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junho de 2015 Rita Manuel Rodrigues Ferreira O impacto da visualização de desenhos animados no comportamento alimentar em crianças Universidade do Minho Escola de Psicologia

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junho de 2015

Rita Manuel Rodrigues Ferreira

O impacto da visualização de desenhos animados no comportamento alimentar em crianças

Universidade do MinhoEscola de Psicologia

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Dissertação de MestradoMestrado Integrado em Psicologia

Trabalho realizado sob orientação da

Professora Doutora Sónia Gonçalves

e coorientação da

Doutora Ana Rita Vaz

junho de 2015

Rita Manuel Rodrigues Ferreira

O impacto da visualização de desenhos animados no comportamento alimentar em crianças

Universidade do MinhoEscola de Psicologia

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Declaração

Nome: Rita Manuel Rodrigues Ferreira

Endereço eletrónico: [email protected]

Número do Bilhete de Identidade: 13984022

Título dissertação: O impacto da visualização de desenhos animados no comportamento

alimentar em crianças

Orientador(es):

Professora Doutora Sónia Gonçalves (Orientadora)

Doutora Ana Rita Vaz (co-orientadora)

Ano de conclusão: 2015

Designação do Mestrado: Mestrado Integrado em Psicologia

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS

PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO

INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE.

Universidade do Minho, 12/06/2015

Assinatura: _________________________________________________________

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Índice

Introdução ........................................................................................................................ 6

Metodologia .................................................................................................................... 10

Procedimentos e medidas ......................................................................................... 11

Instrumentos ............................................................................................................. 13

Estratégia de análise dos dados ................................................................................ 14

Resultados ...................................................................................................................... 16

Discussão ........................................................................................................................ 20

Limitações ................................................................................................................ 22

Implicação para a prática e investigação .................................................................. 23

Conclusão ....................................................................................................................... 24

Referências ..................................................................................................................... 24

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Índice de tabelas

Tabela 1. Características sociodemográficas e antropométricas das crianças......... 11

Tabela 2. Diferenças entre o grupo de controlo e experimental ao nível das características

sociodemográficas e antropométrica ....................................................... 16

Tabela 3. Efeito do visionamento de desenhos animados promotores de uma alimentação

saudável ao nível das preferências e das atitudes alimentares ................. 18

Tabela 4. Efeito do visionamento dos desenhos animados promotores de uma

alimentação saudável ao nível das escolhas alimentares ......................... 19

Índice de Figuras

Figura 1. Esquematização do procedimento experimental ..................................... 13

Page 7: Rita Manuel Rodrigues Ferreira - Universidade do Minho...visionamento de desenhos animados que promovem uma alimentação saudável nas escolhas alimentares. A amostra do presente

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Agradecimentos

Agradeço …

À Professora Doutora Sónia Gonçalves por toda a sua dedicação, orientação e palavras ao

longo de todo este percurso.

À Doutora Ana Rita Vaz pela forma como gentilmente me ajudou ao longo de todo o

processo.

À Doutora Eva Conceição por todo o apoio e partilha de conhecimento.

À Cátia Silva, por todas as horas de partilha de conhecimento, por todos os ensinamentos,

apoio incondicional e pela sua preocupação constante. Sem isto nada teria sido possível.

A todas as crianças e responsáveis das instituições, sem eles nada disto teria sido exequível. A

todos eles o meu Muito Obrigado!

Ao Tiago Pinto, pela sua paciência, amizade e compreensão.

À Catarina e a Tânia pelo apoio incondicional em todos os momentos neste percurso e pela

amizade construída ao longo destes cinco anos.

À Rita, Joana, Juliana, Margarida e Teresa por toda a amizade, companheirismo, palavras e

momentos partilhados ao longo deste cinco anos. Sem vocês nada disto valeria a pena. Mais

cinco, dez, vinte anos virão …

Ao meu pai, por me ter proporcionado esta experiência. Pelas suas palavras de encorajamento

e pelo seu apoio incondicional em todos estes momentos.

À minha mãe por todo o apoio e amor incondicional. Por todas as suas palavras nos

momentos certos.

Ao Nani, por me fazer acreditar que a vida pode ser muito melhor quando é partilhada com

alguém. Obrigada, por todo o apoio nesta longa caminhada com muito altos e baixos e pela

capacidade de me colocar sempre com um sorriso …

Ao meu avô, por tudo! Por todo o seu amor e compaixão, por me ter acompanhado em todas

as fases da minha vida, e por me ensinar a ser um Ser Humano muito melhor.

Page 8: Rita Manuel Rodrigues Ferreira - Universidade do Minho...visionamento de desenhos animados que promovem uma alimentação saudável nas escolhas alimentares. A amostra do presente

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O impacto da visualização de desenhos animados no comportamento alimentar em crianças

Resumo

Poucos estudos têm analisado os efeitos da visualização de desenhos animados nas

preferências, atitudes e escolhas alimentares das crianças. O presente estudo teve como

objetivos analisar: (1) o efeito do visionamento de desenhos animados que promovem uma

alimentação saudável nas preferências e nas atitudes alimentares e (2) o efeito do

visionamento de desenhos animados que promovem uma alimentação saudável nas escolhas

alimentares. A amostra do presente estudo foi composta por 147 crianças. Os participantes

foram divididos em dois grupos: controlo (n = 75) que visualizou desenhos animados sem

referência à alimentação e experimental (n = 72) que visualizou desenhos animados com

mensagens alimentares saudáveis. Cada criança ingeriu alimentos e preencheu os seguintes

questionários: avaliação do apetite, avaliação do reconhecimento dos desenhos animados e

medidas de preferência, avaliação das atitudes para uma alimentação saudável e avaliação das

preferências alimentares. Os resultados revelaram efeitos significativos do grupo nas escolhas

alimentares das crianças. As crianças do grupo experimental escolheram mais alimentos

saudáveis do que as crianças do grupo de controlo. A pertinência deste estudo prende-se com

o facto de se ter encontrado efeitos da visualização de desenhos animados promotores de uma

alimentação saudável nas escolhas alimentares das crianças.

Palavras-chave: desenhos animados, preferências alimentares, atitudes alimentares, escolhas

alimentares, crianças

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The impact of the visualization of cartoons on children’s food behavior

Abstract

Few studies have analyzed the effects of the visualization of cartoons on children’s

preference, attitudes and choice to eating. The present study aimed to analyze: (1) the effect of

visualization of cartoons that promote healthy eating on food preference and attitudes; and (2)

the effect of visualization of cartoons that promote healthy eating on food choice. The sample

was comprised of 147 children. The participants were distributed in two groups: control (n =

75) which visualized cartoons without any reference to healthy eating and, experimental (n =

72) which visualized cartoons with healthy eating messages. Each child intake the food and

completed the following questionnaires: assessment of appetite; assessment of cartoon

recognition and measures of preference; assessment of attitudes to healthy eating; and

assessment of food preference. The results showed significant effects of group on children’s

food choice. Children who participated in the experimental group chose healthier food than

the children who participated on the control group. The relevance of this study is related with

the fact that effects of the visualization of cartoons that promote healthy eating on food choice

of children were found.

Keywords: cartoons, food preference, food attitudes, food choice, children

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Introdução

Estima-se que, em todo o mundo, cerca de 155 milhões de crianças tenham excesso de

peso, das quais 30 a 45 milhões são obesas (OMS, 2014). Portugal é considerado, pela

Organização Mundial de Saúde (OMS) (2014), um dos cinco países da Europa com maior

prevalência de obesidade infantil. Os últimos dados da OMS apontam para que uma em cada

três crianças tenha excesso de peso ou obesidade infantil. Da mesma forma, os números da

Comissão Europeia (2014) indicam que cerca de 29% das crianças portuguesas, na faixa

etária dos dois e dos cinco anos, tenham excesso de peso e cerca 13% são obesas.

Adicionalmente, na faixa etária dos seis aos oito anos, a prevalência do excesso de peso é

cerca de 32% e a prevalência da obesidade é cerca de 14%.

A seleção deficitária dos alimentos, a quantidade de alimentos ingeridos e a

insuficiente prática desportiva, juntamente com um estilo sedentário, parecem contribuir para

que a obesidade infantil seja, contemporaneamente, a doença pediátrica mais comum a nível

mundial. São múltiplas as consequências apontadas na literatura para obesidade infantil.

Nomeadamente, na infância apontam-se problemas no desenvolvimento psicossocial (e.g.,

baixo rendimento escolar e baixa autoestima) e, apesar de ainda ser pouco claro, problemas ao

nível de saúde física (e.g., doenças cardiovasculares e diabetes precoces (e.g., Dietz, 2004;

Rito, Paixão, Carvalho, & Ramos, 2010; Wang & Veugelers, 2008;). Neste seguimento, é

igualmente preocupante a probabilidade que estas crianças têm em tornar-se adultos obesos

(e.g., Rito, Paixão, Carvalho, & Ramos, 2010), incorrendo também num maior risco de

desenvolverem outros problemas ao nível de saúde física (e.g., diabetes tipo II, doenças

cardiovasculares, alguns tipos de cancro e artrites) bem como problemas psicológicos (e.g.,

depressão) (e.g., Dietz, 2004).

São inúmeros os fatores associados ao aumento da prevalência do excesso de peso

durante a infância. A literatura tem vindo a reconhecer a importância de um conjunto de

fatores (e.g., psicológicos, sociais e culturais) que podem influenciar o comportamento

alimentar (e.g., preferências, atitudes e escolhas alimentares). Odgen (2003) salienta a

importância da aprendizagem e da experiência desenvolvimental na construção das

preferências alimentares durante a infância, uma vez que os hábitos alimentares adquiridos

podem prolongar-se até à fase adulta. Neste sentido, um estudo realizado por Nicklaus e

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colaboradores (2004) sugeriu uma manutenção das preferências alimentares iniciais ao longo

da vida.

As escolhas alimentares podem ser influenciadas por inúmeros fatores subjacentes a

alimentação, das quais, relativamente ao tipo de alimento e à quantidade estão envolvidos

atitudes face a determinadas características dos alimentos como o sabor e a salubridade (e.g.,

Brunstrom, 2005; Gibson, Wardle, & Watts, 1998). Por exemplo, um estudo de Bezbaruah e

Brunt (2012) analisou as atitudes que influenciavam as crianças na ingestão de alimentos e

encontraram efeitos de atitudes face aos alimentos, sendo que a atitude mais significativa foi o

sabor, seguindo-se da salubridade e da aparência. Adicionalmente, Crossley e Khan (2001)

realizaram também uma investigação sobre os motivos subjacentes à escolha de alimentos,

concluindo que na escolha alimentar estão envolvidos fatores, coletivos (e.g., sociais e

culturais, como o marketing e vendas) e individuais (e.g., psicológicos e motivacionais, como

o sabor, o hábito e o controlo de peso).

Outros estudos sugerem que as crianças são capazes de escolher uma alimentação

saudável, desde que esta se encontre disponível. De acordo com o Modelo Desenvolvimental

da escolha de alimentos (Odgen, 2003), o desenvolvimento das escolhas alimentares, parece

ser influenciado pela interação de três fatores: (1) a aprendizagem social, (2) a aprendizagem

por associação e (3) a exposição. Sendo que, um dos fatores mais reportados pelo modelo é a

influência da publicidade nos meios de comunicação e do uso de desenhos animados no

comportamento alimentar, adquirindo o fator de exposição e de aprendizagem social um papel

de destaque (e.g., Holland & Petrovich, 2005).

O visionamento televisivo tem vindo a ser apontado na literatura como um dos mais

importantes fatores associados ao comportamento alimentar e consequentemente ao

desenvolvimento da obesidade infantil, relacionada com a exposição à publicidade alimentar

(OMS, 2014). De acordo com a maioria dos estudos realizados sobre os efeitos da

visualização televisiva nos comportamentos alimentares, as crianças que passam mais tempo

em frente à televisão consomem diariamente mais calorias em comparação com as que vêm

menos televisão, para além de ingerirem mais alimentos ricos em gordura e pouco nutritivos

(e.g., Davison, Marshall, & Birch, 2006). Assim, maior tempo de visualização televisiva tem

vindo a ser relacionado com maus hábitos alimentares, nomeadamente aumento da ingestão

calórica e redução do consumo de alimentos saudáveis nas crianças (e.g., legumes e fruta)

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(e.g., Boynton-Jarrett, Thomas, Peterson, Wiecha, Sobol, & Gortmaker, 2003; Crespo, et al.,

2001).

A publicidade tem vindo a ser, através da televisão, a estratégia de marketing mais

utilizada para a promoção de comportamentos alimentares nas crianças (e.g., Harris,

Schwartz, & Brownell, 2010; Kelly, Bochynska, Kornman, & Chapman, 2008). Vários

estudos têm vindo a demonstrar que os anúncios a publicidade alimentar parecem ter

influência nas preferências alimentares e nas escolhas alimentares. Uma revisão sistemática

da literatura realizada por Hasting e colaboradores (2003) sobre os efeitos da promoção de

alimentos nas crianças verificou que existe uma associação positiva entre a visualização da

televisão, a publicidade aos alimentos e os comportamentos relacionados com a alimentação

das crianças, interferindo diretamente com as preferências e as escolhas alimentares das

crianças. Dixon e colaboradores (2007), no seu estudo sobre a influência da publicidade no

comportamento alimentar, relataram que uma maior visualização de televisão está associada a

um maior relato de consumo de alimentos não saudáveis por parte das crianças.

Atualmente, a publicidade a produtos alimentares parece ser o tipo de publicidade

mais anunciado (e.g., Caraher & Landon, 2006). Um estudo efetuado com o objetivo de

analisar a prevalência da publicidade a produtos alimentares na televisão, estimou que 27%

dos anúncios que passavam na televisão eram publicidade a alimentos, das quais cerca de

48% tinham como público-alvo a população infantil e a adolescente (e.g., Fialho & Almeida,

2008). No entanto, parece assistir-se a um desequilíbrio nutricional ao nível dos alimentos

publicitados, nomeadamente para as crianças (e.g., Scully et al., 2012). Na sua maioria, as

publicidades realizadas têm vindo a focar-se em alimentos não saudáveis, o que pode afetar

negativamente as escolhas alimentares das crianças (e.g., Boyland et al., 2011). Neste sentido,

um estudo efetuado em doze países do Mundo, demonstrou que a maioria dos alimentos

publicitados são, essencialmente, alimentos com elevado teor de energia, sal e açúcar (Kelly

et al., 2010), acrescendo ainda o facto de a maioria deste tipo de publicidade ser apresentada

em horários nas quais as crianças passam mais tempo a ver televisão. Mais especificamente,

em Portugal verificou-se que cerca de 25% eram anúncios a alimentos açucarados, seguindo-

se por produtos salgados com cerca de 5% (Fialho & Almeida, 2008). Um outro estudo,

levado a cabo por Borzekowski e Robinson (2001), com crianças em idade pré-escolar (entre

os dois e os seis anos) avaliou o efeito da exposição de vídeos de desenhos animados

intercalados com ou sem publicidade a alimentos (saudáveis e não saudáveis) e concluiu que

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as crianças que viram a publicidade pareciam escolher mais os alimentos anunciados. Assim,

estes autores mostraram que a exposição da publicidade de alimentos pode influenciar as

preferências alimentares.

Contudo, os estudos sobre a publicidade e alimentos saudáveis são escassos. Alguns

autores sugerem, no entanto, que a publicidade a alimentos saudáveis pode também promover

comportamentos positivos relativamente a este tipo de alimentos em crianças (e.g., Bannon &

Schwartz, 2006; Beaudoin, Fernandez, Wall, & Farley, 2007; Dixon, Scully, Wakefield,

White, & Crawford, 2007). Bannon e Schwartz (2006) verificaram, que as crianças que foram

expostas a vídeos com mensagens promotores de uma alimentação saudável (e.g., benefícios

de ingerir maças), parecem ter influência positiva sobre as escolhas alimentares das crianças a

curto prazo, mostraram ser mais propensas a selecionar maçãs em vez de biscoitos.

A utilização de personagens consiste num dos diversos métodos de marketing

utilizadas para influenciar o consumo de certos alimentos (e.g., desenhos animados)

juntamente com as ofertas de brindes nos alimentos (e.g., Hebden, King, & Kelly, 2011;

Sarah, LuAnn, Angela, & Bonita, 2010). Harnor e colaboradores (2004) desenvolveram um

programa de intervenção com o objetivo de promover comportamentos saudáveis nas

crianças, nomeadamente aumentar a ingestão de frutas e legumes. O programa de intervenção

desenhado consistia na apresentação de vídeos de desenhos animados onde retratavam os

heróis a ingerirem alimentos saudáveis. A intervenção pareceu eficaz, na medida em que

houve um aumento do consumo de frutas e legumes por parte das crianças.

Como foi referido, a investigação prévia tem-se debruçado sobre o papel da influência

da publicidade televisiva nas escolhas alimentares das crianças e dos adolescentes.

Atualmente existe, no entanto, a preocupação de abordar temáticas relacionadas com a

alimentação saudável em programas especialmente dirigidos a crianças como os desenhos

animados. Não parece ser, no entanto, claro qual o impacto da visualização destes conteúdos

nas escolhas alimentares das crianças a curto e médio prazo. As crianças parecem ser

fortemente influenciadas pelo visionamento televisivo. Mais especificamente, quando se

publicita produtos alimentares, assiste-se a uma influência nas escolhas, nas preferências e nas

atitudes alimentares. Contudo, poucos estudos têm analisado os efeitos da visualização de

desenhos animados promotores de uma alimentação saudável nas preferências, atitudes e

escolhas alimentares das crianças.

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Neste sentido, o presente estudo, teve como objetivo principal avaliar o efeito da

exposição a desenhos animados cujo conteúdo promove uma alimentação saudável no

comportamento alimentar, em crianças em idade pré e escolar. Mais especificamente,

analisar: (1) efeito do visionamento de desenhos animados que promovem uma alimentação

saudável nas preferências e nas atitudes alimentares e (2) efeito do visionamento de desenhos

animados que promovem uma alimentação saudável nas escolhas alimentares. Tendo por base

a revisão da literatura (e.g., Bannon & Schwartz, 2006; Beaudoin, Fernandez, Wall, & Farley,

2007; Dixon, Scully, Wakefield, White, & Crawford, 2007; Hasting et al., 2003) espera-se

que: (1) a visualização de desenhos animados que promovem comportamentos alimentares

saudáveis influencie positivamente as preferências e atitudes alimentares das crianças e (2) a

visualização de desenhos animados que promovem comportamentos alimentares saudáveis

influencia positivamente as escolhas alimentares das crianças.

Metodologia

Participantes

A amostra do presente estudo foi composta por 147 crianças recrutadas em quatro

escolas (três públicas e uma privada). O critério de inclusão no estudo utilizada foi a idade

dos participantes, onde estes tinham que se encontrar em idades pré-escolar e escolar (entre os

quatro e os oito anos).

Em termos das características sociodemográficas, 49.0% (n = 72) do sexo masculino e

51.0% (n = 75) do sexo feminino e com idades compreendidas entre os quatro e os oito anos

(Média = 6.40, Desvio Padrão = 1.23). A generalidade dos participantes era de nacionalidade

portuguesa (87.1%) e encontrava-se no nível socioeconómico médio-baixo (32.2%).

Relativamente ao nível de educação, 30.6% (n = 45) das crianças andavam na pré-escola,

18.4% (n = 27) das crianças estavam a frequentar o primeiro ano de escolaridade e 51.0% (n =

75) das crianças encontravam-se a frequentar o segundo ano de escolaridade. Relativamente

às características antropométricas, a maioria das crianças encontrava-se no percentil de Índice

Massa Corporal (IMC) correspondente ao excesso de peso e obesidade (51.0%).

A Tabela 1 apresenta a descrição detalhada das características sociodemográficas e

antropométricas dos participantes do presente estudo.

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Tabela 1

Características sociodemográficas e antropométricas das crianças

Características

N = 147

n (%)

Idade 4-5 25.9

6-8 74.1

Sexo Feminino 51.0

Masculino 49.0

Nível Socioeconómico

Alto 19.8

Médio Alto 20.7

Médio 12.4

Médio Baixo 32.2

Baixo 14.9

Nível de educação

Pré-escolar 30.6

1º ano 18.4

2º ano 51.0

Categoria percentil de

IMC

Baixo 1.4

Normal 46.2

Excesso 20.9

Obesidade 31.5

Procedimentos e medidas

Os participantes deste estudo foram recrutados em escolas públicas e privadas do

distrito de Braga. Inicialmente, foram selecionadas e contactadas as escolas para a recolha de

dados. Seguidamente, o estudo foi explicado aos cuidadores das crianças e obtida a

autorização para a participação das mesmas, garantindo que se consistia num estudo

voluntário e se garantia o anonimato e a confidencialidade dos dados recolhidos. Cada

cuidador preencheu, igualmente, o questionário sociodemográfico acerca das características

sociodemográficas das crianças.

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Os participantes foram divididos em dois grupos, o grupo de controlo (n = 75) e o

grupo experimental (n = 72) através de um protocolo pré definido de randomização

(www.randomizer.org). Cada criança respondeu, individualmente o questionário de avaliação

do apetite e o questionário de avaliação do reconhecimento dos desenhos animados e medidas

de preferência. Após o preenchimento dos questionários, grupos de quatro ou cinco crianças

visualizaram um vídeo de desenhos animados. As crianças do grupo de controlo visualizaram

dois vídeos (dez minutos cada) de desenhos animados sem qualquer referência a alimentos.

Por outro lado, as crianças do grupo experimental visualizaram dois vídeos (dez minutos

cada) de desenhos animados cujo conteúdo tinha como objetivo promover uma alimentação

saudável.

Após o momento de visualização, cada criança, individualmente, passou pela fase de

ingestão dos alimentos. Nesta, apresentou-se às crianças, aleatoriamente, quatro taças de

alimentos. Ao longo de 15 minutos, era-lhes permitido ingerir, sem quaisquer restrições, os

alimentos que pretendessem. As taças apresentadas incluíam alimentos saudáveis (uvas e

cenouras baby) e alimentos não saudáveis (batatas fritas e chocolates). A quantidade de

alimentos que cada taça continha foi controlada (dez batatas fritas, 20 chocolates, 15 uvas e

seis cenouras baby), o que permitiu a contabilização exata da quantidade de alimentos

ingeridos. Posteriormente, cada criança preencheu o questionário de avaliação das atitudes

para uma alimentação saudável e o questionário de preferências alimentares. Por último,

procedeu-se à medição antropométrica das crianças, tendo cada uma sido pesada e medida,

individualmente, pela equipa de investigadores. Para tal, foi utilizada uma balança digital e

um estadiómetro.

Devido às possíveis dificuldades de leitura das crianças, todos os questionários foram

respondidos com a ajuda dos investigadores.

A Figura 1 apresenta a descrição detalhada do procedimento experimental.

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13

Instrumentos

Questionário sociodemográfico. Este questionário foi utilizado para recolher

informação sobre as características sociodemográficas das crianças. É composto por 24

questões fechadas para caracterizar a amostra ao nível das características sociodemográficas.

Instrumento para avaliação do apetite. Este instrumento foi utilizado para avaliar a

sensação subjetiva da fome, no momento da avaliação. O instrumento é composto por uma

pergunta e avalia a sensação subjetiva através de uma escala tipo Likert, adaptada para cinco

rostos sorridentes, que representam uma escala desde “Tenho Fome” até “Estou Cheio”.

Figura 1. Esquematização do procedimento experimental

Medição antropométrica

Ingestão de alimentos

Atitudes para uma alimentação saudável

Questionário da preferência alimentar (LFPM)

Consentimento informado aos pais

Questionário sociodemográfico

Instrumento para avaliação da fome

Grupo Controlo

Sem mensagens

nutricionais

Avaliação do reconhecimento das personagens

dos desenhos animados e Medidas de

preferência

Grupo Experimental

Mensagens

nutricionais positivas

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Reconhecimento das personagens dos desenhos animados e Medidas de

preferência. O questionário foi utilizado para avaliar o conhecimento prévio dos desenhos

animados que promovem comportamentos alimentares saudáveis. Adicionalmente, serve para

avaliar a consciência e o compromisso estabelecido com os desenhos animados e se o

conhecimento prévio afeta as atitudes de base ou a capacidade de resposta das crianças face a

uma alimentação saudável. O questionário apresenta duas questões fechadas, direcionadas ao

reconhecimento e à preferência, e uma questão aberta sobre o conhecimento dos desenhos

animados. A questão sobre a preferência foi respondida através de uma escala de tipo Likert

de cinco pontos, adaptada para uma escala desde “Gosto Muito” até “Detesto”.

Atitudes para uma alimentação saudável. Este questionário serviu para avaliar a

importância de alguns fatores subjacentes à escolha dos alimentos. Os fatores avaliados,

baseados no estudo de Gibson et al. (1998), foram a salubridade, sabor, rapidez e facilidade

dos alimentos e a ingestão de alimentos que outros também estejam a ingerir. Os itens são

respondidos numa escala de tipo Likert de cinco pontos, com uma escala desde “ Nada

Importante” até “Extremamente Importante”. No presente estudo, este questionário

demonstrou baixa consistência interna (α = .41)

Questionário da preferência alimentar (LFPM). O questionário foi utilizado para

avaliar as preferências alimentares de cada criança. Consiste numa lista de 32 alimentos,

divididos por quatro sub-escalas de avaliação (itens ricos em gordura, itens ricos em proteína,

itens com baixo teor de energia e itens ricos em carbohidratos), que não estão associados a

nenhuma marca. Questionou-se a cada participante se, naquele momento, gostaria de ingerir

cada alimento, considerando-o individualmente e não como um elemento constituinte de uma

refeição. A versão LFPM utilizada neste projeto foi desenvolvida através de uma versão

utilizada por Boyland e colaboradores (2011), traduzida e adaptada para a população

portuguesa. No presente estudo, este questionário demonstrou elevada consistência interna (α

= .82).

Estratégia de análise dos dados

Para analisar diferenças entre o grupo controlo e experimental ao nível da idade, do

percentil de IMC e do apetite no momento da avaliação uma Multivariate Analysis of

Variance (MANOVA) foi realizada. No modelo o grupo (controlo versus experimental) foi

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inserido como variável independente e a idade, o percentil de IMC e o apetite no momento da

avaliação foram inseridos como variáveis dependentes. De forma a analisar a associação entre

o grupo de controlo e experimental ao nível do sexo, nível socioeconómico e reconhecimento

anterior dos desenhos animados testes Qui-Quadrado (χ2) foram conduzidos.

Com vista a analisar o efeito da visualização de desenhos animados promotores de

uma alimentação saudável nos comportamentos alimentares das crianças em idade pré e

escolar foram analisados os efeitos da visualização nas (1) preferências e atitudes alimentares

e (2) nas escolhas alimentares das crianças.

De forma a analisar (1) o efeito da visualização de desenhos animados promotores

uma alimentação saudável ao nível das preferências e das atitudes alimentares das crianças foi

utilizada uma Multivariate Analysis of Covariance (MANCOVA). No modelo o grupo

(controlo versus experimental) foi inserido como variável independente e as preferências

alimentares (preferência por alimentos ricos em gordura, ricos em proteína, baixo teor de

energia e ricos em carbohidratos) e as atitudes alimentares (em relação à salubridade, sabor, à

facilidade e rapidez do alimentos e à ingestão de alimentos que outros também estejam a

ingerir) foram inseridas como variáveis dependentes. O percentil de IMC foi inserido no

modelo como covariável.

De forma a analisar (2) o efeito da visualização de desenhos animados promotores de

uma alimentação saudável ao nível das escolhas alimentares das crianças recorreu-se a uma

MANCOVA. Similarmente, no modelo, o grupo (controlo versus experimental) foi inserido

como variável independente e as escolhas alimentares (saudáveis e não saudáveis) como

variáveis dependentes. Adicionalmente, ainda se realizou uma Univariate Analysis of

Covariance (UNI-ANCOVA) para analisar o efeito da visualização de desenhos animados

promotores de uma alimentação saudável no número total de alimentos consumidos. No

modelo, o grupo (controlo versus experimental) foi inserido como variável independente e o

número total de alimentos ingeridos (saudáveis e não saudáveis) como variável dependente.

Nestes dois modelos o percentil de IMC das crianças foi inserido como covariável.

Para a realização das análises de dados foi utilizado o software Statistical Package for

Social Sciences (IBM® SPSS®) versão 22.0. Todos os dados amostrais elegíveis foram

utilizados. As medidas de tamanho do poder do efeito (pη2 ) foram apresentadas em todos os

modelos estatísticos. Cálculos de poder estatístico a priori, utilizando o software G*Power

3.1 (Faul, Erdfelder, Lang, & Buchner, 2007), sugeriram que o tamanho amostral (N = 147)

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foi suficiente para detetar efeitos mínimos nas MANCOVAs (e.g., tamanho do efeito f 2 (V) =

.20, α = .05, poder estatístico = 0.95, para dois grupos, uma covariável e oito variáveis

dependentes).

Resultados

Diferenças entre o grupo de controlo e experimental ao nível das características

sociodemográficas e antropométricas

Os resultados da Multivariate Analysis of Variance (MANOVA) revelaram efeitos

multivariados não significativos do grupo ao nível das características sociodemográficas e

antropométrica, F (1, 140) = 2.09, p = .104, pη2 = 0.04, Lambda de Wilks = 0.96. Resultados

revelaram efeitos univariados significativos do grupo no percentil de Índice Massa Corporal

(IMC), F (1, 140) = 4.27, p = .041, pη2 = 0.30. As crianças que participaram no grupo

experimental apresentam um percentil de IMC mais elevado do que as crianças que

participaram no grupo de controlo. No entanto, os resultados revelaram efeitos univariados

não significativos do grupo na idade, F (1, 140) = 1.20, p = .274, pη2 = 0.01, e no apetite no

momento da avaliação F (1, 140) = 0.64, p = .426, pη2 = 0.01.

A Tabela 2 apresenta a descrição detalhada das diferenças entre grupo de controlo e

experimental ao nível das características sociodemográficas e antropométricas.

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Tabela 2

Diferenças entre o grupo de controlo e experimental ao nível das características

sociodemográficas e antropométricas

Grupo

Controlo Experimental

(n = 73) (n = 70)

M DP M DP F df

Idade 6.33 1.20 6.57 1.21 1.20 1, 140

Percentil de IMC 69.49 27.42 77.93 23.35 4.27* 1, 140

Apetite 2.86 1.55 2.67 1.37 0.64 1, 140

Notas. M = Média; DP = Desvio padrão.

*p < .05

Os resultados dos Testes de Qui-Quadrado (χ2) sugeriram que não há uma associação

entre o grupo de controlo e experimental face ao sexo, χ2(5) = 0.12, p = 1.00, no nível

socioeconómico, χ2 (1) = 0.01, p = .930, e no reconhecimento prévio dos desenhos animados

promotores de comportamentos alimentares saudáveis, χ2(1) = 0.53, p = .468.

Efeitos do visionamento de desenhos animados promotores de uma alimentação

saudável nas preferências e nas atitudes alimentares das crianças

A Multivariate Analysis of Covariance (MANCOVA) revelou efeitos multivariados

não significativos do grupo nas preferências e atitudes alimentares, F (1, 138) = 0.65, p =

.733, pη2 = 0.045, Lambda de Wilks = 0.96. Não foram encontrados efeitos do grupo na

preferência por alimentos ricos em gordura, F (1, 138) = 1.53, p = .218, pη2 = 0.01, na

preferência por alimentos ricos em proteína, F (1, 138) = 1.22, p = .271, pη2 = 0.01, na

preferência por alimentos baixo teor de energia, F (1, 138) = 0.04, p = .848, pη2 = 0.00, e na

preferência por alimentos ricos em carbohidratos, F (1, 138) = 2.17, p = .143, pη2 = 0.02.

Também não foram encontrados efeitos no grupo nas atitudes em relação à salubridade do

alimento, F (1, 138) = 0.23, p = .635, pη2 = 0.00, nas atitudes em relação ao sabor do

alimento, F (1, 138) = 0.28, p = .595, pη2 = 0.00, nas atitudes em relação à facilidade e

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rapidez do alimento, F (1, 138) = 0.41, p = .523, pη2 = 0.00, e nas atitudes face a ingestão de

alimentos que os outros também estejam a ingerir, F (1, 138) = 0.65, p = .421, pη2 = 0.01. Não

foram encontrados efeitos covariáveis significativos do percentil de IMC nas preferências e

nas escolhas alimentares, F (1, 138) = 0.58 p = .793, pη2 = 0.04.

A Tabela 3 apresenta a descrição detalhada do efeito do visionamento de desenhos

animados promotores de uma alimentação saudável nas preferências e nas atitudes

alimentares das crianças.

Tabela 3

Efeito do visionamento de desenhos animados promotores de uma alimentação saudável

nas preferências e nas atitudes alimentares das crianças

Grupo

Controlo Experimental

(n = 72) (n = 69)

Comportamento Alimentar M DP M DP F df

PA

Ricos em Gordura 11.81 2.09 12.30 2.40 1.53 1, 138

Ricos em Proteína 11.96 2.69 12.58 2.81 1.22 1, 138

Baixo Teor de Energia 11.24 2.31 11.17 2.03 0.4 1, 138

Ricos em Carbohidratos 11.88 2.01 12.79 2.30 2.17 1, 138

AA

Salubridade 3.51 1.62 3.68 1.59 0.23 1, 138

Sabor 3.62 1.41 3.50 1.23 0.28 1, 138

Facilidade e rapidez 3.03 1.51 2.83 1.31 0.41 1, 138

Igual aos outros 2.31 1.41 2.49 1.38 0.62 1, 138

Notas. M = Média; DP = Desvio padrão; PA = Preferências alimentares; AA = Atitudes

alimentares; O percentil de IMC da criança foi inserido no modelo como covariáveis.

Efeitos do visionamento dos desenhos animados promotores de uma alimentação

saudável nas escolhas alimentares

Os resultados da Multivariate Analysis of Covariance (MANCOVA) revelaram efeitos

multivariados significativos do grupo nas escolhas alimentares das crianças, F (1, 140) = 4.23,

p = .016, pη2 = 0.06, Lambda de Wilks = 0.95. Resultados revelaram efeitos univariados

Page 23: Rita Manuel Rodrigues Ferreira - Universidade do Minho...visionamento de desenhos animados que promovem uma alimentação saudável nas escolhas alimentares. A amostra do presente

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significativos do grupo na escolha de alimentos saudáveis por parte das crianças, F (1, 140) =

8.42, p = .004, pη2 = 0.06. Não foram encontrados efeitos univariados significativos do grupo

na escolha de alimentos não saudáveis por parte das crianças, F (1, 140) = 0.34, p = .56, pη2 =

0.00. As crianças que participaram no grupo experimental escolhem mais alimentos saudáveis

do que as crianças que participaram no grupo de controlo. Não foram encontrados efeitos

covariáveis significativos do percentil de IMC nas escolhas alimentares, F (1, 140) = 0.22 p =

.806, pη2 = 0.00.

Os resultados da Univariate Analysis of Covariance (UNI-ANCOVA) revelaram

efeitos univariados marginalmente significativos do grupo na ingestão de alimentos, F (1,

140) = 3.92, p = .050, pη2 = 0.03. As crianças que participaram no grupo experimental

escolheram mais alimentos do que as crianças que participaram no grupo de controlo.

Similarmente, não foram encontrados efeitos covariáveis significativos do percentil de IMC

no total de escolhas de alimentos, F (1, 140) = 0.03 p = .863, pη2 = 0.00.

A Tabela 4 apresenta a descrição detalhada do efeito do visionamento dos desenhos

animados promotores de uma alimentação saudável ao nível das escolhas alimentares.

Tabela 4

Efeito do visionamento dos desenhos animados promotores de uma alimentação saudável

ao nível das escolhas alimentares

Grupo

Controlo Experimental

(n = 73) (n = 70)

Alimentos M DP M DP F df

Não Saudáveis 6.27 5.66 6.87 7.07 .34 1, 140

Saudáveis 2.57 3.82 4.66 4.38 8.42** 1, 140

Total 8.84 7.46 11.54 8.33 3.92† 1, 140

Notas. M = Média; DP = Desvio padrão; O percentil de IMC da criança foi inserido no

modelo como covariável.

**p < .01; †.05 < p < .10

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Discussão

O presente estudo teve como objetivo analisar o efeito do visionamento de desenhos

animados promotores de uma alimentação saudável nas escolhas alimentares das crianças, nas

preferências e nas atitudes alimentares das crianças.

De acordo com a primeira hipótese desta investigação, efeitos do visionamento de

desenhos animados promotores de uma alimentação saudável nas escolhas alimentares foram

encontrados. Os resultados sugeriram que as crianças que viram os desenhos animados com

mensagens nutricionais positivas escolhem mais alimentos saudáveis. Globalmente, após a

condição de visualização dos desenhos animados, as crianças apresentam um considerável

consumo dos alimentos apresentados (saudáveis e não saudáveis), sendo que as crianças que

visualizaram os desenhos animados promotores de uma alimentação saudável consumiram

mais alimentos, mas também consumiram mais alimentos saudáveis. Neste sentido, os

resultados revelam que as crianças do grupo experimental escolheram mais alimentos

saudáveis, mas não escolheram menos alimentos não saudáveis. Os resultados encontrados na

nossa investigação corroboram estudos anteriores (e.g. Bannon & Schwartz, 2006; Horne et

al., 2004). Por exemplo, um estudo realizado por Bannon e Schwartz (2006) encontrou efeitos

significativos da promoção de alimentos saudáveis nas escolhas alimentares das crianças.

Similarmente ao nosso estudo, as crianças que foram expostas a vídeos nutricionais positivos

pareceram escolher mais alimentos saudáveis. Paralelamente, Horne e colaboradores (2004)

desenharam uma intervenção para a promoção de comportamentos saudáveis através da

utilização de desenhos animados e os resultados mostraram corroborar os resultados

encontrados na nossa investigação, uma vez que no final da intervenção as crianças pareciam

escolher mais os alimentos promovidos. Para além de que, os resultados parecem dar suporte

ao modelo de Ogden (2003) que indica que as escolhas alimentares são influenciadas pela

exposição e que as crianças são capazes de escolher alimentos saudáveis, desde que estes

estejam presentes. Os resultados desta investigação sugeriram que a visualização de um vídeo

de desenhos animados promotores de comportamentos alimentares saudáveis influencia

positivamente as escolhas alimentares. Apoiando a literatura de que as escolhas alimentares

das crianças são influenciadas, por alimentos que viram em vídeos e/ou na televisão.

Ao contrário da nossa segunda hipótese, os resultados apontaram para que a

visualização de desenhos animados com mensagens nutricionais positivas parece não ter

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efeito nas preferências e atitudes alimentares das crianças. Tendo por base, os factos relatados

na literatura, a nossa hipótese para este estudo seria que a visualização de desenhos animados

promotores de comportamentos alimentares saudáveis tivessem um efeito positivo nas

preferências alimentares das crianças. No entanto, os resultados desta investigação indicaram

a não existência de efeito da visualização com as preferências alimentares, não indo de

encontro aos resultados de Hasting e colaboradores (2003) acerca da associação entre a

exposição de alimentos e a mudança nas preferências alimentares. Os desenhos animados são,

atualmente, muitas vezes associados a marcas de produtos alimentares e consequentemente

utilizados nas campanhas publicitárias desses alimentos, uma vez que o uso deste tipo de

marketing parece aumentar as preferências alimentares e o gosto das crianças por esses

mesmos alimentos (e.g. Levin & Levin, 2010). No seu estudo, Borzekowski e Robinson

(2001), revelaram que as crianças quando expostas a publicidade de alimentos pareciam

escolher mais esses alimentos do que aquelas que não foram expostas aos alimentos, tendo

por isso concluído que a publicidade influencia positivamente as preferências. Assim, os

estudos efetuados para analisar os efeitos da visualização de mensagens nutricionais nas

preferências alimentares, mostraram ser eficazes uma vez que as crianças que assistiram

pareciam escolher mais os alimentos anunciados nos vídeos ou na publicidade (e.g.,

Borzekowski & Robison, 2001). No entanto, na presente investigação, os alimentos não foram

associados a nenhuma marca nem a avaliação das preferências foi baseada em alimentos

anunciados, o que poderá justificar os resultados encontrados.

Relativamente às atitudes alimentares, os resultados revelaram que a visualização de

vídeos promocionais de comportamentos alimentares positivos também parece não ter efeito

nas atitudes alimentares das crianças. No comportamento alimentar, estão interrelacionados

inúmeros fatores psicossociais subjacentes às escolhas alimentares, como o sabor e a

salubridade (cf. Bezbaruah & Brunt, 2012). No entanto, os resultados encontrados neste

estudo apontam para que a visualização de vídeos promotores de uma alimentação positiva

parece não ter efeito nas atitudes alimentares das crianças. Os resultados não corroboram

estudos prévios (e.g., Dixon et al., 2007). No seu estudo, Dixon e colaboradores (2007),

encontraram uma associação positiva entre a visualização de publicidade a alimentos com

atitudes positivas em relação aos alimentos publicitados.

Paralelamente sabe-se que as preferências e as atitudes alimentares são desenvolvidas

muito precocemente, sendo que as preferências alimentares iniciais parecem prolongar-se ao

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longo da vida (e.g., Nicklaus et al., 2004). Tanto as atitudes como as preferências alimentares

são características que são difíceis de se alterarem ao longo da vida (Ogden, 2003). De tal

forma que, apesar de se verificar um efeito positivo nas escolhas, o mesmo parece não se ter

verificado nas preferências alimentares (Odgen, 2003). Adicionalmente, apesar de existir uma

relação direta entre a exposição a alimentos e as preferências alimentares, autores sugerem

que, a exposição deverá ser prolongada. Birch e Marlin (1982) defendem a necessidade de

que as crianças sejam expostas a determinado tipo de alimentos no mínimo oito ou dez vezes

para que haja efeito nas preferências alimentares. Parece existir uma série de possíveis

explicações para o comportamento alimentar das crianças, nomeadamente no que concerne às

preferências e as atitudes alimentares que podem ser modificados através da exposição à

publicidade de alimentos. No entanto, o comportamento alimentar das crianças é muito

complexo, sendo influenciado e determinado por múltiplos fatores subjacentes. Os resultados

encontrados parecem ir também na direção da teoria de Ogden (2003), sendo que a

visualização de desenhos animados com mensagens nutricionais positivas, parecem promover

escolhas saudáveis, no momento, mas pelo contrário parecem não alterar as preferências nem

as atitudes alimentares das crianças.

Paralelamente, parece não existir nenhum efeito significativo do percentil do IMC ao

nível do comportamento alimentar das crianças. Parece que o visionamento de desenhos

animados promotores de uma alimentação positiva tem efeito igual tanto com as crianças que

apresentam um percentil de IMC elevado como as que apresentam um percentil de IMC

baixo.

Limitações

Algumas limitações relativamente ao nosso estudo podem ser apontadas.

Relativamente a avaliação das preferências e das atitudes alimentares das crianças, não foi

efetuada uma pré-avaliação das mesmas, anteriormente à visualização dos desenhos animados

promotores de uma alimentação saudável, não sendo possível estudar mudanças no

comportamento alimentar das crianças ao longo do tempo. Para além de que, o número de

vezes que as crianças foram expostas a condição experimental também se torna uma

limitação. De acordo com a literatura as crianças tem que se expostas a um considerável

número de vezes para as preferências e as atitudes serem alteradas. Outra limitação a apontar,

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está relacionada com os vários fatores que podem influenciar o comportamento alimentar das

crianças, uma vez que não foram avaliados o comportamento alimentar das crianças (e.g.

hábitos alimentares) e o comportamento alimentar das famílias, o que poderia trazer

informações adicionais, nomeadamente ao nível da avaliação das preferências e das atitudes

alimentares. Por fim, outra limitação encontrada na avaliação das atitudes alimentares foi a

consistência interna do questionário das atitudes para uma alimentação saudável.

Implicação para a prática e investigação

Torna-se importante referir algumas sugestões para futuros estudos. Tem-se verificado

o efeito da exposição ao nível do comportamento alimentar no que concerne aos alimentos

anunciados/publicitados. Contudo, a promoção de comportamentos alimentares saudáveis

através de desenhos animados parece não ter sido muito aprofundada, sendo que a

investigação, maioritariamente tem-se debruçado sobre a influência da visualização da

televisão e do uso de técnicas de marketing no comportamento alimentar. Assim, dada a

escassez de estudos seria interessante investigar sobre a influência de desenhos animados

promotores de uma alimentação saudável ao nível do comportamento alimentar.

Nomeadamente, estudos futuros poderão estudar o comportamento alimentar cotidiano das

crianças e da família antes da exposição e após a exposição de vídeos promotores de uma

alimentação saudável. Estudos futuros também poderão estudar o efeito do visionamento de

desenhos animados promotores de uma alimentação saudável através de um estudo

longitudinal, que incluísse um maior número de sessões de exposição aos desenhos animados.

Alguns aspetos importantes para a prática no contexto da promoção e prevenção de

saúde poderão ser apontados. A adoção de uma metodologia fundamentada neste estudo,

poderia ser desenhada como uma intervenção no âmbito da promoção de comportamentos

alimentares saudáveis. Ademais, uma vez que foram encontrados efeitos da exposição de

desenhos promotores de uma alimentação saudável ao nível da promoção e prevenção da

obesidade infantil, seria interessante avaliar se esta exposição tem efeito noutras áreas de

desenvolvimento e avaliar o efeito noutras idades (e.g., adolescência). Deste modo, dados os

resultados deste estudo, seria interessante desenvolver este projeto e incluí-lo ao nível das

políticas educativas e nos planos curriculares das crianças.

Page 28: Rita Manuel Rodrigues Ferreira - Universidade do Minho...visionamento de desenhos animados que promovem uma alimentação saudável nas escolhas alimentares. A amostra do presente

24

Conclusão

A relação entre a visualização de conteúdos diretamente associados a alimentos e ao

comportamento alimentar e a ingestão de alimentos saudáveis é muito complexa e, por vezes,

contraditória. Concretamente, para alguns autores existe uma relação direta, e para outros,

esta relação não é tão evidente, por exemplo, quando se publicita alimentos saudáveis

(Goldberg & Gorn, 1979; Lemnitzer, Jeffery, Hess, Hickey, & Stroud, 1979). Deste modo, a

visualização destes conteúdos específicos parece afetar a ingestão alimentar das crianças, no

entanto, pode não ser suficientemente forte para superar as preferências pelos alimentos não

saudáveis (Dovey, Taylor, Stow, Boyland, & Halford, 2011).

A pertinência deste estudo prende-se com o facto de se ter encontrado efeitos da

visualização de desenhos animados promotores de uma alimentação saudável nas escolhas

alimentares das crianças. O conhecimento fundamentado pelos resultados desta investigação

pode fornecer maior conhecimento de novos programas a adotar pelos vários profissionais de

saúde e agentes educativos, para a promoção de comportamentos alimentares saudáveis.

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