revista independência

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dependência I . n r e v i s t a A dependência química é como uma vela acesa... A primeira vez que eu fumei um baseado foi na escola com 3 coleguinhas da mesma idade, eu tinha 10 anos. Quem consome maconha diariamente tem um kit baseado Curitiba, Novembro de 2011 Ano 1 - Nº 1/12 Prazer meu nome é Cannabis Sativa

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Trabalho de conclusão do curso de Jornalismo nas faculdade Unibrasil, idealizado pela aluna Renata Mattos

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dependênciaI.n r e v i s t a

A dependência química é como uma vela acesa...

A primeira vez que eu fumei um baseado foi na escola

com 3 coleguinhas da mesma idade, eu tinha 10 anos.

Quem consome maconha diariamente tem um kit baseado

Curitiba, Novembro de 2011Ano 1 - Nº 1/12

Prazer meu nome é

Cannabis Sativa

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A revista independência tem por objetivo principal

informar a sociedade, de maneira especial pais e educadores, sobre as drogas. Essa preocupação se deu devido à percepção da pouca informação que os pais têm sobre as drogas e como isso influencia na vida das crianças e jovens de nossa sociedade. E foi exatamente por perceber que cresce cada vez mais o numero de dependentes químicos que nós resolvemos escolher o nome independência para uma revista que fala de drogas. A logo é uma brincadeira irônica com o fato dos usuários se sentirem independentes ao usarem drogas sendo que assim se tornam dependentes e prisioneiros das substâncias que deveriam lhes proporcionar liberdade. A liberdade buscada nas letras de reggae vai muito além de uma bola do baseado ou um raio de cocaína, essa liberdade não tem limites, não tem preço, não te torna prisioneiro.

Editorial

Liberdade pra dentro da cabeça

Quando você for embora Não precisa me dizer

O que eu não quero jogo foraVocê pode entender

Desigualdades e a luta Afim de encontrarA liberdade e a paz

Que a alma precisa ter

Estar com vocêNa virada do sol

É compreender que o que há de melhor

Tá na vida, na transformação da natureza que me traz a noçãoNa verdade eu não vou chorar

Hoje sei ser, o que a terra veio me ensinar

Sobre as coisas que vêm do coração

Pra que eu possa trazer para mim e pra você eee....

Liberdade pra dentro da cabeça

Estar com vocêNa virada do sol

É compreender que o que há de melhor

Tá na vida, na transformação da natureza que me traz a noçãoNa verdade eu não vou chorar

Hoje sei ser, o que a terra veio me ensinar

Sobre as coisas que vêm do coração

Pra que eu possa trazer para mim e pra você eee....

Liberdade pra dentro da cabeça

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Índice

Prazer meu nome é ... pg 4

Ele me conhece bem... pg 9

Como sou consumida... pg 15

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DiretorRenata de Mattos

OrientadorProfessor Victor Folkening

DiagramaçãoEverton Mossato

©Todos os direitos reservados, proibida a reprodução sem autorização prévia por escrito

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Prazer meu nome é ...

Cannabis sativa ou no popular Maconha, tenho origem asiática, sou um arbusto que pode chegar até 2 metros e meio de

altura, cresço em regiões de climas tropicais e/ou temperados. Sou conhecida há séculos pela humanidade e me espalhei pelo mundo através dos navios de colonizadores. Pra quem não me conhece, não sabe como eu sou ai vai a minha descrição:

Como já disse sou um arbusto de 2 metros e meio de altura, mas nem todos os que me conhecem e me experimentaram chegaram a me ver nesse formato, geralmente quando somos apresentados estou em formato de cigarro ou em buchas de 5 a 10 gramas. Do meu arbusto original é possível extrair três tipos de drogas: maconha, haxixe e skunk. De todas essas drogas a única coisa que muda é a quantidade de THC na sua composição, o THC para quem não sabe é a principal substância que provoca alterações no sistema nervoso.

A maconha é extraída de minhas folhas e flores, o haxixe é constituída da resina viscosa e dourada que fica sobre minhas folhas e flores do topo e o skunk é produzido em laboratório a partir das folhas, mas modificado geneticamente, aumentando o nível de THC para 33% apresentando assim um efeito até 10 vezes mais forte que o cigarro de maconha.

Como a maconha é o resultado da mistura das minhas folhas e flores secas sua coloração é de tonalidade verde escura, vendida prensada ou já dechavada pronta para a fabricação do cigarro.

Já o haxixe tem uma coloração marrom escura e pode ser encontrada em tabletes, placas ou tijolos como a maconha e em

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formato de bolinhas.Já o skunk não se diferencia

muito da maconha, pois a sua diferença está presente no nível de THC que é modificado em laboratório.

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Todas essas três drogas podem ser fumadas em cigarros e cachimbos ou ingeridas através de pílulas, chás e até mesmo bolos e biscoitos. Quando o THC atinge a corrente sanguínea a pessoa apresenta os seguintes sintomas:

Sem contar no cheiro forte que fica na roupa e nos dedos de quem “queima” um baseado, mas tudo isso pode ser disfarçado inclusive os olhos vermelhos. Seu filho pode muito bem tomar aquele banho de perfume e sua roupa pode estar sempre cheirosa sem vestígio de maresia, e pingar colírio nos olhos para tirar a cor avermelhada, até mesmo os dedos podem não apresentar sinal nenhum de queimadura por bituca, ele pode simplesmente usar uma piteira para não queimar os dedos ou lixá-los no asfalto ou no rejunte do banheiro enquanto toma banho.

Para perceber se seu filho esta ou não usando maconha é preciso prestar atenção em outras características, perceba se ele mudou alguns hábitos ou até mesmo seu ciclo de amizade. Um sintoma típico de quem fuma um baseadinho é chegar em casa e devorar tudo o que vê pela frente, a famosa larica e sentir muita preguiça, sono estar desatento as coisas ou até mesmo esquecer de fatos que

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aconteceram recentemente.Além desses sintomas físicos

existem os sintomas psíquicos, esses dependem do nível de THC inalado e se a pessoa esta sozinha ou em grupo. Você deve estar se perguntando, mas por que depende se a pessoa esta sozinha ou em grupo? Ela não vai fumar a mesma erva? E ao mesmo tempo deve estar respondendo deve ser porque em grupo fumam mais baseados. Vou te explicar o que acontece psiquicamente ao fumar um baseado.

Quando a pessoa passa a me consumir com uma freqüência maior o fato de fumar um baseado se tornou um ritual já, ela deixou de me fumar por curiosidade ou em busca de sensações diferentes, ela já sabe o que vai acontecer. As principais sensações são de bem-estar, relaxamento, calmaria e vontade de rir, a pessoa perde um pouco a noção de tempo e espaço. Como cada pessoa reage ao efeito do THC de uma maneira há quem sinta angustia, desespero e até mesmo

pânico.Quando disse que a diferença

entre fumar baseado em grupo e sozinho é porque você não vai fumar um baseado e ficar dando risada sozinho, nem vai começar a ter alucinações, na realidade as alucinações aparecem só com um nível elevado de THC no organismo, algo pouco provável ao consumir cigarros de maconha. O efeito do riso descontrolado e de “viagens” acontece em quando se fuma o baseado em grupo, nesse momento as idéias começam a fluir mais rápido, a conversa fica mais solta e surge o riso frouxo e desregulado. Ao fumar sozinha a pessoa relaxa o corpo, esquece os problemas e stress se desliga de tudo e acaba pegando no sono, bate uma leseira/preguiça e fica mais difícil ter ânimo pra sair de casa ou fazer algo que exija esforço físico.

Há também a diferença com relação ao tempo de uso, quanto mais maconha você fumar mais tolerante a substância o teu corpo vai ficar, ou seja, pra ter sensações similares a que tinha

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ao me consumir no começo você vai ter que aumentar a dose. Mas como todo vício tem seu lado bom e ruim eu também tenho, vou listar abaixo alguns sintomas e possíveis conseqüências do meu consumo em longo prazo:

Quando consumido em doses altas o THC pode causar os seguintes sintomas:

1| Alucinações, ilusões e paranóias.2| Pensamentos confusos e desorganizados.3| Despersonalização.4| Ansiedade e angústia que podem levar ao pânico.5| Sensação de extremidades pesadas.6| Medo da morte.7| Em alguns casos incapacidade para o ato sexual (até impotência).

Em longo prazo o uso excessivo e prolongado pode trazer algumas conseqüências, as mais comuns são:

1| Maior risco de desenvolver câncer de pulmão.2| Diminuição das defesas, facilitando infecções.3| Dor de garganta e tosse crônica.4| Aumenta os riscos de isquemia cardíaca.5| Percepção do batimento cardíaco.

Com relação as mulheres grávidas o uso de THC durante a gestação não é recomendado, pois da mesma forma que o cigarro de tabaco pode prejudicar o feto o uso de maconha ou qualquer outro tipo de droga também pode causar danos irreparáveis. Lembrando que ao amamentar a mãe transmite as toxinas para o bebê, portanto durante a amamentação é melhor não fumar um baseado, pois o bebê também sofre de abstinência.

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Ele me conhece bem...

Como na maioria das amizades e

relacionamentos fomos apresentados por amigos em comum, a princípio ele não notou nenhuma diferença em estar comigo, mas depois de alguns encontros ele percebeu que eu fazia diferença na sua vida. Nossa convivência já dura 15 anos, hoje não somos mais tão próximos, mas nos conhecemos muito bem.

A primeira vez que eu fumei um baseado foi na escola aos 10 anos com mais três coleguinhas da mesma idade, um deles trouxe um baseado e me ofereceu. Como já tinha ouvido falar que quando se fuma maconha você fica bem alegre, dando risada de tudo resolvi experimentar. Fumei e nada aconteceu, no outro dia

fumamos de novo e nada, no outro a mesma coisa, fiquei intrigado pensando: Por que só eu não sinto nada? Vou fumar só mais uma vez, se não sentir nada, desisto dessa droga! No quarto dia eu chapei.

Geralmente os pais escutam histórias de que traficantes estão nas portas das escolas oferecendo drogas para os seus filhos, isso não é mentira, eles realmente estão, mas oferecendo pra quem já consome. Quem me apresenta para o seu filho

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é o coleguinha de escola como foi no caso de Pedro, é o irmão mais velho, o primo, o tio. Há pessoas que vão atrás de traficantes para experimentar, sim, mas na maioria são os nossos amigos em comum que fazem o primeiro contato.

No começo os principais sintomas são a vontade de rir, muita alegria, você ri de tudo, tudo tem graça, depois bate aquela fome, a famosa larica e por último sono. Eu fumava pra ficar feliz, dar risada. Fumando direto você tem essa sensação durante uns dois, três meses, depois vai diminuindo o efeito. Hoje mesmo, depois de 15 anos fumando maconha, eu fumo pra relaxar, esquecer os problemas, passou a fase do riso e veio a calmaria.

Já cheguei a fumar

cinco baseados por dia, fumava um de manhã antes de começar a trabalhar, um antes do almoço, outro depois, um no final da tarde e outro antes de dormir. O dia que mais fumei foi antes de começar a trabalhar, estávamos em cinco ou seis e conseguimos fumar quase 30 baseados. Passamos o dia conversando, dando risada e fumando maconha.

Hoje em dia Pedro diminuiu consideravelmente o seu consumo de Cannabis. Se antes a nossa convivência era diária, atualmente ficamos até dois meses sem ter contato.

Eu não me considero um dependente da maconha, se fosse não conseguiria ficar dois meses sem fumar um baseado, e fico sem ter que tomar

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nenhum remédio, sozinho de livre e espontânea vontade. Sei que isso muda de pessoa para pessoa, pois tenho amigos que conseguem largar do cigarro, mas não fica um dia sem fumar maconha. Eu fumo maconha procurando um efeito que eu já sei que vai acontecer, fumo pra relaxar. Tem gente que chega em casa e toma um chimarão, uma cerveja eu prefiro fumar um baseado.

Eu já fumei haxixe e skunk ou clone como chamamos aqui, mas preferi ficar com a maconha mesmo. A sensação a mesma a única diferença é que o haxixe é a pura essência da planta tanto que a cor é até diferente e o clone é modificado no laboratório tem o cheiro mais forte, mas o efeito é igual só um pouco mais forte. Se for pra chapar a mesma coisa prefiro a maconha que é mais barata.

Se eu for fumar

maconha sozinho durante um mês vou comprar 50 gramas e vou fumar dois ou três baseados por dia. Essas 50 gramas vão me custar R$ 50,00. Se for comparar com o álcool é bem mais barato, porque uma cerveja custa de R$ 4,00 a R$ 5,00 e eu consumo em meia hora e pra ficar alegre tenho que tomar umas três ou quatro, fumando quatro baseados eu posso ficar chapado dois dias.

Na minha opinião, todos que tem vontade devem experimentar, mas não ofereço baseado pra quem eu sei que nunca fumou. Não fico nem perto, porque não quero ter nenhuma responsabilidade sobre aquele ato. Eu sei que consigo para de fumar a hora que me da vontade, vou ficar chato por alguns dias com menos paciência, mas vou parar, consigo ficar sem e se a outra pessoa não conseguir. Cada pessoa

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é de um jeito.Uma dica que eu dou

para quem tem criança em casa é não mentir pro filho falando que droga mata, droga é ruim. Meus pais só falavam isso pra mim e os meus amigos falavam o contrário, eu fiquei curioso e fui experimentar e mesmo não sentindo nada nas três primeiras vezes que fumei eu fumei até sentir o que todos falavam, eu não tinha morrido da primeira vez como os meus pais falavam, então teoricamente tinha que dar certo o que os meus amigos falavam.

Diga pro seu filho que se ele usar droga ele vai gostar, a sensação é boa não adianta mentir, pois alguém vai dizer o contrário e ele vai ficar curioso como eu fiquei. Explique pra ele as coisas boas e as ruins, fale da dependência as doenças, mas não o proíba, porque tudo que é proibido é mais gostoso. No meu caso eu acho que

mesmo se os meus pais tivessem me explicado como era e o que poderia acontecer comigo eu teria experimentado do mesmo jeito. Eu sei que fumando maconha a tanto tempo posso ter um câncer ou outro problema de saúde, mas não tenho medo disso.

Eu sou a favor da legalização da maconha, não porque gosto de fumar um baseado, mas porque acho que essa é uma maneira de estudarem essa planta seus efeitos e verdadeiros danos ao corpo humano. Igual no caso do cigarro, o cara compra uma carteira de cigarros e lá estão todas as substâncias existentes no cigarro, tem até foto de gente amputada, morta na embalagem, a pessoa tem consciência do que esta consumindo. No caso da cerveja eu acho que eles deveriam colocar fotos de acidentes de trânsito pra tentar minimizar esse problema. Se a

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maconha for legalizada ela vai ser estudada e quem for consumir vai ter mais informação.

As pessoas deveriam se preocupar mais com o consumo de álcool do que de maconha. Quantos acidentes de carro você vê devido o abuso de álcool? E quantos relacionados ao consumo de maconha? Sem contar que o bêbado fica valente, se ele tem uma intriga com alguém e sabe que a pessoa esta perto ele vai lá tirar satisfação, se ele

tiver fumado um baseado ele não vai atrás do cara, vai deixar que o tempo o faça ele pagar o que deve.

Além do álcool que pra mim é a porta para drogas mais pesadas, como a cocaína e a bala, por exemplo, outra droga que merece atenção é o crack. Se o cara compra 50 gramas de maconha ele fuma em um mês, se ele compra a mesma quantidade em crack ele fuma de uma só vez até acabar. Além de ser mais

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cara é encontrada em qualquer boca, esquina em qualquer lugar. Já a maconha não, pelo contrário, maconha é a droga mais difícil de encontrar. Cerca de 20% das bocas vendem maconha, então quando eu compro já pego uma quantidade razoável pra não ter que ficar procurando. Por que não são todas as bocas que vendem maconha? Porque ela é barata e não da muito lucro, então não podem ser todos que vendem, senão a pessoa não vai ter lucro nenhum.

Porque têm apreensão de maconha quase todos os dias, então é um material escasso. Diferente do crack que é encontrado em todo lugar.

Eu nunca deixei de trabalhar por ter fumado um baseado, mas já deixei de ir por estar bêbado e já fui buscar na boca amigos que ficaram fora de casa durante dias fumando pedra sem nem dar notícias pra família se estavam vivos ou mortos. O crack sim é um mal pra sociedade a maconha é a calma.

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Como sou consumida...

Eu posso ser inalada através de cigarros ou

cachimbos e também posso ser ingerida através de pílulas, bolos e biscoitos, vou provocar o mesmo efeito no organismo, porém em tempos diferenciados, ao fumar os efeitos aparecem mais rápido. No Brasil o mais comum é o consumo através do baseado, mas ao comprar maconha ou qualquer outro derivado da Cannabis o consumidor não vai encontrar o baseado pronto para consumo, na realidade ele nem quer isso.

Um dos fatores que leva a pessoa a fumar um baseado não é simplesmente a sensação calmaria que ele vai ter isso é só uma consequência de todo um ritual anterior. A pessoa que consome maconha todos os dias ele tem ânsia de chegar o horário em que ela vai fazer o seu baseado e esquecer-se do mundo, é a

mesma coisa que acontece com quem chega todos os dias do trabalho em casa, toma um banho e senta na frente da tevê e toma uma cervejinha gelada antes do jantar ou nem chega em casa, passa no bar e toma uma com os “parceiros” de boteco. Já deixou de ser um ato e passou a ser um hábito.

Quando a pessoa tem o costume de fumar todos os dias o seu consumo é bem maior do que de quem que fuma esporadicamente, portanto ele vai comprar em quantidades maiores para evitar ir várias vezes na boca

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e até mesmo de ficar sem a erva em casa e acabar ficando sem fumar algum dia. É fácil perceber se a pessoa fuma maconha constantemente, por um fato bem lógico: se ela fuma todos os dias ela consome na maioria das vezes sozinha certo? Porque não é fácil se reunir todos os dias com os seus amigos de fumo se você é uma pessoa que trabalha, estudo ou faz academia ou qualquer outra atividade depois do trabalho, portanto é fácil encontrar nos seus pertences um pequeno kit baseado: papel de seda, dichavador, pilão, fogo, em alguns casos piteira e uma “baga” (tijolo) de maconha.

Existem várias marcas, tamanhos e qualidades de papel, mas tem pessoas (eu diria os menos providos de recursos monetários) que usam guardanapo de lanchonete, folha de seda de caderno de desenho. O dichavador também já é pra uma pessoa mais “enjoada” com a qualidade da trituração da erva, pois ao colocar a maconha prensada no dichavador ela vai sair triturada uniformemente. Tem pessoas que dichavam a erva na mão mesmo ou com faca fica a critério de cada um.

O pilão serve para socar a erva já enrolada pra deixar o baseado bem socadinho e não perder muita erva, esse vai depender do tamanho do baseado, em alguns casos pode ser a própria bituca do cigarro ou um palito de fósforo, um prego, vai da habilidade de quem confecciona. A piteira é algo opcional e totalmente pessoal, tem pessoas que para não queimar o dedo não fuma o baseado até o final e guarda

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as bitucas para fazer um novo depois.

A confecção do baseado é totalmente artesanal e existem diversas formas de enrolá-lo, cada pessoa tem um jeito, há quem faça no formato de um cone, quem queima a sobra de papel, quem cole com a própria saliva enfim não existe somente um jeito de enrolar ou fechar o baseado, cada pessoa tem o seu jeito. Abaixo você vai ver uma maneira de enrolar um baseado.

A pessoa pega um pouco de maconha que esta em tablete ou em pequenos tijolos prensada e tem que triturar a erva o máximo que conseguir, isso pode ser feito direto com os dedos ou no caso abaixo em um dichavador.

A erva é espalhada em um dos lados do dichavador e depois o confeccionista fecha o aparelho e faz um movimento de vai e vem com as duas partes para triturar a erva.

Em pouco tempo a erva esta totalmente triturada e pronta para ser enrolada.

Agora vem a parte que exige habilidade de quem esta enrolando. A erva é espalhada no papel de seda e tem que ser enrolada.

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Aos poucos o cigarro vai tomando o seu formato final.

Espalhada uniformemente no papel o mesmo começa a ser enrolado.

Quase todo enrolado chega a hora de fechar o cilindro, como o papel é muito fino pode rasgar a qualquer

momento, por isso é passado levemente uma pequena quantidade de saliva somente para umedecer o papel.

Depois de colado vem o momento de socar a erva e deixar o baseado bem firme.

Fecham-se as pontas enrolando o excesso de papel e uma das extremidades é cortada.

Está pronto o baseado.18 dependênciaI

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Para muitos esse momento de confecção do baseado é tão importante quanto o próprio efeito que a erva provoca no seu corpo. O ato de fumar começa muito antes de acender o cigarro e esse é tragado de maneira mais lenta que o cigarro de tabaco. A pessoa traga o baseado, prende a fumaça na boca e depois solta o ar, sem contar que entre uma tragada e outra a pessoa olha para o baseado sem pressa de queimá-lo, há quem diga que tem que rolar um sentimento entre ele e a erva, não pode ser às pressas senão não tem graça.

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