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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃODEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDEUNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
ARTIGO
IMPACTOS SOCIAIS GERADOS PELA MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA NO
MUNICÍPIO DE JAPURÁ-PARANÁ
MARINGÁ
2010/2011
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IMPACTOS SOCIAIS GERADOS PELA MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA NO MUNICÍPIO DE JAPURÁ-PARANÁ
Autora: Aparecida de Fátima Pelosi1 Orientador: Dr. Elpídio Serra2
Resumo
Este artigo tem como objetivo contribuir para a problematização das principais transformações que perpassam o meio rural, sobretudo, frente à modernização tecnológica da agricultura e que refletem processos sociais na sociedade contemporânea, mais especificamente no Município de Japurá. A proposta de intervenção foi desenvolvida na Escola Estadual Emílio de Menezes de Japurá – Paraná com os alunos da 6ª série do Ensino Fundamental. Os passos para o desenvolvimento da pesquisa envolveram estratégias por meio de observações, explicitação oral seguida de roda de conversa, recursos audiovisuais, como vídeos, fotografias, slides, desenhos, ilustrações, debates, trabalhos em grupos, para a problematização do conteúdo proposto. O trabalho desenvolvido permitiu elencar uma série de elementos que influenciaram as transformações do espaço geográfico no município, sobretudo, a partir da crise do café, com a modernização da agricultura a partir da década de 1970. As ações implementadas foram relevantes para situar/repensar os impactos sociais gerados pela modernização da agricultura no município de Japurá, levando os alunos ao reconhecimento do espaço geográfico, norteando os seus saberes em relação à forma de viver e conviver numa dada cultura. O estudo contribuiu para desenvolver um olhar indagador frente à realidade, buscando explicações e informações para mediar a construção de novos conhecimentos.
Palavras-chave: Modernização da agricultura. Espaço rural. Município de Japurá.
1 Introdução
A preocupação com a contextualização dos estudos relacionados aos
espaços geográficos foi discutida no desenvolvimento das atividades junto aos
alunos da 6ª série do Ensino Fundamental da Escola Estadual Emílio de Menezes
de Japurá, como resultado da pesquisa desenvolvida no Programa de
1Graduada em Geografia. Professora da Rede Pública Estadual Ensino do Estado do Paraná.2 Professor Vinculado ao Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Maringá UEM
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Desenvolvimento Educacional, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná
(PDE/PR), considerando os impactos sociais gerados pela modernização da
agricultura no espaço rural do Município de Japurá.
A motivação para o estudo considerou que grande parte dos alunos da
Escola Estadual Emílio de Menezes apresentam vínculos significativos com o
espaço rural. Assim sendo, o tema em estudo é pertinente para a referida instituição,
justificando-se, sobretudo, em razão de envolver os alunos em uma pesquisa
relacionada às características do município, sendo um tema que faz parte de sua
realidade.
As ações implementadas junto aos alunos consideram os impactos sociais
gerados pela modernização da agricultura no município como tema de estudo. O
reconhecimento do espaço geográfico como instrumento para que os sujeitos
possam se estabelecer em determinado lugar, norteia a forma de viver e conviver
numa dada cultura. A partir desse entendimento, elencamos uma série de elementos
que influenciam as transformações do espaço geográfico, o surgimento de desafios,
problemas ambientais e alterações na conjuntura urbana e rural.
As Diretrizes Curriculares para a Educação Básica (DCEs) – Paraná (2008)
propõem tratar este conteúdo em suas relações entre espaço (temporais), e com a
sociedade (natureza), como campos conceituais de referência. Para a formação de
um aluno consciente das relações socioespaciais de seu tempo é necessário
assumir o quadro conceitual das teorias críticas de disciplina de Geografia com a
incorporação dos conflitos e as contradições sociais, econômica, culturais e
políticas, constitutivas de um determinado espaço.
No entendimento de Ferreira (2011), o processo de modernização da
agricultura transformou o espaço geográfico exigindo a inclusão de padrões
tecnológicos inovadores no espaço rural, rompendo com as práticas tradicionais de
cultivo agrícola. A partir da crise do café a modernização transformou o cenário
tradicional trazendo consequências sociais com o esvaziamento do campo.
A considerar que cada conceito é constituído em diferentes momentos
históricos em razão das transformações sociais, políticas e econômicas que definem
e redefinem maneiras e ritmos de produzir e organizar o espaço, é fundamental que
sejam explicitados os conteúdos necessários para gerar reflexões aprofundadas a
respeito do assunto que se pretende abordar em Geografia.
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Portanto, ao trabalhar com os impactos sociais gerados pela modernização
da agricultura no município o que se pretendeu foi que os alunos desenvolvessem
um olhar indagador frente à realidade, buscando explicações e informações que os
auxiliem na construção de novos conhecimentos.
Assim pensando, a proposta buscou contribuir para problematizar as
principais transformações que perpassam o meio rural, sobretudo, frente à
modernização tecnológica da agricultura e que refletem processos sociais na
sociedade contemporânea, mais especificamente no Município de Japurá.
2 O Processo de Modernização da Agricultura
As transformações do espaço geográfico brasileiro estão atreladas, segundo
Almeida e Rigolin (2005), ao movimento de migração de pessoas em decorrência de
sua mobilização de uma área para outra, sobretudo, frente ao processo de
mecanização das lavouras, provocando o êxodo rural desde a metade do século.
No Brasil, o processo de modernização da agricultura teve início na década
de 1950 em razão do avanço no processo de importação dos meios de produção
mais atualizados. Segundo Teixeira (2005) foi na década de 1960 que esse
processo foi consolidado com a implantação de um campo industrial no Brasil
voltado para a produção de equipamentos e insumos para a agricultura.
Dados do Projeto Araribá (2008, p. 171) revelam que o espaço rural
brasileiro tem passado por modificações, sobretudo, em razão do processo de
modernização que utilizado técnicas, máquinas e equipamentos modernizados, “[...]
assim, encontramos no nosso país paisagens rurais agrícolas distintas em função
entre outros elementos, das técnicas e da tecnologia”.
Ferreira (2001) comenta que a partir da segunda metade do século XX,
especialmente, a partir da década de 60, o espaço agrário brasileiro sofreu
modificações com a entrada do país do processo tecnológico. Com isso, a produção
agrícola aderiu às inovações com a entrada dos processos industriais ao campo.
Essa entrada da tecnologia no campo foi intitulada a Revolução Verde “cujas
principais características eram a mecanização e tecnificação dos meios de produção
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com a utilização de tecnologias poupadoras de mão-de-obra, como maquinários
especializados e uso de agroquímicos (fertilizantes)’ (2001, p. 1).
Por modernização da agricultura entendem-se as transformações na forma
de produção agrícola por meio de substituição das técnicas agrícolas tradicionais por
técnicas modernas. Por exemplo, a enxada pelo arado, o animal pelo trator, o
esterco orgânico ou estrume por adubo químico, etc. Segundo Fleischfresser (1988),
basicamente nos anos 70 houve motivos para alterações expressivas na base
produtiva da agricultura, mudando radicalmente o movimento que marcou a trajetória
da população rural nas três décadas anteriores, pois:
Houve um significativo uso de força mecânica entre os estabelecimentos rurais no Estado paranaense, que passa de 3% em 1970 para 44% em 1980, atingindo participação próxima à dos estabelecimentos com força animal (56%) no final da década. Esse grande incremento na adoção de máquinas, verificado entre 1970 e 1975, pode ser creditado às políticas agrícolas, que nesse período, o do “milagre”, foram sensivelmente estimulante ao setor, situação que se modera após essa fase, com o agravamento da crise econômica nacional (FLEISCHFRESSER, 1988, p.27-28).
Poucas notícias existem a respeito de acontecimentos processados de
forma tão rápida como no Paraná, especialmente, na região norte e de efeitos tão
surpreendentes que lhe sejam similares. A determinação dos fatores para verificar
as verdadeiras causas desse fenômeno ímpar na história do país, não é uma tarefa
fácil, pois ele foi resultante da conjugação de vários mecanismos, dentre os quais
podem ser destacados: a qualidade das terras, a situação da economia nacional no
contexto internacional, depois da crise de 1929, a revolução da cafeicultura paulista
nesse período e, talvez de modo especial, o surto de industrialização de São Paulo,
a partir da década de trinta (PADIS, 1981).
Os fenômenos de natureza econômica segundo Padis (1981) assumem
importância considerável, uma vez que a ocupação da parte norte do território
paranaense tem uma história em grande parte comum à da evolução da cafeicultura,
não obstante o roteiro seguido pelo café desde a sua fixação na baixada fluminense
ter sido condicionado pelas condições físicas do terreno. Não está fora de propósito,
portanto, buscar eu uma combinação a chave para a delimitação do que
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convencionou chamar do norte do Paraná, assim como, a explicação da rapidez com
que se deu a ocupação dessa parte do território nacional.
Mais especificamente, no estado do Paraná, a intensificação da
modernização da agricultura contribuiu para as mudanças nas relações sociais de
produção, a expropriação de pequenos proprietários ou parceiros, bem como a
intensificação do uso de serviços de trabalhadores autônomos (bóia-fria) ou trabalho
assalariado foram as novas configurações na organização e modernização da
produção agrícola A política de modernização, cujo elemento central é o crédito
subsidiado, teve importantes efeitos na tecnificação agrícola.
Entre 1940 e 1970, a população rural cresceu a altas taxas, apresentando um saldo migratório positivo de aproximadamente 2.800 mil habitantes. Em apenas uma década, 1970-1980, o saldo migratório foi negativo em cerca de 2.600 mil pessoas. A população excedente dos cafezais localizados no Norte do Paraná se deslocava em direção as ainda existentes fronteiras agrícolas no Estado. Entretanto, nos anos 70, quando gradativamente se esgota a fronteira agrícola, concomitante ao processo de intensificação no uso da moderna tecnologia e a substituição de culturas, agora não mais somente o café, mas também alimentares como a soja e pecuária, verifica-se uma notável evasão da população residente no meio rural (FLEISCHFRESSER, 1988, p. 21).
O movimento de redução da população rural no Paraná surpreendeu,
sobretudo, em razão da redução do espaço de tempo em que se verificaram tais
mudanças. Por ocorrer tão profunda alteração nos aspectos demográficos do meio
rural paranaense foi necessário que as alterações sócio-econômicas que a
determinaram fossem igualmente profundas. As maiores alterações ocorreram na
base técnica produtiva, relações de produções, força de trabalho e estrutura
fundiária.
Com o processo de mecanização da agricultura paranaense ao longo da
década de 1970 observou-se o crescimento significativo do consumo de fertilizantes
e defensivos químicos, bem como a utilização de tratores, embora esses elementos
tivessem se concentrado preferencialmente nos maiores estabelecimentos
agropecuários (KAGEYAMA; SILVA, 1983). Assim sendo, a partir da desta década,
a agricultura se transformou em seus componentes estruturais, evidenciando-se
neste contexto o processo de modernização que se aprofundou, modificando o
panorama físico e socioeconômico no Brasil que concorreu para a redução
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expressiva do quadro de trabalhadores atuantes na produção agropecuária,
acelerando o êxodo rural paranaense que já no início da década citada.
[...] a possibilidade de expandir a produção agropecuária de forma extensiva – via incorporação de terras devolutas, seja por compra ou ocupação – se mostra praticamente esgotada, pois 74% da superfície territorial se encontra ocupada pelos estabelecimentos rurais. Considerando que existem áreas urbanas, cobertas por água (rios e lagos), ou estradas, o percentual de ocupação assume outra magnitude, e permite deduzir a não possibilidade de se repetir o ocorrido da década de 60, quando a expansão da produção ocorreu principalmente via incorporação de áreas virgens, tanto pela agricultura mercantil como pela de subsistência. Desse modo, a partir do momento em que o Estado mobiliza uma série de instrumentos de política econômica, no sentido de estimular o consumo dos insumos industriais, garantindo certa rentabilidade ao setor agrícola (via crédito subsidiado e preços mínimos compensadores), os proprietários fundiários se voltam para uma ocupação mais intensiva e mercantil da terra (FLEISCHFRESSER, 1988, p. 28- 29).
Com base nisso, até o final da década de 1970 ocorreram mudanças
significativas na estrutura de comercialização varejista de alimentos, aproximando o
produtor agrícola do consumidor final. Foram substituídas parcialmente as pequenas
estruturas varejistas de comércio que pulverizam o mercado de alimentos
(mercearias, empórios, etc.), cedendo importância relativa às grandes unidades
varejistas (supermercados e hipermercados) que:
[...] atuaram no sentido de encurtar o número de agentes intermediários no processo de distribuição dos produtos agrícolas, criando, inclusive, estruturas comerciais integradas com a produção: alguns hipermercados contratam diretamente com os produtores o fornecimento exclusivo de produtos agrícolas (SILVA, 1998, p. 154-153).
Atualmente, a maior parte do abastecimento de alimentos da população dos
grandes centros urbanos é realizada pelos supermercados e hipermercados. Silva
(1998) comenta que no início, essas unidades varejistas representavam privilégio
das classes médias e altas que, no entanto, passaram cada vez mais a conviver em
suas compras com os trabalhadores das classes de renda mais baixa. Assim, até o
final da década de 70, o peso da intermediação comercial foi um importante fator de
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encarecimento relativo dos produtos agrícolas alimentares e uma das razões à qual
se atribuía o problema da fome.
A tendência a homogeneização espacial da tecnologia e o aprofundamento das diferenças sócio-econômicas entre os produtores estão relacionados, em última instância, às características do próprio desenvolvimento do capitalismo no Brasil, em especial, ao atingir seu setor agrícola. Isso porque, o modelo tecnológico introduzido na agricultura brasileira na década de 70 e, por conseguinte, na paranaense, tem como uma de suas características centrais ser excludente em relação a determinados tipos de produtores (FLEISCHFRESSER, 1988, p.23).
As transformações ocorridas no Paraná foram sentidas, particularmente, na
região Noroeste do Paraná, também impulsionadas pelo avanço de máquinas,
equipamentos, sementes selecionadas, crédito abundante, entre outros, sobretudo
para a produção de soja e trigo. A economia agrícola do Noroeste do Paraná foi
alterada. Isso propiciou novas formas de estruturação da produção e
comercialização, refletindo na pauta dos produtos de exportação, na agroindústria,
comércio, emprego, entre outros (FLEISCHFRESSER, 1988).
A partir dos anos 80 houve uma intensificação da perda do poder aquisitivo
dos salários. Esse fator contribuir para o aumento da fome, difundindo-se no país a
percepção de que havia conseguido equacionar a questão da insuficiência da
capacidade produtiva da agricultura em fornecer alimentos. “Mesmo com a crise
econômica por que passou a economia brasileira ao longo dos anos 80, o setor que
melhor respondeu em termos de produção foi o agropecuário” (SILVA, 1998, p. 153).
O processo de modernização, na perspectiva da consolidação do
capitalismo no campo conforme Serra (1983, p. 53) “[...] produziu resultados
altamente positivos, tanto no Paraná como nas demais regiões brasileiras onde foi
implantado. Sob a ótica dos impactos sociais que gerou, no entanto, os resultados
foram adversos. Para este autor, o trabalhador rural foi a classe que mais sofreu
impacto negativo em razão das transformações acionadas pela estrutura agrária
paranaense ao lado do pequeno produtor rural familiar independente.
[...] já em fase adiantada em outros estados, dentro de seu espaço agrário interno algumas regiões também vão inovar na esteira de outras. Ou seja: o
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mesmo tempo e com a mesma velocidade todas as regiões agrícolas. As desigualdades tecnológicas vão estar diretamente ligadas, em primeiro lugar às condições naturais, caso do clima e do relevo, e ao processo histórico em que se deu a ocupação pioneira e, em segundo lugar, à dinâmica política e econômica e à estrutura fundiária que vão caracterizar os compartimentos regionais, tornando-os mais ou menos suscetíveis às inovações (SERRA, 1983, p. 51).
Afirma o autor supracitado, que a ocupação do norte do Paraná deu-se,
inicialmente de forma lenta e através de iniciativas oficiais, mas a partir da segunda
metade da década de 1920, passou a acontecer de maneira sistematizada e
bastante rápida.
3 O Caminho Metodológico
A proposta de intervenção foi desenvolvida na Escola Estadual Emílio de
Menezes de Japurá com os alunos da 6ª série do Ensino Fundamental. Os passos
para o desenvolvimento da pesquisa envolveram estratégias por meio de
observações, roda de conversa, recursos audiovisuais, como vídeos, fotografias,
slides, desenhos, ilustrações debates, trabalhos em grupos, para a problematização
do conteúdo proposto.
Para conhecer o histórico do Município de Japurá; os alunos fizeram
pesquisas na internet e livros sob a orientação contínua da professora pesquisadora,
que mediou todas as ações explicitando os conteúdos quando necessário.
Para uma roda de conversa (debates) optamos por convidar um pioneiro da
cidade (trabalhador rural). Nesse momento, os alunos fizeram questionamentos, e
debateram as suas dúvidas, com uma preparação prévia das questões pelo
professor.
Foram utilizados recursos audiovisuais, como vídeos, fotografias, slides,
desenhos, ilustrações para trabalhar a formação de conceitos geográficos,
diferenciando a paisagem do espaço, desenvolvendo os conceitos de região,
território e lugar, tendo o município de Japurá como objeto de estudo;
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A cartografia foi um recurso valioso que possibilitou a localização do Brasil,
Estado do Paraná e do Município de Japurá no mapa, servindo de instrumentos para
interpretar e problematizar as questões levantadas.
Também, foram realizadas atividades em grupo para promover a interação
entre os pares, viabilizando o diálogo, o debate, a troca de ideias e a
problematização do conteúdo proposto, rompendo com o ensino baseado na
exposição de conteúdo pelo professor.
As estratégias serviram de instrumentos para a organização da unidade
didática e como recurso norteador para o desenvolvimento da prática de intervenção
e construção deste artigo.
4 A Proposta de Implementação na Escola
4.1 O Município de Japurá
A preservação da memória sempre foi um desafio para os educadores
comprometidos com a disseminação e construção do conhecimento histórico.
Segundo Nogueira (2001), a história local costuma ser marginalizada. Entre
outras coisas faltam “[...] vontade política e conscientização da sociedade civil quan-
to à importância de resgatar a herança histórico-cultural de uma comunidade, peça
fundamental para a construção da história da nação”. A escola, a que foi incumbida
a tarefa de formar o cidadão, algumas vezes negligencia que a cidadania começa a
partir da valorização do regional para então remeter ao nacional. A valorização da
memória do município favorece o surgimento de um espírito crítico e comprometido
com o bem comum.
Assim pensando, inicialmente foi feito um estudo do histórico do Município
de Japurá As atividades desenvolvidas objetivaram nortear os estudos sobre a histó-
ria do município, através do desenvolvimento de uma proposta que partiu do conhe-
cimento da importância das fontes históricas para a escrita da história de uma locali-
dade.
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Após as considerações iniciais sobre a importância de conhecer o passado
do município, sugerimos um roteiro de atividades desenvolvido para estudar a histó-
ria local. Primeiramente, os alunos realizaram a leitura do texto “Ocupação do Muni-
cípio de Japurá para a compreensão do percurso histórico que caracteriza Japurá.
Dentre outros aspectos foi comentado que Japurá é um município brasileiro
do Estado do Paraná, com uma população estimada em 2004 de 7.570 habitantes.
Na década de 20 (1920) todo o estado do Paraná era uma região de difícil acesso e
as matas recobriam praticamente toda a região norte do estado. Os pioneiros derru-
baram as matas e muitos trabalharam na construção da estrada de ferro
"Ourinhos/Cambará", obra da então Companhia Ferroviária São Paulo/Paraná.
Com o intuito de desbravar novas terras para o plantio de café, fazendeiros
paulistas e mineiros deram início, no princípio do século, à colonização do Norte do
Paraná, na região hoje denominada Norte Velho. A empresa colonizadora britânica,
Paraná Plantations Company, através de sua subsidiária, Companhia de Terras
Norte do Paraná, adquiriu do Governo do Estado e de diversos posseiros uma gleba
de 515.000 alqueires, que veio a se constituir no Norte Velho e no Norte Novo do
Paraná. Em 1929, com o arrendamento da estrada de ferro no trecho Ourinhos-
Cambará, esta rede estendeu-se em direção às suas terras atingindo o Rio Tibagi.
Foi explicado que em decorrência da deflagração da Segunda Guerra
Mundial em 1939, um grupo brasileiro adquiriu dos ingleses a Companhia de Terras,
que passou a ser denominada Companhia Melhoramentos Norte do Paraná,
somando sob essa nova estrutura, mais 30.000 alqueires das terras existentes,
região que foi denominada "Norte Novíssimo". Japurá tem 162,08 quilômetros
quadrados de área total do Município, e confronta-se: "ao Norte com São Carlos do
Ivaí, ao Sul com São Tomé, ao Leste com São Carlos do Ivaí e a Oeste com
Indianópolis". Está linha do Trópico de Capricórnio, à Noroeste do estado do Paraná,
zona fisiográfica do Ivaí.
Após a leitura e discussões sobre o texto, os alunos responderam a algumas
questões: Como foram realizadas as primeiras derrubadas? Qual a Companhia que
colonizou o município? Falem sobre a localização de Japurá.
Os alunos responderam às questões em duplas, sempre com o olhar atento
da professora que esclareceu as possíveis dúvidas. Na sequência, o professor
apresentou os mapas do Estado Paraná e do Brasil para discutir a localização do
Município de Japurá.
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Na oportunidade, o professor explicou que o crescimento urbano do
município de Japurá sofreu transformações durante anos, sobretudo, em razão dos
problemas enfrentados pelos agricultores na zona rural, tais como: as geadas
frequentes, a desvalorização do preço do café e, sobretudo, em razão das novas
culturas (soja, milho) com a mecanização da agricultura. Em grupos os alunos se
manifestaram por escrito a respeito do assunto, conforme registro abaixo:
As máquinas foram criadas para aumentar a produção e o lucro. A crise do café fez com que eles mudassem as técnicas agrícolas. Com a crise do café muitas pessoas do campo foram para outros lugares à procura de emprego, e isso aconteceu em Japurá. Na época iniciou o uso das máquinas na agricultura para novos cultivos que era o café e passou a ser cultivado milho, soja para abastecer indústrias, atualmente a uma grande diversidade em Japurá. Produz café (pouco), milho, soja, cana, mandioca e criação de gado. Também se destaca a avicultura com vários barracões de frango. (Grupo 1).
Aprendemos muitas coisas sobre a agricultura, como a crise do café, que fez muita gente ir para outras cidades. Isso contribuiu para diminuir a população. As geadas fizeram com que as pessoas abandonassem o cultivo de café passando para outros cultivos. Isso aconteceu no Paraná e em outras regiões do Brasil. A cidade de Japurá também sofreu com tudo isso. Hoje a cidade produz de tudo: avicultura com vários barracões de frango, milho, soja, cana, mandioca e criação de gado. O café ainda é produzido em pouca quantidade (Grupo 2).
Posteriormente, foram levantadas discussões acerca das características
relativas ao solo, clima, vegetação e relevo, por meio de um levantamento nos sites
da internet e outros materiais que versam sobre a realidade do Município. Deste
modo, os alunos organizaram suas ideias e aprenderam mediante debates,
desenhos e frases. A pesquisa é sempre uma forma de “criar” um novo
conhecimento.
Para facilitar o processo da pesquisa os alunos foram divididos em cinco
grupos para pesquisar sobre a área, o solo, a vegetação, o clima e o relevo. Os
resultados dos grupos foram apresentados à classe e envolveu a todos. O trabalho
em duplas foi especialmente enriquecedor, levando os alunos a debater, comparar
os seus pontos de vista e chegar a uma conclusão. Assim sendo, cada dupla foi um
porta-voz escolhido pelos colegas do grupo para apresentar à turma a pesquisa
realizada. Algumas frases ilustram uma das atividades realizadas.
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O solo é um recurso natural e precisa ser utilizado como patrimônio da vida das pessoas (Dupla 1).
Sem o solo e água a vida na terra seria impossível. Também é preciso conservar tudo para ser possível a sobrevivência na terra, mas os homens estão destruindo muita coisa e não estão preservando e até o clima está mudando (Dupla 2).
O solo é muito importante para a vida das pessoas, aqui em Japurá como o solo era muito bom produzia muito café e foi por isto que o nosso município foi colonizado (Dupla 3).
Muitas coisas precisam ser feitas para proteger o solo, prevenindo-o dos efeitos danosos da erosão, a conservação da água, do clima, para não falta alimento para nós (Dupla 4).
Após a apresentação, os dados da pesquisa foram registrados em papel
manilha, com a criatividade de cada grupo para exposição no mural da escola.
Assim, a compreensão acerca dos impactos sociais gerados pela modernização da
agricultura no município de Japurá constitui-se num fator relevante para que os
alunos possam contextualizar o município no contexto das transformações advindas
desse processo.
4.2 Entrevistando os Pioneiros
Para o desenvolvimento desta atividade, o professor fez um convite a alguns
pioneiros do Município de Japurá para comparecerem à escola em data e hora
marcadas para um diálogo “roda de conversa”. Na oportunidade, os alunos foram
divididos em grupos de quatro alunos para facilitar o desenvolvimento das atividades
e possibilitar que todos se envolvessem na conversa.
Cada grupo se responsabilizou por uma tarefa que foi delineada pela
professora com a participação dos grupos que foram instruídos a opinar quanto à
sua tarefa. Por exemplo, um aluno foi encarregado de apresentar o grupo; outro para
conduzir a entrevista; outro para registrar os dados; outro para agradecer o pioneiro
em relação à sua presença, entre outros dados importantes.
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As atribuições das tarefas foram rotativas. Essa estratégia permitiu que cada
aluno(a) assumisse diferentes papeis. Os alunos(as) fizeram uma entrevista com o
(os) pioneiros(os) presentes a partir de algumas questões que nortearam o trabalho:
Quando chegaram a Japurá? Por que vieram? Como era a cidade de Japurá quando
chegaram? Que produtos cultivaram na agricultura? Que meios de transporte
utilizavam? Como era o comércio? Como era a infraestrutura da cidade? Quais os
instrumentos utilizados para trabalhar na terra? O que mudou nesses anos, quanto
ao cultivo agrícola? Quais as dificuldades encontradas com o processo de
mecanização da agricultura?
Com base nos depoimentos dos pioneiros, de volta à sala de aula, os alunos
fizeram uma síntese das entrevistas, com a elaboração de um texto coletivo que foi
ilustrado no jornal mural da escola. Para minimizar certos problemas, o professor
distribuiu inicialmente as tarefas, dando indicações claras sobre o que os alunos
deveriam produzir. O texto a seguir ilustra a maioria dos textos elaborados em sala
após as entrevistas realizadas:
Os pioneiros começaram a chegar em Japurá em 1959, mas a maioria deles chegou na década de 60, praticamente todos afirmaram que vieram para Japurá para trabalhar na lavoura de café, mas que também produziam arroz, feijão, milho e mandioca, principalmente para o consumo. A casa dos pioneiros era de madeira e a maioria utilizava a carroça e a charrete como meio de transporte. Sobre o comércio da cidade eles afirmaram que o comércio era pouco desenvolvido, tendo poucas vendas e uma farmácia, o que mais existia era mato. Só tinha asfalto na avenida principal da cidade e não existia hospital. A vida não era fácil, em que a maioria das pessoas vivia no campo. Em relação aos utensílios de trabalho daquela época, os pioneiros disseram que não era como hoje, que tem muitas máquinas, o que tinha era arado puxado por animal, enxada, foice, carpideira, tombador e outros, mas o que fica evidente é que os equipamentos utilizados eram todos manuais ou puxados por animais. Falando sobre hoje, os pioneiros disseram que mudou muita coisa do passado para agora, porque hoje tem muitos equipamentos modernos que facilitaram muito a vida no campo, mas falaram com certa tristeza que com a mecanização o serviço no campo diminuiu e com isso, muitas pessoas tiveram que mudar para a cidade, mesmo sem ter no que trabalhar (TEXTO COLETIVO).
Observamos que na região norte paranaense o processo de modernização
agrícola foi seguido pela substituição intensa de culturas diferenciadas, contribuindo
para alterações demográficas significativas, verificando-se a diminuição do efetivo
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total da população, alterando a vida rural-urbana nas principais cidades do norte do
Paraná.
4.3 Impactos Sociais Gerados pela Modernização Tecnológica da Agricultura
no Espaço Rural
Para discutir sobre os impactos sociais gerados pela modernização
tecnológica da agricultura no espaço rural, inicialmente, o professor apresentou aos
alunos o vídeo intitulado “Brasil: um planeta faminto e a agricultura brasileira”
Também discutiram a problemática apresentada em dois outros vídeos que
tratam da “Mecanização Agrícola” e o “Impacto da Mecanização da Agricultura”.
Após a apresentação dos vídeos, professor e alunos refletiram sobre a problemática
apresentada, a partir de algumas questões norteadoras: Quais os principais
aspectos da mecanização da agricultura? Qual a principal dificuldade do processo
mecânico? Quais as principais facilidades com o advento do processo de
mecanização da agricultura? Quais os principais impactos sociais da mecanização
da agricultura?
As discussões sobre os conteúdos apresentados nos vídeos abriram
caminho para as discussões a partir de um texto apresentado que tratou sobre os
impactos da agricultura. Foi discutido que a produção de alimentos é um dos
maiores desafios do mundo moderno. A agricultura hoje produz alimentos para uma
população estimada em 6,5 bilhões de pessoas em todo o planeta. O crescimento
populacional excessivo tem feito com que o ser humano consuma quase tudo aquilo
que o planeta tem para oferecer. Com uma população tão grande, é quase utópico
imaginarmos uma produção de alimentos suficiente e sem impacto algum. Os
impactos causados pelo ser humano são muitos, mas é possível reduzi-los. O ideal
é que daqui a algum tempo, os nossos estudos e pesquisas consigam descobrir uma
forma e produzir alimentos de forma eficiente e sem impactos no meio-ambiente.
O desmatamento, a erosão, a perda da biodiversidade, esgotamento da água
doce, poluição atmosférica, poluição de águas, a desertificação, destruição dos ma-
nanciais e a geração de resíduos foram citados como geradores de impactos na
agricultura. Existem muitos outros impactos ambientais que a agricultura, assim
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como toda permanência do homem, causa. Conhecendo esses problemas é possí-
vel buscar novas soluções para o futuro. O nosso planeta depende disso
Após as leituras e discussão do texto, os alunos foram divididos em grupo,
para representar através de desenhos, acompanhados de uma frase significativa os
principais impactos sociais advindos do processo de mecanização da agricultura. Os
desenhos foram apresentados aos outros grupos. Na oportunidade, cada equipe
comentou sobre o seu desenho, explicando à classe a sua intenção com a
ilustração.
O professor lembrou aos alunos a necessidade de buscar o crescimento e o
desenvolvimento econômico tão importante para a sociedade. Isto é tão necessário
quanto preservar os seus recursos naturais. Afinal, como constatado, observam-se
que os maiores índices de degradação ambiental para as atividades econômicas,
inicialmente, podem ser satisfatórios, mas, em longo prazo podem apresentar efeitos
decrescentes, podendo contribuir para a redução da renda per capita da população.
Com base no artigo “Modernização da Agricultura no Brasil: Impactos
Econômicos, Sociais e Ambientais” proposto por Teixeira (2005), o professor
levantou mais questões e os alunos fizeram registros dos fatos principais e
discutirem sobre o assunto, conforme ilustrado em um texto coletivo.
A modernização da produção agrícola fez uso intensivo de equipamentos e técnicas, como máquinas e insumos atualizados para permitir maior produção e gerar lucro. A modernização é sinônimo de mecanização e tecnificação da agricultura. A modernização da agricultura tem um modelo capitalista para beneficiar alguns produtos e produtores e isso ajuda na monocultura. Com a modernização ocorreu a industrialização da agricultura que é uma atividade empresarial que abre o mercado de consumo para as indústrias de máquinas e insumos modernos. As novas técnicas e equipamentos modernos fez o produtor depender mais das indústrias do que da natureza, mas isso leva as pessoas a ficar do lados do lucro. Por causa disso muita gente teve que ir embora do campo. Isso não é bom para os pequenos produtores que dependem do cultivo e não tem condições de comprar esses equipamentos mais modernos. A mecanização contribuiu para o desmatamento, para a erosão, para a destruição da biodiversidade, também a água doce que está ficando escassa, como a poluição atmosférica, a poluição das nossas águas, a desertificação e tudo o mais que tem prejudicado o meio ambiente (TEXTO COLETIVO).
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Observou-se que a atividade apresentou um conteúdo interessante para
aproximar os alunos da realidade social frente aos impactos da modernização da
agricultura.
4.4 Caracterização do Processo de Modernização da Agricultura no Município
de Japurá
Para a caracterização do processo de modernização da agricultura do
Município de Japurá, inicialmente, os alunos receberam uma cópia do texto “O
Processo de Mecanização da Agricultura no Município de Japurá”, adaptado do
artigo de Ribeiro e Endlich (2010).
Os alunos refletiram sobre o conteúdo do texto, primeiramente, a partir de
uma leitura em voz alta pelo professor, com o acompanhamento dos alunos. Após a
leitura, os alunos se reuniram em grupo (quatro alunos) para uma leitura coletiva do
texto.
O texto revelou que com a crise do café, juntamente com a modernização da
agricultura na década de 1970, o sistema econômico do Município de Japurá
também entrou em crise, e não apenas o cultivo do café foi afetado, mas também a
cidade. O processo de concentração fundiária e a modernização da agricultura
trouxeram como uma de suas mais expressivas implicações socioespaciais, a saída
do homem do campo. Foi explicado que o processo de migração levou um grande
contingente a buscar oportunidades em outros locais, até mesmo fora do Estado do
Paraná.
Diferentemente da mesorregião3 Noroeste, as mesorregiões Norte Central e
Norte Pioneiro desde a modernização da agricultura vêm se destacando na
produção de grãos. O solo popularmente conhecido como terra roxa dessas áreas,
fruto da decomposição da rocha basáltica, além do relevo suavemente ondulado e
propício à mecanização, foram fatores físico-geográficos fundamentais para a
consolidação do novo modelo econômico fundamentado na soja principalmente, no
trigo e no milho. 3 A mesorregião do Noroeste Paranaense ou norte novissimo é uma das dez mesorregiões do estado brasileiro do Paraná. É formada pela união de 61 municípios agrupados em três microrregi-ões: Cianorte, Paranavaí e Umuarama.
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Nos últimos anos, o cultivo da cana-de-açúcar tem se mostrado favorável
nessa área. O setor agroindustrial canavieiro surge e se expande na região na
medida em que a modernização da agricultura se intensificou. A modernização
agrícola e a crise cafeeira, juntamente com o Programa Nacional do Álcool,
marcaram uma nova fase que inclui a formação e a expansão desse setor
agroindustrial.
Atualmente, o setor canavieiro vem se desenvolvendo em diversos
municípios do Paraná. Como em todas as localidades o Município de Japurá, já
passou por diversas crises econômicas sociais. Uma atenção dada à problemática
desse setor econômico é a questão da mecanização agrícola. Foi explicado que o
cenário econômico predominante nestas cidades são os pequenos comerciantes,
vendas, armazéns, entre ouros, sendo que esses pequenos comércios dependem
em grande parte da renda gerada pelos trabalhadores rurais.
Se o processo da colheita for mecanizado, cidades como estas não terão
condições de manter esse contingente de trabalhadores, uma vez que essas
localidades dificilmente conseguirão ofertar empregos e oportunidades de geração
de renda suficientes.
As áreas utilizadas pelo cultivo da cana-de-açúcar estão direcionadas ao
processo industrial de usinas e destilarias. Como desenvolvimento do setor
sucroalcooleiro, a cana-de-açúcar tornou-se o principal cultivo agrícola de vários
municípios da região. Além da problemática da mão-de-obra e da mecanização
agrícola no corte da cana, também é válido sinalizar os danos sócio- ambientais que
o setor sucroalcooleiro abarca, dentre eles a alta concentração da cana-de-açúcar
nos municípios sinalizados neste trabalho, e a diminuição da produção de alimentos.
A concentração da cana-de-açúcar vem em detrimento da agricultura familiar, e de
culturas destinadas à alimentação humana.
Além disso, a introdução do setor canavieiro em uma determinada área, no
município como (uso dos recursos materiais, na qualidade do ar, do clima, no
suprimento de água, uso e ocupação do solo) vem causando diversos impactos
ambientais que merecem ser considerados ao tratar dessa atividade no ramo do
agronegócio brasileiro.
Algumas tendências que se esboçam na região Noroeste do Paraná com o
avanço do setor sucroalcooleiro: a crescente inclusão de áreas no processo de
produção que poderão comprometer outros cultivos e gerar conflitos entre os
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capitalistas do agronegócio da região. Além disso, junto com essa economia
chegaram também as polêmicas em relação à condição e instabilidade deste
segmento para com os trabalhadores, ainda mais quando essa atividade vem se
concentrando em alguns municípios. Isso acaba aumentando o vínculo da
população dessas pequenas cidades com este setor.
Dentre outras preocupações que o desenvolvimento econômico desse setor
trouxe estão as questões ambientais, e em especiais o impacto desse cultivo na
natureza e sociedade, como as queimadas, as emissões de efluentes, desertificação
dos solos e entre outros, e o que esse processo poderá representar para a
sociedade que vive em pequenas localidades de áreas não-metropolitanas, como o
Município de Japurá.
Após as considerações sobre a caracterização do processo de
modernização da agricultura no município de Japurá foi apresentado em Power
Point os mapas da Messorregião do Paraná, destacando a importância do Município
de Japurá nesse contexto. Na sequência, a classe se manifestou sobre os pontos
favoráveis e desfavoráveis do processo de mecanização da agricultura no município.
A síntese de algumas ideias apresentadas pelos grupos de alunos sobre a
caracterização do processo de modernização da agricultura no município de Japurá
foram as seguintes:
Olhando nos mapas eu percebi que antigamente morava mais gente na roça que hoje. Por causa da mecanização da agricultura teve muita gente que mudou para a cidade (Grupo 1).
Antigamente os municípios eram bem maior que hoje, e tinha muito mais gente que morava no campo que na cidade. Por causa da mecanização da agricultura muita gente teve que ir embora do campo (Grupo 2).
O nosso estado já se desenvolveu muito e antigamente as pessoas usavam equipamentos manuais para trabalhar na roça, hoje o campo é bem mais moderno (Grupo 3).
A agricultura mudou muito de antes para agora. Antes as pessoas trabalhavam mais com coisas manuais e agora é tudo mais moderno (Aluno 4).
Do exposto, é possível observar que os alunos foram capazes de
estabelecer uma relação com o conteúdo estudado. Ao final todas as produções dos
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alunos (textos, cartazes, desenhos, mapas, pesquisas na internet, os vídeos
utilizados pelo docente para ilustrar as aulas) entre outros materiais, foram
apresentados à comunidade escolar.
Em conjunto com os trabalhos realizados em sala foi realizada uma
exposição de materiais agrícolas tradicionais, tais como: arado, trançador, cunha,
marreta, peneira, pilão de café, ferro a brasa, moinho de café, ferro de cortar arroz,
lampião, lamparina, entre outros.
A exposição foi realizada na semana cultural da escola. Os materiais foram
solicitados no decorrer da proposta de intervenção, com o envolvimento de toda a
comunidade escolar (pais, direção, equipe pedagógica, funcionários). As fotografias
antigas da cidade também fizeram parte do cenário.
5 Conclusão
Concluímos que a compreensão acerca dos impactos sociais gerados pela
modernização da agricultura no município de Japurá contribuiu para que os alunos
entendessem o município no contexto das transformações advindas desse processo.
O trabalho desenvolvido permitiu elencar uma série de elementos que
influenciaram as transformações do espaço geográfico no município, sobretudo, a
partir da crise do café, com a modernização da agricultura na década de 1970. A
partir de então o sistema econômico do Município de Japurá passou a enfrentar
dificuldades em decorrência do processo de concentração fundiária e a
modernização da agricultura, ensejando a saída do homem do campo.
Com a saída do homem do campo um grande contingente populacional
passou a buscar oportunidades em outros locais, até mesmo fora do Estado do
Paraná, no sentido de enfrentar os desafios advindos dos problemas ambientais e
alterações na conjuntura rural e também urbana. Com isto, o setor agroindustrial
canavieiro expandiu-se na região à medida que a modernização da agricultura foi
intensificada. A modernização agrícola e a crise cafeeira, juntamente com o Com o
Programa Nacional do Álcool contribuíram para marcar definitivamente uma nova
fase que incidiu na formação e expansão desse setor agroindustrial.
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Desta forma, as ações implementadas foram relevantes para situar/repensar
os impactos sociais gerados pela modernização da agricultura no município de
Japurá, levando os alunos ao reconhecimento do espaço geográfico, norteando os
seus saberes em relação à forma de viver e conviver numa dada cultura. O estudo
contribuiu para desenvolver um olhar indagador frente à realidade, buscando
explicações e informações para mediar a construção de novos conhecimentos.
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