revista do meio ambiente 29

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AMBIENTE revista do meio Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental ano IV • março 2010 29 Acesse: www.portaldomeioambiente.org.br Projeto sem fins lucrativos Distribuição gratuita O sonho de consumo antiético 7 R’s para ajudar o planeta Aldo Rebelo: “meio ambiente é entrave” Água, fonte da vida Empregos “verdes” contra a pobreza

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Edição 29 da Revista do Meio Ambiente

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7 R’s para ajudar o planetaAldo Rebelo: “meio ambiente é entrave”

Água, fonte da vida

Empregos “verdes” contra a pobreza

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A REBIA Em pARcERIA com o núclEo dE ARtIculAção para a juventude (nÚCLeO) OfereCe:1• WORKSHOP “RECURSOS FEDERAIS A FUNDO PERDIDO PARA PREFEITURAS E ONGS”, dia 12 de abril de 2010, das 9:00hs às 12:30hs, no Auditório do BNDES, Rio de Janeiro, RJ. O workshop tem por objetivo sensibilizar os gestores municipais e lideranças de ONGs sobre a oportunidade de apoio financeiro federal para realização de projetos que tenham reflexos na melhoria da qualidade de vida da população.

2• “CURSO DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS FEDERAIS NÃO-REEMBOLSÁVEIS PARA PREFEITURAS E ONGS”, com turmas nos dias 20, 21 e 22 de maio e 24, 25 e 26 de junho de 2010, no Hotel do Frade Golf Resort, com inscrição, hospedagem e alimentação incluídas, em Angra dos Reis, RJ. O curso visa proporcionar conhecimento teórico e prático na identificação dos Programas por Ministério com recursos federais passíveis de transferências a municípios e ONG´s, na elaboração de projetos e na montagem de propostas de apoio financeiro federal não reembolsável, sem a intermediação de terceiros.

3• “CARAVANA PARA O FESTIVAL DE TURISMO INTERNACIONAL DAS CATARATAS”, entre os dias 16 e 20 de junho, inclui hospedagem no Hotel Turrance, passagens aéreas, transfers, inscrição e city tour, na cidade de Foz do Iguaçu, PR. O Festival de Turismo das Cataratas do Iguaçu é um evento aberto à comunidade de turismo, agentes de viagens, hoteleiros, guias, estudantes, pesquisadores, representantes governamentais e da iniciativa privada. Seu principal objetivo é ser uma ferramenta de negócios, envolvendo toda a cadeia de serviços do setor turístico.

informações e inscrições: prof. MSc josé Mauro farias telefone (21) [email protected]

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mar 2010revista do meio ambiente

RedaçãoTv. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - 24370-290 Niterói, RJ - Tel.: (21) [email protected]

ComercialDiretor: Maurício Cabral • (21) 7872-9293 [email protected]: Minas de Ideias Brasília (61) 3408-4361 / 9556-4242 Rio de Janeiro: (21) 2558-3751 / 9114-7707 [email protected] www.minasdeideias.com.br

Para anunciarTel: (21) 2620-2272 • Celular: (21) 7883-5913 ID 12*88990 [email protected]

Produção gráfica Projeto gráfico e diagramação: Estúdio Mutum • (11) 3852-5489 [email protected]ário: Rodrigo Oliveira da Silva [email protected]ão: Imprinta Express Gráfica e Editora Ltda.

Os artigos e reportagens assinadas expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, o ponto de vista das organizações parceiras e da Rebia.

Portal do Meio Ambientewww.portaldomeioambiente.org.brwebmaster: Leandro Maia • (21) 9367-2244 [email protected]

Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental - organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, dedicada à democratização da informação ambiental com a proposta de colaborar na formação e mobilização da Cidadania Socioambiental planetária através da edição e distribuição gratuita da Revista do Meio Ambiente, Portal do Meio Ambiente e do boletim digital Notícias do Meio Ambiente (CNPJ 05.291.019/0001-58)www.portaldomeioambiente.org.br

Fundador da Rebia e EditorVilmar Sidnei Demamam BernaEscritor e jornalista - Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e Prêmio Verde das Américas Tel: (21) 2620-2272 • [email protected] www.escritorvilmarberna.com.br

Assessoria técnica ambientalGustavo da S. D. BernaBiólogo marinho pós graduado em meio ambiente na Coppe/UFRJ(21) 7826-2326 • [email protected]

Conselho Consultivo da RebiaAristides A. Soffiati, Bernardo Niskier, Carlos A. Muniz, David Man Wai Zee, Flávio Lemos de Souza, Keylah Tavares, Paulo Braga, Ricardo Harduim, Roberto H. G. Hortale (Petrópolis, RJ), Rogério A. S. de Castro, Raul Mazzei, Rogério Ruschel

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nesta edição

Especial águaEntrevista com Dr. Ubiratan Cazetta

Ameaça às correntes marítimas

Revista científica erra por Leonam dos Santos Guimarães

Água e envelhecimento por Conceição Trucom

Espaço infantil

Código Florestal BrasileiroMeio ambiente é entrave para o desenvolvimento?

por Efrem Ribeiro

Brasil, o campeão do lixo • Reciclagem da fibra de coco •

Telhado à base de PET • Nova forma de produção de eletricidade •

Biólogos excluidos dos concursos •Terremotos mudam eixo da Terra •

O eleitor e o voto verde •A morte da sucuri •

Empregos “verdes” contra a pobreza • O futuro do trabalho •

Roubo de ovos de tartaruga •As abelhas estão sumindo •

A importância do Balanço Social •Financiando a Mata Atlântica •

Longa vida às araucárias gigantes •Guia ambiental auxilia professores •

Informação e sustentabilidade •

Educação ambientalComo ajudar o planeta

Consumo responsávelSonho de consumo sem limites

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mar 2010 revista do meio ambiente

editorial

Às vezes ouço dizer que a humanidade só irá mudar na dor, depois que acontecer algum grande desastre ambiental e as perdas em vidas e em bens forem insuportáveis!

Apesar do tom dramático de tais profecias, temo que nossas esperanças de uma harmo-nia entre nossa espécie e as demais e o pró-prio planeta irão requerer mais do que isso.

Lembro das enchentes destruidoras de vi-das e propriedades. Passada a tragédia, aos poucos as pessoas e organizações recons-tróem tudo, nas mesmas margens ou nas várzeas de rios e lagoas que encheram e encherão de novo um dia! Avalanches ter-ríveis nem sempre são suficientes para que as pessoas desocupem as encostas perigo-sas, e chegam a driblar a Defesa Civil para continuarem onde estão e para reconstruí-rem por cima de escombros!

Prefiro continuar apostando na democra-

Educação contra a Destruição

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Os desastres ambientais nos

farão recuar?

tização de uma informação ambiental que esclareça e que liberte, numa educação am-biental que construa valores ambientais e solidários, capaz de mobilizar e fortalecer a cidadania socioambiental planetária e um consumidor e eleitor socioambientalmen-te responsáveis. Neste caminho posso ter esperanças, embora seja mais longo e mais difícil, pois encontraremos inúmeras pedras para tropeçar, tanto naqueles que não se im-portam com a destruição ambiental ou com o sofrimento humano – desde que estejam vivendo bem e sendo felizes, ou ganhando muito dinheiro e poder –, quanto com aque-les que acham que não dá mais tempo para agir, pois a espécie humana já está condena-da à extinção! * Vilmar é escritor e jornalista, editor da Revista e do Portal do Meio Ambiente. Mais informações: www.escritorvilmarberna.com.br

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rTrizidela do Vale, no Maranhão, teve quase 90% da população atingida pelas enchentes em maio de 2009

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mar 2010 revista do meio ambiente

Genebra – O Brasil é o mercado emergente que gera o maior volume de lixo eletrônico per capita a cada ano. O alerta é da ONU, que nesta segunda-feira, 22, lançou seu primeiro re-latório sobre o tema e advertiu que o Brasil não tem nem estratégia para lidar com o fenômeno, e o tema sequer é prioridade para a indústria.

O Brasil é também o país emergente que mais toneladas de geladeiras abandona a cada ano por pessoa e um dos líderes em descartar celu-lares, TVs e impressoras. O estudo foi realizado pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma), diante da constatação de que o cres-cimento dos países emergentes de fato gerou maior consumo doméstico, com uma classe mé-dia cada vez mais forte e estabilidade econômi-ca para garantir empréstimos para a compra de eletroeletrônicos. Mas, junto com isso, veio a ge-ração sem precedente de lixo.

A estimativa é de que, no mundo, 40 milhões de toneladas de lixo eletrônico são geradas por ano. Grande parte certamente ocorre nos paí-ses ricos. Só a Europa seria responsável por um quarto desse lixo. Mas o que a ONU alerta agora é para a explosão do fenômeno nos emergen-tes e a falta de capacidade para lidar com esse material, muitas vezes perigoso. Para Achim Steiner, diretor-executivo do Pnuma, Brasil, Mé-xico, Índia e China serão os países mais afeta-dos pelo lixo, enfrentando “crescentes danos ambientais e problemas de saúde pública”.

Em meio a críticas ao Brasil, por não contar com dados sobre o assunto, a ONU optou por fazer sua própria estimativa. O resultado foi preocupante. Por ano, o Brasil abandona 96,8 mil toneladas métricas de PCs. O volume só é inferior ao da China, com 300 mil toneladas. Mas, per capita, o Brasil é o líder. Por ano, cada brasileiro descarta o equivalente a meio quilo desse lixo eletrônico. Na China, com uma população bem maior, a taxa per capita é de 0,23 quilo, contra 0,1 quilo na Índia.

Outra preocupação da ONU é com a quantida-de de geladeiras que terminam no lixo no Brasil. O país é o líder entre os emergentes, ao lado da China. É 0,4 quilo por pessoa ao ano. Em núme-ros absolutos, seriam 115 mil toneladas no Brasil, contra 495 mil na China. No setor de impresso-ras, são outras 17,2 mil toneladas de lixo por ano no Brasil, perdendo apenas para a China.

O Brasil também é o segundo maior gerador de lixo proveniente de celu-lares, com 2,2 mil toneladas por ano e abaixo apenas da China. Entre as eco-nomias emergentes, o Brasil é ainda o terceiro maior responsável por lixo de aparelhos de TV. É 0,7 quilo por pessoa ao ano, mesma taxa da China. Nesse setor, os mexicanos são os líderes.

A avaliação da ONU é de que o Brasil estaria no grupo de países mais pre-parados para enfrentar o desafi o do lixo eletrônico, principalmente diante do volume relativamente baixo de comércio ilegal do lixo em comparação a outros mercados. Mas o alerta é de que a situação hoje não é satisfatória. In-formações sobre lixo eletrônico são escassas e não há uma avaliação comple-ta do governo federal sobre o problema. A ONU ainda indica que falta uma estratégia nacional para lidar com o fenômeno, e que a reciclagem existente hoje não é feita de forma sustentável. As Nações Unidas ainda indicam que o problema não parece ser uma prioridade para a indústria nacional e que a ideia de um novo imposto não é bem-vinda, diante da carga tributária no País.

Diante da constatação, a ONU pediu que países comecem a adotar estra-tégias para lidar com esse crescimento do lixo. O alerta é sobretudo para o impacto ambiental e de saúde que as montanhas de resíduos tóxicos po-deriam gerar. Hoje, parte importante desse lixo se acumula sem qualquer controle. A China é o segundo maior produtor de lixo eletrônico do mundo (2,3 milhões de toneladas ao ano) atrás apenas dos Estados Unidos.

Os especialistas estimam que, até 2020, o volume de resíduos procedentes de computadores abandonados crescerá 500% na Índia, e 400% na China e África do Sul, em comparações aos níveis de 2007. Em uma década, a quan-tidade ainda de telefones celulares abandonados na Índia e na China seria 18 e 7 vezes maior que a atual, respectivamente. Já o número de televisões e geladeiras no lixo seria duas vezes maior.

Entre as soluções, a ONU pede novas tecnologias de reciclagem, além da criação os países emergentes de “centros de gestão de lixo eletrônico”. Um dos problemas a ser superado ainda seria a resistência de empresários que, na realidade, estão lucrando com o comércio desse lixo eletrônico.

Outro problema é a falta de investimentos em infraestrutura. A ONU ainda propõe como medida a exportação de parte desse lixo de países emergentes aos ricos. Isso deveria ser utilizado principalmente para peças perigosas, como circuitos integrados e pilhas, que seria então processado de forma adequada. Fonte: Estadão Online/UNEP

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Baixe o relatório da ONU na íntegra em: http://www.portaldomeioambiente.org.br/lixo-a-reciclagem/3359-brasil-e-o-campeao-do-lixo-eletronico-entre-emergentes.html

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O Brasil é também o país emergente que mais toneladas de geladeiras abandona a cada ano, por pessoa

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mar 2010revista do meio ambiente

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mar 2010 revista do meio ambiente

A Associação dos Amigos da Praia do Félix distribuirá o resíduo do coco verde triturado para os associados utilizarem como adubo, entre outras finalidades

A Associação dos Amigos da Praia do Félix (Amprafe) adquiriu e colocou em uso desde esta segunda-feira, 8, uma máquina para triturar coco verde, a fim de diminuir o impacto ambiental deste tipo de resíduo no bairro. A máquina tem a capacidade de triturar 30 toneladas de coco verde por hora.

De acordo com o presidente da Amprafe, Mário Macedo, o valor da má-quina – R$ 3 mil – é baixo se comparado à sua funcionalidade. “Além de representar várias toneladas a menos de lixo a ser transportado, o tritura-dor transforma o custo em receita”, explica Mário.

A Amprafe pretende distribuir o resíduo do coco triturado aos associa-dos, que poderão aproveitá-lo como adubo, entre muitas outras finalidades. “Além de estarmos fazendo a limpeza do nosso espaço, também estamos evitando a proliferação do mosquito da dengue, já que o coco, quando aber-to, serve como criadouro”, completa o presidente da associação.

Hoje é reconhecido que a fibra de coco pode ter inúmeras utilizações, entre elas, cobertura de solo, substituição de turfo, substituição de xaxim, fertilizante e material para vasos orgânicos.

O administrador da Regional Norte, que acompanhou o primeiro dia de uso da máquina de triturar coco, ressaltou a importância de iniciativas como esta. “É muito gratificante quando vemos a mobilização de uma associação de bairro em prol do bem comum. Iniciativas como esta são louváveis e servem de exemplo para tantas outras associações que temos no município, além de ir ao encontro do Plano Ubatuba Sustentável”, considerou o administrador. Fonte: Global Garbage

Uma máquina

Comentário do artigo no PortalNo Rio de Janeiro, em Jardim América, ao lado da Rodovia Presidente Dutra, fica a indústria de reciclagem Coco Verde. A partir do coco jogado fora produzem substratos para plantas (substituindo o xaxim), vasos, estacas, ninhos, adubo, etc. A empresa tem mais de uma dezena de kombis amarelas que coletam os cocos. A máquina da matéria é muito potente, um ótimo invento. Tranforma lixo em insumo.Newton Almeida, Meio Ambiente Rio de Janeirowww.limpezariomeriti.blogspot.com

reciclagem

A casa deplástico

De fibra

Uma empresa do País de Gales, na Grã-Bretanha, construiu uma casa com 18 toneladas de plástico reciclado

A companhia Affresol desenvolveu uma tecnologia que transforma plástico e mine-rais em um material batizado de Thermo Poly Rock (TPR), que poderia revolucionar a indústria de construção.

O projeto, apoiado pelo governo galês e por organizações ambientais, já lançou uma linha de casas verdes e construções modula-res portáteis de quatro toneladas.

O secretário da Economia do país de Gales, Ieuan Wyn Jones, disse que “o novo processo sustentável” tem muito potencial e pode ge-rar uma grande quantidade de empregos.

PatenteA empresa diz que o processo tem baixo

consumo de energia e transforma plástico em um material durável e resistente. As pla-cas de Thermo Poly Rock formam as paredes de sustentação da casa, que pode ser cober-ta externamente com tijolos ou pedra, en-quanto o interior pode ganhar uma camada de isolamento térmico e ficar com a mesma aparência de uma casa tradicional. As telhas também são feitas de material reciclado.

O diretor-gerente da Affresol, Ian McPherson, diz que o novo material é mais leve e resis-tente que concreto, é térmico, impermeável, não-inflamável e não apodrece.

A empresa estima que a vida útil das casas seja de cerca de 60 anos, mas diz que os ele-mentos do Thermo Poly Rock podem ser no-vamente reciclados ao fim deste período.

“Todos os países do mundo têm proble-mas com lixo e agora temos a oportunida-de de transformar este lixo em um recurso de construção de moradias 100% reciclável”, diz McPherson.

Agora a empresa aguarda aprovação para construir 19 casas em Merthyr, no País de Gales, como parte de um projeto-piloto. Fonte: BBC Brasil

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A casa deUma delas foi desenvolvida há menos de dois anos pela Telhas Leve, empresa com sede em Manaus (AM) e responsável por uma rede de revendedores em todo o país. São telhados feitos a partir das garrafas de água mineral e refrigerante.

A fi rma, criada em 1997 por Luiz Antônio Pe-reira Formariz e alguns sócios, começou a fa-bricar telhas em polipropileno. Mas, tempos depois, decidiu optar pelo material de plás-tico abundante no lixo doméstico e rico em qualidades. “O PET é a resina com maior du-rabilidade, tem uma vida útil muito longa. Além disso, trata-se de produto nobre. Como consumimos o líquido que vem em seu inte-rior, nunca passou pelo processo de recicla-gem. É virgem”, explica.

O processo para desenvolver a tecnologia capaz de transformar garrafas de plástico em telhas seguras não foi simples, mas teve o auxílio da Fundação de Amparo à Pesqui-sa do Estado do Amazonas (Fapeam) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A Telhas Leve se inscreveu, em 2009, no edital do Programa de Apoio à Pesquisa em Micro e Pequenas Empresas, iniciativa pública que conta com investimentos totais na casa de 6 milhões de reais para o Amazonas. O resul-tado não poderia ser melhor: cerca de 150 mil reais de incentivo do governo no caixa da fi rma para estudos e testes.

Atualmente, a empresa tem 28 funcioná-rios fixos e capacidade para reciclar 24 tone-ladas de garrafas PET por dia. A oferta não é totalmente satisfeita porque só é possível conseguir por mês, em média, 80 toneladas do material em Manaus. O ciclo não é mui-to complicado: Luiz Antônio recebe o plásti-co na sede da Telhas Leve de, mais ou me-nos, cem cooperativas, muitas vezes pren-sado e sujo. Paga-se 800 reais por tonelada. Em seguida, o material é lavado duas vezes e transformado em espécies de flakes dentro de um moinho (pequenos pedaços que, uni-dos, formarão a telha).

Nenhum processo é manual, a não ser a separação inicial do que chega à fábrica. Ao todo, cerca de 400 pessoas participam do tra-balho, desde a coleta até a confecção fi nal. “Depois, são mais dois processos de lavagem, um de separação dos rótulos, tampas e outras impurezas, nova lavagem e secagem. Neste ponto podemos armazenar e transformar em

Telhado à base

telha. Ao todo, temos potencial para produ-zir 10 mil metros quadrados do produto por mês”, assegura Formariz.

Similar à telha de barro, a feita com garrafas PET é um pouco mais cara: o metro quadrado custa 36 reais, enquanto a tradicional é adquiri-da por 19 reais na capital do Amazonas. O peso, no entanto, começa a dar uma boa diferença en-tre as duas. Enquanto a telha de plástico tem 5,8 quilos, a outra chega a 60 quilos. Por isso, o custo da estrutura de uma telha de barro gira em tor-no de 65 a 70 reais por metro quadrado. A daque-la encontrada na Telhas Leve, porém, não passa de 15 reais. Uma casa popular média necessita de 55 a 60 metros quadrados do produto.

Uma das maiores necessidades vistas pela equipe da empresa era saber qual a vida útil da telha oferecida. Para tanto, pediram ajuda ao departamento de engenharia de materiais da Universidade Federal de São Carlos (UFS-Car), em São Paulo. Apesar de não serem 100% conclusivas, as respostas foram satisfatórias. “A máquina que temos aqui simula e acelera o envelhecimento. Em princípio, todos os plásti-cos sofrem perda de composição devido à ação de intempéries. A expectativa era de que ela durasse por volta de 50 anos, mas não chega a tanto. É possível fazer com que demore mais, com tratamentos especiais à base de resina de poliuretano, por exemplo”, afi rma o professor Elias Hage, um dos responsáveis pelo estudo.

Entre as principais características das telhas plásticas estão a resistência ao ressecamento e a fi xação através de abraçadeiras de nylons especiais, o que protege contra ventos fortes. Além disso, a inclusão de aditivos anti-raios ultra violeta (uv) permite maior combate à radiação solar. O principal, no entanto, é que utiliza um terço da matéria-prima necessária à fabricação das telhas de barro e não há des-matamento de fl orestas ou queima da lenha nos fornos. A telha utiliza um terço da maté-ria-prima necessária à fabricação das telhas de barro e não há desmatamento de fl orestas ou queima da lenha nos fornos.

As famigeradas garrafas PET

costumam permanecer

centenas de anos na natureza

após o descarte. Isso signifi ca, entre muitos

outros impactos ambientais, a

redução na vida útil de aterros sanitários e a

contaminação de lençóis freáticos,

rios e redes de esgoto. O que

pouca gente sabe é que há soluções

para reintegrar a matéria-prima

à linha de produção, algo

capaz de reduzir o desmatamento e a

emissão de gases do efeito estufa

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mar 2010 revista do meio ambiente

consumo responsável

A fi m de fomentar refl exão sobre o impacto de tudo aquilo que é consumido, o Institu-to Akatu pelo Consumo Consciente, organi-zação não governamental sem fi ns lucrativos com nove anos de história, procurou a agên-cia Lew’Lara\TBWA em busca de uma forma diferente de fazer os brasileiros refl etirem so-bre o tema. Para isso, a agência criou uma cam-panha que exacerba o impacto de uma compra, no limite da caricatura. O programa Fantástico, da TV Globo, se interessou pela iniciativa. Assim, as partes simularam a existência de empreendi-mentos imobiliários de luxo no morro da Urca, no Rio de Janeiro; em ilhas artifi ciais exclusi-vamente criadas na Lagoa da Conceição, em Florianópolis e no Lago Paranoá, no Distrito Federal; e nas areias das praias de Boa Viagem, no Recife, e de Pitangueiras, no Guarujá. O resul-tado mostrou a existência de muitos interessa-dos em adquirir apartamentos, apesar das ca-racterísticas fantasiosas dos empreendimentos.

Iniciado em 2009, o projeto foi concretizado como se o empreendimento realmente existis-se, com stand de vendas, folhetos, site, anúncio e faixa de promoção em avião, garantindo que os estímulos de persuasão fossem semelhantes aos usados na realidade. A enquete visava co-nhecer a opinião das pessoas. Havia o pressu-posto de que prevaleceria o ponto de vista éti-co na visão das iniciativas pelas pessoas. Mas não foi essa a reação da maioria. “O interesse de muitos brasileiros em comprar uma unida-de em um dos empreendimentos refl ete o fato de vivermos em uma sociedade em que as pessoas não sabem o que está por trás do seu próprio consumo”, explica Helio Mattar, diretor presidente do Instituto Akatu.

A aprovação dos empreendimentos do Guarujá, Recife e Florianópolis foi apresentada no dia 07 de março no Fantástico. No litoral de São Paulo, 59% das pessoas gostaram da ideia de construir o prédio nas areias de Pitangueiras, 31% foram

Em campanha desenvolvida pela Lew’Lara\TBWA e em parceria com o programa Fantástico, Akatu propõe enquete para desvendar a visão brasileira do consumo

O interesse de muitos brasileiros em comprar uma unidade em um dos empreendimentos refl ete o fato de vivermos em uma sociedade em que as pessoas não sabem o que está por trás do seu próprio consumo (Helio Mattar, diretor presidente do Instituto Akatu)

Sonho de consumo

Folheto do empreendimento do Guarujá

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mar 2010revista do meio ambiente

Quase todos os postos indígenas

estavam localizados nas próprias aldeias indígenas, ou perto

delas, sem interferir em sua vida

cotidiana. Alguns deles já eram mais

que centenares, pois, ou foram criados

por Rondon, ou vêm ainda desde

o Império

Instituto Akatu pelo consumo conscienteCriado em 15 de março de 2001 (Dia Mundial do Consumidor) no âmbito do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, o Instituto Akatu pelo Consumo Consciente é uma organização não governamental sem fi ns lucrativos que conscientiza e mobiliza a sociedade para o consumo consciente. A palavra “Akatu” vem do tupi e signifi ca, ao mesmo tempo, “semente boa” e “mundo melhor”, traduzindo a ideia de que o mundo melhor está contido nas ações de cada indivíduo. Para o Instituto Akatu, o ato de consumo deve ser um ato de cidadania, por meio do qual qualquer consumidor pode contribuir para a sustentabilidade do planeta, seja com o consumo de recursos naturais, produtos e serviços ou pela valorização da Responsabilidade Social Empresarial. O consumidor consciente busca o equilíbrio entre a sua satisfação pessoal, a preservação do meio ambiente e o bem estar da sociedade, refl etindo sobre o que consome e prestigiando empresas comprometidas com a responsabilidade social. Contribuir para que o consumidor deixe de ser um espectador dos problemas derivados dos atos de consumo e passe a ser um agente das soluções é o principal objetivo do Instituto Akatu.

Banners promocionais dos empreendimentos fi ctíciosBanners promocionais dos

contra e apenas 9% não deram opinião sobre o empreendimento. No Recife, 61% aprovaram a iniciativa, 22% a criticaram e 17% não se manifes-taram. Já na capital catarinense, 46% preferiam não opinar, 41% foram a favor e 12% foram con-tra. No próximo domingo, o programa irá mos-trar os resultados de Brasília e Rio de Janeiro.

Esses resultados deixam claro que, ainda que em uma situação caricatural, a maioria dos brasileiros não faz a relação entre o consumo e seus impactos e assim não avalia criticamente as questões éticas e de valores envolvidas na decisão de consumo, se limitando a indagar sobre a legalidade do que irá adquirir.

Helio Mattar esclarece que é fundamental não apontar o dedo para quem manifestou desejo em comprar um apartamento. “Esse é o contex-to cultural da sociedade em que vivemos, onde não se desenvolve a sensibilidade para as con-sequências do consumo. Neste caso, as conse-quências dos empreendimentos sobre o cole-tivo da sociedade são evidentes e, ainda assim, a maioria das pessoas expressou sua aprova-ção quanto aos mesmos. Quando houver uma maior consciência dos impactos, as pessoas não comprarão produtos com fortes impactos ne-gativos sobre a sociedade ou o meio ambiente. Hoje, para a maioria da população, ainda não é assim – hoje, se é legal, é ético”, completa.

A cultura social em vigor revela que não há preocupação com o outro, que só é levado em consideração o bem-estar próprio. “Caso se pensasse nas outras pessoas, no impacto que esses prédios têm em todos os demais, nin-guém iria querer comprá-los. Quando todos tiverem a consciência de que não existe ne-nhum ato de consumo de produto ou de servi-ço que não traga consequências para a socie-dade, o meio ambiente e a economia, e usarem esta consciência para tomarem decisões que melhorem, e não piorem, a sociedade, con-seguiremos construir um mundo novo: uma sociedade mais sustentável”, conclui Helio. Fonte: Kátia Pula – CDN

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ciência

Segundo os pesquisadores, o fenômeno até agora desconhecido poderá levar a uma nova forma de produzir eletricidade. O fenômeno, descrito como “ondas termoelétricas”, “abre uma nova área de pesquisa na área de energia, o que é raro,” afirmou Michael Strano, um dos autores do estudo que foi publicado no dia 7 de março na revista Nature Materials.

Da mesma forma que um monte de detritos é atirado pelas ondas em uma praia depois de terem viajado pelo oceano, a onda térmica – um pulso de calor em movimento – viajando ao longo do fio microscópico de carbono pode arrastar elétrons em seu caminho, criando uma corrente elétrica.

O ingrediente principal dessa nova receita de energia é o nanotubo de carbono, uma es-trutura com dimensões na faixa dos bilionési-mos de metro, na qual os átomos de carbono estão dispostos como se fossem uma tela de arame enrolada. Os nanotubos de carbono fa-zem parte de uma família muito promissora de novas materiais, que inclui ainda os bucky-balls e o grafeno.

Princípio de funcionamentoNo estudo, cada um dos nanotubos de car-

bono, que são bons condutores tanto de ele-tricidade quanto de calor, foram recobertos com uma camada de um combustível alta-mente reativo e que gera um forte calor à me-dida que se decompõe.

O combustível é então inflamado em um dos lados dos nanotubos, o que pode ser feito por um feixe de laser ou por uma faísca elétrica, re-sultando em uma onda térmica que se desloca velozmente ao longo do nanotubo de carbono.

O calor do combustível é transferido para o na-notubo, onde ele passa a se deslocar milhares de vezes mais rapidamente do que a própria quei-ma do combustível. À medida que o calor, que caminha mais rápido do que a chama, realimen-ta a camada de combustível, cria-se uma onda térmica que caminha ao longo do nanotubo.

Com uma temperatura de mais de 2.700º C (3.000 K), o anel de calor se espalha ao longo do nanotubo a uma velocidade 10 mil vezes

maior do que o espalhamento normal da reação química de queima do combustível. O calor produzido pela combustão também desloca elétrons pelo nanotubo, criando uma corrente elétrica significativa.

Ondas de combustãoOndas de combustão – neste caso o pulso de

calor viajando através do fio de carbono – “têm sido estudadas matematicamente há mais de 100 anos,” afirma Strano, mas esta é a primeira vez que se observa seu efeito em um nanotubo, verificando que a onda de calor pode movimen-tar elétrons em intensidade suficiente para pro-duzir eletricidade em quantidade apreciável.

A intensidade do pico de tensão criado ini-cialmente ao longo dos nanotubos imediata-mente surpreendeu os pesquisadores. Depois de refinarem as condições do experimento, o sistema gerou uma energia que, proporcio-nalmente ao seu peso, é cerca de 100 vezes maior do que um peso equivalente de uma bateria de íons de lítio, as mais avançadas atualmente disponíveis.

Arrastamento eletrônicoA quantidade de energia liberada é muito

maior do que a prevista pelos cálculos termo-elétricos. Embora muitos materiais semicon-dutores possam produzir um potencial elétri-co quando aquecidos, por meio do chamado efeito Seebeck, este efeito é muito fraco no carbono. “Nós chamamos [o fenômeno] de arrastamento eletrônico, uma vez que parte da corrente parece estar em escala com a ve-locidade da onda,” diz Strano.

A onda térmica parece capturar e arrastar os transportadores de carga elétrica – ou elétrons ou lacunas de elétrons – da mesma forma que uma onda do mar pode capturar um monte de detritos ao longo da superfície e arrastá-lo. E, no caso do experimento gerador de eletricidade, a intensidade de portadores de carga “captura-dos” parece depender da velocidade da onda.

A teoria prevê que alguns tipos de combustí-vel – o material reagente usado para revestir o nanotubo – poderão produzir ondas que osci-

Um grupo de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de

Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, descobriu

um fenômeno inédito que faz com que ondas

de energia sejam criadas ao longo

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mar 2010revista do meio ambiente

lam. Desta forma, seria possível gerar corrente alternada, a mesma que abastece as residên-cias e que é a base das ondas de rádio usadas em todos os dispositivos sem fios, como tele-fones celulares, aparelhos de GPS e inúmeros outros. Hoje, embora necessitem de corrente alternada, esses dispositivos utilizam baterias que geram corrente contínua, que deve ser convertida antes do uso. Este é o próximo ex-perimento que os cientistas planejam fazer.

AplicaçõesOs pesquisadores afirmam que, por ser mui-

to recente, é difícil prever as aplicações possí-veis da nova forma de geração de energia. Mas Strano se arrisca a falar na alimentação de mi-núsculos sensores ambientais, que poderiam ser espalhados pelo meio ambiente como se fossem poeira no ar, alimentados pela minús-cula bateria de nanotubo de carbono.

Ou dispositivos médicos, nos quais o calor e a luz gerados poderiam ter interesse para o monitoramento de cápsulas do tamanho de grãos de arroz no interior do corpo humano, assim como para o aquecimento de determi-nadas áreas a serem tratadas.

De qualquer forma, é mesmo muito cedo para se falar em substituição de baterias. Ain-da que eventuais baterias que funcionem sob o novo princípio possam armazenar sua ener-gia indefinidamente, o sistema ainda é bas-tante ineficiente – a maior parte da energia é dissipada na forma de calor e luz – e pouco prático – baterias que se inflamam terão sé-rios problemas de segurança e conforto.

Um potencial de melhoria do sistema estaria na utilização de nanotubos distanciados uns dos outros, permitindo uma forma de contro-le da queima. Isso também aumentaria a efici-ência do gerador, uma vez que os experimentos demonstraram que nanotubos individuais são mais eficientes na geração de energia do que na-notubos aglomerados em grandes amostras. Fonte: Inovação Tecnológica

Petição: não à exclusão dos biólogos na área ambiental

excluíDosdos concursos

Ao Conselho Federal de Biologia e RegionaisNós, biólogos, abaixo assinados, demostramos nossa indignação com a exclusão de nossa profissão em diversos concursos públicos na área ambiental e de educação ambiental (ex: INFRAERO, FUNAI, Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, etc), onde só é permitida a concorrência a Engenheiros.Diante disto solicitamos maior fiscalização e ação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Biologia no acompanhamento dos concursos públicos que envolvam áreas em que o Biólogo tenha competência para atuar profissionalmente. Ciente do inciso XVI do artigo 22, CF, que determina in litteris: “Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) XVI – organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões.”, assim como se constitui em função dos Conselhos Regionais de Biologia, assim como do Conselho Federal de Biologia, tomar providências em relação a concursos que excluam a participação de Biólogos, por determinação dos arts. 10 e 12 da Lei 6.684/79: “Art. 10 - Compete ao Conselho Federal: (...) III - Supervisionar a fiscalização do exercício profissional em todo o território nacional; Art. 12 - Compete aos Conselhos Regionais: (...) XII - fiscalizar o exercício profissional na área da sua jurisdição, representando, inclusive, às autoridades competentes, sobre os fatos que apurar e cuja solução ou repressão não seja de sua alçada”.Esperamos que a profissão do Biólogo seja respeitada e mantida nos pleitos de que ele é parte. Fonte: Pedrini ([email protected])

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mar 2010 revista do meio ambiente

O pesquisador Richard Gross e seus co-laboradores do Laboratório de Propul-são da Nasa avaliaram, com a ajuda de computadores, de que forma o abalo de 8,8 graus na escala Richter poderia ter alterado a rotação do planeta.

De acordo com o estudo, o tremor fez com que um dia na Terra passasse a ter 1,26 mi-crossegundos – um microssegundo é a mi-lionésima parte de um segundo – a menos.

Além disso, os cientistas chegaram à con-clusão de que o eixo da Terra – sobre o qual a massa do planeta se mantém equilibra-da e que é diferente do eixo norte-sul, de polo a polo – mudou em 2,7 milissegundos (cerca de oito centímetros).

Ainda segundo o cientista, o mesmo modelo de cálculo foi usado para fazer a mesma ava-liação no caso do terremoto que atingiu a ilha de Sumatra (Indonésia) em 2004. Por causa daquele tremor de 9,1 graus na escala Richter, os dias foram reduzidos em 6,8 microsegun-dos, e o eixo do planeta sofreu redução de 2,32 milisegundos – cerca de 7 centímetros.

Gross afi rmou que apesar do terremoto no Chile ter sido menor do que aquele, pro-vocou mais alteração no eixo terrestre por ter ocorrido mais longe da linha do equa-dor, e porque a falha geológica na qual aconteceu o terremoto chileno foi mais profunda e ocorreu em um ângulo ligeira-mente mais acentuado do que a responsá-vel pelo terremoto de Sumatra. Fonte: EFE

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Dois em cada três brasileiros vão ir às urnas pensando em algo mais do que emprego, bolsa família ou impostos: a novidade é à entrada das mudanças climáticas na agenda do eleitor. Os furações extratropicais no Sul do país, os alagamentos e chuvas torrenciais em Belo Horizonte e São Paulo, o radicalismo da seca no Nordeste e as temperaturas cada vez mais extremas em todo o país estão forçando um novo tema na cabeça do votante brasileiro. 66% dos brasi-leiros vão decidir seu voto levando em consideração como os candidatos se po-sicionam diante desta questão, que hoje adquire um tom tão dramático quan-to à fome ou a recessão e tão cotidiano como o desemprego ou a infl ação.

curtos

Mudanças climáticas entram no cálculo do eleitor do País

ciência

O forte terremoto que atingiu o Chile

no último fi m de semana pode ter movido o eixo da

Terra e encurtado a duração dos dias, segundo cientistas

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Mudanças climáticas serão um dos mais importantes assuntos que infl uenciarão meu voto nas eleições 2010?

Fonte: pesquisa BarômetroAmbiental da Market Analysis, realizado com 835 adultos com 18 ou mais anosresidentes nas nove maiores capitais do país (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Porto Alegre, Curitiba, Goiânia e Brasília). Entrevistasrealizadas por telefone durante o mês de Julho de 2009. Margem de erro = +/- 3.4%.

Os jovens são os mais sensíveis à mobilização eleitoral ao redor da ques-tão das mudanças climáticas: 73% dos que têm 18-24 anos colocam a questão no topo da agenda, o menor percentual está entre os mais velhos (55-69 anos=52%), criando um corte geracional importantíssimo ao redor do tema. As mulheres são também um pouco mais preocupadas pelo tema do que os homens (68% vs. 64%). Surpreendemente, não é a elite econômica. As classes, média e média baixa são as mais sensibilizadas pela questão e as que, por-tanto, teriam maior receptividade para uma candidatura que coloque no cen-tro do debate a questão ambiental. Em termos regionais são as cidades do Nordeste (Recife: 86% e Salvador: 75%) e Goiânia (73%) as que aderem mais a uma plataforma sobremudanças climáticas. Os eleitores de Brasília são os que dão menor peso a questão (só 50% deles vs. a média nacional de 66%).

Respostas (%)Concorda totalmente

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Concorda em parte27,6

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Discorda totalmente15,4

Discorda em parte14,7

Soma dos Discorda30,1

Não concorda nem discorda 1,9

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mar 2010revista do meio ambiente

Leia um trecho de um pronunciamento do Senador Arthur Virgílio, do PSDB do Amazô-nas, sobre um evento ocorrido no seu estado. O pronunciamento ocorreu no dia 10/11/2009:

Uma cobra sucuriju, uma cobra sucuri, imen-sa, enlaçou um jovem. O jovem fez o que lhe cabia fazer: defendeu-se. Como estava armado com uma faca, feriu a cobra e a matou. Acre-dite V. Exª ou não, o Ibama multou o rapaz em R$800,00.

Eu fiquei imaginando a cena ridícula: o ra-paz, então, para economizar R$800,00, deveria ter morrido. Ele assim economizaria R$800,00 para a sua família. Por outro lado, se a cobra ti-vesse vencido a peleja, o Ibama não mergulha-ria nas águas profundas do rio Solimões para aplicar nenhuma multa ao animal.

E aí, o Ibama multa um rapaz em R$800,00, porque foi, nas águas do rio Solimões, ataca-do por uma cobra sucuriju. Ele puxa uma faca, defende-se e mata a cobra.

Como ele cometeu para esse agente do Ibama um erro terrível, o crime, o delito de se salvar, foi multado em R$800,00.

Aí vejam o Ibama: o Ibama, então, valori-za a vida da cobra, que é muito importante para os ecossistemas da região, e arbitrou em R$800,00, o que é pouco, e arbitrou em nada,

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em zero real, a vida desse jovem, conterrâneo meu. Se ele tivesse sido mais bonzinho com o Ibama, ele teria morrido. Pronto. Não have-ria problema nenhum. Nós lamentaríamos a morte de um brasileiro e não haveria essa cena ridícula, grotesca, que o Jornal Nacional exibiu com toda a crueza.

Aparte do Senador Jefferson Praia:Apenas, Senador Arthur Virgílio, para desta-

car uma das questões que V. Exª conhece bem, que é quanto o Ibama é detestado no nosso Estado. Deveria ser o contrário. Num Estado que tem o maior percentual de preservação e conservação ambiental, o Ibama era para ter uma boa imagem por parte do homem e da mulher do Estado do Amazonas.

Mas o que percebemos são ações como essa, atos como esse de alguém que trabalha no Iba-ma, de um fiscal do Ibama, que age de uma for-ma não correta em relação a um ser humano que está ali na Amazônia. Nós temos de perce-ber que o foco é o ser humano na nossa região. Nós já percebemos isso. V. Exª, eu e muitos dos Senadores que estão aqui. O foco são os seres humanos da Amazônia. São eles que vão garan-tir, é claro, com uma melhor qualidade de vida, aquela região preservada e conservada.

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mar 2010 revista do meio ambiente

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especial água – entrevista

Confira a entrevista do procurador da República no Pará Ubiratan Cazetta do Ministério Público Federal (MPF) ao jornal Brasil de Fato.

Qual a avaliação do MPF sobre o empreendimento de Belo Monte?Ubiratan Cazetta: A gente tem acompanhado isso há muito tempo e nós, como instituição, não temos posição em relação a empreendimentos ou de-fesa de empreendimentos. A gente luta pelo cumprimento de uma série de regras que devem ser observadas e como esse tipo de empreendimento, de grande porte, é sempre muito complicado, tem o nosso acompanhamento.O que nós temos visto no caso de Belo Monte: primeiro, desde sempre, há uma falta de transparência em relação aos dados do empreendimento, seus impac-tos e até mesmo a escolha por ele. Nós achamos que é um empreendimento bastante complexo, que afeta populações tradicionais, que afeta ribeirinhos, municípios do ponto de vista ambiental. Nós achamos que há uma dúvida muito pertinente em relação à viabilidade econômico-financeira do empre-endimento, a começar pela variação entre os custos que se cogitou e também da produção de energia, da quantidade efetiva de produção de energia.A gente tem acompanhado todos esses questionamentos e identificou-se que o licenciamento não observou uma série de requisitos, entre eles alguns que, para nós, obrigatoriamente deveriam constar no estudo de impacto am-biental. Para citar um exemplo, a questão do diagnóstico em relação às co-munidades ribeirinhas. Nesse contexto todo, somado à falta de audiências públicas e ao componente indígena da questão que não nos parece ter sido resolvido, nós entendemos que essa pressa em ver a obra licitada ao leilão para que os consórcios que vão receber a possibilidade de explorar o recurso hídrico se formem, tudo isso acaba indo contra o cumprimento das regras ambientais e socioambientais que deveriam ser a base desse licenciamento.Em relação a essa pressa de tocar o empreendimento de Belo Monte, como o senhor citou, como o MPF analisa também os outros projetos energéti-cos projetados para a Amazônia, como as hidrelétricas do Rio Madeira?

UC: Acho que falta ao Brasil uma discussão um pouco mais centrada e um pouco menos publicitária sobre alternativas de produção de energia. Nós temos uma tradição de produção de energia hidrelétrica, uma tradição de enge-nharia nessa área e isso acaba fazendo com que as soluções sempre caiam prioritariamen-te sobre essa matriz energética. Nós desconsi-deramos as outras potenciais fontes de ener-gia, tanto as renováveis, como elétrica, eólica, solar ou de biocombustíveis, como também a melhoria no aproveitamento do recurso já ins-talado nas hidrelétricas. Há dois exemplos em relação a isso. Um na questão da diminuição das perdas de energia na transmissão e distri-buição e, outro, na eventual possibilidade de repotencialização das usinas mais antigas.A questão da discussão do setor elétrico no Brasil é tão focada na hidrelétrica que não con-segue ver alternativas. Isso é um erro histórico porque os grandes potenciais hídricos estão na Amazônia, a implantação de todos esses apro-veitamentos, como por exemplo quatro ou cinco barramentos no Rio Tapajós, outros tan-tos no Madeira, outros no Araguaia-Tocantins, e vai acabar condicionando qual é o modelo de desenvolvimento sustentável que se pode ter na Amazônia. E não será um modelo que contempla a diversidade porque esse modelo está voltado à atração de mão-de-obra, uma

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Entrevista com Dr. Ubiratan Cazetta, MPF, sobre as obras da Hidrelétrica de Belo Monte

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mar 2010revista do meio ambiente

transparência

reprodução de ocupação de uma outra área que não é a Amazônia. Para nós isso é um erro histórico porque você não dá margem para dis-cussão de outras vocações para a Amazônia.Esse empreendimento produz algum tipo de vantagem para as populações locais ou atende basicamente interesses externos?UC: Em relação a esse ponto nós não fazemos essa segregação do que seja propriamente in-teresse amazônico ou não, nós reconhecemos que o sistema elétrico realmente tem um com-ponente federal e deve ser assim mesmo. O que nos preocupa é uma visão de enclave, que é você criar nessas hidrelétricas um enclave econômico em que não haja nenhum tipo de compensação, nenhum tipo de visão dos problemas amazôni-cos. Ou pior, que é a importação de um modelo de desenvolvimento do sul-sudeste para a Ama-zônia, que será um desastre porque não conside-ra exatamente as especificidades da região. Ou então a concentração em algumas atividades, como é o caso da atividade mineral. Nós vamos discutir a vocação mineral da Amazônia mas

inserindo essa vocação mineral dentro de um projeto maior que contemple as diferenças e não apenas grandes projetos como Carajás.Como o MPF recebeu o posicionamento público da Advocacia-Geral da União (AGU) que amea-çou processar membros da entidade que conti-nuarem se colocarem contra Belo Monte?UC: Recebemos com tranquilidade e entende-mos que sobre uma obra desse porte, em um ano eleitoral, sendo a principal obra do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] haja pressões muito fortes sobre a Advocacia-Geral da União e elatenha tentado mandar seus re-cados publicamente. Agora, é lamentável esse tipode comportamento porque não havia ne-nhum tipo de posição manifestada pelo Minis-tério Público Federal sobre propositura de ação A, B ou C a não ser a já reconhecida e discutida posição do Ministério Público sobre falhas que nós já vínhamos apontando sobre o licencia-mento. Então me parece que a atuação da AGU foi intempestiva porque ela pressupõe uma agressão que não houve e tenta, de alguma for-ma, mudar o enfoque da questão. O foco do Mi-nistério Público é um foco técnico, um foco cen-trado nas questões ambientais e não há nada de pessoal nem nada de partidário ou precon-ceituoso nessa questão. Nós recebemos o reca-do público, anotamos e vamos continuar traba-lhando da mesma forma como vínhamos an-

tes, esperando que a Advocacia-Geral da União tenha também o cuidado e o zelo que exigiu de nós na própria nota à imprensa [que divulgou].O que o Ministério Público Federal pretende fazer a partir de agora, com a concessão da licença prévia?UC: Nós estamos aguardando a recepção de to-dos os documentos, além da própria licença e das análises que foram feitas pelo Ibama. Va-mos estudar todas as condicionantes e todo o licenciamento. Alguns pontos já estão identifi-cados como problemáticos, eu já citei um, que é a falta de inclusão nos estudos de impacto ambiental de pelo menos 12 mil famílias de ri-beirinhos que, pelo Ibama, foram considerados como condicionante. Os outros pontos que nós identificarmos serão objetos de uma ação le-vando ao juízo e ao Judiciário a possibilidade de discutir se esselicenciamento está correto ou não. Agora, a atuação do Ministério Público não para aí, ela vai continuar sempre zelando pelo cumprimento das regras constitucionais que é obrigação do Estado brasileiro. Então vamos acompanhar o licenciamento, tentaremos de-monstrar as falhas e refazer esse licenciamento diante das falhas que se identificarem, vamos acompanhar os leilões e acompanhar quan-do e, se for o caso, a implantação da obra com todos os problemas que ela vai gerar.

E, para o MPF, qual seria o papel da popula-ção nesse processo?UC: Temos aí sociedade civil organizada e te-mos obviamente todo tipo de interesse. O im-portante é que a sociedade brasileira se mani-feste claramente em relação a esse projeto de desenvolvimento amazônico. Nós precisamos ter uma manifestação cada vez mais clara da sociedade civil sobre o que ela deseja. Essa pos-tura um tanto passiva que nós, de um modo geral, temos em relação a grandes empreendi-mentos como esse precisa ser vencida. E a so-ciedade tem que expor seus problemas, suas dificuldades, o que pensa dessa questão. Isso se dá de diversas formas, desde organizações civis até discussões nos próprios lares para que haja uma manifestação mais clara disso. Aque-les que tiverem interesse obviamente podem se organizar, podem inclusive discutir em juízo o que entenderem equivocado nesse processo de licenciamento ou no processo todo de Belo Monte. O mais importante é deixar claro que, enfim, estamos acompanhando e que todo esse trabalho é absolutamente técnico mas centrado no reconhecimento de que não se pode colocar um empreendimento desse porte sem discutir com a sociedade antes. Fonte: Brasil de Fato

A questão da discussão do setor elétrico no Brasil é tão focada na hidrelétrica que não consegue ver alternativas. Isso é um erro histórico porque os grandes potenciais hídricos estão na Amazônia, a implantação de todos esses aproveitamentos, como por exemplo quatro ou cinco barramentos no Rio Tapajós, outros tantos no Madeira, outros no Araguaia-Tocantins, e vai acabar condicionando qual é o modelo de desenvolvimento sustentável que se pode ter na Amazônia, (Ubiratan Cazetta, procurador da República no Pará)

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mar 2010 revista do meio ambiente

especial água – mudanças climáticas

Iceberg ameaça

Pesquisadores australianos afirmam que o iceberg – que tem aproximadamente a me-tade do tamanho do Distrito Federal e está flutuando ao sul da Austrália – pode blo-quear uma área que produz um quarto de toda a água densa e gelada do mar. Segun-do os cientistas, uma desaceleração na produ-ção desta água densa e gelada pode resultar em invernos mais frios no Atlântico Norte.

Neal Young, um glaciologista do Centro de Pesquisa de Ecossistemas e Clima Antártico na Tasmânia, disse à BBC que qualquer inter-rupção na produção destas águas profundas super frias na região pode afetar as correntes oceânicas e, consequentemente, os padrões de clima ao longo de anos.

“Esta área é responsável por cerca de 25% de toda a produção da água de baixo na Antárti-ca e, portanto, irá reduzir a taxa de circulação de cima para baixo”, afirmou Neal Young.

“Você não irá ver isso imediatamente, mas haverá efeitos corrente abaixo. E também ha-verá implicações para os pinguins e outros animais selvagens que normalmente usam esta área para alimentar-se”, completou.

Água abertaO iceberg está flutuando em uma área de

água aberta cercada de gelo do mar e conhe-cida como polinia.

A água gelada e densa produzida pela poli-nia desce para o fundo do mar e cria a água densa salgada que tem papel-chave na cir-culação dos oceanos ao redor do globo.

Benoit Legresy, um glaciologista francês, afirmou que o iceberg descolou-se da Gelei-ra Mertz, uma língua de gelo saliente de 160 km na Antártida Leste, ao sul de Melbourne.

O iceberg foi deslocado pela colisão com outro iceberg maior e mais velho, conhecido como B-9B, que rompeu-se em 1987.

“A língua de gelo já está quase quebrada. Ela está pendurada como um dente frouxo”, afirmou Legresy.

“Se eles (os icebergs) ficarem nesta área – o que é provável – eles podem bloquear a pro-dução desta água densa, colocando essencial-mente uma tampa na polinia”, acrescentou. Fonte: BBC Brasil / AFP

Um vasto iceberg que se descolou do continente Antártico depois de ser abalroado por outro iceberg gigante pode causar alterações nas correntes marítimas do planeta e no clima, alertaram cientistas

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A revista científica Nature Geoscience reti-rou de seus arquivos um estudo que proje-tava a elevação do nível do mar em até 82 centímetros até o fim do século em razão do aquecimento global. O cientista responsável pela pesquisa, Mark Siddall, do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Bristol, afirmou que havia dois erros técnicos em seu trabalho, comprometendo as conclusões. Ele não soube dizer se suas projeções estavam su-perestimadas ou subestimadas.

O estudo foi publicado em 2009 e confirmou as conclusões do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em in-glês), elaborado em 2007. Para isso, o cientista analisou dados dos últimos 22 mil anos. Na épo-ca, Siddall afirmou que o estudo “fortalece a con-fiança para se interpretar os resultados do IPCC”.

De acordo com IPCC, o nível do mar prova-velmente subiria entre 18 e 59 centímetros até 2100, embora o documento ressaltasse que a projeção se baseava em informações incom-pletas sobre o derretimento da camada de gelo e que a elevação real poderia ser maior.

Muitos cientistas criticaram a abordagem do IPCC como muito conservadora. Vários es-tudos posteriores sugeriram que o nível do mar poderia se elevar mais. Martin Vermeer, da Universidade de Tecnologia de Helsinque, na Finlândia, e Stefan Rahmstorf, do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre Impactos Climá-ticos na Alemanha, publicaram um estudo em dezembro do ano passado que projetava o au-mento de 0,75 metro para 1,9 metro até 2100.

Ao anunciar a retirada formal do estudo da publicação, Siddall disse: “Essa é uma das coi-sas que acontecem. As pessoas cometem erros

na projeçãoApós erro, revista científica retirou estudo sobre

elevação do nível do mar

e erros ocorrem em ciência”. Ele explicou que havia dois erros técnicos separados no estu-do que foram apontados por outros cientistas após a publicação. Pelo fato de os erros com-prometerem as conclusões do estudo, foi pedi-da uma retirada formal da pesquisa dos arqui-vos da revista, em vez de uma correção.

O Nature Publishing Group, que publica Nature Geoscience, informou que esse foi o primeiro trabalho retirado da publicação des-de sua criação em 2007. O trabalho, intitulado Constraints on future sea-level rise from past sea-level change, usou dados de corais fósseis e registros de temperatura derivados de medi-ções do núcleo do gelo para reconstruir como o nível do mar flutuou com a temperatura des-de o pico da última era do gelo. A partir destes parâmetros, foi construída a projeção de como ele subiria nas próximas décadas.

Numa declaração conjunta, os autores do es-tudo disseram: “Desde a publicação, tomamos consciência de dois erros que incidem sobre uma estimativa detalhada da elevação futura do nível do mar. Isso significa que não pode-mos mais tirar conclusões firmes com respeito à elevação do nível do mar no século 21 desse estudo sem novos trabalhos.”

Segundo eles, um dos erros foi por causa de um “julgamento defeituoso” e o outro ocorreu por não considerarem integralmente as mudan-ças de temperatura nos últimos dois mil anos. “Por conta dessas questões, retiramos o traba-lho e investiremos em novas pesquisas para corrigir esses erros”, disse Siddall. O pesquisador também agradeceu Vermeer e Rahmstorf por “trazerem essas questões à nossa atenção”. Fonte: O Estado de São Paulo

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A retirada [da pesquisa] é uma parte normal do processo de publicação. A ciência é um jogo complexo e há procedimentos estabelecidos que funcionam como verificações e balanços(Mark Siddall, do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Bristol, o cientista responsável pela pesquisa)

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Sempre que dou aula de Clínica Médica a es-tudantes do quarto ano de Medicina, lanço a pergunta: “Quais as causas que mais fazem o vovô ou a vovó terem confusão mental?”. Alguns arriscam: “Tumor na cabeça”. Eu digo: “Não”. Outros apostam: “Mal de Alzheimer”. Respondo, novamente: “Não”. A cada nega-tiva a turma se espanta. E fica ainda mais boquiaberta quando enumero os três respon-sáveis mais comuns:1. diabetes descontrolado;2. infecção urinária;3. a família passou o dia inteiro no shopping, enquanto os idosos ficaram em casa.

Parece brincadeira, mas não é. Constantemen-te vovô e vovó, sem sentir sede, deixam de to-mar líquidos. Quando falta gente em casa para lembrá-los, desidratam-se com rapidez. A desi-dratação tende a ser grave e afeta todo o orga-nismo. Pode causar confusão mental abrupta, queda de pressão arterial, aumento dos bati-mentos cardíacos (“batedeira”), angina (dor no peito), coma e até morte.

Não é brincadeira. Ao nascermos, 90% do nos-so corpo é constituído de água. Na adolescência, isso cai para 70%. Na fase adulta, para 60%. Na terceira idade, que começa aos 60 anos, temos pouco mais de 50% de água. Isso faz parte do processo natural de envelhecimento. Portanto, de saída, os idosos têm menor reserva hídrica.

Mas há outro complicador: mesmo desi-dratados, eles não sentem vontade de tomar água, pois os seus mecanismos de equilíbrio interno não funcionam muito bem.

Explico: nós temos sensores de água em vá-rias partes do organismo. São eles que verifi-cam a adequação do nível. Quando ele cai acio-na-se automaticamente um “alarme”. Pouca água significa menor quantidade de sangue, de oxigênio e de sais minerais em nossas arté-rias e veias. Por isso, o corpo “pede” água. A in-formação é passada ao cérebro, a gente sente sede e sai em busca de líquidos.

Nos idosos, porém, esses mecanismos são me-nos eficientes. A detecção de falta de água corpo-ral e a percepção da sede ficam prejudicadas. Al-guns, ainda, devido a certas doenças, como a do-lorosa artrose, evitam movimentar-se até para ir tomar água. Conclusão: idosos desidratam-se facilmente não apenas porque possuem reserva

*Conceição Trucom é química, cientista, palestrante e escreve sobre temas voltados

para o bem-estar e qualidade de vida. Mantém ainda o site www.docelimao.com.br

Água e

hídrica menor, mas também porque percebem menos a falta de água em seu corpo. Além disso, para a desidratação ser grave, eles não precisam de grandes perdas, como diarréias, vômitos ou exposição intensa ao sol. Basta o dia estar quen-te ou a umidade do ar baixar muito, como tem sido comum nos últimos meses.

Nessas situações, perde-se mais água pela respiração e pelo suor. Se não houver reposi-ção adequada, é desidratação na certa. Mes-mo que o idoso seja saudável, fica prejudica-do o desempenho das reações químicas e fun-ções de todo o seu organismo, principalmente, a eletroquímica (100% dependente da água e sais minerais) do cérebro.

Por isso, aqui vão dois alertas. O primeiro é para vovós e vovôs: tornem voluntário o hábito de be-ber líquidos. Bebam toda vez que houver uma oportunidade. Por líquido entenda-se água, su-cos, chás, água-de-coco, vitaminas. Sopa, frutas ricas em água, como melão, melancia, abacaxi, laranja e tangerina também funcionam. O im-portante é, a cada duas horas, botar algum líqui-do para dentro. Lembrem-se disso!

Meu segundo alerta é para os familiares: ofe-reçam constantemente líquidos aos idosos. Lembrem-lhes de que isso é vital. Ao mesmo tempo, fiquem atentos. Ao perceberem que estão rejeitando líquidos e, de um dia para o outro, ficam confusos, irritadiços, fora do ar, atenção. É quase certo que esses sintomas sejam decorrentes de desidratação. Líquido neles e rápido para um serviço médico. Jornal dos Amigos

Saiba mais1. Sem água, o cérebro se desliga, pois todas as suas funções ocorrem através de reações eletroquímicas, ou seja, a água e os sais minerais nela dissolvidos são fundamentais para conduzir a corrente elétrica e todas as informações neuronais, celulares.2. A água estruturada e os sais minerais encontram-se somente, e em abundância, nos alimentos de origem vegetal, crus, frescos, maduros e idealmente orgânicos.

envelhecimentoA desidratação no idoso tende a ser grave e pode afetar todo o organismo. Saiba como agir e evitar esse problema

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especial água – espaço infantil

Dia mundial

O que é, o que é: bonita e não tem cor, gostosa e não

tem sabor?

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1O que é o que é:

cai em pé e corre deitada?

O que é, o que é: atravessa o rio

mas não se molha?

3 5Porque a água

foi presa?

4O que é, o que é:

não tem pé e corre, tem leito e não dorme, quando para, morre?

Respostas: 1 - Chuva • 2 - Água • 3 - Ponte • 4 - Rio • 5 - Porque matou a sede.

Porque dizem que a água está acabando se tem tanta água no planeta?

A água é um elemento essencial à vida. Mas, a água potável não estará disponível infinitamente. Ela é um recurso limitado.

Apesar da água ocupar 70% da superfície da Terra, apenas 0,01% pode ser consumida. Ou seja, é pouca a quantidade de água que pode ser po-tencialmente usada! Além disso, ela também se encontra ameaçada pela poluição, pela contaminação e pelas alterações climáticas que o ser huma-no vem provocando. Trazendo grande perigo para a saúde e bem-estar do homem! Por isso, cada um de nós deve usar a água com mais economia!

Algumas dicas para que todos possam ajudar a economizar água:1. Fechar a torneira enquanto estiver escovando os dentes.2. Não lavar calçadas, apenas varrê-las.3. Fechar a torneira enquanto estiver se ensaboando no banho.4. Lavar o carro somente quando for necessário e eliminar o costume de empregar mangueiras, preferindo usar um pano úmido e uma quantidade controlada de água em um balde.5. Quando ensaboamos a louça, devemos deixar a torneira da pia fechada.

Estas medidas simples podem economizar muitos litros de água e também boa quantidade de dinheiro! fonte: http://smartkids.com.br/especiais/agua

O Dia Mundial da Água precisa ser mais lem-brado e celebrado. É muito importante preser-var e não poluir nossos rios e mares. Os rios garantem a nossa água de todos os dias e os mares preservam a vida no planeta! Você sa-bia que apesar da água ocupar 70% da superfí-cie da Terra, apenas 0,01% pode ser consumi-da? Por isto é muito importante economizar! Saiba mais sobre a água no especial abaixo.

A água é muito importante para a vida e está presente em muitas atividades do nosso dia-a-dia:1. Em nossa higiene diária, quando tomamos banho, lavamos as mãos antes das refeições, escovamos os dentes etc.2. Em nosso lazer, quando nos refrescamos na praia ou brincamos na piscina.3. Na hidratação do nosso corpo, quando be-bemos água pura ou outros líquidos.4. Em tarefas domésticas, como lavar louças, roupas e limpar pisos, etc.

A água está presente nos menores movimen-tos do nosso corpo, como no piscar de olhos. Afinal, mais de 70% do corpo humano é com-posto de água! Como vimos, a água é essen-cial para a nossa vida e bem-estar!

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Em um país em desenvolvimento como o Brasil, investir na geração empregos da cha-mada economia “verde” pode ser uma boa solução para reduzir a pobreza, afirma um estudo publicado pelo CIP-CI (Centro Inter-nacional de Políticas para o Crescimento In-clusivo), um órgão do PNUD em parceria com o governo brasileiro.

O pesquisador Maikel Lieuw-Song, autor do estudo intitulado Empregos “verdes” aos po-bres: por que uma abordagem pública de ge-ração de empregos é necessária agora e ex-di-retor da unidade de Programas Expandidos de Obras Públicas no Departamento de Obras Públicas da África do Sul, defende no documen-to os benefícios dos investimentos “verdes”, em especial os destinados a acelerar a transição em direção a economias de baixo carbono.

Entre estas atividades ambientais estão o plantio de vegetação nativa, remoção de es-pécies invasoras, construção de infraestrutura para diminuir a erosão do solo, proteção de re-servas e gerenciamento de bacias hidrográfi-cas, que, segundo o autor, exigem um esforço físico maior, e, por isso, “tem o potencial de criar emprego aos pobres”. Os benefícios trazidos por estas políticas podem ser sentidos pelos pobres e pelas comunidades locais. Além disso, o lucro decorrente destas atividades ambientais pode diminuir a pressão para explorar o meio am-biente, na opinião do pesquisador.

Tantos aspectos positivos acabam, no entanto, sendo ofuscados pela falta de parâmetros para medir, de forma apurada, os benefícios de se in-vestir no meio ambiente. “Essa indefinição faz com que os investimentos não sejam reconhe-cidos como importantes para reduzir a pobreza e auxiliar em políticas ambientais”, acrescenta.

Esta situação leva a uma série de proble-mas: em primeiro lugar, é difícil competir por recursos com outros projetos cujos benefícios são mais fáceis de ser quantificados. Por sua vez, a ausência de um mercado para absorver a maior dos serviços atrelados ao ecossiste-ma agrava a questão, já que estes não têm seu valor reconhecido.

Papel do governoNo estudo, Lieuw-Song defende também que, em muitos casos, os go-

vernos deveriam tomar a liderança e fazer estes investimentos, usando programas públicos para criar trabalhos envolvendo atividades ambien-tais e tornando a geração de emprego para os pobres parte integrante das estratégias de redução da pobreza.

Em uma época de crise como a atual, em que há muitos desempregados por causa da recessão financeira, os governos devem desempenhar um papel maior quando os mecanismos de controle da economia estão falhando ou não funcionam, argumenta o ex-diretor da unidade de Programas Expandi-dos de Obras Públicas no Departamento de Obras Públicas da África do Sul.

“É certamente claro que os riscos de não se investir em recursos naturais são enormes, tanto em termos da escala do impacto quanto do risco a longo prazo e irreversível que pode ser causado”, ressalta o pesquisador, que acrescenta que mesmo quando os benefícios não podem ser medidos de forma apurada, eles eventualmente trazem vantagens ao governo, seja direta ou indiretamente.

De uma forma geral, o autor afirma que é necessário fazer mais inves-timentos em gerenciamento de recursos naturais e no meio ambiente. “Programas de geração de emprego públicos centrados no meio ambiente representam uma sinergia destas duas mudanças, e ele garantem nossa atenção e consideração agora – não somente como medidas de combate à crise, mas também como intervenções políticas importantes para o crescimento inclusivo e sustentável”, defende. Fonte: PNUD Brasil

Estudo defende benefícios de investir em geração de trabalhos ligados ao meio ambiente, para facilitar transição a economia de baixo carbono

empregos “verDes” contra a pobreza

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Crianças aprendem técnicas de restauro da mata nativa para melhorar as condições de vida de suas famílias em El Paraiso, Honduras

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mar 2010revista do meio ambiente

PROPOSTA DA OFICINA:Informar sobre questões ambientais e capacitar as pessoas a produzirem sua própria folha de papel reciclado artesanal, um negócio que pode render muito lucro

PÚBLICO ALVO: Educadores, professores, gestores ambientais, acadêmicos e profi ssionais da áreaDATA E HORÁRIO: ConsultarLOCAL: CRIAR ofi cina de estudos • Rua Lemos Cunha, 485 • Icaraí • NiteróiINSCRIÇÕES: Rua Eduardo Luis Gomes, 184 • Centro • Niterói (rua atrás do Niterói Shopping)CONTATOS e INSCRIÇÕES: (21) 3021-7771 • (21) 7681-3334INVESTIMENTO: R$ 35,00 por pessoa • inclui CD, apostila e certifi cado

Plante para colher no futuro

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O que e onde estudar?O problema, contudo, é o que estudar para

atuar nestas áreas. O professor do Insper des-taca que, em muitos casos, ainda não exis-tem carreiras específi cas. “Uma boa opção é seguir a carreira de engenharia. São profi ssio-nais com formação mais completa e ampla. Por isso, têm mais oportunidades de trabalho. Este profi ssional acaba atuando em várias áreas de destaque, de acordo com a demanda do mercado”, informa Sousa.

Ele lembrou ainda que a especialização des-tes profi ssionais depende de investimento em educação no Brasil. “Temos muitos problemas para desenvolver a educação. Há pouco inves-timento. É preciso levar em conta que a forma-ção necessita de tempo para a maturação. Até por isso, profi ssionais autodidatas são mais valorizados no mercado”, afi rma.

O professor de relações do trabalho da Univer-sidade de São Paulo, José Pastore, afi rma que, com as condições atuais, o Brasil não tem como preparar profi ssionais em tempo hábil para estas áreas. “Estamos numa corrida na qual o alvo é um ponto móvel que se descola a cada dia. Para ‘criar tempo’ será preciso uma amplia-ção brutal da rede de escolas, sem perder quali-dade! É um enorme desafi o”, afi rma. Fonte: Último Segundo – iG

As melhores oportunidades de trabalho nes-ta década e na próxima estão reservadas para os profi ssionais que atuarem em áre-as ligadas à preservação do meio ambiente, relações internacionais, qualidade de vida e internet. A opinião é consenso entre espe-cialistas e estudiosos do assunto. “As condi-ções econômicas podem mudar, mas esta é uma tendência que já se consolidou no cená-rio mundial”, afi rma o professor de gestão de pessoas do Insper, Marcus Sousa.

Para o Brasil, além destas áreas, a previsão é de grande demanda por profi ssionais capacitados para a área de serviços. Sousa lembra que dois eventos devem trazer para o País turistas do mundo todo – Copa em 2014 e Olimpíadas em 2016 – e isso valorizará as pessoas com habilida-des em relacionamento humano. “São os gesto-res de redes de relacionamento, os gestores de atendimento e, se tiverem formação em atendi-mento virtual, será melhor ainda”, explica.

Além disso, a expectativa de continuidade do crescimento econômico no País continuará mexendo com o mercado de trabalho. O País vai precisar de profi ssionais da área de infraes-trutura e de setores da indústria que produzem bens voltados para as classes mais baixas.

O professor do Núcleo de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho do Instituto de Econo-mia da Unicamp, Anselmo L. Santos, cita os se-tores de calçados, têxtil, material de constru-ção e bens populares. Ele destaca também o setor de petróleo como importante foco para contratações. “A exploração do pré-sal vai exi-gir mão-de-obra especializada. A Petrobras vai intensifi car estas contratações”, prevê.

o futuro

Comentário do leitor do Portal Vejo que as oportunidades no mercado de trabaho para a área ambiental não são tão reais. Conheço amigos que são formados em Engenharia Ambiental e continuam desempregados e sem oportunidades. Vejo que técnicos de segurança e outras funções acabam desempenhando as funções que seriam do profi ssional formado na área ambiental. Hamilton

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Carreiras do futuro estão em meio ambiente, serviços e internet

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Nas últimas semanas tem corrido livre pela internet emails, com o assunto “Ajudem a di-vulgar este absurdo”, contendo fotos de pes-soas coletando ovos de tartarugas marinhas e os carregando em grandes sacos. O e-mail termina solicitando “Favor difundir. Roubam os ovos das tartarugas para vender aos gourmets sofisticados. Repassem, o planeta agradece”.

Por orientação do Projeto Tamar – ICMBio/Fun-dação Pró-Tamar, patrocinado pela Petrobras, é importante esclarecer os fatos e estabele-cer a verdade, pois o que sugerem o texto e as imagens não é exatamente o que parece. É mais uma “pegadinha” da Internet.

A verdadeA Costa Rica tem enorme tradição de conser-

vação das tartarugas marinhas. O pesquisador americano Archier Car, pioneiro na conserva-ção de tartarugas marinhas, há 50 anos já tra-balhava para preservar a espécie Lepidochelys olivacea (tartaruga oliva) em Tortugueiro, Costa Rica, hoje um dos maiores sítios de desovas dessa espécie no mundo.

E uma das características mais impressionan-te dessa espécie é que ela produz as Arribadas, um fenômeno que ocorre exclusivamente na Costa Rica. As tartarugas saem juntas da água em direção à praia para desovar, aos milhares, por várias noites seguidas. São mil na primei-ra noite, cinco mil na segunda noite e assim por diante. Em cinco noites, cerca de 100 mil tartarugas desovam em pequenas praias, com cerca de 300 metros, em um verdadeiro engar-rafamento na areia. Os ninhos das primeiras fêmeas são revirados pelas outras, expondo-os ao tempo e aos predadores (aves, onças, croco-dilos e gambás), o que muitas vezes inviabiliza o sucesso reprodutivo.

Na Praia de Ostional, na Costa Rica, onde esse fenômeno também acontece, e que está retra-tado nas imagens, os moradores locais, basea-dos em dados biológicos, são autorizados a fa-zer o aproveitamento dos ovos que são depo-sitados nos dois primeiros dias da arribada e que seriam destruídos pelas fêmeas que deso-vam nas noites seguintes. Ou seja, os morado-res locais coletam os ovos depositados somen-te nas duas primeiras noites e deixam os ovos desovados nas três noites seguintes.

Como tudo na vida há prós e contras, críti-cas e elogios. Porém, os conservacionistas da Costa Rica acompanham, através das análi-ses científicas, o desenrolar dessa experiên-cia que há dezenas de anos mobiliza milha-res de pessoas e tartarugas. Como estratégia de conservação, busca-se fazer um manejo sustentado equilibrando os interesses. Assim não se perdem milhares de ovos, a comunida-de local tem uma fonte de renda e as tartaru-gas fêmeas não são capturadas e continuam se reproduzindo. Fonte: Walk Show

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A verdade sobre o alegado roubo

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Costa Rica de ovos?laDrões

30 Anos de Projeto Tamar – um fato curiosoNo Brasil não há arribadas e as tartarugas oliva concentram suas desovas no Estado de Sergipe e no litoral norte do Estado da Bahia, apresentando a maior recuperação populacional entre as cinco espécies que ocorrem no Brasil. Esse ano o Projeto Tamar comemora 30 anos de excelentes serviços prestados na proteção e monitoramento das tartarugas marinhas. Como elas podem levar até 30 anos para se tornarem adultas e aptas a se reproduzirem, estamos recebendo nas praias brasileiras a primeira geração de tartarugas protegidas pelo Projeto Tamar. Começaram protegendo cerca de duzentos ninhos da tartaruga oliva e hoje já são mais de seis mil ninhos por ano.

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Essa perda no número de insetos prejudica os países igualmente, mesmo que eles tenham diferentes climas, faunas e floras. Em qualquer tipo de ambiente onde vivem, as abelhas têm o importante papel de polinizar cerca de 75% das espécies vegetais consumidas pelos seres hu-manos e de produzirem o mel que também inte-gra o cardápio de muitas pessoas, além de fazer parte da composição de diversos cosméticos.

Tal sumiço generalizado já ganhou um nome: a sigla CCD, que em inglês significa “desordem de colapso de colônias”. Essa nomenclatura une pesquisas de diferentes partes do Hemis-fério Norte que seguem três linhas principais de investigação: o emprego de pesticidas na agricultura, um ácaro parasita chamado Var-roa ou até mesmo a diminuição de floradas no habitat – esses três fatores podem ser respon-sáveis pelo fenômeno de diminuição da quan-tidade de abelhas no mundo.

Chips na luta pela preservaçãoPara conseguirem mais dados, os biólogos tam-

bém empregam soluções criativas, como é o caso do grupo de cientistas franceses da Acta – Associação para Coordenação Técnica Agríco-la, de Lyon, que estão equipando os insetos com microchips dotados de rádios com identifica-dor de frequência, antes de liberá-los na natu-reza. Desta forma, o minúsculo aparelho regis-tra uma série de dados durante a vida do ani-mal em busca de pistas sobre seu extermínio.

Os dados mais atualizados sobre a diminui-ção da população mundial de abelhas vêm do Apimondia, congresso internacional apíco-la realizado em setembro de 2009 na França. Seus indicadores mostram que Europa, Esta-dos Unidos, China e países da América Latina, estão ameaçados por perdas ecológicas e eco-nômicas com o desaparecimento das abelhas.

Abelhas brasileiras são exceçõesO Brasil destaca-se como exceção entre os paí-

ses latino-americanos por não sofrer com o pro-blema. Segundo a Confederação Brasileira de Apicultura as abelhas brasileiras, conhecidas como africanizadas, possuem genética diferente das afetadas pelo sumiço, por isso não correm ris-co de extinção. Mesmo assim, vale prestar mais atenção a esse importante inseto que pode fazer muita falta na vida humana e na natureza. Fonte: Walk Show

Comentário do artigo no PortalElas podem até ter nascido no Brasil, mas certamente não são brasileiras. Brasileiras são as nativas, abelhas sem ferrão, como uruçu, jandaíra, mandaçaia, jataí, tubiba, tiuba, mumbuca, droriana, moça-branca, e centenas de outras que simplesmente a maioria dos brasileiros não conhecem! E essas são as verdadeiras polinizadoras de nossos biomas florestais, e que vem sendo exterminadas pela destruição de nossas matas. Pesquisem sobre meliponicultura!André Soares

As abelhas estão suminDo

Número de abelhas no mundo cai drasticamente. Sumiço do

inseto tem consequências ecológicas e econômicas

Europa, Estados Unidos, China e países da América Latina, estão ameaçados por perdas ecológicas e econômicas com o desaparecimento das abelhasH

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O deputado federal Aldo Rebelo (PC do B-SP), relator da Comissão Especial do Código Flo- restal da Câmara dos Deputados, disse que por causa de organizações não-gover-namentais, financiadas com recursos do ex-terior, e o Ministério do Meio Ambiente, o meio ambiente se tornou um entrave para o desenvolvimento do país, principalmente para a agricultura.

Aldo Rebelo participou, no dia 2 de março, de audiência pública na Assembleia Legislati-va do Piauí sobre as mudanças do Código Flo-restal. Participaram da audiência o presidente da Comissão Especial o presidente, deputado federal Moacir Neguileto (PMDB-PR), e os ou-tros integrantes, os deputados Osmar Júnior (PC do B-PI) e Carlos Brandão (PSDB-MA).

Rebelo disse que está conversando com as autoridades de cada Estado e autoridades ambientais e a partir desta audiência, vai formular um Código do Meio Ambiente, que contemple a produção e o desenvolvimento de cada Estado.

Aldo Rebelo afirmou que o Ministério do Meio Ambiente não leva em conta a realida-de de cada Estado e do Brasil e as Organiza-ções não Governamentais, que recebem fi-nanciamento estrangeiro, atuam livremen-te atrapalhando o desenvolvimento da agri-cultura do País.

Qual foi a conclusão que o senhor tirou da audiência pública na Assembleia Legislativa do Piauí?Aldo Rebelo: A audiência foi muito bem suce-dida, nós podemos colher opiniões diferentes, visões distintas da mesma questão e vamos levar em conta o que lá ouvimos para elaborar o nosso relatório.O que chamou a atenção nas discussões reali-zadas no Piauí?AR: Principalmente a aspiração legítima do Estado a ter o direito de se desenvolver, a usar a sua potencialidade econômica, agrícola e industrial e, ao mesmo tempo, manter a defe-sa do meio ambiente.O que deverá ser mudado no Código Florestal?AR: Nós estamos ouvindo as autoridades de cada Estado, os governantes, as organizações não go-vernamentais e, a partir dessas audiências, nós vamos formular um Código que defenda, ao mesmo tempo, o meio ambiente, a produção e o desenvolvimento do Brasil de cada Estado.O senhor tem criticado o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Por que?AR: Porque o Ministério do Meio Ambiente não leva em conta à realidade, a situação do Brasil, as organizações não-governamentais recebem financiamento estrangeiro, atuam livremente para tentar impedir o desenvolvi-mento da agricultura do país e o povo brasilei-

Deputado diz que Meio Ambiente e

ONG’s são entrave para desenvolvimentoo quê?

Meio ambiente

O povo brasileiro precisa tomar café da manhã, almoçar, jantar e ter uma agricultura que produza alimentos para nosso povo e para exportação. Temos que defender a agricultura e o meio ambiente

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mar 2010revista do meio ambiente

ro, mesmo os ecologistas, precisam tomar café da manhã, almoçar e jantar. Para isso, nós pre-cisamos de uma agricultura que produza ali-mentos para o nosso povo e, inclusive, para ex-portação. Então, é preciso preciso desenvolver o meio ambiente e defender a agricultura.Como o senhor então vê o fato de que muitas tragédias globais estão relacionadas com o não respeito ao meio ambiente?AR: As tragédias estão ligadas ao aquecimento da terra, cuja origem não temos provas de que seja relacionado com a agricultura. Não é um sujeito que está plantando milho, feijão, café e soja que é o responsável pelas tragédias do meio ambiente. Muitas vezes as tragédias do meio ambiente têm origem na indústria, no aqueci-mento global que vem do aquecimento solar e, portanto, nós temos que combinar o desenvolvi-mento da economia e do país, o desenvolvimen-to do nosso povo com o meio ambiente.A ação do ministro Carlos Minc está atrapa-lhando o desenvolvimento do país?AR: O meio ambiente se tornou em entrave não só para o desenvolvimento do país como, principalmente, para a agricultura. Nós vemos isso todos os dias. Basta observar que nós não conseguimos fazer uma obra de infraestrutu-ra, não conseguimos fazer rodovias, não con-seguimos fazer ferrovias, hidrovias, não conse-guimos fazer hidrelétricas para gerar energia para o desenvolvimento do país justamente porque as organizações não governamentais, que não têm interesse no desenvolvimento, bloqueiam todas essas iniciativas.Os governadores dos Estados têm essa preo-cupação com essa questão?AR: Não é só uma preocupação de governa-dores, mas de todos que têm interesse de pre-servar o meio ambiente, mas também que o Estado se desenvolva como se desenvolveu São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina. Nós perguntamos: o Piauí tem di-reito a se desenvolver, a ter uma agricultura forte, a ter rodovias, a ter ferrovias, portos e aeroportos? Eu acho que o Piauí, o Amazonas, todos os Estados têm esse direito. Você tem um Estado como São Paulo cruzado de rodo-vias, portos e aeroportos e o Estado do Ama-zonas não pode ter uma estrada sequer. Fonte: REBIA Sul / Rede na lagoa

Comentários dos leitores do PortalAlguém pode falar para o indivíduo que se o País investir mais em tecnologia para produção de alimentos não precisa destruir o planeta. Pessoas que têm pensamento extrativista não pensam, agem por instinto. Precisamos ter pessoas inteligentes na Câmara.João

Quando o deputado fala “ O meio ambiente se tornou em entrave não só para o desenvolvimento do país como, principalmente, para a agricultura.” ecoa o que pensa Lula e sua candidata a sucessão. Uma visão de um só olho! Querem anular os avanços e conquistas da sociedade e das leis ambientais, querem realizar obras sem licenças ambientais, ou manipular e mascarar os EIA-RIMAs para em nome do desenvolvimento, realizarem seu planos caolhos e ultrapassados com base no favorecimento de alguns em detrimento de todos. Vem tentando mudar as leis, com claras e bem articuladas defesa do empobrecimento da transparência e de descrédito das organizações não-governamentais, que defendem e lutam por sustentabilidade e não admitem que o governo faça o que bem entende, manipulando opinião pública, jogando-a contra seus verdadeiros defensores. Até contra o ministério Público, atentam.Contrariam e repudiam o próprio Ministério do Meio Ambiente e seu ministro, demostrando que o atual governo vê com um olho só, o olho da cobiça e benesse própria de seu apadrinhados ou financiadores, afim de realizar obras eleitoreiras e sem respeito as questões ambientais. E ainda querem incluir em seus discursos a defesa ambiental.É bom que o povo brasileiro esteja com seus dois olhos bem abertos, para identificar quem e com que intensão estes senhores do poder andam articulando, pois depois só vai nos restar nos mesmos olhos as lágrimas de lamentação.Fernando de Carvalho, Editor da EcoTV Boletim Ecológico da Pró-Fundação Sabor Natureza

Respeito a visão do deputado: é realmente difícil essa equação meio-ambiente x desenvolvimento. Só que o desmatamento para plantar soja, por exemplo, é um dos fatores do aquecimento global, e se não tivermos nossa “casa”, o planeta, ninguém vai poder tomar café, almoçar e jantar, não é mesmo? As florestas, as matas nativas são fundamentais para a saúde do planeta. Penso que os investimentos têm que ser em outros setores que gerem renda e empregos, por exemplo outras fontes de energia, como a solar e a eólica. Maria Luiza Bodê

Incrível! Há terra de sobra para a agricultura. Quantos milhões de terras degradadas existem no Brasil? Porque não recuperá-las? Porque temos que destruir o pouco que existe das araucárias, mata atlântica, do pantanal, dos manguezais e invadir a floresta amazônica? Quem dissse que o agronegócio planta alimentos? Senhor Aldo Rebelo, tenha paciência! Não entre para o rol dos planeticidas.Silvio Santana de Souza

O meio ambiente se tornou em entrave não só para o desenvolvimento do país como, principalmente, para a agricultura. Nós vemos isso todos os dias. Basta observar que nós não conseguimos fazer uma obra de infraestrutura, não conseguimos fazer rodovias, não conseguimos fazer ferrovias, hidrovias, não conseguimos fazer hidrelétricas para gerar energia para o desenvolvimento do país justamente porque as organizações não-governamentais, que não têm interesse no desenvolvimento, bloqueiam todas essas iniciativas

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sustentabilidade

O relatório de sustentabilidade, ou balanço social, é um instrumento que visa dar maior transparência às atividades empresariais e am-pliar o diálogo da organização com a sociedade, tendo em vista a ne-cessidade que as empresas e organizações têm de comunicar o sucesso e os desafios de suas estratégias socioambientais e a coerência ética das suas operações.

Ele pode ser defi nido como um documento anual produzido voluntaria-mente pela empresa após um esforço de “auditoria interna” para mapear seu grau de responsabilidade social. Essa “auditoria” busca entender a ges-tão do empreendimento e avaliá-la, segundo critérios ambientais, sociais e econômicos, nos diversos níveis: políticas de boa governança corporativa, valores, visão de futuro, avaliação de desempenho e desafi os propostos.

O relatório de sustentabilidade, ou balanço social, traz dados quantita-tivos e qualitativos que, além de demonstrar o andamento das ativida-des da empresa no ano anterior, podem orientar o planejamento para o ano seguinte. É um documento em que a empresa mostra, para o con-junto da sociedade, como ela se relaciona com seus profissionais (cola-boradores) e com a comunidade em que atua, o que faz em relação aos impactos causados por suas atividades nessa mesma comunidade e no meio ambiente, quais são suas diretrizes para relacionamento com seus fornecedores etc.

Principais ModelosHá três modelos-padrão de balanço social, ou relatório de sustentabi-

lidade, disponíveis no Brasil, dois nacionais – um deles proposto pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e o outro pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social – e um in-ternacional, sugerido pela Global Reporting Initiative (GRI). Todos visam definir as informações mínimas a serem publicadas para dar transpa-rência às atividades da empresa. Algumas organizações produzem rela-tórios com formato próprio, geralmente definido por sua área de comu-nicação, os quais não contêm as informações exigidas por nenhum dos modelos-padrão.

1. Modelo IbaseLançado em 1997, o Balanço Social Modelo Ibase

inspira-se no formato dos balanços fi nanceiros. Expõe, de maneira detalhada, os números asso-ciados à responsabilidade social da organização. Em forma de planilha, reúne informações sobre a folha de pagamentos, os gastos com encargos so-ciais de funcionários e a participação nos lucros. Além disso, detalha as despesas com controle am-biental e os investimentos sociais externos nas diversas áreas — educação, cultura, saúde etc.

2. Guia de Elaboração de Balanço Social do Instituto Ethos

Baseado num relato detalhado dos princípios e das ações da organização, este guia incorpora os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial e a planilha proposta pelo Ibase, su-gerindo um detalhamento maior do contexto das tomadas de decisão em relação aos proble-mas encontrados e aos resultados obtidos.

3. Diretrizes para Relatórios de Sustentabili-dade, da Global Reporting Initiative (GRI)

Este modelo, considerado o mais completo e abrangente, conta com princípios para defi ni-ção adequada do conteúdo do relatório e para garantir a qualidade da informação relatada, in-dicadores de desempenho e protocolos técnicos com metodologias de compilação, fontes de re-ferências etc. Considerado o padrão internacio-nal de relatórios de sustentabilidade, o modelo GRI está em sua terceira versão, a chamada G3, e já se encontra disponível em português.

Saiba mais o que é Relatório de Sustentabilidade, ou Balanço Social

A importância do balanço social

Acesse www.ibase.org.br e www.globalreporting.org

A participação neste evento é gratuita, mediante Credenciamento via site.Os participantes, mediante frequência, receberão certifi cado de participação.

Local: Teatro SESIMINAS Rua Padre Marinho 60, Santa Efi gênia, Centro

www.greenmeeting.org

X Encontro Verde das Américas* GREENMEETING 2010 *

25 a 27 de maio de 2010Belo Horizonte MG - Brasil

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www.estudiomutum.com.br • (11) 3852-5489 • skype: estudio.mutum

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mar 2010 revista do meio ambiente

natureza brasileira

O Subprograma Projetos Demonstrativos (PDA) do Ministério do Meio Ambiente lançou, na última quinta-feira (18/2), o edital da Chamada 09, que vai selecionar pelo menos 12 projetos para promover a con-servação da Mata Atlântica.

Com recursos da ordem de R$ 4,2 milhões, a Chamada 09 vai fi nanciar ações divididas em três temas: gestão participativa de unidades de con-servação (UC); adequação ambiental de imóveis rurais; e capacitação para a elaboração e implementação de planos municipais de conservação e recuperação da Mata Atlântica. O envio dos projetos vai até 19 de abril.

Podem concorrer à Chamada 09 organizações sem fins lucrativos da sociedade organizada brasileira, com atuação na área de meio ambien-te e desenvolvimento sustentável. Uma Câmara Técnica, composta por representantes do MMA, Instituto Chico Mendes e Ibama, vai analisar os projetos, que serão escolhidos em 20 de maio.

Esta chamada foi elaborada pelo PDA, da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável, junto com a Secretaria de Biodiver-sidade e Floresta e Instituto Chico Mendes. Além da elaboração do edital, essa parceria também vai melhorar a implementação dos projetos, além de monitorar e acompanhar os projetos contratados.

As organizações escolhidas terão de 18 a 24 meses para executar os pro-jetos, dependendo da área de atuação, com prestação de contas mensal. Os recursos são da Cooperação Financeira Brasil/Alemanha, por meio do banco alemão KfW.

A expectativa do secretário técnico do PDA, Luiz de Oliveira, é que pelo menos 50 projetos sejam inscritos. Para ele, os projetos devem ter inicia-tivas pioneiras que possam resultar em política pública para conservação da Mata Atlântica. “O objetivo não é solucionar todos os problemas, mas apontar os caminhos e os modelos que podem dar certo”, afi rmou.

Comitês GestoresO PDA vai destinar R$ 1.480.000,00 para

apoio a projetos do Tema 1 (capacitação em gestão participativa de UCs), sendo R$ 370 mil o valor máximo para cada projeto. Os projetos têm de fortalecer os Comitês Gestores da UC, envolvendo a população do entorno da unida-de na proteção da Mata Atlântica, ampliando a identifi cação da sociedade com a unidade.

Cada projeto precisa contemplar pelo menos duas unidades de conservação, fazendo com que a população que vive em torno da UC tenha uma identifi cação com o local e fortaleça a proteção da área. A organização escolhida também deve-rá contribuir na elaboração de planos de manejo e desenvolver ações de educação ambiental.

Já o Tema 2 (adequação ambiental de imóveis rurais) terá R$ 1.850.000,00. A ideia é ampliar a adequação ambiental dos imóveis rurais, com ações que promovam a identifi cação, demarca-ção, recuperação e averbação de Reservas Legais, bem como a identifi cação, demarcação e recu-peração de Áreas de Preservação Permanente. O valor máximo por projeto é de R$ 370 mil. As propostas deverão prever as etapas necessárias para a identifi cação das Reservas Legais nos imó-veis rurais, a instrução dos processos de aprova-ção da localização por parte das instituições ha-bilitadas e a respectiva averbação das Reservas Legais no Cartório de Registro de Imóveis.

O terceiro tema dá apoio fi nanceiro para ca-pacitar técnicos de órgãos públicos, prefeitu-ras, ONGs, para elaborar Planos de Conserva-ção e Recuperação da Mata Atlântica e para o fortalecimento dos Conselhos Municipais do Meio Ambiente nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, abrangendo os 17 estados que fa-zem parte da Mata Atlântica. Serão destina-dos R$ 900 mil, sendo que o valor máximo por projetos é de R$ 300 mil.

O PDA prepara as chamadas 10 e 11, volta-das para os biomas Amazônia e Mata Atlân-tica, e que deverão ser lançadas em abril, totalizando R$ 4,5 milhões de financiamen-to de projetos de proteção das florestas e na busca pela sustentabilidade. Fonte: EcoViagem / MMA

Financiando amata atlÂntica

Programa do Ministério do Meio Ambiente fi nancia projetos para conservação da Mata Atlântica

Mais informações, acesse: www.mma.gov.br/pda

Vista da Pedra da Macela, entre Cunha (SP) e Paraty (RJ), região

que abriga importantes áreas remanescentes da Mata Atlântica Es

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mar 2010revista do meio ambiente

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Araucárias Gigantes será ofi cialmente transformada em reserva

A RPPN das Araucárias Gigantes foi protoco-lada no início de janeiro e na semana passa-da já teve a vistoria da equipe de funcioná-rios do ICMBio, órgão do Ministério do Meio Ambiente responsável pelas unidades de conservação da natureza. Isto significa que nas próximas semanas já teremos a boa notí-cia de sua criação.

A imagem acima, à esquerda, mostra alguns exemplares das araucárias gigantes (Arauca-ria angustifolia, também conhecida como Pinheiro-do-Paraná) que ocorrem na RPPN. Observe a imponência desta magnífi ca árvo-re, como ela se destaca na fl oresta ao atingir uma altura de até 50 metros.

A araucária apresenta também uma grande longevidade. Na literatura* está registrado, pela contagem dos anéis de crescimento, araucárias com até 386 anos de idade. Certa vez, eu vi uma tora gigantesca de uma araucária no pátio de uma serraria em Itaiópolis. Então, com muita paciência, sob um sol de rachar, contei os anéis e lembro-me que eram mais de 300.

Repare na imagem da direita uma araucária morta que permaneceu em pé. Muitos acham que não há nenhum problema em “aprovei-tar” as árvores que morrem, como esta arau-cária. Engana-se terrivelmente quem pensa

assim. Estas árvores que morrem são a fonte de vida de uma fl oresta, são cruciais e tão im-portantes para a perpetuação da biodiversi-dade quanto às árvores vivas. A vida começa nestas árvores que morrem.

Quando uma árvore morre e começa a apodre-cer permanecendo em pé ou caindo, milhares de insetos depositam seus ovos nesse tronco em de-caimento. As larvas que se desenvolvem tornam-se uma fonte preciosa de alimento para os pica-paus e várias outras espécies de aves e mamífe-ros. Muitas espécies de aves usam estes troncos em processo de apodrecimento para construir cavidades para seus ninhos ou abrigos.

E quando o tronco se decompõe totalmente serve de adubo para as árvores que estão vivas. Ou seja, estas árvores que morrem são cruciais para manter o ciclo de vida de uma fl oresta.

A ganância de extrair da fl oresta a madeira das árvores que morrem naturalmente provoca também muita destruição. São abatidas dezenas de outras árvores e feita abertura de estradas, ou seja, são abertas grandes feridas na fl oresta.

Longa vida àsaraucárias gigantes

Riqueza da biodiversidade da RPPN das Araucárias Gigantes, em Itaiópolis (SC): exemplar macho da espécie Myscelia orsis, uma das mais belas borboletas do Brasil

*SANQUETTA, C. R.; TETTO, A. F.; FERNANDES, L. A. V., CORTE, A. P. D.; SOUZA, R. K. 2007. Pinheiro do Paraná: Lendas e Realidades. 2ª. Ed. Curitiba: Optagraf Editora e Gráfi ca.120p.

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mar 2010 revista do meio ambiente

RepararVocê comprou e quebrou? Nada de jogar fora. Antes de apelar para o

lixo, veja se não é possível reparar o produto. Muitas vezes um conser-to sai mais barato que comprar um produto novo e você evita que mais objetos lotem os lixões e aterros da sua cidade.

E essa regrinha não se aplica apenas a coisas quebradas. Você pode aperfeiçoar alguns equipamentos, como computadores, adicionando novas peças e trocando o que já não está tão bom.

educação ambiental

Como ajudaro planeta7 R´s para serem aplicados em 2010

Para muitas pessoas ano novo é sinônimo de novas resoluções e planos para o ano que está chegando. Mas dessa vez decidimos dar um forcinha a mais para a sua resolução de 2010 e preparamos não três, mas sete R’s para você aplicar no seu dia a dia e contribuir com o planeta.

Todo mundo já conhece o conceito dos 3 R’s: Reduzir, Reutilizar e Reci-clar. Apesar de bem difundido, o conceito é reproduzido e repensado de diversas formas e muitos outros “R’s” já surgiram por aí.

Nós selecionamos alguns desses conceitos para te inspirar a adotar no-vos hábitos nesse ano que está começando. Confira:

ReduzirMas se você realmente precisa daquilo, adquira-o da melhor forma possí-

vel, ou seja, reduzindo ao máximo o consumo e restringindo-se ao necessá-rio. Assim, quando for comprar alguma coisa, pense em como reduzir a quan-tidade de lixo que será gerado com aquilo e evite esbanjamentos.

Se você mora sozinho, por exemplo, não precisa comprar uma quantida-de grande de comidas perecíveis, já que as chances de elas fi carem ruins e acabarem no lixo são grandes. Ou ainda se for organizar a festinha de aniversário do seu fi lho e convidou 50 amiguinhos, para que comprar uma embalagem de talheres com 200 unidades?

RecusarSe você repensou e viu que não precisava comprar ou aceitar algum pro-

duto, simplesmente recuse. Pode parecer deselegante em um primeiro momento, mas você verá como essa ação simples pode evitar a geração de muito lixo desnecessário no planeta. Seja parado no trânsito, quando alguém lhe oferece um folheto que você sabe que não é do seu interesse, ou no caixa, quando o balconista lhe entrega um saco plástico para colo-car uns poucos produtos, apenas diga que não quer e, claro, agradeça.

Guia ajuda os professores a falar sobre meio ambiente na sala de aula

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http://www.portaldomeioambiente.org.br/ educacao-ambiental/3287-guia-ajuda-os-professores-a-falar-sobre-meio-ambiente-na-sala-de-aula.html

Professor, que tal incluir informações sobre meio ambiente nas suas aulas em 2010? Já que o ano está só começando, o Portal do Meio Ambiente dá uma forcinha.

Este material foi produzido pelo Minis-tério da Educação e, talvez, alguns pro-fessores joinvilenses já tenham se de-parado com ele em congressos e even-tos sobre educação ambiental.

Como o assunto é, na maioria das ve-zes, introduzido na sala de aula pelo es-forço pessoal dos educadores, especia-listas resolveram criar um guia, um mo-delo, um “primeiro passo”.

São 40 páginas de fácil leitura e com boas ideias que podem ser levadas para a sala de aula independentemente da idade dos alu-nos, do tipo de escola ou do modelo peda-gógico. Baixe o arquivo e bom ano letivo! Fonte: AN Verde

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mar 2010revista do meio ambiente

(22) 2762-0025 / 2770-4634 • [email protected]

• Carimbos automáticos• Cartões e panfletos coloridos• Impressos em geral• Placas de aço, metal, acrílico e outros• Crachás, broches, botons e acessórios• Sinalização de segurança e vias públicas• Imã de geladeira e carro• Chaveiros e brindes em geral• Xerox, encadernação, plastificação

Como ajudarReutilizar

E se não for possível consertar, tente reutilizar. Um objeto pode ganhar funções totalmente diferentes da original e ainda continuar muito efi-ciente – tudo isso sem causa agressões ao meio ambiente.

Uma garrafa de refrigerante pode virar um vaso para plantas, um pneu velho pode ser transformado na bóia da piscina e uma latinha de alumínio pode ser seu próximo porta-trecos.

ReciclarNão deu para reutilizar? Então renda-se à re-

ciclagem. Cada material deve ser condiciona-do em um coletor específico para ser levado para a reciclagem de acordo com sua nature-za. Você pode segregar os materiais em qual-quer lugar e levá-los diretamente aos centros de reciclagem ou procurar serviços de coleta que passem pela sua casa ou trabalho.

Lembre-se de seguir as especificações das cores (azul para papel, vermelho para plás-tico, verde para vidro e amarelo para metal) e procure guardar os objetos limpos e secos nos recipientes.

ReintegrarJá aquilo que não pode ser reciclado, como

restos de alimentos e outros materiais orgâ-nicos, pode ser reintegrado à natureza. Uma composteira orgânica é o melhor instrumen-to para transformar podas de árvores, cascas de verduras e outros materiais em adubo.

Existem diversos modelos de compostei-ras e certamente você encontrará uma ide-al para sua residência – seja ela uma casa com quintal ou um apartamento. O com-posto que resultar do processo é um mate-rial altamente nutritivo e pode ser utilizado em jardim, hortas e pomares.

Viu só como existem muitos caminhos antes de você jogar algo no lixo? Muitos de-les não exigem nenhum esforço, basta fa-zer uma escolha por uma atitude conscien-te ou não. Com essas dicas em mente, tente traçar metas para 2010 e comece o ano de forma mais sustentável.

Fonte: Eco Desenvolvimento D

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mar 2010 revista do meio ambiente

A transição para uma economia de baixo car-bono e com uma forte transversalidade em sustentabilidade exige uma sociedade bem informada, tanto no setor empresarial como em todas as áreas que envolvem gestão, ino-vação, ciência e cidadania. As mudanças nos modos de produção, na forma de encarar o con-sumo e na decisão empreendedora carecem, no entanto, de um modelo de comunicação social capaz de compreender estes desafios e informar com qualidade jornalística e precisão temática. O jornalismo pela sustentabilidade é um campo da comunicação relativamente novo, uma variante, ou mesmo uma evolução, do jornalismo ambiental, mas que exige conhe-cimento em diversas áreas, que incluem a eco-nomia, a cultura e o meio ambiente.

Quase todos os movimentos pela sustentabi-lidade e posturas empresariais de apoio estam-pam entre as principais questões para a tran-sição a necessidade dos processos de comuni-cação e da capacitação de comunicadores para atuarem com o tema. Uma das principais orga-nizações empresariais desta área, o Instituto Ethos, todos os anos, em sua Conferência Inter-nacional, talvez o principal encontro empresa-rial com foco em sustentabilidade da América Latina, dedica um espaço relevante ao debate

sobre Responsabilidade Socioambiental Empresarial (RSE) na Mídia, e leva para o palco diretores de grande veículos, acadêmicos e jornalistas.

Também há um crescimento consistente da presença dos temas socioam-bientais nos grandes meios de comunicação. Quase todos os grandes veícu-los do País contam com jornalistas com algum nível de especialização na área. No entanto, a vanguarda do assunto na mídia não é ocupada por es-tes grandes meios. São veículos especializados, em quase todos os suportes (papel, internet, rádio e TV), que dão o tom das discussões muito antes da grande imprensa. Aliás, são este veículos especializados, editados e dirigi-dos por profissionais de qualidade inquestionável, que pautam muitas das matérias que chegam ao grande público através das mídias convencionais.

Pode-se comparar, guardadas as diferenças óbvias, estas mídias socioam-bientais e de sustentabilidade, com os veículos de vanguarda que sustenta-ram a luta pela democracia nos anos 70 do século XX no Brasil. Movimento, Ex, CooJornal, Mulher e muitos outros. Hoje as mídias especializadas em susten-tabilidade são a vanguarda do conhecimento nesta área e são lidas, ouvidas e assistidas por formadores de opinião em governos, empresas e universidades. Elas semeiam ideias, dados e informações que tem o potencial transformador da economia. São elas que aproximam o público de pensadores como Ladislau Dowbor, Ignacy Sachs, Vandana Shiva, Vilmar Berna e outros que estão traba-lhando para mostrar o grande potencial de justiça social, preservação ambien-tal e geração de renda de uma economia capaz de incluir os quase sete bilhões de habitantes do planeta, e não apenas dois bilhões de privilegiados.

Estas mídias são financiadas basicamente por verbas publicitárias mar-ginais, quase donativos de empresas e agências de publicidade, que esti-cam suas ações de filantropia para a compra de espaços publicitários que não se justificam pelos critérios tradicionais da propaganda e do marketing. E, como costumam publicar em suas páginas, filantropia não é sustentabili-dade. Muitas destas mídias estão asfixiadas em sua capacidade de produzir e debater ideias. No entanto, são consideradas, nos discursos de executivos e por seus leitores, como essenciais para o debate democrático de ideias e conceitos que podem formar a plataforma de conhecimento necessária para a construção de um futuro com qualidade de vida no planeta.

É consenso que a prática do jornalismo é uma atividade relativamente cara, principalmente em um país com as proporções do Brasil. A especialização necessária para exercer o jornalismo com o viés da sustentabilidade também exige tempo e dedicação. Além disso, a maior parte dos bons veículos que tra-balham com este tema tem à frente profissionais experientes, com currículos invejáveis no cenário da comunicação, e que precisam ter sua contribuição para a construção de um saber social sobre sustentabilidade reconhecida. São editores de veículos como as revistas Plurale e Eco 21, o Portal e Revista do Meio Ambiente, a EcoAgência, a Envolverde, O Eco, Ideia Socioambiental, Filantropia, Carbono Brasil, Água Online e muitas outras, que precisam ser vistas não como simples mídias que valem por cotas de mil leitores (custo por mil) segundo as agências de propaganda.

Estas são mídias que valem por sua contribuição efetiva para a transforma-ção da sociedade, na construção de conceitos e saberes que se espalham e se amplificam a partir de suas páginas. É preciso que este papel tenha o reconhe-cimento das empresas e organizações capazes de apoiá-las e financiá-las, de forma que possam ampliar a ação e o alcance do jornalismo que praticam.

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Para escolher a sustentabilidade, a sociedade precisa receber

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