revista inox - ed. 33

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APLICAÇÕES ARQUITETURA: OBRAS EM INOX MOLDAM A PAISAGEM URBANA MERCADO NOVA NORMA PARA CAIXAS D’ÁGUA FICA PRONTA EM 2010 ENTREVISTA SECRETÁRIO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RJ FALA SOBRE PÓLO INDUSTRIAL ZONA OESTE DO RIO DE JANEIRO ABRIGA EMPRESAS DO SETOR SIDERÚRGICO CENTRO DE INOVAÇÃO Publicação do Núcleo de Desenvolvimento Técnico Mercadológico do Aço Inoxidável (Núcleo Inox) Número 33 Setembro/Dezembro de 2009 Porto de Sepetiba Fábrica da Falmec CSA

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Revista Inox - Ed. 33

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Page 1: Revista Inox - Ed. 33

APLICAÇÕESARQUITETURA:

OBRAS EM INOX MOLDAM

A PAISAGEM URBANA

MERCADONOVA NORMA PARA

CAIXAS D’ÁGUA

FICA PRONTA EM 2010

ENTREVISTASECRETÁRIO DE CIÊNCIA

E TECNOLOGIA DO RJ FALA

SOBRE PÓLO INDUSTRIAL

ZONA OESTE DO RIO DE JANEIRO

ABRIGA EMPRESASDO SETOR

SIDERÚRGICO

CENTRO DEINOVAÇÃO

Publicação do Núcleo de Desenvolvimento Técnico Mercadológico do Aço Inoxidável (Núcleo Inox) Número 33 Setembro/Dezembro de 2009

Porto de Sepetiba

Fábrica da FalmecCSA

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desde que, no final de 2007, o governo anunciou a

existência em grande escala de petróleo na Bacia

de Santos, na área geologicamente conhecida como

pré-sal, intensificou-se o contato entre o Núcleo Inox e

o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CENPES) da

Petrobras, braço da empresa gerador de conhecimento

e tecnologia na área energética. Entre os desdobra-

mentos decorrentes dessa maior proximidade está o

treinamento da cadeia produtiva do aço inoxidável, para

atender as especificidades da indústria petrolífera.

No atual estágio, o treinamento consiste em apre-

sentações de integrantes do Cenpes nas empresas da

cadeia produtiva do material. No final de julho, na sede

da ArcelorMittal Inox Brasil, em São Paulo, o engenheiro

Ilson Palmieri, da área de controle de corrosão de mate-

riais metálicos do Cenpes, fez a segunda dessas pales-

tras. O objetivo era mostrar quais requisitos deverão

ser atendidos pelas ligas de aços inoxidáveis que, em

função de seus atributos, têm potencial para serem

especificados no petróleo da área do pré-sal.

Entre outros tópicos, a apresentação do engenheiro

detalhou os componentes de uma instalação submari-

na típica para extração de petróleo em águas profundas

e mostrou quais materiais são utilizados, suas limita-

ções técnicas e as normas a serem seguidas. Palmieri

falou também dos processos de perfuração e completa-

ção de poços, dos equipamentos submersos e mate-

riais utilizados. Foram também abordados os processos

de produção de óleos e gás executados nas platafor-

mas, com indicação de equipamentos e materiais.

Para Palmieri há vários desafios que a Petrobras e o

Cenpes têm que vencer na exploração do petróleo nas

áreas marítimas do pré-sal. “Dentro da minha especiali-

dade, que são os materiais metálicos, destaco o alto teor

de CO2, gás carbônico existente nos reservatórios. Em

contato com a água, ele forma o ácido carbônico [H2CO3],

componente bastante corrosivo. Nos aços, o elemento

químico que melhora a resistência à corrosão pelo CO2 é

o cromo, ou seja, o uso de aços inoxidáveis será funda-

mental para viabilizar a produção no pré-sal”, considera.

RESISTÊNCIA MECÂNICAPara o engenheiro do Cenpes, além da resistência

à corrosão, é desejável que materiais metálicos apli-

cados nessas atividades apresentem elevada resis-

tência mecânica, devido às grandes pressões ali

envolvidas. “Tanto à pressão interna quanto à pressão

externa devido à coluna hidrostática, uma vez que os

reservatórios podem estar localizados a aproximada-

mente 2200mm de lâmina

d'água”, explica.

Hoje, informa Palmieri, na

exploração de petróleo em

alto mar os aços inoxidáveis

são aplicados em várias

regiões. “Principalmente on-

de o fluido produzido –

petróleo, gás e água – não

foi tratado. Esse tratamento

pode ser a remoção da água

e do gás do petróleo ou a re-

moção do petróleo e da água

no gás”, detalha. Colunas de

produção e injeção, acessó-

rios do poço, componentes

internos da linha flexível,

árvore de natal, manifold,

tubulações da plataforma, vasos e trocadores de calor

utilizam aço inoxidável.

Na opinião do engenheiro os principais competi-

dores do aço inox nessas situações são os revesti-

mentos orgânicos e a fibra de vidro. “Entretanto, para

a utilização dessas duas opções é necessário garan-

tir a sua integridade, principalmente nas juntas solda-

das onde o acesso é complicado. Por exemplo, na

parte interna de tubulações de pequeno diâmetro.”

Para Palmieri, há chances de o inox ser ainda mais

especificado nas atividades da indústria petrolífera.

“As recentes descobertas de petróleo possuem alto

teor de CO2 e os materiais devem ser resistentes a

esse gás”, justifica.

SETEMBRO/DEZEMBRO 2009 • INOX 3

Publicação do Núcleo de Desenvolvimento Técnico Mercadológico do Aço

Inoxidável – Núcleo Inox

Av. Brigadeiro Faria Lima, 1234 cjto. 141 – cep 01451-913

São Paulo/SP – Fone (11) 3813-0969 – Fax (11) 3813-1064

[email protected]; www.nucleoinox.org.br

Conselho Editorial: Celso Barbosa, Francisco Martins,

Osmar Donizete José e Renata Souza

Coordenação: Arturo Chao Maceiras (Diretor Executivo)

Circulação/distribuição: Liliana Becker

Edição e redação: Ateliê de Textos – Assessoria de Comunicação

Rua Desembargador Euclides de Campos, 55, CEP 05030-050

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Jornalista responsável: Alzira Hisgail (Mtb 12326)

Redação: Adilson Melendez e Renata Rosa

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Edição de arte e diagramação: Francisco Milhorança

Serviço de fotolito e impressão: Estilo Hum

Fotos da capa: Divulgação Falmec; ThyssenKrupp CSA; CDRJ

A reprodução de textos é livre, desde que citada a fonte.

NÚMERO 33 SET/DEZ 2009

destaqueENGENHEIRO DO CENPES MOSTRA ONDEO PETRÓLEO SE ENCONTRA COM O INOX

Da esq. p/dir.:

Marco Aurelio Fuocco

(ArcelorMittal Inox

Brasil), Ilson Palmieri

(CENPES),

Danilo Annechinni

(ArcelorMittal Inox

Brasil), Dina Sarmento

(Villares Metals) e

Arturo Chao Maceiras

(Núcleo Inox)

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Page 4: Revista Inox - Ed. 33

Proposta do Cimmezo abre trilha para que inovação se estenda

às empresas de menor porte

capa

f ormada pelos bairros Bangu, Campo Grande e

Santa Cruz, entre outros, a região Oeste do Muni-

cípio do Rio de Janeiro possui uma vocação indus-

trial histórica – a implantação, dentro de sua área de

abrangência, da Companhia Siderúrgica do Atlântico é

um exemplo recente dessa inclinação. Na região, con-

forme pode ser verificado nas edições do Guia Brasileiro

do Aço Inoxidável (editado pelo Núcleo Inox), existem

várias empresas que trabalham ou fornecem produtos

para o processamento do aço inox. Em 2007, como

aponta a publicação, mais de uma dezena de indústrias

locais desenvolvem atividades relacionadas ao setor.

Essas constatações firmaram na diretoria do

Núcleo Inox a convicção de que esta região apre-

senta potencial para consolidar-se como um pólo

empresarial focado no segmento (veja reportagem

na edição 28, da Revista Inox). Ancorada nela, o

Núcleo Inox aprofundou estudos sobre o assunto

em busca de alternativas para que a ideia torne-se

real. O mais recente passo nessa direção configu-

rou-se na proposta de constituir o Centro de

Inovação e Modernização Empresarial Metalme-

cânico da Zona Oeste do Município do Rio de

Janeiro (Cimmezo).

4 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2009

UM CENTROPARA INOVAR

Rio de Janeiro

CIMMEZOCentro de Inovação e

ModernizaçãoEmpresarial

Metalmecânico daZona Oeste

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O Cimmezo começou a ganhar contornos mais só-

lidos após a realização, no primeiro semestre desse

ano, de um seminário onde a professora Renata

Lèbre La Rovere, do Grupo de Economia de Inovação

do Instituto de Economia da Universidade Federal do

Rio de Janeiro(IE/UFRJ), apresentou o documento

Projeto Desenvolvimento Econômico Local da Zona

Oeste da Cidade do Rio de Janeiro e de seu entorno. O

estudo, que foi coordenado pela professora, consta-

tou a situação propícia para criar, naquela região, um

pólo metalmecânico com uma vocação inicial –

porém, não necessariamente única, indica o estudo –

no aço inoxidável.

Com base nesse documento, os engenheiros

Celso Barbosa, vice-presidente do conselho delibera-

tivo do Núcleo Inox e gerente de tecnologia da Villares

Metals, e Arturo Chao Maceiras, diretor executivo do

Núcleo Inox, formataram o que se pretende ser o cen-

tro de inovação.

A justificativa para constituí-lo deve-se, sobretudo,

à dificuldade que as empresas de menor porte apre-

sentam para ter acesso às modernas técnicas de

gestão e inovação. “Na área de inovação e desenvol-

vimento tecnológico é imensa a defasagem das em-

presas brasileiras de pequeno porte em relação às

suas concorrentes em âmbito mundial”, afirma Bar-

bosa. “A experiência de outros países mostra ser im-

portante um apoio técnico-gerencial local e sistemá-

tico de pessoas de longa vivência e especialização no

ramo ou setor”, ratifica Maceiras.

De acordo com eles, entre as funções do centro

estariam: fornecer conhecimento especializado e tec-

nologia industrial básica; informar sobre novos pro-

dutos, processos e tendências tecnológicas e merca-

dológicas; levar conhecimento sobre novas máqui-

nas e equipamentos mais produtivos; e desenvolver

projetos informatizados.

As ações do Cimmezo, avalia a dupla, serão tão

mais eficientes quanto mais fácil, simples e fisica-

mente próximo for o acesso dos pequenos empresá-

rios a elas. Conta ponto também a experiência espe-

cífica de quem irá assessorar essas empresas.

“Apesar das facilidades dos meios atuais de comuni-

cação, a questão da proximidade é muito relevante”,

diz Maceiras. “As ações serão mais produtivas e

poderão apoiar um maior número de empresas quan-

do feitas em um conjunto similar ou complementar

de empresas, dentro de um arranjo produtivo de

mesma vocação, através de centros de apoio espe-

cializados”, defende ele.

O documento, no qual estão alinhavadas as justifi-

cativas para a formatação do Cimmezo, foi encami-

nhado à Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia

(SECT) do Rio de Janeiro. O titular da pasta, Alexandre

Aguiar Cardoso, elogiou a consistência do documento,

razão que deixa o Núcleo Inox otimista quanto à futu-

ra implantação do Cimmezo. No ano passado, o vice-

governador do Rio de Janeiro e secretário estadual de

obras, Luiz Fernando Pezão, sinalizou com a possibi-

lidade de que a Invest Rio (agência de fomento ao de-

senvolvimento do Estado) pudesse oferecer melho-

res condições de produtividade às empresas que se

instalassem nesse futuro pólo.

Empresas processadoras de aço inox estão presentes na região.

Na foto, área de produção da Falmec

A logística é positiva à expansão das atividades industriais.

Próximo, o porto de Sepetiba facilita as exportações

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6 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2009

ATIVIDADES DO CIMMEZOAntecipando a forma de operação que pretendem

ver implantada no centro de inovação e moderniza-

ção, Barbosa e Maceiras destacam que ele deve ter

uma visão sistêmica e integrada de gestão empresa-

rial, além de profundo conhecimento das deficiências

e vantagens competitivas reais e potenciais das

pequenas e médias empresas do setor e da região na

qual elas prestam serviços. “O Cimmezo deverá estar

equipado e dispor das competências necessárias

para ajudar as empresas na solução de suas deficiên-

cias, direta ou indiretamente”, argumentam.

Entre as atividades atribuídas ao futuro centro de

inovação e modernização está o que eles denominam

de extensionismo industrial. Isso significa, explicam

os autores, difundir técnicas de produção ainda não

incorporadas pelas empresas e de métodos de gestão

modernos e adequados às atividades específicas rea-

lizadas por elas. Também seria função do Cimmezo

realizar a prospecção, estudos, diagnósticos e análi-

ses sobre o mercado onde as empresas atuam e

assessorá-las na identificação de alternativas de pro-

dutos e na busca de mercados, inclusive no exterior.

Desenvolver projetos de novos produtos e proces-

sos e modernizar os existentes é outra atividade a ser

desempenhada pelo Cimmezo, bem como a prestação

de serviços para a certificação de produtos. “Um ban-

co de dados sobre profissionais experientes e especia-

lizados que possam prestar serviços técnicos e de

gestão às empresas locais será constantemente atua-

lizado”, prevê Barbosa. O futuro centro deverá tam-

bém cooptar para colaborar com entidades como o

Sebrae, Senai e Senac, além de escolas técnicas, insti-

tutos de tecnologia e pesquisa e universidades.

Maceiras e Barbosa também relacionam como tare-

fas do Cimmezo o levantamento e divulgação sobre co-

mo obter patentes e outras informações que permitam

às empresas da área acompanhar as inovações tecno-

lógicas. Trabalhos, artigos, reportagens sobre elas (ino-

vações) publicados no Brasil e no exterior serão levados

ao conhecimento dessas indústrias. Informações sobre

política industrial e comércio exterior e os caminhos

para conseguir recursos destinados ao desenvolvimen-

to tecnológico e gerencial são também atividades que

eles atribuem ao centro de inovação e modernização.

INFRAESTRUTURA FÍSICA E VIABILIDADE A proposta configurada pelo Núcleo Inox lista

alguns equipamentos considerados essenciais para

que o centro possa operar a contento. É importante,

por exemplo, que, no local, possa ser simulado, em

computador, o desenvolvimento de produtos (através

de programas CAD/CAM), bem como contar com

máquinas capazes de transformar de forma rápida

projetos e ideias em protótipos. Outro item obrigatório

é contar, no local, com um laboratório para o desen-

volvimento de ensaios básicos.

Salas e auditório que permitam realizar cursos,

palestras e seminários deverão integrar a infraestru-

tura básica do Cimmezo. Como ele irá servir a todas

as indústrias da região, é necessário prever espaço

para a apresentação de produtos, máquinas e equi-

pamentos. O diretor executivo do Núcleo Inox observa

que o Cimmezo deverá ser pouco verticalizado. “Ele

poderá trabalhar em rede e em parceria com institu-

tos que possam prestar serviços complementares

aos seus, evitando a duplicação de equipamentos e

laboratórios”, afirma

Barbosa e Maceiras consideram que, para provar

a viabilidade da proposta junto aos empresários, será

preciso, inicialmente, levantar e induzir o interesse

dessas empresas em dispor do equipamento. É

importante também, observam, implantá-lo em uma

região onde haja boa integração entre as empresas

locais. Eles acreditam que, sendo bem estruturado e

gerando valor no atendimento às empresas, o centro

possa, em longo prazo, tornar-se auto-suficiente.

“Porém, até que atinja a utilização plena, deverá con-

tar com algum recurso público subsidiado ou ter par-

ticipação acionária de entidades públicas de fomen-

to”, destacam.

Quanto às fontes de recursos para a implantação

do Cimmezo, a ideia defendida é compartilhar os

investimentos necessários da seguinte forma: 25%

vêm de subvenção econômica; 25% têm origem em

recursos próprios das empresas, e 50% captados em

financiamentos com juros compatíveis e três anos de

carência – nessa fração estaria incluído o capital de

giro necessário para a operação do centro.

A instalação da

Companhia Siderúrgica

do Atlântico alavanca

o desenvolvimento da

zona oeste carioca

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Page 8: Revista Inox - Ed. 33

transcorridos pouco mais de cinco anos de sua

edição, a NBR 14863 da Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT) passa atualmente por

processo de revisão que está sendo realizado pelo Co-

mitê Brasileiro de Siderurgia (CB-28). No processo de

normalização, a prática é revisar as normas a cada 5

anos. Porém, no caso da norma que trata dos reserva-

tórios para água potável, houve solicitação por parte

da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Eco-

nômico, Energia, Indústria e Serviço do Rio de Janeiro

ao Inmetro, para que fosse elaborado um regulamento

técnico para o produto reservatório de água.

“A solicitação se deu em função da proliferação da

dengue no Estado e motivou a atualização da norma”, ex-

plica a engenheira e superintendente do CB-28, Maria

Cristina Yuan. O novo projeto estabelece como premissa

a garantia da vedação do reservatório contra agentes

externos, fato que se dá em função do sistema de trava-

mento da tampa no reservatório. Participam do grupo de

trabalho o Núcleo Inox e as empresas ArcelorMittal Inox

Brasil, Gerdau Aços Especiais,

Villares Metals, Maxtech Solar e

Sander Inox. O documento revisa-

do deve estar concluído até feve-

reiro de 2010. “Em seguida, a

ABNT disponibiliza o documento

para consulta por 60 dias. En-

tendemos que o documento deva

entrar em vigor até maio de

2010”, prevê Maria Cristina.

Cláudio Wu, gerente comer-

cial da Maxtech Solar e partici-

pante do CB-28, explica que a

normatização em vigor não de-

termina, por exemplo, como deve

ser o sistema de fixação da

tampa de inspeção nesse tipo de

caixa. “Às vezes, com o vento, a

tampa pode acabar se perdendo”, exemplifica. Outra

questão relativa a esses reservatórios que a revisão

vai procurar sanar diz respeito ao respiro – o tamanho

estabelecido pela norma para esse componente é con-

siderado pequeno. “Em função disso, quando ocorre

falta d’água pode ocasionar o problema de pressão

negativa”, argumenta Wu.

O “enquadramento” das caixas d’água em inox como

produto que evita a proliferação do Aedes Aegypti (mos-

quito causador da dengue), realça as qualidades do

material em sua relação com a água. Estéticas, higiêni-

cas (não acumula resíduos em suas paredes) e atóxi-

cas (não transfere cheiro ou sabores à água), as caixas

de água em inox são mais leves e já vêm de fábrica com

as furações prontas para a instalação. “São também

produtos ecologicamente corretos, pelo fato de o aço

inox ser totalmente reciclável e, além de tudo, mantém

a água mais fresca”, acrescenta o gerente da Maxtech.

Para a superintendente do CB-28, o aço inoxidável

apresenta características muito particulares no que

se refere à sua aplicação em caixas d’água. “É um

material de elevada resistência mecânica e baixa

rugosidade superficial, não trinca, não lasca, não solta

resíduos, resiste às intempéries e, sobretudo, às

variações bruscas de temperaturas, sem comprome-

ter sua performance nem alterar sua rigidez e dureza”,

exemplifica. “Além disso, podem ser usadas [as cai-

xas] sob telhados, ou do lado de fora das casas, sob

sol forte, chuva, ambientes agressivos, ou em locais

com índices de poluição mais intensa”, acrescenta.

INOX É AGUA LIMPAAs qualidades sanitárias e ambientais do inox em

recipientes de armazenamento doméstico de água não

foram ainda completamente assimiladas pelos brasilei-

ros. Em outros países, no entanto, a interação entre

água e esse tipo de metal vem de longa data – e não só

em equipamentos domiciliares. Sua especificação é

recorrente, por exemplo, nos sistemas de abastecimen-

to, sobretudo porque o inox consegue manter intacto o

ciclo da água. Mas também se especifica o material em

virtude de suas outras características físicas.

“É o caso da ductibilidade (a capacidade de defor-

mar-se, mas sem se romper). Essa propriedade faz

com que o inox seja também adotado em países mais

sujeitos à ocorrência de abalos sísmicos”, exemplifica

Arturo Maceiras, diretor executivo do Núcleo Inox.

Atualmente, além de estar presente nos processos

de captação/produção convencionais (o da coleta em

fontes, rios e lagos) em tubulações, equipamentos de

processamento e reservatórios, recorre-se ao aço ino-

xidável no processo de dessanilização da água maríti-

8 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2009

CAIXAS D’ÁGUA EM INOX:NORMA ESTÁ EM REVISÃO

mercado

Com a atualização da NBR, produto terá barreira que

impedirá proliferação do mosquito causador da dengue

Caixa d’água em inox.

A expectativa é que

a nova norma para

reservatórios em inox

esteja pronta no

primeiro semestre

de 2010. Garantia

de vedação contra

agentes externos

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Page 9: Revista Inox - Ed. 33

ma. Nesse tratamento o sal é separado da água (por evaporação

ou osmose) para permitir seu aproveitamento para consumo e na

agricultura. No método de dessanilização, aços inox de alto

desempenho oferecem maior resistência à agressividade corrosi-

va da água do mar.

Empregam-se também aços inoxidáveis para tratar a água em

localidades remotas ou menos desenvolvidas onde a água dispo-

nível possa conter germes ou resíduos químicos.

NA ÁGUA MINERAL O relacionamento do aço inox com a água vai além daquela que é

encontrada próxima da superfície, em lagos, rios e lençóis freáticos –

trata-se de relação mais profunda, poderia se afirmar. Isso porque o

material está também presente em praticamente todo o processo in-

dustrial nas engarrafadoras de água mineral. A maioria das indústrias

do segmento especifica o material em razão, principalmente, de

algumas de suas características como fácil assepsia e riscos míni-

mos de contaminação.

O reconhecimento dessas qualidades está implícito na portaria

222 de julho de 1997, editada pelo Departamento Nacional de

Produção Mineral (DPNM). O documento do DPNM recomenda a

utilização do aço inoxidável nas indústrias de água mineral nos

seguintes equipamentos, entre outros: caixas de captação; tubu-

lações em captações em postos; dutos do sistema de condução e

distribuição; e nos reservatórios onde a água é armazenada.

SETEMBRO/DEZEMBRO 2009 • INOX 9

A escassez de água potável no mundo é uma realidade – em algumas regiões, por suas condições naturais; em outras, em razão da contaminação das fontes. Seguidos relatórios daOrganização das Nações Unidas (ONU), ratificados porinformações de organizações ambientais, confirmam umdiagnóstico preocupante: no mundo atual mais de um bilhão de pessoas já não dispõem de uma quantidade mínima de águapropícia ao consumo humano. Se forem mantidos os atuaispadrões de consumo, em 2025 estima-se que o número alcance5,5 bilhões de pessoas. Para 2050, calcula-se que, apenas 25% da humanidade irão dispor de água para satisfazer suasnecessidades elementares. Em algumas nações da África, porexemplo, hoje uma pessoa já não dispõe de mais que 30 litros/diapara suprir as necessidades básicas (lavar, comer, cozinhar,higienizar, alimentar rebanhos etc.). Apesar de a Terra serconstituída essencialmente por água, a maior parte dela (97,5%)encontra-se nos mares, ou seja: sem tratamento, é inadequadapara consumo. Dos 2,5% restantes, estima-se que 2/3 estejamem estado sólido nas calotas polares. A maior parte da águalíquida que pode ser consumida encontra-se no subterrâneo. Tal como ela é hoje recolhida (em lagos, rios e lençóis freáticos) e tratada para consumo, a água restringe-se a apenas 0,26% do total existente no planeta.

ESCASSEZ DE ÁGUA POTÁVEL

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Page 10: Revista Inox - Ed. 33

10 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2009

O sr. concorda que a região oeste é pro-pícia à implantação de um pólo empre-sarial do segmento metalmecânico comênfase em aço inoxidável? Ele pode seralavancado a partir da implantação deum organismo como o Cimmezo?A região da zona oeste do município te-

ve, na última década, um crescimento in-

dustrial, com projetos em execução,

acompanhado de crescimento imobiliário.

Há um franco favorecimento do incremen-

to da atividade industrial nessa região

pelo fato de os distritos industriais

implantados pelo governo do estado do

Rio de Janeiro serem dotados de infraes-

trutura básica. A instalação de empresas

produtoras de aço inoxidável se coaduna

perfeitamente com os arranjos produtivos

locais que tem se evidenciado nos últimos

anos. Entre os exemplos claros e que se

sintonizam com essa situação está o

megaprojeto da Companhia Siderúrgica do

Atlântico (CSA) que, além da sua grandio-

sidade, já exerce e exercerá um significati-

vo poder de atração na região. Também, a

proximidade do Porto de Sepetiba pode

ser vista como emblemática e que favore-

cerá o escoamento de produtos das

empresas de transformação. Outra em-

presa já instalada na região e que

demonstra esse perfil é a Gerdau, que dis-

pensa maiores comentários.

O sr. é um entusiasta dos parques tecno-lógicos. Qual é o papel dessas estruturasno desenvolvimento de um estado?Os parques tecnológicos promovem

inequívocos índices de desenvolvimento

socioeconômico nas regiões onde se ins-

talam. Eles permitem utilizar de forma

otimizada a infraestrutura instalada

como transporte, serviços de apoio etc.

Também favorecem o desenvolvimento

de parcerias e projetos de pesquisa e

desenvolvimento de forma conjunta ou

colaborativa. E atraem novos investi-

mentos, permitindo a implantação de

projetos educacionais dirigidos, entre

outras vantagens.

COOPERAÇÃO ABRE CAMINHO PARACIMMEZO Para tornar real a idéia

de implantar o Centro de

Modernização e Inova-

ção Empresarial Metal-

mecânico da Zona Oeste

da cidade do Rio de Ja-

neiro (CIMMEZO), o Nú-

cleo Inox deverá contar,

entre outros, com o

apoio da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (SECT). O secretário

Alexandre Aguiar Cardoso explicou porque considera a proposta factível e

apontou o que a SECT pode oferecer para consolidá-la.

entrevista

Jorg

e M

ari

nh

o

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Page 11: Revista Inox - Ed. 33

A Secretaria já implantou em algumaregião do estado esse tipo de em-preendimento? Onde e desde quandoeles funcionam?A secretaria não implanta parques tec-

nológicos de forma direta, mas gera condi-

ções para que isso seja feito. De que ma-

neira? Apoiando, por exemplo, pesquisa

em inovação tecnológica. Somente entre

2007 e 2009 foram aplicados R$ 61 mi-

lhões em diversos projetos de inovação.

Quais as semelhanças e as diferen-ças entre a ideia do pólo metalmecâ-nico e a dos parques tecnológicos co-mo o senhor os imagina?A diferença, na verdade, é entre os concei-

tos de pólo e parque. Enquanto o primeiro

está disperso por uma determinada região

atuando no desenvolvimento de ações

locais, o segundo atua num espaço mais res-

trito, no qual diversas iniciativas diferentes,

como pequenas, médias e grandes empre-

sas, assim como pesquisadores e incubado-

ras, compartilham a mesma infraestrutura.

Na sua opinião, como poderia se dar acooperação entre a Secretaria e o Nú-cleo Inox no sentido de viabilizar umpólo metalmecânico que inclua em-presas da cadeia do aço inoxidável?A Secretaria está sempre aberta para

debater parcerias com a iniciativa privada,

com o objetivo de melhorar a qualidade de

vida e o desenvolvimento regional. Já atua-

mos assim em diversas pesquisas através

da Faperj, que resultaram em projetos ino-

vadores que ajudam a melhorar a produção.

Da mesma maneira fizemos parcerias com

empresas através dos Centros Vocacionais

Tecnológicos, que capacitam mão-de-obra

qualificada para o mercado de trabalho.

Quais são os mecanismos que aSecretaria dispõe – financiamentos,universidades, escolas técnicas daregião – que poderiam fornecer apoioa essa iniciativa?Através da Faetec [Fundação de Amparo

à Escola Técnica do Estado do Rio de

Janeiro], a Secretaria implantou na região de

Santa Cruz um CVT [Centro Vocacional

Tecnológico] cujo foco é o setor automotivo.

Além disso, temos também em Santa Cruz

uma das nossas maiores escolas técnicas

oferecendo cursos técnicos de nível médio

em Segurança do Trabalho, Eletromecânica,

Enfermagem e Informática. No mesmo es-

paço, existe um Centro de Educação Tec-

nológico e Profissionalizante (Cetep), ofere-

cendo cursos de formação inicial e continua-

da em diversas áreas. Com a implantação e

desenvolvimento do pólo metalmecânico e

do parque industrial, instalado e em expan-

são, objetiva-se ampliar a oferta de cursos

técnicos e de qualificação, que atendam a

essas novas demandas profissionais. Um

CVT, com instalações e equipamentos que

atendam ao setor metalmecânico, pode ser

implantado na região e formar mão-de-obra

qualificada para atender a esse segmento.

Quais serão os benefícios de constituirna região o pólo empresarial voltadopara o aço inoxidável e fomentar seudesenvolvimento?Associação com os ganhos sociocultu-

rais deles decorrentes. Também é esperado

um desenvolvimento de setores paralelos

que promoverão aumento significativo das

taxas de empregos diretos e indiretos.

Consolidar na região oeste essa vocação pa-

ra indústrias de base e colaborar para a im-

plantação de pequenas e médias empresas

especializadas na prestação de serviços de

montagem e acabamento de produtos finais.

Durante sua gestão na Secretaria, quaisprogramas de capacitação tecnológico-empresarial foram implementados.Quais os resultados até esse momento?Os Centros Vocacionais Tecnológicos

constituem-se, sem sombra de dúvida,

num dos mais sólidos, abrangentes e arro-

jados programas de capacitação de mão-

de-obra. Hoje são 15 CVTs implantados e,

em breve, outros 25 se associarão, criando

uma rede de escolas vocacionais moder-

nas, bem equipadas e, o que é mais impor-

tante, em nítida sintonia com as regiões

em que se situam.

SETEMBRO/DEZEMBRO 2009 • INOX 11

““A SECRETARIA ESTÁ SEMPRE ABERTA PARA

DEBATER PARCERIAS COM A INICIATIVA PRIVADA

COM O OBJETIVO DE MELHORAR A QUALIDADE DE

VIDA E O DESENVOLVIMENTO REGIONAL”

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12 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2009

Na construção original ou em

processos de retrofit, nos últimos

anos o aço inoxidável está se

consolidando no processo de

especificação dos arquitetos

brasileiros. Com isso, cada vez mais,

ele se apresenta na paisagem urbana

nacional, especialmente na das

grandes metrópoles. Abaixo, alguns

exemplos de como o material vem

sendo utilizado pelos profissionais

que moldam o perfil dessas cidades.

URBANIDADE EM INOX

Instituto Educacional e Sistema de Ensino (IESDE) Ano: 2008 I Local: Curitiba

Material empregado: Aço inox 444, no. 4 SP, escovado,

na fachada e na marquise (primeira obra a utilizar o sistema

de painéis mais finos de 1,0mm)

Projeto: Smolka Arquitetura

Companhia do Metropolitano de São Paulo –Showroom da Linha 4-Amarela – Butantã

Ano : 2008 I Local: São Paulo

Material empregado : Aço inox 444, no. 4 SP

escovado. O material está presente na fachada,

em revestimentos internos, guarda-corpos, bancos, lixeiras,

painéis de comunicação visual e banheiros.

Projeto : Tetra Arquitetura

aplicações

Edifício Boa Vista - Retrofit Ano: 2008 I Local: Rio de Janeiro

Material empregado: Aço inox 444, no. 4 SP, escovado, em perfis

das fachadas, brises conjugados aos caixilhos e revestimento da

fachada. Primeira construção onde foi empregado o novo produto

Línea Inox, cuja tampa externa do caixilho é executada em inox

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Page 13: Revista Inox - Ed. 33

SETEMBRO/DEZEMBRO 2009 • INOX 13

Showroom Via ItáliaAno: 2009 I Local: São Paulo

Material empregado: Aço inox 444 no. 4 SP, no

revestimento de fachada e no revestimento interno

Projeto: José Wagner Garcia

Edifício WT Nações UnidasAno: 2008 I Local: São Paulo

Material empregado: Aço inox 304,

1,5 mm, BB, polido, revestimento

das colunas do pavimento térreo

(o acabamento polido

foi especificado

pelo escritório de arquitetura)

Projeto: Edo Rocha Espaços

Corporativos

Edifício Platinum Ano: 2007 I Local: Curitiba

Material empregado: Aço inox 444,

no. 4 SP, escovado, no revestimento

da fachada e de colunas

Projeto: Dória, Lopes, Fiúza Arquitetura

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14 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2009

INTRODUÇÃOMuitas das jazidas produtoras de petróleo são constituídas

por formações de arenito com baixo ou médio grau de consolida-

ção, sobremaneira quando se encontram em águas profundas,

no Brasil ou no exterior. Nesses casos, a força de coesão que une

os grãos de areia que formam a rocha não é suficiente para

mantê-los imóveis e estabilizados sob condições de produção

comercialmente desejáveis.

Em condições de produção típicas, partículas do arenito pro-

dutor de petróleo podem ser deslocadas e transportadas pelo

hidrocarboneto produzido. Os óleos pesados e as altas vazões

favorecem esse fenômeno. Esse deslocamento e transporte dos

grãos de areia devem ser evitados por meio de instalação de fer-

ramentas e dispositivos especiais, principalmente por Telas

Premium, durante a fase de equipagem do poço para produção

(a “completação”, no jargão petroleiro), caso contrário a areia en-

tupirá ou erodirá equipamentos e tubulações inviabilizando a ex-

ploração comercial do poço.

As instalações de contenção de areia são muito comuns em

poços no litoral brasileiro e africano, no Golfo do México,

Venezuela, Oriente Médio, Mar do Norte (setores britânico e

norueguês) e no extremo oriente. Em poços horizontais, parte

indispensável dessas completações são as Telas Premium, mui-

tas vezes revestindo setores com cerca de 1000 metros de

extensão em cada poço (veja Figura 1).

Essas Telas representam a maior parte do custo total da com-

pletação de um poço, geralmente equipado também por obtura-

dores, extensões, camisas de circulação, válvulas de isolamento

e tubos cegos. No mundo todo, mais de 400 poços horizontais

são perfurados e completados com Telas anualmente - mercado

que tem crescido durante os últimos anos a uma taxa de cerca

de 24% por triênio.

O Brasil se posiciona como o terceiro maior mercado do mundo

para esse tipo de equipamento, importando 100% de seu consu-

mo, e a indústria petrolífera nacional tem expressado, desde 2003,

a necessidade de haver um fabricante local de Telas Premium atra-

vés de programas de incentivo da FINEP e do PROMINP.

CONTEÚDO TECNOLÓGICO DAS TELAS PREMIUMUma Tela Premium possui várias funções em um poço de

petróleo, gás ou em poço injetor de água, sendo as principais

delas impedir que grãos de areia entrem na tubulação de produ-

ção e estabilizem a formação produtora mantendo o poço sem-

pre aberto, como originalmente perfurado.

Dentre as diversas partes de uma Tela Premium, a principal, de

maior custo (cerca de 55% do total), valor agregado e conteúdo

tecnológico é o elemento filtrante. A ADEST e o Laboratório Nacio-

nal de Luz Síncrotron (LNLS) iniciaram em 2007 um projeto para

desenvolver no Brasil a tecnologia de fabricação deste componen-

te, a Soldagem por Difusão (ou Diffusion Bonding, processo domi-

nado por somente três empresas no mundo), levando em conta

as necessidades de resistência à abrasão e corrosão, materiais,

custo e qualidade que a indústria petroleira requer. O projeto exe-

cutado pelo LNLS visa, então, remover o único impedimento tec-

nológico para a nacionalização completa dessas Telas.

Com aplicações especiais, a Soldagem por Difusão é um método

de união de materiais originalmente aperfeiçoado para as indús-

DESENVOLVIMENTO DE TELAS PREMIUM PARACONTENÇÃO DE AREIA EM POÇOS DE PETRÓLEO

artigo*

Figura 1 – Esquema de poço de petróleo com seu trecho horizontal revestido

com Telas Premium para contenção de areia

Figura 2 – Corte esquemático de uma Tela. Todas as partes, exceto o elemento

filtrante, podem ser obtidas na indústria brasileira.

Nacionalização de equipamentos para poços estimula projeto

de desenvolvimento de tecnologia de Soldagem por Difusão

Carcaça de

proteção externa

Elemento filtrante

(amarelo)

Tubo central de

suporte, padrão API

5CT, perfurado

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SETEMBRO/DEZEMBRO 2009 • INOX 15

trias aeronáutica e espacial, sendo usada em casos onde processos

convencionais de solda não se aplicam. É um processo de união em

estado sólido que produz a solda pela aplicação de pressão a eleva-

da temperatura, sem deformação apreciável do material, dentro de

uma atmosfera especialmente selecionada para permitir que a difu-

são de átomos entre os dois corpos sendo unidos faça a interface

entre estes se atenuar, ou desaparecer, obtendo-se, ao final, uma

peça única, conforme ilustrado nas Figuras 3, 4 e 5.

Na aplicação desta

tecnologia para a fabri-

cação de filtros ultra-

resistentes, base para

os elementos filtrantes

das Telas Premium, 3

ou 4 camadas (núme-

ro que pode chegar a

mais de dez) de teci-

dos metálicos de aço

inox, super-ligas de

níquel ou outras ligas

metálicas são solda-

das em seus pontos de

contato e, por não

haver fusão dos mate-

riais, retém suas distri-

buições de tamanho

de poro e capacidade

de filtração, ao longo

do processo.

Aplicada a união de

camadas de tecidos

metálicos, a soldagem

por difusão proporcio-

na ao filtro resultante

duas vantagens: (1)

alta resistência à de-

formação causada por

altas pressões ou va-

zões como efeito da

soma da resistência

mecânica das várias

camadas soldadas e

(2) resistência a de-

formação do tamanho

dos poros pela solda-

gem dos fios que

constituem cada ca-

mada individual.

MATERIAIS USADOS NAS TELAS PREMIUMNo mundo petroleiro atual, as empresas operadoras têm de

equipar seus poços com materiais que atendam especificações

técnicas estritas tanto no aspecto de performance mecânica

quanto em termos de resistência à corrosão, dentro de limita-

ções orçamentárias. A esse cenário deve-se adicionar o desen-

volvimento de campos petrolíferos cada vez mais profundos e

contendo fluidos mais corrosivos.

Os arranjos mais usados em Telas Premium são:

•Aço 13Cr ou Super 13Cr para o tubo base e aço inox 316L para

o elemento filtrante e outros componentes;

•Tubo base em aço inox Duplex ou Superduplex 25Cr e ligas de

Níquel como Inconel (elemento filtrante e outros componentes).

Os modelos de Telas Premium, entretanto, não se limitam aos

apresentados acima, a tecnologia de Soldagem por Difusão

desenvolvida pode ser usada para virtualmente quaisquer ligas

metálicas similares ou dissimilares.

O arranjo 13Cr ou Super 13Cr com aço inox 316L é usado em

ambientes brandos em concentração de H2S, sem oxigênio, em

diversas temperaturas e concentrações de cloretos e trata-se do

modelo mais usado na indústria. O arranjo Duplex/Superduplex

com Inconel (625 ou 825, geralmente) é usado em poços, muitos

deles injetores, com fluidos mais agressivos, contendo oxigênio,

CO2, ou outros agentes corrosivos. Trabalhos recentes (Chitwood

et all., SPE 95094) indicam a necessidade de ligas 27Ni-7Mo

(UNS S31277) em tubos base para aplicações que necessitam

alta resistência a corrosão e dutibilidade.

OUTRAS APLICAÇÕES DA TECNOLOGIAO conceito de se soldar por difusão diversas camadas de teci-

dos metálicos é usado para muitas aplicações nobres, como fil-

tração em alta pressão e alta temperatura, extrusão de políme-

ros, filtros laváveis, filtros para ambientes químicos agressivos,

tratamento de água industrial e saneamento, metais porosos,

atenuação acústica, controle biológico e outros. De maneira

geral, as indústrias da aeronáutica e espacial também usam a

Soldagem por Difusão para a fabricação de peças maciças.

Além de aplicações comerciais, várias aplicações científicas já

foram testadas com êxito, principalmente na área de fabricação de

peças para aceleradores de partículas (com aplicações em centros

dos EUA e Japão) e instrumentos ópticos de alta precisão, como

monocromadores de Raio X. Dessa forma, a tecnologia desenvolvi-

da deverá ser aplicada na construção do segundo anel acelerador

do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (chamado de LNLS-2),

em Campinas – SP. Cabe mencionar que aplicações científicas para

a produção de amostras de pares metálicos e peças foram utiliza-

das no LNLS durante os anos 90.

AGRADECIMENTOSAssoc. Brasileira de Tecnologia de Luz Síncrotron, ABTLuS, opera-

dora de LNLS; ADEST Técnicas para Soldagem de Metais Ltda.; Finan-

ciadora de Estudos e Projeto, FINEP; Fund. de Amparo à Pesquisa do

Estado de São Paulo, FAPESP; Companhia de Desenvolvimento do

Pólo de Alta Tecnologia de Campinas, CIATEC; Agência Nacional de

Petróleo, Gás e Biocombustíveis, ANP; Univ. Estadual de Campinas,

UNICAMP; Petrobras; StatoilHydro do Brasil e Villares Metals.

*Autores: Samuel Tocalino (ADEST Técnicas para Soldagem de Metais Ltda.) –

Engenheiro Químico formado pela UNICAMP, com 14 anos de experiência na área

de equipamentos petrolíferos. Osmar Bagnato (Laboratório Nacional de Luz

Síncrotron – LNLS) – Engenheiro de Materiais com Doutorado pela UNICAMP e

líder do Grupo de Materiais do LNLS, desde sua fundação em 1988.

Figura 3 – Representação do processo de

Soldagem por Difusão

Figura 5 – Corte, visto em microscópio óptico

de tecidos metálicos soldados por difusão –

foto LNLS

Figura 4 – Extremidade de dois metais soldados

por difusão, observada em Microscópio

Eletrônico de Varredura (SEM) – foto LNLS

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Page 16: Revista Inox - Ed. 33

Quem visitou a 6ª edição da mostra Morar Mais Por Menos, reali-

zada de 12 de agosto a 20 de setembro, na Lagoa, no Rio de

Janeiro, além de visitar os mais de 80 ambientes que foram pen-

sados com a proposta de alinhar criatividade e economia ao bolso

do consumidor brasileiro, pode conferir de perto dois projetos

que utilizaram o aço inox de forma inusitada e diferenciada.

O Muro da Entrada e o Bar de Tapas são frutos do trabalho realiza-

do pela Falmec em parceria com o Laboratório de Gestão em Design

(LGD), do departamento de Artes e Design da PUC-Rio, Núcleo Inox e

ArcelorMittal Inox Brasil. A parceria vem se aperfeiçoando ano a ano e

tem como principal objetivo experimentar e explorar novas possibili-

dades para o uso de matérias-primas, bem como de suas aplicações

aliadas ao design e à tecnologia. No caso dos projetos citados, o gran-

de destaque ficou por conta do uso não convencional do inox, que se

mostrou extremamente versátil e

em diversas possibilidades de apli-

cação. O Bar de Tapas trouxe a com-

binação perfeita do preto e a prata

do aço inox, que apresentou aplica-

ção floral em toda sua área, incluin-

do paredes e balcão.

Já o Muro da Entrada foi resulta-

do de um trabalho de precisão dos

profissionais e das modernas má-

quinas da fábrica da Falmec que cor-

taram, milimetricamente, as peças

em aço inox que, nas mãos do coor-

denador do LGD, Claudio Magalhães,

se transformaram em painéis que

remeteram a imagem de uma corti-

na, com dobras e sobreposições.

Na última edição do Papo Inox deste ano, rea-

lizado no dia 10 de setembro no showroom

da Falmec, o engenheiro de Aplicações da

Outokumpu Península Ibérica, Jesús Gonza-

lez, ministrou uma palestra sobre o tema

Aços Inoxidáveis Duplex e suas Aplicações –

A melhor solução para seus projetos. Na oca-

sião, abordou a evolução do desenvolvimen-

to do aço inoxidável duplex, diferentes meca-

nismos, tipos de corrosão, propriedades

mecânicas e as aplicações nos diversos seg-

mentos de mercado. Para exemplificar, Gon-

zalez apresentou diversos cases de sucesso

na aplicação de aços inoxidáveis duplex,

entre eles: a redução de 30% da espessura de

parede em aquecedores de água domésti-

cos, com redução de preço e facilidade de

manuseio; produção de tanques rodoviários

para transporte de gás liquefeito, com redu-

ção de custos e peso; e tanques de fermenta-

ção de biodiesel com benefício total de 15%

de economia de material.

curtas

Jesús Gonzalez (engenheiro de Aplicações da Outokumpu Península Ibérica), Arturo Chao Maceiras

(Núcleo Inox) e Ruy Paulo (Diretor da Outokumpo)

Bar de Tapas: aplicação do inox

nas paredes e balcão.

Painéis em aço revestiram

o Muro da Entrada

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16 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2009

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NA “MORAR MAIS POR MENOS”, APLICAÇÕES INUSITADAS EM INOX

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SETEMBRO/DEZEMBRO 2009 • INOX 17

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18 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2009

O Núcleo Inox e as empresas associadas –

ArcellorMittal Inox Brasil, Carbinox, Jatinox,

Villares Metals e Zamprogna Usiminas –

marcaram presença na Fenasucro 2009,

Feira Internacional da Indústria Sucroalco-

oleira, realizada de 1 a 4 de setembro, em

Sertãozinho, São Paulo. A edição deste ano

apresentou números expressivos de visi-

tação: cerca de 28 mil pessoas. Esta opor-

tunidade possibilitou aos participantes

divulgar a correta aplicação do aço inox no

setor sucroalcooleiro e os novos desenvol-

vimentos para esta área. A entidade tam-

bém esteve presente na Tubotech 2009 –

Feira Internacional de Tubos, Conexões e

Componentes, que ocorreu de 6 a 8 de ou-

tubro, no Centro de Exposições Imigran-

tes, em São Paulo.

DIVULGAÇÃO DO AÇO INOX EM FEIRAS DO SETOR

Como parte do programa de divulgação do

aço inoxidável nas universidades, nos

dias 24 de agosto e 16 de setembro, res-

pectivamente, o Núcleo Inox – representa-

do por seu diretor executivo, Arturo Chao

Maceiras – realizou uma palestra para

estudantes do curso de Arquitetura da

Universidade FUMEC (Fundação Mineira

de Educação e Cultura) e outra para alu-

nos do curso de Design de Produto da

UEMG (Universidade do Estado de Minas

Gerais), ambas em Belo Horizonte. Para os

estudantes da FUMEC foi especialmente

abordado a aplicação do aço inoxidável em

Mobiliário Urbano. O assunto foi discutido

com o intuito de ajudar os participantes

que irão desenvolver um projeto de mobi-

liário para a cidade de Moeda (vizinha a

Belo Horizonte), em parceria com a prefei-

tura local. Já os alunos do curso de Design

da UEMG, conheceram um pouco mais

sobre as principais características e pro-

priedades do aço inoxidável e alguns exem-

plos de aplicação do material no design

de produtos.

NÚCLEO INOX NA FUMEC E UEMG, EM BELO HORIZONTEO ISSF (International Stainless Steel Forum) acaba de lançar em seu site um espaço dedi-

cado ao uso do aço inoxidável em equipamentos de mobiliário urbano (www.worldstain-

less.org/About+stainless/What+can/ Street/). O novo canal foi criado com o intuito de ins-

pirar arquitetos e planejadores urbanos para aplicação desse material em seus projetos.

No site, há exemplos de projetos de diversas partes do mundo, que optaram pelo uso do

aço inoxidável por ser uma solução sustentável para o mobiliário urbano, já que o material

é durável, seguro, higiênico e com baixo custo de manutenção.

ISSF PROMOVE NO SEU SITE O USO DO AÇO INOX NO MOBILIÁRIO URBANO

Núcleo Inox e associados

participaram da Fenasucro

e da Tubotech 2009 Foto

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