revista país economico

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Nova lei vai beneficiar Regiões de Turismo Melchior Moreira, Presidente da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal, entende que proposta de lei das regiões de turismo é séria e equilibrada e permite beneficiar o conjunto das regiões de turismo em Portugal. Nº 126 Mensal Março 2013 2.20# (IVA incluído) Morais Vieira Presidente da Metaloviana Mira Amaral Presidente do Banco BIC Portugal Sofia Freitas Coordenadora da AGIM TURISMO E HOTELARIA PORTUGUESA CRESCE NO PAíS E NO EXTERIOR

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Revista País Economico Edição 126

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Page 1: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 1

nova lei vai beneficiar Regiões de TurismoMelchior Moreira, Presidente da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal, entende que proposta de lei das regiões de turismo é séria e equilibrada e permite beneficiar o conjunto das regiões de turismo em Portugal.

nº 126 › Mensal › Março 2013 › 2.20# (IVA incluído)

morais VieiraPresidente da metaloviana

mira amaralPresidente do Banco Bic Portugal

sofia Freitascoordenadora da aGim

TuRismo e hoTelaRia PoRTuGuesa cResce no País e no exTeRioR

Page 2: Revista País Economico

› Head

2 › País €conómico | Março 2013 Março 2013 | País €conómico › 3

editorial

Há uma estranha contradição em Portugal. Enquanto os números conhe-

cidos da execução orçamental do mês de Janeiro mostram que o défice se

agrava, com o Estado a receber menos receitas e a gastar mais dinheiro

sobretudo com subsídios de desemprego, obrigando portanto a acelerar

mais cortes globais na despesa do Estado, por outro lado, cada vez mais

empresas portuguesas apostam na internacionalização e na busca no exte-

rior das oportunidades para crescerem e se desenvolverem.

No fundo, assiste-se a uma contração da economia no país, tendo como

inevitabilidade um encolher do Estado, o que não é propriamente uma má

notícia como aqui temos defendido em editoriais anteriores, pois somos

dos que entendem que a sociedade portuguesa, particularmente os que

trabalham no setor privado e não dependem diretamente do Estado, não

podem continuar a ser esbulhados para alimentar um gigantismo esta-

tal que pretende continuar a “andar de Ferrari enquanto a sociedade civil

anda de mini”, como referia há tempos um elemento de um organismo

público (curiosamente).

No entanto, a notícia de que um conjunto de empresas portuguesas assi-

naram com congéneres argelinas um conjunto de contratos para construí-

rem 75 mil casas na Argélia, que vão atingir valores na ordem dos quatro

mil milhões de euros, e que poderão ainda crescer, é daquelas que solidi-

ficam a ideia da imperiosa necessidade de muitas empresas portuguesas

partirem para o exterior.

E existem inúmeros exemplos de empresas portuguesas que estão a lutar

afanosamente para vencer lá fora, não apenas pela circunstância do mer-

cado interno estar a minguar, mas porque é um desafio e uma necessidade

de crescimento e sustentabilidade. As informações avançadas nesta edição

pelos responsáveis empresariais da Vila Galé, Sana Hotels e Metaloviana,

configuram o empreendorismo e a vontade de arriscar (mas partindo de

bases sólidas em termos de estrutura e capacidade financeira) de empresas

e de pessoas, tornando-se cada vez mais atores globais e capazes de gera-

rem mais-valias para as empresas mas igualmente para um conjunto cada

vez maior de profissionais portugueses, no fundo, daqueles que não se re-

signam a uma vida lúgubre ou de dependência de favores ou da ladainha

do Estado que nos esmaga e desgoverna.

JoRGe GonçalVes aleGRia

empresas que querem crescer no exterior

Ficha TécnicaPropriedadeEconomipress – Edição de Publicações e Marketing, Lda.

sócios com mais de 10% do capital social› Jorge Manuel Alegria

contribuinte506 047 415

Director› Jorge Gonçalves Alegria

conselho editorial:› Bracinha Vieira › Frederico Nascimento› Joanaz de Melo › João Bárbara › João Fermisson› Lemos Ferreira › Mónica Martins› Olímpio Lourenço › Rui Pestana › Vitória Soares

Redacção› Manuel Gonçalves › Valdemar Bonacho› Jorge Alegria

Fotografia› Rui Rocha Reis

Grafismo & Paginação› António Afonso

Departamento comercial› Valdemar Bonacho (Director)

Direccção administrativa e Financeira› Ana Leal Alegria (Directora)

serviços externos› António Emanuel

moradaAvenida 5 de Outubro, nº11 – 1º Dto.

2900-311 Setúbal

Telefone26 554 65 53

Fax26 554 65 58

sitewww.paiseconomico.eu

[email protected]

Delegação no BrasilAldamir AmaralNS&A CearáAv. Santos Dumont, 3131-A-SL. 1301Torre del Paseo – AldeotaCEP: 60150-162 – Fortaleza – Ceará – BrasilTel.: 005585 3264-0406 • Celular: 005585 88293149

[email protected]

Pré-impressão e impressãoLisgráficaRua Consiglieri Pedroso, 90Queluz de Baixo2730-053 Barcarena

Tiragem30.000 exemplares

Depósito legal223820/06

DistribuiçãoLogista PortugalDistribuição de Publicações, SAEd. Logista – Expansão da Área Ind. do PassilLote 1-A – Palhavã – 2890 AlcocheteInscrição no I.C.S. nº 124043

Page 3: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 54 › País €conómico | Março 2013

Grande entrevista

índiceLuís Mira Amaral é o Presidente do Banco BIC em Por-

tugal. Figura bastante conhecida e mediática, o líder do

banco que absorveu o ex-BPN apresenta-se nesta entre-

vista à País €conómico muito seguro do percur-

so que está a correr para alavancar o crescimento do

banco, embora não apresente certezas quanto ao mo-

mento em que as contas do agora reforçado Banco BIC

atingirá o break even. No ano passado, as contas não

auditadas do banco apresentaram valores negativos de

7,5 milhões de euros, mas Mira Amaral sublinha que

ao acionistas do BIC vão reforçar em dois milhões de

euros o capital líquido do banco «sinónimo da grande

solidez e estratégia de longo prazo com que estamos no

sistema financeiro em Portugal».

pág. 28 a 33

Quando está a decorrer mais uma edição da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), percorre-mos mais uma vez alguns dos caminhos que o turismo e as empresas nacionais do setor estão a percorrer e a desenvolver. Os presidentes das regiões de turismo estão de acordo com a nova legislação que reordena as regiões turísticas em Portugal, e fomos também ouvir alguns dos grupos hoteleiros que marcarão este ano pela abertura de novas unidades hoteleiras de cinco estrelas em Portugal, como serão os casos dos grupos Vila Galé e SANA Hotels.

pág. 06 a 25

ainda nesta edição…

26 lisnave recebe centésimo navio de empresa malaia

27 Grupos portugueses constroem 75 mil casas na argélia

34 Vii encontro de negócios na língua Portuguesa em minas Gerais

35 Grupo Durit reforçou investimento na Bahia

41 nova sBe criou a nova maputo

47 Visabeira inaugurou hotel próximo de cahora Bassa

51 150 empresários portugueses visitam maputo

56 embaixador do equador em entrevista

58 altran investe no Fundão

58 Psa mangualde cria 300 postos de trabalho

Grande Plano

Page 4: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 76 › País €conómico | Março 2013

› GRanDe Plano

Melchior Moreira, Presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, defende a nova lei de reorganização das regiões de turismo

norte de Portugal é um destino em destaque no turismo internacional

O Porto e o Norte de Portugal são um destino turístico nacional que emerge com uma

força cada vez maior. Mas, talvez o mais significativo, são os elogios vindos de inúmeras

partes do mundo à excepcional qualidade da cidade do Porto e dos vários lugares e

recantos da região norte. Melchior Moreira, Presidente do Turismo do Porto e Norte de

Portugal, recebeu a País €conómico na Fortaleza de Viana do Castelo onde funciona

a sede do organismo regional de turismo do norte do país, e além de sublinhar e explicar

porquê da sua concordância com as alterações na lei de reordenamento das regiões de

turismo, aponta sobretudo a cada vez maior importância e força do conjunto da Região

Norte como motriz do turismo em Portugal, capaz de se destacar de forma muito

positiva no panorama nacional e internacional. TexTo › VALDEMAR BONACHO | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS

a 15 de Novembro de 2012 o Con-

selho de Ministros aprovou o

diploma relativo à reorganiza-

ção das regiões de turismo, ordenando a

extinção imediata dos 6 polos existentes e a

sua fusão nas 5 entidades regionais (Algar-

ve, Alentejo, Lisboa e Vale do Tejo, Centro,

e Porto e Norte).

Como interpreta esta lei, já que a própria Confederação do Turismo Português (CTP) emitiu oportunamente um comu-nicado anunciando que iria solicitar a “suspensão” da nova lei, e iria diligenciar junto dos partidos com assento na As-sembleia da República para que a mes-ma fosse corrigida e adaptada à realida-de e aos desafios que o sector do turismo e a economia enfrentam.Acha que esta lei favorece a reorganiza-ção das regras do turismo português?Aquilo que eu considero é que esta lei

favorece sobretudo a estabilização de um

processo importante para o país e cujo

percurso é imperativo seja realizado com

a colaboração de todos, sem protagonis-

mos.

Para que possamos valorizar convenien-

temente os recursos que possuímos e

rentabilizar a oferta no seu todo, a reorga-

nização turística do país é absolutamente

necessária e urgente, tendo presente que

o país vai para além de Lisboa, do Algarve

e da Madeira. De outra forma, não estare-

mos a trabalhar com base na realidade do

país que temos, nem nos desafios que o

setor do turismo e a economia enfrentam.

O Turismo é para nós um setor absoluta-

mente prioritário, sendo urgente que se

encare esse facto com a máxima respon-

sabilidade, muito mais quando disso de-

pende um contributo valiosíssimo para a

estabilidade da nossa economia, num mo-

mento tão importante e difícil como o que

atravessamos.

Precisamos urgentemente de dar um sal-

to qualitativo nas questões fulcrais que

orientam a política do turismo nacional

e este é um momento decisivo para que

o façamos com coragem e com a máxima

coerência. Julgo por isso que esta reforma

é um passo importantíssimo, na medida

em que aponta inequivocamente para a

possibilidade de podermos trabalhar com

maior eficácia, eficiência e economia,

provando-o factos tão simples quanto

estes: por um lado, o facto do diploma

aprovado na Assembleia da República ser

absolutamente claro quanto ao redimen-

sionamento do número de estruturas re-

gionais que passam a ser apenas 5 (NUT�s

II), de acordo com um modelo que visa

torná-las mais profissionalizadas e com

mais competências (promoção interna

e externa); por outro, não podemos aqui

esquecer a importância de que se reveste

a redução de 45 dirigentes das anteriores

Page 5: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 98 › País €conómico | Março 2013

› hoTelaRia e TuRismo

estruturas, passando para 10 dirigentes,

com uma efetiva repercussão em termos

económicos. São estas, aliás, algumas das

razões que vêm ao encontro das posições

que tenho defendido, em benefício de um

modelo que a mim me parece poder pro-

duzir efeitos mais evidentes para o desen-

volvimento turístico regional e nacional.

Para além disso, há ainda a relevar a im-

portância do modelo em causa, permitin-

do que no seio das novas estruturas haja

uma clara participação do setor privado,

que passaa estar representado em três Ór-

gãos das futuras Entidades Regionais de

Turismo: no Órgão Executivo (Direção),

no Órgão Deliberativo (Assembleia Geral)

e no Órgão Consultivo (Conselho de Ma-

rketing). Daí que seja naturalmente um

defensor da atual proposta de lei aprova-

da em Conselho de Ministros, a qual julgo

ainda poder contribuir de modo inequí-

voco e relevante para a equidade de trata-

mento de todos os agentes económicos do

setor (públicos e privados).

A proposta de lei das regiões de turismo

aprovada em Conselho de Ministros, per-

mite claramente uma competitividade sé-

ria e equilibrada, beneficiando com isso o

conjunto dos destinos turísticos e a Marca

Portugal.

Porto e norte são uma marca no turismo nacionalCom o país ainda em crise, quais são as suas expectativas em relação a 2013 em termos turísticos no Porto e Norte de Portugal? Em 2012 o balanço foi, mesmo assim, positivo? E o que é que contribuiu para esse cenário?As minhas expetativas são as melhores.

Porque acredito no enorme potencial que

possuímos, na capacidade de trabalho dos

agentes económicos do setor e na possibi-

lidade de recuperação económica do atual

cenário de conjuntura internacional, julgo

ser possível termos um ano de 2013 bom,

nomeadamente, indo ao encontro das pre-

visões da OMT que apontam para o cres-

cimento contínuo dos fluxos turísticos

internacionais.

Como sabe, o Porto e Norte de Portugal é

hoje uma referência em termos nacionais

e um destino com uma “Marca Turística”

cada vez mais consolidada que vem ga-

nhando, dia após dia, maior notoriedade

junto do mercado externo. Basta para o

efeito pensar que não foi certamente por

acaso que: em 2010, fomos o destino pre-

ferido eleito pelos portugueses; que ao

longo de todo o ano de 2011, mesmo face

à difícil conjuntura económica em que

vivemos, assistimos a um crescimento

contínuo dos fluxos turísticos, acima da

média nacional; e que em 2012, fomos

um dos destinos que registou uma das

médias de crescimento mais significativa,

comparativamente com outros que por

norma têm a sua boa performance asse-

gurada por uma intensa procura (Algarve

e Madeira).

Quanto ao balanço de 2012, apesar da

referida conjuntura económica difícil, e,

de acordo com os últimos dados do INE,

podemos dizer que estamos satisfeitos. As

taxas de variação (2011/2012) foram posi-

tivas em relação à Região Norte de Portu-

gal, nomeadamente, verificando-se que o

número de dormidas teve um aumento de

10,4%, que o crescimento da taxa de ocu-

pação foi de 1,5% e que a estada média

subiu 1,1%.

Embora com um crescimento menor que

nos dois anos anteriores (2010/2011), po-

demos mesmo assim dizer que este é um

cenário estável.

Se por um lado houve uma redução efeti-

va dos proveitos totais, por outro, aumen-

taram os de aposento. Aliás, isto traduz

de certo modo o facto de ao longo do ano

de 2012, tal como no resto do país, sofrer-

mos uma redução da procura por parte

do mercado interno e do mercado interno

alargado (Espanha), mas, em contraparti-

da, de assistirmos ao crescimento da pro-

cura por parte do mercado externo, com

especial atenção para alguns países como

França, Alemanha e Brasil. Para além dis-

so, há ainda o importante facto de assis-

tirmos hoje à chegada de outros países

novos/emergentes ao aeroporto Francisco

Sá Carneiro, contribuindo para o aumento

da ocupação turística e que são, em par-

te, resultado do alargamento das rotas de

companhias de aviação com serviço low-

-cost, operando em muitos casos ao longo

de todo o ano.

Entretanto, quero ainda aqui dizer que

não é, também, certamente por acaso que

2012 foi um ano em que no destino Porto

e Norte de Portugal houve a atribuição de

tantos galardões internacionais, distribuí-

dos por diversas entidades, por variados

e prestigiantes motivos. Galardões que

premiaram sobretudo o mérito empresa-

rial de muitos dos agentes desta região e

que a nós nos satisfaz muito. Isso traduz

claramente a qualidade deste destino tu-

rístico, a aposta constante na inovação e o

trabalho empenhado que todos temos vin-

do a realizar, permitindo uma crescente e

saudável competitividade. São exemplo

disso: o Novo Terminal de Cruzeiros que,

ao completar um ano de atividade, teve

em 2012 um crescimento de 81% em rela-

ção a 2011, registando no Porto de Leixões

a entrada de 75 613 passageiros, devido

a mais e maiores navios de cruzeiros (+

24% de navios, com +118% de passagei-

ros e +123% em trânsito); e o Aeroporto

Francisco Sá Carneiro, com o processa-

mento de um extraordinário número de 6

milhões 51 mil e 48 passageiros, ao longo

do ano de 2012.

olhares do mundo sobre o Porto e o norteQuanto ao reconhecimento internacional

referido, pela importância que isso repre-

senta para o destino Porto e Norte de Por-

tugal, não posso deixar de destacar aqui

alguns dos prémios atribuídos, nomeada-

mente: a eleição do Porto como “Melhor

Destino Europeu 2012” (European Consu-

mers Choice) e o “4º Melhor Destino do

Mundo” (Revista Lonely Planet); o Douro,

como 7º destino no ranking internacional

da National Geographic (em 133 destinos

avaliados); o PNPG – “Parque Nacional da

Peneda-Gerês”, com certificado de excelên-

cia 2012 (Tripadvisor); o Aeroporto Fran-

cisco Sá Carneiro, considerado o 5º me-

lhor aeroporto a nível mundial em 2010

e ao longo de 6 anos seguidos, incluindo

2012, no TOP dos 3 melhores aeroportos

europeus (ACI – Airports Council Inter-

national); a Livraria Lello (Porto), com

certificado de excelência 2012 (Tripad-

visor); as Caves Sandeman Sogrape Vi-

nhos, com certificado de excelência 2012

(Tripadvisor); o Aquapura Douro Valley,

com certificado de excelência 2012 (Tri-

padvisor); o Solar do Vinho do Porto em

Lisboa (IVDP), com certificado de excelên-

cia 2012 (Tripadvisor); o Restaurante do

The Yeatman Hotel (V. N. de Gaia), com

uma Estrela Michelin 2012; o Restaurante

Largo do Paço, da Casa da Calçada (Ama-

rante), com uma Estrela Michelin 2012; a

Quinta do Vallado (Douro), com o Prémio

Internacional de Enoturismo, Arquitetura

e Paisagens; a Quinta do Crasto (Douro),

com o Prémio Internacional de Serviços

de Enoturismo; o Porto, posicionado em

28º lugar numa lista de 46 locais de ex-

ceção, eleitos pelo New York Times, para

visitar em 2013; o Douro e o Porto como

“WINE VILLAGE OF THE YEAR”, eleitos

pelo maior clube de vinhos do mundo

(Clube Sueco – Munskänkerna).

Por último, e, apenas como nota de outros

contributos importantes que, apesar do

atual período de contração económica,

também, concorreram para o sucesso do

destino Porto e Norte de Portugal, faço

aqui uma breve e última referência, à

evolução do número de alojamentos clas-

sificados e ao número de camas disponí-

veis, cuja oferta tem aumentado; e ainda,

à crescente importância da Via Navegável

do Rio Douro que registou em 2012 um

aumento de 6,18% de passageiros em

barcos-hotel e o simpático número de 350

mil passageiros no total, de entre os quais

168 mil passageiros em cruzeiros.

Que esforços estão o Porto e Nor-te a envidar para que este venha a ser um dos três primeiros destinos turís-ticos de Portugal?Pelo enorme prestígio e pela crescente

notoriedade que temos vindo a alcançar,

o Porto e Norte de Portugal é seguramente

um dos primeiros destinos turísticos de

Portugal.

No entanto, quanto à questão que coloca,

eu julgo que os exemplos que acabei de

dar ilustram na perfeição o trabalho que

está a ser realizado para sermos justamen-

te considerados um dos três primeiros

Page 6: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 1110 › País €conómico | Março 2013

› hoTelaRia e TuRismo

destinos de Portugal e isto é um enorme

incentivo para que os restantes agentes

económicos do setor continuem a acre-

ditar no potencial da oferta do Porto e

Norte e no trabalho de acompanhamento

constante que temos vindo a efetuar. Para

além disso, embora a responsabilidade

que temos vindo a assumir, sempre que

avançamos com projetos estruturan-

tes para a região, seja um esforço e uma

constante vontade da TPNP-ER, não nos

podemos aqui esquecer que o desenvol-

vimento turístico do destino é, também,

fruto de um trabalho efectuado em parce-

ria, sendo naturalmente imprescindível a

colaboração dos municípios e de todas as

restantes instituições, públicas e privadas,

com quem temos vindo a estabelecer dife-

rentes protocolos.

Entretanto, como nota última de extrema

importância, não posso deixar de referir

aqui a aposta na inovação, na diversidade

e no combate à sazonalidade, nomeada-

mente, através de projetos verdadeira-

mente estruturantes, tal como é o exem-

plo já referido das 54 Lojas Interativas de

Turismo em rede que estamos a desenvol-

ver, a programação de 25 Fins-de-Semana

Gastronómicos, envolvendo 74 municí-

pios, 977 restaurantes e 360 unidades de

alojamento, ou ainda, o projeto “Viva o Fu-

tebol no Porto e Norte”, com a colaboração

das equipas da 1ª liga da Região Norte.

Turismo religioso é muito importante na regiãoA 25ª Edição da Bolsa de Turismo de Lisboa

(BTL), que vai realizar-se entre 27 de Feve-

reiro e 3 de Março tem como epicentro uma

aposta em três vertentes: Meeting Indus-

try, Golf e Turismo Religioso. Lembrando

o significado de eventos como Nossa Se-

nhora dos Remédios, e a Semana Santa de

Braga, podemos interpretar que a Porto

e Norte tentará concentrar forças nesta

vertente (Turismo Religioso) para atrair

turistas portugueses e estrangeiros a estas

realizações de cariz religioso, ou mesmo

nas outras duas vertentes a Porto e Norte

tem sempre uma palavra a dar?

Isso é indiscutível e uma clara vontade da

TPNP-ER. Basta pensarmos no facto de há

já muito tempo termos aberto em Braga

uma Delegação de Turismo Religioso, as-

sumindo-o como um dos nossos produtos

estratégicos, de modo a podermos con-

templar o valiosíssimo património mate-

rial e imaterial que possuímos, na base do

qual está uma interessante parte da nossa

procura, de entre a qual se encontra obvia-

mente uma importante fatia que retrata o

forte impacto da oferta que temos, inseri-

da nos Caminhos de Santiago. Aliás, tudo

isto contribuindo para a posição que to-

mamos, defendendo nesta última revisão

do PENT que o “Turismo Religioso” não

pode deixar de ser produto estratégico.

Para além disso, é sempre bom lembrar

que a grande riqueza do destino Porto e

Norte de Portugal assenta na diversidade

da sua oferta e numa enorme capacidade

que alguns produtos têm para comple-

mentar e enriquecer as experiências de

quem nos visita. É exemplo disso, tam-

bém, a interessante oferta de Golfe que

possuímos em diversos campos de qua-

lidade, ou das experiências no âmbito

do Turismo Náutico, fruto das condições

excecionais para a prática de atividades

diversas, tais como cruzeiros, canoagem,

rafting, vela, surfing (surf, kite, padle), etc.

A marca Douro, hoje internacionalizada, pode continuar a ser uma componente importante e decisiva no desenvolvi-mento do turismo da Porto e Norte?Naturalmente que sim. Tratando-se, como

se trata, de uma referência de excelência,

tanto em termos nacionais, como inter-

nacionais, a marca Douro é seguramente

uma componente importante para o de-

senvolvimento e uma mais-valia para o

prestígio e a afirmação do destino Porto e

Norte de Portugal.

No entanto, embora reconhecendo natu-

ralmente o seu enorme valor, não pode-

mos esquecer o muito trabalho que ain-

da há para realizar, sobretudo tendo em

consideração o facto de o Douro ser hoje

efetivamente uma marca forte, mas que

não é um destino turístico.

Podemos crescer turisticamente este anoAcredita que apesar da crise que afeta a

Europa e muitas partes do Globo, mesmo assim 2013 pode ser o ano de relança-mento do turismo de Portugal?Como sabe, apesar das muitas mudanças

de paradigma com direta influência no se-

tor, da complexidade e da atual volatilida-

de dos mercados, é convicção da OMT que

“o turismo continuará a ser o maior expor-

tador nacional”. Como tal, a avaliar pelos

dados que obtivemos mesmo no seio de

uma conjuntura difícil, face ao posiciona-

mento de Portugal, tanto no ranking eu-

ropeu, como mundial, e ainda, depois dos

sinais positivos da nossa economia em

termos internacionais, não tenho dúvidas

que 2013 pode ser o ano do relançamento

de Portugal. Temos uma oferta que é di-

ferenciadora e, quer queiramos ou não,

temos um peso significativo sempre que

se fala no tradicional “Value for Money”.

Estão a levar a sério as questões da mo-dernização e da formação? Fale-nos do trabalho que a Porto e Norte tem desen-volvido nestes dois aspetos.Modernização e formação sempre foi

uma das nossas grandes apostas. Provam-

-no muitos dos nossos projetos, cujo des-

taque vai naturalmente, uma vez mais,

para o projeto das “Lojas Interativas de

Turismo” que temos em curso e que não

é certamente por acaso que constitui este

ano uma das nomeações da Publituris

para os prémios “Inovação” do “Portugal

Travel Awards”.

Com base no uso de tecnologias limpas,

estamos a instalar um conjunto de 54 lo-

jas em rede, com recurso a um avançado

sistema de comunicação e interação, con-

tribuindo para uma mudança de paradig-

ma na área da informação e da promoção

turística regional, cujo exemplo claro é

possível apreciar numa das lojas já aber-

tas, de entre as quais destaco a do Aero-

porto Francisco Sá Carneiro, por ser uma

das mais importantes portas de entrada

de turistas no Porto e Norte de Portugal.

Aliás, no que às questões da moderniza-

ção diz respeito, podemos mesmo dizer

que fomos a primeira Entidade Regional

de Turismo a avançar com a utilização das

tecnologias limpas e a recorrer às “redes

sociais”, como ferramenta privilegiada na

área da informação e da promoção turís-

tica.

Para além disso, na área da formação, te-

mos vindo a realizar um diversificado e

interessante trabalho, nomeadamente,

estabelecendo parcerias com uma série

de instituições de ensino superior e pro-

fissional, colaborando na conceção de pro-

gramas curriculares e em diversas aulas,

ou até mesmo em seminários, de cursos

de licenciatura e/ou mestrados, na área do

turismo.

Apesar das dificuldades que todos atra-vessamos, acredita que o Turismo Por-tuguês vai voltar a ser um dos principais contribuintes do PIB nacional?Eu diria que se não for o Turismo a de-

sempenhar esse papel, dificilmente o

conseguiremos. Aliás, é esta a razão pela

qual defendo que todos devemos olhar

com responsabilidade para este setor que

é absolutamente prioritário para o país e

sem o qual dificilmente ultrapassaremos

os problemas económicos conjunturais.

Com uma verdadeira aposta no Turismo,

em especial tendo como preocupação a

questão da qualidade e da sustentabilida-

de, quero acreditar ser possível contribuir

para um país melhor.

O Turismo é um pilar de crescimento em

qualquer economia mundial. Daí que este

deva ser encarado pelo Governo como

uma prioridade nacional. Para isso, não

basta assumi-lo no discurso político, é

necessário concretizá-lo como verdadeira

prioridade. ‹

Page 7: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 1312 › País €conómico | Março 2013

› GRanDe Plano

Pedro Machado, Presidente da Região de Turismo do Centro, não tem dúvidas

a reorganização do mapa das regiões de turismo é positiva

O Presidente da Região de Turismo do Centro, Pedro Machado, está de acordo com a

reorganização das regiões de turismo plasmada no diploma governamental aprovado

em Novembro do ano passado. O líder do turismo da região centro de Portugal diz que

a nova lei não duplica estruturas e agrega massa crítica na promoção regional. Pedro

Machado também se mostra moderadamente otimista face ao desenvolvimento turístico

no presente ano, realçando os crescimentos registados em mercados emissores como

o brasileiro, holandês e francês. A construção de um novo centro de congressos em

Coimbra constitui outro fator para acreditar que a região poderá ter um crescimento

sustentável na área da captação de grandes eventos para o centro de Portugal. TexTo › VALDEMAR BONACHO | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS

a 15 de Novembro de 2012 o Con-

selho de Ministros aprovou o

diploma relativo à reorganiza-

ção das regiões de turismo, ordenando a

extinção imediata dos 6 pólos existentes,

e a sua fusão nas 5 entidades (Algarve,

Alentejo, Lisboa e Vale do Tejo, Centro e

Porto Norte).

Como interpreta está lei, já que a própria Confederação do Turismo Português (CTP) emitiu oportunamente um comu-nicado anunciando que iria solicitar a “suspensão” da nova lei, e iria diligenciar junto dos partidos com assento na As-sembleia da República para que a mes-ma fosse corrigida e adaptada à realida-de e aos desafios que o sector do turismo e a economia enfrentam.Considera que esta lei favorece a reor-ganização das regras do turismo portu-guês?A lei é urgente e necessária e vem corri-

gir o modelo definido pelo Decreto-lei

67/2008, que veio trazer descontinuidade

ao território, fracturas em marcas e pro-

dutos e criar assimetrias no investimento

e desenvolvimento turístico regional. Não

concordo com a análise da CTP, uma vez

que o novo diploma não visa, nem cria du-

plicação de estruturas, privilegia as parce-

rias entre o sector público e privado, vem

agregar o território e a promoção externa

e interna, atribuir escala e massa crítica à

região.

Com o país em crise, quais são as suas expectativas em relação a 2013 em ter-mos turísticos no Turismo do Centro? Considera que apesar de tudo, o balanço de 2012 acabou por ser positivo para o Turismo do Centro? E o que é que contri-buiu para esse cenário?Dada a conjuntura económica nacional e

internacional a expectativa para 2013 é

moderada. Sabemos que vamos ter uma

retracção na procura por parte de alguns

mercados – como é o caso do espanhol,

mas outros mercados internacionais

como o Brasil, a Holanda, ou a França

apresentam números positivos e com

tendência de crescimento. Temos desen-

volvido diversas acções promocionais nos

mercados indicados, tanto junto do sector

profissional como do grande público. O

Centro de Portugal está mais estruturado,

a oferta hoteleira tem crescido permitindo

fixar turistas em locais onde até agora não

havia alojamento. Os empresários regio-

nais têm focado a sua acção na promoção

de serviços de qualidade. Todos estes fac-

tores são importantes para reagir de for-

ma positiva à crise.

centro pode captar grandes eventosA 25ª edição da Bolsa de Turismo de Lis-boa - BTL, que vai realizar-se de 27 de Fe-vereiro a 3 de Março tem com o epicentro uma aposta em três vertentes: Meeting Industry, Golf e Turismo Religioso. Estas são vertentes favoráveis ao desenvolvi-mento do Turismo do Centro?Com certeza. Destas vertentes o Golfe é

aquela que por enquanto, tem menor ex-

pressão na Região. Ao nível do Meeting

Industry é necessário destacar os novos

projectos em curso e investimentos nessa

área, que vão munir a região de excelentes

infra estruturas para a realização de gran-

des congressos. Veja-se o Centro de Con-

gressos do Convento de São Francisco, em

Coimbra, que em breve vai dotar a cidade

e região de espaços modernos, e de um

auditório com capacidade acima de 1000

congressistas. Também ao nível da indús-

tria do conhecimento, as Universidades

de Coimbra, Aveiro e Covilhã, os Politéc-

nicos de Viseu, Guarda e Castelo Branco,

são geradoras de dinâmicas próprias com

escala internacional. O Turismo Religioso

é uma vertente estratégica para a região,

principalmente se associada ao Judaísmo

e comunidades judaicas do Centro de

Portugal. Do mesmo modo, saliento o po-

tencial de crescimento do produto “Cami-

nhos de Santiago” no território regional,

sendo que em Abril 2013 vamos realizar

uma conferência internacional subordina-

da ao tema “Caminhos de Santiago” com

o envolvimento de parceiros espanhóis e

franceses.

Acredita que apesar da crise que afecta

a Europa e outras partes do Globo, mes-mo assim 2013 pode vir a ser o ano de relançamento do turismo de Portugal?2013 deve ser o ano em que, estando em

preparação o novo quadro comunitário,

(instrumento fundamental para o desen-

volvimento das regiões) se transite para o

planeamento inteligente do futuro, fazen-

do com que 2014 seja o ano do relança-

mento do turismo em Portugal. ‹

Page 8: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 1514 › País €conómico | Março 2013

› GRanDe Plano

Jorge Rebelo de Almeida, Presidente do Grupo Vila Galé, continua a investir em Portugal

em abril abriremos o nosso primeiro cinco estrelas no país

Não era propriamente uma novidade, mas Jorge Rebelo de Almeida, Presidente do

Grupo Vila Galé, o segundo maior operador hoteleiro nacional, confirmou em entrevista

à País €conómico que no próximo mês de Abril abrirá as suas portas o Hotel Vila

Galé Palácio dos Arcos, em Oeiras, embora a sua inauguração oficial apenas ocorrerá

no dia 7 de Junho, dia do Concelho de Oeiras. Mais cedo, já no próximo mês de Março, o

grupo português espera começar a obras do futuro Hotel Vila Galé Rio de Janeiro, um

investimento superior a 40 milhões de euros e que o empresário espera ainda poder

abrir a tempo de aproveitar o grande evento que será a Copa do Mundo em Junho de

2014. Numa entrevista concedida no dia anterior à sua partida para o Brasil, Jorge

Rebelo de Almeida também confirmou espera definir a localização exata na cidade de

Fortaleza onde construirá o primeiro hotel económico no país e que terá a marca VG

Express, seguindo-se apostas similares nas cidades de Natal e de Recife. Em Portugal,

além da inauguração do Vila Galé Palácio dos Arcos, o grupo prossegue um conjunto de

remodelações em várias unidades espalhadas pelo país, incluindo no Porto, e realça a

aposta muito significativa que está a fazer no mercado alemão, com resultados palpáveis

já a partir de Março do presente ano.TexTo › JORGE ALEGRIA | FoToGRaFia › ARqUIVO

o décimo oitavo hotel em Portugal

do Grupo Vila Galé vai marcar

uma nova etapa na vida da mar-

ca fundada e dirigida por Jorge Rebelo de

Almeida.

No decorrer do próximo mês de Abril,

abrirá portas o Vila Galé Palácio dos Arcos

Hotel dos Poetas, bem próximo da estrada

marginal que liga Lisboa a Cascais. Pouco

tempo depois, mais precisamente a 7 de

Junho, dia comemorativo do concelho de

Oeiras, será realizada a cerimónia de inau-

guração do primeiro hotel cinco estrelas

do grupo em Portugal, conhecido até ago-

ra pela aposta num padrão elevado de

hotéis de quatro estrelas, mas que ainda

não tinha concretizado um sonho antigo

do homem que implementou a marca ain-

da no final da década de oitenta do século

passado.

Jorge Rebelo de Almeida faz questão de

salientar que o novo hotel da Vila Galé

apresentará «uma diferença significativa

de toda a nossa rede existente em Portu-

gal, pois sou dos que entendem que deve

existir uma real diferença entre um hotel

de cinco e um hotel de quatro estrelas.

Como sabe, o nosso padrão hoteleiro em

Portugal é bastante elevado, pela pontua-

ção obtida vários dos nossos hotéis po-

deria ter a classificação formal de cinco

estrelas, mas seriam, digamos, cinco estre-

las assim assim. O que pretendemos com

este novo Vila Galé Palácio dos Arcos é ter

um verdadeiro cinco estrelas e é o que vai

acontecer, não apenas pelas infraestru-

turas e equipamentos (76 quartos), mas

também por estar instalado num palácio

quinhentista completamente recuperado,

com uma capela incluída, com um jardim

de grande dimensão, e igualmente com

um serviço de enorme qualidade e re-

quinte, incluindo também na área da gas-

tronomia, onde vamos apostar de forma

muito significativa», enfatiza Jorge Rebelo

de Almeida.

Por outro lado, o presidente do segundo

maior operador hoteleiro nacional lembra

também que o processo de remodelações

implementado em várias unidades do gru-

po vai prosseguir neste ano de 2013, tanto

em unidades no Algarve como no hotel da

marca na cidade do Porto, unidade que já

recebeu melhorias no ano passado, e que

Page 9: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 1716 › País €conómico | Março 2013

este ano receberá também uma renovação

ao nível dos quartos.

o futuro Vila Galé Rio de JaneiroAliás, o processo de renovação das unida-

des foi aproveitado para Jorge Rebelo de

Almeida para fazer a ponte para a opera-

ção que a Vila Galé possui no Brasil. Em

meados do ano passado foi iniciada a re-

novação do Vila Galé Fortaleza, a primeira

unidade que o grupo abriu no território

brasileiro, no já longínquo ano de 2001,

e que prosseguiu no último trimestre do

ano passado com alterações significativas

verificadas no Vila Galé Salvador, «que

agora é sem dúvida uma das melhores e

modernas unidades no panorama hote-

leira da capital do estado da Bahia, estado

onde vamos também investir na constru-

ção de uma segunda área de convenções

do Hotel Vila Galé Marés em Guarajuba,

pois a área de convenções está a ser muito

procurada no Brasil e o grupo Vila Galé

está a dar resposta efetiva a essa crescente

procura», sublinha o líder do grupo nacio-

nal.

No entanto, no Brasil, para além das re-

qualificações de algumas das seis unida-

des hoteleiras de cinco estrelas existentes,

o grupo Vila Galé prepara-se para chegar

à “Cidade Maravilhosa”. Jorge Rebelo de

Almeida espera ter condições para iniciar

ainda no próximo mês de Março as obras

de construção do futuro Hotel Vila Galé

Rio de Janeiro, um investimento superior

a 40 milhões de euros para criar uma uni-

dade hoteleira na zona carioca da Lapa,

onde ainda predominam muitos traços

da antiga presença portuguesa e onde se

localizam muitas das principais empresas

que se situam na cidade do Rio de Janeiro,

mas cuja oferta hoteleira é relativamente

escassa.

Jorge Rebelo de Almeida está orgulhoso

de ter conseguido erigir um projeto que

recupera três edifícios antigos, um dos

quais um palácio de uma antiga família

portuguesa, e que conjugados com a cons-

trução de três torres dará origem ao futu-

ro Vila Galé, que terá 290 quartos, espe-

rando o líder do grupo ter condições para

o poder abrir ainda a tempo de aproveitar

a realização da Copa do Mundo em Junho

de 2014, cuja final será justamente reali-

zada no Estádio do Maracanã, na capital

carioca.

Fortaleza acolherá o primeiro VG Express

Mas, os investimentos no Brasil não fica-

rão pelo novo hotel no Rio de Janeiro. Há

alguns anos que Jorge Rebelo de Almeida

desenvolveu um conceito hoteleiro de ma-

triz económica e que se designará por VG

Express.

O grupo elegeu como primeiras priorida-

des para a nova rede hoteleira as cidades

de Fortaleza, Natal e Recife. A conversa

com Jorge Rebelo de Almeida, na sede da

Vila Galé em Lisboa, decorreu na véspera

da sua partida para o Brasil, onde espera-

va concluir positivamente a escolha con-

creta do terreno na cidade de Fortaleza, ca-

pital do estado nordestino do Ceará, para

a instalação do primeiro hotel VG Express

no país.

Próximo de Fortaleza, mais propriamente

na região da praia do Cumbuco, no vizi-

nho município de Caucaia, o grupo pos-

sui desde há dois anos o hotel Vila Galé

Cumbuco, uma unidade que funciona no

sistema all inclusive (tal como o Vila Galé

Marés, na Bahia) e «que embora ainda

não tenha a ocupação que esperávamos, já

mostra um desempenho muito significa-

tivo», refere o empresário, que aproveita

para recordar que «em Novembro do ano

passado lançámos o projeto do aparthotel

VG Sun, com vendas muito positivas, pois

apenas vamos gerir essa unidade de 330

apartamentos, que beneficiará inclusiva-

mente dos serviços do vizinho Vila Galé

Cumbuco. Prevemos que no próximo mês

de Outubro o lançamento de outro em-

preendimento mesmo ao lado da nossa

unidade hoteleira no local, mas não temos

excessiva pressa, até para não fazer cair

os preços dos produtos que lançamos no

mercado», remata Jorge Rebelo de Almei-

da.

hotéis em Portugal libertaram maior margem do que no BrasilInstado a comentar as notícias que apon-

tam para um ligeiro valor superior em

termos de volume de negócios na opera-

ção brasileira relativamente à operação

em Portugal, Jorge Rebelo de Almeida

admitiu que os números são bastante se-

melhantes, mas destacou que apesar da

crise económica que afeta Portugal e a

própria economia europeia, ainda assim,

a margem operacional em Portugal foi su-

perior em 2012 à verificada na operação

no Brasil.

O presidente do grupo justifica sobretudo

essa diferença pelo facto da relevância da

operação do sistema all inclusive que a

Vila Galé implementou nos seus resorts

no Brasil, mas adianta que os resultados

verificados globalmente no ano passado

foram satisfatórios para a atividade desen-

volvida pela marca nos dois mercados em

ambos os lados do Atlântico.

Interrogado sobre o que espera da opera-

ção este ano no nosso país, Jorge Rebelo

de Almeida sublinha que se considera um

otimista, «embora a evolução da econo-

mia portuguesa e europeia não nos traga

grandes otimismos, muito pelo contrário.

Mas temos de acreditar e sobretudo de

trabalhar para que o nosso otimismo seja

possível e traduzível em resultados palpá-

veis e positivos».

Para isso, destaca os contratos já assina-

dos por três unidades hoteleiras do grupo

– Lagos, Ericeira e Santa Cruz (Madeira) –

com operadores alemães no sentido de «já

a partir de Março recebermos um número

muito significativo de turistas alemães

para essas nossas três unidades hoteleiras.

Considero mesmo que é muito importan-

te que o turismo e a hotelaria nacional

devam apostar num dos mercados mais

importantes na Europa e que tem ainda

bastante margem para crescer como é o

caso do mercado alemão. A par do mer-

cado inglês, o mercado alemão é o mais

promissor da Europa e devemos apostar

nisso.

Veja, no ano passado tivemos uma queda

de 15% no que respeita a turistas espa-

nhóis e italianos, e este ano certamente

que não teremos melhorias na recepção

de turistas desses países. O mercado ale-

mão deve ser uma aposta firme e estamos

no grupo Vila Galé a dar formação na lín-

gua alemã em todas as nossas unidades

para melhor recebermos e acolhermos os

nossos clientes alemães», sublinha Jorge

Rebelo de Almeida. Por outro lado, e a

terminar, o presidente do grupo Vila Galé

preconiza que possa existir uma campa-

nha que releve internacionalmente a mar-

ca Portugal, pois isso beneficiará todos

os setores nacionais, «não apenas o turis-

mo», sublinha Jorge Rebelo de Almeida,

mas abrange outros motores da economia

nacional, como a «imobiliária turística,

a gastronomia, o azeite, os vinhos, o cal-

çado, os têxteis, entre outros de grande

significado, e que no conjunto poderemos

beneficiar do engrandecimento da marca

Portugal.

O Governo e os empresários precisam de

fazerem mais pelo desenvolvimento da

economia e do nosso país, e isso poderia

ser um bom contributo para melhorar-

mos o desempenho e o reconhecimento

do bom que se faz e que temos em Por-

tugal», remata Jorge Rebelo de Almeida. ‹

› GRanDe Plano

Page 10: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 1918 › País €conómico | Março 2013

› GRanDe Plano

Carlos Neves, Administrador do Grupo Sana Hotels, sublinha o crescimento do grupo em Portugal, mas sublinha que a marca Sana se vai expandir no exterior

Queremos crescer no plano internacional

O mês de Março vai ser excecional para o Grupo SANA HOTELS. No dia 7 inaugurará o

EPIC SANA Lisboa, e depois no dia 14 inaugurará o EPIC SANA Albufeira. Carlos Neves,

Administrador do Grupo SANA HOTELS, sublinha a importância do crescimento

e da consolidação do grupo em Portugal, mas nesta entrevista exclusiva à

País €conómico enfatiza o desejo de crescimento a nível internacional. Além das

presenças já efetivas na Alemanha e em Angola, países onde poderão crescer, a marca

SANA poderá também chegar a outras partes da Europa e no continente americano,

particularmente ao Brasil, onde o grupo procura oportunidades para estar presente.TexTo › JORGE ALEGRIA | FoToGRaFia › CEDIDAS PELO GRUPO SANA HOTELS

O Grupo Sana Hotels vai inaugurar no próximo mês de Março duas unidades Epic Sana, respetivamente, em Lisboa e em Albufeira. O que é que estas unida-des vão acrescentar ao portfólio do gru-po em Portugal?No âmbito da sua estratégia de crescimen-

to sustentado, quer ao nível nacional, quer

ao nível internacional, a SANA HOTELS

redefiniu os seus produtos e conceitos de

acordo com a inovação que aporta atual-

mente às suas unidades tendo em particu-

lar atenção também as classificações dos

seus empreendimentos. Nessa sequência,

criou o SANA STYLE correspondente aos

seus Hotéis com a categoria de três estre-

las, o SANA EXCELLENCE, correspon-

dente aos seus hotéis de quatro estrelas, o

EPIC SANA, correspondente aos seus ho-

téis de cinco estrelas e, não menos impor-

tante, o EVOLUTION BY SANA HOTELS

correspondente a hotéis de três estrelas

mas com uma componente funcional e

atrativa altamente tecnológica.

Assim, iniciou-se o processo de cresci-

mento tendo, em 2010, surgido o SANA

BERLIN, in casu um hotel de quatro estre-

las superior e, no âmbito dos EPIC SANA,

nasceu, em 2011, o EPIC SANA LUANDA.

O EPIC SANA LISBOA, sito nas Amorei-

ras e o EPIC SANA ALGARVE, sito na

Praia da Falésia, em Albufeira, acrescido

do recentemente inaugurado MYRIAD

BY SANA HOTELS (sito na Torre Vasco

da Gama) veem consolidar o crescimento

da cadeia SANA HOTELS no território

português no sector hoteleiro de cinco

estrelas onde, seguramente, o produto e o

serviço inerente a cada um deles pautar-

-se-ão pela elevada qualidade e inovação.

Qual é a dimensão de cada um dos dois hotéis, e qual será o investimento con-cretizado em cada um deles?O EPIC SANA Algarve Hotel é um con-

junto turístico integrado na cadeia SANA

Hotels cuja grande preocupação foi a sua

integração na belíssima natureza e es-

paços verdes que o circunda e envolve.

Com uma localização privilegiada sobre a

praia da Falésia (Albufeira), o EPIC SANA

Algarve dispõe de 162 quartos, 24 suites

e 43 apartamentos amplos e com um de-

sign moderno, complementados por faci-

lidades contemporâneas e de tecnologia

de última geração. Um extenso SPA, 5

piscinas exteriores (duas para crianças) e

uma piscina interior, kid�s club, baby cen-

tre, polidesportivo, três restaurantes (um

sazonal), dois bares e snack-bares junto

das piscinas e, não menos importante,

com acesso direto à praia da Falésia - Aço-

teias são algumas das facilidades do EPIC

SANA Algarve. Com mais de 1.800m2 de

salas de reunião, o Centro de Congressos

do EPIC SANA Algarve Hotel já é uma re-

ferência para congressos e eventos. A sua

abertura será no próximo dia 14 de Março

de 2013 e o investimento cifrou-se em ses-

senta milhões de euros.

O EPIC SANA LISBOA também com uma

localização estratégica em Lisboa, nas

Amoreiras, a uma curta distância do Mar-

quês de Pombal e das Avenidas Novas, ofe-

rece 311 Quartos de diferentes tipologias.

As facilidades do Hotel incluem um res-

taurante buffet, um restaurante gourmet,

um lobby bar e, no topo do Hotel, o sky

bar e a “infinity pool” são o culminar de

um hotel épico. Para as reuniões e eventos

o EPIC SANA Lisboa Hotel dedica 1 760

m2 distribuídos por 13 salas de reunião,

incluindo um ballroom com 874 m2, que

permite acolher eventos até 1 300 pessoas.

Também no hotel irá abrir um novo espa-

ço altamente sofisticado no qual viver-se-á

emoções e sensações fortes quer na res-

tauração quer na vivência no espaço lúdi-

co de bar e dança e cujo conceito a SANA

HOTELS tem vindo a criar e a desenvol-

ver. O chamado SWITCH, da autoria do

prestigiado arquiteto Miguel Câncio Mar-

tins, será seguramente uma referência de

qualidade na oferta turística. A sua aber-

tura ocorrerá no dia 7 de Março de 2013

e o investimento realizado neste hotel foi

de Setenta milhões de Euros.

Qual é a estratégia fundamental na cap-tação de clientes para este segmento Epic Sana?O sector turístico português tem em vin-

do, ao longo dos últimos dez anos, a ter

um forte incremento nomeadamente pela

abertura de novas unidades hoteleiras,

em especial na cidade de Lisboa (que pela

sua beleza, história, gastronomia, clima e

pela fama de saber bem receber os seus

visitantes) tem vindo a ser reconhecida

internacionalmente como um destino

preferencial para visitar mas também e

cada vez mais a crescer no âmbito da or-

ganização de eventos, ações de trabalho,

seminários e colóquios.

A SANA HOTELS, com a criação das suas

novas unidades EPIC SANA e, não menos

importante, pela redefinição conceptual

das suas marcas inerentes à categoria

dos seus hotéis, apostou claramente em

infra estruturas e serviços que os posi-

cionassem fortemente nestes dois tipos

de mercado: o corporate (decorrente dos

seus Centros de Congressos) e o turismo

de negócios e familiar e/ou individual.

Surgem, por isso, mercados emissores

que cada vez mais se tem afirmado com

relevo na procura dos nossos hotéis tais

como os mercados Inglês, USA, Angolano,

Asiático, Russo, Emirates Unidos, Brasilei-

ro e outros que, pelo seu crescimento eco-

nómico, procuram novos destinos sendo

Portugal, e a cidade de Lisboa em particu-

lar, seguramente um deles.

A nossa estratégia passa por abordar di-

retamente esses mercados mas, essencial-

mente, promovendo os nossos Excelentes

produtos e serviços através de acções pró-

prias e direcionadas (marketing, promo-

cionais, etc.) e que, aliás, tem vindo a resul-

tar com reconhecimento dos Clientes em

associar o Excelente produto e serviços à

qualidade e imagem SANA HOTELS.

Queremos crescer no plano internacionalPara além destes dois investimentos, estão previstos no futuro novos inves-timentos no segmento de cinco estrelas do Grupo Sana Hotels em Portugal?Neste momento, a SANA HOTELS, com

a abertura destes dois novos empreendi-

mentos EPIC SANA, e com o MYRIAD by

Epic Sana Lisboa

Page 11: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 2120 › País €conómico | Março 2013

› GRanDe Plano

SANA HOTELS, consolida a sua posição

no segmento de cinco estrelas em Portu-

gal estando, neste momento, focalizada na

sua expansão internacional onde, na qual,

também pretende crescer duma forma

sustentada.

Como estão a ser os primeiros meses da operação do novíssimo Myriad By Sana Hotels, localizado no Parque das Nações em Lisboa?O MYRIAD by SANA HOTELS é um pro-

duto de excepcional qualidade demons-

trativo do que melhor se faz pelo mundo

fora.

Com uma localização única na cidade de

Lisboa, sobre o rio Tejo, o MYRIAD by

SANA Hotels, é um hotel único e sem

igual! 176 quartos e 10 suites, com vistas

sem paralelo sobre o Tejo e o Parque das

Nações, aliado a um design contemporâ-

neo e facilidades únicas, redefinem o con-

ceito de hotel de luxo.

Os espaços públicos interiores são conti-

nuados em infinity pelas sempre presen-

tes vistas sobre o Tejo. Dois restaurantes

- um dos quais no topo do hotel e com

vista panorâmica sobre a cidade e o rio -,

bar, Spa e piscina interior, são apenas uma

parte do que o MYRIAD tem ao seu dis-

por. Para reuniões e eventos, o MYRIAD

oferece 3 salas de reunião e, ligado ao ho-

tel por uma ponte aérea coberta, um mo-

derno Centro de Eventos e Congressos – o

MYRIAD CRISTAL CENTER - com mais

7 salas de reunião, 5 boardrooms, foyer

e esplanada, num total de 1.690 metros

quadrados.

Esta caraterística, associada a uma equipa

jovem e altamente qualificada, fazem do

MYRIAD by SANA HOTELS um hotel de

referência internacional e, nessa medida,

o seu desempenho tem vindo a ser reco-

nhecido pelos nossos Clientes os quais o

descrevem como uma experiência única e

fascinante. Estamos, por isso, muito con-

tentes com o desempenho e a qualidade

deste extraordinário e ímpar hotel.

O grupo possui um Sana Hotel e um Sana Residence em Berlim, capital da Alema-nha. Qual foi a estratégia que presidiu à concretização deste investimento em Berlim?

A SANA HOTELS tem o orgulho de afir-

mar no mercado que detém um dos me-

lhores quatro estrelas na cidade de Ber-

lim. O SANA BERLIM HOTEL. Foi-lhe

atribuído a categoria de quatro estrelas

superior.

Usufruindo de uma localização central

em Berlim, perto do parque Tiergarten,

do Jardim Zoológico, do famoso centro

comercial KaDeWe e da principal artéria

comercial da antiga Berlim Ocidental -

Kurfürstendamm-, o SANA Berlin Hotel

está excepcionalmente vocacionado para

visitantes em negócios ou lazer. Com 208

quartos, incluindo 13 Suites e 42 aparta-

mentos - SANA Residence -, o SANA Ber-

lin Hotel oferece uma variada escolha de

alojamentos para estadias de curta ou de

longa duração.

A Alemanha e, em particular a cidade de

Berlin, é o motor da Europa onde, de facto,

a hotelaria se desenrola a um ritmo eleva-

do, com ocupações médias na ordem dos

70%.

Berlin é uma cidade cosmopolita, rodea-

da de história e encanto, quer do ponto

de vista cultural, musical, gastronómica

e onde também o setor empresarial, mer-

cantil e financeiro crescem a um ritmo

nunca visto.

Decidimos por isso iniciar a nossa expan-

são internacional por este País, cuja eco-

nomia na Europa é uma referência, e em

particular pela cidade de Berlin na qual o

seu misticismo e a sua envolvente de cres-

cimento e inovação associado a esta cida-

de permitem à SANA HOTELS afirmar-se

num Mercado altamente competitivo.

Estamos muito satisfeitos com o desem-

penho deste hotel que já é uma referência

na cidade de Berlin. Daí que, é nossa pre-

tensão continuarmos a crescer neste País.

Está previsto algum novo investimento noutra capital europeia? Onde? Quando?A SANA HOTELS, como referi, está a de-

senvolver a sua expansão internacional

atenta a novas oportunidades que possam

surgir, quer seja pela aquisição de uni-

dade hoteleiras, quer pela gestão (a qual

tem dado prioridade uma vez que o seu

reconhecimento de qualidade e rigor de

gestão têm originado interesse, por pro-

prietários de unidades hoteleiras e fundos

de investimento, na SANA HOTELS).

No mercado europeu, a SANA HOTELS

está focalizada na análise do sector em es-

pecial na Espanha, França, Reino Unido,

Alemanha, sem descurar outros países eu-

ropeus que, por estarem a tornar-se emer-

gentes, poderão ser uma Excelente aposta

nesses mercados.

Mas também existem outros Países em

que a SANA HOTELS tem vindo afincada-

mente a estudar oportunidades de expan-

são em particular em países africanos, e

em especial no reforço da nossa presença

em Angola onde já temos o EPIC SANA

LUANDA, mas também no mercado norte

americano e sul americano, tais como paí-

ses como a Colômbia, Peru, Chile e Brasil.

Poderemos reforçar presença em angolaAngola assistiu ao nascimento do pri-meiro Epic Sana, que se transformou num ícone da hotelaria na capital ango-lana. A operação está a correr conforme

as expetativas do grupo?Angola é um país fantástico onde de fato

o seu crescimento económico e social tem

vindo a crescer duma forma sustentada.

É um País cujo turismo ainda se encontra

numa fase embrionária mas que acredi-

tamos que a curto/médio prazo será uma

referencia internacional.

O EPIC SANA LUANDA é o exemplo dis-

so. Com esta unidade de nível excepcional

de qualidade, permitiu criar uma infraes-

trutura turística em Angola, em particular

na Cidade de Luanda, demonstrando que

Angola tem tudo para se tornar um forte

mercado turístico mundial.

Repito, é um Hotel extraordinário e reco-

nhecido por todos os nossos Clientes, in

casu, de diversas nacionalidades que visi-

tam Angola e, em especial, pelos nossos

Clientes Angolanos.

Estamos muito satisfeitos com o desem-

penho deste hotel e seguramente a SANA

HOTELS irá reforçar a sua posição neste

País uma vez que o seu potencial turísti-

co em todo o território angolano, repito,

é enorme e que as autoridades angolanas

têm vindo a criar políticas e mecanismos

jurídicos e legais sólidos de incentivos de

investimento e de crescimento conducen-

tes à criação e exploração de excelentes

infra estruturas turísticas para Angola.

É possível existirem futuramente outros investimentos da marca em Angola?Seguramente que sim. Para a SANA HO-

TELS, já reconhecida no mercado Angola-

no pela sua qualidade e rigor, é uma prio-

ridade desenvolvermos, quer pela criação

quer pela gestão, de mais unidades em

todo o território de Angola. É um Grande

País, em cujo território existem Províncias

lindíssimas capazes de terem excelentes

unidades hoteleiras integradas na SANA

HOTELS.

Fala-se por vezes do interesse do Grupo Sana Hotels em investir no Brasil. Existe alguma perspetiva de que isso poderá acontecer? E caso venha a acontecer sucederá com investimento numa nova unidade ou apenas poderão estar inte-ressados na gestão de algum hotel já existente?

Como já referi, a SANA HOTELS está a

estudar algumas oportunidades de in-

vestimento no Brasil até porque o Brasil

tem vindo a crescer economicamente e o

seu turismo, quer ao nível interno quer

na procura de destinos turísticos inter-

nacionais tem vindo a crescer duma for-

ma exponencial.Por exemplo, bastantes

clientes nossos são Brasileiros e escolhem

os nossos hotéis, em especial o MYRIAD

by SANA HOTELS, porque já começam a

conhecer e a utilizarem os nossos produ-

tos hoteleiros e serviços fidelizando-se na

SANA HOTELS.

A nossa estratégia passa sempre por um

crescimento sustentado e, acima de tudo,

com qualidade. Estamos a focar o nosso

interesse na gestão de unidades hotelei-

ras, através da assinatura de contratos

de gestão, bem como pela aquisição da

propriedade dos hotéis desde que, repito,

se enquadrem nos standard´s da SANA

HOTELS e, nessa esteira, o Brasil não e

exceção. ‹

Sana Berlin Hotel

Epic Sana Luanda

Page 12: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 2322 › País €conómico | Março 2013

› GRanDe Plano

Reinaldo Teixeira, Administrador da Garvetur, empresa ícone do turismo e imobiliário no Algarve

Portugal é dos melhores países do mundo para se investir

Quando se pensa em alugar um residência para férias no Algarve, adquirir uma moradia

ou apartamento na região, ou simplesmente alugar uma viatura para circular pela zona

mais ao sul do território português, há um nome que surge acima de todos: Garvetur.

Fundada há 30 anos e com sede em Vilamoura, a Garvetur constitui uma referência

incontornável no apoio ao turismo e à imobiliária turística no Algarve. Mas, desde há dois

anos, com a inauguração de um escritório na zona do Parque das Nações, em Lisboa,

a empresa passou a atuar na área da Grande Lisboa e daqui partiu para uma presença

em todo o país. Foi precisamente em Lisboa que Reinaldo Teixeira, administrador da

Garvetur, recebeu a País €conómico e descreveu o percurso de 30 anos do Grupo

Enolagest, holding que centra as participações nas várias empresas do grupo, assim

como projetou as ambições de um grupo que pretende ser uma referência na economia

nacional sem deixar de estar presente também em projetos no Brasil e em Cabo Verde.

Até ao final da presente década, segundo Reinaldo Teixeira, o grande objetivo é estar

presente em alguns dos mais importantes mercados europeus, assim como levar por

diante o grande projeto comercial e de serviços na zona empresarial de Loulé (mesmo

junto à A22), onde com o parceiro Immocham prevê realizar um investimento na ordem

dos 400 milhões de euros.TexTo › JORGE ALEGRIA | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS

“cumprir sonhos, sejam eles

proporcionar momentos de

lazer inesquecíveis, ou criar

condições para óptimos investimentos é

o compromisso de todas as empresas as-

sociadas à Enolagest”. Esta frase inscrita

no folder promocional do grupo com sede

em Vilamoura resume de forma lapidar a

filosofia e a forma de estar do grupo em-

presarial que começando no Algarve já

se transformou num grupo de dimensão

nacional.

Com uma história iniciada há 30 anos

(1983), fruto da parceria empresarial esta-

belecida por Reinaldo Teixeira com o seu

irmão Honório Teixeira e o seu tio Luís

Martins, o Grupo Enolagest engloba pre-

sentemente um universo de 29 empresas,

com atividades distintas mas com um sen-

tido estratégico complementar, como se-

jam nas áreas dos alojamentos turísticos,

construção, gestão de condomínios, me-

diação imobiliária, manutenção e serviços

de conservação, mobiliário e decoração,

lavandaria e limpezas a seco, mediação de

seguros, rent-a-car e comercialização de

automóveis, restauração, recursos huma-

nos, trabalho temporário, design e publi-

cidade e marketing e promoção.

No entanto, dentro deste vasto leque em-

presarial, é a empresa fundadora do gru-

po, a Garvetur, que representa não ape-

nas a porta-estandarte da Enolagest, bem

como o coração da sua atividade. Reinaldo

Teixeira sublinha o peso do grupo na re-

gião algarvia, onde na época alta emprega

cerca de 700 pessoas e na época baixa ain-

da congrega cerca de 400 postos de traba-

lho, detendo escritórios em várias cidades

algarvias desde Lagos a Tavira, embora

com forte predominância no triângulo

central composto por Vilamoura, Vale de

Lobo e a Quinta do Lago.

O gestor lembra que o turismo enquanto

fonte principal da atividade económica

da região, fruto da crise económica nos

principais mercados emissores para o Al-

garve – inglês, alemão, irlandês, holandês,

espanhol e italiano – teve consequências

importantes ao nível da aquisição ou mes-

mo do aluguer da imobiliária turística

existente no Algarve, o que por sua vez

se refletiu «praticamente numa paragem

na construção na região». Embora, acres-

Page 13: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 2524 › País €conómico | Março 2013

› GRanDe Plano

cente, «essa situação tenha tido como

consequência a existência de um stock de

habitação disponível, que tem vindo a ser

vendida, pois no Algarve as vendas nunca

pararam embora tivessem naturalmente

diminuído, pelo que neste momento já

está a acontecer que em determinadas

zonas da região comece a registar-se al-

guma carência de unidades de habitação

para venda, o que também significa que a

região está quase a reequilibrar-se no que

respeita à relação da oferta e da procura, o

que é bom para o futuro do setor imobi-

liário turístico no Algarve, que constitui,

sublinhe-se, um setor de grande impor-

tância não apenas para a região, mas para

o próprio país, visto tratar-se de um setor

capaz de atrair e gerar investimento para

Portugal», enfatizou Reinaldo Teixeira.

Vistos Gold são muito positivosQuestionado se considera positiva a re-

cente iniciativa do governo de atribuir os

designados “vistos gold” de residência per-

manente em Portugal a quem realizar um

investimento de pelo menos 500 mil eu-

ros na aquisição imobiliária, Reinaldo Tei-

xeira referiu que esteve na cerimónia de

apresentação do projeto “Living in Portu-

gal”, onde se integra a iniciativa dos vistos

gold, e declara a sua concordância, «embo-

ra deveria ter aparecido mais cedo, mas é

bastante positivo que tenha chegado, pois

poderá ajudar de forma muito acentuada a

reforçar a procura pela aquisição de habi-

tação de elevada qualidade que existe em

Portugal, com destaque obviamente para

o Algarve, atraindo assim investimento

que ajudará a dinamizar toda a economia

portuguesa nos seus múltiplos vectores»,

salienta o administrador da Garvetur.

Reinaldo Teixeira aponta o recente re-

torno do país no acesso aos mercados de

capitais, o que lhe permitiu financiar-se

fora do contexto do apoio direto da troika,

como um sinal muito importante para o

retomar da confiança na economia nacio-

nal e na capacidade do investimento em

Portugal ser seguro e proporcionar boas

rentabilidades. O gestor sublinha que Por-

tugal é um país bastante seguro, com um

clima fantástico, uma ótima gastronomia

e cada vez mais com uma oferta de servi-

ços na área da saúde que configuram «que

viver em Portugal poderá ser uma coisa

ótima e muito interessante para qualquer

cidadão. E todas as regiões do nosso país,

não apenas o Algarve, possui magníficas

condições para receber, acolher e propor-

cionar excelentes condições de vida a to-

dos aqueles que quiserem procurar aqui

um lugar para se estabelecerem ou virem

passar férias de forma mais prolongada,

ou até simplesmente para gerarem boas

rentabilidades para investimentos de

natureza imobiliária que efetuarem em

Portugal. Presentemente, o nosso país,

está provado através de estudos de impor-

tantes consultoras internacionais, é dos

lugares do mundo que podem gerar maio-

res retornos para quem investir na área

do imobiliário turístico», refere Reinaldo

Teixeira.

No entanto, adianta a necessidade de se

reforçar a promoção do país e da própria

região do Algarve, apelando sobretudo à

concertação de posições e de estratégias

entre as várias entidades que intervém

nessa matéria. «Sabemos que os recursos

disponíveis são escassos, pelo que é neces-

sário aproveitá-los ao máximo e para isso

é preciso concertação e cooperação entre

todas as entidades públicas e agentes pri-

vados que intervém na promoção da mar-

ca Portugal, das suas regiões e dos próprios

produtos turísticos disponíveis», realça a

voz abalizada de Reinado Teixeira.

Poderemos vir a estar noutros países europeusA Garvetur possui uma presença determi-

nante no Algarve e estende a sua presença

a cada vez mais zonas no país, incluindo

nas regiões mais ao norte de Portugal. To-

davia, como sublinha Reinaldo Teixeira,

«temos sido convidados para estarmos

presentes diretamente noutros países,

mormente nos países europeus que cons-

tituem mercados emissores muito impor-

tantes para o país e particularmente para

o Algarve. Estamos a ponderar sobre a

oportunidade e a possibilidade de nos pró-

ximos anos podermos estar diretamente

presentes em alguns países europeus,

como sejam a Inglaterra, Irlanda, Holanda

e talvez a Rússia, mercado que olha para o

Algarve com atenção e interesse redobra-

do». Acrescenta a possibilidade da empre-

sa dar também o passo para estar presente

nos mercados angolano e moçambicano,

mas sempre acompanhado por parceiros

locais. Por outro lado, desde há vários anos

que a Garvetur está presente em Cabo

Verde e no Brasil, «o que aconteceu numa

altura em que vários dos nossos clientes

europeus também pretendiam apostar

nesses países de climas mais quentes. Foi

assim que realizámos vendas importantes

principalmente no Brasil, com destaque

para os estados do Ceará e da Bahia, onde

aliás ainda temos ativos disponíveis para

investimentos», adianta o administrador,

que não perde a oportunidade para subli-

nhar que neste momento «é mais rentável

investir em Portugal do que em qualquer

dos países referidos. Aliás, não é por acaso

que os brasileiros investem cada vez mais

em Portugal, incluindo no próprio Algar-

ve», lembra Reinaldo Teixeira.

novo grande projeto comercial e de saúde em louléNo entanto, o grande projeto empresa-

rial de futuro que o Grupo Enolagest se

prepara para participar é o referente ao

investimento de uma grande superfície

comercial, de lazer e de serviços que de-

verá nascer junto ao nó de Loulé Centro

(A22), concretamente na zona empresa-

rial próxima desse local. Finalmente, sa-

lienta Reinaldo Teixeira, «o processo foi

aprovado recentemente na Câmara Muni-

cipal de Loulé, e por unanimidade, como

de interesse público municipal. Este é um

processo em que nos empenhámos desde

2005, mas como muitos outros processos

neste país conheceu demasiadas vicissi-

tudes burocráticas e administrativas, só

agora viu serem criadas as condições para

finalmente avançar», sublinha o gestor

para logo adiantar que o projeto deverá

concretizar-se num espaço de quatro anos

e onde deverão serem investidos cerca de

400 milhões de euros e criados cerca de

quatro mil postos de trabalho diretos e

cerca de três mil indiretos.

«É um grande projeto comercial, de ser-

viços e de lazer para esta região central

do Algarve, com impactos profundos no

emprego e no tecido económico da região.

Temos um parceiro estratégico que é o

grupo Immochan, que ali deverá edificar

um centro comercial Alegro, que integra-

rá um hipermercado Jumbo, assim como

serão criados outros espaços ligados ao

lazer e à prestação de relevantes serviços,

com especial destaque para a área da saú-

de. Aliás, deixe-me sublinhar que conside-

ro o nosso país, e muito particularmente o

Algarve, como extremamente capacitados

para desempenhar um importante papel

no panorama da saúde da Europa, pois

não temos apenas um excelente clima que

poderá ajudar na recuperação de maleitas

e pós-operatórios de muitas pessoas vin-

das de outros países europeus, bem como

dispomos já em Portugal e também no

Algarve de serviços clínicos e operatórios

de elevada capacidade e qualidade, do me-

lhor ao nível internacional e que poderão

receber muitas pessoas de outras partes

da Europa que aqui queiram melhorar o

seu estado de saúde. Neste espaço privi-

legiado no centro do Algarve que vamos

criar, também disporemos de uma área

completamente apetrechada para atuar ao

mais elevado nível nessa área que consi-

dero estratégica para o nosso país», finali-

zou Reinaldo Teixeira. ‹

Empreendimento Monte Laguna

Empreendimento Victoria Gardens Vilamoura

DR

DR

Page 14: Revista País Economico

27 › País €conómico | Março 201326 › País €conómico | Março 2013

caRlos Bayan FeRReiRaO Presidente da Câmara de Comércio Portugal-Angola vê reconhecida cada vez mais a aposta e a importância de Angola, não só para as exportações e investimento português neste país, mas também na captação de investimento angolano para Portugal. ‹

caRlos seTRaO Presidente da Edol afirma-se cada vez mais no panorama da indústria farmacêutica em Portugal, mas apesar de também apresentar crescimentos nos mercados africanos, é para o Brasil que está a olhar para lá colocar os produtos que conquistam o mercado português. ‹

ÁlVaRo sanTos PeReiRaO Ministro da Economia atravessa momentos difíceis por causa do aumento do desemprego, mas o seu contributo para que empresas portuguesas tivessem conseguido importantes para a construção de casas na Argélia, constitui um contributo de enaltecer e prova da importância da diplomacia económica. ‹

Construtoras portuguesas assinam contratos na Argélia

construção de 75 mil habitaçõesQuatro construtoras portuguesas, respetivamente, a Lena Construções, a Paínhas, a Pre-

build e a Gabriel Couto, assinaram em Fevereiro um conjunto de contratos para a cons-

trução de 75 mil habitações na Argélia, que ascenderão a um valor em torno dos quatro

mil milhões de euros.

Os contratos assinados, que envolveram parceiros argelinos, apontam que a Paínhas cons-

truirá 25 mil fogos, enquanto a Lena Construções e a Prebuild construirão 20 mil fogos

cada uma, ao passo que a Gabriel Couto construirá 10 mil fogos. Para além da construção

das 75 mil habitações agora contratualizadas, existe ainda a possibilidade de se alargar

este número no futuro, além de estar também previsto a exportação de materiais de cons-

trução por empresas portuguesas para o mercado daquele país do norte de África.

Presentes na cerimónia estiveram os ministros argelino da Indústria, Cherif Rahami, e o

português da Economia, Álvaro Santos Pereira, tendo na altura o ministro português su-

blinhado que além da construção de casas, «está prevista a exportação de muito material

de construção para a Argélia, entre equipamentos e conhecimentos técnicos».

O Presidente da Lena Construções, Joaquim Paulo Conceição, referiu que «este incre-

mento significativo de negócios num país onde estamos de forma consolidada, traduz

competência técnica, cumprimento escrupuloso de prazos e a confiança que merecemos

por parte das autoridades argelinas». Presente no mercado argelino desde 2005, o Grupo

Lena prevê em 2013 atingir uma faturação no país superior a 150 milhões de euros. ‹

› a aBRiR

isabel RibeiroApós oito anos na Liberty Seguros em

Portugal, assume agora responsabilidade

internacional na Liberty Mutual na área

do desenvolvimento atual das operações

no âmbito da Liberty Mutual na Europa,

no qual se inclui a gestão de operações em

países como Portugal, Espanha, Irlanda,

Inglaterra, Polónia, Turquia e Rússia. ‹

nuno GatoÉ o novo Country Manager da Science4you

no Reino Unido, com base a partir do centro

de escritórios Dock Business Center da

Universidade de East London, na capital

britânica. A Science4you é uma empresa

portuguesa que se dedica à prodição,

desenvolvimento e comercialização de

brinquedos científicos em parceria com a

Faculdade de Ciências da Universidade de

Lisboa. ‹

Pedro GamaÉ o novo Diretor Comercial da Truewind-

Chiron, liderando uma equipa de 14

Account Managers e será responsável por

um volume de negócios de 2,5 milhões de

euros. O objetivo do novo responsável será

o de sustentar um crescimento de dois

dígitos da empresa no mercado nacional,

além de promover a internacionalização no

mercado europeu e brasileiro. ‹

subindo na Pirâmide

› noTícias

Empresa da Malásia continua fiel

lisnave repara 100º navio da aeTA Lisnave está a reparar nos seus estaleiros da Mitrena, em Setúbal, o centésimo navio

(Eagle Turin) da empresa malaia AET, um dos líderes mundiais no transporte marítimo

de petróleo e um dos principais clientes da empresa portuguesa de reparação naval, cuja

relação começou em 1998.

Segundo os responsáveis da AET, “este marcante acontecimento simboliza a parceria lon-

ga e estável entre a AET e a Lisnave. Desde 2006 que as duas empresas se regem por um

acordo de frota que confere prioridade mútua. Isto significa que quando os navios da

AET estão na Europa para fazerem trabalhos de manutenção em doca seca, a Lisnave é

prioritária. Além disso, demonstra o compromisso da AET em estabelecer parcerias fortes

e de longa duração com os fornecedores. Esta sólida parceria permite, por sua vez, que

a equipa de reparação preste um serviço de qualidade aos nossos navios, como é o caso

da Lisnave”. ‹

autoeuropa exporta para a chinaRealizou-se no passado dia 15 de Fevereiro a primeira exportação deste ano de viaturas

fabricadas na Autoeuropa para o mercado chinês. Os veículos da marca Seat Allambra

foram embarcados no navio ro-ro “Eridanus Leader”, da NYK Line, operador pela Setefre-

te. Este primeiro carregamento de quarenta viaturas para o mercado chinês, em conjunto

com os outros que se seguirão, reforçarão o papel do porto de Setúbal nas rotas mundiais

do segmento ro-ro. ‹

Page 15: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 2928 › País €conómico | Março 2013

› GRanDe enTReVisTa

Mira Amaral, Presidente Executivo do Banco BIC, garante que os bancos estão a financiar a economia e as empresas em Portugal e deixa uma certeza

as boas empresas não têm problemas de liquidez

O resultado global da integração do ex-BPN no Banco BIC foi de 7,5 milhões de euros

negativos (resultados ainda não auditados). Nada que a gestão e os acionistas do banco

já não estivessem à espera. Luís Mura Amaral, Presidente do Banco BIC em Portugal,

descreveu em entrevista à País €conómico a evolução dos primeiros meses da

integração do BPN no BIC depois da sua aquisição aos Estado. O antigo ministro e atual

banqueiro sublinhou como foi possível salvar 1.100 dos anteriores 1.700 postos de

trabalho e conseguir manter 204 unidades comerciais operacionais. Em ambos os casos,

números bem superiores aos que foram assumidos no acordo com o governo português.

E que permitiram, sublinha Mira Amaral, pelo «trabalho desenvolvido pelas equipas

comerciais, aumentarmos os depósitos em 25,2% e o crédito concedido em 8%». Perante

as incertezas da evolução económica em Portugal, o gestor do BIC não garante atingir já

este ano o break even, mas garante que toda a estrutura vai trabalhar afincadamente

para atingir os melhores resultados possíveis. Luís Mira Amaral garantiu também que

através do Banco BIC Angola, continua a existir interesse dos acionistas em adquirem as

licenças do BPN Brasil e do BPN Cabo Verde. TexTo › JORGE ALEGRIA | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS

Como tem decorrido a integração das es-truturas dos bancos BIC e BPN, no atual Banco BIC?O BPN acabou. Presentemente temos o

Banco BIC, que integrou o BPN e para nós

o que conta é o futuro. Concretizámos a

fusão jurídica em Dezembro do ano pas-

sado, faltando ainda realizar a fusão ope-

racional dos dois sistemas de informação,

processo esse que está em curso, o que

significa que estão a migrar os softwares

operacionais e as bases de dados do Ban-

co BIC para os sistemas do ex-BPN que

possuía uma dimensão bastante superior,

fazendo pois todo o sentido que assim

fosse. Neste momento trabalhamos com

um banco e dois sistemas de informação,

mas brevemente tudo estará concretizado

e em pleno. Agora, o que verdadeiramen-

te importa é relançar o banco e dinamizar

a sua área comercial. Estamos neste mo-

mento com um agressiva campanha tele-

visiva sobre o Banco BIC e a sua cobertura

nacional, passando justamente a mensa-

gem de que somos um banco de dimen-

são nacional e com uma especial ligação

a Angola, ou seja, estamos em todo o país

para servir os clientes portugueses e todos

os que possuírem ligações a Angola.

O BIC tomou conta do BPN em Abril do ano passado. Como reagiu a vossa rede comercial tanto na recuperação de clien-tes como na angariação de novos clien-tes?Efetivamente desde que tomámos conta

da gestão do banco em Abril do ano pas-

sado conseguimos uma boa resposta da

nossa rede comercial traduzida num au-

mento dos depósitos em 25,2% enquanto

o aumento do crédito concedido se ficou

pelos 8%, ou seja, temos mais depósitos

do que créditos concedidos. A conjuntu-

ra não tem sido favorável a que haja uma

expansão muito agressiva do crédito, por

razões que se prendem diretamente com

a evolução da economia portuguesa, além

de que também nos deparámos em mui-

tas ocasiões de que quando contatávamos

muitas das boas empresas portuguesas,

nomeadamente as que atuam na área da

exportação, quando esse contato aconte-

cia já anteriormente tinham sido conta-

tadas por outros bancos. Devo sublinhar,

que para as boas empresas portugueses,

Page 16: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 3130 › País €conómico | Março 2013

› GRanDe enTReVisTa

sobretudo as que exportam, não existem

problemas de liquidez da banca portugue-

sa.

as boas empresas não têm dificuldades de liquidezEntão, é injusta a acusação que se ouve em Portugal de que a banca portuguesa não tem financiado a economia?Essa acusação não é verdadeira. O Gover-

no já deveria ter explicado essa matéria

publicamente, mas parece-me que o go-

verno não sabe comunicar. Tudo o que

são boas empresas, particularmente as

que atuam nos setores exportadores não

têm problemas de liquidez, admito que

possa existir problemas de pricing, em

que o spread aplicado pelos bancos é mui-

to elevado.

O que acontece é que existe um núme-

ro muito significativo de empresas em

Portugal que estão apenas concentradas

no mercado doméstico, um mercado em

recessão, e que possuem estruturas fi-

nanceiras desequilibradas e sem capitais

próprios adequados. Nesse caso, nenhum

banco, nem o BIC obviamente, as vai fi-

nanciar, porque nestes casos, que são mui-

tos, infelizmente, o problema que se colo-

ca é de risco de crédito perante empresas

muito desequilibradas financeiramente. A

resolução dos problemas financeiros des-

tas empresas portuguesas não será com

certeza resolvida com o normal recurso à

banca comercial.

Quando o BIC fechou o acordo com o Go-verno comprometeu-se a ficar com 750 funcionários e 160 agências do ex-BPN. Neste momento, qual é a realidade do banco em número de funcionários e de agências?Quando o Banco BIC tomou conta do BPN

em Abril do ano passado, este banco pos-

suía 1.700 funcionários, e efetivamente no

acordo que mencionou nos compromete-

mos a ficar com pelo menos 750 desses

funcionários. Mas ficámos com 1.100. E

também nos comprometemos a ficar com

160 agências, mas fruto da ação comercial

empreendida nestes meses decorridos

conseguimos chegar ao número de 193

agências e 11 gabinetes de empresas, pelo

que mantemos 204 unidades comerciais

operacionais. Por isso os resultados que

já lhe referi anteriormente e que se tra-

duziram num aumento dos depósitos em

25,2%.

Agora, o que considero mais importante é

sublinhar um ponto de enorme significa-

do. É que se os nossos acionistas não tives-

sem chegado a acordo para a aquisição do

BPN, este tinha fechado e 1.700 trabalha-

dores tinha, ficado no desemprego, com a

chaga social que isso representaria. Foram

os meus acionistas, com a sua iniciativa

junto do governo de adquirem o banco e

com a sua elevada responsabilidade social

e corporativa, aliado ao esforço da estrutu-

ra para dinamizar as agências que nos per-

mitiram salvar 1.100 postos de trabalho e

um número significativo de agências. Este

esforço tem sido ignorado sobretudo pe-

los partidos e esquerda que continuam a

levantar o espantalho do BPN sem enal-

tecer o que fizemos para salvar 1.100 pos-

tos de trabalho numa altura muito difícil

em Portugal. Aliás, em contraste, quero

também aproveitar este momento para

realçar o comportamento perfeitamente

responsável dos trabalhadores do banco

e dos sindicatos que os representam, que

tiveram a perfeita consciência de que se

não tivéssemos avançado na solução da

aquisição do banco, tinham sido 1.700

postos de trabalho liquidados. Assim, com

este trabalho conjunto, e contando com

uma estrutura acionista bastante sólida,

conseguimos salvar 1.100 postos de tra-

balho.

Vamos repor a situação líquida anterior a abril de 2012Quais foram os resultados globais do BIC em 2012?Posso adiantar-lhe neste momento os re-

sultados ainda não auditados, friso este

ponto importante. Fechámos o ano com

um resultado líquido de 7,5 milhões de

euros negativos, já resultante da integra-

ção do BPN no BIC. Caso fosse apenas o

antigo pequeno Banco BIC estaríamos a

falar de um resultado positivo de 5 mi-

lhões de euros. Mas o resultado conjunto

é o que lhe apontei. Aliás, o nosso Busi-

ness Plan aponta para resultados negati-

vos durante três anos, logo, este prejuízo

não constitui nenhuma surpresa, embora

obviamente nenhuma gestão goste de re-

gistar prejuízos.

Todavia, gostaria de informar que estes re-

sultados negativos não terão um impacto

de igual dimensão na situação líquida do

banco, pois temos títulos da dívida públi-

ca que se valorizaram em cerca de cinco

milhões de euros, pelo que teríamos um

impacto direto negativo sobre a situação

líquida do banco em cerca de apenas dois

milhões de euros. Ou seja, adquirimos um

banco com um capital próprio de 360 mi-

lhões de euros e ficaríamos assim com um

capital líquido de apenas 358 milhões de

euros. No entanto, o dr. Fernando Teles,

presidente do Conselho de Administração

do Banco BIC e um dos seus acionistas de

referência, já afirmou que a estrutura acio-

nista vai efetuar um reforço de capital de

dois milhões de euros para que o banco

fique justamente com a situação líquida

que tinha anteriormente a 1 de Abril de

2012, ou seja, 360 milhões de euros.

É pertinente sublinhar neste momento

que os acionistas do Banco BIC em Portu-

gal são os mesmos do Banco BIC Angola,

instituição financeira que ganhou 170 mi-

lhões de dólares em 2012, logo é preciso

enfatizar a enorme solidez financeira de

que gozam os nossos acionistas, o que

constitui igualmente uma razão muito só-

lida para os clientes voltarem ao BIC bem

como para muitos outros trabalharem

connosco.

Será possível atingir já o break even em 2013?Não posso dar-lhe essa perspetiva. O Se-

nhor sabe o que vai acontecer ao euro da-

qui a três meses? E poderá dar garantias

de como evoluirá este ano a economia

portuguesa? Perante tantas incertezas,

como poderemos nós apontar certezas?

Naturalmente que vamos trabalhar afin-

cadamente para reduzir o tempo previsto

para atingir o break even, se conseguir-

mos já este ano melhor, mas ninguém o

pode garantir.

Recordo que na sua fase áurea este banco

estava dimensionado para atingir volu-

mes de negócios de dez mil milhões de eu-

ros, ao passo que neste momento apenas

atingimos os quatro mil milhões de euros,

o que significa que ainda não estamos a

tirar devidamente partido de toda a in-

fraestrutura de recursos humanos (1.100

trabalhadores) e de balcões existentes.

O nosso volume de negócios por balcão

e por trabalhador é baixo, por isso o re-

Page 17: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 3332 › País €conómico | Março 2013

› GRanDe enTReVisTa

sultado apresentado foi negativo. Aliás,

acrescento que mesmo no momento em

que atingirmos o ponto de equilíbrio

(break even), o volume de negócios ainda

continuará a ser baixo face à capacidade

instalada do banco, mormente devido à

situação frágil da economia portuguesa,

pois crescer num mercado em recessão

não é nada fácil. Não será, assim, em pou-

co tempo que conseguiremos rentabilizar

a nossa capacidade humana e de balcões

existentes. Por outro lado, é importante

referir que estamos no Banco BIC numa

estratégia de médio e longo prazo, banco

que possui uma estrutura acionista sólida

e pretende crescer em Portugal de uma

forma sólida. Não estou disposto a regis-

tar crescimentos muito rápidos, sobretu-

do na área do crédito concedido, porque

em face das dificuldades das empresas e

da própria economia, essa rápida expan-

são poderia gerar fenómenos de crédi-

to mal parado, e não pretendo isso para

o banco. O meu mandato vai até 2015 e

estou aqui num projeto sério, responsá-

vel e bastante sólido, pelo que queremos

crescer mas de forma responsável e com

completa solidez.

O Banco BIC continua a pretender com-prar o BPN Brasil e o BPN Cabo Verde?

era útil reduzir o iRc para as empresas

Luís Mira Amaral não é apenas um banqueiro de méritos reconhecidos. Contando com um percurso académico sólido, passou pelos governos liderados por Cavaco Silva, primeiro como ministro do Emprego, depois como ministro da Indústria e Energia. Regularmente é convidado para proferir palestras e intervenções em universidades e em diversos fóruns de debate da economia portuguesa. Por isso, é importante a sua visão sobre a internacionalização das empresas portuguesas e como o país poderá captar mais investimento estrangeiro. Eis algumas das suas ideias.

Existem muitas empresas portuguesas a quererem inter-nacionalizar-se sem estarem devidamente robustecidos no plano interno. É um risco que muitas empresas estão a tomar para tentarem sobreviver, mas que poderá ter um sentido in-verso ao propósito inicial. Como observa esta fase de intensa procura pela internacionalização das empresas e da própria economia nacional?O processo de internacionalização de uma economia principia

pelo fluxo de importações e exportações. Nesse sentido, é pre-

ciso referir que a economia portuguesa já está internacionali-

zada desde a nossa adesão à EFTA, no princípio da década de

sessenta do século passado. Quando agora falamos de interna-

cionalização já nos estamos a referir a uma segunda fase desse

processo de internacionalização, isto é, quando as empresas in-

vestem para localizar estruturas produtivas e ou comerciais no

estrangeiro.

No entanto, é preciso também sublinhar que esta nova fase de

internacionalização abrangerá também setores como o turismo

(que é um bem transacionável), a educação, a saúde e compo-

nentes das telecomunicações. Repare que já existem universida-

des portuguesas que estão a realizar projetos no exterior, na área

da saúde poderemos evoluir para dinamizar o país para acolher

os reformados dos países ricos ou pessoas com problemas de

saúde e que poderão efetuar a sua recuperação em Portugal na

medida em que possuímos boas infraestruturas de saúde, de-

temos excelentes profissionais médicos e paramédicos, possuí-

mos um clima muito agradável, pelo que poderemos aproveitar

para numa escala muito mais evoluída do que a que presente-

mente encontramos em Portugal, aquilo que Cuba tentou fazer

e que de uma certa forma o conseguiram, que com base num

know how apreciável na área da saúde conseguiram atrair a esse

país das Caraíbas pessoas de várias partes do mundo para ali se

tratarem e curarem.

Possuímos condições em Portugal para atrair essas pessoas e

em vez de continuarmos a ter apenas um Serviço Nacional de

Saúde fechado sobre si próprio, antes deveremos caminhar para

um serviço global de saúde aberto ao exterior, capaz de atrair

pessoas de rendimentos elevados e que escolham Portugal para

efetuarem as suas recuperações. Aliás, já existem grupos priva-

dos portugueses na área da saúde a atuarem nesse sentido mas

é necessário ir bastante mais longe nesta matéria.

Mencionou as telecomunicações como parte da solução. Exis-

tem empresas internacionais que estão a escolher Portugal

apara aqui desenvolverem os seus serviços e competências

numa lógica de nearshore, ou seja, de fornecerem depois esses

serviços a empresas de países mais próximos.

Exatamente, tocou num ponto importante. Quando uma Sie-

mens tenta gerir a partir de Portugal as redes de telecomuni-

cações, quando a IBM tenta em Portugal gerir parte do parque

de máquinas informáticas que possui no exterior, ou quando a

Altran anuncia para o Fundão a constituição de um centro de

engenharias para servir outros países, então é a lógica de apro-

veitarmos as competências que o país possui para ganhar rele-

vo na lógica do designado nearshore, ou seja, de termos centros

de competências no nosso país que as empresas internacionais

utilizam para servirem as suas congéneres e clientes nos países

europeus. Penso que o único país europeu que poderá competir

com Portugal nessa matéria será a Roménia, mas o nosso país

levará vantagem pois temos gente mais qualificada, sobretudo

pelo bom domínio do inglês que existe em Portugal.

Portando, no presente, quando se pensa na internacionalização,

não é possível raciocinar apenas na indústria manufatureira e

transformadora, como antes, mas é preciso adquirir um pensa-

mento mais global quanto aos bens transacionáveis, e por isso

inclui como áreas estratégicas o turismo, a educação, saúde e

telecomunicações.

O seu discurso leva-me a interrogação de como pode o país captar investimento estrangeiro, quando a evolução da nossa economia é negativa e os impostos não param de aumentar?É preciso olhar para os dois motores de crescimento da econo-

mia portuguesa. Que não estão obviamente na componente do

consumo doméstico nem no investimento público. As duas úni-

cas possibilidades assentam nas exportações e no investimento.

No primeiro caso, o ano passado foi muito bom graças ao mag-

nífico desempenho dos empresários portugueses. No segundo

caso, a captação de investimento, seja de origem portuguesa,

que está mais difícil devido à descapitalização de muitas em-

presas nacionais, seja de origem estrangeira, remete-nos para a

questão da credibilização do país nos mercados internacionais,

e o que temos feito tem sido no sentido positivo graças ao bom

trabalho que nessa matéria tem sido executado pelo nosso mi-

nistro das Finanças. Estamos a voltar a ser um país internacio-

nalmente credível, e sem credibilidade ninguém investe num

determinado país. Todavia, depois do trabalho executado pelo

ministro das Finanças, a captação do investimento estrangeiro

tem de constituir um trabalho do ministro da Economia.

Mas como se poderá captar investimento estrangeiro com um nível de IRC tão elevado? Qual é a sua opinião sobre a ideia de Álvaro Santos Pereira de reduzir o IRC para 10% para novos investimentos?É evidente que não existem condições financeiras no país para

uma baixa generalizada do IRC para todas as empresas em Por-

tugal. No entanto, a ideia do ministro da Economia de aplicar

uma taxa de IRC de apenas 10% apenas para os novos projetos

de investimento, parece-me bastante positiva. Não podemos re-

duzir o IRC para todas as empresas, então aplicar-se-ia a redução

apenas para novos investimentos.

Eu até costumo transmitir um exemplo concreto do meu tempo

quando fui ministro da Indústria e Energia. Lembra-se quando

trouxemos a Autoeuropa para Portugal e conseguimos um regi-

me fiscal de isenção ao longo de alguns anos, a partir dos quais a

empresa passou a pagar impostos ao nível do IRC. Mas, antes da

Autoeuropa vir para Portugal, o país nada beneficiava desta em-

presa, simplesmente porque ela não estava em Portugal. A sua

vinda representou um grande benefício industrial e empresarial

para o país e ainda trouxe igualmente benefícios em termos de

impostos, embora não imediatos.

Ora, o que a ideia do ministro da Economia comporta é que

para novos projetos de investimento, que não estão cá e se não

vierem nunca deles beneficiaremos, inclusivamente ao nível dos

impostos que venham a gerar, é que atraídos por uma taxa me-

nor de imposto, se decidam a virem investir em Portugal, com

tudo o que daí o país poderá beneficiar.

O mundo não está com falta de capital, pelo que se não for apli-

cado em Portugal será aplicado noutro lugar. O que é realmente

importante é que Portugal ser novamente um país credível. Na-

turalmente que a componente da fiscalidade é importante, mas

não é a única quando uma empresa decide investir num país.

Outros fatores como a flexibilidade laboral, o custo da energia

ou a celeridade do sistema de justiça, constituem componentes

que deverão contribuir para a competitividade e atratividade de

um país para o investimento.

Áreas em que Portugal ainda necessita de proceder a melhorias,

é necessário sublinhar. ‹

Como sabe, a raiz do Banco BIC está em

Angola. Depois viemos para Portugal em

2008, mas sempre com uma especial liga-

ção com Angola.

É público que os nossos acionistas pela

voz do dr. Fernando Teles já confirmou o

propósito de adquirir as licenças do BPN

Brasil e do BPN Cabo Verde. Portanto,

manifestámos o nosso natural objetivo

de possuir uma operação integrada entre

África, Portugal e o Brasil. Continuamos

calmamente à espera que o Governo dê

resposta à nossa proposta para essas duas

aquisições, que sem dúvida seriam inte-

ressantes para os nossos acionistas, mas

penso que também para o Estado portu-

guês.

No entanto, devo acrescentar que o Banco

BIC Angola já conseguiu uma licença para

uma IFI em Cabo Verde, pelo que se o go-

verno português não se despachar, esque-

cemos o BPN Cabo Verde e o Banco BIC

Angola avançará na utilização desse ins-

trumento financeiro para atuar naquele

arquipélago do Atlântico Ocidental. Mas,

julgo que seria muito interessante que

pudéssemos concretizar essas duas aqui-

sições e para o governo entendemos que

seria igualmente interessante. Mas vamos

aguardar. ‹

Page 18: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 3534 › País €conómico | Março 2013

› lusoFonia › Brasil

VII de Negócios na Língua Portuguesa vai decorrer em Belo Horizonte

língua portuguesa une empresários lusófonos

Nos próximos dias 22 e 23 de Abril decorrerá na cidade de Belo Horizonte, capital do

estado brasileiro de Minas Gerais, o VII Encontro de Negócios na Língua Portuguesa,

evento que teve precisamente o seu início na capital mineira e que decorre de dois em

dois anos. Organizado pela Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil e

pela Câmara Portuguesa de Comércio em Minas Gerais, contando com o apoio do próprio

governo de Minas Gerais, o VII Encontro pretende constituir uma grande plataforma de

encontro e de potenciar negócios entre empresários dos vários países lusófonos, não

apenas entre brasileiros e portugueses, mas congregando também empresários dos

restantes países da língua portuguesa.TexTo › JORGE ALEGRIA | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS

minas Gerais é a terceira prin-

cipal economia do Brasil e é

o segundo estado do país em

termos de população. É também uma das

maiores forças do agronegócio brasileiro

assim como assume uma forte predomi-

nância na área dos minérios. É ainda um

dos grandes centros de produção automó-

vel no Brasil.

Será em Belo Horizonte, capital do estado

de Minas Gerais que decorrerá nos próxi-

mos dias 22 e 23 de Abril o VII Encontro

de Negócios na Língua Portuguesa, even-

to realizado pela Federação das Câmaras

Portuguesas de Comércio no Brasil e pela

Câmara Portuguesa de Comércio em Mi-

nas Gerais, contando para o efeito com o

indispensável apoio do governo estadual

de Minas Gerais.

Tendo por objetivo apresentar o VII En-

contro aos empresários e autoridades ins-

titucionais portuguesas, estiveram em Por-

tugal os principais dirigentes das câmaras

portuguesas no Brasil e de Minas Gerais,

respetivamente, Raul Penna e Fernando

Meira Dias. A acompanhá-los regista-se a

presença de Marco António Cunha, subse-

cretário estadual da indústria do governo

mineiro. Estes três elementos estiveram

reunidos com o Presidente da República

e com o Primeiro-Ministro português, e

apresentaram o Encontro em sessões na

AEP (Porto) e na Associação Comercial de

Lisboa.

Raul Penna lembrou que o primeiro

encontro realizou-se precisamente em

Belo Horizonte, seguindo-se encontros

em Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e

Fortaleza, regressando agora à capital de

Minas Gerais, um estado onde os sinais

da presença portuguesa ainda são muito

fortes, particularmente na área do patri-

mónio edificado, como são exemplos pa-

radigmáticos as cidades de Ouro Preto e

de Tiradentes. «A minha própria empresa

em Belo Horizonte, é uma joint venture

com um empresário português, e hoje é

uma das principais empresas brasileiras

no seu setor. Isto diz bem não só do po-

tencial de Minas Gerais para constituir

um excelente local de investimento, como

de uma localização privilegiada para as

empresas de capital português aborda-

rem a globalidade do mercado brasileiro»,

sublinhou o presidente da Federação das

Câmaras Portuguesas no Brasil, entidade

que presentemente congrega 13 câmaras

espalhadas por outros tantos estados no

território brasileiro.

Já Fernando Meira Dias, presidente da Câ-

mara Portuguesa de Comércio em Minas

Gerais, também deu um testemunho pes-

soal, pois nasceu na cidade de Viana do

Castelo, mas desde pequeno que emigrou

para o Brasil, tendo fundado em Minas

Gerais a empresa Master Turismo, que no

presente é a principal empresa mineira na

área do turismo. Como este seu exemplo,

Fernando Meira Dias pretendeu transmi-

tir um testemunho de como é possível

apostar no país irmão e ali crescer e ter

sucesso empresarial.

O líder da câmara portuguesa mineira

adiantou que o encontro empresarial

pretende aproximar os empresários dos

vários países da lusofonia e mostrar que a

língua portuguesa poderá constituir uma

forte alavanca promotora de negócios e

investimentos. Fernando Meira Dias re-

feriu igualmente que o evento em Belo

Horizonte pretende igualmente constituir

uma referência quanto à pertinência da

internacionalização para as próprias em-

presas brasileiras em geral e mineiras em

particular.

Por sua vez, Marco António Cunha, do go-

verno de Minas Gerais, realizou uma cir-

cunstanciada apresentação da economia

e das grandes potencialidades de investi-

mento e de negócios do estado de Minas

Gerais e incentivou uma plateia cheia de

empresários portugueses a estarem pre-

sentes a 22 e 23 de Abril em Belo Hori-

zonte, pois «é de uma convocação que vos

estou a fazerem e prometo que não se vão

arrepender de fazerem essa viagem, visto

que Minas Gerais constitui um grande

local para realizar negócios assim como

para se realizarem investimentos, que é o

que várias empresas portuguesas já estão

a fazerem, como são os casos da Nanium

ou da Design Resorts», sublinhou. ‹

Grupo amorim olha para a BahiaSegundo informação da Câmara Portuguesa

de Comércio na Bahia, presidida por António

Coradinho, no passado dia 6 de Fevereiro,

dois elementos do grupo Amorim – Francis-

co Teixeira Rego e Manuel Rodrigues – es-

tiveram reunidos com o secretário estadual

da Agricultura, Eduardo Salles, onde este go-

vernante procurou incentivar o maior grupo

corticeiro português e mundial (mas com in-

teresses também nas áreas agrícolas, como o

vinho) a investir proximamente naquele que

é o maior estado do nordeste brasileiro. De

referir que, ainda segundo a Câmara Portu-

guesa na Bahia, os representantes do grupo

Amorim foram depois convidados pelo pró-

prio governador Jaques Wagner a assistirem

aos festejos do carnaval em Salvador no ca-

marote do governo da Bahia. ‹

moldit cresce na BahiaA empresa Moldit Brasil, integrante do grupo industrial português Durit, inaugurou

em Novembro passado uma nova unidade de injeção de termolplásticos, no pólo

industrial de Camaçari, no estado da Bahia. A fábrica de ferramentas que produz

moldes para injeção de plásticos, embalagens e utilidades domésticas, passa assim

a confeccionar também os materiais plásticos a partir de uma máquina injetora. A

nova unidade da Moldit Brasil representou um investimento de 10 milhões de reais

(cerca de 3,7 milhões de euros). Na cerimónia de inauguração, estiveram presentes

José Lomba, cônsul de Portugal na Bahia, e António Coradinho, presidente da Câmara

Portuguesa de Comércio na Bahia. ‹

Português planta Pongamia no cearáO empresário português Carlos Duarte, há alguns anos radicado no Brasil e associado

da Câmara Portuguesa de Comércio no Ceará, está a desenvolver através da empresa

Energy Crops Brasil (ECB) um projeto de cultivo da Pongamia millettia no Brasil,

visto tratar-se de uma matéria-prima para a indústria do biodiesel, energia muito con-

sumida no Brasil. A iniciativa de Carlos Duarte desenvolve-se numa plantação com

196 mil árvores dessa planta oleaginosa numa área próxima da cidade de Trairi, no

estado brasileiro do Ceará. O empresário revelou também que já «estamos fazendo

bons contatos» para assegurar o escoamento do produto. ‹

Page 19: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 3736 › País €conómico | Março 2013

› emPResaRiaDo

Morais Vieira, Presidente da Metaloviana, aponta o Brasil como novo destino da internacionalização da empresa de Viana do Castelo

Trabalhamos com as melhores empresas do mundo

Não é todos os dias que um empresário português sublinha que desde o início do

presente ano já empregou mais trinta pessoas, não tem capacidade ociosa, pelo

contrário, trabalha a todo o vapor para responder no tempo certo aos compromissos

assumidos com os seus clientes. É este o panorama descrito por Morais Vieira, Presidente

da Metaloviana, empresa com sede no concelho de Viana do Castelo, e que constitui

um dos casos mais sérios e relevantes de uma internacionalização bem sucedida. O

presidente da empresa que é uma das empresas líderes do setor da Metalomecânica

em Portugal, salienta que a empresa está firmemente ancorada nos mercados Francês,

Argelino, Angolano e Moçambicano, mas já perspetiva a realização de novas apostas

no continente sul-americano, particularmente no Brasil, país a partir da qual pensa

alavancar a sua internacionalização a outros países nomeadamente Colômbia e

Venezuela. Neste país, o empresário vianense admite mesmo o propósito de vir a realizar

um investimento numa unidade industrial no estado da Bahia, «onde investiremos entre

quatro a cinco milhões de euros», ponderando a partir daí estar em todo o mercado

brasileiro e mesmo noutros países da região. Segredo para o sucesso da Metaloviana?

Morais Vieira enuncia os pilares de uma internacionalização bem sucedida: Capacidade

financeira sólida, capacidade técnica indiscutível para responder aos desafios dos clientes

e agilidade de gestão. No fundo, sublinha, «é preciso qualidade, capacidade, rigor e muita

seriedade, é essa a grande marca da Metaloviana».TexTo › JORGE ALEGRIA | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS

A Metaloviana comemorou a 29 de Outu-bro do ano passado, o seu 30º aniversá-rio. Como valia esse percurso empresa-rial de três décadas?Com orgulho pelo percurso percorrido e

com bastante confiança no futuro. Res-

pondendo diretamente à sua pergunta,

no início a nossa atividade centrou-se na

área da indústria, tendo depois procedido

a uma inflexão para o setor da construção,

acompanhando o surto de forte cresci-

mento que se registou no país e na Euro-

pa. Nunca abandonámos em absoluto o

setor industrial, particularmente as

áreas da construção naval, das celuloses,

das refinarias e da energia, mas demos

azo à grande vocação e capacidade da

empresa para estar nas grandes obras de

infraestruturas que se realizaram num

período de mais de duas décadas em Por-

tugal, com particular realce nos domínios

da ferrovia, dos metropolitanos de Lisboa

e Porto, dos estádios de futebol, entre ou-

tras.

No que respeita aos estádios de futebol construídos em Portugal para o projeto do Euro2004, em quais esteve presente a Metaloviana?

A nossa empresa teve uma intervenção

muito ampla e especial na construção do

Estádio de Braga, um projeto internacio-

nalmente reconhecido e admirado do ar-

quiteto Souto Moura.

A Metaloviana participou também de

uma forma assertiva e profunda na cons-

trução do estádio do Dragão, dos estádios

municipais de Guimarães, de Leiria, de

Coimbra e de Barcelos, embora este úl-

timo não tenha integrado diretamente o

projeto do Euro 2004, mas serviu como

recinto de treinos para algumas das sele-

ções presentes.

Page 20: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 3938 › País €conómico | Março 2013

› emPResaRiaDo

Por outro lado, aproveitando a questão

que me colocou, gostaria de adiantar pela

sua importância e dimensão, a participa-

ção da Metaloviana nas obras da Expo 98

em Lisboa, bem como em obras de revi-

talização urbana nas cidades de Lisboa e

do Porto.

A nossa empresa esteve ainda diretamen-

te ligada à construção de um grande nú-

mero de universidades e politécnicos que

se construíram nos últimos quinze anos

neste país, assim como no que respeita a

obras realizadas nos hospitais de São João

e Santo António, ambos na cidade do Por-

to, e mais recentemente nos hospitais de

Braga e de Vila Franca de Xira, este último

em fase final de construção.

Possuir capacidade financeira comprovada é fundamentalA participação da Metaloviana em obras de tão grande dimensão e complexida-de, conferem um forte reconhecimento à empresa?Nos negócios não existe essa questão do

reconhecimento. O que é necessário para

vingar no mercado é possuir alguns fato-

res críticos que passo a enunciar: compe-

titividade versus preço e qualidade versus

capacidade económica e financeira para

realizar a obra. Ninguém das grandes em-

presas de construção contrata uma em-

presa especializada – que pode ser grande

no seu setor, sem deixar de ser pequena

perante essas grandes empresas constru-

toras – se não existirem provas concretas

de que a obra vai ser efetivamente realiza-

da, na medida em que está a contratar um

serviço de uma empresa com know how,

que possui uma estrutura técnica adequa-

da para levar uma obra até ao seu final,

mas sobretudo que possui uma estrutura

financeira capaz para realizar essa obra a

um preço competitivo e no prazo acorda-

do. Estes é que são os fatores essenciais, e

a Metaloviana possui todas as credenciais

para continuar a trabalhar e a crescer.

Também em Portugal?

Os investimentos que existem na área da

indústria e alguns que ainda vão existindo

na área pública, estão apenas ao alcance

das boas empresas que trabalham em Por-

tugal. Hoje em dia não basta apresentar

um currículo técnico condizente, nem se-

quer chega possuir uma capacidade pro-

dutiva instalada e comprovada. É necessá-

rio apresentar um currículo financeiro de

grande solidez. Presentemente já não se

entrega uma obra a qualquer um

Essas exigências de currículo financeiro também têm sido colocadas à Metalovia-na?Não tenha dúvidas de que nos têm sido

solicitadas e dou-lhe o exemplo concre-

to das construtoras francesas Bouygues

e Vinci – que são também das maiores

construtoras mundiais – que nos solici-

tam a disponibilização de todo o tipo de

informações, com realce para as de índole

financeira. E devo sublinhar que a Metalo-

viana não tem tido quaisquer dúvidas em

prestá-las, pois somos uma empresa de so-

lidez muito assinalável e capaz de respon-

der a todos os requisitos solicitados por

qualquer parceiro com que trabalhamos.

internacionalização não é um processo fácilNo entanto, voltando à setor da cons-trução em Portugal, não se vislumbram grandes obras para se realizarem nos próximos anos. Apesar desse cenário, uma empresa como a Metaloviana ainda via conseguindo trabalho no nosso país?Como já lhe referi anteriormente, as boas

empresas conseguem sempre trabalho,

até porque o país não fechou propriamen-

te “para férias”. Na verdade, existe uma ca-

pacidade instalada superior do que aquilo

que a economia portuguesa atualmente

consegue absorver.

Neste cenário difícil que se atravessa no

nosso país, ainda assim a Metaloviana

detém uma carteira de obras bastante in-

teressante e que se eleva a cerca de cinco

milhões de euros, atuando sobretudo ao

nível da intervenção nas barragens e na

construção do Terminal de Cruzeiros no

Porto de Leixões, obviamente na sua espe-

cialidade que é Engenharia da Construção

Metálica.

Terminal de cruzeiros do Porto leixões.Com este conjunto de obras já assegura-

das em Portugal, e outras que venhamos a

conseguir ao longo do presente ano, a nos-

sa empresa comprova a sua capacidade,

qualidade e seriedade. Naturalmente que

perante o cenário que não é expansivo no

nosso país, as empresas portuguesas tive-

ram de se internacionalizarem, embora

para algumas empresas nacionais a inter-

nacionalização seja encarada como uma

tábua de salvação para as suas dificulda-

des no plano interno.

O que poderá ser um risco inultrapassá-vel?Realmente, é preciso estar dotado de for-

tes recursos, principalmente ao nível fi-

nanceiro, para uma empresa se atrever a

empreender um processo de internaciona-

lização com hipóteses de sucesso. Eu diria

a quem se quiser internacionalizar que é

necessário ter a consciência quanto à já re-

ferida capacidade financeira, acrescida da

indispensável capacidade técnica e de uma

significativa agilidade de gestão. Lamenta-

velmente ouvimos muitas vezes histórias

de empresas que vão lá para fora no in-

tuito de salvar situações muito difíceis no

plano interno e isso poderá ser um autên-

tico suicídio. É necessário os empresários

ouvirem concelhos úteis e avisados e não

embarcarem em conversas muitas vezes

simplistas e fáceis da classe politica e de

outros agentes que pese a boa vontade não

tem conhecimento da realidade e das difi-

culdades que a internacionalização exige.

Se não tiverem as condições que mencio-

námos como fundamentais num sólido e

profícuo processo de internacionalização,

então o melhor é ficarem simplesmente

dentro das nossas fronteiras.

Parceiros de grandes empresas mundiaisComo é que tem decorrido o processo de internacionalização da Metaloviana?Muito bem, indiscutivelmente, embora

não signifique que tenha sido um passeio.

Pelo contrário, a internacionalização é um

processo difícil e complexo e afigura-se de

grande importância determos as diversas

competências sem as quais qualquer pro-

cesso de externalização empresarial se ar-

risca a constituir um insucesso.

Devo sublinhar que estamos em vários

mercados, em que cada país corresponde

a uma situação própria, onde em alguns

deles avançámos com a constituição e de-

senvolvimento da respetiva empresa onde

a Metaloviana detém sempre uma partici-

pação muito significativa.

Por exemplo, na Argélia fomos naquilo

que costumo dizer por graça que «fomos

ao colo» de um grande parceiro interna-

cional que considera a Metaloviana o seu

braço de referência na área da metalome-

cânica.

Já em Angola, a estratégia passou por ir-

mos diretos, sem prejuízo de lá termos

encontrado um parceiro local. A Metalo-

Page 21: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 4140 › País €conómico | Março 2013

› emPResaRiaDo

viana Angola tem realizado um conjunto

bastante significativo de obras que envol-

veram vários milhões de dólares, princi-

palmente na área da energia. Gostaria de

acrescentar que neste momento temos

uma carteira de obras em Angola no valor

de cerca de cinco milhões de euros.

Por sua vez, em Moçambique, constituí-

mos a Metaloviana Moçambique, detida

pela Metaloviana em 55% e por um par-

ceiro local em 45%, parceiro esse que pela

sua credibilidade e conhecimento de mer-

cado nos poderá alavancar um significati-

vo conjunto de projetos, incluindo desde

já uma obra que vamos participar e que

tem um valor de 35 milhões de euros.

Aliás, devo aproveitar esta ocasião para

sublinhar o esforço estupendo dos nossos

departamentos de orçamentação, projeto

e comercial onde trabalham 22 quadros

superiores, e que estão perfeitamente as-

soberbados de trabalho, praticamente na

sua totalidade para o estrangeiro, pois

infelizmente em Portugal o trabalho que

há para fazer é muito pouco. Estes nossos

departamentos estão a trabalhar inten-

samente na apresentação de projetos e

orçamentos para obras no Brasil, Ango-

la, Moçambique, Argélia, Colômbia bem

como para França, país que está a entrar

novamente numa nova fase de forte ebu-

lição no que à construção diz respeito, es-

perando nós virmos a participar de uma

forma muito vincada na área da recupe-

ração e reabilitação de edifícios, área onde

a Metaloviana adquiriu um grande know

how e uma grande experiência em Portu-

gal e nos sentimos em perfeitas condições

para trabalhar e emparceirar em qualquer

lugar do Mundo.

Vamos apostar seriamente no BrasilTodavia, a País€conómico sabe que a Metaloviana está a ponderar muito seriamente realizar uma forte aposta no Brasil, que poderá passar inclusivamente por um upgrade relativamente aos restan-tes casos de internacionalização, ou seja, pela construção de uma unidade indus-trial de produção. O que nos poderá adian-tar sobre essa aposta futura no Brasil?

Os acionistas maioritários da Metalovia-

na nomeadamente Valdemar Cunha e eu

próprio, desenvolvemos há alguns anos

uma atividade empresarial no Brasil, em-

bora em áreas de atividade diferentes e

completamente fora da atividade da Me-

taloviana. Entretanto, há algum tempo

decidimos fundar a Metaloviana Brasil,

empresa com sede em Fortaleza, no esta-

do do Ceará.

É verdade que o Brasil deverá constituir

uma aposta de grande porte e significativa

para a Metaloviana, visto que acreditamos

muito seriamente no país e existem gran-

des, médias e pequenas obras em todo o

Brasil que relevam uma aposta empresa-

rial da nossa parte.

Não escondo que firmámos uma parce-

ria com o empresário português Licínio

Lima, da ViV Brasil, para com ele estar-

mos no país e particularmente no estado

da Bahia. Temos dialogado com as auto-

ridades estaduais e municipais e muito

provavelmente deveremos avançar num

investimento industrial nesse estado na

ordem dos quatro a cinco milhões de eu-

ros, o que será não apenas um sinal mas

igualmente um compromisso firme da

nossa parte de aposta no país e de que

pretendemos estar no mercado brasileiro

como estamos em qualquer outro merca-

do internacional: com capacidade, com

qualidade e com seriedade.

Essa aposta na Bahia será apenas para atender o mercado baiano ou também terá como horizonte todo o mercado brasileiro?

Atenderemos naturalmente o mercado

da Bahia, mas a nossa perspetiva será de

fazermos obras em todo o território brasi-

leiro. E não deixamos, friso este ponto, de

podermos a partir do Brasil trabalhar em

outros países da América do Sul.

Portanto, apesar da restrição do merca-do português, a Metaloviana está opti-mista no crescimento e sustentação da empresa, sobretudo através do cresci-mento na área internacional?Sem dúvida. A Metaloviana está prepa-

rada e empenhada em crescer. No ano

passado faturámos cerca de 20 milhões

de euros, e pretendemos crescer este ano.

Naturalmente, como bem referiu, será so-

bretudo a área internacional a contribuir

de forma decisiva para esse crescimento.

Gostaria muito de sublinhar um ponto.

Desde o início do ano já contratámos cer-

ca de 30 pessoas, pelo que o atual número

de colaboradores da Metaloviana é neste

momento de cerca de 180, e estamos a tra-

balhar em full-time recorrendo por vezes

a horas extraordinárias e trabalhos por

turnos.

Não temos capacidade ociosa, pelo con-

trário, estamos a trabalhar a todo o vapor

para respondermos no tempo devido,

com a qualidade devida e com a respon-

sabilidade devida, aos compromissos que

tomamos com os nossos clientes nacio-

nais e internacionais. É essa a marca de

Metaloviana e assim terá de continuar a

ser, rigor, seriedade, responsabilidade e

qualidade. ‹

África › lusoFonia

moçambique nas apostas da Galp energiaNa cerimónia de apresentação pública dos resultados da

Galp Energia de 2012, o presidente executivo da petrolífe-

ra portuguesa salientou que a empresa está interessada em

concorrer em próximos leilões de blocos petrolíferos em

Moçambique, Angola e no Brasil, embora a participação seja

decidida em função das condições concretas de cada futura

licitação.

No que respeita a Moçambique, Manuel Ferreira de Oliveira

recordou que o grupo já possui participações nas ações que

levaram à descoberta de gás natural daquele país da costa

oriental do continente africano, mas enfatizou o interesse da

petrolífera ao adiantar que «em Moçambique vai haver uma

negociação de áreas novas. Temos a intuição de que será

muito competitiva e estamos a estudar». O gestor adiantou

também que no que respeita ao Brasil está previsto um lei-

lão de novas áreas petrolíferas em Maio deste ano, sendo

que metade será em terra e a outra metade no mar. Já no que

respeita a Angola e a Moçambique, referiu que se esperam

para o presente ano licitações de blocos de exploração de

petróleo e gás natural. ‹

Nova School of Business and Economics expande-se em Moçambique

nova sBe-maputoA Nova School of Business and Economics (Nova

SBE) vai abrir em Maio deste ano a Nova SBE-Maputo

(Escola de Formação de Executivos. O lançamento do

projeto ocorreu no dia 20 d Fevereiro no Hotel Polana,

situado na capital moçambicana, no qual contou com

a presença da ex-primeira-ministra Luísa Diogo, e do

ex-ministro de Estado Óscar Monteiro, e do embaixa-

dor de Portugal em Moçambique, Mário Godinho de

Matos.

A Nova SBE-Maputo pretende contribuir para a for-

mação profissional de altos quadros empresariais

moçambicanos e, consequentemente, para o desen-

volvimento do país, oferecendo um conjunto de pro-

gramas de excelência que a Nova SBE já leciona em

Portugal, Brasil e Angola.

A Nova SBE aposta assim numa oferta premium de

formação que irá incidir, numa primeira fase, em

cursos desenhados de acordo com as necessidades

das empresas, como liderança, gestão financeira, ges-

tão de projetos ou técnicas de negociação e ainda no

prestigiado programa de formação de executivos da

Nova SBE, o Curso geral de Gestão. Este Programa

será lecionado em seis semanas, cinco das quais em

Maputo, e irá reunir na sexta de semana de aulas em

Lisboa, estudantes provenientes de Maputo, Luanda

e São Paulo.

De referir que as aulas da Nova SBE-Maputo serão

lecionadas, na sua maioria, em português por pro-

fessores de diferentes nacionalidades, incluindo mo-

çambicana, que vão circular pelos diferentes pólos da

faculdade no espaço que fala português. ‹

Terminal de Cruzeiros de Leixões

DR

Page 22: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 4342 › País €conómico | Março 2013

› emPResaRiaDo

Aníbal Oliveira Cristina, Presidente do Grupo Aníbal Cristina

«mercado externo já representa 80 por cento dos nossos negócios»

O Grupo Aníbal Cristina que em 2013 completa 26 anos de presença no mercado

nacional, opera como empreiteiro geral em áreas específicas como a Construção Civil,

Obras Públicas, Engenharia, Ambiente, Metalomecânica e Imobiliária e está hoje muito

concentrado no mercado externo, nomeadamente em França e Moçambique tendo, neste

último mercado, acabado de ganhar um concurso internacional para a construção de uma

delegação do Banco Moçambique, em Nampula, obra orçada em 13 milhões de euros.

Em entrevista que concedeu à País €conómico, Aníbal Cristina, refere que hoje em

dia o mercado externo já representa para o Grupo Aníbal Cristina 80 por cento dos seus

negócios, sendo as perspetivas de crescimento muito animadoras muito animadoras.

«Com o setor da Construção Civil e Obras Públicas em profunda crise, as empresas como

a nossa têm de desdobrar esforços para encontrarem soluções lá fora. No nosso caso

concreto, temos crescido substancialmente no mercado externo, mas o mesmo não se

pode dizer em relação a Portugal onde a faturação representa somente 20 por cento do

total do nosso volume de negócios», referiu Aníbal Cristina que nesta entrevista não

escondeu a esperança de que a área da Reabilitação Urbana venha em breve “mexer “

com o setor¸ permitindo-lhe alguma recuperação. «E o Grupo Aníbal Cristina também há

muito que está preparado para esse desafio». TexTo › VALDEMAR BONACHO | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS

o Grupo Aníbal Cristina foi cons-

tituído em 1987 e é hoje um

empreiteiro geral de referência

em todo o país e além-fronteiras. Mesmo

com a crise a travar o desenvolvimento da

Construção Civil e Obras Públicas em Por-

tugal, esta empresa com sede em Casal da

Cruz, Caranguejeira (concelho de Leiria)

nunca deixou de ser uma organização sus-

tentável em termos económicos e finan-

ceiros, regendo-se por elevados princípios

de seriedade, honradez, profissionalismo,

e respeito pelo cliente. «Um dos nossos

princípios básicos assenta na vontade de

cumprirmos com todo o rigor os compro-

missos que assumímos com os nossos

clientes, pois são eles a principal razão

da nossa existência. Passados 26 anos de

permanência no mercado, é um privilégio

podermos afirmar que ainda temos hoje

clientes do primeiro dia, que nunca deixa-

ram de trabalhar connosco. São exemplos

como este que nos dão força para conti-

nuar, mesmo não ignorando que o setor

da Construção e das Obras Publicas está

a atravessar a sua pior crise de sempre»,

sublinhou Aníbal Cristina.

O Grupo Aníbal Cristina é especialista em

áreas como a Construção, Obras Públicas,

Ambiente, Metalomecânica, Imobiliário, e

Laboratório de Betão, e distingue-se pelo

facto de ser uma empresa que acompanha

desde o início toda a obra, desde a fase de

desenvolvimento do projeto (arquitetura

e especialidades) até à sua fase de explo-

ração, operando essencialmente no setor

industrial privado. «Somos uma empresa

que desde sempre se preocupou em ter

uma evolução sustentável, procurando es-

pecializar-se nas suas diferentes áreas de

atuação. E a isso nós chamamos vontade

de evoluir, a única forma correta de poder-

mos competir cá dentro e lá fora», referiu

o presidente do Grupoi Aníbal Cristina.

no mercado externo em parceriasPerante uma crise aguda na Construção

Civil e Obras Públicas, Aníbal Cristina

disse à P€ que o caminho a seguir tinha

de ser a internacionalização. «A interna-

cionalização é hoje uma via normal no

crescimento de qualquer empresa, e mui-

to embora os sinais da crise na construção

Page 23: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 4544 › País €conómico | Março 2013

› emPResaRiaDo

e obras públicas não fossem tão visiveis

como são atualmente, o Grupo Aníbal

Cristina decidiu-se pela internacionaliza-

ção em 2006, começando a trabalhar no

mercado espanhol. Escolhemos na altura

o mercado espanhol, porque era o que

estava mais próximo de nós, e por outro

lado porque fomos para Espanha em par-

ceria com empresas que já nos conheciam

bem e que já eram clientes nossos em

Portugal. Aliás, este género de parcerias

tem sido seguido à risca, e é através deste

modelo de relacionamento que estamos

hoje não só em Espanha, como em Fran-

ça, Moçambique, Suécia e Israel. Privile-

giamos sempre as parcerias», deixou claro

Aníbal Cristina, para lembrar que não foi

fácil entrar no mercado espanhol, «por

este se mostrar um bocado fechado ao

nosso setor». «Quando se vai em parceria

com uma empresa que é nossa cliente e

que nos conhece bem, as coisas tornam-se

obviamente mais fáceis».

Muito embora Espanha seja para o Grupo

Aníbal Cristina um mercado especial, por-

que foi por ele que iniciou o seu processo

de internacionalização, Aníbal Cristina

reconhece que hoje em dia o grupo a que

preside já tem mercados mais fortes do

que Espanha.

«Por exemplo, em França temos neste

momento seis obras a decorrer o que per-

mite um volume já considerável de obra,

e em Israel também deixámos a nossa

marca em algumas obras de referência, o

que não deixa de ser um dado relevante

a assinalar. Foram intervenções ao nível

da indústria pesada na área do papel. Mas

sempre operações feitas em parceria com

empresas portuguesas nossas clientes, o

que é sempre mais seguro», revela Aní-

bal Cristina, que a propósito adiantou um

dado curioso. «Estes clientes levam-nos

atrás deles, porque gostam de nós, apos-

tam em nós, e isso tem facilitado de certo

modo a nossa vida em termos de interna-

cionalização».

marrocos um novo mercadoFalando em internacionalização, o Grupo

Aníbal Cristina está em Espanha, Fran-

ça, Israel, Moçambique, já teve algumas

intervenções na Suécia, e agora, segundo

o presidente do Grupo Aníbal Cristina a

grande prioridade é consolidar os merca-

dos de França e Moçambique e manter os

outros. «Por outro lado, temos vindo a es-

tudar o mercado de Marrocos. Temos ali

um projeto de uma fábrica de papel para

ser contruído de raíz, é um projeto desen-

volvido por nós.

Já estamos numa fase final de contratos,

e vamos esperar para ver no que isto vai

dar. É um projeto orçado em 15 milhões

de euros. Mas Marrocos parece-nos ser

um mercado com potencialidades e estou

certo que iremos para lá brevemente», sa-

lientou.

Ostentando já a certificação no âmbito da

Qualidade – a ISO 9001:2000, e estando

a decorrer a obtenção da norma ambien-

tal ISO 14000, o Grupo Anibel Cristina dá

emprego neste momento a cerca de 500

pessoas, 110 das quais trabalhadores dire-

tos, o que faz desta empresa uma das boas

empregadoras do concelho de Leiria.

Recursos humanos de excelênciaAníbal Cristina não esconde o seu orgu-

lho por ter sido o fundador deste grupo

empresarial, e quando se aborda a ques-

tão social, ele esboça um sorriso e diz:

«Olhando para o percurso do Grupo, só

temos de nos orgulhar. Soubémos ao lon-

go dos tempos formar uma equipa coesa,

muito profissional e competente, que tem

Ampliação da Unidade fabril em Skoghall, Karlstad - Suécia

DR

Page 24: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 4746 › País €conómico | Março 2013

› emPResaRiaDo

sabido corresponder da malhor maneira à

exigência dos desafios que temos tido pela

frente.

Por isso eu digo que os nossos recursos

humanos são a nossa melhor riqueza, e

eles são responsáveis pelo sucesso que o

Grupo Aníbal Cristina tem tido não só em

Portugal como no estrangeiro», sobres-

saíu este empresário de 50 anos, nascido

em Caranguejeira.

Muito embora Aníbal Cristina se referira

ao mercado externo com um laivo de es-

perança e com muito fervor, isto poderá

significar que o mercado nacional neste

momento está posto de parte?

O presidente do Grupo Aníbal Cristina ou-

vir a pergunta, fez uma breve pausa, e rea-

giu. «É evidente que não quero esquecer

o mercado português, até porque temos

aqui pessoal a trabalhar connosco que não

podemos levar para o estrangeiro. Por ou-

tro lado não podemos esquecer também

que Portugal significa neste momento 20

por cento da nossa faturação. Há também

a esperança que temos de que a Reabili-

tação Urbana possa vir a ser em breve a

tábua de salvação de um setor que está

ferido e pode vir a reanimar um pouco

com este modelo de intervenção. Da nos-

sa parte estamos habilitados a fazer face

às exigências deste nicho de mercado, até

porque temos uma vastíssima experiência

nesta área. Ainda há bem pouco tempo

terminámos trabalhos de reabilitação

em 3 escolas, e estamos preparados para

o que for necessário», sublinhou Aníbal

Cristina.

30 milhões de faturação em 2012Assumindo-se como uma empresa ino-

vadora em todas as áreas onde atua, o

Grupo Aníbal Cristina que em 2012 teve

um volume de faturação de 21 milhões

de euros, tem em curso neste momento

em Portugal duas obras emblemáticas: o

Centro Equestre de Alfazeirão, a Moliz em

Alpiarça e outras obras de menor expres-

são, o que perfaz uma carteira de obras à

volta dos 30 milhões de euros.

Depois de ter ganho o concurso interna-

cional para a construção em Nampula da

delegação do Banco de Moçambique, obra

orçada em 13 milhões de euros, Aníbal

Cristina não esconde que Moçambique

conjuntamente com França são dois mer-

cados onde o grupo deposita fundadas

esperanças de crescimento, estando deci-

dido em continuar a apostar fortemente

nestas duas frentes.

«Temos encontrado da parte das autorida-

des moçambicanas uma grande simpatia

e um grande espírito de colaboração, e

quando assim acontece as perspetivas de

futuro são boas. Como somos uma empre-

sa com fortíssimo know how, esperamos

ter a oportunidade de poder participar

no desenvolvimento deste país da África

Austral, e ao mesmo tempo conseguir em

Moçambique a sustentabilidade que sem-

pre desejamos para o Grupo Aníbal Cristi-

na», concluiu o nosso entrevistado. ‹

Visabeira Turismo abriu sexto hotel em Moçambique

Girassol songo fica próximo de cahora Bassa

A Visabeira Turismo, empresa turística do Grupo

Visabeira, abriu em Novembro passado a sua sexta

unidade hoteleira em Moçambique, o Girassol

Songo, unidade que fica próxima da barragem de

Cahora Bassa. A abertura do hotel foi prestigiada

pelo presidente moçambicano Armando Guebuza,

cerimónia onde também estiveram presentes

outras autoridades institucionais moçambicanas e

o presidente e vice-presidente do Grupo Visabeira,

respetivamente, Fernando Nunes e Paulo Varela.TexTo › JORGE ALEGRIA | FoToGRaFia › CEDIDAS PELA VISABEIRA TURISMO

a cadeia Girassol Hotéis viu o seu

portfólio alargado com a abertu-

ra do Girassol Songo, um moder-

no hotel localizado naquela vila, próxima

da emblemática barragem de Cahora Bas-

sa.

O Girassol Songo dispõe de sete quartos

standard, quatro suites T1 e uma suite T2

master, todos equipados com ar condicio-

nado, minibar, cofre, tv por satélite, wc

privativo e telefone direto.

O hotel possui também duas salas de con-

ferência, uma sala multiusos, restaurante

com esplanada, lobby bar, piscina com bar

associado, room service, lavandaria, trans-

feres do e para o aeroporto, e internet wi-

reless em todo o espaço.

O Girassol Songo foi recentemente visita-

do por uma comitiva liderada pelo presi-

dente moçambicano Armando Guebuza,

que se fez acompanhar do ministro da

Energia, Salvador Namburete, o Presiden-

te da Hidroelétrica de Cahora Bassa, Paulo

Muxanga, e o Governador da Província de

Tete, Ratxide Akyamungo Gogo.

Esta sexta unidade hoteleira da cadeia

Girassol Hotéis complementa a oferta

existente em Maputo, com dois hotéis, em

Lichinga, em Nampula, e no Parque Na-

cional da Gonrongosa. De referir, segundo

apurou a País €conómico os proje-

tos da Visabeira Turismo em Moçambi-

que não ficarão por aqui, estando previsto

um próximo investimento em Tete com a

construção de um hotel com 125 quartos.

Vocacionado para o turismo de negócios,

a unidade terá restaurante, ginásio, cabe-

leireiro e Spa, num investimento que ron-

dará os 15 milhões de euros. ‹

Presidente de Moçambique, Armando Guebuza

África › lusoFonia

Ampliação da Unidade fabril em Skoghall, Karlstad - Suécia DR

Page 25: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 4948 › País €conómico | Março 2013

› aGRiculTuRa

Sofia Freitas, Coordenadora da AGIM, muito otimista

«o mirtilo já é um fator de valorização da economia de sever do Vouga»

A coordenadora da AGIM está otimista com o sucesso da produção de mirtilo que

hoje já é um fator de valorização e dinamização da economia de Sever do Vouga.

Em entrevista que concedeu à País €conómico, Sofia Freitas adiantou dados

importantes e curiosos que revelam o êxito e afirmação deste recurso endógeno. «A área

de intervenção da AGIM vai de Vila Real a Sesimbra, e neste momento a nível nacional

estão a ser plantados mais de mil hectares de culturas de mirtilo. É um crescimento

mais do que exponencial», refere Sofia Freitas que avançaria com outro elemento

muito clarividente. «Num hectare de cultura de mirtilo conseguimos retirar, em “ano de

cruzeiro”, uma rentabilidade muito próxima dos 20 mil euros líquidos. É uma atividade

que está a ajudar a combater o desemprego e que beneficia de um sistema de incentivos

que financia os projetos a 100 por cento, a fundo perdido».TexTo › VALDEMAR BONACHO | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS

a AGIM – Associação para a Ges-

tão, Inovação e Modernização

do Centro Urbano de Sever do

Vouga foi criada em Novembro de 2006

no âmbito do programa URBOCOM, e

tem como pilares estratégicos fundamen-

tais a valorização dos recursos endóge-

nos, a dinamização do comércio local, o

estímulo ao investimento e ao empreen-

dedorismo, e a cooperação com a câmara

municipal de Sever do Vouga.

Em entrevista que concedeu à País €conómico. Sofia Freitas, coordena-

dora da ADIM recordou que quando o

URBOCOM foi criado o seu objetivo era

promover e dinamizar o centro urbano

de Sever do Vouga, e que essa promoção

e valorização teriam de ter um determina-

do posicionamento, «uma visão que fosse

uma marca de Sever do Vouga para os

visitantes, consumidores e associados da

AGIM».

Prosseguindo o seu esclarecimento, Sofia

Freitas disse que nessa altura a ideia mais

forte e consistente que surgiu como ânco-

ra encorajadora dessa promoção para Se-

ver do Vouga foi o mirtilo, fruto silvestre

com sabor distinto, vastamente conhecido

pelas suas propriedades medicinais. É

um poderoso antioxidante e é conhecido

por muitos como o «fruto da juventude».

Segundo Sofia Freitas, «o mirtilo já exis-

tia em Sever do Vouga desde 1994 e até

então nunca tinha sido explorado pelas

entidades locais em termos de produção e

sua valorização como um recurso que está

e pode vir a valorizar muito mais a eco-

nomia local e até a vertente do turismo»,

sublinhou, para sublinhar logo de seguida

que em 2006 quando a AGIM foi funda-

da, esta tinha no seu Plano Estratégico a

valorização do mirtilo enquanto produto

endógeno. «Isto sem nos esquecermos ou-

tros pequenos frutos, outras bagas como

a framboesa, a groselha, a amora, que fa-

zem parte da classe dos frutos vermelhos,

e que também – à semelhança do que já

acontece com o mirtilo – são recursos na-

turais que podem ajudar a desenvolver a

economia local. Sofia Freitas aproveitaria

ainda para lembrar que Sever do Vouga

tem uma grande tradição na produção de

laranja e outros citrinos, e na produção

de mel de excelente qualidade que tam-

bém proporciona uma ajuda importante

à dinamização da economia de Sever do

Vouga.

mil hectares de mirtilo plantados no paísDiz a coordenadora da AGIM que dia-

riamente são recebidos nesta associação

dois ou três contactos de pessoas de todo

o país «interessadas nos nossos serviços,

e isso anima-nos de certa maneira». Sofia

Freitas aproveita o ensejo para esclarecer

que a AGIM, à exceção do Algarve, já tem

hoje uma abrangência nacional, indo de

Vila Real a Sesimbra. «Tudo na área dos

pequenos frutos, 90 por cento de mirtilo.

Neste momento a nível nacional estão a

ser plantados mais de 1000 hectares de

culturas de mirtilo. É um crescimento

mais do que exponencial. Só para se ter

uma ideia, até 2006/2007, existiam duas

regiões do país que produziam mirtilo:

Sever do Vouga e Grândola. Hoje, graças

à ação da AGIM, todas as regiões do país

Page 26: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 5150 › País €conómico | Março 2013

› aGRiculTuRa

têm novos produtores, que são jovens

agricultores que estão a apostar na agri-

cultura e que vêm nesta atividade uma

oportunidade de vida. A área dos peque-

nos frutos têm uma grande potencial e

têm merecido atenções muito especiais,

porque são frutos que constituem mais-

-valias, que conseguem ser rentáveis em

pequenas áreas. Por exemplo, num hec-

tare de cultura conseguimos retirar em

“ano cruzeiro” uma rentabilidade muito

próxima dos 20 mil euros líquidos, ou

seja, estamos a falar de um complemen-

to muito importante e muito interessante

para a atividade que as pessoas já possam

ter, ou então no caso de quem estiver de-

sempregado, esta é uma boa alternativa de

combater o desemprego. Tudo isto conju-

gado com o facto de existir um sistema de

incentivos que financia os projetos quase

100% a fundo perdido», sublinhou Sofia

Freitas, coordenadora da AGIM.

onde a aGim pode apoiarPara destacar este entusiasmo à volta da

plantação de mirtilo a nossa entrevistada

recorreu a um novo dado. «Só no conce-

lho de Sever do Vouga temos cerca de 30

explorações instaladas, com projetos apro-

vados no âmbito do PRODER, e o apoio da

AGIM distribui-se pelo investimento na

agricultura, apoio técnico agrícola, apoio

à gestão de empresas agrícolas, serviços

de substituição e formação agrícola. Nós

fazemos o acompanhamento dos produto-

res desde o início».

Como é que a AGIM encaminha o jovem

agricultor em todo este processo? Sofia

Freitas ajuda a esclarecer. «Marcamos

uma reunião, explicamos tudo o que é

necessário, quais são os instrumentos que

esses agricultores têm à disposição para

ajudar a financiar o investimento. Esse in-

vestimento está sujeito a uma candidatura

no âmbito do PRODER, e normalmente é

aprovada», sublinha Sofia Freitas, adian-

tando que a média de investimento por

hectare ronda os 40/50 mil euros. «Os in-

vestimentos até os 75 mil euros em zonas

desfavorecidas, são financiados 100 por

cento a fundo perdido. Ou seja, esta é uma

conjugação de fatores muito interessante

que justifica este entusiasmo colossal que

tem existido em redor desta matéria», so-

bressaiu a coordenadora da AGIM.

mirtilo tem mercado externo garantidoSofia Freitas salienta que estão garantidos

mercados para escoar o mirtilo e outros

pequenos frutos. «Este é um produto

orientado para a exportação, não é para o

consumo nacional. O consumo nacional

representa neste momento 10 a 15 por

cento do que se produz. Os grandes con-

sumidores são a França, Holanda, Bélgi-

ca, Alemanha, Finlândia, Polónia, Rússia,

países grandes consumidores de bagas e,

neste momento, os principais mercados

externos para o mirtilo, um fruto conhe-

cido como rei dos oxidantes».

Neste momento a AGIM representa 150

produtores de mirtilo em todo o país, 30

dos quais no concelho de Sever do Vouga,

e a média relativamente ao financiamen-

to andará à volta dos 50/60 mil euros por

produtor.

Feira do mirtilo de 20 a 23 de JunhoSofia Freitas lembra que o problema do

escoamento e da comercializa do mirtilo

neste momento não se coloca, «isto por-

que estamos a falar de um fruto que tem

uma janela de oportunidades muito inte-

ressante. Nós produzimos fora de época,

fora da época de produção dos restantes

países da União Europeia, ou seja, quan-

do estamos a produzir o resto da Europa

não está, e isso garante-nos o escoamento

do produto porque chegamos primeiro aos

mercados. Essa janela de oportunidades é

uma vantagem muito grande para o pro-

dutor. No Norte de Portugal a produção

acontece em fins de Maio e consegue-se

ir até Agosto e Setembro, já no Sul ela co-

meça mais cedo», recorda a coordenadora

da AGIM, que aproveitaria para dizer que

a razão da existência desta associação tem

muito a ver com tudo isto, com a dinâmica

da economia local. «Com a organização da

Feira do Mirtilo que vai decorrer de 20 a 23

de Junho em Sever do Vouga, esta região

passa a ter uma grande projeção nacional,

e a prova disso é que na edição de 2012 Se-

ver do Vouga foi visitada por mais de 45

mil visitantes», revelou Sofia Freitas, para

adiantar ainda a propósito do evento do

ano passado que só em quatro dias foram

comercializadas 11 toneladas de mirtilo.

Tamanho é o interesse por este fruto, que

em Sever do Vouga já se pensa na criação

de indústrias transformadoras de mirtilo.

«Já estamos a trabalhar nisso. Esse é um

dos projetos que nós temos em parceria

com a Universidade Católica do Porto,

com a Frulact e o projeto Myrtillus, que

comercializa o mirtilo e plantas. Estão-se

a fazer testes com transformação de mir-

tilo, testes que segundo informação que

disponho estão a decorrer muito positiva-

mente, e há já neste momento produtores

a investir na transformação: licores, com-

potas, chás, sabonetes, e já são alguns os

empresários que manifestaram o seu inte-

resse em se dedicarem a este negócio. Não

só no concelho de Sever do Vouga como

fora dele», concluiria com um entusiasmo

indisfarçável Sofia Freitas, coordenadora

da AGIM, que há muito pouco tempo se

instalou no Vougapark, em instalações

modernas e operacionais, iniciativa que

se deveu à Câmara Municipal de Sever do

Vouga. ‹

assunção cristas em moçambiqueA ministra da Agricultura, Assunção Cristas, participará no

Fórum Agro Alimentar Moçambique – Investimento e Opor-

tunidades de Negócio/Mostra de Produtos e Tecnologias, que

se realizará nos dias 5 e 6 de Março. Este Fórum enquadra-se

na Quinzena Empresarial Moçambique Portugal, que se ini-

ciou no passado dia 25 de Fevereiro e que se prolongará até ao

dia 7 de Março, que levou à capital moçambicana um conjun-

to de 150 empresas portuguesas e que constitui uma iniciati-

va da AIP – Feiras, Congressos e Eventos, e na qual conta com

a colaboração da Câmara de Comércio Moçambique-Portugal.

Contando este ano com um formato inédito, a Grande Quin-

zena Empresarial Moçambique Portugal conta com a reali-

zação simultânea da primeira edição da Intercasa Concept

Moçambique e da segunda edição da Tektónica Moçambique,

que se realizam de 28 de Fevereiro a 3 de Março, no Centro In-

ternacional de Conferências Joaquim Chissano, em Maputo.

À margem das feiras em Maputo, muitos dos empresários

portugueses presentes deslocar-se-ão depois em visitas e en-

contros empresariais em Nampula (Província de Nacala) e

Beira e Maputo/Matola. De sublinhar que a economia moçam-

bicana regista uma forte dinâmica e poderá ser um das econo-

mias mundiais com maior ritmo de crescimento em 2015. ‹

DR

Page 27: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 5352 › País €conómico | Março 2013

Peter Knight, Administrador da Camposol

«este é um projecto de Paixão»

Peter Knight é um cidadão britânico radicado em Vila Nova de Milfontes há trinta anos,

que um dia veio a Portugal por um ano para realizar ensaios de alface de inverno, isto

em 1983, e que acabou por cá ficar após ter constituído com um outro sócio, também

de nacionalidade inglesa, a Camposol, uma empresa que se especializou na produção de

hortícolas e que também é a melhor empresa de produção de relva natural certificada

da Península Ibérica. Em entrevista à País €conómico, Peter Knight não esconde

a sua paixão pela região que escolheu em Portugal e onde quer continuar a trabalhar

na evolução do seu projecto, contribuindo de certa maneira para o engrandecimento da

região e do país que tão bem o acolheu.

TexTo › VALDEMAR BONACHO | FoToGRaFia › RUI ROCHA REIS

Poderá dizer-se que Peter Knight é o ho-

mem certo no lugar certo. Apaixonado

pela natureza veio a Portugal ao serviço

do país de Sua Majestade para realizar

ensaios de alfaces de inverno e fixou-se

em Vila Nova de Milfontes, uma terra que

pelo seu encanto natural acabaria por o

prender até hoje.

A chegada de Peter Knight a Vila Nova

de Milfontes deu-se em 1983, e talvez por

ser um homem cuja formação académi-

ca tem muito a ver com a terra: é foma-

do em Agronomia e tem um mestrado

em Economia, foi fácil a sua opção pelo

projecto Camposol ligado à horticultura

e à produção de relva natural certificada,

sendo hoje, nesta última vertente, o maior

produtor ibérico de relva natural certifi-

cada. A Camposol é fruto de uma aliança

que fez com outro cidadão britânico (seu

sócio), e a sua constituição data de 1992,

precisamente nove anos depois de ter che-

gado a Portugal.

Peter Knight não tem dificuldade em jus-

tificar a escolha de Vila Nova de Milfontes

para o arranque da Camposol. «Fizémos

esta opção, porque este é um local com

uma beleza natural rara, com um clima

fantástico, muito abundante em água

proveniente da barragem de Santa Clara

situada aqui próximo, e também porque

é um local muito abundante em areia,

matéria muito importante para trabalhár-

mos no inverno. Tudo isto são vantagens

numa actividade como a nossa», conside-

rou o administrador da Camposol.

625 ha para produzirem qualidadeNesta propriedade com 625 ha são produ-

zidos diariamente um número considerá-

vel de produtos hortícolas, com destaque

para os espinafres, rabanetes, abóboras,

nabos e cenouras , mas segundo nos confi-

denciou Peter Knight os últimos três anos

da vida da Composol têm sido difíceis,

consequência da crise que se instalou no

país. «Há uns anos atrás, antes de a cri-

se ter começado, valorizava-se muito os

produtos que eram frescos e que tinham

qualidade, mas hoje o que conta é o preço

dos produtos.

Nós aqui na Camposol não prescindimos

de produzir qualidade (ela é a nossa mar-

ca e a nossa maneira de estar no mercado)

e de certo modo tivémos de encontrar a

forma de produzirmos com qualidade a

preços competitivos. Tivémo-nos de adap-

tar à crise sem ignorar a qualidade», dei-

xou claro Peter Knight.

No entender de Peter Knight, a Camposol

não quer competir só com o preço. «So-

mos nós que temos de saber marcar a di-

ferença com produtos diferentes e de ele-

vada qualidade. Para além de espinafres e

vários tipos de nabos, a Camposol produz

cenouras em molhos destinadas a merca-

dos como Portugal, Espanha, França, In-

glaterra e Dinamarca, e produz também

cenouras com rama que se destinam es-

pecialmente aos mercados de França, Ale-

manha e Inglaterra. Produzimos também

cerca de duas mil toneladas de abóbora,

exportamos salsa de raíz para a República

Checa, e bolbos de cebolas para o merca-

do espanhol. Tudo produtos de excelência

que fazem a diferença», sublinha Peter

Knight.

Perguntámos a Peter Knight se a Repúbli-

ca Checa se apresentava como um bom

mercado para a Camposol, e a resposta

não se fez esperar. «Todos esses mercados

são bons, seja ele a República Checa, a Po-

lónia, a Bulgária, a Eslováquia. São merca-

dos onde se faz sentir o poder de compra

da classe média, e que nos interessam

muito», salientou o Administrador da

Camposol.

novos produtos em ensaio com mercados garantidosA Camposol que ao longo da sua vida tem

feito investimentos avultados visando

tornar-se uma empresa moderna e cada

vez mais competitiva, está sobremaneira

atenta à diversificação. No entender de

Peter Knight, devido à excelente qualida-

de do clima que desfrutam, «aqui é pos-

sível cultivar quase tudo e durante quase

todo o ano». E adiantou alguns exemplos

daquilo que poderá vir a ser feito muito

em breve pela Camposol. «Nós este ano

temos feito ensaios para ervilha fresca

com o objectivo de conquistármos o mer-

cado finlandês e dinamarquês. Na Finlân-

dia e na Dinamarca as pessoas comem

ervilhas frescas como fossem rebuçados.

E também decorrem ensaios para fazer-

› aGRiculTuRa

DR

Page 28: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 5554 › País €conómico | Março 2013

mos milho doce, um produto que aqui se

consome muito pouco, mas há mercados

que compram muito este produto. Nós na

Camposol criamos o produto consoante a

procura dos mercados, procedimento que

facilita muito o escoamento destes produ-

tos», precisou Peter Knight.

Para Peter Knight o mercado nacional é

sempre importante para a Camposol, re-

presentando neste momento cerca de 20

por cento da sua produção. «A produção

de relva natural certificada já teve tempos

melhores, e hoje os produtos hortícolas

significam quase 70 por cento da factura-

ção da Camposol, isto se levarmos em con-

ta os produtos hortícolas que exportamos,

que são muitos».

Relva natural para os melhores estádios da europaA introdução da relva natural no core

business da Camposol ficou a dever-se à

ideia do sócio de Peter Knight, que em

Inglaterra já se dedicava a este produto.

E há 7 ou 8 anos atrás a Camposol viveu

tempos áureos neste segmento de mer-

cado, tendo-se destacado por produzir e

fornecer relva natural certificada a alguns

clubes desportivos de grande dimensão

na Europa. «Ainda ontem colocámos o

tapete de relva natural certificada no Es-

tádio do Málaga, e daqui a uns dias vamos

fazer um trabalho idêntico no Estádio do

Granada.

Mas antes disso a Camposol já inscreveu

a sua marca em obras semelhantes nos es-

tádios do Real Madrid, Barcelona, Milan,

Mónaco, Lyon, e em Portugal os estádios

do Sporting, Benfica e Porto também le-

varam as nossa relva. São obras que nos

orgulham muito e que são um testemu-

nho da capacidade do nosso trabalho»,

sublinhou Peter Knight que, entretanto,

reconhece que este negócio está hoje um

pouco parado em Portugal, até pelas difi-

culdades financeiras com que os clubes

desportivos se debatem neste momento.

«Mas melhores tempos virão», desejou o

nosso entrevistado.

Segundo Peter Knight, em Portugal existe

alguma concorrência no sector da produ-

ção de relva natural, mas mesmo assim a

Camposol está incluída no ranking das

três melhores produtoras.

Para uma empresa como a Camposol, a

formação surge como um elemento im-

portantíssimo, até porque cada vez mais

é díficil encontrar pessoas que queiram e

se adaptem aos requisitos de uma activi-

dade específica como esta. «Essa dificul-

dade levou-nos a integrar no nosso grupo

de trabalho um grupo de trabalhadores

tailandeses, pessoas que se adaptaram

facilmente ao nosso modelo de trabalho

e que merecem da nossa parte todo o res-

peito», concluiu Peter Knight, que deseja

ver a Camposol cada vez mais forte e com-

petitiva, levando aos diversos mercados o

melhor que a terra produz. ‹

› aGRiculTuRa

DR

Page 29: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 5756 › País €conómico | Março 2013

› economia iBÉRica

eDiToRialSão já habituais as notícias de empresas portuguesas que trabalham com

sucesso nos países com ligações históricas e culturais com Portugal, nomea-

damente Brasil e Palops. Porém, é menos frequente ouvir falar de empresas

ou de investimentos portugueses no mercado hispanoamericano, sendo que,

no momento atual, muitos deles estão a viver uma autêntica década de ouro.

Na Antonio Viñal & Co. Abogados, achamos que esta oportunidade é para

aproveitar. Por tal motivo, desde a nossa secção de Economia Ibérica quere-

mos contribuir a informar os empresários portugueses do potencial existente

nos países americanos de fala espanhola. Neste número mantivemos uma

entrevista com o Exmo Sr. Embaixador do Equador em Portugal, Dr. Diego

Aulestia Valencia, que nos oferece uma ampla visão sobre a economia do seu

país e as oportunidades de investimento para Portugal.

Como é habitual, qualquer comentário ou sugestão são bem-vindos em lis-

[email protected] e [email protected]

enTReVisTa ao emBaixaDoR Do eQuaDoR em PoRTuGal, DieGo aulesTia ValenciaQuais as áreas de investimento mais importantes?Considero que na atualidade as áreas da economia equatoriana

de maior desenvolvimento e que oferecem maiores oportunida-

des de participação para empresas estrangeiras são: indústria, e

serviços petrolíferos; turismo; infra-estrutura (habitação social,

rodovias, obras de control de inundações e grandes projetos ur-

banos, particularmente o metro de Quito de próxima licitação);

energias renováveis (especialmente a energia eólica, biomassa e

centrais hidroelétricas).

Para citar apenas un par de cifras, nos oito projetos hidroelétricos,

o país investiu 5 mil milhões de dólares. Para o metro de Quito,

que na realidade é um sistema integrado de transporte, existe um

orçamento de aproximadamente 1.500 milhões de dólares, o qual

será financiado, nomeadamente, pelo Banco Europeu de Investi-

mentos.

No futuro próximo está prevista a exploração responsável de ri-

cas jazidas minerais, o que abrirá ainda maiores possibilidades

de negócios.

Que apoios pode encontrar o investidor português no Equador?A melhor carta de apresentação do Equador é a sua sólida econo-

mia resultante, em grande medida, da gestão responsável e técni-

co das finanças públicas.

Igualmente, o Governo Nacional oferece um marco jurídico ro-

busto, que dá confiança suficiente ao empresário e investidor es-

trangeiros. Em Dezembro de 2010 foi ditada a Lei de Fomento à

Produção que estabelece atrativos e importantes benefícios tribu-

tários para o novo investimento e para a substitução seletiva de

importações.

Existem também instituições especializadas na atração de investi-

mentos e impulso à produção. Inclusive os projetos podem aceder

a financiamento local, provisto por bancos públicos especializados.

Finalmente, através da Embaixada em Lisboa é possível estrutu-

rar agendas de visitas no Equador para empresários e investido-

res interessados no país.

Qual é a presença portuguesa no Equador?A comunidade portuguesa no Equador é muito pequena e, da in-

formação que possui a Embaixada, está principalmente dedicada

a atividades de pesca. É preciso lembrar que o meu país possui

ricos recursos ictiológicos, além de importantes investimentos na

aquicultura, nomeadamente as relativas ao cultivo do camarão.

Uma das minhas principais tarefas na Embaixada, é a de lograr

que a presença portuguesa no Equador aumente de forma expo-

nencial. Nesta altura existem as melhores oportunidades para que

empresas portuguesas vão para o Equador. Como já referi, exsite

um amplo leque de possibilidades em que a presença portuguesa

é bem-vinda.

Que questões devem ter em conta os empresários portugue-ses na altura de considerar um investimento no Equador?Acho não estar enganado se afirmar que o meu país vive o seu

melhor momento na história recente. O Equador tem uma econo-

mia em plena expansão (com taxas de crescimiento -em promé-

dio- de 4.3%, nos últimos cinco anos).

Merece ser salientado que o Equador tem a maior taxa de inves-

timento relativamente ao PIB entre os países da América Latina.

Ainda existe uma notável expansão do consumo e da redução da

pobreza, todo o qual contribui à coesão social e cria positivas con-

dições de futuro.

Por outro lado, o Equador assinou acordos comerciais com os paí-

ses da América Latina, tendo um acesso privilegiado ao importan-

te mercado venezuelano.

Trata-se de un país com grandes perspetivas e as melhores opor-

tunidades para empresários que procuram novos mercados, em

processo de expansão. Finalmente, desde o año 2000, o dólar nor-

teamericano é usado como a moeda no Equador, o qual oferece

condições de certeza para o desenvolvimento dos negócios.

Quais são as perspetivas da economia equatoriana para os próximos anos?As perspetivas no curto e médio prazo são muito favoráveis. Des-

de uma ótica de curto prazo, poderia mencionar, por exemplo,

que no ano 2013, conforme as previsões da Comissão Económica

para América Latina (CEPAL), o Equador crescerá 3.5%. Este in-

cremento será impulsionado pela procura interna, a dinâmica do

investimento e o crescimento sustentado do consumo dos lares.

Agora, o melhor virá no médio prazo, entendido como tal um

par de anos. Vejo um desenvolvimento inteligente do meu país

graças à abertura ao investimento responsável, num contexto en

que todas as partes ganhem. Investimento responsável é aquele

que mantém a ética com os trabalhadores, os consumidores, o

ambiente e com o Estado através do cumprimento das obrigações

tributárias.

Os passos dados pelo Governo Nacional, por exemplo, no que

diz respeito às melhoras institucionais, ao sistema de justiça, o

investimento em infra-estrutura e no talento humano e com o

pagamento da dívida social, teve como resultado o avanço do se-

tor produtivo.

Por citar um exemplo, nos últimos anos os setores manufaturei-

ros, de construção e serviços cresceram entre 6 e 7%. Todo isso fa-

voreceu a melhora do poder adquisitivo da gente e a consolidação

de uma sociedade mais equitativa, mais coesa e com excelentes

perspetivas futuras. ‹

inVesTimenTo no eQuaDoR1

1 A presente informação não constitui assessoramento legal. Aconselha-se obter assessoramento local.

Tipos de sociedades

Sobre o valor da transferência ou importação de bens móveis 12%

Sobre a prestação de serviços 12%

Sobre as exportações de bens e serviços 0% (nos termos da Lei Tributária)

Produtos básicos, saúde, importações diplomáticas, donações, admissão temporária e serviços básicos 0% (nos termos da Lei Tributária)

Tipo de sociedade nº mínimo de socios capital social mínimo

Compañía de Responsabilidad Limitada (equivalente à sociedade por quotas)

3 Fixado pela Superintendencia de Compañías - $ 400

Sociedad Anónima (equivalente à sociedade anónima)

1 Fixado pela Superintendencia de Compañías - $ 800

Taxa Geral 25%

Taxa por reinvestimento 15%

impuesto a la Renta a empresas – equivalente ao iRc

iVa

Para mais informação, podem visitar o blog “Inversor Ibérico” em www.inversoriberico.blogspot.com

Page 30: Revista País Economico

Março 2013 | País €conómico › 5958 › País €conómico | Março 2013

› a FechaR

Quinta do Pôpa apresenta novos programas de enoturismo

“Douro a Dois”O produtor de vinhos duriense Quinta do Pôpa

cuja propriedade se situa em Adorigo, no con-

celho de Tabuaço, no Alto Douro Vinhateiro,

e constitui uma “janela” privilegiada sobre o

rio Douro, apresenta na Bolsa de Turismo de

Lisboa um conjunto de novos programas de

enotutismo em 2013. Em destaque estará o

programa “Douro a Dois”, que contempla visita

e prova de vinhos na Quinta do Pôpa (apresen-

tação da história, gentes e vinhos do produtor

duriense, visita á adega, aos lagares, à sala de

cascos, à garrafeira e à sala de provas, seguida

de prova de um branco, dois tintos e o inovador

“Pôpa Vinho Doce tinto”), jantar e alojamento

no Hotel Folgosa. Este programa estará dispo-

nível a partir do próximo dia 1 de Abril. De re-

ferir que este projeto familiar é liderado pelos

irmãos Stéphane e Vanessa Ferreira, enquanto

a componente enológica é liderada por Luís

Pato. ‹

TaP aposta nos vinhos portuguesesA TAP está a construir uma nova carta

de vinhos para a classe executiva com

base numa experiência inovadora,

que consistiu numa prova de vinhos

realizada em terra e seguidamente a

bordo de um avião. De acordo com os

estudos efetuados sobre o ambiente

em cabine de avião, a altitude tem

influência no modo como são perce-

bidas as refeições.

A companhia aérea portuguesa pre-

tende deste modo continuar a cons-

tituir uma montra para os vinhos

nacionais.

No ano passado, a companhia serviu

a bordo 700 mil garrafas de vinho e

vendeu, através das Lojas Francas,

800 mil garrafas. No total, o Grupo

TAP comprou 1,5 milhões de garrafas

de vinhos nacionais. ‹

altran investe no FundãoA cidade do Fundão vai receber o centro de serviços “nearshore” da multinacional Altran,

destinado a projetos de Sistemas de Informação e Telecomunicações. O projeto vai envol-

ver a contratação de 120 pessoas, a serem recrutados entre 2013 e 2015, dos quais 40 a

60 serão já contratados no presente ano. Segundo a Altran, a região do Fundão e as áreas

circundantes apresentam “condições ótimas para o desenvolvimento de projetos tecno-

lógicos”, particularmente “a proximidade de universidades de referência e a estratégia de

integração da comunidade e da autarquia do Fundão”. A Altran entrou no mercado por-

tuguês em 1998, tendo atualmente 400 colaboradores. O Grupo reportou no ano passado

um volume de negócios de 1.456 milhões de euros. ‹

Psa mangualde cria 300 postos de trabalhoA PSA Mangualde anunciou em comunicado a criação de um terceiro turno com 300

novos postos de trabalho diretos, já a partir de Abril do presente ano, situação que segun-

do o construtor francês se manterá “no mínimo até ao fim do corrente ano, de forma a

responder à previsão das encomendas”. A decisão foi tomada com base nas perspetivas

de evolução do mercado dos modelos fabricados em Mangualde, o Citroen Berlingo e o

Peugeot Partner, modelos que são líderes de mercado em toda a Europa no seu segmento.

Com a criação destes 300 novos postos de trabalho diretos, a empresa passa a empregar

1150 colaboradores e a ter como referência uma produção de 285 veículos por dia. Em

2013 a empresa deverá produzir em Mangualde cerca de 60 mil viaturas, um aumento de

36% face a 2012, quando a produção se ficou pelas 43.940 unidades. ‹

Page 31: Revista País Economico

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