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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO - SUEDDIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE
Ficha para Catálogo Artigo Final
Professor PDE/2010
Título AVALIAÇÃO FORMATIVA NA EDUCAÇÃO FÍSICA
Autor IVETE FLORÊNCIO DA SILVA
Escola de Atuação COLÉGIO ESTADUAL VEREADOR FRANCISCO GALDINO DE LIMA
Município da Escola TOLEDO
Núcleo Regional de Educação TOLEDO
Orientador PROFA. MS. EVANDRA HEIN MENDES
Instituição de Ensino Superior UNIOESTE – Marechal Cândido Rondon
Área do Conhecimento/Disciplina EDUCAÇÃO FÍSICA
Público Alvo Alunos de 8ª série do Ensino Fundamental
Localização AVENIDA MAUÁ, S/N° - JARDIM PARANÁ – TOLEDO/PR
Resumo: Este artigo refere-se à avaliação formativa, analisando a proposta de avaliação constante nas DCE's do Paraná e sua relação com os elementos da avaliação formativa, assim como a influência dessa avaliação na disciplina de Educação Física, averiguando os possíveis instrumentos avaliativos que possam contribuir com a avaliação, a partir do desenvolvimento de práticas ou intervenções pedagógicas de com estudantes de 8ª séries do ensino fundamental na disciplina de Educação Física. Para tanto, foram desenvolvidas ações com estudantes do Colégio Estadual Vereador Francisco Galdino de Lima, que compreendem a montagem de um portfólio pelos alunos e pelo professor, em que constará a ficha para avaliação da dimensão atitudinal, ficha de avaliação do desempenho pessoal em relação aos objetivos, ficha de autoavaliação, trabalhos e relatórios das aulas. Verifica-se que a elaboração de fichas de avaliação atitudinal e a construção de portfólios que acompanham a avaliação contínua são elementos essenciais que permitem realizar uma avaliação formativa de maneira eficiente, demonstrando que este é um ato de responsabilidade que pode promover a satisfação do estudante impulsionando-o para novas aprendizagens. A avaliação formativa preocupa-se com a formação integral do educando, avaliando não somente conteúdos relacionados a cada disciplina, mas suas atitudes e valores como ser humano e cidadão, voltados para a vida em sociedade.
Palavras-chave AVALIAÇÃO, EDUCAÇÃO FÍSICA, AVALIAÇÃO ATITUDINAL
AVALIAÇÃO FORMATIVA NA EDUCAÇÃO FÍSICA
Ivete Florêncio da Silva1
Evandra Hein Mendes 2
RESUMO
Este artigo refere-se à avaliação formativa, em que se pretende analisar a proposta de avaliação constante nas DCE's do Paraná e sua relação com os elementos da avaliação formativa, assim como a influência da avaliação formativa na disciplina de Educação Física no ensino fundamental, identificando a influência da avaliação da aprendizagem nessa disciplina, averiguando os possíveis instrumentos avaliativos que possam contribuir com a avaliação formativa, a partir do desenvolvimento de práticas ou intervenções pedagógicas de avaliação formativa com estudantes de 8ª séries do ensino fundamental na disciplina de Educação Física. Para tanto, foram desenvolvidas ações com estudantes do Colégio Estadual Vereador Francisco Galdino de Lima, que compreendem a montagem de um portfólio pelos alunos e pelo professor, em que constará a ficha para avaliação da dimensão atitudinal, ficha de avaliação do desempenho pessoal em relação aos objetivos, ficha de auto-avaliação, trabalhos e relatórios das aulas. Pode-se verificar que a elaboração de fichas de avaliação atitudinal e a construção de portfólios que acompanham a avaliação contínua são elementos essenciais que permitem realizar uma avaliação formativa de maneira eficiente, demonstrando que a avaliação é um ato de responsabilidade que pode promover a satisfação do estudante impulsionando-o para novas aprendizagens. A avaliação formativa preocupa-se com a formação integral do educando, avaliando não somente conteúdos relacionados a cada disciplina, mas suas atitudes e valores como ser humano e cidadão, voltados para a vida em sociedade.
Palavras-chaves: Avaliação, Educação Física, Avaliação Atitudinal
INTRODUÇÃO
O tema abordado no desenvolvimento deste estudo está relacionado à
avaliação escolar na disciplina de Educação Física enquanto elemento de formação
capaz de reestruturar o ensino, permitindo que os conteúdos sejam retomados
sempre que os alunos não atingirem os objetivos propostos.
O ensino de Educação Física nem sempre é valorizado no contexto escolar,
sendo pensado de uma forma descompromissada com o conhecimento ou ainda
1 Professor PDE 2011, Colégio Estadual Vereador Francisco Galdino de Lima, Toledo, PR2 Mestre em Educação Física, professora de Educação Física da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.
visto apenas como recreação e lazer, quando poderia ser realizado de forma
interdisciplinar contribuindo para formação integral do indivíduo.
O processo de ensino e aprendizagem é composto por elementos como
conteúdos, metodologias e avaliação, o que segundo Palma et al. (2008) significa
que a escola precisa considerar que o aluno é capaz de desenvolver aprendizagem
contínua, em qualquer época. Assim, o educador necessita se preocupar com a
qualidade das relações estabelecidas entre o aluno e o conhecimento, pois ensinar
representa uma operação complexa que constrói e desconstrói o indivíduo e isso
decorre do currículo e da prática pedagógica desenvolvida.
A avaliação para o professor possui uma função específica dentro do
planejamento de ensino que permite ao educador repensar o planejamento
conferindo se os objetivos propostos foram alcançados e reestruturando-os de forma
que todos os alunos possam atingi-los. Essa concepção de avaliação permite
perceber que esta é muito mais do que simplesmente aferir notas aos alunos
avaliando determinadas atividades ou realizando provas com os alunos.
Para Darido (2007) a aula de Educação Física não visa rendimento e o
educador deve respeitar as diversas manifestações da cultura corporal
demonstrando que se deve valorizar as diferentes formas de expressão.
Neste contexto, a avaliação deve ser percebida como um elemento que
permite ao aluno com dificuldade na realização de determinadas atividades,
desenvolver meios para que o mesmo alcance os objetivos propostos no
planejamento da disciplina, percebendo que o mais importante é a aprendizagem e
não a nota alcançada.
Mattos (2008) pondera que a realização da avaliação na disciplina de
Educação Física apresenta muitas restrições, principalmente na dicotomia entre o
discurso docente e a prática avaliativa, pois os critérios analisados e os instrumentos
utilizados não contribuem para uma percepção real do que o aluno aprendeu no
processo de ensino.
Assim, é necessário repensar a prática avaliativa para que a mesma seja
percebida como mais um elemento de motivação da aprendizagem. A avaliação em
si não deve se desenvolver como uma prática geradora de exclusão do educando no
mundo da aprendizagem, mas deve ser um elemento de diálogo com os objetivos
propostos garantindo que os alunos que não alcançaram os objetivos sejam
motivados a refazer os conteúdos de forma a desenvolver a aprendizagem e a
construção de conhecimentos. Em uma perspectiva de avaliação contínua e
formativa.
Neste aspecto, uma avaliação escolar efetiva necessita ser adequada ao
projeto pedagógico da escola, nas políticas que ali estão definidas, pois avaliar é
antes de tudo, verificar se o projeto está adequado e se contribui para a formação
humana. Desta forma, o desenvolvimento de uma avaliação que pretenda ser
construtiva, deve necessariamente partir de objetivos e conteúdos apresentados de
forma clara tanto para o professor quanto para o aluno.
Diante disso, torna-se necessário analisar a proposta de avaliação constante
nas DCE's do Paraná e sua relação com os elementos da avaliação formativa, assim
como a influência da avaliação formativa na disciplina de Educação Física no ensino
fundamental, identificando a influência da avaliação da aprendizagem nessa
disciplina, averiguando os possíveis instrumentos avaliativos que possam contribuir
com a avaliação formativa, a partir do desenvolvimento de práticas ou intervenções
pedagógicas de avaliação formativa com estudantes de 8ª séries do ensino
fundamental na disciplina de Ed. Física.
AVALIAÇÃO FORMATIVA
A avaliação formativa pode ser entendida como uma avaliação contínua e que
tem como objetivo melhorar a aprendizagem, contribuindo para que o aluno seja
acompanhado e orientado durante todo o processo de ensino. Portanto, a avaliação
formativa ajuda o aluno na aprendizagem e no desenvolvimento, participando da
regulação das aprendizagens e do desenrolar do projeto educativo da unidade
educacional (PERRENOUD, 1999).
Luckesi (2005, p. 166) afirma:
A avaliação da aprendizagem necessita, para cumprir o seu verdadeiro significado, assumir a função de subsidiar a construção da aprendizagem bem-sucedida. A condição necessária para que isso aconteça é de que a avaliação deixe de ser utilizada como um recurso de autoridade, que decide sobre os destinos do educando, e assuma o papel de auxiliar o crescimento.
A avaliação como uma prática que atinge sentido apenas quando permite ao
aluno desenvolver a aprendizagem, disso depreende-se que a avaliação deve ser
uma prática voltada para o desenvolvimento da aprendizagem e que dependendo de
sua forma de execução permite ao aluno verificar a necessidade de aprofundar seu
conhecimento sobre diferentes assuntos (LUCKESI, 1996).
A avaliação possui uma lógica que permite tanto ao educador quanto ao
educando, valorizar mais os meios de desenvolvimentos da aprendizagem,
procurando aprimorar técnicas para se atingir os objetivos.
Vasconcelos (2006) apresenta uma reflexão sobre a avaliação que permite
reconhecer na prática avaliativa um desafio rumo à transformação da educação,
onde a superação das dificuldades realizada pelo professor é pautada na autocrítica
em relação à sua prática de avaliação na escola. O autor dimensiona suas
afirmações a partir da mudança de conduta do educador que junto com os alunos
cria uma nova mentalidade a respeito da avaliação, abrindo mão do autoritarismo,
alterando a metodologia de trabalho em sala de aula, pois não se pode conceber
uma avaliação reflexiva, crítica, emancipatória, num processo passivo, repetitivo e
alienante.
Segundo o mesmo autor, o aluno precisa saber que ele estuda para aprender
e não para ser promovido, assim a educação transformadora é proposta a partir da
ação que move o conhecimento e que parte da busca de resposta para as dúvidas
que surgem durante a ação educativa. Para isso, é necessário que o educador vá
diminuindo a ênfase na avaliação classificatória e passando a avaliar apenas
quando for necessário reconhecer a necessidade de replanejar as práticas de ensino
a partir da análise do que o aluno já conseguiu aprender e o que ele necessita rever
para aprender ainda mais (VASCONCELOS, 2006).
Ramos (2004) apresenta a avaliação a partir da concepção de que todas as
coisas devem ser avaliadas incessantemente, apresentando duas funções para a
avaliação: o diagnóstico e a classificação. Enquanto o diagnóstico permite ao
professor e ao aluno detectar os pontos fracos e extrair as consequências
pertinentes à colocação posterior de ênfase ao ensino, a classificação hierarquiza os
alunos, estimula a competição e distribui desigualdade nas oportunidades escolares
e sociais. Porém, a partir dessa visão crítica é possível repensar a prática de forma a
permitir que o diagnóstico promova a inclusão do aluno numa aprendizagem
satisfatória, que no entender de Luckesi (1998) deve oferecer ao aluno melhores
oportunidades de aprendizagem.
A relevância da avaliação está na sua função diagnóstica. Portanto, a atribuição de um valor deverá representar, no contexto escolar, apenas o resultado de todo o processo de avaliação desenvolvido. [...] A avaliação tem como um dos propósitos fazer uma conexão com os conhecimentos que o aluno traz para a sala de aula, as suas reais necessidades, ou seja, como caráter diagnóstico que visa a sua ampliação, aprimoramento e apropriação (RAMOS, 2004, p. 28).
Assim, a avaliação possibilita ao professor a identificação de domínios e
mudança nos conceitos elaborados, no entanto, ao elaborar um diagnóstico da
realidade do aluno frente à aprendizagem evidencia a formação de um novo
processo, denominado por Luckesi (1998) de avaliação diagnóstico-formativa. Trata-
se de um processo em que aluno e professor comprometem-se num movimento de
ajuda e dimensionam em conjunto os avanços e as dificuldades.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) dispõem que a finalidade
principal da avaliação é ajudar os educadores na execução do seu planejamento
dando continuidade na ação educativa, procurando ajustar os conhecimentos e a
aprendizagem dos alunos oferecendo condições para eles sejam autônomos e
qualificados e não apenas classificados.
Sendo assim, a avaliação diagnóstico-formativa deve dar ênfase na
objetividade em relação ao desenvolvimento humano promovendo a interação com a
realidade em detrimento aos julgamentos de valores, negociação e mensuração do
saber. Os objetivos dessa avaliação devem ser aqueles que são capazes de
intermediar avanços no processo de ensino/aprendizagem, possibilitando sua
reformulação.
Os compromissos dessa avaliação formativa são com a promoção da
interação propiciando caminhos que ajustem as mediações pedagógicas na solução
dos problemas e dificuldades do processo. Da mesma forma, a sua função é
incentivar e orientar a busca de soluções para os problemas e as dificuldades que
surgirem ao longo do processo de ensino.
Desta forma, a avaliação formativa deve ser realizada como um ato
diagnóstico que objetive a inclusão e não a seleção que conduz à exclusão. A
avaliação é verdadeiramente formativa quando ajuda o aluno a aprender e a se
desenvolver, participando da regulação da aprendizagem e do desenvolvimento do
projeto educativo (LUCKESI, 1998).
AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
A avaliação em Educação Física vem sendo estudada em diferentes aspectos
de organização, pois trata-se de uma disciplina que se situa no processo de
ensino/aprendizagem com a finalidade de assegurar o desenvolvimento de
habilidades e competências humanas a partir de vivências da cultura corporal.
Assim, a avaliação em Educação Física, segundo as Diretrizes Curriculares
(DCE, 2008, p. 76) vem sendo realizada à luz dos paradigmas tradicionais, como a
esportivização, desenvolvimento motor, psicomotricidade e da aptidão física, isso
acontece de uma maneira insuficiente para permitir uma compreensão do fenômeno
educativo numa perspectiva mais abrangente.
Desta forma, a Educação Física é avaliada priorizando os aspectos
quantitativos de mensuração do rendimento do aluno, em gestos técnicos, destrezas
motoras e qualidades físicas, visando principalmente a seleção e a classificação dos
alunos dentro dos parâmetros estabelecidos pelo sistema educacional, assim, este
procedimento caracteriza-se pela verificação do conhecimento e não da avaliação
das habilidades construídas pelo educando.
Quando a avaliação é realizada pelos parâmetros construtivistas, ela
acontece a partir da definição de objetivos que são apresentados e debatidos pelo
professor e os alunos, essa avaliação assume uma condição formativa, pois o
objetivo maior é possibilitar ao professor o ajuste, durante o desenvolvimento do
conteúdo estudado, proporcionando ajuda pedagógica no saneamento das
dificuldades individuais dos alunos.
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná (DCE's) ao orientar
para que sejam adotadas as determinações da LDB 9394/96 de que a avaliação
deve ser contínua, permanente e cumulativa e que o professor de Educação Física
deve organizar a reorganizar o seu trabalho sustentado em práticas corporais, como
a ginástica, o esporte, os jogos e brincadeiras, a dança e a luta, aponta o seguinte
direcionamento:
A avaliação deve, ainda, estar relacionada aos encaminhamentos metodológicos, constituindo-se na forma de resgatar as experiências e sistematizações realizadas durante o processo de aprendizagem. Isto é, tanto o professor quanto os alunos poderão revisitar o trabalho realizado, identificando avanços e dificuldades no processo pedagógico, com o objetivo de (re)planejar e propor encaminhamentos que reconheçam os acertos e ainda superem as dificuldades constatadas (Paraná, 2008, p.77).
Essas perspectivas de avaliação preconizadas pelas DCEs apresentam a
avaliação como uma parte indispensável do processo de ensino aprendizagem que
merece dos educadores um planejamento detalhado a fim de proporcionar maiores
possibilidades de aprendizagem, contrariando as práticas correntes e excludentes
onde avaliar é um exercício de poder do educador sobre o educando.
Segundo o Coletivo de Autores (1992), a avaliação do processo ensino-
aprendizagem é muito mais do que simplesmente aplicar testes, levantar medidas,
selecionar e classificar alunos. A avaliação do processo ensino-aprendizagem está
relacionada ao projeto pedagógico da escola, processo de trabalho pedagógico,
processo inter-relacionado dialeticamente com tudo que a escola assume,
corporifica, modifica e reproduz que é próprio do modo de produção da vida em uma
sociedade capitalista, dependente e periférica.
Portanto, a escola, ao elaborar seu projeto pedagógico, deve preocupar-se
com os valores e atitudes que serão fundamentais para a formação do cidadão, pois
de acordo com Darido (2008), para avaliar os conteúdos atitudinais, conhecer aquilo
que os alunos realmente valorizam e quais são as suas atitudes, é necessário que
surjam situações de conflito. Durante as situações de aprendizagem, em jogos,
esportes, ginásticas, conhecimento sobre o corpo, danças e lutas, os alunos são
submetidos a inúmeros desafios. Eles devem adaptar-se aos novos movimentos; ao
uso do material e do espaço; a determinadas regras; a expressar sentimentos,
inibições e dificuldades; enfim, variáveis que compõem um ambiente de ensino e
aprendizado bastante complexo. Não raro eclodem conflitos nessas situações.
Uma das maneiras democráticas de desenvolver a avaliação é realizando a
construção de portfólio em conjunto com os alunos, visto que o portfólio é orientado
pelos princípios da avaliação formativa e sua concepção parte do princípio de que
todo material produzido pelo aluno em seu processo e aprendizagem é armazenado
numa pasta para ser apresentado para a avaliação.
No âmbito educacional o portifólio oferece várias possibilidades, entre elas as
construções dos próprios alunos, colecionando as suas próprias produções que
evidenciam a construção de sua aprendizagem, passando a representar o seu
progresso e dificuldades e, principalmente, suas conquistas. Assim, permite ao aluno
acompanhar o desenvolvimento de seu trabalho, de modo a conhecer suas
potencialidades e os aspectos que precisam ser melhorados, tornando o aluno
participante ativo do processo avaliativo, selecionando amostras de seu trabalho e
incluindo-as no seu portifólio (VILLAS BOAS, 2004).
Atualmente, desenvolve-se no ambiente escolar a possibilidade de
empreender a construção de portifólio digital, que permitem maior praticidade ao
aluno que passa a agregar aos trabalhos uma plasticidade com vários tipos de
linguagem, ou seja: textos, fotografias, imagens, sons, etc... Além de permitir maior
interação entre os produtores na medida em que as criações de cada um se
transformam em blogs digitais que permitem acesso de outros interlocutores
(MASETTO, 2000).
AVALIAÇÃO FORMATIVA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Sabendo que a avaliação formativa tem como característica o respeito às
diferenças e o auxílio na tomada de decisão no sentido de adequar os objetivos do
ensino, pode-se considerar este como um procedimento que melhor representa a
avaliação na disciplina de Educação Física.
Segundo Palma et al. (2008) o educador deve planejar as suas aulas e os
novos conteúdos a partir da sondagem realizada através da discussão ou debate
com o grupo de alunos, solicitando e permitindo ao educador e aos alunos
perceberem as lacunas e os equívocos, motivando-se para o aprofundamento do
assunto proposto.
Devemos chamar a atenção para a importância do estabelecimento de critérios para a avaliação em Educação Física. Para Luckesi (1984), a avaliação não pode ser praticada sobre dados inventados pelo sujeito sob pena de nada estar avaliando, ou ainda, estar enganando a si mesmo e aos outros. [...] o processo de avaliação em Educação Física é algo complexo e fundamental para a eficiência do ensino. O professor deve encarar os momentos avaliativos como aquisição de dados para a melhoria do trabalho pedagógico (MATTOS, 2008, p. 38).
A ação avaliativa deve ocorrer durante a aula com o educador verificando as
reações do aluno diante dos conflitos propostos. Assim, a avaliação pode ser
permeada por questionamentos, discussões em grupos, auto-avaliação pelo aluno,
desde que indicados os parâmetros de aprendizagem, avaliação escrita e
observação direta dos afazeres do aluno. Para evitar que a avaliação se realize
apenas por intuição, Palma et al (2008, p.103) sugere: “elaboração de instrumentos
individuais de registro, nos quais o professor poderá anotar os sucesso qualitativos,
os bloqueios e as dificuldades dos alunos”.
A Educação Física tem como essência a necessidade de educar o aluno para
conhecer o mundo a partir do conhecimento de si mesmo, de sua corporalidade em
relação ao tempo e ao espaço, assim poderá contribuir com o mundo e com o meio
social.
AVALIAÇÃO ATITUDINAL
A avaliação atitudinal deve ser entendida como uma série de conteúdos que
são agrupados em valores, atitudes e normas. No ambiente educacional
consideram-se as normas sociais e escolares, além disso, o professor pode definir
normas da sua aula, relacionadas a sua disciplina, porém para isso é necessário
discutir o sentido de cada norma estabelecida em conjunto com os alunos.
Ao conhecer melhor as características de suas turmas, o professor escolhe as
atitudes para serem mais enfatizadas e avaliadas, especialmente por atenderem
melhor aos objetivos estabelecidos e por propor mudanças comportamentais que
contribuam para o desenvolvimento das capacidades de cada educando.
Neste contexto, a avaliação atitudinal se apresenta como pontos a serem
combinados com os alunos e registrados por eles mesmos em tabelas, fichas ou
outros instrumentos que sejam desenvolvidos para este fim. Assim, poderão ser
avaliadas atitudes como: autocuidado, cuidado com o material da aula, respeito às
regras, presença, ritmo, cooperação, participação, prontidão para tomar posição
frente às propostas de trabalho feitas pelo professor, respeito aos outros,
solidariedade, responsabilidade, etc.
Assim, a avaliação deve ser contínua e permanente, ao mesmo tempo em
que se apresenta democrática devendo ser pensada junto com os alunos. A maneira
mais adequada para desenvolver as anotações da avaliação é em forma de portfólio,
o que se apresenta como uma ferramenta a ser utilizada.
Como afirmam Betti & Zuliane (2002), o professor de Educação Física é dono
de uma condição privilegiada para avaliar valores e atitudes, uma vez que os
comportamentos tornam-se muito evidentes nas aulas, pela natureza de seus
conteúdos e estratégias.
As atividades de avaliação que serão realizadas compreendem a montagem
de um portfólio pelos alunos e pelo professor, neste estará contida a ficha para
avaliação da dimensão atitudinal, ficha de avaliação do desempenho pessoal em
relação aos objetivos, ficha de autoavaliação, trabalhos e relatórios das aulas.
As tabelas também podem ser construídas junto com os alunos após debater
com eles sobre o que eles consideram importante em relação às atitudes que eles
revelam durante as aulas.
Além desses procedimentos de organização do portfólio pelos alunos, ocorre
também a utilização dos instrumentos estabelecidos pela escola para realizar a
avaliação como é o caso da ficha de conselho de classe elaborada pela
coordenação pedagógica e a ficha de acompanhamento do aproveitamento dos
alunos também realizada pela coordenação pedagógica e que são utilizadas por
todos os professores traçando o perfil da turma, realizando um diagnóstico de cada
turma, identificando dificuldades e outros aspectos que necessitam de ações
conjuntas com todos os professores de cada turma.
ANÁLISE DESCRITIVA E RESULTADOS DAS ATIVIDADES REALIZADAS
As atividades foram realizadas no Colégio Estadual Vereador Francisco
Galdino de Lima – Ensino Fundamental e Médio, entre os meses de agosto a
dezembro de 2011, tendo como público alvo da implementação os alunos da 8ª série
do Ensino Fundamental.
As ações desenvolvidas compreenderam a montagem de um portfólio pelos
alunos e pelo professor contendo uma ficha de avaliação da dimensão atitudinal
individual, a ficha de avaliação do desempenho pessoal em relação aos objetivos e a
ficha de autoavaliação, além dos trabalhos e relatórios das aulas.
No mês de agosto de 2011 foi desenvolvida a Ação I, quando aconteceu a
apresentação do Projeto de Intervenção na Escola para os Professores, Direção,
Equipe Pedagógica e Estudantes. A Unidade Didática foi recebida com entusiasmo e
interesse, pois o tema Avaliação Formativa permite a retomada dos conteúdos,
voltados especialmente para o desenvolvimento atitudinal.
Durante o mês de setembro foi desenvolvida a Ação II, que apresentou os
conceitos/ Funções da Avaliação/ Bingo de Palavras-chave. Nestas atividades
alguns alunos tiveram dificuldade para conceituar a avaliação e sua função na
escola, evidenciando que a avaliação é o elemento fundamental para a verificação
da aprendizagem. As palavras-chaves que foram utilizadas para o estudo foram:
estudo, esforço, aprendizagem, grau de conhecimento, sabedoria, raciocínio.
Na primeira quinzena do mês de outubro foi desenvolvida a Ação III,
realizando um pré-teste sobre Avaliação/ Montagem e confecção do Portfólio digital,
nesta ação os estudantes demonstraram grande interesse para a postagem das
atividades no portfólio, principalmente por manusearem o computador durante o
registro de seus comentários.
Contudo, no decorrer da criação do portfólio digital, por várias vezes, a
utilização e uso do laboratório de informática ficou prejudicado pela falta de acesso
aos e-mails, devido a queda de sinal da rede estadual, dificultando a postagem das
atividades realizadas durante as aulas. Os alunos que tinham acesso à internet em
casa conseguiam finalizar, porém os demais permaneciam com as atividades
incompletas e desestimulados a prosseguir com os trabalhos.
Na segunda quinzena de outubro foi desenvolvida a Ação IV, quando foram
discutidas as relações de importância entre a Avaliação, a Educação Física e o
Futsal, foram utilizados textos informativos e solicitado aos alunos que
completassem as atividades descritas na Unidade Didática.
Os resultados obtidos foram surpreendentes, pois os próprios estudantes
realizavam o planejamento de acordo com o nível de compreensão, já que ao
organizar e planejar o conteúdo proposto os mesmos realizavam pesquisas e
avanços, buscando o aprofundamento através de recursos tecnológicos para
enriquecer suas “mini aulas”.
Dessa forma, surgiram slides, vídeos, confecção de materiais, entre outros.
Observou-se uma preocupação bastante grande, pois tais estudantes já tinham
contato com estes conteúdos, porém o que despertou interesse foi a metodologia
empregada por cada grupo, bem como os recursos materiais. Os resultados desta
ação se efetivaram com bom êxito e a avaliação foi muito positiva.
Para coletar os dados a serem analisados foram realizadas diferentes
atividades que contribuíram para promover atitudes positivas dos alunos e ao
mesmo tempo geraram oportunidades para que os mesmos expressassem essas
atitudes no cotidiano escolar.
Na primeira quinzena de novembro realizou-se a Ação V envolvendo a
análise, a discussão e comentários sobre os temas abordados nos filmes planejados
na unidade didática, relacionando-os à realidade escolar.
Finalmente, na última semana de novembro foi realizada a Ação VI,
realizando a avaliação/ autoavaliação / pós-teste, cujos resultados são apresentados
a seguir na Tabela 01.
Tabela 01 – Resultados de pré e pós-teste para as questões.Questões/Itens Sempre Na maioria das
vezesÀs vezes Nunca
Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré
1-Participação nas aulas
68 72 24 20 8 8
2-Interesse nos conteúdos
48 48 36 40 16 12
3-Respeito professor
68 72 24 28 4 4
4-Cooperação colegas
28 60 64 32 8 8
5- Horários 36 56 40 44 4
6- Vestimenta 60 60 32 32 8 8
8-Atitudes discriminatórias
4 16 16 80
9-Cuidado material 76 68 24 32
10-Cooperação professor
56 72 36 24 8 4
Os dados da tabela 1 demonstram os resultados do pré e pós-teste da Ficha
de Avaliação da Dimensão Atitudinal Individual, em que foi possível observar que na
segunda avaliação, ou seja no pós-teste, houve um aumento no percentual de
respostas ‘sempre’ e a diminuição de respostas como “as vezes” e “na maioria das
vezes”, para as questões de número 1, 3, 4, 5 e 10 demonstrando um melhor
entendimento quanto a uma participação ativa nas aulas, ao respeito junto ao
professor, na cooperação entre os colegas, em relação ao cumprimento do horário
de chegada e saída da escola e na cooperação junto ao professor durante a
realização e organização das atividades em sala.
As questões 2 e 6 mantiveram seus escores iniciais, no que se refere ao
quesito ‘sempre’, porém observou-se que na questão 2 que referia-se ao interesse
em aprender os diversos conteúdos da Educação Física, houve pequeno aumento
no quesito ‘na maioria das vezes’ e diminuição do quesito “as vezes”. Já na questão
6, que se referia a vestimenta adequada para a prática, os resultados de pré e pós-
teste foram semelhantes.
A questão 8 tem sua pontuação calculada inversamente às outras, pois
referia-se as atitudes discriminatórias em relação aos alunos menos habilidosos,
obesos, de outra etnia ou gênero, sendo que o aluno recebe 1,0 ponto se “nunca”
apresentar tais atitudes discriminatórias, 0,7 pontos para “as vezes”, 0,4 para “na
maioria das vezes” e 0,0 para “sempre”. Constatou-se que houve um aumento para
a resposta esperada ‘nunca’ no pós-teste.
No que diz respeito ao cuidado e preservação do material de Educação
Física, foi possível perceber uma redução no quesito ‘sempre’, fato que não foi
compreendido no decorrer do processo.
A seguir são apresentados os resultados do item 7, que se refere a resolução
de atritos e perdas no decorrer das aulas de Educação Física e possui critérios de
análise diferenciados. Os resultados podem ser melhor visualizados na tabela 02.
Tabela 02 – Resultados de pré e pós-teste para a questão 7.
Questões Com violência física Com violência moral – reclamações
Com diálogo
Pré Pós Pré Pós Pré Pós
Resolução de atritos ou perdas
20 12 80 88
A tabela 2 apresenta os resultados de pré e pós-teste da questão 7, que
aborda a forma como os alunos resolvem seus atritos ou perdas durante as
atividades de aula, observa-se um aumento no quesito ‘com diálogo’, o que
demonstra o quanto foi eficaz as ações realizadas durante o desenvolvimento do
trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo compreendeu implementações de intervenções
pedagógicas relacionadas a avaliação formativa na disciplina de Educação Física no
ensino fundamental.
No decorrer das ações realizadas com os elementos da avaliação formativa,
procurou-se analisar a influência dessa avaliação na disciplina de Educação Física
no ensino fundamental, através de estratégias e instrumentos avaliativos que
possuem características de avaliação formativa.
Identificou-se que as atividades realizadas em primeiro momento
desenvolveram nos alunos compreensão do conceito e das funções das avaliações.
A seguir verificou-se que o portfólio digital pode se constituir como um
instrumento ou estratégia de avaliação formativa, já que os alunos interagem melhor
com o conteúdo e se sentem corresponsáveis pelo processo de avaliação.
A realização de pesquisas e montagem de mini aulas também se caracterizou
como uma estratégia que possibilita um caráter mais formador do que classificatório
à avaliação.
Da mesma forma a utilização da ficha de avaliação atitudinal proporcionou
para o aluno maior conscientização sobre suas atitudes, comportamento e
comprometimento com a disciplina, pois conhecendo os critérios que são utilizados
os alunos conseguem modificar sua atuação.
De modo geral o que se pode perceber no transcorrer do processo, é que
esse tipo de avaliação é indicada porque pressupõe uma formação integral do
educando, avaliando não somente conteúdos relacionados a cada disciplina mas,
suas atitudes e valores como ser humano e cidadão voltado a vida em sociedade.
A avaliação formativa contribui para desenvolver uma avaliação que não se
restrinja a estabelecer notas, mas que contribua para promover o replanejamento
das ações que são desenvolvidas no processo de formação do aluno, identificando
seus projetos de vida, melhorando a sua dimensão crítica a partir do momento em
que ele contextualiza os conhecimentos que adquire na escola e aplica na vida
cotidiana.
REFERÊNCIAS
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