO PARA SE LER UM CONTO
Um bom motivo para se ler um conto está entre a aceitação dos jovens de
hoje que estão acostumados com uma velocidade de informação muito grande. Em
razão disso o conto busca uma postura de clareza e objetividade, preenchendo
assim, todos os requisitos que atendem as vontades dos adolescentes.
Como afirma Simon (2007, p.138) “[...] a própria condição breve do conto –
e, mais uma vez, é bom reforçar – representa uma sintonia com a idéia de
velocidade”.
Basta dar um clique e a tela se enche de novas imagens e palavras, bem
como: computador, TVs, internet, MSN, Facebook, etc. Devido à multiplicação de
imagens e a facilidade que temos diante das novas tecnologias, que as vezes não
temos tempo de absorvê-las tamanha é sua velocidade. Preenche os requisitos, mas
não as totalidades por ela ali passada. Na sala de aula também acontece a mesma
coisa em relação às mudanças do objeto de interesse do aluno. Diante de um texto
extenso, a leitura passa a ser uma tarefa difícil, cansativa e monótona, perde-se
assim o interesse antes mesmo de o professor aplicar a leitura.
Dentre os gêneros ficcionais, o conto se constitui em uma narrativa cujo
enredo gira em torno de um único evento. Na trama, os fatos, personagens, se
encaminham sem delongas para um desfecho. Assim, “o conto tende a cumprir-se
uma situação, real, ou imaginária, para qual, convergem os signos de pessoas e de
ações e um discurso que as amarra”. (BOSI, 1975, p. 08).
Como podemos observar, a ausência de detalhes favorece a construção de
um enredo em que a palavra se junta e expõe simultaneamente a parte da trama,
cheia de significados (signos) em potencial que conferem ao conto a sua capacidade
de envolver o leitor.
Se o professor pretende envolver o aluno leitor, faz-se necessário que haja
algo que aprenda à leitura. Como aprender? Como ensinar? E para que aprender a
leitura. Segundo Gotlib (1999.) Poe é considerado o primeiro grande teórico do
conto - ele entende que o conto é fruto de um trabalho consciente que tem por
finalidade a conquista do efeito único. Assim, a definição do efeito que se pretende
produzir no leitor é o que, segundo o teórico e contista, determina a seleção das
palavras certas.
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Ainda conforme os estudos de Gotlib, no início do século XX, Barnder
Matthews reafirma a teoria da unidade de efeito e aponta que a diferença entre o
romance e o conto não decorre apenas de extensão, mas, sobretudo, de natureza: o
conto apresenta unidade de tempo, de lugar e de ação, ou melhor, trabalha com um
só elemento – personagem, fato, emoção e situação. No entanto, há controvérsias
em torno do estabelecimento de uma teoria para o conto no que tange aos limites da
especificidade do gênero e à definição de suas características num conjunto maior
das narrativas.
Mario de Andrade (1972, p.05) define “em verdade, sempre será conto
aquilo que seu autor batizou com o nome de conto”. Para Gotlib, esse gênero
caracteriza-se, por natureza, como um modo de simplesmente contar estórias. O
panorama da historia. Ouvir histórias, remonta ao fato de que o ato de contar e ouvir
histórias sempre foram motivo para pessoas se reunirem desde os tempos mais
remotos. Em sua trajetória, na tradição oral para a escrita, o conto vai se afirmando
como categoria quando, no século XIV, com Boccacio, ganha arranjo estético. Daí
por diante, surgem grandes nomes como Marguerite de Navarre, no século XVI,
Cervantes e Charles Perrault (séc. XVII), La Fontaine (séc. XVIII).
No século XIX, o conto se desenvolve e adquire espaços próprios,
estimulados pelo retorno à cultura medieval, o interesse pelo folclórico, e pela
expansão da imprensa que permite sua ampla divulgação. Grandes contistas
surgem no mundo inteiro como: Edgar Allan Poe, Maupassant, Eça de Queiroz e
Machado de Assis.
Poderíamos salientar ainda que os contistas russos fizessem jus à fama, e
que entraram naquele grupo de seletos contadores e narradores de sonhos
inimagináveis, de brigas atraídas pelo macabro, sempre em busca de conseguir
segurar o leitor, prendendo-o de forma a atingir o ápice da curiosidade, com
personagens irreais, personagens fantasmagóricos, com fantasias de terror, amor e
de ficção científica. Uma literatura estritamente para leitores adolescentes e
rebeldes.
Temos também grandes contistas brasileiros, que poderíamos utilizar em
nossas salas de aula aproveitando assim uma busca desses contos na geração
romântica, embora no Brasil a poesia e o romance vêm do período de grandes
mudanças no contexto nacionalista e se tem prevalecido desta época. Os poetas
românticos no Brasil como: Álvares de Azevedo marca sua prosa gótica desse
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período com obras e contos macabros, “Noite na Taverna” (1855) em um ambiente
hostil, contando trajetórias numa narrativa sombria. Vale salientar ainda que fosse
com Machado de Assis que os contos começaram a ganhar destaque na literatura
brasileira, pois ele foi um dos maiores contistas brasileiros. Atraindo muitos leitores
no século passado.
O conto brasileiro se afirma e abre espaço entre os gêneros ficcionais que
caiu ao gosto do publico leitor. Surgem então, grandes números de contista como:
Lima Barreto, Simões Lopes Neto, Monteiro Lobato, Alcântara Machado, Mario de
Andrade. E na segunda metade do século surgiu ainda contistas de grande
variedade narrativa como: Lygia Fagundes Telles, Clarice Lispector, Guimarães
Rosa, Murilo Rubião, J.J Veiga, Dalton Trevisan que vieram para renovar as
características trazendo novas técnicas, através de novos temas e formas. Apesar
de haver uma variedade de tipos e formas – a busca de conto maravilhoso,
fantástico, de terror, de amor, de ficção cientifica entre outros. Com diz Cortazar
(1974), o conto precisa ter algo mais, aquela “alquimia secreta” que seja capaz de
atrair o leitor e tornar a narrativa inesquecível; é nessa capacidade de atração que
reside sua qualidade.
1.3. IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO
Para a implementação do projeto, é imprescindível ter conhecimento do
publico da qual você vai trabalhar, através de grupos de trabalho (GTR) formados
por professores da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná, na troca de
experiências de que participaram, e definidas na questão, buscando assim um perfil
que determina e reorienta as ações dadas pelo professor. Que visa o professor
rever seus critérios quanto a determinado gêneros literários aplicados.
Por isso aplicou-se um questionário Leitura e Literatura oral em sala de aula
sobre o gênero conto, (fantástico e maravilhoso) a duas turmas de 35 alunos. A
serem perguntados sobre o hábito de leitura: cerca de 32% responderam que não
leem com frequência, e ainda 68% declararam não ter lido um só livro no último
semestre.
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Os dados coletados confirmam empiricamente o que é do conhecimento dos
professores de Língua Portuguesa: os alunos do Ensino Médio não possuem hábitos
regulares de leitura e, de certa forma, suas atitudes no cotidiano da sala de aula
revelam orgulho diante dessa posição. Quanto ao questionamento a respeito das
motivações para a leitura de obras literárias, 35% assumem que essas leituras
ocorrem apenas durante as aulas de literatura, ou seja, o estudante lê somente
aquilo que o professor apresenta a ele. Dessa maneira, a literatura permanece
“presa” na sala de aula, bem como, mais um conteúdo a ser aprendido e não um
hábito formador.
Para agravar mais ainda esse quadro, é comum a resistência dos
estudantes à leitura de textos selecionados pelo professor, seja este texto
contemporâneo ou um clássico da literatura. E com o intuito de preparar os
estudantes para a fruição do texto, antes de iniciar a leitura dos contos selecionados,
teceram-se considerações a respeito do caráter artístico e humanizado da literatura,
uma vez que são constantes os questionamentos em torno das razões para ler
obras e conhecer as estéticas literárias que o Ensino Médio oferece aos seus
alunos.
Ao aplicar a leitura dos contos “O sapateiro e a força Maligna”, “Médico
Fantasma” e ainda “Recado de um fantasma” fez-se um breve comentário sobre o
fantástico e o terror na literatura a importância do autor em questão no que se diz a
respeito às narrativas policiais e de suspense. Para incentivar a leitura proposta pelo
professor. Na busca de desafiar os estudantes o professor verificou-se uma reação
muita fria dos, diante daquilo que foi comentado, a qual a preocupação por parte do
professor aumentou consideravelmente e também ver as reações dos fatos narrados
no conto, a leitura foi realizada oralmente, comentada pelo professor, e em seguida
o professor deixou-os à vontade para debater e discutir o texto apresentado,
garantindo assim a compreensão do texto.
A maioria dos estudantes envolveu-se surpresa pelos fatos estranhos
narrados pelos personagens, formaram pequenos grupos para discussão dos
mesmos e das questões que giravam em torno dos personagens.
Os três textos possibilitaram uma gama de expectativas para que eles
mesmos desenvolvessem outras perguntas em relação aos textos. Alguns
elementos foram ressaltados, como terror, mórbido, grotesco e sobrenatural.
Comentou-se a simbologia representada em um dos textos, apresentados aos
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alunos sobre contos fantásticos e maravilhosos em que o professor fez-se
necessário trazer o texto para a atualidade, ou seja, um mundo contemporâneo a
qual estamos vivendo.
Partindo do fantástico e do terror, traduzidos pela morbidez e pelo macabro,
bem como pelo sobrenatural as discussões acirraram em torno das diferenciações
na oralidade de cada região. Citaram também a cultura gótica dando exemplos de
alguns colegas se vestirem somente de preto e de fazerem regras sobre as atitudes.
Alguns acreditavam que gostavam das coisas sobrenaturais e de contos que falam
sobre a morte, e outros fatos acontecidos sobre essa literatura, outros ficavam na
dúvida, pela maneira de expor suas discussões góticas, outros ficaram alheios aos
fatos ficando meio recluso não acreditando naquilo em que estavam comentando.
Foi quando um aluno citou também a preocupação de chegar a algum lugar
abandonado, como cemitério ou algum lugar ermo dizendo ele, que passa diversos
filmes em sua cabeça, amedrontado-o, ele sai imediatamente angustiado desses
lugares abandonados provando ai que a leitura fantástica irá proporcionar um
conhecimento educacionais solucionando assim suas fobias. Foi aí que uma aluna
citou grandes nomes da segunda geração romântica lembrando das aulas em que
foi exposta como trabalho apresentado em sala citando autores como: Álvares de
Azevedo, Augusto dos Anjos, Lord Byron. Citaram ainda Edgar Allan Poe,
questionando se ele também fazia parte deste seleto grupo. Então o professor teve
que argumentar e falar sobre as características de Poe, que era um escritor com
uma presença grande na cultura gótica com adaptação a literatura de terror.
Através destes encontros entre a literatura fantástica e a cultura gótica os
estudantes foram estimulados a ler também contos de autores brasileiros como:
Machado de Assis, Lygia Fagundes Telles, e também Álvares de Azevedo etc. A
proposta se deu através de convites e estímulos de notas, para ver se realmente,
eles tinham interesse em aproveitar esta liberdade pedagógica que o professor
estava proporcionando aos estudantes das séries em questão.
Também ficou estabelecido, que o trabalho fosse através de contos
fantásticos e que eles trariam com algumas perguntas, para que pudéssemos trocar
os questionários para serem respondidos. Foram em torno de 30%, que fizeram isto
provocando uma discussão muito grande em sala, e assim, despertando curiosidade
nos demais, principalmente daqueles que não fizeram.
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À medida que os estudantes avançavam no relato dos acontecimentos numa
espécie de contação de histórias atuais, começaram a contar fatos ocorridos na
cidade e na vida cotidiana, trazendo consigo diversas histórias, como vivência de
mundo, os que nada leram demonstravam interesse e participavam das discussões
propostas em torno do conto. Entre os pontos discutidos, destacam-se: as questões
da produção didático-pedagógica, as quais enfocam os indícios que, no transcorrer
da narrativa, dão sentido à trama, embora o conto apresente um desfecho
surpreendente. Nesse ponto, os estudantes foram orientados a observar a maneira
como é na construção e como eles articulam o texto, de tal forma que enredam o
leitor, este também é conduzido pelo personagem, logo, a surpresa ocorre no
desfecho final.
Para isso, houve um estranhamento quanto ao desfecho, já que pedi para
alguns darem continuidade na parte de conflito, outros na parte do desfecho, que se
abre para várias possibilidades de conclusão, levando muitos alunos a acreditarem
que não haviam entendido muito o conto. Passou-se então a importância do leitor na
interação com o texto e na produção de sentidos do mesmo, conferindo a quem lê
um papel significativo no ato da leitura. Nesse momento foram levantadas várias
hipóteses e sugestões para o encerramento do conto, atividades que envolveram de
maneira entusiástica a totalidade da turma.
Ressalta-se, que esse foi certamente o fator decisivo para que as atividades
de leitura, comentários, resoluções das questões propostas, discussões sobre os
temas que permeiam as obras dos contistas, em especial aos temas do conto lido, a
percepção das estratégias do autor para criar um clima de suspense e mistério –
envolvessem os alunos a ponto de superarem as barreiras do tempo no tocante da
linguagem. Tanto na contextualização como na análise textual na construção e
produção textual a que foi pedido a cada um deles, seja na introdução, ou no
desenvolvimento e ainda o final do texto.
Aproveitando-se da menção da série “Crepúsculo”, em seu lançamento na
TV foi comentado este tipo de narrativa como fantástica, em que foi aberta pelos
alunos e sugerida pelo professor que assistissem e tomassem conhecimento das
características do filme.
Nesta proposta sugerida pelo professor e do interesse nos estudantes, volta-
se a comentar o que fora dito antes sobre as obras românticas associando alguns
elementos presentes como nas narrativas e no best seller, como a visão romântica
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da figura feminina, a idealização do amor e a presença do herói. Destacou-se sobre
a recepção do filme da série “O crepúsculo” entre o público adolescente atual, bem
como, considerou os alunos a recepção das obras românticas pelo público do
século. Em relação ao sentimentalismo tão característico da estética romântica, fez–
se referência a Gonçalves Dias – poeta que valorizou o sentimento amoroso em
grande parte de sua obra.
Como sugestão de leitura, uma aluna apresentou-se um novo gênero, que
disse por acaso viu em uma revista que tem se destacado nos últimos anos – a
metaficção historiográfica Ana Miranda, um dos grandes expoentes desse gênero no
Brasil, mescla historia literária e ficção ao recriar a vida de escritores consagrados
pela tradição como Gonçalves Dias e Augusto dos Anjos.
Ainda em busca da atualização da literatura romântica, citou também Castro
Alves fez-se alusão à poesia abolicionista de Castro Alves, associada às literaturas
afro-brasileiras. Pela leitura apresentada constatou-se, que a literatura do período
romântico, traz uma gama de diálogos com a literatura, a cultura e outras formas de
chegar a uma linguagem contemporânea. Há necessidade de articulá-las de uma
maneira que o estudante encontre sentido no texto que lê, ainda que haja um
período de séculos, em meio à obra e o leitor.
Para encerrar os trabalhos apresentados em relação aos colegas em que foi
apresentado ao grupo do GTR, os professores ficaram entusiasmados com aquilo
que o professor tutor propôs, admitiram sim, uma dificuldade apresentada para
leitura, mas com criatividade e mais participações de colegas, usando a
interdisciplinaridade uma forma de obter êxito nos trabalhos futuros dos estudantes a
fim de proporcionar uma sociedade coesa e crítica, superando às expectativas
atuais, na busca de construção de ideais para a formação de bons leitores para um
futuro promissor.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para formarmos leitores de textos literários certamente um dos meios, senão
o maior de todos, é trabalharmos literatura na Escola. Isso constitui um desafio para
o professor, em especial no Ensino Médio, visto que muito estudante não tem o
hábito, nem a regularidade de leitura no ensino básico, fundamental e também no
ensino médio. Assim atestam os resultados obtidos na coleta de dados ao iniciar a
implementação do projeto na qual os estudantes, em sua maioria, assumem a
postura de não leitores.
Diante dos dados iniciais, dos quais se tem conhecimento pela experiência
que o professor tem com estudante de Ensino Médio, pensou-se numa abordagem
da literatura que tomasse o texto como objeto de estudo e o analisasse em suas
múltiplas dimensões que podem ser estabelecidos com a busca de intertextos, de
formas de linguagem ou expressões culturais. Assim, os encaminhamentos
metodológicos do projeto aprofundam para uma multiplicidade de textos – sejam
eles canônicos ou contemporâneos – e outras formas de expressão literária.
Numa perspectiva dialógica, o contato com o texto literário, impresso ou por outros suportes, torna-se mais significativo à medida que o leitor sai em busca da relação de sentidos na diversidade de conhecimentos (MARTINS,
2009, p 20).
Todavia, nessa interação com o texto que ocorre entre a obra e leitor, o
estudante encontra sentido naquilo que lê, com a mediação do professor, para
garantir assim, uma leitura mais compreensiva. Isso leva a formação de um leitor
autônomo e crítico daquilo que ele lê. Daí Torna-se papel do professor ser aliado do
aluno. É preciso aliar o texto literário a outras linguagens, proporcionando um
diálogo com outros textos ou trazendo mais conhecimentos culturais para a sala de
aula, ampliando o repertório de leitura dos alunos, oferecendo assim garantias de
novos conhecimentos literários e trazendo maiores experiências, que podem ser
avaliados em novas situações de leitura.
Enfim, as observações e anotações do professor PDE foram decisivas no
encaminhamento das leituras durante o processo de implementação, pois
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possibilitaram reflexões em torno dos referenciais teóricos que valeram e
proporcionaram assim, a recepção dos textos e das atividades. In loco, verificou-se a
resistência à leitura analisada em grande parte dos alunos, isso no inicio da
implementação do projeto, aos poucos as participações foram melhorando, com
envolvimento mais ativo, conforme as propostas de leituras eram propostas em sala,
revelando, de certa forma que é possível um novo olhar no horizonte; desde que
sejam estimulados a praticar o hábito da leitura.
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REFERENCIAS
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ANDRADE, Mario de. O empalhador de passarinhos. 3. Ed. São Paulo: Martins 1972. p.5.
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BOSI, Alfredo (org.) O conto brasileiro contemporâneo. 3. Ed. São Paulo: Cultrix, 1995.
BRANDÃO, Helena Nagamine. Escrita, leitura, dialogicidade, In: BRAIT, Beth (org.). Bakhtin, dialogismo e construção do sentido. Campinas: Ed. Unicamp, 1997. p. 281- 288.
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