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Pensando as emergências Revista trimestral sobre proteção e combate aincêndio, resgate e emergência, atendimento pré-hospitalar e emergências químicas

DIRETORAlexandre Gusmão

SedeRua Lucas de Oliveira, 49 - cj 401Fone (51)2131-0400 - Fax (51)2131-044593510-110 - Novo Hamburgo - RSE-mail:[email protected]: www.revistaemergencia.com.br

São PauloAv São Luís, 86 - cj 191Fone/fax (11)3129-458001046-000 - São Paulo - SP

REDAÇÃOFone: (51)2131-0422E-mail: [email protected]

Editora: Paula Barcellos

Textos: Cristiane Reimberg, Lia Nara Bau, PaulaBarcellos e Sabrina Auler

Foto de capa: Triângulo do Sol Auto Estradas/Henrique SantosFoto resgate do vôo 1907: Força Aérea Brasileira

Ilustrações: Gabriel Renner

Editoração Eletrônica: Karina Brito e ScheilaCristina Wagner

Coordenador Técnico: Sérgio Ceccarelli

Consultores Técnicos: Cloer Vescia Alves, DavidSzpilman, Edson Haddad, Jorge Alexandre Alves,Marco Secco, Randal Fonseca, Rogério Crotti eMárcio Vicente dos Santos

PUBLICIDADERio Grande do Sul:Fone/fax: (51)2131-0430E-mail: [email protected]: Rose Lanius

São Paulo:Fone/fax: (11)3129-4580E-mail: [email protected]: João Batista da Silveira

CIRCULAÇÃOFone/fax: (51)2131-0400E-mail: [email protected]: Cristina Juchem

Assinatura1 ano (4 edições) R$48,002 anos (8 edições) R$82,00Assinatura exterior:1 ano (4 edições) US$30.00Exemplar avulso: R$15,00

ASSINATURAS NOS ESTADOS São Paulo (11)3129-4580 Minas Gerais (31)3081-0802 Goiás: (62)3945-5711 Rio de Janeiro(21)2580-8755 Rio Grande do Sul (51)2131-0400

Reprodução de artigos somente com a autorizaçãodo editor. Emergência não se responsabiliza poropiniões emitidas em artigos assinados, sendo estesde responsabilidade de seus autores.

Tiragem de 10.000 exemplares auditada pelo IVC(Instituto Verificador de Circulação)

Emergência é filiada à ANATEC - AssociaçãoNacional das Editoras de Publicações

A revista Emergência é editada pela

Impressão: Sociedade Vicente Pallotti

A segunda edição da Revista Emergência traz emsua chamada de capa uma tragédia que até o momentodivide um marco na história dos acidentes aéreos no país.Considerado o mais grave da história da aviação brasileira,a queda do boeing da Gol que colidiu com um jato Legacyda Embraer, em setembro, levou 154 vidas e deixou asfamílias e toda a população brasileira em luto.

Deixando de lado o impacto do ocorrido em si, vale apena atentar para as questões técnicas de preparação eorganização das equipes brasileiras de resgate para umaemergência como esta. Bombeiros, militares da FAB (For-ça Aérea Brasileira) com experiência em selva e Exércitoprecisaram utilizar técnicas de rapel, abrir clareiras e andar

quilômetros à procura de corpos, mas, com equipamentosprecários e com efetivo pequeno, a princípio.

Diante deste quadro é preciso avaliar, no mínimo, nãosó como o Governo, mas como o brasileiro pensa as e-mergências. Somente quando acontece? Parece ser estaresposta, mas não a devida, pois, embora todos tenhammorrido, deve-se pensar: e se alguns tivessem sobrevivido?A pequena equipe munida de equipamentos obsoletosconseguiria salvar vidas? Uma política nacional de emer-gências é preciso para reformular recursos humanos emateriais e urgente! Mas também é preciso trazê-la paratodas as instâncias da sociedade brasileira, a maior bene-ficiária de uma cultura forte neste segmento.

ENTREVISTANova circular da Susep traz mudanças para o Seguro

de Incêndio, alterando tabelas e descontos parasistemas protecionais de incêndio e explosão.

06

ATUALIZANDOComo as equipes de resgate do vôo 1907 da Gol

atuaram em meio à selva com equipamentos erecursos humanos precários.

10

ESPECIALA matéria traz os socorros feitos nos acidentes com cargas

perigosas e de trânsito nas rodovias do País.Bombeiros, equipes de resgate e órgãos ambientais

falam de suas experiências e dasalternativas para atuarem com rapidez nas estradas.

22

RESGATENaufrágio do Bateau Mouche marcou o Rio de Janeiro

na virada do ano de 1989. Marcou também os resgatesiniciais, feitos por pessoas anônimas.

37

DEFESA CIVILA importância do padrão na uniformizaçãodos profissionais de Defesa Civil para sua

atuação e reconhecimentoperante a sociedade.

585824 HORAS

O dia de trabalho deum profissional do

Corpo de Bombeirosde São Paulo mostrouque dedicação é parte

fundamental dacartilha destes

profissionais.

40

REPORTAGEMComo funciona o trabalho dos PAMs (Planos de

Auxilio Mútuo) no País, cuja atuação é pautada poragilidade e apoio aos órgãos públicos e empresas frente

a grandes sinistros.

4343

INCÊNDIOConhecer as etapas do fogo é a nova ciência

que os bombeiros estão adotando para utilizartécnicas e opções táticas mais adequadas

de combate ao incêndio.

5353

Emergência 3JULHO / 2006

OPINIÃO

SEÇÕES

APHIntegração e comunicação entre os serviços de

Atendimento Pré-Hospitalar e Pronto Socorropara a melhoria do atendimento às vítimas

em situações de emergência.

4747

ARQ

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Emergência NOVEMBRO / 20064

CARTAS OPINIÕES PARA A SEÇÃO CARTAS:Rua Lucas de Oliveira, 49 - cj. 401 - 93510-110 - Novo Hamburgo - RS - E-mail - [email protected] - Fax - (51)2131-0445

Realidade desarticuladaEm relação à reportagem “Re-

alidade desarticulada”, página 16,Revista Emergência número 1,concordo que a realidade é esta.Porém, espero que um dia as au-toridades competentes tornemisso uma realidade articulada.MÚCIO SILVA

BOMBEIRO

PRAIA GRANDE/SP

CumprimentosEstimo pleno sucesso para a

nova publicação. A segmentaçãode empreendimentos em comuni-cação por temática é um caminhoextremamente adequado para am-pliar o conhecimento dos leitorese propiciar que instituições públi-cas e privadas levem a eles infor-mações específicas. Acreditamosque a Revista Emergência pode-rá contribuir decisivamente comoinstrumento de educação ambien-tal, visando à redução de acidentesque geram passivos na natureza.MÁRIO VILLAS-BÔAS DA ROCHA

JORNALISTA

PORTO ALEGRE/RS

ParabénsSou bombeiro profissional, téc-

nico em Defesa Civil e socorrista.Estas informações são apenaspara situar o quanto venho traba-lhando para tentar prevenir e aten-der emergências. Porém, infeliz-mente, não existe uma cultura noBrasil voltada para esta prática deforma articulada, resolutiva e efici-ente, devido ao não comprometi-mento dos três poderes responsá-veis pela gestão das coisas públi-cas com a devida seriedade. Então,o segundo e o terceiro setor tentamsuprir esta lacuna. Mas, há muito acaminhar e tenho certeza que, a-gora, com este veículo, será possí-vel reunir todos e tudo sobre emer-gência com assuntos variados.MARCO ANTONIO TOMÉ

SANTA LUZIA/MG

NovidadeTemos orgulho em pertencer ao

elenco de colaboradores e admi-

É com imensa satisfação que envio meus votos de sucessopara a Revista Emergência. O material, apresentação, qualida-de e participantes são de altíssimo nível. Nós, da áreade Saúde e Segurança do Trabalho e emer-gência ficamos encantadoscom as matérias, temas e re-portagens. A seção EmergênciaResponde, em particular, foi umponto alto da revista, sendo dife-rente de outras publicações, ondeos leitores executam perguntas semcritério e que qualquer um pode res-ponder, bastando, para isso, pelo me-nos ler um pouco. Esta seção foi bemdiferente, técnica e informativa.MÁRCIO FERNANDO NUNES

TÉCNICO DE SEG. DO TRABALHO E CONSULTOR TÉCNICO

CANOAS/RS

Sucesso

radores da obra que esta Editoraacaba de inaugurar, a Revista E-mergência, como complemento dajá consagrada Revista Proteção.ABRAPHISET - ASSOC. BRASILEIRA DOS PROFIS.DE SEG. E HIGIENE DO TRAB. E MEIO AMBIENTE

SÃO PAULO/SP

AmbulânciaEm atenção à seção Emergên-

cia Responde na resposta “Tri-pulação de ambulância”, gosta-ria apenas de esclarecer o aspec-to legal no Brasil. Sobre o veícu-lo ambulância, o amparo é des-crito na Portaria nº 2048/GM de,5/11/2002, do Ministério da Saú-de. Esta Portaria ainda descrevea capacitação necessária de taisprofissionais (oriundos ou não daárea de saúde) e os materiais/equipamentos para os diferentestipos de unidades móveis. EstaPortaria é extensiva aos serviçosprivados no Brasil. Aproveito paraparabenizar a Revista pela opor-tunidade de expandir os conheci-mentos do profissional Enfermei-ro do Trabalho que tem atuaçãodireta tanto nos programas de con-tingência quanto nos treinamentosdentro das empresas brasileiras.REGINA DIAS

ENFERMEIRA DO TRABALHO

RIO DE JANEIRO/RJ

Gostaria de parabenizá-los pelolançamento da Revista Emergên-

cia. No entanto, gostaria de efetu-ar algumas observações a respei-to do tópico Emergência Respon-de, na resposta sobre “Tripulaçãode ambulâncias” e “Atendimentos”.Existe hoje a Portaria nº 2048 GM/MS, de 5/11/2002, que determinaa capacitação e competência dosprofissionais que atuam na áreapré-hospitalar. Desta forma, a for-mação destes profissionais deveser efetuada dentro dos padrõespropostos pela citada Portaria.OSWALDO ALVES BASTOS NETO

SUB COORDENADOR DE EQUIPES ESPECIAIS

SAMUSALVADOR/BA

Sou enfermeiro e gostaria decomentar a resposta de FernandoSuarez, no quadro EmergênciaResponde, “Tripulação de ambu-lância”. A resposta não está deacordo com a Portaria GM 2048/02. Não ficou claro se a respostaé relativa à realidade de FernandoSuarez, ou se é o atual panoramanacional, visto que o enfermeirodeve ser tripulante das unidadesconfiguradas para atendimento denível avançado.HERBERTH JESSIE MARTINS

BRASÍLIA/DF

O Senhor Herberth tem razãoquando informa que, segundo aPortaria 2048, o enfermeiro é umdos tripulantes da ambulância

avançada, mas a realidade do Pré-Hospitalar no Corpo de Bombeirodo Rio de Janeiro é bem mais an-tiga do que a Portaria 2048, de2002, pois o serviço foi criado em1986 com 19 ASEs (Auto Socorrode Emergências) e era tripulada,naquela época, por um médico,dois técnicos de enfermagem ouauxiliar de enfermagem e motoris-ta com curso de socorrista. Como passar dos anos, foram feitas al-gumas mudanças e, hoje, conta-mos com 78 ASEs, sendo 38avançados e 38 básicos. Inclusi-ve, temos ambulância onde a tri-pulação é composta de um en-fermeiro, um técnico de enferma-gem e o motorista. No Rio de Ja-neiro o Corpo de Bombeiro équem atende o pré-hospitalar emvia pública e o SAMU o pré-hospi-talar domiciliar. Outro fator impor-tante, e que deve ser salientado,é que temos um Centro de Educa-ção Profissional em APH.FERNANDO SUAREZ

CORONEL E MÉDICO DO CBMERJNITERÓI – RJ

Sobre os responsáveis pelo a-tendimento às emergências envol-vendo vítimas, que foi respondidona seção Emergência Responde,“Atendimentos”, o questionamentoera em relação às áreas em am-biente industrial e não em via pú-blica, sendo que foram considera-das inclusive as normas regula-mentadoras que tratam deste te-ma. Não foi considerada a Porta-ria 2048 do Ministério da Saúdepor se tratar do atendimento den-tro da área industrial, quando osprimeiros responsáveis seriam osbrigadistas treinados para estademanda, conforme recomenda-ções normativas nacionais e inter-nacionais, onde, posteriormente,seriam acionados os serviços pú-blicos e/ou privados de atendimen-to às emergências. Estes serviçosde atendimento às emergênciasque serão acionados devem estarem conformidade com as regula-mentações da Portaria 2048, porse tratarem de serviços dedicadospara este fim.JORGE ALEXANDRE ALVES

DIRETOR TÉCNICO DA FIRE & RESCUE COLLEGE

ENTREVISTA

NOVEMBRO / 2006Emergência6

MARCOS MARCONDESHá 37 anos atuando na área de seguros, Marcondes

iniciou a carreira aos 17 anos, após ter conquistado oprimeiro lugar em um concurso para uma vaga na SulAmérica. “A paixão foi imediata, pois ele reúne conheci-mentos técnicos de mercado, com desafios diários. Istotudo me fascina”, revela. Sua iniciação foi na carteira deSeguro de Incêndio, tema bem complexo na época, se-gundo ele. Formado em ciências contábeis e atuariais,passou por várias seguradoras e corretoras de seguros,

onde teve cargos de liderança e conheceu a fun-do o mercado segurador e também pelo

contato direto com a Fenaseg,Susep e IRB, quando partici-pou de várias comissões téc-nicas. Atualmente, é diretordo Sincor-SP (Sindicato dosCorretores de São Paulo),além de diretor e fundadorde uma das maiores cor-retoras de São Paulo.

PERFIL

Novas exigências◗Seguro de incêndio sofre algumas mudanças no critério de tarifaçãocom nova Circular da Superintendência de Seguros Privados

S eguro de incêndio é um tema que muitos deveriam, se não ter,pelo menos entender sua importância. Ele assegura instalaçõescomerciais ou residenciais frente a um grande evento como

ENTREVISTA

incêndios, explosões e outros sinistros, ainda que muitas perdas nãosejam possíveis de ser quantificadas. “Dependendo do incêndio, existeuma série de perdas, como perda de mercado, administrativas para sepreparar e reclamar o sinistro, enfim, uma série de coisas que não estáno custo do dia-a-dia da empresa”, alerta Marcos Marcondes, consultorde seguros em São Paulo. Marcondes teve sua formação original feitana carteira de incêndio, na Sul América, em 1969, tendo como baseinicial o tema, que, junto do transporte, eram as disciplinas mais com-plexas na época.Destacando a importância de profissionais e sistemas de combate aincêndio, tanto na orientação quanto no treinamento para a empresa,ele diz que a ausência dos mesmos pode, até mesmo, fazer com que a

seguradora coloque imposições ou não aceite os riscos. No entanto,apesar da importância determinante destes elementos, Marcondes faladas mudanças que a nova Circular Susep (Superintendência de SegurosPrivados), que entrou em vigor em 2 outubro último, traz ao setor,alterando o sistema de tabelas e descontos únicos para quem apre-sentava ferramentas protecionais de incêndio e explosão. Segundo ele,uma das principais mudanças, de agora em diante, é que cada segu-radora terá um valor para o risco analisado. Diante disto, alerta o mercado:é importante que o segurado forneça todas as informações possíveisde que dispõe, neste sentido, para que a seguradora possa dar umataxa compatível e mesmo aceitar o risco. Estas mudanças da Circularda Susep para o segmento, além da aplicação e aceitação no País doseguro de incêndio e explosões foram temas da entrevista.

QUAIS OS ITENS QUE O SEGURADO DEVEESTAR ATENTO EM RELAÇÃO AO TEMAINCÊNDIO E EXPLOSÕES PARAGARANTIR QUE SEJA CUMPRIDO OCONTRATO DIANTE DE UMAOCORRÊNCIA?

Muito importante são os valores segurados

Isto é uma atribuição que cabe aos seguradosdefinirem claramente os valores, pois eles pre-cisam representar a realidade. Então, normal-mente, empresas de grande porte contratamempresa especializada em avaliação patrimo-nial para fazerem essas avaliações. É um custoconsiderável, mas elas terão os valores quesão corretos. Isto para fins de seguro de incên-

dio. De explosão, existem também, para segu-ros mais complexos, simuladores de propaga-ção de uma explosão. Existem softwares queindicam os raios de ação de uma explosão, de-pendendo do equipamento, do material, enfim,do processo em si. Daí, então, temos as defini-ções e podemos fazer os cálculos das perdasque uma explosão poderá atingir. Instalações,a presença dos bombeiros profissionais civis,os equipamentos, tudo é levado em conta. Hoje,vemos a seguradora até deixando de aceitardeterminados riscos pela inexistência destesprofissionais, de instalações e de equipamen-tos de prevenção contra incêndio. E podemtambém colocar imposições quanto aos valoressegurados, por exemplo, ela não segura maisdo que “X” para um determinado risco. Agora,se os sistemas de proteção melhorarem elapode reduzir custo, principalmente, em relaçãoàs instalações de incêndio e de prevençãocontra incêndio.

MAS SE A EMPRESA, NO CASO DEMENOR PORTE, NÃO TEM CONDIÇÕESDE COLOCAR ESTAS PROTEÇÕES?

O que pode acontecer é que ela pague umpreço mais caro e pode até ter dificuldade deencontrar cobertura junto a uma seguradora.Mas, principalmente, para aquela empresa quejá sofreu algum incêndio, alguma explosão, asseguradoras analisam os últimos cinco anos –e realmente ela pode encontrar alguma dificul-dade em colocar o risco. Mas é importante frisar

Paula Barcellos

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Emergência6

Emergência 7NOVEMBRO / 2006

Seguro de incêndio paraempresas é questão desobrevivência“““

que num incêndio, mesmo que ela tenha o me-lhor seguro, sempre haverá uma perda que nãose consegue quantificar, pois, dependendo doincêndio, existe uma série de perdas, como demercado, administrativas para se preparar ereclamar o sinistro, enfim, uma série de coisasque não está no custo do dia-a-dia da empresa.

PROFISSIONAIS COMO BOMBEIROS EENGENHEIROS DE SEGURANÇA DOTRABALHO PODEM AJUDAR A EMPRESANAS QUESTÕES TÉCNICAS?

Esse é exatamente o trabalho dos bombeirospara que se tenha uma proteção contra incên-dio e explosão adequada para evitar um malmaior. Os bombeiros podem ajudar no treina-mento do pessoal, os engenheiros de Segu-rança do Trabalho podem estar verificando seos equipamentos de segurança como óculos,capacete, luvas, botas, estão sendo utilizadosadequadamente, se há limpeza no ambientede trabalho, porque isto daí também reduz onúmero de acidentes.

COMO DEFINIR OS VALORES A SEREMSEGURADOS PARA ESTES RISCOS?EXISTEM LIMITES DE VALORES MÍNIMO EMÁXIMO?

Até a chegada da nova Circular 321 da Su-sep, que entrou em vigor no dia 2 de outubro,

nós tínhamos o seguinte quadro no seguro deincêndio: você poderia fazer o seguro pelo valorde novo, ou seja, o mesmo equipamento ouequipamento similar, quanto valeria no merca-do no estado de novo, ou no mínimo, o valordepreciado. Já se o bem estivesse muito depre-ciado, por exemplo, se ele valesse 40% do valorde novo, teríamos 60% de depreciação, sendoque o máximo que você poderia fazer é duasvezes esse valor. Então, este seria o valor atualque, no mínimo, seria o que ele poderia fazerpara ter um bom seguro e não sofrer uma cláu-sula que chamamos de cláusula de rateio, ondeas indenizações parciais são feitas, proporcio-nalmente, ao que o bem vale. Essas eram re-gras que se tinham no seguro de incêndio, masque, hoje, pela Circular 321, estão alteradas,limitando a fazer o seguro pelo valor de atual.Isto porque o Código Civil não permite que vocêtenha um bem segurado por mais do que ele

valha. Esta Circular 321 é bastante recente, asseguradoras ainda não se adaptaram a ela, masobservamos que a sistemática anterior era bemmais favorável do que esta para o segurado.

FALANDO NESTA CIRCULAR, QUAIS ASDEMAIS NOVIDADES QUE ELA TRAZPARA O SEGURO DE INCÊNDIO?

Ela muda essa concepção, mas tambémcancela a Circular 006/92 que mencionava osdiversos tipos de proteção, extintores, sprin-klers, hidrantes, detector de fumaça entre ou-tros. A referida circular disciplinava os descon-tos sobre as taxas do seguro incêndio e orien-tava, o que tinha que ter, como tinha que funcio-nar, apresentando uma diretriz para o clienteem relação aos sistemas protecionais. Os sis-temas protecionais contra incêndios concediamdescontos de 5% para extintores, 10 a 15%para hidrantes e até 60% para sprinklers, de-tectores de fumaça, para quem tinha bombei-ros, enfim, por aí afora. Hoje em dia, essa dire-triz não vai ser uma diretriz única. Isto porquea Susep entende que formas de desconto paraproteção é um assunto que compete ao segu-rador, compete aos serviços especializadoscomo o Corpo de Bombeiro. Então, ela não co-locou como norma conceder os descontos por-que isso faz parte da tarifação. Portanto, cadasegurador vai ter o seu critério e, inclusive, pode

ENTREVISTA

NOVEMBRO / 2006Emergência8

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ser alterado de ano para ano. Como vai com-petir à seguradora dar uma taxa para o riscoanalisado é importante fornecer o maiornúmero de informações para que a segura-dora possa dar uma taxa compatível ao risco.É importante dizer se possui sistemas deproteção, se os bombeiros têm feito treina-mento, qual é a periodicidade, se fazem en-saios práticos, teóricos, se todo novo fun-cionário passa por uma introdução ao siste-ma de proteção, se tem reservatório de talcapacidade, tem bombas, se são testadas pe-riodicamente, enfim, toda a informação é a-nalisada pela seguradora antes de fornecer ataxa do risco.

MAS, ENTÃO, AS REGRAS PARASEGURO DE INCÊNDIO SERÃOEXCLUSIVAMENTE DASSEGURADORAS?

Neste caso, o corretor é fundamental paraque alerte o cliente no sentido de verificar, antesde uma mudança em função do custo doseguro, a exigência que esta nova seguradorafará com respeito aos sistemas protecionais.Isto porque, vamos dar um exemplo: e empresaestá em uma seguradora A que poderia estarexigindo 120 m³ de água reservada, exclusiva-mente, para o sistema de hidrantes. A segura-dora B forneceu um preço menor e pode exigir,por este preço menor, ou por ela entender queaquele tipo de atividade necessita, no mínimo,240 m³, de água de reservatório exclusivo paraincêndio. O barato pode sair caro, pois imagineque ela tenha que fazer um outro reservatório?O custo que ela vai ter, além de armazenarmais água que também custa dinheiro, enfim,precisa ser analisado por profissional da áreade seguro que tenha total isenção, no caso: ocorretor de seguros.

ENTÃO VAI SER UM SEGUROANALISADO CASO A CASO...

Sim. Não teremos mais tabelas. Cada segu-radora tem o seu critério de tarifação que en-globa os sistemas protecionais que elas enten-dem que possam ser tanto para uma taxamenor como para a aceitação dos riscos. Porexemplo, se não tiver hidrantes, as seguradoraspodem até não aceitar o risco, isso já estamosvendo na prática. Outras podem exigir o aten-dimento de normas internacionais, em funçãoda seguradora ser uma empresa multinacional.

QUAL A IMPORTÂNCIA DO CORRETORDE SEGUROS NA CONTRATAÇÃO DAAPÓLICE QUE VAI ASSEGURAR ASINSTALAÇÕES CONTRA POSSÍVEISINCÊNDIOS E EXPLOSÕES?

Como corretor há mais de 20 anos, vejo queeste profissional é como se fosse o médico dafamília. Ele vai dar a melhor orientação ao cli-ente, pois não é o representante da seguradora.Obterá o que tem de melhor no mercado paraoferecer a este cliente e ajudá-lo a interpretarcada cláusula, o que indicar com respeito aosvalores a serem segurados. É obrigação docorretor chamar a atenção sobre isto, pois aseguradora pode querer atribuir um valor quenão valha e o segurado vai pagar um prêmiodesnecessário, sendo que na hora do sinistroele não vai receber tudo aquilo que segurou.Pode também acontecer que a seguradoraaceitou naquelas condições, mas na renovaçãopode ser que ela venha a exigir um sistemaprotecional muito mais eficiente que o clientevai ter que investir mais. E na hora do sinistro ocorretor vai estar do lado do cliente orientando,ajudando-o a fazer a reclamação junto ao segu-rador. Então, em seguros mais complexos,como de incêndio, onde o cliente não tem o

domínio completo, é necessário que ele procu-re um corretor de seguros profissional, que vai

orientá-lo da melhor forma de contratar ecom quem contratar, sem falar “eu sótrabalho com aquela seguradora”, porque ocorretor profissional trabalha com todas asseguradoras, ele vai procurar o que há demelhor para o cliente.

O SEGURO DE INCÊNDIO ÉOBRIGATÓRIO POR LEI, MAS, HOJE, ASEMPRESAS TÊM ESTA PREOCUPAÇÃO?VEMOS QUE NA ÁREA RESIDENCIAL,ELES NÃO SÃO MUITO POPULARES...

Na área residencial eu diria até que o Paísnão tem cultura de contratar seguro e, por outrolado, é um país privilegiado por Deus, pois nãotem nenhuma catástrofe. Entretanto, começa-mos a sentir que o Brasil está sendo atacado,principalmente, no Sul, por eventos da naturezaque começam a se intensificar. Primeiro, eramos vendavais, agora, passaram para ciclonese logo já vão estar nos furacões. Quando istoestiver acontecendo, eu vejo que vai virar umaindústria como é no Sul dos Estados Unidos. Acultura ali é bastante reforçada, pois aquele quenão tem seguro sabe que o risco é muitogrande, em função da quantidade de furacõesque, ano a ano, vem aumentando. Agora, comrelação ao seguro de incêndio para indústrias,eu vejo que isto é uma questão de sobrevivên-cia da própria empresa, manutenção dos empre-gos e tudo mais. Mas percebo que, muitas ve-zes, a lei não é cumprida, pois têm empresasque não fazem seguros. Recentemente, estiveno Sindicato dos Corretores de São Paulo, ondeeu sou diretor e participo de algumas comissões,e percebi que a oferta por parte dos corretoresainda é pouca. Então, tem a questão da culturado seguro, quer dizer, muitos empresários eempreendedores não se conscientizaram sobreo seguro. Mas também não fazem porqueninguém ofereceu. Mas também vejo que se éobrigatório por lei não tem quem fiscalize. E éuma exigência que poderia ser pensada atépelos governantes, pois se amanhã a empresapega fogo, encerra a atividade, em função deum grande sinistro, acaba perdendo competiti-vidade e fecha. O seguro, neste sentido, podedar garantia dela voltar a produzir emprego e,conseqüentemente, impostos.

PARECE UMA SITUAÇÃO MAISPRESENTE NAS PEQUENAS EMPRESAS,NÃO É MESMO?

Sim. Não tem quem fiscalize, não tem culturade seguro. Além disto, o empresário encaracomo uma despesa, mesmo o seguro contraincêndio que é básico.

Presença debrigadistas nasempresas é levadoem conta na horade estabelecervalores segurados

ATUALIZANDO

Emergência NOVEMBRO / 200610

TRAGÉDIA NAFLORESTA

erca de 380 profissionais, entrebombeiros, militares da FAB (For-ça Aérea Brasileira) com experi-C

ência em operações na selva, Exército eperitos do IML (Instituto Médico Legal)participaram dos trabalhos de resgate eidentificação dos corpos do acidente como avião da companhia aérea Gol, ocorridoem setembro. O boeing 737-800 da Gol,que voava de Manaus para o Rio de Ja-neiro, com escala em Brasília, caiu pró-ximo ao município de Peixoto de Azeve-do/MT após colidir com o jato Legacy,da Embraer. A queda provocou a mortede 154 pessoas. O acidente já é anunci-ado como o mais grave da história daaviação brasileira.

As buscas pelos corpos e pela caixapreta do avião abrangeram uma área de20 quilômetros em torno do local da que-da – a aeronave caiu em zona de matafechada. Inicialmente, sem a confirmaçãode que não havia sobreviventes, chega-ram a ser disponibilizadas UTI’s aéreas,ambulâncias de suporte avançado e lei-tos nos hospitais mais próximos. Em se-

AVIAÇÃO

Estado, no resgate das vítimas, auxilian-do na recepção e identificação dos cor-pos. “Permanecemos lá por 14 dias. AFAB retirava os corpos do local e nos en-tregava em sacos, para auxiliarmos os pe-ritos na identificação, primeiramente, apartir dos pertences das vítimas”, conta.

A presença de animais silvestres tam-bém foi um dos problemas enfrentadospelos responsáveis pelas buscas. Tanto éque um tenente que participava dos tra-balhos teve que receber atendimentoapós ser alvo de picadas de abelhas. Ocalor, a umidade e o ataque de abelhasforam constantes obstáculos das equipesde resgate. A distância a qual os destro-ços da aeronave foram lançados com aqueda foi outro agravante. Conforme re-presentantes das equipes de busca, al-guns dos corpos só foram encontradosdepois de três a quatro horas de cami-nhada na selva. O Brigadeiro Leite tam-bém aponta que as comunicações entreas equipes e as bases de apoio emCaximbó e Jarinã, apresentaram proble-mas. “Dentro da selva, aparelhos de co-

FORÇ

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ÉREA

BRA

SILE

IRA

guida, iniciaram os trabalhos de resgate,com a descida das equipes de rapel paraabrir clareiras na vegetação a fim de per-mitir pousos e decolagens de helicópte-ros, vista a dificuldade de acesso por ter-ra ao local. Segundo o coordenador-ge-ral das operações de busca e resgate daAeronáutica, Brigadeiro Antônio GomesLeite Filho, pelo estado em que foramencontrados os corpos, deduziu-se quechegaram ao solo sem vida.

DIFICULDADESNo total, foram abertas cinco clareiras.

Uma maior, para pouso de helicópterose outras quatro menores, para retirada dedestroços e de corpos. Os corpos foramiçados das clareiras menores até a princi-pal, e de lá para a Fazenda Jarinã, sededas operações de busca e resgate. Nafazenda, ficava um caminhão frigoríficoque armazenava os corpos até eles se-guirem para o IML de Brasília.

O major Licinio Ramalho, do Corpo deBombeiros Militar do Mato Grosso, atuou,juntamente com outros 20 bombeiros do

O resgate dasvítimas do acidente

com avião da Golapresentou diversas

dificuldades

Emergência 11NOVEMBRO / 2006

O percurso do resgateOs corpos são levados até a clareiraprincipal e dali transportados de heli-

cóptero para a Fazenda Jarinã.

Da fazenda, seguem de avião para aBase Aérea de Cachimbo.

As vítimas passam por uma pré-iden-tificação feita por peritos e depois se-

guem para Brasília.

Em Brasília, peritos do IML fazem aidentificação.

Parentes fornecem informações sobreas vítimas como cicatrizes, marcas e

tatuagens, e recolhem amostras de sanguepara comparar com o das vítimas em umteste de DNA, se for preciso.

5

4

3

2

1

municação via satélite e UHF não sãoconfiáveis e os de VHF têm alcance limi-tado”, fala.

FAMILIARESUma Comissão, formada por familiares

das vítimas, foi enviada ao local do aci-dente para fiscalizar o resgate dos cor-pos e apontou diversas falhas das equi-pes de resgate. Entre as reclamações, háa denúncia de que três aviões Búfalo, daFAB, deveriam ser usados no resgate, masapresentaram defeito. Os familiares tam-bém reclamaram que as equipes traba-lhavam com equipamentos sucateados eque o número de militares enviados peloExército foi pequeno, uma vez que tinhama informação que há 3.000 homens es-pecialistas em guerra na selva. Para Li-cinio, os esforços individuais foram mui-to significativos. “Nós disponibilizamos omáximo de homens que temos e os queestavam lá estavam imbuídos na missão.Acredito que, considerando as condiçõesdo local e de acesso, nosso efetivo foisuficiente e o pessoal estava empenha-do”, afirma.

Segundo a presidente da AssociaçãoBrasileira de Parentes e Amigos das Víti-mas de Acidentes Aéreos, Sandra Assali,a Aeronáutica não se mostrou preparadapara este tipo de resgate. “Os resgatistasfizeram o que era possível, mas as condi-ções disponíveis não foram suficientes”,frisa. Ela fala que os aparelhos usados paraabrir as clareiras na mata foram compra-dos pela Gol e os helicópteros usados naoperação tinham problemas mecânicos.“Não estamos preparados para lidar com

este tipo de desastre”, lamenta ela. Licinioacredita que, infelizmente, apenas apósdesastres como este os serviços de emer-gência se aperfeiçoam. “Ninguém estápreparado para uma tragédia como esta”,sentencia. Sandra lembra também que oExército passou a ajudar nas operaçõessomente no oitavo dia de buscas na mata.“O número de resgatistas era insuficien-te para os 20 quilômetros de mata fecha-da. Esta demora foi angustiante para asfamílias”, relata. O Brigadeiro Leite con-testa. “Tendo em vista que em menosde 48 horas os corpos eram resgatados,é de se considerar o alto grau de prontaresposta da FAB”, salienta.

Até o fechamento desta edição, nãohavia sido localizada a última vítima doacidente, o advogado Marcelo Paixão, deBrasília/DF. Os militares da FAB utilizamcães farejadores para localizá-lo. Desdeo início das buscas, foram voadas maisde 950 horas em 15 tipos de aeronavesda FAB, além de mais de 62 horas voa-das pelo Exército. Os trabalhos de resga-te já duram um mês e as investigaçõespodem levar até dois anos para seremconcluídas.

INVESTIGAÇÕESNo final de outubro, o cilindro de voz

da caixa preta do Boeing foi encontradoatravés de busca com detectores de me-tais e entregue à Aeronáutica. As investi-gações, porém, ocorrem em sigilo, devi-

do a uma norma do direito internacional.O grande mistério gira em torno dos mo-tivos que levaram os dois aviões a trafe-garem na mesma altitude. As análises dacaixa preta do Legacy demonstraram queo piloto entrou em contato com o con-trole aéreo, antes de chegar à Brasília,pedindo autorização para voar a 37 milpés, o que foi concedido. No entanto, ocontrolador deveria ter alertado que aaltitude de 37 mil pés valia somente atéBrasília, depois deveria ser de 36 mil pés,conforme previsto no plano de vôo dojato. Depois que o Legacy passou por Bra-sília, o controle aéreo tentou falar com opiloto cinco vezes, mas perdeu o contatocom ele. Segundo pilotos e controladoresque conhecem a Região Amazônica, acomunicação na área apresenta falhas. Asucessão de erros continuou após o jatopassar por Brasília, quando seu transpon-der passou a não operar. Como os contro-ladores por terra não conseguiam maisenxergar com exatidão a altitude do Le-gacy, acreditavam que ele voava a 36 milpés, informado em seu plano de vôo. Cer-ca de 40 minutos depois, o jato se chocoucom o Boeing. De acordo com as pri-meiras informações das caixas pretas, oavião da Gol caiu em parafuso, começoua se desintegrar a 6.000 pés e atingiu osolo. O Legacy teve a ponta da asa dani-ficada e conseguiu pousar numa base daForça Aérea. A análise da caixa preta doBoeing irá concluir as investigações.

ATUALIZANDO

Emergência NOVEMBRO / 200612

Eventos marcaram 150 anosEm comemoração aos 150 anos do

Corpo de Bombeiros Militar do Estadodo Rio de Janeiro (CBMERJ), foi realiza-da uma variada programação entre os dias11 e 14 de julho. Entre as atividades des-tacaram-se o VIII SENABOM (SeminárioNacional de Bombeiros) e o II DEFENCIL(Seminário Internacional de Defesa Ci-vil). O SENABOM, em sua 8ª edição,consolidou-se como um fórum de deba-

SENABOM e DEFENCIL funcionaram como fórum de debates

CBMERJ

tes, troca de experiências e difusão denovas técnicas e equipamentos para osprofissionais que atuam na área. O Semi-nário contou com a presença de especia-listas nacionais e internacionais e temascomo a articulação tática dos meios aé-reos e terrestres nos incêndios florestais,controle de pânico em operações debombeiro militar, entre outros assuntos.Outro destaque também foi o desfile dos

Vídeo sobreacidentes ampliados

A Fundacentro/SP produziu o vídeo“Prevenção de grandes acidentes quími-cos”. De acordo com Fernando Sobrinho,um dos organizadores do vídeo, a princi-pal proposta é mostrar um histórico mun-dial do tema, passando pela adoção daConvenção 174 pela OIT, em 1993, e aevolução do assunto no Brasil. “O objeti-vo também compreende a importânciada Convenção no Brasil, o trabalho de-senvolvido no país e a aplicação da Con-venção 174 nos ambientes de trabalho”,analisa. O vídeo apresenta um históricosobre a Convenção e o trabalho realiza-do por várias instituições até a sua ratifi-cação no Brasil. Apresenta também, nointerior das instalações de risco, como de-vem ser as ações preventivas, medidaspara minimizar as ocorrências e gerenciaras conseqüências dos acidentes químicos.

QUÍMICOS

Cerca de 250 pessoas estiveram en-volvidas na primeira simulação de vaza-mento de gás promovida pela TBG(Transportadora Brasileira Gasoduto Bolí-via-Brasil S.A), em Santa Catarina. O Si-mulado de Emergência com Gás Naturalaconteceu em agosto, em Biguaçú, e en-volveu agentes da Defesa Civil, bombei-

Empresa simula vazamento de gásTREINAMENTO

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Moradores também participaram da atividade

ros e comunidade.Segundo o diretor-superintendente da

TBG, Ricardo Salomão, o trabalho juntoà comunidade é fundamental quando oassunto são dutos. “São os moradores quedetectam primeiro os problemas em qual-quer gasoduto”, comentou. Nesta lógi-ca, a empresa, em parceria com a Defe-

sa Civil catarinense, capacitou90 pessoas. Os agentes rece-beram informações sobrecomo lidar com a substância esobre o que fazer em caso devazão.

O consultor de Segurança daTBG, Carlos Carvalho, crê quea estratégia da empresa, quebusca aproximação com os ha-bitantes locais, é coerente. “Éimportante, sempre, informaras pessoas sobre o que fazerem caso de acidente”, afirma.

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De Carvalho: modernização da Defesa Civil

novos uniformes da corporação.A capacitação e integração dos órgãos

responsáveis pela prevenção, preparação,resposta, reconstrução e recuperação decenários vulneráveis e afetados por de-sastres foi a proposta do II DEFENCIL.Emergência nuclear, bioterrorismo, gripeaviária e Sistema Nacional de DefesaCivil foram alguns temas em discussão.Para o secretário de Defesa Civil, coro-nel Carlos Alberto de Carvalho, o encon-tro foi uma oportunidade para que o Es-tado do Rio mostrasse os avanços alcan-çados nos últimos anos e a moderniza-ção do sistema de Defesa Civil Flumi-nense.

Mais de três mil pessoas visitaram osestandes que apresentaram inovações emequipamentos e viaturas de combate aincêndio.

Senabom e Defencil ocorreramdurante o mês de julho, onde o

...Honorário. Durante todo o mês dejulho os bombeiros também seengajaram na campanha “BombeiroSangue Bom”, realizando doações desangue. O Corpo de Bombeiros doRio Grande do Sul também lembrou adata, homenageando civis e militaresque se destacaram no apoio àCorporação. Durante solenidade,foram entregues medalhas de méritoaos homenageados, com a formaçãode uma guarda de honra de 90 alunosda Escola de Bombeiros.

Odia 2 é especial para os bombeirosbrasileiros. É nesta data que é festeja-do o Dia do Bombeiro e, neste ano,aconteceram diversas comemoraçõespelo País.O Corpo de Bombeiros do Estado deSão Paulo, por exemplo, programouinúmeras atividades para a data, queincluíram a 11ª Corrida BombeirosCorpore e uma solenidade cívica comentrega de títulos de Bombeiro

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Emergência 13NOVEMBRO / 2006

Polêmica envolve extintoresEm abril de 2004 o Contran (Conselho

Nacional de Trânsito) editou a Resoluçãonº 157, alterando as especificações paraos extintores de incêndio, equipamentoobrigatório nos veículos automotores. AResolução determina que os veículos de-vam circular com extintor de incêndiocom carga de pó ABC, e não mais BC. AAssociação dos Advogados e Associaçãode Engenheiros e Arquitetos de São Josédos Campos/SP entraram com uma açãocível pública no mês de junho, com oobjetivo de revogar a Resolução 157.

Os extintores veiculares deverão sersubstituídos até a data de validade do testehidrostático, que é de cinco anos. “A Re-solução 157 provocará, até 2009, o fecha-mento de 2.000 empresas que reciclamos atuais extintores com bicarbonato desódio e o fechamento de 50 mil postosde trabalho”, salienta o engenheiro deSegurança do Trabalho, Jair Róveri. O pre-sidente da Abiex (Associação Brasileira

Resolução do Contran obriga a troca do extintor veicular

das Indústrias de Equipamentos ContraIncêndio e Cilindros de Alta Pressão), Cláu-dio Sachs, crê que isto não vai acontecer.“Este é um mercado dinâmico que nãovai morrer, as empresas não são especiali-zadas em extintores veiculares e, portan-to, continuarão realizando manutençãoem outros tipos de extintores”, fala.

Segundo a assessoria de imprensa doDenatran, o Contran visou, com a resolu-ção, o aumento da segurança veicular,pois o extintor ABC combate mais tiposde incêndio em relação ao anterior. Sachstambém entende a resolução como umaevolução. “Hoje em dia, os veículos têmmuitos materiais plásticos e de borracha.O fogo começa na classe B ou C, mas éproduzido também na classe A”, explica.Róveri denuncia que o monofosfato deamônia, contido no extintor, libera gasestóxicos e baixa a pressão arterial. Sachs,porém, ressalta que os extintores ABCsão utilizados e aceitos em todo o mundo.

RESOLUÇÃO

26 de setembro de 1926. Há 80 a-nos atrás, nascia o Corpo de Bombei-ros Militar de Santa Catarina. Asatividades, desde 2003 atéagora, estão sob o comandodo coronel Adilson Alcides deOliveira.

Desde 2003, foram estabe-lecidas diretrizes estratégicas para o co-mando da instituição. Uma delas, a des-centralização das unidades operacio-nais, hoje presentes em mais de 80municípios e abrangendo 85% da po-pulação catarinense. Depois, o desen-volvimento de atividades com crian-ças e jovens nos projetos BombeiroMirim e Juvenil e o programa Bom-beiro Comunitário. Em terceiro lugar,a prevenção que foi adotada comouma atividade fundamental da corpora-ção. Por fim, o ensino que, desde 1926,trouxe aos profissionais o conhecimen-to sobre as nuances físicas do fogo.

Festa emSanta Catarina

BOMBEIROS

ATUALIZANDO

Emergência NOVEMBRO / 200614

Voluntários em açãoCom a presença de mais de 500 parti-

cipantes representando corporações detodo o Brasil, Joinville/SC sediou, nos dias18 e 19 de agosto, o III ENBOV (Encon-tro Nacional de Bombeiros Voluntários).O evento contou com a presença de li-deranças do sistema bombeiril do Chile,Portugal e Paraguai, com a perspectivade troca de experiências e realização deprogramas de capacitação. Na ocasião, foifirmada uma parceria entre Santa Cata-rina, Rio Grande do Sul, Portugal e Para-guai, que permitirá uma maior troca deinformações e facilidades na realizaçãode intercâmbios e cursos entre os países.

A legalidade da atuação do modelo debombeiros voluntários foi um dos temasda programação, com a presença do pro-motor de Justiça Davi do Espírito Santo.O promotor salientou que sempre quese fala em bombeiro militar, se fala emsegurança pública, que é um direito detodo cidadão e um dever de todos, mas,principalmente, do Estado. “É do Estadoque nós temos que cobrar isso, mas have-rá necessidade de complementar essa ati-vidade estatal, porque o Estado não podeestar em todos os lugares, ao mesmotempo”, ponderou. A autonomia financei-ra das entidades civis, formadas por vo-luntários, ganhou espaço nas discussõescom o projeto de Lei 6701/06, que en-contra-se sob análise, e autoriza a con-

III ENBOV reuniu mais de 500 profissionais de todo país

cessão de recursos do Fun-do Nacional de SegurançaPública (FNSP) para os cor-pos de bombeiros voluntá-rios nos municípios em todoo País (veja mais na página58 - Recursos do FNSP).

PALESTRASOrganizado pela ABVESC

(Associação dos BombeirosVoluntários de Santa Cata-rina), o III ENBOV teve umaampla programação de palestras e deba-tes. O médico e coordenador do Samu/Araras, Agnaldo Pispico, abordou os aci-dentes com múltiplas vítimas e destacoua importância do evento. “Podemos sem-pre melhorar através desse tipo de even-to, disseminando o conhecimento, mos-trando os protocolos, trocando idéias, dei-xando a vaidade de lado, pois os bom-beiros voluntários são exemplos de umaentidade que vem dando certo”, desta-cou. O comandante do Corpo de Bom-beiros Voluntários de Joinville, ValmorMaliceski, falou sobre a estrutura dispo-nível na Corporação e a evolução damesma, a mais antiga do país.

Outros destaques do encontro foramos painéis internacionais. Alejandro GrilloQueirolo, representante dos BombeirosVoluntários do Chile, apresentou técni-

BOMBEIROS

O controle de fumaça em incêndiosfoi discutido em São Paulo no final deagosto pelo engenheiro belga especia-lista nesse tema Jean-Claude De Smedtem dois eventos. Primeiro, em um caféda manhã que reuniu consultores e en-genheiros da área no dia 22 de agosto.Depois, no dia 24, reunindo bombeirosno Comando da Praça da Sé. “Esses e-ventos fazem parte de um trabalho queestamos fazendo há bastante tempode divulgação das tecnologias e do co-nhecimento do controle de fumaça. Oobjetivo é trazer o conhecimento para

que se tenha uma legislação e um mer-cado que atenda as necessidades de con-trole de fumaça para proteção da vida”,explica o diretor da Colt, Luiz Carlos Lei-tão da Cunha, que organizou os encon-tros.

Smedt relatou em sua palestra várioscasos de incêndio da Europa, mostrandocomo o controle de fumaça auxilia na e-vacuação do local e no controle do in-cêndio. O recurso permite que se tenhauma base visível para as pessoas esca-parem, além de possibilitar aos bombei-ros uma melhor localização da vítima.

Controle de fumaça em incêndios é discutido em São PauloTECNOLOGIA

cas de desencarceramento em resgatesveiculares. Clemente Mitra, dos Bombei-ros Voluntários de Cacilhas, em Portugal,abordou o gerenciamento de riscos emincêndios florestais.

HISTÓRIAOs bombeiros voluntários surgiram no

Brasil em Joinville, com a fundação daSociedade Corpo de Bombeiros Voluntá-rio de Joinville (SCBVJ), em 1892. Na épo-ca, Joinville, então com 41 anos de colo-nização e uma população já com 15.000habitantes, sofria com incêndios que cau-savam preocupação ao comércio e indús-tria. Inspirados pelo modelo adotado naAlemanha, de onde muitos imigrantesvieram, líderes da então colônia DonaFrancisca organizaram um grupo de com-bate ao fogo.

Um dos pontos que ele destacou foique o controle de fumaça e o uso desprinklers devem ser complementares.O sistema sprinkler limita a dispersãodo fogo e controla o alastramento doincêndio.

A única situação em que não é acon-selhável trabalhar com os dois sistemasem conjunto é quando se utiliza o sprin-kler ESFR em edifício de prateleiras al-tas. Nesse caso, o sistema de controlede fumaça só deve ser acionado quan-do a brigada de resgate chegar, permi-tindo a entrada da brigada no prédio.

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Troca de experiências e realização de programas de capacitação