sai baba - sutra
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SUTRA VAHINI
por Bhagavan Sri Sathya Sai Baba
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Bhagavan Sri Sathya Sai Baba
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SUMRIO
Introduo verso brasileira 4
Prefcio6
Sutra Vahini7
Athaatho Brahma Jijnaasaa12
Sama14
Dama16
Uparathi16
Thithiksha 18
Sraddha 19
Samaadhaana20
Mumukshuthwam 20
Saastra Yonithwaath35
Thath Thu Samanvayaath39Ikshather Naa Sabdam44
Gunaschennaathma Sabdaath48
Heyathwa-Avachanaachcha 53
Swaapyayaath 57
Sruthathwaath Cha59
Mantra Varnikam eva cha64
Jyothischaranaabhidhaanaath 65
Prana Sthatthaanugamaath67
Sarvathra Prasiddhopadesaath70
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INTRODUOVERSOBRASILEIRA
Sathya Sai Baba escreveu diversos artigos para as primeiras edies
da revista mensal editada pela Sua Organizao: Sanathana Sarathi OEterno Condutor. Esse material foi, mais tarde, publicado em volumes
denominados Vahini termo que significa crrego, fluxo, torrente.
O nome bem apropriado, como o leitor ver, porque as palavras
que fluem da escrita de Swami Sathya Sai derramam sabedoria e clareza
numa linguagem simples, permeada de imagens do dia-a-dia, capazes
de transmitir o significado profundo das Escrituras Sagradas da ndia.Neste Vahini Sutra Vahini Baba discorre sobre o livro denominado
Brahma Sutra. Ele compe, juntamente com as Upanishads e a Bhaga-
vad Gita, a trilogia que forma a base da filosofia Vedanta. A tradio
indiana aponta o Rishi Badrayana como autor do Brahma Sutra, ao lado
de Vyasa, que foi o compilador dos outros dois textos citados.
Enquanto que as Upanishads e a Gita so textos classificadoscomo Revelaes Divinas, o Brahma Sutra cumpre o papel de es-
truturar de forma lgica e sistemtica os conhecimentos contidos
nos outros dois volumes.
As sutras so frases sintticas - mximas que transmitem signifi-
cados profundos e abrangentes. O Brahma Sutra consiste de 5551
sutras divididas em quarto captulos. Cada captulo, por sua vez, subdividido em quatro sees. O primeiro captulo se denomina Sa-
manvaya, que significa Harmonia. Esclarece que todos os textos de
Vedanta falam sobre Brahman, a realidade ltima, a meta da vida.
O segundo captulo, denominado Avirodha (Ausncia de Conflito)
1. Algumas referncias identificam 564 sutras, outras 449, como o prprio Baba
destaca mais adiante, no texto.
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discute e refuta as possveis objees contra a filosofia Vedanta. O
terceiro captulo: Sadhana (O Mtodo) descreve o processo atravs
do qual a emancipao final pode ser alcanada. O quarto captulo:
Phala (O Fruto) fala a respeito do estado que se alcana nessa eman-
cipao final.
Diversos expoentes do Saber Espiritual teceram comentrios so-
bre o Brahma Sutra, os quais contribuem para diversas escolas de
pensamento filosfico. Aqui temos nas mos o tesouro das divinas
palavras de Sri Sathya Sai Baba, esclarecendo diversos aspectos des-
sa importante escritura e estimulando o leitor a meditar sobre seu
significado, aprofundando-se cada vez mais no conhecimento de
Brahman, a mais preciosa das sabedorias, pois aquele que conhece
o Absoluto torna-se o prprio Absoluto.
Este o segundo livro que chega ao leitor brasileiro pelas mos
dedicadas de Lakshmi Sunitha, uma devota indiana de Sathya Sai Baba
que desenvolveu um software tradutor ingls-portugus para auxiliar
na divulgao dos ensinamentos de Swami em nosso idioma.
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PREFCIO
Uma Sutra (mxima) expressa em poucas palavras a origem de
seu significado. As Brahma Sutras so a Cincia da Vedanta. Delasemana a Doura das Douras, quando so cantadas.
Atualmente, harmonia mais urgente necessidade. O mundo
efmero necessita de percepo espiritual. Esse o ponto de vista
dos estudiosos da Filosofia Vedanta. As escrituras Vdicas oferecem
aconselhamento consolador. Elas esclarecem com gentileza.
O homem tem a viso distorcida (ku-darsan); ele idolatra fenme-
nos reais e irreais. Su-darsan2 o faz perceber o Ser Universal nas cria-es da Natureza. A realizao dessa percepo Liberao (Mok-
sha), a razo e a meta suprema da vida do ser humano tornar-se
conhecedor da conscincia csmica, ou seja, ter a Percepo.
No Sutra Vahini, Bhagavan Sri Sathya Sai Baba acendeu a lmpada
universal da Atma/Brahma Vidya3. Isso foi feito em srie na Sanatha
Sarathi. Bhagavan, em Seu infinito Amor, mostrou-nos o sublime tratado
sobre a Essncia das Brahma Sutras. As palavras de Bhagavan e seusjogos de palavras esto alm da cognio e percepo humanas.
Ns consideramos este o mais raro dos privilgios, concedido pelo
Divino amor e afeio, de submeter esta publicao aos Divinos Ps
de Ltus de Bhagavan, nosso Amado Senhor, na auspiciosa ocasio
do Seu sexagsimo-sexto Aniversrio.
Esperamos que este livro transforme os homens comuns, que se man-
tm na iluso da ignorncia, convertendo sua conscincia em conscin-
cia csmica, para que eles possam compreender a Bem-aventurana.
Isso pode ser descrito como o Reconhecimento da Paternidade de
Deus e da Fraternidade do Homem. Essa ser a Nova Era.
2. Literalmente, aquilo que encanta a vista. No contexto, seria a Viso No Distorcida.
3. O Conhecimento (Vidya) do Ser (Atma) ou do Ser Supremo (Brahman)
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Os Editores
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Todos os Sastras4 derivam seu valor e validade de sua fonte - os Ve-das. Estabelecem mtodos e normas em consonncia com os princ-
pios e as finalidades definidas nos Vedas. Para discriminar entre o
bem e o mal, deve-se recorrer aos Sastras.
Os Vedas so A-pourusheya; isto : no tm nenhum autor humano
identificvel. Emergiram de Deus em Pessoa e foram ouvidos por san-
tos sintonizados com a voz do Divino. Estes comunicaram a Palavra aosseus aprendizes que as ensinaram, por sua vez, aos prprios discpu-
los. Esse processo de transmitir os Vedas e a sabedoria neles contida
prosseguiu gerao aps a gerao de gurus e discpulos at a nossa
poca atual.
As Upanishads so o prprio ncleo dos Vedas, a verdadeira essn-
cia de seus ensinamentos. O Brahma Sutra e a Bhagavad Gita contma prpria essncia dos ensinamentos das Upanishads. Esses trs textos
escriturais so designados, conseqentemente, como Prasthaana Thra-
ya, as trs fontes escriturais. Desde que foram aprendidos escutando-
se o guru, so, junto com os Vedas, denominados Sruthi Ouvidos.
Somente a aquisio do conhecimento mais elevado pode cumprir
a finalidade principal da vida humana. Tal conhecimento torna o in-divduo ciente de que no o corpo inerte, inconsciente, etc. e, sim,
que ele a prpria Conscincia que se manifesta como incorporao
de Sath-Chith-Ananda, Existncia - Conscincia Bem-aventurana.
4. Tratados filosficos ou religiosos Hindus; o termo denota qualquer livro, qualquer
obra cuja autoridade seja reconhecida, seja de origem divina ou humana, podendo
incluir leis, obras cientficas, etc.
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Quando essa verdade se revela e experimentada, o homem est lib-
erado, livre da nvoa da ignorncia, Ajnana, mesmo durante sua vida e
at que seu perodo termine. Transforma-se um Jivan-Muktha5.
A Kaivalyopanishad declara:
Na Karmanaa na prajayaa dhanena thyaagena ekena amruthathwam
aanasuh (No por meio dos trabalhos, do potencial humano ou da
riqueza, mas s pela renncia que a imortalidade pode ser alcanada).
Os trabalhos, nesse contexto, so rituais como sacrifcios, ritos sa-
grados do fogo, votos, caridades, doaes para projetos sagrados,
peregrinaes, banhos ceremoniais nos rios e no mar. Por interm-
dio de tais atividades, no se pode conseguir Moksha ou liberao,
ou seja, livrar-se do vu da ignorncia. Na Prajayaa, (no pelo poten-
cial humano) refere-se aquisio de autoridade, poder, habilidade
e inteligncia, atributos que permitem manipular homens e coisas;
aquisio de fama e supremacia, de encanto pessoal, sade e feli-
cidade completa, de uma famlia grande com muitas crianas; nada
disso pode conceder ao homem Moksha ou Liberao.
Na dhanena (no por meio da riqueza) significa que os trabalhos
e atividades mencionadas acima e tambm as aquisies descritas
somente acontecem quando o homem tem a riqueza sua dis-
posio. Se o indivduo no for rico, no pode arriscar-se na prtica
de Karmas6 ou em alcanar autoridade, poder, etc. Mas a Upanishad
anuncia que Jnana7 no est relacionada com riqueza ou dhana. E
somente Jnana pode conduzir Liberao. Assim, a Liberao no
5. Alma Liberada.
6. Nesse contexto, a palavra karmas se refere s diversas atividades ou trabalhos
meritrios anteriormente mencionados: sacrifcios, doaes, etc.
7. Sabedoria espiritual.
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pode ser conquistada por meio de posses. Riqueza no um meio
para se alcanar Moksha.
Ento, qual , exatamente o meio? A resposta : Thyagena ekena am-
ruthathwam aanasuh. S a renncia pode conferir Moksha ou Imortali-
dade. Jagath (o mundo objetivo) irreal, inexistente; deve-se renunciar
ao equvoco de que ele real. A compreenso da idia de que jagath
uma superposio feita por nossa mente sobre a Realidade Jnana
(Sabedoria). Embora jagath parea real, a pessoa deve estar ciente de
que essa aparncia ilusria. E, como conseqncia, precisa desistir
do anseio por obter prazer dos objetos que aparecem e a atraem, aquie no alm. Quer dizer, o indivduo se libera to logo renuncie a todos
os apegos e desejos. Sarvam Thyaagam8. Ajnana ou o conhecimento
falso somente pode ser destrudo quando se conhece o princpio do
Atma. Quando o conhecimento falso desaparece, o sofrimento pro-
duzido pelo envolvimento do indivduo nos altos e baixos de Samsara,
o Mundo das Mudanas, tambm destrudo.Ajnana e Duhkha (ignorncia e sofrimento) no podem ser destru-
dos por rituais e ritos (karma) esta a lio que as Upanishads
nos ensinam. De fato, o que est acontecendo hoje em dia que o
homem se esqueceu de sua natureza real. Acredita que o corpo,
os sentidos, etc. Anseia por prazeres objetivos e convence-se de que
esses desejos vm dele mesmo e, sob essa noo equivocada, pro-cura satisfazer suas demandas. Ilude-se de que pode assegurar Anan-
da9 atendendo ao corpo e aos sentidos. Entretanto, no pode obter
Ananda com tais tentativas. Ao contrrio, recompensado com desi-
luso, derrota e at mesmo desastre. Colhe dor e no alegria.
8. Tudo Renncia; tudo Sacrifcio.
9. Bem-aventurana.
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O envolvimento no prazer objetivo finalmente conduz ao sofri-
mento. Assim, o homem necessita ser dirigido para os meios corre-
tos de se alcanar Ananda. De onde se pode obter Ananda? Ela no
se encontra em objetos externos. O prazer que se pode obter dosobjetos externos traz a dor junto consigo.
O Brahma Sutra, as Upanishads e a Bhagavad Gita as trs fontes
textuais explicam a verdade de que voc a prpria incorporao
de Ananda. Essas trs fontes so suficientes para ajudar o homem a
alcanar a sabedoria mais elevada.
uma tarefa rdua compreender os significados das mximas con-tidas no Brahma Sutra. A menos que a pessoa adquira as qualifica-
es necessrias, no lhe ser possvel desvend-las e domin-las.
Quais, ento, so as qualificaes? Quatro Sadhanas10 so estabele-
cidos pelas escrituras. Quando a pessoa estiver equipada com esses
quatro, os significados se tornam to patentes quanto uma fruta na
palma de sua mo. Ento, os quatro precisam ser conquistados pelohomem como uma preliminar para saber a verdade sobre si mesmo.
O Brahma Sutra tambm conhecido como Saariraka Sastra e
Vedanta Darsana. Sarira significa corpo. Saariraka se refere a to-
dos os componentes do Atma encarnado: ego (jivi), sentidos, etc;
o termo Sastra implica em examinar a natureza de tudo isso at o
mais alto grau possvel. Quer dizer, o Sastra estabelece que Brah-
man, o Ser Csmico a base sobre a qual tudo o mais imposto e
que a Realidade do indivduo a prpria Bem-aventurana.
Agora, sobre o nome Vedanta Darsana: Darsana significa viso11.
Darsana promove a viso ou a experincia da Verdade. Os Darsanas
10. Exerccios espirituais.
11. Tambm poderia ser traduzido como ponto de vista. Esse o sentido mais
especfico no presente contexto.
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so bem conhecidos. Foram propostos por sbios de viso abenoa-
da. O Sankhya Darsana foi estabelecido por Kapila. O Nyaya Darsa-
na da autoria de Gautama, o Vaiseshika foi proposto por Kanaada,
o Purva Mimamsa por Jaimini e o Uttara Mimamsa por Veda Vyasa.Entre esses, Kapila e Vyasa so reconhecidos pelos sbios como in-
corporaes parciais do prprio Vishnu. O Brahma Sutra de Veda
Vyasa o texto que confirmou e consolidou o Uttara Mimamsa.
O Brahma Sutra adota a tcnica da objeo (Purva Paksha) e da
concluso (Siddhatha) para expor a verdade Vedntica. As mximas
discutem pontos de vista contrrios a fim de remover todas as dvi-das possveis sobre a validade e o significado das declaraes da
Vedanta ou das Upanishads. O corpo considerado o invlucro
(Upadhi) da pessoa jivatma e o Brahma Sutra explica a sua Reali-
dade. Por isso, o Sutra chamado de Vedanta Darsana.
H 555 Sutras no texto; algumas escolas os contam como 449. A
palavra Sutra significa: aquilo que, somente com algumas palavras,revela vastos significados. A palavra Mimamsa, do modo como
usada na filosofia indiana antiga, significa a concluso a que se chegou
aps o inqurito e a investigao, a inferncia adotada como correta
depois da profunda considerao das dvidas e alternativas possveis.
Os Vedas abordam dois conceitos: Dharma e Brahma. O Purva Mi-
mansa trata do Karma, dos ritos e rituais, considerados como Dharma.O Uttara Mimansa trata de Brahma; sua nfase est em Jnana ou Com-
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preenso. O Purva Mimansa comea com a mxima, Athaatho Dhar-
ma Jijnasa (agora, o estudo do Dharma); o Uttara Mimansa comea
com o Athaatho Brahma Jijnaasa (agora, o estudo de Brahma).
A conscincia de Brahman12 no pode ser conquistada pela acu-
mulao da riqueza ou mesmo pela doao de riquezas. Nem pode
ser conseguida lendo-se textos, alcanando-se posies de poder,
adquirindo-se ttulos e diplomas, ou ainda pela realizao de sacrif-
cios e rituais previstos nas escrituras.
O corpo um formigueiro que tem a mente dentro de sua cavi-
dade. E a mente escondeu nessa cavidade a serpente denominada
Ajnana (Ignorncia). No possvel matar a serpente recorrendo-se
s atividades orientadas satisfao dos desejos (Kaamya karma).
Jnana a nica arma que pode mat-la.
Sraddhaavaan labhathe jnaanam. S a pessoa que tem sraddha
pode assegurar jnana. Sraddha significa f nas declaraes contidas
nas Escrituras (Sastras).
ATHAATHO BRAHMA JIJNAASAA
Uma Sutra (mxima) resume, em algumas palavras, uma vastido
de significados; infinitos e profundos fundamentos. As Brahma Sutras
construram a cincia da Vedanta; renem flores multicoloridas detodas as Upanishads e as unem para formar a uma encantadora
12. O Absoluto Sem Forma e Sem Atributos. Trata-se da concepo de Deus tran-
scendente, alm do alcance dos sentidos e da mente. No contexto deste livro,
Brahma e Brahman so indistintamente usados como sinnimos. Eles indicam o
conceito transcendente e absoluto de Deus em oposio a Brahma (pronuncia-se
Bram), o aspecto criador de Deus na trindade Hindu.
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guirlanda. Cada Sutra pode ser elaborado e explicado de diversas
maneiras eruditas, de acordo com a compreenso, f, preferncia,
experincia e prazer de cada um.
A primeira Sutra de todas : Athaatho Brahma Jijnaasaa. Atha, o ter-
mo inicial tem muitos sentidos literais, mas, nesta Sutra, o sentido mais
apropriado : depois disso. Ento, surge a pergunta: depois do qu?.
bvio que se refere a Brahma Jijnaasa, o anseio por compreender a
natureza de Brahman. Quer dizer, aps o surgimento desse anseio. E
como pode esse anseio emergir? S pode vir mente depois que a pes-
soa adquire qualificaes apropriadas. Depois disso significa: aps oindivduo haver se equipado com essas qualificaes.
Jijnaasa no pode render fruto se os Vedas forem simplesmente
estudados. Os Vedas lidam com o Dharma. Para compreender Brah-
man, preciso estudar Vedanta.
Dentre as qualificaes preliminares para Brahma Jijnaasa, a primei-
ra Viveka: discriminao entre o transitrio e o eterno. Em outras
palavras, a descoberta de que s o Atma est alm do tempo e que
todos os objetos perceptveis pelos sentidos da viso, etc., so apenas
transitrios. S o Atma no sofre nenhuma mudana. S ele Nitya
Sathya (Verdade Eterna). Como conseqncia da investigao prolon-
gada, deve-se ganhar essa convico inabalvel e estabelecer-se nela.
A segunda qualificao : Ihaa-mutra-phala-bhoga-viraagah
(renncia ao desejo de apreciar, aqui e no alm, os frutos das prprias
aes). Isto tambm conhecido como Vairaagya (desapego). O
indivduo deve raciocinar e reconhecer a transitoriedade da alegria
e da tristeza, poluies que afetam a mente. Ele se convencer, en-
to, de que todas as coisas esto aprisionadas em um fluxo; so
todas momentneas e somente produzem sofrimento. O sentimento
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de desapego nasce em seguida, na mente. Vairaagya no envolve
abandonar o local de nascimento, o lar, a esposa e os filhos para se
refugiar nas florestas. Envolve somente perceber Jagath (o mundo)
como transitrio e, em consequncia dessa percepo, rejeitar ossentimentos, eu e meu.
A terceira qualificao : Sama-damaadi Guna Sampath, o grupo
de seis virtudes, Sama, Dama e as demais.
H seis virtudes neste grupo - Sama, Dama, Uparathi, Thithiksha,
Sraddha e Samaadhaana.
Sama
Sama significa controle mental. Isto muito difcil de conseguir. A
mente pode causar a escravido; pode tambm conferir liberao.
um amlgama dos modos Rajsico e Tamsico, das atitudes pas-
sionais e estpidas. Facilmente poluda, ela se delicia em esconder anatureza real das coisas e mold-las segundo as formas e valores que
deseja. Assim, as atividades da mente precisam ser reguladas.
A mente tem duas caractersticas. A primeira : ela corre atrs dos
sentidos; qualquer sentido que a mente seguir sem restrio ser um
convite ao desastre. Quando um pote de gua est vazio, ns no
necessitamos supor que a gua escapou atravs de dez furos; um furo bastante para esvazi-lo. Do mesmo modo, com os sentidos, basta
que um no esteja sob controle, para que o indivduo seja atirado na
escravido. Conseqentemente, cada sentido precisa ser dominado.
A segunda caracterstica da mente que o seu potencial pode ser
desenvolvido por boas prticas como Dhyana, Japa, Bhajana e Puja.
Com a sua fora e habilidade assim reforadas, a mente pode ajudar
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o mundo ou prejudic-lo. Portanto, o poder mental conquistado por
tal Sadhana deve ser afastado dos caminhos errados e ser contro-
lado por Sama. Os sentidos devem ser dirigidos pelo princpio da
inteligncia, o Buddhi. Devem ser liberados do controle que a mentetem sobre eles. Ento o progresso espiritual pode ser alcanado.
Manas ou a mente no mais que um emaranhado de pensamentos,
um complexo de carncias e desejos. Assim que um pensamento, um
desejo ou um querer se ergue da mente, Buddhi deve sondar sua vali-
dade - bom ou ruim, ajudar ou atrapalhar, aonde levar ou terminar.
Se a mente no se submeter a esta prova, estar a caminho da runa. Seobedecer inteligncia, poder mover-se ao longo do trajeto correto.
O homem tem trs instrumentos principais para sua elevao: In-
teligncia, Mente e Sentidos. Quando a mente se deixa escravizar pe-
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los sentidos, o homem se deixa prender e subjugar. A mesma mente,
quando regulada pelo intelecto, pode tornar o homem ciente de
sua realidade, o Atma. por isso que a mente considerada capaz
de causar tanto a escravido quanto a liberao.
Dama
Agora, quanto segunda das seis virtudes: Dama. Significa man-
ter o corpo e os sentidos sob o controle. Isso somente pode ser
conseguido por Sadhana ou exerccio espiritual e no por quaisqueroutros meios. A pessoa precisa evitar gastar seu precioso tempo em
buscas inteis. Tem que estar sempre vigilante. Precisa empregar o
corpo e os sentidos de percepo e ao em tarefas convenientes,
mas nobres, capazes de mant-los ocupados. No deve haver nen-
huma possibilidade para que thamas ou a preguia se insinue. E cada
ato tambm deve promover o bem dos outros. Quando a pessoa se
limita s atividades que refletem seus deveres naturais (Swadharma)
possvel sublim-los em Sadhana para o corpo e os sentidos.
Uparathi
A terceira qualificao com a qual o indivduo precisa se equipar
Uparathi. Isso implica num estado mental acima e alm de todas as
dualidades, tais como alegria e tristeza, gosto e desgosto, bem e mal,elogio e crtica, que agitam e afetam o homem comum. Porm, essas
experincias universais podem ser superadas ou negadas por meio
dos exerccios espirituais ou do inqurito intelectual. O homem pode
escapar desses opostos e dualidades e alcanar o equilbrio e a esta-
bilidade. Uparathi pode ser conseguida tendo-se cuidado no envolvi-
mento com a vida cotidiana, para evitar complicar-se e escravizar-se
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s diferenas e s distines. O indivduo deve livrar-se da identifica-
o com castas, como Brmane, Kshatriya, Vaisya e Sudra13, ou cls
como os Gotras14, ou ainda condies como infncia, juventude,
idade adulta e velhice, ou mesmo gneros como masculino e femi-nino. Quando se tem sucesso em rejeitar tudo isso e se estabelecer
firmemente na realidade tmica, realmente se conseguiu Uparathi.
No veja o mundo como mundo, com um olhar material. Olhe para
ele com o olho do Atma, veja-o como a projeo de Paramatma. Isso
pode lev-lo a cruzar o horizonte das dualidades at a regio da Uni-
dade. O Uno experimentado como muitos por causa das formas enomes que o homem lhe imps. Isso resulta do jogo da mente. Up-
arathi promove a explorao interna, Nivrithi, em lugar do inqurito
e atividade exteriores, Pravrithi. Ao longo de Nivrithi encontra-se o
13. As quatro grandes Castas, as quais, segundo os Vedas, emanaram do prprio
Deus, constituindo partes do Seu Corpo e representam todas as classes de sereshumanos. Os brmanes so os intelectuais, os mentores e sacerdotes, os profes-
sores e os cientistas; os Ksatryas so os nobres, os governantes, os militares; os Vai-
syas so os empresrios, banqueiros, comerciantes, etc. e os Sudras so os trabalha-
dores assalariados, agricultores e assim por diante. A idia original a de que cada
membro de cada casta deve desempenhar seu papel para que o corpo de Deus,
ou seja, a Sociedade, seja saudvel e prspera. Os problemas surgem quando um
membro de uma casta ou Varna (seu nome original) deseja agir como membro
de outra casta, gerando o caos na Sociedade. A compreenso estreita e precon-
ceituosa desses conceitos criou os isolamentos e as intocabilidades que motivaram,
modernamente, a condenao do sistema.
14. Espcie de ancestralidade, segundo a qual, por exemplo, uma famlia brmane
se declara descendente direta de algum dos Rishis sbios da antiguidade, que
receberam os Vedas. Em geral, o termo significa grupo familiar.
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caminho de Jnana (inqurito intelectual); ao longo de Pravrithi est o
caminho do Karma (atividade dedicada).
As atividades sagradas como os rituais e os sacrifcios (karmas) estabe-
lecidos nos Vedas no podem conferir liberao da escravido ao nasci-
mento e morte, Moksha. Somente ajudam a limpar a conscincia. Diz-
se que elevam o homem ao paraso; mas o paraso mais uma priso.
No promete a liberdade eterna. A liberdade que faz o indivduo ciente
da verdade, de sua prpria verdade, somente pode ser conquistada
com Sravana (escutar o guru), Manana (absorver o que foi escutado) e
Nididhyasana (meditar sobre sua validade e significado). Somente aque-les que afastaram suas mentes do desejo podem beneficiar-se do guru.
Outros no conseguem lucrar com a orientao. Aqueles que esperam
e desejam o fruto de suas aes podem se dedicar a elas at ter sua
conscincia purificada. Alm disso, suas aes no tm qualquer valor.
Assim, a pessoa deve ser sempre consciente do Atma como aquilo que
a tudo penetra e invade, de modo que a atrao e repulso, o complexoda dualidade, no o possa afetar.
THITHIKSHA
A quarta qualificao Thithiksha. a atitude da tolerncia, a
recusa em ser afetado ou sentir dor quando afligido pela triste-
za, pela perda, e pela ingratido ou maldade do outro. De fato,
o indivduo feliz e calmo porque sabe que esses so os re-
sultados de suas prprias aes, que agora recaem sobre ele e
considera aqueles que causaram a misria como amigos e sim-
patizantes. No revida e no deseja o mal para eles. Suporta
todos os golpes, paciente e contente.
S V
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A reao natural de uma pessoa quando algum a fere, no im-
porta quem seja, ferir em retorno, quando algum lhe causa dano,
devolver o dano e quando algum a insulta, insultar de volta, de um
jeito ou de outro. Mas essa a caracterstica do caminho de Pravr-ithi - o trajeto do envolvimento objetivo. Aqueles que procuram
o trajeto interno da sublimao e da purificao o caminho de
Nivrithi - precisam evitar tal reao. Devolver injria por injria,
dano por dano ou insulto por insulto somente aumenta seu fardo
Krmico, que tem que ser suportado e eliminado nas vidas futuras.
Esse fardo denominado Aagaami ou linear. No se pode escaparda tarefa de submeter-se s conseqncias dos prprios pensamen-
tos, palavras e aes, no devido momento. Pagar o mal com o mal
jamais poder aliviar o peso do karma; somente o tornar mais
pesado. Pode conferir alvio e satisfao imediatos, mas no pode
seno fazer a pessoa sofrer mais tarde. Thithiksha, portanto, instrui
o homem a fazer o bem pessoa que o fere.
SRADDHA
A quinta entre as virtudes a ser cultivada Sraddha. Ela significa
f inabalvel nas sagradas escrituras ou sastras e nos cdigos mo-rais que elas contm, bem como no Atma e no guru. A f o sinal
de Sraddha. Os gurus so dignos de adorao. Eles nos mostram
o caminho da realizao, o Sreyomarga. Os sastras so projetados
para assegurar a paz, a prosperidade do mundo e a perfeio espiri-
tual da humanidade. Tm diante de si essa grandiosa meta. Mostram
o caminho para a sua realizao. Assim, a pessoa deve ter f nesses
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sagrados sastras, gurus e ancios venerveis. Os gurus, de sua parte,
devem somente instruir as pessoas no conhecimento do Atma que
imanente em todos os seres (Sarva jivaat-maikya Jnana). Aquele que
tem Sraddha conseguir esta Jnana. Eles mesmos devem ter comple-ta f nisso e viver de acordo com essa f sem a menor vacilao.
SAMAADHAANA
A sexta qualificao Samaadhaana. O indivduo precisa estar
convencido, de forma incontestvel, de que aquilo que as escriturastransmitem e o Guru ensina so exatamente a mesma coisa. O int-
electo deve se apoiar e extrair inspirao do Atma, todo o tempo e
sob todas as circunstncias. O aspirante ao progresso espiritual deve
se apegar somente Conscincia universal constante. Todas as suas
aes devem ter como objetivo a alegria de Deus. Ele deve ter f
implcita na mxima das escrituras: todos os seres vivos so amsas
[facetas, fraes] de Iswara [Deus]. A fim de confirmar e fortalecer
essa f deve-se ver todos os seres como iguais. Esta sexta virtude,
denominada Sadhana Sampath o Tesouro do Esforo Espiritual.
MUMUKSHUTHWAM
Em seguida, ns consideraremos Mumukshuthwam - o anseio por
Moksha ou Liberao. Esse anseio no pode surgir do dinheiro ouda erudio que pode ser obtida com grandes despesas. Nem pode
emergir da riqueza ou do bero, dos ritos e rituais recomendados
nas escrituras ou dos atos de caridade, porque Moksha [libertao
do sofrimento e aquisio da felicidade] somente pode vir da vitria
sobre Ajnana [ignorncia]. Uma pessoa pode dominar todas as es-
crituras, junto com todos os comentrios eruditos escritos sobre elas
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por especialistas; pode propiciar todos os deuses, executando as
modalidades de adorao e cerimnias prescritas; nada disso pode
conceder a beno da Liberao. Todas essas aes so motivadas
pela obteno de benefcios e bnos distintas do conhecimentosupremo [Jnana]. S o sucesso no caminho do conhecimento pode
conceder a salvao. Uma pessoa pode ter todos os itens necessri-
os para preparar uma refeio, mas se o fogo no estiver disponvel,
como a refeio poder ser preparada? Assim tambm, se Atma
Jnana [a conscincia do Atma como a nica realidade] no estiver
presente e algum declarar que se pode alcanar Mukti ou Liberaobanhando-se nas guas de rios sagrados, o que diramos dos peixes
e de outras espcies aquticas que passam todas as suas vidas nos
rios! Se algum acreditar que passar anos em cavernas, nas mon-
tanhas, conduzir Liberao, o que ser que os ratos e as bestas
selvagens poderiam conquistar? Se, por meio das prticas ascticas
como comer razes e tubrculos e mastigar folhas para o sustento do
corpo, algum conseguir alcanar a Liberao, ento as cabras que
se alimentam de folhas e os porcos que escavam a terra para ingerir
tubrculos tambm alcanariam a Liberao? Se cobrir o corpo in-
teiro com cinza considerado ascetismo, ser que os ces e os as-
nos que rolam nos montes de cinza podem reivindicar a Liberao?
Essas crenas e prticas so sinais de pobreza de compreenso. O
indivduo deve se concentrar em alcanar Atma Jnana, a conscincia
da Eterna e Universal Realidade tmica.
A palavra Atha, com a qual a primeira Sutra comea, significa de-
pois disso e investigando-se suas implicaes, descobriu-se que en-
volvem a aquisio daquelas quatro realizaes Discernimento,
Desapego, as Seis Virtudes e o Anseio pela Liberao.
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A palavra seguinte tambm Athah, com o tha suave, em vez
de acentuado, como na primeira palavra. Athah significa por essa
razo. Por conseguinte, deve-se perguntar: qual razo? A razo
que nem o exame dos textos do Sastras, nem a execuo dos ritos erituais, nem o estudo de objetos materiais, nem o processo de apren-
der com o exemplo de outros homens garantem a aquisio da con-
scincia do Supremo, de Brahmam. Porque os objetos e os indivduos,
os ritos e as atividades so transitrios. Sofrem deteriorao e destru-
io. O melhor que podem proporcionar a limpeza da mente, nada
mais. O karma no pode libertar o indivduo da ignorncia bsica, ouconceder a conscincia de Brahmam como realidade. A pessoa preci-
sa estar consciente dessa limitao, a fim ganhar o direito de investigar
o mistrio de Brahmam, a fonte e o ncleo do Cosmos.
Essa mesma Sutra inicial encerra uma lio: Aquele que devota sua
vida conquista do conhecimento do Atma, que o seu prprio ser,
deve possuir virtudes sagradas e essas virtudes devem tornar sagrados,sua conduta e seus contatos. Pois, nenhum conhecimento pode ser
mais elevado do que o carter virtuoso. Carter poder, para dizer a
verdade. Para a pessoa que dedicou seus anos aquisio do apren-
dizado mais elevado, o bom carter constante uma qualificao in-
dispensvel. Cada religio enfatiza essa mesma necessidade, no como
uma condio especial de crena, mas como a base da vida espiritual e
prpria da conduta. Aqueles que conduzem suas vidas segundo essas
linhas jamais sero prejudicados. Sero dotados de mrito sagrado.
As virtudes so os meios mais eficazes para purificar a conscincia
interna do homem em todos os nveis. Pois conduzem a pessoa a
descobrir o que fazer e como. Somente aqueles que conquistaram
um bom destino podem reivindicar sua excelncia em termos de
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discernimento. Ademais, a constncia dessa determinao o barco
que pode transportar o homem atravs do oceano da existncia e do
medo, o Bhava Sagara. O homem virtuoso tem um lugar na regio
dos liberados. Qualquer atividade residual que o indivduo seja for-ado a realizar, o impacto dessa atividade no o atingir, desde que
seja um homem virtuoso. Poder se fundir em Brahmam, a manifes-
tao da Suprema Bem-aventurana.
Uma pessoa pode ter executado uma variedade de ritos e de sac-
rifcios Vdicos; pode at expor o contedo de diversas escrituras
sagradas que tenha dominado; pode ser uma pessoa dotada deprosperidade, possuindo grandes riquezas e fartas colheitas; pode
ensinar os Vedas e suas disciplinas complementares com a devida
exposio dos significados; mas, se essa pessoa no tiver nenhum
carter moral, no ter lugar na escola onde Brahmam ensinado ou
aprendido. Esta a lio que essa Sutra transmite.
Pois o estgio da equanimidade, to essencial para o progresso es-piritual, s pode ser conqusitado quando o intelecto est livre da man-
cha dos apegos e envolvimentos ilusrios. Sem essa serenidade, o int-
electo ou Buddhi no pode prosseguir na trilha de Brahmam. Por qu?
O termo virtude somente outro nome para inteligncia que segue
os impulsos do Atma, o Ser que a nossa Realidade. Somente aquele
que tem tal virtude pode obter a conscincia do Atma, a Verdade. E,uma vez que essa conscincia obtida ele no mais ser aprisionado
pela iluso ou pelo desejo; essas coisas no mais podero atingi-lo.
Desejo, sujeio aos objetos desejados e aos planos para obt-
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los so os atributos do ser individualizado, no do Ser ou Atma
residente no corpo. O sentido de eu e meu e as emoes de
luxria e raiva originam-se no complexo corpo-mente. Somente
quando esse complexo conquistado e superado, pode a verda-deira virtude emanar e se manifestar.
Os sentimentos de ser o autor, o desfrutador, o agente da
ao podem parecer afetar o Atma, mas no so partes da natur-
eza genuna do Atma. Os objetos so refletidos no espelho, mas
este no fica marcado e nem sequer afetado por esses reflexos.
Permanece to limpo como era antes. Do mesmo modo, o homemvirtuoso pode estar sujeito a algumas atividades contaminantes, re-
manescentes dos seus atos em vidas anteriores, mas elas no podem
estragar ou obstruir sua natureza ou suas atividades atuais. O Jivi ou
indivduo tem como seus atributos bsicos genunos: pureza, sereni-
dade e alegria. Ele vibra com essas qualidades.
Um pssaro voando na imensido do cu necessita de duas asas;uma pessoa que se move na terra, abaixo, precisa de duas pernas
para lev-la adiante; um aspirante ansioso para alcanar a Manso de
Moksha, a Morada da Liberdade, necessita de Renncia e Sabedoria;
renncia aos desejos mundanos e sabedoria para se tornar ciente do
Atma. Quando um pssaro s tem uma asa, no pode erguer-se no
cu, pode? Da mesma maneira, se o homem tiver somente a renn-cia ou a sabedoria, no pode alcanar o Ser Supremo, Brahmam. O
sentido do eu a atadura do apego ilusrio. Quanto tempo pode
um indivduo se manter ligado ao que considera carinhosamente
como seu? Algum dia ter que desistir de tudo que tem, partir soz-
inho e de mos vazias. Esse o inegvel destino.
O indivduo precisa desistir desses supostos relacionamentos e
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apegos artificiais, atravs da anlise rigorosa da natureza dos mes-
mos, abandonando-os to rapidamente como possvel. Isso o que
o mundo ensina como lio de renncia. O apego produz o medo e
o egosmo. Somente o imprudente se renderia a tais fantasias mun-danas. O sbio jamais se curvaria aos atrativos do desejo objetivo.
Tudo momentneo, momentneo. Tudo passageiro, passageiro.
Assim, eles procuram identificar a Verdade Eterna e aderem s vir-
tudes imortais que o Atma representa. Esses so os verdadeiros ho-
mens virtuosos, candidatos dignos a alcanar Brahmam.
Ns podemos saber bastante sobre a natureza do Cosmos. Mas o in-strumento de conhecimento que possumos o olho humano, no ? As
cincias fsicas descobriram muito, mas tudo foi descoberto pela mente
humana, no ? Descrevem e analisam as coisas como so. Entretanto,
por quanto tempo essas coisas existem como so agora? Esto sujeitas
a modificaes a cada momento. Mas, apesar da mudana inegvel que
afeta todas as coisas, o indivduo tem notcia de uma verdade ou de umfato que no afetado de modo algum. Esse princpio constante a
base em que as trs fases15 so manifestadas. Esse princpio Brahmam,
a Base Eterna, o Inabalvel, o Sathya, a Verdade.
O indivduo pode hesitar em aceitar este fato e ser envolvido na
dvida, uma vez que no percebe o Brahmam bsico; o que real-
mente percebido so as Formas, com os seus respectivos Nomes,que esto em perptua mudana. Considere o que acontece quando
uma pessoa v, durante a noite, o cepo de uma rvore; fica com
medo de que seja um fantasma ou um ser humano bizarro. No
15. Essas fases que Baba citou podem ser diversas coisas: Passado, Presente e
Futuro; Criao, Preservao e Destruio; Inrcia, Ao e Equilbrio, etc. Todos
so conceitos ligados ao Universo em eterna mutao.
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nada disso, embora seja percebido como uma dessas coisas. A razo
para esse equvoco escurido. A escurido impe sobre algo,
uma outra coisa que no est l. Da mesma maneira, por causa da
escurido disseminada por Maya ou Percepo Incorreta, a CausaPrimordial, Brahmam, velada, passa despercebida e o Cosmos so-
breposto a ela, como uma realidade perceptvel. Esta viso enganosa
corrigida pela conscincia desperta [Jnana] e convertida na viso
do Amor Universal [Prema]. O Cosmos, do qual a Terra uma parte
e no qual ns estamos enredados, tem como sua causa bsica, como
o cepo est para o fantasma, o prprio Brahmam.Outros declaram que a causa para a origem do Cosmos [Prapan-
cha] so fatores como a Natureza Inata [Svabhaava], a Ordem, um
Acidente, o Tempo, etc. Mas nenhuma dessas nem todas elas juntas
pode ser a Causa. Pois no so todas inertes, incapazes de mani-
festar vontade ou iniciativa? Mesmo os seres individuais so limita-
dos pelas algemas de alegria-sofrimento, crescimento-deteriorao enascimento-morte. Cada uma dessas alegadas origens dependente
e contingente. Assim, no podem ser aceitas como a Causa ou a
Origem de Prapancha ou Jagath.
Esta Sutra, Janmaadyasya Yathah, tem o propsito de nos con-
duzir descoberta da Base genuna para tudo que , foi e ser.
Ele anuncia o Mahath Thatwa, o princpio Supremo que a Causa do
Ser se tornar o Vir a Ser e do Comportamento Ordenado do Universo.
A fsica pode sondar a matria e explicar como formada; mas, no
pode sondar e descobrir porqu assim formada. Certamente, para
cada efeito ou acontecimento, deve haver uma causa. Nem o tomo,
nem o ser, nem a ausncia destes podem ser reconhecidos como essa
causa. O Sath, o ser, deve estar alm do Sujeito e do Objeto; do Con-
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hecedor e do Conhecido. Mas, quando ns precisamos delinear o
Sath ou o Brahmam, torna-se necessrio usar palavras comuns, tais
como Criador, Senhor, Providncia, Deus e, tambm, Brahmam.
Quando investigamos causa e efeito do ponto de vista do Cosmos,ns alcanamos a concluso que Deus a Causa, e o Cosmos ou
Jagath o efeito. Quando transcendemos a distino entre o sujeito
e o objeto, tornamo-nos cientes de que tudo Pura Conscincia
ou Brahmam e que este tanto o fator primrio quanto subsidirio.
Quer dizer, o Governante, ou a Ignorncia Primordial. Isso invoca
Brahmam, Jagath e o mergulho em Brahmam. Maya que causa ailuso de que um se origina do outro.
H outros que afirmam que os dois - Maya e Brahmam - so as
causas gmeas do Cosmos. Ainda outros afirmam que Maya a
nica responsvel.
Alguns outros afirmam que o Universo uma manifestao de Vish-
nu e que tem seu ser no prprio Vishnu. Declaram que o surgimento,a subsistncia e a fuso do Universo so todos causados por Vishnu.
Naturalmente, nada no Universo pode ser feito sem um fabricante.
Qual, ento, deve ser a natureza do fabricante do Cosmos? Ele deve ter
poder ilimitado, glria ilimitada e perfeita oniscincia. No possvel
a todos visualizar tal fenmeno, embora essa seja a verdadeira realiza-
o do propsito da vida de cada um! Pode-se, entretanto, conceb-loe confirm-lo por duas caractersticas: uma chamada Thatastha e a
outra, Swarupa. Thatastha a indicao provisria, limitada no tempo.
No pode conferir uma imagem ou viso correta. Pode somente reve-
lar sinais e relances, aqui e ali. Swarupa significa a prpria realidade
em sua totalidade. o resultado da iluminao da sabedoria intuitiva.
Revela a imanente, a transcendente, a ilimitada fonte de tudo.
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Cada entidade, artigo ou coisa no Universo tem cinco qualidades:
Asthi, Bhathi, Priyam, Rupam, Naamam. Asthi significa . Assim,
a qualidade de ser caracterstica de tudo que . Bhaathi significa
brilho, luminescncia. Algo que conhecemos capaz de ser con-hecido porque brilha: tem o poder de penetrar em nossa conscin-
cia. Ento, temos a palavra Priyam. Tudo capaz de ser usado e
produzir benefcios e, por isso, torna-se querido, atrativo; afeio o
significado de Priyam. As duas outras caractersticas, Rupam e Naa-
mam, de fato, mudam e podem ser modificadas. Todas as coisas
parecem se submeter a alguma transformao e, freqentemente,reassumem a forma original. So alteraes aparentes das entidades
bsicas, que tm sempre as primeiras trs caractersticas. O nome e
a forma so superposies realidade bsica de Ser, Iluminao
e Alegria. O divino a base, a vontade divina a superestrutura.
As contas so muitas, mas a linha que as interliga e integra no rosrio
uma s. Do mesmo modo, para o mundo inteiro dos seres vivos,
Deus, o permanente, onipresente, Parabrahma, a conscincia divina
suprema, a base. Soham, Ele sou Eu, Eu sou Aquilo; todos
esses axiomas indicam que, mesmo aqueles que se diferenciam sob
nomes e formas, so, de fato, Deus em Pessoa. Essa a razo porque
se proclama nos Vedas: Aquele que conhece Brahmam se torna o
prprio Brahmam. Essa percepo a conscincia da Realidade.
A bolha originria da gua flutua sobre ela e ali estoura, para tornar-
se uma s com a gua. Todos os mundos objetivos visveis so como
as bolhas que emanam do vasto Oceano da Divindade, Brahmam.
Esto nas guas e so sustentadas por elas. De que outros modos
poderiam surgir e existir? Finalmente, fundem-se e desaparecem na
prpria gua. Para sua origem, subsistncia e fuso, dependem so-
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mente da gua. A gua uma s; as bolhas so abundantes. A gua
real; as bolhas, aparncias. A gua a base; as bolhas so formas
ilusrias da prpria gua, impostas sobre ela.
O indivduo tomado de assombro por esta maravilhosa manifesta-o. Mas, nas eras antigas e nos cantos distantes do espao, do ema-
ranhado inerte e inconsciente da Natureza, o mistrio da vida emergiu
e proliferou em homens e em semideuses. Este um fato sabido por
todos e acessvel ao conhecimento de todos. Mas, pode o inferior ser
postulado como causa do superior? O inferior somente pode ser causa
do inferior. Ns podemos dizer que aquilo que inerte, no mximo, sejaa causa da mente, que tambm parte do complexo do corpo, mas so-
mente a Vontade Divina pode ser a causa de toda a criao, possuidora
das cinco caractersticas j mencionadas. De que outra maneira a mente
complexa surgiu e se estabeleceu ningum pode descrever.
A teoria que todos os eventos no Universo seguem determinadas
leis e normas. Isso nem sempre auto-evidente, mas a fsica est tenden-do a provar que perfeitamente possvel. A primeira Sutra indica o Su-
premo Universal, chamado Brahmam. A segunda Sutra descreve o mes-
mo Brahmam de outra forma, por outra faceta. A primeira estabelece
a Verdade, a Sabedoria e a Liberdade (Satyam, Jnanam e Swatantra). A
segunda Sutra estabelece o aspecto criativo de Brahmam e declara que
tal aspecto no pode ser limitado a este Cosmos em particular.
Cada um tem seu prprio Dharma ou caractersticas, especiali-
dades, individualidade ou amor inatos. Esta regra se aplica igualmente
s folhas de grama e s estrelas. O Cosmos no um fluxo contnuo.
Est progredindo persistentemente em direo a uma totalidade, em
suas qualidades e circunstncias. O homem tambm pode se trans-
formar atravs do esforo pessoal e da avaliao de seu estado atual.
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As foras morais que permitem o Cosmos certamente promovero
a nossa realizao. Mas o homem est demasiadamente imerso na
iluso que a tudo permeia para tirar vantagem disso, a fim de se el-
evar. No est ciente do caminho para a paz e harmonia do mundo.No capaz de manter o que bom e evitar o mal. No consegue
se estabelecer no Caminho do Dharma.
Aquilo a partir do qu se d o nascimento, etc. disso. AQUILO de
onde emanou o Cosmos manifesto, com suas entidades mveis e im-
veis, Aquilo que alerta, promove e estimula o seu progresso, Aquilo
em qu, finalmente, tudo se funde - saiba que AQUILO Brahmam.A Taithiriya Upanishad anuncia: Yatho vaa imaani bhuthaani
jaayanthe, yena jaathaani jivanthi, yath prayanthyabhi samvisanthi,
thad vijijnaasaswa thad Brahmethi. Aquilo a partir do qu os seres
se desenvolvem e dentro do qu se dissolvem Brahmam. Entre os
Adwaithins ou Monistas que assim definem Brahmam, h enormes
diferenas e profundos conflitos de opinio com respeito Causali-dade do Cosmos. Alguns sustentam que Brahmam a Causa en-
quanto outros afirmam que o Cosmos causado por Maya ou pelo
jogo da iluso. Outros ainda atribuem-no operao tanto de Brah-
mam como de Maya. Alguns outros declaram que se originou de
Vishnu e que se funde em Vishnu, sendo protegido somente por
Vishnu. Alguns dizem que a declarao sobre Brahmam somente
indicativa, um indcio para que se perceba o princpio por trs do
Cosmos, um Thatastha Lakshana, por assim dizer. Brahmam tem fac-
etas e faculdades infinitas: causar a Criao, preservar o que Criado
e absorver tudo em Si mesmo, so indcios para perceb-lo.
H outros que acreditam que a Mente a causa da Criao uma
vez que a matria e todos os cinco elementos so meras estruturas
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projetadas pela Mente e que esta, por sua vez, uma transmutao
de Prakriti ou Natureza Inerte. O funcionamento da Mente desafia
explicaes. H uma Conscincia Suprema que causou esta Criao.
Todas essas so suposies ou teorias moldadas por vrios pensa-dores, utilizando sua perspiccia intelectual. Os cientistas tm inves-
tigado de suas prprias maneiras e chegado a diversas concluses.
Explicam que o Tempo foi a Causa da origem do Cosmos e o Tempo
o sustenta e governa por meio da integrao e desintegrao. Assim,
tudo um efeito do Tempo e do seu controle. Alguns atribuem o
processo inteiro natureza interna das coisas e ao seu impulso para semultiplicar. Cada coisa manifestou sua natureza genuna sua prpria
maneira e tempo. Por exemplo, uma semente de manga quando plan-
tada, somente resulta em uma mangueira. Do ventre de uma tigresa,
somente pode nascer um filhote de tigre, no um cabrito. Assim, per-
cebemos que, desde as pocas muito antigas, vrias teorias conflitantes
foram propostas, sobre a origem da Criao. No obstante, cada uma
delas falhou em definir e apontar o qu exatamente a Causa.
O Cosmos uma maravilha, uma contnua fonte de perplexidade.
No pode seno impressionar algum, no importa quem seja, como
a maravilha suprema. Quando um objeto tem que ser feito, isso ns
sabemos, preciso algum que tenha a habilidade, a inteligncia,
o poder sakthi. Sem um fabricante nada pode ser feito. Ento,
como esses objetos que nos so visveis - o Sol, a Lua, as estrelas,
as constelaes, seu brilho, seus movimentos - movem-se e compor-
tam-se como fazem, sem um Projetista, um Fabricante, um Mestre?
Pode-se atribuir isso a algum poder ordinrio? No. As pessoas inteli-
gentes podem facilmente inferir, observando os objetos projetados
e construdos com tantas capacidades e poderes, quo incomensu-
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Swarupa Lakshanas, s elas podem revelar a Verdade. So elas:
Sathyam, Jnanam, Anantam, Verdade, Sabedoria, Infinitude. A natur-
eza genuna de Brahmam Verdade; o Eterno . a conscincia
Universal, Jnanam. permanente, alm do tempo e do espao. E,esses atributos so imanentes em cada entidade, vivente ou no-
vivente, no Universo.
As provas indicativas so sinais provisrios pelos quais se pode
identificar alguma outra coisa ou pessoa que algum deseje con-
hecer. Por exemplo, quando a Lua apenas um pequeno arco no
cu e algum deseja v-la, uma pessoa a indica, apontando seu dedopara ela. Ou, quando algum deseja ver uma estrela em particular,
outra pessoa diz: l est, logo acima desse galho de rvore. A Lua
est distante e a estrela ainda mais distante. No momento em que
a pessoa expressou seu anseio, foi possvel ver a estrela logo acima
do galho, mas aquela somente uma posio provisria. Logo, a
posio mudar. O dedo que a apontou no mais estar correto,
porque a estrela ou a Lua se movem atravs do cu.
As caractersticas genunas, ou Swarupa Lakshana, nunca se
submetem a mudana. Elas esto em tudo. A forma pode sof-
rer mudana; o nome pode mudar. Os tempos podem mudar;
o espao ocupado pode alterar-se. Mas o ncleo da Verdade, o
Swarupa Lakshana, no mudar. Esse ncleo denominado Asthi,
Bhaathi e Priyam em textos de Vedanta. A coisa Asthi: existe.
A existncia a verdade imutvel. Pode mudar sua forma e nome,
no tempo e no espao, mas a qualidade de ser genuna. Ela se
faz conhecida como existente, atravs da caracterstica nativa de
Prakasa ou Luminosidade, ou a capacidade de atrair nossa con-
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scincia e conferir conhecimento - Bhaathi. Ns podemos con-
hec-la, porque possui bhaathi; todas as coisas que conhecemos
tm esta caracterstica inata. Cada coisa tambm tem a caracters-
tica da atratividade Priyam; a capacidade de provocar apego ouamor, como resultado da sua utilidade.
Os trs atributos acima so, juntos, a natureza de Deus. Tendo esses trs
como base, as formas so construdas pela mente e os nomes se seguem
s formas. Entretanto, os nomes e formas so submetidos a modificaes.
So, por isso, denominados Maya - realidades relativas, superposies
temporrias Verdade bsica. Paramatma, o Ser nico a base sobre aqual se impe tudo que tem nome e forma. O surgimento do nome e da
forma sobre o Real devido atuao do princpio de Maya.
O nome e a forma, que so estruturas criadas pela mente sobre a
base de Brahmam devem ser considerados como provas indicativas
da Verdade sobre a qual se erguem e desaparecem. Brahmam s
pode ser conhecido quando as caractersticas bsicas so conhecidas- Swarupa Jnanam. Uma vez que se conhece Brahman, a conscincia
converte a pessoa, que a possui, no prprio Brahman. Brahmavid
Brahmaiva Bhavathi. Esta a garantia dada por Sruthi, os Vedas. Em
verdade, tanto a base quanto as entidades que repousam sobre nela,
a aparncia e o Real so, ambos Divinos, causados por Brahmam. As-
sim, se isso for estabelecido no conhecimento do indivduo atravs
da investigao Brahma jnaasa, cumpre-se o propsito da vida.
Sathyam, Jnaanam, Anantham - este o trip sobre o qual Brah-
mam descansa. A conscincia de Brahmam a percepo da Ver-
dade; o conhecimento de Brahmam a sabedoria; ilimitado, infini-
to. De Brahma emanou Akasa (o espao; o cu); de Akasa emanou
Vayu (o ar); de Vayu, surgiu Agni (o fogo); de Agni, Jalam (a gua);
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de Jalam, Prithvi (a terra). Da terra cresceram as plantas doadoras da
vida (Oushadha); de Oushadha, surgiu Anna (o alimento) e de Anna,
surgiu Purusha (pessoas, seres humanos). O processo de Projeo
est acontecendo nessa seqncia. Brahma, o primeiro, Purusha, oltimo. Assim, Purusha e Brahma esto intimamente relacionados.
SAASTRA YONITHWAATH16
Saastra Yonithwaath: Brahmam a fonte das escrituras e, conseqente-
mente, tudo sabe. As escrituras so expresses da verdade adquiridas
por santos ao investigar a realidade. As palavras emanaram das inalaes
e exalaes do Alento Divino. Elas no foram ouvidas de qualquer enti-
dade encarnada, nem surgiram da imaginao de algum. Por isso, so
descritos como impessoais (A-paurusheya) e eternas (Saaswatha). De
quem se originaram? A resposta : de Brahmam e de ningum mais.
Veda significa conhecimento sempre existente. No tem comeo
nem fim. considerado como an-antha, sem fim, pois som, sa-
grado, sustentador, som salutar. Somente pode ser experimentado;
no pode ser limitado nem comunicado. Dessa maneira uma mar-
avilha, uma fase sem precedentes da experincia pessoal de cada
um. Desde que Brahmam a fonte de tal conhecimento, louvado
como Onisciente, Onipotente e Onipresente.
Saastra Yonithwaath. Esta mxima transmite o significado de que
preciso recorrer s escrituras Vdicas a fim de se conhecer Brah-
mam, pois somente elas podem revelar Brahmam e, tambm, que to-
dos os Vedas conduzem o homem ao mesmo conhecimento. Alm
disso, as escrituras derivam sua validade e seu valor de Brahmam,
16.Sastra: a escritura; Yonitvat: como fonte de ou meio para o conhecimento correto.
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pois Brahmam a verdadeira fonte da iluminao que elas contm
e conferem. Somente o Onisciente pode ser a fonte dos Vedas. S
as escrituras podem liberar o homem por meio dessa iluminao de-
nominada conhecimento. Regulam a vida do homem e promovem-na, guardando-a do sofrimento. Os Vedas oferecem conselhos con-
soladores; tratam do homem de forma afetuosa e o fazem progredir,
porque foram recebidos atravs dos personagens venerveis que
alcanaram o Conhecimento Mais Elevado, Brahmam.
Brahmam no pode ser compreendido por meio de provas ou argu-
mentos. Est alm da razo e do clculo. Por isso A-prameya. Nopode ser medido. indefinvel. No se pode dizer que seja de um jeito
ou de outro, por esta ou aquela razo. incomensurvel pelo tempo
e pelo espao, provam as escrituras. As provas usuais para a verdade
so a percepo direta (Pratyaksha) e a percepo deduzida (Anu-
maana). Mas Brahmam no pode ser percebido por estes dois meios.
Os santos O experimentaram e O expressaram nas escrituras. Essa
palavra (Sabda) a prova mais firme. Saastra significa aquilo que traz
memria o que foi esquecido. Brahmam o verdadeiro ser de cada
homem. Os Sastras (Diretrizes dos Conselheiros) dirigem e orientam a
cada um. No entanto o homem se rende iluso e se identifica com
a escurido causada por valores falsos e apegos ao irreal, ao eu e
meu. Mas, a escritura me; no desiste. Persiste e insiste; lembra o
homem da meta, a fim garantir que ele se salve.
Portanto, a mxima acima, Saastra Yonithwaath declara que os Sas-
tras ou escrituras devem ser consideradas como a origem da percepo
do incompreensvel, incomensurvel, inexprimvel Brahmam. Elas so
ilimitadas, mas a vida demasiado curta. Os aspirantes so muitos; as
dvidas e as hesitaes so numerosas; a perseverana fraca. Em con-
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seqncia, ningum pode reivindicar o domnio completo.
Naturalmente, no se necessita beber o oceano inteiro para saber
seu gosto. Pode-se descobrir o gosto colocando uma gota na lngua.
Do mesmo modo, impossvel compreender todo o contedo dasescrituras. Basta apreender a importante lio que foi elaborada e
colocar essa lio em prtica.
Essa lio : pensamento constante em Deus, como disse Prahlada
a Hiranyakasipu, seu pai, quando este o chamou para si e carinhosa-
mente pediu que o menino o fizesse feliz, repetindo o que havia
aprendido de seu mestre. Prahlada respondeu: Eu aprendi a essn-cia secreta de todo o conhecimento. O pai estava satisfeito e pediu
uma vez mais: Diga-me essa coisa essencial que voc dominou.
Prahlada disse: Pai! Aquele que tudo ilumina, que ao final absorve
tudo em Si mesmo o UNO, Narayana. Mant-lo sempre em mente
e experimentar a felicidade que isso proporciona recompensa a pes-
soa com a realizao. O menino pronunciou o nome Narayana,que o pai detestava! Ele no parou ali e disse: Pai! Voc conquistou
o mundo inteiro, mas falhou em conquistar seus sentidos. Como, en-
to poderia receber a graa de Narayana? Essas habilidades materiais
e conquistas mundanas so possesses vazias. Brahma Vidya, o con-
hecimento e a experincia do UNO, s isso merece ser alcanado.
um processo rduo para que o homem se torne ciente do UNOque o seu ncleo. A pessoa formada pelo alimento (Anna). O
corpo material o produto do alimento consumido. Mas no homem,
h uma fora mais sutil, uma vibrao interna, denominada Prana ou
alento vital. A mente (manas), dentro dele, ainda mais sutil e, mais
profundo e sutil que manas o intelecto (vijnana). Alm deste, ns
temos em ns a camada mais sutil de Ananda ou bem-aventurana.
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Quando o homem mergulha nesta regio de Ananda dentro de si
mesmo, pode experimentar a realidade, o Brahmam, o UNO. Essa
percepo , certamente, a mais desejvel.
Na Taithiriya Upanishad, o Bhrgu Valli, que vem aps o BrahmanandaValli, contm a histria de Bhrgu, filho de Varuna. Este, ao ensinar ao fil-
ho o fenmeno de Brahmam, diz: Filho! Bhrgu! Brahmam no pode ser
visto atravs dos olhos. Saiba que Brahmam aquilo que permite aos
olhos, ver e s orelhas, ouvir. Pode ser conhecido somente por meio de
Tapas (anseio extremo em uma mente purificada e com o pensamento
concentrado). Nenhum outro meio pode ajudar. E ele acrescentou:Querido Bhrgu! Saiba que tudo no Universo se origina de Brahmam,
existe em Brahmam, desenvolve-se em Brahmam, e funde-se somente
em Brahmam. Descubra isso voc mesmo, por meio de Tapas. O pai
lhe deu somente essas indicaes, antes de orient-lo a comear os
exerccios espirituais que, finalmente, revelariam a Verdade.
Com f completa nas palavras de seu pai, Bhrgu se engajou emTapas. O processo do autocontrole e da auto-investigao elevou
sua conscincia e ele acreditou que aquilo que havia compreendido
naquele estgio era Brahmam; decidiu que o alimento (Anna) era
Brahmam! Quando descreveu o que havia descoberto, seu pai, Var-
una, lhe disse que sua resposta no era correta. Assim, continuou a
prtica de tapas e descobriu que o Prana (o alento vital) era Brah-
mam, desde que, sem Prana, as outras coisas so vs. Prana produz a
vida, promove-a e pe fim a ela. Mas o pai disse que aquela deduo era
bastante incorreta e mandou-o realizar mais Tapas. Desta maneira, Bhrgu
passa por um terceiro perodo de austeridade, no qual descobriu manas
como Brahmam e mais tarde, um quarto perodo, quando reviu essa con-
cluso e acreditou que Brahman era Vijnana. Por fim, aps ter-se sub-
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metido a um quinto perodo de tapas, tornou-se ciente que Ananda era
Brahmam. Permaneceu na bem-aventurana dessa conscincia e nunca
mais procurou seu pai. O pai foi quem saiu em busca dele e o encontrou.
Felicitou Bhrgu, que havia conseguido expulsar o mundo de sua memria.Ele disse: Filho! Agora voc viu Brahmam; voc se fundiu nessa Viso.
O homem comea a vida como uma criatura de Anna (alimento),
mas tem que marchar em busca da meta de ser uma incorporao
de Ananda. No apenas o homem, mas cada ser vivo comea no ali-
mento e anseia alcanar o pico de Ananda. Todos os esforos, todos
os empreendimentos so dirigidos aquisio de Ananda. Todosnascem em Ananda, vivem para Ananda, morrem a fim de alcan-
ar Ananda. A Taithiriya Upanishad elucida que Ananda o impulso
para o nascimento, o crescimento, a deteriorao e a morte.
Entretanto, como pode Brahmam ser Ananda? dito que: OM
ithyekaaksharam Brahma, o som Pranava OM, a nica letra im-
perecvel, Brahmam; o Cosmos inteiramente composto do Prana-va. Diz-se tambm: Ayam atma Brahma, este Atma Brahmam.
Conseqentemente, Atma, Brahma e Pranava - todos so o mesmo,
sem distino. Brahma Vidya ensina que o ntimo de cada ser vivo, o
Atma, o prprio Brahmam, nada menos.
As Sutras revelam que o Universo exterior (que tem Brahmam
como base) e o Universo interno (o Antar-jagath) so idnticos e no
podem ser diferenciados.
THATHTHUSAMANVAYAATH
Thath Thu Samanvayaath: claramente demonstrvel que todos
os axiomas Vednticos postulam somente Brahmam. As declaraes
dos Sruthis, quando estudadas em um esprito conciliador revelam
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B h h id R lid d Adi i l h
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Brahmam e tornam conhecida sua Realidade. Adicionalmente, h
a questo de se as Escrituras detm ou no a supremacia das ativi-
dades ou da sabedoria. Embora o mistrio profundo de Brahmam
seja incomunicvel aos demais, precisa ser identificado por algumascategorias de conhecimento ainda que sejam insatisfatrias. Ou, de
outro modo, poderia permanecer alm da percepo.
H uma escola do pensamento que acredita que os Vedas colo-
cam o karma (atividades, trabalhos) como meios de liberao e que
a Vedanta (as Upanishads) no o fazem. Mas, as Escrituras ou os
Sastras so destinados orientao e conselhos, no exclusiva ad-eso a algum sistema ou a outro. Advogar o karma ou atividades no
o objetivo principal das escrituras. Quando o indivduo est ativo
no karma, precisa realizar muitos trabalhos meritrios, os quais pro-
movem a pureza da mente. Desde que o karma purifica a conscin-
cia, muitos discutem que os Sastras ensinam somente este como o
nico caminho, ignorando o fato que o karma (atividade) somente
um meio para chegar a um fim.
Nesse contexto, ns temos que prestar ateno a outro fato: os
desejos do homem, suas necessidades, anseios, resolues e ca-
prichos, multiplicados e estimulados pelo Karma. Ademais, o impul-
so inicial para o desejo Ajnana ou a Ignorncia da Realidade. Surge
naturalmente a dvida: como pode a conscincia obstruda se trans-
formar na conscincia desperta (Jnana)? A escurido jamais pode-
ria remover a escurido, certo? Assim sendo, Ajnana nunca poderia
destruir Ajnana. Isso s pode ser realizado por Jnana, a Percepo
da Verdade. Esta a mxima promulgada por Sankara. O mundo
necessita demasiadamente de harmonia. Necessita da Conscincia
na mesma medida, no importa o quanto possa ser difcil transmitir
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conhecimento de Brahmam aos outros
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conhecimento de Brahmam aos outros.
Diz-se que h uma diferena vasta entre o impacto de Brahma
Vidya (o conhecimento de Brahmam) e o impacto do karma. O
mrito e o demrito, a felicidade e a misria, so as conseqnciasdo karma. A felicidade alcanvel pelo homem por meio do karma
varia do nvel de Manushya Loka (a regio dos seres humanos) at
o estgio o mais elevado de Brahma Loka (a regio do Divino). Do
mesmo modo, abaixo do nvel da regio humana, h as regies onde
a misria se torna mais e mais profunda, mais e mais agonizante. Elas
so relativamente irreais e no, absolutamente reais. A conscincia ea bem-aventurana so, conseqentemente, inatas, existindo por si
mesmas. Isso est presente externamente. a nica Verdade imutv-
el e inatingvel. No pode ser adquirida praticando-se prescries e
exerccios. O estado de liberao (Moksha) transcende o complexo
do corpo-mente-ego. Conseqentemente, a transcendncia est
alm do esforo fsico, mental ou intelectual de algum. Quando a
conscincia desperta, a escurido de Ajnana desaparece. Quando a
lmpada acesa, a escurido no est mais l.
H alguns que discutem que no completamente justo declarar que
o conhecimento de Brahmam como nica verdade, no pode ser ob-
tido pelo esforo pessoal. Sankara reconcilia esse ponto de vista com
a sua tese principal j mencionada. A Jnana de que o indivduo real-
mente Brahmam e nada mais, est latente na conscincia de cada um,
mas no se pode reconhec-lo e estabelecer-se firmemente nele por
meio do karma ou da atividade, ou mesmo por Vichara, a investigao
erudita. O karma somente pode prender ainda mais, porque trata da
diversidade como se fosse real; no pode afrouxar os laos e liberar o
indivduo. Pode, no mximo, purificar as paixes e as emoes. Vichara
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pode no mximo esclarecer o intelecto e indicar os critrios de Jnana
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pode, no mximo, esclarecer o intelecto e indicar os critrios de Jnana.
Somente Brahma Vidya pode liberar o homem da escravido. Por isso
se aconselha a no desenvolver demasiado apego ao karma.
Entretanto, ns encontramos os Sastras, de vez em quando, discor-rendo sobre o valor do karma. Os Sastras so to afeioados a ns
como a nossa me. Ensinam lies como a me s suas crianas,
de acordo com o nvel da inteligncia e com as necessidades do
tempo e da circunstncia. Uma me de duas crianas d quela que
completamente forte e saudvel todo tipo de alimento que ela
queira, mas toma grande cuidado para que a outra criana, que frgil, no coma demais e receba somente itens que possam res-
taurar logo a sade. Podemos ns, nesse contexto, acus-la de ser
parcial com uma criana e preconceituosa quanto outra, no amor
que lhes dedica? Os Sastras tambm chamam a ateno daqueles
que sabem o segredo do karma para o seu valor. Pois, o karma ou
trabalho, pode melhorar a vida e corrigir seus ideais. Cada um deve
ser instrudo sobre como transformar o trabalho em atividade ben-
fica. Ainda assim, o karma no tudo.
A vida humana dura apenas um momento; uma bolha na gua.
Em cima desta bolha efmera da vida, o homem constri para si
mesmo uma estrutura de desejos e apegos. A sabedoria o adverte
que tudo pode desmoronar ou se desintegrar a qualquer momento.
O Atma supremo, o Paramatma, que desapegado e livre de en-
carnao, assumiu um corpo e se tornou homem. Visto em termos
grosseiros, o corpo um envoltrio material formado pelo alimento
consumido, o Annamaya Kosa. Dentro desse invlucro, encontram-
se as camadas sutis do Alento Vital ou Prana, a camada mental, a
camada do intelecto e a camada mais interna de todas da Bem-
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aventurana o Anandamaya Kosa
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aventurana, o Anandamaya Kosa.
Essa Sutra (thath thu Samanvayaaath) revela que a investigao espiri-
tual ou Vicharana tem a ver com a viagem da camada bsica de Anna-
maya at o estgio e natureza de Anandamaya. Entretanto, o grosseirotem dois aspectos - a estrutura dependente e a base independente.
Nas crenas espirituais atuais da humanidade, no pode se encontrar
em qualquer lugar um fator harmonizante, um samanvaya. Os princ-
pios de coordenao e reconciliao tm que ser expandidos e ensina-
dos. Embora haja religies com nomes separados, e as doutrinas sejam
distintas entre si, do ponto de vista humano todos so homens. A Sutraesfora-se para enfatizar o ncleo comum. Infelizmente, as diferenas
aparentes entre as religies subverteram a cordialidade entre todos os
homens e o sentimento de irmandade internacional. A experincia e a
sabedoria dos grandes santos que desvelaram o mistrio do Cosmos, e
seu sentimento de amor universal no so apreciados, aceitos e respeit-
ados pelos homens de hoje em dia. Todos os dogmas religiosos exceto
uns poucos, podem facilmente ser harmonizados e reconciliados. O
mesmo Deus vem sendo louvado e adorado sob vrios nomes, atravs
de variados rituais cerimoniais, nas muitas religies do homem. Em cada
era, para cada raa ou comunidade de povos, Deus enviou profetas
para estabelecer a paz e a boa vontade. Uma vez que, na atualidade,
muitas religies se espalharam por todo o mundo, elas perderam seus
sentimentos fraternais e sua validade sofreu por causa disso. H uma ne-
cessidade urgente de harmonia. Todos os grandes homens so imagens
de Deus. Eles formam uma nica casta no reino de Deus; pertencem
a uma s nao, a Divina Sociedade. Cada um deve se interessar em
compreender as prticas e a opinio dos outros. S ento, com a mente
purificada e o corao amoroso, cada um conseguir alcanar a Pre-
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sena Divina na companhia dos demais. O princpio da harmonia ou
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sena Divina na companhia dos demais. O princpio da harmonia ou
Samanvaya o prprio corao de todas as religies e fs.
IKSHATHER NAA SABDAM
Os Vedas afirmam que Brahmam a causa primordial de Jagath
(Cosmos). No postulam nenhuma entidade inconsciente (achetana)
como a causa. Sabdam, a Voz de Deus ou do Veda, no apia o
ponto de vista da inconscincia como origem da Criao. Ao con-
trrio, afirma que o Ser (Sath) resolveu transformar-se, vir-a-ser; to-mou uma deciso Sankalpa. Resoluo, deciso, projeto - so atos
conscientes; as entidades inconscientes so incapazes de tais exer-
ccios de vontade. Brahmam, que Todo-consciente, precisa, conse-
qentemente, ser aceito como a causa primordial.
O inconsciente ou achetana denominado Pradhaana. Os Vedas
no falam sobre isso. o que essa Sutra revela muito claramente.Pradhaana o nome pelo qual se designa, em algumas escolas filos-
ficas, o Fluxo de Nomes e Formas, ou seja, Jagath ou Cosmos. Outras
escolas a ele se referem como composto de tomos ou Prakrithi
(Criao). Outros dizem, a ttulo de louvor, Tu s a Vontade Total,
o Ser Absoluto, o Paramatma. Por Tua causa toda esta diversidade
projetada. Outros discutem que os trs gunas ou qualidades so os
ingredientes fundamentais, os quais, atravs da preponderncia de
um ou de outro, produzem a diversidade na Natureza.
Esses pontos de vista no so endossados pela autoridade Vdica.
Os Vedas sustentam que Brahman quis e a Criao emergiu. Aquela
Vontade o prlogo, o ato preliminar. A escola Sankhya postula o
Pradhaana e baseia a Criao nos Gunas. Quando os trs Gunas
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(Sathwa - Serenidade; Rajas - Atividade; e Tamas - Passividade) es-
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( ; j ; )
to bem balanceados e em equilbrio, nenhuma deciso consciente
pode surgir, dizem os Sankhyas. Esse estado precisa receber o im-
pacto de um Purusha que seja a Testemunha e que seja Conscinciaou Percepo; em outras palavras, o impacto da Vontade de Deus.
Isso torna o Pradhaana perceptvel e conhecido.
Considerando cada uma dessas teorias, a concluso mais correta
que Brahman a Causa Primitiva. Naturalmente, a verdade mais
elevada acessvel no o Brahmam Sem Atributos, Sem Qualidades,
Intangvel, Inexplicvel. o Saguna Brahman, o Brahman perceptvel
atravs das Qualidades que imps a Si mesmo. Este Cosmos, com-
posto do Consciente e do inconsciente, o Corpo que Ele assumiu.
O indivduo precisa ser dotado de Conscincia (Chaitanya) de modo
que possa cometer ou se omitir, fazer ou desistir de fazer, as aes que
sente que deva realizar. O que tem que ser feito hoje ou iniciado at
amanh, quais colheitas tm que cultivadas no ano que vem - tais pen-
samentos, planos e projetos somente surgem no campo da Conscincia
e no na pedra e madeira ou nos montes e vales inconscientes. Querer
o sinal da Conscincia; aquilo que no a tem, no pode querer.
Quando surgiu a Vontade, Brahman transformou-se em Iswara, Deus.
E apenas por aquela Vontade, Deus criou o Cosmos ou Jagath. Do
ponto de vista superficial (Sthula Drishti), Deus e Jagath aparentam ser
distintos. Mas, quando examinados com introspeco sutil (Sukshma
Drishti), descobre-se que no h uma distino fundamental entre o ma-
terial (padaarth) e o Fabricante (Param-aartha), a unidade viva (Praani) e
o Princpio da Vida (Praana). O Princpio da Vida impe um corpo a si
mesmo e aparece como Praani; e, ento, de Praani, Praana emerge.
As escrituras Vdicas tratam do Princpio de Brahman e de Suas
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manifestaes. Do ao homem o tesouro da sabedoria e da ex-
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perincia intuitiva dessa riqueza (Jnana e Vijnana). Mas, com a passa-
gem do tempo, os hinos, os versos e as frmulas sagradas (Mantras)
foram interpretados ritualisticamente. Louvados e expostos como
teis para alcanar objetivos materiais e do alm. Ritos executados
com a recitao dessas frmulas foram considerados como Karmas
benficos. De fato, no h nada no Cosmos separado ou distinto
de Brahman. Tudo emanou de Brahman, tudo absorvido (laya) em
Brahman, e tudo se move e tem existncia somente em Brahman.
Esta verdade esclarecida pela Sutra Thajjallaath: Thath
(dAquilo)... Ja (nasce)... La (absorve)... Aath (cresce). Esses so os
quatro pilares sobre os quais a proposio se mantm e foi estabe-
lecida. O nascimento, o crescimento e a morte compem um Yajna
ou um Sacrifcio do Purusha, a Pessoa.
O Cosmos (Prapancha - o Composto de cinco elementos) emanou
do Ser Total, do Paramatma, Brahman. No h um ponto em qualquer
lugar onde Sua manifestao no est. Jagath est sempre em movimen-
to; o Senhor do Cosmos (Jagadiswara) o motor. O amor mundano
no amor genuno; o amor do Atma a fonte de todo tipo de amor.
a Upanishad anuncia que este foi o ensinamento que Yaajnavalkya deu
a Maitreyi. Aatmanastu Kaamaaya sarvam priyam bhavati ( para o
Atma de cada um que tudo querido). O amor ao Ser fundamental; o
amor por outros objetos secundrio. Se algum amar outro, isso no
pode ser chamado de amor. O ser anseia por Ananda e ama por causa
da Ananda que obtm assim. Anuraaga afeio ou amor flui do ser
para o ser. Assim, quando se compreende que a Realidade tmica a
Fonte (dessa afeio), ns podemos compreender que tudo acontece
atravs da Suprema Conscincia, Brahma Chaitanya.
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Chara e Achara (as aparncias mveis e imveis, o que
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ativo e inerte) so ambos queridos pelo Divino (Daiva sanka-
lpa). Essa Vontade Chetthana, um ato consciente; no
A-chethana, uma forma de inrcia. Essa a verdade revelada por esta
Sutra - Ikshather naa Sabdam.
Quaisquer que sejam os argumentos e contra-argumentos que al-
gum proponha, a verdade de que Daiva Sankalpa a raiz de tudo
permanece incontestvel. Essas pessoas esto iludidas pelas aparn-
cias ou esto tentando somente sustentar suas fantasias mais queri-
das, evitando investigaes mais profundas.
O corpo humano um apoio, um receptculo (aalam-banam) para
o Atma. Os elementos como a gua e o vento esto intimamente li-
gados ao corpo. Conseqentemente, o princpio do Atma, o Princpio
de Brahma, que o ncleo, no so percebidos. O homem perdeu a
conscincia desse Princpio ou Thatva, que a sua Verdade. Ele est
no corpo, mas no pertence ao corpo. o A-sarira Thatva, o Princpio
que no pertence ao corpo embora esteja ativo nele. Isso o Atma.
O Atma d aos olhos capacidade de ver e, s orelhas a capacidade
de ouvir. Como, ento, podem os olhos ver o Atma ou as orelhas ouvi-
lo? Os olhos e as orelhas so sustentados (Aadheya); A Conscincia
Total (Sarva Chaitanya), o princpio de Brahman, o Atma, o Aad-
haara, o sustentador. Esse o real Voc, a Vontade, o Sankalpa.
Os elementos (espao, vento, fogo, gua e terra) que constituem
o cosmos operam somente conforme o estmulo da Sabedoria Su-
prema (Prajnana). Os deuses (Devathas) ou os Iluminados somente
so luminosos por meio dessa Sabedoria que os energiza. O mundo
inteiro de seres vivos (Praana Koti) sustentado por esse mesmo
Prajna. O que fixo e o que mvel (o Sthaavara e o Jangama)
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so ambos firmemente baseados em Prajna. A Sabedoria Suprema
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Atma; a Sabedoria Suprema Brahman. A Sabedoria Suprema o
Loka, o Visvel, o mundo objetivo. O Cosmos Prajna, em toda a sua
extenso; Prajna a Chaitanya que enche o Cosmos (Prapancha).
Os Vedas afirmam que o Brahman a causa do Cosmos (Jagath)
usando a palavra Sath para denominar isso. Sath o Ser Sempre
Consciente. Os Vedas no falam de qualquer coisa que seja no con-
sciente ou A-chethana. Tudo Chethana, tudo , tudo Brahman.
GUNASCHENNAATHMA SABDAATHAtma sabdaath: Uma vez que se usa a palavra (sabda) Atma, a
ikshathe ou projeo (mencionada na sutra anterior) deve ser a fun-
o do Atma. O fogo ou a gua so produtos, efeitos da Vontade. As
palavras projeo ou manifestao no podem ser interpretadas
em um sentido secundrio ou figurativo (gaunah). O Atma indicado
exclusivamente como a entidade primordial no Sruthi ou Veda. O im-
pulso ou a resoluo algo que acontece no prprio Atma, no em
qualquer outra entidade. Todo o Cosmos cognoscvel era apenas Sath
ou Ser. Qualquer forma que tenha assumido no decorrer do Tempo e
nos limites do Espao, tudo isso , na realidade, apenas Sath, ou seja,
Atma! Esta a lio que o Veda ensina.
Nada inerte, inativo: jada. Pois ns encontramos, de vez emquando, a palavra Atma aplicada para denotar at mesmo Pradhana,
ou a Matria Primordial, Mula Prakrithi. Pradhana o instrumento
que cumpre a vontade da Conscincia Soberana ou Purusha, o Ser
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Supremo. Sendo operada por Purusha, que a causa, Prakrithi ou
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Pradhana tambm possui em si o atributo da conscincia.
O indivduo ou Jivi, acreditando que est separado do todo, do
Universal, est sujeito a desejo e desespero, amor e dio, tristezae alegria. atrado pelo mundo de nomes e formas. Tal pessoa
caracterizada como presa, baddha. Por isso, sua necessidade de
liberao urgente. E, para ser liberada deve desistir de sua de-
pendncia e apego a Prakriti. O cego no pode ser salvo por outro
cego. O desamparado no pode ser ajudado por outro desampar-
ado. Como pode um homem, ele mesmo desamparado e indefeso,
remover a pobreza, o sofrimento e a dor de outrem? Os pobres
devem se aproximar dos poderosos, dos ricos. Os cegos devem
procurar a orientao de uma pessoa que possa ver. Aqueles que
so limitados e cegos pelas dualidades de Prakriti precisam buscar
refgio no tesouro inesgotvel de Compaixo, Poder e Sabedoria
que o Divino Atma. Ento ser possvel ao indivduo libertar-se
do desamparo, do sofrimento e desfrutar da riqueza de Ananda; ele
poder alcanar a Meta da Existncia Humana.
Essa consumao alcanada, a conscincia tmica obtida pela
graa de Brahman. Onde o Atma deve ser procurado? Onde reside
o Atma? Como se pode conhec-lo? Adorar as coisas aparentemente
desprovidas de conscincia como manifestaes da Conscincia So-
berana ou Atma, ajuda no processo. Somente os buscadores espiri-
tuais que esto firmemente apoiados no Brahman sem forma, sem
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atributos, podem genuinamente entender o Princpio do Atma. Mas,
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mesmo a manifestao Saguna17 tem a Realidade do Atma em pleni-
tude. H muitos exemplos para ilustrar esta verdade. Brahma Vidya
outro nome para compreender e experimentar o Atma como Brah-
man, o Individual como o Universal.
Todos tm direito a Brahma Vidya. E, cada homem passa atravs de
quatro estgios nesta busca, cada dia de sua vida. Eles so, de acordo
com o Veda, o estgio desperto, o estgio do sonho, o estgio do sono
profundo e o Thuriya, o quarto estgio. Eles so demarcados como
estgios ou etapas uniformes. No primeiro, o indivduo est acordado
para o mundo objetivo e orientado para fora. O olho v os objetos
no Universo; os sons so ouvidos; os sentidos podem cheirar e provar
e tocar. A vida vivida em total contato com a sociedade.
Os cinco rgos da percepo; os cinco rgos da ao; os cinco
pranas ou ares vitais; os quatro instrumentos internos: a mente, o
buddhi ou faculdade do discernimento, o nvel de conscincia e o
sentimento de ego, so os dezenove meios de contato e impacto
que fornecem ao homem, durante o estgio desperto, a experincia
de dor e alegria, ganho e perda, sucesso e falha em suas formas gros-
seiras. Desde que a pessoa se identifica com o complexo grosseiro
do corpo neste estgio, as experincias tambm so grosseiras.
A regio do sonho diferente. L, o ser tem sua face voltada para
dentro, Antharmukha. As reaes, respostas e experincias so
todas contidas no ser. No pertencem rea externa a ele. Pode
haver dez outros que dormem no mesmo quarto; ainda assim, cada
um tem seu prprio sonho. A experincia onrica de cada um no
17. Refere-se Divindade manifesta, dotada de Atributos (Gunas). Deus com Forma
e Nome definidos.
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tem qualquer relao com a dos demais. Cada um perturbado
d l i d i h O h d f
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ou deleitado apenas por seu prprio sonho. O sonhador no afe-
tado por circunstncias exteriores. De fato, o mundo externo est
alm da percepo de quem sonha. Durante o estgio de sonhos,
a pessoa cria um mundo extrado de sua prpria mente e vivencia
as experincias que ele proporciona. Embora os objetos percebidos
sejam imaginrios, os sentimentos e as emoes como alegria e sof-
rimento, amor e medo so to reais quanto no estgio desperto. Os
dezenove instrumentos de contato e impacto esto atuantes mesmo
durante o sonho. No agem materialmente ou fisicamente; operam
apenas atravs da mente, porque esta tem uma luminosidade que
produz as imagens. Esta a razo porque esse estgio denomi-
nado Taijasa18 (de Tejas, que permite a algum formular, etc.). Tejas
permite ao indivduo formular e projetar qualquer forma, o som, o
gosto etc., conforme queira. O estado de sonhos a segunda etapa
ou estgio na aquisio, pelo ser, de sua prpria conscincia.
O prximo estgio o sono profundo ou Sushupti. Este estgio est
livre at mesmo dos sonhos. A pessoa est entregue a um sono isento
de perturbaes. No est consciente de seus membros, ou dos sons,
cheiros, formas, do gosto e das sensaes de tato. Toda a atividade est
submetida mente e est nela em estado latente.