revista old - ediçao especial: e preciso arrumar a casa

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A OLD organizou uma ediçao especial para apresentar o trabalho do coletivo E Preciso Arrumar a Casa, que organiza a produçao de seu primeiros livros, pelo Catarse.

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Page 1: Revista OLD - Ediçao Especial: E Preciso Arrumar a Casa
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Revista OLD Especial - É Preciso Arrumar A CasaDezembro de 2012

Felipe Abreu e Paula HayasakiFelipe AbreuFelipe Abreu

Marco A. F.

Carine Wallauer, Leonardo Remor, Marco A. F., Roberta Sant’anna, Serena Salvadori e Tiago Coelho

[email protected]/revistaold@revista_oldwww.revistaold.tumblr.com

Equipe Editorial Direção de Arte

Texto e Entrevista

Capa

Fotografias

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Parceiros

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Serena SalvadoriPortfolio

05Carine WallauerPortfolio

15Leonardo RemorPortfolio

29

Roberta Sant’annaPortfolio37

Tiago CoelhoPortfolio49

Marco A. F.Portfolio61

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Dezembro vai ser provalvemente o mês mais animado da história da OLD. Estamos lançando duas edições especiais, somando mais de 20 fotógrafos em um só mês, criando uma mini enciclopédia fotográfica de Natal para vocês!Nessa edição apresentamos o trabalho do coletivo É preciso arrumar a casa, seis fotógrafos que desenvolvem trabalhos distintos, mas com uma linha forte entre eles, que passa pela descoberta da intimidade e dos sentimentos de cada um dos fotógrafos. Os seis estão com um projeto no Catarse para financiar seus primeiros fotolivros. “Já no segundo encontro veio a ideia para o projeto dos fotolivros. A ideia surgiu meio que pronta, de uma vez só: uma pequena coleção de fotolivros, unidos pela temática autobiográfica e cotidiana que todos os nossos trabalhos tinham; formato pequeno, custo baixo (se comparado a um formato tradicional de livro de fotografia), porém

com edição e acabamento de primeira. Como financiar isso? Não tivemos dúvida: passando o chapéu. E no exato momento da concepção do projeto a Serena, que estudou com o Tiago em Madri, estava recém chegada ao Brasil para fazer uma residência na Galeria Mascate. Na hora convidamos ela para se juntar a trupe. E ela (felizmente!) topou na hora.”Assim surgiu essa história toda, como explica muito bem o coletivo. Agora chega de papo e vamos para o que interessa!!

Felipe Abreu

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Nieuwjaarskinderen / Born on New Year’s Day

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Serena SalvadoriCarmen és mi chica

Serena é a gringa do coletivo. Em Porto Alegre para uma residência artística, desenvolveu o trabalho Carmen és mi chica, que fala de amor e de intimidade. Um trabalho muito próprio, que se alinha muito bem com o restante da produção do grupo. Vamos ver o que ela tem a dizer sobre isso.

Como surgiu o projeto Carmen és mi chica? A quanto tempo você está trabalhando neste ensaio?

Por amor. E por instinto. Quando gosto de algo preciso fotografar. Estando apaixonada por Carmen não podia parar de fazê-lo. Comecei faz 4 anos.

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Há ao mesmo tempo uma grande força e uma abordagem despretensiosa em cada uma da imagens de Carmen... Como foi o processo até encontrar este estilo?

Este projeto surgiu como um presente para Carmen. Pelo nosso primeiro aniversário dei para ela de presente as imagens da nossa relação. Aí me dei conta que era algo novo, algo que queria mostrar para os outros. Eu somente amava ela, via sua beleza e fotografava.

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Seu ensaio fala da rotina de um casal em seu altos baixos e se encerra com um grande beijo libertador. Liberdade de escolha e de estilo de vida é um dos pontos principais deste trabalho?

Acredito que cada pessoa pode escolher sua liberdade a qualquer momento. Carmen mudou minha vida, me deu coragem de mostrar para o mundo inteiro, para minha família, quem sou. Quando passamos pela minha operação ela esteve muito, muito perto de mim, cuidou de mim, me amou. Foi aí que meus pais se deram conta do quanto ela me amava e do quando isso era belo e especial. Mostro minha vida privada para que outras pessoas possam ser livres e ser quem são.

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Carine WallauerVisões elevadas de Eros

Carine é gaucha, jornalista e fotógrafa autodidata, já apresentou seus trabalhos em diversas publicações nacionais e internacionais e trabalha agora na realização de seu fotolivro Visões elevadas de Eros.

Como surgiu o projeto Visões elevadas de Eros? A quanto tempo você está trabalhando neste ensaio?

Visões Elevadas de Eros é um projeto sem data de nascimento clara e sem uma necessidade explícita de deixar de ser. Ele traz em si vestígios dos mundos que conheci e criei nos últimos anos. É uma alquimia feita de pessoas, tons, sentimentos, ar puro e sonhos lúcidos.

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Há uma proximidade muito forte com a natureza e com o corpo humano neste trabalho. Você pretende reunir o homem à natureza com essas imagens? Nos deixar novamente mais próximos de nossas origens?

Nas minhas fotos eu vejo uma espécie de conforto. Os elementos presentes são lugares/pessoas/sensações de bem estar e uma espécie de comunhão. Eu percebo nelas muito mais um diálogo interno, um desejo forte de me agarrar àquilo que amo. Nesse sentido, o meu discurso é bastante pessoal, e talvez a origem que eu procure seja a minha. Penso minhas fotografias não como o registro de um presente vivido, mas como um passado presente em imagens construídas a partir de lembranças.

Tenho a impressão de que o resultado corresponde muito mais às sensações presentes em minhas memórias do que com o que vi nos ambientes ou situações reais. Me questiono se sou eu quem guardo as memórias em fotos. Ou se são elas que me revelam. Elas representam um recorte sincero daqueles que têm sido temas centrais do meu trabalho - a natureza mística, o extraordinário da vida cotidiana, a beleza do simples, o sonhar de olhos bem abertos, o Gabriel . Eu estou ali. E tudo o que se vê sou eu. De alguma forma. Completamente.

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Existem diversos climas dentro deste ensaio, alcançados pelas cores diferentes que predominam nas imagens e pela estética única da fotografia analógica. Como você chegou a essa paleta de cores? Quando optou pela fotografia em filme? Qual sua relação com o analógico?

A primeira câmera que chamei de minha foi a de um celular que ganhei quando tinha 15 anos. Como dispositivo para um exercício despretensioso ela foi ótima. Ainda guardo todos os registros. Antes disso eu já tinha fotografado com câmeras analógicas da família, mas todas automáticas. Depois disso, consegui emprestada uma Yashica com um colega de trabalho (quando eu tinha 16 anos), conquistei minha Zenit e ganhei uma Polaroid de uma ex- professora. E aí a coleção foi aumentando. Meu trabalho é todo feito com câmeras analógicas. Fotografar para mim representa mais do que um

exercício de estilo ou expressão. Não fotografo objetos. Fotografo fragmentos de mim, que vou unindo a cada nova imagem, em um ansioso exercício de autoconhecimento. Quanto aos aspectos estéticos, fotografo apenas com luz natural. Priorizo no processo de concepção da imagem os efeitos óticos à pós-produção. Minha paleta de cores foi desenvolvida naturalmente. Eu tento respeitar as cores impressas no negativo. Trabalho em cima delas.

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Qual a importância, para você, de ver esse trabalho como livro? Quando surgiu a ideia de usar o Catarse para alcançar esse objetivo?

É poder incrementar um ciclo que começa como sentimento, se projeta em imagem, passa então para o papel e com o esforço coletivo de muitos olhares e mãos transforma sonhos em realidade e leva nossos trabalhos a lugares e pessoas dispostas a recebe-los e deixa-los ali, em suas vidas, fazendo parte.

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Leonardo RemorAmor em Braille

O projeto de Leonardo Remor é um trabalho tátil, envolvente, que também fala da intimidade e do relacionamento de um casal, algo que de certa forma guia os trabalhos do coletivo. É um trabalho forte, que apresenta seus conceitos aos poucos, em recortes dentro de cada fotografia.

Como surgiu o projeto Amor em Braille? A quanto tempo você está trabalhando neste ensaio?

A ideia para esse projeto surgiu na metade desse ano, com o nome Amor. As fotografias que compõe esse ensaio são mais antigas... Gosto de reaproveitar meu trabalho, de olhar pra trás e resignificar as coisas. Procurar outros sentidos... E a ideia desse ensaio é unir imagens do meu cotidiano, passado e

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presente, da minha intimidade, me tornar um personagem. Para isso, organizei o que já tinha fotografado e comecei a fotografar mais, pensando nesse tema. Há pouco tempo veio a ideia de Amor em braille. Pensei em descrever essas imagens e aplicar o texto em braille sobre as fotografias, convidando o leitor ao toque, ativando outros sentidos...

Seu ensaio transmite a mais pura intimidade de um casal, de uma maneira sutil e próxima. Como você encontrou essa abordagem que revela mais sensações do que visões dentro de cada fotografia?

Ando sempre com alguma câmera. Uso diferentes câmeras. Rollei, Hassel, saboneteira e também digital. Registrar meu cotidiano foi natural. Encontrar esse forma sutil de abordar a intimidade veio meio sem querer... Claro que fotografei muito e busquei essa delicadeza na hora de editar. Talvez aí tenha encontrado o caminho do meio, entre o que é visto, mostrado, e o que é velado, que dá pistas para a imaginação.

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Há um fator tátil muito forte em seu trabalho. Como expressar esse sentido dentro da fotografia, essencialmente visual?

Este é o maior desafio desse trabalho: transformar a imagem visual em imagem tátil. Começando pela descrição das imagens. Não sou muito bom com palavras, e transformar essas fotografias em texto tem sido um exercício para mim. Quero sobrepor essas camadas. Cada página do livro trará a imagem fotográfica e, sobre ela, sua descrição em braille. Acredito na soma e no acumulo desses sentidos. A fotografia será outra, uma vez que a escrita em braille fará parte dessa imagem.

Qual a importância, para você, de ver esse trabalho como livro? Quando surgiu a ideia de usar o Catarse para alcançar esse objetivo?

A fotografia, assim como o cinema, só passa a existir quando é vista, quando chega ao espectador e um ciclo se fecha. Quero fazer esse livro para que o trabalho exista, seja visto. Quero compartilhar minhas fotografias. E o livro é um objeto cheio de vida, nesse sentido. Ele é comprado, emprestado, doado, perdido, encontrado. Usar o Catarse para realizar esse desejo veio do grupo, da junção de todos. E acredito muito nesse grupo! Admiro o trabalho de todos. Todos me tocam e acredito que podem tocar outros também. Por isso, devem virar livros, ganhar vida, e se perder por aí.

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Roberta Sant’annaMixtape

Roberta Sant’anna é formada em cinema, trabalha como comunicadora e fotógrafa. Sua produção fotográfica caminha pelos encontros e pela construção de intimidade com outras pessoas. Encontros mediados pela câmera, como ela mesma diz.

Como surgiu o projeto mixtape? A quanto tempo você está trabalhando neste ensaio?

Mixtape surgiu organicamente, como um diário visual de um relacionamento muito intenso. Foi feito na espontaneidade dos momentos mesmo, do que eu vivia com esse namorado, do quanto eu apreciava o estar natural dele e os pequenos mundos que a gente criava e se colocava dentro. Quando o

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relacionamento deixou de existir esse ensaio acabou da mesma forma que começou. Com o tempo fui agregando mais sentidos e dissecando esse material mesmo como uma forma de sanar uma ausência. Com ele eu quero falar sobre o fim, que não é um fim claro, mas um “deixar de ser”, uma passagem. Se chama Mixtape porque vou acrescentar ao ensaio (no livro) trechos de letras de músicas que ritmaram essa história toda, quase mesmo como aquelas fitinhas K7 que se costumava gravar antigamente para presentear alguém com uma seleção musical que marcou determinada história.

Vendo os projetos do grupo percebo que todos, ou quase todos, tratam da rotina e da intimidade de seus criadores. Você vê essa opção como uma linha temática dentro do coletivo?

É bonito como o que começa como um projeto específico acaba se transformando em algo que vai muito além disso. “É Preciso...” começou como algo bem pontual e serviu para agrupar essas pessoas e naturalmente fazer disto um coletivo. Por enquanto, para o projeto no Catarse, é nessa temática autobiografica que apostamos como forma de criar uma unidade para um produto específico, pois todos temos a tendência de buscar o que está no seu cotidiano, personagens da sua própria vida, momentos vividos e tudo o que isso carrega. Temos trabalhos autorais bem distintos e acredito que daqui pra frente a tendência do coletivo é mais no sentido da troca de idéias,

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experiências, edição, inspiração, etc. A gente se encontra aí, cada um com a sua distinção estética e admirando os trabalhos uns dos outros e discutindo a respeito. A linha temática “do coletivo” me parece não existir em razão dessa pluralidade toda, mas o registro da intimidade serviu como a melhor temática para representar a união de todos.

Como o tempo alongado da fotografia analógica te ajudou a desenvolver este trabalho?

Não é bem o tempo alongado em si, mas talvez a “materialidade” do filme e a maneira que eu me relaciono com as câmeras analógicas.

Está um pouco mais para a minha implicância em não querer tratar o que julgo ter uma importância maior com toda a praticidade da digital. Me parece ser uma maneira de homenagear o momento quando coloco ele na película. Pela sensação de materialidade mesmo, de costurar o grão, de ter uma matriz física.

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Qual a importância, para você, de ver esse trabalho como livro? Quando surgiu a ideia de usar o Catarse para alcançar esse objetivo?

É a de ver algo que surgiu tão espontaneamente e foi quase crescendo sozinho sendo finalizado com carinho e pronto para estar nas mãos das pessoas, sendo folheado e apreciado.A idéia do Catarse surgiu pela possibilidade que temos hoje em dia de não depender da decisão de outros para que um trabalho possa ser publicado. Se nós queremos isso e muitas pessoas também querem e acreditam e gostam, vamos todos juntar forças e fazer isso acontecer de uma forma simples, preto no branco e muito direta.

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Tiago CoelhoDona Ana

Tiago Coelho é mais um dos formados em cinema da turma do É Preciso Arrumar a Casa. Já carrega no currículo participação na coleção Pirelli/MASP e estudos fotográficos na Europa. Aqui na OLD ele apresenta seu trabalho Dona Ana, que acompanhou a viagem de sua ex-babá, Ana, em um reencontro com seus parentes, no norte do Brasil.

Como surgiu o projeto Dona Ana? A quanto tempo você está trabalhando neste ensaio?

Dona Ana foi minha babá. Chegou na minha casa quando eu tinha 4 anos. No ano de 2004, em exercício para a faculdade, fotografei ela pela primeira vez. Desde aí, nunca mais parei! Mas o projeto começou a ganhar corpo mesmo quando acompanhei ela em busca de sua família no Pará, com os quais não tinha contato há mais de 40 anos.

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Venho fotografando ela na casa dos meus pais, onde trabalha até hoje, recriando lembranças da infância.

Qual a importância de ter uma relação forte com a dona Ana para desenvolver esse ensaio? Qual foi a reação dela com a ideia do ensaio?

Minha relação com ela é o ensaio. Só assim acredito que consegui tamanha espontaneidade. Ela se entrega de corpo e alma. Ela gosta muito de participar das fotos, pois cada vez que a acompanho nossa intimidade cresce. Ela ficou muito orgulhosa todas as vezes que viu as fotos publicadas ou nas exposições. As vezes se acha feia, mas nunca contestou minhas escolhas das imagens!

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Dona Ana tem em si uma grande viagem, de Porto Alegre até Belém. Como foi a experiência de cruzar o Brasil desenvolvendo uma reportagem, focada na história de uma pessoa?

Na verdade a história dela, na viagem, se confunde comigo. Vivi intensamente toda a busca! Em alguns momentos não sabia se fotografava ou chorava. Foi incrível conhecer toda a família dela, pois parecia que estava conhecendo familiares meus. A experiência de fotografar viajando, fora do lugar de onde está acostumado, sempre é muito legal porque o cenário é sempre novo! No começo também achava que estava fazendo um documentário sobre outra pessoa, depois descobri que era sobre mim mesmo.

Qual a importância, para você, de ver esse trabalho como livro? Quando surgiu a idéia de usar o Catarse para alcançar esse objetivo?

Os 5 fotógrafos que fazem parte do projeto são grandes amigos! Sempre mostramos e discutimos nossos trabalhos uns com os outros. Resolvemos que deveríamos publicar nossos primeiros livros de autor juntos, em uma mesma coleção. Colocar a Dona Ana como livro é um sonho realizado, pois é o projeto que venho trabalhando a mais tempo.

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Marco A. F.10

A fotografia de Marco A. F. se concentra na produção documental, com um viés autobiográfico, sentimental. Seu trabalho ja foi premiado e exposto no Brasil e na Europa. 10 Apresenta a rotina de Luan, seu enteado, e constrói sutilmente o mundo dessa criança

Como surgiu o projeto 10? A quanto tempo você está trabalhando neste ensaio?

“Oficialmente” eu estou trabalhando nesse projeto desde o final de 2011. Mas de certa forma ele estava sendo esboçado desde 2006, quando conheci o Luan, meu personagem nessa série. Pra ficar mais claro: o Luan é filho da Betina, minha namorada. Começamos a namorar em 2006 quando o Luan tinha 4 anos de idade.

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Desde o início a gente se deu super-bem, nos tornamos grandes amigos, e a fotografia fazia parte direta dessa relação. Ele é um menino lindo (puxou à mãe!) e sempre rendia boas fotos. E como também é inteligente e curioso, as vezes se arriscava a sair fotografando.Pois bem, isso de conviver diretamente com uma criança, acompanhando diariamente o crescimento dela, mexeu comigo. Eu, que recém entrei nessa fase dita “adulta”, me vejo muito nas atitudes dele. Essas descobertas pela qual ele está passando são ainda muito frescas na minha memória. E a fase que ele está agora, entre os dez e os onze anos, é incrível, pois ele começa a dar os primeiros sinais de um adolescente, se demonstra adulto muitas vezes, mas no instante seguinte volta a ser um bebezinho.

E é buscando contar essa história – a de um menino que está começando a virar homem – que eu decidi fazer o ensaio. Acabou que se transformou em algo um pouco mais complexo, uma vez que também fala (claro, não tão diretamente) sobre um homem que se vê no menino que cresce diante dele.

10 é um grande registro da vida do seu enteado. Como foi a abordagem inicial para começar a fotografar seu personagem?

Como já temos essa ligação forte, a abordagem foi bem simples. O processo fluiu de forma bem natural, acabou virando parte do nosso dia-a-dia. Minha ideia foi desde o início fazer com que o Luan não fosse somente personagem da história, mas também fizesse parte do processo de criação e edição da série. Deixei isso claro pra ele desde o início. Acho que ao trazê-lo para

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dentro do processo consegui envolvê-lo de forma profunda, fazendo com que se sentisse também autor do trabalho (o que de fato ele é).

Como foi o processo de edição dessa imagens? Imagino que no início era um universo imenso, que tem que, aos poucos ser reduzido até seu formato final.

Sim, é um universo imenso, como geralmente é o material bruto de um ensaio documental. O processo de edição começou durante o período de captura. Conforme produzia, eu ia olhando constantemente o material: montava algumas pequenas narrativas, testava

possíveis montagens, ou seja, botava as imagens pra conversar. Isso foi servindo para eu ver o que estava ou não funcionando, o que faltava ser feito, etc. Agora tenho um grupo de imagens que aponta o andamento da história que quero contar. O desafio é resolver isso em uma narrativa para o livro, que é onde me encontro nesse momento.

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Qual a importância, para você, de ver esse trabalho como livro? Quando surgiu a ideia de usar o Catarse para alcançar esse objetivo?

Pra mim o lugar por excelência da fotografia é o livro. Gosto de exposições, é claro, mas amo a portabilidade e a durabilidade que um livro possibilita para uma obra. Então certamente vai ser uma realização enorme poder publicar esse trabalho da forma que mais me agrada, e saber que essas pequenas histórias vão acabar se espalhando por aí e acabar nas estantes de casas alheias.

Quanto ao Catarse, a ideia veio da nossa vontade de tornar o processo todo realmente coletivo, e para isso fomos atrás de um público que não tínhamos certeza se realmente existia.Outro motivo forte para buscarmos uma plataforma de financiamento colaborativo foi a vontade de fugir do esquema lento e burocrático dos financiamentos públicos. Cansa esperar as vezes um ano para saber se o projeto vai rolar, e geralmente o processo é tão arrastado que se perde um pouco do tesão no meio do processo.

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Gostou? Apoie o projeto no Catarse!

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