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Opinião Ativista do Greenpeace explica por que transgênicos são um risco para o Brasil Destaque Exposição fotográfica semeia sonhos em São Paulod Ano III - N” 8 - Mar/Abr 2002 Fundaçªo Instituto de Terras do Estado de Sªo Paulo JosØ Gomes da Silva Onde a história do povo se casa com a história da terra Proseando Geraldo Alckmin diz o que pensa sobre a reforma agrária Cultura Fiéis iluminam almas dos mortos na madrugada Terra Justiça Cidadania Quilombos

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OpiniãoAtivista do Greenpeace explica por quetransgênicos são um risco para o Brasil

DestaqueExposição fotográfica semeiasonhos em São Paulod

Ano III - Nº 8 - Mar/Abr 2002

Fundação Instituto de Terrasdo Estado de São Paulo�José Gomes da Silva�

Onde a história do povo se casa com a história da terra

ProseandoGeraldo Alckmin diz o que pensasobre a reforma agrária

CulturaFiéis iluminam almas dos

mortos na madrugada

T e r r aJ u s t i ç aC i d a d a n i a

Quilombos

2 I T E S P

EDITORIAL

Itesp - Fundação Instituto de Terras do Estadode São Paulo �José Gomes da Silva�

Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania

Fatos da Terra é a revista da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo �José Gomes da Silva� (Itesp),vinculada à Secretaria de Estado da Justiça e da Defesa da Cidadania.Jornalista Responsável: Helton Lucinda Ribeiro - Mtb 27.002 � Colaboração: Eduardo Pereira Lustosa e Murilo H. de AbreuDiagramação e Editoração Eletrônica: Edson Luiz Pereira Marques - Fotos: Arquivo ItespAv. Brigadeiro Luís Antônio, 554 - 7º andar - Bela Vista - CEP 01318 000 - São Paulo � SP Telefone: 3242-0933 ramal 1705e-mail: [email protected] Visite nossa página: www.institutodeterras.sp.gov.brTiragem: 1500 exemplares - Impressão: Imprensa Oficial do Estado de São PauloÉ permitida a reprodução dos textos, desde que citada a fonte.

Tire suas dúvidas, envie comentá-rios, críticas e sugestões para:

Fundação Instituto de Terrasdo Estado de São Paulo�José Gomes da Silva� (Itesp)

Av.  Brigadeiro Luís Antônio, 554 Bela Vista CEP 01318-000São Paulo - BrasilFone-Fax (0xx11) 3242-0933E-mail:[email protected]

OuvidoriaFone: (0xx11) 3242-0933 r: 1903e-mail: [email protected]

Visite nossa página e leia, diariamen-te, as principais notícias sobre aquestão agrária:www.institutodeterras.sp.gov.br

Fale conoscoFale conoscoFale conoscoFale conoscoFale conosco

GOVERNO DO ESTADODE SÃO PAULO

COMEÇO DE CONVERSA

T e r r aJ u s t i ç aC i d a d a n i a

ÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICEEditorialEditorialEditorialEditorialEditorial ................................................................................................................................................. 22222ProseandoProseandoProseandoProseandoProseando .................................................................................................................................. 33333RegionalRegionalRegionalRegionalRegional ................................................................................................................................................. 55555CulturaCulturaCulturaCulturaCultura ........................................................................................................................................................... 77777Reportagem de CapaReportagem de CapaReportagem de CapaReportagem de CapaReportagem de Capa ....................................................... 88888OpiniãoOpiniãoOpiniãoOpiniãoOpinião ................................................................................................................................................. 1010101010Ciência e TCiência e TCiência e TCiência e TCiência e Tecnologiaecnologiaecnologiaecnologiaecnologia ............................................. 1111111111NacionalNacionalNacionalNacionalNacional ....................................................................................................................................... 1212121212PolíticaPolíticaPolíticaPolíticaPolítica ............................................................................................................................................ 1313131313CurtasCurtasCurtasCurtasCurtas ...................................................................................................................................................... 1414141414AgendaAgendaAgendaAgendaAgenda ................................................................................................................................................. 1515151515DestaqueDestaqueDestaqueDestaqueDestaque .................................................................................................................................. 1616161616

Jonas Villas Bôas Diretor-executivo do Itesp

valorização do diálogo foi umaspecto fundamental para o

aperfeiçoamento das relações ins-titucionais que asseguraram o su-cesso das ações empreendidas peloItesp neste início de ano. A apro-ximação com a Prefeitura e com oCartório de Registro de Imóveisde Apiaí garantiram os excelentesresultados alcançados na campa-nha de coleta de documentos parainstrução dos processos de emissãode títulos naquele município. Ou-tro aspecto fundamental nessainiciativa foi o entrosamento entreos diversos setores do Itesp envol-vidos na campanha.

O diálogo também foi peça cha-ve para desfazer o clima de tensãoque existia no Noroeste do Estado,em razão das vistorias realizadasnas fazendas da região. Nas produ-tivas reuniões realizadas no iníciode março com representantes dasprefeituras, sindicato rural e movi-mentos sociais da região ficou cla-ro para todos que a reforma agrá-ria será efetivamente realizada.Ao mesmo tempo, os participantesficaram convencidos de que serãoouvidos e terão espaço para parti-cipar desse processo.

A força do diálogoMas não foi só nas relações ins-

titucionais que a valorização dodiálogo assegurou avanços. Tam-bém foi possível evoluir nas rela-ções internas, tendo sido assina-dos, finalmente, os acordos traba-lhistas com os representantes dosfuncionários, que também avança-ram na sua organização com a cri-ação de um sindicato próprio.

O diálogo é um insumo muitoimportante para continuar culti-vando o sonho da reforma agrária.A propósito, os paulistanos final-mente tiveram acesso às belíssimasimagens da concretização dessesonho na mostra de fotografiasaberta, no início de abril, na Esta-ção Sé do Metrô. Em mais umaação bem-sucedida, o Itesp expõeali a conquista da terra, da susten-tabilidade, da autonomia e daconstrução de um futuro melhor.Essas são as melhores ilustraçõesdo lema que move o Itesp em to-das as suas ações:

Terra, Justiça e Cidadania!

A

3F A T O S D A T E R R A 8

PROSEANDO: Geraldo Alckmin

Governador revela o segredodo sucesso da reforma agrária

Geraldo Alckmin nasceu em Pindamonhangaba,Vale do Paraíba, em 7 de novembro de 1952. É for-mado pela Faculdade de Medicina da Universidadede Taubaté. Sua vida política teve início em 1972.Com 19 anos, foi o vereador mais votado de Pinda-monhangaba. Nas eleições de 1994, foi eleito vice-governador, na chapa de Mário Covas. Em 6 de mar-ço de 2001 assumiu o Governo do Estado.

Fatos - O que o senhor entende por reformaa g r á r i a ?

Reforma agrária é o assentamento de trabalhadoresrurais em áreas improdutivas ou devolutas, benefici-ando, assim, aquelas pessoas que têm vocação paratrabalhar a terra, numa área que lhes permita o seusustento e o sustento da sua família, evitando oinchaço das grandes cidades. A reforma agrária tam-bém permite que as famílias com vocação para a ati-vidade agrícola produzam alimentos, além de propor-cionar o crescimento da economia e a melhoria daqualidade de vida das pessoas. Em um país com asdimensões continentais do Brasil ela é necessária eimportante.

Fatos - O que o governo do Estado tem feito paraajudar o trabalhador rural a realizar o sonho deobter um pedaço de terra?

O governo de São Paulo, desde o início com o gover-nador Mário Covas até hoje, tem tido um trabalhoque é recorde em termos de assentamentos de famíli-as no programa de reforma agrária. Até agora, maisde seis mil famílias foram assentadas e estão traba-lhando, produzindo e vivendo. Nos últimos quatrogovernos, o Estado de São Paulo não chegou a assen-tar 1500 famílias. Portanto, assentamos quatro vezesmais do que foi feito em toda a história do Estado deSão Paulo. É um grande sonho para quem gosta daterra e para quem tem vocação para a atividade ruralpoder ter um pedaço de chão, uma casa, trabalho eprodução. E o segredo do sucesso é que não bastadistribuir a terra, mas se deve, principalmente, pro-porcionar condições de trabalhá-la, como financia-mento, como abertura de estradas, energia elétrica,assistência técnica a esses trabalhadores, a esses pe-quenos produtores rurais. Para isso nós temos o Itesp,que é a Fundação Instituto de Terras do Estado deSão Paulo.

Alckmin:É precisoproporcionarcondições parase trabalhara terra

4 I T E S P

Fatos - O senhor poderia explicar que tipo definanciamento é oferecido ?

O Governo do Estado de São Paulo, por intermédioda sua Secretaria de Agricultura e Abastecimento,oferece apoio financeiro aos agricultores familiares,entre eles os produtores assentados, pelo Feap (Fun-do de Expansão da Agropecuária e da Pesca).Esse fundo tem como objetivo financiar projetos deinteresse da economia estadual aos agricultores,pecuaristas e pescadores artesanais, bem como a suascooperativas e associações. Comparado ao crédito nor-mal, o Feap tem vantagens quanto à taxas de juros,prazos e exigências burocráticas.

Os projetos financiados pelo Feap nos assentamentossão elaborados pelos técnicos do Itesp, que também dãoo acompanhamento técnico necessário nas áreas depecuária leiteira, fruticultura, irrigação, criação depequenos animais, implantação de pequenas agro-indústrias, entre outros.Essa é mais uma importante ação dos órgãos do Go-verno do Estado no apoio ao desenvolvimento harmô-nico dos pequenos produtores assentados pela refor-ma agrária.

Fatos - Que análise o senhor faz dos movimentossociais que lutam pela terra, como o MST?

Eu acho que lutar pela bandeira da reforma agrária éuma luta correta. A reforma agrária é necessária.Não só o governo de São Paulo fez um assentamentorecorde de mais de seis mil famílias no Estado, comoo governo federal do presidente Fernando HenriqueCardoso também fez um trabalho histórico de assen-tamento de famílias no Brasil todo. Então, é uma lutapositiva, boa e é uma bandeira correta. Agora, inva-sões de propriedades e invasões de domicílios sãoatitudes totalmente descabidas. Vão contra, inclusi-ve, uma bandeira correta que é a bandeira da refor-ma agrária. Isso beira a irresponsabilidade, é coisa degente irresponsável que toma atitudes totalmentedescabidas.

Fatos - Que mensagem o senhor gostaria demandar para quem está esperando o seu pedaçode terra?

O governo de São Paulo tem tido muito cuidado naseleção das famílias. Esse é o segredo da reformaagrária, porque, se você assentar famílias que nãotêm vocação para a atividade rural, isso vai ser umfracasso. Então, o principal é a seleção das famílias.Seleção criteriosa, sem nenhuma ingerência de natu-reza político-partidária, mas voltada, realmente, paraquem precisa da terra, quer trabalhá-la e tem voca-ção para a atividade rural. É por isso que os assenta-mentos aqui em São Paulo têm sido bem-sucedidos.Aliás, eu estive pessoalmente em vários desses assen-tamentos acompanhando o trabalho, e é um trabalhobonito, é estimulante a gente ver famílias que estãolá na luta cotidiana, todo mundo trabalhando, pro-duzindo alimentos, que têm lá a sua pequena ativi-dade pecuária, têm a atividade agrícola, têm suacasa, estão realizando o sonho de serem produtorasrurais e contribuir para o país.■

PROSEANDO: Geraldo Alckmin

À esquerda, o diretor de Formação do Itesp, José Augusto de C. Mello, entrega um exemplar darevista Fatos da Terra ao governador; na sequência, momentos da entrevista com Alckmin.

““(...) se você assentar famílias

que não têm vocaçãopara a atividade rural,

isso vai ser um fracasso”.

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REGIONAL

A venda de produtos da refor-ma agrária diretamente aoconsumidor tem sido estimu-

lada pelo Itesp com a finalidade deaumentar a renda dos assentados,que, no mês de março, participa-ram de feira livre em Mirante doParanapanema. Entretanto, paraser bem sucedido nessa atividadenão basta conseguir uma barraca,boas mercadorias e um local movi-mentado para apregoá-las. Além detudo isso, é preciso conhecer ossegredos para atrair a freguesia eincrementar as vendas no varejo.

O engenheiro agrônomo do Cea-sa de Campinas, Francisco Ricchi-ni Lopes, apresentou essas técnicasa 70 agricultores dos assentamentosMonte Alegre e Bela Vista, queparticiparam, em fevereiro, de umcurso promovido pela Regional doItesp de Araraquara e pela prefei-tura local. Lopes ensina que, aoentrar em um recinto, as pessoastendem a olhar para o lado direito.Portanto, esse é o lado apropriadopara deixar as mercadorias que nãosão de primeira necessidade. Já osprodutos de alto consumo, taiscomo batata, cebola, tomate e la-ranja devem ser expostos à esquer-da, mas separados entre si, demodo que o cliente observe outrasmercadorias intercaladas antes deencontrá-los.

O agrônomo aconselha os vare-jistas a evitarem que frutas e ver-duras de cores iguais sejam expos-tas lado a lado em uma barraca defeira. Ao invés disso, recomenda-seaproximar os produtos contrastan-tes para destacá-los e tornar o localmais atraente aos olhos do consu-midor. Outra dica é aproximar ashortaliças correlatas, que se aju-dam mutuamente na hora da ven-

da. Assim, quando o freguês obser-va simultaneamente cenoura, va-gem e batata pode ficar sugestio-nado a levar as três para prepararuma maionese.

Freguês desconfiado

O bom vendedor também deveconhecer as principais datas festi-vas e aproveitá-las para ajudar nasvendas. Ao se comemorar as festasjuninas, por exemplo, incentiva-seo consumo de batata-doce, milhoverde e gengibre. Quanto às pro-moções, recomenda-se que estassejam feitas no início e no meio dasafra; nunca no final, quando aspessoas já enjoaram do produto.

�O consumidor é por naturezaum desconfiado; ele desconfia dopeso, do preço e da qualidade�,afirma Lopes. Para acabar com assuspeitas, é sempre bom ter uma

balança para conferência de peso,colocar cartazes com preços visí-veis, incentivar a degustação everificar com freqüência a qualida-de e o aspecto das mercadorias.

Paciência, gentileza, boa aparên-cia pessoal e cuidado com a limpe-za na área de trabalho também sãorequisitos importantes para con-quistar o freguês. Outro aspectodestacado é a conveniência deuma boa conversa com os clientes,que devem ser orientados sobre ovalor nutricional dos alimentos e asopções para substituir um produtoem falta. �Freguês satisfeito é amelhor propaganda�, conclui.

Dicas ajudam a aumentar vendas no varejo

Lopes destaca a importância da padro-nização e classificação em aula prática

para assentados; produtos de corescontrastantes devem ficar lado a lado

6 I T E S P

REGIONAL

Itesp coleta documentos para regularizar lotes em Apiaí

Posseiros saem do isolamento com a ajuda do Itesp

Funcionário do Itesp anota asreivindicações dos posseiros:infra-estrutura foi prioridade

Fundação Instituto de Terras(Itesp) e a Prefeitura do Muni-

cípio de Apiaí (330 km a sudoestede São Paulo) realizaram, no finalde março, uma campanha paracoletar documentos de ocupantesde lotes urbanos que não possuemtítulos de domínio. No total, maisde 2,5 mil pessoas foram atendidas,o que possibilitou a instrução com-pleta de 720 processos referentes à

regularização de possedos terrenos.

O diretor-executivo doItesp, Jonas Villas Bôas,participou da abertura doevento e recebeu a docu-mentação entregue porBenedito de Paula

Monteiro, primeiro morador a che-gar ao local de coleta. Ele é agri-cultor, tem oito filhos, reside há 30anos em Apiaí e espera ansiosa-mente pela regularização de seuimóvel para poder pleitear junto àprefeitura um desconto no IPTU.

Assim como Benedito, cerca de70% dos habitantes da cidade nãotêm títulos de propriedade e nãopodem provar que são donos dos

terrenos que ocupam. Além decausar muita insegurança, essa situa-ção impede a sucessão hereditáriado imóvel e dificulta a obtenção definanciamentos, pois os bancos nãoaceitam a posse como garantia.

Para resolver esse problema, oGoverno do Estado de São Paulo(por meio do Itesp) firmou convê-nio com a Prefeitura de Apiaí vi-sando à regularização de posse nosimóveis da cidade. Em uma primei-ra etapa, o Itesp executou o Cadas-tro Urbano, que consistiu no levan-tamento topográfico dos limites dasquadras, dos lotes e das constru-ções existentes, totalizando umaárea aproximada de seis milhões demetros quadrados. A coleta dedocumentos corresponde à fasefinal do trabalho que resultará naentrega de títulos, prevista para ofinal de maio.

toleiros, pontes nada confiáveise a intromissão, ao longo do

caminho, de pedras, rios e árvorestombadas, em meio à beleza damata nativa. Esses ingredientesfazem parte do trabalho do Itespem São José do Barreiro, no Valedo Paraíba. No município está sen-do realizada a regularização fundi-ária do bairro Bom Jardim, cujosmoradores vivem isolados pela difi-culdade de acesso ao local, inclu-indo as 37 famílias de posseiros quereceberão os títulos de legitimaçãode posse produzidos pela fundação.

Na manhã de 22 de fevereiro,funcionários do Itesp se aventura-ram pela trilha que leva a essebairro vizinho ao Parque Estadualda Serra da Bocaina. Chegando lá,circularam por boa parte dos 3,2

mil hectares ocupados por posseiroshá décadas, parando nos sítios paralembrar todos da reunião que seriarealizada à tarde, quando, pelaprimeira vez, a comunidade reu-niu-se para discutir seus problemas.

As reivindicações dos produtoresrurais são por infra-estrutura bási-ca, como escola, saúde e energiaelétrica. O evento marcou a toma-da de consciência dos direitos dosposseiros tanto por parte deles mes-mos quanto por parte da populaçãodo Vale do Paraíba, onde o encon-tro foi notícia.

A gratidão da comunidade emrelação ao Itesp pode ser simboliza-da pelo trabalho de conservação daestrada que os posseiros executa-ram para permitir o acesso dos veí-culos da fundação até o bairro. Ou

por Fagner Ferreira da Costa, de 1ano e 11 meses, que, ao reconhecerde dentro de casa o som da buzinado veículo do Itesp que passa naestrada, grita o apelido do funcio-nário José Carlos Dias: �Zeco!�

Benedito Monteiroentrega documentos aodiretor-executivo doItesp, Jonas Villas Bôas

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CULTURA

Quilombolas recomendam almas na madrugadaa noite chuvosa da quinta-feira santa, 17 integrantesda comunidade remanescente de quilombo de PedroCubas, situada no município de Eldorado (Vale do

Ribeira), realizaram a Recomendação das Almas, uma tra-dicional celebração religiosa que vem sendo transmitida depai para filho há várias gerações. O evento teve início comuma caminhada silenciosa de 10 quilômetros até o vilarejode Barra do Batatal.

À meia noite e meia, os fiéis se concentraram diante damureta do cemitério do lugar para entoar cânticos e ora-ções oferecidos às almas de parentes e amigos ali enterra-dos. No retorno ao bairroPedro Cubas, a longa jorna-da a pé foi interrompida no-ve vezes para repetir o ritualdiante das casas de conheci-dos e das taperas onde resi-diram antepassados.

Para o líder do grupo,Antônio Benedito Jorge,chamado de capelão, �acoisa mais linda é ser acor-dado pelo canto da reco-mendação�. Ele segue àfrente tocando uma matra-ca e puxando o coro, que seinicia, a cada parada, comuma advertência implacá-vel: �Acordai, irmão dasalmas/Acordai se está dor-mindo/ Nesse sono que vósestais/ Lembrai vós que háde morrer�. Os visitadosque conhecem a tradiçãorespondem ao chamado si-nalizando da janela comuma vela acesa ou produ-zem sons batendo objetos.

O capelão reclama que o número de cantadeiras temdiminuído com o passar do tempo, o que o obriga a forçarcada vez mais a garganta. �Antigamente, havia vários gru-pos com até 40 pessoas�, recorda. Ele afirma que as oraçõesajudam os espíritos penitentes a encontrarem o caminhoda luz. Nas paradas, costuma advertir os desatentos paraque fiquem nas laterais da estrada, deixando o caminholivre para a passagem das almas.

Roubo de galinhas

Enforcados, afogados, acidentados, �atirados�, ofendidos e

mordidos de cobra são alguns dos tipos de mortos lembra-dos nas oferendas. Segundo Cacilda de Ramos, uma dascantadeiras mais assíduas, é preciso cantar para todas asalmas, senão elas podem ficar sentidas. Ela lembra que arecomendação costumava ocorrer na madrugada do sábadode Aleluia, mas precisou ser antecipada para evitar que osparticipantes fossem confundidos com ladrões de galinhas,que costumam agir nessa data sob o pretexto de estarem�descobrindo a Aleluia�.

Cacilda aprendeu os cânticos com os pais e está ensinan-do para os netos. Ela espera que os jovens da comunidade

levem a tradição em fren-te. �Através da fé é queeles vão vencer muitasbarreiras na vida�, ensina.Neste ano, seis adolescen-tes participaram pela pri-meira vez do evento. Se-gundo a analista de desen-volvimento agrário doGrupo Técnico de Campodo Itesp em Eldorado,Gabriela Cegarra Paes, acomunidade de PedroCubas é uma das únicas amanter viva a tradição darecomendação das almasna região.

Coruja na mesa

Se depender da qualidadeda recompensa que os fiéisrecebem no final da ceri-mônia, é de se esperar quea tradição não desapareçatão cedo. Um delicioso efarto café da manhã foiservido ao grupo às cinco

da madrugada, após quase sete horas de caminhada, oraçõese cantorias. Na mesa, pratos típicos da região, como boli-nhos de banana, paçoca de amendoim, chá de guamirim ecoruja - uma disputada iguaria, que é preparada exclusiva-mente com massa de mandioca.

O capelão esclarece que o café da manhã faz parte da cele-bração, devendo ser oferecido pelo dono da residência ondetem início a recomendação. A essa mesma casa eles retornampara fazer a última parada e repetir a seqüência de cânticos,que é encerrada com o refrão �Vosmecê fique aqui com Deus/Vosmecê fique aqui com Deus/ Que com Deus queremos ir�.

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Na foto maior, o capelão Antônio Jorge (com amatraca) puxa os cânticos para iluminar osespíritos. À direita, Cacilda animada com apresença dos jovens. Na foto menor, fiéiscantam para as almas do cemitério

8 I T E S P

CAPA

aso o escritor Gabriel Gar-cía Márquez tivesse se ins-pirado na realidade brasi-leira para produzir sua obra-

prima, �Cem Anos de Solidão�, ahistória do lugarejo de Macondotalvez fosse substituída pela de umacomunidade cuja existência se dáfora das páginas dos livros mas quenem por isso é menos surpreenden-te. Em Cananéia, litoral sul do Es-tado, a comunidade remanescentede quilombo de Mandira foi batiza-da com um nome que se confundecom o destino do local tão forte-mente quanto o nome Buendía foideterminante para os rumos deMacondo.

Na região da Serra do Mandira,próxima ao Rio Mandira e à Ca-choeira do Mandira, o nome dafamília Mandira começou a marcara vida da comunidade a partir dasua fundação, em 1868, quando opatriarca da família, FranciscoMandira, recebeu uma porção deterras denominada Sítio Mandira.Francisco seria fruto da relação deum senhor de escravoscom uma de suas es-cravas. Desde então,os Mandira domina-ram o local, onde nãoé nada raro o casa-mento entre parentespróximos.

Para a pesquisadoraMaria Cecília Turatti,cujo estudo antropoló-gico sugeriu o reco-nhecimento da comu-

nidade como remanescente dequilombo, a união entre familiaresdemonstra o valor que esses produ-tores dão à sua história. �Os mora-dores geralmente se atrapalham aoresponder se a localidade se chamaMandira por causa deles ou se elesse chamam Mandira devido à loca-lidade, o que prenuncia a intrínse-ca e sólida relação entre espaçofísico e identidade observada nacomunidade Mandira�, diz a antro-póloga no relatório publicado noDiário Oficial do Estado em 15 demarço deste ano.

�Quanto mais você perguntarquem é filho, primo ou irmão dequem, mais complicada sua cabeçavai ficar�, brinca José BonifácioMandira, 30 anos, que dirige aassociação dos moradores dessaárea de 2 mil hectares, onde vivem22 famílias. Ele observa que, ao serreconhecida como remanescentede quilombo, a comunidade ganhaforça política e o apoio de entida-des como a Fundação Instituto deTerras (Itesp), facilitando parcerias

para projetos de de-senvolvimento.

No ritmo das marés

O dia-a-dia dos�mandiranos�, comosão chamados, é dita-do pela Lua. É elaquem baixa as marése, conseqüentemente,decide o melhor horá-rio para o início dotrabalho de coleta de

ostra nos manguese armazenagem domolusco nos vivei-ros de engorda. Aprodução de ostrasfoi a alternativaencontrada para odesenvolvimentodas famílias, preju-dicadas por restri-ções impostas pelalegislação ambien-tal que pratica-mente inviabiliza-ram a agricultura. Hoje, mais dametade dos 43 produtores associa-dos à Cooperativa dos Produtoresde Ostras de Cananéia (Cooper-ostra) é composta por remanescen-tes de quilombo de Mandira.

Escolhidas quais ostras irão paraa engorda e, depois, para a sede dacooperativa, onde passam por umalimpeza antes da comercialização,os mandiranos voltam para casa, nofinal da tarde. É hora de botar aconversa em dia, de falar do mun-do que à noite a televisão lhes mos-tra e dos costumes que, como notaFrederico Mandira, de 71 anos, vêmse modificando: �Nas festas de anti-gamente todo mundo brincava jun-to; hoje é cada um por si�.

No entanto, pelo menos as históri-as das guerras de barro, borra de cafée banana madura que lambuzavamas crianças nos antigos carnavaisrealizados em Mandira continuaramvivas na memória de Frederico, cujoapreço pela comunidade talvez sejacomparável ao de Osvaldo Mandira,

C

Resgatados da solidãoReconhecida como remanescente de quilombo em março,

a comunidade de Mandira ganha um forte impulso para seu desenvolvimento

Integrantes da Cooperoduplicação das vendas

9F A T O S D A T E R R A 8

titulação de mais seis comunida-des ainda este ano foi o compro-

misso assumido pelo secretário daJustiça e da Defesa da Cidadania, Ale-xandre de Moraes, e pelo diretor-exe-cutivo do Itesp, Jonas Villas Bôas, emreunião com representantes dos rema-nescentes de quilombos no dia 14 demarço. Na ocasião, também foi anun-ciada a liberação de R$ 2 milhões paraobras de infra-estrutura nosquilombos do Vale do Ribeira.

Villas Bôas esclareceu que a funda-ção está providenciando a contrataçãode mais antropólogos para os traba-lhos de reconhecimento das comuni-dades já identificadas. O reconheci-mento de uma comunidade como rema-nescente de quilombo se dá por meio de

Compromissocom a cidadania

Tradição e modernidadeem Praia Grande

o lado de casas de pau-a-pique,painéis de captação de energia

solar. Tradição e modernidade con-vivendo num lugar aonde não che-gam estradas. Esta é a comunidadede Praia Grande, em Iporanga, noVale do Ribeira, cujo relatório téc-nico-científico, primeiro passo parao reconhecimento como remanes-cente de quilombo, foi concluídopelo Itesp em abril.

Com 26 famílias, distribuídasem uma área de aproximadamente1.200 hectares, a comunidade éuma das quatro com as quais o Itespcomeçou a trabalhar em agosto de2001. Lá só se chega de barco, de-pois de quase uma hora de viagemrio acima.

�A gente está esperando o títulodas terras, porque aí pode trabalharem qualquer parte�, conta DejairRosa de Matos, a �dona Deja�. Ela eo marido, Gabriel Matos, fazem

30 anos (que prefere esquecer osproblemas do lugar a ter que criticá-lo), ou semelhante ao de JudithMandira, de 68 anos (que chama olocal de �meu ninho�).

A mistura de tanta dedicação àterra com o reconhecimento dacomunidade como remanescentede quilombo já começa a dar resul-tados. Entre eles está a implanta-ção no local de programas de capa-citação profissional. No ano passa-do, um curso de corte e costura foioferecido às mulheres da comuni-dade, com o apoio do Itesp. A fun-dação também está construindo umgalpão de múltiplo uso para os mo-radores. Além disso, segundo ogerente da Cooperostra, MiltonWolf, este ano a cooperativa vaiiniciar sua estratégia de comercia-lização na capital do Estado, o quepraticamente duplicaria as vendasdo molusco.

São ações como essas que estãotirando Mandira dos seus mais de130 anos de solidão.

relatório técnico antropológico, elabo-rado pela Fundação Instituto de Terras.

Para garantir o cumprimento doartigo 68 do Ato das DisposiçõesConstitucionais Transitórias, queassegura às comunidades quilombolasa posse da terra por elas ocupadas, oGoverno do Estado constituiu legisla-ção própria e um Grupo Gestor de suaatuação. O trabalho de identificação edemarcação das áreas foi iniciado peloItesp em 1998. Em 2001, foram titula-das as primeiras comunidades: SãoPedro, Pilões e Maria Rosa.

A Fundação Instituto de Terrastambém presta assistência técnica àscomunidades, respeitando e valorizan-do a cultura quilombola. Graças a essetrabalho, os quilombos obtêm licen-ciamento ambiental para o cultivo deroças e implementam projetos de de-senvolvimento sustentável.

planos para o futuro. Vão construiruma casa nova, de madeira, maior emais segura que a atual. Os filhosestudam na escola da comunidade,com professores vindos de Iporanga.

A comunidade enfrenta algunsproblemas. A luz solar, que paraolhares desavisados poderia signifi-car a chegada do progresso, causatranstornos: custa R$ 20 por mês acada família.

Mas eles prosseguem na luta,acostumados à adversidade, a fazerbrotar da terra o sustento e a man-ter vivas as tradições. E, agora, con-tam com a ajuda do Itesp. Queremser reconhecidos como donos legíti-mos da terra que sempre cultivaram.

A

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ostra no trabalho: expectativa des

10 I T E S P

OPINIÃO: Mariana Paoli

Os artigos publicados nesta seção são deresponsabilidade de seus autores e nãorefletem necessariamente a opinião da revista.

Transgênicos: um risco para o Brasilsem que exista qualquer controle.

Quanto ao meio ambiente, aperda da biodiversidade, a destrui-ção de insetos que não prejudicama agricultura e o favorecimento desuperpragas são os exemplos maisconhecidos. Mais grave ainda: umavez introduzidos na natureza, seusdanos são irreversíveis, pois trata-sede matéria viva, que se auto-reproduz.

Enquanto as pesquisas científi-cas não afastarem esses riscos, aliberação comercial não é reco-mendável, sendo necessária umamoratória para evitar a dissemina-ção destes danos.

Além dos problemas ambientais,em termos econômicos o Brasil pos-sui hoje uma grande vantagemcomercial sobre seus concorrentes,porque é o único país que podesuprir a demanda crescente domercado internacional pelos grãosnão transgênicos. Devido à pressãodos consumidores, cada vez maisempresas e redes de supermercadosna Europa e no Japão optam peloingrediente convencional. As ex-portações de soja brasileira para aEuropa, que hoje representam cer-ca de 80% das exportações do grãodo país, podem ser afetadas caso oBrasil autorize o plantio do grãotransgênico. Além disso, a Mon-santo produziu  variedades de sojatransgênica que são resistentes aum  herbicida produzido por elaprópria, aumentando a dependên-cia do agricultor a seus produtos.

Os especialistas são unânimesem afirmar que a melhor maneirade garantir a segurança alimentaré proteger e desenvolver a diversi-dade da agricultura, combater prá-ticas agrícolas que causam o empo-brecimento do solo, poluição quí-

Q mica e desequilíbrio de ecossiste-mas. Mas os transgênicos só irãoagravar esses problemas. Por isso, oestimulo à agricultura ecológica efamiliar  é comprovadamente amelhor alternativa.

O Brasil possui instrumentoslegais e eficazes para garantir asegurança dos alimentos e do meioambiente. Entre eles, o Estudo Pré-vio de Impacto Ambiental é funda-mental para identificar, qualificar,quantificar e avaliar os transgêni-cos, uma vez que seus riscos aindanão são conhecidos.

Em face aos riscos ambientais, àsaúde pública e à economia do paísque os transgênicos representamcomparados com os duvidosos be-nefícios propagandeados pelas em-presas multinacionais, o Green-peace propõe uma atitude de pre-caução, ou seja, que não se libere oplantio de transgênicos enquantonão tenha segurança de que nãohaverá danos sérios e irreversíveispara o Brasil.

*Mariana Paoli é Bacharel emRelações Internacionais pela PUC-SPe Coordenadora da Campanha deEngenharia Genética do Greenpeace

uem ganha com a liberaçãoimediata dos organismos ge-neticamente modificados

(OGMs) no Brasil? Também co-nhecidos como transgênicos, estesorganismos podem representar umasérie de riscos para o meio ambien-te, à saúde da população e à eco-nomia brasileira.

A falta de pesquisa quanto àsegurança destes alimentos é preo-cupante. Não houve qualquer tipode avaliação sobre os riscos  nemmesmo pelo órgão responsável dogoverno norte-americano, o FDA.Os defensores da biotecnologiaalegam que o FDA aprovou ostransgênicos, quando de fato nãohouve uma avaliação sobre estesalimentos. O FDA considerou oalimento transgênico igual ao ali-mento convencional comparandoapenas as características comuns

nos dois alimentos, sem verificar asdiferenças.  No entanto,  a Mon-santo  admitiu, em maio do anopassado, que há dois fragmentos degenes desconhecidos em sua sojatransgênica Roundup Ready. Emtermos práticos, não há qualquerestudo sendo feito ao longo destesseis anos em que os transgênicosestão sendo consumidos nos EUA.Portanto, a saúde dos norte-ameri-canos pode estar sofrendo danos

“Uma vez introduzidosna natureza, seus danos

são irreversíveis,pois trata-se de

matéria viva, que seauto-reproduz.”

“A melhor maneirade garantir a

segurança alimentaré proteger e desenvolver

a diversidadeda agricultura.”

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o início da década de 40, asflorestas nativas ocupavamgrande parte da superfície do

Pontal do Paranapanema. Só asreservas estaduais cobriam cercade 297 mil hectares em terras pú-blicas. No entanto, a proteção legalnão impediu que essas áreas fossemsubmetidas a um processo contínuode invasões, grilagens e desmata-mentos pelos latifundiários da região.

Em 1954, o jornal Folha da Ma-nhã promoveu uma ampla campa-nha contra a destruição da matano Pontal, tema que mereceu se-guido destaque nas manchetes efotos de primeira página. Váriasedições trouxeram denúncias con-tra autoridades que apoiavam osdesmatamentos, exibindo suas fotose um texto desabonador no quadrointitulado �Amigos do deserto�. Jáos opositores da devastação eramsaudados na coluna vizinha com otítulo de �Defensores da flora e dafauna�.

Hoje, quem visita o extremoOeste do Estado percebe que ainiciativa da Folha da Manhã nãoimpediu a vitória, literalmente ar-rasadora, dos �amigos do deserto�.A floresta nativa foi quase total-mente removida para dar lugar apastagens improdutivas e à agricul-tura desordenada. A região é amais devastada de São Paulo e, emconseqüência, enfrenta seriíssimosproblemas de erosão dos solos eassoreamento dos rios. Contudo, os�defensores da flora e da fauna�iniciaram uma forte reação.

O projeto Escola Ambiental noCampo, elaborado pelo Grupo Téc-nico de Gestão Ambiental do Itespe acompanhado pelo GTC de Mi-rante do Paranapanema, está con-tribuindo para devolver o verde a

Projeto traz o verde de volta ao Pontal

essa paisagem de terra arrasada. Ainiciativa já resultou na recupera-ção florestal de aproximadamente100 hectares em assentamentos doPontal com a participação diretada comunidade. Também foi im-plantado um viveiro escola, quedeverá produzir 400 mil mudas flo-restais neste ano e permitirá acapacitação em viveirismo de dezjovens assentados, contratadoscomo estagiários.

Um dos objetivos do projeto éfavorecer o desenvolvimentoparticipativo de tecnologias quealiem a melhoria das condiçõesambientais com a produção agrope-cuária familiar. Assim, a recompo-sição da mata nativa em terrenosocupados com pastagem é feita pormeio de sistemas agroflorestais,permitindo que os assentados prati-quem agricultura entre as linhasdo reflorestamento.

Reconhecimento

Outro resultado alcançado foi aimplantação de um apiário escolapara a capacitação de trabalhado-res rurais. A criação de abelhas

para a produção de mel é uma ati-vidade econômica totalmente com-patível com a recuperação e a pre-servação da vegetação nativa. Ascaixas utilizadas na apicultura sãoinstaladas nas proximidades damata, onde as abelhas obtêm onéctar das flores silvestres ao mes-mo tempo em que fazem a polini-zação das espécies florestais. Novegrupos de assentados já foram capa-citados e se dedicam à apiculturaem diferentes municípios da região.

O projeto obteve reconhecimen-to público no dia 9 de abril, quan-do conquistou a terceira colocaçãono Concurso Balanço Ambiental(categoria Projeto Ambiental Espe-cial), promovido pela Gazeta Mer-cantil e CPFL. Concorreram 133trabalhos divididos em dez catego-rias. O Itesp foi a única instituiçãodo governo do Estado contempladacom o prêmio. Ao discursar na so-lenidade de entrega dos troféus, oanalista de desenvolvimento agrá-rio do Grupo de Gestão Ambiental,Paulo Araújo, afirmou que �a refor-ma agrária é um grande instrumen-to de gestão ambiental�.

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CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Na foto maior, os jovens assentados, que foramcapacitados no viveiro escola. Ao lado, a equipe

responsável pelo projeto exibe troféu

12 I T E S P

NACIONAL

Campo de batalha genético

ampos semeados com orga-nismos geneticamente mo-dificados são o sonho deruralistas e da indústria de

biotecnologia e o pesadelo de am-bientalistas e movimentos sociais. Épor isso que, no Brasil, por enquan-to, o campo dos transgênicos é ou-tro: o de batalha.

Os defensores dos transgênicosconseguiram uma vitória, no dia 12de março, com a aprovação, pelaComissão Especial sobre AlimentosGeneticamente Modificados daCâmara dos Deputados, do subs-titutivo do deputado ConfúcioMoura (PMDB-RO). Pela propostado deputado, a Comissão TécnicaNacional de Biossegurança(CTNBio) teria autonomia paraarbitrar sobre a liberação de produ-tos transgênicos, sem que fosse reali-zado o Estudo de Impacto Ambiental(EIA/RIMA) e avaliações de agênci-as governamentais de saúde.

Para os críticos dos organismosgeneticamente modificados, unidosem torno da Campanha Brasil Livrede Transgênicos, os deputados queaprovaram a proposta votaram con-tra a vontade da população, já quepesquisas de opinião mostram quea maioria dos brasileiros é contra ostransgênicos. Uma delas foi realiza-da pelo Ibope em julho do ano pas-sado e constatou que 74% da popu-lação prefere consumir alimentosconvencionais.

Outro alento para as organiza-ções não-governamentais que com-põem a campanha é que a aprova-ção do projeto de Confúcio Mouranão é suficiente para liberar os or-ganismos geneticamente modifica-dos no País. A proposta ainda pre-

cisa ser votada pela Câmara dosDeputados e pelo Senado. Casoaprovada, necessita da sanção presi-dencial. A votação na Câmara deve-rá ocorrer somente após as eleições.

Além disso, o plantio comercialde transgênicos está condicionado,por decisão judicial, ao Estudo deImpacto Ambiental (EIA/RIMA).A sentença foi proferida pelo juizAntônio Prudente, da 6ª Vara daJustiça Federal (DF), no dia 27junho de 2000, em ação civil públi-ca movida por entidadesambientais contra a empresa debiotecnologia Monsanto. O gover-no já recorreu ao Tribunal Regio-nal Federal e até obteve parecerfavorável de uma juíza, no últimodia 25 de fevereiro, mas outrosjuízes pediram vistas do processo.O julgamento estava previsto paraabril, mas, até o fechamento destaedição, não havia sido realizado.

O que o mercado quer?

Um dos argumentos utilizados porruralistas e pela indústria debiotecnologia é o de que a manipu-lação genética pode tornar a agri-cultura brasileira mais competitivainternacionalmente. Isso apesar de

Liberação dos transgênicos gera disputas políticas e judiciais no Brasil

Co mercado se tornar cada vez maisreceptivo a produtos orgânicos, emdetrimento dos geneticamente mo-dificados.

Pesquisa realizada este ano peloIbope e pelo Ministério do MeioAmbiente revela que mais de 30%dos brasileiros estão dispostos averificar rótulos, dando preferênciaaos produtos orgânicos ou com se-los ambientais. Não é à toa que omercado de orgânicos cresceu 50%em 2001, movimentando algo emtorno de US$ 300 milhões, segundodados do Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico eSocial (BNDES).

Na Europa, o mercado de orgâ-nicos cresce cerca de 10% a 12%ao ano, e o consumidor não se in-comoda em pagar mais caro por umproduto que considera mais saudá-vel. Entre 1.601 internautas con-sultados em uma enquete feita pelaorganização não-governamentalWWF (sigla em inglês para FundoMundial para a Natureza), 1.407preferem produtos naturais. Apenas128 condicionaram a compra deorgânicos ao preço.

Tais dados evidenciam que adecisão sobre a liberação para ocultivo comercial de transgênicosnão é tão simples e requer umaanálise cuidadosa das vantagens edesvantagens para a economia bra-sileira. O debate se dá em um cam-po espinhoso, em que grandes inte-resses estão envolvidos, mas, à soci-edade, resta esperar que esse mes-mo campo seja fértil em soluçõespautadas pelo bem-estar da popula-ção (lei também, na página 10, artigoda coordenadora da Campanha Bra-sil Livre de Transgênicos).

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POLÍTICA

secretário-executivo do Minis-tério do Desenvolvimento Agrá-

rio, José Abrão, foi nomeado onovo titular da pasta no dia 4 deabril pelo presidente FernandoHenrique Cardoso. Ele substituiRaul Jungmann, que renunciouao cargo para disputar as eleições

Candidato, Jungmann deixa ministério

o dia 1o de abril, representantesda comunidade remanescente

de quilombo de Caçandoca, deUbatuba, estiveram na AssembléiaLegislativa, em São Paulo, parareivindicar ao presidente da casa,Walter Feldman, a garantia dapreservação de seus direitos nadisputa por posse de terras quetravam com uma empresa do setorimobiliário.

Um dos integrantes da comissãode moradores, Antônio dos Santos,relatou ao deputado Feldman todaa história de violação dos direitosdos produtores rurais provocada porgrileiros interessados na área. San-tos aproveitou para lembrar as pro-messas de solução feitas pelo ex-governador Mário Covas e denun-

Comunidade de Caçandoca denunciaameaças de morte na Assembléia

para deputadofederal porPernambuco.

Jungmann disse que deixa o minis-tério com o sentimento do devercumprido. �O Brasil tem uma novalei de terras, que, implantada, eli-minará, no médio prazo, a grilageme o latifúndio remanescentes, aotempo em que cancelamos mais de93 milhões de hectares apropriados

ilegalmente e destinamos, destes,vinte milhões de hectares para omeio ambiente, na maior doaçãode terras para preservação jamaisfeita.�

O ex-ministro também afirmouque conduziu o maior programa dereforma agrária do País, com maisde três milhões de brasileiros assen-tados e vinte milhões de hectaresdistribuídos.

O novo titular do MDA, JoséAbrão, é advogado, publicitário eprofessor universitário. Foi repórterdo jornal Última Hora e da TV Glo-bo. Deputado federal, atuou comovice líder da bancada do PSDB. Foisecretário de Assuntos Federativosdo governo federal e desde 1999 erasecretário-executivo do Ministériodo Desenvolvimento Agrário.

ciar ameaças de morte feitas aosquilombolas supostamente a mandoda empresa imobiliária.

A atuação de parte da polícialocal também foi criticada pelotrabalhador rural, que chegou achamá-la de �polícia-jagunça�.�Nosso problema é político�, resu-miu. O Coordenador da Regionaldo Itesp no Vale do Paraíba, JoséRoberto Andrion, e o assessor deMediação de Conflitos Fundiáriosdo Itesp, Carlos Henrique Gomes,explicaram ao presidente da As-sembléia detalhes da situação atualdos quilombolas.

Feldman disse que vai fazer umestudo sobre a questão para poderdar os encaminhamentos necessári-os à sua resolução. O deputado

também se propôs a visitar a áreana companhia do governador Ge-raldo Alckmin. Em seguida a essareunião, os quilombolas se encon-traram com o diretor-executivo doItesp, Jonas Villas Bôas, que se pro-pôs a relatar a situação deles ao se-cretário da Justiça e da Defesa daCidadania, Alexandre de Moraes, àFundação Cultural Palmares e aoDEPRN (Departamento Estadual deProteção dos Recursos Naturais).

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Quilombolas estiveram reunidoscom o presidente da AssembléiaLegislativa, Walter Feldman

FHC dá posseao novoministro, JoséAbrão; daesquerda paradireita, AlbertoCardoso,Abrão, FHC ePedro Parente

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CURTAS

Inaugurada Unidade Básica de Saúde em Araras

Reforma agrária prossegue na Região NoroesteNos meses de fevereiro e março, foram entregues

ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Re-forma Agrária), 114 Relatórios Agronômicos de Fis-calização referentes a fazendas vistoriadas peloItesp naquela região. Esses laudos, que abrangemuma área total de 168 mil hectares, visam a avaliarse os imóveis rurais são improdutivos ou não, combase nos parâmetros definidos pela Lei Federal8629/93. Os que forem considerados improdutivospoderão ser desapropriados para implantação deprojetos de assentamento de trabalhadores rurais.Antes disso, os proprietários serão notificados e te-rão prazo para ingressar com recurso administrativojunto ao Incra. As vistorias e relatórios são realiza-dos pelo Itesp por força de convênio firmado com oinstituto. O percentual de propriedades considera-das improdutivas ficou acima do esperado.

s assentamentos do município de Araras ganharamuma Unidade Básica de Saúde, inaugurada no dia

16 de março, no centro comunitário do assentamentoAraras 3. Com 75 metros quadrados, a unidade temconsultório médico, sala para exames de ginecologia,sala para os agentes comunitários e vai contar com ummédico, um enfermeiro padrão, auxiliares de enferma-gem e seis agentes comunitários de saúde. Batizada de�Benedito Guida�, em homenagem a um assentadoreconhecido por sua dedicação à terra e à comunida-de, a Unidade Básica de Saúde foi construída graças auma parceria entre a Prefeitura de Araras e o Governodo Estado, por meio do Programa de Saúde da Família/

Qualis (PSF/Qualis). Duran-te a cerimônia de inaugura-ção, o diretor-executivo daFundação Instituto de Terras(Itesp), Jonas Villas Bôas,anunciou uma nova parceriacom a prefeitura para a cons-trução de um Centro Comunitário Educacional noassentamento Araras 3. A fundação fornecerá os mate-riais e a prefeitura será responsável pela contrataçãode mão-de-obra especializada. A Unidade Básica deSaúde e o Centro Comunitário Educacional vão bene-ficiar 93 famílias, entre assentados e agregados.

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“A reforma agrária vai ser feita, mas é preciso im-plantá-la em parceria com as prefeituras, dialo-

gando com os movimentos sociais e os proprietários,evitando trazer qualquer tipo de tensão social para aregião�. Esse foi o compromisso assumido pelo diretor-executivo da Fundação Instituto de Terras (Itesp),Jonas Villas Bôas, durante reuniões realizadas no iní-cio de março, em Pereira Barreto e Andradina, respec-

tivamente, comrepresentantes de13 prefeituras doNoroeste do Estadoe com integrantesdo Fórum RegionalPró-Reforma Agrá-ria e AgriculturaFamiliar.

urante a abertura oficial da 33a ExpoAgro, emItapetininga, no último sábado, o ministro do De-

senvolvimento Agrário, José Abrão,anunciou a liberação de verba paraa reforma da escola rural da cida-de. O investimento será de R$ 2milhões. Também participou doevento o diretor-executivo doItesp, Jonas Villas Bôas. Na oca-sião, representantes de mulheresassentadas e quilombolas da região

Ministro anuncia verba para escola de Itapetiningaentregaram ao ministro um documento pedindo umaintermediação junto ao Instituto Nacional de Seguro

Social (INSS), para assegurar opagamento de benefícios às mu-lheres que trabalham nos assen-tamentos. �A gente trabalha des-de o início do assentamento,mas, na hora de pedir o benefí-cio, é negado�, explica Maria doCarmo, do assentamento PortoFeliz.

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AGENDA

23 de marçoFeira de Assentados em MiranteFeira de Assentados em MiranteFeira de Assentados em MiranteFeira de Assentados em MiranteFeira de Assentados em MiranteA segunda edição da Feira Regional de Assentados do Pontal do Parana-panema, realizada em Mirante do Paranapanema, comercializou algo emtorno de R$ 1.500, entre frutas, legumes, doces, conservas, pães e artesana-tos. Participaram produtores de Mirante, Sandovalina e Teodoro Sampaio.Promovido pelos assentados, com colaboração do Itesp, o evento podeganhar uma versão permanente na cidade. Esse é o compromisso do pre-feito Carlos Siqueira Ribeiro. �Esta região foi colonizada por nordestinos efeira livre é uma tradição nordestina�, justifica.

25 de maioEncontro de Quilombos do Vale do RibeiraEncontro de Quilombos do Vale do RibeiraEncontro de Quilombos do Vale do RibeiraEncontro de Quilombos do Vale do RibeiraEncontro de Quilombos do Vale do RibeiraAs comunidades remanescentes de quilombos do Vale do Ribeiraparticipam de um encontro em Iguape. O objetivo é difundir acultura dos quilombolas da região. Durante o encontro, serãocomercializados produtos das comunidades. A idéia é que o even-to, que conta com o apoio do Itesp, seja realizado anualmente.

11 de abrilEntrega de títulos em IguapeEntrega de títulos em IguapeEntrega de títulos em IguapeEntrega de títulos em IguapeEntrega de títulos em IguapeO Itesp entregou 235 títulos de domínio e 60 permissões de usoa ocupantes de imóveis de Iguape, no Vale do Ribeira. Tambémforam emitidos oito títulos de domínio para posseiros de Jacu-piranga. Participaram da cerimônia o secretário adjunto daJustiça e da Defesa da Cidadania, Gianpaolo Poggio Smanio, odiretor-executivo do Itesp, Jonas Villas Bôas, o diretor adjuntode Recursos Fundiários, Anselmo Gomiero, o coordenadorregional do Itesp no Vale do Ribeira, José Renato Lisboa, oprefeito de Iguape, João Cabral Muniz, o vice-prefeito de Jacu-piranga, Mário de Mello Bonadia, e a Procuradora-chefe daProcuradoria Regional de Santos, Valéria Cristina Farias, alémde outras autoridades. Na ocasião, o diretor-executivo do Itespanunciou a instalação de um escritório da fundação em Iguape.

17 de abrilProjeto Educação ContinuadaProjeto Educação ContinuadaProjeto Educação ContinuadaProjeto Educação ContinuadaProjeto Educação ContinuadaTeve início, em Presidente Venceslau, o Projetode Educação Continuada: Apoio à Organização,promovido pela Fundação Instituto de Terras(Itesp). O objetivo é fortalecer lideranças po-tenciais dentro dos assentamentos do Pontal doParanapanema e auxiliá-las na construção defundamentos básicos de organização. Foramrealizadas 23 oficinas, com a participação de230 lideranças assentadas.

21 de marçoDesfile de aniversário de TDesfile de aniversário de TDesfile de aniversário de TDesfile de aniversário de TDesfile de aniversário de Teodoro Sampaioeodoro Sampaioeodoro Sampaioeodoro Sampaioeodoro SampaioA Fundação Instituto de Terras (Itesp) parti-cipou do desfile comemorativo do 37o Aniver-sário de Teodoro Sampaio. O Grupo Técnicode Campo de Teodoro apresentou faixas para-benizando o município e um caminhão carac-terizado como propriedade familiar, represen-tando as ações do Itesp e mostrando os produ-tos dos assentamentos. A iniciativa contribuipara reforçar o vínculo entre a instituição e acomunidade. Outro destaque do evento foi aparticipação do grupo de mulheres represen-tando a Organização de Mulheres Assentadase Quilombolas do Estado de São Paulo(Omaquesp).

ACONTECEU ○

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DESTAQUE

Primeiras impressões

Itesp mostra como se cultivam sonhos

�Tudo isso prova que dá para atender quem hoje está lutando por terra, sem derramamento de sangue. São confli-tos sem explicação. Mas a população não sabe disso. A televisão só mostra as brigas, a guerra.�

Djalma José da Silva, 55, vendedor

�A qualidade das fotos é ótima. Sei disso porque trabalho nessa área. Os retratos destacam bastante as paisagens ehá fotos coloridas e em preto e branco, o que me atrai bastante.�

Fábio Soares, 26, fotógrafo

�É sempre bom divulgar o homem do campo, porque a agricultura é a base da nossa vida. Percebi que o quilombofoi um tipo de reforma agrária, já que o negro fugia para lá porque confiava na sua própria força de trabalho.�

Raimundo de Araújo Costa, 53, encanador

O diretor-executivo do Itesp,Jonas Villas Bôas, o diretor deFormação, José Augusto deCarvalho Mello e o secretário daJustiça, Alexandre de Moraes, naabertura da exposição.

N o cotidiano apressado das gran-des cidades, parece já não havermais espaço para a reflexão,

para a busca por novos caminhos. Aexposição fotográfica �CultivandoSonhos�, no entanto, está mostrandoque, mesmo em um cenário desses, épossível semear idéias que façam brotarperspectivas de um Brasil mais digno.

Lançada pelo Itesp no dia 4 de abrilna estação Sé do Metrô de São Paulo, amostra �Cultivando Sonhos� apresen-ta, em 12 painéis, fotos e textos querevelam a viabilidade da reforma agrá-ria, da agricultura familiar e do desen-volvimento das comunidades rema-nescentes de quilombos no Estado.

�Cultivando Sonhos é a oportuni-dade de mostrar aos moradores dasgrandes cidades os costumes e a cultu-ra de uma nova realidade no campo�,

explica o coordenadordo projeto, Andersonde Magalhães Hazen-fratz, analista de gestãoorganizacional do Gru-po Técnico de Rela-ções Institucionais doItesp.

Na opinião do dire-tor-executivo da fun-dação, Jonas VillasBôas, que discursoudurante a cerimônia delançamento da exposi-

ção, as fotos refletem os resultados dotrabalho do Itesp. �Podemos perceberpelas imagens a alegria que o agricul-tor familiar tem ao produzir, ao resga-tar a sua dignidade�, observou.

A inauguração da exposição tam-bém contou com a presença do secre-tário da Justiça e da Defesa da Cidada-nia, Alexandre de Moraes, de repre-sentantes de diversas instituiçõespúblicas e privadas e de funcionáriosdo Itesp.

Realizada pelo Itesp e pela Secreta-ria da Justiça e da Defesa da Cidada-nia, a mostra �Cultivando Sonhos�tem o apoio do Governo do Estado,das Secretarias de Estado da Cultura edos Transportes Metropolitanos, doMetrô, da Imprensa Oficial, do Arqui-vo do Estado e do banco Nossa Caixa,além da colaboração do Conjunto

Nacional, onde os painéis serão expos-tos a partir do dia 3 de junho. No dia 15de agosto, a exposição vai para o Arqui-vo do Estado, também em São Paulo.

�Para o sucesso desse projeto foimuito importante a participação dodiretor-adjunto de Políticas de Desen-volvimento, Mauro Roberto Castella-ni, da diretora-adjunta de Adminis-tração, Finanças e Recursos Humanos,Andiara Barbosa Automare, do dire-tor-adjunto de Recursos Fundiários,Anselmo Gomiero, e de todos os fun-cionários da fundação�, disse o dire-tor-adjunto de Formação, Pesquisa ePromoção Institucional do Itesp, JoséAugusto de Carvalho Mello.

Visite o site da exposição:www.institutodeterras.sp.gov.br/cultivando.htm