revista viração - edição 37 - novembro/2007
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Aliança indígena. Jovens de diversas etnias cobram seus direitosTRANSCRIPT
RAÇÃOVi RAÇÃOViatitude e ousadia jovemMudança, atitude e ousadia jovemMudança,Ano 5 · no 37 · Novembro de 2007
R$ 5,00 · www.revistaviracao.org.br
INTERNETna cabeça
Jovens dediversas etnias
cobram seusdireitos
A TV 2.0 é umnovo caminho
AliançaAliançaindígenaindígena
INTERNETna cabeça
Rede Sou de Atitude MaranhãoSão Luís (MA) – www.soudeatitude.org.br
Associação Imagem ComunitáriaBelo Horizonte (MG) – www.aic.org.br
Boca do Lixo – Recife (PE)www.bocadolixo.org.br
Centro Cultural Bájò AyòJoão Pessoa (PB)
CirandaCuritiba (PR) – www.ciranda.org.br
Catavento – Fortaleza (CE)www.catavento.org.br
Casa da Juventude Pe. BurnierGoiânia (GO)
www.casadajuventude.org.br
Companhia Terra-MarNatal (RN) – www.ciaterramar.org.br Centro de Referência Integral de
AdolescentesSalvador (BA) – www.criando.org.br
Diretório Acadêmico Freitas NetoMaceió (AL)
Fundação Athos BulcãoBrasília (DF) – www.fundathos.org.br Girassolidário – Campo Grande (MS)
www.girassolidario.org.br
Jornal O CidadãoRio de Janeiro (RJ)
Secretaria de Cidadania e DireitosHumanos e Secretaria de Ação Social
Vitória (ES)
Agência Uga-Uga – Manaus (AM)www.agenciaugauga.org.br
Grupo Atitude – Porto Alegre (RS)
Veja quem faz a Virapelo Brasil
Veja quem faz a Virapelo Brasil
QUEM SOMOS
Viração é um projeto social de educomunicação, sem fins lucrativos, criado em março de 2003 e
filiado à Associação de Apoio a Meninos e Meninasda Região Sé. Recebe apoio institucional da Organizaçãodas Nações Unidas para a Educação, a Ciência e aCultura (Unesco), do Fundo das Nações Unidas paraa Infância (Unicef) e da Agência de Notícias dos Direitosda Infância (Andi). Além de produzir a revista, oferececursos e oficinas de capacitação em comunicação popularfeita para jovens, por jovens e com jovens em escolas,grupos e comunidades em todo o Brasil.
Para a produção da revista impressa e eletrônica(www.revistaviracao.org.br), contamos com a participaçãodos conselhos editoriais jovens de 17 capitais, que reúnemrepresentantes de escolas públicas e particulares, projetose movimentos sociais. Entre os prêmios conquistadosnesses quatro anos estão o Prêmio Don Mario PasiniComunicatore, em Roma (Itália), o Prêmio CidadaniaMundial, concedido pela Comunidade Bahá’í.E mais: no ranking da Andi, a Viração é a primeiraentre as revistas voltadas para jovens.
Participe você também desse projeto.Veja, abaixo, nossos contatos nos Estados.
Paulo Pereira LimaDiretor da Revista Viração – MTB 27.300
CONHEÇA OS 17 VIRAJOVENSEM CAPITAIS BRASILEIRAS
• Belo Horizonte (MG) – [email protected]• Brasília (DF) – [email protected]• Campo Grande (MS) – [email protected]• Curitiba (PR) – [email protected]• Fortaleza (CE) – [email protected]• Goiânia (GO) – [email protected]• João Pessoa (PB) – [email protected]• Maceió (AL) – [email protected]• Manaus (AM) – [email protected]• Natal (RN) – [email protected]• Porto Alegre (RS) – [email protected]• Recife (PE) – [email protected]• Rio de Janeiro (RJ) – [email protected]• Salvador (BA) – [email protected]• São Luís (MA) – [email protected]• São Paulo (SP) – [email protected]• Vitória (ES) – [email protected]
Apoio Institucional
VIRAÇÃOé publicada mensalmente em São Paulo (SP)
pelo Projeto Viração da Associação de Apoio a Meninas
e Meninos da Região Sé de São Paulo, filiada ao Sindicato
das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas
de São Paulo; CNPJ (MF) 74.121.880/0003-52;
Inscrição Estadual: 116.773.830.119;
Inscrição Municipal: 3.308.838-1
ATENDIMENTO AO LEITOR
Rua Augusta, 1239 – Conj.11Consolação – 01305-100 – São Paulo – SP
Tel./Fax: (11) 3237-4091 / 3567-8687 / 9946-6188
HORÁRIO DE ATENDIMENTOdas 9 às 13h e das 14 às 18h
E-MAIL REDAÇÃO E [email protected]
ssa é a idéia de Tseredzaro Ruri’õ, da etniaXavante. Ele saiu do Mato Grosso, assimcomo outras/os 35 jovens de vários lugares
do País, para participar do 2o Encontro Nacionaldos Povos das Florestas e mostrar qual o caminhoque as/os adolescentes e jovens indígenas queremconstruir. Essa juventude participou de um encon-tro específico, organizado pelo Fundo das NaçõesUnidas para a Infância (Unicef) em parceria com oMovimento de Estudantes Indígenas do Amazonas(Meiam) e a Coordenação das OrganizaçõesIndígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
E Vira não perdeu essa. Por meio da AgênciaViraJovem de Notícias foi até Brasília conferir essemomento de conhecer outras culturas e ajudar aconstruir um diálogo entre as/os jovens e adoles-centes para estimular a expressão, valorizaçãoda sua identidade e sua participação efetivana defesa de seus direitos.
Essa participação recebe estímulo diretamentepela informação, que agora está mais fácil de produ-zi-la com a TV 2.0. O usuário de internet tem todo oprocesso facilitado e acelerado, não dependendomais de provedores. A Vira acredita que a juventudepode e deve criar o caminho. Um caminho querespeite suas diferenças.
Criar ocaminho
Criar ocaminho
E
5no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
FAZ A DIFERENÇA
Maria Emilia, de Curitiba (PR)
arabéns a equipe, midiadores, colaboradores e Virajovensque fazem a diferença. E muito sucesso para tudo o que vem
por aí. Espero podermos exercitar essa experiência nas açõesde educação socioambiental que desenvolvemos na região deinfluência do Reservatório da Usina Hidrelétrica de Itaipu e nosmunicípios envolvidos no Programa de Formação de Educadores/as Ambientais – FEA (33 municípios no Estado do Paranáe 01 no Mato Grosso do Sul).
Raquel Pulita, São Leopoldo (RS)
aço parte da ONG Trilha Cidadã e estamos montandouma biblioteca para a galera que trabalhamos, gostaríamos
de ver a possibilidade de termos as revistas anteriores (edições)para compor a nossa biblioteca. A partir de hoje estoufazendo a assinatura para nós.
Victor Ribeiro - Rio de Janeiro (RJ)
lá, parabéns pelo trabalho feito com jovens. Ouvi falar muitobem do projeto de vocês com o pessoal dos CEDECAS aí de
SP. Bom, meu nome é Victor, eu trabalho em um projeto de umaONG aqui do Rio de Janeiro que se chama EXCOLA(www.excola.org.br). O projeto que fazemos é um quadro deoficinas de informática e rádio comunitária com jovens em riscosocial. Nestas oficinas os jovens são estimulados a pensarem nasquestões sociais sempre tendo a rádio comunitária como um fimreclamador de seus direitos. Queria saber se é possível realizar-mos algum tipo de parceria no sentido de envolvermos o conteú-do editorial que vocês trabalham na revista dentro da nossa rádio.Algo do tipo Viração no Ar.
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Escreva para nosso endereço:
Rua Augusta, 1239 – Conj. 11Consolação – 01305-100 – São Paulo (SP)Tel: (11) 3237-4091 / 3567-8687 / 9946-6188
ou para o e-mail:[email protected]
achou de nossas reportagens e seções.Suas sugestões são bem-vindas!
Aguardamos sua colaboração!
Mande seus comentáriossobre a Vira, dizendo o que
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A Vira entra no debate de gênerose levanta a bandeira da igualdade,
que deve estar também na forma deescrever. Por isso, a partir desta
edição todas as palavras que tiveremvariação de feminino e masculino
iremos incluir os dois gêneros, e nãosomente o masculino. Por exemplo:a/o jovem, o/a professor/a e assim
por diante, de forma quecontemplaremos a todas e todos!
Revista ViRAÇÃO · Ano 5 · no 376
Dificuldades de chegar onde é preciso edespreparo das pessoas nos diversos atendimentos
necessários, entre outras, são algumas dificuldades encontra-das no dia-a-dia das pessoas com deficiência. Há um abismo que os
separa dos demais brasileiros e esse abismo é criado pela falta de políticaspúblicas específicas e pelo não-cumprimento das mesmas, além da falta de
sensibilidade de muitas pessoas. Mas e o que a galera acha disso?
E para você, há preconceitocontra as pessoas com deficiência?
E para você, há preconceitocontra as pessoas com deficiência?DOUGLAS LIMA,
Virajovem São Paulo (SP)*LIZELY BORGES,
do Virajovem Curitiba (PR)*BIANCA PYL, da Redação FELIPE ROSA, 24 anos – Curitiba (PR)
“Para conseguir emprego ainda tem muita limitaçãopela questão do preconceito que sofrem as pessoascom deficiência. No entanto, o governo e empresastêm dado abertura, contratando funcionários comdeficiências conforme prevê a lei. Eu vejo anúnciode empresas que procuram pessoas com qualquer
tipo de deficiência para compor o quadrode funcionário. Ainda você percebemuitos lugares de acesso público que
não estão adaptados para, que nãotêm rampa para cadeirantes, por
exemplo. O que me intriga bastanteé o fato de a programação de TVnão fazer uso da linguagem de
sinais para os deficientes auditivos.”
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ALZIRA MAIRA PERESTRELLO BRANDO,26 anos, Pedagoga – Rio de Janeiro (RJ)
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“Eu tive paralisia cerebrale tenho comprometimentos
motores e na fala. Andar molee a fala lenta eram motivos de
brincadeiras de mau gosto em todosos ambientes que eu freqüentava. Olhares temero-sos, risos de deboche e imitações me rodeavam.Não entendia o porquê daquela rejeição toda.Na adolescência, eu queria ter um grupinhopara sair ou ficar, mas eu não conseguia. Quandoalguém me chamava para sair era uma alegria.Mas, ao ir e ver todo mundo ficando e eu lá numcantinho, sozinha, era uma tristeza total. Aí, come-cei a me trancar em casa e me dedicar aos estu-dos. Eu sentia raiva da minha deficiência. Euestava com 16 anos, quando a minha fonoaudiólo-ga perguntou o que eu esperava dos tratamentos.Eu disse: normal. Ela falou que eu nunca iria ficarnormal e explicou-me o que havia acontecidocomigo na hora do parto e as suas seqüelas.Comecei a perceber que eu não era a única culpa-
da de tudo, que eu podiabuscar a felicidade.Comecei a ir a bares,churrascos e as festas comum grupinho do pré-vestibular.Notei em mim uma pessoa capaz de ser feliz,sair, ter amigos e ser bonita. Modifiquei as minhasroupas, penteados e, principalmente, a minhaatitude de pobrezinha. Depois de dois anos decursinho, ouvindo, apenas, as aulas e ditando umaprova para uma semi-analfabeta, eu passei emduas faculdades: serviço social na UFRJ e pedago-gia na UERJ. Foi difícil encarar professores que,muitas vezes, não sabiam como lidar comigo. Hoje,a minha luta é por uma oportunidade no mercadode trabalho. Julgam-me pela aparência associandocom a deficiência mental. Fico triste, pois só queroo que é meu de direito: um trabalho, o meu lugardentro de uma sociedade de produção. Para finali-zar eu não queria ser outra pessoa, porqueeu sou feliz do jeito sou.”
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radeJÉSSYKA HEDIANNY,
15 anos – São Paulo (SP)
“Com certeza ainda há preconceito.Mas as pessoas com deficiência
parece que tem uma garra maior, maisforça de vontade. É mais difícil
conseguir emprego mas eles correm maisatrás. Na minha escola, por exemplo, tem uma classe
de mudos. Eles se adaptaram bem à escola.”
7no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
NÃO É DE HOJEA Convenção Internacional Sobreos Direitos das Pessoas com Defi-ciência foi aprovado pela Organi-
zação das Nações Unidas (Onu)em 2006. Mas, se por um lado
temos uma legislação específi-ca avançada, por outro lado
ainda encontramos no dia-a-dia preconceito e dificuldades
diversas de acessibilidade einclusão. Também tem sido
cada vez maior o número depessoas com deficiência e de
organizações que buscam ocumprimento dos direitosconquistados nas últimas
décadas, além de uma refle-xão em toda a comunidade
sobre a diversidade.Este ano a Agência Nacional
de Telecomunicações (Anatel)iniciou a criação de regras para
Ivan
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rade AMABILIS DE SOUZA SILVA,
20 anos – São Paulo (SP)
“Geralmente, as pessoas com deficiênciasofrem porque os outros têm dó, quando na
verdade elas não precisam que ninguémtenha dó.Quem sente esse tipo de
preocupação, poderia tentar ajudar de alguma
RENATA ORSATO, 20 anos – Curitiba (PR)
“A pior limitação não é da pessoa com deficiência, e sim dasoutras pessoas pelo preconceito que está enraizado nanossa cultura. Pela nossa cultura o que é imposto é a
imagem daquelas pessoas perfeitas, dente branco, portefísico atlético, padrão imposto pelas passarelas de
moda. As pessoas com deficiência não são contratadasporque não correspondem a este padrão, mas elas
podem superar qualquer limite, todos devem teroportunidade. No dia a dia as principais dificuldades são
o acesso. No Parque Tanguá, em Curitiba, não tem elevadorpara acesso ao mirante, por exemplo. As
escolas tentam integrar, mas não sei se os alunos estãopreparados adequadamente para esta integração.”
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CARLOS EDUARDO,23 anos – São Paulo (SP)
“As pessoas comdeficiência sem dúvidasenfrentam muitos desafiosno dia-a-dia. Desde na hora de se
locomover, já que nossas calçadas sãoesburacadas e o transporte nem sempre é
adaptado, até na hora de conseguir um emprego.Hoje eu percebo que há iniciativas para ajudar a
conseguir um emprego, mas são ações pontuais, não atende toda ademanda.”
Rap
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Gom
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forma essas pessoas. Por exemplo conhecendo mais arespeito delas. Onde eu trabalho, é uma política daempresa contratar pessoas que tenham algumadeficiência, e elas trabalham em iguais condições,são tratadas da mesma forma, e todos os diasprovam serem mais que capazes de exercer as mesmasfunções de maneira igual, ou às vezes até melhor que
• Mais Diferençaswww.md.org.br
• 3INwww.3in.org.br
• Escola de Gentewww.escoladegente.org.br
• Sociedade Inclusivawww.sociedadeinclusiva.pucminas.br/
midia.php• Conselho Estadual para Assuntos da Pes-soa Portadora de Deficiência
www.conselhos.sp.gov.br/ceappd-sp
TÁ na MÃOTÁ na MÃO
adaptar os orelhões aos brasileiroscom deficiências físicas como a
cegueira, a surdez e pessoas comproblemas motores. Porém, há pelo
menos nove anos, está previsto em leia obrigação de permitir que todos os
cidadãos tenham acesso à telefoniapública. nonononononononono.
Segundo o Conselho Estadual para Assuntosda Pessoa Portadora de Deficiência (CEAPPD) é
um direito de todos os portadores de deficiênciafísica ter atendimento preferencial e contar com
as adaptações nos transportes públicos e nascidades, mas não é isso que vemos no cotidiano.Seja qualquer tipo de deficiência: de mobilidade,
mental, visual e auditiva. (Conforme o Decreto No
5.296, de 2 de dezembro de 2004).
*Dois dos 17 Conselhos EditoriaisJovens da Vira espalhados pelo País.
Jornal mural na escolaJornal mural na escola
Equipe Jornal Mural
ais escolas estão inaugurandoseus jornais murais, em diver-
sas regiões de São Paulo. Muitasenfrentando os mesmos desafios.Entre os principais estão a faltade apoio da direção, envolvimento deoutros professores e pouca verba.
A correria é difícil, mas,quando a equipe de comunica-ção somada ao professor res-ponsável se empenha, os resul-tados sempre valem a pena.
O segredo do sucesso é umsó: comunicação. Quando as/osalunos interessadas/os propõema idéia para a escola, fazem dojornal um meio para todas/os seexpressarem se informarem: funcio-nários, professores, gestores, alunosdo noturno, vespertino e matutino.Essa integração faz com que todas/ossejam parte da construção do jornalmural e, com isso, colaborem comconteúdo e preservação.
Sabendo da chave para a evoluçãodo jornal mural, fica fácil relacionaresse método com todos os outrosprojetos e formas de atuação daescola. Fazer com que as pessoasparticipem do sistema de ensino éalgo grande para ser discutido elevará um bom tempo ainda, porém,dando voz a todas/os, o ambienteescolar cresce e se torna prático eparticipativo na solução dos seusproblemas sem o manjado excessode burocracia.
CONFIRA O QUE A GALERA ANDA FAZENDO!
E.E. CARMOSINA
Ojornal mural me levou a termais conhecimento, em cima
do que trabalhamos, sobre as pes-quisas que fazemos para as notíci-as. Futuramente não vai ter nada aver com a minha profissão, mas vai me ajudar a fazer umtexto melhor, conhecer palavras novas, saber falar bem.
Andrey Felipe de Souza Lima, 15 anos
De início, a curiosidade que me levou a participar do jornal, me integrar, saber como ia ser, o que ia acontecer. O
jornal me ajudará a me expressar, me comunicar, em outrostermos, criar responsabilidade. É uma grande responsabili-
dade estar aqui.Tâmara A. de Lima, 15 anos
Foi uma necessidade básica, de sobrevivência na escola, porque nós está-
vamos lidando com alunos com muitosproblemas e os bons alunos estavamindo embora ou sendo deixados de lado.Eu me aposento no final do ano e eu que-ria deixar esse legado. Eu não quero queeles fiquem esperando por mim sempre,
quero que no ano que vem, quando eu não estiver mais aqui,que isso continue. Porque é importante pra eles.Tereza do Amaral, professora coordenadora do jornal
Construiroutra escolaConstruiroutra escola
M
E. E. JOÃO KOPKE
Desde que falaram que iam fazer o jornal mural, eu já tavagostando, só que eu não sabia que a gente ia chegar ao
ponto que a gente chegou, de lançar o jornal. Eu espero queseja direitinho, mensal e tudo, e que as pessoas colaborem coma gente. Que elas não rasguem, que queiram cada vez mais ojornal.Juliana Almeida, 15 anos
OLuan e a Rafa falaram que ia ter o jornal na escola, logo nocomeço eu pensei assim: ‘Ah, vai ser um meio de mostrar
minha opinião’. Então eu perguntei pra eles se dava para entrarno jornal, eles falaram que era só publicar. Eu publiquei a ma-téria do anarquismo e das músicas. Fui andando e tô aí comeles, espero que dure bastante.
Lucas Laparo, 14 anos
Procure a comunidade Jornal MuralRevista Viração, no Orkut!
TÁ na MÃOTÁ na MÃO
Agradecemos às Diretorias Regionais de EnsinoNorte 1 e Norte 2, que formaram as turma
4 do Projeto Jornal Mural e as escolas:Ademar Hiroshi Suda, Brig. Eduardo Gomes,
Edgard Pimentel, Elíseo T. Leite III, Flamínio Fávero,Jair de Toledo Xavier, Jardim Aurora,
Joaquim Silvado, Jorge Luiz Borges, José MariaReis, Profa. Heloísa Carneiro, Prof. Augusto R.
Carvalho, Leônidas H. de Macedo, Manuel Bandeira,Milton da Silva Rodrigues e Oscar Blóis.
E.E. JOHAN GUTEMBERG
Eu sou repórter do Jornal Mural. Eu achei que foi uma coisa dife rente do que a gente tava pensando, o pessoal gostou do que agente fez. Espero que fique cada vez melhor. E eu espero que incentivea leitura, porque poucos alunos lêem.
Danilo Francisco da Cruz, 14 anos
Eu achei a primeira edição muito boa, foi muito melhor do que eu esperava. Eu espero só uma palavra: Evolução. Pra mim ele temque evoluir, ficar o máximo. E o principal: O público tem que gostar.Pode ajudar os alunos a se comunicar mais, não ficarem só no mundi-nho deles. Eles começam a ver o mundo de outras formas também.
Adriana Matos da Silva, 16 anos
Em relação à direção, a gente teve todo o apoio, temos a sala 13 só parao jornal, temos a da coordenação onde os alunos podem usar todos os
materiais e até no almoxarifado, com o material da escola. Quanto aosprofessores, somente alguns, ainda oferecem um pouco de resistência.
Elisabeth Sueli de Paula, professora coordenadora do jornal
Eu adorei, amei, mais uma vez quero parabenizar a revista pela participação, por esta dedicação e preocupação com a escola pública, por-
que acho que isso facilita o nosso trabalho de alguma forma, um trabalho,que enquanto professora, em sala de aula, você pensa em fazer, mas derepente não encontra apoio. Então eu acho que a Viração é a primeira aestar fazendo esse trabalho.
Quitéria Santana Ribeiro, Diretoria de Ensino Norte 2
Aidéia do jornal, de ter um espaço na escola para os alunos falarem, ver aquilo
que eles pensam, é uma idéia que eu tenhodesde que eu entrei no magistério. Porqueo adulto fala e o aluno ouve, sempre o pro-fessor fala e o aluno cala, o pai fala e o filhocala. Na hora que eu recebi o convite da di-retoria para participar eu me senti muitobem, grata, e veio na hora certa, eu abracei.Pra tirar essa idéia de que a nossa escolafica numa zona violenta, de que é violenta,que não se tem nada de bom aqui por per-to. A escola não é nada, é o que a gente faz.
Rita Maria Dias, professora
Patrocínio: Apoio:
Revista ViRAÇÃO · Ano 5 · no 3710
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ÃO
Revista ViRAÇÃO · Ano 5 · no 371212
Quem aqui gosta de ser ouvido?Então, essa é a melhor definiçãodo que o Geração MudaMundo
proporciona a nós jovens.” As palavras deJosiene, de 23 anos, deram o tom do lança-mento do Programa Geração MudaMundo(GMM), no dia 27 de setembro, em Fortaleza(Ceará). As/os jovens cearenses empreende-dores sociais já podem contar com o apoiode mais essa iniciativa da organizaçãointernacional Ashoka para transformar arealidade por meio de seus projetos, quegeram impacto social positivo na sociedade.
Para a coordenadora do GeraçãoMudaMundo no Brasil, Olívia Martin,o lançamento do Programa no Ceará foiimportante para tornar o GMM, de fato,um movimento nacional. “E também porqueresponde a uma demanda na região Nordes-
te, que precisa de um programapara apoiar as inúmeras iniciativasjuvenis.” O Geração MudaMundocontinuará, a partir da sua expansãono Ceará, a sua expansão paravários outros estados do país.
Depois que teve contato com oprograma de juventude da Ashoka,recebendo apoio metodológico efinanceiro, Josiene e outros jovensunidos por um interesse comumperseguiram seu sonho. Hoje elesdesenvolvem um projeto na zona sul
de São Paulo, chamado Oficina de Mangá, queoferece formação técnica sobre esse tipo de
desenho japonês e trabalha o olhar dascrianças sobre as questões sociais.“Representando toda a GeraçãoMudaMundo, eu tive a dimensão deque somos referências para outrosjovens e que podemos, de verdade,mudar o mundo a partir dos nossossonhos e dos nossos projetos.” As/osjovens cearenses estão vinculadas/osa sete organizações parceiras quedesenvolverão a primeira fase daimplementação do GMM no Estado.“Estas organizações, em sua maioria
Essa geraçãoEssa geraçãovai longevai longe
O Programa Geração MudaMundo chega no Ceará
MAFOANE ODARA, de Fortaleza (CE),e BIANCA PYL, da Redação
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Cré
dito
Cré
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13no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
FEIRÃO DO GERAÇÃO
No dia 20 de outubro a Ashoka realiza a 1a Feira de ProjetosSociais do Geração MudaMundo. A feira se apresenta como
uma oportunidade para os jovens mostrarem como seus sonhosforam transformados em empreendimentos sociais concretos.Durante todo o dia, os visitantes poderão conhecer projetos so-
ciais que envolvem cerca de 400jovens empreendedores, que li-deram 50 empreendimentos di-ferentes em São Paulo. Familia-res, amigos, financiadores, repre-sentantes da mídia, parceiros doPrograma e qualquer pessoa queacredite na visão da Ashoka, deque “Todo mundo pode mudar oMundo”, estão convidados a com-partilhar com os jovens esse mo-mento de celebração de vitórias.
Os empreendimentos vão debibliotecas ambulantes, rádios ejornais comunitários até oficinasde criação de páginas na Internetpara organizações do terceiro se-tor, produção de mangá e grafi-te, reciclagem de vidros para con-fecção de jóias, grupos de dançae teatro comunitários. A feira doGMM terá também participaçõesartísticas de vários grupos cultu-rais. nonononononononono.
O evento acontece das 13 às18h, no Museu Brasileiro da Es-cultura de São Paulo (MuBE), naAv. Europa, 218. O evento conta-rá com a participação especial dealguns atletas reconhecidos
como Ana Moser, Raí Oliveira e Gustavo Borges. Eles integram aorganização Atletas pela Cidadania, parceira da Ashoka, compostapor importantes figuras da comunidade esportiva, que tem comomissão conscientizar, sensibilizar e mobilizar a sociedade no apoioàs causas que contribuam para o desenvolvimento socioeconô-mico do país, com um foco na melhoria da educação e das opor-tunidades para jovens.
de base comunitária, têm como metacoletiva apoiar, acompanhar e lançaraproximadamente 120 empreendimentossociais liderados por jovens até fevereirodo próximo ano”, explica Olívia.
Um dos parceiros é o Centro deEstudos Aplicados de Juventude (Ceaj).Segundo o coordenador da instituição,Caio Feitosa, o GMM veiosomar ao que semprequiseram desenvolver naregião, com o diferencial deoferecer um suporte maisamplo, que inclui formaçãoe apoio financeiro. “Paranós, é um encontro de cren-ças que temos em comumcom a Ashoka. Buscamosvalorizar nossas particulari-dades, seja de gênero, deetnia ou de sexualidade.Assim, temos o nossopotencial valorizado epodemos trazer mudançasconcretas para a nossacomunidade”.
No Brasil desde 2006,esse programa internacionalda Ashoka vem auxiliandojovens entre 14 e 24 anosa criarem e gerenciaremprojetos sociais que benefi-ciem as suas comunidades.Por meio dele os jovensrecebem formação, apoiofinanceiro e passam a fazerparte de uma rede mundialde jovens empreendedoresque compartilham idéias epráticas, desenvolvemautoconfiança e capacidadede serem agentes de transformação paratoda a vida. nonononononononono.
Presente em 14 países e quatro conti-nentes diferentes, foi possível para oprograma começar no Brasil, e em outrospaíses, devido ao apoio pioneiro da StaplesFoundation for Learning e a sua filial Offi-ceNet. Além deste financiador internacio-nal, o GMM conta com parcerias nacionais,como o apoio estratégico da ArtemísiaEmpreendimentos Sustentáveis, a Associa-ção Caminhando Juntos – ACJ, Atletas pelaCidadania, Partners Group, MTV e o bancoJPMorgan. Contribuem também de formaessencial na implementação do programaos parceiros locais que trabalham na pontacom os jovens nos diversos estados deatuação – atualmente: São Paulo e Ceará,na cidade de Florianópolis e proximamenteno estado de Belo Horizonte. nononononono nonono nononononononono.
13no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
• Se liga no GeraçãoMudaMundo Façaparte da comunidadevirtual do GMM comparti-lhando seus sonhos com ou-tros jovens no País e no mun-do: www.gmm.org.br
TÁ na MÃOTÁ na MÃO
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Revista ViRAÇÃO · Ano 5 · no 3714 Revista ViRAÇÃO · Ano 5 · no 3714
A TV 2.0 se mostra um novo caminhona democratização da comunicação
FILMES NA FACU
O que te atrai nessa onda de fazer seuspróprios filminhos e botar na net?
– A chance de ver e ser visto, e por fim oreconhecimento do seu trabalho. Também émuito legal as pessoas comentando seus ví-deos, é uma forma barata e rápida de mostrartrabalho. É bom também porque você acabaentrando em contato com pessoas que fazemo mesmo, assim acaba trocando conhecimen-tos sobre o assunto.
Qual a repercussão que seus vídeos vêmgerando? Você já ficou “famoso” por al-gum deles?
– Como o instrumento para colocar os víde-os on-line é o You Tube, a repercussão é medi-da por meio do número de pessoas que assis-tem, ‘linkam’ e comentam. Famosa? hum... nãodiria que fiquei famosa, mas sim um curta, queoriginalmente também era trabalho acadêmi-co, do qual fiz parte, concorreu em Gramado.Foi uma boa repercussão.
Leticia Faddul Nunes, 22 anos, estudantede Publicidade, de São Paulo (SP)
de bolsoTVMARIANA LIMA, do Virajovem Maceió (AL)*
UBIRAJARA BARBOSA DA FONSECA, do Virajovem São Paulo (SP)*
Fazer programas de televisão. Um sonho que muitaspessoas têm está ficando mais fácil com a TV 2.0.Esse é o nome usado quando se fala do processo
de transmissão e troca de vídeos pela internet.O processo tem uma série de vantagens sobre os
sistemas existentes, como o analógico (aquele da TVcomum que assistimos em casa), a TV digital (sistemaque vai substituir o analógico) e a webTV (na internet).
Uma das vantagens é não precisar de provedor,já que o computador é que centraliza a entrada e saídade informações, o que deixa a transmissão muito maisrápida e estável. Não ter servidor também traz outragrande vantagem. Sem estar centralizada em nenhumcomputador, empresa ou país, qualquer pessoa podefazer filmagens e programas e colocá-los na rede,assim como qualquer pessoa que esteja em computador
conectado à internet pode escolherdentre os vídeos feitos em qualquer
lugar no mundo sem que essasinformações tenham que sersubmetidas à aprovaçãode empresas, como acontecehoje na TV comercial,ou de um órgão governamental,
com acontece na estatal.
Essa autonomia leva a uma grande evoluçãoem se tratando de uma informação de todas e todose para todas e todos, a chamada democratização dainformação, uma vez que qualquer um pode produzire veicular informação para todo o mundo, desde quetanto quem produz quanto quem acessa ainformação tenha acesso à internet.
Segundo Sérgio Amadeu, professor da pós-graduaçãoda Faculdade de Comunicação Cásper Líbero e especia-lista em comunicação digital, de São Paulo (SP), a TVpública pode aproveitar bem a TV 2.0. “A TV pública,a que não é só estatal, pode dar um grande salto nafrente da TV comercial, pois não tem interesse mercado-lógico sobre aquilo que veicula. Ela tem mais interesseno conteúdo do que nas verbas de publicidade como
Sérgio Amadeu aponta asvantagens da TV 2.0
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15no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
• Uma carroça de madeira quetransmite on-line vídeos manifestosde pessoas na rua.www.manifesto21.com.br/manifestese2006/• Vídeo-arte de Natália Lemoswww.youtube.com/watch?v=jwACiA14Ahw• Site onde podem ser encontradas musicas,álbuns inteiros em Creative Commons, livrespara serem baixados e autorizados pelos autores.www.jamendo.com.pt• Vídeo-arte de Natália Lemoswww.youtube.com/watch?v=HDBD-bqon7I
TÁ na MÃOTÁ na MÃO
15no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
RECONHECIMENTOVocê filma com qual equipa-mento? (celular, máquina fo-tográfica, filmadora)
– Comecei com filmadora digi-tal (de um amigo), até que com-prei uma webcam. Os últimos ví-deos são todos de webcam. Nosvídeos com máquina digital (dápra perceber, pelos movimentosda imagem) tinha alguém filman-do pra mim, na webcam eu sem-pre estou sozinho.
Qual o gênero dos seus vídeos, normal-mente (comédia, doc, clip, terror)?
– Digamos 50% comédia e 50% lirismo. Osoutros são músicas que me tocam muito e euadoraria passar isso pra quem também senteo mesmo. Ah, eu escolho filmar as músicas quegosto de tocar, geralmente as que estouempolgadíssimo na semana (ou no mês!).
Ivan “Minduim” Lopes Neto, 23 anos,biólogo, Maceió (AL)
tem a grande mídia, para quem a criatividade é importantedesde que ela alavanque o seu negócio”, conta Amadeu.
O professor faz uma comparação interessante para explicarsua visão sobre essa nova fase da comunicação. “Antes, para ouvirmúsica, você tinha que pegar um LP (long play ou disco de vinil),colocar no toca-discos. Depois veio o CD, mas o que importa nãoé onde você escuta, o suporte, é o que você escuta.A digitalização faz isso, liberta o conteúdo do suporte.”
*Integrantes de dois dos 17 ConselhosEditoriais Jovens da Vira espalhados pelo País
([email protected] e [email protected]).
VÍDEO-ARTEO que te atrai nessa onda defazer seus próprios filminhose botar na net?
– Na verdade não os vejo como“filminhos”... São vídeos sérios.Como estudante de Artes Plásticas,trabalho com vários meios de re-presentação, e o vídeo é um de-les. Colocá-los na net é uma for-ma de tornar a arte mais acessí-vel. A arte tem que ser acessível!
Em que ou em quemvocê se inspira pra criarseus vídeos?
– Complicado. Não tenhonada específico. Cada vídeosurge de alguma coisa.Acho que tudo é inspiração.
Natália Lemos,22 anos, estudante deArtes Plásticas e Tea-
tro, de São Paulo (SP)
COMÉDIAO que mais te atrai nessa ondade fazer seus próprios filminhose colocar na net?
– Meus amigos verem e se diver-tirem.
Você filma com qual equipamen-to (celular, máquina fotográfica,filmadora)?
– Celular e máquina fotográfica,bem amador mesmo... Não foi pro-posital, pra botar no You Tube, não.
Qual é a repercussão que seusvídeos vêm gerando? Você já fi-cou famoso por algum deles?
– Hum... Que eu saiba nenhuma...Acho que já arranquei algumas risa-das, somente.
Caíque Guimarães Balbino,20 anos, estudante universitá-
rio de Biologia, Maceió (AL)
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Revista ViRAÇÃO · Ano 5 · no 3716
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AtitudeAtitudeRAIMUNDA FERRAZ e SIDNEI COSTA,
Fotos de Raimunda Ferrazdo Virajovem de São Luís (MA)*
na busca por cidadania
A galera da Rede Sou de Atituderealiza o 1o Social da Juventudena zona rural de São Luís com show,palestras e muita cidadania
na busca por cidadaniaEm uma sociedade de desigualdades econômicas
e sociais tão notáveis, o protagonismo de crianças,adolescentes e jovens torna-se fundamental para
intervir nas questões que afetam sua vida, enquanto sersocial. Com o intuito de estimular essa participaçãosurgem grupos de jovens, como as pastoraisdas igrejas. Nesses espaços, as/os jovensestão construindo uma história, na qualsão as atrizes e os atores principais.
Em sintonia com esse pensamento,a Rede Sou de Atitude do Maranhãorealizou o 1o Social da Juventude,na zona rural de Vila Cruzado, no bairrodo Tibirizinho, em São Luís. O evento foiiniciado por Ismael Silva Rodrigues, juntocom alguns jovens da Igreja BatistaMontesinai, com o objetivo de oferecerserviços àquela comunidade.
O evento contou comserviços de atendimento Psico-social e Jurídico, palestra sobredrogas e suas conseqüências,realizadas pelo Grupo Especialde Apoio as Escolas (Geap), epalestra sobre doenças sexual-mente transmissíveis (dst),além de corte de cabelo realiza-do por um jovem da própriacomunidade.
Segundo a diretora MariaNazaré Alves Campos, da escolaCentro Educacional do Maranhão (CEMA), onde aconte-ceu a ação, a realização de eventos como esse é muitoimportante. “A juventude do Tibiri precisa de muitaorientação, palestras, projetos para melhorar a situaçãodas famílias do bairro”, opina a diretora. Ela conta aindaque realizar projetos, principalmente na área de esporte,é necessário pela demanda que há no local. “A garotadaquer jogar futebol e, no entanto, não dispõem do principalmaterial que é a bola. Se houvesse incentivo iria ajudá-losa não ficar ociosos e nas drogas”, lembra a diretora.
A instrutora Débora Souza, do Programa AgenteJovem, lembra o quanto as comunidades necessitamde várias políticas, como a de lazer, segurança e saúde.
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Débora disse que a iniciativa da rede émuito importante para as pessoas aprende-
rem a se prevenir. “As dstsestão se proliferando emgrande escala e percebe-se quese não houver informaçãoserá difícil haver tratamento,considerando a maneira comoas políticas públicas estãose conduzindo”.
Durante a noite foramsorteadas 28 bolsas para cursosde informática básica e 10 detelemarketing, doadas pelaempresa Data Control, o queproporcionou um maior
respaldo à primeira ação social da Rede. As atividadesacabaram ao som da banda Alto Refúgio, Vocal dosJovens da Igreja Batista Montesinai e Marlon Brendo.Houve até uma homenagem ao morador Zezinho, pelosbenefícios que trouxe para a comunidade por meio desua atuação na União de Moradores do Tibirizinho. Noseu discurso, ele disse que o que conseguiu é poucodiante do que ainda precisa ser feito. “A juventude temque ter atitude”, finaliza Zezinho.
*Integrantes de um dos 17 ConselhosEditoriais Jovens da Vira espalhados pelo País
17no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
Da floresta
Dessano, Ticuna, Tukano, Bororó, Xavante,Wanana, Sateré-Mawé, Pataxó e muitasoutras etnias foram representadas por
36 adolescentes e jovens indígenas no 2o Encon-tro Nacional dos Povos das Florestas, que rolouentre 18 e 23 de setembro. Em atividades especí-ficas, as/os garotas/os tiveram a oportunidade defalar sobre as suas realidades nas aldeias ou nacidade, suas angústias, esperanças e o queprecisam para enfrentar os problemas. Elas eeles foram trazidas/os pelo Fundo das NaçõesUnidas para a Infância (Unicef), que fechouparceria com a Vira para a Agência ViraJovemde Notícias envolver a galera na produção dereportagens e fotos do evento. A iniciativacontou ainda com apoio da Coordenação dasOrganizações Indígenas da Amazônia Brasileira(Coiab), do Conselho Nacional dos Seringueiros(CNS), do Grupo de Trabalho da Amazônia (GTA)e do Movimento de Estudantes Indígenas doAmazonas (Meiam), das Agências Girassolidárioe Ciranda, da Agência de Notícias dos Direitosda Infância (Andi), da organização Ashoka e doNúcleo de Comunicação e Educação da Escolade Comunicações e Artes da Universidadede São Paulo (NCE-ECA-USP).
Com o objetivo de promover um processode diálogo e interação entre todas/os paraestimular a expressão, valorização cultural eorganização em defesa de seus direitos, o Unicefrealizou uma programação específica para essaturma. Durante os três dias, as e os indígenasapresentaram suas danças e cantos, além departiciparem da Mesa de Diálogos – Crianças,Adolescentes e Jovens das Florestas, coordena-da por Marie-Pierre Poirier, representante doUnicef no Brasil, e produzirem um documentocom suas reivindicações.ESPE
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IVANISE ANDRADE, do Virajovem de Campo Grande (MS)*, LIZELY BORGES,do Virajovem Curitiba (PR)* e BIANCA PYL, da Redação, enviadas especiais do Unicef
Adolescentes e jovens de diversas etnias do Paísforam até Brasília entre 18 e 20 de setembro para participar de discussões e debates
sobre seus problemas e apontar as soluções para suas comunidades
17no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
Bia
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Pyl
Da florestapara o serradopara o serrado
Revista ViRAÇÃO · Ano 5 · no 3718
QUEREMOS O QUE É NOSSO!
No último dia do Encontro, a galera produziu uma car-ta para entregar às autoridades. Foram levantados os
principais problemas que afligem as/os indígenas, jovensou não. Os principais são: a demarcação de território, oacesso à educação e a valorização da identidade cultural.Durante a produção da carta, elas e eles se dividiram emgrupos, separados por temas, e relataram as dificuldadesque vivem em suas aldeias. Confira trechos da carta:
EDUCAÇÃO E AUTONOMIA
Mesmo reconhecendo os avanços registrados nos últi-mos anos, a exemplo da educação bilíngüe em diversasregiões, ainda são muitos os desafios a serem superados para assegurar qualidade na educação. Além danecessidade de levar os princípios da educação contextualizada para todas as escolas indígenas, é funda-mental ampliar e diversificar as oportunidades de acesso ao ensino superior, perspectiva distante para amaioria das/os jovens indígenas.
Para tornar isso realidade, quere-mos a criação de um núcleo de edu-cação indígena federal todo plane-jado pelos indígenas, incluindo osjovens, pois nós conhecemos a nos-sa realidade e sabemos o que preci-samos. (...)
NOSSO TERRITÓRIO
Devido aos constantes conflitosmotivados pela ocupação e possedas terras indígenas, exigimos a de-marcação e ampliação de territóri-os com a presença e a participaçãode toda a comunidade e a agilidadenos processos. Além de garantir aconsulta aos povos indígenas antesda elaboração de qualquer tipo deprojeto dentro e nas proximidadesdo território.
VAMOS CRIAR O CAMINHOTseredzaro Ruri’õ, da etnia Xavante
Falo da luta dos jovens, mesmo que nem todos façam a defesado nosso povo. Neste 2o Encontro Nacional dos Povos da Flo-
resta tivemos oportunidade de participar, opinar, conhecer e tro-car experiências com vários outros povos do Brasil. Este encontrofoi muito rico para o conhecimento tradicional, para fazer união,para se conhecer, para conhecer outros povos.
Somos jovens, temos que participar da luta, a defesa de direi-tos de nossos povos, garantindo a continuação de nossa geração,porque sabemos que durante 507 anos fomos dizimados, massa-crados, nossas mulheres estupradas e outros crimes foram co-metidos contra nós. Somos jovens indígenas, temos que unir for-ças junto com experientes líderes indígenas e não indígenas.
Lutamos pelo meio ambiente porque a natureza somos nós. Oque sentimos agora? O homem branco destruiu a natureza e querdestruir ainda mais, o aquecimento global. Eu estou assustado.
Falo nas reuniões para não destruir a natu-reza porque ela não é nossa, é da humanidade.
Como seria o mundo se não houvesse des-matamento, se os nossos rios não fossem maispoluídos, se não mais instalassem usinas e seo governo começasse a nos consultar quandohá algum programa, como o Programa de Ace-leração do Crescimento (PAC).
A juventude deve pensar na humanidade, nopovo e no planeta. Somos nós jovens que va-mos continuar o caminho. Por isso esse 2o En-contro dos Povos da Floresta me deixou feliz,por conhecer povos e parentes. Eu vi outrosparentes felizes. Pra mim isto já é um grandepasso que nós estamos dando.
Bianca Pyl
18
Lizely Borges
Revista ViRAÇÃO · Ano 5 · no 37
19no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
SEM PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃOCom a carta em mãos, as/os jovens foram até o
Ministério da Educação cobrar seus direitos
Um novo capítulo sobre a aproximação entreo poder público federal e as/os adolescentes
e jovens indígenas do Brasil começou a ser escri-to no dia 20 de setembro, quando foi entregue aoMinistro da Educação, Fernando Haddad, umacarta com desafios e propostas para melhorar aeducação, a saúde, e garantir a manutenção dacultura e identidade dos povos indígenas. Tam-bém participaram da reunião a representante doUnicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier, e o Secretá-rio Nacional de Educação Continuada, Alfabetiza-ção e Diversidade, André Lázaro.
Antes de ser entregue, a carta foi lida e comen-tada pelo jovem Maiko Guajajara, do Maranhão,e pela jovem Luciene Chaves de Jesus, da etniaPataxó, da Bahia. Para Maiko, a entrega da carta éum momento muito importante, pois os povos in-dígenas já lutaram muito para conseguir ter opor-tunidades de participação política.
O jovem questionou a maneira de pensar e ela-borar políticas públicas para os povos indígenas,sempre com uma perspectiva assistencialista.“Não precisamos ser tratados como coitadinhos.Queremos cursinhos para nos preparar para en-trar nas universidades e não cotas. Com isso, va-mos continuar sendo tratados com preconceito ediscriminação”, afirmou.
Para Maiko, antes da criação e financiamentode novos projetos é preciso qualificar as pessoasque irão trabalhar nas aldeias e ouvir o que ospovos indígenas têm a dizer. “Nós é que sabe-mos o que se passa dentro das aldeias. Devemose queremos ser consultados”, concluiu. Lucienetambém falou sobre a importância de participa-ção das/dos adolescentes e jovens indígenas nadefinição de ações para suas comunidades e dis-se que a união dos povos indígenas poderá redu-zir a violência nas aldeias.
CONSTRUIR JUNTOS
Para Marie-Pierre Poirier, do Unicef, é muito im-portante o governo federal iniciar um diálogo comas/os jovens indígenas que são protagonistas desuas comunidades e sabem o que precisa ser fei-to. “Essa carta dos sonhos será entregue a váriasinstâncias e é um documento que mostra o que
deve ser feito para melhorar a educação e garan-tir a preservação da cultura indígena”, disse.
O Ministro da Educação, Fernando Haddad, afir-mou que a preservação da identidade indígena,que é um patrimônio de todo o País, garante apreservação da cultura brasileira. Haddad propôsuma parceria com as/os jovens indígenas paraconstruir uma agenda que servirá de exemplo
para toda a sociedade. “Tomem esse encontrocomo o primeiro de muitos, pois estamos crian-do uma agenda de trabalho conjunto. Precisamoscompreender o que se passa nas aldeias”.
Para o ministro, os povos indígenas estão maisconscientes de seus deveres e passaram a cobraro governo federal, mas “o Estado não está acom-panhando essas demandas no ritmo desejado.Muitas vezes, nos acomodamos com o estágio dasPolíticas Públicas. Mas queremos ir além.”, admi-tiu Haddad.
O Secretário de Educação Continuada, Alfabe-tização e Diversidade, André Lázaro, quis saberdas/dos adolescentes e jovens quais estudavamou já haviam freqüentado escolas indígenas.Como poucos levantaram as mãos, ele admitiu:“Estamos devendo muito a vocês ainda”.
19no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
Bia
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Pyl
Ministro Haddad: primeiro de muitos encontros
Revista ViRAÇÃO · Ano 5 · no 3720 Revista ViRAÇÃO · Ano 5 · no 3720
SER JOVEM INDÍGENA É LUTAR PELO MEU POVOLuciene Chaves de Jesus, da etnia Pataxó
Sou representante dos jovens de Coroa Vermelha, no Sul daBahia, e ser jovem indígena para mim é lutar pelo meu povo
e pelos antepassados. Quero mostrar ao mundo que somos capa-zes de ser um índio de decisões próprias e ensinar a geraçõesfuturas que somos guerreiros do mundo e somos donos da terra.
A luta é uma forma de amar a vida. A cada momento esta lutaestá sendo acabada. Por isso somos jovens de decisões e capa-zes de lutar até a morte pelo nosso povo, enfrentar as dificulda-des com a coragem de um povo guerreiro e lutador.
A luta pelo reconhecimento é muito difícil, o que faz que mui-tos desistam dos nossos direitos. Temos que correr depressa e
dizer que somos livres para lutar e mostrar a nossa cultura, para que ela não se perca.Na minha aldeia temos também um grupo de jovens que está revitalizando a cultura, as danças, o
teatro, a saúde e a educação. Este grupo foi a forma de acabar com as drogas, a exploração sexual eo alcoolismo. Hoje temos vários projetos que foram aprovados pois a união da comunidade e docacique nos deu coragem de viver e mostra que somos capazes.
*Integrante de dois dos17 Conselhos Editoriais Jovens
da Vira espalhados pelo País([email protected] e
QUEM É QUEMVeja quem participou da
cobertura da programaçãoespecial para jovens e adolescen-tes indígenas, do 2o EncontroNacional dos Povos das Florestas:
Comunicadoras• Bianca Pyl, da Viração• Ivanise Andrade, da Agência Girassolidário• Lizely Borges, da Agência Ciranda
Jovens comunicadoras/es• Edinelva Pádua Matos, da etnia Tukano• Glicélia Jesus da Silva, da etnia Tupinambá• Gilce Pereira, da etnia Wanana• Joel Matos Gomes, da etnia Krahô-kanela• Kâhu Wêrimehi, da etnia Pataxó• Luciene Chaves de Jesus, da etnia Pataxó• Mayko Souza, da etnia Guajajara• Noé Ribeiro, da etnia Krahô-kanela• Tseredzaro Ruri’õ, da etnia Xavante
Coordenação Geral• Paulo Pereira Lima
TÁ na MÃOTÁ na MÃO
Luciene: lutar até a morte
Bianca Pyl
Bea
triz
Cai
tana
• No sitewww.revistaviracao.org.br/povos_floresta,confira todo oconteúdoproduzido pelagalera durante oencontro
21no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO 21no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
Promovendo a interlocução entre a sociedadecivil e o poder público, o Fórum de Entida-des e Movimentos Juvenis da Região
Metropolitana de Belo Horizonte (FEMJ/RMBH)é um espaço de debates, troca de experiências ede formação de jovens e educadoras/es.
O FEMJ/RMBH surgiu a partir da realizaçãodo 2o Seminário de Políticas Públicas para aJuventude, em setembro de 2004, organizado porentidades ligadas aos segmentos juvenis deBelo Horizonte e cidades vizinhas. Desde então,o Fórum tem se consolidado como um espaçode discussão e acompanhamento das políticaspúblicas direcionadas aos jovens da regiãometropolitana, articulando ações comuns entreos grupos e movimentos juvenis, bem comoestabelecendo interlocuções com o poder públicolocal e o Fórum Nacional de Movimentos eOrganizações Juvenis.
Ao longo dos três anos de existência, o Fórumtem discutido amplamente temas, como a condi-ção social da juventude brasileira, a atuação dasentidades e seus educadores, os projetos eprogramas governamentais voltados aos jovens.Como exemplo dessa atuação, vale destacar amobilização, em 2006, em torno da criação efortalecimento do Conselho Municipal de Juventu-de de Belo Horizonte. O FEMJ/RMBH promoveudebates e atuou decisivamente na articulação dosmovimentos juvenis para o processo de discussãoe eleição desse Conselho.
Atualmente, os integrantes do Fórum, que hojeenvolve cerca de 42 entidades e movimentosjuvenis, trabalham intensamente na preparação
Minas no
FABIANA IBRAHIM ePABLO ABRANCHES,
do Virajovem deBelo Horizonte (MG)*
do seminário Juventudes e o Acesso à Cidade:Construindo Direitos. O objetivo do evento éaprofundar a discussão da temática do acesso àcidade, concretizada nas questões do o direito deir e vir – passe livre – e da violência contra a/ojovem, que se desdobra nos debates sobre aredução da maioridade penal e a violência policial.De acordo com Juarez Dayrell, representante doObservatório da Juventude da UFMG no Fórum,“a idéia é agregar os debates e esforços em tornode um conjunto bem delimitado de questõesimportantes nos contextos nacional e local deconstrução de políticas públicas de juventude”.
No evento, serão construídas estratégias, umaagenda de mobilização e articulação dos movi-mentos e entidades, além de pautas para odiálogo com o poder público no processo deconstrução de políticas para a juventude.De acordo com Rafaela Lima, representante daONG Associação Imagem Comunitária no Fórum“a proposta do evento é sair do plano das discus-sões genéricas, uma vez que o universo dequestões e demandas relacionadas à juventudeé muito amplo, e estabelecer um conjunto dequestões prioritárias frente às quais sejapossível construir propostas efetivas”.
Somente com a participação de todas/os é queiremos garantir a construção de políticas públicaseficazes e que representem a diversidadejuvenil do nosso país.
*Integrantes de um dos 17 ConselhosEditoriais Jovens da Vira espalhados pelo
País ([email protected]).
debate
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Minas nodebateEm Belo Horizonte, a galera conquista
espaço para discutir sobre políticas públicase articular o movimento juvenil
VirajovemBelo Horizonte
Revista ViRAÇÃO · Ano 5 · no 3722
Galer
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O protagonismo juvenilganha relevância na Secre-taria Municipal de Educaçãode João Pessoa, devido aotrabalho desenvolvido peloNúcleo de Inclusão Socialda Diretoria de GestãoCurricular, a partir daarticulação do CentroCultural Bájò Ayò, com oapoio do Fundo Juntos pela Educação.O trabalho deu frutos e o primeiro deles é acriação da Coordenação de ProtagonismoInfanto-juvenil, onde as/os adolescentesestão preparando um encontro com apresença do prefeito, secretárias/os,gestoras/es, alunas/os e educadoras/es das92 escolas municipais e entidades convida-das (Rede Pró Criança e Adolescente(Remar), Fórum da Criança e do Adolescen-te (FDCA), Projovem).
Um documento elaborado pelas/osalunas/os expressa a importância de teruma coordenação voltada para as questões
dos adolescentes tendo como prioridade aparticipação das/os estudantes no processoeducativo, utilizando como um dos instru-mentos pedagógicos a Revista Viração.Este é um momento histórico da organiza-ção do movimento estudantil do municípiode João Pessoa.
Esta ação amplia espaços de discussãoocupados por crianças e adolescentes nodesempenho de papéis e funções quebuscam transformações aproximandoalunas/os e educadoras/es propondo açõesna escola e comunidade. Espaços permi-tem o desenvolvimento pessoal e social de
crianças e adolescentes, o exercí-cio da cidadania, o envolvimentocoletivo, a cooperação socialatravés de práticas que contribuempara a vida adulta.
*Integrante de um dos 17Conselhos Editorias Jovens da
Vira espalhados pelo País([email protected]).
NIEDJA RIBEIRO,do Virajovem de
João Pessoa (PB)*
Projeto em João Pessoa dá prioridade às/aos jovens em processos educativosNiedja Ribeiro
Alunos da rede municipal terão acesso ao conteúdo da Viração
23no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
DE OLHODE OLHODE OLHODE OLHODE OLHONONONONONOECAECAECAECAECA
DE OLHODE OLHODE OLHODE OLHODE OLHONONONONONOECAECAECAECAECA
Ivo Sousa
Saiba sobre seus direitose deveres, garantidos pelo
Estatuto da Criançae do Adolescente
porPALOMA KLISYS
23no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
• Relatório Situação daInfância Brasileira 2006http://www.unicef.orgbrazil/sib06h.htm
• Relatório Situação daInfância no Mundo 2006http://www.unicef.org/brazilsowc06/index.htm
• Jornada de Luta em Defesada Educação Públicahttp://www.adital.com.br/sitenoticia.asp?lang=PT&cod=29101
TÁ na MÃOTÁ na MÃO
Se liga no ConselhoQuem acompanha as notícias sobre infâncias e
juventudes no Brasil, sabe que enfrentamos umasérie de dificuldades para o exercício de direitos
básicos. Conforme os Estados e regiões percebemosrealidades paralelas, coexistentes e marcada-mente desiguais. A garantia do que ébásico ainda corre o risco de sofrer retro-cessos. Redução da maioridade penal,a dificuldade de garantia da educaçãopública de qualidade, o direito de teracesso ao conhecimento, de contribuirpara a gestão de políticas públicas para oenfrentamento da violência.
A partir do momento em que oEstatuto foi aprovado, todos os municípiosdo território nacional passaram a ter aobrigação de garantir condições para queexista pelo menos um Conselho Tutelar emfuncionamento. O nome é estranho mas, naprática, o Conselho é um órgão público queserve para agilizar coisas muito práticas quepodem fazer a diferença na vida de uma criançaou um adolescente. O Conselho tem a funçãode requisitar serviços públicos nas áreas de saúde,educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança.
De acordo com o ECA, o Conselho também é responsávelpor “encaminhar ao Ministério Público notícia de fato queconstitua infração administrativa ou penal contra os direitosda criança ou do adolescente; encaminhar à autoridadejudiciária os casos de sua competência; providenciar a medidaestabelecida pela autoridade judiciária; requisitar certidõesde nascimento e de óbito de criança ou adolescente quandonecessário; assessorar o Poder Executivo local na elaboraçãoda proposta orçamentária para planos e programas deatendimento dos direitos da criança e do adolescente”.
Como órgão público, o Conselho deve ter um local de fun-cionamento e uma equipe composta por cinco membros dacomunidade com mais de 21 anos de idade. O processo para aescolha dos membros do Conselho Tutelar deve ser estabeleci-do em lei municipal. A legislação determina que os recursosnecessários ao funcionamento do Conselho Tutelar devem serprevistos na lei orçamentária. A implementação
de um Conselho Tutelar é uma estratégia de defesae garantia dos direitos previstos no Estatuto.
Se no seu município simplesmente não existirum Conselho Tutelar, informe-se, compartilhe
indignação e novos saberes sobre oscaminhos de fazer valer osseus direitos, organize açõese estratégias com outraspessoas e procure o Ministé-rio Público. Lembre-se quevocê pode usar o Art. 14,afinal: “é garantido o acessode toda criança ou adolescen-te à Defensoria Pública, aoMinistério Público e ao PoderJudiciário, por qualquer deseus órgãos”.
*Paloma Klysis é escritora,autora de Drogas: Qual é o
Barato e Do Avesso ao Direi-to ([email protected]).
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Se liga no Conselho
Revista ViRAÇÃO · Ano 5 · no 3724
GALERAREPÓRTER
Espelhos
A galera de Fortaleza conversa com o assessor da juventudeda cidade sobre o atual quadro das políticas públicas para as/os jovens
Financiamento de empreendimentos das/os jovens,oportunidades de formação e qualificação profissionalpara a juventude são algumas das políticas executadas
em Fortaleza (CE). Compartilhando diversas experiências,as/os virajovens de Fortaleza bateram um papo descontraídocom Afonso Tiago de Sousa, assessor da Juventude daPrefeitura de Fortaleza e estudante do curso de História,na Universidade Estadual do Ceará (UECE).
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KEYWILLA VENCESLAU, AMANDA GIRÃO, BETO ARCANJOe JERSEY ALBUQUERQUE, do Virajovem Fortaleza (CE)*
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Na conversa, Afonso opinou sobre diversos assuntos,embasado na sua vivência profissional e no MovimentoEstudantil. Quando estudante da Escola Técnica Federal
do Ceará, atual Centro de Formação e Educação Tecnológica(CEFET), o jovem iniciou sua militância como presidente do
grêmio estudantil. A partir daí, aguçou seu interesse pela ques-tão social, envolvendo-se em vários movimentos juvenis, como a
Pastoral da Juventude do Meio Popular, nos movimentos de esquer-da, tornando-se, mais tarde, assessor, à época, da vereadora
Luizianne Lins, atual prefeita de Fortaleza.
Quais são os principais projetos da Prefeitura de Fortalezapara a juventude?
– Temos o CredJovem Solidário, que oferece financiamento para jovensatravés da tecnologia da economia solidária. O Programa Nacional de Jovens(Projovem), em parceria com o governo federal, atende aos jovens de 18 a 24anos, visando a elevação da escolaridade, a qualificação profissional e odesenvolvimento de ações comunitárias. Estamos desapropriando terrenos eelaborando projetos para a construção de Centros de Juventude, chamados de
Centros Urbanos de Cultura e Arte, Esporte e Tecnologia (Cuca), oferecendocursos de cultura e esporte. Com a Fundação da Criança e da FamíliaCidadã (Funci), temos dois projetos: Agente Jovem e Adolescente Cida-
“O Brasil não tem tradiçãode políticas específicas
para a juventude”
A pesquisa Retratos da Fortaleza Jovemfoi realizada pela ONG Instituto de Juventu-de Contemporânea (IJC) em parceria com aPrefeitura de Fortaleza. Segundo a pesquisa,para 21% das pessoas de 15 a 29 anos deFortaleza, a pior coisa em ser jovem é a falta
de trabalho e renda. Ter um emprego,uma profissão, está entre as maiorespreocupações para 31,1% dos moradoresinseridos nessa faixa etária.
Para 65,1%, a violência é um assuntoimportante para ser discutido pela sociedade,
sociedade
25no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
dão, que atendem maisde dois mil jovens entre 15 e 21anos. Algumas obras públicas têmsido pensadas a partir de demandaspropostas por jovens, como nobairro Beira Rio, que temos em fasefinal de construção um espaçopara esportes radicais.
De que forma as/os jovensparticipam?
– Contamos com espaços departicipação, como o OrçamentoParticipativo da Juventude, onde sãoapresentadas ao poder público suasreivindicações, para a elaboração doorçamento da cidade, e o ConselhoMunicipal de Juventude, recém-criado, que conta com 30 membros,quase todos jovens, sendo 20 daSociedade Civil e 10 do poderpúblico (Executivo e Legislativo).Outras secretarias têm ações espe-cíficas para a juventude como aFundação de Cultura, Esporte eTurismo (Funcet), que desenvolveua Rede Música Ativa, unificando trêsgrandes festivais de rock da cidade,reunindo jovens numa série deatividades para esse público. Outroexemplo é a Secretaria de Educaçãoque, em parceria com o governofederal, desenvolve o ProgramaEscola Aberta, possibilitando quenos finais de semana as escolas
ofereçam atividades para a comuni-dade. Quando eu era mais novo,lembro que pulava o muro da escolanos fins de semana para jogar bola,o que é um absurdo! Estão sendoconstruídos espaços para a InclusãoDigital. A prefeitura já construiu trêsequipamentos, as chamadas CasaBrasil, onde a comunidade temacesso à internet e conhecimentosbásicos de Informática, fora oslaboratórios de informática espalha-dos pelas escolas municipais.
É raro ver prefeituras comórgãos especialmente voltadospara a juventude. Como se deua experiência na prefeiturade Fortaleza?
– O Brasil não tem tradiçãode política específica para juventudee Fortaleza tinha muito menos.As gestões anteriores nunca tiveramuma ação para o público jovem.Na verdade, o que havia era umapolítica para adolescentes, apenasuma extensão da política de criançae adolescente. Tentava-se cumprir o
Estatuto da Criança e do Adolescen-te (ECA), mas não se dava conta dequem passava dos 18 anos. Comoa prefeita foi uma militante demovimento da juventude, ela tinhaum entendimento melhor dessaquestão. Fora isso, também noBrasil, as pessoas estão começandoa ter a compreensão de que ossegmentos sociais específicosprecisam de políticas específicas,como exemplo as voltadas para asmulheres, os portadores de deficiên-cia. Outra coisa é que reconhecemosa juventude como um segmentoestratégico sob o ponto de vista datransformação social, se houver uminvestimento, podemos ter ummundo melhor. Assim, estaremosinvestindo na sociedade como umtodo. Por tudo isso, foi criada aAssessoria de Juventude, umaequipe composta por jovens, ligadadiretamente ao gabinete da prefeita,responsável por diagnosticar eacompanhar a política de juventudemunicipal. Temos a tarefa de evitaruma coisa que era muito comumnos governos: a desconexão dasações entre os órgãos.
Hoje vocês têm o perfil dojovem de Fortaleza, depois derealizada a pesquisa Retratosda Fortaleza Jovem. Como sedeu esse processo?
– A pesquisa serviu para diagnos-ticar vários aspectos da juventudede Fortaleza. É um trabalho densoque nunca foi feito na cidade. Compouco mais de mil jovens entrevista-dos, nosso objetivo era conhecer asituação desses jovens sob ospontos de vista econômico, cultural,social, expectativa em relação aoPoder Público e em relação à suaprópria vida. A pesquisa foi feita pormeio da parceria da prefeitura com aONG Instituto de Juventude Contem-
25nº 37 · Ano 4 · Revista ViRAÇÃO
e 60,5% dos entrevistados apon-tam a educação como tema que deveria ser debatido comprioridade. A pesquisa foi realizada no fim do ano passado,em 40 bairros da cidade, e foram ouvidos 1.734 jovens.
O levantamento, composto por 123 perguntas, foi aplicadopor meio de Inquérito domiciliar por alunos do programa
Revista ViRAÇÃO · Ano 5 · no 3726
porânea (IJC). A coletados dados foi feita porjovens, com a ajuda dosmestres da academia,universitários, doutoresque ajudaram a desenvol-ver a metodologia eanalisar os dados. Foifundamental que osjovens pesquisassemjunto à comunidade.Dessa forma o jovem querespondia tinha maispossibilidade de falar a verdadesobre temas polêmicos, comosexualidade, drogas e preconceito.A pesquisa revelou dados que nospossibilitam a melhor elaboraçãodas políticas e, daqui a alguns anos,quando a pesquisa for refeita, nóspossamos ver com detalhes o queestá acontecendo com a juventudee qual o impacto das políticas dejuventude.
Qual é o perfil do jovem deFortaleza, em relação ao queeles esperam da vida, referên-cias, valores, enfim, no geral?
– Uma notável característica dacidade é a grande parcela de jovensna população. A juventude brasileiraé muito diversificada, principalmen-te em Fortaleza, onde há um êxodomuito grande do interior pra capital.É uma juventude muito dividida.Se compararmos um jovem debairro pobre com outro de classemédia, eles vivem em mundosdiferentes. Então, temos umadiferença cultural muito forte. Temosum jovem que tem as suas tribos,que gosta de coisas distintas.Fica muito difícil dar um perfil únicoda juventude de Fortaleza. A caracte-rística seria na realidade, essa faltade característica uniforme.
O que esses jovensgostam de fazer?
– De acordo com a pesquisa,eles têm muita vontade de viajar,são muito influenciados pela TV, pela
moda, pelas marcas, pelo mercadocapitalista, pela competitividade epelo individualismo. Por isso, é tãoimportante a comunicação alternati-va, popular, feita na escola, na ONGe na associação comunitária, comocontraponto a uma sociedade doespetáculo que se forma onde ojovem deixa de ‘ser’ e passa a‘parecer’. Outra coisa é que o jovemcompete em tudo, seja pra entrar nauniversidade, seja no mercado detrabalho, seja nos esportes. Isso levaa outra problemática: as rivalidades.Então, o jovem muitas vezes vê nooutro, não um parceiro mas, sim,um rival. Por isso, nós temos asdisputas do tráfico, do roubo e,ainda, pelo controle moral doterritório, dos bairros. Isso marcanão só a juventude da periferia, mastoda a juventude da cidade. Comodiz a socióloga Regina Novaes:“Na juventude se escreve umaopinião que a sociedade está cons-truindo. Às vezes as pessoas achamque a violência é fruto da juventude,quando não é. A violência é fruto deuma sociedade que está se constitu-indo violenta, e por isso, se expressana juventude”. É uma coisa que émuito mais construída pelas gera-ções passadas. E nós achamos quea juventude pode ser agente pararesistir e criar novas relaçõessolidárias, democráticas, comunitá-rias, pra fazer uma sociedade nova.
Os projetos sociais dependemmuito da juventude, quase que
totalmente. O que a/ojovem deve fazer paramelhorar o desenvolvi-mento desses projetose até ampliá-los?
– O papel da juventudeé participar dos espaçosdemocráticos que já estãoabertos, reivindicar pormais, apontar para oPoder Público suasnecessidades e exigir.Em qualquer lugar que o
jovem esteja, ele tem que exigir quehaja um orçamento voltado prasquestões juvenis, discutido demo-craticamente. Se não tiver orçamen-to, é apenas discurso. E se não fordebatido com os jovens, pode virarapenas uma “política pra jovens”,uma política com a qual a juventudepode não se identificar. Por exemplo,no Projovem, a gente já passouumas boas com os representantesde turma. Periodicamente, pedimospra que eles coloquem todos osproblemas identificados no progra-ma. Aquilo pra gente é sagradoporque o primeiro problema aresolver é o que foi levantadopelo jovem atendido.
Você pode deixar uma mensa-gem pra juventude?
– Os jovens deveriam valorizarmais as coisas simples e maispróximas deles, como as amizades,a comunidade, a escola do bairro,a pracinha porque, assim, podemtransformá-las. Eu diria que a saídaé coletiva. Que todos unam-se e seorganizem pra transformar essasociedade porque a vida de cada umsó vai mudar se houver uma trans-formação geral. Ao invés de ficarcada um tentando se salvar é melhorse juntar pra tentar salvar todomundo. Seria mais correto.
*Integrantes de um dos 17Conselhos Editoriais Jovens
espalhados pelo País([email protected]).
Revista ViRAÇÃO · Ano 5 · no 3726
• ProJovemwww.projovem.gov.br• Retratos da Juventude de Fortalezawww.retratosdafortalezajovem.org.br
TÁ na MÃOTÁ na MÃOPrimeiro Emprego. A partir das informações obti-das, a administração municipal está lançando umachamada pública para graduados e estudantes doensino médio, estimulando-os a produzir pesquisase estudos voltados para as/os jovens.
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27no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
IVANISE ANDRADE,do Virajovem de Campo Grande (MS)*
e BIANCA PYL, da Redação
Durante o 2o Encontro Nacional dos Povos das Florestas,ocorrido entre 18 e 23 de setembro, em Brasília, os rituaisda Tucandeira, realizados com meninos Sataré-mawé, e o
da Menina Nova, feito pelas indígenas Ticuna, foram demonstradospara os participantes da Mesa de Diálogo – Crianças, Adolescentes eJovens das Florestas, coordenada por Marie-Pierre Poirier, represen-tante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil.
“A menina é preparada para casar e se tornar a coluna de susten-tação da família.” É assim que Cláudia Ticuna, de 29 anos,resume a importância do ritual da Menina Nova, praticadoem sua aldeia. Segundo ela, não há a fase da adolescência
27no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
Esta seção tem opatrocínio do Unicef
nos costumes de sua etnia. As meninas deixam de sercrianças quando menstruam pela primeira vez ecomeçam a ser orientadas pelas anciãs da aldeia paraassumir sua condição de mulher, de esposa e de mãe.
“O ritual começa com um resguardo de algunsdias, momento em que as anciãs nos ensinam novoscomportamentos. Durante a festa da Menina Novaentramos e saímos sem falar nada, agüentando comforça e coragem enquanto todos os nossos cabelossão arrancados. É um ritual sagrado e um momentopara sermos apresentadas como mulheres para acomunidade, prontas para casar”, explica Cláudia Ticuna.
Todo o ritual traz ensinamentos e significados que serão importan-tes para toda a vida, como a paciência, a auto-estima, a tolerância,a força e a coragem. “Os mais velhos tem uma visão que só osdeuses têm”, afirma, explicando porque as palavras das anciãs têmtanto valor. “Cada conselho dos velhos é como um chip que ficadentro do coração. Muitas vezes permanece adormecido, mascontinua pulsando e é usado sempre que precisamos”, completa.
Para Cláudia Ticuna, as/os jovens passam por tantos problemasatualmente, como as drogas e o suicídio, porque não selembram que tem um clã, uma família,uma história, que têm costumes e uma origem.“Muitos não sabem de sua própria cultura.”
*Integrante de um dos 17 ConselhosEditoriais Jovens da Vira espalhados pelos País
PRA VER
Rito de Passagem,de Ângela M. Pappiani
O documentário mostraritos de oito povos indígenasdo Brasil: Tukano, Xavante,Guarani, Krikati, Karajá,Mehinaku, Kaxinawá eBororo.
Viagem ao MundoIndigena, de Luis
Donizete BenziGrupioni (EditoraBerlendis e Vertecch,1997)
Este primeirovolume da ColeçãoPawana nos apresenta
noites enluaradas, preparati-vos para a festa de ummenino Ukewái que vaitornar-se rapaz. Há tambémo rito de passagem dainfância da menina Kadiwéupara a puberdade.
• Instituto de Desenvolvimentodas Tradições Indígenaswww.ideti.org.br
TÁ na MÃOTÁ na MÃO
Na cultura indígena, os rituais marcam a passagem da criançapara a vida adulta. Alguns são marcados por dores físicas,que após serem suportadas, permitem a entrada na nova fase Bianca Pyl
Ritos de passagemPRA VER
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Ritos de passagem
Revista ViRAÇÃO · Ano 5 · no 3728
Os quadrados coloridos quecongelaram um instante dacultura da infância foram
produzidos por jovens durante asoficinas de fotografia promovidaspelo Centro de Referência Integralde Adolescente (CRIA), em 2006/2007e coordenadas pelo fotógrafoRogério Ferrari.
A primeira etapa da oficina aconte-ceu em Salvador. As/os jovens fotogra-faram as comunidades onde vivem.Depois, o mesmo processo foi realiza-do em Andorinha, pequena cidade doSertão Baiano. O grupo, de 33 jovens,com idades entre 15 e 21 anos,buscou revelar os brincantese seus brinquedos.
Andorinha e as comunidadesretratadas em Salvador fazem parteda Rede Ser-tão Brasil, articulaçãoprovocada pelo CRIA. Um movimentocultural pela transformação social querevela coletivos (grupos comunitáriose núcleos de arte e educação), cone-xões entre pessoas que buscam novaspossibilidades de desenvolvimento evida simples e digna para todos etodas, em muitos lugares. Olhares deBrinquedo é uma expressãode tudo isso.
Por meio de exposição de fotos, jovensrevelam os brincantes e seus brinquedos
IMAGENSIMAGENSque viramque viram
Olhares de
Fotos Virajovem deSalvador (BA)
29no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
brinquedo*Integrantes de um dos
17 Conselhos Editorias Jovensda Vira espalhados pelo País([email protected]).
Revista ViRAÇÃO · Ano 5 · no 3730
m um dos diversos debates que acompanharama campanha de lançamento de Batismo de Sanguenos cinemas por todo o país, durante o primeiro
semestre deste ano, o diretor e co-roteirista mineiro HelvécioRatton (que realizou também Uma Onda no Ar) contou que sesentiu recompensado ao ouvir o comentário de um jovem quese surpreendera ao ‘descobrir’ os fatos verídicos recriados pelofilme. “Pensei que essas coisas só tinham acontecido naArgentina e no Chile”, disse o rapaz.
O jovem se referia aos procedimentos adotados por órgãosde repressão do regime militar de 1964 contra todos os que eramconsiderados ‘inimigos’, aí incluídos os universitários que insisti-am em manter ativo o movimento estudantil, mesmo depois daprisão de diversos líderes, e os frades dominicanos acusados de
acobertar ‘subversivos’ ou mesmode executar ações para provocar edesestabilizar a ditadura. Muitos dostais ‘inimigos’ foram torturados.Alguns morreram nos porões doregime. Outros, mais tarde, emdecorrência do que sofreram ali.
Ratton julgou importante contara história vivida por Frei Betto (inter-pretado no filme por Daniel de Olivei-ra, de Cazuza e Zuzu Angel) justamen-te porque, entre outras razões, acredi-tava que o já folclórico desprezo na-cional pela memória do país tinhafeito seus estragos em relação ao queocorreu durante os ‘anos de chumbo’da ditadura que tomou o poder em1964 e o manteve até 1985.
O comentário sincero daqueleespectador vinha confirmar a névoa de desconhecimento sobre o quese viveu naquele período e seus efeitos sobre o país.
Daí, portanto, a urgência de reconstituir alguns eventos enquantoseus protagonistas continuam entre nós. Embora o livro Batismode Sangue (no qual o filme se baseia) seja de Frei Betto, o persona-gem mais importante é Frei Tito (Caio Blat). O choque entre os ideaishumanistas do grupo de frades dominicanos que ousou enfrentar oregime e a dura repressão a que foram submetidos, planejada peloregime para ser ‘exemplar’, está concentrado nessa figura doce quese tornou, até o final da vida, vítima dos fantasmas que passaram aatormentá-lo a partir das sessões de tortura.
Revista ViRAÇÃO · Ano 5 · no 3730
NO ESCURINHO SÉRGIO RIZZO, crítico de cinema...
Batismo de Sangue conta a históriavivida por Frei Betto durante os‘anos de chumbo’ da ditadura
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Com a concordância de Frei Betto,Ratton adotou um tom realista que inco-modou espectadores mais sensíveis acenas de violência. O objetivo era aproxi-mar o filme (ou, ao menos, as seqüênciasde tortura) de um estado de desrespeitoaos direitos mais elementares do homem.A rigor, as imagens de tortura propriamen-te dita duram pouquíssimos minutos.Se elas ecoam na mente do público,é justamente por conta da barbárie querepresentam, e que deve ser lembrada.
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31no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
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ANAMARIA BRASIL,do Virajovem Porto Alegre (RS)*
Criar é Psico é o nome do álbum lançadoem 2003 pela Sublimantes, banda de jo-vens psicólogos que produz suas letras
inspiradas nas teorias e práticas da Psicologia.Tudo começou em 1998, quando eles ainda eramestudantes da Pontifícia Universidade Católica doRio Grande do Sul (PUC)-RS. O professor de umadas disciplinas do curso pediu para apresentaremum trabalho sobre Rogers (um filósofo) da formamais criativa possível. Todos os integrantes de umdos grupos eram músicos. Eles decidiram, então,que iriam escrever uma música (Tio Rogers).Assim eles fizeram em várias outras disciplinas.O som fez tanto sucesso que eles acabarammontando uma banda. No início, faziam paródiasde músicas famosas, mas logo começaram acompor suas próprias músicas.
A produção foi intensa, mas eles ainda nãotinham um nome (pelo menos um que elescurtissem), nem grana para gravar um CD.No embalo da criatividade, tiveram a idéia depedir um auxílio aos colegas e, como contraparti-da, eles poderiam sugerir nomes para a banda.
A experiência deu certo eSublimantes foi o nomeescolhido. O nome vem de
um conceito formuladopor Freud de sublimação
(processo inconsciente dedeslocamento da energiapulsional reprimida paraoutro objeto). “A genteaprendia que música é oque sai da repressão dos
afetos em forma de poesia. Hoje, penso que estápara além disso, arte é uma invenção de vida,uma invenção da realidade”, diz Alexandre Knorre(vocal). A banda é composta por outros cincopsicólogos: Felipe Dable (sax e flauta), LúcioShashamovich (guitarra), Marcos Daou (bateria),Marcos Adegas (gaita de boca) e Felipe Oliveira(contra baixo).
O estilo musical do Sublimantes é maiseclético possível. Rock, Reggae, Pop, Hard Core,Samba, Bossa Nova e até Circense são algumasinfluências. A maioria das letras é criada coletiva-mente. Alexandre conta que algumas delas foramproduzidas em 15 minutos, em momentos de“surtos criativos”, geralmente após algumaexperiência forte e chocante como a ECT (Eletro-Choque Terapia) – composta após ele assistir a taltécnica sendo aplicada. SIDA (ganhadora damelhor música no 9o Festival de Música de PortoAlegre, em 2006) também foi composta a partirdo atendimento a uma mulher soropositiva. Asletras têm caráter reflexivo e crítico docotidiano “psi”, outras brincam comas teorias e pensadores de formainteligente e divertida.
Hoje, além da banda,os integrantes trabalham emdiversas áreas da psicologia:análise institucional, psicologiada educação, clínica,entre outras.
*Integrante de um dos17 Conselhos Editoriais Jovensda Vira espalhados pelo País([email protected]).
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no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
Banda gaúcha faz letras debochadascom teorias da PsicologiaCriar é PsicoCriar é Psico
PRA ENTENDER
FREUD: SigmundFreud (1856-1939)desenvolveu a Psi-canálise, teoria dofuncionamento damente humana
Revista ViRAÇÃO · Ano 5 · no 3732
Deus PequenoMarçal Tupã-YQUE FIGURA...
Tão forte quanto seu próprio nome, foi a mensagem que Marçalde Souza Tupã-Y deixou à população brasileira. Entusiasma-do e corajoso, Tupã-Y, que em guarani significa Deus Peque-
no, lutou pelo reconhecimento dos direitos dos povos indíge-nas, sobretudo no Mato Grosso do Sul.
Tupã-Y nasceu na véspera do natal de 1920, em Rincão doJúlio, distrito de Ponta Porã, no então Mato Grosso. Assim, apopulação indígena ganhou um guerreiro. Órfão aos oito anos,deixou seu Estado e foi para Recife, capital de Pernambuco,aos cuidados da família de um oficial do Exército. Teve suaformação regida pela Igreja Presbiteriana, o que tambémo levou a ter interesse pelos problemas sociais.
Em 1940, Tupã-Y retorna ao Mato Grosso, onde trabalha
FERNANDA LOPEZ, do Virajovem de Campo Grande (MS)*
como enfermeiro do posto da Fundação Nacional do Índio(Funai) na Aldeia Campestre, em Ponta Porã, onde morava.
Defensor da população nativa da América Lati-na, Tupã-Y foi líder dos Guarani em suas bata-lhas para a recuperação dos territórios de seusancestrais. Foi um dos criadores do Movi-mento Indígena Brasileiro, além de ser umdos fundadores da União das Nações Indí-genas (UNI). Em 1983, Tupã-Y foi assassina-do a tiros. O motivo: disputas de terras comproprietários rurais. Suspeitava-se de um fa-zendeiro que teria oferecido dinheiro a Tupã-Y para que convencesse os indígenas de etniaKaiowá, da região de Bela Vista, a sair da AldeiaPirakuá. A proposta era que os indígenas fossem paraas reservas já demarcadas pelo governo federal. Ao recusara proposta, o líder indígena teria sido ameaçado.
Houve dois julgamentos sobre o crime, e nos dois o fa-zendeiro foi considerado inocente. Em 2003, depois de 20anos, o caso prescreveu e os culpados não podem ser jul-gados nem responsabilizados.
Em homenagem ao guerreiro, Campo Grande é a pri-meira capital brasileira a sediar uma aldeia urbana, funda-da na década de 90, chamada Loteamento Social Marçalde Souza Tupã-Y. Cerca de 170 famílias de etnia Terena vi-vem no local, onde também foi construído o Memorial daCultura Indígena Marçal de Souza – uma oca no formatode ema, animal sagrado para os Terena. “A cultura está pre-sente em nossos valores, mesmo sendo uma aldeia urba-na, não significa que deixaremos de cultivar aquilo que é
nosso”, afirmaAlcides de Souza,um dos primeiros mora-dores da aldeia.
Em 11 de julho de 1980, o papa João Paulo II estava noaeroporto de Manaus se despedindo dos fiéis após suavisita ao Brasil. Tupã-Y discursou para o papa: “Dizem queo Brasil foi descoberto. O Brasil não foi descoberto, SantoPadre. O Brasil foi invadido e tomado dos indígenas. Estaé a verdadeira história de nosso povo”. Ganhou, assim, ad-miração e projeção internacional.
*Integrante de um dos 17 ConselhosEditoriais Jovens da Vira espalhados pelo País
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Marçal Tupã-YNovaesDeus Pequeno
33no 37 · Ano 5 · Revista ViRAÇÃO
SEXO E SAÚDE
É normal sentir dores fortesdurante o período menstrual?
Ana Paula, 16 anos
Durante o período menstrual,algumas mulheres sentem umdesconforto leve, que não atrapalhao cotidiano. Aquelas que se sentemmuito incomodadas, com dor quelimita as atividades, devem procuraro ginecologista.
É verdade que a primeira vezde uma menina dói muito?
Rafaela, 15 anos
Algumas mulheres podem sentiralgum desconforto na primeira rela-ção sexual e um sangramento leve.
Todo posto de saúde éobrigado a distribuir preser-
vativo gratuito para adolescen-tes e jovens sem autorizaçãodos pais?Tiago,17 anos
Todo posto de saúde é obrigado afornecer camisinha masculina e femi-nina de graça. O Ministério da Saúdeestabeleceu a distribuição da camisi-nha a partir dos 10 anos de idade.
É verdade que ter filhos comprimo de 2o grau não é bom?
Luciana, 17 anos
Um casal sem parentescoenfrenta o risco de 1,5% a 2% de terum filho com má formação. O riscosobe para 10% quando o casal é deprimos em primeiro grau. Se foremprimos em segundo grau, o risco cai.
O que eu e minha namoradapodemos fazer para evitar
que a camisinha estoure etambém o que podemos fazerse isso acontecer?Anderson Ricardo, 19 anos
Para evitar que a camisinhaestoure ela deve ser utilizada corre-tamente principalmente no que serefere a retirada de ar. Caso ocorraruptura da camisinha, deve-seprocurar um posto de saúde,em até 72 horas para orientaçãocom o ginecologista.
*Integrante de um dos 17Conselhos Editoriais Jovens
da Vira espalhados pelo País.
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CLÁUDIA MARIA PEREIRA FERRAZ,do Virajovem de São Gabriel da Cachoeira (MA)*
MAÍTA POLI DE ARAÚJO, ginecologista de São Paulo (SP) Mudança, atitudee ousadia jovem
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• A cartilha está disponível no siteda Ouvidoria de Polícia de São Paulo(www.ouvidoria-policia.sp.gov.br) e no site doObservatório de Violências Policial (www.ovp-sp.org)ou no Centro de Direitos Humanos do Sapopemba(email: [email protected])
TÁ na MÃOTÁ na MÃO
PARADA SOCIAL
Informação é a melhor saídapara evitar abusos durante
a abordagem policial
OCentro de Direitos Hu-manos de Sapopemba,ba, zona leste de São
Paulo, lançou em setembro,a segunda edição da cartilhaAbordagem Policial, com oobjetivo de informar a populaçãosobre o que a polícia pode ounão fazer durante uma aborda-gem e como denunciar abusos.Com ilustrações e linguagemdidática, a cartilha explica aindacomo e onde denunciar, além dedicas para identificar o agressorde forma discreta.
Nessa segunda edição,foram incluídos: um capítulosobre a abordagem policial nogrupo de Gays, Lésbicas, Bissexuais,Travestis e Transexuais (GLBTT) porque éuma parte da população que sofre muitadiscriminação, e um segundo sobre audi-ências públicas, que são organizadasdentro da própria comunidade para denun-ciar abusos e cobrar políticas públicas.“Esse ponto é fundamental porque asegurança é mais ampla que a questãopolicial, as agressões são só uma ponta,dentro de uma série de violências que ascomunidades em situação de pobrezasofrem, como a falta de escolas, espaçosde lazer, hospitais, capacitação profissional,tratamento de drogadicção etc”, explicaValdênia Aparecida Paulino, integrante doCentro de Direitos Humanos de Sapopem-ba e do Conselho Editorial da Vira..
políciaCuidado,
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Roteiro de Marcelo Monteiro, Max Lander Dias e Leandro Rocha do ViraJovem de Vitória ([email protected]).