scudeller & santos silva 2009 beneficiamento local cupuacu

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    Capítulo 14 Diversidade Sociocultural

    Beneciamento local e cooperativo da

    polpa de cupuaçu (Theobroma grandiforum Schum.) em uma comunidade da RDS TUPÉ,Manaus-AM*

    Veridiana Vizoni SCUDELLERDra. em Biologia Vegetal; Universidade Federal do Amazonas/UFAM. Departamento de

    Biologia – Manaus - AM. E-mail: [email protected].

    Edinaldo Nelson dos SANTOS-SILVACoordenação de Pesquisas em Biologia Aquática/INPA. E-mail: [email protected] 

    RESUMO - O cupuaçu, fruta nativa da Amazônia, é um componente tradicional da alimentaçãoregional. Na culinária seu uso tem sido registrado em mais de 60 modalidades de produtos. Oprocesso atual de extração e conservação da polpa é dependente de energia elétrica. Serviçoincomum nas comunidades rurais da Amazônia. Aliado a isso, a dificuldade de transporte dosfrutos, escoamento e comercialização da produção chegam a ocasionar a perda total da safrade pequenos produtores. Na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé, os pequenosprodutores de cupuaçu têm reduzido aproveitamento de suas safras devido aos problemasacima mencionados. Para demonstrar que os produtos da biodiversidade local e regional podemse constituir em benefícios reais para as comunidades locais, em 2006 o projeto Biotupé iniciouum programa de aproveitamento total do cupuaçu na comunidade do Julião. Na primeira fase, umgrupo de comunitários foi capacitado para realizar através do trabalho cooperativo, a colheita ehigienização dos frutos, extração mecânica da polpa e o preparo de doces, balas e geléias. Todoo processo foi quantificado, visando à padronização das receitas e a avaliação da viabilidadeeconômica. A ação da broca do fruto reduziu o rendimento de polpa da safra de 2007 a 25%.

    * Adaptado do texto aprovado pelo NEAD (Núcleo de Estudos Agrário e Desenvolvimento Rural) apresentado na Oficina de Integração do Fórumde Tecnologias Sociais para o Desenvolvimento Agrário – Brasília, 2009.

    Biotupé: Meio Físico,Diversidade Biológica e Sociocultural do Baixo Rio Negro, Amazônia Central volume 2

    Edinaldo Nelson SANTOS-SILVA, Veridiana Vizoni SCUDELLER (Orgs.),UEA Edições, Manaus, 2009

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    Verificou-se que 6 kg de polpa e cerca de 2 horas de trabalho na cozinha renderam 48 potes(250 ml) de doce e 48 potes de geléia ou então 720 balas gastando-se cerca de 18 horas. Estesresultados demonstraram que com trabalho em grupo é possível aumentar significativamente

    a renda. Antes deste programa, a safra era comercializada vendendo-se os frutos in natura, porR$ 0,50 a 1,00/fruto, dependendo do seu tamanho, ou quando muito vendendo polpa extraídamanualmente. Processo anti-higiênico e demorado, levando-se 4 horas para extrair 3 kg depolpa, vendida a R$ 2,50 o quilograma. Demonstrada a viabilidade econômica do processo,a organização do grupo e a gestão financeira do negócio são os desafios para o futuro. Alémdo aproveitamento de outros subprodutos da cultura como a semente e a casca. A experiênciamostra que esta atividade é viável econômica e socialmente, mesmo em condições adversas,como acontece na maioria das comunidades ribeirinhas. Falta apenas a persistência do grupo

    para superar as dificuldades iniciais e um apoio técnico para conduzir os trabalhos. Quantoa metodologia adotada para as ações na comunidade, foi utilizado o Diagnóstico RápidoParticipativo (DRP), que oferece uma gama de conceitos e métodos que facilitam os processosde conhecimento, ação e organização durante o planejamento participativo, colaborando naconstrução do projeto coletivo. Dessa forma, a dinâmica se dá em torno de tudo que é expressocomo relevante pelos moradores e depois hierarquizado pelas prioridades. O processoeducacional que ocorre durante essa tarefa de dissecar desejos e vislumbrar possibilidadesé o mecanismo responsável pela formação e capacitação dos sujeitos envolvidos. Portanto,

    analisando os 22 meses de intervenção na comunidade podemos então concluir que osprocedimentos adotados conseguiram atingir os objetivos propostos no projeto, que oenvolvimento, ou empoderamento, comunitário ocorreu e que as mudanças de comportamentoe postura em relação ao assistencialismo que estavam tão acostumados está gradativamentemudando e cada vez menos presente no discurso dos comunitários que estão envolvidos nesseprocesso. Realizar avaliações ao longo do desenvolvimento das atividades nos permitiu corrigirpequenos desvios, o que de certa forma foi responsável pelo êxito do projeto.

    IntroduçãoComo elemento chave da estratégia

    de sobrevivência na região amazônica,a biodiversidade desempenha um papelfundamental no contexto econômico, social ecultural das populações tradicionais, muitasvezes constituindo-se em única fonte de recursos

    para a sua sobrevivência (Lisboa, 2002). Além depossuir uma grande riqueza biológica formadapelos ambientes naturais, a floresta Amazônicapossui uma grande riqueza cultural provenientedo conhecimento das populações locais queresidem na região. Portanto, os processos de

    integração e relação de comunidades rurais como meio ambiente, suas relações sociais, políticas,econômicas e suas estratégias de sobrevivência euso da biodiversidade em uma área de conservaçãopróxima a um grande centro urbano, a cidade deManaus, constitui-se no objetivo principal doprojeto Biotupé (http://biotupe.org/site).

    O Biotupé é um grupo de Pesquisa intitulado“Biotupé: Estudo do meio físico, diversidadebiológica e sociocultural da Reserva deDesenvolvimento Sustentável (RDS) do Tupé”, criadoem 2002. Com objetivos de longo prazo centradosno inventário, identificação e quantificação dosrecursos naturais da bacia do Lago Tupé, mostra-

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    nos a dificuldade em lidar com as variáveis sócio-ambientais de forma isolada. Além do trabalhoespecífico de biólogos, educadores, cientistassociais, arquitetos, engenheiros ambientais eagrônomos, sociólogos, psicólogos e ecologistasmuito contribui para o projeto entender ocomportamento humano em sociedade, isto é, comoestá organizada e como lida com seus interessese dificuldades a comunidade humana que habitaou freqüenta uma Unidade de Conservação comaquelas características.

    Tendo em vista que o projeto Biotupé sempre se

    propôs a mostrar que é possível gerar renda usandoa biodiversidade local ou regional e os saberes epráticas tradicionais já utilizadas na RDS Tupé, opresente relato de uma experiência visa demonstrarque a construção do desenvolvimento ruralsustentável com base nestes princípios utilizandoa Agroecologia como condutora deste processo épossível. Portanto, através de análises econômica,social e ecológica do processo comunitário de

    beneficiamento e comercialização do cupuaçu(aproveitamento total do fruto) é que estamosmostrando que é possível mudar o panorama inicialdesses comunitários/ribeirinhos.

    A situação de pobreza e exclusão é uma condiçãoestrutural que se caracteriza por limitações deacesso a terra, aos mercados, ao trabalho, àeducação e à saúde. No meio rural, para superar osprocessos de exclusão, são necessários esforços

    coordenados, que busquem tanto a melhoria dasatividades já desenvolvidas, como o estímulo aoutras atividades (agrícolas e não-agrícolas). Essasescolhas devem ser realizadas pelas comunidadesrurais que em seus próprios processos deorganização construirão as alternativas paracombater problemas sociais e ambientais.

    A necessidade de pesquisar e propor açõesvisando integrar comunidades humanas ao seuentorno, de modo que a preservação ambientalagregue-se a utilização sustentável dos recursosnaturais ali existentes exige que tenhamos acompreensão adequada de todas as variáveis eminteração. Ou seja, não basta descrever os aspectosconstitutivos da flora e da fauna, os movimentos

    ou ciclos naturais. É de fundamental importânciacompreender como o elemento humano afeta e éafetado pelas condições sócio-ambientais e como anova dinâmica interfere positiva ou negativamenteem seu comportamento, bem como entender asexternalidades do processo constituído, analisarpontos que estejam fora do processo e que,no entanto, interferem nos mesmos de modosignificativo.

    É de fundamental importância, portanto, executarum projeto de desenvolvimento comunitário quecompreenda, considere e reoriente os processos

    sociais, econômicos e ambientas explícitos nascomunidades. Como complemento, buscar, ainda,enfatizar uma aprendizagem que além de valorizaros saberes tecno-científicos, valorize, igualmente,os saberes locais, proporcionando experiênciasque ampliem seus conceitos mudando valores eposturas mediante seus pares e, conseqüentemente,o ambiente onde vivem, transformando ascomunidades em gestoras de seus processos e

    participantes integrais da sociedade.Cunha (2001) comenta a importância de os

    projetos de conservação adquirirem sentido local,lembrando que:

    “Uma dificuldade no envolvimento decomunidades locais em projetos deconservação é que, por via de regra, de inícioesses projetos são elaborados por alguém emposição de poder e só depois se “envolvem”os grupos locais. Mas mesmo nos casos emque a origem de projetos conservacionistasvem de iniciativas de grupos locais, resta adificuldade de ajustar os planos de ação emdiferentes esferas, de conseguir recursosexternos, de obter capacidade técnicanecessária”

    A comunidade JuliãoA Reserva de Desenvolvimento Sustentável(RDS) do Tupé localiza-se na margem esquerdado rio Negro, a Oeste de Manaus distanteaproximadamente 25km em linha reta do centroda cidade. É a maior unidade de conservação do

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    município de Manaus, com uma área de 12 milhectares, administrada pela Secretaria Municipalde Meio Ambiente.

    Na RDS Tupé existem seis comunidades, dasquais o Projeto Biotupé atualmente atua em quatro:São João do Tupé, Agrovila, Tatu e Julião, além deCaioé (entorno).

    A comunidade Julião fica à beira do Tarumã-Mirim, no limite da RDS. São aproximadamente70 famílias, que se espalham em casas ao longodos igarapés e em um pequeno aglomerado decasas, onde fica uma escola municipal com turmas

    de primeira a quarta série e o Programa Itinerantede quinta a nona série, uma igreja evangélica, obarracão sede da Associação Comunitária e quealoja a cozinha do grupo de beneficiamento docupuaçu. Não existe água encanada, nem luzelétrica (fato que mudou com o Programa Luzpara Todos do Governo Federal, a partir de 2009),sistema de coleta e tratamento de esgoto, postode saúde ou outro serviço público qualquer. Existe

    transporte fluvial, mas com periodicidade irregulare custo elevado. Existe também um telefone públicoque geralmente está com defeito e não funciona.Cinqüenta por cento daqueles que possuemlotes na vila tem residência principal em Manaus,passando apenas finais de semana na comunidade.A população desta comunidade também tem rendafamiliar baixa e baixo nível de instrução formal. Éconstituída principalmente por adultos/velhos

    e crianças. O número de jovens que residem nacomunidade é muito baixo.

    Nesta comunidade, alguns moradores aindapraticam a agricultura de subsistência ou cultivamfruteiras, principalmente o cupuaçu. As dificuldadesde acesso e de transporte representam os maioresempecilhos para o escoamento adequado dequalquer produção. O pouco do cupuaçu que osprodutores conseguem trazer de suas propriedadespara a vila é em forma de fruto, sem sofrer qualquerbeneficiamento e agregação de valor. Geralmenteé vendido a preços irrisórios a atravessadoresde Manaus. Qualquer iniciativa para extração depolpa tem que ser feita de forma manual, comtesoura, método demorado, que causa desperdício

    e com sérios problemas de higiene e controle dequalidade. Ao final a polpa obtida tem que servendida rapidamente, no mesmo dia, também apreços não compensadores.

    O acesso regular é feito unicamente por viafluvial. No período de seca esta comunidade ficaisolada. Seus moradores têm que fazer longascaminhadas para ter acesso aos locais onde asembarcações conseguem chegar. Nesta épocaquase todos os comunitários que possuem casaprópria ou de algum parente em Manaus semudam temporariamente para esses locais até que

    o nível das águas volte a permitir o trafego regulardas embarcações e eles possam retornar às suasatividades nas comunidades.

    Um fato que se percebe na RDS Tupé é que muitasdas famílias que lá vivem não sabem ao certo oque essa unidade de conservação representa,as formas de usarem os espaços vivente diantedas regras impostas pelo poder público queresultam em pequenos problemas relacionados

    aos possíveis usos da terra. Essa situação passouagora a ser discutida num âmbito geral, comoproposta de entendimento de ação dentro da RDS,à proibição ou não da caça, o que se pode ou nãocoletar ou comercializar, ou mesmo apropriar-se doespaço vivente (local onde todos possam usufruir,alimentar-se de propósitos devidos a si mesmoscomo identidade geral diante da comunidade)(Reis Júnior et al. – neste volume).

    Portanto, abaixo será apresentado o relato quemostra uma experiência adquirida no projeto queteve como principal objetivo promover iniciativasde uso e exploração racional dos recursos naturais,implementando atividades de caráter produtivoe educativo a partir de conceitos inerentes aodesenvolvimento sustentável. Portanto, o eixoque conduziu as ações do projeto foi a questãoambiental, para depois alcançarmos outrasdimensões do universo da RDS Tupé. Acreditandoque as técnicas tradicionais adotadas peloscomunitários do Julião para a prática da agriculturae comercialização do cupuaçu não sejam asmais adequadas para gerar renda, pretendeu-se trabalhar juntamente com os comunitários

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    Beneciamento local e cooperativo da polpa de cupuaçu (Theobroma grandiforum Schum.) em uma comunidade da RDS-TUPÉ, Manaus-AM

    técnicas apropriadas para agregação de valor aocupuaçu, através do beneficiamento da polpapara a produção local de geléias, doces e balas.Então, esse projeto não só avaliou a viabilidadeeconômica do beneficiamento do cupuaçu, comotambém atuou juntamente com os comunitáriosno processo de aprendizagem das técnicas,relacionando-as sempre à educação ambiental; dacadeia produtiva, desde a colheita do fruto até avenda dos doces, balas e geléias.

    A experiência do grupo de

    beneciadores de cupuaçu doJuliãoSegundo Scudeller (2007), a partir de um

    extenso trabalho de campo realizado na Reservade Desenvolvimento Sustentável (RDS) Tupé(projeto Biotupé/Temático – FAPEAM 958/2003) –comunidades São João do Tupé e Colônia Central,durante os anos de 2004 a 2006, extraiu algumas

    conclusões acerca da viabilidade econômica douso de alguns recursos vegetais não-madeireirospelos comunitários, como óleo de copaíba,produção de geléia de cupuaçu e artesanato, parageração de renda e melhoria da qualidade de vida.A autora destacou quatro prováveis explicaçõespara entender porque as atividades propostas aoscomunitários não foram desenvolvidas com êxito: 1.falta de representatividade do líder comunitário; 2.falta de iniciativa comunitária; 3. as relações sociaiseram muito instáveis e grande fluxo de pessoasvindo para Manaus a qualquer dificuldade; e porfim, 4. a falta de perspectiva imediata de retornofinanceiro das atividades propostas.

    Em decorrência dessa experiência, a equipe doBiotupé trabalhou nos anos de 2006 e 2007, comapoio financeiro do CNPq (MCT/MDA através do

    CNPq – Conselho Nacional de DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico processo no 554318/2005-9edital CT-AGRO 19 e processo 554289/2005-9 editalCT-AGRO 20) realizando diversas reuniões com ogrupo de beneficiadores de cupuaçu da comunidade

     Julião mostrando a importância de uma organização

    comunitária mais forte e eficiente para que elesmesmos, sozinhos, de forma competente, possamdesenvolver todas as atividades necessárias para oaproveitamento do cupuaçu, independentementedo projeto.

    A polpa de cupuaçu era o principal produtoobtido, apesar de não ser o único. Segundo aliteratura e relatos da própria comunidade, podeser utilizada para a fabricação de sorvete, refresco,picolé, néctar, doce, geléia, licor, xarope, biscoito,bombom e iogurte. Na culinária regional seu usotem sido registrado em mais de 60 modalidades

    de produtos como, por exemplo, pudins, cremes,tortas, molhos, bolos e pizzas. O processo deextração e conservação da polpa é totalmentedependente da existência de energia elétrica.Situação pouco comum nas comunidades rurais daAmazônia.

    Por 22 meses foram trabalhadas na comunidadeo beneficiamento do cupuaçu de forma a gerar umproduto que agregasse valor e não dependesse

    de energia elétrica (por motivos óbvios na época).Então foi decidido trabalhar a produção de doces,geléias e balas. Portanto, três frentes de atuaçãoforam iniciadas: 1. padronização da receita dedoce, geléia e balas de cupuaçu, processadas ebeneficiadas na própria comunidade nos princípiosda cooperação; 2. organização comunitária eelaboração de um estatuto do grupo; 3. manejo etratos culturais do cupuaçuzal.

    Com os resultados obtidos pode-se afirmar queo beneficiamento do cupuaçu é uma atividaderentável, com um potencial de geração de rendada grandeza de R$ 100,00 (cem reais) para cada1,5h trabalhada na produção de doces e geléiase o mesmo valor para cada 16h trabalhada naprodução de balas, sem contabilizar o esforço davenda. Verificou-se que 6kg de polpa e cerca de 2hde trabalho na cozinha rendeu 48 potes (250 mlcada) de doce e 48 potes de geléia ou então 720balas gastando-se cerca de 18h.

    No entanto, apesar disso, o grupo não obteveesse valor por hora trabalhada por diversosfatores, entre eles: a falta de organização notrabalho, muitas vezes esqueciam-se de registrar

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    as horas trabalhadas; os registros de produção nãocoincidiam com os da venda; um controle incipientedo estoque os forçava a ter mais despesas paraas compras de matéria prima; e por fim, mas

    não menos importante, as doenças e pragas nocupuaçuzal reduziram em muito a produção,tornando mais intensa a necessidade dos tratosculturais, atividade desenvolvida pelos homensdo grupo, que são poucos. Então, conclui-se queessas atividades desenvolvidas no âmbito dessesprojetos apresentaram resultados econômicossatisfatórios, destacando que atividades

    alternativas de geração de renda em unidadesde conservação (ou comunidades rurais, de umaforma geral) podem ser bem sucedidas, desde queexista uma política de continuidade e com um fortecomponente de assistência técnica, pois percebeuque no início das atividades, quando a comunidadeera visitada semanalmente o avanço era maior deque quando mensal, já com intenção de trabalhara autonomia do grupo. Essa experiência também

    mostrou que não é possível mensurar o êxito deuma ação em uma comunidade exclusivamente soba óptica econômica, apesar dos números bastantesatisfatórios. Os aspectos sociais e ambientais sãotão ou mais importantes que os econômicos.

    Quanto aos tratos culturais, mesmo depoisde uma capacitação bastante prática na roça deum dos comunitários, as medidas de controlee prevenção das doenças e pragas não foram

    tomadas, principalmente porque o grau deinfestação era muito alto e o retorno visual dapouca área manejada corretamente não se deu,pois a vassoura de bruxa e a broca retornavammais rápido do que eram removidas. Portanto,nesse período estudado, a ação da broca reduziu orendimento de polpa na safra de 2007 a 25% e davassoura de bruxa não pode ser calculado.

    Quanto a organização comunitária as atuaçõesforam muitas e muito pouco foi obtido de avanço.Como intervenções em comunidades com foco degeração de trabalho e renda abalam as relações depoder na comunidade, essas devem ser trabalhadascom muita atenção e sensibilidade para não gerarmais conflitos do que os já existentes na mesma,

    e acabar como mais uma iniciativa frustrada,justamente por ser “boicotada” pelos própriosmembros do grupo.

    O grau de confiança dos comunitários na equipe

    que está apresentando a proposta, o grau deinserção da comunidade na atividade, a aderênciada proposta com a realidade local e o tempo deintervenção são determinantes para o êxito daatividade.

    Normalmente nas comunidades da RDS Tupé quejá atuamos (e isso parece ser uma condição geral paraas demais comunidades ribeirinhas da Amazônia) a

    visão de empreendedorismo é inexistente, o perfiletário é de crianças e pré-adolescentes e adultos jáquase na terceira idade. Os idosos não tem muitasambições mais nessa vida e suas perspectivas demelhora imediata na qualidade de vida são baixas,mas mesmo assim atuam efetivamente no grupo debeneficiadores de cupuaçu. Os pré-adolescentesestão se aproximando dessa atividade, pois é umadas poucas formas de gerar renda na comunidade,

    mas como é uma atividade recente, ainda nãoé suficiente para justificar sua permanência nacomunidade após a maioridade, onde na maioriadas vezes migra pra capital em busca de escola etrabalho formal.

    Mas, apesar de pouco, a atividade ainda geralucro e está a medida do possível envolvendo osjovens e, pela qualidade do produto beneficiadona própria comunidade, dentro de uma RDS, o

    mercado comprador está cada vez mais promissor.Além disso, a autogestão é um processo e não

    é possível esquecer que mudar comportamentos,mesmo que para a melhor, é sempre um processoe muitas vezes mais longo que os 24 meses queatuamos na comunidade com esse projeto, mas oscaminhos foram colocados, a equipe foi capacitada,as bases estabelecidas depois de muitas reuniões.Um embrião de um estatuto foi construído de formaparticipativa, restando ao grupo de beneficiadoresde cupuaçu irem aprimorando, redirecionando eefetivamente ganhando dinheiro com a atividade.

    Mas os princípios estabelecidos nesse projeto esua forma de atuação sem dúvida alguma pode serreplicada em comunidades com perfil semelhantes,

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    A   B

    C

    Figura 1: Fotos das atividades desenvolvidas na comunidade Julião. a. diculdade de acesso noperíodo da seca; b. reforma na cozinha comunitária – instalação da ação elétrica a ser ligadano gerador da escola municipal; c. despolpadeira comprada com recursos do projeto (CNPq); d.esquema apresentado e discutido com o grupo de beneciadores de cupuaçu quanto a organiza -ção comunitária; e. dinâmica de grupo realizada no início das reuniões; f. alguns produtos a basede cupuaçu gerados na comunidade, durante o primeiro curso de beneciamento do cupuaçu naprópria comunidade.

    D

    EF

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    ribeirinhos, produtores familiares, produtoresde cupuaçu que não tem energia elétrica parao conservação da polpa, etc. que terão êxitosemelhante ou maior do que o obtido no Julião. No

    entanto, não podemos esquecer-nos do processocontinuado de sensibilização e formação do grupo,que é a base para a consolidação do grupo econtinuação das atividades.

    O planejamento participativocomo ferramenta para

    organização socialUm dos grandes desafios em se realizar umplanejamento participativo é iniciar a metodologiaapostando no que as pessoas sentem, desejam epensam a respeito do que querem abordar.

    Um planejamento participativo se arquiteta apartir de uma construção conjunta e comprometidacom os anseios da coletividade, já que aspráticas que normalmente se desenvolvem nas

    comunidades têm por costume expor idéiastotalmente pré-concebidas (Reis Júnior et al. –neste volume). Uma das estratégias adotadas embusca dos resultados positivos para a coletividadeé a utilização de uma metodologia conhecidacomo DLIS – Desenvolvimento Local Integrado eSustentável.

    “O DLIS é um novo modo de promover

    o desenvolvimento, possibilitandoo surgimento de comunidades maissustentáveis, capazes de: suprir suasnecessidades imediatas; descobrir oudespertar suas vocações locais e desenvolversuas potencialidades específicas (...), sendouma via possível para a melhoria da qualidadede vida das populações e para a conquistade modos de vida mais sustentáveis” (Rede

    DLIS).Como forma de desenvolvimento do DLIS, adotou-

    se a proposta de trabalho comunitário conhecidacomo Diagnóstico Participativo, originalmentechamando de Diagnóstico Rural Participativo(DRP) que surgiu nos projetos de Extensão rural

    e implementaram a concepção e recuperação domanejo de recursos naturais renováveis.

    A escolha de uma metodologia que prima pelaparticipação direta dos envolvidos e interessados

    no processo não foi aleatória, e no caso da região daRDS Tupé, onde as comunidades têm envolvimentodireto com as questões agrárias de modo geral,o propósito de desenvolver um programa desustentabilidade social, econômica e ambiental éuma prioridade para a comunidade analisada.

    O DRP oferece uma gama de conceitos e métodosque facilitam os processos de conhecimento, ação e

    organização durante o planejamento participativo,colaborando na construção do projeto coletivo(vide Reis Júnior et al  – neste volume, sessão ODiagnóstico Rápido Participativo nas Comunidadesde São João do Tupé e Julião).

    O processo consiste em levantar tudo o queé considerado relevante pelos comunitários,em seguida, discute-se as necessidades, aspossibilidades e por fim a realidade. Após isso,

    é feita a hierarquização dos desejos, ondeos próprios comunitários observaram que osreais desejos e possibilidades antes colocadoscomo primordiais ficaram em segundo plano, eeducação e saúde integrais foram os consideradosprioritários, sendo geração de renda o quarto itemna lista de prioridades (Reis Júnior – neste volume),apesar de ter sido uma demanda dos próprioscomunitários no início do projeto e também de

    toda a contextualização já exposta anteriormente.A proposta do DLIS -colocada em pratica através

    do DRP- fundada em projeto multidisciplinar háde contribuir para a viabilidade de uma Amazôniapluricultural onde todos tenham capacidade decompreensão do seu habitat e de suas possibilidadeseconômicas, sociais e ambientais. Tal ferramentapossibilita ainda, o desenvolvimento de projetospróprios, em conformidade com suas característicasancestrais, respeitadoras do ambiente, de modoque os progressos da civilização não se choquemcom os valores que lhe são mais importantes.

    Todo esse processo possibilitou tirarmos umafotografia da comunidade, de seus desejos e desuas prioridades, e foi muito útil no processo

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    de avaliação do projeto de beneficiamento docupuaçu, uma vez que a vertente econômica parecianão ser a prioridade dos comunitários depois que aatividade teve início e sim as relações sociais que

    ditavam o andamento do grupo.Com isso, nossa avaliação dos resultados

    obtidos é a de que as relações interpessoais sãomais estruturantes do que a própria vontade degerar renda. O que queremos dizer com isso é que,mesmo sabendo do potencial para geração derenda da atividade comunitária de beneficiamentodo cupuaçu, muitos comunitários ainda nãoparticipam da atividade pura e simplesmenteporque não “gostam” da pessoa que é a atuallíder da cozinha, não são capazes de superar essabarreira e encarar a atividade com o profissionalismoe visão empreendedora que a mesma necessita.

    Por isso, uma visão integrada e um trabalhocontínuo envolvendo oficinas participativas,dinâmicas, o próprio planejamento participativose faz necessário e indispensável em experiências

    como a que estamos apresentando aqui.Contrato assinado entre ogrupo de beneciadores e oprodutor de cupuaçu

    Uma das premissas estabelecidas nesse projetoera que essa atividade seria mais uma alternativade geração de renda na comunidade, o que,portanto, não iria comprometer qualquer outraatividade já desenvolvida por eles (de rotina).Como foi estabelecido um contrato de troca docupuaçu por mão de obra para os tratos culturais, ogrupo pagava a fruta com trabalho, não envolvendorecursos financeiros. Isso implicava em um dia nasemana de quatro membros irem limpar e colheros cupuaçus no terreno da produtora. Ao chegarem

    com os frutos, um outro grupo (geralmente demulheres) limpava o fruto, retirava a polpa (numadespolpadeira elétrica adquirida pelos projetossupra-citados) e iniciavam o processo de cozimento(para polpa não estragar). Esse processo era feitotodo num único dia. Com mais um dia de trabalho

    eles terminavam de beneficiar toda a fruta colhidana semana.

    Outra inovação adotada como estratégiapara ajustar as necessidades à realidade local

    foi a questão do fornecimento dos frutos parao grupo de beneficiadores de cupuaçu. O apoiofinanceiro ofertado pelo projeto Biotupé atravésdo financiamento do CNPq (CT-AGRO 20 e CT-AGRO19) não contemplava as despesas com a comprada matéria-prima. Uma alternativa foi, depois demuito discutida no grupo, assinar um contrato comum dos principais fornecedores de cupuaçu dacomunidade onde o grupo iria buscar as frutas nolocal da produção (ou seja, no terreno do produtor),ofertava-lhe os tratos culturais durante a safra e50% de toda polpa extraída lhe era devolvida comoforma de pagamento.

    Como toda atividade que exige interação eorganização de um grupo em relação a outro,diversas falhas houveram e foram exaustivamentediscutidas em reuniões. Como a equipe do

    projeto Biotupé sempre mediava essas reuniõesconseguíamos um mínimo de objetividade e aospoucos fomos estabelecendo procedimentos aserem adotados, pensando e agindo sempre para aauto-gestão do grupo.

    Diculdades enfrentadas eperspectivas futuras

    As principais dificuldades enfrentadas duranteos quase dois anos de convívio com essescomunitários foram principalmente de cunhosocial, ou seja, de relacionamento interpessoal.Para listar alguns pontos trabalhados:

    a. o projeto foi apresentado para a comunidadecomo um todo, mas só os interessadospermaneceram no grupo produtivo. No entanto,a reclamação que ouvíamos repetidamente erasobre o projeto ser excludente ou estar priorizandouma família em detrimento da outra, mas quandoparávamos pra conversar, eles mesmos lembraramde todo o processo e chegavam a conclusão quenão era verdade a afirmativa inicial.

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    b. os homens do grupo não cumpriram com oacordo assinado com a fornecedora de cupuaçuem relação aos tratos culturais e essa não queriaassinar outro contrato sem que o anterior tivesse

    sido devidamente cumprido. O acordo foi reduzira porcentagem de polpa que ficava para o grupo,caso na semana anterior não tenham ido realizaros tratos culturais. No entanto, isso nunca ocorreu,pois o grupo começou a comprar a fruta de outrosprodutores também de dentro da RDS Tupé, queofereciam a fruta já no barracão comunitário e nãorecebiam em produto e sim em dinheiro.

    c. uma comunitária membro do grupo e chefe dacozinha foi recentemente contratada pela escolalocal o que limitou seu tempo na cozinha do grupoprodutivo. Isso causou um retrocesso no grupo,pois agora estão retrabalhando a padronizaçãoda receita e o ponto de cada um dos produtos,mas novos produtos estão sendo gerados, comoos cubos de cupuaçu, que está tendo uma ótimasaída. Algumas reuniões estão sendo executadas

    e planejadas para que o grupo se unifiquenovamente e passe então a trabalhar em doissetores: a cozinha (com o beneficiamento da polpa)e o artesanato (com o aproveitamento das cascas emaior agregação de valor).

    Considerações naisHoje, o grupo de beneficiadores de cupuaçu

    do Julião está estruturado, composto poraproximadamente 10 pessoas e com o objetivo deaproveitar o cupuaçu de forma integral. Este grupojá recebeu treinamento de colheita dos frutos,extração da polpa usando uma despolpadeirafornecida com financiamento do CNPq, produção dedoces, balas e geléia, além de tratos culturais nosplantios de cupuaçu. Também com financiamentodo CNPq foi feito uma pequena reforma na cozinha

    comunitária para deixá-la em condições adequadaspara a realização das atividades, onde a higienepessoal, do local e equipamentos foram facilitadasapós esta reforma. A despolpadeira é usada comfornecimento de energia elétrica do gerador daescola municipal. Mas os membros do projeto têm

    bem claro que ações de continuidade abrangendoas fraquezas do grupo, já identificadas, sãonecessárias para que este esforço possa resultarno protagonismo pleno por parte dos integrantes

    do grupo de beneficiadores.Os processos de colheita dos frutos, seu preparo

    para extração da polpa, extração da polpa, efabricação de doces, geléias e balas já estãoconsolidados, mas muito ainda precisa ser feito.As atividades de gestão financeira e administrativa,os tratos culturais e fitossanitários dos plantiosprecisam ser adequadamente oferecidos,apreendidas e implantadas no grupo. O marketinge comercialização dos produtos são deficientes.Os resíduos gerados pela atividade não sãoadequadamente tratados. O aproveitamento dassementes e da casca ainda não está sendo realizado.A organização geral para o trabalho em grupo precisaser adequadamente resgatada e consolidada. Osantigos puxiruns, ajuris e mutirões, denominaçõeslocais para o trabalho comunitário, práticas que

    ainda existem em algumas comunidades do interiorda Amazônia e que talvez ainda façam parte daslembranças da infância de alguns precisam servalorizadas através da prática.

    Uma atividade que poderá ser incentivada nacomunidade é o beneficiamento da semente, afinalela é 20-25% do peso de cada fruta. A semente docupuaçu, considerada resíduo da agroindústria,é um material de excelente valor nutricional

    (Carvalho, 2004), servindo para o preparo decupulate, produto que se assemelha ao chocolate.Além disso, a partir dela pode-se fazer a extraçãoda gordura das sementes (manteiga de cupuaçu),comercializada nas indústrias de cosméticos(Nazaré, 1990). Mas só a semente seca já encontraum bom preço no mercado local e já resolveria umproblema de geração de resíduo na comunidade.

    Além disso, detectamos um grupo de mulheresna comunidade com habilidades para utilizaras cascas do cupuaçu na produção de cestas eenfeites/embalagens, o que agregaria mais valorao produto final. Mas essa é uma iniciativa quedeverá ser tomada pelo grupo.

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    Beneciamento local e cooperativo da polpa de cupuaçu (Theobroma grandiforum Schum.) em uma comunidade da RDS-TUPÉ, Manaus-AM

    Analisando os 22 meses de intervenção nacomunidade podemos então concluir que osprocedimentos adotados conseguiram atingir osobjetivos propostos no projeto, que o envolvimento,

    ou empoderamento, comunitário ocorreu e que asmudanças de comportamento e postura em relaçãoao assistencialismo que estavam tão acostumadosestá gradativamente mudando e cada vez menospresente no discurso dos comunitários que estãoenvolvidos nesse processo. Realizar avaliaçõesao longo do desenvolvimento das atividades nospermitiu corrigir pequenos desvios, o que de certaforma foi responsável pelo êxito do projeto.

    No entanto, se faz necessário destacar que comotodo processo, as mudanças são contínuas, porémmorosas, mas esperamos que duradouras.

    AgradecimentosEsse projeto contou com o apoio financeiro do

    CNPq (CT-AGRO 20 – Gestão local através de açõessócio-ambientais e uso racional dos recursos

    naturais para geração de renda e melhoria daqualidade de vida na Reserva de DesenvolvimentoSustentável do Tupé. Financiamento CNPq; e CT-AGRO 19 – Organização comunitária e uso dabiodiversidade para geração de renda e melhoria daqualidade de vida na Reserva de DesenvolvimentoSustentável do Tupé. Financiamento CNPq.

    Referências BibliográcasCarvalho, J.E.U. 2004. Fruteiras Nativas da Amazônia.

    On-line. Disponível em: . Acesso em19/05/2004.Cunha, M.C., Almeida, M.W.B.. 2001. Populações

    tradicionais e conservação ambiental. Pp.184-193In: CAPOBIANCO, J.P et al. (orgs) Biodiversidadena Amazônia Brasileira. São Paulo: InstitutoSócio Ambiental, Estação Liberdade.

    Lisboa, P.L.B. 2002. Caxiuanã: PopulaçõesTradicionais, Meio Físico e Diversidade Biológica.

    Belém, Museu Paranaense Emílio Goeldi, 734p.Nazaré, R.F.R; et al. 1990. Processamento das

    sementes de cupuaçu para a obtenção decupulate. Belém: EMBRAPA – CPATU. 38p. il.(Boletim de pesquisa 108).

    Reis Júnior, A.M.; Blanco, A.; Gasparini, L. 2009.Planejamento Participativo: Processo coletivode construção de autonomia em comunidadesda Reserva de Desenvolvimento Sustentável do

    Tupé- AM- Brasil – neste livroScudeller, V.V. 2007. Uso de recursos vegetais não

    madeireiros como alternativa de geração derenda na RDS Tupé - AM. Revista Brasileira deBiociências 5: 258-260.

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