saiba+ - edição 20 de março 2015

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Desde 2006 20 de março de 2015 Faculdade de Jornalismo - PUC-Campinas Fast-foods e guloseimas ganham ingredientes “gourmets” Pág. 11 Aids entre jovens aumenta 40% De acordo com dados do Ministério da Saúde, a faixa etá- ria em que mais cresceram infecções pelo HIV foi entre 15 e 24 anos. Pesquisa do mesmo órgão indica, no entanto, que 94% conhece formas de prevenção, mas, nessa mes- ma faixa etária, 45% disseram não ter usado camisinha no último ano. Em Campinas, são registrados 260 novos casos da doença por ano. Pág. 12 38% dos inadimplentes no comércio têm até 20 anos Pág. 07 Falta de agentes deixa alunos sem aula na Rede Municipal Pág. 04 Protesto no MIS Manisfestantes ocupam museu para pedir sala de cinema alternativo. Pág. 8 Entrada do Centro de Referência DST/HIV, no Centro: 260 novos casos por ano Foto: Amanda Januzzi Destino das capivaras Projeto prevê castração de animais no Taquaral, para controlar aumento de roedores. Pág. 6 Mais motos nas ruas Na RMC, número de motos cresce 160%. De cada dez acidentes, sete envolvem motos. Pág. 5

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Saiba+ é um produto laboratorial desenvolvido pelos alunos da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas. Esta edição foi produzida pelos alunos da Turma 43 Matutino.

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Page 1: Saiba+ - Edição 20 de março 2015

Desde 2006 20 de março de 2015 Faculdade de Jornalismo - PUC-Campinas 20 de março de 2015

Fast-foods eguloseimas ganham ingredientes “gourmets”

Pág. 11

Aids entre jovens aumenta 40%

De acordo com dados do Ministério da Saúde, a faixa etá-ria em que mais cresceram infecções pelo HIV foi entre 15 e 24 anos. Pesquisa do mesmo órgão indica, no entanto, que 94% conhece formas de prevenção, mas, nessa mes-ma faixa etária, 45% disseram não ter usado camisinha no último ano. Em Campinas, são registrados 260 novos casos da doença por ano. Pág. 12

38% dos inadimplentes no comércio têm até 20 anos

Pág. 07

Falta de agentes deixa alunos sem aula na Rede Municipal

Pág. 04

Protesto no MIS

Manisfestantes ocupam museu para pedir sala de

cinema alternativo.

Pág. 8

Entrada do Centro de Referência DST/HIV, no Centro: 260 novos casos por ano

Foto: Am

anda Januzzi

Destino das capivaras

Projeto prevê castração de animais no Taquaral, para controlar aumento

de roedores.

Pág. 6

Mais motos nas ruas

Na RMC, número de motos cresce 160%. De cada dez acidentes, sete

envolvem motos.

Pág. 5

Page 2: Saiba+ - Edição 20 de março 2015

GABRIELA GIMENES

VINÍCIUS OLIVEIRA

EDITORES

RÁPIDAS

PUC-Campinas oferece novo curso de extensão

CARTA AO LEITOR

Expediente:Jornal laboratório produzido por alunos da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas. Centro de Comu-nicação e Linguagem (CLC): Diretor: Rogério Bazi; Diretora-Adjunta: Cláudia de Cillo; Diretor da Facul-dade: Lindolfo Alexandre de Souza. Tiragem: 2 mil. Impressão: Gráfi ca e Editora Z

Professor responsável: Fabiano Ormaneze(Mtb 48.375). Edição e Edição de Capa: Gabriela Gimenes e Vinícius OliveiraDiagramação: Flávia Coelho e Victoria Monti

Carla Bampa

CRÔNICA

Não me culpem pela falta d’águaCARLA BAMPA

Todos já me conhecem muito bem, quando eu apa-reço dependendo do dia, eu estou fraca, só passo para dar um oi e ir embora, e outras venho em forma de tempestade, causando estragos por todos os la-dos, posso dizer que sou oito ou 80.

Mas nesses últimos anos, eu tenho aparecido bem menos que o esperado. Sei que todos estão sentindo minha falta, mas é que os desmatamentos não dei-xam eu aparecer, e pro-meto que voltarei a cair, ajudarei a diminuir a seca e encher as represas.

Sei que vocês fi cam me culpando, mas a culpa toda não é minha não. O gover-no tem parcela de culpa, pois sabia que a água es-tava com os dias contados e não fi zeram nada para reverter essa situação, a outra é o desmatamento, como falei, pelo motivo do meu ciclo não conseguir se concluir.

Esses fatores não in-fl uenciam só a mim, mas a toda população que é prejudicada com essa falta d’água, afetando desde as plantações até para o pró-prio consumo dos morado-res que estão enfrentando racionamentos desde o ano passado.

Vocês sabem que não gostaria de ver isso acon-

CPAT oferece novas vagas de emprego em Campinas

tecer, mas vai mudar e já vem mudando, como na segunda semana de março que tiveram quatro dias de chuvas intensas. Já deu uma pequena ajuda para os reservatórios, e claro, para a população. Talvez eu di-minua a partir dos próxi-mos meses, nos quais eu apareço bem pouco, por ser época de Outono e In-verno.

Não sei se vocês já pen-saram em como é ser água, talvez não, não é? Então, ser água é algo importan-te, essencial, pelo motivo de sempre estar presente na vida de toda população. Mas agora pensem, nesse atual momento que vocês estão vivendo, eu estou em falta e sendo considerada como algo mais que pre-cioso.

Ser água nesse momento de escassez e racionamento signifi ca que vocês, mora-dores, devem me idolatrar, cuidar muito bem de mim, porque já estão quase sem, e se fi car sem, o problema vai ser bem maior.

20 de março de 2015Página 2

Aumenta o número de reclamações dos planos de saúde

Humberto Gessinger realiza show da turnê ‘Insular’

A PUC-Campinas oferece, a partir do dia 11 de maio, o curso de extensão sobre o patrimônio his-tórico-cultural e arquitetônico da cidade. As ins-

crições estão abertas e terminam no dia 4 de maio. Os inscritos vão aprender desde a historiografi a, desenvol-vimento econômico até o crescimento e seus problemas. As aulas serão ministradas pelo professor João Manuel Verde dos Santos. O curso terá carga horária total de 12 horas e não há nenhum pré-requisito para participar. As vagas são abertas a todos, principalmente adultos e ido-sos. Será ministrado no Campus Central, localizado na Rua Marechal Deodoro, nº 1099.

Reclamações sobre os planos de saúde em Campi-nas aumentaram 49,05% em 2014, em relação ao ano anterior, de acordo com a Agência Nacional de

Saúde Suplementar (ANS). O número cresceu de 1.003 para 1.495. As principais reclamações dizem respeito à demora para marcar uma consulta. Em alguns casos, há relatos de mais de 40 dias. As mesmas pessoas afi rma-ram, em suas reclamações, que, caso optassem por con-sultas particulares, esse prazo seria de apenas três dias.

O Centro Público de Apoio ao Trabalhador de Campinas (CPAT) oferece 11 vagas de emprego para pessoas com algum tipo de defi ciência. Em destaque, encontra-se a função de motorista de

caminhão. O CPAT ainda oferece 374 vagas para o pú-blico em geral, entre elas, analista de cobranças. As pes-soas que se interessarem devem conferir todas as vagas e condições que o centro oferece, e ir a uma das três uni-dades, localizadas no Centro, no Ouro Verde e no Campo Grande portando RG, CPF, número do PIS e carteira de trabalho. Mais informações no site: www.cpat.campinas.

O vocalista do Engenheiros do Havaí, Humberto Gessinger, se apresenta em Campinas no dia 11 de abril. Ele faz um show solo do álbum Insular,

d e músicas inéditas, lançado em 2013, com o qual está percorrendo todo o país. A apresentação acontece no Campinas Hall, no Jardim Primavera, com abertura dos portões às 21h e show previsto para a 1h. Os valores dos ingressos são a partir de R$ 30 e podem ser comprados no site ticketbrasil.com.br.

O vocalista do Engenheiros do Havaí, Humberto Gessinger, se apresenta em Campinas no dia 11 de abril. Ele faz um

A PUC-Campinas oferece, a partir do dia 11 de

Esta edição é produzi-da pelos alunos da turma 43 do período matutino da PUC-Campinas, marca o retorno do Saiba+ em 2015, e traz como destaque um alerta aos jovens. O nú-mero de pessoas com ida-de entre 15 e 26 anos com Aids aumentou quase 40% nos últimos nove anos.

A falta de agentes de edu-cação infantil em Campi-nas é assunto de uma re-portagem que mostra que alunos de algumas escolas da cidade estão sendo dis-pensados das atividades es-colares em razão do dé� cit de funcionários.

O aumento do número da frota de motos na RMC, a proibição da exposição de animais em vitrines e gaio-las e o projeto de castração de capivaras em Campinas serão abordados neste Sai-ba+.

Os universitários são o assunto de duas reporta-

gens: a primeira sobre o novo Passe Universitário, o qual permite a universi-tários campineiros o des-conto de 50% na tarifa de ônibus; a outra mostra o aumento desses estudantes que se tornam inadimplen-tes, devido às facilidades de crédito.

Veja também o protesto pela reforma da sala de ci-nema Glauber Rocha, rea-lizado no MIS Campinas, que poderia exibir � lmes alternativos. Desde o fe-chamento do Cine Topázio, a cidade carece de um es-paço que exiba � lmes desse gênero.

Nesta edição você tam-bém pode conferir um panorama da dengue em Campinas, além da história de uma mãe que teve que adaptar os hábitos alimen-tares de suas duas � lhas em decorrência da doença Ce-líaca.

Boa Leitura!

Page 3: Saiba+ - Edição 20 de março 2015

Projeto vai avaliar qualidade da noite do campineiro na era em que se dorme cada vez menos

20 de março de 2015Página 3 Epidemia

Camila Yano

Revitalização

Áreas públicas precisam de investimentosPrincipais reclamações dizem respeito à falta de iluminação, segurança e brinquedos infantis

Gabriela Soligo

Distúrbios do sono é tema de pesquisa

“Como é a noite de sono da população de Campinas? Quanto

tempo o campineiro dor-me? A nossa preocupação é saber se as pessoas es-tão dormindo o sufi ciente e qual é a qualidade dessa noite”, diz a professora Tâ-nia Aparecida Marchiori de Oliveira Cardoso, neu-rologista, especialista em medicina do sono e uma das coordenadoras do pro-jeto ISACamp Sono, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Iné-dita no Brasil, a pesquisa levará profi ssionais às ca-sas de 400 pessoas que, a partir do mês de março, vão responder a questionários e farão exames para a análise dos aspectos relacionados à duração, à qualidade e aos distúrbios do sono.

Segundo a coordenadora, o projeto vai usar métodos objetivos e subjetivos para a investigação desses dis-

túrbios. “Os exames sub-jetivos serão as perguntas que nós faremos para ver se o indivíduo tem quei-xas, se ele sente que dor-me bem, rastrear a apneia, dentre diversos outros pon-tos. Objetivamente, fare-mos a polissonografi a e a actigrafi a. ”

O ineditismo se dá ao fato de que é a primeira vez em que o exame de polissonografi a, sensores usados para fazer o regis-tro completo de diversas funções do corpo durante o sono, é feito fora das clíni-cas e laboratórios. Em uma forma portátil, ele vai ser aplicado durante uma noi-te na casa de cada paciente para avaliar, especialmen-te, a apneia do sono. Já a actigrafi a será feita por um equipamento semelhante a um relógio, que detecta os movimentos do corpo e registra o ritmo de vigília e sono, fazendo, assim, um mapa diário do paciente durante os sete dias em que

ele deve usar o aparelho.Além disso, os escolhi-

dos para a pesquisa de-verão escrever um diário “que vai dar informações dia após dia sobre os horá-rios em que ele foi dormir e que acordou, sintomas, como estava na hora em que levantou, se cochilou durante o dia etc”, explica Tânia. Dentre os 400 sele-cionados, 300 apresentam queixas de sono e 100 não apresentam, sendo usados, portanto, para controle de comparação.

A estudante da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campi-nas) Agnes Shinozaki, de 22 anos, descobriu que ti-nha a apneia aos 10 anos. “Eu viajava com meus pais e primos, e, quando dividia o quarto, eles perceberam que eu fi cava um tempão sem respirar e depois respi-rava com tudo, sem ar”.

Após alguns tratamentos, Agnes diz que não acorda mais com falta de ar, mas

que ainda não está 100% curada. “Ainda tenho um pouco de falta de aten-ção e cansaço constante por causa de noites mal dormidas, mas melhorei bastante. Quando a minha apneia estava pior, eu tinha muitas dores de cabeça e ronco. Imagine uma crian-ça que vai dormir na casa dos amigos e ronca? Eu sofria”.

Outro caso é o da eco-nomista Lucila Rodrigues Gomes, de 57 anos. Ao acordar durante as noites com sensação de sufoca-mento, Lucila procurou o Instituto do Sono em São Paulo para buscar respos-tas. “Lá eles me disseram que eu tenho apneia e que meu estágio era avançado. Fiz diversos exames e pro-gredi, mas ter que dormir no hospital me deixava desconfortável, e isso in-fl uenciava nos resultados”, afi rma. De acordo com Tâ-nia, “o fato de o indivíduo dormir cheio de aparelhos

e de sensores é uma situa-ção favorável para difi cul-tar o sono especifi camente naquela noite, e mais ain-da se ele estiver dormindo fora do seu ambiente habi-tual”.

É para casos como o de Agnes e Lucila que os pes-quisadores do projeto ISA-Camp Sono vêm se reunin-do há quase dois anos para discutir e aperfeiçoar mé-todos para a pesquisa fora do ambiente clínico. Os domicílios visitados serão os mesmo do projeto ISA-Camp e foram escolhidos de acordo com as regiões censitárias previamen-te defi nidas pelo Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE). O pro-jeto é feito por pesquisado-res do Centro Colaborador em Análise da Situação de Saúde (CCAS), da Facul-dade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e tem apoio da Fundação de Am-paro à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Muitas praças e parques de Campinas há

tempos deixaram de ser es-paços públicos de diversão e convivência. Isso porque, segundo a própria Prefei-tura, embora sem divul-gar dados, há um grande número de reclamações re-ferentes à falta de ilumina-ção, segurança, brinquedos disponíveis e limpeza.

Para tentar sanar o pro-blema, o prefeito Jonas Donizette (PSB) anunciou, no dia 7 de março, o in-vestimento de R$ 60 mi-lhões em reformas nesses espaços. Serão mais de 50 locais, porém, ainda não há informações de quais passarão por esse proces-so, nem quando isso deve ocorrer.

Para Maria Rosa Fernan-des, de 65 anos, � ca difícil distrair a neta de 9 anos

quando não há mais tran-quilidade na praça Heróis de Laguna (Largo de Santa Cruz), no Cambuí. “Es-pero que agora, com esse dinheiro que o prefeito vai investir, sejam construídas novas praças e novos brin-quedos e que, assim, não apenas a minha neta, mas outras crianças possam se divertir fora de casa tam-bém”, a� rma.

Maria Maura Souza, de 17 anos, reclama por não poder usufruir da praça Clodomiro Rodrigues, no Guanabara. “A praça é es-cura, e nem eu e nem mi-nhas amigas nos sentimos à vontade. Se tornou um lugar perigoso. Uma pena.”

Desde 2013, segundo a Prefeitura, já foram reurba-nizadas mais de 120 praças. Dentre as mudanças estão a remodelação da Praça Silva Rego, no Jardim Chapadão, que abriga uma feira de ar-tesanato, a reurbanização

das praças Iolanda Apa-recida Villela Dirani, na Chácara da Barra e Guido Segalho, na Vila Industrial, e a instalação de uma aca-demia adaptada para pes-soas com de� ciência física no Parque Portugal (Lagoa do Taquaral).

Para o cadeirante Ra-fael Caldieraro, os novos equipamentos facilitaram a prática de exercícios físi-cos. “Antigamente, eu não tinha um lugar certo para me exercitar, tinha que me virar em casa, em um lugar fechado.”

Há também nova atração em teste para os que gostam de caminhar no parque: quatro pedalinhos em for-matos de caravela têm mo-delo inédito e fabricado es-pecialmente para a Lagoa. Desde o dia 21 de fevereiro, as caravelinhas estão à dis-posição do público durante um mês. Depois, será deci-dido se elas permanecerão.

Para o urbanista Octávio Relvas, a revitalização das praças é um processo ne-cessário para a criação de espaços públicos de convi-

vência, que sejam alternati-vas de lazer numa cidade, como Campinas, em que há poucos atrativos para a população usufruir.

No Taquaral, novos pedalinhos, em fase de teste, têm formato de caravelas

Foto: Gabriela S

oligo

Page 4: Saiba+ - Edição 20 de março 2015

Unidades de Edu-cação Infantil da rede municipal de

Campinas estão dispen-sando as crianças matricu-ladas em período integral por causa da falta de agen-tes de Educação Infantil (AEI). Desde o dia 4 de fevereiro, quando as au-las retornaram, a dispensa é recorrente para muitos pais, que só tomaram co-nhecimento do que estava acontecendo no primeiro dia de aula.

É o caso de Rosana do Socorro Solino Araújo, mãe de um aluno da Es-cola Municipal Zeferino Vaz, na Vila União. Ela contou que só tomou co-nhecimento do problema no dia em que as aulas iniciaram e que nunca tem um horário fi xo para buscar o fi lho na escola. “Era para a aula ser das 8h até às 16h, mas, desde o primeiro dia, não tem um horário certo para bus-car meu fi lho. Um dia fui

buscar às 14h, outro dia às 12h. E, agora, até o dia 20 de março, as aulas vão acabar 12h30. É uma falta de organização”, critica.

A Secretaria de Educa-ção de Campinas reconhe-ceu que existe um défi cit de 273 funcionários nes-sas unidades. A promessa é que sejam contratados até o mês de abril. Com a chegada destes profi ssio-nais, escolas, de acordo

Falta de agentes reduz expediente escolarProfi ssionais devem ser contratados até o mês de abril; até lá crianças são dispensadas às 12h30

Betina Mantoan

Foto: Betina M

antoan

20 de março de 2015Página 4

Escola municipal na Vila União tem cartaz no portão,

informando sobre horário reduzido

Era para a aula ser das 8h até às 16h, mas, desde o primeiro dia, não tem um

horário certo para buscar meu fi lho.com o órgão, atenderão em período integral ao invés de parcial. Um con-curso para a contratação desses profi ssionais foi realizado em janeiro.

Segundo as professoras da Faculdade de Educa-ção da Pontifícia Univer-sidade Católica de Cam-pinas (PUC-Campinas), Ana Paula Fraga Bolfe e Fernanda Taxa, uma das hipóteses para explicar por que Campinas enfren-ta problemas na educação há tantos anos é o des-continuísmo de políticas

públicas. “Não há uma continuidade nos projetos. Deixou de ser política pú-blica e se tornou política partidária, e aí você não consegue atender as de-mandas existentes”, afi r-ma Ana Paula.

Para Suzana Cristina Teixeira, mãe de outro aluno da Escola Munici-pal Zeferino Vaz, o pro-blema é ainda maior. Des-de o início de fevereiro,

o fi lho dela tem que ser levado para o trabalho, no período da tarde, em que era para ele estar na esco-la. “A van busca o meu fi -lho 12h30 e deixa comigo no trabalho. Isso prejudi-ca e compromete. Eu sou autônoma, trabalho com próteses dentárias. Ele já chegou a levar os meus instrumentos de trabalho na mochila”, conta. Ela ainda diz que já chegou a procurar a direção da escola. “Eles dizem que os funcionários estão em período de contratação,

mas enquanto isso nada se resolve. Não adianta estar no papel que a escola fun-ciona em período integral, se na prática não é”, afi r-ma.

Outro caso é o de Adria-na Paula Buzzolo. Ela chegou a largar o trabalho para poder cuidar das fi -lhas no período da tarde. “Só no papel a escola fun-ciona em período integral. Eu cheguei a largar o meu

emprego porque não conseguia conciliar os meus horários”, conta.

Não são apenas as fa-mílias que tiveram que se reorganizar em razão da falta de aulas. Os mo-toristas de vans também foram prejudicados. Se-gundo Vanderleia Gar-cia, motorista há 3 anos, ela teve que remanejar os horários. “Já cheguei a colocar mais alunos do que o permitido dentro da van. Algumas escolas não têm aula no período da tarde, e as crianças

são liberadas 12h30”, cri-tica.

Toda criança tem o direi-to, garantido pela Consti-tuição e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de ser matriculada em uma escola pública. Segundo a Constituição, o Estado tem o dever de garantir a educação infan-til para todas as crianças, sem instaurar qualquer critério para o acesso. En-tretanto, não é o que acon-tece.

De acordo com a pro-fessora Fernanda, muitas crianças conseguem va-gas nas creches e escolas infantis por meio da Jus-tiça. “ A gente sabe que a entrada das crianças tem sido por meio legal, e não por aquele simples traba-lho de fazer a matrícula da criança na escola. Isso já é também problemático”, afi rma.

A questão é complexa, só poderá ser resolvida em longo prazo e inter-fere totalmente no ensi-no da criança, a começar pelos conceitos de ética. “As crianças já começam a ver que é possível sub-trair direitos. A educação pode ser relegada a último plano”, lamenta Fernanda.

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Page 5: Saiba+ - Edição 20 de março 2015

20 de março de 2015Página 5 Trânsito

Frota de motos cresce 160% na RMCSegundo IBGE, número ultrapassa média estadual e nacional; ao todo são 318 mil veículos

Raíssa Zogbi

Entre 2004 e 2014, o número de mo-tos na Região Me-

tropolitana de Campinas (RMC) saltou de 122 mil para 318 mil, segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o que equivale a um crescimento de 160%. Desse total, uma em cada três motos está em Campinas, o que con-tribui com o aumento de acidentes, com o tráfego carregado e com a emissão de poluentes, como ex-plica o professor Orlando Fontes Lima, da Universi-dade Estadual de Campi-nas (Unicamp). De acordo com a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), em 2013, a cada dez acidentes registrados apenas na re-gião central da cidade, sete envolveram motociclistas.

O Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE) constatou que há uma moto em circulação para cada 9,5 habitantes, considerando a população da RMC em 3,055 mi-lhões. Número conside-rado elevado e superior, se comparado proporcio-nalmente com a média es-tadual (10,6 motocicletas por habitante) e nacional (10,4), registradas pelo Instituto.

Mesmo assim, a pre-ferência pelo veículo de duas rodas é grande. A exemplo disso, o designer gráfi co Marcelo Borges, de 43 anos, mora em Pau-línia e vendeu seu carro para ir trabalhar de moto em Campinas.

“Os custos para manter o carro eram muito maiores, então, eu decidi vender e comprar a moto e ainda guardei um pouco do di-nheiro. Eu acabo gastando

Estacionamento para motos, na PUC-Campinas: aumento da frota se deve à facilidade de compra e à mobilidade no trânsito, cada vez mais carregado na cidade

menos com combustível e economizo tempo, porque consigo fugir do trânsito. Ah, e claro, a adrenalina que a gente sente é muito prazerosa!”

Fontes Lima, professor da Unicamp, com douto-rado em Engenharia de Transporte, afi rma que o aumento de motos é uma tendência nos países de menor renda. “A moto é muito acessível à popu-lação de baixa renda. Se considerar que a tarifa de ônibus em Campinas é de R$3,50, com 20 dias idas e voltas você gasta R$ 140. Uma parcela de fi nancia-mento de uma moto pode girar em torno de R$120.”

Ele explica ainda que esse aumento complica o tráfego, já que cria corre-dores com fl uxo intenso entre os automóveis, como no caso de São Paulo. “Isto é bem diferente dos Estados Unidos, onde a moto tem que se manter no

trânsito como um automó-vel, inclusive parando na mesma fi la que ele.”

O secretário municipal de Transportes e dire-tor-presidente da Emdec, Carlos José Barreiro, afi r-ma que há medidas de segurança em andamento para organizar o trânsito entre motocicletas e outros

veículos. “Estamos de-senvolvendo o Plano Viá-rio, planejando a Campi-nas das próximas décadas. Vamos otimizar a integra-ção entre modais como BRT [Bus Rapid Transit, ônibus de trânsito rápido], que terá faixa exclusiva para carro, moto, bicicle-ta. Uma rede bem articula-da que proporcione opções complementares de mobi-lidade, evitando soluções inseguras.”

Apesar da agilidade, da facilidade em fi nancia-mento e do elevado cus-to-benefício, a moto ain-da é considerada um dos veículos mais perigosos e poluentes. Segundo a Em-dec, em 2013, 52 motoci-

clistas perderam a vida no trânsito na cidade.

O elevado número de acidentes e mortes é resul-tado, de acordo com o pro-fessor Fontes, sobretudo, do abuso da alta velocida-de e da imprudência, tanto dos motociclistas quanto dos motoristas, que não se respeitam e ignoram, mui-

tas vezes, as leis de trân-sito. “Velocidade é adre-nalina e andar de moto dá bastante”, diz Fontes.

Moto polui mais quecarro

Segundo o Departamen-to Nacional de Trânsito (Denatran), as motos re-presentam 20% da frota brasileira. Ou seja, elas são responsáveis por 17% do monóxido de carbono lançado no ar. Por pos-suírem carburador, e não injeção eletrônica, uma moto nova emite, em mé-dia, 2,3 gramas de monó-xido de carbono por qui-lômetro rodado, enquanto um carro novo emite 0,34 gramas. Ou seja, a moto

polui oito vezes mais do que o carro.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) determinou, por meio da Resolução 432, a redução dos limites de emissão de poluentes provenientes de motocicletas, triciclos e quadrículos, importados ou nacionais, entre 2014 e 2016.

Motocicletas e simila-res devem emitir no má-ximo de 2g/km de Monó-xido de Carbono(CO), 0,8 g/km de Hidrocarbonetos (HC) e 0,15 g/km de Óxi-dos de Nitrogênio(Nox). A partir de 2016, o valor máximo para o HC será de 0,3g/km. Os valores adotados colocam o Brasil no mesmo patamar que a Europa, Estados Unidos e Japão.

Para que os veículos de duas rodas se tornem me-nos poluentes, os novos modelos deverão possuir catalisadores, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicle-tas, Ciclomotores, Moto-netas, Bicicletas e Simi-lares (Abraciclo). Outro passo será trocar os carbu-radores por injeção eletrô-nica, o que de acordo com a Associação, encarecerá a produção e o preço fi nal das motos.

Há uma moto para cada 9,5

habitantes na RMC.

Foto: Raíssa Zogbi

Page 6: Saiba+ - Edição 20 de março 2015

Exposição de animais têm novas regrasResolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária diz respeito a vitrines de pet-shops

Desde janeiro, os pet-shops de todo o País estão proibidos

de expor cachorros e outros bichos de estimação em vi-trines e gaiolas. Segundo a Resolução 1.069 do Con-selho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), as re-gras servem para garantir o bem-estar dos animais.

O texto considera como bem estar “o estado do animal em relação às suas tentativas de se adaptar ao meio ambiente, consideran-do liberdade para expressar seu comportamento natural e ausência de fome, sede, desnutrição, doenças, feri-mentos, dor ou desconforto, medo e estresse”. Para isso, a legislação diz que é pre-ciso providenciar ambien-tes “livres do excesso de barulho, com luminosidade adequada, livre de poluição e protegido contra situações que causem estresse aos animais”, além de conforto, segurança, higiene, alimen-tação saudável e orientação aos clientes sobre o estresse no momento da venda. As-sim, animais como cachor-

ros, gatos e pássaros devem ser expostos em lugares com espaços sufi cientes para se movimentar e que permitam a alocação dos animais por idade, sexo, espécie, tempe-ramento e necessidades.

A nova norma, publicada em outubro do ano passado, determina que um veteri-nário responsável pela loja avalie diariamente o estado das acomodações dos ani-mais. O estabelecimento e o veterinário responsável que descumprirem a reso-lução estão sujeitos à mul-ta no valor que varia entre R$ 3 mil e R$ 24 mil, de acordo com a gravidade do descumprimento da lei e se for reincidente. Além disso, o profi ssional está sujeito a responder processo ético.

A veterinária do Conse-lho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP) Tatiana Pe-lucio explica os motivos que levaram à criação da norma. “Há uma crescente preocupação com relação ao bem-estar dos animais, especialmente em razão do aumento do número de animais comercializados e frequentadores de estabele-

Gato em pet-shop na Chácara da

Barra. Cartazes informam

animais disponíveis

Juliana Scheridon

Foto: Juliana Scheridon

Projeto prevê castração de capivaras Prefeitura pretende reduzir população dos roedores em parques como o Taquaral e o Ecológico

Julio Joly Foto: Julio Joly

População convive com capivaras no Taquaral; roedores podem transmitir doenças

20 de março de 2015Página 6 Mundo Animal

cimentos de estética animal, além da preocupação com a saúde pública – as zoonoses – e o meio ambiente, com o controle de resíduos. Caso a adaptação não ocorra, a ex-posição deve ser cessada, podendo ser substituída por fotos ou vídeos dos animais”, explica.

Apesar de a norma já es-tar em vigor, a veterinária Fabiana Pozzuto Poppi, que tem uma clínica particular em Campinas, conta que, em algumas situações, não concorda com a aplicação do processo ético. “Existe um manual de responsabilidade técnica que todos os veteriná-rios responsáveis por um es-tabelecimento têm que cum-prir. E o que acontece muitas vezes é que a informação que o veterinário passa para o estabelecimento não é cum-prida e quem sai prejudicado é o veterinário. Então o que seria ideal é passar todas as informações por escrito e o responsável pelo estabeleci-mento assinar que está cien-te”, diz.

Entretanto, Fabiana conta que espera que a nova norma traga melhoras aos animais. “A gente precisa primeiro

pensar no bem-estar dos animais e as lojas estão, a meu ver, pensando pri-meiramente no retorno fi -nanceiro. Não se trata de uma mercadoria, se trata de uma vida”, afi rma.

Devido à Resolução, pet-shops da cidade ten-tam se adequar à nova nor-ma. Uma loja do Bairro Chácara da Barra expõe os fi lhotes de gatos apenas uma vez ao dia. “A gente

coloca os gatinhos na parte da manhã, porque é mais fresquinho, sempre fazendo a limpeza diária, de duas a três vezes por dia”, afi rma a veterinária Taiana Moda. Depois disso, os animais fi cam num local reservado, sem exposição ao público.

A Associação Brasileira da Indústria para Animais de Estimação (Abinpet) in-formou que é favorável à nova resolução.

A Prefeitura Muni-cipal de Campinas deu início ao pla-

nejamento para a castra-ção das capivaras do Par-que Portugal, no Taquaral. A ação é idealizada pelo Departamento de Prote-ção e Bem-Estar Animal (DPBEA) e tem como ob-jetivo fazer o controle po-pulacional desses animais. O projeto ainda depende de uma aprovação fi nal para ser colocado em prática.

Segundo o DPBEA, hou-ve um aumento populacio-nal recente de capivaras e o parque abriga, atualmen-te, 16 desses roedores. No entanto, em uma contagem rápida, nossa equipe cons-tatou a presença de pelo menos 18 capivaras na área, num fi m de tarde. De acordo com Paulo Ansel-mo Nunes Felippe, diretor do DPBEA, o parque teria

condições de abrigar até 40 desses animais, conside-rando o espaço físico e as condições de alimentação disponíveis.

O projeto visa castrar to-das as capivaras do local por meio de vasectomia nos machos e retirada do útero das fêmeas. Caso o resul-tado se mostre efi caz no Parque Portugal, o projeto pode ser realizado em ou-tros parques da cidade onde também há a presença des-ses roedores como o Lago

do Café, também no Taqua-ral, e no Parque Ecológico, na Rodovia Heitor Penteado (SP-081).

“A castração tem seus prós e contras. Ao mesmo tempo em que você acaba diminuin-do a população, o pós-cirúr-gico pode ser problemático. Nunca castram todas e ain-da é preciso a liberação do Ibama, que é outro grande problema”, afi rmou Roberto Stevenson, veterinário espe-cializado em animais selva-gens. “Minha opinião é que

deveríamos preservar as onças pardas, que são as predadoras naturais delas. Acontece que matam as onças e depois reclamam das capivaras”, diz.

Após o procedimento, as capivaras serão devolvi-das ao parque. “A ideia é a de mantermos populações pequenas de capivaras que sejam compatíveis com a ocupação humana do am-biente e a de controlar a infestação por carrapatos nesses animais”, explica Paulo Anselmo.

Febre MaculosaO convívio próximo às

capivaras representa um risco à saúde das pessoas não por causa do animal, mas devido ao carrapa-to-estrela que elas hospe-dam. Esse tipo de carrapa-to é o transmissor da febre maculosa, uma doença infecciosa que, se não for

tratada, pode levar à morte. O número de casos em

Campinas é alarmante. Só no ano passado foram con-fi rmadas cinco mortes na cidade, duas a mais que no ano anterior. A região foi responsável por 45% de todos os casos registrados no País, segundo dados do Ministério da Saúde.

Em 2011, foram abatidas 20 capivaras que habita-vam o Lago do Café, loca-lizado em frente ao Parque Portugal, após um surto de casos da doença. Até então, três funcionários do par-que já haviam morrido por contrair a doença. O lugar fi cou interditado de 2008 a 2013 e só foi reaberto após a instalação de placas que alertam os visitantes sobre os carrapatos, além da re-tirada das capivaras do lo-cal. No entanto, não adian-tou. Passado algum tempo elas voltaram.

Page 7: Saiba+ - Edição 20 de março 2015

20 de março de 2015Página 7 Economia

Mau uso do cartão de crédito endivida jovensDe acordo com Serasa, quase 40% dos pagamentos em atraso são de pessoas com menos de 20 anosCamilla Lourenço

A facilidade para ad-quirir um cartão de crédito tem levado

os adolescentes a acumu-lar dívidas. De acordo com a Serasa, 38,29% dos paga-mentos em atraso no Brasil são dívidas de jovens en-tre 16 e 20 anos. Segundo o professor e consultor de economia João Ricardo Costa Filho, atualmente, é muito fácil obter crédito, principalmente, para uni-versitários. “Mesmo sem renda, esses jovens conse-guem, em média, um limite inicial de aproximadamen-te R$ 600,00, podendo acu-mular até duas faturas no mesmo valor. Você junta a falta de educação fi nan-ceira com exacerbação do consumo e acesso a crédi-to”, diz.

A estudante de Nutri-ção Larissa Sinobre, de 18 anos, reconhece que gasta além do que devia: “Eu gas-to muito, nunca tive tanto dinheiro para gastar como agora através do cartão de crédito”, afi rma. Porém, depois de quatro meses pa-gando o valor mínimo da fatura, ela havia acumula-

do aproximadamente R$ 1.800,00. A dívida, então, foi paga pela mãe, Karla Sinobre. “Acho um erro liberarem tanto dinheiro para uma pessoa que aca-bou de completar 18 anos, e ainda não trabalha”, diz, inconformada com o valor que teve que desembolsar para ajudar a fi lha.

Larissa abriu uma conta

universitária e conseguiu um limite de R$ 900,00, mesmo sem ter nenhuma comprovação de renda. “Nunca teve tantas inser-ções no órgão de Serviço a Proteção de Crédito – Se-rasa – para adolescentes como nos últimos meses”, garante o responsável pelas liberações de crédito Keren Aguiar, funcionária de uma

agência bancária da cidade.A estudante de gastrono-

mia Isabella dos Santos, de 22 anos, também tem dívidas. Mas, para ela, é uma questão de necessida-de. Desde que começou a trabalhar, aos 17, Isabella ajuda nas contas de casa. “Minha mãe não pode pa-gar sozinha e eu sou a única fi lha que ainda mora com

ela. Nada mais justo do que eu ajudar”.

Ela chegou a fi car desem-pregada por três meses e acabou atrasando a conta d’agua. Agora, trabalhan-do, ela quer recuperar o tempo perdido. “Assim que eu receber, vou pagar o di-nheiro que peguei empres-tado”, conta.

De acordo com Keren, as empresas de cartões estão estudando formas de sanar o prejuízo causado pelo crédito fácil aos jovens, mas, em princípio, cabe aos usuários se controlarem.

O pagamento mínimo é tido como um indicativo de descontrole da situação fi -nanceira, sobretudo quando o total da fatura apresenta o parcelamento de várias compras de pequenos va-lores. Esse processo resulta na cobrança de juros sobre juros, dando início a uma bola de neve.

A dívida cresce acelera-damente com taxas de juros média do crédito rotativo superiores a 334% ao ano. Por isso, o jovem deve fi -car atento para não chegar a vida adulta com o crédito negativo.

Con� ra dicas de como pais podem auxiliar na educação � nanceira dos � lhos

3 a 6 anos 7 a 15 anos 15 anos +Presenteie o � lho com cofrinho. Para a criança começar a ter o costume de guardar dinheiro e economizar.

Mostre o que o dinhei-ro faz: comprar coisas ou pagar contas. Trace planos de economizar para realizar sonhos, como uma viagem.

Alguns jovens já co-meçam a trabalhar e outros ganham me-sada. O ideal é come-çar dando um cartão pré-pago.

Estabelecimentos mantêm economia d`águaEstiagem de 2014 fez academias e condomínios economizarem até 20% em relação a 2013

Fernanda Flores

A crise da água do Es-tado de São Paulo tem afetado muito

a cidade de Campinas. Por isso, condomínios fecha-dos e academias têm feito investimentos para econo-mizar água e evitar outra crise em 2015.

Com a proximidade do outono, síndicos e donos de academias correm para se preparar, a partir da experi-ência com a longa estiagem do ano passado, que gerou a apreensão por um possí-vel racionamento.

“Aqui na academia ape-nas um dos quatro bebe-douros funciona. Os alunos tomam banho em casa e há avisos perto das torneiras para evitar o desperdício”, disse Willian Serqueira,

proprietário da academia Musculação e Cia. Com as medidas, a conta de água da empresa diminui em média 20%.

CondomíniosEm condomínios, tam-

bém é possível ver avisos nos elevadores e, em al-guns deles, até a piscina já tem horários para uso. No Primavera, por exem-plo, para evitar que a água evapore ou fi que suja, ela fi ca coberta de segunda a sexta-feira. Além disso, foi instalado um sistema de captação da água da chuva. “Estamos fazendo o possí-vel para não ter aperto por aqui este ano”, diz a síndi-ca Cássia Forchessato.

De acordo com a síndica Roselli Kenner, do con-

domínio Città di Roma, o condomínio está tomando todas as medidas possíveis e necessárias para que a cri-se hídrica não prejudique a ninguém, mas lembra “se cada um não fi zer a sua par-te, toda essa economia não vai adiantar nada”.

Avelino Ferreira, zelador do Condomínio Primavera, conta que, durante as férias escolares, era difícil se-gurar as crianças longe da piscina, mas que, depois de um tempo elas acostuma-ram. “Agora os meninos já sabem que só pode usar no fi m de semana.”

AcademiasOs alunos da academia

também apoiam as medi-das: “Agora eu tenho que me programar melhor para

ir à academia e sair depois, mas é por uma boa causa”, diz o estudante Pedro Roris, de 28 anos.

A redução do uso da água ajuda a diminuir também o consumo de energia, que está mais cara e também precisa ser economizada. Nos últimos meses, têm sido utilizada energia das termoelétricas, mais cara e mais poluente.

O aquecimento do chu-veiro e o resfriamento dos bebedouros que consumiam muita energia, agora cola-boram para que os diretores dos estabelecimentos não levem um susto.

Chuvas de marçoEm menos de 15 dias,

março já é considerado o mês mais chuvoso dos úl-

timos 20 anos, o que não foi sufi ciente para restituir nem ao menos a segunda cota do volume morto do Sistema Cantareira.

De acordo com o pesqui-sador Eduardo Assad, da Empresa Brasileira de Pe-cuária e Agricultura (Em-brapa), isso acontece por causa do efeito “esponja”, a água da chuva cai no re-servatório, mas é absorvida pelo solo seco e o volume do reservatório não aumen-ta.

O pesquisador associa esse feito ao desmatamen-to das margens do reser-vatório e a especulação imobiliária e aproveita para recomendar: “É muito importante que todos apro-veitem essa época chuvosa para estocar água em casa”.

Page 8: Saiba+ - Edição 20 de março 2015

Manifesto pede sala de cinema no MISGustavo Lorón

Fechamento do Cine Topázio, especializado em fi lmes alternativos, foi o estopim do movimento

Cartaz no salão de entrada do MIS reivindica sala de cinema, já que hoje exibições são realizadas em local improvisado, sem estrutura adequada para projeções

Foto: Gustavo Lorón

20 de março de 2015Página 8

Um grupo de cer-ca de 40 pessoas ocupou o Museu

da Imagem e Som (MIS) no dia 28 de fevereiro. A manifestação foi marcada por uma exposição de arte e pela palestra da professo-ra Carmo Penteado Camar-go, a tataraneta de Joaquim Camargo, o fundador do Palácio dos Azulejos, onde o MIS está localizado. O objetivo foi chamar a aten-ção da Prefeitura para a reforma da sala de cinema Glauber Rocha.

Atualmente, só existe o espaço da sala, mas ape-nas com estrutura básica. Segundo a historiadora do MIS Sônia Fardin, o lugar foi reformado pela última vez em 2004. O diretor de Cultura da Prefeitura de Campinas, Gabriel Rapas-si, explicou que esta obra foi feita com recursos da Petrobrás, durante o go-verno municipal de Izalene Tiene (PT). “Mas a refor-ma foi feita pela metade”, diz Rapassi. Sônia afi rmou que depois que o proje-to parou a sala foi usada como depósito. Em 2013, a Prefeitura fez a limpeza de entulhos que estavam no local, conforme contou Rapassi.

Ainda segundo Rapassi, há um projeto para refor-mar o local, transforman-do-o em uma sala com ses-sões gratuitas e diferentes do circuito comercial. Para a advogada e organizadora do movimento, Bruna Pi-mentel, de 34 anos, falta em Campinas uma sala de cinema adequada para a transmissão de fi lmes alter-nativos. O MIS já traz este tipo de programação, mas Bruna ressalva a falta de segurança, acessibilidade e estacionamento.

As sessões do MIS são realizadas num dos anti-gos quartos do Palácio, que também não tem nenhuma estrutura. Para as proje-ções, é utilizado um com-putador com data-show. Para garantir a visibilida-de, é necessário fechar as janelas. Não há ar-condi-cionado.

De acordo com Rapassi, está incluso no projeto da

prefeitura equipamentos tecnológicos, poltronas, paisagismo, rampa de aces-so e banheiros para pessoas com defi ciência. Rapassi afi rmou que, por outro lado, a reforma não resolve todos os problemas do MIS.

No dia 27 de janeiro de 2014, foi noticiado no site da Prefeitura de Campinas, que o MIS receberia R$ 1,3 milhão do Ministério da Cultura para a reforma. Mas, conforme Rapassi, não aconteceu a liberação da verba que acabou cadu-cando.

A Prefeitura aguarda a liberação de uma nova ver-ba de R$ 800 mil de uma emenda parlamentar assi-nada pelo deputado federal Gustavo Petta (PCdoB), que será somada com mais R$ 500 mil oferecidos pela administração municipal de Campinas, totalizando os R$ 1,3 milhão necessários. “As obras iniciarão depois que o governo federal libe-rar os recursos”, garantiu Rapassi.

Este não foi o primeiro manifesto no MIS. No fi nal de janeiro, houve a primei-ra ocupação do museu, que contou com a presença do diretor de cultura. A ideia dos organizadores é repe-tir o ato mensalmente, até que a sala Glauber Rocha esteja pronta. Conforme a animadora Flávia Godoy,

de 25 anos, o fechamento do Cine Topázio, em 2014, foi o estopim do movi-mento.

Este cinema, que se lo-calizava no Shopping Par-que Prado, era o único que trazia uma programação alternativa em Campinas. De acordo com o diretor do Topázio Cinemas, Pau-lo Celso Lui, o fechamento se deu pela falta de públi-co. Na época, a Prefeitura ofereceu ajuda à empresa para reabrir outras salas na cidade. Rapassi afi rmou que o Poder Público ainda está disponível em colabo-rar com a busca de lugares para a construção do cine-ma.

Mas Lui afi rmou que não há projetos para reabrir o Cine Topázio na cidade. “O público frequenta-dor de fi lmes alternativos é muito pequeno, não é viável comercialmente manter um cinema com essa programação mesmo numa cidade grande como Campinas”, disse.

AlternativasApesar de ainda não

contar com uma sala de cinema para fi lmes alter-nativos, Campinas possui movimentos independen-tes para esta programação cultural. É o caso do Cine Pizza, localizado no quin-tal da ONG Escola Vivei-

Programação do MIS para o mês de março

ro, no Cambuí. Ao ar livre, as sessões para até 30 pes-soas reúnem fi lmes e pizza por R$ 25,00. Neste ano, ainda não houve uma ses-são no Cine Pizza devido ao horário de verão e as chuvas. Entretanto, a pro-dutora Nanda Canabarra garantiu que o projeto vol-ta no segundo semestre. Nanda ressalva a falta de curadores para criar a pro-gramação do cinema.

Outra alternativa para os amantes da sétima arte é o Cine Caverninha, também no Cambuí. O espaço é praticamente uma caver-na de verdade, e fi ca em uma espécie de porão do Ateliê Aberto, um “orga-nismo cultural interdepen-dente”, como é defi nido no próprio site. O Cine Caverninha não apresen-ta necessariamente longas metragens, mas traz uma complementação audio-visual das exposições de arte do local. A entrada é gratuita.

Para fugir da tradição de comer pipoca ao assis-tir fi lmes, os campineiros podem visitar o Cinema na Mesa, projeto do res-taurante Estação Maru-piara, em Joaquim Egídio, que ocorre mensalmente e consiste em um jantar ba-seado em fi lmes exibido. As reservas devem ser fei-tas com antecedência e o

Cultura

valor é de R$ 75,00. A Casa do Lago, na

Unicamp, tem um auditó-rio de 72 lugares equipado para a exibição de fi lmes. As sessões são gratuitas e temáticas. Ainda em Cam-pinas, há outras institui-ções que também trazem uma programação alterna-tiva, é o caso da CPFL, do Sesc Campinas e do pró-prio MIS.

Cairo 678Inside Llewvn Davis - Balada de um Homem Comum

16h19h30

19h Verdade em Números: Tudo de Acordo com a Wikipédia

19h Pelo Malo

19h30 Decálogo 4

19h Os Boas Vidas

16h

19h30

Tempestade Sobre a ÁsiaA Montanha Matterhorn

19h A fonte das Mulheres

19h O dia que durou 21 anos

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Page 9: Saiba+ - Edição 20 de março 2015

20 de março de 2015Página 9 Dengue

Ciência transgênica pelo fi m da dengueEnquanto MP investiga qualidade do método e Anvisa coloca ressalvas, Campinas veta utilização

Bettina Pedroso

Os mosquito Aedes Ae-gypti OX513, popularizado como “Aedes do bem,” é resultado de uma pesquisa iniciada em 2002 na Uni-versidade de Oxford, na Inglaterra, patrocinada por investidores privados e agências de fi nanciamen-to. Apresentado como uma solução para o alto índice de dengue e chikungunya, febre causada pelo mesmo vetor, os mosquitos trans-gênicos estão sendo produ-zidos no Brasil pela empre-sa Oxitec e há projetos para utilizá-los em cidades como Piracicaba. Em Campinas, o prefeito Jonas Donizette (PSB) vetou a liberação do uso dessa mutação.

Ao visitar essa empre-sa, que possui escritório e uma unidade de produção às margens da Rodovia Anhanguera (Km 104,5), próximo a Sumaré, o que se vê não lembra nada o imaginário de um labora-tório altamente tecnológico e sofi sticado como parece ser a transgenia. O local é pequeno, com poucos fun-cionários e equipamentos. Tudo é praticamente feito de forma manual, o cria-douro artifi cial é composto apenas por separadores por

tamanho e sexo das larvas. Os mosquitos crescem em potes plásticos dispostos em uma estante.

A cientista portuguesa So-fi a Bastos Pinto, superviso-ra de produção e dos cam-pos experimentais, explica que a mutação do mosquito Aedes Aegypti selvagem consiste na implantação de DNA com dois genes: um para produzir uma proteína que impede seus descen-dentes de chegarem à fase adulta e outro para identi-fi cá-lo ao microscópio sob uma luz fl uorescente.

Após a criação dessa li-nhagem, os insetos se re-produzem naturalmente em laboratório e, quando liberados na fase adulta, copulam com fêmeas sel-vagens e seus progenitores morrem, diminuindo a po-pulação de insetos adultos.

“A técnica da transgenia demora apenas algumas horas para ser concluída. O problema é que ela nem sempre funciona. Se tiver-mos um aproveitamento de 1% ou 2% consideramos como bom”, conta. A inter-venção geralmente é feita na fase do ovo, pois possui apenas uma célula com vá-rios núcleos, inclusive os germinais que são aqueles que devem ser atingidos

No processo de contagem dos transgênicos, até o aparelho celular auxilia funcionária no laboratório da Oxitec

porque vão dar origem ao futuro “bebê”.

O Aedes Aegypti OX513 já foi liberado no Brasil em 2011. A cidade de Juazeiro (BA) foi a primeira selecio-nada para avaliar a tecnolo-gia e os resultados foram positivos: diminuíram, em média, 85% da população do mosquito.

Este ano, a espécie gene-ticamente modifi cada pode ser solta em Piracicaba, no fi m de abril. Não há confi r-mação, porque o Ministério Público (MP) de São Paulo iniciou um inquérito civil

para averiguar o método. Mesmo assim, funcionários da Oxitec e da Prefeitura, que compartilham gastos do projeto, visitam mora-dores para informar sobre a liberação e conscientizar que eliminar criadouros é essencial.

Vale lembrar que, para a empresa britânica, o mos-quito mutante é conside-rado como um produto comercial. A venda é lega-lizada após a autorização e o registro feitos pela Agên-cia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e esse

processo ainda está em an-damento.

A pesquisadora Sofi a, atenta que, após o aval, é permitido que qualquer pessoa possa comprar o mosquito, porém, a sua efi -cácia é maior quando libe-rado em altas quantidades e em grande área.

Em Campinas, o prefei-to Jonas Donizette (PSB) desconsiderou a possibili-dade de utilizar o mosquito transgênico para combater a epidemia, alegando que a efi cácia do método não foi comprovada.

Foto: Bettina Pedroso

Casos da doença já superam ano passadoCidade já registrou 1.697 casos e teve pior janeiro da história, mesmo com estiagem

Nicole Dariolli

Depois de ter termi-nado 2014 como a cidade com maior

número absoluto de casos de dengue no Brasil, tota-lizando 42.664, segundo o balanço do Ministério da Saúde, Campinas já enfren-ta novos problemas com o crescimento da incidência da doença.

Apenas no mês de ja-neiro, foram con� rmados mais casos do que no mes-mo período do ano passa-do, quando a cidade viveu a pior epidemia de dengue já registrada. Segundo bo-letim liberado pela Secre-taria de Saúde, até o dia 16 de março, Campinas con-

tabilizava 823 casos em ja-neiro, 839 em fevereiro, 35 em março e a morte de um homem de 78 anos tam-bém foi con� rmada. Além disso, há outros 5.050 casos de indício da doença, mas que ainda estão sendo in-vestigados.

O Departamento de Vi-gilância em Saúde (Devi-sa) a� rmou que algumas medidas para combater o Aedes Aegypti foram colo-cadas em prática. “Há dis-tribuição de material para conscientização e já inicia-mos ações para eliminação de objetos que acumulam água e são possíveis cria-douros do mosquito. Em alguns bairros também es-tão sendo realizadas opera-

ções de nebulização, veicu-lar ou costal”, informou.

A ação de nebulização compreende a pulveri-zação de inseticidas para matar o mosquito adulto. Essa operação tem como objetivo bloquear a trans-missão a partir do combate ao mosquito. A nebuliza-ção costal ocorre no perí-odo da manhã, enquanto a veicular sempre à noite. No momento da operação nos bairros selecionados, os moradores devem man-ter portas e janelas abertas, além de deixar todas as lu-zes acesas.

Os meses de janeiro a maio, historicamente, são os de maior incidência da doença, com o pico no mês

de abril, por causa do ca-lor e das chuvas. O Devisa ressaltou que os números apresentados até o momen-to são altos, já que o muni-cípio enfrentou um longo período de estiagem, o que deveria ter diminuído o número de criadouros.

A crise hídrica apareceu este ano como uma agra-vadora da proliferação do mosquito em Campinas, já que muitos moradores armazenam água em casa por conta da estiagem, mas de forma errada. A técni-ca em enfermagem Maria Cristina de Oliveira Rocha contou que na Vila Indus-trial, onde mora, há o ar-mazenamento de água por muitos moradores, desde

que a Sanasa informou que poderiam passar por um período de racionamento.

“Em casa compramos uma nova caixa d’água com tampa vedada, man-temos sempre bem fechada e vamos renovando essa água. Agora, infelizmente, tem um povo armazenan-do água de forma errada, sem tomar cuidado, sem tampar bem os recipien-tes”, diz.

Febre alta, dor de cabeça, no corpo e nas articula-

ções, atrás dos olhos, man-chas e erupções na pele e coceiras são os primeiros

sintomas da dengue.

Page 10: Saiba+ - Edição 20 de março 2015

Universitários já têm direito a passeNina Ferrari

Estudantes do Ensino Superior pagam 50% da passagem; benefício deve atingir 8 mil por dia

Foto: Nina Ferrari

Universitário usa Bilhete Único na linha 3.32, utilizada por estudantes da PUC-Campinas e da Unicamp

20 de março de 2015Página 10 Transporte

Uma história de luta se desenvolveu pela redução no

valor da tarifa como uma das principais reivindica-ções dos protestos de junho de 2013, e só agora os es-tudantes de Campinas terão acesso ao passe-universitá-rio, que dará desconto de 50% no valor das passa-gens. Com o desconto, o universitário paga R$ 1,75 pela passagem de ônibus.

A Lei Complementar nº 97, que concede o Bilhe-te Único Universitário, foi sancionada pelo prefei-to Jonas Donizette (PSB) no dia 18 de dezembro de 2014.

O Passe Universitário é válido a estudantes univer-sitários de graduação pre-sencial ou semipresencial, que moram em Campinas e estejam regularmente ma-triculados em instituição de Ensino Superior do municí-pio. Para ter direito, é pre-ciso comprovar grade curri-cular e residir a mais de 1 km da unidade de ensino.

O secretário de Transpor-tes e presidente da Empresa Municipal de Desenvolvi-mento de Campinas (Em-dec), Carlos José Barreiro, disse que já havia anos que os estudantes reivindica-vam o benefício, e que ago-ra era hora de ouvi-los. A discussão por um projeto de lei por parte da admi-nistração pública mostrou a preocupação com a ques-tão a partir de uma audiên-cia em novembro do ano passado. De acordo com o secretário, houve uma “sensibilização” do prefeito pela causa. Ele ainda afi rma que “os custos do projeto já estão contemplados nos es-tudos tarifários realizados pela Emdec e serão amorti-zados pelo próprio sistema, sem subvenção municipal”. No entanto, o Poder Públi-co já aumentou o subsídio das empresas de transporte público de Campinas logo após a concessão desse be-nefício.

O secretário, entretanto, explica que esse aumento foi concedido em razão da mudança de cenário eco-nômico, com o aumento do

diesel e a queda no núme-ro de passageiros transpor-tados. Dos R$ 18 milhões que complementarão o cus-to da tarifa, 80% fi cam com as empresas de transporte e 20% com o sistema alterna-tivo.

O engenheiro Carlos Gui-marães, especialista em transporte público e plane-jamento urbano pela Uni-versidade Estadual de Cam-pinas (Unicamp), disse que o grande problema para que houvesse o benefício do passe universitário era sim-plesmente a decisão da ad-ministrações municipal em aderir o desconto, cuja to-mada a favor dos estudantes foi também uma intenção de neutralizar possíveis ma-nifestação por parte do gru-po. A empresa responsável pelo transporte público em Campinas também aumen-tou o preço da passagem devido à correção da infl a-ção em dezembro do ano passado. A tarifa normal em Campinas é de R$ 3,50, depois de sofrer um rea-juste de 6,06% . A Emdec informou em nota que os custos do sistema subiram acima da infl ação nos dois últimos dois anos, período que a passagem não havia sido reajustada. Sendo as-sim, Guimarães explica que o passe universitário não foi outorgado antes devido aos custos do projeto. Em Cam-pinas, já havia isenção de 50% no valor da passagem

para estudantes cadastrados que estudam em escolas de ensinos Fundamental, Mé-dio e Técnico.

Os direitosA Resolução nº 37/2015,

contendo todos os procedi-mentos para a aquisição do benefício do Passe Univer-sitário foi publicada na edi-ção do dia 2 de fevereiro, do Diário Ofi cial do Município (www.campinas.sp.gov.br/diario-ofi cial), na página 37. Para ter o benefício, o estudante deverá fazer o ca-dastro pela internet, exclu-sivamente, pela Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Cam-pinas (Transurc), pelo site http://universitario.tran-surc.com.br/

A Administração munici-pal também criou um link, dentro do site da Prefeitu-ra, para a realização do ca-dastro. Basta acessar www.campinas.sp.gov.br/passeu-niversitario. O internauta é direcionado para a página. A atualização do cadastro

digital deverá ser feita se-mestralmente, pois existem muitos cursos com perío-dos semestrais.

O primeiro dia de cadas-tro para o Bilhete Único Universitário foi marcado por uma avalanche de aces-sos.

No início da manhã do dia 23 de fevereiro, o servi-dor de e-mails da Transurc fi cou sobrecarregado. Por conta disto, algumas ten-tativas de cadastro deram erro.

A estudante de Publicida-de e Propaganda da PUC-Campinas Camila Helena Traunmüller, diz que fazia quatro anos que ela espera-va pelo benefício do passe universitário. “Finalmente temos esse benefício em Campinas. Fui a diversas manifestações e sempre me questionei porque nada era feito a respeito. Tendo que trabalhar durante o dia e ainda ir a faculdade a noite, realmente o preço da pas-sagem pesava bastante nos gastos mensais”, diz.

RegrasAs regras para a utiliza-

ção do Bilhete Único Uni-versitário foram defi nidas pela Emdec. Os estudantes cadastrados têm direito a adquirir uma cota mensal máxima de viagens. São até 10 passes mensais para estudantes cuja grade cur-ricular exija presença obri-gatória semanal de um dia. Até 20 viagens mensais para universitários com presença obrigatória sema-nal de dois dias.

Para alunos com presen-ça obrigatória semanal de três dias, a carga é de até 30 viagens mensais. Nos casos de presença obriga-tória de quatro dias, carga de até 40 viagens mensais; e até 50 passes mensais para presença obrigatória semanal de cinco ou mais dias.

A aquisição da cota men-sal pode ser efetuada par-cialmente ao longo do mês. Mas a soma das aquisições não pode exceder a cota máxima estipulada para o período. A renovação do cadastro dos estudantes será realizada anualmente e as instituições de ensino superior devem validar os dados cadastrais referentes à identifi cação do estudan-te.

O universitário bene-fi ciado com o desconto deve utilizar, no mínimo, 50% das viagens em des-locamentos cujo trajeto da linha está próximo ao estabelecimento de ensino superior em que estuda. O não cumprimento dessa regra pode acarretar em advertência escrita, paga-mento do valor integral da tarifa e até a suspensão do benefício. O cumprimento da medida também é con-dição aplicada na renova-ção do cadastro.

O estudante universitário Wilmer Adames faz cadastro no site da Transurc para ter direito ao passe com desconto

Foto: Nina Ferrari

Page 11: Saiba+ - Edição 20 de março 2015

20 de março de 2015Página 11 Gastronomia

‘Gourmetização’ encarece fast-foodsUso de ingredientes mais sofi sticados e mais caros mudam receitas tradicionais

Rafaela Piai

Uma visita aos car-rinhos de cachor-ro-quente, de pi-

poca, churros ou lojas de brigadeiros demonstra uma tendência: esses alimentos, em geral, associados a pre-ços baixos, agora passam a ganhar novos ingredientes, mais sofi sticados. O sabor pode até ser melhor, mas o preço é mais salgado.

Um cachorro-quente co-mum custa, em média, R$ 6 em Campinas. Mas, no carrinho de André Cosso-lini, no Jardim Primavera, o lanche está R$ 18,00. O comerciante justifi ca o tri-plo do valor pelos produtos que usa, como, por exem-plo, a marca do ketchup e da maionese. Ele, no en-tanto, reconhece que nem sempre os clientes estão dispostos a pagar tanto.

Adriana Lift, dona da marca Pipó Gourmet, que

está no mercado desde 2013, considera um pro-duto gourmet o alimen-to que tem, como ela diz, “um cuidado especial com a seleção dos ingredientes, cuidado no preparo, sem o uso de conservantes e todo um estudo para o desen-volvimento da embalagem para que o produto tivesse o mesmo frescor, crocân-cia e sabor”.

Segundo o chefe de co-zinha Thiago Carvalho, o termo gourmet surgiu na França como forma de designar aquele que tinha paladar apurado. Mas, nos dias atuais, transformou-se em adjetivo para tudo aquilo que traz alta quali-dade, apresentação elabo-rada e diferencial criativo na gastronomia.

Com a mídia e marketing voltados para a populari-zação, Adriana tem cons-ciência de que seu produ-to é considerado de luxo.

No entanto, “percebemos que a classe D e E também consome os nossos produ-tos. É como se fosse um presente para si mesmo ou para alguém”.

ConsumidorPara a estudante Mariana

Gomes, o segmento gour-met explora um público que tem mais poder aquisi-tivo, mas ressalta o fato de

q u e q u a l q u e r coisa hoje

em dia aca-ba tendo

sua versão gourmet, já que outro dia ela viu um esta-belecimento que vendia “geladinho” gourmet. A diferença no doce feito, em geral, com suco congelado eram os sabores diferentes dos tradicionais limão, la-ranja ou morango. O gran-de problema para Mariana não é o fato dos alimen-tos ganharem sua versão gourmet, mas sim o fato de muitas vezes, isso acabar sendo uma desculpa para ganhar mais dinheiro, sem que necessariamente haja

um custo maior.Já o estudante Matheus

Arruda se decepcionou com o churros gourmet. “A massa não estava gostosa e tinha pouco recheio”, disse. Arruda ainda conta que há um tempo comprou chur-ros em uma barraquinha de praça e achou mais gostoso e o preço, bem menor.

A Batalha Gourmet

Churros Goumet – R$ 7,90(Bem menor que o comum mas recheado com creme de avelã)

Brigadeiro Gourmet – R$ 4,50 (Uso de chocolate belga e ingredientes selecionados)

Pipoca Gourmet – R$ 45,00 (Uso de noz pecan, � or de sal e

canela cristalizada)

Churros Comum – R$ 3,00(Encontrados em qualquer

praça)

Brigadeiro Comum – R$ 0,60(Leite condensado, chocolate em

pó e manteiga)

Pipoca Comum – R$ 5,00(Uso de milho e as opções são:

salgada e doce)

de praça e achou mais gostoso e o preço, bem menor.

Segundo o chefe de co-zinha Thiago Carvalho, o

surgiu na França como forma de designar aquele que tinha paladar apurado. Mas, nos

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em dia aca-ba tendo

Saúde

Cerca de 2 mi de brasileiros têm doença celíacaFamílias que convivem com o problema adaptam hábitos alimentares para ter vida normal

Jaíce Souza

Ana Káthia Guer-ra, de 40 anos, é mãe das gêmeas

Sara e Elisa, de 12, diag-nosticadas no ano passado com doença celíaca. Des-de então, a vida da família mudou para o “modo sem glúten”, rotina de cerca de 2 milhões de pessoas no País, de acordo com a Fe-deração Nacional das As-sociações de Celíacos no Brasil.

A doença se caracteriza pela infl amação da muco-sa do intestino delgado, fazendo com que o órgão não absorva corretamente o glúten, proteína encon-trada naturalmente no tri-go, aveia, centeio, cevada e malte. Tem causa genéti-ca e é autoimune, ou seja, não tem causa externa nem cura. O único tratamento é a mudança nos hábitos ali-mentares.

Na casa da família, mes-

mo quem não tem a doença já não consome mais pro-dutos com glúten. Uma das adaptações que Ana Khátia produziu foi um cupcake de alfarroba, vegetal que parece chocolate, mas sem glúten.

Desde que eram crian-ças, as gêmeas apresenta-ram, cada uma de maneira distinta, sinais de doença celíaca, mas os médicos acreditavam ser apenas uma virose. Foi quando, por acaso, ao procurar ou-tro profi ssional, ela desco-briu que as fi lhas possuíam o gene de pré-disposição da doença, o que a fez pro-curar um acompanhamento melhor.

Segundo o gastroentero-logista pediátrico da Fa-culdade de Medicina da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Fer-nando Ribeiro, a desco-berta pode acontecer em qualquer idade, sendo mais

comum em crianças, pois, assim que deixam o leite materno, entram em conta-to com o glúten. É impor-tante começar o tratamento imediatamente, pois, quan-to mais alimentos com glú-ten ingerirem, elas podem desenvolver mais doenças como câncer de intestino.

Ana Káthia diz que é preciso redobrar a atenção ao fazer as compras pra casa, pois as informações nos rótulos são muito pe-quenas. Não basta apenas observar se não tem glúten, mas perceber se o produto é livre de outros alérgenos, já que o celíaco acaba de-senvolvendo outras intole-râncias, como à lactose.

A mãe das gêmeas faz parte, junto com outras famílias, do grupo Põe no Rótulo, que luta por infor-mações mais claras para orientar pessoas a doença.

Além disso, os produ-tos sem glúten são sem-

pre mais caros. Enquanto um pacote de macarrão comum custa cerca de R$ 1,99, o produto sem glúten chega a R$ 13,00.

A luta dessas mães é di-ária em supermercados de Campinas, tanto que já conseguiram que um deles começasse a vender pro-dutos como sucos, iogur-tes, leite e macarrão com preço mais acessível que o comum para produtos sem glúten.

Para que as fi lhas não

percam a sua infância nem se sintam excluídas por te-rem uma alimentação tão limitada, Ana Káthia faz alimentos alternativos que saciem a vontade de comer chocolate, por exemplo. Assim, ela faz bolos, cup-cakes, e diversas receitas que fazem a festa em casa.

fenacelbra.com.br

Ana Káthia prepara para as gêmeas Sara e Elisa cupcakes com produtos sem glúten

Foto: Jaíce Souza

Page 12: Saiba+ - Edição 20 de março 2015

Número de jovens com Aids sobe 40%Muitos parceiros e pouca proteção são os principais motivos do aumento entre os brasileiros

O número de jovens brasileiros – entre 15 e 24 anos – por-

tadores de Aids aumentou 40% entre 2006 e 2015. O principal motivo para o crescimento do número é a falta de prevenção: 45% das pessoas disseram não ter usado preservativo no último ano. O Ministério da Saúde, para chegar a esse dado, entrevistou 12 mil pessoas nessa faixa etá-ria. Apesar do alto número de jovens que não usam ca-misinha, 94% de todos os participantes da pesquisa disseram saber que o uso do preservativo é a melhor forma de prevenção contra as Doenças Sexualmen-te Transmissíveis (DSTs). Além disso, especialistas dizem que, cada vez mais, os jovens têm mais parcei-ros e menos noção do peri-go da doença.

Em oito anos, 30 mil jo-vens foram infectados pelo vírus da Aids no Brasil. Segundo Larissa Beloti, in-fectologista, a falta de pro-teção, aliada a uma falsa sensação de que o vírus está controlado fazem com que o número de adolescentes e jovens portadores da do-ença aumente. “Os jovens têm uma visão de que nun-ca vai acontecer com eles, de que são inatingíveis, por isso não se protegem. Além disso, os jovens de hoje não viram os tempos de epide-mia, acham que os trata-mentos estão avançados o sufi ciente, que caso sejam infectados vai ser fácil con-

Amanda Januzzi

Foto: Am

anda Januzzi

20 de março de 2015Página 12 Saúde

viver com a doença, mas isso é uma grande ilusão”, explica.

“Meu mundo caiu em cerca de segundos”, rela-ta o jovem de 21 anos, do Grupo de Incentivo à Vida, dedicado à assessoria a pes-soas infectadas. Ele conta que, há três anos, quando descobriu a doença, “pen-samentos de todos os tipos rondavam a cabeça”. A de-cisão para fazer o teste veio logo depois que descobriu que o namorado, com quem

A sede do Centro de Referência DST/AIDS Campinas, localizado na Rua Regente Feijó, no centro da cidade

Meu mundo caiu em cerca de segundos. [...] Todos os mitos foram desmoronando,

até que só restou o preconceito.estava há quase um ano, era portador do vírus. “Termi-nei o namoro, decidi iniciar o tratamento e dei prosse-guimento a todos os meus sonhos. Entendi que nada mudou, apenas o fato de que teria que ter um hábito alimentar mais saudável e prezar pela minha qualida-de de vida. Todos os mitos e temores foram desmoro-nando até que só restou o preconceito”, relata.

Um homem de 40 anos, paciente do programa DST/Aids em Campinas, e que não quis revelar sua identi-dade, revela que é portador há duas décadas. Ele conta que só usava preservativo caso o parceiro fosse muito insistente. “Eu tinha uma vida sexual ativa e agitada, raramente usava camisi-

nha. Na época, jovem, eu achava que jamais seria in-fectado. Desde que desco-bri faço tratamento, desde o início foi muito difícil me adaptar aos efeitos co-laterais e ao preconceito”, conta.

Atualmente, 736 mil pes-soas vivem com Aids no Brasil, entre elas estima-se que 400 mil se tratam pela rede pública. O Siste-ma Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente 22 medicamentos para todos

aqueles que receberam re-sultado positivo em seus testes de HIV. A infec-tologista comenta que o tratamento é difícil, mas necessário. “O Brasil tem, hoje, um tratamento muito efi ciente, acima da média global. Todos os estados brasileiros receberam os medicamentos três em um no último mês. Assim, o paciente toma menos com-

primidos, mas a mesma quantidade de medicamen-to. Porém, isso não signifi -ca que os efeitos colaterais sejam menores”, ressalta.

Uma jovem, que também faz o acompanhamento da doença no DST/Aids Cam-pinas e não quis se identi-fi car, descobriu que havia sido infectada pelo vírus há dois anos. Ela acredi-ta ter sido decorrência de um estupro que sofreu no exterior. “Quando meu tes-te deu positivo, eu pensei

‘tudo bem, ninguém mais morre de Aids, vou me tra-tar’ e foi o que eu fi z. Nun-ca pensei que o tratamento fosse tão cruel, eu tinha alucinações, passava mal todos os dias. Agora meu corpo está começando a se adaptar aos remédios, mas no início pensei em desis-tir”, relata.

Ray Carvalho, coorde-nador do programa DST/

Aids Campinas, explica que os pacientes nunca es-tão preparados, nem para o tratamento, nem para a do-ença. “É muito difícil, nós fazemos acompanhamen-to psicológico aqui, mas é preciso jogo de cintura, porque se a gente fala logo dos obstáculos, eles desis-tem. O tratamento é difícil e o preconceito também é”, conta.

A jovem tem medo de se expor, nunca contou a nin-guém, nem mesmo aos pa-rentes, que foi infectada e pretende manter o segredo. “A gente não tem escolha, né? Temos que aprender a viver assim, nos proteger e procurar qualidade de vida assim mesmo, por isso nun-ca contei, tenho medo do preconceito e já vi amigos que se mataram por conta disso, não quero acabar as-sim”, declara.

A infectologista lembra que outro problema para o aumento da doença é a falta de hábito de fazer o teste. “As campanhas estão por toda parte para conscien-tizar as pessoas, agora é preciso colocar em prática, ir aos centros de testagem e tirar a dúvida”, lembra. Existem 518 desses locais no Brasil. Em Campinas, são cinco, que realizam cerca de 450 testes por mês e atestam 260 novos casos por ano. Atualmente, a ci-dade calcula aproximada-mente 7 mil casos da do-ença e estima que mais da metade esteja em tratamen-to, de acordo com dados da Secretaria de Saúde.

Foto: Am

anda Januzzi

Foto: Amanda Januzzi

O programa DST/AIDS Campinas é um dos centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) da cidade

O programa reali-za testes rápidos

diariamente, além de ofrecer outros exames,

medicamentos e acompanhamen-

to médico