revista inox - ed. 33
DESCRIPTION
Revista Inox - Ed. 33TRANSCRIPT
APLICAÇÕESARQUITETURA:
OBRAS EM INOX MOLDAM
A PAISAGEM URBANA
MERCADONOVA NORMA PARA
CAIXAS D’ÁGUA
FICA PRONTA EM 2010
ENTREVISTASECRETÁRIO DE CIÊNCIA
E TECNOLOGIA DO RJ FALA
SOBRE PÓLO INDUSTRIAL
ZONA OESTE DO RIO DE JANEIRO
ABRIGA EMPRESASDO SETOR
SIDERÚRGICO
CENTRO DEINOVAÇÃO
Publicação do Núcleo de Desenvolvimento Técnico Mercadológico do Aço Inoxidável (Núcleo Inox) Número 33 Setembro/Dezembro de 2009
Porto de Sepetiba
Fábrica da FalmecCSA
INOX33final.QXD 12/21/09 5:15 AM Page 21
INOX33final.QXD 12/21/09 5:11 AM Page 2
desde que, no final de 2007, o governo anunciou a
existência em grande escala de petróleo na Bacia
de Santos, na área geologicamente conhecida como
pré-sal, intensificou-se o contato entre o Núcleo Inox e
o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CENPES) da
Petrobras, braço da empresa gerador de conhecimento
e tecnologia na área energética. Entre os desdobra-
mentos decorrentes dessa maior proximidade está o
treinamento da cadeia produtiva do aço inoxidável, para
atender as especificidades da indústria petrolífera.
No atual estágio, o treinamento consiste em apre-
sentações de integrantes do Cenpes nas empresas da
cadeia produtiva do material. No final de julho, na sede
da ArcelorMittal Inox Brasil, em São Paulo, o engenheiro
Ilson Palmieri, da área de controle de corrosão de mate-
riais metálicos do Cenpes, fez a segunda dessas pales-
tras. O objetivo era mostrar quais requisitos deverão
ser atendidos pelas ligas de aços inoxidáveis que, em
função de seus atributos, têm potencial para serem
especificados no petróleo da área do pré-sal.
Entre outros tópicos, a apresentação do engenheiro
detalhou os componentes de uma instalação submari-
na típica para extração de petróleo em águas profundas
e mostrou quais materiais são utilizados, suas limita-
ções técnicas e as normas a serem seguidas. Palmieri
falou também dos processos de perfuração e completa-
ção de poços, dos equipamentos submersos e mate-
riais utilizados. Foram também abordados os processos
de produção de óleos e gás executados nas platafor-
mas, com indicação de equipamentos e materiais.
Para Palmieri há vários desafios que a Petrobras e o
Cenpes têm que vencer na exploração do petróleo nas
áreas marítimas do pré-sal. “Dentro da minha especiali-
dade, que são os materiais metálicos, destaco o alto teor
de CO2, gás carbônico existente nos reservatórios. Em
contato com a água, ele forma o ácido carbônico [H2CO3],
componente bastante corrosivo. Nos aços, o elemento
químico que melhora a resistência à corrosão pelo CO2 é
o cromo, ou seja, o uso de aços inoxidáveis será funda-
mental para viabilizar a produção no pré-sal”, considera.
RESISTÊNCIA MECÂNICAPara o engenheiro do Cenpes, além da resistência
à corrosão, é desejável que materiais metálicos apli-
cados nessas atividades apresentem elevada resis-
tência mecânica, devido às grandes pressões ali
envolvidas. “Tanto à pressão interna quanto à pressão
externa devido à coluna hidrostática, uma vez que os
reservatórios podem estar localizados a aproximada-
mente 2200mm de lâmina
d'água”, explica.
Hoje, informa Palmieri, na
exploração de petróleo em
alto mar os aços inoxidáveis
são aplicados em várias
regiões. “Principalmente on-
de o fluido produzido –
petróleo, gás e água – não
foi tratado. Esse tratamento
pode ser a remoção da água
e do gás do petróleo ou a re-
moção do petróleo e da água
no gás”, detalha. Colunas de
produção e injeção, acessó-
rios do poço, componentes
internos da linha flexível,
árvore de natal, manifold,
tubulações da plataforma, vasos e trocadores de calor
utilizam aço inoxidável.
Na opinião do engenheiro os principais competi-
dores do aço inox nessas situações são os revesti-
mentos orgânicos e a fibra de vidro. “Entretanto, para
a utilização dessas duas opções é necessário garan-
tir a sua integridade, principalmente nas juntas solda-
das onde o acesso é complicado. Por exemplo, na
parte interna de tubulações de pequeno diâmetro.”
Para Palmieri, há chances de o inox ser ainda mais
especificado nas atividades da indústria petrolífera.
“As recentes descobertas de petróleo possuem alto
teor de CO2 e os materiais devem ser resistentes a
esse gás”, justifica.
SETEMBRO/DEZEMBRO 2009 • INOX 3
Publicação do Núcleo de Desenvolvimento Técnico Mercadológico do Aço
Inoxidável – Núcleo Inox
Av. Brigadeiro Faria Lima, 1234 cjto. 141 – cep 01451-913
São Paulo/SP – Fone (11) 3813-0969 – Fax (11) 3813-1064
[email protected]; www.nucleoinox.org.br
Conselho Editorial: Celso Barbosa, Francisco Martins,
Osmar Donizete José e Renata Souza
Coordenação: Arturo Chao Maceiras (Diretor Executivo)
Circulação/distribuição: Liliana Becker
Edição e redação: Ateliê de Textos – Assessoria de Comunicação
Rua Desembargador Euclides de Campos, 55, CEP 05030-050
São Paulo (SP); Telefax (11) 3675-0809;
[email protected]; www.ateliedetextos.com.br
Jornalista responsável: Alzira Hisgail (Mtb 12326)
Redação: Adilson Melendez e Renata Rosa
Publicidade: contato pelo telefone: 3813-0969
ou pelo e-mail: [email protected]
Edição de arte e diagramação: Francisco Milhorança
Serviço de fotolito e impressão: Estilo Hum
Fotos da capa: Divulgação Falmec; ThyssenKrupp CSA; CDRJ
A reprodução de textos é livre, desde que citada a fonte.
NÚMERO 33 SET/DEZ 2009
destaqueENGENHEIRO DO CENPES MOSTRA ONDEO PETRÓLEO SE ENCONTRA COM O INOX
Da esq. p/dir.:
Marco Aurelio Fuocco
(ArcelorMittal Inox
Brasil), Ilson Palmieri
(CENPES),
Danilo Annechinni
(ArcelorMittal Inox
Brasil), Dina Sarmento
(Villares Metals) e
Arturo Chao Maceiras
(Núcleo Inox)
Div
ulg
aç
ão
INOX33final.QXD 12/21/09 5:12 AM Page 3
Proposta do Cimmezo abre trilha para que inovação se estenda
às empresas de menor porte
capa
f ormada pelos bairros Bangu, Campo Grande e
Santa Cruz, entre outros, a região Oeste do Muni-
cípio do Rio de Janeiro possui uma vocação indus-
trial histórica – a implantação, dentro de sua área de
abrangência, da Companhia Siderúrgica do Atlântico é
um exemplo recente dessa inclinação. Na região, con-
forme pode ser verificado nas edições do Guia Brasileiro
do Aço Inoxidável (editado pelo Núcleo Inox), existem
várias empresas que trabalham ou fornecem produtos
para o processamento do aço inox. Em 2007, como
aponta a publicação, mais de uma dezena de indústrias
locais desenvolvem atividades relacionadas ao setor.
Essas constatações firmaram na diretoria do
Núcleo Inox a convicção de que esta região apre-
senta potencial para consolidar-se como um pólo
empresarial focado no segmento (veja reportagem
na edição 28, da Revista Inox). Ancorada nela, o
Núcleo Inox aprofundou estudos sobre o assunto
em busca de alternativas para que a ideia torne-se
real. O mais recente passo nessa direção configu-
rou-se na proposta de constituir o Centro de
Inovação e Modernização Empresarial Metalme-
cânico da Zona Oeste do Município do Rio de
Janeiro (Cimmezo).
4 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2009
UM CENTROPARA INOVAR
Rio de Janeiro
CIMMEZOCentro de Inovação e
ModernizaçãoEmpresarial
Metalmecânico daZona Oeste
Fra
nci
sco
Milh
ora
nç
a
INOX33final.QXD 12/21/09 5:12 AM Page 4
SETEMBRO/DEZEMBRO 2009 • INOX 5
Div
ulg
aç
ão
Fa
lme
c
O Cimmezo começou a ganhar contornos mais só-
lidos após a realização, no primeiro semestre desse
ano, de um seminário onde a professora Renata
Lèbre La Rovere, do Grupo de Economia de Inovação
do Instituto de Economia da Universidade Federal do
Rio de Janeiro(IE/UFRJ), apresentou o documento
Projeto Desenvolvimento Econômico Local da Zona
Oeste da Cidade do Rio de Janeiro e de seu entorno. O
estudo, que foi coordenado pela professora, consta-
tou a situação propícia para criar, naquela região, um
pólo metalmecânico com uma vocação inicial –
porém, não necessariamente única, indica o estudo –
no aço inoxidável.
Com base nesse documento, os engenheiros
Celso Barbosa, vice-presidente do conselho delibera-
tivo do Núcleo Inox e gerente de tecnologia da Villares
Metals, e Arturo Chao Maceiras, diretor executivo do
Núcleo Inox, formataram o que se pretende ser o cen-
tro de inovação.
A justificativa para constituí-lo deve-se, sobretudo,
à dificuldade que as empresas de menor porte apre-
sentam para ter acesso às modernas técnicas de
gestão e inovação. “Na área de inovação e desenvol-
vimento tecnológico é imensa a defasagem das em-
presas brasileiras de pequeno porte em relação às
suas concorrentes em âmbito mundial”, afirma Bar-
bosa. “A experiência de outros países mostra ser im-
portante um apoio técnico-gerencial local e sistemá-
tico de pessoas de longa vivência e especialização no
ramo ou setor”, ratifica Maceiras.
De acordo com eles, entre as funções do centro
estariam: fornecer conhecimento especializado e tec-
nologia industrial básica; informar sobre novos pro-
dutos, processos e tendências tecnológicas e merca-
dológicas; levar conhecimento sobre novas máqui-
nas e equipamentos mais produtivos; e desenvolver
projetos informatizados.
As ações do Cimmezo, avalia a dupla, serão tão
mais eficientes quanto mais fácil, simples e fisica-
mente próximo for o acesso dos pequenos empresá-
rios a elas. Conta ponto também a experiência espe-
cífica de quem irá assessorar essas empresas.
“Apesar das facilidades dos meios atuais de comuni-
cação, a questão da proximidade é muito relevante”,
diz Maceiras. “As ações serão mais produtivas e
poderão apoiar um maior número de empresas quan-
do feitas em um conjunto similar ou complementar
de empresas, dentro de um arranjo produtivo de
mesma vocação, através de centros de apoio espe-
cializados”, defende ele.
O documento, no qual estão alinhavadas as justifi-
cativas para a formatação do Cimmezo, foi encami-
nhado à Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia
(SECT) do Rio de Janeiro. O titular da pasta, Alexandre
Aguiar Cardoso, elogiou a consistência do documento,
razão que deixa o Núcleo Inox otimista quanto à futu-
ra implantação do Cimmezo. No ano passado, o vice-
governador do Rio de Janeiro e secretário estadual de
obras, Luiz Fernando Pezão, sinalizou com a possibi-
lidade de que a Invest Rio (agência de fomento ao de-
senvolvimento do Estado) pudesse oferecer melho-
res condições de produtividade às empresas que se
instalassem nesse futuro pólo.
Empresas processadoras de aço inox estão presentes na região.
Na foto, área de produção da Falmec
A logística é positiva à expansão das atividades industriais.
Próximo, o porto de Sepetiba facilita as exportações
CD
RJ
Div
ulg
aç
ão
Fa
lme
c
INOX33final.QXD 12/21/09 5:12 AM Page 5
6 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2009
ATIVIDADES DO CIMMEZOAntecipando a forma de operação que pretendem
ver implantada no centro de inovação e moderniza-
ção, Barbosa e Maceiras destacam que ele deve ter
uma visão sistêmica e integrada de gestão empresa-
rial, além de profundo conhecimento das deficiências
e vantagens competitivas reais e potenciais das
pequenas e médias empresas do setor e da região na
qual elas prestam serviços. “O Cimmezo deverá estar
equipado e dispor das competências necessárias
para ajudar as empresas na solução de suas deficiên-
cias, direta ou indiretamente”, argumentam.
Entre as atividades atribuídas ao futuro centro de
inovação e modernização está o que eles denominam
de extensionismo industrial. Isso significa, explicam
os autores, difundir técnicas de produção ainda não
incorporadas pelas empresas e de métodos de gestão
modernos e adequados às atividades específicas rea-
lizadas por elas. Também seria função do Cimmezo
realizar a prospecção, estudos, diagnósticos e análi-
ses sobre o mercado onde as empresas atuam e
assessorá-las na identificação de alternativas de pro-
dutos e na busca de mercados, inclusive no exterior.
Desenvolver projetos de novos produtos e proces-
sos e modernizar os existentes é outra atividade a ser
desempenhada pelo Cimmezo, bem como a prestação
de serviços para a certificação de produtos. “Um ban-
co de dados sobre profissionais experientes e especia-
lizados que possam prestar serviços técnicos e de
gestão às empresas locais será constantemente atua-
lizado”, prevê Barbosa. O futuro centro deverá tam-
bém cooptar para colaborar com entidades como o
Sebrae, Senai e Senac, além de escolas técnicas, insti-
tutos de tecnologia e pesquisa e universidades.
Maceiras e Barbosa também relacionam como tare-
fas do Cimmezo o levantamento e divulgação sobre co-
mo obter patentes e outras informações que permitam
às empresas da área acompanhar as inovações tecno-
lógicas. Trabalhos, artigos, reportagens sobre elas (ino-
vações) publicados no Brasil e no exterior serão levados
ao conhecimento dessas indústrias. Informações sobre
política industrial e comércio exterior e os caminhos
para conseguir recursos destinados ao desenvolvimen-
to tecnológico e gerencial são também atividades que
eles atribuem ao centro de inovação e modernização.
INFRAESTRUTURA FÍSICA E VIABILIDADE A proposta configurada pelo Núcleo Inox lista
alguns equipamentos considerados essenciais para
que o centro possa operar a contento. É importante,
por exemplo, que, no local, possa ser simulado, em
computador, o desenvolvimento de produtos (através
de programas CAD/CAM), bem como contar com
máquinas capazes de transformar de forma rápida
projetos e ideias em protótipos. Outro item obrigatório
é contar, no local, com um laboratório para o desen-
volvimento de ensaios básicos.
Salas e auditório que permitam realizar cursos,
palestras e seminários deverão integrar a infraestru-
tura básica do Cimmezo. Como ele irá servir a todas
as indústrias da região, é necessário prever espaço
para a apresentação de produtos, máquinas e equi-
pamentos. O diretor executivo do Núcleo Inox observa
que o Cimmezo deverá ser pouco verticalizado. “Ele
poderá trabalhar em rede e em parceria com institu-
tos que possam prestar serviços complementares
aos seus, evitando a duplicação de equipamentos e
laboratórios”, afirma
Barbosa e Maceiras consideram que, para provar
a viabilidade da proposta junto aos empresários, será
preciso, inicialmente, levantar e induzir o interesse
dessas empresas em dispor do equipamento. É
importante também, observam, implantá-lo em uma
região onde haja boa integração entre as empresas
locais. Eles acreditam que, sendo bem estruturado e
gerando valor no atendimento às empresas, o centro
possa, em longo prazo, tornar-se auto-suficiente.
“Porém, até que atinja a utilização plena, deverá con-
tar com algum recurso público subsidiado ou ter par-
ticipação acionária de entidades públicas de fomen-
to”, destacam.
Quanto às fontes de recursos para a implantação
do Cimmezo, a ideia defendida é compartilhar os
investimentos necessários da seguinte forma: 25%
vêm de subvenção econômica; 25% têm origem em
recursos próprios das empresas, e 50% captados em
financiamentos com juros compatíveis e três anos de
carência – nessa fração estaria incluído o capital de
giro necessário para a operação do centro.
A instalação da
Companhia Siderúrgica
do Atlântico alavanca
o desenvolvimento da
zona oeste carioca
Thy
ss
en
Kru
pp
CS
A
INOX33final.QXD 12/21/09 5:13 AM Page 6
SETEMBRO/DEZEMBRO 2009 • INOX 7
INOX33final.QXD 12/21/09 5:13 AM Page 7
transcorridos pouco mais de cinco anos de sua
edição, a NBR 14863 da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) passa atualmente por
processo de revisão que está sendo realizado pelo Co-
mitê Brasileiro de Siderurgia (CB-28). No processo de
normalização, a prática é revisar as normas a cada 5
anos. Porém, no caso da norma que trata dos reserva-
tórios para água potável, houve solicitação por parte
da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Eco-
nômico, Energia, Indústria e Serviço do Rio de Janeiro
ao Inmetro, para que fosse elaborado um regulamento
técnico para o produto reservatório de água.
“A solicitação se deu em função da proliferação da
dengue no Estado e motivou a atualização da norma”, ex-
plica a engenheira e superintendente do CB-28, Maria
Cristina Yuan. O novo projeto estabelece como premissa
a garantia da vedação do reservatório contra agentes
externos, fato que se dá em função do sistema de trava-
mento da tampa no reservatório. Participam do grupo de
trabalho o Núcleo Inox e as empresas ArcelorMittal Inox
Brasil, Gerdau Aços Especiais,
Villares Metals, Maxtech Solar e
Sander Inox. O documento revisa-
do deve estar concluído até feve-
reiro de 2010. “Em seguida, a
ABNT disponibiliza o documento
para consulta por 60 dias. En-
tendemos que o documento deva
entrar em vigor até maio de
2010”, prevê Maria Cristina.
Cláudio Wu, gerente comer-
cial da Maxtech Solar e partici-
pante do CB-28, explica que a
normatização em vigor não de-
termina, por exemplo, como deve
ser o sistema de fixação da
tampa de inspeção nesse tipo de
caixa. “Às vezes, com o vento, a
tampa pode acabar se perdendo”, exemplifica. Outra
questão relativa a esses reservatórios que a revisão
vai procurar sanar diz respeito ao respiro – o tamanho
estabelecido pela norma para esse componente é con-
siderado pequeno. “Em função disso, quando ocorre
falta d’água pode ocasionar o problema de pressão
negativa”, argumenta Wu.
O “enquadramento” das caixas d’água em inox como
produto que evita a proliferação do Aedes Aegypti (mos-
quito causador da dengue), realça as qualidades do
material em sua relação com a água. Estéticas, higiêni-
cas (não acumula resíduos em suas paredes) e atóxi-
cas (não transfere cheiro ou sabores à água), as caixas
de água em inox são mais leves e já vêm de fábrica com
as furações prontas para a instalação. “São também
produtos ecologicamente corretos, pelo fato de o aço
inox ser totalmente reciclável e, além de tudo, mantém
a água mais fresca”, acrescenta o gerente da Maxtech.
Para a superintendente do CB-28, o aço inoxidável
apresenta características muito particulares no que
se refere à sua aplicação em caixas d’água. “É um
material de elevada resistência mecânica e baixa
rugosidade superficial, não trinca, não lasca, não solta
resíduos, resiste às intempéries e, sobretudo, às
variações bruscas de temperaturas, sem comprome-
ter sua performance nem alterar sua rigidez e dureza”,
exemplifica. “Além disso, podem ser usadas [as cai-
xas] sob telhados, ou do lado de fora das casas, sob
sol forte, chuva, ambientes agressivos, ou em locais
com índices de poluição mais intensa”, acrescenta.
INOX É AGUA LIMPAAs qualidades sanitárias e ambientais do inox em
recipientes de armazenamento doméstico de água não
foram ainda completamente assimiladas pelos brasilei-
ros. Em outros países, no entanto, a interação entre
água e esse tipo de metal vem de longa data – e não só
em equipamentos domiciliares. Sua especificação é
recorrente, por exemplo, nos sistemas de abastecimen-
to, sobretudo porque o inox consegue manter intacto o
ciclo da água. Mas também se especifica o material em
virtude de suas outras características físicas.
“É o caso da ductibilidade (a capacidade de defor-
mar-se, mas sem se romper). Essa propriedade faz
com que o inox seja também adotado em países mais
sujeitos à ocorrência de abalos sísmicos”, exemplifica
Arturo Maceiras, diretor executivo do Núcleo Inox.
Atualmente, além de estar presente nos processos
de captação/produção convencionais (o da coleta em
fontes, rios e lagos) em tubulações, equipamentos de
processamento e reservatórios, recorre-se ao aço ino-
xidável no processo de dessanilização da água maríti-
8 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2009
CAIXAS D’ÁGUA EM INOX:NORMA ESTÁ EM REVISÃO
mercado
Com a atualização da NBR, produto terá barreira que
impedirá proliferação do mosquito causador da dengue
Caixa d’água em inox.
A expectativa é que
a nova norma para
reservatórios em inox
esteja pronta no
primeiro semestre
de 2010. Garantia
de vedação contra
agentes externos
Div
ulg
aç
ão
INOX33final.QXD 12/21/09 5:13 AM Page 8
ma. Nesse tratamento o sal é separado da água (por evaporação
ou osmose) para permitir seu aproveitamento para consumo e na
agricultura. No método de dessanilização, aços inox de alto
desempenho oferecem maior resistência à agressividade corrosi-
va da água do mar.
Empregam-se também aços inoxidáveis para tratar a água em
localidades remotas ou menos desenvolvidas onde a água dispo-
nível possa conter germes ou resíduos químicos.
NA ÁGUA MINERAL O relacionamento do aço inox com a água vai além daquela que é
encontrada próxima da superfície, em lagos, rios e lençóis freáticos –
trata-se de relação mais profunda, poderia se afirmar. Isso porque o
material está também presente em praticamente todo o processo in-
dustrial nas engarrafadoras de água mineral. A maioria das indústrias
do segmento especifica o material em razão, principalmente, de
algumas de suas características como fácil assepsia e riscos míni-
mos de contaminação.
O reconhecimento dessas qualidades está implícito na portaria
222 de julho de 1997, editada pelo Departamento Nacional de
Produção Mineral (DPNM). O documento do DPNM recomenda a
utilização do aço inoxidável nas indústrias de água mineral nos
seguintes equipamentos, entre outros: caixas de captação; tubu-
lações em captações em postos; dutos do sistema de condução e
distribuição; e nos reservatórios onde a água é armazenada.
SETEMBRO/DEZEMBRO 2009 • INOX 9
A escassez de água potável no mundo é uma realidade – em algumas regiões, por suas condições naturais; em outras, em razão da contaminação das fontes. Seguidos relatórios daOrganização das Nações Unidas (ONU), ratificados porinformações de organizações ambientais, confirmam umdiagnóstico preocupante: no mundo atual mais de um bilhão de pessoas já não dispõem de uma quantidade mínima de águapropícia ao consumo humano. Se forem mantidos os atuaispadrões de consumo, em 2025 estima-se que o número alcance5,5 bilhões de pessoas. Para 2050, calcula-se que, apenas 25% da humanidade irão dispor de água para satisfazer suasnecessidades elementares. Em algumas nações da África, porexemplo, hoje uma pessoa já não dispõe de mais que 30 litros/diapara suprir as necessidades básicas (lavar, comer, cozinhar,higienizar, alimentar rebanhos etc.). Apesar de a Terra serconstituída essencialmente por água, a maior parte dela (97,5%)encontra-se nos mares, ou seja: sem tratamento, é inadequadapara consumo. Dos 2,5% restantes, estima-se que 2/3 estejamem estado sólido nas calotas polares. A maior parte da águalíquida que pode ser consumida encontra-se no subterrâneo. Tal como ela é hoje recolhida (em lagos, rios e lençóis freáticos) e tratada para consumo, a água restringe-se a apenas 0,26% do total existente no planeta.
ESCASSEZ DE ÁGUA POTÁVEL
INOX33final.QXD 12/21/09 5:13 AM Page 9
10 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2009
O sr. concorda que a região oeste é pro-pícia à implantação de um pólo empre-sarial do segmento metalmecânico comênfase em aço inoxidável? Ele pode seralavancado a partir da implantação deum organismo como o Cimmezo?A região da zona oeste do município te-
ve, na última década, um crescimento in-
dustrial, com projetos em execução,
acompanhado de crescimento imobiliário.
Há um franco favorecimento do incremen-
to da atividade industrial nessa região
pelo fato de os distritos industriais
implantados pelo governo do estado do
Rio de Janeiro serem dotados de infraes-
trutura básica. A instalação de empresas
produtoras de aço inoxidável se coaduna
perfeitamente com os arranjos produtivos
locais que tem se evidenciado nos últimos
anos. Entre os exemplos claros e que se
sintonizam com essa situação está o
megaprojeto da Companhia Siderúrgica do
Atlântico (CSA) que, além da sua grandio-
sidade, já exerce e exercerá um significati-
vo poder de atração na região. Também, a
proximidade do Porto de Sepetiba pode
ser vista como emblemática e que favore-
cerá o escoamento de produtos das
empresas de transformação. Outra em-
presa já instalada na região e que
demonstra esse perfil é a Gerdau, que dis-
pensa maiores comentários.
O sr. é um entusiasta dos parques tecno-lógicos. Qual é o papel dessas estruturasno desenvolvimento de um estado?Os parques tecnológicos promovem
inequívocos índices de desenvolvimento
socioeconômico nas regiões onde se ins-
talam. Eles permitem utilizar de forma
otimizada a infraestrutura instalada
como transporte, serviços de apoio etc.
Também favorecem o desenvolvimento
de parcerias e projetos de pesquisa e
desenvolvimento de forma conjunta ou
colaborativa. E atraem novos investi-
mentos, permitindo a implantação de
projetos educacionais dirigidos, entre
outras vantagens.
COOPERAÇÃO ABRE CAMINHO PARACIMMEZO Para tornar real a idéia
de implantar o Centro de
Modernização e Inova-
ção Empresarial Metal-
mecânico da Zona Oeste
da cidade do Rio de Ja-
neiro (CIMMEZO), o Nú-
cleo Inox deverá contar,
entre outros, com o
apoio da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (SECT). O secretário
Alexandre Aguiar Cardoso explicou porque considera a proposta factível e
apontou o que a SECT pode oferecer para consolidá-la.
entrevista
Jorg
e M
ari
nh
o
INOX33final.QXD 12/21/09 5:13 AM Page 10
A Secretaria já implantou em algumaregião do estado esse tipo de em-preendimento? Onde e desde quandoeles funcionam?A secretaria não implanta parques tec-
nológicos de forma direta, mas gera condi-
ções para que isso seja feito. De que ma-
neira? Apoiando, por exemplo, pesquisa
em inovação tecnológica. Somente entre
2007 e 2009 foram aplicados R$ 61 mi-
lhões em diversos projetos de inovação.
Quais as semelhanças e as diferen-ças entre a ideia do pólo metalmecâ-nico e a dos parques tecnológicos co-mo o senhor os imagina?A diferença, na verdade, é entre os concei-
tos de pólo e parque. Enquanto o primeiro
está disperso por uma determinada região
atuando no desenvolvimento de ações
locais, o segundo atua num espaço mais res-
trito, no qual diversas iniciativas diferentes,
como pequenas, médias e grandes empre-
sas, assim como pesquisadores e incubado-
ras, compartilham a mesma infraestrutura.
Na sua opinião, como poderia se dar acooperação entre a Secretaria e o Nú-cleo Inox no sentido de viabilizar umpólo metalmecânico que inclua em-presas da cadeia do aço inoxidável?A Secretaria está sempre aberta para
debater parcerias com a iniciativa privada,
com o objetivo de melhorar a qualidade de
vida e o desenvolvimento regional. Já atua-
mos assim em diversas pesquisas através
da Faperj, que resultaram em projetos ino-
vadores que ajudam a melhorar a produção.
Da mesma maneira fizemos parcerias com
empresas através dos Centros Vocacionais
Tecnológicos, que capacitam mão-de-obra
qualificada para o mercado de trabalho.
Quais são os mecanismos que aSecretaria dispõe – financiamentos,universidades, escolas técnicas daregião – que poderiam fornecer apoioa essa iniciativa?Através da Faetec [Fundação de Amparo
à Escola Técnica do Estado do Rio de
Janeiro], a Secretaria implantou na região de
Santa Cruz um CVT [Centro Vocacional
Tecnológico] cujo foco é o setor automotivo.
Além disso, temos também em Santa Cruz
uma das nossas maiores escolas técnicas
oferecendo cursos técnicos de nível médio
em Segurança do Trabalho, Eletromecânica,
Enfermagem e Informática. No mesmo es-
paço, existe um Centro de Educação Tec-
nológico e Profissionalizante (Cetep), ofere-
cendo cursos de formação inicial e continua-
da em diversas áreas. Com a implantação e
desenvolvimento do pólo metalmecânico e
do parque industrial, instalado e em expan-
são, objetiva-se ampliar a oferta de cursos
técnicos e de qualificação, que atendam a
essas novas demandas profissionais. Um
CVT, com instalações e equipamentos que
atendam ao setor metalmecânico, pode ser
implantado na região e formar mão-de-obra
qualificada para atender a esse segmento.
Quais serão os benefícios de constituirna região o pólo empresarial voltadopara o aço inoxidável e fomentar seudesenvolvimento?Associação com os ganhos sociocultu-
rais deles decorrentes. Também é esperado
um desenvolvimento de setores paralelos
que promoverão aumento significativo das
taxas de empregos diretos e indiretos.
Consolidar na região oeste essa vocação pa-
ra indústrias de base e colaborar para a im-
plantação de pequenas e médias empresas
especializadas na prestação de serviços de
montagem e acabamento de produtos finais.
Durante sua gestão na Secretaria, quaisprogramas de capacitação tecnológico-empresarial foram implementados.Quais os resultados até esse momento?Os Centros Vocacionais Tecnológicos
constituem-se, sem sombra de dúvida,
num dos mais sólidos, abrangentes e arro-
jados programas de capacitação de mão-
de-obra. Hoje são 15 CVTs implantados e,
em breve, outros 25 se associarão, criando
uma rede de escolas vocacionais moder-
nas, bem equipadas e, o que é mais impor-
tante, em nítida sintonia com as regiões
em que se situam.
SETEMBRO/DEZEMBRO 2009 • INOX 11
““A SECRETARIA ESTÁ SEMPRE ABERTA PARA
DEBATER PARCERIAS COM A INICIATIVA PRIVADA
COM O OBJETIVO DE MELHORAR A QUALIDADE DE
VIDA E O DESENVOLVIMENTO REGIONAL”
Jorg
e M
ari
nh
o
INOX33final.QXD 12/21/09 5:13 AM Page 11
12 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2009
Na construção original ou em
processos de retrofit, nos últimos
anos o aço inoxidável está se
consolidando no processo de
especificação dos arquitetos
brasileiros. Com isso, cada vez mais,
ele se apresenta na paisagem urbana
nacional, especialmente na das
grandes metrópoles. Abaixo, alguns
exemplos de como o material vem
sendo utilizado pelos profissionais
que moldam o perfil dessas cidades.
URBANIDADE EM INOX
Instituto Educacional e Sistema de Ensino (IESDE) Ano: 2008 I Local: Curitiba
Material empregado: Aço inox 444, no. 4 SP, escovado,
na fachada e na marquise (primeira obra a utilizar o sistema
de painéis mais finos de 1,0mm)
Projeto: Smolka Arquitetura
Companhia do Metropolitano de São Paulo –Showroom da Linha 4-Amarela – Butantã
Ano : 2008 I Local: São Paulo
Material empregado : Aço inox 444, no. 4 SP
escovado. O material está presente na fachada,
em revestimentos internos, guarda-corpos, bancos, lixeiras,
painéis de comunicação visual e banheiros.
Projeto : Tetra Arquitetura
aplicações
Edifício Boa Vista - Retrofit Ano: 2008 I Local: Rio de Janeiro
Material empregado: Aço inox 444, no. 4 SP, escovado, em perfis
das fachadas, brises conjugados aos caixilhos e revestimento da
fachada. Primeira construção onde foi empregado o novo produto
Línea Inox, cuja tampa externa do caixilho é executada em inox
Foto
s A
rce
lorM
itta
l In
ox
Bra
sil
Ace
rvo
La
tou
r
INOX33final.QXD 12/21/09 5:14 AM Page 12
SETEMBRO/DEZEMBRO 2009 • INOX 13
Showroom Via ItáliaAno: 2009 I Local: São Paulo
Material empregado: Aço inox 444 no. 4 SP, no
revestimento de fachada e no revestimento interno
Projeto: José Wagner Garcia
Edifício WT Nações UnidasAno: 2008 I Local: São Paulo
Material empregado: Aço inox 304,
1,5 mm, BB, polido, revestimento
das colunas do pavimento térreo
(o acabamento polido
foi especificado
pelo escritório de arquitetura)
Projeto: Edo Rocha Espaços
Corporativos
Edifício Platinum Ano: 2007 I Local: Curitiba
Material empregado: Aço inox 444,
no. 4 SP, escovado, no revestimento
da fachada e de colunas
Projeto: Dória, Lopes, Fiúza Arquitetura
Joã
o L
uiz
de
Oliv
eir
aA
rce
lorM
itta
l In
ox
Bra
sil
Ca
rlo
s G
ue
ller
INOX33final.QXD 12/21/09 5:14 AM Page 13
14 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2009
INTRODUÇÃOMuitas das jazidas produtoras de petróleo são constituídas
por formações de arenito com baixo ou médio grau de consolida-
ção, sobremaneira quando se encontram em águas profundas,
no Brasil ou no exterior. Nesses casos, a força de coesão que une
os grãos de areia que formam a rocha não é suficiente para
mantê-los imóveis e estabilizados sob condições de produção
comercialmente desejáveis.
Em condições de produção típicas, partículas do arenito pro-
dutor de petróleo podem ser deslocadas e transportadas pelo
hidrocarboneto produzido. Os óleos pesados e as altas vazões
favorecem esse fenômeno. Esse deslocamento e transporte dos
grãos de areia devem ser evitados por meio de instalação de fer-
ramentas e dispositivos especiais, principalmente por Telas
Premium, durante a fase de equipagem do poço para produção
(a “completação”, no jargão petroleiro), caso contrário a areia en-
tupirá ou erodirá equipamentos e tubulações inviabilizando a ex-
ploração comercial do poço.
As instalações de contenção de areia são muito comuns em
poços no litoral brasileiro e africano, no Golfo do México,
Venezuela, Oriente Médio, Mar do Norte (setores britânico e
norueguês) e no extremo oriente. Em poços horizontais, parte
indispensável dessas completações são as Telas Premium, mui-
tas vezes revestindo setores com cerca de 1000 metros de
extensão em cada poço (veja Figura 1).
Essas Telas representam a maior parte do custo total da com-
pletação de um poço, geralmente equipado também por obtura-
dores, extensões, camisas de circulação, válvulas de isolamento
e tubos cegos. No mundo todo, mais de 400 poços horizontais
são perfurados e completados com Telas anualmente - mercado
que tem crescido durante os últimos anos a uma taxa de cerca
de 24% por triênio.
O Brasil se posiciona como o terceiro maior mercado do mundo
para esse tipo de equipamento, importando 100% de seu consu-
mo, e a indústria petrolífera nacional tem expressado, desde 2003,
a necessidade de haver um fabricante local de Telas Premium atra-
vés de programas de incentivo da FINEP e do PROMINP.
CONTEÚDO TECNOLÓGICO DAS TELAS PREMIUMUma Tela Premium possui várias funções em um poço de
petróleo, gás ou em poço injetor de água, sendo as principais
delas impedir que grãos de areia entrem na tubulação de produ-
ção e estabilizem a formação produtora mantendo o poço sem-
pre aberto, como originalmente perfurado.
Dentre as diversas partes de uma Tela Premium, a principal, de
maior custo (cerca de 55% do total), valor agregado e conteúdo
tecnológico é o elemento filtrante. A ADEST e o Laboratório Nacio-
nal de Luz Síncrotron (LNLS) iniciaram em 2007 um projeto para
desenvolver no Brasil a tecnologia de fabricação deste componen-
te, a Soldagem por Difusão (ou Diffusion Bonding, processo domi-
nado por somente três empresas no mundo), levando em conta
as necessidades de resistência à abrasão e corrosão, materiais,
custo e qualidade que a indústria petroleira requer. O projeto exe-
cutado pelo LNLS visa, então, remover o único impedimento tec-
nológico para a nacionalização completa dessas Telas.
Com aplicações especiais, a Soldagem por Difusão é um método
de união de materiais originalmente aperfeiçoado para as indús-
DESENVOLVIMENTO DE TELAS PREMIUM PARACONTENÇÃO DE AREIA EM POÇOS DE PETRÓLEO
artigo*
Figura 1 – Esquema de poço de petróleo com seu trecho horizontal revestido
com Telas Premium para contenção de areia
Figura 2 – Corte esquemático de uma Tela. Todas as partes, exceto o elemento
filtrante, podem ser obtidas na indústria brasileira.
Nacionalização de equipamentos para poços estimula projeto
de desenvolvimento de tecnologia de Soldagem por Difusão
Carcaça de
proteção externa
Elemento filtrante
(amarelo)
Tubo central de
suporte, padrão API
5CT, perfurado
Ilus
tra
çõ
es
AD
ES
T
INOX33final.QXD 12/21/09 5:14 AM Page 14
SETEMBRO/DEZEMBRO 2009 • INOX 15
trias aeronáutica e espacial, sendo usada em casos onde processos
convencionais de solda não se aplicam. É um processo de união em
estado sólido que produz a solda pela aplicação de pressão a eleva-
da temperatura, sem deformação apreciável do material, dentro de
uma atmosfera especialmente selecionada para permitir que a difu-
são de átomos entre os dois corpos sendo unidos faça a interface
entre estes se atenuar, ou desaparecer, obtendo-se, ao final, uma
peça única, conforme ilustrado nas Figuras 3, 4 e 5.
Na aplicação desta
tecnologia para a fabri-
cação de filtros ultra-
resistentes, base para
os elementos filtrantes
das Telas Premium, 3
ou 4 camadas (núme-
ro que pode chegar a
mais de dez) de teci-
dos metálicos de aço
inox, super-ligas de
níquel ou outras ligas
metálicas são solda-
das em seus pontos de
contato e, por não
haver fusão dos mate-
riais, retém suas distri-
buições de tamanho
de poro e capacidade
de filtração, ao longo
do processo.
Aplicada a união de
camadas de tecidos
metálicos, a soldagem
por difusão proporcio-
na ao filtro resultante
duas vantagens: (1)
alta resistência à de-
formação causada por
altas pressões ou va-
zões como efeito da
soma da resistência
mecânica das várias
camadas soldadas e
(2) resistência a de-
formação do tamanho
dos poros pela solda-
gem dos fios que
constituem cada ca-
mada individual.
MATERIAIS USADOS NAS TELAS PREMIUMNo mundo petroleiro atual, as empresas operadoras têm de
equipar seus poços com materiais que atendam especificações
técnicas estritas tanto no aspecto de performance mecânica
quanto em termos de resistência à corrosão, dentro de limita-
ções orçamentárias. A esse cenário deve-se adicionar o desen-
volvimento de campos petrolíferos cada vez mais profundos e
contendo fluidos mais corrosivos.
Os arranjos mais usados em Telas Premium são:
•Aço 13Cr ou Super 13Cr para o tubo base e aço inox 316L para
o elemento filtrante e outros componentes;
•Tubo base em aço inox Duplex ou Superduplex 25Cr e ligas de
Níquel como Inconel (elemento filtrante e outros componentes).
Os modelos de Telas Premium, entretanto, não se limitam aos
apresentados acima, a tecnologia de Soldagem por Difusão
desenvolvida pode ser usada para virtualmente quaisquer ligas
metálicas similares ou dissimilares.
O arranjo 13Cr ou Super 13Cr com aço inox 316L é usado em
ambientes brandos em concentração de H2S, sem oxigênio, em
diversas temperaturas e concentrações de cloretos e trata-se do
modelo mais usado na indústria. O arranjo Duplex/Superduplex
com Inconel (625 ou 825, geralmente) é usado em poços, muitos
deles injetores, com fluidos mais agressivos, contendo oxigênio,
CO2, ou outros agentes corrosivos. Trabalhos recentes (Chitwood
et all., SPE 95094) indicam a necessidade de ligas 27Ni-7Mo
(UNS S31277) em tubos base para aplicações que necessitam
alta resistência a corrosão e dutibilidade.
OUTRAS APLICAÇÕES DA TECNOLOGIAO conceito de se soldar por difusão diversas camadas de teci-
dos metálicos é usado para muitas aplicações nobres, como fil-
tração em alta pressão e alta temperatura, extrusão de políme-
ros, filtros laváveis, filtros para ambientes químicos agressivos,
tratamento de água industrial e saneamento, metais porosos,
atenuação acústica, controle biológico e outros. De maneira
geral, as indústrias da aeronáutica e espacial também usam a
Soldagem por Difusão para a fabricação de peças maciças.
Além de aplicações comerciais, várias aplicações científicas já
foram testadas com êxito, principalmente na área de fabricação de
peças para aceleradores de partículas (com aplicações em centros
dos EUA e Japão) e instrumentos ópticos de alta precisão, como
monocromadores de Raio X. Dessa forma, a tecnologia desenvolvi-
da deverá ser aplicada na construção do segundo anel acelerador
do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (chamado de LNLS-2),
em Campinas – SP. Cabe mencionar que aplicações científicas para
a produção de amostras de pares metálicos e peças foram utiliza-
das no LNLS durante os anos 90.
AGRADECIMENTOSAssoc. Brasileira de Tecnologia de Luz Síncrotron, ABTLuS, opera-
dora de LNLS; ADEST Técnicas para Soldagem de Metais Ltda.; Finan-
ciadora de Estudos e Projeto, FINEP; Fund. de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo, FAPESP; Companhia de Desenvolvimento do
Pólo de Alta Tecnologia de Campinas, CIATEC; Agência Nacional de
Petróleo, Gás e Biocombustíveis, ANP; Univ. Estadual de Campinas,
UNICAMP; Petrobras; StatoilHydro do Brasil e Villares Metals.
*Autores: Samuel Tocalino (ADEST Técnicas para Soldagem de Metais Ltda.) –
Engenheiro Químico formado pela UNICAMP, com 14 anos de experiência na área
de equipamentos petrolíferos. Osmar Bagnato (Laboratório Nacional de Luz
Síncrotron – LNLS) – Engenheiro de Materiais com Doutorado pela UNICAMP e
líder do Grupo de Materiais do LNLS, desde sua fundação em 1988.
Figura 3 – Representação do processo de
Soldagem por Difusão
Figura 5 – Corte, visto em microscópio óptico
de tecidos metálicos soldados por difusão –
foto LNLS
Figura 4 – Extremidade de dois metais soldados
por difusão, observada em Microscópio
Eletrônico de Varredura (SEM) – foto LNLS
INOX33final.QXD 12/21/09 5:14 AM Page 15
Quem visitou a 6ª edição da mostra Morar Mais Por Menos, reali-
zada de 12 de agosto a 20 de setembro, na Lagoa, no Rio de
Janeiro, além de visitar os mais de 80 ambientes que foram pen-
sados com a proposta de alinhar criatividade e economia ao bolso
do consumidor brasileiro, pode conferir de perto dois projetos
que utilizaram o aço inox de forma inusitada e diferenciada.
O Muro da Entrada e o Bar de Tapas são frutos do trabalho realiza-
do pela Falmec em parceria com o Laboratório de Gestão em Design
(LGD), do departamento de Artes e Design da PUC-Rio, Núcleo Inox e
ArcelorMittal Inox Brasil. A parceria vem se aperfeiçoando ano a ano e
tem como principal objetivo experimentar e explorar novas possibili-
dades para o uso de matérias-primas, bem como de suas aplicações
aliadas ao design e à tecnologia. No caso dos projetos citados, o gran-
de destaque ficou por conta do uso não convencional do inox, que se
mostrou extremamente versátil e
em diversas possibilidades de apli-
cação. O Bar de Tapas trouxe a com-
binação perfeita do preto e a prata
do aço inox, que apresentou aplica-
ção floral em toda sua área, incluin-
do paredes e balcão.
Já o Muro da Entrada foi resulta-
do de um trabalho de precisão dos
profissionais e das modernas má-
quinas da fábrica da Falmec que cor-
taram, milimetricamente, as peças
em aço inox que, nas mãos do coor-
denador do LGD, Claudio Magalhães,
se transformaram em painéis que
remeteram a imagem de uma corti-
na, com dobras e sobreposições.
Na última edição do Papo Inox deste ano, rea-
lizado no dia 10 de setembro no showroom
da Falmec, o engenheiro de Aplicações da
Outokumpu Península Ibérica, Jesús Gonza-
lez, ministrou uma palestra sobre o tema
Aços Inoxidáveis Duplex e suas Aplicações –
A melhor solução para seus projetos. Na oca-
sião, abordou a evolução do desenvolvimen-
to do aço inoxidável duplex, diferentes meca-
nismos, tipos de corrosão, propriedades
mecânicas e as aplicações nos diversos seg-
mentos de mercado. Para exemplificar, Gon-
zalez apresentou diversos cases de sucesso
na aplicação de aços inoxidáveis duplex,
entre eles: a redução de 30% da espessura de
parede em aquecedores de água domésti-
cos, com redução de preço e facilidade de
manuseio; produção de tanques rodoviários
para transporte de gás liquefeito, com redu-
ção de custos e peso; e tanques de fermenta-
ção de biodiesel com benefício total de 15%
de economia de material.
curtas
Jesús Gonzalez (engenheiro de Aplicações da Outokumpu Península Ibérica), Arturo Chao Maceiras
(Núcleo Inox) e Ruy Paulo (Diretor da Outokumpo)
Bar de Tapas: aplicação do inox
nas paredes e balcão.
Painéis em aço revestiram
o Muro da Entrada
2
1
16 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2009
PAPO INOX
Foto
s d
ivu
lga
çã
o
NA “MORAR MAIS POR MENOS”, APLICAÇÕES INUSITADAS EM INOX
1
INOX33final.QXD 12/21/09 5:14 AM Page 16
SETEMBRO/DEZEMBRO 2009 • INOX 17
INOX33final.QXD 12/21/09 5:14 AM Page 17
18 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2009
O Núcleo Inox e as empresas associadas –
ArcellorMittal Inox Brasil, Carbinox, Jatinox,
Villares Metals e Zamprogna Usiminas –
marcaram presença na Fenasucro 2009,
Feira Internacional da Indústria Sucroalco-
oleira, realizada de 1 a 4 de setembro, em
Sertãozinho, São Paulo. A edição deste ano
apresentou números expressivos de visi-
tação: cerca de 28 mil pessoas. Esta opor-
tunidade possibilitou aos participantes
divulgar a correta aplicação do aço inox no
setor sucroalcooleiro e os novos desenvol-
vimentos para esta área. A entidade tam-
bém esteve presente na Tubotech 2009 –
Feira Internacional de Tubos, Conexões e
Componentes, que ocorreu de 6 a 8 de ou-
tubro, no Centro de Exposições Imigran-
tes, em São Paulo.
DIVULGAÇÃO DO AÇO INOX EM FEIRAS DO SETOR
Como parte do programa de divulgação do
aço inoxidável nas universidades, nos
dias 24 de agosto e 16 de setembro, res-
pectivamente, o Núcleo Inox – representa-
do por seu diretor executivo, Arturo Chao
Maceiras – realizou uma palestra para
estudantes do curso de Arquitetura da
Universidade FUMEC (Fundação Mineira
de Educação e Cultura) e outra para alu-
nos do curso de Design de Produto da
UEMG (Universidade do Estado de Minas
Gerais), ambas em Belo Horizonte. Para os
estudantes da FUMEC foi especialmente
abordado a aplicação do aço inoxidável em
Mobiliário Urbano. O assunto foi discutido
com o intuito de ajudar os participantes
que irão desenvolver um projeto de mobi-
liário para a cidade de Moeda (vizinha a
Belo Horizonte), em parceria com a prefei-
tura local. Já os alunos do curso de Design
da UEMG, conheceram um pouco mais
sobre as principais características e pro-
priedades do aço inoxidável e alguns exem-
plos de aplicação do material no design
de produtos.
NÚCLEO INOX NA FUMEC E UEMG, EM BELO HORIZONTEO ISSF (International Stainless Steel Forum) acaba de lançar em seu site um espaço dedi-
cado ao uso do aço inoxidável em equipamentos de mobiliário urbano (www.worldstain-
less.org/About+stainless/What+can/ Street/). O novo canal foi criado com o intuito de ins-
pirar arquitetos e planejadores urbanos para aplicação desse material em seus projetos.
No site, há exemplos de projetos de diversas partes do mundo, que optaram pelo uso do
aço inoxidável por ser uma solução sustentável para o mobiliário urbano, já que o material
é durável, seguro, higiênico e com baixo custo de manutenção.
ISSF PROMOVE NO SEU SITE O USO DO AÇO INOX NO MOBILIÁRIO URBANO
Núcleo Inox e associados
participaram da Fenasucro
e da Tubotech 2009 Foto
s d
ivu
lga
çã
o
INOX33final.QXD 12/21/09 5:14 AM Page 18
INOX33final.QXD 12/21/09 5:14 AM Page 19
INOX33final.QXD 12/21/09 5:15 AM Page 20