revista do ceat – nº4

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* NOTÍCIAS ON-LINE DO CENTRO DE ESTUDOS THEREZINHA GONZAGA FERREIRA overdose digital Francisco Bosco ressalta a necessidade de foco na busca de conteúdo em meio a tantas informações no mundo virtual ao mestre, com carinho Wilma favorito, ex- professora do CEAT, destaca o papel da escola na formação dos professores aprendendo a apreender Mônica Teixeira, coordenadora Pedagógica do Ensino Fundamental I do CEAT fala sobre a importância do processo de alfabetização inserido no contexto social Rio de Janeiro, novembro de 2013 ANO II . edição nº 4 revista

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Revista do Centro de Estudos do CEAT – Therezinha Gonzaga Ferreira, nº4

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Page 1: Revista do CEAT – nº4

* NOTÍCIAS ON-LINE DO CENTRO DE ESTUDOS THEREZINHA GONZAGA FERREIRA

overdose digital Francisco Bosco ressalta a necessidade de foco na busca de conteúdo em meio a tantas informações no mundo virtual

ao mestre, com carinho Wilma favorito, ex-professora do CEAT, destaca o papel da escola na formação dos professores

aprendendo a apreenderMônica Teixeira, coordenadora Pedagógica do Ensino Fundamental I do CEAT fala sobre a importância do processo de alfabetização inserido no contexto social

Rio de Janeiro, novembro de 2013

ANO II . edição nº 4revista

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pág 3

pág 10 e 12

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pág 16 e21

pág 24 e 27

editorial

na ponta do lápis

Formaria a mídia um gosto musical? _ por Valéria PrestesAlfabertizar-se é mais que ler palavras _por Ana Couto

saúde

Oficina Culinária _ por Suzete Marcolan

resenha _ por Ninfa Parreiras

opinião

Alfabetizar-se é mais que ler palavras _ por Mônica Maia

eu e o CEAT: depoimento de Wilma Favorito

s u m á r i o

pág 6

Entrevista com Francisco Bosco*

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pág 4

poética: palavras, contos e afins*

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opinião

Alfabetizar-se é mais que ler palavras _ por Mônica Maia

O quarto número de nossa revista digital oferece ao leitor uma viagem pelo caste-lo florentino, sede do CEAT, lugar onde os que aqui trabalham e estudam procuram entender melhor o mundo complexo e dinâmico em que vivemos.

Contamos com a ilustre visita do Francisco Bosco que, ao abrir as portas do passa-do, traz para o presente e aponta o futuro do que ele acredita ser a função das redes sociais e o papel da escola e da sociedade como um todo, na dinâmica da tecnologia atuando na comunicação.

A partir do desejo de interpretar o significado das palavras, em diferentes perspec-tivas da alfabetização, Mônica Maia nos leva a campos verdes e floridos dentro da própria escola, que revelam os mais belos e mágicos sentidos da vida: a leitura do mundo. Nos jardins de Mônica, Laura, a mais jovem moradora de lá, esconde-se como “Alice” nos recantos do seu pensamento inquieto e poético.

Nas antigas salas do castelo estão guardadas as mais vivas e alegres lembranças de quem ali passou alguns dos melhores anos de sua juventude. E isso é narrado numa carta emocionante da professora Wilma Favorito, que nos oferece um pun-gente relato de um sonho político.

Na sala de experiências culinárias, ao fazer o suco de maçã com limão, nos levando a experimentar o conhecimento construído através da prática e a prática nos levan-do ao conhecimento, Suzete nos ensina receitas saborosas e fortificantes.

Já Guta, descobre outros caminhos dentro do castelo, ao ensinar uma outra língua e a levar-nos a conhecer lugares com sua cultura, costumes e história.

E, por fim, Ninfa Parreiras convida o visitante a descobrir os segredos da nossa linda biblioteca que ela cuida com tanto esmero, com os livros de histórias das Florestas Raras. Trata-se, portanto, de uma edição bastante convidativa, que visi-tamos com você, leitor sempre bem-vindo!

FÁTIMA SERRA DIRETORA DO CENTRO DE ESTUDOS THEREZINHA GONZAGA FERREIRA

edito

rial

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Bilhe

tinho

por

Laur

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édio

*poéticapalavras, contos e afins

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Benzinho, estou louca. O mundo me está esquisito, as ruas trocadas, tá tudo invertido e de cabeça pra baixo. Ando, ando, sigo setas, sinais, placas, mas não me encontro. Tudo gira ao meu redor e nada faz sentido, e eu só quero uma resposta, céus, uma simples resposta! Às ve-zes o caminho parece certo, mas aparecem bem no meio pessoas interes-santes, cheiros gostosos e lugares atraentes e eu me distraio... No final da estrada aparece um espelho meio torto, com uns pedaços faltando, e não há reflexo! Fico sem identidade, fico frustrada, grito nomes, peço ajuda, mas estou muda e invisível. Corro para todos os lados, faço e refaço meus caminhos, mas é tudo igual! E quanto mais ando, mais distante pareço es-tar de mim mesma... Os caminhos são sempre os mesmos, já sei de cor e salteado cada passo que dei e todos os que ainda vou dar. Tudo está cada vez mais monótono, já me acostumei a fazer tantos círculos que quando me aparece um caminho diferente para seguir, fico com medo de mudar tudo de novo porque isso talvez me faça mal, talvez, talvez, sei lá. No en-tanto, algo me prende, tem algo me dizendo pra continuar porque vai ser melhor assim. Mas eu não sei, não... Eu percebo que não tá tudo bem e que eu posso me encontrar no final de outro caminho, onde talvez o vento que me arrasta mais pra cá esteja mais forte, mas e daí? Deve chegar um mo-mento em que ele para, né? Será que chega? Esquece, você não vai saber. Ninguém sabe, mas é por isso que eu tô andando feito louca, é por isso que eu tô distante e eu espero que você entenda, meu amor. Eu quero uma res-posta, você me conhece e sabe que não sou de ficar parada, tampouco de esconder debaixo do tapete. Então olha, eu tô indo, tá? A essa altura já devo estar chegando lá. Eu volto pra você, benzinho, eu volto pra ser feliz conti-go ou sozinha, como tenho andado. Mas não me espera não, vai se perder também que a gente deve se achar...

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Pensar hoje o lugar da escola na vida da gente é uma tarefa desafiadora. é uma tarefa que exige muita reflexão sobre diferentes asPectos da contemPoraneidade. mas, sem dúvida, o mais comPlexo é Pensar qual será o PaPel das redes sociais na vida de todos nós, na escola e fora dela. talvez uma Possível resPosta a essa questão esteja na vivência desse nosso momento, que Parece sinalizar a construção de novos Paradigmas, a tensão entre o novo e o antigo, na relação entre ambos.

nos últimos meses, vimos jovens se mobilizarem, Pensando e exPondo sua visão sobre a sociedade Por meio das redes sociais. e agora? qual é o melhor caminho Para a escola dialogar com esse conteúdo?

em entrevista à revista do ceat francisco bosco fala do desafio de educar na era das redes sociais

por Fátima Serra

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REVISTA: o que você pensa sobre os atuais conteúdos da escola e as informações que

circulam nas redes sociais?

Francisco Bosco: Não posso falar sobre os atuais conteúdos da escola porque não a frequento, como aluno, há muitos anos, e, como professor, só dei aulas em universidades e cursos livres. Sobre as redes sociais, há alguns aspectos a considerar. É preciso cada vez mais insistir na diferença entre informação e sentido. Informações são fragmentos de linguagem que, pelo seu excesso e a velocidade de sua circulação, podem não fazer sentido algum. Se abro a página principal de um site de notícias e passo os olhos por todas as chamadas, de cima a baixo, ao final desse tempo não terei produzido sentido, em sentido rigoroso. Deve-se portanto procurar equilibrar, na minha opinião, o caráter extraordinário da informação universal ao alcance de um clique, com a atitude contrária: focar, selecionar, examinar lentamente, procurar entender o sentido de tal informação. Questionar porque ela está ali, que posição ideológica ela revela, pesar a consistência de seus argumentos. Outro aspecto é que as redes sociais possuem uma lógica híbrida: meio privada, meio pública. Nela se veiculam tanto intimidades e trivialidades da vida privada como artigos da imprensa mundial e comentários de caráter público. Na sua dimensão privada, as redes sociais intensificam uma tendência histórica de inflação da intimidade verificada em diversos aspectos da vida contemporânea, desde o culto às celebridades - um culto masoquista da vida privada alheia - até os reality shows e

afins. É na sua dimensão pública que elas se apresentam como uma novidade histórica e, um último aspecto, é o de que não apenas fazem circular conteúdo de interesse público vindo de todo o mundo, como funcionam como uma metamídia, ou seja, uma mídia que critica a mídia tradicional. A grande imprensa (grandes jornais e redes de TV) no Brasil é concentrada nas mãos de poucos grupos, de posição ideológica bastante semelhante, refletindo interesses de classe. As redes sociais têm esclarecido o caráter ideológico dessa imprensa, deixando-a nua e mobilizando contraideologias, isto é, apresentando formas diferentes de se interpretar a realidade, os acontecimentos do presente.

Deve-se portanto procurar equilibrar, na minha opinião, o caráter extraordinário da informação universal ao alcance de um clique, com a atitude contrária: focar, selecionar, examinar lentamente, procurar entender o sentido de tal informação. Questionar porque ela está ali, que posição ideológica ela revela, pesar a consistência de seus argumentos.

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da grande imprensa. Mas repudio as ideias e atitudes de alguns de seus colaboradores. Assim como os Black Blocs, com os quais mantenho uma relação crítica complexa: identifico qualidades importantes, impasses insolúveis e condutas inaceitáveis.R.: Qual o impacto que essas alterações dos

movimentos conectados em redes sociais

podem causar nas relações institucionalizadas

e na própria convivência com elas?

F.B.: Acho que ninguém pode ainda responder a essa pergunta. Trata-se de uma experiência nova, cujo alcance político ainda está se desdobrando. Ele talvez cresça muito quando houver um acesso mais democrático à banda larga no Brasil.

R.: Será que, de fato, as organizações e, no caso,

as manifestações atuais sem uma direção, uma

liderança, podem ter continuidade? Poderão

efetivamente alterar a constituição dos

movimentos sociais com a construção de novas

formas de exigir direitos políticos e sociais?

F.B.: No meu modo de ver, embora não tenham sido representadas por instituições (partidos, movimentos sociais, sindicatos etc.), as manifestações tiveram uma direção principal: decretar a falência do sistema representativo brasileiro e exigir a melhoria dos serviços públicos. Estou entre os que consideram (acredito que seja a maioria) que isso só pode ser feito pela reforma radical das instituições e não pela recusa a elas. Os grupos que propõem modos

“horizontais” de organização - como os Black Blocs ou a mídia NINJA - têm revelado os problemas graves dessa proposta: sem princípios definidos, torna-se difícil apoiá-los. Particularmente, considero a mídia NINJA muito importante por seu trabalho de contraideologia, que revelou como nunca antes as manipulações ideológicas

As manifestações tiveram uma direção principal: decretar a falência do sistema representativo brasileiro e exigir a melhoria dos serviços públicos.

Particularmente, considero a mídia NINJA muito importante por seu trabalho de contraideologia, que revelou como nunca antes as manipulações ideológicas da grande imprensa. Mas repudio as ideias e atitudes de alguns de seus colaboradores.

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um gosto musical?Formaria a mídia

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Indústria cultural, conceito que se entende por uma organização e administração dentro da visão capitalista na esfera da arte, que produz “bens culturais” com o objetivo de atingir uma mas-sa social que, como consequência anula o seu espírito crítico, a imaginação, a espontaneidade e a fantasia.

A esses bens culturais, se faz necessário a manutenção do con-sumo aparecendo na música como fórmulas musicais projeta-das. Essas fórmulas de sucesso são dirigidas a uma massa so-cial, onde surge a cultura de massa.

Esses produtos são veiculados, além de outros meios, pela tele-visão e internet grandes forças da mídia. E o rádio, por ter sido o precursor, iniciou a difusão de um repertório musical que até então só era ouvido em determinadas ocasiões. Criou-se o hábi-to de se ouvir música como complemento sonoro de atividades diversas.

A mídia fica então com o papel de difundir um repertório ec-lético que satisfaça todas as fatias do mercado. Cabe ao ou-vinte filtrar o repertório de seu interesse pelo exame intuiti-vo. Dessa relação entre a mídia e o ouvinte, cria-se o espaço “intermediário” que Swanwick descreveu como sendo um es-paço aberto que potencializa a troca. Dessa troca, em sala de aula, surge o diálogo entre professor e aluno onde é possível a interferência do professor acarretando em transformações para a criação de novos valores.

E desse diálogo não pode faltar a competência do professor ne-gociando entre os conhecimentos e os problemas, se adequando à demanda do mercado, mas também oferecendo meios para a apreensão de conhecimento.

Segundo Jussamara Souza, a cultura da mídia deveria ser incor-porada às escolas, para um estudo sério do conhecimento so-cial e de análise crítica. Os educadores poderiam intervir nesses contextos com o objetivo de discutir a co-existência de diferen-tes significados. Isso acarretaria profundas mudanças nas insti-tuições ao trazer o cotidiano para o campo da pesquisa ou a edu-cação musical se tornaria um sistema fechado deixando para trás um mundo mais amplo.

Valéria Prestes faz uma análise sobre a importância do professor e da interação entre escola e mídia na formação e educação musical

na ponta do lápis

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A L F A B E T I Z A R - S E

Q U E L E R P A L A V R A SÉ M A I S

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Existem várias formas de ler o mundo, a reali-dade. Podemos fazê-lo através da arte, da músi-ca, do gesto que se dá em determinado instante, das emoções, das experiências que nos trans-formam, do silêncio que nos presenteamos, en-fim, todos os nossos sentidos estão disponíveis para esse exercício. A leitura e a escrita conven-cionais fazem parte deste contexto.

A aquisição da leitura e escrita convencionais inscreve o sujeito de forma autoral na sociedade e para tal, as crianças precisam descobrir que a escrita está totalmente relacionada a práticas sociais e que a utilidade deste aprendizado está muito além dos muros da escola. Com isso, a língua surge de forma viva, sendo o texto, o que comunica, como a unidade básica de ensino.

O desafio da escola é justamente oportunizar si-tuações aos alunos para que percebam a função social da língua e possam utilizá-la nos diferen-tes contextos de forma adequada, tendo contato com vários gêneros textuais a fim de que se tor-nem, então, leitores e escritores competentes.

Associado ao ato de aprender a ler está o fato de saber ouvir, que está articulado ao saber falar. Desde cedo, as crianças precisam estar em con-tato com situações que lhes auxiliem a construir a condição de ouvinte e, com isso, possam in-ternalizar experiências, textos orais e escritos, transformando-os para que se tornem, mais tarde, autorais. Com isso, cada sujeito passa a tecer sua própria história, inscrevendo sentidos em sua memória que se constituirá no acervo da construção de sua própria pessoa. Diante desta

situação, a leitura também é entendida por vá-rios teóricos como um ato político, na medi-da em que coloca o indivíduo em constante tro-ca com as situações vivenciadas, possibilitando inúmeras reflexões sobre sua participação na vida. Segundo Pedro Demo, “A cidadania é a re-ferência maior. Uma democracia de qualidade só é possível com uma população que sabe pen-sar. Saber pensar inclui, entre outros ingredien-Saber pensar inclui, entre outros ingredien-pensar inclui, entre outros ingredien-tes, saber ler.”

Desde muito cedo, as crianças inseridas no mundo letrado por meio de práticas leitoras que ocorrem nos ambientes em que vivem, vão construindo muitas ideias e impressões acerca do que observam: veem os familiares buscan-do informações em diversos portadores textu-ais, participam de conversas e trocas que se dão em casa e na escola, vão ampliando seu vocabulário, tecendo, aos poucos, uma rede de significados e descobertas em relação ao ato de ler e escrever.

De forma lúdica e prazerosa, desde as sé-ries iniciais, os alunos são repertoriados atra-vés de histórias tradicionais, contos popula-res, cantigas, brincadeiras que fazem parte da tradição cultural do meio em que vivem. Curiosos e despertos, caminham com deter-minação e alegria em direção a um desenvol-vimento cada vez maior para darem conta da realidade e de todos os desafios que vão sur-gindo. E o caminho é longo!

Já podemos perceber o porquê do processo de al-fabetização se iniciar desde a mais tenra idade.

por Mônica Maia | Coordenadora Pedagógica do Ensino Fundamental I do CEAT

na ponta do lápis

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Imersas no mundo letrado, as crianças apre-sentam muitas concepções em relação à leitura e escrita convencionais. Em decorrência disso, algumas chegam ao 1º ano já lendo e escreven-do convencionalmente.

O trabalho desenvolvido no CEAT

Nossa escola procura oportunizar espaços de aprendizagens que tragam temas e propostas lúdicas e que a escrita apareça de forma signi-ficativa, trabalhando sempre com a função so-cial da língua, deixando claro para os alunos que a leitura e a escrita apresentam valor em nos-so cotidiano social. O aprendizado do sistema de escrita notacional se dá através de várias siste-matizações na escola e se consolidará ao longo dos anos.

E como se dá o 1º ano na nossa escola? Para que possamos realizar um trabalho que possi-bilite o desenvolvimento dos alunos que estão em diferentes etapas deste processo, temos dois professores na sala de aula. As crianças trazem muitas ideias acerca do escrever e ler e precisam estar tranquilas e confiantes para ar-riscarem em suas hipóteses de conhecimento, pois só assim poderão evoluir nas etapas deste aprendizado.

Cada sujeito apresenta um tempo para esta aprendizagem e também irá se relacionar com a leitura e a escrita de diferentes formas. Algumas crianças descobrem rapidamente um enorme prazer nesta construção e sentem-se estimu-ladas diante de cada nova descoberta do siste-ma notacional da escrita. Outras se mostram um pouco receosas de início, pois não sabem se “darão conta” deste aprendizado. Mas, na me-dida em que entram em contato com a própria competência na realização das atividades pro-postas, tendem a vivenciar este aprendizado de forma prazerosa e curiosa! Há também aque-las que necessitam de um tempo maior para sentirem-se mais à vontade neste processo:

precisam de um apoio individualizado para re-velarem o que já sabem e construírem novos co-nhecimentos, preferem arriscar em suas hipó-teses em pequenos grupos na sala de aula ou só na companhia do professor inicialmente, para depois sentirem-se mais seguras.

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Sabemos que o momento de aprendizagem da leitura e escrita mobiliza não só a criança como seus familiares também. E como viver esta fase tão especial? Devemos redescobrir, junto com elas, a possibilidade de encantamento, prazer, e ludicidade que o aprendizado da leitura traz.

Sabemos que o momento de aprendizagem da leitura e escrita mobiliza não só a criança como seus familiares também. E como viver esta fase tão especial? Devemos redescobrir, junto com elas, a possibilidade de encantamento, prazer, e ludicidade que o aprendizado da leitura traz, percebendo que os pequenos se deliciam ao se descobrirem mais autônomos em suas vidas à medida que ganham maior experiência nes-te conhecimento. No decorrer deste processo, muitos bilhetes carinhosos podem ser deixa-dos pela casa, listas de supermercado, feira ou o planejamento da festa de aniversário podem ser produzidos pela criança e seus familiares, emails podem ser escritos para um parente ou amigo, etc. As histórias também devem conti-nuar a fazer parte das vivências familiares, pois são fonte inesgotável de prazer e encantamento. E não é porque a criança começou a ler que deve passar a ler todos os livros; escutar uma histó-ria assim como realizar a leitura compartilha-da é um momento de troca, afeto, aconchego e grande prazer para pais, filhos e outros familia-res! E nada como exercitar com quem se ama a possibilidade de saber ouvir, aquietar o corpo e silenciar para se conectar com outros mundos, outras realidades!

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A aventura da leitura compartilhada

Segundo Eliana Yunes, Viver a aventura da pa-lavra é viajar pelo tempo/espaço da humana condição. Ela também continua: Ler é então in-terrogar as palavras, duvidar delas, ampliá--las. Desse contato, dessa troca, nasce o pra-zer de conhecer, de imaginar, de inventar a vida no discurso, já que o mundo é representação da linguagem, e a linguagem tem história, tem contexto.

Para aqueles que ainda vivenciarão ou vivem o processo de aquisição de leitura e escrita de seus filhos, nós, educadores, recomendamos que aproveitem muito esta oportunidade de es-tarem junto com as crianças, observando e es-cutando as hipóteses que elas trazem acerca deste conhecimento, pois este tempo mágico passa rápido! Recomendamos a contação de muitas histórias de qualidade, divertidas visitas a livrarias e tranquilidade para vê-las crescer, lembrando sempre que cada indivíduo tem o seu tempo e ritmo de aprendizagem.

Vale lembrar que na sociedade contemporânea em que vivemos, o tempo de saber ouvir anda escasso, somos empurrados pela pressa de darmos conta de uma realidade que muitas vezes não vem investida de experiências significativas, estas que nos transformam, nos silenciam, nos colocam em contato com o improvável.

Aliás, vale lembrar que na sociedade contempo-rânea em que vivemos, o tempo de saber ouvir anda escasso, somos empurrados pela pressa de darmos conta de uma realidade que muitas vezes não vem investida de experiências signifi-cativas, estas que nos transformam, nos silen-ciam, nos colocam em contato com o improvável. Se soubermos observar as crianças e acompa-nhá-las sem pressa, elas nos garantem encan-tamento, descobertas e sempre, sempre, muita diversão! Precisamos estar atentos aos espaços que oportunizamos para trocas verbais de qua-lidade, precisamos saber escutá-las, pois são estes momentos que dão vida às experiências prazerosas onde o afeto, a cooperação e a cons-trução de um olhar para o outro se constroem.

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E não é porque a criança começou a ler que deve passar a ler todos os livros; escutar uma história assim como realizar a leitura compartilhada é um momento de troca, afeto, aconchego e grande prazer para pais, filhos e outros familiares!

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O objetivo deste trabalho é relatar uma expe-riência de Oficina de Culinária com alunos de Período Integral, realizado pela nutricionista no Centro Educacional Anísio Teixeira – CEAT.

A oficina de Culinária integra uma série de ati-vidades oferecidas aos alunos que ficam horário integral na escola como: capoeira, expressão corporal, natação, xadrez, costura, espanhol teatral, oficinas de artesanato social e estudo dirigido.

Para o desenvolvimento dos trabalhos nes-sa Oficina , tem-se como referência a Política Nacional de Alimentação Escolar. Integrar ao projeto pedagógico da escola torna-se funda-mental para que os trabalhos realizados nas ofi-cinas estejam em consonância com as discipli-nas curriculares e extracurriculares.

Tem-se como foco a Promoção da Alimentação Saudável, com base nas vertentes de promoção da saúde que são: o estímulo, o apoio e a prote-ção. Parte-se da visão ampliada de alimenta-ção e do alimento, isto é, entendendo a comida e seus diferentes significados.

as possibilidades de interface com diferentes disciplinas

O trabalho nas oficinas de culinária é calcado na troca de conhecimentos, dinâmicas, brincadei-ras e em vivências culinárias, com vistas à auto-nomia dos alunos nas escolhas alimentares e no preparo do próprio alimento.

Para o desenvolvimento das oficinas são neces-sários adaptações do conteúdo para as diferen-tes faixas etárias atendidas, junto aos professo-res de turma e, quando necessário, consultas às coordenações de segmentos.

Elas ocorrem duas vezes na semana, com pre-parações práticas, saudáveis e adaptadas ao contexto pedagógico.

Um exemplo de atividade que teve como base a interdisciplinaridade com a língua portuguesa, foi a recontagem do conto de fadas, Branca de Neve e os sete anões, associado a um dito po-pular, “se a vida te der um limão, faça uma li-monada”, a proposta desta associação foi de desmistificar o lugar da personagem princi-pal, colocando-a num papel de protagonis-ta de seu destino/escolhas. A preparação de uma receita,durante a oficina, teve como base

Oficina Culinária

por Suzete Marcolan

saúde

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dois alimentos que surgem tanto no conto de fadas, a maçã, quanto no dito popular, o limão, para o preparo de um suco de maçã com limão. Aproveitou-se a oportunidade para ressaltar a técnica dietética, o aproveitamento integral dos alimentos e o valor nutritivo.

De início foram apresentados aos alunos os ali-mentos, os utensílios e a proposta da reconta-gem da história. Partiu-se de uma discussão do significado do dito popular e da possível asso-ciação ao conto de fadas. Os alunos foram cha-mados um a um para contribuir na recriação, e orientados a não concluírem os seus pensa-mentos, mas sim trazerem uma ideia que os de-mais alunos passaram a contribuir também. O desafio de construção de uma história fez com que todos ficassem atentos a cada intervenção para dar continuidade e entender que a história teria que ter começo, meio e fim. O registro foi feito, sendo nomeado os autores em cada parte.

Após o registro, iniciou-se a vivência culinária da preparação da limonada com maçã. Os ali-mentos higienizados, cortados aproveitando as cascas tanto do limão (1unidade) quanto das maçãs (4unidades), foram liquidificados com água filtrada. Depois o suco foi coado e ado-çado. Lembrando que a quantidade de açúcar é sempre reduzida, estimulando o seu menor consumo. Os alunos foram servidos em copos de 80ml e degustaram num momento coleti-vo abrindo um brinde ao conto ou personagem recriados.

Esta construção, bem como o preparo do ali-mento e degustação, se deu durante uma aula da oficina exigindo, portanto, disciplina e agili-dade do grupo. Este trabalho foi desenvolvido em duas turmas: uma com alunos de 1 a 2 série e outra de 3 e 4 série do ensino fundamental. O produto foi digitado e depois levado novamente à turma, na qual as professoras do período inte-gral com os alunos, fizeram os acertos de conti-nuidade do texto. Os alunos também foram es-timulados a ilustrarem a história.

Este material compõe parte do livro de recei-tas que traz não só as receitas, mas também descrição de algumas atividades desenvolvidas. Estes registros e a divulgação são fundamentais para que os alunos reconheçam suas produções e suas famílias se integrem ao trabalho.

Essa produção na oficina de culinária torna-se uma geradora de ideia para a comunidade esco-lar que se alimenta das possibilidades ofereci-das pela disciplina de alimentação e nutrição e suas interfaces com diferentes conteúdos.

O trabalho nas oficinas de culinária é calcado na troca de conhecimentos, dinâmicas, brincadeiras e em vivências culinárias, com vistas à autonomia dos alunos nas escolhas alimentares e no preparo do próprio alimento.

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* 20

No site do CEAT há uma justíssima home-nagem a Therezinha Ferreira Gonzaga em que se leem atributos como fundadora de um projeto pedagógico ousado, inovador, em diálogo permanente com os que deles fazem parte na tarefa de educar entendida como o desafio de construir uma socieda-de mais justa.

Muito me honra e me emociona ter par-ticipado desse projeto e aqui deixar meu depoimento.

. . . . . . . . . eu & o CEAT . .

[ex-professora]depoimento de Wilma Favorito

A verdadeira escola

NUM DEPOIMENTO EMOCIONADO, WILMA FAVORITO, EX-PROFESSORA DO CEAT, NOS MOSTRA QUE A VERDADEIRA ESCOLA, MUITO ALÉM DOS ALUNOS, FORMA SEUS PROFESSORES

Comecei a trabalhar no CEAT ainda mui-to jovem, 22 anos, recém-saída da gradu-ação em Letras e com muita vontade de por em prática o sonho de tantos de minha geração naqueles difíceis anos 70: a der-rubada da ditadura e a construção da de-mocracia em nosso país. Já na primeira reunião pedagógica do CEAT, liderada pela diretora geral e coordenadora pedagógica Therezinha, percebi de imediato que es-tava no lugar certo para dar continuidade

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de encontros definitivos em minha vida. Foi um tempo também de uma enorme aprendizagem com meus alunos que me faziam repensar convicções, estratégias, avaliações, modos de ser professora. Foi um mundo de descobertas valiosíssimas que moram no meu repertório de vida como um referencial de escola, de relações pro-fissionais, de democracia e de Amor.

Que sorte ter feito parte dessa história que foi para mim o início e a própria fundação de minha trajetória no magistério.

Vida longa a essa escola mais que querida e a todos os amigos e amigas amados com quem tive um imenso prazer de comparti-lhar a docência cidadã.

aos meus sonhos de liberdade acalentados nos tempos de movimento estudantil.

Feliz da vida me reconhecia a cada palavra de Therezinha e de tantos colegas profes-sores e com quem tive o privilégio de tecer em verdadeira e entusiasmada coautoria um projeto pedagógico que tornava a todos nós também alunos do vigoroso processo que vivíamos. Posso afirmar sem nenhum risco de dúvida que foi no CEAT que me formei como professora. Foi no CEAT que aprendi o valor da escuta, da crítica, da au-tocrítica, do fazer coletivo e sobretudo de que afeto e trabalho formam um binômio essencial à vida do professor.

O castelo, a paisagem magnífica, o ruidoso silêncio de seus pátios, as muitas reuniões extremamente enriquecedoras para nos-sas práticas de sala de aula, o entusias-mo de todos – profissionais, famílias, alu-nos – com o projeto sempre em discussão aberta e corajosa, a carinhosíssima aten-ção com as questões pessoais de cada um desses atores, o companheirismo presen-te em todas as equipes... Nossa!!!!!!!!! Essa escola inaugurou em mim o que talvez eu possa chamar de cidadania docente.

De 1979 a 1991, e depois um rápido retor-no em 1995, estive no CEAT como profes-sora de língua portuguesa. Foi um tempo absolutamente inesquecível de profundas conversas comigo mesma, com meus va-lores, com nossas eternas angústias entre o dizer e o fazer, com limites e possibili-dades de expansão. Foi um tempo também de construção de fortíssimas amizades,

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* 22

opin

ião*

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* 23

A parceria como caminho para o aprendizado de outra línguaIniciei o ano de 2013 com uma atividade

nova aceitando o convite para dar aula

aos funcionários da escola no Centro

de Estudos. Essa foi uma proposta de-

safiadora, pois teria alunos com dife-

rentes níveis de aprendizado estudando

juntos.A experiência me motivou a ofe-

recer uma metodologia de parceria com

os alunos, mostrando ser um bom cami-

nho para desenvolver o contato com a

língua e seu uso. Eles são trabalhadores

que exercem diferentes funções e isso

tem aprimorado a ampliação do conheci-

mento e o relacionamento interpessoal.

Essa é uma oportunidade para diver-

sos grupos de funcionários, iniciantes

na língua inglesa, de aprender o idio-

ma dentro do local de trabalho. É práti-

co por evitar o deslocamento pela cida-

de e muito confortável por oferecer um

ambiente familiar, acolhedor e, no caso

do Ceat, deslumbrante. De fato, viven-

ciar aulas com pessoas conhecidas aju-

da a criar uma atmosfera segura para a

aprendizagem. Com uma turma peque-

na e interessada, os encontros são di-

vertidos, produtivos e prazerosos. Dar

aulas nesse formato é muito gratifican-

te, porque me permite acompanhar de

perto o desenvolvimento de cada alu-

no. Baseado na cooperação, o trabalho

flui de maneira agradável e os conteú-

dos vão se solidificando passo a passo.

Torna-se possível, assim, respeitar o

tempo, as habilidades e o “background”

de todos os alunos.

O livro didático adotado serve de base

para a construção mediada de conheci-

mento, ampliada por meio de jogos, mú-

sicas e atividades de culinária. Dentro

da minha experiência profissional, esse

é um momento privilegiado. Pensar em

estratégias para o desenvolvimento de

um processo de ensino-aprendizagem

um tanto lúdico para adultos — sen-

do que muitos dos quais nunca tiveram

contato com uma língua estrangeira —

é tão instigante e criativo como enrique-

cedor. Ser instrumento de transmissão

de um tipo de conhecimento que pode vir

a ser significativo na vida pessoal e pro-

fissional dessas pessoas é uma dádiva.

Estou muito feliz por essa oportunidade

tão preciosa.

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Conhecer um relacionamento amoroso entre duas mulheres talentosas e sensíveis, nos faz pensar sobre a criação amorosa e o trabalho. Chegam ainda dores e perdas. As relações são feitas de tudo isso. De novembro de 1951 a setembro de 1967, Maria Carlota Costallat de Macedo Soares (1910-1967), brasileira, nasci-da em Paris, e a norte-americana Elizabeth Bishop (1911–1979) viveram uma relação inten-sa, marcada por descobertas e viagens. Entre Lota e Bishop, havia ora um compasso, ora um descompasso de trocas e paixões. Realizaram uma vida amorosa, rodeadas de amigos, de um ambiente natural da serra fluminense. E também de tensões e incompatibilidades.

Por um lado, da parte de Lota, a constru-ção de uma casa e jardins em Samambaia, Petrópolis, RJ, a idealização do Parque do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, a con-vivência com artistas, escritores e arquite-tos consagrados da época, o gosto apurado, a preocupação com o viver bem. Por outro lado, da parte de Bishop, a sensibilidade para fa-zer poemas, o olhar que descortina o Brasil, a busca de um recanto acolhedor, a convivên-cia com amigos de outros continentes, que vie-ram visitá-la: Aldous Huxley, Raymond Aron, Nicolas Nabokov, John dos Passos... Uma par-ceria amorosa, regada por arte, literatura e natureza.

Recentemente adaptado para o cinema, o livro Flores Raras e Banalíssimas resgata a história de duas mulheres que desafiaram uma época e viveram uma história de amor: Lota Soares, a idealizadora do Aterro do Flamengo e Elizabeth Bishop, um dos mais consagrados nomes da poesia mundial.

Flores Raras e Belíssimasre

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Se uma era muito segura e empreendedo-ra, a outra frágil e dependente. Ao conhecer-mos a história das duas, percebemos o quan-to o desamparo as acompanhava. Lota parecia uma mulher segura e valente, mas não supor-tou a ideia de perder a companheira que volta para Nova York. Bishop não conseguia produ-zir no contexto que marcou o tempo de traba-lho de Lota no projeto do Parque do Aterro do Flamengo. Uma sentia a falta da outra.

A generosidade delas, em compartilhar suas criações, os jardins da casa serrana, o Parque do Flamengo, os poemas, as traduções, nos mostra a parceria e a relação que se desenvol-veu. Uma gostava de ler para a outra. Juntas, construíram uma família. Parece que o afas-tamento delas não foi favorável para nenhu-ma das duas. O Brasil, inicialmente estranho para Bishop, era o lugar onde ela teve uma casa, que enriqueceu sua vida. Fez inúmeras viagens pelo país, com destaque para Ouro Preto, onde também residiu parte da sua vida e para a Amazônia, onde esteve mais de uma vez atraída pela excentricidade das pessoas, das matas e comidas.

Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e Clarice Lispector foram alguns dos escritores das leituras de cabeceira de Bishop. Encantada pela informalidade e identidade desses artistas, ela traduziu alguns dos seus textos.

Flores raras e banalíssimasA história de Lota de Macedo Soares e Elizabeth BishopCarmen R. OliveiraRio de Janeiro: Rocco, 1995

O que há de melhor na obra de Carmen R. Oliveira, adaptada recentemente para o ci-nema, pelo diretor Bruno Barreto, é o conta-to com a história das duas amantes. Outras obras retratam o universo de Bishop, com passagens discretas pela sua experiência bra-sileira. Em Flores raras e banalíssimas, temos a intensidade de afetos das duas e das pesso-as e acontecimentos que as cercaram: parte importante da história do Rio de Janeiro e do Brasil protagonizada por Lota e a revelação da poesia de Bishop, considerada uma das mais importantes poetas de língua inglesa.

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Ler poemas para crianças de qualquer idade inclui no público as crianças, os jovens e os adultos: toda a família! Isso realiza uma das características da literatura: a de ser univer-sal e atemporal. A poesia não pode mesmo ser endereçada a um único público.

Ao folhear esta delicada obra organizada por Adriana Calcanhotto, passeamos por dife-rentes épocas, estilos e poetas brasileiros. Ela reuniu de Afrânio Peixoto, poeta baiano, a Arnaldo Antunes, poeta paulistano. Do ca-rioca Vinicius de Moraes ao mineiro Carlos Drummond de Andrade. São dezenas de po-emas que nos presenteiam com brincadei-ras, dúvidas, non sense, ironia, descobertas, estações, animais. Coisas para cada leitor descobrir!

Na poesia, encontramos elementos tão ne-cessários a nossa vida: a musicalidade, os ritmos, os movimentos e a brincadeira de pa-lavras. E ainda o não entender o que se lê. Como na vida, não entendemos tudo o que vi-vemos. A poesia não é para ser entendida e interpretada, mas para ser sentida e vivida, com todas as lacunas que traz.

Uma apresentação, um sumário, a biografia dos poetas e a bibliografia enriquecem a obra editada pela Casa da Palavra, que valoriza a produção poética de tantos escritores. Nada como ler o poema e conhecer o autor! Sobre fundo claro, foi feita a impressão dos versos. Ilustrações de Calcanhotto retratam imagens associadas aos versos e nos convidam a virar a página e a ler mais um poema.

A cantora e compositora Adriana Calcanhotto deixa o violão de lado mas não perde o tom e nos guia neste delicioso passeio por poetas e poemas do nosso país.

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O que é a vida sem poesia?!

Antologia ilustrada da poesia brasileira, para crianças de qualquer idadeOrganização e ilustrações Adriana CalcanhottoRio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013

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Carta ao Filho

A OBRA MAGISTRAL DE FRANZ KAFKA permanece presente nos dias atuais e é motivo de comemoração já que o autor completaria 150 anos.

A fim de prestar homenagem a um dos mais marcantes escritores do século XX, Sylvio Massa de Campos responde ficcio-nalmente a “Carta ao Pai”, texto escrito por Kafka ao seu pai, com seu livro “Carta ao Filho”.

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ficha técnica

CEAT

direção do CEAT | Emília Maria Fernandes

direção do Centro de Estudos Therezinha Gonzaga | Fátima Serra

REVISTA

editora | Fátima Serra

revisão de textos | Sílvia Carvão

jornalista | Luize Valente

projeto gráfico | Estúdio Malabares _ Ana Dias

diagramação | Estúdio Malabares _ Carolina Lins

fotos | Shala Felippi

foto da capa | Ana Dias

colaboradores | Bruno Biaz e Renan Gi

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