revisão da fauna do género rhagonycha (insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma...

171
José Manuel Grosso Ferreira da Silva Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, Coleoptera, Cantharidae) de Portugal continental Taxonomia, distribuição geográfica e fenologia Abril de 2007

Upload: truongkhuong

Post on 11-Oct-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

José Manuel Grosso Ferreira da Silva

Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta,

Coleoptera, Cantharidae) de Portugal continental

Taxonomia, distribuição geográfica e fenologia

Abril de 2007

José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
Page 2: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto para a obtenção do grau de mestre em Biodiversidade e Recursos Genéticos.

Orientador: Prof. Doutor Paulo Célio Alves

Page 3: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

\

Casal de Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763) (Vairão, Junho de 2006).

Page 4: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

1

Agradecimentos

O desenvolvimento desta tese só foi possível graças ao apoio de diversas pessoas, que

desde a orientação e o auxílio na resolução de vários problemas até à colaboração na obtenção

de bibliografia e exemplares contribuíram para que a sua elaboração se concretizasse.

Gostaria de começar por agradecer ao Prof. Doutor Paulo Célio Alves pela confiança

que em mim depositou e por toda a orientação e apoio que proporcionou durante a realização

desta tese.

Ao Doutor Miguel Ángel Alonso Zarazaga tenho a agradecer, em primeiro lugar, a

sugestão e o incentivo para me dedicar à família Cantharidae, assim como a sua amizade e

todo o apoio que deu para a realização desta tese, nomeadamente em termos nomenclaturais,

bibliográficos e de acesso à Colecção do Museo Nacional de Ciencias Naturales, para além do

auxílio na tradução das descrições originais publicadas em latim.

Ao Prof. Doutor Paulo Alexandrino pela disponibilidade para a realização das

fotografias que ilustram os hábitos dos adultos das espécies analisadas.

Ao Eng.º Tristão Branco, pelo seu apoio em termos bibliográficos, que proporcionou

algumas referências de acesso extremamente difícil, pelas discussões interessantes que sempre

mantemos e também pelos exemplares que me ofereceu.

Aos colegas e amigos que emprestaram as suas colecções particulares ou permitiram o

acesso às colecções das suas instituições, como o Prof. Doutor Artur Serrano, o Prof. Doutor

Luís Mendes, o Prof. Doutor Jorge Eiras, a Dra. Luzia Sousa, a Dra. Maria José

Miranda-Arabolaza e o Dr. Peter Hodge. Ainda ao José Ignacio López-Colón, pelos

exemplares de Cantharidae que me ofereceu e pela sua permanente disponibilidade para

ajudar.

Aos diversos colegas e amigos que contribuíram através da obtenção de referências

bibliográficas, como os Doutores Sergey Kasantsev e Florian Weihrauch e o Dr. José Manuel

Diéguez. Ao Doutor Florian Weihrauch agradeço ainda o auxílio na tradução das descrições

originais publicadas em alemão.

À Alison e ao Martin Corley, pela sua amizade e pelos agradáveis dias de campo que

temos sempre que saímos em conjunto, pela bibliografia e pelos exemplares que me

ofereceram.

À Sónia e ao Pedro, os meus “compinchas” entomológicos, pelos exemplares que

colheram, pela leitura desta tese, pelos conselhos e sugestões, enfim, por toda a sua amizade e

apoio.

Page 5: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

2

Finalmente, à Patrícia, pelo que me ajudou nas diversas fases de preparação desta tese,

por acreditar em mim e me apoiar e encorajar sempre, mas acima de tudo pela sua infinita

paciência. E porque pelo tempo nosso que foi aplicado neste trabalho (e noutros...), esta tese

também é dela.

Page 6: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

3

Resumo

O género Rhagonycha Eschscholtz, 1830 está incluído na família Cantharidae (Insecta,

Coleoptera), sendo um dos mais diversos desta família, com cerca de 330 espécies. A fauna

ibérica inclui aproximadamente 30 espécies, das cerca de 80 conhecidas no continente

europeu. O presente estudo foi realizado com os objectivos de inventariar e analisar

taxonomicamente as espécies do género Rhagonycha presentes em Portugal continental,

compilando e ampliando os conhecimentos sobre a sua distribuição geográfica e altitudinal,

fenologia e características ecológicas e ainda cartografando as suas distribuições conhecidas

no território nacional.

As metodologias empregues foram a pesquisa bibliográfica, a prospecção no campo, a

consulta e estudo de colecções e o trabalho laboratorial. O levantamento bibliográfico

compreendeu uma pesquisa de carácter global relativa à família Cantharidae e uma

compilação referente à fauna de Portugal continental. As prospecções de campo

proporcionaram exemplares para a análise taxonómica e contribuíram para a inventariação e

determinação das áreas de distribuição, intervalos altitudinais de ocorrência, fenologia e

características ecológicas das espécies. Os métodos de amostragem utilizados foram a procura

directa de exemplares, o saco de bater, a rede aérea e, nalgumas zonas, a atracção luminosa. O

estudo de colecções institucionais e privadas permitiu a consulta de material de comparação, a

obtenção de registos inéditos e/ou a verificação da identidade de exemplares já citados na

literatura. O trabalho laboratorial permitiu a identificação do material disponível e a análise

taxonómica das espécies identificadas, tendo-se a identificação baseado na coloração, na

morfologia externa das espécies e no estudo da genitália masculina.

A pesquisa bibliográfica permitiu a elaboração do inventário da fauna portuguesa, que

compreende 14 espécies. Foi também elaborada uma história do estudo do género

Rhagonycha em Portugal, incluindo 27 trabalhos produzidos por 20 autores. O estudo do

material colhido e preservado nas colecções analisadas permitiu a confirmação da presença de

nove espécies, bem como o incremento dos conhecimentos sobre a sua distribuição, fenologia

e características ecológicas. Foram ainda analisadas fêmeas de três outras espécies, cuja

presença no país não foi confirmada pelo facto de apenas os machos poderem ser

identificados com segurança. Foram elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das

espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos, comentários

sobre o estatuto taxonómico e distribuição em Portugal.

Em termos nomenclaturais, Cantharis fulva Scopoli, 1763 foi proposta como

espécie-tipo do género Rhagonycha. Foram também detectadas na literatura várias

Page 7: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

4

incorrecções nomenclaturais (autoria, data de descrição e forma de citação da autoria de

algumas espécies), procedendo-se à respectiva correcção.

Do ponto de vista taxonómico, o estudo da coloração corporal e da morfologia do

edeago sustentou o estatuto de boas espécies de Rhagonycha galiciana Gougelet & H.

Brisout, 1860 e Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856), que se encontravam anteriormente

sinonimizadas.

O conhecimento da distribuição da maioria das espécies foi ampliado, com destaque

para Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972 e Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866).

Obtiveram-se ampliações aos inventários da fauna de 13 Áreas Protegidas, incluindo em oito

dos casos os primeiros registos do género Rhagonycha.

Page 8: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

5

Abstract

The genus Rhagonycha Eschscholtz, 1830, which is included in the family Cantharidae

(Insecta, Coleoptera), is one of the richest of that family, with approximately 330 species. The

Iberian fauna includes about 30 species, of the nearly 80 that are known in the European

continent. The objectives of this study were to inventory and taxonomically analyse the

species of the genus Rhagonycha that occur in continental Portugal, compiling and improving

the knowledge on the geographic and altitudinal distribution, phenology and ecological traits

and furthermore producing a cartography of their known distributions in the country.

The methods used were bibliographical survey, fieldwork, study of collections and lab

work. The bibliographical survey included a general part aimed at the family Cantharidae and

a more specific compilation related to the Portuguese fauna. The fieldwork conducted

provided specimens for the taxonomic analysis and contributed to the inventory and the

improvement of the knowledge on the distribution, altitudinal ranges, and phenology of the

species. Sampling methods included direct searching, beating, aerial netting, and, in some

areas, light-trapping. The study of institutional and private collections allowed the checking of

reference material and the verification of the identity of specimens already recorded in the

literature and also yielded unpublished records. Lab work allowed the identification of the

available material, basing on the colouring, external morphology and the study of the male

genitalia, as well as the taxonomic analysis of the species found.

The bibliographical survey produced an inventory of the Portuguese fauna comprising

14 species. A history of the study of the genus Rhagonycha in Portugal was also compiled,

including 27 works published by 20 authors. The study of the material collected and that

preserved in the collections confirmed the occurrence of nine species and improved the

knowledge on their geographic distribution, altitudinal range, phenology and several

ecological traits. Female specimens of three additional species, whose presence in the country

was not confirmed because only the males can be positively identified, were also studied.

Monographic chapters dealing with each of the species were prepared, including sections in

which adults are characterized, and the taxonomic status and Portuguese distribution are

commented.

Nomenclatural results include the designation of Cantharis fulva Scopoli, 1763 as the

type-species of the genus Rhagonycha and the correction of a few mistakes relating to the

authorship, description date and citation form of several species.

Page 9: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

6

Taxonomically, the study of body colouring and the morphology of the aedeagus

warranted the separation of Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860 and

Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856), formerly treated as synonyms, as good species.

The knowledge about the distribution of most species was improved, the most

noteworthy cases being Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972 and Rhagonycha genistae

(Kiesenwetter, 1866). Additions were obtained for the inventories of 13 Parks and Reserves,

including the first records of the genus Rhagonycha in eight of them.

Page 10: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

7

1. Introdução

A família Cantharidae Imhoff, 1856 (1815), cuja composição mundial conhecida se

estima em cerca de 5.700 espécies (DELKESKAMP, 1977 e compilação por consulta

bibliográfica, do Zoological Record e de páginas da internet), pode considerar-se um grupo

taxonómico de dimensão média dentro da ordem Coleoptera, que inclui várias famílias com

mais de 25.000 espécies descritas.

Em termos geográficos, os Cantarídeos apresentam uma distribuição praticamente

cosmopolita, sendo a região Antárctica a única onde não estão representados (LAWRENCE et

al., 1999).

As larvas de Cantarídeos são do tipo campodeiforme (semelhantes aos insectos do

género Campodea) e encontram-se revestidas por uma pubescência densa composta por sedas

hidrofóbicas, que lhes confere um aspecto aveludado (CROWSON, 1955; LUFF, 1991;

RAMSDALE, 2000). Segundo CROWSON (1955), esta pubescência está provavelmente

relacionada com a resistência que as larvas destes insectos exibem face a situações de secura

extrema ou de humidade elevada, que é comparativamente maior do que a das larvas de várias

famílias próximas. Em termos de dieta, as larvas de Cantarídeos são predadoras ou fitófagas e

vivem sobre o solo, na manta morta e sob troncos de árvores tombadas (VIEDMA, 1964;

LUFF, 1991; LAWRENCE et al., 1999).

Os adultos (imagos) da maioria das espécies deste grupo taxonómico apresentam

actividade diurna, sendo encontrados frequentemente sobre plantas, quer sobre a folhagem,

quer sobre flores (LAWRENCE et al., 1999). Em termos de dieta, os imagos de Cantharidae,

que apresentam normalmente uma coloração viva do tipo aposemático e um sistema glandular

defensivo bem desenvolvido, podem ser classificados como predadores facultativos, uma vez

que aliam ao consumo habitual de presas de pequena dimensão, a utilização de matéria

vegetal, nomeadamente néctar e pólen, como fonte alimentar suplementar (LAWRENCE et

al., 1999; RAMSDALE, 2000).

A classificação actual da família Cantharidae na hierarquia taxonómica do Reino

Animal é (BRANCUCCI, 1980; LAWRENCE & NEWTON, 1995):

Filo Arthopoda von Siebold, 1845

Classe Insecta Linnaeus, 1758

Ordem Coleoptera Linnaeus, 1758

Subordem Polyphaga Emery, 1886

Superfamília Elateroidea Leach, 1815

Família Cantharidae Imhoff, 1856 (1815)

Page 11: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

8

A ordem Coleoptera inclui os insectos holometabólicos dotados de peças bucais

trituradoras com mandíbulas bem desenvolvidas, antenas com 8 a 11 artículos, protórax bem

desenvolvido e móvel e mesotórax reduzido (BRUSCA & BRUSCA, 2003). A característica

mais distintiva dos membros desta ordem é, no entanto, a estrutura das asas anteriores

(élitros), traduzida pelo seu espessamento e endurecimento, que lhes permite cobrir, e dessa

forma proteger, as asas posteriores membranosas e o abdómen (BORROR & DELONG,

1988; BRUSCA & BRUSCA, 2003).

A subordem Polyphaga Emery, 1886, na qual os Cantarídeos são enquadrados, é

caracterizada pela presença de meta-ancas não soldadas ao metasterno e não dividindo o

primeiro esternito abdominal, abdómen com um número variável de esternitos (quando

existem seis, correspondem aos segmentos III a VIII), protórax sem suturas notopleurais e

asas sem oblongum (CROWSON, 1955).

A família Cantharidae é actualmente incluída na superfamília Elateroidea Leach, 1815,

que abarca mais 14 famílias (LAWRENCE & NEWTON, 1995), seis das quais também

possuem representantes em Portugal (SEABRA, 1943). Anteriormente, Cantharidae constituía

a família nominal da superfamília Cantharoidea Imhoff, 1856 (CROWSON, 1955), tendo a

reunião das famílias incluídas nesta superfamília, em Elateroidea e também em

Artematopoidea sido proposta por LAWRENCE (1988).

O aspecto geral dos Cantarídeos adultos é ilustrado na Figura 1. As espécies desta

família podem distinguir-se das pertencentes às restantes famílias de Coleoptera pela seguinte

combinação de características (ALONSO-ZARAZAGA, 1980; RAMSDALE, 2000): cabeça

não ocultada pelo pronoto; antenas com 11 artículos, normalmente filiformes, mas podendo

ser serradas, pectinadas ou flabeladas; inserções antenais afastadas e mais ou menos dorsais;

labro membranoso normalmente oculto sob o clípeo; metasterno com os bordos externos

sinuosos; epipleuras elitrais estreitas ou ausentes; meso-ancas contíguas ou quase; fórmula

tarsal 5-5-5; quarto artículo tarsal bilobado; asas sem célula anal fechada; abdómen com 7 ou

8 esternitos; tergitos abdominais 1 a 8 com um par de poros glandulares laterais; ausência de

órgãos bioluminescentes.

A família Cantharidae é dividida em cinco subfamílias (BRANCUCCI, 1980;

LAWRENCE & NEWTON, 1995): Cantharinae Imhoff, 1856; Chauliognathinae LeConte,

1861; Dysmorphocerinae Brancucci, 1980; Malthininae Kiesenwetter, 1852; Silinae Mulsant,

1862. O estatuto destas subfamílias é suportado por diversos trabalhos entre os quais se

destaca o estudo de morfologia comparada de BRANCUCCI (1980), no qual foram

Page 12: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

9

analisados em detalhe caracteres morfológicos externos e internos de um grande número de

géneros.

Figura 1: Aspecto geral dos adultos da família Cantharidae (modificado de DAHLGREN, 1979a).

Em termos de identificação específica, a antiguidade de muitas das tabelas publicadas e

a inexistência, quer para grupos concretos (e. g., de nível genérico), quer para áreas

geográficas frequentemente muito alargadas, de trabalhos recentes de compilação e síntese,

coloca entraves importantes ao estudo das faunas locais de Cantharidae, com reflexos no

conhecimento da distribuição geográfica e características biológicas de um elevado número de

espécies. A este respeito, é de salientar o facto de, durante os séculos XVIII e XIX e uma

parte do século XX, a identificação das espécies da família Cantharidae ter assentado em

características cromáticas e em caracteres morfológicos externos como, por exemplo, a forma

do pronoto e a proporção entre determinados artículos das antenas e entre o comprimento e a

largura dos élitros (cf. PORTEVIN, 1931; JOY, 1932; PERRIER & DELPHY, 1932). O uso

destas características acarreta, em muitos casos, dificuldades importantes na identificação dos

Cantarídeos, devido à grande semelhança entre as espécies e à variabilidade exibida pelos

representantes de diversos géneros, particularmente a nível cromático. Mais recentemente, a

morfologia da genitália masculina (edeago), cujo estudo no seio da ordem Coleoptera foi

iniciado no século XIX e conheceu um grande desenvolvimento durante a primeira metade do

Page 13: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

10

século XX (cf. LAWRENCE et al., 1995), proporcionou uma nova e valiosa fonte de

informação taxonómica, sendo em muitos casos a única forma segura de diferenciar espécies

indistinguíveis pela coloração e morfologia externa.

Segundo BRANCUCCI (1980), o edeago de Cantharidae (Figura 2) deriva do tipo

trilobado, sendo constituído por um tegmen e um lobo mediano. O tegmen é formado por uma

peça basal (constituída por dois escleritos laterais) e por dois lobos laterais, cujas bases são

frequentemente largas e fundidas e emitem prolongamentos estiliformes (estiletes). O lobo

mediano (ou pénis) apresenta forma variável e inclui um saco interno desinvaginável, cuja

extremidade distal é ornamentada com estruturas esclerotizadas de forma distinta entre as

espécies. O lobo mediano é, por vezes, acompanhado lateralmente por um par de laterófises

ou processos tergo-laterais.

Figura 2: Morfologia geral do edeago de Cantharidae, em vista ventral (modificado de BRANCUCCI, 1980).

1.1. A família Cantharidae na Europa e na Península Ibérica

A fauna europeia da família Cantharidae é composta por cerca de 510 taxa de

grupo-espécie, pertencentes a 21 géneros (KAZANTSEV, 2005). Os conhecimentos actuais

sobre a distribuição e características biológicas das espécies europeias são ainda incompletos

Page 14: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

11

e desiguais, devido essencialmente à heterogeneidade geográfica observada no seu estudo e à

menor atenção de que o grupo tem sido alvo quando comparado com outras famílias da ordem

Coleoptera. De facto, apesar de nalgumas zonas do continente europeu, a fauna de

Cantharidae ter sido alvo de estudos de síntese relativamente recentes, que incluem, nalguns

casos, tabelas de identificação específica (e. g., DAHLGREN, 1979a, relativo à fauna da

Europa central), os trabalhos taxonómicos abrangentes são já muito antigos (MARSEUL,

1864) e, para além de estarem desactualizados do ponto de vista nomenclatural e no elenco de

espécies que tratam, não incluem algumas das características actualmente consideradas mais

informativas do ponto de vista taxonómico, como acontece com a morfologia do edeago.

Estes factores originam lacunas importantes no conhecimento taxonómico de

determinadas regiões europeias, o que é bem exemplificado pelo facto de, desde 1975, ou

seja, desde a publicação do mais recente catálogo mundial da família (DELKESKAMP,

1977), terem sido descritas 32 espécies do território europeu, a maioria das quais da zona

meridional do continente (principalmente das Penínsulas Ibérica e Balcânica).

A fauna ibérica de Cantarídeos engloba cerca de 120 espécies distribuídas por 8

géneros: Ancistronycha (3), Armidia (4), Boveycantharis (1), Cantharis (22), Metacantharis

(1), Rhagonycha (28), Malthinus (25) e Malthodes (31) (DIÉGUEZ, 2004, 2005;

KAZANTSEV, 2005). Muitas das espécies são conhecidas de uma forma notoriamente mais

deficiente do que as que ocorrem na Europa central, devido à já referida escassez de estudos

sobre o grupo no território ibérico. No que se refere ao conhecimento da distribuição ibérica

das espécies, merece destaque o catálogo de FUENTE (1931) que, apesar da sua antiguidade,

constitui ainda uma importante fonte de informação, particularmente por ser um trabalho de

compilação. Mais recentemente, alguns estudos contribuíram pontualmente para o incremento

dos conhecimentos sobre o grupo na Península Ibérica, quer através da descrição de espécies

(DAHLGREN, 1972, 1975; WITTMER, 1981; ŠVIHLA, 1995, 2002b), quer pela citação de

espécies previamente desconhecidas da área (DIÉGUEZ, 2004, 2005). Os trabalhos

posteriores ao catálogo de FUENTE (1931) que contribuem para o conhecimento da

distribuição das espécies de Cantharidae no âmbito ibérico são, igualmente, pouco numerosos,

e nenhum é exclusivamente dedicado à família, podendo referir-se, para além dos já

mencionados, os de COBOS (1949), ESPAÑOL & BELLÉS (1980), SERRANO (1981, 1982,

1983), AGUIAR & SERRANO (1995) e DIÉGUEZ et al. (2006).

O inventário da fauna de Cantharidae de Portugal continental inclui, de acordo com a

literatura consultada, 38 espécies pertencentes a cinco géneros: Ancystronycha (1), Cantharis

(16), Rhagonycha (14), Malthinus (5) e Malthodes (2) (OLIVEIRA, 1884, 1893; SEABRA,

Page 15: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

12

1943; DAHLGREN, 1972, 1975). Os conhecimentos sobre o grupo em Portugal são muito

incompletos em termos taxonómicos, geográficos e de biologia. Entre os cinco géneros

citados de Portugal continental, o género Rhagonycha Eschscholtz, 1830 pode considerar-se

ilustrativo da situação referida devido ao marcado desconhecimento que se verifica ao nível

da taxonomia, do inventário, da distribuição geográfica e da fenologia das espécies presentes.

É, por isso, evidente a necessidade de uma análise taxonómica da fauna portuguesa deste

grupo e da realização de estudos aprofundados em diversas zonas praticamente inexploradas

do país, em que se incluem a maior parte das Áreas Protegidas, assim como da verificação das

citações existentes, que em muitos casos remontam à primeira metade do século XX.

1.2. O género Rhagonycha Eschscholtz, 1830

O género Rhagonycha Eschscholtz, 1830, pertencente à subfamília Cantharinae, está

representado na Península Ibérica por aproximadamente 30 das cerca de 80 espécies

conhecidas no território europeu (KAZANTSEV, 2005). Trata-se de um género de

distribuição alargada, ocorrendo na Europa, Ásia, norte de África, América do Norte e

Gronelândia (DELKESKAMP, 1977) e que inclui, actualmente, cerca de 330 espécies, a

maioria das quais ocorrem nas regiões paleártica e neártica (segundo KAZANTSEV &

TAKAHASHI, 2001 e compilação própria).

1.2.1. Sinopse histórica do estudo do género Rhagonycha

As primeiras espécies de Cantharidae a serem caracterizadas no contexto do sistema

binominal de nomenclatura foram-no justamente na obra que marcou o início desse sistema, a

10ª edição do Systema Naturae de LINNAEUS (1758). Todas estas espécies, incluindo uma

actualmente classificada no género Rhagonycha, foram incluídas por LINNAEUS (1758) no

género Cantharis, descrito simultaneamente, mas não em Cantharidae, que só adquiriu o

estatuto de família em 1856. De referir ainda que apenas oito das 30 espécies incluídas por

LINNAEUS (1758) no género Cantharis permanecem hoje em dia na família Cantharidae

(repartidas por quatro géneros) sendo as restantes incluídas não apenas em famílias de

Elateroidea (como Lampyridae e Lycidae), mas também nas superfamílias Cleroidea (família

Malachiidae) e Tenebrionoidea (famílias Oedemeridae e Pyrochroidae).

O estudo das espécies que actualmente integram o género Rhagonycha iniciou-se,

consequentemente, com a obra de LINNAEUS (1758), através da descrição de Rhagonycha

Page 16: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

13

testacea (Linnaeus, 1758). Ainda durante o século XVIII, três outros autores (SCOPOLI,

1763; O. F. MÜLLER, 1764; FABRICIUS, 1792) contribuíram para o aumento dos

conhecimentos através da descrição de quatro espécies, tendo LINNAEUS (1767) descrito

uma outra. Desta forma, no final do século XIX eram conhecidas seis espécies actualmente

classificadas no género Rhagonycha.

No início do século XIX, mais oito espécies foram descritas por Fabricius, Fallén,

Eschscholtz, Say e Germar, tendo sido classificadas no género Cantharis, da mesma forma

que as espécies descritas no século XVIII.

Em 1830, ESCHSCHOLTZ (1830) descreveu o género Rhagonycha citando sete

espécies como elenco inicial. Várias das espécies citadas são actualmente incluídas em

géneros distintos, mas todas elas permanecem classificadas na família Cantharidae.

Durante o restante período do século XIX, foram descritos mais 77 taxa de

grupo-espécie actualmente incluídos no género Rhagonycha. Desta forma, no século XIX

foram descritos um total de 85 taxa, o que representou um importante incremento na taxa de

descrição, tendo o número de investigadores envolvidos nesta actividade ascendido a 38, com

particular destaque para as obras de LeConte, que entre 1851 e 1884 descreveu 11 taxa de

grupo-espécie actualmente considerados válidos, de Kiesenwetter, que descreveu 9 taxa entre

1851 e 1874, e de Marseul, que descreveu nove taxa entre 1864 e 1868.

No século XX verificou-se uma aceleração ainda mais evidente da taxa de descrição de

espécies, com um total de 217 novos taxa, actualmente considerados válidos e classificados

no género Rhagonycha, a serem caracterizados em trabalhos de 26 investigadores. De referir,

ainda, que foi neste século que se observaram as maiores obras taxonómicas individuais no

contexto do género Rhagonycha, merecendo particular realce as de Wittmer (com 48 taxa

descritos), Pic (39 taxa), Švihla (34 taxa), Dahlgren (33 taxa) e Kazantsev (23 taxa).

Desde o início do século XXI, foram descritas 21 espécies de Rhagonycha por cinco

autores (Kang, Kim, Kazantsev, Takahashi e Švihla).

A utilização da morfologia do edeago no estudo do género Rhagonycha produziu um

claro avanço nos conhecimentos taxonómicos, permitindo uma melhor caracterização e uma

consequente clarificação do estatuto de muitas das espécies descritas (que nalguns casos

passaram a sinónimos), assim como o reconhecimento e descrição de diversas novas espécies.

Entre as obras consultadas, o trabalho mais antigo que inclui ilustrações do edeago de

espécies do género Rhagonycha deve-se a CONSTANTIN (1965), mas foi através dos

estudos de DAHLGREN (1968, 1972, 1975, 1976a, 1976b, 1978, 1979b, 1985a, 1985b) que a

sua utilização para a identificação específica se generalizou. A crescente aplicação da

Page 17: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

14

morfologia do edeago como carácter taxonómico originou, desde então, uma reorganização

que se traduziu na transferência de diversas espécies para outros géneros da subfamília

Cantharinae, como Athemus Lewis, 1895, Pseudopodabrus Pic, 1906, Micropodabrus Pic,

1920 e Stenopodabrus Nakane, 1992. Esta reorganização levou a que, apesar da contínua

descrição de espécies do género Rhagonycha nas últimas décadas, se tenha verificado um

abrandamento aparente no incremento da composição do género.

De referir ainda que a classificação do género Rhagonycha apresentada em diversos

catálogos (e. g., HEYDEN et al., 1906; HICKER & WINKLER, 1925; FUENTE, 1931;

DELKESKAMP, 1939, 1977) inclui a sua divisão em subgéneros. Contudo, considerando que

o estatuto de alguns dos subgéneros não é claro e que as espécies portuguesas se enquadram,

na sua totalidade, no subgénero nominal, no presente trabalho optou-se por não mencionar o

subgénero aquando do tratamento das espécies.

1.2.2. Descrição original do género Rhagonycha

O género Rhagonycha foi descrito por ESCHSCHOLTZ (1830) para acomodar várias

espécies até então incluídas no género Cantharis Linnaeus, 1758. A descrição original,

publicada no Bulletin de la Société Imperiale des Naturalistes de Moscou, encontra-se

reproduzida na Figura 3.

Figura 3: Imagem digitalizada da descrição original do género Rhagonycha (ESCHSCHOLTZ, 1830: 64-65).

Page 18: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

15

A descrição apresentada por ESCHSCHOLTZ (1830) pode ser traduzida da seguinte

forma:

“Da família dos Malacodermes e da secção das Cantharis.

Antenas filiformes, separadas na base.

Palpos securiformes.

Tarsos com o penúltimo artículo bilobado.

Unhas com o ápice fendido.

As espécies deste género estão unidas até agora com as Cantharis, mas são fáceis de

distinguir pelas unhas fendidas e a cabeça estreitada na base; conheço as seguintes: Cantharis

melanura L., __mans Meg., fumata Hellw., alpina Payk., annulata Fisch., elongata Fall.,

piniphila Esch., e outras inéditas.” (Nota: os caracteres iniciais do restritivo específico da

segunda espécie estão ilegíveis na cópia disponível do trabalho de ESCHSCHOLTZ, 1830)

A etimologia do nome genérico, apresentada em nota de rodapé por ESCHSCHOLTZ

(1830), relaciona-se com as palavras gregas “ραγεις” (rhageis), que significa “rasgado”, e

“ονυξ ” (onyx), que significa “unha”, referindo-se ao facto das unhas, nos exemplares deste

género tal como definido por ESCHSCHOLTZ (1830), serem bífidas em todas as patas.

1.2.3. Espécie-tipo do género Rhagonycha

O Princípio da Tipificação, definido pelo Capítulo 13 (Artigo 61) do Código

Internacional de Nomenclatura Zoológica (C.I.N.Z., 1999), adiante designado “Código”,

determina que a cada taxon nominal de grupo-espécie, grupo-género e grupo-família, está

associado real ou potencialmente um tipo portador de nome. Este facto reveste-se da maior

importância uma vez que a fixação do tipo portador de nome fornece o critério objectivo de

referência para a aplicação desse mesmo nome.

Relativamente ao género Rhagonycha, este foi descrito, mas não tipificado, por

ESCHSCHOLTZ (1830). Posteriormente à descrição do género, a sua tipificação foi realizada

por duas vezes: por WESTWOOD (1838), que designou Cantharis melanura Linnaeus, 1758

como espécie-tipo, e por DELKESKAMP (1977), que para esse efeito designou Cantharis

fulva Scopoli, 1763.

Page 19: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

16

1.2.4. Características do género Rhagonycha

O género Rhagonycha está, como foi referido anteriormente, incluído na subfamília

Cantharinae, cujo reconhecimento assenta em diversas características de morfologia interna e

externa, expostas por BRANCUCCI (1980): esporões tibiais robustos e bem visíveis; asas

com nervura cubital dividida em dois ramos; poros glandulares abdominais pouco visíveis;

nono esternito e edeago simétricos; lobos laterais do edeago estreitamente fundidos na face

ventral; estiletes dos coxitos genitais femininos sempre bem desenvolvidos. A cabeça dos

machos é prognata e sensivelmente arredondada (é alongada somente no género Podabrus

Westwood, 1840) e o quarto artículo dos palpos maxilares é securiforme, ou seja, em forma

de machado (Figura 4), por vezes securiforme alongado. O pronoto é sempre plano,

apresentando normalmente uma aresta aguda na separação das epipleuras e os élitros são

sempre alongados, moles e sem estruturas distintas, recobrindo completamente o abdómen.

As fêmeas são semelhantes aos machos mas apresentam olhos ligeiramente mais pequenos e

antenas mais curtas.

Figura 4: Aspecto de um palpo securiforme, característico da

subfamília Cantharinae (modificado de RAMSDALE, 2000).

Relativamente à separação de Rhagonycha dos restantes géneros de Cantharinae,

ESCHSCHOLTZ (1830) mencionou a presença de antenas filiformes, palpos securiformes,

penúltimo artículo tarsal bilobado e unhas fendidas como características distintivas do novo

agrupamento genérico. No entanto, várias destas características não são exclusivas do género

Page 20: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

17

Rhagonycha, sendo próprias da subfamília Cantharinae (como os palpos securiformes) ou

mesmo da família Cantharidae (cujas antenas são geralmente filiformes e o penúltimo artículo

tarsal é bilobado). Relativamente ao carácter bífido das unhas tarsais, que originou o nome do

género Rhagonycha, trata-se da morfologia mais comum, mas não universal, no seio do

género, uma vez que existem espécies em que apenas os machos possuem unhas bífidas e foi

descrito recentemente o subgénero Ussurycha (KAZANTSEV, 1995) cujos machos possuem

as unhas internas dos tarsos intermédios e posteriores dotadas de um dente na base, mas não

bífidas, e cujas fêmeas possuem todas as unhas dotadas de dente na base e não bífidas.

Assim, de acordo com a literatura consultada, a discriminação entre o género

Rhagonycha e os restantes géneros de Cantharinae deverá ser realizada com base não apenas

na morfologia das unhas tarsais mas também no facto de, em Rhagonycha, o terceiro artículo

tarsal ser simples (isto é, não bilobado) e de o quarto artículo se inserir apicalmente no

terceiro (RAMSDALE, 2000) (Figura 5).

Figura 5: Aspecto do tarso de Rhagonycha, mostrando o terceiro artículo não bilobado (a), a inserção apical do quarto artículo (b) e as unhas bífidas (c) (modificado de RAMSDALE, 2000).

No que se refere à genitália masculina, segundo BRANCUCCI (1980) podem

reconhecer-se seis tipos diferentes de edeagos na família Cantharidae, enquadrando-se o do

género Rhagonycha no que este autor designou “tipo Cantharis”. Nos edeagos deste tipo, a

peça basal do tegmen, formada pelos dois escleritos laterais e pelos campos membranosos

tergal e esternal, envolve completamente o lobo mediano, que só é visível na porção apical

(Figura 6). Os lobos laterais encontram-se fundidos dorsal e ventralmente na base e

prolongam-se por um par de estiletes.

Page 21: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

18

Figura 6: Vista ventral (a) e dorsal (b) do edeago de Rhagonycha genistae, exemplificativo da morfologia da genitália masculina das espécies do género Rhagonycha.

1.3. Objectivos

Pelo que foi exposto anteriormente verifica-se que, actualmente, a fauna portuguesa do

género Rhagonycha, tal como a dos restantes elementos da família Cantharidae, é conhecida

de uma forma deficiente em aspectos como a taxonomia, o inventário, a distribuição

geográfica e as características ecológicas das espécies.

O objectivo geral do presente estudo é, consequentemente, realizar uma revisão da

fauna do género Rhagonycha presente em Portugal continental, com os seguintes objectivos

específicos:

1. Inventariar e analisar taxonomicamente as espécies do género que ocorrem em Portugal

continental;

2. Compilar a informação disponível e ampliar os conhecimentos sobre a distribuição

geográfica e altitudinal das espécies presentes;

3. Compilar e aprofundar os conhecimentos relativamente à fenologia e a algumas das

características ecológicas das espécies;

4. Cartografar as distribuições conhecidas das espécies inventariadas para o território

nacional.

Page 22: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

19

2. Metodologia

A revisão da fauna portuguesa do género Rhagonycha foi realizada com recurso a

diversas formas de pesquisa, ajustadas aos objectivos do estudo: pesquisa bibliográfica,

prospecção no campo, consulta e estudo de colecções e trabalho laboratorial.

2.1. Pesquisa bibliográfica

A natureza da revisão a efectuar implicou a realização de um levantamento bibliográfico

alargado, que compreendeu dois âmbitos distintos. No primeiro destes, foi efectuada uma

pesquisa de carácter global visando a obtenção de dados relativos à família Cantharidae, no

que se refere à história do seu estudo e à sua taxonomia, morfologia, composição e

distribuição. O segundo âmbito da pesquisa bibliográfica centrou-se na fauna de Rhagonycha

de Portugal continental, relacionando-se com a elaboração de um inventário de espécies

citadas e com a compilação dos dados disponíveis sobre a distribuição das espécies.

A pesquisa de carácter global incidiu sobre bibliografia de índole diversa, bem como

sobre informação disponível na internet. Entre as obras consultadas destacam-se os catálogos

da fauna mundial de Cantharidae de DELKESKAMP (1939, 1977), a revisão taxonómica de

CROWSON (1972), o estudo de morfologia comparada de BRANCUCCI (1980) e a síntese

da classificação da ordem Coleoptera de LAWRENCE & NEWTON (1995), obras

fundamentais para o conhecimento da morfologia, composição, taxonomia e enquadramento

sistemático da família Cantharidae na superfamília Elateroidea e na ordem Coleoptera.

Ao nível da internet, a pesquisa incidiu inicialmente sobre a base de dados Zoological

Record, para obtenção de informação relativa aos trabalhos publicados sobre Cantharidae

desde 1978, o primeiro ano cujos dados se encontram informatizados. Considerando que a

cobertura bibliográfica do catálogo de DELKESKAMP (1977) só se estende até 1975 e

visando cobrir o lapso temporal daí decorrente, foram também consultados os volumes em

papel do Zoological Record referentes aos trabalhos publicados entre 1974 e 1977 sobre a

ordem Coleoptera, incluindo-se os anos de 1974 e 1975 de forma a assegurar uma

monitorização mais eficaz da informação publicada e prevenir falhas derivadas de atrasos de

publicação de obras datadas desses dois anos mas não consultadas por DELKESKAMP

(1977).

Foram igualmente consultados recursos taxonómicos e/ou de compilação biogeográfica

como a base de dados Fauna Europaea (www.faunaeur.org), que inclui o catálogo

taxonómico e informação sobre a distribuição da fauna europeia a nível de países, e a página

Page 23: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

20

web “Nearctica” (www.nearctica.com/nomina/main.htm), que sintetiza a classificação dos

insectos da América do Norte contida na obra de POOLE & GENTILI (1996).

A compilação bibliográfica de carácter nacional incidiu sobre referências de autores

portugueses e estrangeiros para verificação da existência de citações de espécies do género

Rhagonycha para Portugal, tendo sido usada, em grande parte, bibliografia compilada desde

1994, no decorrer do estudo da entomofauna portuguesa (e. g., GROSSO-SILVA, 1999a,

1999b, 2000, 2002, 2005).

Durante o desenvolvimento do estudo, a obtenção de bibliografia complementar

baseou-se na colaboração de diversos investigadores, que remeteram cópias dos seus próprios

trabalhos ou de referências cuja obtenção não era possível em Portugal: Doutor Miguel Ángel

Alonso-Zarazaga (Madrid, Espanha), Eng.º Tristão Branco (Porto), Drs. Alison e Martin

Corley (Oxfordshire, Inglaterra), José Manuel Diéguez (Barcelona, Espanha), Doutor Sergey

Kazantsev (Moscovo, Rússia) e Doutor Florian Weihrauch (Wolnzach, Alemanha).

2.2. Prospecções de campo

A realização das prospecções de campo constituiu uma parte fundamental do estudo,

tendo contribuído para a inventariação das espécies presentes no território nacional e para a

determinação das respectivas áreas de distribuição, intervalos altitudinais de ocorrência e

fenologia, assim como para obter informação relativa à dieta, substratos de ocorrência e

comportamento. Para além destes aspectos, as prospecções realizadas visaram também a

obtenção, em diferentes áreas do país, de exemplares para a análise taxonómica das espécies

que compõem a fauna portuguesa de Rhagonycha.

O planeamento das prospecções de campo teve em consideração a informação sobre a

biologia e comportamento das espécies, obtida durante a pesquisa bibliográfica que antecedeu

o trabalho de campo, que foi utilizada principalmente na selecção das técnicas de colheita

adequadas.

Desta forma, entre o início do ano de 2005 e o mês de Agosto de 2006, foram

prospectadas diversas zonas dispersas pelo território de Portugal continental (Figura 7). Os

métodos de amostragem utilizados consistiram na procura directa de exemplares sobre a

vegetação e na utilização de saco de bater, rede aérea e, nalgumas zonas, chamarizes

luminosos.

Page 24: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

21

Figura 7: Localização das quadrículas UTM 10x10 Km amostradas entre Janeiro de 2005 e Agosto de 2006.

Um dos aspectos a que foi dada especial importância durante as pesquisas de campo foi

o tipo de substrato sobre o qual as espécies se podem encontrar. Foram assim prospectados os

substratos referidos na bibliografia e os já conhecidos por experiência prévia, como é o caso

de flores de plantas das famílias Apiaceae (=Umbelliferae) e Fabaceae (=Leguminosae).

Foram igualmente realizadas prospecções em substratos ainda não conhecidos, tendo sido

verificado, numa fase inicial do trabalho de campo (primeira metade de Maio de 2005), que

parte das espécies ocorrem com frequência no estrato arbóreo e também, ainda que em menor

grau, no estrato arbustivo. As técnicas de prospecção e colheita foram, em consequência,

ajustadas, passando a incluir a pesquisa de exemplares sobre as copas de várias espécies de

árvores e arbustos. A colheita nestas condições foi realizada através de uma rede aérea

## ####

# # ###### #### ### ## ## #### # # ##### ## ######## # ##### ## # ### # ### #####

### ###

# # ####

# ##### ##### ### #

# #### ## #

## ##

#

###

###### # # # #########

#

#

###

#### ##

## ## # ####

# # # ###

Page 25: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

22

circular com um diâmetro de 44 cm e cabo telescópico de extensão variável entre 93 e 174

cm, adaptável à altura dos ramos sobre os quais os exemplares se localizavam.

Relativamente ao saco de bater utilizado, trata-se de uma estrutura idêntica à de uma

rede aérea (cabo e aro circular), mas construída em aço inoxidável maciço, para garantir

maior robustez e durabilidade. O saco utilizado neste caso é composto por tecido resistente

que permite a realização de batimentos sobre a vegetação herbácea e arbustiva.

A técnica de atracção por chamarizes luminosos consiste na utilização de lâmpadas cuja

luz é reflectida por uma superfície clara, que aumenta a área iluminada visualizável à

distância e fornece um substrato onde os exemplares são facilmente visíveis e capturáveis. A

aplicação desta técnica é realizada entre o crepúsculo e a hora em que a actividade dos adultos

decresce a ponto de tornar improdutiva a pesquisa, sendo esse facto avaliado em cada caso,

visto que a actividade, para além de variar entre as espécies, depende de vários factores

abióticos, nomeadamente da temperatura. No presente estudo foram utilizadas lâmpadas de

vapor de mercúrio de 125 W e/ou de 160 W como fonte luminosa e rectângulos de tecido

branco de aproximadamente 2,5 x 1,5 m como superfícies claras reflectoras, estendendo-se o

tecido no solo e suspendendo-se sobre este a lâmpada com um tripé, a cerca de 80 cm do solo.

Os exemplares obtidos no campo foram, na maioria dos casos, preservados em álcool a

70º com 5% de glicerina, para posterior análise em laboratório e para a constituição de uma

colecção de referência. Alguns dos exemplares, destinados a uma análise filogenética futura,

foram preservados em álcool a 96º. Apenas se realizaram observações e contagens de

exemplares sem a sua colheita no caso de Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763), por se tratar de

uma espécie cuja identificação foi considerada segura no campo.

Os locais de colheita e/ou observação foram georeferenciados com recurso a um

receptor de GPS Garmin Etrex Venture, registando-se as respectivas coordenadas no sistema

UTM com o datum WGS 84. A representação cartográfica foi realizada com o software “Arc

View 3.2”, desenvolvido pela empresa ESRI.

2.3. Estudo de colecções

De uma forma complementar ao trabalho de campo, foram estudadas várias colecções

institucionais e privadas (cuja lista se apresenta na Tabela 1), para consulta de material de

comparação, obtenção de registos inéditos e/ou verificação da identidade de exemplares cujos

dados já haviam sido publicados. A lista das siglas que identificam estas colecções na lista de

material estudado é apresentada na Tabela 1.

Page 26: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

23

Tabela 1: Lista das colecções analisadas e respectivas siglas.

Colecção Sigla Artur Serrano (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa) CAS Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos,

Universidade do Porto (CIBIO-UP) CIBIO

Correia de Barros (Museu de História Natural da Faculdade de Ciências do Porto) CCB

Colecção Entomológica (Escola Superior Agrária de Bragança) ESAB Colecção de Portugal (Instituto de Investigação Científica Tropical

- Centro de Zoologia, Lisboa) IICT

Colecção Geral do Museo Nacional de Ciencias Naturales (Madrid, Espanha) MNCN

Grosso-Silva (S. Romão do Coronado, Trofa) CGS Peter Hodge (East Sussex, Inglaterra) CPH

A geo-referenciação do material de colecção foi realizada com recurso às folhas da carta

militar à escala 1:25.000, tendo-se limitado, na maioria dos casos, à determinação da

quadrícula UTM decaquilométrica, uma vez que esta constitui a escala mais adequada à

representação cartográfica sobre o território de Portugal continental.

2.4. Trabalho laboratorial

O trabalho laboratorial realizado teve como finalidade a identificação do material

disponível de Rhagonycha e a sua análise em termos nomenclaturais e taxonómicos, através

da consulta das descrições originais das espécies citadas para Portugal continental (com a

excepção da descrição de Rhagonycha martini Pic, 1908, de que não foi possível obter cópia),

do Código Internacional de Nomenclatura Zoológica (C.I.N.Z., 1999) e dos trabalhos de

DAHLGREN (1968, 1972, 1975), que contêm informação muito útil do ponto de vista

taxonómico, incluindo ilustrações dos edeagos da maioria das espécies presentes em Portugal.

Paralelamente, foi consultada a monografia de MARSEUL (1864), que abrange a fauna

europeia, do norte de África, do Médio Oriente e do Cáucaso, e as tabelas de identificação da

fauna da Europa central (DAHLGREN, 1979a), da fauna austríaca (REDTENBACHER,

1849), da fauna francesa (PORTEVIN, 1931; PERRIER & DELPHY, 1932) e da fauna das

Ilhas Britânicas (JOY, 1932), para verificação da sua adequação à determinação das espécies

da fauna portuguesa.

A identificação dos exemplares baseou-se na análise de características de coloração e de

morfologia externa das espécies, assim como no estudo das peças genitais dos exemplares do

sexo masculino. Devido à ausência de estudos sobre a genitália feminina nas espécies de

Page 27: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

24

Rhagonycha, a identificação de exemplares do sexo feminino só foi possível, para além das

situações de colheita simultânea dos dois sexos, nos casos em que a morfologia externa e a

coloração fornecem caracteres de distinção seguros, tendo este facto sido analisado para cada

uma das espécies. A informação bibliográfica disponível sobre estes aspectos para as espécies

presentes em Portugal foi analisada criticamente em face do material disponível. Para além

disso, foram também procuradas novas características diagnósticas para a identificação das

espécies.

A coloração foi analisada com uma lupa binocular Leica MZ12, considerando as

descrições originais e a informação disponível em literatura mais recente. A capacidade

discriminatória da coloração foi avaliada, para cada uma das espécies estudadas, de acordo

com a variabilidade intra-específica observada e a sobreposição de padrões cromáticos entre

algumas das espécies analisadas.

A morfologia externa foi também estudada através da observação dos exemplares com

lupa binocular Leica MZ12, sendo a terminologia utilizada para a descrição da morfologia

externa das espécies de Rhagonycha apresentada nas Figuras 8 e 9.

Figura 8: Terminologia utilizada na descrição da morfologia externa de Rhagonycha (vista dorsal).

Page 28: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

25

As genitálias masculinas foram dissecadas à lupa e conservadas, na maioria dos casos,

em álcool a 70º com 5% de glicerina, juntamente com os respectivos exemplares. No caso dos

exemplares preservados a seco, a dissecção envolveu um processo de re-hidratação cuja

finalidade é facilitar o menuseamento e dessa forma prevenir danos às peças a observar. A

re-hidratação realizou-se por submersão em água dos exemplares completos ou dos abdómens

destacados e do uso de uma bomba manual de vácuo, para remoção do ar contido no

recipiente e consequente aceleração do processo. No caso de exemplares preservados a seco

por colagem em etiquetas, a submersão em água serviu igualmente para a descolagem dos

mesmos, uma vez que as colas usadas são hidro-solúveis. Para a preservação a seco dos

edeagos, após a dissecção estes foram colados com DMHF (polímero sintético de

dimetil-hidantoína e formaldeído) à mesma etiqueta do exemplar ou a uma etiqueta diferente,

posteriormente colocada no mesmo alfinete que o exemplar e imediatamente abaixo deste.

Figura 9: Terminologia utilizada na descrição da morfologia externa de Rhagonycha (vista ventral).

A terminologia empregue na descrição morfológica da genitália masculina das espécies

de Rhagonycha, ilustrada na Figura 10, baseia-se parcialmente em BRANCUCCI (1980) e

Page 29: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

26

CROWSON (1981). A este respeito, deve mencionar-se que, segundo BRANCUCCI (1980),

os lobos laterais são as estruturas homólogas dos parâmeros do edeago dos membros da

subordem Adephaga. Por uma questão de simplificação terminológica, e seguindo a

nomenclatura que autores recentes como ŠVIHLA (1995, 2002a) e KAZANTSEV &

TAKAHASHI (2001) utilizam no estudo do género Rhagonycha, no presente trabalho

optou-se por aplicar o termo “parâmero” apenas aos estiletes dos lobos laterais. Além disso,

de acordo com as descrições e figuras apresentadas por DAHLGREN (1972, 1975) e

ŠVIHLA (1995, 2002a, 2004), o edeago das espécies de Rhagonycha apresenta uma placa

dorsal (“Dorsalschild” segundo o primeiro autor), formada pela fusão e prolongamento da

base dos lobos laterais (Figura 10), que constitui um complemento importante para a

discriminação específica. No presente trabalho utiliza-se ainda, como carácter adicional de

discriminação, o formato dos bordos internos dos lobos laterais, considerando-se a sua

curvatura, a presença ou ausência de uma superfície plana junto à base dos parâmeros e a

extensão da sutura entre os lobos laterais (Figura 10).

Figura 10: Terminologia utilizada na descrição morfológica do edeago de Rhagonycha. A. Edeago de Rhagonycha opaca em vista ventral. B. Pormenor da placa dorsal do edeago em vista dorsal (modificado de DAHLGREN, 1972).

As fotografias obtidas ao longo do estudo, algumas das quais foram utilizadas para a

ilustração das genitálias, foram captadas com máquinas fotográficas digitais Nikon CoolPix

995 e Canon EOS 20D.

Page 30: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

27

3. Resultados e Discussão

3.1. Sistemática

3.1.1. Designação da espécie-tipo do género Rhagonycha

Aquando da descrição do género Rhagonycha, ESCHSCHOLTZ (1830) incluiu neste

taxon um conjunto de sete espécies, que constituem o respectivo elenco original, mas não

designou a espécie-tipo do género. Posteriormente, foram realizadas duas tipificações do

género Rhagonycha, por WESTWOOD (1838), que designou Cantharis melanura Linnaeus,

1758 (“Canth. melanurus”) como espécie-tipo, e DELKESKAMP (1977), que designou

Cantharis fulva Scopoli, 1763 (“fulva Scop.”).

A análise da situação do género em termos de tipificação requer a interpretação das

espécies do elenco original, de forma a verificar quais as que podem ser classificadas como

“originalmente incluídas”, sendo dessa forma elegíveis para a designação da espécie-tipo

(Artigo 67.2. do Código). A interpretação destas espécies é a seguinte:

Cantharis melanura L.: A espécie taxonómica referente à citação de ESCHSCHOLTZ (1830)

é, actualmente, Nacerdes (Nacerdes) melanura (Linnaeus, 1758) (Oedemeridae). A sua

citação no elenco original de Rhagonycha constitui uma identificação errónea, que não é

classificável como “aplicação deliberada de identificação errónea prévia” no sentido do

Código, uma vez que não é citada a fonte da identificação errónea prévia. Esta espécie

deve, por conseguinte, entender-se sensu ESCHSCHOLTZ (1830) e não no sentido de

Cantharis melanura LINNAEUS (1758: 403). Supõe-se que o sentido de

ESCHSCHOLTZ (1830) deriva directamente da interpretação do nome em questão por

OLIVIER (1790: 8) como Telephorus melanurus para uma espécie de cantarídeo e não

para um oedemerídeo. A espécie a que OLIVIER (1790) e, consequentemente,

ESCHSCHOLTZ (1830), se refeririam é Cantharis fulva SCOPOLI (1763: 39),

actualmente Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763).

Cantharis __mans Meg.: Apesar de na cópia disponível do trabalho de ESCHSCHOLTZ

(1830) os primeiros caracteres do restritivo específico da segunda espécie estarem

ilegíveis, pode verificar-se que se trata de um taxon descrito por J. C. Megerle, cujas

obras foram suprimidas para efeitos nomenclaturais em 1993, por decisão da Comissão

Internacional de Nomenclatura Zoológica (Opinião 1710) (C.I.N.Z., 1993).

Cantharis fumata Hellw.: Considerando que os trabalhos de Hellwig não contêm a descrição

de qualquer espécie com o restritivo específico “fumata” e este nome não aparece com

Page 31: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

28

descrição em nenhum trabalho posterior (Alonso-Zarazaga, com. pess.), este nome

deverá considerar-se um nomen nudum.

Cantharis alpina Payk.: Esta espécie, descrita por PAYKULL (1798: 259), está actualmente

incluída no género Podabrus Westwood, 1840: Podabrus alpinus (Paykull, 1798).

Cantharis annulata Fisch.: Supõe-se que se trata da espécie descrita por MANNERHEIM

(1825) e depois mencionada por STURM (1826: 109) com a autoria de Fischer (sendo

sendo neste caso um nomen nudum). Actualmente é Podabrus annulatus (Mannerheim,

1825), uma espécie válida.

Cantharis elongata Fall.: Esta espécie, descrita por FALLÉN (1807: 11), é actualmente

incluída no género Rhagonycha: Rhagonycha elongata (Fallén, 1807).

Cantharis piniphila Esch.: Este nome é um nomen nudum nesta referência, porque não é

acompanhado de diagnose, mas aparentemente tem sido tratado como disponível,

correspondendo a Podabrus piniphilus (Eschscholtz, 1830) citado por diversos autores

(e. g., DELKESKAMP, 1939, 1977).

Conforme o exposto anteriormente, o género Rhagonycha foi, até ao presente, tipificado

por duas vezes, por WESTWOOD (1838) e DELKESKAMP (1977). De um ponto de vista

formal, esta situação envolve duas questões distintas: a elegibilidade das espécies nominais

envolvidas para a designação como espécie-tipo e a validade das designações efectuadas por

estes dois autores, verificando-se, de acordo com o Artigo 70.2. do Código, que a segunda

designação será automaticamente inválida no caso da primeira cumprir os requisitos do

Código.

Relativamente à primeira questão, segundo o Artigo 67.2. do Código, apenas são

elegíveis para a escolha de espécie-tipo de um género as espécies nominais originalmente

incluídas, sendo estas, de acordo com o Artigo 67.2.1., apenas as incluídas no género nominal

estabelecido como novo através de citação por nomes de espécie disponíveis ou como

aplicação deliberada de uma identificação errónea prévia.

Assim, no que se refere à primeira das tipificações mencionadas, Cantharis melanura

[actualmente Nacerdes (Nacerdes) melanura (Linnaeus, 1758), espécie taxonómica da família

Oedemeridae] é um nome disponível mas, conforme já foi referido, a sua inclusão no elenco

original do género Rhagonycha não constitui uma aplicação deliberada de identificação

errónea prévia, visto que WESTWOOD (1838) não citou a fonte da hipotética identificação

errónea anterior. Deste modo, a designação de WESTWOOD (1838) não é válida, porque a

espécie-tipo que designou está erroneamente identificada. Tal como foi mencionado

Page 32: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

29

anteriormente, a espécie a que WESTWOOD (1838) se referia é Cantharis fulva SCOPOLI

(1763: 39), actualmente Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763).

Em relação à tipificação realizada por DELKESKAMP (1977), esta é também uma

designação inválida, uma vez que Cantharis fulva, apesar de ser um nome disponível, não

constitui uma espécie nominal originalmente incluída no género Rhagonycha, não sendo por

isso elegível de acordo com o Artigo 67.2. do Código.

Verifica-se, assim, que o género Rhagonycha permanece não tipificado. Por essa razão,

é necessário proceder à designação de espécie-tipo, devendo aplicar-se o disposto no Artigo

70.3. do Código, que regulamenta as situações relacionadas com a existência de erro de

identificação na designação de espécie-tipo. Segundo este Artigo, se for verificado que uma

espécie-tipo foi erroneamente identificada, poderá seleccionar-se e, consequentemente,

fixar-se como espécie-tipo, entre a espécie nominal previamente citada como espécie-tipo e a

espécie taxonómica realmente implicada, aquela que melhor servir a estabilidade e

universalidade nomenclaturais. Se a escolha recair sobre a espécie taxonómica realmente

implicada, a tipificação deverá incluir uma referência expressa ao Artigo em questão e o nome

previamente citado como espécie-tipo e o nome da espécie seleccionada deverão ser

mencionados conjuntamente.

Desta forma, procede-se à tipificação do género Rhagonycha Eschscholtz, 1830

segundo o Artigo 70.3. do Código, seleccionando-se como espécie-tipo Cantharis fulva

Scopoli, 1763, identificada erroneamente como Cantharis melanura Linnaeus, 1758 na

designação de WESTWOOD (1838).

3.1.2. Incorrecções nomenclaturais detectadas

A consulta das descrições originais das espécies presentes e/ou citadas para Portugal

revelou várias incorrecções de natureza nomenclatural em citações bibliográficas e fontes de

informação on-line, como é o caso da base de dados Fauna Europaea. Estas incorrecções, que

afectam, para além da data de descrição e da forma de citação da autoria de alguns dos taxa

analisados, a própria autoria de descrição de uma das espécies, são corrigidas seguidamente,

apresentando-se um resumo de cada situação e a respectiva correcção de acordo com as

razões apontadas em cada caso.

Page 33: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

30

Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860

A autoria da descrição desta espécie é atribuída a “Gougelet, 1859” em toda a literatura

consultada (incluindo os catálogos de DELKESKAMP, 1939, 1977) e também na base de

dados Fauna Europaea. A consulta da descrição original permitiu, no entanto, verificar que

esta espécie foi descrita por GOUGELET & H. BRISOUT (1860: CCXXXVIII-CCXXXIX),

tal como expresso no início do texto: “M. Gougelet présente des descriptions de Coléoptères

nouveaux, de Galice et d’Algérie, qu’il a faites, conjointement avec M. Henry Brisout de

Barneville”. No que diz respeito à data de descrição da espécie, foi verificado no respectivo

boletim que a data concreta de publicação é 1 de Março de 1860, pelo que se corrige

igualmente a informação relativa ao ano de descrição.

Rhagonycha spp. descritas por KIESENWETTER (1866b)

Entre as obras do século XIX que incluem a descrição de espécies de Rhagonycha

encontra-se o trabalho de KIESENWETTER (1866b), cuja consulta permitiu verificar a

respectiva data de publicação: Janeiro de 1866. A publicação deste trabalho foi interpretada

até ao presente como tendo ocorrido no ano de 1865, sendo apenas citada uma vez com o ano

correcto de publicação (1866), na lista de referências de DAHLGREN (1972), que não referiu

a data de descrição quando citou as espécies. Por essa razão, as espécies descritas por

KIESENWETTER (1866b) foram, em toda a bibliografia consultada (e inclusivamente na

base de dados Fauna Europaea), citadas erradamente com a autoria de “Kiesenwetter, 1865”,

um facto com repercussões na nomenclatura de três espécies da fauna portuguesa.

Para além desta situação, verificou-se que a autoria destas espécies é habitualmente

citada sem parênteses, o que constitui igualmente uma incorrecção nomenclatural, dado que

as espécies se encontram actualmente classificadas num género distinto daquele em que foram

incluídas aquando da sua descrição. A este respeito, o Artigo 51.3. do Código determina que,

quando um nome de grupo-espécie é combinado com um nome genérico diferente do original,

o nome do autor e a data de descrição desse nome devem citar-se entre parênteses.

Por estas razões, as espécies citam-se seguidamente da forma nomenclaturalmente

correcta, indicando-se igualmente as respectivas combinações originais:

a) Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866), cuja combinação original é “Cantharis

(Rhagonycha) genistae” (KIESENWETTER, 1866b: 392);

b) Rhagonycha patricia (Kiesenwetter, 1866), cuja combinação original é “Cantharis

(Rhagonycha) patricia” (KIESENWETTER, 1866b: 375);

Page 34: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

31

c) Rhagonycha querceti (Kiesenwetter, 1866), cuja combinação original é “Cantharis

(Rhagonycha) querceti” (KIESENWETTER, 1866b: 383).

3.2. O género Rhagonycha em Portugal

3.2.1. História do estudo do género Rhagonycha em Portugal

A pesquisa bibliográfica efectuada permitiu a compilação de 27 trabalhos contendo

dados sobre a fauna portuguesa do género Rhagonycha, que foram elaborados por 20 autores

diferentes, seis dos quais de nacionalidade portuguesa.

O contributo destas obras para o conhecimento da fauna portuguesa do género

Rhagonycha revela-se extremamente díspar, quer em relação ao número de espécies citadas,

quer quanto à informação que contêm em termos de distribuição geográfica. Assim, no século

XIX e na primeira metade do século XX, os trabalhos de OLIVEIRA (1884, 1893) e

SEABRA (1939a, 1939b) destacam-se quer pelo número de espécies que citam (10 nos

trabalhos de Oliveira, 7 e 8 nos trabalhos de Seabra, respectivamente), quer pelo número

comparativamente elevado de localidades para as quais incluem registos. Mais recentemente,

merecem destaque os trabalhos de DAHLGREN (1972), que regista nove espécies de

Portugal, e SERRANO (1983), que cita sete espécies. Alguns dos trabalhos, como HICKER

& WINKLER (1925) e DELKESKAMP (1939, 1977) incluem igualmente um número

considerável de espécies mas, devido à sua natureza compilatória, limitam-se a catalogar a

presença das espécies em Portugal, não adicionando qualquer registo aos pré-existentes. Deste

modo, entre as 27 referências compiladas, somente 13 contêm citações primárias (i. e.,

citações baseadas no estudo de material inédito) e destas, apenas seis incluem primeiros

registos de espécies para o país.

Analisando em pormenor as referências compiladas, verifica-se que a mais antiga que

contém dados sobre a presença de espécies de Rhagonycha em Portugal é a segunda edição do

catálogo de coleópteros do Conde DEJEAN (1833), no qual “Cantharis marginella” e

“Cantharis opaca” são citadas para “Lusitania”. Estas citações foram posteriormente

repetidas, na terceira edição do catálogo (DEJEAN, 1837). De referir que estas citações são,

em ambos os casos, anteriores à descrição das espécies envolvidas.

Assim, no primeiro caso, a espécie foi descrita, de Espanha, por BAUDI em 1859 (com

referência expressa à espécie nominal citada por Dejean), sendo actualmente incluída na

sinonímia de Rhagonycha quadricollis Kiesenwetter, 1852.

Page 35: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

32

Relativamente à segunda espécie, trata-se actualmente de Rhagonycha opaca Mulsant,

1862, descrita do sul de França, tendo a correspondência com o nome referido por Dejean

sido apresentada pelo próprio MULSANT (1862), através da expressão “Cantharis opaca,

Dejean, Catal 1837, p. 120.” e pela menção ao facto de Dejean ter registado a espécie de

Portugal. Convém realçar que, apesar de MULSANT (1862) se referir à terceira edição do

catálogo de coleópteros do Conde DEJEAN (1837), a espécie foi igualmente registada na

segunda edição, publicada quatro anos antes e considerada neste trabalho como a primeira

menção da sua ocorrência em Portugal.

A respeito das citações contidas nos catálogos de Dejean, deve mencionar-se que não

foi possível consultar a primeira edição, publicada em 1821, que poderia aumentar ainda mais

a antiguidade dos primeiros registos de espécies de Rhagonycha para Portugal.

O primeiro registo apresentado após a descrição das duas espécies citadas por DEJEAN

(1833, 1837) deve-se a MARSEUL (1864), que citou Rhagonycha opaca Mulsant, 1862 para

Portugal, sem quaisquer pormenores adicionais. Esta citação foi repetida por

KIESENWETTER (1866a), que se baseou no primeiro autor e não indicou,

consequentemente, qualquer localidade concreta.

Alguns anos mais tarde, HEYDEN (1870) referiu pela primeira vez para o país a

presença de quatro espécies, que citou para várias localidades: Rhagonycha fulva (Scopoli,

1763), Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860, Rhagonycha patricia

(Kiesenwetter, 1866) e Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856).

Em 1880, o Reverendo inglês A. E. Eaton visitou Portugal durante dois meses,

realizando colheitas de insectos de várias ordens em grande parte do território nacional. Entre

os trabalhos que resultaram destas colheitas inclui-se o de BATES & SHARP (1882), no qual

Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763) foi citada para Monchique.

A primeira contribuição de um autor português deve-se a OLIVEIRA (1884), aquando

da apresentação do primeiro catálogo da fauna portuguesa de coleópteros, que incluía cerca de

2.330 espécies. Nesta obra, que representou uma revolução no conhecimento da fauna

coleopterológica de Portugal, o autor acrescentou ao elenco da fauna conhecida do país cinco

espécies do género (que citou para diversas localidades): Rhagonycha genistae (Kiesenwetter,

1866); Rhagonycha hesperica Baudi, 1859; Rhagonycha femoralis (Brullé, 1832);

Rhagonycha plagiella Marseul, 1864 e Rhagonycha quadricollis Kiesenwetter, 1852. Estas

citações foram repetidas em OLIVEIRA (1893), que consistiu na publicação conjunta do

trabalho anteriormente divulgado em diferentes fascículos das revistas O Instituto (Coimbra)

e Revista da Sociedade de Instrução do Porto (Porto).

Page 36: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

33

Desta forma, até ao final do século XIX tinha sido referida a presença de 10 espécies do

género Rhagonycha em Portugal continental. Durante este período, os trabalhos de BARROS

(1896) e NOBRE (1898) contribuíram também para o conhecimento da distribuição de

algumas das espécies da fauna portuguesa, ainda que de uma forma pontual e sem incluírem

novidades para a fauna do país.

No início do século XX, PIC (1903) referiu a presença de Rhagonycha hesperica Baudi,

1859 em Portugal, sem indicar qualquer localidade, enquanto no seu catálogo da fauna

europeia, HEYDEN et al. (1906) referiram expressamente a presença de quatro espécies entre

a fauna portuguesa (todas conhecidas anteriormente), sendo várias outras das presentes no

país citadas para a Europa em geral ou apenas para Espanha. Ainda na primeira década do

século XX, Rhagonycha ornaticollis Marseul, 1864 foi adicionada ao catálogo da fauna

portuguesa por BARROS (1907), uma citação que permanece até à actualidade como a única

de carácter primário para o país. Durante as décadas seguintes, o catálogo de coleópteros da

região paleártica de HICKER & WINKLER (1925) e o catálogo ibérico de coleópteros de

FUENTE (1931) sintetizaram também a informação disponível sobre o inventário da fauna

portuguesa e, no segundo caso, sobre a distribuição conhecida das espécies, sem adicionarem

qualquer espécie à fauna registada para o país.

No final da década de 1930, foi publicada o fascículo 165 do Coleopterorum Catalogus,

relativo à família Cantharidae (DELKESKAMP, 1939), no qual oito espécies foram

expressamente registadas como ocorrendo em Portugal e uma outra como ocorrendo em

Portugal ou em Espanha (“Spanien oder Portugal”). No mesmo ano, dois trabalhos de

SEABRA (1939a, 1939b) contribuíram para o aumento dos conhecimentos ao nível da

distribuição das espécies, nalguns casos de uma forma muito significativa. Pouco tempo

depois, o mesmo autor publicou o segundo catálogo geral da fauna portuguesa de coleópteros,

que na altura ascendia a cerca de 3.200 espécies conhecidas, listando 11 espécies do género

Rhagonycha (SEABRA, 1943).

Mais recentemente, fruto de estudos que abrangeram grande parte do território europeu,

DAHLGREN (1972, 1975) citou para Portugal Rhagonycha querceti (Kiesenwetter, 1866) e

descreveu Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972 e Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975,

neste último caso de Espanha e Portugal. Alguns anos antes, este mesmo autor havia citado

Rhagonycha femoralis (Brullé, 1832) (DAHLGREN, 1968), tendo esse registo sido corrigido

aquando da descrição de Rhagonycha iberica (DAHLGREN, 1975).

O mais recente catálogo mundial da família Cantharidae foi elaborado por

DELKESKAMP (1977), que desse modo actualizou a primeira versão publicada em 1939.

Page 37: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

34

Neste catálogo são citadas para Portugal 12 espécies de Rhagonycha, sendo apenas omitida a

presença no país de duas espécies: Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763), que foi citada

genericamente para o continente europeu, e Rhagonycha plagiella Marseul, 1864, que foi

citada apenas para Espanha e Marrocos, apesar do catálogo de OLIVEIRA (1894) ser citado.

Durante as duas décadas seguintes, os únicos trabalhos contendo dados sobre as

espécies portuguesas de Rhagonycha foram elaborados por SERRANO (1981, 1982, 1983) e

AGUIAR & SERRANO (1995).

O trabalho mais recente em que a fauna portuguesa de Cantharidae é abordada é a

síntese do estado de conhecimento da ordem Coleoptera em Portugal elaborada por

SERRANO (2000). Neste trabalho de compilação é apresentada, para cada família da ordem

Coleoptera, uma estimativa do número de espécies citadas de Portugal continental, sendo

contabilizadas 32 espécies de Cantharidae com base em cinco fontes bibliográficas:

OLIVEIRA (1893), BARROS (1896), SEABRA (1943) e SERRANO (1981, 1983). Esta

diversidade é, no entanto, inferior à que foi compilada durante o presente estudo, que aponta

para 38 espécies conhecidas no mesmo âmbito geográfico.

A fauna do género Rhagonycha Eschscholtz, 1830 registada até ao presente para

Portugal continental inclui, desta forma, 15 espécies, uma das quais não ocorre no país, tendo

as citações existentes sido corrigidas por DAHLGREN (1975). Trata-se de Rhagonycha

femoralis (Brullé, 1832), que não ocorre na Península Ibérica (KAZANTSEV, 2005), sendo

Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975 a espécie realmente presente em Portugal continental. De

referir que estes dois taxa, separáveis apenas através da análise do saco interno do edeago,

haviam sido confundidos antes da descrição de Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975 e

foram-no ainda no início da década de 1980 (SERRANO, 1981, 1983). A fauna do género

Rhagonycha actualmente conhecida em Portugal continental é composta, consequentemente,

por 14 espécies, cujo catálogo sinonímico se apresenta seguidamente.

3.2.2. Catálogo sinonímico da fauna portuguesa de Rhagonycha

Rhagonycha Eschscholtz, 1830 =Nastonycha Motschulsky, 1853 =Pseudocratosilis Moscardini & Sassi, 1970

Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763) =bimaculata De Geer, 1774 =maculata Geoffroy in Fourcroy, 1785 =melanura sensu Olivier, 1790 et auct. non Linnaeus, 1758 =terminalis Redtenbacher, 1849 =usta Gemminger, 1870

Page 38: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

35

=delahoni Schilsky, 1908 =cailloli Chobaut, 1914 =inapicalis Fiori, 1914 =curtithorax Pic, 1920

Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860 =heteronota Pandellé, 1867 =galloisi Pic, 1908 =pici Jacobson, 1911 =manzanalensis Pic, 1917 =subnotaticeps Pic, 1935

Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866)

Rhagonycha hesperica Baudi, 1859 =oliveti Kiesenwetter, 1866 =spinifera Pic, 1903 =inapicalis Pic, 1903 =lineatipennis Pic, 1908 =georgi Pic, 1909 =semilimbipennis Pic, 1917 =kochi Pic, 1935 =lanjaroni Pic, 1952 =obscurimembris Pic, 1952

Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975 =femoralis sensu auct. non Brullé, 1832

Rhagonycha martini Pic, 1908

Rhagonycha opaca Mulsant, 1862 =opaca in Dejean, 1833 =opaca in Dejean, 1837

Rhagonycha ornaticollis Marseul, 1864 =nigropygidialis Pic, 1954

Rhagonycha patricia (Kiesenwetter, 1866) =granatensis Pic, 1908 =dalmatina Pic, 1915

Rhagonycha plagiella Marseul, 1864

Rhagonycha quadricollis Kiesenwetter, 1852 =marginella in Dejean, 1833 =marginella in Dejean, 1837 =marginella Baudi, 1859 =limbipennis Marseul, 1864 =fedjensis Pic, 1901 =brevinotata Pic, 1908

Rhagonycha querceti (Kiesenwetter, 1866) =bugnioni Pic, 1903 =pardalensis Pic, 1908

Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972

Page 39: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

36

Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856) =fairmairei Marseul, 1864 =diversipes Pic, 1908 non Pic, 1905

3.2.3. Estudo das espécies da fauna portuguesa de Rhagonycha

Apresentam-se seguidamente, sob a forma de secções monográficas, os resultados

obtidos, através da compilação bibliográfica e do estudo de material, para as 14 espécies

presentemente conhecidas em Portugal continental. Estas secções são antecedidas por um

comentário a R. femoralis que, como já foi referido, não ocorre em Portugal. A lista completa

do material estudado apresenta-se no Anexo 1. Na parte das secções monográficas

correspondente à distribuição conhecida das espécies em Portugal, as Áreas Protegidas são

citadas de forma abreviada, encontrando-se no Anexo 2 as designações completas das

mesmas e as respectivas abreviaturas. O Anexo 3 resume os conhecimentos sobre a fauna das

Áreas Protegidas, indicando-se para cada uma destas quais as espécies novas, confirmadas ou

registadas na bibliografia mas não confirmadas no presente estudo.

O número total de exemplares portugueses estudados ascendeu a 728, tendo sido

identificados 609: 293 machos, 243 fêmeas, 28 exemplares de sexo indeterminado

(observações de campo de R. fulva) e 45. Os 609 exemplares identificados incluem as fêmeas

cujas identificações constantes em etiquetas das respetivas colecções foram aceites e as

identificações provisórias realizadas por comparação com essas fêmeas. Os 45 exemplares de

sexo não determinado correspondem a material identificado conclusivamente sem a

descolagem das etiquetas em que os exemplares se encontram, referindo-se a R. fulva (cuja

identificação pela coloração externa é segura) e a lotes de exemplares de outras espécies de

que apenas um macho foi dissecado e o respectivo edeago analisado. Os 119 exemplares não

identificados são todos do sexo feminino e pertencem a espécies cuja identificação só é

possível, actualmente, com o recurso à morfologia do edeago.

A maior parte dos exemplares analisados proveio das prospecções de campo realizadas

entre Janeiro de 2005 e Agosto de 2006, durante as quais foram colhidos ou observados 383

exemplares, 321 dos quais foram identificados (incluíndo o material de R. patricia

identificado por comparação com os exemplares da Colecção Correia de Barros). A colecção

previamente reunida pelo autor proporcionou 142 exemplares do género Rhagonycha, 119 dos

quais foram identificados, enquanto a colecção do CIBIO incluia inicialmente 54 exemplares,

45 dos quais foram identificados.

Page 40: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

37

A análise das colecções mencionadas na secção 2.3. permitiu o estudo de 149

exemplares, 124 dos quais foram identificados (incluindo dez identificações de colecção

aceites e um exemplar identificado provisoriamente). Na Tabela 2 apresenta-se a composição

específica analisada em cada uma das colecções estudadas.

O estudo do lote de Cantharidae da Colecção Artur Serrano, contendo 68 exemplares do

género Rhagonycha, permitiu a identificação de 54 indivíduos, pertencentes a nove espécies

(incluindo a identificação provisória de uma fêmea de R. patricia). A maioria dos registos

obtidos refere-se a material inédito colhido na metade sul do país, com particular incidência

no Parque Natural da Arrábida.

Relativamente à Colecção Correia de Barros, foram estudados 11 exemplares do género

Rhagonycha, representando uma espécie colhida e duas espécies não colhidas durante as

prospecções de campo.

A Colecção Entomológica da Escola Superior Agrária de Bragança inclui apenas dois

exemplares de R. fulva, colhidos na região de Trás-os-Montes. Um destes exemplares

representa o primeiro registo da espécie para o Parque Natural de Montesinho.

Tabela 2: Composição específica analisada nas colecções estudadas, identificadas pelas siglas constantes na Tabela 1. O símbolo “*” assinala as colecções de que foram unicamente analisados exemplares seleccionados. A presença das espécies nas colecções é identificada pela letra “X”. O símbolo “?” assinala as espécies de que apenas foram analisadas fêmeas, cuja contagem é apresentada entre parênteses na contagem da riqueza específica de cada colecção.

Espécie CAS CIBIO CCB* ESAB IICT* MNCN* CGS CPHR. fulva X X X X X X R. galiciana X X R. genistae X X X X R. hesperica X X X X R. iberica X X X X R. martini R. opaca X X X X R. ornaticollis ? R. patricia ? ? ? ? R. plagiella R. quadricollis X X X R. querceti ? R. striatofrons X X R. varians X X X X

Riqueza específica 8+(1) 8+(1) 1+(3) 1 1 1+(1) 8+(1) 5

Page 41: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

38

A Colecção de Portugal do Instituto de Investigação Científica Tropical - Centro de

Zoologia contém, na caixa n.º 19, um conjunto de 76 exemplares identificados como

pertencendo ao género Rhagonycha. Verificou-se, contudo, que apenas 48 destes exemplares

pertencem de facto ao género Rhagonycha, sendo os restantes do género Cantharis Linnaeus,

1758. De referir que, apesar de terem sido identificados 40 exemplares de R. contidos nesta

colecção, apenas foi possível cartografar o local de colheita de 23 desses exemplares, por não

ser possível localizar os topónimos indicados nas etiquetas dos restantes 17, pelo que apenas

os dados referentes a esses 23 exemplares são apresentados no Anexo 1 (embora os 17

exemplares sejam incluídos nas contagens de material identificado).

A Colecção Geral do Museo Nacional de Ciencias Naturales inclui um elevado número

de exemplares da família Cantharidae oriundos, na sua maioria, do território continental

espanhol e do norte de África. O número de exemplares do género Rhagonycha etiquetados

como tendo sido colhidos em Portugal na colecção limita-se a seis presentes. Estes

exemplares encontravam-se identificados como R. genistae (quatro exemplares, cuja

identificação foi comprovada) e R. querceti (dois exemplares, cuja identificação foi aceite

mas não comprovada). Para além destes, foram estudados, como material de comparação, 28

exemplares cuja identificação na colecção correspondia a espécies citadas de Portugal

continental: R. fairmairei (sinónimo júnior de R. varians, dois exemplares espanhóis), R.

ornaticollis (dois exemplares espanhóis), R. plagiella (19 exemplares - 15 espanhóis e quatro

norte-africanos), R. querceti (três exemplares - um espanhol e dois norte-africanos) e R.

varians (dois exemplares espanhóis).

Relativamente à Colecção Peter Hodge, o lote analisado contém 14 exemplares do

género Rhagonycha, tendo sido identificados 10 deles, pertencentes a cinco espécies. Estes

exemplares foram colhidos na sua totalidade no Algarve, tendo permitido a confirmação da

presença de três espécies na região e a adição de duas outras à fauna registada para essa área

(uma das quais também representada na Colecção Artur Serrano com material algarvio).

Na Figura 11 apresenta-se a repartição em Portugal continental, à escala

decaquilométrica, dos locais de colheita de todo o material analisado pertencente ao género

Rhagonycha (121 quadrículas no total), assinalando-se as quatro quadrículas das quais não foi

possível identificar qualquer espécie.

Page 42: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

39

Figura 11: Quadrículas UTM decaquilométricas dos locais de colheita do material do género Rhagonycha analisado. Pelo menos uma espécie identificada: “(”; nenhuma espécie identificada: “)”.

A Figura 12 resume os dados de distribuição altitudinal das espécies de Rhagonycha,

obtidos através do estudo do material colhido no campo e de uma parte do material contido

nas colecções analisadas.

####

#

#

##

##

#

#

#

#

#

# #

#

#

#

#

#

##

#

#

##

#

#

##

#

#

#

#

#

##

##

#S

#

#

#

##

##

#

##

######

##

#

###

###

##

#

#

#

##

#

##

#

###

####S

##

###

#

#

#

##

#

#

#

##S

####

#

###

#

#

###

#S#

#####

#

Page 43: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

40

Figura 12: Intervalos de distribuição altitudinal das espécies identificadas durante o estudo (incluindo Rhagonycha patricia). Os intervalos ilustrados correspondem a 100 m e dizem respeito à altitude dos locais de colheita dos exemplares obtidos através das prospecções de campo e de parte do material contido nas colecções analisadas.

A fenologia imaginal obtida para as espécies de Rhagonycha, que representa os

períodos de actividade dos adultos detectados através do estudo do material colhido no campo

e de uma parte dos exemplares contidos nas colecções analisadas é apresentada na Figura 13.

Figura 13: Fenologia imaginal das espécies de Rhagonycha identificadas durante o estudo (incluindo Rhagonycha patricia). Os intervalos ilustrados correspondem a períodos de 15 dias e dizem respeito à data de colheita dos exemplares resultantes das prospecções de campo e de parte do material contido nas colecções analisadas.

Page 44: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

41

Rhagonycha femoralis (Brullé, 1832)

Rhagonycha femoralis (Brullé, 1832) foi, durante muito tempo, considerada uma

espécie de ampla distribuição europeia, presente no sul da Europa (da Península Ibérica até

aos Balcãs), na Europa central e atingindo as Ilhas Britânicas, a norte (DELKESKAMP,

1939). Contudo, o trabalho de DAHLGREN (1975), que procedeu ao estudo da morfologia e

ornamentação do saco interno do edeago, revelou a existência de um complexo de espécies,

indistinguíveis através da coloração, morfologia externa e morfologia das peças quitinizadas

do edeago, que foi denominado pelo mesmo autor como o “grupo” de R. femoralis. Este

“grupo” inclui várias espécies anteriormente sinonimizadas com R. femoralis e diversas outras

cuja existência só então foi detectada. Entre as espécies cujo reconhecimento derivou do

estudo do lobo mediano do edeago está R. iberica Dahlgren, 1975, descrita por DAHLGREN

(1975) de Espanha e Portugal e considerada até à actualidade como a única espécie do

“grupo” presente em Portugal. Este facto foi corroborado no presente estudo pela análise de

material colhido em diversas regiões dispersas pelo país, do Minho ao Algarve, pelo que os

registos de R. femoralis publicados para Portugal são atribuídos a R. iberica. De referir ainda

que, segundo os dados actualmente disponíveis na base de dados Fauna Europaea, R.

femoralis (Brullé, 1832) se distribui por França, República da Irlanda, Itália e Balcãs, mas não

ocorre na Península Ibérica (KAZANTSEV, 2005).

Page 45: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

42

Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763)

Descrição original

A descrição original desta espécie, publicada na obra Entomologia Carniolica exhibens

Insecta Carnioliae indigena et distributa in ordines, genera, species, varietates, encontra-se

reproduzida na Figura 14.

Figura 14: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha fulva (SCOPOLI, 1763: 39).

Tradução da descrição original

“Vermelho-alaranjado, tórax alaranjado, ápice elitral e olhos negros.

Em flores de plantas Umbelíferas, particularmente de Athamantha oreosel.

Antenas escuras. Palpos escuros. Cabeça alaranjada e brilhante, como o tórax. Élitros

pubescentes. Asas fuliginosas.”

A localidade típica não é referida expressamente na descrição original, o que significa

que é “Carniola”, ou seja, a parte ocidental da actual Eslovénia. A planta referida por Scopoli

é actualmente designada Peucedanum oreoselinum (L.) Moench (Alonso-Zarazaga, com.

pess.).

Sinonímia

Cantharis fulva Scopoli, 1763: 39. Tipo: Carniola (a parte ocidental da actual Eslovénia) (não é referida expressamente, pelo que se interpreta como a área de estudo do trabalho em questão).

=Telephorus bimaculatus De Geer, 1774: 71. Tipo: “Utrecht” (Holanda). =Cicindela maculata Geoffroy in Fourcroy, 1785: 60-61. Tipo: Paris (França)

(localidade não referida na descrição, mas inferida de acordo com a introdução). =Telephorus melanurus sensu Olivier, 1790: 8 et auct. non Linnaeus, 1758

Page 46: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

43

=Ragonycha [sic!] terminalis Redtenbacher, 1849: 324. Tipo: “Alpen” (Alpes). =usta Gemminger, 1870 (descrição não consultada) =Rhagonycha fulva var. delahoni Schilsky, 1908: 602. Tipo: proveniência não indicada. =cailloli Chobaut, 1914 (descrição não consultada) =Rhagonycha fulva var. inapicalis Fiori, 1914: 87. Tipo: “Sicilia” (Sicília, Itália). =Rhagonycha fulva var. curtithorax Pic, 1920: 17. Tipo: “Maroc: Sebou” (Sebou,

Marrocos).

Material estudado

Foram analisados 202 exemplares: 66 machos, 68 fêmeas, 28 exemplares de sexo

indeterminado (observados no campo) e os restantes 40 de sexo não determinado (contidos na

Colecção de Portugal do Instituto de Investigação Científica Tropical - Centro de Zoologia).

A lista destes exemplares apresenta-se no Anexo 1.

Caracterização dos imagos

Os adultos desta espécie apresentam uma coloração pouco variável, com um padrão

cromático geral vermelho-alaranjado (Figura A - Anexo 4). Os élitros possuem uma mancha

negra de bordo mal definido, situada na extremidade e ocupando cerca de 1/8 do comprimento

elitral. As antenas são castanho-alaranjadas, com a excepção do 1º artículo e da parte basal do

2º, que são mais claros, alaranjados. Os palpos são castanho-alaranjados. Os tarsos são

escurecidos e as unhas são cor de laranja. Do ponto de vista cromático, os exemplares

estudados estão de acordo com a descrição original de SCOPOLI (1763).

O edeago desta espécie, que permite a sua distinção de todas as outras espécies

estudadas da fauna portuguesa de Rhagonycha principalmente pelo formato dos parâmeros e

dos bordos internos dos lobos laterais, é ilustrado na Figura 15.

Page 47: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

44

Figura 15: Edeago de Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763) em vista ventral, ilustrando a variabilidade observada no bordo superior da placa dorsal e nos bordos internos dos lobos laterais.

Comentários taxonómicos

Rhagonycha fulva é, morfológica e morfometricamente, semelhante a várias outras

espécies do género presentes em Portugal continental. Apesar deste facto, a sua identificação

não apresenta quaisquer dificuldades, podendo ser realizada de forma conclusiva com o

recurso à observação do edeago (cuja morfologia é suficiente para a distinção relativamente à

totalidade das restantes espécies que ocorrem no país) e também, de uma forma mais cómoda

e expedita, pelo seu padrão cromático e hábitos florícolas. Trata-se, de facto, da espécie mais

facilmente reconhecível da fauna portuguesa, tendo sido a única cuja identificação foi

considerada segura no campo e, por essa razão, a única de que foram considerados registos

válidos observações realizadas no campo sem a colheita de exemplares.

Distribuição geral

Espécie paleártica de ampla distribuição: Europa (do Mediterrâneo até à Escandinávia,

também no Reino Unido), oeste asiático (Azerbeijão, Geórgia, Turquemenistão), Médio

Oriente (Síria, Irão) e norte de África (Marrocos) (DELKESKAMP, 1977; KAZANTSEV,

2004). Foi introduzida e encontra-se estabelecida na América do Norte (Canadá: Colúmbia

Britânica) (DELKESKAMP, 1977).

José Manuel
Pencil
Page 48: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

45

Combinações citadas para Portugal continental

Rhagonycha fulva, in HEYDEN, 1870: 30, 38. Telephorus melanurus, in BATES & SHARP, 1882: 232. Rhagonycha fulva, in OLIVEIRA, 1884: 188. Rhagonycha fulva, in OLIVEIRA, 1893: 204. Rhagonycha fulva, in BARROS, 1896: 186. Rhagonycha fulva, in NOBRE, 1898: 99. Rhagonycha fulva, in SEABRA, 1939a: 40, 52, 59, 64, 71, 73, 87, 114. Rhagonycha (Ragonycha) [sic!] fulva, in SEABRA, 1939b: 218. Rhagonycha (Rhagonycha) fulva, in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha fulva, in SERRANO, 1981: 32. Rhagonycha fulva, in SERRANO, 1982: 5. Rhagonycha fulva, in SERRANO, 1983: 80. Rhagonycha fulva, in AGUIAR & SERRANO, 1995: 54.

Citações bibliográficas para Portugal continental

HEYDEN (1870: 30, 38): Parque da Pena (Sintra), arredores da Guarda.

BATES & SHARP (1882: 232): “Monchique.”.

OLIVEIRA (1884: 188): “Dans tout le Portugal.”.

OLIVEIRA (1893: 204): “Dans tout le Portugal.”.

BARROS (1896: 186): “C.” (i. e., comum). Registo para o concelho de Sabrosa, a área de

estudo deste trabalho.

NOBRE (1898: 99): “Loc. S. Martinho d'Anta (Correia de Barros).” [sic!].

FUENTE (1931: 54): “Muy común por todas partes.” (i. e., na Península Ibérica).

SEABRA (1939a: 40, 52, 59, 64, 71, 73, 87, 114): Mata de Leiria, Serra do Buçaco, Serra do

Gerês, Serra da Cabreira, Serra do Reboredo, Serra da Estrela, Mata do Lagar do

Seminário, Mata do Valado.

SEABRA (1939b: 218): “Afife, Aldeia Nova de S. Bento, Alfeite, Almada, Almendres,

Alcaçovas, Beja, Carcavelos, Coímbra, Corgas Bravas, Coruche, Évora, Herdades do

Almo e da Mitra; Jugueiros, Lisboa, Matas do Lagar do Seminário, Leiria e Valado;

Lezirias do Tejo, Minhotens, Monte das Flores, Granja, Pereiros, Rio de Mouro, Mora,

Santarém, Silves, Serpa, Salvaterra de Magos, Serras do Gerez, Monfurado e Roboredo;

Serra da Cabreira, Pragal, Soure, Vila Viçosa, Tapada da Ajuda (Lisboa). v-viii.

(Particularmente em Maio e Junho)” [sic!].

Page 49: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

46

SERRANO (1981: 32): “Abundante em Maio e Junho. Fonte do Veado, (12), (10.V.78, 29 e

30.VI.78), sobre D. carota e (V.M.). Distribui-se por todo o País. Possuímos exemplares

de Oeiras e Montes Juntos.”.

SERRANO (1982a: 5): “Vidoeiro, (1, 25.VII.1978). Gerês, (2, 30.VII.1978). Todo o país.”.

SERRANO (1983: 80-81): “Alvalade - Maio 1976; Vale de Cavalos - Junho 1976;

Montalegre - Julho 1977; Monte dos Alhos - Maio 1978 e Abril 1979; Arrábida - Junho

1978.”.

AGUIAR & SERRANO (1995: 54): Arneiro-Sul, Ribeira de Caparide (Manique).

Distribuição em Portugal continental

De acordo com as citações bibliográficas e o material estudado (Anexo 1), esta espécie

ocorre em todo o território de Portugal continental (Figura 16), estando aparentemente

ausente das zonas mais elevadas. Inicialmente era conhecida de quatro Áreas Protegidas

(PNArr, PNPG, PNSC e PNSE), tendo sido estudado material de quatro outras (PNM, PNRF,

PNVG e RNSCM), que se encontram amplamente distribuídas pelo país.

Distribuição altitudinal em Portugal continental

O material estudado foi colhido entre o nível do mar e cerca de 1100 m. O intervalo

altitudinal conhecido em Portugal continental é ilustrado e comparado com o das restantes

espécies na Figura 12.

Fenologia imaginal em Portugal continental

O material estudado evidencia um período alargado de ocorrência imaginal em Portugal

continental, que se estende pelo menos do princípio de Abril até ao meio de Agosto (Figura

13). O período de maior abundância parece ser entre Junho e Agosto.

Substratos de ocorrência dos adultos

Tal como foi referido na sua descrição (SCOPOLI, 1763) e por alguns outros autores (e.

g., JANSSEN, 1963; IWAN, 1988), os adultos desta espécie encontram-se normalmente sobre

as inflorescências de várias espécies de Umbelíferas (Apiaceae = Umbelliferae),

particularmente Cenoura-brava (Daucus carota L.). Existem, no entanto, algumas citações

para outras plantas, como é o caso da Urtiga, Urtica dioica L. (ZABEL & TSCHARNTKE,

Page 50: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

47

1998). Durante o presente estudo, para além de colheitas e observações frequentes sobre

várias espécies de Umbelíferas, foram também colhidos alguns exemplares de R. fulva sobre

Menta (Mentha sp.) e Silvas (Rubus sp.).

Figura 16: Distribuição de Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763) em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito e/ou confirmação de material publicado: “(”; registos bibliográficos e material inédito: “c”.

Aspectos biológicos e comportamentais

Rhagonycha fulva é a espécie do género mais frequentemente referida na literatura,

sendo por isso aquela sobre a qual existe mais informação em aspectos ecológicos,

fisiológicos e comportamentais.

Assim, em termos tróficos, o papel importante que R. fulva desempenha como espécie

predadora de afídeos foi estudado por autores como WETZEL et al. (1991), HARIZANOVA

#S#³##³

#S#S

#

#

##

##

#S

#

#S

#S

#S#S

# ##S

#S#S#S#S

#

#

#S

##

#

#S#

#S

#S

#

#S

#S

##S

#

#

#

##

###S#

#

#S

#S#

#

#

#³###

#³#S

#

#

####

#

#

#S#S #S

#

#

###S

##

##S

#

##

##S

#S#

#

Page 51: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

48

(1995) e DREES (1998). No que se refere a predadores, MAGIS (2003, 2005) citou dois

casos de predação de Tenthredo (Zonuledo) amoena Gravenhorst, 1807 (Hymenoptera:

Tenthredinidae) sobre R. fulva, indicando no segundo caso que a presa era uma fêmea.

Do ponto de vista parasitológico, merece destaque o trabalho de FITTON (1982)

relativo à infecção de exemplares de R. fulva pelo fungo Entomophthora coleopterorum Petch

em Berkshire (Inglaterra).

Para além de interacções bióticas estabelecidas por R. fulva, foi também estudada a

influência fisiológica (e. g., ao nível do metabolismo e da tolerância térmica) de factores

abióticos como a pressão atmosférica (VASSILEV & SENDOVA, 1988), a luz (VASSILEV

& NECHEVA, 1993), a humidade e a temperatura (VASSILEV, 1994).

Page 52: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

49

Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860

Descrição original

A descrição original desta espécie, publicada na revista Bulletin de la Société

Entomologique de France, encontra-se reproduzida na Figura 17.

Figura 17: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha galiciana (GOUGELET & H. BRISOUT, 1860: CCXXXVIII-CCXXXIX).

Tradução da descrição original

“Comprimento de 8 a 9 milímetros. Inteiramente negro, coberto por uma pubescência

cinzenta pouco densa. Antenas negras, de comprimento ligeiramente inferior ao do corpo.

Mandíbulas e genas amarelas. Palpos obscuros. Pronoto tão longo como largo, rebordado

anterior e posteriormente e de forma menos marcada nos lados, que são ligeiramente

sinuosos; ângulos anteriores arredondados, posteriores obtusos; canaliculado, com impressões

nos ângulos anteriores, com pontuação superficial e esparsa. Escutelo triangular, pontuado.

Élitros cinco vezes mais longos que o pronoto, um pouco rugosos e com pontuação mais

densa que o pronoto. Tarsos negros.

Penúltimo segmento ventral masculino chanfrado.

Page 53: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

50

Varia: os três primeiros artículos das antenas manchados de alaranjado, palpos por

vezes quase inteiramente alaranjados, apenas com o último artículo obscuro. Um indivíduo

apresenta igualmente os bordos laterais do pronoto fortemente sinuosos.

Deve colocar-se na vizinhança de Rhagonycha morio Kiesenw. Encontrada na Galiza

pelo Sr. Gougelet.”

Sinonímia

Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860: CCXXXVIII. Tipo: “Galice” (Galiza, Espanha).

=heteronota Pandellé, 1867 (descrição não consultada) =galloisi Pic, 1908 (descrição não consultada) =pici Jacobson, 1911 (descrição não consultada) =Rhagonycha manzanalensis Pic, 1917: 17. Tipo: “Manzanal” (Espanha). =subnotaticeps Pic, 1935 (descrição não consultada)

Material estudado

Foram analisados 24 exemplares (16 machos e 8 fêmeas), cuja lista se apresenta no

Anexo 1.

Caracterização dos imagos

A cabeça é negra e as antenas apresentam uma coloração variável: por vezes

inteiramente negras, mas normalmente com o 1º artículo negro, o 2º negro ou castanho e do 3º

em diante castanhos. As mandíbulas são de cor amarela na metade basal e castanha na distal,

alaranjadas na transição. Os palpos são castanhos. Numa das fêmeas estudadas, as antenas são

negras e o 1º artículo é parcialmente cor de laranja. O pronoto e o escutelo são negros e os

élitros são castanhos unicolores, parecendo negros quando em repouso sobre as asas

posteriores e o abdómen. A face ventral do tórax é castanho-escura e a face ventral do

abdómen é predominantemente castanha ou castanho-alaranjada, com o bordo posterior dos

segmentos amarelo. Todos os fémures são negros. As tíbias anteriores e médias são

castanho-alaranjadas, enquanto as posteriores são negras ou castanhas (por vezes as

extremidades destas são alaranjadas). Os tarsos são castanho-claros com unhas totalmente

amarelas ou manchadas de castanho em proporção variável (por vezes na parte média, outras

vezes apenas na unha interna; nalguns exemplares as porções castanhas são diferentes entre as

Page 54: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

51

patas). Algumas fêmeas possuem todas as tíbias cor de laranja. O corpo e os apêndices são

cobertos por pilosidade amarela ou dourada.

O edeago desta espécie é ilustrado na Figura 18. As principais características distintivas

são a presença de parâmeros longos cuja base, em vista ventral, é ocultada pelos bordos

internos dos lobos laterais, de uma placa dorsal comprida e de lados quase paralelos na

metade distal, cuja base é ocultada pelos bordos internos dos lobos laterais, e pela forma dos

bordos internos dos lobos laterais, claramente convexos e sem formarem qualquer superfície

visível ventralmente. A chanfradura da placa dorsal é larga e moderadamente profunda. Entre

as espécies analisadas, o edeago mais semelhante é o de R. varians, cuja placa dorsal é mais

curta e com os lados distintamente curvos e cujos bordos internos dos lobos laterais são

côncavos (Figura 55).

Figura 18: Edeago de Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860 em vista ventral.

Comentários taxonómicos

A lista sinonímica apresentada atrás baseia-se em DELKESKAMP (1977) e

KAZANTSEV (2005). A este respeito, a única descrição original analisada foi a de R.

manzanalensis Pic, 1917, tendo-se verificado que os caracteres mencionados por PIC (1917)

estão de acordo com o observado em R. galiciana, apoiando a sinonímia considerada pelos

autores referidos.

Para além dos cinco sinónimos atrás referidos, o estatuto taxonómico de R. galiciana foi

recentemente questionado por ŠVIHLA (1995), que a sinonimizou com R. varians

(Rosenhauer, 1856). Tanto quanto foi possível verificar, nenhum outro autor analisou o

Page 55: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

52

estatuto dos dois taxa posteriormente, sendo de referir que, na base de dados Fauna

Europaea, KAZANTSEV (2005) mantém a separação entre as duas espécies. A

sinonimização realizada por ŠVIHLA (1995) baseou-se em caracteres de coloração, na

semelhança existente entre os edeagos das duas espécies e no facto de ocorrerem (i. e., serem

conhecidas) das mesmas localidades em Portugal e Espanha. A análise morfológica e

cromática realizada no presente estudo contraria a opinião de ŠVIHLA (1995) e aponta para

que constituam boas espécies, uma vez que, para além de marcadas diferenças do ponto de

vista cromático, existem diferenças ao nível do edeago, que apesar de não serem muito

acusadas, são constantes e permitem uma discriminação segura. Por essa razão, R. galiciana

Gougelet & H. Brisout, 1860 e R. varians (Rosenhauer, 1856) são tratadas como boas

espécies no presente estudo, podendo distinguir-se de acordo com a tabela dicotómica

incluída no presente estudo.

Distribuição geral

Espécie conhecida de Portugal, Espanha e França (DELKESKAMP, 1977;

KAZANTSEV, 2005).

Combinações citadas para Portugal continental

Rhagonycha “galliciana” [sic!] “Goug.” [sic!], in HEYDEN, 1870: 36, 38. Rhagonycha galiciana “Goug.” [sic!], in OLIVEIRA, 1884: 189. Rhagonycha galiciana “Goug.” [sic!], in OLIVEIRA, 1893: 205. Rhagonycha galiciana “Gong.” [sic!], in BARROS, 1896: 186. Rhagonycha (Rhagonycha) galiciana “Goug.” [sic!], in HEYDEN et al., 1906: col. 292. Rhagonycha (Rhagonycha) galloisi, Rhagonycha (Rhagonycha) galiciana “Goug.” [sic!],

in HICKER & WINKLER, 1925: col. 510. Rhagonycha (Rhagonycha) galiciana “Goug.” [sic!], in FUENTE, 1931: 56. Rhagonycha (Rhagonycha) galiciana “Gougelet” [sic!], Rhagonycha (Rhagonycha)

Galloisi, in DELKESKAMP, 1939: 129. Rhagonycha galiciana “Goug.” [sic!], in SEABRA, 1939a: 40, 78. Rhagonycha (Rhagonycha) galiciana “Goug.” [sic!], in SEABRA, 1939b: 218. Rhagonycha (Rhagonycha) galiciana “Goud.” [sic!], in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha galloisi, in DAHLGREN, 1972: 134. Rhagonycha (Rhagonycha) galiciana “Gougelet” [sic!], in DELKESKAMP, 1977: 176. Rhagonycha galiciana “Gougelet, 1859” [sic!], in SERRANO, 1983: 82.

Page 56: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

53

Citações bibliográficas para Portugal continental

HEYDEN (1870: 36, 38): entre Sabugueiro e as Lagoas Comprida e Escura, arredores da

Guarda.

OLIVEIRA (1884: 189): “Serra do Gerez!. D'après une lettre de Mr. Heyden (il l'a trouvè

dans la (Guarda et Sabugueiro), (Valle d'Azares!).” [sic!].

OLIVEIRA (1893: 205): “Serra do Gerez!. D'après une lettre de Mr. Heyden (il l'a trouvè

dans la (Guarda et Sabugueiro), (Valle d'Azares!).” [sic!].

BARROS (1896: 186): “R.” (i. e., rara). Registo para o concelho de Sabrosa, a área de estudo

deste trabalho.

HEYDEN et al. (1906: col. 292): “Lu.” (i. e., “Lusitania”) [sic!].

HICKER & WINKLER (1925: col. 510): “Lu.” (i. e., “Lusitania”) e “Ib.” (i. e., “Iberia”,

indicada como Espanha + Portugal) [sic!] (menções separadas para as espécies nominais R.

galloisi e R. galiciana, sendo a primeira tratada como espécie nesta referência).

FUENTE (1931: 56-57): “Portugal: S.ª do Gerez, Paulino; Monchique, Dieck; Guarda,

Sabogueiro, Valle d'Azares, von Heyden.” [sic!].

DELKESKAMP (1939: 129): “Portugal”.

SEABRA (1939a: 40, 78): Mata de Leiria, Serra de Sintra.

SEABRA (1939b: 218): “Mata de Leiria, Serra de Sintra. iii-v.”.

DAHLGREN (1972: 134): «Auch R. galloisi Pic ist mit galiciana Goug. identisch. Der Typus

in Pics Sammlung ist ein Männchen, die Genitalien habe ich untersucht. Untersuchtes

Material von galiciana Goug. 20 ♂: (...) Portugal, 12 ♂: „Portugal“ (Coll. Gallois, Typus

von galloisi, P), Guarda (1912, Coll. Daniel 3 ♂, M), Covilha (1912, Coll. Daniel 8 ♂,

M).». A tradução deste excerto é: «R. galloisi Pic é também idêntica a galiciana Goug.. O

tipo na colecção Pic é um macho, cujas peças genitais examinei. Material examinado de

galiciana Goug. 20 ♂: (...) Portugal, 12 ♂: „Portugal“ (Coll. Gallois, Tipo de galloisi, P),

Guarda (1912, Coll. Daniel 3 ♂, M), Covilhã (1912, Coll. Daniel 8 ♂, M).».

DELKESKAMP (1977: 176): “Portugal”.

SERRANO (1983: 82): “Sintra - Junho 1976.”.

Distribuição em Portugal continental

De acordo com as citações bibliográficas e o material estudado no presente trabalho,

esta espécie apresenta uma distribuição alargada no território de Portugal continental, mas

existem ainda lacunas de informação bastante extensas, principalmente na metade sul (Figura

Page 57: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

54

19). Era conhecida de três Áreas Protegidas (PNPG, PNSC, PNSE), tendo sido estudado

material de uma outra (PNM). A sua presença no PNPG e no PNSE foi, além disso,

confirmada.

Figura 19: Distribuição de Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860 em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito: “(”; registos bibliográficos e material inédito: “c”.

Distribuição altitudinal em Portugal continental

O material analisado foi colhido aproximadamente entre os 570 m e os 1590 m. Na

Figura 12 apresenta-se o intervalo altitudinal conhecido em Portugal continental para esta

espécie, comparando-se com o das restantes espécies.

#S

#S

#S

##³#³

##³#S

#S

#

Page 58: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

55

Fenologia imaginal em Portugal continental

O material analisado foi colhido num período curto, que se estende do princípio de

Junho ao princípio de Julho (Figura 13).

Substratos de ocorrência dos adultos

Não foi recolhida qualquer informação relativamente aos substratos de colheita dos

exemplares estudados.

Aspectos biológicos e comportamentais

Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada

nem foram realizadas observações a este respeito.

Page 59: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

56

Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866)

Descrição original

A descrição original desta espécie, publicada na revista Berliner Entomologische

Zeitschrift, encontra-se reproduzida na Figura 20.

Figura 20: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha genistae (KIESENWETTER, 1866b: 392-393).

Tradução da descrição original

“Negra, base das antenas, boca, tíbias, tarsos e pronoto, transverso, amarelados, este [o

pronoto] com uma mancha discoidal grande que alcança a base sem contudo atingir o ápice,

angulosamente dilatada junto à base, élitros estreitos com os lados e uma extensa faixa

discoidal da base ao ápice, moderada e tenuemente pubescentes.

Habita nas montanhas de Castela, sobre Genista.”

Complemento à descrição original (KIESENWETTER, 1866a: 253-254)

No mesmo ano em que foi publicada a descrição original desta espécie, Kiesenwetter

apresentou, igualmente na revista Berliner Entomologische Zeitschrift, um complemento

contendo informação muito relevante para a sua caracterização cromática e morfológica, que

se encontra reproduzido na Figura 21.

Page 60: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

57

Figura 21: Imagem digitalizada do complemento à descrição original de Rhagonycha genistae (KIESENWETTER, 1866a: 253-254).

Tradução do complemento à descrição original

“Negra, base das antenas, boca, tíbias, tarsos e pronoto, transverso, amarelados, este [o

pronoto] com uma mancha discoidal grande que alcança a base sem contudo atingir o ápice,

angulosamente dilatada junto à base, élitros estreitos, com os lados e uma extensa faixa

Page 61: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

58

discoidal da base ao ápice pálidos, moderada e tenuemente pubescentes. − Comprimento 2

linhas. [2 x 2,2558 = 4,5116 mm]

Cabeça mais estreita que o pronoto em ambos os sexos, obsoletamente pontuada, as

genas esbranquiçadas, a boca alaranjada. Olhos arredondados, pouco proeminentes. Antenas

negras ou píceas, alaranjadas na base, curtas, ligeiramente estreitadas em direcção ao ápice,

alcançando apenas a metade dos élitros, o terceiro artículo com mais metade do comprimento

do segundo, mais curtas nas fêmeas. Pronoto subquadrado, pouco mais curto que largo, um

pouco estreitado em direcção à frente, os lados subangulosos adiante da base, depois rectos

até ao ápice, alaranjado, com uma grande mancha negra, que alcança a base mas não o ápice,

angulosamente dilatada atrás da metade, subglabro, brilhante, levemente pubescente, convexo

atrás da metade, mais profundamente canaliculado. Élitros pálidos, com a sutura e uma banda

intramarginal desde os úmeros até ao ápice, sensivelmente dilatada na direcção do ápice e

soldada aí com a sutura, negras, escassamente cobertos de pubescência cinzenta, menos ténue,

mais comprida e sub-erecta, cinco vezes más comprida que a do protórax no macho, quatro

vezes na fêmea. Corpo negro inferiormente, segmentos abdominais com o ápice

esbranquiçado, o ápice dos fémures, as tíbias e os tarsos alaranjado-claro, as tíbias posteriores

frequentemente escurecidas.”

Sinonímia

Cantharis (Rhagonycha) genistae Kiesenwetter, 1866b: 392. Tipo: “Castiliae montibus” (Montes de Castela, Espanha).

Não são actualmente reconhecidas sinonímias para esta espécie.

Material estudado

Foram analisados 53 exemplares (28 machos, 22 fêmeas e três exemplares de sexo não

determinado), cuja lista se apresenta no Anexo 1. Os três exemplares de sexo não determinado

fazem parte de um lote de quatro que se encontrava preservado num único alfinete, por

colagem em etiqueta, na Colecção Geral do Museo Nacional de Ciencias Naturales, baseando-

se a sua identificação na dissecção do quarto (um macho).

Page 62: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

59

Caracterização dos imagos

A cabeça é negra com as genas e as mandíbulas amarelas. Por vezes o clípeo é

acastanhado. As antenas são castanhas, com o 1º ao 4º artículos mais claros na face inferior.

Os palpos são amarelos ou alaranjados. O pronoto é bicolor, com o padrão ilustrado na Figura

22: negro com toda a orla amarela, que alarga formando uma mancha amarela nos ângulos

anteriores. O escutelo é negro e os élitros são bicolores, com faixas sutural e lateral negras ou

castanho-escuras (a lateral inicia-se no calo umeral), uma banda central amarela ou

castanho-clara e uma faixa amarela ao longo do bordo epipleural. A faixa epipleural amarela

pode faltar e a coloração escura da faixa lateral atingir, dessa forma, a epipleura. A largura da

banda central amarela é variável, sendo por vezes muito larga. O quinto apical dos élitros é

negro ou castanho-escuro. A face ventral do tórax e do abdómen é negra. As patas são

bicolores, com fémures negros ou castanho-escuros com a extremidade apical amarela, tíbias

com a metade basal amarelada e a metade apical negra ou castanho-escura (as anteriores por

vezes inteiramente amarelas), tarsos castanho-alaranjados e unhas amarelas e castanhas em

proporção variável. O corpo e os apêndices são cobertos por pilosidade amarelada. A Figura

B (Anexo 4) ilustra o aspecto de um macho desta espécie.

As principais características distintivas do edeago desta espécie (Figura 23) são os

parâmeros longos e ligeiramente curvos e afilados, o formato e comprimento da placa dorsal,

que possui uma chanfradura semicircular e é muito estreita na base (claramente mais estreita

que o espaço entre as bases dos parâmeros) e os bordos internos dos lobos laterais, que

formam superfícies planas e largas. A sutura dos bordos internos dos lobos laterais é curta.

Figura 22: Formato da mancha negra do pronoto de Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866).

Page 63: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

60

Figura 23: Edeago de Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866) em vista ventral.

Comentários taxonómicos

O estatuto específico deste taxon foi confirmado neste estudo, verificando-se a

correspondência entre os exemplares portugueses analisados e as características cromáticas

mencionadas na sua descrição original. A morfologia do edeago foi igualmente utilizada na

identificação, tendo-se verificado uma grande semelhança entre a morfologia ilustrada por

DAHLGREN (1972) e a observada nos exemplares analisados. A este respeito a principal

discrepância relaciona-se com o comprimento da placa dorsal relativamente aos parâmeros: na

ilustração de DAHLGREN (1972) os parâmeros atingem o centro da chanfradura da placa

dorsal, enquanto nos exemplares analisados a placa é mais comprida e os parâmeros não

atingem o nível da chanfradura.

Apesar de R. genistae ser uma das espécies de menores dimensões entre as analisadas,

existe a possibilidade de confusão com exemplares pequenos de outras espécies,

particularmente de R. hesperica e R. opaca, dado que estas também apresentam bandas

escuras e claras nos élitros (no caso da primeira espécie, na forma 2 e nos indivíduos de

transição entre as formas 1 e 2). Desta forma, as dimensões reduzidas proporcionam uma

indicação não conclusiva da identidade dos exemplares de R. genistae, pelo que a sua

identificação deverá ser realizada com recurso à morfologia do edeago, que é distinta da

apresentada pelas outras espécies presentes no país.

Page 64: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

61

Distribuição geral

Endemismo ibérico, conhecido de Portugal e de Espanha (DELKESKAMP, 1977;

KAZANTSEV, 2005).

Combinações citadas para Portugal continental

Rhagonycha genistae, in OLIVEIRA, 1884: 189. Rhagonycha genistae, in OLIVEIRA, 1893: 205. Rhagonycha (Rhagonycha) genistae, in HICKER & WINKLER, 1925: col. 508. Rhagonycha (Rhagonycha) genistae, in FUENTE, 1931: 54. Rhagonycha (Rhagonycha) genistae, in DELKESKAMP, 1939: 129. Rhagonycha (Rhag.) genistae, in SEABRA, 1939b: 218. Rhagonycha (Rhagonycha) genistae, in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha genistae, in DAHLGREN, 1972: 135-136. Rhagonycha (Rhagonycha) genistae Kiesw. (…) 1865 [sic!], in DELKESKAMP, 1977:

177.

Citações bibliográficas para Portugal continental

OLIVEIRA (1884: 189): “Guarda!.”.

OLIVEIRA (1893: 205): “Guarda!.”.

HICKER & WINKLER (1925: col. 508): “Ib.” (i. e., “Iberia”, indicada como Espanha +

Portugal) [sic!].

FUENTE (1931: 54): “Portugal: Guarda, Paulino.”.

DELKESKAMP (1939: 129): “Portugal”.

SEABRA (1939b: 218)): “Mogofores. iii.”.

DAHLGREN (1972: 135-136): “Portugal, 6 ♂: S. Martinho (Barros 1908 2 ♂, M; Barros 1 ♂,

F; 2 ♂ F), Covilha (1912, Coll. Daniel, M).” [sic!].

DELKESKAMP (1977: 177): “Portugal”.

Distribuição em Portugal continental

Segundo as citações bibliográficas e o material estudado no presente trabalho, esta

espécie ocorre na metade norte de Portugal continental (Figura 24). A sua presença ainda não

era conhecida em qualquer Área Protegida, tendo sido registada neste trabalho para três:

PNM, PNPG e PNSE.

Page 65: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

62

Figura 24: Distribuição de Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866) em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito: “(”; registos bibliográficos e material inédito: “c”.

Distribuição altitudinal em Portugal continental

Capturada desde cerca de 760 m até praticamente ao topo da serra da Estrela

(aproximadamente 1870 m). Entre as espécies estudadas, foi a única que ultrapassou os 1600

m de altitude (Figura 12).

Fenologia imaginal em Portugal continental

O material estudado aponta para uma fenologia primaveril, com um período de

ocorrência comprovada que vai do final de Abril até meio de Junho (Figura 13).

#S

#

#

###

###³

#S

##

Page 66: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

63

Substratos de ocorrência dos adultos

Colhida em várias localidades do PNPG sobre leguminosas (Fabaceae) não

identificadas.

Aspectos biológicos e comportamentais

A única informação recolhida refere-se à colheita, no PNM, de alguns exemplares

atraídos pela luz emitida por uma lâmpada de vapor de mercúrio.

Page 67: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

64

Rhagonycha hesperica Baudi, 1859

Descrição original

A descrição original desta espécie, publicada na revista Berliner Entomologische

Zeitschrift, encontra-se reproduzida na Figura 25.

Figura 25: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha

hesperica (BAUDI, 1859: 296-297).

Tradução da descrição original

“Alongada, negra, com a boca, a base das antenas, os lados do pronoto, a margem

lateral dos élitros e as tíbias amareladas. Élitros rugosamente pontuados.

Comprimento 3 linhas. [3 x 2,2558 = 6,7674 mm]

Espanha Sr. Ghiliani.

Varia com os élitros amarelados, ápice estreitamente escurecido, patas negras.

Page 68: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

65

Cabeça com os olhos da largura aproximada do tórax, negra, a boca, genas e palpos

vermelho-alaranjados, último artículo destes com o ápice escurecido. Antenas ultrapassando a

metade do comprimento dos élitros, escuras, os 4 ou 5 artículos basais amarelados, por cima

até ao ápice mais ou menos escurecidos. Protórax subquadrado, parte anterior levemente

estreitada, todos os ângulos obtusos, parte média dos lados subchanfrada, toda a margem

sub-rebordada, canaliculado longitudinalmente, com uma impressão transversal junto à base,

subtilmente e esparsamente pontuado na direcção do ápice, brilhante, vermelho-alaranjado,

mancha negra longitudinal estendida da base até ao ápice, dilatada junto à base. Escutelo

negro ligeiramente brilhante com pontuação densa e subtilíssima.

Élitros com mais de cinco vezes o comprimento do tórax e ligeiramente mais largos do

que este, brilhantes, rugosamente pontuados mais fortemente, negros, com uma ténue franja

marginal amarelada dissipando-se no ápice, mais raramente inteiramente amarelados com o

ápice estreitamente escurecido. Face ventral negra, segmentos abdominais com os ápices de

cada lado avermelhados, concolores nas fêmeas. Patas amareladas, fémures negros excepto no

ápice, ápice das tíbias posteriores e dos tarsos escuros: na variedade com élitros amarelados

os tarsos são negros, e os trocânteres, os joelhos e o ápice das tíbias anteriores amarelados.

Próxima de R. quadricollis Kiesw., mas maior, diferente pelo corpo alongado e o toráx

mais comprido, anteriormente estreitado.”

Sinonímia

Rhagonycha hesperica Baudi, 1859: 296. Tipo: “Hispania” (Espanha).

=Cantharis (Rhagonycha) oliveti Kiesenwetter, 1866a: 251. Tipo: proveniência não indicada.

=Rhagonycha spinifera Pic, 1903: 122. Tipo: “Espagne: Sierra Nevada” (Serra Nevada, Espanha).

=Rhagonycha oliveti var. inapicalis Pic, 1903: 122. Tipo: “Portugal”. =lineatipennis Pic, 1908 (descrição não consultada) =Rhagonycha hesperica var. georgi Pic, 1909: 185. Tipo: “Espagne: Sierra de

Guadelupe” (Serra de Guadalupe, Espanha). =Rhagonycha semilimbipennis Pic, 1917: 17. Tipo: “Espagne: Manzanal” (Manzanal,

Espanha). =kochi Pic, 1935 (descrição não consultada) =lanjaroni Pic, 1952 (descrição não consultada) =obscurimembris Pic, 1952 (descrição não consultada)

Page 69: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

66

Material estudado

Foram analisados 184 exemplares (91 machos e 93 fêmeas), cuja lista se apresenta no

Anexo 1.

Caracterização dos imagos

A característica anatómica mais marcante desta espécie ao nível externo é a presença de

um dente agudo nos trocânteres dos machos (Figura 26), bem visível nas patas anteriores e

intermédias, e frequentemente também visível nas posteriores, ainda que menos desenvolvido.

Esta característica, utilizada juntamente com a coloração por PIC (1903) para a descrição de

R. spinifera (sinónimo júnior de R. hesperica), não foi observada em qualquer das outras

espécies estudadas, constituindo um carácter diagnóstico de fácil observação e que não

implica dissecção dos exemplares.

Figura 26: Patas direitas de exemplar masculino de Rhagonycha hesperica Baudi, 1859, evidenciando os dentes dos trocânteres anterior (a), médio (b) e posterior (c).

Nas fêmeas os trocânteres anteriores e intermédios possuem um dente menos

pronunciado do que nos machos, mas ainda assim observável. Trata-se, desta forma, de um

carácter diagnóstico de grande utilidade para a separação das fêmeas desta espécie

relativamente às de todas as outras espécies estudadas.

No que se refere ao edeago, R. hesperica distingue-se das restantes espécies presentes

em Portugal continental principalmente pelo formato dos parâmeros, que apresentam uma

curvatura marcada na metade apical, e pela presença de um par de laterófises na porção apical

Page 70: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

67

do lobo mediano (Figura 27). O formato dos bordos internos dos lobos laterais é também

distinto do observado nas restantes espécies, uma vez que constituem uma superfície contínua

ligeiramente côncava que se estreita em direcção ao eixo longitudinal do edeago.

Figura 27: Edeago de Rhagonycha hesperica Baudi, 1859 em vista ventral.

No que diz respeito à coloração, trata-se de uma espécie extremamente variável (facto

patente na sua descrição original), razão pela qual possui a mais extensa sinonímia entre a

fauna portuguesa do género. De acordo com o material estudado, com a descrição original,

com a caracterização apresentada por DAHLGREN (1972) e com as descrições originais de

cinco dos nove sinónimos reconhecidos por KAZANTSEV (2005), quase todas as partes do

corpo variam cromaticamente, sendo os élitros aquela em se observam mais facilmente

categorias discerníveis de padrão cromático. No presente trabalho, os exemplares portugueses

estudados são divididos em três formas cromáticas, que serão adiante designadas por 1, 2 e 3.

A forma 1, a mais comum entre o material analisado (94 indivíduos, ou seja, 51,1% do

material analisado, compreendendo 55 machos e 39 fêmeas), apresenta uma coloração geral

escura (Figura C - Anexo 4). Os élitros são castanhos, mas a sua coloração aparenta ser negra

quando em repouso, e possuem uma estreita faixa bege ou amarelo claro nas epipleuras, que

se inicia um pouco atrás do calo umeral e termina antes ou sobre os 3/4 do comprimento

elitral (Figura 28).

O pronoto da maioria dos exemplares da forma 1 estudados neste trabalho é

maioritariamente negro ou castanho-escuro, com áreas ligeiramente mais claras junto aos

ângulos anteriores. Contudo, foram também estudados exemplares com pronoto bicolor, com

Page 71: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

68

uma mancha negra no disco, que se estende entre os bordos anterior e posterior, e as porções

laterais amarelo-acastanhadas (padrão idêntico ao ilustrado na Figura 31), com alguma

variação na largura e contorno da porção negra. A cabeça é negra com as genas amareladas. A

coloração dos palpos é variável: nalguns exemplares os artículos são castanhos e amarelos em

proporção variável, noutros são amarelos e apenas a metade apical do 4º é castanha. As

antenas são castanho-escuras com o 1º e o 2º artículos amarelos, podendo o 3º ser amarelo ou

castanho-claro. A face ventral do tórax e do abdómen é negra. A coloração das patas é muito

variável, podendo ser desde maioritariamente castanhas até quase inteiramente amareladas,

passando por exemplares com parte ou a totalidade das patas bicolores. As unhas dos tarsos

são amarelas e apresentam, nalguns casos, partes castanhas. Todo o corpo é recoberto por uma

pilosidade amarelada. Os exemplares desta forma que possuem o pronoto bicolor são os que

melhor se ajustam à descrição original de BAUDI (1859).

Figura 28: Padrão cromático do élitro direito da forma 1 de Rhagonycha hesperica Baudi, 1859.

A forma 2, a menos numerosa entre o material estudado (20 exemplares, isto é, 10,9%

do material estudado, compreendendo 7 machos e 13 fêmeas), apresenta élitros bicolores,

maioritariamente castanhos mas com uma banda e uma faixa, ambas amarelas ou cor de

palha, com a seguinte localização (Figura 29): a banda na metade interna do élitro, sem atingir

a base, a bordo sutural ou o ápice; a faixa amarela, que é muito mais estreita do que a banda,

na epipleura, começando um pouco atrás do calo umeral e prolongando-se até ao bordo apical.

O bordo apical apresenta muitas vezes uma coloração intermédia e, em parte dos exemplares

analisados, não é atingido pela faixa epipleural, que termina aproximadamente sobre os 3/4 do

comprimento elitral. A coloração do pronoto é muito variável: bicolor na maioria dos

exemplares estudados (Figura 31), inteiramente negro em alguns exemplares e com um

padrão intermédio num número reduzido de exemplares. Tal como na forma 1, a cabeça é

negra com as genas amareladas. Os palpos dos exemplares analisados são amarelos com a

metade apical do 4º artículo castanha. A existência desta forma cromática não está referida na

descrição original da espécie.

José Manuel
Pencil
Page 72: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

69

Figura 29: Padrão cromático do élitro direito da forma 2 de

Rhagonycha hesperica Baudi, 1859.

As formas 1 e 2 caracterizam-se pela coloração castanho-escura dos élitros, que são

praticamente unicolores na forma 1 e claramente bicolores na forma 2, devido à presença de

uma banda amarela na metade elitral interna, com bordos bem definidos. O material estudado

evidenciou, contudo, a existência de 34 exemplares (8 machos e 26 fêmeas) intermédios entre

estas duas formas (18,5% do material analisado). A coloração destes exemplares intermédios

oscila entre élitros escuros muito semelhantes aos da forma 1, com vestígios mal definidos da

porção basal da banda clara, e élitros com praticamente a totalidade da banda clara, mas de

coloração mesclada com castanho-escuro e contornos irregulares, esbatendo-se nas

extremidades basal e distal.

A forma 3, que apresenta a coloração mais clara (Figura D - Anexo 4), evidenciou uma

abundância intermédia no material analisado (36 indivíduos, ou seja, 19,5% do material

estudado, sendo 21 do sexo masculino e 15 do sexo feminino). Os machos desta forma

possuem élitros que diferem marcadamente dos das outras duas formas, uma vez que são

maioritariamente amarelos ou cor de palha, apresentando-se escurecidos apenas em duas

estreitas faixas castanhas localizadas no bordo sutural e na epipleura, e também na região

apical, onde exibem uma mancha que une as duas faixas laterais (Figura 30). Na maioria das

fêmeas e em alguns dos machos analisados, as faixas castanhas são praticamente

imperceptíveis, sendo os élitros, por essa razão, praticamente amarelos por inteiro. A

coloração da cabeça é semelhante à das outras duas formas, negra com as genas amareladas.

O pronoto é bicolor em todos os exemplares analisados, com o disco negro e os bordos

laterais amarelo-acastanhados. A mancha negra do disco do pronoto tem os bordos sinuosos e

estende-se entre os bordos anterior e posterior, conforme ilustrado na Figura 31. A face

ventral do tórax e do abdómen é negra. A coloração das patas é muito variável, tal como na

forma 1. A face ventral do abdómen é castanha e o bordo posterior de alguns dos segmentos

abdominais é amarelo. A existência de exemplares com a coloração da forma 3 foi referida na

José Manuel
Pencil
Page 73: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

70

descrição original da espécie e considerada mais rara por BAUDI (1859), o que deverá

relacionar-se com a proveniência geográfica dos exemplares estudados por esse autor.

Figura 30: Padrão cromático do élitro direito da forma 3 de Rhagonycha hesperica Baudi, 1859.

Figura 31: Coloração do pronoto da forma 3 de Rhagonycha hesperica Baudi, 1859, que é também exibida por parte dos indivíduos das formas 1 e 2.

Em resumo, R. hesperica é uma espécie muito variável do ponto de vista da coloração,

apresentando três formas distintas entre o material analisado de Portugal continental, de

acordo com a coloração dos élitros: uma forma escura (a forma 1 neste trabalho), uma forma

com élitros bicolores, caracterizada por um fundo escuro e uma extensa banda clara (forma 2),

e uma forma clara (forma 3). Foi ainda observada a existência de indivíduos com

características cromáticas que se poderão considerar intermédios entre as formas 1 e 2,

traduzidas na presença de uma banda clara de contornos mal definidos e extensão menor do

que na forma 2. É de destacar que, no material analisado, a proporção de indivíduos com

características intermédias entre as formas 1 e 2 (17%) ultrapassou a verificada para a forma 2

(11%). De referir ainda que as formas cromáticas 1 e 2 foram colhidas várias vezes no mesmo

local, em diversos casos em conjunto com indivíduos de coloração intermédia, e que as

José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
Page 74: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

71

formas 2 e 3 também foram colhidas em conjunto diversas vezes, mas não se verificou

qualquer colheita simultânea das formas 1 e 3.

De referir que as áreas de distribuição das três formas cromáticas são diferentes entre o

material analisado, embora a marcada assimetria da proveniência dos exemplares (colhidos

maioritariamente no norte) não permita tirar quaisquer conclusões. Assim, as formas 1 e 2 e

os exemplares de transição entre estas, provêm unicamente do norte do país, sendo a serra da

Estrela e a zona em redor as àreas mais meridionais onde foram encontradas. Os exemplares

da forma 3 foram colhidos desde o concelho de Mangualde até ao Algarve, tendo sido esta a

única forma encontrada a sul da serra da Gardunha.

Comentários taxonómicos

A grande variabilidade cromática desta espécie foi abordada em pormenor por

DAHLGREN (1972), que descreveu uma aberração e resumiu as características de outros taxa

já descritos, tratando-os como aberrações. Apesar de vários destes taxa serem actualmente

sinónimos de R. hesperica e os restantes serem entidades infrasubespecíficas que, como tal,

não estão abrangidos pelas regras da Nomenclatura Zoológica, a sua análise reveste-se de

interesse no âmbito do estudo da variabilidade intraespecífica de R. hesperica.

Assim, verificou-se que a caracterização apresentada por DAHLGREN (1972)

introduziu alguma confusão, uma vez que a aberração escura que descreveu (“a. carbonaria”)

parece corresponder à coloração mencionada por BAUDI (1859), distinguindo-a do que

considera ser a forma típica pela coloração mais escura do pronoto. Uma vez que se trata de

variabilidade intraespecífica e que foram observados diferentes graus de pigmentação do

pronoto nos exemplares analisados, que oscilam entre claramente bicolor (com disco escuro e

porções laterais claras) e praticamente negro, no presente trabalho os exemplares com élitros

escuros e sem vestígios de banda na parte central foram atribuidos a uma única forma

cromática, a forma 1.

Tal como no caso anterior, os exemplares da forma 2 foram tratados por DAHLGREN

(1972) como uma aberração (“ab. oliveti”), sendo referida a existência de alguma

variabilidade no padrão das manchas. Contudo, este autor associou aos exemplares de élitros

bicolores os que possuem élitros amarelados (com ou sem mancha escura na extremidade),

incluindo-os igualmente na “ab. oliveti”. Este facto não é coerente com o que DAHLGREN

(1972) refere mais adiante, uma vez que considera a existência de uma forma mais clara

(“hellsten Form”), que faz corresponder a um dos taxa descritos por Pic em 1903 (de que terá

analisado o tipo) atribuindo-lhe o estatuto de aberração (“a. spinifera Pic”). Neste último caso

Page 75: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

72

deve mencionar-se uma incorrecção da interpretação de DAHLGREN (1972) relativamente à

descrição de R. spinifera, uma vez que PIC (1903) indica como caracteres de separação a

presença de um dente nos trocânteres e a coloração, tendo-se verificado no presente trabalho

que o dente dos trocânteres ocorre em todas as formas cromáticas e não apenas na mais clara.

Deve ainda referir-se que tanto PIC (1903) como DALHGREN (1972) referem que os

exemplares que identificam como “spinifera” possuem o pronoto amarelo-acastanhado com

uma mancha praticamente indistinta no disco, o que não ocorre em qualquer dos exemplares

analisados, cuja área negra ou castanho-escura do pronoto apresenta, no mínimo, uma

extensão como é ilustrado na figura 31.

O material examinado no presente trabalho confirmou a existência de uma grande

variabilidade cromática em Portugal continental e, simultaneamente, a constância dos

caracteres da genitália masculina. O estatuto específico de R. hesperica e a coespecificidade

das diferentes formas cromáticas são, desta forma, corroborados.

No que respeita à identificação com base na morfologia externa, a presença de dentes

bem visíveis nos trocânteres de todos os exemplares do sexo masculino e de dentes menos

desenvolvidos, mas ainda assim perceptíveis, nos trocânteres dos exemplares do sexo

feminino analisados, reveste-se de grande interesse para a separação desta espécie

relativamente a várias outras, particularmente em relação a R. opaca e R. striatofrons, com as

quais a forma cromática de élitros bicolores de R. hesperica pode ser facilmente confundida.

Distribuição geral

Segundo KAZANTSEV (2005) trata-se de um endemismo ibérico presente em Portugal

e Espanha. Foi também citada de França (“Gallia”, sem mais pormenores) por DAHLGREN

(1972), razão pela qual DELKESKAMP (1977) referiu a sua presença nesse país.

Combinações citadas para Portugal continental

Rhagonycha oliveti, Rhagonycha hesperica, in OLIVEIRA, 1884: 188, 189. Rhagonycha oliveti, Rhagonycha hesperica, in OLIVEIRA, 1893: 204, 205. Rhagonycha oliveti var. inapicalis, in PIC, 1903: 122. Rhagonycha (Rhagonycha) oliveti var. inapicalis, in HEYDEN et al., 1906: col. 291. Rhagonycha (Rhagonycha) oliveti, Rhagonycha (Rhagonycha) hesperica, in HICKER &

WINKLER, 1925: col. 508, 509. Rhagonycha (Rhagonycha) oliveti, var. inapicalis, Rhagonycha (Rhagonycha) hesperica,

in FUENTE, 1931: 54. Rhagonycha (Rhagonycha) hesperica, Rhagonycha (Rhagonycha) oliveti, in

DELKESKAMP, 1939: 130, 139.

Page 76: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

73

Rhagonycha oliveti, Rhagonycha hesperica, in SEABRA, 1939a: 52, 78. Rhagonycha (Rhagonycha) hesperica, Rhagonycha (Rhagonycha) oliveti, in SEABRA,

1939b: 218. Rhagonycha (Rhagonycha) oliveti, var. inapicalis, Rhagonycha (Rhagonycha) hesperica,

in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha hesperica, in DAHLGREN, 1972: 138. Rhagonycha (Rhagonycha) hesperica, var. inapicalis, ab. oliveti, in DELKESKAMP,

1977: 178. Rhagonycha oliveti, in SERRANO, 1981: 32. Rhagonycha oliveti, in SERRANO, 1983: 81.

Citações bibliográficas para Portugal continental

OLIVEIRA (1884: 188 e 189): “Valle d'Azares!, Felgueira!, Guarda!, Coimbra!.” [sic!] e

“Serra do Marão!, Serra do Caramullo!.” [sic!].

OLIVEIRA (1893: 204 e 205): “Valle d'Azares!, Felgueira!, Guarda!, Coimbra!.” [sic!] e

“Serra do Marão!, Serra do Caramullo!.” [sic!].

PIC (1903: 122): “Portugal”.

HEYDEN et al. (1906: col. 291): “Lu.” (i. e., “Lusitania”) [sic!].

HICKER & WINKLER (1925: col. 508 e 509): “Ib.” em ambos os casos (i. e., “Iberia”,

indicada como Espanha + Portugal) [sic!] (menções separadas à forma típica e a R. oliveti,

tratada com o estatuto de espécie nesta referência).

FUENTE (1931: 54): “Portugal: Valle d'Azares, Felgueira, Guarda, Coimbra, Paulino.” [sic!],

“Portugal (in col. Pic).” e “Portugal: S.ª do Marao, S.ª do Caramulo, Paulino.” [sic!]

(respectivamente para oliveti, inapicalis e forma típica, sendo R. oliveti tratada com o

estatuto de espécie nesta referência).

DELKESKAMP (1939: 130 e 139): “Portugal” (para a forma típica e R. oliveti, que é tratada

com o estatuto de espécie nesta referência).

SEABRA (1939a: 52, 78): Serra do Buçaco, Serra de Sintra.

SEABRA (1939b: 218): “Aldeia Nova de S. Bento, Aljezur, Cacem, Coimbra, Carcavelos,

Mogofores, Olivais, Rio de Mouro, Santarém, Serra de Sintra, Soure. ii-v” [sic!] e

“Agolada, Herdade da Mitra, Serras do Buçaco, Monchique e Sintra; Soure. v-vi”.

DAHLGREN (1972: 138-140): “Portugal (Covilha).”, «Portugal, 39 ♂: Guarda (1912, Coll.

Daniel 10 ♂, M), Covilha (1912, Coll. Daniel 6 ♂, M), S.Martinho (C. de Barros, 3 ♂ D;

Coll. Leonhard, D; 4 ♂ F), Lissabon (1910) Schatzmayr 3 ♂ F; Schatzmayr 2 ♂ D), Cintra

(Sintra bei Lissabon ?; Schatzmayr 1910 2 ♂ F), Portalegre (1912, Coll. Daniel 2 ♂, M; 1

♂ P), Evora (Schatzmayr 1910, F), Val d'Azares (Paulino 1883, D), Anta (in Portugal ?;

1906, 2 ♂ F), „Lusitanien“ (F).» [sic!].

Page 77: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

74

DAHLGREN (1975: 106): “San Martinho (a. carbonaria, Flügeldecken schwarz) (...) Sintra

(a. oliveti, Flügeldecken gelbbraun)” [sic!].

DELKESKAMP (1977: 178): “Portugal” (por três vezes, para a forma típica e para as

variedades “inapicalis” e “oliveti”, sendo “inapicalis” tratada como variedade e “oliveti”

como aberração nesta referência).

SERRANO (1981: 32): “Abundante em Abril e Maio. Casal dos Miúdos, (6), (13.VI.78),

sobre rosaceas. Fonte do Veado, (15), (10.V.78). Dispersa-se por todo o País.” [sic!].

SERRANO (1983: 81): “Monte dos Alhos - Abril 1978; Arrábida - Abril e Maio 1978.”.

Estes registos dizem respeito à variedade “oliveti”, que é citada neste trabalho com o

estatuto de espécie.

Distribuição em Portugal continental

As citações bibliográficas e o material estudado no presente trabalho evidenciam uma

distribuição alargada a todo o território de Portugal continental (Figura 32), estando

aparentemente ausente das zonas de altitude muito elevada (visto que não foi colhida acima

de 1500 m de altitude). Era conhecida de quatro Áreas Protegidas (PNArr, PNSACV, PNSC,

PNSE), tendo sido estudado material de outras cinco (PNAlv, PNDI, PNM, PNPG, ROM),

localizadas no norte do país.

Distribuição altitudinal em Portugal continental

No conjunto do material analisado, esta espécie apresentou a gama mais alargada de

altitudes de ocorrência (Figura 12), tendo sido colhida desde o nível do mar até cerca de 1500

m.

Fenologia imaginal em Portugal continental

Espécie aparentemente primaveril, com um período de ocorrência relativamente curto,

situado entre a segunda quinzena de Abril e a primeira quinzena de Junho (Figura 13). Este

intervalo deverá constituir uma aproximação mais fiável ao período real de ocorrência dos

adultos do que o obtido para a maioria das restantes espécies, uma vez que se trata da segunda

espécie mais representada entre o material estudado e que o período em questão é muito mais

limitado do que aquele em que foram realizadas prospecções de campo.

Page 78: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

75

Figura 32: Distribuição de Rhagonycha hesperica Baudi, 1859 em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito: “(”; registos bibliográficos e material inédito: “c”.

Substratos de ocorrência dos adultos

A literatura consultada não inclui qualquer referência a substratos de ocorrência dos

imagos desta espécie. Durante o decorrer deste estudo, a espécie foi mais frequentemente

encontrada sobre Salgueiros (Salix spp.) de porte arbóreo e arbustivo, tendo também sido

colhida sobre Amieiros-negros (Frangula alnus Miler), Cerejeiras (Prunus avium L.), Giestas

(Fabaceae) e Cardos (Asteraceae). Foi ainda encontrada sobre espécies vegetais exóticas,

como o Roble-americano (Quercus rubra L.) e a Cana (Arundo donax L.).

#

#

#

#

###

#

##

#

#

#

#

#

###

##

##

###

#

#

##

#

#

###

#

###

#

####

#S#S#S#³

#S

#S##S

#S

#S

#

#S#S

#S

#S

#S#S

#S #S

###

#

#

#S

#

#

#

#

#S

#

#S

#

###

#³#

##

###³

#

#S#

#S

##

#

#

###

#

###

#

####

Page 79: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

76

Aspectos biológicos e comportamentais

Como ocorre com a generalidade das espécies do género, R. hesperica parece ser

parcialmente afidófaga, tendo sido capturado um exemplar alimentando-se de um afídeo

(Hemiptera, Aphididae) perto de Figueira de Castelo Rodrigo.

No PNM, alguns exemplares foram atraídos pela luz emitida por uma lâmpada de vapor

de mercúrio, tal como sucedeu com algumas outras espécies estudadas.

Page 80: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

77

Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975

Descrição original

A descrição original desta espécie, publicada na revista Entomologica Basiliensia,

encontra-se reproduzida na Figura 33.

Figura 33: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha iberica (DAHLGREN, 1975: 103-104).

Tradução da descrição original

“Cabeça e pronoto negros, élitros castanho-amarelados, antenas e patas negras ou

castanho-escuras, as tíbias por vezes amarelas com as médias e as posteriores mais ou menos

escurecidas. Hábito e edeago como em limbata, os parâmeros parecem ser nitidamente mais

alongados do que nessa espécie. Comprimento 5,5 - 6,5 mm (♂).

Externamente semelhante a confusa, mas esta espécie possui parâmeros finos e o saco

interno apresenta uma forma muito diferente. R. limbata é provavelmente mais próxima de

iberica, mas o saco interno de iberica possui apenas uma placa terminal, enquanto o de

limbata possui duas placas terminais contíguas. R. meridionalis diferencia-se de iberica pelos

seus parâmeros finos e pelo saco interno de formato diferente.

Page 81: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

78

Material examinado de iberica:

Espanha: Monserrat (Museu de Basileia), Mongat próximo de Barcelona (Codina leg. 3

♂: Holótipo, minha colecção e 2 ♂ B), Algeciras (Strobl leg., B).

Portugal: Coimbra (colecção Wittmer), Sintra (Wittmer leg. 5 ♂ 1950).

Todos os exemplares são machos.”

Sinonímia

Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975: 103. Tipo: “Montserrat” (Monserrat, Barcelona, Espanha).

=femoralis sensu auct. non Brullé, 1832.

Material estudado

Foram analisados 39 exemplares (20 machos e 19 fêmeas), cuja lista se apresenta no

Anexo 1.

Caracterização dos imagos

A coloração geral dos adultos desta espécie é castanha-alaranjada e negra (Figura E -

Anexo 4). A cabeça, o pronoto e o abdómen são negros e os élitros são castanho-alaranjados.

As antenas são bicolores, maioritariamente castanho-escuras, com o 1º, o 2º e a base do 3º

artículo cor de laranja. As patas são bicolores, com os fémures negros (os anteriores com a

extremidade distal cor de laranja), as tíbias anteriores cor de laranja, as tíbias médias e

posteriores com a metade basal cor de laranja e a metade distal castanha e os tarsos escuros

com as unhas cor de laranja. O corpo e os apêndices são cobertos por pilosidade amarelada

bastante clara, que é mais densa nas antenas e patas.

O edeago de R. iberica é ilustrado na Figura 34, com base no material estudado, e o

aspecto do saco interno na Figura 35, conforme apresentado por DAHLGREN (1975) na

descrição original da espécie.

Comentários taxonómicos

Esta espécie foi confundida com R. femoralis até à sua descrição em 1975, o que se

deveu ao facto das duas espécies serem cromática e morfologicamente indistinguíveis,

inclusivamente ao nível das peças quitinizadas do edeago. Em termos globais, uma vez que o

Page 82: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

79

seu reconhecimento se baseia em características do saco interno do edeago, apenas os

exemplares do sexo masculino são identificáveis. Contudo, o presente estudo revelou que, ao

nível da fauna portuguesa, a coloração dos exemplares é desta espécie difere claramente da

apresentada pelas restantes espécies, sendo por isso suficiente para a sua identificação

específica. Consequentemente, as fêmeas colhidas na ausência de machos foram identificadas

dessa forma.

Figura 34: Edeago de Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975 em vista ventral.

Relativamente ao saco interno dos exemplares conservados em álcool analisados neste

estudo, a sua morfologia coincide com a ilustrada por DAHLGREN (1975). A este respeito

deve referir-se que o exemplar do sexo masculino procedente do Algarve (Colecção Peter

Hodge) se encontra preservado a seco, o que impossibilitou a observação do saco interno do

seu edeago, pelo que a sua identificação se baseou na coloração.

Distribuição geral

Espécie endémica da Península Ibérica, conhecida de Portugal e Espanha

(DAHLGREN, 1975; DELKESKAMP, 1977; KAZANTSEV, 2005).

José Manuel
Pencil
Page 83: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

80

Figura 35: Saco interno do edeago de Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975 em vista ventral (a) e dorsal (b) (adaptado da descrição orginal de DAHLGREN, 1975).

Combinações citadas para Portugal continental

Rhagonycha femoralis, in OLIVEIRA, 1884: 189. Rhagonycha femoralis, in OLIVEIRA, 1893: 205. Rhagonycha femoralis, in BARROS, 1896: 186. Rhagonycha (Rhagonycha) femoralis, in FUENTE, 1931: 55. Rhagonycha femoralis, in SEABRA, 1939a: 78. Rhagonycha (Rhagonycha) femoralis, in SEABRA, 1939b: 218. Rhagonycha (Rhagonycha) femoralis, in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha femoralis, in DAHLGREN, 1968: 101. Rhagonycha iberica, in DAHLGREN, 1975: 103. Rhagonycha (Rhagonycha) iberica, in DELKESKAMP, 1977: 179. Rhagonycha femoralis, in SERRANO, 1981: 32. Rhagonycha femoralis, in SERRANO, 1983: 82.

Citações bibliográficas para Portugal continental

OLIVEIRA (1884: 189): “Valle d'Azares!, Coimbra!, Bussaco!, Guarda!, Douro!, Serra de

Caramulo!.” [sic!] (citada como Rhagonycha femoralis).

OLIVEIRA (1893): “Valle d'Azares!, Coimbra!, Bussaco!, Guarda!, Douro!, Serra de

Caramulo!.” [sic!] (citada como Rhagonycha femoralis).

BARROS (1896: 186): “P. C.” (i. e., pouco comum). Registo para o concelho de Sabrosa, a

área de estudo deste trabalho (citada como Rhagonycha femoralis).

FUENTE (1931: 55): “Portugal: Valle d'Azares, Coimbra, Bussaco, Guarda, Douro, S.ª de

Caramulo, Paulino.” [sic!] (citada como Rhagonycha femoralis).

Page 84: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

81

SEABRA (1939a: 78): Serra de Sintra (citada como Rhagonycha femoralis).

SEABRA (1939b: 218): “Coímbra, Mata de Leiria, Mogofores, Santarém, Serra de Sintra,

Soure. ii-v” [sic!] (citada como Rhagonycha femoralis).

DAHLGREN (1968): “Portugal, 3 ♂: S. Martinho (Barros 3 ♂, S).” (citada como

Rhagonycha femoralis).

DAHLGREN (1975: 103-104): “Portugal: Coimbra (coll. Wittmer), Sintra (Wittmer leg. 5 ♂

1950)”.

DELKESKAMP (1977: 179): “Portugal”.

SERRANO (1981: 32): “Raro. Convento, (3), (12.III.79). Encontra-se principalmente no

centro do País.” (citada como Rhagonycha femoralis).

SERRANO (1983: 82): “Vale de Cavalos - Março 1976; Oeiras - Junho 1976 e Março 1978.”

(citada como Rhagonycha femoralis).

Distribuição em Portugal continental

A informação obtida a partir da bibliografia e os dados recolhidos no presente estudo

(Anexo 1) apontam para uma distribuição ampla em Portugal continental, sendo os registos

mais abundantes na metade ocidental (Figura 36). A sua presença estava registada para três

Áreas Protegidas (PNArr, PNSC, PNSE), tendo sido registada neste trabalho para duas outras:

PNSACV e RNPA. A sua presença no PNArr e no PNSE foi confirmada.

Distribuição altitudinal em Portugal continental

O material estudado foi recolhido desde o nível do mar até próximo dos 1000 m de

altitude (Figura 12).

Fenologia imaginal em Portugal continental

Aparenta possuir uma fenologia primaveril (Figura 13). De acordo com o material

analisado, é uma das primeiras espécies do género a surgir, tendo sido estudados exemplares

adultos colhidos a partir da segunda semana de Março. Os imagos mais tardios estudados

foram capturados na última semana de Maio.

Page 85: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

82

Figura 36: Distribuição de Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975 em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito e/ou confirmação de material publicado: “(”; registos bibliográficos e material inédito: “c”.

Substratos de ocorrência dos adultos

Na generalidade dos locais, esta espécie foi colhida próximo de água, tanto junto a

lagoas como a ribeiros. Em termos de substratos vegetais, foi encontrada quer sobre árvores,

como Salgueiros (Salix spp.), nomeadamente o Salgueiro-chorão (Salix babylonica L.), e

Amieiros [Alnus glutinosa (L.) Gaertner], quer sobre vegetação arbustiva e herbácea, como

Silvas (Rubus sp.) e umbelíferas (Apiaceae) não identificadas.

#S#S

#

#

#

##S #S

#S

#S##³

#S#S

#S

#

#

#

#

####³#S

#S

Page 86: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

83

Aspectos biológicos e comportamentais

Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada

nem foram realizadas observações a este respeito.

Page 87: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

84

Rhagonycha martini Pic, 1908

Descrição original

Não foi possível consultar o trabalho em que esta espécie foi originalmente descrita.

Sinonímia

Rhagonycha martini Pic, 1908: 89. Tipo: Múrcia (Espanha) (segundo DAHLGREN, 1972 e DELKESKAMP, 1977)

Não são actualmente reconhecidas sinonímias para esta espécie.

Material estudado

Não foi possível estudar exemplares desta espécie.

Comentários taxonómicos

A impossibilidade de obtenção da descrição original e a ausência de exemplares para

estudo impediram a caracterização da morfologia e coloração desta espécie e,

consequentemente, a sua análise taxonómica. A morfologia do edeago desta espécie é

apresentada na Figura 37, adaptada de DAHLGREN (1972), evidenciando diferenças

relativamente às restantes espécies citadas de Portugal continental.

Figura 37: Edeago de Rhagonycha martini Pic, 1908 em vista ventral

(adaptado de DAHLGREN, 1972).

Distribuição geral

Espécie endémica da Península Ibérica, conhecida de Portugal e Espanha

(DAHLGREN, 1972; DELKESKAMP, 1977; KAZANTSEV, 2005).

Page 88: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

85

Combinações citadas para Portugal continental

Rhagonycha martini, in DAHLGREN, 1972: 142. Rhagonycha (Rhagonycha) martini, in DELKESKAMP, 1977: 189.

Citações bibliográficas para Portugal continental

DAHLGREN (1972: 142-143): “Portugal, Monchique, Pieck leg. 1 ♂, D.”.

DELKESKAMP (1977: 189): “Portugal”.

Distribuição em Portugal continental

A única citação existente para uma localidade portuguesa concreta deve-se a

DAHLGREN (1972), que registou a espécie de Monchique (Figura 38).

Distribuição altitudinal em Portugal continental

Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.

Fenologia imaginal em Portugal continental

Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.

Substratos de ocorrência dos adultos

Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.

Aspectos biológicos e comportamentais

Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada.

Page 89: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

86

Figura 38: Distribuição de Rhagonycha martini Pic, 1908 em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”.

#S

Page 90: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

87

Rhagonycha opaca Mulsant, 1862

Descrição original

A descrição original desta espécie, publicada na obra Histoire Naturelle des

Coléoptères de France. Mollipennes, encontra-se reproduzida na Figura 39.

Figura 39: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha

opaca (MULSANT, 1862: 381).

Tradução da descrição original

“Alongado; negro. Élitros de cor negro-acastanhado, levemente pubescentes;

rugosamente pontuados; com rebordo externo e cada um com uma faixa longitudinal

amarelo-pálido de limites pouco nítidos, prolongada praticamente desde a base até pouco

mais de metade do comprimento.”

Sinonímia

Rhagonycha opaca Mulsant, 1862: 381. Tipo: “midi de la France” (sul de França).

=Cantharis opaca Dejean, 1833: 107 (nomen nudum). =Cantharis opaca Dejean, 1837: 120 (nomen nudum).

Material estudado

Foram analisados 37 exemplares: 28 machos, 7 fêmeas e dois exemplares de sexo não

determinado, cuja lista se apresenta no Anexo 1. Os dois exemplares de sexo não determinado

fazem parte de um lote de três que se encontrava preservado na Colecção Correia de Barros

num único alfinete, por colagem em etiqueta, e a sua identificação baseia-se na dissecção do

terceiro (um macho). De referir que estes três exemplares se encontravam identificados como

Page 91: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

88

“Rhagonicha circassicola Rttr.”, uma espécie do Cáucaso, através da colocação do seu alfinete

na área correspondente a esta espécie. Contudo, dado que na Colecção Correia de Barros as

etiquetas de identificação se encontram fixadas ao fundo das caixas e o posicionamento do

alfinete na caixa não seguia o alinhamento normal, é possível que o alfinete se encontrasse

deslocado da sua posição.

Caracterização dos imagos

A coloração dos indivíduos analisados é predominantemente castanha (Figura F -

Anexo 4). A cabeça é negra com as antenas negras ou castanhas com o 1º ou o 1º e o 2º

artículos cor de laranja (por vezes só parcialmente). Os palpos são negros ou castanhos e as

mandíbulas são amarelas na base e castanhas na extremidade. O pronoto apresenta coloração

variável, geralmente escuro com duas manchas antero-laterais mais claras de extensão

variável, podendo ser negro com manchas castanhas ou castanho com manchas amareladas.

Quando é castanho, o seu bordo posterior apresenta-se, por vezes, mais escuro. O escutelo é

negro ou castanho com os bordos mais escuros (negros ou quase). Na maioria dos exemplares

observados, os élitros são bicolores, com uma estreita faixa amarela nas epipleuras, duas

bandas na parte central (uma banda castanha externa e uma banda amarela interna) e a

margem sutural castanha, sendo esta coloração semelhante à dos indivíduos da forma 2 de R.

hesperica, tal como caracterizada no presente trabalho. Existem exemplares com élitros

predominantemente castanhos, sem a banda amarela mas com uma faixa amarela estreita na

epipleura, correspondendo à variedade “a” citada por OLIVEIRA (1884, 1893), que se

assemelham aos indivíduos da forma 1 de R. hesperica. A face ventral do tórax é negra e o

abdómen é castanho ou predominantemente castanho com os bordos posteriores dos

segmentos amarelos. A coloração das patas é variável, podendo ser predominantemente

negras, castanhas ou alaranjadas. Os trocânteres apresentam porções cor de laranja e negras

em extensão variável. Os fémures são geralmente negros e as tíbias são castanhas, por vezes

com as extremidades alaranjadas. Nalguns exemplares as tíbias anteriores são

predominantemente cor de laranja. Os tarsos possuem uma coloração idêntica ou mais clara

que a das tíbias e as unhas são amarelo-alaranjadas ou amarelo-acastanhadas. O corpo e os

apêndices são cobertos por pilosidade amarelada.

O edeago desta espécie (Figura 40) apresenta como características distintivas a forma

dos parâmeros, que são achatados e ligeiramente côncavos, e da placa dorsal, que apresenta

uma chanfradura semicircular larga e bem marcada. Os bordos internos dos lobos laterais são

Page 92: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

89

também distintos dos das restantes espécies, formando uma superfície plana e larga,

ligeiramente côncava na parte central.

Figura 40: Edeago de Rhagonycha opaca Mulsant, 1862 em vista ventral.

Comentários taxonómicos

O estatuto específico deste taxon foi confirmado neste estudo, concluindo-se que a

morfologia do edeago constitui o único critério objectivo para o seu reconhecimento. Este

facto relaciona-se com a variabilidade da sua coloração elitral e com as semelhanças entre

esta e os padrões cromáticos de várias espécies presentes em Portugal continental, como é o

caso de R. hesperica (podendo ser confundida com as formas 1 e 2 e também com os

exemplares de transição entre as duas formas), R. genistae e R. quadricollis.

Distribuição geral

Espécie endémica da Península Ibérica, conhecida de Portugal e Espanha

(DAHLGREN, 1975; DELKESKAMP, 1977; KAZANTSEV, 2005).

Combinações citadas para Portugal continental

Rhagonycha opaca, in MARSEUL, 1864: 84-85. Cantharis (Rhagonycha) opaca, in KIESENWETTER, 1866a: 250.

José Manuel
Pencil
José Manuel
Pencil
Page 93: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

90

Rhagonycha opaca, var. a, in OLIVEIRA, 1884: 188. Rhagonycha opaca, var. a, in OLIVEIRA, 1893: 204. Rhagonycha (Rhagonycha) opaca, in HEYDEN et al., 1906: col. 291. Rhagonycha (Rhagonycha) opaca, in HICKER & WINKLER, 1925: col. 508. Rhagonycha (Rhagonycha) opaca, in FUENTE, 1931: 54. Rhagonycha (Rhagonycha) opaca, in DELKESKAMP, 1939: 140. Rhagonycha opaca, in SEABRA, 1939a: 40, 78. Rhagonycha (Rhagonycha) opaca, in SEABRA, 1939b: 218. Rhagonycha (Rhagonycha) opaca, ab. a, in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha opaca, in DAHLGREN, 1972: 141-142. Rhagonycha (Rhagonycha) opaca, in DAHLGREN, 1977: 194. Rhagonycha opaca, in SERRANO, 1981: 33. Rhagonycha opaca, in SERRANO, 1983: 81.

Citações bibliográficas para Portugal continental

MARSEUL (1864: 84-85): “Portugal”.

KIESENWETTER (1866a: 250): “Portugal”.

OLIVEIRA (1884: 188): “Guarda!, Serra de Montesinho!, Serra do Caramulo!.” (a forma

típica) e “Guarda!, Serra de Rebordaos!.” (a variedade “a”) [sic!].

OLIVEIRA (1893: 204): “Guarda!, Serra de Montesinho!, Serra do Caramulo!.” (a forma

típica) e “Guarda!, Serra de Rebordaos!.” (a variedade “a”) [sic!].

HEYDEN et al. (1906: col. 291): “Lu.” (i. e., “Lusitania”) [sic!].

HICKER & WINKLER (1925: col. 508): “Ib.” (i. e., “Iberia”, indicada como Espanha +

Portugal) [sic!].

FUENTE (1931: 54): “Portugal: Guarda, S.ª de Montesinho, S.ª de Caramulo, S.ª de

Rebordaos, Paulino.” [sic!].

DELKESKAMP (1939: 140): “Portugal”.

SEABRA (1939a: 40, 78): Mata de Leiria, Serra de Sintra.

SEABRA (1939b: 218): “Mata de Leiria, Serra de Sintra. ii-iv.”.

DAHLGREN (1972: 141-142): “Portugal, 23 ♂: Covilha (1912, Coll. Daniel 14 ♂, M), Cintra

(wohl Sintra; Schatzmayr 5 ♂, D; 2 ♂ D), Portimao (2 ♂ F).” [sic!].

DELKESKAMP (1977: 194): “Portugal”.

SERRANO (1981: 33): “Relativamente raro. Fonte do Veado, (4), (10.V.78) (V.M.). Citações

de Paulino de Oliveira para a Guarda e Serras do Caramulo e Montesinho, e de Seabra

(1939) para a Mata de Leiria e Serra de Sintra.”.

SERRANO (1983: 81): “Arrábida - Maio 1978.”.

Page 94: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

91

Distribuição em Portugal continental

De acordo com as citações bibliográficas e o material estudado (Anexo 1), esta espécie

ocorre em todo o território de Portugal continental (Figura 41). Era conhecida de três Áreas

Protegidas (PNArr, PNM e PNSC), tendo sido estudado material de duas outras (PNPG e

PNSE).

Figura 41: Distribuição de Rhagonycha opaca Mulsant, 1862 em

Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito e/ou confirmação de material publicado: “(”; registos bibliográficos e material inédito: “c”.

Distribuição altitudinal em Portugal continental

Registada para um intervalo altitudinal alargado (Figura 12), que se estende desde

altitudes relativamente baixas (250 m) até cerca de 1500 m.

#S

#

#S

#S

#S

####

## #

###³

###S

#

#

#S

#S

Page 95: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

92

Fenologia imaginal em Portugal continental

Aparenta ser uma espécie primaveril, visto que foi capturada entre a segunda metade de

Abril e a primeira metade de Junho (Figura 13).

Substratos de ocorrência dos adultos

No PNPG esta espécie foi colhida sobre Pilriteiro [Crataegus monogyna Jacq. ssp.

brevispina (G. Kunze) Franco], Vidoeiro (Betula celtiberica Rothm. & Vasc.) e Giestas não

identificadas (Fabaceae).

Aspectos biológicos e comportamentais

Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada

nem foram realizadas observações a este respeito.

Page 96: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

93

Rhagonycha ornaticollis Marseul, 1864

Descrição original

A descrição original desta espécie, publicada na revista Abeille, encontra-se reproduzida

na Figura 42.

Figura 42: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha ornaticollis (MARSEUL, 1864: 93-94).

Tradução da descrição original

“Alongado, estreito, paralelo, brilhante, pubescente, negro. Cabeça pequena, pontuada,

olhos pouco salientes, genas e base das mandíbulas alaranjadas, antenas finas, atingindo a

metade dos élitros, 3º artículo 1/3 mais comprido que o segundo e 1/4 mais curto que o 4º.

Pronoto subquadrado, ligeiramente mais largo que comprido, com os bordos levemente

rebordados, quase direito no bordo anterior e com os ângulos arredondados assim como os

bordos, ainda que um pouco dilatado aos 4/5, sinuosa e estreitamente rebordado na base, com

os ângulos marcados, obtusos; bossas bem visíveis; sulco mediano profundo; pontuado,

amarelo-alaranjado com uma banda mediana negra, dilatada na base e estendendo-se do bordo

anterior ao bordo posterior sem os cobrir, ou então negro com uma bordadura

amarela-alaranjada, estreita nas extremidades anterior e posterior e larga nos bordos. Élitros

granulosos, paralelos, mais largos e 4 vezes mais longos que o pronoto. Pigídeo amarelado.”

Page 97: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

94

Sinonímia

Rhagonycha ornaticollis Marseul, 1864: 93. Tipo: “Alger” (Argel, Argélia).

=nigropygidialis Pic, 1954 (descrição não consultada)

Material estudado

O material analisado limitou-se a três fêmeas identificadas na Colecção Correia de

Barros como R. ornaticollis. Pelo facto de não estarem disponíveis exemplares do sexo

masculino, a identidade específica dos exemplares não foi comprovada, tendo a identificação

constante na etiqueta da colecção sido aceite após a verificação da congruência, em termos

cromáticos, com a descrição original. A identificação destes exemplares deve ser entendida,

consequentemente, sensu Correia de Barros.

Além dos três exemplares referidos, foram analisados dois outros colhidos em Espanha

(Serra Nevada), identificados na Colecção Geral do Museo Nacional de Ciencias Naturales

como R. ornaticollis. A análise dos edeagos destes exemplares e a comparação da sua

morfologia com a ilustração apresentada por DAHLGREN (1972) revelou tratar-se de

exemplares de uma espécie distinta, semelhante a R. varians, cuja identificação conclusiva

não foi possível.

Caracterização dos imagos

A cabeça dos três exemplares do sexo feminino analisados é negra, com as genas

amarelas e o clípeo castanho. As mandíbulas são amarelas e os palpos castanhos, ligeiramente

mais claros na base. As antenas são castanhas com o 1º e o 2º artículos alaranjados. O pronoto

é bicolor, com o disco castanho-escuro com bordos sinuosos e as porções laterais amarelas. A

mancha escura tem contornos sinuosos e apresenta-se mais larga na metade posterior do

pronoto, estendendo-se do bordo anterior ao posterior. Os élitros são castanhos, levemente

rugosos e as patas são castanhas, unicolores. O corpo e os apêndices apresentam-se cobertos

por uma pilosidade amarela. A Figura G (Anexo 4) apresenta uma das fêmeas analisadas na

Colecção Correia de Barros.

O edeago desta espécie foi estudado por DAHLGREN (1972), reproduzindo-se na

Figura 43 a ilustração deste autor, na qual se observam diferenças, quer ao nível dos

parâmeros, quer da placa dorsal, em relação às outras espécies que ocorrem em Portugal

continental.

Page 98: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

95

Figura 43: Edeago de Rhagonycha ornaticollis Marseul, 1864 em vista ventral (adaptado de DAHLGREN, 1972).

Comentários taxonómicos

O material estudado, composto unicamente por fêmeas, é tratado neste trabalho como R.

ornaticollis sensu Barros, pelo facto de não ter sido possível comprovar a sua identidade

específica. Este material está, no geral, de acordo com a descrição original de MARSEUL

(1864).

Em termos de diagnóstico específico, o padrão cromático dos exemplares da Colecção

Correia de Barros é muito semelhante e por vezes sobreponível ao de várias outras espécies

presentes em Portugal. É o caso de R. quadricollis, à qual esta espécie se assemelha mais,

devido à coloração do pronoto e dos élitros, mas também de R. opaca (parte dos exemplares

da qual apresentam élitros cuja única porção clara é a faixa epipleural) e R. hesperica (da

forma 1, cujos élitros são escuros e possuem apenas uma faixa epipleural clara). Por esta

razão, a análise da morfologia do edeago deverá proporcionar a única forma segura de

identificação de R. ornaticollis.

Distribuição geral

Espécie presente na Península Ibérica (conhecida de Portugal e Espanha) e no norte de

África (Argélia e Marrocos) (DELKESKAMP, 1939, 1977; KAZANTSEV, 2005).

Combinações citadas para Portugal continental

Ragonycha [sic!] ornaticollis “Kiesw.” [sic!], in BARROS, 1907: 132. Rhagonycha (Rhagonycha) ornaticollis, in HICKER & WINKLER, 1925: col. 509. Rhagonycha (Rhagonycha) ornaticollis, in FUENTE, 1931: 56. Rhagonycha (Rhagonycha) ornaticollis, in DELKESKAMP, 1939: 140.

Page 99: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

96

Rhagonycha (Rhagonycha) ornaticollis, in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha (Rhagonycha) ornaticollis, in DELKESKAMP, 1977: 195.

Citações bibliográficas para Portugal continental

BARROS (1907: 132): “S. Martinho d'Anta ! Covas do Douro ! Pas rare sur les Genêts en

fleur.” [sic!].

HICKER & WINKLER (1925: col. 509): “Ib.” (i. e., “Iberia”, indicada como Espanha +

Portugal) [sic!].

FUENTE (1931: 56): “Portugal: Douro, S. Martinho, Correa de Barros.”.

DELKESKAMP (1939: 140): “Portugal”.

DELKESKAMP (1977: 195): “Portugal”.

Distribuição em Portugal continental

As únicas localidades portuguesas para onde foi citada são S. Martinho de Antas e

Covas do Douro (BARROS, 1907), localizadas no concelho de Sabrosa (Figura 44). O

material analisado foi colhido na primeira destas localidades.

Distribuição altitudinal em Portugal continental

Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.

Fenologia imaginal em Portugal continental

Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.

Substratos de ocorrência dos adultos

Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.

Aspectos biológicos e comportamentais

Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada.

Page 100: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

97

Figura 44: Distribuição de Rhagonycha ornaticollis Marseul, 1864 em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”.

#S

Page 101: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

98

Rhagonycha patricia (Kiesenwetter, 1866)

Descrição original

A descrição original desta espécie, publicada na revista Berliner Entomologische

Zeitschrift, encontra-se reproduzida na Figura 45.

Figura 45: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha patricia (KIESENWETTER, 1866b: 375).

Tradução da descrição original

“Negra, com a parte anterior da cabeça, a base das antenas, o pronoto, ligeiramente mais

largo que comprido, os élitros e as patas amarelados. − Comprimento 3 linhas. [3 x 2,2558 =

6,7674 mm]

Habita na Andaluzia.”

Complemento à descrição original (KIESENWETTER, 1866a: 249-250)

No mesmo ano em que foi publicada a descrição original desta espécie, Kiesenwetter

apresentou, igualmente na revista Berliner Entomologische Zeitschrift, um complemento

contendo informação de grande utilidade para a sua caracterização, que se encontra

reproduzido na Figura 46.

Page 102: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

99

Figura 46: Imagem digitalizada do complemento à descrição original de Rhagonycha patricia (KIESENWETTER, 1866a: 249-250).

Tradução do complemento à descrição original

“Negra, com a parte anterior da cabeça, a base das antenas, o pronoto, ligeiramente mais

largo que comprido, os élitros e as patas amarelados. − Comprimento 3 linhas. [3 x 2,2558 =

7,8953 mm]

Cabeça mais estreita que o pronoto, ligeiramente estreitada para atrás e levemente

pontuada, com a fronte anteriormente e a boca amareladas. Antenas negras ou píceas com a

base amarelada, atingindo o meio dos élitros, delgadas, terceiro artículo das antenas com

quase o dobro do comprimento do segundo. Pronoto subquadrado, pouco mais comprido que

largo, estreitado para diante e com os bordos laterais obtusamente angulosos junto à base e

ligeiramente sinuosos atrás do meio, ligeiramente arredondado à frente, com os ângulos

anteriores muito arredondados e os posteriores obtusos, disco convexo atrás do meio,

ligeiramente canaliculado. Élitros amarelo-alaranjados, rugosamente pontuados, com

pubescência cinzenta, quatro vezes mais longos que o pronoto. Face ventral negra,

extremidade do abdómen amarelada. Patas amareladas.

Desconhece-se a fêmea.”

Page 103: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

100

Sinonímia

Cantharis (Rhagonycha) patricia Kiesenwetter, 1866b: 375. Tipo: “Andalusia” (Andaluzia, Espanha).

=granatensis Pic, 1908 (descrição não consultada) =dalmatina Pic, 1915: 17. Tipo: “Dalmatie” (Dalmácia, Croácia).

Material estudado

Durante o presente estudo não foram realizadas colheitas nem foi possível estudar

machos desta espécie em qualquer das colecções consultadas. Foram, no entanto, analisados

dois exemplares do sexo feminino colhidos em Coimbra (registo inédito), que se encontram

identificados como pertencendo a esta espécie na Colecção Correia de Barros. Na ausência de

exemplares do sexo masculino, a identidade específica destes exemplares não pôde ser

comprovada e a sua identificação baseou-se na aceitação da informação constante na etiqueta

da colecção, após a verificação da sua congruência, em termos cromáticos, com a descrição

original. A identificação destes exemplares deve ser entendida, consequentemente, sensu

Correia de Barros.

A Colecção Correia de Barros contém ainda três exemplares colhidos em S. Martinho

de Antas e igualmente do sexo feminino, que se encontravam identificados como “R.

Fairmairei” [i. e., R. varians (Rosenhauer, 1856)], mas cuja coloração é coincidente com a

dos dois exemplares identificados como R. patricia (Kiesenwetter, 1866) na mesma colecção.

Os registos destes três exemplares não se encontram publicados sob qualquer das

identificações.

Para além destes exemplares, foram estudadas sete fêmeas, uma das quais conservada

na Colecção Artur Serrano e as restantes colhidas em Maio e Junho de 2005, cuja coloração

coincide com a dos exemplares da Colecção Correia de Barros, entendendo-se a identificação

destes exemplares como provisória.

O total de exemplares atribuídos a R. patricia ascende, desta forma a 12, incluíndo os

dois exemplares etiquetados como tal na Colecção Correia de Barros.

Caracterização dos imagos

A coloração geral dos dois exemplares do sexo feminino identificados como R. patricia

na Colecção Correia de Barros (um dos quais se encontra representado na Figura H - Anexo

4) e de todos os restantes atrás referidos é vermelho-alaranjada, com as antenas (excepto os

Page 104: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

101

dois ou três primeiros artículos), os palpos e os tarsos castanhos e a face ventral do tórax

castanho-escura. O exemplar da Colecção Artur Serrano, que se encontra preservado a seco

através de alfinete entomológico, apresenta uma coloração mais escura (acastanhada) na face

dorsal da cabeça e no pronoto, o que se poderá dever a escurecimento resultante da secagem

(embora a tendência durante este processo seja para o empalidecimento do vermelho e das

tonalidades de laranja, em certos casos ocorre escurecimento). A cabeça, na parte localizada

atrás dos olhos é, contudo, mais escura do que o restante neste exemplar. Embora todos os

exemplares analisados possuam o abdómen inteiramente cor de laranja, nos seis colhidos em

2005 este apresenta-se distintamente mais claro, provavelmente pelo facto dos exemplares

terem sido mortos e conservados em álcool.

De acordo com a ilustração de DAHLGREN (1972) (Figura 47), a morfologia do

edeago desta espécie difere notoriamente da das restantes espécies citadas de Portugal

continental, particularmente ao nível da forma da placa dorsal.

Figura 47: Edeago de Rhagonycha patricia (Kiesenwetter, 1866) em vista ventral (adaptado de DAHLGREN, 1972).

Comentários taxonómicos

A descrição original de KIESENWETTER (1866b) e o complemento a esta

(KIESENWETTER, 1866a), incluem elementos suficientes para, do ponto de vista cromático,

separar esta espécie das restantes que ocorrem em Portugal continental. Entre as espécies da

fauna portuguesa, a que apresenta uma coloração mais semelhante é R. fulva, mas a separação

das duas revela-se simples porque R. fulva apresenta a porção terminal dos élitros negra e a

face ventral do tórax é sempre vermelha ou cor de laranja. A genitália masculina, como já foi

referido, proporciona igualmente características diagnósticas suficientes para a discriminação

de R. patricia relativamente às outras espécies presentes no território nacional.

Page 105: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

102

A coloração de todos os exemplares analisados diverge da descrita por

KIESENWETTER (1866a, 1866b) ao nível da cabeça e do abdómen. Assim, segundo a

descrição original e o complemento a esta, a cabeça é maioritariamente negra (apenas

amarelada na parte anterior), sendo quase totalmente cor de laranja nos exemplares analisados

neste trabalho, com porções negras unicamente atrás dos olhos. Além disso, segundo

KIESENWETTER (1866a, 1866b), a face ventral é negra com a excepção da extremidade

abdominal, sendo o abdómen dos exemplares analisados neste trabalho totalmente cor de

laranja. Esta situação foi já abordada por OLIVEIRA (1884, 1893), que referiu que os

exemplares que estudou possuíam a cabeça, a maior parte das antenas e o abdómen cor de

tijolo. Assim, considerando que no presente trabalho apenas foram estudadas fêmeas e que

foram observadas algumas diferenças de coloração relativamente à descrição original, a

identificação específica do material analisado não é conclusiva e, como tal, é considerada

provisória, sendo necessária a colheita de material adicional, particularmente de machos, para

a identificação inequívoca e consequente confirmação da presença desta espécie em Portugal

continental.

Distribuição geral

Espécie endémica da Península Ibérica, conhecida de Portugal e Espanha

(DAHLGREN, 1975; DELKESKAMP, 1977; KAZANTSEV, 2005).

Combinações citadas para Portugal continental

Rhagonycha patricia, in HEYDEN, 1870: 38. Rhagonycha patricia, in OLIVEIRA, 1884: 188. Rhagonycha patricia, in OLIVEIRA, 1893: 204. Rhagonycha (Rhagonycha) patricia, in HICKER & WINKLER, 1925: col. 508. Rhagonycha (Rhagonycha) patricia, in FUENTE, 1931: 54. Rhagonycha (Rhagonycha) patricia (...) “1865”, in DELKESKAMP, 1939: 140. Rhagonycha (Rhagonycha) patricia, in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha (Rhagonycha) patricia (...) “1865”, in DELKESKAMP, 1977: 195.

Citações bibliográficas para Portugal continental

HEYDEN (1870: 38): arredores da Guarda.

OLIVEIRA (1884: 188): “Valle d'Azares!, Felgueira!….” [sic!].

OLIVEIRA (1893: 204): “Valle d'Azares!, Felgueira!….” [sic!].

Page 106: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

103

HICKER & WINKLER (1925: col. 508): “Ib.” (i. e., “Iberia”, indicada como Espanha +

Portugal) [sic!].

FUENTE (1931: 54): “Portugal: Guarda, von Heyden; Valle d'Azares, Falgueira, Paulino.”

[sic!].

DELKESKAMP (1939: 140): “Portugal”.

DELKESKAMP (1977: 195): “Portugal”.

Distribuição em Portugal continental

As escassas citações desta espécie para Portugal devem-se a HEYDEN (1870) e

OLIVEIRA (1884, 1893), que a registaram para a região centro-norte do país (Figura 48). A

proveniência dos exemplares contidos nas Colecções Artur Serrano e Correia de Barros

(inédita em ambos os casos) e do material colhido em 2005 é igualmente assinalada na Figura

48, sendo a identidade específica deste material considerada provável, como foi referido

anteriomente.

Distribuição altitudinal em Portugal continental

O material examinado e identificado provisoriamente foi colhido aproximadamente

entre os 400 e os 500 metros de altitude, mas o número de exemplares é muito reduzido.

Fenologia imaginal em Portugal continental

O material examinado e identificado provisoriamente foi colhido na segunda metade da

Primavera, devendo realçar-se o baixo número exemplares estudados.

Substratos de ocorrência dos adultos

Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.

Aspectos biológicos e comportamentais

Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada.

Page 107: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

104

Figura 48: Distribuição de Rhagonycha patricia (Kiesenwetter, 1866) em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito identificado provisoriamente: “(”.

#

#

#S##S

#S

#

##

Page 108: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

105

Rhagonycha plagiella Marseul, 1864

Descrição original

A descrição original desta espécie, publicada na obra Abeille, encontra-se reproduzida

na Figura 49.

Figura 49: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha

plagiella (MARSEUL, 1864: 85-86).

Tradução da descrição original

“Estreita, alongada, ligeiramente pubescente, brilhante. Cabeça medíocre, da largura do

pronoto, negra; olhos pouco salientes; fronte impressionada no meio, mandíbulas pálidas,

assim como os palpos na base; antenas atingindo 3/4 dos élitros no macho, mais curtas na

fêmea, castanhas com a face inferior dos primeiros artículos amarelada, o 3º um pouco mais

curto que o 4º e com mais do dobro do comprimento do 2º. Pronoto quadrado no macho, um

pouco alargado na fêmea, ligeiramente arqueado ou direito à frente com os ângulos obtusos,

direito com uma pequena dilatação posterior nos bordos, subsinuado na base com os ângulos

Page 109: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

106

direitos e um estreito rebordo elevado em todo o seu contorno; elevações arredondadas

salientes; separadas por um sulco mediano largo, mais profundo junto ao escutelo; amarelo

com o disco negro. Élitros mais largos e 3 vezes mais compridos que o pronoto, rugosos,

castanhos, com o bordo lateral e uma larga banda longitudinal pálida, que não atinge a

extremidade. Face ventral negra descolorada; bordo lateral e posterior dos segmentos

abdominais, extremidade das patas, sobretudo na fêmea, amarelados. Comprimento 6,5 – 1,2

mm.

Assemelha-se muito a uma das numerosas variedades de coloração de limbipennis; mas

o seu tamanho maior, o seu pronoto mais longo, as suas genas e o seu segmento anal negros, a

banda dorsal dos élitros melhor limitada, distinguem-nos.

Espanha central; o Sr. Schaufuss enviou-a sob o nome inédito de plagiata, já dado a

outra espécie do género.”.

Sinonímia

Rhagonycha plagiella Marseul, 1864: 85. Tipo: “Espagne centrale” (Espanha central).

Não são actualmente reconhecidas sinonímias para esta espécie.

Material estudado

Não foi possível estudar exemplares portugueses desta espécie. Foram no entanto

analisados cinco machos identificados como R. plagiella na Colecção Geral do Museo

Nacional de Ciencias Naturales: três colhidos no centro de Espanha (Cercedilla, El Paular e

La Granja) e dois de Tânger, no norte de África. A data de colheita destes exemplares é

conhecida apenas em dois casos: El Paular (Outubro de 1908) e La Granja (Junho de 1908),

presumindo-se que os restantes serão aproximadamente contemporâneos atendendo ao tipo de

etiquetas usadas para a sua preparação e, no caso do exemplar de Cercedilla, ao nome do seu

colector.

Caracterização dos imagos

Os exemplares espanhóis atrás referidos, identificados neste trabalho como R. genistae,

apresentam uma coloração idêntica à dos exemplares portugueses dessa espécie, sendo os

seus edeagos igualmente coincidentes com o observado no material português disponível.

Page 110: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

107

Os exemplares norte-africanos identificados neste trabalho como R. quadricollis pela

morfologia do edeago diferem claramente do material português ao nível da coloração dos

élitros, apresentando ainda alguma variabilidade na extensão da mancha central escura do

pronoto. Assim, enquanto no material português os élitros são castanhos com uma faixa

esbranquiçada estreita nas epipleuras (estendida até ao ápice em parte dos exemplares), no

material de Tânger os élitros são bicolores, com uma banda clara na parte central e bandas

escuras na sutura e na parte externa, apresentando ainda uma faixa epipleural clara que

prolonga até à extremidade apical. A mancha escura do pronoto apresenta nestes exemplares

uma largura variável, sendo as suas margens quase rectas no exemplar com a banda mais

estreita.

Comentários taxonómicos

Rhagonycha plagiella foi descrita por MARSEUL (1864) do centro de Espanha e

subsequentemente citada por diversos autores de Espanha, Portugal e Marrocos. As citações

primárias mais recentes encontradas na literatura consultada foram apresentadas por

CONSTANTIN (1965), que citou a espécie para uma localidade da província espanhola de

León e para uma outra da província de Ourense, situada a curta distância da fronteira da

Portela do Homem (Serra do Gerês). Na base de dados Fauna Europaea, KAZANTSEV

(2005) regista a presença de R. plagiella unicamente em Espanha.

Não obstante a existência dessas citações, o estatuto taxonómico de R. plagiella é uma

questão que permanece por esclarecer até à actualidade. Assim, para além da morfologia do

edeago desta espécie ser desconhecida, a sua existência em termos taxonómicos foi

questionada por DAHLGREN (1972), que referiu: “No material que examinei não encontrei

exemplares de Rhagonycha plagiella Mars. Os exemplares identificados como pertencendo a

esta espécie pertencem a opaca Muls. ou a genistae Kies. É possível portanto que plagiella

não exista de todo como espécie.” (original em alemão).

A observação de Dahlgren relativamente à identidade dos exemplares identificados

como R. plagiella nas colecções é particularmente relevante, dado que os três machos

espanhóis identificados como R. plagiella na Colecção Geral do Museo Nacional de Ciencias

Naturales foram identificados no presente trabalho como R. genistae e os da mesma colecção

provenientes do norte de África foram identificados como R. quadricollis, em ambos os casos

segundo as ilustrações dos edeagos apresentadas por DAHLGREN (1972). Esta situação

envolve dois factos importantes:

Page 111: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

108

1) o material proveniente do norte de África identificado como R. quadricollis no presente

estudo introduz uma terceira espécie cujos exemplares depositados em museus foram, no

passado, identificados como R. plagiella, para além de R. genistae [segundo o comentário

de DAHLGREN (1972) e as observações do presente trabalho] e R. opaca (de acordo com

DAHLGREN, 1972);

2) os exemplares norte-africanos de R. quadricollis apresentam, ao nível dos élitros, uma

coloração diferente da dos exemplares portugueses analisados, evidenciando uma maior

variabilidade cromática do que a revelada pelo estudo da fauna portuguesa.

Adicionalmente, é de destacar o facto de, no norte de África, R. quadricollis ser apenas

conhecida da Argélia (DELKESKAMP, 1977), representando por essa razão uma novidade

para a fauna de Marrocos.

Pelo atrás exposto verifica-se que a identificação dos exemplares de R. plagiella

depositados em colecções museológicas tem sido frequentemente corrigida quando a

morfologia do edeago é analisada, o que levou DAHLGREN (1972) a expressar dúvidas

relativamente ao seu estatuto taxonómico. Considerando que a descrição original de R.

plagiella é em grande parte aplicável, em termos cromáticos, aos exemplares identificados no

presente trabalho como R. genistae (cuja identificação foi parcialmente baseada na análise do

edeago) e que R. genistae é uma das espécies habitualmente identificadas quando ocorre a

correcção de identificações em coleçcões museológicas, considera-se a possibilidade de as

descrições de R. plagiella e R. genistae se referirem à mesma espécie taxonómica. O

esclarecimento desta situação requer, no entanto, a análise do(s) exemplar(es) utilizados por

Marseul e Kiesenwetter para a descrição da duas espécies, o que não foi possível no presente

estudo.

Distribuição geral

Espécie citada da Península Ibérica (Portugal e Espanha) e do norte de África

(Marrocos) (DELKESKAMP, 1939, 1977; KAZANTSEV, 2005).

Combinações citadas para Portugal continental

Rhagonycha plagiella, in OLIVEIRA, 1884: 189. Rhagonycha plagiella, in OLIVEIRA, 1893: 205. Rhagonycha (Rhagonycha) plagiella, in HICKER & WINKLER, 1925: col. 508. Rhagonycha (Rhagonycha) plagiella, in FUENTE, 1931: 55.

Page 112: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

109

Rhagonycha (Rhagonycha) plagiella, in DELKESKAMP, 1939: 140. Rhagonycha plagiella, in SEABRA, 1939a: 40, 52. Rhagonycha (Rhagonycha) plagiella, in SEABRA, 1939b: 218. Rhagonycha (Rhagonycha) plagiella, in SEABRA, 1943: 65.

Citações bibliográficas para Portugal continental

OLIVEIRA (1884: 189): “Guarda!, Valle d'Azares!, Freineda!, Serra do Caramulo!.” [sic!].

OLIVEIRA (1893: 205): “Guarda!, Valle d'Azares!, Freineda!, Serra do Caramulo!.” [sic!].

HICKER & WINKLER (1925: col. 508): “Ib.” (i. e., “Iberia”, indicada como Espanha +

Portugal) [sic!].

FUENTE (1931: 55): “Portugal: Guarda, Valle d'Azares, Freineda, S.ª do Caramulo,

Paulino.” [sic!].

DELKESKAMP (1939: 140): “Portugal”.

SEABRA (1939a: 40, 52): Mata de Leiria, Serra do Buçaco.

SEABRA (1939b: 218): “Mata de Leiria, Serra do Buçaco. iii-v.”.

Distribuição em Portugal continental

Tal como no caso da espécie anterior, as citações de R. plagiella para Portugal são

escassas e antigas, datando as mais recentes de 1939 (Figura 50).

Distribuição altitudinal em Portugal continental

Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.

Fenologia imaginal em Portugal continental

Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.

Substratos de ocorrência dos adultos

Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.

Aspectos biológicos e comportamentais

Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada.

Page 113: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

110

Figura 50: Distribuição de Rhagonycha plagiella Marseul, 1864 em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”.

#S

#S

#S#S#S

#S

Page 114: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

111

Rhagonycha quadricollis Kiesenwetter, 1852

Descrição original

A descrição original desta espécie, publicada na obra Annales de la Société

Entomologique de France, encontra-se reproduzida na Figura 51.

Figura 51: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha quadricollis (KIESENWETTER, 1852: 607-608).

Tradução da descrição original

“Negra, com a base das antenas, as mandíbulas e os bordos laterais do pronoto

amarelados. Comprimento 2 linhas. [2 x 2,2558 = 4,5116 mm]

Cabeça negra com os olhos quase mais larga que o pronoto, com pontuação subtil e

subigual, com pubescência muito subtil, com uma mancha lateral por baixo dos olhos e com

as mandíbulas amarelo claro, estas vermelhas em direcção ao ápice, palpos escuros. Antenas

ultrapassando a metade dos élitros, negras com o primeiro artículo amarelado, terceiro

artículo mais de uma vez e meia mais comprido que o segundo. Pronoto subquadrado,

Page 115: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

112

ligeiramente mais estreito à frente, ângulos anteriores obtusos, posteriores quase rectos, lados

quase rectos, toda a margem subrebordada, subelevado de cada lado até à base, canaliculada

longitudinalmente, pontuada menos subtilmente na direcção do ápice, com pubescência

subtilíssima e escassa em todas as partes, vermelho-alaranjado brilhante, com uma grande

mancha negra longitudinal estendida da base até ao ápice, dilatada junto à base. Escutelo

negro brilhante com pontuação densa e subtil. Élitros com o quíntuplo do comprimento do

pronoto, um pouco mais largos, brilhantes e muito rugosamente pontuados, pubescência negra

fina e esparsa. Face inferior e patas negras.

Apenas colhi um único indivíduo macho desta espécie, em Monserrat, na Catalunha.

Apresenta alguma analogia com Rhagonycha testacea, Linnaeus, e deve ser colocada junto a

esta.”

Sinonímia

Rhagonycha quadricollis Kiesenwetter, 1852: 607. Tipo: “Mont-Serrat, en Catalogne” (Monserrat, Barcelona, Espanha).

=Cantharis marginella Dejean, 1833: 106 (nomen nudum). =Cantharis marginella Dejean, 1837: 119 (nomen nudum). =Cantharis marginella Baudi, 1859: 297. Tipo: “Hispania” (Espanha). =Rhagonycha limbipennis Marseul, 1864: 85. Tipo: “Espagne, Andalousie” (Andaluzia,

Espanha). =fedjensis Pic, 1901 (descrição não consultada) =brevinotata Pic, 1908 (descrição não consultada)

Material estudado

Foram analisados 17 exemplares (16 machos e 1 fêmea), cuja lista se apresenta no

Anexo 1.

Caracterização dos imagos

A cabeça é negra com as genas amarelas. As antenas são castanhas, com o 1º e o 2º

artículos castanho-alaranjados. O pronoto é bicolor, com o disco negro ladeado por duas áreas

de cor amarela ou amarelo-alaranjada, mais largas na metade anterior e com contorno

irregular, que se estendem até aos bordos laterais. Os élitros são castanhos com uma estreita

faixa esbranquiçada nas epipleuras, que em parte dos exemplares se estende ao ápice e nos

restantes termina aproximadamente sobre os 3/4 do comprimento elitral. A superfície elitral é

Page 116: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

113

rugosa. As patas e a face ventral do tórax e do abdómen são de cor castanha-escura. As tíbias

e os tarsos são castanho-alaranjados e as unhas são amarelas com partes castanhas. O corpo e

os apêndices são cobertos por uma pubescência branca ou levemente amarelada. A Figura I

(Anexo 4) ilustra o aspecto de um macho desta espécie.

O edeago dos exemplares analisados (Figura 52) apresenta parâmeros claramente

diferentes dos das restantes espécies analisadas: finos, muito longos e com a base visível em

vista ventral, não ocultada pelos bordos internos dos lobos laterais. A placa dorsal, que é

igualmente muito comprida, apresenta uma base larga e uma chanfradura proporcionalmente

mais profunda e estreita do que nas restantes espécies. Os bordos internos dos lobos laterais

são praticamente rectos na porção não fundida (por vezes ligeiramente côncavos) e a sutura

pode ser quase invisível ou observar-se na metade superior da porção fundida dos lobos

laterais.

Figura 52: Edeago de Rhagonycha quadricollis Kiesenwetter, 1852 em vista ventral.

Comentários taxonómicos

O estatuto específico desta espécie é sustentado principalmente pela morfologia do

edeago, uma vez que o padrão cromático não permite uma separação segura da forma 1 de R.

hesperica e de parte dos exemplares analisados de R. opaca. Desta forma, só se poderão

considerar seguras as identificações de exemplares do sexo feminino quando colhidos em

conjunto com os de sexo masculino.

Page 117: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

114

Distribuição geral

Espécie distribuída pela Península Ibérica e norte de África, sendo conhecida de

Portugal, Espanha e Argélia (DAHLGREN, 1975; DELKESKAMP, 1977; KAZANTSEV,

2005).

Combinações citadas para Portugal continental

Rhagonycha quadricollis, in OLIVEIRA, 1884: 189. Rhagonycha quadricollis, in OLIVEIRA, 1893: 205. Rhagonycha (Rhagonycha) quadricollis, in FUENTE, 1931: 55. Rhagonycha (Rhagonycha) quadricollis (...) “1851” [sic!], in DELKESKAMP, 1939: 140. Rhagonycha quadricollis, in SEABRA, 1939a: 40, 118. Rhagonycha (Rhagonycha) quadricollis, in SEABRA, 1939b: 218. Rhagonycha (Rhagonycha) quadricollis, in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha quadricollis, in DAHLGREN, 1972: 134. Rhagonycha (Rhagonycha) quadricollis, in DELKESKAMP, 1977: 196. Rhagonycha quadricollis (...) “1851” [sic!], in SERRANO, 1983: 81.

Citações bibliográficas para Portugal continental

OLIVEIRA (1884: 189): “Guarda!, Douro!.”.

OLIVEIRA (1893: 205): “Guarda!, Douro!.”.

FUENTE (1931: 55): “Portugal: Monchique, Dieck; Guarda, Douro, Paulino.”.

DELKESKAMP (1939: 140): “Portugal”.

SEABRA (1939a: 40, 118): Mata de Leiria, Mata das Virtudes.

SEABRA (1939b: 218): “Mata das Virtudes. iii.”.

DAHLGREN (1972: 134-135): “Portugal: 10 ♂: Vila Real (3 ♂ F), Guarda (Paulino, D), S.

Martinho (Coll. Leonhard 3 ♂, D; 2 ♂ F), „Lusitanien“ (Ferrar, D).” [sic!].

DELKESKAMP (1977: 196): “Portugal”.

SERRANO (1983: 81-82): “Chaves - Abril 1976.”.

Distribuição em Portugal continental

De acordo com as citações bibliográficas e o material estudado (Anexo 1), esta espécie

está presente em todo o território de Portugal continental (Figura 53). A sua presença ainda

não era conhecida em qualquer Área Protegida, tendo sido registada neste trabalho para três:

PNArr, PNDI e PNSAC.

Page 118: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

115

Figura 53: Distribuição de Rhagonycha quadricollis Kiesenwetter, 1852 em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito: “(”; registos bibliográficos e material inédito: “c”.

Distribuição altitudinal em Portugal continental

Os locais de colheita do material estudado estão compreendidos entre os 150 e os 720 m

de altitude (Figura 12), mas deve realçar-se o número proporcionalmente reduzido de

exemplares estudados (n=11).

Fenologia imaginal em Portugal continental

Apesar de apenas terem sido estudados 11 exemplares, os respectivos dados

representam o intervalo mais alargado de ocorrência entre as espécies estudadas: entre a

#

#S#

#S

#

#S

#

#S

#S#S

#

#S

#

Page 119: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

116

primeira metade de Março e a primeira metade de Agosto, observando-se uma lacuna entre a

segunda quinzena de Maio e o mês de Agosto, que poderá relacionar-se com o baixo número

de exemplares analisados (Figura 13).

Substratos de ocorrência dos adultos

A única informação obtida diz respeito à colheita desta espécie, por duas vezes, sobre

Giestas não identificadas (Fabaceae) na região do Alto Douro.

Aspectos biológicos e comportamentais

Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada

nem foram realizadas observações a este respeito.

Page 120: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

117

Rhagonycha querceti (Kiesenwetter, 1866)

Descrição original

A descrição original desta espécie, publicada na obra Berliner Entomologische

Zeitschrift, encontra-se reproduzida na Figura 54.

Figura 54: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha

querceti (KIESENWETTER, 1866: 383).

Tradução da descrição original

“Negra, com pubescência cinzenta menos subtil, com a boca e os lados do pronoto

quadrado vermelho-alaranjados, os bordos dos segmentos abdominais esbranquiçados. −

Comprimento 3 linhas. [3 x 2,2558 = 6,7674 mm]

Var. com os élitros amarelos.

Habita na Andaluzia (Serra de Jaén) onde é frequente por todos os lados.”

Complemento à descrição original (KIESENWETTER, 1866a: 251)

No mesmo ano em que foi publicada a descrição original desta espécie, Kiesenwetter

apresentou, igualmente na revista Berliner Entomologische Zeitschrift, uma descrição mais

detalhada, que se encontra reproduzida na Figura 55.

Page 121: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

118

Figura 55: Imagem digitalizada do complemento à descrição original de Rhagonycha querceti (KIESENWETTER, 1866a: 251).

Tradução do complemento à descrição original

“Negra, com pubescência cinzenta menos subtil, com a boca e os lados do pronoto

quadrado vermelho-alaranjados, os bordos dos segmentos abdominais esbranquiçados. −

Comprimento 3 linhas. [3 x 2,2558 = 6,7674 mm]

Var. com os élitros amarelos.

Cabeça mais estreita que o pronoto em ambos os sexos, mais obsoletamente pontuada,

opaca, negra, com as genas, as mandíbulas e os palpos alaranjados, estes negros no ápice.

Olhos arredondados, mais proeminentes no macho, menos na fêmea. Antenas negras, mais

delgadas, ultrapassando a metade dos élitros no macho, mais curtas na fêmea. Pronoto do

Page 122: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

119

macho subquadrado, pouco mais comprido que largo, com os lados subrectos, subangulosos

adiante da base, ligeiramente estreitado para diante, sulcado a meio larga e pouco

profundamente em ambos os sexos, vermelho-alaranjado, adornado con uma banda média

larga que alcança o ápice e a base, estreitada angulosamente adiante da base, com escassa

pubescência cinzenta esparsa. Escutelo pequeno, triangular. Élitros negros, mais raramente

amarelo escurecido, no macho cinco vezes tão comprido como o pronoto, na fêmea quatro,

densamente rugosamente pontuados, com pubescência cinzenta, sedosa, menos subtil, com

brilho plúmbeo. Parte inferior do corpo juntamente com as patas negra, as tíbias no ápice e os

tarsos mais ou menos empalidecidas, os segmentos abdominais rebordados de esbranquiçado

no ápice e nos lados. Penúltimo segmento abdominal menos profundamente chanfrado.”

Sinonímia

Cantharis (Rhagonycha) querceti Kiesenwetter, 1866b: 383. Tipo: “Andalusia (Sierra de Jaen)” (Serra de Jáen, Andaluzia, Espanha).

=bugnioni Pic, 1903 (descrição não consultada) =pardalensis Pic, 1908 (descrição não consultada)

Material estudado

Durante o presente estudo não foram realizadas colheitas nem foi possível estudar

machos desta espécie em qualquer das colecções consultadas. Assim, os únicos exemplares

portugueses analisados foram duas fêmeas, identificadas como R. querceti e etiquetadas com

a proveniência “Portugal”, que fazem parte da Colecção Geral do Museo Nacional de

Ciencias Naturales. Estes exemplares encontravam-se preservados a seco através de colagem

numa única etiqueta, tendo sido descolados para observação da face ventral e determinação do

sexo. Uma vez verificado tratar-se de fêmeas, procedeu-se à sua colagem em duas etiquetas

que foram colocadas no alfinete original juntamente com a etiqueta de identificação e

proveniência.

Foi ainda analisado um exemplar do sexo masculino cuja etiqueta refere “Sierra

Nevada”, que se encontrava identificado como R. querceti na Colecção Geral do Museo

Nacional de Ciencias Naturales. Este exemplar parecia corresponder, em termos de coloração

dos élitros, à variação referida por KIESENWETTER (1866a, 1866b), uma vez que apresenta

os élitros cor de palha. Após a re-hidratação e destacamento do abdómen do exemplar, o

edeago foi extraído e a sua análise revelou tratar-se de R. hesperica. Em termos de morfologia

Page 123: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

120

externa, foi observada neste exemplar a presença de dentes bem visíveis nos trocânteres

anteriores e dentes menos marcados nos trocânteres médios, o que constitui, no material

analisado, uma característica exclusiva de R. hesperica.

Caracterização dos imagos

A coloração geral dos dois exemplares do sexo feminino identificados como R. querceti

na Colecção do Museo Nacional de Ciencias Naturales (Figura J - Anexo 4) está de acordo

com a descrição original de KIESENWETTER (1866b): cabeça negra com as genas

amareladas, pronoto bicolor com o disco negro com bordos irregulares e as porções laterais

amarelas. Os élitros são castanhos, aparentando ser castanho-escuros quando em repouso e as

patas são igualmente castanhas. Todo o corpo e os apêndices estão recobertos por pilosidade

amarela muito clara ou esbranquiçada. Dado tratar-se de exemplares antigos conservados a

seco, é possível que a coloração que exibem actualmente se deva a algum empalidecimento,

nomeadamente ao nível dos élitros.

Apresenta-se na Figura 56 a morfologia do edeago de R. querceti de acordo com

DAHLGREN (1972), cujas principais diferenças relativamente às restantes espécies citadas

de Portugal continental se localizam no lobo mediano e no bordo superior da placa dorsal.

Figura 56: Edeago de Rhagonycha querceti (Kiesenwetter, 1866) em vista ventral (adaptado de DAHLGREN, 1972).

Comentários taxonómicos

Apesar da coloração dos dois exemplares analisados estar, em geral, em consonância

com a descrição original de R. querceti, a sua identificação é considerada provisória, pelo

facto de estes exemplares serem externamente indistinguíveis dos de várias espécies

analisadas, como é o caso de R. quadricollis, R. striatofrons (parte dos exemplares escuros

Page 124: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

121

desta espécie) e R. hesperica (parte dos exemplares da forma 1 desta espécie). Os dados

disponíveis apontam, assim, para que a morfologia do edeago constituia a única forma

inequívoca de identificação desta espécie.

Distribuição geral

Espécie distribuída pela Península Ibérica e norte de África, sendo conhecida de

Portugal, Espanha, Marrocos e Argélia (DAHLGREN, 1972; DELKESKAMP, 1977;

KAZANTSEV, 2005).

Combinações citadas para Portugal continental

Rhagonycha querceti, in DAHLGREN, 1972: 136. Rhagonycha (Rhagonycha) querceti (...) “1865” [sic!], in DELKESKAMP, 1977: 197.

Citações bibliográficas para Portugal continental

DAHLGREN (1972: 136-137): “Portugal: 1 ♂: Lusitania (D).” [sic!].

DELKESKAMP (1977: 197): “Portugal”.

Distribuição em Portugal continental

A única citação primária desta espécie para Portugal não inclui quaisquer pormenores

geográficos, pelo que a sua distribuição no país é desconhecida e, consequentemente, não

cartografável.

Distribuição altitudinal em Portugal continental

Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.

Fenologia imaginal em Portugal continental

Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.

Page 125: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

122

Substratos de ocorrência dos adultos

Não existe actualmente informação sobre este parâmetro em Portugal continental.

Aspectos biológicos e comportamentais

Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada.

Page 126: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

123

Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972

Descrição original

A descrição original desta espécie, publicada na revista Entomologica Basiliensia,

encontra-se reproduzida na Figura 57.

Figura 57: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha striatofrons (DAHLGREN, 1972: 137-138).

Page 127: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

124

Tradução da descrição original

“Vi material desta nova espécie de dois locais em Portugal, Guarda e Portalegre, e

porque exibem colorações diferentes, parece apropriado descrevê-las separadamente.

Forma da Guarda:

Antenas castanho-escuras com os artículos basais amarelo-acastanhados. Cabeça do

macho negra e, adiante das antenas, amarelo ou amarelo-acastanhado com 2 a 4 bandas

longitudinais escuras mal definidas. Cabeça negra na fêmea. Genas amarelas. Pronoto negro

com os lados amarelos. A cor negra estende-se do bordo anterior ao bordo posterior. Élitros

amarelo-acastanhados, na maioria dos casos cada um com uma banda longitudinal negra do

calo umeral até ao ápice e alargando para trás. A banda longitudinal lateral não atinge a

margem lateral. Fémures negros com a extremidade amarelo-acastanhada, tíbias

amarelo-acastanhadas tornando-se castanho-escuras na extremidade, tarsos castanho-escuros.

Forma de Portalegre:

Antenas amarelo-acastanhadas com a porção terminal castanho-escura. Cabeça da

fêmea variando de amarelo a amarelo-escuro, sem bandas. Cabeça do macho com coloração

idêntica à da forma da Guarda. Pronoto completamente amarelo-acastanhado ou com uma

pequena mancha central escura de limites difusos, que pode adquirir um formato em “M”.

Élitros completamente amarelos ou com uma banda idêntica à da forma da Guarda, que é

contudo mais estreita e curta. Patas amarelo-acastanhadas. Tarsos mais ou menos escurecidos

nas extremidades.

Considero estas duas formas como variantes cromáticas desta espécie. Será certamente

possível encontrar formas de transição, por exemplo na área geográfica intermédia. O edeago

(fig. 3 C e D) é semelhante nas duas formas.

A forma da Guarda é muito semelhante a R. oliveti Kies., mas os machos podem

separar-se facilmente: a saber, em oliveti a cabeça dos machos é negra com genas amarelas. O

edeago é completamente distinto (oliveti é uma aberração de hesperica Baudi, ver mais

abaixo).

Comprimento de striatofrons 5,7-7 mm.

Holótipo Portalegre 7.5.1912, Colecção do Dr. J. Daniel, Zoologisches Museum des

bayerischen Staates, Munique.

Parátipo Guarda Maio 1912, J. Daniel leg., Zoologisches Museum des bayerischen

Staates, Munique.

Restante material examinado:

Page 128: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

125

Guarda 1912, 6 ♂, 2 ♀ Colecção Daniel, M.

Portalegre 1912, 5 ♂, 12 ♀ Colecção Daniel, M.”

Sinonímia

Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972: 137. Tipo: “Portalegre” (Portugal).

Não são actualmente reconhecidas sinonímias para esta espécie.

Material estudado

Foram analisados 15 exemplares (11 machos e 4 fêmeas), cuja lista se apresenta no

Anexo 1. O exemplar n.º 652 da Colecção Artur Serrano (um macho colhida na Arrábida)

encontrava-se identificado como “Rhagonycha (s. str.) oliveti (Kiesw.)” (i. e., Rhagonycha

hesperica), o que confirma as semelhanças já apontadas por DAHLGREN (1972). De referir,

contudo, que o exemplar em questão (assim como os outros quatro da mesma proveniência)

corresponde à forma cromática de Portalegre tal como descrita por DAHLGREN (1972) e não

à forma da Guarda, que foi a referida por este autor como sendo semelhante a “oliveti”.

Caracterização dos imagos

A cabeça é bicolor, negra com as genas e o clípeo amarelo-acastanhados na maior parte

dos casos, quase totalmente negra nalguns indivíduos. As antenas apresentam uma coloração

geral escura, com o 1º e o 2º artículos, assim como, por vezes, o 3º, total ou parcialmente

amarelos (neste caso são geralmente amarelos na face inferior). Os palpos são amarelos com a

metade distal do 4º artículo castanha. As mandíbulas são bicolores, maioritariamente amarelas

e com a porção terminal castanha. O pronoto é bicolor, sendo a extensão das manchas

variável. Num dos extremos de variação, a porção central é negra do bordo anterior ao

posterior e os lados são castanho-amarelados ou amarelos (por vezes apenas amarelos junto

aos ângulos anteriores), com os bordos da porção negra bastante sinuosos (Figura L - Anexo

4). No outro extremo, a coloração do pronoto é mais uniforme: predominantemente

castanho-escuro, com manchas castanhas nos ângulos anteriores e manchas amareladas muito

pequenas junto aos ângulos posteriores. O escutelo é negro. A coloração dos élitros é variável:

de inteiramente amarelos a quase totalmente castanhos (aparentemente negros quando em

repouso), apenas com uma estreita faixa amarela ou cor de palha nas epipleuras, que não

atinge o ápice. A face ventral do tórax é negra e a face ventral do abdómen

Page 129: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

126

predominantemente castanha ou castanho-alaranjada, com o bordo posterior e os bordos

laterais dos segmentos amarelos ou esbranquiçados em extensão variável. As patas são

bicolores: fémures castanhos com a extremidade apical amarela, tíbias amareladas ou

castanho-claras (as posteriores ligeiramente mais escuras), tarsos acastanhados, unhas

amarelas com partes castanhas. O corpo e os apêndices são cobertos por pilosidade branca ou

amarelada. Os pêlos das antenas de alguns exemplares são mais curtos e densos a partir do 3º

artículo.

Do ponto de vista cromático, alguns dos indivíduos analisados podem considerar-se

intermédios relativamente às duas formas descritas por DAHLGREN (1972) (um facto já

previsto por esse autor), enquanto outros exibem colorações mais escuras que se encontram

fora do intervalo definido por essas duas formas. Na Figura L (Anexo 4) está ilustrado um

macho com os élitros claros, que representa um dos extremos de coloração da espécie.

A análise realizada ao nível da morfologia externa não permitiu evidenciar qualquer

característica discriminatória relativamente às restantes espécies presentes em Portugal

continental.

Relativamente ao edeago, cuja morfologia é ilustrada na Figura 58, o material estudado

proporcionou uma comparação com as ilustrações que integram a descrição original de

DAHLGREN (1972), tendo sido verificada a existência de alguma variabilidade, relacionada

principalmente com a forma da placa dorsal e dos bordos internos dos lobos laterais (Figura

58), que não afecta sua a capacidade discriminatória relativamente às restantes espécies da

fauna portuguesa estudadas.

Comentários taxonómicos

O estatuto específico deste taxon foi confirmado neste estudo, assim como a ocorrência

de exemplares com padrões cromáticos intermédios relativamente às duas formas

caracterizadas aquando da sua descrição original. Considerando que, do ponto de vista

cromático, existe a possibilidade de confusão com algumas das outras espécies presentes em

Portugal continental (principalmente R. hesperica, mas também R. opaca e R. quadricollis), a

identificação dos exemplares deverá ser realizada através da análise da morfologia do edeago,

que fornece o único critério objectivo para o reconhecimento de R. striatofrons.

Page 130: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

127

Figura 58: Edeago de Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972 em vista ventral, ilustrando a variabilidade observada na base e no bordo superior da placa dorsal, assim como nos bordos internos dos lobos laterais.

Distribuição geral

Endemismo ibérico conhecido de Portugal e Espanha (DAHLGREN, 1972;

DELKESKAMP, 1977, KAZANTSEV, 2005).

Combinações citadas para Portugal continental

Rhagonycha striatofrons, in DAHLGREN, 1972: 137. Rhagonycha (Rhagonycha) striatofrons, in DELKESKAMP, 1977: 198.

Citações bibliográficas para Portugal continental

DAHLGREN (1972: 137-138): “Holotypus Portalegre 7.5.1912, Sammlung Dr. J. Daniel,

Zoologisches Museum des bayerischen Staates, München. Paratypus Guarda, Mai 1912, J.

Daniel leg., Zoologisches Museum des bayerischen Staates, München. Übriges

untersuchtes Material: Guarda 1912, 6 ♂, 2 ♀ Sammlung Daniel, M. Portalegre 1912, 5 ♂,

12 ♀ Sammlung Daniel, M.” [sic!].

DELKESKAMP (1977: 198): “Portugal”.

Page 131: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

128

Distribuição em Portugal continental

A informação obtida a partir da descrição original e os dados obtidos no presente estudo

(Anexo 1) apontam para que esta espécie tenha uma distribuição bastante ampla em Portugal

continental (Figura 59), mas os conhecimentos a este respeito evidenciam lacunas

significativas. A sua presença ainda não era conhecida em qualquer Área Protegida, tendo

sido registada neste trabalho para três: PNArr, PNM e PNSE.

Figura 59: Distribuição de Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972 em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito: “(”; registos bibliográficos e material inédito: “c”.

Distribuição altitudinal em Portugal continental

O material colhido no PNM e no PNSE em 2004 e 2005 procede de localidades situadas

entre os 790 e os 1430 m de altitude (Figura 12). Adicionalmente, foram estudados três

#

#S

###S

#

Page 132: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

129

exemplares da Colecção Artur Serrano colhidos na serra da Arrábida, cuja altitude máxima é

501 m (Formosinho). O limite altitudinal inferior da espécie deverá, por isso, situar-se abaixo

de 500 m, não sendo possível apontar uma altitude concreta.

Fenologia imaginal em Portugal continental

Os adultos estudados desta espécie evidenciam um período de ocorrência relativamente

alargado, que abrange a quase totalidade da Primavera e o princípio do Verão: os mais

precoces foram capturados a meio de Abril e os mais tardios a meio de Julho (Figura 13).

Substratos de ocorrência dos adultos

Não foi recolhida qualquer informação relativamente aos substratos de colheita dos

exemplares estudados.

Aspectos biológicos e comportamentais

Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada

nem foram realizadas observações a este respeito.

Page 133: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

130

Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856)

Descrição original

A descrição original desta espécie, publicada na obra Die Thiere Andalusiens nach dem

Resultate einer Reise zusammengestellt, nebst den Beschreibungen von 249 neuen oder bis

jetzt noch enbeschriebenen Gattungen und Arten, encontra-se reproduzida na Figura 60.

Figura 60: Imagem digitalizada da descrição original de Rhagonycha varians (ROSENHAUER, 1856: 140-141).

Page 134: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

131

Tradução da descrição original

“Negro, brilhante, com pubescência cinzenta, antenas negras e escuras, com a base mais

clara, parte anterior da cabeça, abdómen e patas vermelho-amarelado; pronoto sub-quadrado,

mais alongado, com uma impressão central, vermelho mais ou menos negro no meio; élitros

unicolores negros, rugosamente pontuados. − Comprimento 2 ½ − 3 linhas, largura 2/3 − 7/8

de linha. [Comprimento 2 ½ x 2,2558 = 5,6395 mm − 3 x 2,2558 = 6,7674 mm, largura 2/3 x

2,2558 = 1,5114 mm − 7/8 x 2,2558 = 1,9738 mm]

Espécie muito distinta; deve ser separada de P. banaticus. Ligeiramente mais estreita

que esta; pode ser reconhecida muito facilmente pelo abdómen completamente unicolor

vermelho-amarelado, pelos élitros sem margem lateral amarela, antenas mais escuras, parte

anterior da cabeça mais clara e um pronoto que é normalmente marcado de negro. A cabeça é

um pouco mais estreita que o pronoto, negra, esparsamente coberta por pubescência grisalha,

com pontuação fina e serrada, brilhante, impressa longitudinalmente de forma suave no

vértex, a porção apical vermelho-amarelado começando nas antenas e por vezes mais adiante,

as mandíbulas e os palpos escurecidos nas extremidades. Antenas delgadas, tão longas como

o corpo nos machos, nas fêmeas mais curtas, pálidas da base até aproximadamente ao quarto

artículo e castanhas até ao ápice, por vezes inteiramente pálidas. Pronoto

oblongo-quadrangular, com os lados quase paralelos, apenas ligeiramente mais largos e

arredondados atrás do meio, [ângulos] ligeiramente arredondados à frente, rectos na base,

[bordos] levemente rebordados em todo o contorno, algo convexo dorsalmente, com um sulco

longitudinal médio pouco profundo, de extremo a extremo, amarelo-avermelhado, liso,

brilhante e muito esparsamente coberto por pubescência grisalha, mais frequentemente com

uma mancha negra oblonga no centro, que se expande frequentemente levando a que a

coloração avermelhada só seja visível no bordo anterior e na metade apical dos lados. Os

élitros são alongados, mais largos a meio e cinco vezes mais compridos que o pronoto,

achatados, negros, levemente brilhantes, com pontuação densa, finamente rugosa e com uma

cobertura densa de pubescência grisalha. A face ventral do tórax é negra, com pontuação

extremamente fina e pilosidade sedosa, brilhante, a totalidade do abdómen

amarelo-avermalhada. As patas são delgadas, amarelo-avermelhadas, com pilosidade

amarelada suave.

Nalguns exemplares, provavelmente ainda não totalmente colorados, os élitros são

acastanhados.

Em Serra Nevada batida nas ervas em locais húmidos em Julho; não rara.”

Page 135: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

132

Sinonímia

Podabrus varians Rosenhauer, 1856: 140. Tipo: “Sierra Nevada” (Serra Nevada, Espanha).

=Rhagonycha fairmairei Marseul, 1864: 91. Tipo: “Espagne occidentale” (Espanha ocidental).

=diversipes Pic, 1908 non Pic, 1905 (descrição não consultada)

Material estudado

Foram analisados 21 exemplares (17 machos e 4 fêmeas), cuja lista se apresenta no

Anexo 1.

Caracterização dos imagos

O padrão cromático desta espécie é bicolor, negro e cor de laranja (Figura M - Anexo

4). Os élitros, os esternitos torácicos e a generalidade da cabeça são negros. As genas, o

clípeo, o pronoto, o abdómen e as patas (com excepção dos tarsos) são cor de laranja. As

mandíbulas são cor de laranja com a extremidade escura e os palpos são cor de laranja com o

último artículo escurecido. As antenas são predominantemente castanhas, com o primeiro

artículo alaranjado (o mesmo acontecendo, por vezes, com alguns dos seguintes, tal como

referido na descrição original). Os tarsos são acastanhados, mais escuros que o resto das patas

(nalguns exemplares apenas os 4º e 5º artículos) e as unhas tarsais são cor de laranja.

Segundo a literatura, trata-se de uma espécie variável ao nível da coloração do pronoto,

que se apresenta totalmente cor de laranja ou cor de laranja com uma mancha escura de

extensão variável no disco. No presente estudo somente foram analisados exemplares com o

pronoto inteiramente vermelho ou cor de laranja, mas a existência de exemplares com pronoto

bicolor é considerada na tabela dicotómica elaborada no presente estudo.

O edeago de R. varians (Figura 61) apresenta como principais características distintivas

a presença de parâmeros longos e de bordos internos dos lobos laterais côncavos, sem

formarem qualquer superfície visível ventralmente. O edeago mais semelhante entre as

espécies analisadas é o de R. galiciana, cuja placa dorsal é claramente mais comprida e possui

os lados quase paralelos na metade distal (Figura 18). Além disso, nessa espécie os bordos

internos dos lobos laterais são claramente convexos.

Page 136: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

133

Figura 61: Edeago de Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856) em

vista ventral.

Comentários taxonómicos

Tal como foi referido anteriormente, a presente espécie foi sinonimizada com R.

galiciana por ŠVIHLA (1995), com base na coloração, na morfologia do edeago e na

distribuição conhecida na Península Ibérica. Contudo, a análise das respectivas descrições

originais e o estudo do material disponível contrariam esta opinião, pelo que no presente

trabalho os dois taxa são tratados como boas espécies. Entre as características analisadas,

foram observadas diferenças significativas do ponto de vista cromático e diferenças menos

marcadas, mas constantes e consideradas discriminatórias, ao nível da genitália masculina:

Estas características, que se expõem nas descrições morfológicas das duas espécies e na tabela

dicotómica elaborada, podendo ser sumarizadas da seguinte forma:

= R. galiciana: padrão cromático unicolor: cabeça, pronoto, élitros e fémures negros.

Abdómen castanho ou castanho-alaranjado. Edeago como na Figura 18.

= R. varians: padrão cromático bicolor: cabeça (excepto o clípeo), esternitos torácicos e

élitros de cor negra. Clípeo, pronoto, abdómen e patas (com excepção dos tarsos) cor de

laranja. O pronoto pode apresentar uma mancha discal negra, mas esta é sempre rodeada

de cor de laranja. Edeago como na Figura 61.

Page 137: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

134

Distribuição geral

Espécie conhecida de Portugal, Espanha e França (DELKESKAMP, 1977;

KAZANTSEV, 2005).

Combinações citadas para Portugal continental

Rhagonycha fairmairei, in HEYDEN, 1870: 38. Rhagonycha fairmairei, in OLIVEIRA, 1884: 189. Rhagonycha fairmairei, in OLIVEIRA, 1893: 205. Rhagonycha (Rhagonycha) fairmairei, in HEYDEN et al., 1906: col. 292. Rhagonycha (Rhagonycha) fairmairei, in HICKER & WINKLER, 1925: col. 509. Rhagonycha (Rhagonycha) farmairei, in FUENTE, 1931: 56. Rhagonycha (Rhagonycha) farmairei var. manzanalensis, in DELKESKAMP, 1939: 123. Rhagonycha (Rhagonycha) fairmairei, in SEABRA, 1943: 65. Rhagonycha fairmairei, in DAHLGREN, 1972: 132. Rhagonycha (Rhagonycha) varians, in DELKESKAMP, 1977: 202. Rhagonycha fairmairei “Marsham, 1864” [sic!], in SERRANO, 1983: 82. Rhagonycha fairmairei “(Marsham)” [sic!], in AGUIAR & SERRANO, 1995: 54.

Citações bibliográficas para Portugal continental

HEYDEN (1870: 38): arredores da Guarda.

OLIVEIRA (1884: 189): “Valle d'Azares!, Felgueira!, Caldellas (J. da Silva!).” [sic!].

OLIVEIRA (1893: 205): “Valle d'Azares!, Felgueira!, Caldellas (J. da Silva!).” [sic!].

HEYDEN et al. (1906: col. 292): “Lu.” (i. e., “Lusitania”) [sic!].

HICKER & WINKLER (1925: col. 509): “Ib.” (i. e., “Iberia”, indicada como Espanha +

Portugal) [sic!].

FUENTE (1931: 56): “Portugal: S.ª d'Estrella, von Heyden; Valle d'Azares, Felgueira,

Paulino, Caldelas, Silva.” [sic!].

DELKESKAMP {1939: 123, como “var. manzanalensis Pic, Echange, XLIII, 1927, p. 5 ♂.”

de “Rhagonycha (Rhagonycha) Farmairei Mars. Abeille I, 1864, p. 91, ♂.”}: “Spanien

oder Portugal” [sic!] (i. e., Espanha ou Portugal).

DAHLGREN (1972: 132-133): “R. fairmairei Mars. 1864 und varians Rosh. 1856 sind

identisch.”, «Portugal, 9 ♂: Campea (5 ♂; C. de Barros 2 ♂, alle F), Guarda (Coll. v.

Heyden, D), „Lusitania“ (Coll. Reitter, F). Weibchen. Dunkle Form.», “Portugal, 1 ♀:

Campea (Coll. Breit, F). Helle Form (v. fairmairei Mars.).” e “Portugal, 2 ♀: Covilha

(1912, Coll. Daniel, M), Guarda (Coll. v. Heyden, D).” [sic!].

DELKESKAMP (1977: 202): “Portugal”.

Page 138: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

135

SERRANO (1983: 82): “Beja - Maio 1977.”.

AGUIAR & SERRANO (1995: 54): Cascais: Ribª de Caparide (Manique) (MC6888).

Distribuição em Portugal continental

As citações bibliográficas compiladas, complementadas pelo material estudado no

presente trabalho (Anexo 1), demonstram que esta espécie possui uma distribuição que

abrange todo o território de Portugal continental (Figura 62), embora os registos sejam mais

abundantes na metade oriental do país. Era conhecida unicamente de uma Área Protegida

(PNSE), tendo sido estudado material de outras quatro (PNM, PNRF, PNSACV, RNSCM).

Figura 62: Distribuição de Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856) em Portugal continental. Registos bibliográficos: “)”; material inédito: “(”; registos bibliográficos e material inédito: “c”.

#S#

#

##

#S

#S

#

#S

#

##

#S

#

#S#S

#

#

# ##

#

Page 139: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

136

Distribuição altitudinal em Portugal continental

O material estudado foi colhido desde o nível do mar até aos 850 m (Figura 12). A este

respeito deve mencionar-se o facto de a espécie não ter sido colhida na serra da Estrela desde

1998, sendo esta uma área de onde foi citada no século XIX para uma altitude relativamente

baixa (concretamente para Vale de Azares, a cerca de 500 m de altitude).

Fenologia imaginal em Portugal continental

Os adultos estudados desta espécie apontam para uma fenologia primaveril: do princípio

de Abril ao meio de Junho (Figura 13), mas o número proporcionalmente baixo de

exemplares estudados (n=20) não permite definir com segurança um padrão fenológico.

Substratos de ocorrência dos adultos

Não foi recolhida qualquer informação relativamente aos substratos de colheita dos

exemplares estudados.

Aspectos biológicos e comportamentais

Não foi possível obter qualquer informação a este respeito na bibliografia consultada

nem foram realizadas observações a este respeito.

Page 140: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

137

3.2.4. Tabela de identificação das espécies portuguesas de Rhagonycha

A tabela dicotómica elaborada para a identificação das espécies portuguesas do género

Rhagonycha deve ser entendida como uma tentativa de organização da informação recolhida,

uma vez que para além de incluir as três espécies cujo sexo masculino não foi observado,

baseando-se a esse respeito na observação dos exemplares femininos disponíveis e no

trabalho de DALHGREN (1972), inclui duas formas distintas de identificar R. opaca, devido

ao facto de esta espécie apresentar duas modalidades de coloração dos élitros. Além disso,

uma vez que não foi possível estudar exemplares de R. martini nem consultar a respectiva

descrição orginal, a tabela elaborada não contempla esta espécie, o mesmo ocorrendo com R.

plagiella devido à questão de estatuto taxonómico já abordada.

1. Trocânteres anteriores e médios dos machos com dentes bem visíveis, menos desenvolvidos nos posteriores (Figura 26). Nas fêmeas os dentes são bastante mais pequenos, mas observáveis. Edeago com parâmeros com curvatura marcada na metade apical e um par de laterófises na porção apical do lobo mediano (Figura 27). .................................................. R. hesperica

1’. Sem dentes nos trocânteres. Parâmeros sem curvatura pronunciada na metade apical e lobo mediano sem laterófises. .................................................. 2

2. Coloração vermelho-alaranjada, cor de laranja ou cor de laranja e negra. Abdómen e patas inteiramente cor de laranja, cabeça e pronoto cor de laranja ou cor de laranja e negro. .................................................. 3

2’. Coloração total ou predominantemente negra, castanha, cor de palha ou amarelo, sem porções cor de laranja vivo na cabeça, pronoto e abdómen. Os élitros podem ser castanho-alaranjado, mas nunca laranja-vivo. .................................................. 5

3. Élitros inteiramente negros. Cabeça negra com as genas e o clípeo cor de laranja. Edeago como na Figura 61. .................................................. R. varians

3’. Élitros e cabeça inteira ou predominantemente vermelho-alaranjado ou cor de laranja. .................................................. 4

4. Élitros inteiramente vermelho-alaranjado ou cor de laranja. Cabeça vermelho-alaranjada ou cor de laranja, podendo apresentar porções negras na sua parte posterior. Face ventral do tórax castanho-escura. Edeago como na Figura 47. ............................................ R. patricia

4’. Élitros vermelho-alaranjado ou cor de laranja com uma mancha negra na extremidade, ocupando cerca de 1/8 do seu comprimento. Cabeça inteiramente vermelho-alaranjado ou cor de laranja. Face ventral do tórax vermelho-alaranjada como o resto do corpo. Edeago como na Figura 15. .................................................. R. fulva

Page 141: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

138

5. Pronoto inteiramente negro. .................................................. 6

5’. Pronoto bicolor, com a parte central escura e os lados claros, amarelos ou amarelo-alaranjados. Por vezes maioritariamente escuro, mas sempre com manchas claras nos ângulos anteriores ou próximo destes. .................................................. 7

6. Coloração escura, com élitros castanhos unicolores que parecem negros quando em repouso e todos os fémures negros. Edeago como na Figura 18. .................................. R. galiciana

6’. Coloração geral castanha-alaranjada e negra. Élitros castanho-alaranjados e fémures anteriores com a extremidade distal cor de laranja, os outros negros. Edeago como na Figura 34 e saco interno como na Figura 35. .................................................. R. iberica

7. Élitros bicolores, com bandas (faixas epipleurais e suturais estreitas não incluídas). .................................................. 8

7’. Élitros unicolores, sem bandas na parte central, podendo apresentar faixas epipleurais e/ou suturais estreitas. .................................................. 9

8. Pronoto com coloração variável, geralmente escuro com duas manchas antero-laterais mais claras, podendo ser negro com manchas castanhas ou castanho com manchas amareladas. Edeago (Figura 40) com parâmeros achatados e ligeiramente côncavos. Bordos internos dos lobos laterais formando uma superfície plana e larga, ligeiramente côncava na parte central.. .................................................. R. opaca

8’. Coloração do pronoto como na Figura 22. Edeago (Figura 23), com os parâmeros longos e ligeiramente curvos e afilados e a placa dorsal muito estreita na base. Bordos internos dos lobos laterais formando superfícies planas e largas.. ......................................... R. genistae

9. Edeago (Figura 40) com parâmeros achatados e ligeiramente côncavos. Bordos internos dos lobos laterais formando uma superfície plana e larga, ligeiramente côncava na parte central.. .................................................. R. opaca

9’. Edeago com parâmeros cilíndricos, claramente diferentes dos representados na Figura 40. .................................................. 10

10. Placa dorsal do edeago com uma chanfradura profunda. .................................................. 11

10’. Placa dorsal do edeago sem chanfradura ou com uma chanfradura muito pouco pronunciada. .................................................. 12

11. Edeago (Figura 52) com parâmeros muito longos e finos, glabros. .................................................. R. quadricollis

11’. Edeago (Figura 43) com parâmeros robustos e cobertos de pilosidade na face externa. .................................................. R. ornaticollis

Page 142: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

139

12. Edeago (Figura 56) com os bordos internos dos lobos laterais curtos e ligeiramente convexos. .................................................. R. querceti

12’. Edeago (Figura 58) com os bordos internos dos lobos laterais muito longos e sinuosos. .................................................. R. striatofrons

Page 143: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

140

4. Conclusões

Os resultados do presente estudo representam um avanço considerável em diferentes

aspectos do conhecimento da fauna portuguesa do género Rhagonycha. Do ponto de vista

metodológico, as prospecções de campo realizadas constituíram uma componente

fundamental do trabalho, pelo aumento da cobertura geográfica nacional, pelos registos

interessantes obtidos e pela informação biológica que proporcionaram ao nível da fenologia e

dos substratos de ocorrência das espécies. Os dados da análise de colecções complementaram

de forma muito relevante a informação proveniente das prospecções de campo realizadas

antes e durante o estudo.

Entre os resultados mais significativos do estudo realizado salientam-se:

• A designação da espécie-tipo do género Rhagonycha, que constitui um acto nomenclatural

com repercussões a nível global, visto que fornece o critério de referência para a

aplicação do nome genérico.

• Ainda no aspecto nomenclatural, a clarificação da autoria e da data de descrição de

Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860 e a correcção da data de descrição

de três espécies descritas por Kiesenwetter em 1866.

• Do ponto de vista taxonómico, o resultado mais relevante é a clarificação do estatuto de

duas espécies anteriormente sinonimizadas, Rhagonycha galiciana Gougelet & H.

Brisout, 1860 e Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856), cujo estudo ao nível da

morfologia do edeago e da coloração corporal sustenta o estatuto de boas espécies.

• Igualmente no campo taxonómico, o estudo da variabilidade cromática e da morfologia do

edeago da maioria das espécies permitiu uma melhor caracterização das mesmas e uma

melhor definição das diferenças existentes entre elas.

• Ao nível da inventariação da fauna de Portugal continental, foi confirmada a presença de

nove das 14 espécies citadas para o país na literatura científica. A este respeito, merece

destaque o estudo de material de colecção e, principalmente, a colheita de Rhagonycha

striatofrons Dahlgren, 1972, que não foi citada de Portugal desde a sua descrição e que

apenas foi registada uma vez do território continental de Espanha.

• Um dos aspectos em que se verificou um maior progresso foi o conhecimento da

distribuição geográfica das espécies, tendo sido obtidas consideráveis ampliações

Page 144: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

141

relativamente a várias espécies, novamente com destaque para Rhagonycha striatofrons

Dahlgren, 1972 e também para Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866), que eram

conhecidas de um número muito reduzido de locais.

• No caso das Áreas Protegidas (AP), cuja fauna se encontrava extremamente mal conhecida

no início do estudo, uma vez que unicamente existiam citações para seis das Áreas e que

o inventário mais extenso, o do PNSE, incluía apenas cinco espécies, o avanço no

conhecimento ao nível da inventariação pode considerar-se muito significativo. De

facto, para além de terem sido obtidos os primeiros registos do género Rhagonycha para

oito AP, foi também estudado material proveniente de cinco das seis AP para as quais já

existiam registos, ampliando os seus catálogos e confirmando a presença de uma parte

das espécies anteriormente citadas, alargando dessa forma as respectivas distribuições

conhecidas. Globalmente, foram obtidas adições à fauna de 13 AP, sendo de destacar os

resultados obtidos para o Parque Natural de Montesinho, cujo inventário foi ampliado de

uma para sete espécies, tornando esta AP a segunda mais diversa no que concerne ao

género Rhagonycha. De referir ainda que a disparidade observada entre as riquezas

específicas registadas para as AP deverá relacionar-se com a assimetria do esforço de

prospecção a que estas foram sujeitas, que persiste apesar de atenuada no presente

estudo.

Page 145: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

142

5. Considerações finais

Apesar dos resultados atrás comentados se considerarem muito positivos, deve referir-se

que alguns aspectos relativos à fauna portuguesa do género Rhagonyhca poderão ser ainda

desenvolvidos através de um futuro estudo mais aprofundado, que inclua a caracterização das

espécies de que não foi possível a análise de exemplares do sexo masculino e a análise da

genitália feminina e do seu potencial papel na distinção entre as espécies. Para este efeito,

deverá ser ampliada a cobertura geográfica das prospecções, incidindo preferencialmente no

sul do país, assim como incrementada a análise de colecções entomológicas.

Além disso, associando a disponibilidade actual de material biológico a um incremento

das prospecções, será interessante realizar uma análise filogenética da fauna portuguesa deste

género, para o que será igualmente relevante a inclusão de material proveniente quer de

Espanha quer de Marrocos.

Finalmente, considera-se de extremo interesse o alargamento, aos restantes géneros de

Cantharidae presentes em Portugal continental, da análise realizada aos representantes do

género Rhagonycha, o que poderá constituir um avanço importante em direcção à elaboração

de uma revisão da fauna ibérica da família.

Page 146: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

143

6. Referências bibliográficas

AGUIAR, C. A. S. & SERRANO, A. R. M., 1995 - Estudo faunístico e ecológico dos

coleópteros (Insecta, Coleoptera) do concelho de Cascais (Portugal). Bolm. Soc. port. Ent.,

5 (5): 1-66.

ALONSO-ZARAZAGA, M. A., 1980 (1979-80) - Clave preliminar de las familias de

coleópteros ibéricos. Graellsia, 35-36: 3-62.

BARROS, J. M. C., 1896 - Subsídios para o estudo da fauna entomológica transmontana.

Coleópteros do Concelho de Sabrosa. Ann. Sc. Nat., Porto, 3: 39-44, 109-114, 186-194.

BARROS, J. M. C., 1907 - Quelques Coléoptères nouveaux pour la faune du Portugal. Bull.

Soc. Port. Sc. Nat., 1: 130-143.

BAUDI, F., 1859 - Malacodermatum quaedam novae species. Berl. Ent. Zeitschr., 3: 295-303.

BORROR, D. J. & DELONG, D. M., 1988 - Introdução ao estudo dos Insectos. Edgard

Blücher, São Paulo. 653 pp.

BRANCUCCI, M., 1980 - Morphologie comparée, évolution et systématique des Cantharidae

(Insecta: Coleoptera). Entom. Basil., 5: 215-388.

BRULLÉ, G. A., 1832 - Insectes. In: BORY DE SAINT VICENT (Ed.). Expédition

scientifique de Morée. Section des Sciences Physiques. Tome III, 1ere Partie. Zoologie.

2ème Section. Livraison 4. pp. 145-192.

BRUSCA, R. C. & BRUSCA, G. J., 2003 - Invertebrates. Second Edition, Sinauer

Associates, Inc., Sunderland. 936 pp.

C.I.N.Z. (COMISSÃO INTERNACIONAL DE NOMENCLATURA ZOOLÓGICA), 1993 -

OPINION 1710 J.C. Megerle’s (1801-1805) auction catalogues of insects: suppressed for

nomenclatural purposes, with the specific names of Saperda alboguttata Megerle, 1803

(currently Apomecyna alboguttata; Coleoptera) and Hippobosca variegata Megerle, 1803

(Diptera) conserved. Bulletin of Zoological Nomenclature, 50 (1): 79-82.

C.I.N.Z. (COMISSÃO INTERNACIONAL DE NOMENCLATURA ZOOLÓGICA), 1999 -

Código Internacional de Nomenclatura Zoológica. Ed. 4. The International Trust for

Zoological Nomenclature. Madrid. 156 pp.

COBOS, A., 1949 - Datos para el catálogo de los coleópteros de España. Especies de los

alredores de Málaga. Bol. R. Soc. esp. Hist. Nat., 47: 563-609.

CONSTANTIN, R., 1965 - Notes sur quelques Malacodermes du Nord de l’Espagne.

Entomologiste, 21 (4-5): 87-94.

CROWSON, R. A., 1955 - The natural classification of the families of Coleoptera. Nathaniel

Lloyd, Londres. 187 pp.

Page 147: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

144

CROWSON, R. A., 1972 - A review of the classification of Cantharoidea (Coleoptera), with

the definition of two new families, Cneoglossidae and Omethidae. Revista de la

Universidad de Madrid, 21 (82): 35-77.

CROWSON, R. A., 1981 - The Biology of the Coleoptera. Academic Press, Londres. 802 pp.

DAHLGREN, G., 1968 - Beiträge zur Kenntnis der Gattung Rhagonycha (Col. Cantharidae).

Entomol. Blätter, 64 (2): 93-124.

DAHLGREN, G., 1972 - Beiträge zur Kenntnis der Gattung Rhagonycha (Col. Cantharidae)

II. Entomol. Blätter, 68 (3): 129-149.

DAHLGREN, G., 1975 - Zur taxonomie der Gattungen Rhagonycha, Pseudocratosilis und

Cratosilis (Col. Cantharidae). Entomol. Blätter, 71 (2): 100-112.

DAHLGREN, G., 1976a - Zur taxonomie der Gattungen Rhagonycha und Cantharis (Col.

Cantharidae). Mitt. Ent. Ges. Basel, N. F., 26: 88-90.

DAHLGREN, G., 1976b - Zur taxonomie der Gattungen Rhagonycha und Pseudocratosilis

(Coleoptera Cantharidae). Ent. Arb. Mus. Frey, 27: 357-360.

DAHLGREN, G., 1978 - Zwei neue arten der Rhagonycha femoralis-gruppe (Col.

Cantharidae). Mitt. Ent. Ges. Basel, N. F., 28: 12-15.

DAHLGREN, G., 1979a - CANTHARIDAE (ohne Tribus Malthinini). pp. 19-39. In:

FREUDE, H.; HARDE, K. W. & LOHSE, G. A. (Eds.). Die Käfer Mitteleuropas. Band 6.

Diversicornia. Goecke & Evers Verlag, Krefeld. 367 pp.

DAHLGREN, G., 1979b - Eine neue art der Rhagonycha-femoralis-gruppe (Col.

Cantharidae). Mitt. Ent. Ges. Basel, N. F., 29 (2): 62-64.

DAHLGREN, G., 1985a - Beiträge zur Kenntnis der Gattung Rhagonycha (Col. Cantharidae)

III. Entomol. Blätter, 81 (1-2): 85-90.

DAHLGREN, G., 1985b - Zwei neue griechische Canthariden. Entomol. Blätter, 81 (3): 163-

165.

DE GEER, C., 1774 - Memoires pour servir à l’Histoire des Insectes. Tome Quatrieme. Impr.

Pierre Hesselberg, Estocolmo. pp. I-XII + 456 pp. + 19 pr.

DEJEAN, P. F. M. A., 1833 - Catalogue des Coléoptères de la collection de M. le Comte

Dejean. Deuxième édition, 2ème livraison. Méquignon-Marvis Père et Fils, Paris. pp. 105-

108.

DEJEAN, P. F. M. A., 1837 - Catalogue des Coléoptères de la collection de M. le Comte

Dejean. Troisième édition, revue, corrigée et augmentée. Méquignon-Marvis Père et Fils,

Paris. 503 pp.

Page 148: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

145

DELKESKAMP, K., 1939 - Pars 165: Cantharidae. In: SCHENKLING, S. (Ed.),

Coleopterorum Catalogus. W. Junk, Berlim. 357 pp.

DELKESKAMP, K., 1977 - Pars 165, Fasc. 1. Editio Seconda. Cantharidae. In: WILCOX, J.

A. (Ed.). Coleopterorum Catalogus Suplementa. W. Junk. The Hague. 485 pp.

DIÉGUEZ, J. M., 2004 - Ancistronycha erichsonii (Bach, 1854), nuevo para la fauna ibérica

(Coleoptera: Cantharidae) Heteropterus, Rev. Entomol., 4: 85-86.

DIÉGUEZ, J. M., 2005 - Nuevas citas de Cantharidae para la Península Ibérica (Coleoptera)

Boln. S. E. A., 36: 270.

DIÉGUEZ, J. M.; ANADÓN, A.; OCHARAN, F. J.; ROSA-GARCÍA, R.; VÁZQUEZ-

FLECHOSA, M.; MELERO, V. X.; MONTESERÍN, S. & OCHARAN, R., 2006 - La

fauna de Cantharidae (Coleoptera) de la Reserva de la Biosfera de Muniellos (Asturias,

norte de España). Boln. S.E.A., 39: 251-255.

DREES, M., 1998 - Fressfeinde von Rhagonycha fulva (Scop.) (Cantharidae). Entomol.

Blätter, 94 (1-2): 98.

ESCHSCHOLTZ, F., 1830 - IV. Nova genera Coleopterorum Faunae Europaeae. Bull. Soc.

Imp. natur. Moscou, II (1): 63-66.

ESPAÑOL, F. & BELLÉS, X., 1980 - Armidia unicolor Duft. (Col., Cantharidae). Un curioso

elemento de nuestra coleopterofauna cavernicola. Munibe, 32 (3-4): 281-282.

FABRICIUS, J. C., 1792 - Entomologia Systematica. 1. Hafniae. 330 + 538 pp.

FALLÉN, C. F., 1807 - Monogr. Canth. Malach. Sveciae, 1.

FITTON, M. G., 1982 - A fungus attacking the soldier beetle Rhagonycha fulva (Coleoptera:

Cantharidae) in southern England. Entomologist's Gazette, 33 (3-4): 215-219.

FUENTE, J. M., 1931 - Catálogo sistemático-geográfico de los Coleópteros observados en la

península ibérica, Pirineos propiamente dichos y Baleares (cont.). Bol. Soc. Ent. España,

14: 21-38, 49-66, 78-93, 100-115, 138-153.

GEOFFROY, E. L., 1785 - In: FOURCROY, A. F. (Ed.). Entomologia Parisiensis; sive

Catalogus Insectorum quae in Agro Parisiensi reperiuntur; secundum methodum

Geoffraeanum in sectiones, genera et species distributus; cui addita sunt nomina trivialia

et fere trecentae novae Species. Parisiis, Serpentineis. Pars Prima: i-viii + 1-231; Pars

Secunda: 233-544.

GOUGELET, J.-S. & BRISOUT, H., 1860 - Descriptions de Coléoptères nouveaux, de Galice

et d'Algérie. Bull. Soc. Ent. Fr., (3) 7 (4): CCXXXVII-CCXXXIX.

GROSSO-SILVA, J. M., 1999a - Contribuição para o conhecimento dos lucanídeos

(Coleoptera, Lucanidae) de Portugal. Boln. S.E.A., 25: 11-15.

Page 149: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

146

GROSSO-SILVA, J. M., 1999b - Registos interessantes de coleópteros de Portugal (Insecta,

Coleoptera). Boln. S.E.A., 25: 21-23.

GROSSO-SILVA, J. M., 2000 - Catalogação da fauna de Coleópteros do Parque Natural da

Serra da Estrela e breve abordagem sobre a distribuição altitudinal e sazonalidade de

Caraboidea. Relatório de Estágio Profissionalizante. Faculdade de Ciências da

Universidade do Porto. 129 pp.

GROSSO-SILVA, J. M., 2002 - Registos interessantes de coleópteros (Insecta, Coleoptera)

para Portugal (3ª nota). Primeiro registo ibérico de Pediacus dermestoides (Fabricius,

1792) (Cucujidae). Boln. S.E.A., 31: 49-54.

GROSSO-SILVA, J. M., 2005 - Additions to the fauna of Hemiptera and Coleoptera (Insecta)

of Serra da Estrela Natural Park (Portugal). Boln. S.E.A., 36: 185-193.

HARIZANOVA, V., 1995 - Rhagonycha fulva Scop. (Cantharidae, Coleoptera) an effective

predator of aphids (Aphididae, Hymenoptera [Homoptera]). Vissh Selskostopanski Institut

“Vasil Kolarov” Plovdiv Nauchni Trudove, 40 (3): 129-132.

HEYDEN, L. v., 1870 - Entomologische Reise nach dem Südlichen Spanien, der Sierra

Guadarrama und Sierra Morena, Portugal und den Cantabrischen Gebirgen. Ent. Verein,

Berlim, 218 pp.

HEYDEN, L. v.; REITTER, E. & WEISE, J., 1906 - Catalogus Coleopterorum Europae,

Caucasi et Armeniae Rossicae. Paskau. 774 col.

HICKER, R. & WINKLER, A., 1925 - Malacodermata. In: WINKLER, A. (Ed.), Catalogus

Coleopterorum regionis palaearcticae. Pars 4: cols. 487-496; Pars 5: 497-526.

IWAN, D., 1988 - Beetles (Coleoptera) occurring on the inflorescences of carrot (Daucus

carota L.) and wild Umbelliferae in the vicinity of Poznan. Pol. Pismo Ent., 58 (2): 447-

463.

JOY, N. H., 1932 - A Practical Handbook of British Beetles. 2 volumes. Second reprint 1997.

E. W. Classey Ltd. 622 pp. (vol. 1) + 194 pp. (vol. 2)

KAZANTSEV, S., 1995 - A key to Rhagonycha (Coleoptera, Cantharidae) East of the Ural

Mountains with the description of a new subgenus. Entom. Basil., 18: 91-98.

KAZANTSEV, S., 2004 - A checklist of Cantharidae (Coleoptera) of the ex-USSR. Russian

Entomol. J., 13 (1-2): 23-34.

KAZANTSEV, S., 2005 - Fauna Europaea: Cantharidae. In: ALONSO-ZARAZAGA, M. A.

(Ed.). Fauna Europaea: Coleoptera 1. Fauna Europaea version 1.2 (última actualização: 7

de Março de 2005). Disponível online em: http://www.faunaeur.org

Page 150: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

147

KAZANTSEV, S. & TAKAHASHI, K., 2001 - Eight new species of the genus Rhagonycha

(Cantharidae, Coleoptera) from Hokkaido, Japan. Japanese Journal of Systematic

Entomology, 7 (2): 269-277.

KIESENWETTER, H. von, 1852 - Énumération des Coléoptères trouvés dans le midi de la

France et en Catalogne. Ann. Soc. Ent. Fr., 2e Série, 9 (4): 577-656 + 1 prancha.

KIESENWETTER, H. von, 1866a - Beiträge zur Käferfauna Spaniens. Berl. Ent. Zeitschr., 10

(1-3): 241-274 + 1 prancha.

KIESENWETTER, H. von, 1866b - Eine entomologische Excursion nach Spanien im

Sommer 1865. Berl. Ent. Zeitschr., 9 (2): 359-396.

LAWRENCE, J. F., 1988 (1987) - Rhinorhipidae, a new beetle family from Australia, with

comments on the phylogeny of the Elateriformia. Invertebrate Taxonomy, 2: 1-53.

LAWRENCE, J. F. & NEWTON Jr., A. F., 1995 - Families and subfamilies of Coleoptera

(with selected genera, notes, references and data on family-group names). pp. 779-1006.

In: PAKALUK, J. & SLIPINSKI, S. A. (Eds.). Biology, Phylogeny and Classification of

Coleoptera: Papers Celebrating the 80th Birthday of Roy A. Crowson. Vol. 2. Muzeum i

Instytut Zoologii PAN, Warszawa.

LAWRENCE, J. F.; PAKALUK, J. & SLIPINSKI, S. A., 1995 - From Latreille to Crowson: a

history of the higher-level classification of beetles. pp. 87-154. In: PAKALUK, J. &

SLIPINSKI, S. A. (Eds.). Biology, Phylogeny and Classification of Coleoptera: Papers

Celebrating the 80th Birthday of Roy A. Crowson. Vol. 1. Muzeum i Instytut Zoologii

PAN, Warszawa.

LAWRENCE, J. F.; HASTINGS, A. M.; DALLWITZ, M. J.; PAINE, T. A. & ZURCHER, E.

J., 1999 - Beetles of the World. A Key and Information System for Families and

Subfamilies. CD-ROM. CSIRO Publishing, Canberra, Australia.

LINNAEUS, C., 1758 - Systema Naturæ Per Regna Tria Naturæ, Secundum Classes,

Ordines, Genera, Species, Cum Characteribus, Differentiis, Synonymis, Locis. Editio

Decima, Reformata. Tomus I. Laurentii Salvii, Estocolmo. pp. 400-403.

LINNAEUS, C., 1767 - Systema Naturæ Per Regna Tria Naturæ, Secundum Classes,

Ordines, Genera, Species, Cum Characteribus, Differentiis, Synonymis, Locis. Editio

Duodecima Reformata. Tomo I, Pars II. Holmiae. pp. 533-1327.

LUFF, M. L., 1991 - Part IV - Beetle Larvae. pp. 217-238. In: COOTER, J., A Coleopterist’s

Handbook. CRIBB, P. W. (Gen. Ed.). The Amateur Entomologists’ Society. 294 pp.

MANNERHEIM, C. G., 1825 - Novae coleopterorum species Imperii Rossici incolae. In:

HUMMEL, A. D. Essais entomologiques, I, 4. São Petersburgo. pp. 19-41.

Page 151: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

148

MARSEUL, S., 1864 - Téléphorides. Tribu de la famille des Malacodermes. Abeille, 1: 1-112.

MÜLLER, O. F., 1764 - Fauna insectorum Fridrichsdalina, sive methodica descriptio

insectorum agri Fridrichsdalensis, cum characteribus genericis et specificis, nominibus

trivialibus, locis natalibus, iconibus allegatis, novisque pluribus speciebus additis. I. F.

Gleditsch, Hafniae et Lipsiae. xxiv + 96 pp.

MULSANT, E., 1862 - Histoire Naturelle des Coléoptères de France. Mollipennes. Magnin,

Blanchard & Co., Paris. 440 pp. + 3 pr.

NOBRE, A., 1898 - Catálogo do Gabinete de Zoologia (cont.). Annuario da Academia

Polytechnica do Porto, 21: 78-122.

OLIVEIRA, M. P., 1884 - Catalogue des insectes du Portugal. Rev. Soc. Instr. Porto, 4: 39-

48, 89-96, 136-143, 185-192, 233-240, 280-288, 424-432, 498-504, 529-536.

OLIVEIRA, M. P., 1893 - Catalogue des insectes du Portugal. Coléoptères. Coimbra, 393

pp.

OLIVIER, A. G., 1790 - Entomologie, ou Histoire Naturelle des Insectes, Avec leurs

caracteres génériques et spécifiques, leur description, leur synonymie, et leur figure

enluminée. Coléopteres. Tome Second. Paris, 5 + 458 pp. (Nota: cada género apresenta

uma paginação própria, sendo as espécies de Cantharidae incluídas no género n.º 26,

Telephorus)

PAYKULL, G., 1798 - Fauna Svecica. Insecta. Vol. 1. J. F. Edman, Upsaliae. 358 pp.

PERRIER, R. & DELPHY, J., 1932 - La Faune de la France en tableaux synoptiques-Vol.

VI- Coléoptères (2e partie). Librairie Delagrave, Paris. 229 pp.

PIC, M., 1903 - Notes entomologiques et descriptions. L'Échange, Revue Linnéene, 19: 121-

125.

PIC, M., 1909 - Descriptions ou diagnoses et notes diverses - Suite -. L'Échange, Revue

Linnéene, 25: 185-186.

PIC, M., 1915 - Notes diverses, descriptions et diagnoses (Suite.). L'Échange, Revue

Linnéene, 31: 17-18.

PIC, M., 1917 - Notes diverses, descriptions et diagnoses (Suite.). L'Échange, Revue

Linnéene, 33: 17-18.

PIC, M., 1920 - Notes diverses, descriptions et diagnoses (Suite.). L'Échange, Revue

Linnéene, 36: 17-18.

POOLE, R. W. & GENTILI, P., 1996 - Nomina Insecta Nearctica. A Check List of the Insects

of North América. Volume 1: Coleoptera, Strepsiptera. Entomological Information

Services. Rockville, Maryland. 827 pp.

Page 152: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

149

PORTEVIN, G., 1931 - Histoire Naturelle des Coléoptères de France. Polyphaga:

Lamellicornia, Palpicornia, Diversicornia. Paul Lechevalier & Fils, Paris. 2. 542 pp., 559

fig., 2 est.

RAMSDALE, A., 2000 - 72. Cantharidae. In: ARNETT, R. H. Jr.; THOMAS, M. C.;

SKELLEY, P. E. & FRANK, J. E. (Eds.). American Beetles. Polyphaga: Scarabaeoidea

through Curculionoidea. Volume 2. CRC Press, Gainesville, Florida. 861 pp.

ROSENHAUER, W. G., 1856 - Die Thiere Andalusiens nach dem Resultate einer Reise

zusammengestellt, nebst den Beschreibungen von 249 neuen oder bis jetzt noch

enbeschriebenen Gattungen und Arten. Erlangen, Verlag vopn Theodor Blaesing. VIII +

429 pp. + III pr.

SCOPOLI, J. A., 1763 - Entomologia Carniolica exhibens Insecta Carnioliae indigena et

distributa in ordines, genera, species, varietates. Methodo Linnaeana. Vindobonae, 35 pp.

+ 420 pp. + 1 pp.

SEABRA, A. F., 1939a - Contribuïção para a História da Entomologia em Portugal. A Secção

Entomológica do Laboratório de Biologia Florestal. Publicações da Direcção Geral dos

Serviços Florestais e Aqüicolas, 6 (1): 1-146.

SEABRA, A. F., 1939b - Contribuïção para a História da Entomologia em Portugal. Catálogo

das Colecções Entomológicas do Laboratório de Biologia Florestal em 1937. Publicações

da Direcção Geral dos Serviços Florestais e Aqüicolas, 6 (2): 155-301.

SEABRA, A. F., 1943 - Contribuições para o inventário da fauna lusitânica. Insecta.

Coleoptera. Mem. Est. Mus. Zool. Univ. Coimbra, 142: 1-152 + XX.

SERRANO, A. R. M., 1981 - Contribuição para o estudo dos coleópteros do Parque Natural

da Arrábida. Colecção Parques Naturais, 9. Serviço Nacional de Parques, Reservas e

Património Paisagístico, Lisboa. 87 pp.

SERRANO, A. R. M., 1982 - Coleópteros do Parque Nacional da Peneda-Gerês e da Reserva

Natural das Dunas de S. Jacinto colhidos pelo Centro dos Jovens Naturalistas (1978 e

1980), (Insecta, Coleoptera). Bolm. Soc. port. Ent., 1 (23): 1-12.

SERRANO, A. R. M., 1983 - Contribuição para o inventário dos coleópteros de Portugal.

Estação Agronómica Nacional, Oeiras. 269 pp.

STURM, J., 1826 - Catalog meiner Insekten-Sammlung. Erster Theil. Käfer. Nürnberg, VIII +

208 pp. + 18 pp. + 1 prancha.

ŠVIHLA, V., 1995 - Contribution to the knowledge of the genus Rhagonycha Eschscholtz

(Coleoptera, Cantharidae) II. Entom. Basil., 18: 71-90.

Page 153: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

150

ŠVIHLA, V., 2002a - A contribution to knowledge of the genus Rhagonycha Eschscholtz,

1830 (Coleoptera, Cantharidae) III. Entom. Basil., 24: 305-319.

ŠVIHLA, V., 2002b - A contribution to knowledge of the subfamily Malthininae (Coleoptera:

Cantharidae) from the western Palaearctic. Folia Heyrovskyana, 10 (2-3): 119-154.

ŠVIHLA, V., 2004 - Contribution to the knowledge of the family Cantharidae (Coleoptera)

from the western Palaearctic. Casopis Narodniho Muzea Rada Prirodovedna, 173 (1-4):

77-88.

VASSILEV, I., 1994 - The influence of the temperature and humidity over the vitality of

Rhagonycha fulva Scop. (Coleoptera, Cantharidae). Godishnik na Sofiiskiya Universitet

“Sv. Kliment Okhridski”, 84: 115-119.

VASSILEV, I. & NECHEVA, V., 1993 - Influence of light on insects behaviour investigation

by studying their weight loss. Godishnik na Sofiiskiya Universitet “Sv. Kliment

Okhridski”, 82: 125-132.

VASSILEV, I. B. & SENDOVA, A. B., 1988 - Effect of temperature and pressure on vitality

of certain insects. Dokladi na B"lgarskata Akademiya na Naukite, 41 (9): 127-129.

VIEDMA, M. G., 1964 - Larvas de Coleopteros. Graellsia, 20: 245-275.

WESTWOOD, J. O., 1838-40 - Synopsis of the genera of British insects. 158 pp. In:

WESTWOOD, J. O., 1838-40. An introduction to the modern classification of insects;

founded on the natural habits and corresponding organisation of the different families. xi

+ 587 pp. (As datas de publicação dos fascículos desta obra são: pp. 1-16, Maio de 1838;

pp. 17-32, Julho de 1838; pp. 33-48, Setembro de 1838; pp. 49-80, Junho de 1839; pp. 81-

96, Janeiro de 1840; pp. 97-154, Junho de 1840)

WETZEL, T.; STARK, A.; LOBNER, U. & HARTWIG, O., 1991 - Zum Auftreten und zur

Bedeutung von Weichkafern (Col., Cantharidae) und Sichelwanzen (Het., Nabidae) als

aphidophage Pradatoren in Getreidebestanden. Zeitschrift fuer Pflanzenkrankheiten und

Pflanzenschutz, 98 (4): 364-370.

WITTMER, W., 1981 - 68. Beitrag zur Kenntnis der palearktischen Cantharidae und

Malachiidae (Coleoptera). Entom. Basil., 6: 406-415.

ZABEL, J. & TSCHARNTKE, T., 1998 - Does fragmentation of Urtica habitats affect

phytophagous and predatory insects differentially? Oecologia, 116 (3): 419-425.

Page 154: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

151

7. Índice

Agradecimentos......................................................................................................................................................1 Resumo ...................................................................................................................................................................3 Abstract ..................................................................................................................................................................5 1. Introdução ..........................................................................................................................................................7

1.1. A família Cantharidae na Europa e na Península Ibérica ...................................................................10 1.2. O género Rhagonycha Eschscholtz, 1830...............................................................................................12

1.2.1. Sinopse histórica do estudo do género Rhagonycha.....................................................................12 1.2.2. Descrição original do género Rhagonycha ....................................................................................14 1.2.3. Espécie-tipo do género Rhagonycha ..............................................................................................15 1.2.4. Características do género Rhagonycha .........................................................................................16

1.3. Objectivos ................................................................................................................................................18 2. Metodologia ......................................................................................................................................................19

2.1. Pesquisa bibliográfica .............................................................................................................................19 2.2. Prospecções de campo .............................................................................................................................20 2.3. Estudo de colecções .................................................................................................................................22 2.4. Trabalho laboratorial .............................................................................................................................23

3. Resultados e Discussão ....................................................................................................................................27 3.1. Sistemática ...............................................................................................................................................27

3.1.1. Designação da espécie-tipo do género Rhagonycha .....................................................................27 3.1.2. Incorrecções nomenclaturais detectadas ......................................................................................29

3.2. O género Rhagonycha em Portugal .......................................................................................................31 3.2.1. História do estudo do género Rhagonycha em Portugal..............................................................31 3.2.2. Catálogo sinonímico da fauna portuguesa de Rhagonycha .........................................................34 3.2.3. Estudo das espécies da fauna portuguesa de Rhagonycha ..........................................................36

Rhagonycha femoralis (Brullé, 1832) ..................................................................................................................41 Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763) .......................................................................................................................42 Rhagonycha galiciana Gougelet & H. Brisout, 1860 .........................................................................................49 Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866) ........................................................................................................56 Rhagonycha hesperica Baudi, 1859.....................................................................................................................64 Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975 ...................................................................................................................77 Rhagonycha martini Pic, 1908 .............................................................................................................................84 Rhagonycha opaca Mulsant, 1862.......................................................................................................................87 Rhagonycha ornaticollis Marseul, 1864 ..............................................................................................................93 Rhagonycha patricia (Kiesenwetter, 1866) .........................................................................................................98 Rhagonycha plagiella Marseul, 1864 ................................................................................................................105 Rhagonycha quadricollis Kiesenwetter, 1852 ...................................................................................................111 Rhagonycha querceti (Kiesenwetter, 1866) ......................................................................................................117 Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972..........................................................................................................123 Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856) .........................................................................................................130

3.2.4. Tabela de identificação das espécies portuguesas de Rhagonycha ...........................................137 4. Conclusões ......................................................................................................................................................140 5. Considerações finais ......................................................................................................................................142 6. Referências bibliográficas .............................................................................................................................143 7. Índice...............................................................................................................................................................151

Page 155: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

ANEXO 1

Page 156: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

ANEXO 1: Lista de material estudado. As abreviaturas utilizadas são as seguintes: “AP” - Área Protegida; “Ex.” - número total de exemplares estudados; “♂” - número de machos estudados; “♀” - número de fêmeas estudadas; “nd” - sexo não determinado; “in” - sexo indeterminado; “F1” - forma 1 de R. hesperica; “F2” - forma 2 de R. hesperica; “Tr” - forma de transição entre as formas 1 e 2 de R. hesperica; “F3” - forma 3 de R. hesperica. No campo relativo à data, “00” indica que não é conhecido o dia e/ou o mês de colheita dos exemplares analisados. As siglas das colecções são as apresentadas na Tabela 1 da tese.

Espécie Localidade e UTM 10x10 Km AP Ex ♂ ♀ Altitude Data Notas Colecção Rhagonycha fulva Lagoa Azul (Sintra) (MC69) PNSC 1 nd nd 10-06-1947 IICT Rhagonycha fulva Arrábida (Setúbal) (MC95) PNArr 2 2 0 28-06-1978 CAS Rhagonycha fulva Serra da Arrábida (MC95) PNArr 1 1 0 29-06-1978 CAS Rhagonycha fulva Montes Juntos (Avis) (PC46) 1 0 1 29-04-1979 CAS Rhagonycha fulva Oeiras (MC78) 1 0 1 05-05-1978 CAS Rhagonycha fulva Porto do Prado (Arcos de Valdevez) (NG54) PNPG 1 0 1 600 22-07-2003 CGS Rhagonycha fulva Vila do Gerês (Terras de Bouro) (NG62) PNPG 1 1 0 370 04-07-2002 CGS Rhagonycha fulva Vila do Gerês (Terras de Bouro) (NG62) PNPG 1 1 0 370 24-06-2003 CGS Rhagonycha fulva Vila do Gerês (Terras de Bouro) (NG62) PNPG 1 0 1 370 09-07-2003 CGS Rhagonycha fulva Casa-abrigo de Cidadelhe (Ponte da Barca) (NG63) PNPG 2 2 0 280 23-07-2003 CGS Rhagonycha fulva Próximo de Senhora da Peneda (Arcos de Valdevez) (NG64) PNPG 1 0 1 580 10-07-1996 CGS Rhagonycha fulva Junto a Ribeiro de Cima (Melgaço) (NG64) PNPG 1 1 0 750 24-07-2002 CGS Rhagonycha fulva Ponte sobre a Corga do Portal Lameira (Melgaço) (NG64) PNPG 1 0 1 750 25-07-2002 CGS Rhagonycha fulva Entre Ameijoeira e Mareco (Melgaço) (NG64) PNPG 1 0 1 720 25-07-2002 CGS Rhagonycha fulva Junto a João Alvo (Melgaço) (NG65) PNPG 2 1 1 780 23-07-2002 CGS Rhagonycha fulva Rodeiro (Melgaço) (NG75) PNPG 1 0 1 1100 23-07-2002 CGS Rhagonycha fulva Próximo de Eiras, Melgaço) (NG75) PNPG 2 1 1 1080 24-07-2002 CGS Rhagonycha fulva Próximo de Travassos (Montalegre) (NG92) PNPG 2 1 1 930 19-08-2002 CGS Rhagonycha fulva Moreira de Geraz do Lima (Viana do Castelo) (NG21) 1 0 1 20 20-07-2003 CGS Rhagonycha fulva Mire de Tibães (Braga) (NG40) 2 1 1 130 26-06-2000 CGS Rhagonycha fulva Serra da Cabreira (Vieira do Minho) (NG71) 2 0 2 27-07-1975 CGS Rhagonycha fulva Armoniz (Vinhais) (PG62) 1 0 1 25-07-1995 ESAB Rhagonycha fulva Alto da Cruz (Bragança) (PG94) PNM 1 0 1 800 07-08-1998 ESAB Rhagonycha fulva Porto (cidade) (NF25) 1 0 1 40 19-06-1995 CGS Rhagonycha fulva Porto (cidade) - Jardim da Casa de Serralves (NF25) 3 2 1 50 06-07-2003 CGS Rhagonycha fulva Campus Agrário de Vairão (NF27) 6 in in 104 28-06-2006 —

Page 157: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

Rhagonycha fulva Bairro da Louça (Mindelo) (NF27) 1 1 0 27 29-06-2006 CIBIO Rhagonycha fulva Bouças do Frutuoso (Vila do Conde) (NF27) 1 0 1 08-07-2006 CIBIO Rhagonycha fulva Cerqueiras (Cristelo, Barcelos) (NF29) 1 1 0 12-07-2006 CIBIO Rhagonycha fulva Junto à Quinta do Sol (Fornelos, Barcelos) (NF29) 1 0 1 12-07-2006 CIBIO Rhagonycha fulva Salreu (Estarreja) (NF30) 1 0 1 5 01-05-2002 CGS Rhagonycha fulva Beduído (Estarreja) (NF31) 1 0 1 06-07-2003 CGS Rhagonycha fulva Silva Escura (Maia) (NF36) 2 1 1 90 16-07-2004 CGS Rhagonycha fulva Gondão (S. Mamede do Coronado) (NF36) 1 0 1 09-07-2006 CIBIO Rhagonycha fulva S. Romão do Coronado (a oeste de Outeiro) (NF37) 3 in in 102 16-07-2006 — Rhagonycha fulva Carvalhal de Valinhas (Monte Córdova) (NF47) 1 1 0 245 16-07-2006 CIBIO Rhagonycha fulva Talhadas (Sever do Vouga) (NF50) 2 1 1 29-07-2003 CGS Rhagonycha fulva Fonte Seca (Sabrosa) (PF16) 4 2 2 649 01-07-2006 CIBIO Rhagonycha fulva Fonte Seca (Sabrosa) (PF16) 6 in in 649 01-07-2006 — Rhagonycha fulva Noura (Murça) (PF38) 2 2 0 448 12-05-2005 CIBIO Rhagonycha fulva Margem do rio Tua, junto à Quinta do Carvalhinho (Vila Flor) (PF47) 2 0 2 198 05-06-2006 CIBIO Rhagonycha fulva Margem do rio Tua, junto à Quinta do Carvalhinho (Vila Flor) (PF47) 4 in in 198 05-06-2006 — Rhagonycha fulva Estação de Almendra (Vila Nova de Foz Côa) (PF64) 1 1 0 123 11-05-2005 CIBIO Rhagonycha fulva Coimbra (NE45) 4 nd nd 24-05-1945 IICT Rhagonycha fulva Coimbra (NE45) 1 nd nd 15-06-1945 IICT Rhagonycha fulva Junto a Alpalhão (Anadia) (NE47) 1 1 0 54 02-07-2006 CIBIO Rhagonycha fulva Valezim (Seia) (PE06) PNSE 1 0 1 714 12-07-2005 CIBIO Rhagonycha fulva Junto a Arrifana (Seia) (PE07) PNSE 1 0 1 419 05-07-2005 CIBIO Rhagonycha fulva Perto de Vinhó (Gouveia) (PE18) PNSE 1 1 0 505 06-07-2005 CIBIO Rhagonycha fulva S. Gabriel (Manteigas) (PE27) PNSE 2 0 2 652 04-07-2005 CIBIO Rhagonycha fulva Prados (Celorico da Beira) (PE39) PNSE 2 1 1 811 06-07-2005 CIBIO Rhagonycha fulva Junto a Casteleiro (Sabugal) (PE56) 8 4 4 573 11-06-2005 CIBIO Rhagonycha fulva Rio de Mouro (Sintra) (MC79) 1 0 1 14-05-1961 CGS Rhagonycha fulva Torres Vedras (Torres Vedras) (MD72) 3 nd nd 15-06-1946 IICT Rhagonycha fulva Termas dos Cucos (Torres Vedras) (MD72) 2 nd nd 22-06-1946 IICT Rhagonycha fulva Matacães (Torres Vedras) (MD82) 1 nd nd 04-06-1946 IICT Rhagonycha fulva Vale da Aldeia da Senhora da Glória (Torres Vedras) (MD82) 3 nd nd 06-04-1946 IICT Rhagonycha fulva Runa (Torres Vedras) (MD82) 1 nd nd 10-06-1947 IICT Rhagonycha fulva A sul de Foz do Arelho (Caldas da Rainha) (MD86) 1 1 0 9 22-06-2006 CGS Rhagonycha fulva A sul de Foz do Arelho (Caldas da Rainha) (MD86) 1 in in 9 22-06-2006 — Rhagonycha fulva A sul de Trabalhia (Caldas da Rainha) (MD95) 4 3 1 39 22-06-2006 CGS

Page 158: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

Rhagonycha fulva Casais dos Silvas (Rio Maior) (ND05) 1 0 1 111 22-06-2006 CGS Rhagonycha fulva Tremelgo (Marinha Grande) (ND09) 1 nd nd 21-06-1938 IICT Rhagonycha fulva Paúl da Marmeleira (Rio Maior) (ND14) 4 3 1 16 24-05-2002 CGS Rhagonycha fulva Casa da Caldeira (Correias Rio Maior) (ND15) 1 1 0 35 23-06-2006 CGS Rhagonycha fulva A 2 km de Aldeia da Ribeira (Alcanede) (ND15) 3 3 0 115 25-06-2006 CGS Rhagonycha fulva A 2 km de Aldeia da Ribeira (Alcanede) (ND15) 5 in in 115 25-06-2006 — Rhagonycha fulva Muge (Salvaterra de Magos) (ND22) 23 17 6 21-05-1967 CGS Rhagonycha fulva Junto à Praia das Cismeiras (Alpiarça) (ND34) 1 0 1 16 23-06-2006 CGS Rhagonycha fulva Junto à Praia das Cismeiras (Alpiarça) (ND34) 3 in in 16 23-06-2006 — Rhagonycha fulva Vale de Cavalos (Chamusca) (ND44) 1 0 1 30 23-06-2006 CGS Rhagonycha fulva Alvega (Abrantes) (ND86) 1 0 1 43 24-06-2006 CGS Rhagonycha fulva Santo Amaro (Sousel) (PD21) 1 0 1 23-04-1977 CAS Rhagonycha fulva Algueirão-Mem Martins (Sintra) (MC79) 1 0 1 20-05-1961 CGS Rhagonycha fulva Sacavém (MC99) 4 nd nd 00-00-1946 IICT Rhagonycha fulva Encarnação (Sacavém) (MC99) 1 nd nd 28-05-1946 IICT Rhagonycha fulva Tapada de Vila Viçosa (PC39) 1 0 1 25-04-1980 CAS Rhagonycha fulva Meia Praia (Lagos) (NB30) 2 1 1 14-05-1982 CAS Rhagonycha fulva Guia (Albufeira) (NB60) 4 1 3 39 29-04-2005 CGS Rhagonycha fulva Estói (Faro) (NB90) 1 nd nd 23-04-1947 IICT Rhagonycha fulva Moncarapacho (PB00) 1 0 1 29-04-1978 CAS Rhagonycha fulva 1 Km a sul de Santa Catarina da Fonte do Bispo (Tavira) (PB01) 1 0 1 120 13-04-2000 CPH Rhagonycha fulva Pedras de El-Rei / Barril (Tavira) (PB10) PNRF 1 0 1 04-05-1998 CPH Rhagonycha fulva Junto à ponte sobre a ribeira do Almargem (Tavira) (PB21) 2 1 1 5 29-04-2005 CGS Rhagonycha fulva Hortinha (Mértola) (PB25) PNVG 2 1 1 125 21-05-2006 CGS Rhagonycha fulva Ponte da Esteveira (Castro Marim) (PB32) RNSCM 7 3 4 5 16 a 20-05-1983 CAS Rhagonycha galiciana Fonte da Abilheira (Terras de Bouro) (NG72) PNPG 1 1 0 780 02-07-2002 CGS Rhagonycha galiciana Ponte sobre a ribeira da Pragueira (Seia) (PE16) PNSE 1 1 0 1587 10-06-2005 CIBIO Rhagonycha galiciana Junto à albufeira do Covão do Curral (Seia) (PE16) PNSE 6 2 4 1516 04-07-2006 CIBIO Rhagonycha galiciana Margem da ribeira do Vidual (Seia) (PE17) PNSE 3 2 1 1445 12-06-2005 CIBIO Rhagonycha galiciana Albarcãs (vale do rio Zêzere, Manteigas) (PE26) PNSE 4 3 1 1079 10-06-2005 CIBIO Rhagonycha galiciana Albarcãs (vale do rio Zêzere, Manteigas) (PE26) PNSE 1 1 0 1079 14-06-2005 CIBIO Rhagonycha galiciana Argenteira (Manteigas) (PE26) PNSE 2 1 1 1545 10-06-2005 CIBIO Rhagonycha galiciana Melo (Gouveia) (PE28) PNSE 2 2 0 569 13-06-2005 CIBIO Rhagonycha galiciana Barragem junto a Salgueirais (Celorico da Beira) (PE39) PNSE 2 1 1 933 13-06-2005 CIBIO Rhagonycha galiciana Ponte do Couço (Moimenta, Vinhais) (PG64) PNM 1 1 0 762 02-06-2005 CIBIO

Page 159: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

Rhagonycha galiciana Margem da ribeira de Anta (Moimenta, Vinhais) (PG64) PNM 1 1 0 871 04-06-2005 CIBIO Rhagonycha genistae 1 Km abaixo de Carris (Terras de Bouro) (NG72) PNPG 3 2 1 1370 30-05-2002 CGS Rhagonycha genistae Entre a Fonte da Abilheira e Água de Pala (Terras de Bouro) (NG72) PNPG 2 2 0 850 30-05-2002 CGS Rhagonycha genistae Estrada dos Carris (Gerês) (Terras de Bouro) (NG72) PNPG 2 1 1 03-06-1980 CAS Rhagonycha genistae Coriscadas (Melgaço) (NG75) PNPG 1 1 0 1020 30-04-2002 CGS Rhagonycha genistae Casa-abrigo de Pitões das Júnias (Montalegre) (NG83) PNPG 10 4 6 1130 29-05-2002 CGS Rhagonycha genistae Arredores de Covelães (Montalegre) (NG92) PNPG 4 2 2 900 28-05-2002 CGS Rhagonycha genistae Raposeira (Montalegre) (NG93) PNPG 4 1 3 1050 29-05-2002 CGS Rhagonycha genistae Entre Ramiscal e Alto do Ouroso (Montalegre) (NG93) PNPG 6 5 1 1090 29-05-2002 CGS Rhagonycha genistae Ponte do Couço (Moimenta, Vinhais) (PG64) PNM 4 3 1 762 02-06-2005 CIBIO Rhagonycha genistae Lama Grande (Bragança) (PG85) PNM 2 1 1 1389 04-06-2005 CIBIO Rhagonycha genistae S. Martinho de Antas (Sabrosa) (PF16) 1 1 0 MNCN Rhagonycha genistae S. Martinho de Antas (Sabrosa) (PF16) 3 nd nd MNCN Rhagonycha genistae Covão do Boi (Covilhã) (PE16) PNSE 1 1 0 1867 09-06-2005 CIBIO Rhagonycha genistae Margem da ribeira do Vidual (Seia) (PE17) PNSE 6 2 4 1445 12-06-2005 CIBIO Rhagonycha genistae Junto à barragem de Vale do Rossim (Gouveia) (PE17) PNSE 1 1 0 1430 08-06-2005 CIBIO Rhagonycha genistae Abaixo da Nave de Santo António (Manteigas) (PF26) PNSE 3 1 2 1512 25-05-2004 CIBIO Rhagonycha hesperica Afife (Viana do Castelo) (NG12) 1 1 0 18-05-2005 F1 CGS Rhagonycha hesperica 1 Km a oeste de Serzedelo (Póvoa de Lanhoso) (NG60) 1 1 0 423 14-05-2006 F1 CGS Rhagonycha hesperica Raposeira (Montalegre) (NG93) PNPG 1 1 0 1050 29-05-2002 Tr CGS Rhagonycha hesperica Margem do rio Assureira (Santalha, Vinhais) (PG54) PNM 2 1 1 602 05-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Próximo de Vilar de Ossos (Vinhais) (PG63) PNM 3 1 2 817 04-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto a Tuizelo (Vinhais) (PG64) PNM 5 3 2 855 05-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Margem da ribeira de Anta (Moimenta, Vinhais) (PG64) PNM 2 2 0 871 04-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Lagoa junto a Tuizelo (Vinhais) (PG64) PNM 1 1 0 838 05-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Ponte do Couço (Moimenta, Vinhais) (PG64) PNM 3 3 0 762 02-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Próximo de Gondesende (Bragança) (PG73) PNM 3 2 1 789 05-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Próximo de Gondesende (Bragança) (PG73) PNM 2 1 1 789 05-06-2005 Tr CIBIO Rhagonycha hesperica Ponte de Castrelos (Castrelos, Bragança) (PG73) PNM 1 1 0 639 04-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica S. Martinho (Mofreita, Vinhais) (PG74) PNM 4 2 2 1057 03-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica S. Martinho (Mofreita, Vinhais) (PG74) PNM 2 2 0 1057 03-06-2005 Tr CIBIO Rhagonycha hesperica Parâmio (Bragança) (PG74) PNM 4 2 2 851 03-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto a Vilarinho (Espinhosela, Bragança) (PG74) PNM 3 2 1 771 03-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto a Vilarinho (Espinhosela, Bragança) (PG74) PNM 2 0 2 771 03-06-2005 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto a Vilarinho (Espinhosela, Bragança) (PG74) PNM 1 0 1 771 03-06-2005 Tr CIBIO

Page 160: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

Rhagonycha hesperica Santo Amaro (capela) (Espinhosela, Bragança) (PG74) PNM 1 0 1 784 06-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Santo Amaro (capela) (Espinhosela, Bragança) (PG74) PNM 2 0 2 784 06-06-2005 Tr CIBIO Rhagonycha hesperica Junto à Barragem da Serra Serrada (França, Bragança) (PG84) PNM 1 1 0 1258 04-06-2005 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto à Barragem da Serra Serrada (França, Bragança) (PG84) PNM 1 0 1 1258 04-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Lama Grande (Bragança) (PG85) PNM 2 2 0 1389 04-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Beça (Boticas) (PG01) 1 1 0 800 01-06-2003 F1 CGS Rhagonycha hesperica Rebordaínhos (Bragança) (PG71) 1 1 0 995 12-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Mindelo (Vila do Conde) (NF27) 2 2 0 34 17-05-2005 F1 CGS Rhagonycha hesperica Mindelo (Vila do Conde) (NF27) 1 0 1 34 17-05-2005 Tr CGS Rhagonycha hesperica Mindelo (Vila do Conde) (NF27) ROM 1 0 1 15 24-05-2005 Tr CIBIO Rhagonycha hesperica Mindelo (Vila do Conde) (NF27) ROM 1 0 1 15 24-05-2005 F1 CGS Rhagonycha hesperica Silva Escura (Maia) (NF36) 1 0 1 90 19-05-2002 F1 CGS Rhagonycha hesperica Carvalhal de Valinhas (Monte Córdova) (NF47) 6 5 1 245 16-05-2006 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Castelões (Penafiel) (NF66) 9 3 6 186 14-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Castelões (Penafiel) (NF66) 2 0 2 186 14-05-2005 Tr CIBIO Rhagonycha hesperica Cabeceiras de Basto (vila) (NF89) 4 4 0 301 15-05-2005 F1 CGS Rhagonycha hesperica Cabeceiras de Basto (vila) (NF89) 4 0 4 301 15-05-2005 Tr CGS Rhagonycha hesperica Fisgas do Ermelo (Mondim de Basto) (NF98) PNAlv 1 0 1 597 14-05-2005 Tr CGS Rhagonycha hesperica Próximo de Freixo de Numão (Vila Nova de Foz Côa) (PF44) 1 0 1 450 01-06-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Próximo de Freixo de Numão (Vila Nova de Foz Côa) (PF44) 1 0 1 450 01-06-2005 Tr CIBIO Rhagonycha hesperica Próximo de Freixo de Numão (Vila Nova de Foz Côa) (PF44) 1 0 1 450 01-06-2005 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Próximo de Figueira de Castelo Rodrigo (PF63) 1 0 1 627 09-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Próximo de Figueira de Castelo Rodrigo (PF63) 5 2 3 627 09-05-2005 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Próximo de Figueira de Castelo Rodrigo (PF63) 4 2 2 627 09-05-2005 Tr CIBIO Rhagonycha hesperica Margem norte da Barragem do Arroio (Torre de Moncorvo) (PF65) 4 0 4 453 10-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Margem norte da Barragem do Arroio (Torre de Moncorvo) (PF65) 1 0 1 453 10-05-2005 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Felgueiras (Torre de Moncorvo) (PF65) 1 1 0 627 10-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica A noroeste de Sambade (Alfândega da Fé) (PF68) 9 5 4 845 12-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica A noroeste de Sambade (Alfândega da Fé) (PF68) 2 0 2 845 12-05-2005 Tr CIBIO Rhagonycha hesperica Alto da Assureira (Alfândega da Fé) (PF68) 1 0 1 1013 12-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Ponte Nova (Figueira de Castelo Rodrigo) (PF72) 1 1 0 614 09-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Escalhão (Figueira de Castelo Rodrigo) (PF73) PNDI 1 0 1 483 09-05-2005 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Próximo de Barca de Alva (Figueira de Castelo Rodrigo) (PF74) PNDI 1 0 1 189 09-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica São João do Campo (Coimbra) (NE45) 1 1 0 04-06-1980 F1 CAS Rhagonycha hesperica São João do Campo (Coimbra) (NE45) 4 2 2 04-06-1980 F1 CAS

Page 161: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

Rhagonycha hesperica São João do Campo (Coimbra) (NE45) 1 0 1 04-06-1980 F1 CAS Rhagonycha hesperica Arredores de Mangualde (PE09) 3 2 1 500 25-04-1997 F3 CGS Rhagonycha hesperica Junto à barragem do Covão de Ferro (Covilhã) (PE16) PNSE 1 1 0 1497 20-05-2005 F1 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto à barragem de Vale do Rossim (Gouveia) (PE17) PNSE 1 1 0 1430 08-06-2005 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto à barragem de Vale do Rossim (Gouveia) (PE17) PNSE 4 1 3 1430 08-06-2005 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Lomba (Seia) (PE17) PNSE 1 0 1 1427 14-06-2005 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto à Fonte do Lagarto (Gouveia) (PE18) PNSE 4 3 1 823 13-05-2004 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Albarcãs (vale do rio Zêzere, Manteigas) (PE26) PNSE 3 1 2 1079 10-06-2005 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto à foz do ribeiro do Salgueiro (Gouveia) (PE27) PNSE 5 1 4 1278 12-06-2005 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Quinta do Fragusto (Guarda) (PE37) PNSE 2 1 1 983 25-05-2004 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Quinta do Fragusto (Guarda) (PE37) PNSE 2 2 0 983 25-05-2004 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto ao Açude do rio Mondego (Guarda) (PE38) PNSE 1 0 1 736 27-05-2004 Tr CIBIO Rhagonycha hesperica Junto ao Açude do rio Mondego (Guarda) (PE38) PNSE 1 1 0 736 27-05-2004 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto ao Açude do rio Mondego (Guarda) (PE38) PNSE 1 0 1 736 27-05-2004 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Junto à Quinta da Requeixada (Celorico da Beira) (PE39) PNSE 2 0 2 822 26-05-2004 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Ramalhosa (Guarda) (PE49) PNSE 1 1 0 482 19-05-2005 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Quinta dos Corgãos (Celorico da Beira) (PE49) PNSE 2 0 2 447 19-05-2005 F2 CIBIO Rhagonycha hesperica Quinta dos Corgãos (Celorico da Beira) (PE49) PNSE 4 4 0 447 19-05-2005 F3 CIBIO Rhagonycha hesperica Ribeira da Meimoa (Fundão) (PE34) 1 0 1 417 13-05-2006 F2 CGS Rhagonycha hesperica Ribeira da Meimoa (Fundão) (PE34) 5 0 5 417 13-05-2006 Tr CGS Rhagonycha hesperica Ribeiro da Azenha (Peroviseu, Fundão) (PE35) 1 0 1 483 01-05-2006 F1 CGS Rhagonycha hesperica Ribeiro da Azenha (Peroviseu, Fundão) (PE35) 5 4 1 483 09-05-2006 F1 CGS Rhagonycha hesperica Ribeiro da Azenha (Peroviseu, Fundão) (PE35) 4 2 2 483 09-05-2006 Tr CGS Rhagonycha hesperica Ribeiro da Azenha (Peroviseu, Fundão) (PE35) 1 1 0 483 09-05-2006 F2 CGS Rhagonycha hesperica Inguias (Belmonte) (PE46) 1 1 0 18-05-1962 F2 CGS Rhagonycha hesperica Lisboa (qc MC88) 1 1 0 23-04-1979 F3 CAS Rhagonycha hesperica Herdade da Ribeira Abaixo (Grândola) (NC31) 3 2 1 22-04-1998 F3 CAS Rhagonycha hesperica Montes Juntos (Avis) (PC46) 1 1 0 28-04-1979 F3 CAS Rhagonycha hesperica Vertente sul da Fóia (Monchique) (NB32) 1 1 0 760 04-05-2001 F3 CPH Rhagonycha iberica Margem da ribeira de S. Simão (Viana do Castelo) (NG21) 3 0 3 7 15-05-2006 CIBIO Rhagonycha iberica Vilela (Arcos de Valdevez) (NG44) 1 0 1 17-05-1978 CAS Rhagonycha iberica Cerca de 1 Km a sul de Apúlia (Esposende) (NF19) 1 0 1 22 17-05-2006 CIBIO Rhagonycha iberica Salreu (Estarreja) (NF30) 1 1 0 10 28-04-2005 CGS Rhagonycha iberica Paúl de Arzila (Coimbra) (NE34) RNPA 8 5 3 35 05-04-2006 CIBIO Rhagonycha iberica Quinta das Lágrimas (Coimbra) (NE45) 1 0 1 20 04-04-2004 CGS

Page 162: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

Rhagonycha iberica Covão da Ponte (Manteigas) (PE27) PNSE 4 2 2 955 16-05-2002 CGS Rhagonycha iberica Quinta do Fragusto (Guarda) (PE37) PNSE 5 3 2 983 25-05-2004 CIBIO Rhagonycha iberica Junto ao Moinho do Bufo (Guarda) (PE38) PNSE 6 4 2 709 27-05-2004 CIBIO Rhagonycha iberica Junto à Quinta da Requeixada (Celorico da Beira) (PE39) PNSE 1 0 1 822 26-05-2004 CIBIO Rhagonycha iberica Paúl da Marmeleira (Rio Maior) (ND14) 3 1 2 16 16-04-2006 CGS Rhagonycha iberica Convento da Arrábida (Setúbal) (NC05) PNArr 3 2 1 240 12-03-1979 CAS Rhagonycha iberica S. Torpes (Sines) (NB19) PNSACV 1 1 0 04-04-1980 CAS Rhagonycha iberica 3 km a oeste de Aljezur (NB23) PNSACV 1 1 0 50 29-04-2001 CPH Rhagonycha opaca Fonte de Lamas (Terras de Bouro) (NG61) PNPG 3 1 2 782 01-05-2006 CGS Rhagonycha opaca Próximo da Fonte do Suadomo (Terras de Bouro) (NG62) PNPG 1 1 0 770 02-05-2003 CGS Rhagonycha opaca Soutelo (Ponte da Barca) (NG63) PNPG 3 1 2 250 15-04-2003 CGS Rhagonycha opaca Ponte junto a Pousios (Melgaço) (NG64) PNPG 1 1 0 790 30-04-2002 CGS Rhagonycha opaca Pedra Bela (Terras de Bouro) (NG71) PNPG 2 1 1 820 03-05-2003 CGS Rhagonycha opaca Pedra Bela (Terras de Bouro) (NG71) PNPG 3 2 1 820 13-05-2006 CGS Rhagonycha opaca Cascata do Arado (Terras de Bouro) (NG71) PNPG 1 1 0 720 01-05-2006 CGS Rhagonycha opaca Entre a Fonte da Abilheira e Água de Pala (Terras de Bouro) (NG72) PNPG 1 1 0 850 30-05-2002 CGS Rhagonycha opaca Arredores de Covelães (Montalegre) (NG92) PNPG 1 1 0 900 28-05-2002 CGS Rhagonycha opaca Ponte do Couço (Moimenta, Vinhais) (PG64) PNM 3 3 0 762 02-06-2005 CIBIO Rhagonycha opaca Pinhão (Sabrosa) (PF26) 1 1 0 CCB Rhagonycha opaca Pinhão (Sabrosa) (PF26) 2 nd nd CCB Rhagonycha opaca Junto à barragem do Covão de Ferro (Covilhã) (PE16) PNSE 1 1 0 1497 20-05-2005 CIBIO Rhagonycha opaca Ponte sobre a ribeira da Malhada Velha (Gouveia) (PE17) PNSE 2 2 0 993 11-05-2004 CIBIO Rhagonycha opaca Albarcãs (vale do rio Zêzere, Manteigas) (PE26) PNSE 2 2 0 1079 21-04-2003 CIBIO Rhagonycha opaca Albarcãs (vale do rio Zêzere, Manteigas) (PE26) PNSE 1 1 0 1079 13-04-2005 CIBIO Rhagonycha opaca Junto a Malhada Alta (Manteigas) (PE26) PNSE 1 1 0 1448 18-05-2005 CIBIO Rhagonycha opaca Entre o Covão da Ponte e Portela (Gouveia) (PE28) PNSE 5 4 1 1100 24-04-2003 CIBIO Rhagonycha opaca Margem do rio Mondego, entre Videmonte e Trinta (Guarda) (PE38) PNSE 1 1 0 737 26-05-2004 CIBIO Rhagonycha opaca Junto ao Moinho do Bufo (Guarda) (PE38) PNSE 1 1 0 709 27-05-2004 CIBIO Rhagonycha opaca Arrábida (Setúbal) (MC95) PNArr 1 1 0 10-05-1978 CAS Rhagonycha ornaticollis S. Martinho de Antas (Sabrosa) (PF16) 3 0 3 Rhagonycha patricia S. Martinho de Antas (Sabrosa) (PF16) 3 0 3 CCB Rhagonycha patricia Bairro Flor da Rosa (Vila Nova de Foz Côa) (PE54) 1 0 1 419 17-05-2005 CGS Rhagonycha patricia Margem norte da Barragem do Arroio (Torre de Moncorvo) (PF65) 4 0 4 453 10-05-2005 CIBIO Rhagonycha patricia Coimbra (NE45) 2 0 2 CCB Rhagonycha patricia Margem da ribeira de Linhares (Celorico da Beira) (PE29) PNSE 1 0 1 495 13-06-2005 CIBIO

Page 163: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

Rhagonycha patricia Carvoeiro (Mação) (ND98) 1 0 1 25-05-1980 CAS Rhagonycha quadricollis Sendim (Miranda do Douro) (QF18) PNDI 3 3 0 720 09-04-1996 CGS Rhagonycha quadricollis Santa Rita (Convento da Formiga, Valongo) (NF36) 1 1 0 150 14-08-2004 CGS Rhagonycha quadricollis Quinta da Ervamoira (Vila Nova de Foz Côa) (PF54) 3 3 0 29-03-1999 CGS Rhagonycha quadricollis Mendiga (Porto de Mós) (ND17) PNSAC 1 1 0 04-05-1978 CAS Rhagonycha quadricollis Arrábida (Setúbal) (MC95) PNArr 7 7 0 12-03-1979 CAS Rhagonycha quadricollis ½ Km a sul de Javali (S. Brás de Alportel) (NB92) 2 1 1 510 09-04-2000 CPH Rhagonycha querceti Portugal 2 0 2 MNCN Rhagonycha striatofrons Próximo de Gondesende (Bragança) (PG73) PNM 1 1 0 789 05-06-2005 CIBIO Rhagonycha striatofrons Junto à barragem de Vale do Rossim (Gouveia) (PE17) PNSE 2 2 0 1430 08-06-2005 CIBIO Rhagonycha striatofrons Fonte Santa (Manteigas) (PE27) PNSE 2 2 0 849 11-05-2004 CIBIO Rhagonycha striatofrons Sítio do Troval (Manteigas) (PE27) PNSE 2 1 1 1063 01-06-2004 CIBIO Rhagonycha striatofrons Junto à foz do ribeiro do Salgueiro (Gouveia) (PE27) PNSE 3 1 2 1278 11-07-2005 CIBIO Rhagonycha striatofrons Arrábida (Setúbal) (MC95) PNArr 3 2 1 13-04-1978 CAS Rhagonycha striatofrons Arrábida (Setúbal) (MC95) PNArr 2 2 0 10-05-1978 CAS Rhagonycha varians Parâmio (Bragança) (PG74) PNM 1 1 0 851 03-06-2005 CIBIO Rhagonycha varians Alto do Vale Redondo (Mêda) (PF42) 1 1 0 493 17-05-2005 CGS Rhagonycha varians Próximo de Freixo de Numão (Vila Nova de Foz Côa) (PF44) 3 2 1 450 01-06-2005 CIBIO Rhagonycha varians Senhora do Campo (Almendra, Vila Nova de Foz Côa) (PF64) 1 0 1 177 11-05-2005 CIBIO Rhagonycha varians Margem norte da Barragem do Arroio (Torre de Moncorvo) (PF65) 3 3 0 453 10-05-2005 CIBIO Rhagonycha varians Ribeira da Meimoa (Fundão) (PE34) 1 0 1 417 11-06-2005 CIBIO Rhagonycha varians Junto a Casteleiro (Sabugal) (PE56) 1 1 0 573 11-06-2005 CGS Rhagonycha varians Rio de Mouro (Sintra) (MC79) 1 1 0 30-04-1961 CGS Rhagonycha varians Tapada de Vila Viçosa (PC39) 2 1 1 25-04-1980 CAS Rhagonycha varians Montes Juntos (Avis) (PC46) 1 1 0 29-04-1979 CAS Rhagonycha varians Rosário (Alandroal) (PC47) 1 1 0 27-04-1981 CAS Rhagonycha varians 3 km a oeste de Aljezur (NB23) PNSACV 1 1 0 50 25-04-2001 CPH Rhagonycha varians 3 km a oeste de Aljezur (NB23) PNSACV 1 1 0 50 29-04-2001 CPH Rhagonycha varians ½ Km a sul de Javali (S. Brás de Alportel) (NB92) 1 1 0 510 09-04-2000 CPH Rhagonycha varians Ponte da Esteveira (Castro Marim) (PB32) RNSCM 1 1 0 19-05-1982 CAS Rhagonycha varians 1 Km a este de Ludo (NA99) PNRF 1 1 0 5 15-04-2000 CPH

Page 164: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

ANEXO 2

Page 165: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

ANEXO 2: Lista e respectivas siglas das 14 Áreas Protegidas das quais foi estudado material e/ou existem citações bibliográficas de espécies do género Rhagonycha.

Área Protegida Sigla Parque Nacional da Peneda-Gerês PNPG Parque Natural da Arrábida PNArr Parque Natural da Ria Formosa PNRF Parque Natural da Serra da Estrela PNSE Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros PNSAC Parque Natural de Montesinho PNM Parque Natural de Sintra-Cascais PNSC Parque Natural do Alvão PNAlv Parque Natural do Douro Internacional PNDI Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina PNSACVParque Natural do Vale do Guadiana PNVG Reserva Natural do Paúl de Arzila RNPA Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António RNSCMReserva Ornitológica de Mindelo ROM

Page 166: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

ANEXO 3

Page 167: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

ANEXO 3: Resultados do estudo da fauna portuguesa de Rhagonycha ao nível da inventariação da fauna das Áreas Protegidas (siglas no Anexo 2). Os registos estão divididos em três categorias: “N” - novidade para a AP; “C” - confirmação da presença na AP; “B” - presença na AP registada na bibliografia mas não confirmada no presente estudo. Os valores apresentados nas três últimas linhas da coluna “Total” referem-se ao número de Áreas Protegidas com registos antes do presente estudo, com novidades neste estudo e com registos de pelo menos uma espécie de Rhagonycha no final deste estudo.

Espécie PNAlv PNArr PNDI PNM PNPG PNRF PNSAC PNSACV PNSC PNSE PNVG RNSCM RNPA ROM Total Rhagonycha fulva C N C N B C N N 8 Rhagonycha galiciana N C B C 4 Rhagonycha genistae N N N 3 Rhagonycha hesperica N B N N N B B C N 9 Rhagonycha iberica C N B C N 5 Rhagonycha martini 0 Rhagonycha opaca C C N B N 5 Rhagonycha ornaticollis 0 Rhagonycha patricia B 1 Rhagonycha plagiella B 1 Rhagonycha quadricollis N N N 3 Rhagonycha querceti 0 Rhagonycha striatofrons N N N 3 Rhagonycha varians N N N B N 5

Riqueza antes do estudo 0 4 0 1 2 0 0 1 5 7 0 0 0 0 6 Número de novidades 1 2 2 6 3 2 1 2 0 3 1 2 1 1 13

Riqueza específica 1 6 2 7 5 2 1 3 5 10 1 2 1 1 14

Page 168: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

ANEXO 4

Page 169: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

ANEXO 4: Aspecto exterior dos imagos da maioria das espécies analisadas.

Figura A: Rhagonycha fulva (Scopoli, 1763). Figura B: Rhagonycha genistae (Kiesenwetter, 1866).

Figura D: Rhagonycha hesperica Baudi, 1859 (forma 3).

Figura C: Rhagonycha hesperica Baudi, 1859 (forma 1).

Page 170: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

Figura E: Rhagonycha iberica Dahlgren, 1975.

Figura F: Rhagonycha opaca Mulsant, 1862.

Figura G: Rhagonycha ornaticollis Marseul, 1864 sensu Barros.

Figura H: Rhagonycha patricia (Kiesenwetter, 1866) sensu Barros.

Page 171: Revisão da fauna do género Rhagonycha (Insecta, … elaboradas fichas monográficas sobre cada uma das espécies inventariadas, contendo secções como a caracterização dos adultos,

Figura I: Rhagonycha quadricollis Kiesenwetter, 1852

Figura M: Rhagonycha varians (Rosenhauer, 1856).

Figura L: Rhagonycha striatofrons Dahlgren, 1972

Figura J: Rhagonycha querceti (Kiesenwetter, 1866) sensu Colecção do Museo Nacional de Ciencias Naturales.