revista brasil paraolímpico n° 37

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No caminho certo Hipismo, Ciclismo e Tênis de Mesa com o pé em Londres Entrevista: Edilson Tubiba Esgrima Brasil mostra sua força BRASIL PARAOLÍMPICO 37 NúMERO REVISTA DO COMITê PARAOLÍMPICO BRASILEIRO // SETEMBRO/OUTUBRO 2011 // WWW.CPB.ORG.BR

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Edição número 37 da revista oficial do Comitê Paralímpico Brasileiro - CPB.

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Page 1: Revista Brasil Paraolímpico n° 37

No caminho certoHipismo, Ciclismo e Tênis de Mesa com o pé em Londres

Entrevista: Edilson Tubiba

Esgrima Brasil mostrasua força

Brasil

PARAOLÍMPICO37NúmEro

rEvista do COMItê PARAOLÍMPICO bRAsILeIRO // sEtEmBro/outuBro 2011 // www.CPb.ORg.bR

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Caros leitores,

Produzir mais uma revista Brasil Parao-límpico é sempre um grande exercício de edição. Buscamos levar a vocês o que de melhor tem acontecido no Movimento Paraolímpico nacional e tenho de admitir que não é fácil escolher o que colocare-mos em cada nova revista, diante de tan-tas boas notícias.

Todos sabem do potencial brasileiro na Natação, no Atletismo, no Judô e na Bocha, todos esportes com medalhas de ouro em Paraolimpíadas. Neste nú-mero 37, a escolha de matéria de ca-pa foi justamente para mostrar que o paradesporto brasileiro vai além destes esportes. Escolhemos três modalida-des que têm se destacado em compe-tições internacionais para mostrar esta aposta na diversificação: hipismo, ci-clismo e tênis de mesa.

A esgrima entraria neste contexto, mas ganhou matéria própria, devido ao bom desempenho brasileiro no Regio-nal das Américas, realizado em Cam-pinas, onde conquistamos o título ge-ral por equipes e subimos no pódio em disputas individuais.

Vamos lembrar também a trajetória de Sandro Laina, o grande capitão do Fu-tebol de 5 para Cegos, que pendurou as chuteiras após a conquista do bi-campeonato mundial e agora comanda a Confederação Brasileira de Desporto de Deficientes Visuais, um novo desa-fio em sua vida.

AndRew PARsOnsprEsidENtE do comitê paraolímpico BrasilEiro

Um grande abraço,

Andrew Parsons

Editorial

O Circuito Loterias Caixa de Atletismo, Halterofilismo e Natação entrou em sua fase de etapas nacionais e não po-deria ficar de fora, começando em al-to nível, com três recordes mundiais e mais de 70 nacionais.

De olho no futuro, apresentamos a du-pla de velejadores Elaine Cunha e Bruno Neves, na sessão Promessa 2016. Já na entrevista, Edilson Rocha Tubiba, diretor técnico do CPB e nosso chefe de missão em Londres 2012, fala sobre a evolução do paradesporto brasileiro e aponta os caminhos do futuro. As metas são ambi-ciosas e sabemos como chegar lá.

E tem muitas boas notícias ainda, co-mo o sucesso da natação brasileira no Parapan Pacific e nossos medalhistas Eliseu dos Santos e Maciel Santos, ou-ro e bronze, respectivamente, na Copa do Mundo de Bocha.

Brasil Paraolímpico mostra também a estreita relação do paradesporto com a tecnologia em busca de melhor de-sempenho nas competições. A atuação do CPB na área de marketing e comuni-cação é hoje um modelo a ser seguido no mundo e ganhou destaque no Fó-rum Internacional de Marketing Espor-tivo de Resultados, no Rio de Janeiro.

Tenho certeza de que vocês vão gostar muito das notícias.

Boa leitura!

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4rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

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13 20 23

Promessa 2016Na vela adaptada, Bruno Neves e Elaine cunha conquistam vaga inédita e representarão o Brasl em londres 2012, já sonhando com rio-2016

EsgrimaBrasil mostra força e conquista o título por equipes no campeonato regional das américas e sobe ao pódio em todas as categorias individuais

Tecnologiacada vez mais presente nas pistas, piscinas e quadras, a tecnologia é uma forte aliada do esporte na busca de melhores desempenhos

Circuito Caixa primeira etapa nacional, disputada em são paulo, tem três recordes mundiais e mais de 70 novas marcas nacionais estabelecidas

suMáRIO Edição 37 // sEt/out 2011 // www.CPb.ORg.bR

12CoLunisTa Convidado

cláudio Nogueira

18EnTrEvisTa Edilson tubiba

22MarkETing

cpB apresenta case emFórum internacional

27boCHa Brasil brilha na copa do mundo

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rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

5grandes nomes do esportesandro laina

Garoto bom

No início deste ano um verdadeiro xerife se aposentou dos gramados brasileiros. Aos 30 anos, dos quais 14 dedicados à Seleção Brasileira de Futebol de 5 Paracegos, Sandro Laina encerrou sua carreira após uma exten-sa lista de conquistas, como o bicampeona-to paraolímpico em 2004 e 2008, o título mundial de 2010, o ouro parapanamericano no Rio de Janeiro, em 2007, e quatro taças da Copa América, em 1997, 2001, 2003 e 2009, entre outros.

Sua história com a amarelinha começou cedo. A primeira convocação veio quan-do ele tinha apenas 16 anos, em 1997. Sete anos depois, Sandro viveu um mo-mento inesquecível: seu nome estava na lista dos dez convocados do técnico An-tônio Pádua para a disputa das Paraolim-píadas de Atenas, em 2004. Aquela era a estreia do futebol brasileiro nos Jogos Paraolímpicos.

“A convocação foi feita em ordem alfabé-tica, e meu nome só foi dito no fim. Foi muita ansiedade, até pareceu que a cha-mada durou horas e horas”, recorda.

Além do primeiro ouro paraolímpico do futebol brasileiro, outros momentos mar-caram a vida do carioca Sandro. Um deles foi a conquista do ouro Parapanamerica-no, no Rio de Janeiro.

“É bom demais ganhar um título em ca-sa. Meu bairro todo se reuniu para torcer, e meus familiares e vizinhos lotaram dois ônibus rumo à Deodoro para assistir à fi-nal”, contou.

A paixão pela bola veio cedo, assim co-mo para qualquer garoto do País do fute-bol. Sandro nasceu com glaucoma e após passar por 14 cirurgias perdeu comple-tamente a visão aos sete anos de idade. Mas isso não limitou a sua habilidade. Nascido e criado em Nova Iguaçu, no es-tado do Rio de Janeiro, seu passatempo preferido era passar horas e horas brin-cando de gol a gol.

“O futebol surgiu naturalmente. Eu jo-gava no corredor de casa, com meus ir-mãos, quase sempre com a torcida da mamãe”. Aos quatro anos, Sandro co-

meçou a estudar no Instituto Benjamin Constant (IBC), tradicional escola de en-sino para deficientes visuais.

“Fiz muitos amigos. Lá foi um bom local para aprimorar meu futebol. Dividia bem meu tempo, mas adorava passar as tar-des jogando bola”, lembrou.

E a divisão do tempo destinado aos es-tudos e aos treinos deu muito certo, não somente dentro de campo, mas fora de-le também. Formado em Análise de Sis-temas, Sandro é pós-graduado em Sis-tema de Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atual-mente o ex-jogador acumula a função de presidente da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV) junto à carreira de funcionário do Minis-tério Público.

Bicampeão paraolímpico, sandro laina despediu-se

da seleção para se tornar um dos maiores nomes na

história do futebol para cegos do Brasil

de bola

O futebol surgiu

naturalmente. Eu

jogava no corredor

de casa com os meus

irmãos, sempre com a

torcida da minha mãe

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rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

7CrescimentoGanhando Espaço

A menos de um ano pa-ra os Jogos Paraolím-picos de Londres 2012, o Brasil tem se desta-

cado em Mundiais e Campeona-tos Abertos Internacionais pelo mundo, sobretudo em esportes que crescem a todo vapor no País. O adestramento paraesquestre é um deles. Com desempenho iné-dito, a modalidade está perto de conquistar a vaga nas Paraolimpí-adas do ano que vem. Os cavaleiros Marcos Alves, o Jo-ca, Vera Mazzilli, Sérgio Oliva, Davi Mesquita e Elisa Melaranci conseguiram excelentes percen-tuais em competições na Europa. Na última em Casorate Sempio-ne, na Itália, Marcelo, Vera, Sérgio

e Elisa garantiram 423,120 pon-tos, colocando o Brasil no topo do ranking internacional por equipes. O desafio brasileiro agora é man-ter a liderança e assegurar as va-gas para a maior competição pa-radesportiva do planeta. “Estamos numa ótima posição, mas temos mais competições até o fim do ano e as posições podem mudar. Três equipes já conquista-ram vaga em Londres (Inglaterra, Alemanha e Dinamarca) e o Brasil está na frente das demais, na bus-ca pela qualificação. Temos chan-ces reais de garantirmos quatro vagas nos Jogos”, afirma Marcela Parsons, diretora de Adestramen-to Paraequestre da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH).

Os próximos desafios da Seleção Brasileira acontecerão de 12 a 14 de outubro, em Breda, na Holan-da, e 2 a 4 de dezembro, em Arru-da dos Vinhos, em Portugal. “Nossos atletas estão bem quali-ficados, mas a equipe que dispu-tará os Jogos Paraolímpicos ainda não foi definida”, ressalta Marce-la Parsons. Em abril, o Brasil ficou entre os cinco melhores na categoria indi-vidual e por equipes, em Deauvil-le, na França, e desde então tem avançado no ranking internacio-nal. Em julho, em Casorate Sem-pione, a Seleção Brasileira conse-guiu ficar à frente dos donos da casa e dos franceses.

dE LondrEsmais perto

modalidades em crescimento no Brasil

conquistam excelentes resultados

em competições internacionais e se

aproximam cada vez mais das vagas

para os Jogos paraolímpicos de 2012

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8rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

CrescimentoGanhando Espaço

8

Dono de duas medalhas de bronze nos Jo-gos Paraolímpicos de Pequim 2008, Joca está confiante no desempenho da equipe.

“A gente vem treinando bastante. Nos-so último resultado na Itália foi excelente. Fomos campeões e praticamente garan-timos a vaga em Londres para a equipe. Temos trabalhado e sentido que nosso desempenho está melhorando cada vez mais”, revela o cavaleiro.

Melhor brasileira no ranking, Vera, que começou na modalidade há cinco anos, sonha com sua primeira participação nos Jogos Paraolímpicos.

“Estou fazendo tudo para conseguir estar lá. Tenho treinando muito e me dedica-

do bastante. Ser a brasileira melhor colo-cada no ranking internacional é resultado do trabalho em equipe e da minha dedi-cação, do meu esforço e da Marcela, mi-nha técnica, que nos treina para sermos os melhores”, diz a amazona.

TOP 5 nO ParaciclismOLauro Chaman, João Schwindt e Soelito Gohr estão entre os melhores do mundo no paraciclismo e cada dia mais perto da vaga nas Paraolimpíadas de 2012. Após conquistarem o pódio nas finais da clas-se C5 na final da Copa do Mundo de Pa-raciclismo, em Baie-Comeau, no Canadá, tanto na prova de contra-relógio quanto na de estrada, o trio ganhou pontos no ranking mundial, que será classificatório para os Jogos Paraolímpicos de Londres.

pela primeira vez na

história, o Brasil tem

um campeão mundial e

um campeão da Copa do

Mundo.

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rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

9CrescimentoGanhando Espaço

CrescimentoGanhando Espaço

feminino

classe 3 Luana Silva e Rosangela Dalcin

classe 4/5 Joyce Oliveira e Maria Luiza Passos

classe 6/7 Simone Vieira e Silmara Rodrigues

classe 8 Jane Rodrigues

mAsculino

classe 2 Ronaldo Souza, Iranildo Espíndola e Guilherme Costa Marcião

classe 3 David Freitas e Welder Knaf

classe 4 Ezequiel Babes, Ecildo Lopes e Ivanildo Freitas

classe 5 Chiang Ya Ming e Claudiomiro Segatto

classe 6 Luiz Henrique Medina e Carlo Di Franco Michel

classe 7 Lucas Gouvea

classe 8 Paulo Salmin, João Fernando Nascimento e Francisco Melo

classe 9 Guilherme Ifanger, Edimilson Pinheiro e Flávio Seixas

classe 10 Carlos Carbinatti, Alexandre Caldeira e William Almeida

Tênis de mesa nO ParaPan

O Brasil já possui uma vaga certa garantida pelo ranking de na-ções em 2010 e busca agora outras possibilidades para enviar mais atletas.

“Pela primeira vez na história, o Brasil tem um campeão mun-dial e um campeão da Copa do Mundo. A conquista dos três é resultado do trabalho que temos feito há três anos e é mui-to animadora. Os próximos desafios serão o Mundial (setem-bro em Roskilde, na Dinamarca) e os Jogos Parapanamericanos (novembro, em Guadalajara, no México)”, afirma o coordenador técnico nacional da modalidade, Romolo Lazzaretti.

Brasil Terá 29 mesaTenisTas em Guadalajara Outra modalidade que vem chamando atenção do Comitê Pa-raolímpico Brasileiro é o tênis de mesa. Mais de 80 atletas de todo o País tentaram, e 29 conseguiram uma vaga na equipe que representará o País nos Jogos Parapanamericanos de Gua-dalajara. No México, eles lutarão por vagas nas Paraolimpía-das de Londres.

A seletiva esquentou o Centro de Treinamento Nacional da Con-federação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM), em São Paulo, no fim de julho. A grande quantidade de atletas inscritos na dis-puta e, melhor, de vagas conquistadas na maior competição das Américas, aponta o crescimento da modalidade no Brasil.

“O campeão no Parapan tem vaga direta nos Jogos Paraolímpicos de Londres. O Brasil é hoje o melhor país das Américas na moda-lidade e o grande número de atletas classificados é resultado da nossa evolução no esporte. O tênis de mesa adaptado começou a deslanchar em 2003, com o início do trabalho com a Confede-ração Brasileira. A primeira medalha que a Seleção conquistou foi uma prata, com a dupla Luiz Algacir, já falecido, e Welder Knaf, em Atenas (2004). Em Pequim 2008 repetimos o resultado. As ex-pectativas para Londres são as melhores”, disse o diretor técnico do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), Edílson Tubiba.

O coordenador técnico do Projeto de Detecção de Talentos Pa-raolímpicos da CBTM, Carlos Koyama, não poupou elogios aos mesatenistas.

lauro chaman, João schwindt e soelito

Gohr estão entre os melhores do mundo no

paraciclismo e cada dia mais perto da vaga

nas Paraolimpíadas de 2012

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10rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

Promessa 2016vela

bons vEnTosdupla de velejadores conquista vaga inédita para o Brasil em

Jogos paraolímpicos e sonha disputar a edição rio 2016

Em julho deste ano o Brasil teve du-as grandes conquistas na vela adaptada. Além de ter pela primeira vez uma mu-lher integrando a Seleção Brasileira, o Pa-ís garantiu vaga inédita na classe Skud 18 para os Jogos Paraolímpicos de Londres 2012. O feito aconteceu no Mundial de Vela Adaptada (30 de junho a 8 de julho), em Weymouth, também na Inglaterra.

Classificada para Londres 2012, a dupla Elaine Cunha, 29 anos, e Bruno Neves, 25, quer mais.

“Agora o nosso projeto é treinar bastan-te até as Paraolimpíadas de Londres e depois dar continuidade, com mais gar-ra ainda, para estarmos nos Jogos do Rio 2016”, afirma o timoneiro Bruno.

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rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

11Promessa 2016vela

Promessa 2016vela

Mesmo sem nunca terem velejado na Skud 18, a dupla se adaptou facilmente ao novo barco e conseguiu a única vaga brasileira na vela. Destinada a tripulação mista (um atleta com lesão alta e outro com baixa), a classe é novidade no Brasil.

“Eles mostraram potencial no Mundial, mas ainda é cedo para falar em medalhas em 2012. Já para o Rio 2016 é bem possível que eles se destaquem. A dupla é bastante de-dicada”, elogia Walcles Osório, presiden-te da Federação Brasileira de Vela e Motor.

Juntos há dois anos, Elaine e Bruno agora sonham com os próximos desafios.

“Vamos trabalhar para competirmos no al-to nível. O Skud é um barco importado, que não tem no Brasil. Ele é diferente, rápido, feito para competição. Devemos ter um aqui pa-ra os treinos e outro lá (Londres) para os Jo-gos, além de participar de competições fora. Queremos competir em 2016 e não pode-mos fazer feio em casa”, comenta Elaine, que conheceu o esporte adaptado na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), após perder os movimentos da perna num acidente de carro, há quatro anos.

Elaine avisa aos navegantes que apesar de o esporte deles ser associado à vida mansa, brisa do mar, quando se está em alto nível a história é bem diferente:

“Aqui a rotina é pesada, não tem mole-za. Fico com dores musculares, calos nas mãos e ainda tem o estresse da cobrança por seultados. É muito sério”

Meu sonho antes era

disputar uma olimpíada

pelo futebolBruno Neves, ex-goleiro do São Paulo

liBerdade na àGuaEx-goleiro do São Paulo Futebol Clube, Bruno começou cedo no esporte. Aos 11 anos ele ingressou na categoria de base do Tricolor e chegou a vestir a camisa da Seleção Brasileira de futebol nas equipes Sub-17 e Sub-20. Seu desempenho era tão bom que ele chegou a ser cotado co-mo substituto de Rogério Ceni no Trico-lor Paulista

Tudo mudou no dia 11 de agosto de 2006, quando o jogador sofreu um acidente de carro na Rodovia Régis Bittencourt, em São Paulo. O jovem teve um gravíssimo desloca-mento na coluna, que o deixou tetraplégico.

“Meu sonho antes era disputar uma Olim-píada pelo futebol, mas depois do aciden-te só mudou o esporte. Os sonhos são os mesmos”, revela.

A vela adaptada entrou na vida de Bruno em 2008, por meio de um convite para conhecer os treinos na Represa de Guara-piranga, interior de São Paulo.

“Após o acidente me foquei na recupe-ração. Dois anos depois fui apresentado à vela. Gostei bastante e comecei a fre-quentar sem o intuito de competir. Velejar me dá uma imensa sensação de liberda-de. Para fazer a maioria das coisas, a gen-te precisa de ajuda, precisa ter alguém junto. Na vela, por mais que tenha outra pessoa no barco, eu faço sozinho”, conta.

A vela também foi fundamental para a re-cuperação física e psicológica de Bruno.

“Foi uma felicidade e ajudou muito na re-cuperação dele, que voltou a praticar es-portes, ter o convívio com outros atletas”, garante Neide Neves, mãe de Bruno.

Para Elaine, o esporte também mudou sua vida:

“O começo após o acidente foi muito difí-cil e o esporte foi fundamental para eu re-cuperar a alegria de viver, elevou a minha auto-estima”.

Page 12: Revista Brasil Paraolímpico n° 37

12rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICOrEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

Colunista convidadocláudio Nogueira

Em praticamente 25 anos de carreira no jornal O Globo, 18 deles na Editoria de Esportes, já tive a oportunidade de cobrir, entre vários eventos, as Olimpíadas de 2004 e de 2008, os Jogos Pan America-nos de 1999, 2003 e 2007, além de vários GPs de F-1, F-Indy e Mo-tovelocidade. Todos os eventos têm suas características, seu char-me e também as dificuldades de cobertura. E embora eu já tivesse trabalhado em eventos paradesportivos no Rio, foi em janeiro deste ano que tive a oportunidade de, pela primeira vez, cobrir o Mundial de Para-Atletismo, em Christchurch, na Ilha Sul da Nova Zelândia. Lá, o Brasil se houve muito bem, conquistando a terceira colocação geral e um total de 30 medalhas, dando uma demonstração do po-tencial verde e amarelo nessas competições.

Como eu disse, já havia entrevistado atletas paraolímpicos an-tes, mas, talvez pelo fato de estar no exterior, quando acaba-mos ficando mais próximos dos atletas, por cerca de 12 dias, pu-de ver o quanto são profissionais esses mesmos atletas e quanto são cada vez mais especializados os treinadores, auxiliares, mé-dicos e fisioterapeutas. O esporte paraolímpico, que surgiu de-pois da Segunda Guerra Mundial, como resultado dos Jogos de Stoke Mandeville, de 1948, não pode mais ser visto como um subesporte, mas é um esporte em si, algo especí-fico, próprio, único e que faz por mere-cer uma maior especialização por par-te de quem desejar trabalhar no setor.

Com a proximidade das Paraolimpí-adas de 2012, em Londres, e futura-mente os Jogos Paraolímpicos do Rio, em 2016, é cada vez mais necessário que dirigentes, atletas, técnicos e fãs do esporte brasileiro voltem seus olha-res para as modalidades paraolímpi-cas e reconheçam precisamente isto: o quanto ele tem de profissional e es-pecífico. Longe de ser algo destinado a pobres coitados, o paradesporto che-gou para ficar. Não só em termos de resultados para o Brasil, como também - num aspecto humanitário e de res-

ponsabilidade social - no sentido de mostrar à sociedade como um todo o quanto são importantes questões como acessibilida-de, cotas sociais, respeito aos direitos de pessoas com deficiên-cia. Para que se tenha uma ideia, em Chirstchurch, por exemplo, os semáforos não apenas têm as tradicionais luzes vermelha e verde, mas também sinais sonoros, que possibilitam ao cego sa-ber quando pode ou não atravessar a rua.

Este caminho rumo à maior integração social do deficiente ain-da é longo para o Brasil, mas algo que o paradesporto pode aju-dar muito a encurtar.

Esporte de alto nívele cada vez mais profissional

longe de ser algo destinado a pobres

coitados, o paradesporto chegou para ficar.

Claudio Nogueira (à direita) é autor de livros como Zeros à Direita (www.iventura.com.br) e Os Dez Mais do Vasco.

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rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

13esgrimaregional das américas

Recente no Brasil, a esgrima em cadeira de rodas já apresenta excelentes resultados. A modalidade, que começou a ser trabalhada no País em 2004, realizou a primeira competição Regional das Américas entre os dias 11 e 14 de agosto, em Campinas (SP). Durante três dias, atletas brasileiros, americanos, chilenos, argentinos e canadenses travaram duelos emocionantes na Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O Brasil fez bonito e foi campeão por equipes da competição. Além disso, a Seleção subiu ao pódio em todas as categorias.

Em guarda!

Colunista convidadocláudio Nogueira

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14rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

as melhores das américas

rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICOrEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

14 esgrima regional das américas

Esgrima em cadeira de rodas brasileira entre

Brasil é campeão por equipes da competição

Valendo seis vagas diretas nas provas in-dividuais para os Jogos Paraolímpicos Londres 2012, o Regional das Américas reuniu atletas iniciantes e veteranos. O Brasil até chegou perto de garantir luga-res nas Paraolimpíadas, mas terminou a competição com duas pratas e seis bron-zes. O ouro por equipes foi um dos mo-mentos mais emocionantes. Com fome de vitória, os esgrimistas Jova-ne Guissone (RS), Alex Souza (SP), Lauro Braschtvogel (RS) e Maurício Stempniak (RS) voltaram às pistas para as disputas por equipes contra Estados Unidos e Ar-gentina. Com jogos de tirar o fôlego, en-frentando os mesmos adversários das provas individuais, os brasileiros garanti-ram o ouro e o lugar principal no pódio. “O grito estava na garganta. Foi ótimo para fecharmos com chave de ouro. Para a maio-ria dos atletas, foi a primeira competição in-ternacional e tivemos um resultado exce-lente. Foi bom para que eles vissem que os americanos e os canadenses, que estão en-tre os melhores do mundo, não são intocá-veis e que podem ser vencidos”, afirmou o técnico da Seleção Brasileira de Esgrima em Cadeira de Rodas, Ivan Schwantes.

Dono de uma das medalhas de prata (Flore-te masculino A) e do ouro por equipes, Lau-ro garantiu que aprendeu com seu desem-penho na competição e que entrará com mais vontade nos próximos campeonatos.

“O Regional das Américas foi excelente para o meu desenvolvimento na esgrima.

Além disso, foi fundamental para a nos-sa conquista o trabalho dos enfermeiros e médicos do CPB. Se não fossem eles, não teríamos conseguido um resultado tão bom. Essa medalha de ouro é do vovô e de São Jorge”, comemorou. Primeiro brasileiro na história da esgrima a conquistar uma medalha em competi-

ções no exterior (Copa do Mundo 2011) e dono de dois bronzes no Regional das Américas (Espada masculino B e Florete masculino B), Guissone soube dosar me-lhor a ansiedade na competição por equi-pes e venceu todos os duelos. “Volto para casa com o sentimento de missão cumprida. Tanto pelo resultado quanto pelo meu desempenho. Infeliz-mente não consegui a vaga para os Jogos de Londres aqui, mas a busca continua. Quero pontuar o máximo que puder pa-ra conseguir pela classificação no ranking mundial”, revelou o gaúcho.

o regional das américas

foi excelente para o meu

desenvolvimento na

esgrima. Além disso, foi

fundamental para a nossa

conquista.

Page 15: Revista Brasil Paraolímpico n° 37

rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

15rEvista

bRAsIL PARAOLÍMPICO

15esgrimaregional das américas

Brasil é campeão por equipes da competição Presença GaranTida nOs jOGOs de lOndres 2012Mario Rodriguez (Florete masculino A), Bowkamp Catherine (Florete A), Rayan Estep (Espada B), Gary Van Wege (Espada A) e Gerard Moreno (Florete A), foram os primeiros cinco atletas americanos a garantir vagas para as Paraolimpíadas de Londres 2012. A canadense Silvye Moree (Espada A) ficou com a última vaga da Regional das Américas.

Um dos destaques da delegação americana é Gerard Moreno, veterano na modali-dade, com participações nos Jogos de Sydney, Atenas e Pequim. Aos 52 anos, o es-grimista pratica a modalidade desde 1996, quando levou um tiro e ficou com uma séria lesão na coluna. Antes do acidente, Gerard praticava a esgrima convencional.

“Ter conquistado essa vaga foi algo realmente incrível. Treinei duro, exerci minha pa-ciência, concentração, foco, e não deixei de acreditar um instante sequer. Vou seguir confiante para os Jogos de Londres”, finalizou o esgrimista que tem em seu currículo sete bronzes em Copas do Mundo e 11 títulos de campeão norte americano.

enTenda a esGrima em cadeira de rOdasA esgrima em cadeira de rodas requer dos atletas criatividade, velocidade, reflexos apu-rados, astúcia e paciência. Somente competem pessoas com deficiência locomotora. As pistas de competição têm 4m de comprimento por 1,5m de largura. A diferença para a esgrima olímpica é que os atletas têm suas cadeiras fixadas no solo. Caso um dos esgrimistas se mexa levantando um pouco da cadeira, o combate é interrompi-do. Os equipamentos obrigatórios da modalidade são: máscara, jaqueta e luvas pro-tetoras. Nos duelos de Florete, a arma mais leve, há uma proteção para as rodas da cadeira. Nas disputas de Espada, uma cobertura metálica é utilizada para proteger as pernas e as rodas da cadeira. As competições se dividem em categorias de acor-do com a arma: Florete, Espada e Sabre.

Nos combates de Florete, os pontos só podem ser computados se a ponta da arma tocar o tronco do oponente. Também na espada, o que vale é tocar o adversário com a ponta da arma em qualquer parte acima dos quadris, mesma área de pontuação adotada nos duelos de sabre. Com este tipo de arma, o esgrimista pode atingir seu rival tanto com a ponta quanto com a lâmina do sabre. Uma das peculiaridades da esgrima em cadeira de rodas é a forma na qual os pon-tos são computados. As vestimentas dos atletas têm sensores que indicam quan-do o atleta foi tocado. Tanto o público quanto os esgrimistas e juízes podem acom-panhar o placar do duelo. Quando o toque da arma resulta em ponto, uma das luzes – vermelha ou verde, que representa os atletas, se acende. Quando ocorre um toque não válido, é acesa uma luz branca.

Classificação final1º Estados Unidos2º Canadá3º Brasil4º Argentina 5º Chile

Classificação dos brasileiros na competição

florete mAsculino A 2º Lauro Braschtvogel

(BRASIL – Porto Alegre)

florete feminino A3º Monica Santos

(BRASIL – Porto Alegre) espAdA mAsculino B3º Jovane Guissone

(BRASIL – Porto Alegre)

espAdA mAsculino A2º Sandro Colaço

(BRASIL – Curitiba)3º Clodoaldo Zafatoski

(BRASIL) espAdA feminino A3º Daiane Peron

(BRASIL – Porto Alegre)3º Sheila Mattik

(BRASIL – Curitiba)

florete mAsculino B3º Jovane Guissone

(BRASIL – Porto Alegre)

desafio por equipes1º Brasil2º Estados Unidos3º Argentina

Page 16: Revista Brasil Paraolímpico n° 37

16

anúncio caixa

caixa.gov.br

Quase metade do que é arrecadado pelas Loterias CAIXA é destinado a áreas sociais do nosso país, como o esporte. Em 2010, só o Comitê Paraolímpico Brasileiro recebeu mais de R$ 25 milhões. Para as Loterias CAIXA, apostar no nosso esporte é ver o Brasil inteiro tirar a sorte.

Alan FontelesAtleta patrocinado pelas Loterias CAIXA

SAC C

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anúncio caixa

caixa.gov.br

Quase metade do que é arrecadado pelas Loterias CAIXA é destinado a áreas sociais do nosso país, como o esporte. Em 2010, só o Comitê Paraolímpico Brasileiro recebeu mais de R$ 25 milhões. Para as Loterias CAIXA, apostar no nosso esporte é ver o Brasil inteiro tirar a sorte.

Alan FontelesAtleta patrocinado pelas Loterias CAIXA

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18rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

entrevistaEdilson tubiba

rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

rBP // Brasil Paraolímpico – como avalia a evolução do Paradesporto nos últimos sete anos?

edilsOn rOcha TuBiBa // A evolução do Parades-porto é evidente. Quando comecei a trabalhar no alto rendimento, o CPB estava se consoli-dando e recebendo recursos de forma efetiva. Com os recursos da Lei Agnelo Piva e dos pa-trocínios, conseguimos criar um Planejamento Estratégico eficiente e um calendário de com-petições fixo e seguro, o que trouxe um gran-de ganho de performance para todas moda-lidades. Um bom exemplo é a realização das Paraolimpíadas Escolares. Até 2006 eram disputadas apenas duas modalidades. Ho-je temos um evento grandioso, com dez mo-dalidades atendidas e a participação de 1.600 pessoas, sendo 970 atletas.

rBP // como estão os investimentos finan-ceiros do Brasil para o Parapan e para londres 2012?

edilsOn rOcha TuBiBa // Os investimentos es-tão melhorando consideravelmente e a ca-da ano temos novas conquistas. O contrato com a Loterias Caixa, nosso principal patro-cinador, nos dá tranquilidade para planejar as ações das modalidades envolvidas nesse patrocínio. Também contamos com o apoio do Ministério do Esporte por meio dos con-vênios de repasses de recursos para a pre-paração das Seleções, compra de equipamen-tos e participação em eventos internacionais. Estamos investindo esses recursos na prepara-ção dos Jogos Parapanamericanos de Gua-dalajara 2011 e dos Jogos Paraolímpicos de Londres 2012.

rBP // O Brasil conquistou o continente em 2007 e ficou no topo do ranking de medalhas do Parapan do Rio. Qual o pla-no técnico do País para repetir a façanha no México? edilsOn rOcha TuBiBa // Em 2009, quando a no-va gestão assumiu o CPB, fizemos um trabalho minucioso de avaliação do momento do Espor-te Paraolímpico Brasileiro e também dos nossos principais concorrentes. Após a análise, elabo-ramos o Planejamento Estratégico do Espor-te Paraolímpico Brasileiro, com vistas ao ciclo 2009-2012. A realidade mudou completamen-te com a confirmação do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. O CPB, em parceria com todas as suas confederações e entidades filiadas, montou um novo planejamento, mais amplo e com projetos

A paixão pelo movimento paraolímpico começou por acaso. Ár-bitro de basquetebol, Edilson Rocha, o Tubiba, foi chamado às pressas para atuar como mesário em uma apresentação de bas-quete em cadeira de rodas, em 1998. Encantado com o jogo, tor-nou-se supervisor técnico do Clube dos Paraplégicos de São Paulo e logo após surgiu o convite para assumir a Direção Téc-nica da Federação Paulista de Basquete Sobre Rodas. Em 2004 virou coordenador técnico do Comitê Paraolímpico Brasileiro e atuou durante toda a preparação e participação da Delegação Brasileira nas Paraolimpíadas de Atenas 2004. Dois anos depois assumiu o cargo de diretor técnico e ficou até 2008, quando dei-

xou o CPB por um ano e fez parte do quadro de funcionários do Comitê de Candidatura do Rio de Janeiro aos Jogos Olímpicos 2016. Após a Cidade Maravilhosa conquistar o direito de sediar as Olimpíadas, retornou ao CPB, convidado pelo presidente An-drew Parsons para a vaga de diretor técnico, que ocupa até hoje. A Revista Brasil Paraolímpico bateu um longo papo com Tubiba, um dos responsáveis pelos planejamentos do Comitê para o fu-turo, abordando temas como a evolução do Movimento Parao-límpico brasileiro, estimativas de medalhas no Parapanamerica-no de Guadalajara e nas Paraolimpíadas de Londres 2012, entre outros assuntos. Confira!

sempre de olho

no fuTurochefe de missão do Brasil em londres

2012, Edilson rocha tubiba comanda a

área técnica do cpB: aposta no planejamen-

to para o país figurar entre os cinco maiores

do mundo nas paraolímpiadas rio 2016

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rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

19entrevistaEdilson tubiba

entrevistaEdilson tubiba

visando a participação nos Jogos do Rio. O pro-jeto atual foi aprovado por todas as entidades e pelo Ministério do Esporte. Com ele, nós sa-bemos onde estamos, onde queremos chegar e qual o caminho devemos percorrer. Definimos todas as metas até 2016 e a primeira delas é justamente a conquista do lugar mais alto do pódio do Parapan de Guadalajara.

rBP // Quais modalidades devem trazer mais medalhas do Parapan?

edilsOn rOcha TuBiBa // Certamente teremos mais medalhas no atletismo e na natação, pois são as modalidades com o maior número de atletas competindo, e muitos deles podem conquistar várias medalhas como é o caso do Daniel Dias, que pode conquistar até 8 medalhas. Temos atletas campeões mundiais e posicionados en-tre os cinco primeiros do ranking mundial em se-te das 13 modalidades. Em nível continental, es-tamos bem posicionados em todos os esportes.

rBP // O Brasil está entre as 10 potências esportivas do planeta. Qual o objetivo para os Jogos de londres 2012?

edilsOn rOcha TuBiBa // O Brasil é a nona potên-cia no ranking mundial de medalhas em Jo-gos Paraolímpicos, o que é um motivo de mui-to orgulho e também de muita preocupação, porque não será fácil manter a posição e me-lhorá-la, o que é a nossa meta. Nossa meta é o 7º lugar no quadro geral de medalhas dos Jogos de Londres. Temos outros objetivos até 2016: 1º lugar no Parapan de Guadalajara e no

Parapan de Toronto, em 2015, e o 5º lugar nos Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro.

rBP // como o cPB alcançará essa meta?

edilsOn rOcha TuBiBa // Um bom exemplo disso é o Projeto Ouro Paraolímpico – Londres 2012, que visa atender aos atletas de modalidades individuais com chances reais de conquista da medalha dourada. Esse é um programa sob medida, onde o CPB investe diretamente na preparação dos atletas selecionados, pagan-do os salários de profissionais específicos como técnicos, fisiologistas, nutricionistas, etc. Tam-bém investimos na participação desses atletas em competições que não fazem parte do ca-lendário do CPB e na compra de equipamen-tos esportivos de última geração. Além disso, desenvolvemos o programa de Seleções Para-olímpicas Permanentes, com fases de treina-mentos, avaliações médicas e fisiológicas e in-tercâmbios internacionais de treinamento.

rBP // Dentro do Planejamento do cPB existe algum projeto ligado à base?

edilsOn rOcha TuBiBa // Trabalhamos em vários projetos, mas temos alguns que valem a pe-na ressaltar. Um deles é o Projeto Clube Esco-lar Paraolímpico, onde o CPB apoia 22 proje-tos de clubes da base com atividades ligadas às modalidades do programa paraolímpi-co com crianças que estejam regularmente matriculadas na escola. Esse projeto garante aos clubes a oportunidade de trabalhar junto às escolas e garantir a renovação dos atletas. Disponibilizamos recursos para pagamento de professores, estagiários, custeio de mate-rial esportivo, transportes, uniformes, lanches etc. O CPB trabalha pensando no alto rendi-mento e nas competições imediatas, mas não descuida do trabalhe de base e iniciação.

rBP // a academia Paraolímpica Brasileira se destaca pelo ineditismo de conciliar o esporte de alto rendimento para defi-cientes e a pesquisa acadêmica. Quais são os próximos passos da aPB?

edilsOn rOcha TuBiBa // A criação da APB foi uma grande ideia do presidente Andrew.

Acredito que ela trará bons frutos para o Esporte Paraolímpico, tanto de alto rendi-mento como de base. A APB realizará em Uberlândia o II Congresso Paraolímpico Brasileiro e o I Congresso Paradesportivo Internacional, que contará com palestran-tes do mundo todo. Oitocentos profissionais poderão participar dos diversos cursos ofe-recidos. Teremos a publicação do primei-ro livro do Esporte Paraolímpico Brasilei-ro, com informações das 20 modalidades paraolímpicas, da classificação funcional e da organização do paradesporto. Em 2012, ocorrerá o primeiro Curso de PósGraduação Lato-Sensu em Treinamento de Alto Rendi-mento em Esporte Paraolímpico.

rBP // O circuito loterias caIXa evoluiu muito nos últimos anos. O que tem sido destaque? edilsOn rOcha TuBiBa // O Circuito Loterias Caixa Brasil de Atletismo, Halterofilismo e Natação foi o grande responsável pelo crescimento dessas modalidades. O des-taque fica por conta da participação de mais de 2500 atletas ao longo da compe-tição, além da classificação anual de 500 novos atletas nas três modalidades envol-vidas. No Circuito, foram revelados nomes importantes do paradesporto, como Daniel Dias, Andre Brasil, Phelipe Rodrigues, Yo-hansson Nascimento, Lucas Prado, Shirle-ne Coelho entre outros.

um bom exemplo disso é o

projeto ouro paraolímpico

londres 2012, que visa

atender atletas com

chances reais de conquista

da medalha dourada temos atletas campeões

mundiais e posicionados

entre os cinco primeiros do

ranking mundial em sete

das 13 modalidades. Em

nível continental, estamos

bem posicionados em

todos os esportes.

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20rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

tecnologia aliada do esporte

Assista a uma competição de esporte adaptado por alguns minutos que rapida-mente você perceberá o papel de protago-nista que a tecnologia desempenha neste tipo de evento. Da necessidade de adaptar

cadeiras de rodas ao uso de próte-ses flexíveis no atletismo, o nú-

mero de aparatos tecnológi-cos no Esporte Paraolímpico cresce cada vez mais.

À primeira vista, as pró-teses de fibra de carbo-no usadas por atletas co-mo Oscar Pistorius e Alan Fonteles são as que mais

chamam atenção. Porém, elas representam apenas

uma parte de todo o material desenvolvido para que pessoas

com deficiência possam praticar esportes em alto rendimento.

Na natação, são os bastidores que guardam os maiores segredos tecnoló-

gicos. Durante os treinos, os atletas são submetidos a vários testes para melhorar suas performances. Câmeras submersas e um programa de computador captura-ram e analisam todos os movimentos de cada nadador.

“Os atletas têm seus movimentos filma-dos detalhadamente. Olhamos os movi-mentos de cada um, braçada a braçada, e isso nos permite fazer uma análise muito precisa, ajustando algumas coisas e me-

Esportes paraolímpicos de mãos dadas com a

tecnologialhorando seu desempenho”, explica  Mu-rilo Barreto, coordenador técnico da nata-ção brasileira.

Dentro das quadras de basquete e rugby em cadeira de rodas, a tecnologia também está presente e é de suma importância para a se-gurança e o melhor rendimento dos jogado-res. As cadeiras são feitas de titânio ou alu-mínio para melhor absorverem os impactos e facilitarem a locomoção, sendo mais leves.

Nas pistas de atletismo, além da diferen-ciação de material, há ainda uma adapta-ção do formato da cadeira, que passa a ter uma terceira roda, para melhor sus-tentação durante as corridas.

“Essas cadeiras podem custar de 15 a 20 mil dólares cada uma e são determi-nantes nos resultados finais das provas. Quanto melhor a qualidade do rolamento, por exemplo, menor a força e energia que o atleta perde, fazendo com que ele perca menos tempo”, explica Ciro Winckler, co-ordenador técnico do atletismo do Brasil.

Para a aquisição desses equipamentos, alguns atletas contam com a ajuda do Comitê Paraolímpico Brasileiro. É o caso do campeão Alan Fonteles, que custeou suas duas próteses (cerca de 20 mil re-ais) com o apoio do CPB e da CAIXA, pa-trocinadora oficial do atleta.

“Antes, eu usava duas próteses de ma-deira. Elas tinham titânio dentro e eram

Page 21: Revista Brasil Paraolímpico n° 37

rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

21tecnologia aliada do esporte

tecnologia aliada do esporte

bem leves também, mas nada compara-do às que uso hoje em dia. As atuais, fei-tas de fibra de carbono, são mais confor-táveis e me fizeram melhorar muito meu tempo. Com as antigas, eu corria 100m em aproximadamente 14 segundos. Ago-ra, esse tempo está na casa dos 11s”, afir-ma Fonteles.

Essa melhora no rendimento, inclusive, já foi alvo de muita discussão no meio es-portivo. Em 2008, o sul-africano Oscar Pistorius, conhecido como “blade run-ner” exatamente por causa de suas pró-teses, foi proibido de disputar competi-

ções ao lado de atletas sem deficiência. A alegação da Federação Internacional de Atletismo era de que ele teria vantagem sobre os concorrentes por causa das pró-teses. Alguns meses mais tarde, no en-tanto, após consultar diversos cientistas e constatar que as lâminas não favorece-riam Pistorius, o Tribunal do Esporte de-terminou que o atleta poderia sim com-petir em Olimpíadas e Mundiais.

E o corredor paraolímpico mais rápido do mundo já ficou bem mais perto do sonho de disputar uma Olimpíada. Pistorius con-seguiu índice e uma vaga na equipe sul-afri-

cana para disputar o Mundial em Daegu no mês passado. Na maior competição de atletismo do mundo, ele já fez história. “Bla-de Runner” chegou às semifinais dos 400 metros rasos e ajudou na classificação do grupo no revezamento 4x400m.

Este tipo de discussão sempre vai acon-tecer, mas o principal é perceber como a tecnologia já é parte integrante (e impor-tante) do esporte. A colaboração despor-tiva já é bem difundida na comunidade científica e pode-se até dizer que é uma nova modalidade da tecnologia, que che-ga com o intuito de ajudar e melhorar.

antes, eu usava duas próteses de madeira. Elas

tinham titânio dentro e eram bem leves também,

mas nada comparado às que uso hoje em dia.Alan Fonteles

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22rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

Marketing esportivoFórum internacional

comunicação de

O presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons, partici-pou em agosto do V Fórum Internacional de Mar keting Esportivo de Resultados, no Rio de Janeiro. Promovido pela Asso-ciação Brasileira de Anunciantes (ABA), o Fórum foi um encontro para debater oportunidades e a apresentação de cases de sucesso na área esportiva, principal-mente relacionadas a marketing e mídia.

Em mesa coordenada por Márcio Vic-ter, do Grupo Queiroz Galvão, e Gerson Bordignon, da Caixa Econômica, Parsons

apresentou o case de comunicação do CPB, relacionando os investimentos nes-ta área ao aumento de patrocínios que le-varam o Brasil ao nono lugar nas Parao-limpíadas de 2008, em Pequim.

Em sua apresentação, Parsons lembrou o começo deste trabalho, em 2004, quan-do o CPB comprou os direitos de trans-missão dos Jogos e os cedeu para as emissoras nacionais.

“Os Jogos de Atenas representaram uma virada na nossa história. Até então, os

brasileiros mal sabiam da existência das Paraolimpíadas. Com os investimentos em comunicação, conseguimos mostrar, ao vivo, para o Brasil várias provas e ainda aumentar a visibilidade do Esporte Parao-límpico em todos os meios de comunica-ção”, disse Parsons.

Com mais visibilidade e o sucesso dos brasileiros, o patrocínio com as Loterias Caixa deu um salto de R$ 1 milhão pa-ra R$ 3,4 milhões em 2005, permitindo a criação do Circuito Loterias Caixa de Atletismo e Natação, que depois ainda receberia o Halterofilismo. O efeito mul-tiplicador estava criado.

“Dois de nossos maiores nomes, Daniel Dias e Andre Brasil, que ganharam jun-tos oito medalhas de ouro em Pequim, só descobriram o Esporte Paraolímpico por-que viram as competições na TV”, exem-plificou Parsons.

A operação para Pequim foi ainda maior e, em escalas menores, são replicadas em Campeonatos Mundiais, como os de Ju-dô, Natação, Futebol de 5 e Atletismo. Este último, na Nova Zelândia, para um investimento de cerca de R$ 160 mil, o retorno de mídia (centimetragem + mi-nutagem) chegou a quase R$ 50 milhões.

“A política de comunicação do CPB ho-je é o modelo a ser seguido pelo Comitê Paraolímpico Internacional”, disse o pre-sidente do CPB.

resultadospresidente andrew parsons apresenta case de sucesso do comitê paraolímpico Brasileiro em Fórum internacional

Page 23: Revista Brasil Paraolímpico n° 37

rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

23CircuitoEtapa Nacional

Marketing esportivoFórum internacional

abertura de gala

primeira Etapa Nacional do

circuito loterias caixa registra

três recordes mundiais

e 72 brasileiros

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24rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

CircuitoEtapa Nacional

de olho nas vagas do Parapan

revelações pegam no pesadoConcentração, força e agilidade. Com apoio da torcida, atletas de todas as regi-ões do País se encontraram em São Pau-lo para disputar a principal competição do

halterofilismo. José Ricardo da Silva en-frentou quase quatro mil quilômetros de distância para quebrar o recorde brasilei-ro na categoria até 100kg, com 187,5kg.

O atleta da Adefa (Associação Deficientes Físicos do Amazonas) subiu à barra com o objetivo de bater o recorde brasileiro de Jo-seano dos Santos, que era de 185kg. Na pri-meira tentativa, conseguiu. Fez 186kg, mo-vimento validado pelos três árbitros. Na segunda rodada, José ousou e conseguiu le-vantar 187,5kg, sagrando-se dono da nova

“O grito da vitória veio com gosto espe-cial. Enfrentei mais de quatro horas de vôo para conseguir melhorar essa marca. Em 2007 representei o Brasil no Parapan e sonho em repetir a façanha este ano, no México”, disse o atleta.

Além da marca de José Ricardo, outros dois importantes recordes brasilei-ros foram quebrados: Ailton Clemen-te Silva superou sua marca anterior em 1,5kg e levantou 117,5kg na cate-goria até 52kg, enquanto Bruno Car-ra melhorou a marca anterior (que não era alterada há cinco anos) em 5kg, le-vantando 145kg, na categoria até 56kg. Com 22 anos, Bruno é uma das apostas da modalidade.

“O esporte vive de renovação e esta-mos muito satisfeitos com esta etapa, que revelou bons nomes. A próxima te-rá um nível técnico excelente, pois será a definição dos nomes que disputarão os Jogos Parapanamericanos do Méxi-co”, lembrou o coordenador técnico da modalidade, Antonio Augusto Junior.

HALteROfILIsMO

O assunto mais discutido nos bastidores da primeira Etapa Nacional do Circuito Lote-rias CAIXA, disputado nos dias 6 e 7 de agosto, em São Paulo, não poderia ser outro: a classificação para os Jogos Parapanamericanos de Guadalajara, em novembro. Tanto no atletismo, quanto no halterofilismo e na natação, todos se empenharam em superar suas marcas em busca da sonhada vaga. O reflexo disso foram os três recordes mun-diais e os 72 brasileiros quebrados durante a competição (36 na natação, 33 no atletis-mo e três no halterofilismo).

Durante dois dias, mais de 600 atletas brasileiros e 50 de outros países (Argentina, Chile, Uruguai e Colômbia) disputaram provas de olho na classificação para os Jogos do México.

“O Brasil levará o que tem de melhor para os Jogos, assim como muitos outros países farão. Para algumas modalidades, o Parapan será classificatório para os Jogos Paraolím-picos de Londres 2012. O caminho para Londres já começou”, afirmou o presidente do CPB, Andrew Parsons.

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rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

25CircuitoEtapa Nacional

CircuitoEtapa Nacional

recordes Mundiais na pista

O coordenador técnico nacional de atle-tismo, Ciro Winckler, destacou o saldo positivo da competição.

“O Odair conseguiu o recorde mundial nos 800m e baixou o recorde mundial nos 1.500m, conquistado por ele em ja-neiro deste ano, no Mundial da Nova Ze-lândia. Além disso, tivemos revelações, como Angelo Pereira (T37), Cleiton Perei-ra (T46) e Marivana da Nóbrega (F35). São três atletas da Geração RIO 2016”, afirmou Ciro.

Além dos recordes mundiais de Odair dos Santos na T11 (perda total de visão), a jo-vem Mariane dos Santos, de 20 anos, fez 4.28 no salto em distância F45 (amputados e les autres – os outros). A marca anterior era de 3.85, da canadense Cole, em 1980.

“O resultado da Mariane foi excelen-te, mas infelizmente não existem tantos atletas na F45. Para ela disputar os Jogos Parapanamericanos e Paraolímpicos pre-cisa ter o índice na classe F46, que é mais elevado”, explicou Ciro.

O empenho dos atletas na piscina do Co-rinthians Sport Club em busca dos índi-ces para os jogos Parapanamericanos de Guadalajara transformou a competição em um cenário perfeito para a quebra de recordes. Ao todo foram mais de 24 re-cordes brasileiros batidos, além dos 12 da classe S14.

“A competição foi forte e as classes estão mais competitivas. Agora temos informa-ções para acompanhar o desenvolvimen-to dos atletas em relação a 2010. Faremos uma análise mais detalhada e assim tere-mos segurança para formar uma equipe bem forte”, explicou Murilo Barreto, coor-denador técnico nacional da modalidade.

A paulista Paloma Sampaio foi um dos destaques da etapa. Ela bateu o recorde

nacional nos 100m peito, classe SB5, com a marca de 2m13s62.

“Esperava fazer uma marca boa, mas não imaginava que seria recorde. Fiquei bastante feliz e isso dá uma animada pa-ra pensar na convocação. Tenho trabalhado muito para baixar meus tempos, mas meu maior objetivo é o Parapan”, comen-tou a atleta.

Recordista de medalhas em Pa-raolimpíadas, Daniel Dias esta-va muito feliz por nadar na “ca-sa” do timão.

“Estou muito alegre por competir no Co-rinthians, meu time do coração, além de

encontrar os melhores nadadores com deficiência do Brasil", finalizou.

mais de 20 novas marcas na natação

PIsCInA

AtLetIsMO

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26rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

ParapanNatação

Foram cinco dias de competição e mais de 50 meda-lhas conquistadas por 17 feras da natação brasileira. Este foi o saldo da equipe verde e amarela no Para-pan Pacific, disputado entre os dias 10 e 14 de agos-to, no Canadá. O evento serviu como uma prévia do que podemos esperar dos brasileiros no Parapan de Guadalajara: muitas medalhas.

A cidade de Edmonton, na província de Alberta, re-cebeu 190 nadadores de ponta de 14 países, incluin-do nações do Pacífico que cruzaram o oceano co-

mo Austrália e Japão. Para o coordenador técnico da modalidade, Murilo Barreto, as conquistas da Se-leção Brasileira são prova do empenho dos atletas, que mesmo com o foco nos Jogos Parapanamerica-nos, em novembro, conseguiram excelentes marcas no Canadá.

“A equipe dos Estados Unidos, Canadá e Austrália têm este evento como objetivo principal. Seus atle-tas estão ‘polidos’. Mesmos assim mostramos a nos-sa força”, afirmou Barreto.

Brilho nas

piscinasEquipe brasileira enfrentou seus principais adversários no parapan pacific, conquistou 51 medalhas, e mostrou que está muito bem para os Jogos de Guadalajara

andré Brasil • OURO 100mBorboleta S10 masculino - 57s17 • 400m livre S10 masculino - 4m11s05 • 50m livre S10 masculino - 23s79 • 100L S10 masculino - 0’52”11 • PRaTa 100m costas S10 masculino – 1m01s37 • 200 Medley S10 masculino- 2’16”18 Phelipe andrews • PRaTa 50m livre S10 masculino – 24s51 • BRONZe 100L S10 masculino 0’53”80 • 5º lugar 200 Medley S10 masculino 2’22”57 daniel dias • OURO 200m livre S5 masculino – 2m34s27 • 50m livre S5 masculino – 34s11 • 50m costas S5 masculino – 36s68 • 100m peito SB4 masculino Daniel Dias – 1m39s71 • 200Medley (3’06”33) (3’02”62) • 100L s5 mas-culino - 1’12”09 • PRaTa 50m Borboleta S5 masculino - 35s88 clodoaldo silva • PRaTa 200 Medley 3’45”91 BRONZe 50m Borboleta S5 masculino – 46s33 • 200m livre S5 masculino – 3m02s27 • 50m livre S5 masculino – 35s89 • 100m peito SB4 masculino Clodoaldo Silva – 2m05s05 • 100L 1’24”15 • 4º lUgaR 50m costas S5 masculino – 47s46 adriano lima • OURO 50m livre S6 masculino – 33s91 • 100L S6 - 1’12”43 • PRaTa 400m livre S6 masculino – 5m42s11 • 100m peito SB5 masculino – 1m45s92 • 200 Medley S6 masculino 3m16s83 ivanildo Vasconcelos • PRaTa 100m peito SB4 masculino Ivanildo Vasconcelos – 1m50s84 • 100m costas S6 masculino • BRONZe 100m costas S6 masculino – 1m34s80 edênia Garcia • OURO 50Costas S4 feminino - 52s90 PRaTa 50m Livre S4 feminino 54s65 BRONZe 200m Livre S4 feminino - 4m08s28 • 4º lUgaR 100m livre S4 feminino– 1m58s82 joana silva • OURO 50m Livre S5 femi-nino – 38s68 • 200m Livre S5 feminino - 3m15s06 (Recorde das Américas) • 100m livre S5 feminino – 1m26s84 susana ribeiro • BRONZe 400m Livre S8 femi-nino – 5m38s46 • 4º lUgaR 100m livre S8 feminino – 1m17s41 Verônica almeida • 7º lUgaR 100m livre S7 feminino – 1m28s57 caio amorim • OURO 400m livre S8 masculino – 4m56s63 • BRONZe 100m costas S8 masculino – 1m17s30 • 100L S8 masculino - 1’07”12 • 5º lUgaR 200 Medley S8 - 2’51”06 carlos Farremberg • PRaTa 100L S13 masculino - 0’54”77 • 4º lUgaR 50m livre S13 masculino – 25s32 • 5º lUgaR 400m livre S13 masculino – 5m07s75 jeferson amaro • OURO 50m Borboleta S6 masculino – 36s89 • 100m costas S6 masculino – 1m29s35 BRONZe 50m livre S6 masculino – 37s36 • 100L S6 masculi-no 1’23”96 matheus rheine • OURO 400m livre S11 masculino – 5m10s22 • 100m costas S11 masculino – 1m24s47 • PRaTa 50m livre S11 masculino– 29s28 • 100L – S11 masculino - 1’05”20 matheus henrique da silva • 6º lUgaR 200 Medley SB9 masculino - 2’41”03 – recorde brasileiro • 9º lUgaR - 100L - 1’09”06 Vanilton Filho • 5º lUgaR - 100L S9 masculino - 1’01”23 9º lUgaR 200 Medley S9 masculino - 3’01”38 ana clara cruz • 6º lUgaR 50m costas S4 femini-no - 48s56 • 8º lUgaR 100m livre S6 feminino – 1m45s58 reVezamenTOs • OURO Revezamento 200 medley 20 pontos feminino Edênia Garcia, Ana Clara Cruz, Verônica Almeida e Joana Silva • PRaTa Revezamento 400 livre – 34 pontos masculino Phelipe Rodrigues, Vanilton Filho, Daniel Dias e André Brasil • Re-vezamento 200 medley – 20 pontos – 2m41s72 • MAS20 Point 200 Medley Relay - 2’41”72 - 1 lugar • OURO Revezamento 400 livre – 34 pontos – 4m26s68

Page 27: Revista Brasil Paraolímpico n° 37

rEvistabRAsIL PARAOLÍMPICO

27ParapanNatação

bochacerteza de medalha

O Brasil mostrou na Copa do Mundo de Bocha, disputada em Belfast, em agos-to, que continua forte na modalidade e vai brigar pelo ouro em Londres 2012. A competição contou com a presen-ça dos melhores atletas do mundo e o País ficou com dois ouros e um bronze. Os campeões paraolímpicos Eliseu dos Santos e Maciel Santos, conquistaram o lugar mais alto na competição de du-plas na categoria BC 4 e também meda-lhas individuais. Eliseu ficou em primei-ro e Maciel, em terceiro. Depois de passar pelas oitavas e pe-las quartas-de-final sem muitas di-ficuldades, Eliseu dos Santos supe-rou dois adversários difíceis para chegar ao ouro. Nas semifinais, em jo-go muito disputado, ele precisou dos critérios de desempate para garantir sua vaga na fi-nal, uma vez que o duelo contra Vivian Wai Yan Lau, de Hong Kong, acabou empatado em 3 a 3. Na final o resultado também foi apertado: 3 a 2 para o brasileiro, contra Marc Dispaltro, do Canadá. Assim, Eliseu garantiu seu segundo ouro na competição, de-pois de ser campeão também na disputa por duplas. O bronze brasileiro veio com Maciel Santos, que, após perder para o português Abílio Valente nas semifinais, fez uma boa partida contra Roberta Connoly, da Irlan-da, e garantiu o terceiro lugar de sua classe.

Os brasileiros já chegaram para as disputas indivi-duais mais tranqüilos, pois haviam garantido antes o bicampeonato mundial nas duplas. Após boa cam-

panha na fase de grupos da Copa do Mundo (du-as vitórias, uma derrota e 15 pontos marcados), os atletas se classificaram em primeiro do grupo e fo-ram às quartas-de-final para enfrentar a Eslováquia. No jogo eliminatório, Dirceu e Eliseu não tiveram mui-tas dificuldades e venceram a dupla eslovaca por 10 a 1. Nas semifinais, o adversário foi o Canadá, que tam-bém não conseguiu fazer frente à brasileira e perdeu por 7 a 2. No outro jogo semifinal, a Tailândia eliminou a República Tcheca e também garantiu lugar na final. Na decisão, enfim, Dirceu e Eliseu conseguiram a vi-tória por 5 a 3, em jogo muito disputado, e garanti-ram o ouro para o Brasil. A República Tcheca ficou com o bronze, ao derrotar o Canadá por 8 a 3 na dis-puta de terceiro lugar.

Bocha brasileira

continua no topoEliseu dos santos e marcos maciel brilham na copa do mundo em Belfast

Brasil conquista dois ouros

e um bronze, mostrando a

força de nossos medalhistas

paraolímpicos

Eliseu dos Santos, campeão individual e também em du-plas na Copa do Mundo dis-putada em Belfast

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notícias

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tíci

as Brasil e inGlaTerra unidOs

A pouco menos de um ano das Paraolim-píadas de Londres, o presidente do Comi-tê Paraolímpico Brasileiro, Andrew Par-sons, e o cônsul geral britânico em São Paulo e diretor do UK Trade & Investment (UKTI) no Brasil, John Doddrell, se reuni-ram para estreitar laços e celebrar a proxi-midade da maior competição do planeta para atletas com deficiência. O encontro aconteceu durante as Paraolimpíadas Es-colares, em São Paulo.

jOVens judOcas Brilham

No Mundial de Jovens da IBSA (Fe-deração Internacional de Esportes pa-ra Cegos), os judocas Willians de Araú-jo, Rayfran Pontes, Arthur Silva e Victória Santos foram os grandes nomes do Brasil e trouxeram para casa um ouro, duas pra-tas e um bronze, respectivamente. A sele-ção jovem de Goalball também participou e voltou entre os sete melhores. É o Brasil se preparando para os Jogos do Rio 2016!

Vôlei senTadO Faz BOniTO nO exTeriOr

A seleção brasileira de vôlei sentado par-ticipou da Copa Intercontinental da mo-dalidade no último mês de julho e con-quistou o quarto lugar, ficando à frente de países como Estados Unidos e Grã-Bre-tanha. O torneio aconteceu em Kettering, na Inglaterra, e fez parte da preparação brasileira para os Jogos Parapanamerica-nos de Guadalajara 2011.

cPB Firma cOnVêniO cOm O minisTériO dOs esPOrTess

O CPB recebeu um reforço para colocar em prática ações que visam a prepara-ção para os próximos grandes eventos, como os Jogos Parapanamericanos de Guadalajara 2011 e Paraolímpicos de Lon-dres 2012. Graças aos convênios firma-dos com o Ministério do Esporte, o CPB terá R$ 6.343.497,00 para serem aplica-dos em projetos para as Seleções perma-nentes de Natação, Hipismo, Tiro Esporti-vo, Atletismo, Futebol de 5 e Judô.

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notíciasnotícias

BOlsa aTleTa Para Guias

A Comissão de Turismo e Desporto da Câ-mara dos Deputados aprovou Projeto de Lei que estende o benefício da Bolsa Atleta para os guias de atletas deficientes visuais. Para ganhar o benefício, além de cumprir os requisitos da lei, é necessário que o atleta--guia esteja competindo com o mesmo atleta há pelo menos 12 meses. Se o guia abandonar o atleta, perde o direito à bolsa. A proposta segue para análise das Comis-sões de Finanças e Tributação; e de Cons-tituição e Justiça e Cidadania. Depois, será votada pelo Plenário.

cPB ajuda a secreTaria de direiTOs humanOs

O CPB assinou um acordo de cooperação técnica com a Secretaria de Direitos Huma-nos da Presidência da República, durante o Encontro Nacional de Gestores da Política da Pessoa com Deficiência, estreitando as relações do CPB com a Secretaria. O compromisso visa a divulgação do esporte adaptado no País e uma maior inclusão dos deficientes na sociedade. “Agora temos o compromisso contratual de ajudar a Secre-taria em projetos não-esportivos, que vão ajudar as pessoas com deficiência”, disse Andrew Parsons, presidente do CPB.

ParaOlímPiadas escOlares

Com 160 medalhas e 61 pontos, o estado de São Paulo foi o grande campeão das Paraolímpiadas Escolares, o maior evento do gênero no Mundo. Rio de janeiro ficou em segundo e Minas Gerais, em tercei-ro, na competição que foi disputada em São Paulo. Não perca na próxima edição a grande cobertura do que rolou nas Para-olimpíadas Escolares.

aO ladO dOs miliTares

Com o objetivo de dar oportunidade aos militares que foram afastados do serviço por problemas físicos, o Conselho Interna-cional de Desporto Militar (Cismi) criou o projeto Injured Military Athletes Project. Em parceria com o Comitê Paraolímpico Brasi-leiro (CPB), visa a participação de ex-com-batentes das Forças Armadas e Auxiliares em competições paradesportivas.

OPen de naTaçãO lOTerias caixa

O Rio de Janeiro receberá, entre os dias 12 e 15 de outubro, o Open com a maior premia-ção em dinheiro da história da paranatação. A piscina do Parque Aquático Maria Lenk será tomada por medalhistas paraolímpi-cos, recordistas mundiais e novos talentos da paranatação nacional e internacional. A competição reunirá atletas de países como Portugal, Suíça, Croácia, Suriname e Iraque. Serão distribuídos mais de 40 mil euros.

FernandO Fernandes é BicamPeãO mundial

O ex-BBB Fernando Fernandes confir-mou seu favoritismo e venceu os 200m da classe A no Mundial de Paracanoa-gem disputado em Szeged, na Hungria. Assim, o brasileiro se tornou bicam-peão mundial da prova e colocou o Bra-sil como um dos melhores do mundo na modalidade. Marta Ferreira também con-quistou um ouro, mas a medalha não foi oficializada, porque sua prova não atingiu o mínimo de seis participantes. A baiana conquistou também um bronze.

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presidenteANDREW PARSONS

Vice- presidente MIZAEL CONRADO

Vice-presidente AdministrativoLUIZ CLAUDIO PEREIRA

superintendente Administrativo, finanças , contabilidade e eventosCARLOS JOSÉ VIEIRA DE SOUZA

diretoria técnicaEDILSON ALVES DA ROCHA

Gerência de marketing FREDERICO L. MOTTA

conselho fiscalJOSÉ AFONSO DA COSTA

HÉLIO DOS SANTOS

ROBERTO CARLOS EMILIO PICELLO

coordenação MEDIA GUIDE COMUNICAçãO

Jornalista responsávelDIOGO MOURãO MTB 19142/RJ

edição e textos ANANDA ROPE

JANAíNA LAZZARETTI

estagiárioRODRIGO ANTONELLI

imagensEXEMPLUS COMUNICAçãO

projeto gráfico e diagramaçãoINVENTUM DESIGN

impressãoGRÁFICA CLICHERIA CHROMOS

Brasil Paraolímpico é uma publicação bimestral do Comitê Paraolímpico Brasileiro e esta edição teve 3.500 exemplares impressos em setembro de 2011.

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Se preferir, mande email: [email protected].

turma da Mônica

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31expediente

Judô para cegos. Um esporte

que, antes de a luta começar,

já tem dois vencedores.

Infraero. Patrocinadora o�cial do Judô para Cegos Brasileiro.

Através do judô, de�cientes visuais provamque o esporte tem poder de superação e que

impossível é uma palavra que não deveria existir.

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CM

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INF_0000_11_ANR_judo_paracegos_21x28.pdf 1 5/30/11 12:13 PM

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