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CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM - CIEPH CURSO DE ESPECIALIÇÃO EM ACUPUNTURA SABRINA DE OLIVEIRA FRANCISCO REVISÃO COMPARATIVA DA UVEÍTE SEGUNDA MEDICINA OCIDENTAL E A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA CRICIÚMA, SETEMBRO DE 2008.

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CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM - CIEPH

CURSO DE ESPECIALIÇÃO EM ACUPUNTURA

SABRINA DE OLIVEIRA FRANCISCO

REVISÃO COMPARATIVA DA UVEÍTE SEGUNDA MEDICINA

OCIDENTAL E A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

CRICIÚMA, SETEMBRO DE 2008.

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SABRINA DE OLIVEIRA FRANCISCO

REVISÃO COMPARATIVA DA UVEÍTE SEGUNDA MEDICINA

OCIDENTAL E A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro

integrado de pesquisa do homem (CIEPH), para obtenção

de Titulo de especialista em acupuntura sob orientação de

Professora Dra. Tayana Costa.

CRICIÚMA, SETEMBRO DE 2008.

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“Na calma pacífica,

No vazio e no nada,

O autêntico Qi

Corre docemente.

As essências e os espíritos

Ficam preservados.

Como poderiam surgir doenças?”

Cânone do Imperador Amarelo.

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SABRINA DE OLIVEIRA FRANCISCO

REVISÃO COMPARATIVA DA UVEÍTE SEGUNDA MEDICINA

OCIDENTAL E A MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

BANCA EXAMINADORA

Tayana Costa

Prof (a). Nome Orientador(a)

Marcelo Oliva

Prof (o). Nome

Kris Marcel Artieiro da Silva

Prof (o). Nome

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente, por ter me dado vida, saúde, proteção e por ter

me iluminado nos momentos de dúvidas e incertezas.

A minha família por estarem do meu lado me apoiando em todo o momento, por

estarmos juntos passando por cima de todas as barreiras encontradas e mesmo com as

dificuldades financeiras sempre deram prioridade para os estudos de seus filhos.

Ao meu namorado por muitas vezes ter me ausentado por causa dessa

especialização e mesmo assim me apoiado incondicionalmente.

A minha orientadora Tayana Costa (Tay), pela paciência, pelas orientações e por

estar junto me apoiando incondicionalmente nesse trabalho.

Aos meus verdadeiros amigos e aos que conheci durante essa jornada, e também

alguns familiares que estão sempre ao meu lado me apoiando, cada um com sua característica

marcante: Daiana Civieiro, Aline Schulz Moreira Cabreira, Silvana Margheti, André Fausto,

Edna Motta Fernandes e família, Tita Motta e família.

E aos professores que durante esses anos, passaram tanto nas aulas, como no

estágio seus conhecimentos para nossa cultura, sabedoria, ...

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SUMÁRIO

Lista de Siglas …………………………………………………...… 08

Lista de Tabelas .................................................................................. 09

Lista de Figuras .................................................................................. 10

Lista de Apêndice ............................................................................... 11

1.0 INTRODUÇÃO .................................................................................. 12

1.1 Delimitação do problema ...................................................................... 12

1.2 Objetivo Geral ...................................................................................... 13

1.3 Objetivos Específicos ........................................................................... 13

1.4 Justificativa ........................................................................................... 13

2.0 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................. 16

2.1 UVEÍTE NA MEDICINA OCIDENTAL (MO) .................................. 16

2.1.1 Anatomia do trato uveal na medicina ocidental (MO) ......................... 16

2.1.2 Conceito e classificação na MO ........................................................... 18

2.1.3 Anamnese e diagnóstico na MO ........................................................... 25

2.1.4 Sinais e sintomas da uveíte na MO ....................................................... 27

2.1.5 Teste laboratoriais e radiológicos na MO ............................................. 32

2.1.6 Tratamento e prognostico da uveíte na MO ......................................... 33

2.2 Oftalmologia na Medicina Tradicional Chinesa (MTC) ................. 34

2.2.1 Meridianos e o olho na MTC ................................................................ 34

2.2.2 Anatomia da região da cabeça e face na MTC ..................................... 36

2.2.3 Semiologia na MTC .............................................................................. 37

2.2.4 Diagnóstico na MTC ............................................................................ 41

2.2.5 Princípios Terapêuticos na MTC .......................................................... 42

2.2.6 Mecanismo de ação da Acupuntura na Medicina científica ................. 43

2.2.7 Vantagens, desvantagens e precauções da Acupuntura na

Oftalmologia .........................................................................................

44

2.3 Uveíte na MTC .................................................................................... 45

2.3.1 Etiologia da uveíte na MTC .................................................................. 45

2.3.2 Clínica e tratamento da uveíte na MTC ................................................ 50

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2.4 DISCUSSÃO ....................................................................................... 53

3.0 METODOLOGIA ............................................................................... 56

3.1 Caracterização da Pesquisa ................................................................... 56

3.2 Coleta de dados ..................................................................................... 56

4.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 57

5.0 REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO ............................................... 59

APÊNDICE ......................................................................................... 65

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LISTA DE SIGLAS

BP ................ Baço-Pâncreas (Zu Tai Yin).

Bx ................. Bexiga (Zu Tai Yang).

C ................... Coração (Shou Shao Yin).

CS ................ Centro Sexual (Shou Jue Yin).

E ................... Estômago (Zu Yang Ming).

EPR .............. Epitélio pigmentar da retina.

F ................... Fígado (Zu Jue Yin).

F.T.M. .......... Fuso Tendinomuscular.

Fg ................. Fogo.

HLA ............. Antigénios leucocitários humanos.

ID ................. Intestino Delgado (Shou Tai Yang).

IG ................. Intestino Grosso (Shou Yang Ming).

M.C. ............. Meridiano Curioso.

M.D. ............. Meridiano Distinto.

MO ............... Medicina Ocidental.

M.P. .............. Meridiano Principal.

MTC ............. Medicina Tradicional Chinesa.

P …………... Pulmão (Shou Tai Yin).

PC ................ Pontos Curiosos.

PN ................ Pontos Novos.

R ................... Rim (Zu Shao Yin).

TA ................ Triplo Aquecedor (Shou Shao Yang).

VB ................ Vesícula Biliar (Zu Shao Yang).

VG Vaso Goncepção (Du Mai).

VC Vaso Covernador (Ren Mai).

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LISTA DE TABELAS

01 Diferenciação entre uveítes granulomatosas e não-granulomatosas .... 19

02 Causas das uveítes posteriores não-infecciosas mais freqüentes .......... 22

03 Sinais e sintomas dependendo do local e patologia .............................. 28

04 Testes laboratoriais e exames radiológicos na uveíte ........................... 32

05 Anatomia dos meridianos nos membros corporais ............................... 37

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LISTA DE FIGURAS

01 Anatomia do Trato uveal ...................................................................... 16

02 Uveíte anterior com hipópio inflamatório ............................................ 20

03 Anatomia e classificação na Uveíte ...................................................... 22

04 Uveíte posterior .................................................................................... 26

05 Congestão ocular .................................................................................. 27

06 Ceratite estromal imune ........................................................................ 31

07 Esclerite Infecciosa ............................................................................... 31

08 Representação antiga dos pontos da face ............................................. 36

09 Trajetos perioculares dos meridianos principais, curiosos e

secundários ...........................................................................................

38

10 Anatomia do olho de visão frontal na MO ........................................... 38

11 Anatomia do olho de visão frontal na MTC ......................................... 39

12 Visão frontal com seus pontos regulares, curiosos e novos da região

óculo-orbitária ......................................................................................

39

13 Pontos da região da face ....................................................................... 52

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LISTA DE APÊNDICE

01 Corticóides ............................................................................................ 66

02 O efeito imunossupressão e imunossupressor ...................................... 73

03 Cuidados e recomendações com corticoterapia e a imunossupressão . 77

04 Pontos indicados para utilização na acupuntura nos sintomas e sinais

da uveíte ................................................................................................

79

05 Referencial Bibliográfico complementar .............................................. 85

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1.0 INTRODUÇÃO

1.1 Delimitação do Problema

Segundo a Medicina ocidental (MO), dentro dos olhos existem um conjunto de

estruturas que são a íris (parte colorida dos olhos), corpo ciliar (produz o humor aquosos,

líquido que preenche a parte anterior do olho) e a coróide (parte vascular situada adjacente à

retina). Estas 3 estruturas compõem o Trato Uveal ou a Úvea (PEIXOTO, 2006). Os processo

inflamatórios dessas regiões, podem ser de origem exógena ou endógena; a mais freqüente

doença nessa região é a Uveíte. O nervo óptico e a retina também podem ser afetados. É uma

importante causa da morbidade ocular e cegueira em vários países (SOUZA, 1997).

As uveítes em geral têm prevalência estimada de 35 a 40 por 100.000 habitantes e

incidência anual de 15 a 20 por 100.000 habitantes (TREVISANI, MATOS, ESTEVES, et al,

1999).

Com base na localização anatômica da inflamação, as uveítes podem ser

classificadas em quatro grupos: uveíte anterior, uveíte intermediária, uveíte posterior e uveíte

difusa ou pan-uveíte (DIMANTAS, LOWDER E MUCCIOLI, 2003).

O tratamento da Uveíte na MO está centrado no uso de corticosteróides (Apêndice

1) e imunossupressores (Apêndice 2). No caso de história de traumatismo ocular, deve-se

tomar cuidado em descartar a possibilidade de defeito epitelial e ruptura global. Também se

deve verificar a sensibilidade da córnea e a pressão intra-ocular para destacar a infecção por

herpes simples ou herpes zoster. A catarata e o glaucoma são as complicações mais comuns

da terapia por corticosteróides. Os cicloplégicos reduzem a acomodação e podem ser

particularmente incômodos para pacientes com menos de 45 anos de idade. A evolução e o

prognóstico da uveíte dependem muito da gravidade, localização e da causa da inflamação. O

tratamento da inflamação grave dura mais tempo, havendo maior probabilidade de causar

lesão intra-ocular e perda da visão do que a inflamação moderada e leve; a uveíte anterior

responde mais prontamente que a intermediária, a posterior ou a difusa. O comprometimento

da retina, coróide, ou nervo óptico tende a ser associado ao mal prognóstico

(CUNNINGHAM e CRAWFORD, 2003).

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é um sistema que considera o corpo

humano como um todo e como parte da natureza. A idéia básica e o princípio norteador da

medicina chinesa são o seguinte: a saúde é um estado de equilíbrio, ao passo que a doença é

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um distúrbio desse equilíbrio. Todos os esforços de um profissional oriental são orientados à

recuperação do equilíbrio. Para estabelecer o estado de harmonia, são usadas várias

abordagens terapêuticas, tais como: fitoterapia, acupuntura, moxabustão, Tui Na, exercícios

mente / corpo e as terapias dietéticas chinesas (BRATMAN, 1998; LAO, 2001).

Na MTC o tratamento é realizado através dos pontos pela acupuntura, nos quais

são selecionados de acordo com os sintomas específicos. A MTC define esses pontos e a eles

atribui funções. As indicações para o uso de tais pontos podem ser freqüentemente confusas e

contraditórias também, já que um mesmo ponto é recomendado para vários desequilíbrios

energéticos diferentes, isso porque a prescrição depende do estado de equilíbrio interno

percebido e o sistema toma o estímulo necessário a partir da inserção da agulha (HOPWOOD,

LOVESEY, MOKONE, 2001).

Dado o exposto patologia e tratamento da uveíte na MTC e na MO quer se

investigar através de uma revisão de literatura, como a medicina ocidental explica a uveíte,

como essa patologia é vista pelo ângulo da MTC, e se existe eficácia na literatura do

tratamento desta patologia com acupuntura.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Revisar bibligráficamente a uveíte na MTC e MO, suas etiologias e tratamento.

1.2.2 Objetivos específicos

­ Definir a uveíte na medicina ocidental;

­ Definir a uveíte na Medicina tradicional Chinesa;

­ Revisar as etiologias e o tratamento da uveíte na MO;

­ Revisar as etiologias e o tratamento da uveíte na MTC.

1.3 Justificativa

Nas últimas três décadas, um incremento progressivo da pesquisa em acupuntura

trouxe provas científicas dos seus mecanismos neurobiológicos e das suas aplicações clínicas.

Estudos realizados por vários autores têm demonstrando que os pontos de acupuntura

relacionam-se com os nervos periféricos e, também, com a atividade do sistema nervoso

autônomo, via ramo dorsal do nervo espinhal. Assim, existe relação dos pontos de acupuntura

com as terminações nervosas estimuladas, tendo influência na neurofisiologia dos nervos

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espinhais localizados no corpo. Além dos estímulos provocados pela agulha de acupuntura

nos receptores, os estudos têm mostrado os efeitos do microtrauma produzido durante a

penetração e manipulação da agulha. A lesão microscópica provoca a estimulação dos

sistemas inflamatórios e imunológicos, ocorrendo um processo de vasodilatação local que

promove mudanças no tônus do sistema nervosos autônomo, repercutindo no arco reflexo

medular (SAIDAH, CHUEIRE, REJAILI, et al, 2003; BELLOTTO, MARTINS,

AKERMAN, 2005).

O olho tem uma forma muito parecida com uma bola de tênis, oco por dentro e

com três camadas de tecido à volta da cavidade central. A camada externa é a esclera (a parte

branca do olho), e a mais profunda é a retina (um tecido que dá origem a imagens na parte de

trás do olho tal como um filme numa máquina fotográfica). A camada do meio entre a esclera

e a retina é chamada a uvea, da palavra Grega "uvea" que quer dizer uva, pois parece-se muito

como uma uva descascada. Quando a uvea fica inflamada, a condição é chamada Uveíte. A

uvea contêm muitos vasos sanguíneos que alimentam o olho. Uma inflamação da uvea pode

afectar a córnea, a retina, a esclera e outras partes vitais do olho. Porque a uvea está

relacionada com partes importantes do olho, uma inflamação desta camada pode pôr em

perigo a visão e ser mais grave do que a maioria das inflamações das camadas externas do

olho.

Na MO e na MTC a uveíte se caracteriza com os seguintes sintomas: dor,

fotofobia1, lacrimejamento, congestão ocular, olhos brancos, ptose

2. Podendo seus sintomas

também estar associados a outras doenças tais como: como do vírus da herpes zoster, um

fungo (como histoplasmoses), um parasita (como toxoplasmose), artrite, entre outras podendo

surgir em conseqüência de um traumatismo do olho ou ainda pode resultar devido a um

ferimento grave no outro olho (oftalmia simpática). Na maior parte das vezes, não se

consegue detectar a causa ou a associação.

As doenças inflamatórias oculares têm alta morbidade, com até 22% evoluindo

para a cegueira uni ou bilateral. As uveítes podem ser restritas aos olhos ou fazer parte de uma

doença inflamatória sistêmica (aproximadamente 40% dos casos), onde na maior parte das

vezes a causa é aparente através de uma história clínica e exame físico completos.

(PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS, 2004).

1 Fotofobia – temor da luz. Fonte: SILVA, 2005.

2 Ptose – queda ou posicionamento anormalmente baixo de um órgão em conseqüência do relaxamento dos seus

meios de sustentação. Fonte: SILVA, 2005.

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Queremos levantar dados sobre as possíveis causas da uveíte na MTC. Não se sabe

de muitos relatos na nossa MO, de acupuntura e uveíte associadas; com esse intuito esse

trabalho se justifica para analisar e levantar e sugerir dados sobre a uveíte na MTC.

Esse trabalho vem com a idéia de comparar as visões ocidental e oriental no sua

definição, sua etiologia, sintomatologia da uveíte, tendo a acupuntura como um novo

tratamento, com menos efeitos colaterais e tratando o corpo como um todo.

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2.0 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Uveíte na Medicina Ocidental (MO)

2.1.1 Anatomia do Trato uveal na MO

O trato uveal começa a se formar na camada mesênquimal junto à camada externa

do cálice óptico, pelo segundo mês de vida embrionária, começa a tomar a forma de um plexo

vascular, que será a futura úvea, seus vasos nutridores, artérias ciliares posteriores e anteriores

e seu sistema de drenagem, representando, no adulto, pelas veias vorticosas.

No quinto mês, as diferentes camadas da úvea já são definidas e esta começa a

adquirir sua pigmentação característica, com a presença dos melanossomas primitivos, no

sétimo mês da vida fetal (SOUZA, 1997). Está relacionada à nutrição e inervação do olho, ao

fenômeno da acomodação, aos movimentos da pupila e à formação e circulação do humor

aquoso (REHDER e BELFORT, 1987; DOME, 1999).

A túnica média ou a uveal consiste em três divisões: a coróide (parte posterior),

corpo ciliar (parte intermediária) e a íris (parte anterior); ela é a camada vascular média do

olho e é protegida pela córnea e pela esclera (REHDER e BELFORT, 1987; CUNNINGHAM

e CRAWFORD, 2003; VAUGHAN, EVA, ASBURY, 2003).

Figura 01: Anatomia do Trato uveal:

Observar as três partes do trato uveal: Coróide, Corpo ciliar e a Íris. Fonte: BERKOW, 2006.

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A coróide é o revestimento médio do globo ocular, que se estende entre a retina e a

esclera, de origem mesodérmica. Formada primariamente de vasos sangüíneos supridos pelas

artérias ciliares curtas, por isso se dá a coloração avermelhada do fundo do olho. É dividida

em cinco camadas: Supracoróide (ou lâmina fusca é avascular, conecta a esclera à coróide e é

composta de fibras lamelares finas, elásticas e colagenosas), Camada de Haller (localizada

perto da esclera, contém veias grandes, sem válvulas, que levam às veias vorticoses), Camada

de Sattler (veias de tamanho médio, arteríolas e estroma colagenoso caracterizado por

numerosas fibras elásticas, melanócitos e fibroblastos), Coriocapilar (rede fina, plana e densa

de capilares grandes interligados, retratam uma artéria alimentadora no seu centro e uma veia

de drenagem na sua periferia) e Membrana de Brush (também conhecida como lâmina basalis

ou lâmina vítrea, é aparte mais interna da coróide, separa os coriocapilares do epitélio

pigmentar da retina (EPR), possui cinco camadas: cuticular, colagenosa interna, elástica,

colagenosa externa, membrana basal da coriocapilar). Ela é comparada a um tecido

cavernoso, como o encontrado no trato genital, não apresentando, portanto uma espessura

definida. Constitui-se na parte mais vascular importante do olho; pois é suprida pelas grandes

artérias ciliares posteriores, as quais mantêm o trato da úvea anterior, e pelas pequenas

artérias ciliares posteriores, que mantêm o trato uveal posterior. Quando o fluxo sangüíneo

pela coróide pode variar com a pressão intra-ocular. Quando ocorre uma diminuição na

pressão intra-ocular, aumenta o fluxo sangüíneo, enquanto, após um aumento brusco na

pressão intra-ocular, pode-se observar uma diminuição no fluxo sangüíneo. Os nervos da

coróide são nervos simpáticos que passam pelo gânglio ciliar sem sinapse e estão distribuídos

para os pequenos nervos ciliares posteriores e os grandes nervos ciliares anteriores (REHDER

e BELFORT, 1987; PUTZ, 2001; THEO, 2002; OFTALMOLOGIA, 2004).

O corpo ciliar é a continuação da coróide, a mesma suspende o cristalino por meio

das fibras zonulares, que se inserem na cápsula do cristalino, aproximadamente uma forma

triangular em cone transversal, estende-se para frente da extremidade anterior da coróide até a

origem da íris (cerca de 6mm). Sua função é alterar o poder refrativo do cristalino

(acomodação), relaxando ou tencionando as zônulas de Zinn. Divide-se em região anterior ou

pars plicata e parte posterior ou pars plana. Ela está relacionada à produção de humor aquoso

com seus processos ciliares e seus epitélios de revestimento ciliar, enquanto a complexidade

da inserção das fibras do músculo ciliar no esporão escleral, e também nas malhas do sistema

de drenagem, correlaciona-se diretamente com o escoamento do humor aquoso (REHDER e

BELFORT, 1987; DONE, 1999; VAUGHAN, EVA, ASBURY, 2003; OFTALMOLOGIA,

2004).

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18

A íris origina-se do corpo ciliar, é a extensão anterior do cristalino e controla a

quantidade de luz que penetra no olho. Tem sua origem mesodérmica e neuroectodérmica.

Esta estrutura divide o espaço entre a córnea e o cristalino em câmaras anteriores (formada

por depressões ou falhas anatômicas chamada criptas irianas) e posteriores. A íris apresenta-

se como uma superfície plana, com uma abertura central redonda a pupila. Essa pupila regula

automaticamente a entrada de luz no olho, aumentando a profundidade do foco e reduz as

aberrações periféricas e cromáticas. Se ela é intensamente pigmentada em sua camada

externa, temos o olho de tonalidade marrom, se a pigmentação está presente apenas na

camada posterior, a íris aparece azulada ou de cor cinza. Entre essas camadas possui um

líquido chamado de estroma (dá a cor da íris), que trata-se de um tecido conjuntivo frouxo,

circundado por vasos em geral dispostos radialmente. A mesma possui células mioepiteliais

primitivas que circundam uma abertura central, conhecida como pupila (DOME, 1999; PUTZ,

2001; VAUGHAN, EVA, ASBURY, 2003; OFTALMOLOGIA, 2004).

2.1.2 Conceito e classificação na MO

Uveíte é um termo comumente utilizado pelos oftalmologistas para designar uma

inflamação intra-ocular. Significa inflamação do trato uveal, camada média do olho, composta

pela íris, corpo ciliar e coróide, podendo associar-se à inflamação de outras estruturas

oculares, como retina, nervo óptico, corpo vítreo, córnea e esclera; são responsáveis por 5 % a

20% das causas de cegueira na América do Norte. Pode ser uma manifestação de uma

enfermidade sistêmica, isto é, denominada uveítes associadas a doenças sistêmicas, cuja

incidência é variável; por outro lado, pode constituir bem definidamente com característica

clinicomorfológicas, uveíte oftalmológica específica que representa 20% do total de casos.

Em nosso meio, uveíte é o principal diagnóstico em indivíduos que freqüentam instituições

para reabilitação visual e é responsável por 4% dos atendimentos em serviço de urgência. Sua

incidência varia de 14 a 28 em 100 mil (PETRILLI e BELFORT, 1987; PÉREZ,

FERNANDEZ, LÓPEZ, 2003; GOUVEIA, YAMAMOTO, ABDALLA, et al, 2006).

Classificação conforme a anatomopatologia:

­ Granulomatosa: caracterizada pela tendência a formação de nódulos de íris

(Koeppe ou Bussaca); Causada por bactérias, vírus, fungos ou parasitas. Sempre que se

formam granulomas, ou seja, uma hiperplasia de histiócitos modificados, isto é, células

epitelióides, esta hiperplasia se faz contra agentes animados de baixa virulência (Sarcoidose,

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19

Hanseníase, Tuberculose, Sífilis, Vogt-Koyanagi-Harada, micoses, ...) (BURNIER, 1987;

DIMANTAS, LOWDER e MUCCIOLI, 2003).

­ Não granulomatosa: tem pequena ou nenhuma tendência à formação tanto de

nódulos quanto de precipitados ceráticos. Tipo de uveíte mais comum e pode afetar qualquer

parte da úvea (Síndrome de Bheçet, Iridocilite Heterocrônica de Fuchs, Herpes Zoster, ...)

(BURNIER, 1987; DIMANTAS, LOWDER e MUCCIOLI, 2003).

Tabela 01: Diferenciação entre uveítes granulomatosas e não-granulomatosas:

Não-granulomatosa Granulomatosa

Início Agudo Insidioso

Dor Acentuada Nenhuma ou mínima

Visão turva Moderada Acentuada

Rubor circun corneal Acentuada Moderado

Precipitado cerátiço Fino branco Grande cinza (gordura de carneiro)

Pupila Pequena e irregular Pequena e irregular (variável)

Sinéquia posterior Às vezes Às vezes

Nódulos na íris Ausentes Às vezes

Posição Anterior Anterior, posterior ou difusa

Evolução Aguda Crônica

Recidiva Comum Às vezes

Fotofobia Acentuada Moderada

Fonte: VAUGHAN, ASBURY, EVA, 2003.

Classificação conforme a localização:

­ Iridociclite: processo inflamatório anterior também podendo ser chamado de

uveíte anterior, comprometendo íris e corpo ciliar até o limite posterior da pars plicata,

geralmente, com dor, leve turvação da visão devido ao hipopion (camada de pus), fotofobia e

freqüentemente bilateral. Ao exame, encontramos exsudação protéica e celular na câmara

anterior. Sua base genética tem sido estudada e a associação do antígeno HLA-B273, embora

seja variável entre diferentes grupos étnicos, é considerada como elemento importante para o

diagnóstico dessa inflamação. Pois quando associada ao antígeno HLA-B27 estará associada a

doenças sistêmicas, como espondilite anquilosante, artrite psoriática e doença inflamatória

intestinal. Em pesquisas recentes destacam-se como principais etiologias a artrite reumatóide

juvenil, na faixa etária abaixo de 40 anos, e a espondiloartropatia, na faixa etária acima de 40

anos. A alta prevalência de artrite reumatóide juvenil em adultos entre 17 e 40 anos deve-se à

inclusão no estudo da idade atual e não da idade na qual a doença instalou. Na artrite

reumatóide juvenil, principalmente na forma pauci-articular, a uveíte anterior crônica,

3 HLA-B27 - Antígenos Leucocitários Humanos-B27. São proteínas que se localizam na superfície de todas as

células do organismo. Fonte: www.transplantes.pe.gov.br.

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freqüentemente bilateral, com ausência de sinais como hiperemia conjuntival, resultando num

diagnóstico tardio e com a presença de seqüelas que comprometem a função visual. Já nas

espondiloartropatias, a uveíte anterior aguda, recorrente, bilateral, porém assimétrica e

raramente simultânea (SOUZA, 1997; DIMANTAS, LOWDER e MUCCIOLI, 2003;

CATORZE, 2005; ALVES, MEYER, TORALLES, et al, 2006; GOUVEIA, YAMAMOTO,

ABDALLA, et al, 2006).

Figura 02: Uveíte anterior com hipópio4 inflamatório

Paciente com diagnóstico de uveíte na camada anterior do olho; observar a camada de hipópio (pus). Fonte:

MUCCIOLI, 2007.

­ Intermediária: também chamada de uveíte periférica, uveovitreíte basal, ciclite5

crônica, vitreíte6 e pars planitis. Sua etiologia é desconhecida, consiste numa inflamação

moderada do vítreo anterior, retina periférica e na região da pars plana, em geral é bilateral;

ocorre comumente em crianças saudáveis e em adultos jovens no inverno. Seu diagnóstico

nem sempre é fácil, pois geralmente não se há queixa clínica, a não ser quando ocorre edema

de mácula. Compreende a pars plana e a retina periférica até a inserção da hialóide. Há

formação de nódulos esbranquiçados, pouco exsudativos na ora serrata e pars plana, região de

difícil exame. Tem como sintomas principais a astenopia7, visão borrada, moscas volantes,

dor, vermelhidão, fotofobia, diminuição da visão e catarata (SOUZA, 1997; THEO, 2002;

DIMANTAS, LOWDER e MUCCIOLI, 2003; GOUVEIA, YAMAMOTO, ABDALLA, et al,

2006).

4 Hipópio – presença de pus da camada anterior do olho que surge após várias afecções locais.

5 Ciclite – inflamação do corpo ciliar do olho.

6 Vitreíte – inflamação do corpo vítreo.

7 Astenopia - cansaço ou enfraquecimento dos olhos causados pela fadiga dos músculos ciliares.

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­ Coriorretinite: Também conhecida como coroidite, coroideciclite8, coroidopatia

interna punctata, fibrose e uveíte progressiva sub-retiniana, pseudo-histoplasmose

inflamatória e uveíte posterior. Seu diagnóstico é usualmente clínico, com base na história

clínica e exame de fundo de olho; podem ser necessários exames laboratoriais para exclusão

de causas infecciosas. A condição pode ser aguda ou crônica, solitária ou múltipla, localizada

ou difusa, congênita ou adquirida. As inflamações da coróide, quase sempre, afetam a retina

com quadro clínico muito variável. Apresentam-se com lesão focal esbranquiçada com

exsudação de intensidade variável ao redor, podendo, pela turvação do humor vítreo,

determinar acentuada baixa visual, geralmente sem dor e hiperemia conjuntiva. No nosso

meio, o agente etiológico mais freqüente das coriorretinites é o toxoplasma gondii, Tem como

sintomas principais visão fora do foco e metamorfopsia, raramente ocorre flutuações,

escotoma9 ou fotopsia

10. Nesse tipo de inflamação ocorre um tipo muito raro que é a

Retinocoroidopatia “birdshot” é um tipo de uveíte de inflamação posterior, bilateral, crônica e

auto-imune. Caracteriza-se por pontos hipopigmentados difusos em epitélio pigmentar e

coróide, vitreíte e vasculopatia retiniana, levando a edema macular cistóide e papiledema; e

também outreo tipo raro é a esclerite posterior que é a inflamação da esclera posterior, inicia-

se com inflamação na região posterior do globo ocular ou resultando da esclerarite anterior

tem como manifetsações clínicas o quadro de dor periocular intensa, proptose11

, restrtição da

musculatura ocular extrínseca, baixa acuidade visual e associação com ersclerite anterior

(SOUZA, 1997; THEO, 2002; MANTOVAN, PINTO, SPILA, et al, 2004; ALVES, MEYER,

TORALLES, et al, 2006; PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS,

2004).

­ Panuveites – denominada inflamação global das 3 partes do trato uveal, contiui

20% de todos casos de uveites (PÉREZ, FERNANDEZ, LÓPEZ, 2003).

Podemos ainda classificar as uveítes segundo o seu curso clínico, baseando-se na

evolução doença:

Uveítes agudas, aquelas de curta duração, onde a inflamação dura até três

meses e, passada a crise, desaparece. Exemplo a uveíte anterior aguda que são as mais

freqüentes das inflamações do trato uveal, representando 30 a 70% de todas as uveítes. Em

cerca de 50% das uveítes anteriores não se conseguem evidenciar qualquer doença sistêmica

8 Coroideciclite – inflamação da coróide e do corpo ciliar. Fonte: SILVA, 2005.

9 Escotoma – múltiplos pontos luminosos no campo visual que lembram estrelinhas.

10 Fotopsia – distúrbio da visão que consiste na percepção de círculos coloridos, de relâmpagos, de faíscas, que é

observado em certas afecções da retina ou da coróide. Fonte: SILVA, 2005. 11

Proptose - Deslocamento do globo ocular para baixo, resultante de um distúrbio inflamatório da órbita ou

massa dentro da cavidade orbitária. Fonte: www.pdamed.com.br.

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associada, sendo estas denominadas uveítes anteriores idiopáticas. Dentro desse grupo, cerca

de 50% dos pacientes possuem o alelo de histocompatibilidade HLA-B27.

Tabela 02: Causas das uveítes posteriores não-infecciosas mais frequentes:

Doenças restritas aos olhos Doenças sistêmicas

Oftalmia simpatética

Pars planitis

Coroidopatia erm “birdhot”

Coroidopatia serpiginosa

Coroidopatia punctata interna

Neurorretinite de Leber

Necrose retiniana aguda

Artrite psoriática

Doença de Crohn

Retocolite ulcerativa

Doença de Behçet

Sarcoidose

Síndrome de Sjögren

Síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada

Sífilis

Esclerose múltipla

Policondrite recorrente

Fonte: PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS, 2004.

Figura 03: Anatomia e classificação na Uveíte

Observar a classificação por localização: anterior, intermediária e posterior. Fonte: FERREIRA. CARVALHO,

2007.

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Uveítes crônicas ou de longa duração, aquelas com evolução de mais de três

meses e como uveítes recidivantes, aquelas onde as crises se repetem (TREVISANI,

MATOD, ESTEVES, 1999; FURTADO, GUEDES, TÁVORA, 2000; DIMANTAS,

LOWDER e MUCCIOLI, 2003).

Podendo ainda ser classificada pela etiologia:

Uveíte exógena – causada por uma lesão externa no trato uveal, por invasão

externa de algum microorganismo, por trauma direto ou cirurgia. Podendo ser dividida em:

1) Aguda (supurativa) – conseqüência de lesões cirúrgicas, traumáticas ou

ulcerações da córnea e da esclera com ou sem perfuração;

2) Crônica - Não-granulomatosa – pode ser conseqüência da organização de um

processo agudo; - Granulomatosa – principais exemplos são a oftalmia simpática, os

processos inflamatórios granulomatosos do tipo corpo estranho, os após traumatismo e

cirurgias.

Uveíte endógena – constitui o grupo mais freqüente e possui variedades

etiológicas de localização e inflamação. Nas uveítes anteriores ela está associada ao HLA-

B27, artrites e espondiloartropatias; as uveítes intermediárias as mais freqüentes são as

idiopáticas, as vasculites e as doenças sistêmicas. E por última a uveíte posterior a mais

freqüente é por toxoplasmose, candidiase, citomegalovírus,... (PÉREZ, FERNÁNDES E

LÓPEZ, 2003; PETRILLI, BELFORT, 1987).

O dano visual é observado pela medida na variação da acuidade visual, pelas

alterações patológicas no eletrorretinograma ou eletroculograma ou por anomalias do campo

visual.

A etiologia da uveíte pode não ser estabelecida com exatidão, porém, muitos

casos, através de recursos clínicos, laboratoriais ou anatomopatológicos ela pode ser, se não

provada, pelo menos inferida com grande segurança (DIMANTAS, LOWDER e MUCCIOLI,

2003).

O quadro abaixo nos mostra os achados etiológicos mais freqüentes entre as

uveítes.

Origem Etiologia

Infecciosa Não-infecciosa

Exógena

Oftalmia simpática

Uveíte facogênica

Uveíte traumática

Endógena

Uveíte anterior

Protozoários

Taxoplasma

Tripanossoma

Ameba

Vírus

Traumática

Imunológica

Behçet

Reiter

Artrite reumatóide juvenil

Psoríase

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Uveíte intermediária

Uveíte posterior

Uveíte difusa

Herpes simples/zoster

Citomagalovírus

Rubéola

Sarampo

Bactérias

Tuberculose

Sífilis

Lepra

Leptospirose

Fungos

Cândida

Coccidioides

Criptococcus

Sporotrichium

Aspergillus

P. brasiliensis

Parasitas

Toxocara

Esquitossoma

Oncocerca

Cisticerco

Poliarterite nodosa

Colite ulcerativa com ou sem

espondilite

Wegener

Espondilite anquilosante

Associação a outra doença ocular

Esclerite

Ceratite

Neurite

Desconhecida

Sarcoidose

Vogt-Koyanagi-Harada

Behçet

Uveíte intermediária

Coroidopatia de Bitdshot

Iridoiclite heterocrômica de fuchs

Posner-Schlossman

Serpiginosa

EPMPA

Fonte: PETRILLI e BELFORT, 1987.

No quadro abaixo mostra os diferentes parâmetros que levamos em consideração

ao examinar um paciente como um todo através das várias classificações.

Anatômico Curso clínico Aspecto Clínico Peculiaridades Etiologias mais

freqüentes

Anterior

Irite

Iridociclite

Agudo

Crônico

Recidivante

Granulomatoso

Não-granulomatoso

Sexo

Raça

Idade

Geografia

Sócio-econômico

Bacteriana

Tuberculose

Sífilis

Hanseníase

Posterior

Retinite

Retinocoroidite

Coroidite disse-

Minada

Origem

Exógena

Endógena

Início

Repentino

Insidioso

Meio ambiente

Uni ou bilateral

Fatores

estressantes

Viral

Hepes simples/

Zoster

Citomegalovírus

Rubéola

Intermediária Uso de drogas AIDS

SSPE

Difusa Doença

associada

Ocular

Sistêmica

Micótica

Histoplasmose

Cocidioidomicose

Parasitaria

Esquistossomose

Toxoplasmose

Cisticercose

Oncocerose

Toxocaríase

Imunológica

Vasculite

Oftalmia simpática

Síndrome de

Behçet

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Artroplastia

Facogênica

Desconhecida

Ciclite

heterocrômica de

Fuchs

Uveíte

intermediária

Sarcoidose

EPMPA

Geográfica

Traumática

Fonte: PETRILLI e BELFORT, 1987.

2.1.3 Anamnese e Diagnósticos na MO

A história, o exame ocular e os exames complementares formam as três grandes

etapas do exame do paciente com uveíte. Quanto mais eficiente for a anamnese e o exame

ocular, mais específico serão os exames solicitados, procurando confirmar algumas hipóteses

diagnósticas já feitas.

É importante ressaltar o grande valor da anamnese nas uveítes, comparada às

outras doenças oculares. Há mais de 20 anos, sucessivos especialistas ressaltam que a

anamnese e o exame ocular são os mais importantes que os exames de laboratório no estudo

das uveítes.

A anamnese classicamente é dividida em várias etapas que são:

­ Identificação – identificação do paciente, incluindo: nome, idade, sexo, cor,

raça, procedência, profissão, número da ficha, data da consulta e endereço e telefone. A idade

foi considerada como fator principal na classificação das uveítes por Kimura e cols, que as

dividem em três grupos: do nascimento aos 15 anos, de 16 a 40 anos e acima dos 40 anos.

Estudaram as causas mais freqüentes em cada grupo etário, de acordo com o sexo e a

apresentação clínica. A incidência de uveítes em geral aproximadamente igual em ambos os

sexos, porém alguns tipos acometem principalmente sexo feminino. Alguns tipos de uveítes

são mais comuns em determinadas raças, como por exemplo as síndromes de Behçet e Vogts-

Koyanagi-Harada, que são mais comuns em orientais;

Queixa e duração;

História pregressa da moléstia atual – ela é obtida facilmente do paciente por

relacionar-se a fatos recentes, bem vivos em sua memória, devendo o oftalmologista orientar

as perguntas para caracterizar o tipo de uveíte.

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Hábitos pessoais – pois eles podem ter relação com certas formas de uveítes

como por exemplo: carnes cruas ou mal cozidas têm maior probabilidade de contaminarem-se

com Toxoplasma gondii, conviveu com animais observa-se associação de certas uveítes com

zoonoses;

Antecedentes pessoais – importante sabermos de doenças anteriores do

paciente, como por exemplo: tuberculose, pneumonia, reumatismo, alergias, amigdalites,

entre outras;

Antecedentes familiares – após sabermos dos antecedentes pessoais do

paciente, interrogá-lo sobre os antecedentes familiares (pais, filhos, tios, avós e primos). São

poucos os casos em que esses dados ajudam-nos, como por exemplo: tuberculoses, sífilis,

doenças reumáticas, toxoplasmose;

Interrogatório sobre diversos aparelhos – perguntamos sobre todos os sintomas

do organismo. Sugere-se seguir o roteiro clássico da “Francis I Proctor Foundation” de S.

Francisco, feito por Kimura, Hogan & O`Connor e adaptado ao nosso meio por Oréfice em

1972, com questionário entregue ao paciente, que vai assinalar sim ou não à direita da

pergunta, que é feita de forma popular para facilitar a compreensão pelo doente (NEUFELD e

BELFOT, 1987; PÉREZ, FERNÁNDEZ, LÓPEZ, 2003).

Figura 04: Uveíte posterior

Observar a uveíte posterior causada por protozoário toxoplasma Gondii é intracelular. Fonte: SANTOS, 2007.

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2.1.4 Sintomas e sinais da uveíte na MO

As uveítes possuem alguns sintomas e sinais clássicos que iremos citar abaixo:

Dor – sempre ocorre quando há irritação dos nervos ciliares, e com isso, há

uma dor localizada no globo ocular, a qual se irradia para as áreas periorbitárias e frontal. Ela

ocorre geralmente nas fases agudas:

Fotofobia – se comporta da mesma maneira que a dor;

Lacrimejamento – se comporta da mesma maneira que a dor;

Congestão ocular – pode ser restrita à região perilímbica ou estender-se por toda a conjuntiva

ocular, dependendo do grau de severidade da uveíte, tornando o olho de cor vermelha e

quemótico;

Congestão ocular – pode ser restrita à região perilímbica ou estender-se por

toda a conjuntiva ocular, dependendo do grau de severidade da uveíte, tornando o olho de cor

vermelha e quemótico;

Figura 05: Congestão ocular

Observar a congestão ocular ou hiperemia ocular em um paciente com uveíte. Fonte: PEIXOTO, 2007.

­ Olhos brancos – conhecida como inflamação branca, irite branca, porque os

olhos apresentam-se com uma tonalidade branca, porém, ao se estudar o segmento anterior do

globo ocular, vamos encontrar elementos sugestivos de um processo inflamatório uveal.

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Ptose – verifica-se a ptose da pálpebra superior, ela qual desaparece com o

abrandamento da sintomatologia ocular (ORÉFICE, 1987).

Tabela 03: Sinais e sintomas dependendo do local e patologia:

Local e Patologias Sinais e Sintomas

Cílios e supercílios Devem ser observados constantemente, pois alterações

são sinais onde uma possível entidade nosológica

dentro das uveítes, que é a síndrome uveomeníngea

que compreende oftalmia simpática.

Vitiligo Encontramos geralmente uma despigmentação da pele

ao redor dos olhos, portanto, nas pálpebras.

Córnea Edema de córnea - processo inflamatório da úvea, está

preso a dois mecanismo: o aumento da pressão intra-

ocular secundária e o desequilíbrio do complexo

endotélio-parênquimacorneano;

Dobras de Descemet – representam uma diminuição

da pressão intra-ocular e caractríza-se

biomicroscopicamente por duas linhas brilhanes

separadas por um espaço escuro;

Precipitação ceráticos – são depósitos de células e

fibrinas e se localizam na face posterior da córnea,

através das correntes térmicas;

Depósitos de pigmentos – deposição no endotélio

corneano ocorre nas severas iridociclites

granulomatosas.

Ceratopatias – presença de algumas formas específicas

e não específicas que vivem associadas à inflamação

uveal, sendo, às vezes, causa primária e, às vezes,

causa secundária no processo inflamatório uveal.

Humor Aquoso Constitui-se numa solução coloidal sendo por isso

regido pelas leis físico-químicas desta solução. Nele

podem-se ter as seguintes formas de solução coloidal:

líquido + proteína, líquido + células, líquido +

pigmentos, líquido + células (mista);

Coagulação do humor aquoso – é o acúmulo de

proteínas em forma gelatinosa.;

Hipópio – coleção enbranquiçada, localizada na parte

inferior da câmara anterior;

Hifema – coleção de sangue que se localiza na metade

inferior da câmara anterior.

Seios Camerular Nas fases agudas, a presença de sangue no canal de

Schlemm, edema da raiz da íris, finos depósitos

(células, pigmentos e fibrinas), localizados no

trabéculo escleral e raiz da íris, podendo-se, às vezes,

observar os vasos irianos localizados na raiz da íris.

Na fase de involução do processo inflamatório há o

desaparecimento desses elementos, porém, sempre

fica, como reliquat, um aumento de pigmentação na

porção próxima do anel de Schwalbe.

Pressão intra-ocular Nas iridociclites levam geralmente a baixa da pressão

intra-ocular. Mas a hipertensão intra-ocular, nas fases

agudas das uveites endógenas, é rapidamente

controlada, graças a medicação tópica. Porém, nas

formas crônicas da doença, esta é preocupante, pois

trata-se geralmente, de um bloqueio do sistema de

drenagem do humor aquoso.

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Íris Edema iriano – fases agudas do processo inflamatório

uveal com envolvimento do trato uvela anterior. A íris

funciona como uma verdadeira esponja, daí sua

capacidade de aumentar de espessura;

Hiperemia ou congestão vascular iriana – nos

processo inflamatórios agudos, com envolvimento do

trato uveal anterior, tem-se a observação dos vasos

radiários da íris localizados nos mesodermas, e esses

são mais visíveis na íris clara e nas regiões menos

densas da íris escura;

Despigmentação iriana – durante o processo

inflamatório uveal com comprometimento do trato

uveal anterior na fase aguda, assim como na crônica,

há uma mobilização de pigmento da íris, a qual leva á

formação de discromias sectorais e difusas do epitélio

pigmentar da íris e do mesoderma;

Nódulos Irianis – Abrange todas as lesões de aspecto

nodular localizados no mesoderma, ou no epitélio da

íris;

Sinéquias12

– toda vez que a íris se inflama,

possibilitama formação de exudatos que funcionam

como veículo de adesão entre a íris e a cristalóide

anterior, córnea, trabéculo escleral, e, nas afasias com

a membrana posterior do cristalino e com a face

anterior da lente intra-ocular;

Atrofia iriana – processo iriano depende da gravidade

e da duração do mesmo, pode levar a alterações do

estroma, da íris, dos vasos e do epitélio pigmentar. A

Atrofia iriana pode ser apresentada sob os seguintes

aspectos: difusa, sectorial e focal. A atrofia iriana

decorrente de processo inflamatório tem o seu início

nos mesodermas, superficial ou profundo para que,

posteriormente, atinja a camada epitelial da íris. A

severidade da atrofia está ligada a alterações

vasculares irianas como nos casos de obstruções, fato

este bem evidenciado na ciclite heterocrômica de

Fucks, na doença de Hansen e na isquemia aguda

inflamatória.

Cristalino Frequentemente é encontrado no trato uveal depósitos

de fibrina, com formas variadas, localizadas no

cristalóide anterior do cristalino. São elementos que

demonstram uma uveíte em atividade. Além destes

depósitos, também se observa, como reliquat de

sinéquias posteriores, a presença de depósitos

pigmentares e, às vezes, até grumos de pigmentos.

Quando há uma uveíte associada a uma hipertensão

intra-ocular, observa-se, na cristalóide anterior,

formação leitosa semelhante às encontradas no

glaucoma agudo. O cristalino, quando está sob um

processo inflamatório uveal prolongado, sofre

alteração química de suas proteínas produzindo,

precocemente, catarata, que tem início no córtex

posterior e na região subcapsular posterior.

Corpo vítreo Vai apresentar em um processo inflamatório do trato

uveal um Tyndall tipo celular inflamatório e na

presença de um trauma ou em uma alteração vascular

retiniana haverá o Tyndall celular (hemático); no caso

12

Sinéquias – fusão ou soldadura de dois tecidos que, normalmente, estão separados. Fonte: SILVA, 2005.

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de diabético, com retinopatia moderada e severa,

haverá Tyndall em “flare”, e, por fim, há um tipo de

Tyndall celular que se caracteriza por pequenos

grânulos de pigmentos, lembrando o aspecto de

tabaco, verificados nos deslocamentos retinianos, nos

casos em que criopexias13

retinianas intensas. Toda

vez que há um quadro de vitreite, as estruturas do

corpo vítreo se modificam e aparecem as lacunas, as

degenerações fibrilares, as opacidades, os cilindros

vítreos e descolamento do corpo vítreo anterior e

posterior.

Edema Macular Mácula, por ser uma das partes mais nobres do olho,

deve ser observada com muito cuidado nas uveítes

anteriores, nas uveítes intermediárias, nas uveítes

difusas e também nas uveítes posteriopres, pois todas

estas inflamações do trato uveal podem levar a edema

de mácula que deve ser eliminado, o mais breve

possível, pára não ocorrer a formação de cistos de

mácula e, por fim, o aparecimento do buraco de

mácula.

Nervo óptico A cabeça do nervo óptico poderá sofrer um edema nas

diferentes formas topográficas da inflamação uveal. É

um elemento que deve ser pesquisado com muito

cuidado durante os processos inflamatórios uveais.

Vasos Eles podem sofrer alterações nas uveítes anteriores,

intermediárias, posteriores e difusas, porém as

alterações vasculares mais graves ocorrem na doença

de Behçet, nas uveítes intermediárias, na sarcoidose,

na necrose retiniana aguda e nas uveítes posteriores.

As alterações arteriais observadas com freqüência nas

uveítes posteriores são as arterites segmentares, que

apresentam ao longo de um segmento da artéria,

pequenos pontos brancos em sua parede, como se

fossem pequenas pérolas, como um colar.

Coriorretinite e Retinocoriodite Quando ocorre uma lesão mais coroidiana, há menos

comprometimento do corpo vítreo, do que quando a

lesão é mais retiniana. O foco coroideano ou retiniano

pode ser monofocal, polifocal, difuso, satélite e

disseminado. Em relação à profundidade destes focos

pode-se ter os focos superficiais e os focos

profundos.Quando se trata de um foco inflamatório

posterior este se apresenta como uma lesão branca

protusa, com sua margens borradas, com edema

perilesional e, ás vezes, com pequenas hemorragias.

Nas fases regressivas nos focos nota-se que o aspecto

branco torna-se amarelado e que as margens começam

a tornar-se mais nítidas. E na fase cicatricial pode-se

verificar que esses focos se apresentam, de uma

maneira geral, planos, de cor amarela, com suas

margens bem delimitadas e, às vezes, com uma

impregnação de pigmento.

Descolamento retiniano Nos processos uveais, intermediários, posteriores e

nos difusos podem-se observar os chamados

descolamentos com ruptura da retina e descolamento

sem ruptura. Os descolamentos regmatogênicos são

obtidos graças às traves vítreas, as quais produzem

uma tração sensível a retina, geralmente próximos ao

13

Criopexias - Fixação da retina ao epitélio pigmentar e coróide por meio de um bastão de congelamento

aplicado à esclera. Técnica usada nos descolamentos da retina. Fonte: www.pdamed.com.br.

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foco evolutivo retiniano, ou mesmo focos cicatrizados

enquanto que os descolamentos retinianos não-

regmatogênicos, isto é, sem ruptura, se caracterizam

por apresentarem descolamento seroso.

Rupturas retinianas Sempre que existem traves vítreas tracionando a

retina, deve-se tomar cuidado, pois esta região passa a

ser um ponto frágil e propenso a rupturas. Esta

ruptura, uma vez ocorrida, pode vir acompanhada, ou

não, de deslocamento da retina.

Fonte: ORÉFICE, 1987.

Figura 06: Ceratite estromal imune

Observar a Ceratite estromal imune por Herpes simples. Fonte: FREITAS, 2007.

Figura 07: Esclerite Infecciosa

Biomicroscopia evidenciando esclerite infecciosa com nódulo escleral nasal inferior. Fonte: URBANO,

URBANO, TORIGOE; 2007.

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2.1.5 Testes laboratoriais e radiológicos na MO

Tabela 04: Testes laboratoriais e exames radiológicos na uveíte.

Testes Laboratoriais

Testes sorológicos Imunoglobulicos;

Linfócitos;

HLA;

Antígenos retinianos “S”;

Antiestreptolisina O;

Reação de fixação do

complemento;

Imunocomplexos;

Anticorpos antinucleares;

Sorologis para: Toxoplasmose,

Toxocaríase, Sífilis,

Histoplasmose, Brucelose,

Cisticercose, Candidíase,

Citomegalovbírus, Herpes.

Reações inumológicas in vivo

Testes cutâneos Tuberculina;

Toxoplasmina;

Histoplasmina;

Lepromina;

Antígenos estreptocócicos;

Imunidade celular.

Avaliação imunológica

Humor aquoso

Biópsias

Testes específicos para sarcoidose Kveim;

Gálio;

Enzima conversora de aniotensina.

Testes inespecíficos Hemograma;

Hemossedimentação;

Urina;

Fezes;

Líquido cefalorraquidiano.

Exames radiológicos

Osteoarticulares

Globo ocular

Crânio

Tórax

Aparelho digestivo

Essa tabela mostrar os testes laboratoriais e exames radiológicos que devem ser realizados para diagnosticar a

causas da uveíte. Fonte: CATTAN, ORÉFICE E BELFORT, 1987.

Os testes laboratoriais são usados nas uveítes com quatro objetivos:

Diagnosticar a doença;

Determinar eventuais novas etiologias;

Fixar o perfil epidemiológico local no que concerne às uveítes;

Qualificar e quantificar os mecanismos imunológicos envolvidos.

Só raramente é possível, pela propedêutica, conseguir observar diretamente o

agente etiológico, como por exemplo, há cisticercose ou oncocercose. Na maioria dos casos, a

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clínica nos mostra lesões e quadros similares, que embora sugestivos não esclarecem o

diagnóstico definitivo, apenas presuntivo. É nesta situação que os testes laboratoriais

apresentam na identificação dos agentes infecciosos e nas associações entre as inflamações

oculares e as alterações sistêmicas (CATTAN, ORÉFICE E BELFORT, 1987).

A quantidade e a qualidade dos testes a solicitar variam de acordo com o quadro

clínico. Alguns serão úteis para afastar determinada etiologia, outros para confirmá-la.

Na avaliação dos resultados sempre deverá levar-se em conta o perfil

epidemiológico regional de cada doença e as limitações próprias de cada teste. Deve se ser

lembrado que todo teste de laboratório tem sua margem de erro, que pode ocorrer em cada um

dos passos necessários, desde a colheita do material até a datilografia do resultado.

Como corolário, é importante salientar que não se deve firmar um diagnóstico e

menos ainda instruir um tratamento baseado somente nos testes laboratoriais. Naqueles casos

em que a clínica e laboratório não coincidirem, o oftalmologista deve ser capaz de

intercambiar com o laboratório clínico as suas experiências (CATTAN, ORÉFICE E

BELFORT, 1987).

2.1.6 Tratamento e Prognóstico na MO

O tratamento das uveítes, quando feito o diagnóstico etiológico, é específico,

entretanto, em quase todas elas, estão indicadas o uso de corticosteróide tópico e/ou sistêmico,

imunossupressores para impedir a exsudação que, quando intensa, pode deixar, como seqüela,

uma deficiência visual definitiva e em alguns casos como nas uveítes intermediárias e

recalcitrantes podem ser levados a crioterapia periférica como uma outra forma de controlar o

quadro (SOUZA, 1997; PUTZ, 2001; NEVES, MORAES, GONÇALVES, 2006).

Pois enquanto uveítes infecciosas normalmente respondem bem com o tratamento

antiinfeccioso específico, uma grande parte das uveítes tem como mecanismo a

autoimunidade, sendo tratadas com corticóides (Ver Apêndice 01) e outros com

imunossupressores (Ver Apêndice 02). Pois os corticóides são a principal classe

medicamentosa utilizada no tratamento das uveítes. Os corticóides tópicos penetram bem

apenas no segmento ocular anterior, sendo utilizados no tratamento das uveítes anteriores.

Uveítes posteriores usualmente necessitam de tratamento sistêmico. Uma pequena

porcentagem dos pacientes com doenças oculares com indicação de corticóide terão indicação

de outro medicamento imunossupressor associado ao corticóide.

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Mesmo com terapia imunossupressora intensa, a inflamação ocular recorrente,

freqüente em 70% dos pacientes, pode causar perda permanente da visão em até 25% dos

casos (FREITAS, DIONELLO, REZENDE, et al, 2005).

As complicações oculares observadas foram: ceratopatia em faixas, sinéquias,

seclusão pupilar, catarata, glaucoma, rotura de retina, deslocamento de retina, hemorragia

vítrea, edema macular cistóide, membrana neovascular sub-retiniana, fibrose de retina,

hipotonia ocular e atrofia bulbar (Ver Apêndice 03) (GOUVEIA, YAMAMOTO, ABDALLA,

et al, 2006).

2.2 Oftalmologia na Medicina Tradicional Chinesa (MTC)

A evolução de uma doença, sua piora ou sua melhora são a expressão da luta entre

energia de saúde e energia perversa. Segundo San Yin Ji Yi Fang e Yuan Ji Qi Wei no livro

Oftalmologia em Medicina Tradicional Chinesa e Acupuntura (1991) distinguem 3 tipos de

causas para as enfermidades oculares:

Causas internas: perturbações dos “Sete sentimentos” – alegria, cólera, tristeza,

reflexão, preocupação, temor e pavor;

Causas externas: “Seis desregramentos = miasmas” e epidemias – Os seis

desregramentos são os excessos, as influências ou anacronismos dos seis fatores climáticos

externos: vento, frio, calor-fogo, umidade, secura e canícula;

Outras causas: alimentares, fadiga física, fadiga visual, ferimentos

(FRANZINI, POLETTI, POLETTI, 1991).

2.2.1 Meridianos e o olho na MTC

Entre os doze meridianos principais, somente os meridianos Yang vão

diretamente, à circunferência do olho; seja por um trajeto craniano, seja pelas ligações dos

Órgãos e vísceras, pode-se dizer que todos meridianos têm relação direta e indireta com o

olho (FRANZINI, POLETTI, POLETTI, 1991).

Trajetos perioculares dos meridianos:

Meridianos que terminam na região ocular:

1) M.P. do Intestino Grosso com o IG20;

2) M.P. do Coração com um ramo profundo que sobe à garganta e à órbita;

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3) M.P. do Intestino Delgado com o ID18 que divide-se em dois ramos um ramo

em direção ao Bx1 e outro ramo em direção do VB1;

4) M.P. do Triplo Aquecedor se divide em dois ramos a partir do TA17 um ramo

vai até o ID18 e o outro ramo vai até o TA23 depois indo para VB1 passando por ID19 e

VB3;

5) M.P. do Vaso Governador que vem do baixo ventre até a parte inferior dos dois

olhos;

6) M.P. do Vaso Concepção que sobe em direção ao E1 e penetra no olho.

7) M. C. Yin Qiao que termina no Bx1;

8) M.C. Yang Qiao que penetra no Bx1 e se dirige para VB20 e VG16;

9) M.C. Yang Wei contorna os olhos, passa pelo VB14 e se dirige para VB20 e

VB16;

10) M.D. do Estômago passa por Bx1, sobes fronte e desce em direção aos olhos.

11) M.D. do Coração junta-se com Bx1;

12) M.D. do Fígado e da Vesícula biliar junta-se ao VB1.

Meridianos que iniciam o trajeto na região ocular:

1) M.P. do Estômago começa no IG20, sobe a Bx1 e junta-se ao E1;

2) M.P. da Bexiga começa no Bx1;

3) M.P. da Vesícula biliar possui três ramos – O primeiro ramo parte de VB1 e

percorre o crânio; o segundo ramo parte de VB20 e junta-se a VB1; o terceiro ramo desce em

direção a E5, sobe para aborda orbital inferior, e em seguida desce para E12;

4) Meridiano governador um ramo começa na Bx1 sobe à frente e ao cérebro.

­ Meridiano que atravessa o olho:

1) M.P. do Fígado liga-se ao olho seu pedículo orbitário, sobre às frente e ao

cérebro. Um ramo da órbita desce aos lábios.

Fusos Tendinomusculares:

1) F.T.M. Bexiga um ramo percorre em filete a pálpebra superior;

2) F.T.M. Estômago um ramo percorre em filete a pálpebra inferior;

3) F.T.M. Vesícula Biliar um ramo sobre a face e se divide em direção aos dois

cantos do olho;

4) F.T.M. Intestino Delgado um ramo sobe me direção ao canto externo do olho;

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36

F.T.M. Triplo Aquecedor um ramo junta-se ao canto externo do olho (FRANZINI, POLETTI,

POLETTI, 1991).

Figura 08: Representação antiga dos pontos da face

Fonte: FRANZINI, POLETTI, POLETTI, 1991.

2.2.2 Anatomia da região da cabeça e face na MTC

Todos os meridianos yang chegam à cabeça. Os meridianos Yang-Ming dos pés e das mãos distribuem-se pela face. Os meridianos Shao-

Yang da perna e da mão distribuem-se pelas regiões laterais da cabeça. Os meridianos Tai-Yin da mão chegam à região temporal da cabeça, ao passo que os meridianos Tai-Yang da perna chegam à região parietal (WEN, 1985).

Tabela 05: Anatomia dos meridianos nos membros corporais

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Nos membros superiores

Lado Palmar Lado dorsal

Meridiano do P Tai-Yin Yang-Ming Meridiano do IG

Meridiano do CS Jue-Yin Shao-Yang Meridiano do TA

Meridiano do C Shao-yin Tai-Yang Meridiano do ID

Nos membros inferiores

Lado Medial Lado Lateral

Meridiano da BP Tai-Yin Yang-Ming Meridiano do E

Meridiano do F Jue-Yin Shao-Yang Meridiano da VB

Meridiano dos R Shao-Yin Tai-Ynag Meridiano da Bx

Fonte: WEN, 1985.

2.2.3 Semiologia na MTC

Qualquer que seja a doença em causa será sempre efetuando alguns exames

clínicos completo, abrangendo sempre os dois olhos; pois os olhos refletem o estado da mente

e da essência. O exame do olho e de seus anexos efetua-se primeiro a olho nu, julgando o

estado cutâneo e ciliar, do aspecto do globo ocular, da coloração conjuntiva, do reflexo

corneano (FRANZINI, POLETTI, POLETTI, 1991; MACIOCIA, 1996).

Os olhos são abertura somática do F, mas são também cheios do Jing Qi dos 5

órgãos. Na inspeção do olho, nota-se o brilho do olhar; mas também as modificações do

aspecto, da coloração, dos movimentos dos olhos e das pálpebras (AUTEROCHE,

NAVAILH; 1992).

Na MTC também observaremos:

­ As diferentes partes dos olhos estão relacionadas a diferentes sistemas, como:

1) Córnea – C;

2) Pálpebras superiores – BP ou ao meridiano Yang Máximo;

3) Pálpebras inferiores – E;

4) Esclerótica – P;

5) Íris – F;

Pupila – R.

Figura 09:Trajetos perioculares dos meridianos principais, curiosos e secundários

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38

Fonte: FRANZINI, POLETTI, POLETTI, 1991.

Figura 10: Anatomia do olho de visão frontal na MO

Fonte: FRANZINI, POLETTI, POLETTI, 1991.

Figura 11: Anatomia do olho de visão frontal na MTC

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39

Fonte: MACIOCIA, 1996.

Figura 12: Visão frontal com seus pontos regulares, curiosos e novos da região óculo-

orbitária

Fonte: FRANZINI, POLETTI, POLETTI, 1991.

­ Pele das pálpebras: elas formam o “Liame circundante” do olho. Que

determina a coloração (melhor observada na região do canto interno) e textura da pele.

1) Intensidade: Fresca e brilhante – boa saúde, doença benigna;

Murcha e pálida – doença grave;

Viva – distúrbio energético yang;

Sem brilho – distúrbio energético Yin

Superficial e brilhante – enfermidade superficial;

Profunda e pálida – enfermidade profunda.

2) Cor: Branca – vazio, umidade, frio, perda de xue, de energia, ataque ao P;

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Amarela – vento, umidade, ataque ao BP;

Amarela alaranjada – umidade-calor;

Amarela pálida – umidade-frio;

Vermelha – plenitude, calor, vento, excesso de xue e de energia, ataque

ao C;

Verde-azul – estagnação de frio-umidade, acúmulo de xue e de energia,

ataque ao F;

Cinza-negro – estagnação, vazio-frio, esgotamento de xue e de energia,

ataque ao R.

3) Textura: Umidade – plenitude de xue;

Seca – plenitude de energia;

Fria – frio, plenitude de xue;

Quente – calor, plenitude de energia;

Fina, flexível – plenitude de energia;

Espessa, edematosa – plenitude de xue;

Com nódulos, excrescências – plenitude de xue, ataque ao BP

­ Supercílios e cílios:

1) Abundantes, espessos, longos - plenitude de energia e de xue;

2) Escassos, lisos, curtos – vazio de energia e de xue;

3) Numerosos, finos, espetados – plenitude de xue, vazio de energia.

­ Globo ocular:

1) Olho branco (ou amêndoa branca) – que designa a esclera anterior, coberta pela

conjuntiva bulbar;

2) Olho negro (pérola negra, olho de corvo, pérola de corvo, pérola maravilhosa) –

designa o segmento anterior, visível através da córnea;

3) Amêndoa amarela – íris;

4) Amendoada pupila (cilindro da pupila) – com a água maravilhosa para frente

(humor aquoso) e a pasta maravilhosa para trás (vítreo) (WEN, 1985; FRANZINI, POLETTI,

POLETTI, 1991; AUTEROCHE e NAVAILH, 1992; MACIOCIA, 1996).

­ Pulso do olho: além dos pulsos carotídeos palpados no ponto E9.

1) Pontos da cabeça:

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Artéria Pontos Energia

Céu Supra-orbitária.

Ramos frontais da

temporal superficial.

Bx2, CS3, VB3, VB4,

VB5, E8.

Crânio.

Crânio.

Homem Temporal superficial TA21, ID19. Olhos, orelhas.

Terra Facial E3, E5. Faces.

Fonte: FRANZINI, POLETTI, POLETTI, 1991.

2) Características do pulso:

Yang Yin

Freqüência Rápido Lento

Intensidade Duro Duro

Profundidade Superficial Profundo

Comprimento Longo Curto

Largura Largo Estreito

Expansão Amplo Limitado

Propagação Regular Irregular

Fonte: FRANZINI, POLETTI, POLETTI, 1991.

3) Modificações patológicas:

­ Aceleração – Calor;

­ Retardamento – frio;

­ Vigor – plenitude;

­ Fraqueza – Vazio;

­ Penetração – ataque em profundidade-xue;

­ Flutuação – ataque superficial-energia.

4) Correspondências pulso-tez:

Pulso Movimento Cor-tez Órgão

Tenso em corda Madeira Verde Fígado

Leve, superficial flutuando na superfície Metal Branco Pulmão

Cheio e amplo, em onda, encurvado Fogo Vermelho Coração

Intermitente, relaxando Terra Amarelo Baço Pâncreas

Profundo e duro, imerso, afundado Água Negro Rim

Fonte: FRANZINI, POLETTI, POLETTI, 1991.

2.2.4 Diagnóstico na MTC

Plenitude Vazio

Patogenia Energia de Saúde suficiente.

Miasmas ou fleuma abundantes,

Yang do Órgãos-Vísceras em

excesso.

Energia de Saúde insuficiente.

Fraqueza de Órgãos-Vísceras.

Enfermidades Aguda, evolutiva, de início brusco,

precoce.

Crônico, pouco evolutiva, de início

progressivo, latente.

Sinais externos Vermelhidão intensa, dor penetrante,

edema congestivo, lacrimejamento

quente, inflamação, hipertonia.

Vermelhidão moderada, secura,

fadiga, edema leve, persistente,

lacrimejamento frio, ulceração,

hipotonia.

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Sinais internos:

exsudatos e edemas,

hemorragias

Abundantes. Moderados.

Invólucro (Biao) Conteúdo (Li)

Patogenia Invasão das camadas superficiais

pelos seis desregramentos.

Desequilíbrio Yin-Yang profundo

pelos sete sentimentos (ou

passagem em profundidade de um

ataque superficial).

Sinais Externos: conjuntivite, ceratite,

iridociclite.

Internos: baixa da acuidade visual,

miodisopsias14

.

Calor Frio

Superficial (muitas

vezes associado ao

vento)

Dor, queimadura, prurido, edema

congestivo, secreções, secura,

excrescências, aderências, oclusão.

Dor, lacrimejamento, supuração,

manchas, opacidades, membranas.

Profundo Manifestações mais agudas e graves

(crônicas e moderadas no caso de

subida do yang por vazio de yin).

Lacrimejamento frio, oclusão.

Yang Yin

Ataque Plenitude, invólucro, calor primeiro à

esquerda, em seguida à direita.

Vazio, conteúdo, frio, primeiro à

direita em seguida à esquerda.

Fonte: FRANZINI, POLETTI, POLETTI, 1991.

2.2.5 Princípios Terapêuticos na MTC

O tratamento oftalmológico em MTC caracteriza-se essencialmente nas

medicações internas e externas como por exemplo com o auxílio da fitoterapia. Entretanto,

reconhece-se certa eficácia à acupuntura.

Conselhos gerais:

a. Tratar procurando atingir a raiz;

b. Distinguir o tronco do cimo, o urgente do diferível:

1) tratar primeiro o agudo, a seguir o fundo crônico;

2) distinguir um distúrbio associado que pode ser mais importante ou mais

embaraçoso.

Nos ataques intricados Vazio e Plenitude, distinguir bem se é preciso primeiro

tonificar ou dispersar, ou os dois ao mesmo tempo;

Ter em consideração certas características: enfermidades claramente

microbianas ou virais, cicatrizes, edemas, que podem ter remédios mais específicos;

Nas enfermidades externas do olho, primeiro expulsar o miasma;

Nas perturbações do olho interno, principalmente tonificar F e R, mas não se

contentar de tonificá-los, tomar em consideração a expressão do conflito patogênico. Não

tonificar em excesso para não obstruir o orifício ocular;

14

Miodisopsias – visão defeituosa. Fonte: SILVA, 2005.

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Tomar em consideração as estações e o clima;

Preservar BP e E no tratamento por medicações internas das enfermidades

crônicas.

Princípios terapêuticos mais comuns:

Expulsar o vento e dispersar o frio;

Expulsar o vento e acalmar o calor;

Eliminar o fogo e descartar o veneno;

Fortificar o Yin e abaixar o Fogo por vazio de Yin;

Tonificar F e R, Vazio de Yin, de Yang, de Yin e Yang;

Apaziguar o F e enterra o Yang; Fortificar a energia e o xue;

Tratar a energia;

Tratar o xue;

Dissolver o Fleuma e desatar (FRANZINI, POLETTI, POLETTI, 1991).

2.2.6 Mecanismo de ação da Acupuntura na Medicina científica

Pesquisas mostram a cada dia como a acupuntura vem agindo no nosso organismo,

citaremos abaixo alguns mecanismos:

Altera a circulação sangüínea. A partir da estimulação de acertos pontos, pode-

se alterar a dinâmica da circulação regional, proveniente de microdilatação e promovendo o

relaxamento muscular, sanando o espasmo, diminuindo a inflamação e a dor;

Promove a liberação de hormônios, como o cortisol e as endorfinas,

promovendo a analgesia;

Aumenta a resistência do hospedeiro. Quando a agressão externa, alguns

orgânicos são prejudicados. Há uma regulação interna para oferecer resistências à doença. A

acupuntura exacerba estes mecanismos para que em menos tempo o equilíbrio e a saúde sejam

estabelecidos. Muitas pesquisas revelam ser possível o estímulo do hipotálamo, da hipófise e

de outras glândulas que atuam na recuperação;

Regula e normaliza as funções orgânicas;

Promove o metabolismo; o recuperando para o processo de cura (WEN, 1985).

2.2.7 Vantagens, desvantagens e precauções da Acupuntura na Oftalmologia

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A acupuntura é uma prática que se tornou popular desde os tempos antigos da

China. Sua popularidade se conservou através dos tempos devido à simplicidade de tal teoria,

aplicação e aprendizagem.

Podemos citar os seguintes tópicos como sendo os mais indicativos no que se

refere à qualidade da acupuntura:

Inúmeras possibilidades de aplicação;

Diminuição do uso de medicamento;

Simplicidade da instrumentação necessária;

Segurança no tratamento;

Complementa lacunas da M.O.;

Método auxiliar no diagnóstico;

Os aspectos desfavoráveis dessa terapia primeiramente podem citar o temos

despertado pelas próprias agulhas e em segundo lugar é o longo período de tratamento

exigido, a perfeição e a maestria manual do terapeuta (WEN, 1985).

Devemos ter cuidado com algumas precauções importantes em nossos pacientes

antes das sessões, tais como:

­ A área do couro cabeludo de crianças antes que as fontanelas tenham-se

fechado;

­ Mamilos e tecidos da mama;

­ O Umbigo;

­ Genitália externa;

­ Tratamentos dolorosos – dor não pode persistir após a estimulação da agulha;

­ Agulha quebrar;

­ Movimentos não-controlados – pacientes que não conseguem ficar quietos;

­ Sonolência – paciente muito relaxado após o tratamento (não dirigir);

­ Infecção;

­ Alergias – alergias dos pacientes a metais;

­ Pacientes grávidas – evitar utilizar os seguintes pontos-IG4, BP6, Bx67, Bx60,

R3, VB21;

­ Pacientes diabéticos – devido a má circulação periférica e do efeito de alguns

pontos nos níveis de glicemia;

­ Pacientes frágeis – pacientes com constituição fraca depois de doenças crônicas

prolongadas;

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45

­ Marcapassos – não devem utilizar a eletroacupuntura;

­ Pacientes confusos (HOPWOOD, LOVESEY, MOKONE, 2001).

2.3 Uveíte na MTC

2.3.1 Etiologia da uveíte na MTC

Sua etiologia é especifica na MTC, mas seu tratamento pode ser um pouco

variado, devido a isso iremos explicar e relatar alguns métodos de tratamento:

­ Ataque de Vento-Calor de F, estagnação de xue, obstrução dos vasos:

1) Ataque de vento-calor de F – WEN, 1985 relata que os sintomas são: febre alta,

dor e inflamação na laringe, gengivas inflamadas, hiperemia conjuntival, urina amarelada e

densa obstipação; MACIOCIA, 1996 relata como tratamento: F3, F2; 10 pontos shixuan; ID3;

VG20, VG16, VB20.

2) Estagnação de xue – WEN, 1985 relata que o individuo poderá ter como

sintomas má-circulação, como em traumas, edemas, dor abdominal com incomodo à

compressão. MACIOCIA, 1996 já cita como manifestações gerais: aspectos escuros, lábios

roxos, dor fixa e persistente em pontadas, tumores abdominais fixos, unhas arroxeadas,

hemorragias com sangue e coágulos escuros, língua púrpura e pulso em corda, firme ou

agitado; tendo como sintoma mais característico é a dor localizada com características

persistente ou em pontadas,

Os sistemas mais freqüentemente afetados pela estase de xue e suas

características são: F, seus sinais serão: unhas roxas, face escura, períodos menstruais

doloridos com xue e coágulos escuros, dor pré-menstrual, língua púrpura especialmente nas

laterais e pulso firma ou em corda; No C os lábios serão roxos, terá dor em pontadas no tórax,

plenitude torácica, língua púrpura nas laterais em direção à ponta, veias distendidas e de

coloração púrpura sob a língua e pulso em nó ou agitado; No P ocorrerá a plenitude torácica,

tosse com xue de coloração escura, língua púrpura na parte frontal e lateral na seção central,

veias púrpuras e distendidas sob a língua; No E dor epigástrica, vômito com xue de coloração

escura, fazes com xue, língua de coloração púrpura no centro; Nos ID e IG ocorrerá a

dismenorréia, dor pré-menstrual, menstruação com xue e coágulos escuros, amenorréia,

tumores abdominais e língua púrpura.

Pode possuir vários tratamentos dependendo o lugar segundo MACIOCIA, 1996:

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a) Estagnação de xue - BP6; BP10; F3; IG4; C6; P9; Bx40; fazer sangria.

b) Estagnação de Xue no F – VB34; F3; Bx18; Bx17; BP10; VC6.

c) Estagnação de xue no C – CS6; CS4; C7; VC17; Bx14; Bx17; R25.

d) Estagnação de xue no E – VC10; E21; E34; BP10; Bx17; Bx18.

3) Obstrução dos vasos – AUTEROCHE e NAVAILH, 1992 relataram os

seguintes sintomas: dores, dificuldade de mobilidade no trajeto do meridiano, em particular ao

nível da coxa, joelho face externa da panturrilha, tornozelo e do quarto artelho. E o tratamento

é utilizar os pontos sobre o próprio meridiano.

­ Acumulação interna de Vento-Umidade e Fg-Fleuma:

1) Acúmulo de Vento-umidade – AUTEROCHE e NAVAILH, 1992 relata que o

vento é o Qi principal da primavera, porém pode se produzir em quaisquer estações. Seu

agente principal pode ser o vento externo ou um vento interno. O vento externo pode causar

uma doença por agressão ao organismo, a partir de um fator oriundo da circunvizinhança

física. O vento interno, a causa reside em um mau funcionamento do F. A umidade é o Qi

principal do verão prolongado. Essa estação se acha em junção do verão e do outono. O calor

yang diminui, o vapor de água sobe e se aquece, o Qi da água eleva-se. Como a umidade é

abundante, é a estação onde o Qi da umidade é mais importante: Existe fatores patogênicos

externos e internos. A umidade externa é devido à agressão do corpo pela umidade externa,

em um clima úmido, ou quando se atravessou a água, que se molhou pela chuva, ou que se

mora em lugar úmido. A umidade interna se produz porque o BP não mais exerce sua função

de resistência e transporte e que a água-umidade se acumula. AUTEROCHE e NAVAILH,

1992 relata como tratamento: P6; P7; P8; P10; BP2; ID3; ID7; ID11; ID15; Bx7; Bx11; Bx45;

Bx58; Bx60; Bx62; TA5; VB20; VC13; VC14.

2) Acúmulo de Fg-fleuma – MAIKE, 1995 relatou que os distúrbios funcionais do

P, BP e do R podem desorganizar o metabolismo da água, provocando a distribuição anormal

dos fluidos do corpo, uma parte dos quais é condensada no fleuma. Quando o fleuma é

formado, ele pode ficar em diferentes partes do corpo e resultar em síndromes diferentes:

Fleuma-umidade afetando o P (tosse, asma e expectoração do excesso de esputo), Fleuma

obscurecendo o C (coma e ruído na garganta), Fleuma bloqueando os meridianos e colaterais

(hemiplegia, desvio dos olhos e da boca e dormência dos membros olhos, olhos fundos)

Fleuma retido na região subcutânea (este assume a forma de nódulos móveis e macios).

AUTEROCHE e NAVAILH, 1992 relata como tratamento a seguinte combinação: IG11;

TA5; Bx40; Bx60; VB34; VC10; VC14; R8; E40; 10 pontos Shixuan.

­ Ataque de Veneno-Calor e formação de pus:

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MACIOCIA, 1996 relata que seus principais sinais são a febre, sede, rubor facial,

hiperemia da conjuntiva, constipação, urina escassa e escura, pulso rápido e cheio e a língua

vermelha com saburra amarela. AUTEROCHE e NAVAILH, 1992 utilizam como tratamento:

VG26; VG24; VG20; VC12; VC6; VC14; P5; E36; E25; E40; F3, P7; Bx40; Bx13, C6; IG4;

10 pontos xuan, R4.

­ Vazio de Yang de BP e R:

1) Vazio de Yang de R – AUTEROCHE e NAVAILH, 1992 relataram que suas

principais manifestações clínicas: oligúria, temor de frio melhorando pelo calor, corpo e

membros frios, edema muito importante em membros inferiores à cintura, ascite, palpitações

cardíacas, dispnéia, tosse asmática, respiração sibilante, língua pálida, grossa, apresentando

marcas dos dentes, saburra branca brilhante, pulso profundo em corda ou profundo retardado

sem força. Também relatou que se ocorrer o vazio do yang dos R ele não pode controlar: a

temperatura corporal, transformar á água, favorecer a atividade funcional da Bx, impedir que

a água em excesso ataque o C e o P.

2) MAIKE, 1995 relatou que seus sintomas principais são: dor, frieza a fraqueza

na região lombar e articulações dos joelhos, calafrios, palidez, impotência. Geralmente ocorre

após uma doença prolongada na qual o yang do R foi danificado. Ou pode ser causada por

atividade sexual excessiva que danifica o yang do R. Em qualquer um dos dois casos, o yang

do R não consegue aquecer o corpo, o que explica os calafrios, dor e frieza na região lombar e

articulações dos joelhos, bem como a impotência. O R governa o metabolismo da água e a

insuficiência do yang do R resulta em sua falha em dividir o fluido límpido do turvo que, por

sua vez resulta em oligúria. O fluido excessivo no corpo é o edema. Quando ocorre essa

deficiência: não pode aquecer o corpo nem excitar a mente, a habitação dos R, isto é, a região

lombar está enfraquecida, o Fg de Ming Men está em declínio, o que suscita esterilidade e

impotência. Tratamento segundo AUTEROCHE e NAVAILH, 1992: VG6; R9; Bx52; VG4;

Bx23; VG4; R7; VC14; VB39.

3) Vazio de Yang de BP – AUTEROCHE e NAVAILH, 1992 relataram que seus

sintomas clássicos são: pouco apetite, ventre dilatado, estômago e ventre doloridos, aliviados

pela pressão e o calor, boca pálida, sem sede, membros frios, evacuações líquidas, membros e

corpo edematoso, oligúria, leucorréia fluidas brancas e abundantes, língua pálida e macia,

saburra branca e deslizante, pulso profundo e fino ou retardado e fraco. Pode ocorrer por

quatro causas: vazio de Qi BP e E, alimentação insuficiente, alimentos frios e crus em

excesso, abuso de medicamentos refrescantes. Essas causas fazem com que diminua o yang

do BP. Quando o yang do BP é reduzido, há produção de frio. Eis o porque dessa síndrome

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também ser conhecida como BP vazio e frio. Se o yang do BP estiver frio, a função de

transportar-transformar é deficiente. A perda do apetite, o ventre dilatado, as evacuações

líquidas, os edemas, as leucorréias, são a manifestação dessa síndrome vazio-frio. O yang

vazio não pode cumprir sua atuação na termogênese e no transporte de alimento para a

extremidade, os membros ficam então frios. E seu tratamento: VG12; BP2; Bx21; Bx20; E41;

E36; F13; BP9; BP6; BP3.

4) Vazio de Yang de BP e R – AUTEROCHE e NAVAILH, 1992 relatou como

sintomatologia: corpo e membros frios, cor do rosto macilenta, lombar e joelhos ou bacinete

frios e doloridos, diarréia de alimentos não digeridos ou diarréia da 5ª véspera, retenção de

urina ou oligúria, ascite, anasarca, língua pálida, macia com saburra branca e pegajosa, pulso

profundo e fraco. O BP é a base do adquirido, os R, a do inato. Os yang Qi do BP e dos R

colaboram nas atividades de: transporte e transformação da essência dos alimentos,

transformação dos líquidos, termogênese do organismo. Quando o yang do Qi do BP e dos R

estão fracos, o yin torna-se preponderante e a patologia se desenvolve nos domínios da

assimilação dos alimentos, do metabolismo dos líquidos e da termorregulação. Como

tratamento é utilizado: VG12; VG4, BP6; Bx54; Bx23; E28.

Déficit de Yin de F e R, subida de Fg Vazio:

1) Deficiência de Yin de F – AUTEROCHE e NAVAILH, 1992 relataram que

ocorre: ofuscação da vista, vertigens, acúfenos, diminuição da acuidade visual, amnésia,

insônia, fraqueza e lassidão da lombar e dos joelhos, emagrecimento, garganta, boca e olhos

secos, sobretudo à noite, calor na sola dos pés, na palma das mãos e na região precordial, ou

então febres vespertinas, transpirações noturnas, faces vermelhas, espermatorréia,

oligomenorréia, amenorréia ou metrorragias, língua vermelha com saburra rara e seca, pulso

fino e rápido. O yin do R é a base dos líquidos do corpo. Sua atuação é dupla; de um lado,

deve firmar a contribuição fisiológica das substâncias nutritivas necessárias às necessidades

do organismo, e de outro lado deve conter e equilibrar o yang dos R (Fg vital, Ming Men). E

para o tratamento AUTEROCHE e NAVAILH, 1992 relata que utiliza – Bx52; R2; R1; BP8;

BP1; F1, C6; IG11; F8; BP6; R7; R6; Bx23; Bx17; VC6.

2) Deficiência Yin de R – MAIKE, 1995 relatou que suas manifestações clínicas

são: vertigem, obscurecimento da visão, aumento da pressão nos olhos, secura nos olhos,

zumbido, falta de memória, sensação de febre na palma das mãos e sola dos pés, rubor malar,

suor noturno, urina quente e amarela escura, constipação, língua vermelha, pulso fraco e

rápido. Essa síndrome geralmente ocorre após uma doença prolongada na qual o yin do R foi

prejudicado ou pode ser causada por atividade sexual excessiva, a qual consome a essência do

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R. Qualquer que seja a causa da falha do yin do R na sua função d e produzir medula e com

ela preencher o cérebro. O resultado é vertigem, obscurecimento da visão, falta de memória e

zumbido no ouvido. A deficiência de yin produz calor endogenoso que consome os fluidos do

corpo, o resultado é a sensação de febre na palma das mãos e na sola dos pés, o rubor malar, o

suor noturno, urina quente e de cor amarelado escuro e constipação. E o tratamento segundo

MACIOCIA, 1996 – VC1; VC4; R6; R9; R10; BP6.

3) Déficit de Yin de F e R – AUTEROCHE e NAVAILH, 1992 caracterizam

como sintomatologia: vertigens, ofuscação da vista, amnésia, insônia, acúfenos, garganta e

boca secas, flancos doloridos, lombar e joelhos lassos e fracos, calor na palma das mãos, nas

solas dos pés e na região torácica, maças do rosto vermelhas, transpiração noturna,

espermatorréia, oligomenorréia, língua vermelha com pouca saburra, pulso fino e rápido. O F

e o R tem a mesma origem. O yin do F e dos R se auxiliam mutuamente. A insuficiência do

Yin do F acarreta muitas vezes a fraqueza do Yin dos R, a assim mutuamente. Quando o yin

está fraco, o yang torna-se forte demais, causando o aparecimento de uma patologia Fg. E

como tratamento: Bx52; R10; E29; Bx3; BP6; Bx18; Bx23; F8; F3; VG4.

4) Subida de Fg Vazio – ou a Deficiência de Yin. MACIOCIA, 1996 sita como

principais manifestações do vazio do yin: febre baixa ou sensação de calor à tarde, calor dos

cinco palmos, garganta seca á noite, sudorese noturna, emagrecimento, pulo flutuante e vazio

e língua seca com coloração vermelha e descascada. Os sistemas mais propensos a serem

afetados pelo vazio do yin são: R, P, C, F e o E. O yin Qi apresenta a função de esfriar,

portanto os sintomas de calor tais como febre baixa, sensação de calor, sudorese noturna,

calor palmos e língua vermelha. O yin também umedece, daí os sintomas de secura, tais côo

garganta seca e língua. Os tratamentos da deficiência de yin de R e de F estão citadas a cima,

já o tratamento para:

a) Deficiência yin de P em AUTEROCHE e NAVAILH, 1992, relata: P6; P10;

P9; R3; Bx13; Bx23; BP6.

b) Deficiência de yin no C é indicado: ela vem acompanhada da deficiência de

xue no C a maioria das vezes e tem como tratamento: C9; CS5; BP9; Bx15 (AUTEROCHE e

NAVAILH, 1992);

c) Deficiência de yin do E: E44; CS6; VC12; Bx20; Bx21; BP6 (AUTEROCHE e

NAVAILH, 1992).

2.3.2 Clínica e tratamento da uveíte na MTC

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­ Formas agudas anteriores:

1) Vento-Calor de F:

Sintomas: Intumescimento dolorido, embaraço para abrir as pálpebras, fotofobia,

lacrimejamento, comichões, miose (fechamento da pupila), pouca cefaléia, sem haver temor

ao vento, sudorese, urina é concentrada e amarela língua vermelha com revestimento fino,

pulso flutuante e rápido ou pulso é superficial e rápido;

Principio de tratamento: Dispersar o vento, refrescar o F.

2) Fogo abundante de F e VB:

Sintomas: Boca amarga, garganta seca, constipação, febre alta, rubor facial,

hiperemia da conjuntiva, urina escassa e escura, sede, agitação mental, língua vermelha com

revestimento amarelo, pulso em corda e rápido ou cheio e rápido;

Princípio de tratamento: Refrescar e desfazer o veneno.

3) Calor-Veneno abundante no BP:

Sintoma: Hipópio;

Princípio de tratamento: Refrescar e retirar o veneno do BP.

4) Calor do nutridor do C e estase de Xue:

Sintoma: Hifema (FRANZINI, POLETTI, POLETTI, 1991; WEN, 1985).

­ Formas agudas posteriores:

1) Acúmulo de Vento-Umidade-Calor:

Sintomas: Distúrbio do vítreo, exsudatos no fundo do olho.

2) Predominância de Calor:

Sintomas: Dores musculares e articulares, boca amarga, sedenta, língua vermelha

com revestimento amarelo espesso, pulso em corda rápido.

Principio de tratamento: Primeiro refrescar, em seguida dispersar vento e umidade.

3) Predomínio de Umidade:

Sintomas: Peso na cabeça e nos membros, anorexia, plenitude do tórax ou

epigástrio, gosto pegajoso, dificuldade urinária, secreção vaginal branca e pegajosa, língua

com saburra pegajosa branca e pulso escorregadio ou mole ou diluído;

Princípio de tratamento: Transformar a umidade e expulsar o vento (FRANZINI,

POLETTI, POLETTI, 1991; WEN, 1985).

­ Formas graves:

1) Calor intenso e grande Veneno:

Sintoma: Uveíte purulenta.

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Principio de tratamento: Refrescar e desmanchar o veneno.

2) Insuficiência da energia de saúde:

Sintoma: alteração do estado de saúde geral;

Princípio de tratamento: Reforçar a energia de saúde e expulsar o miasma

(FRANZINI, POLETTI, POLETTI, 1991; WEN, 1985).

­ Formas crônicas:

1) Lesão de Yin com subida de Fogo-Vazio:

Sintomas: Vermelhidão do olho, pouco intensa, olho seco e áspero, depósito

pigmentados no interior do olho, irregularidade da pupila, opressão, insônia, calor nos “Cinco

Palmos”, língua vermelha e garganta seca, pulso fino e rápido;

Princípio de tratamento: Alimentar o yin, abaixar o Fogo, refrescar o F

(FRANZINI, POLETTI, POLETTI, 1991; WEN, 1985).

­ Formas recidivantes:

1) Vazio de yang de R e BP:

Sintomas: Sialorréia clara, frio no corpo, vazio de energia, língua pálida com

revestimento branco, pulso imerso;

Princípio de tratamento: Amornar o aquecedor médio e sustentar o yang.

2) Fraqueza do Ming Men:

Sintomas: Frialdade no corpo e membros, fadiga psíquica, fraqueza,

entorpecimento da região lombar e dos joelhos, sensação de frio na metade inferior do corpo,

oligúria, diarréia no fim da noite, pulso imerso e retardado;

Princípio de tratamento: Amornar e tonificar o yang de R. (FRANZINI, POLETTI,

POLETTI, 1991; WEN, 1985).

­ Formas acompanhadas:

1) Insuficiência de Yang de R:

Sintomas: uveíte com baixa acuidade auditiva, embranquecimento dos cabelos

(Vogt-Koyanagi-Harada);

Princípio de tratamento: tonificar o Yang de R (FRANZINI, POLETTI, POLETTI,

1991; WEN, 1985).

Figura 13: Pontos da região da face

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Fonte: FRANZINI, POLETTI, POLETTI, 1991.

2.4 DISCUSSÃO

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O termo Uveíte se aplica a todos processos inflamatórios do trato uveal (íris, corpo

ciliar, coróides), que por vezes envolve outras estruturas envolventes como trabeculum, a

retina, o corpo vítreo, o endotélio da córnea e papila. Para ir além das fronteiras da anatomia

do processo inflamatório, existe uma grande diversidade na sua manifestação clínica e uma

vasta gama de doenças associadas. A partir de uma patogenicidade admite-se que tanto a

primeira como a persistência de inflamação é o resultado de uma combinação complexa de

fatores genéticos, ambientais e imunológicos. Embora os mecanismos patogênicos não são

muito bem conhecidas, é aceito que o sistema imune tem uma participação ativa, destacando

em particular o papel das células T e antígenos classe II importante complexo

histocompatibilidade (MHC).

A uveíte pode ser uma manifestação de uma doença generalizada ou como parte do

chamado uveíte associada a doenças sistêmicas cuja incidência é variável e oscila, de acordo

com a série de estudos dos casos á incidência fica entre 19 e 56%. Por outro lado, pode

constituir uma entidade com características bem definidas clinicomorfológicas precisa,

concreta e conhecida como uveíte no próprio local do olho, representando 20% do total. Por

último, pode ser um entidade clínica isolada que está incluído no grupo de uveíte idiopática e

cuja incidência varia entre 50% e 60% dos casos (VIDAL, LACOMBA, MOHAMED; 2001).

GOUVEIA, YAMAMOTO e ABDALLA (2006) relataram em sua pesquisa que

estudos sobre as uveítes são importantes, visto que fatores demográficos tais como idade,

sexo, raça, aspectos socioeconômicos, ocupação, hábitos de vida, origem geográfica, podem

influenciar nos mesmos. A comparação de estudos realizados em diferentes regiões do mundo

e em diferentes épocas permite estabelecer tendências e especular fatores relevantes para a

etiopatogenia das uveítes. A literatura mundial relata grandes variações geográficas na

etiologia das uveítes.

Ambas classificam a uveíte em: anterior, intermediária, posterior; na evolução

como: aguda, aguda recidivante e crônica (FRANZINI, POLETTI, POLETTI; 1991); sendo

que a MO possui outras tipos de classificações como a classificação anatomopatológica:

granulomatosa e não-granulomatosa; conforme a localização: iridociclite, ciclite,

coriorretinite, panuveites (SOUZA, 1997).

A etiologia na MO é classificada da seguinte ordem:

Uveíte exógena: aguda (supurativa), crônica;

Uveíte endógena (PÉREZ, FERNÁNDES E LÓPEZ, 2003).

O no primeiro quadro da pagina 9 nos mostra os achados etiológicos mais

freqüentes entre as uveítes na MO.

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Já na MTC sua etiologia é dividida em:

– Ataque de vento-calor de F, estagnação de sangue, obstrução dos vasos;

– Acumulação interna de vento-umidade e Fogo-fleuma;

– Ataque de veneno-calor e formação de pus;

– Vazio de yang de BP e R;

– Déficit de yin de F e R, subida de Fogo-vazio (FRANZINI, POLETTI,

POLETTI; 1991).

A uveíte na MTC e na MO possuem a mesma definição, sendo que a diferença

vem na etiologia da mesma. Mesmo com essa análise de semelhanças e desigualdades,

observamos que mesmo sendo suas etiologias com nomeações diferentes elas se assemelham

como, por exemplo: doenças reumáticas segundo a MO são citadas tais como: Artrite

Reumatóide do adulto e a juvenil, Espondiloartropatias, Artrite psoriásica, Síndrome de Reiter

enteropatias; outras doenças sistêmicas como: Tuberculose, Toxoplasmose ocular,

Hanseníase, Síflis, Síndrome Behçet, Síndrome de Voht-Koyanagi-Harada, Colite ulcerativa,

AIDS, Herpes zoster e a simples, Doença Crohn, entre outras mais.

Na MTC essas doenças podem evoluir pelos seguintes desequilíbrios energéticos:

Artrite psoriásica: Psoriáse conforme NAKANO e YAMANURA (2005) é uma

doença de característica yang, que no sistema Zang-Fu acomete: P, BP, TA, C, Bx e F;

fazendo com que seu principal fator seja a Estagnação de Qi e Xue, devido as principais

alterações energéticas no F e no TA. A Artrite e a Espondiloartropatias, são patologias que

originam devido as seguintes condições: Retenção de frio e umidade, Estagnação de Qi e Xue

e Deficiência de R além do esforço excessivo. A espondilopatias ataca o principalmente o

meridiano F, segundo Maciocia, 1996; Já Mão-Ling, 2001, observam que a artrite é uma

síndrome Bi que é caracterizada por obstruções do QI e bloqueio dos jingluo devido à invasão

do feng patogênico. Os fatores causadores são: frio, umidade, calor e vento.

Tuberculose é uma condição típica de Deficiência do Yin P com calor-vazio (Maciocia, 1996). Segundo Mão-Ling, 2001 ela

é uma doença crônica destrutiva, conhecida nos clássicos da medicina como guzhen (doença que evapora os ossos) ou chuanshi (doença que passa de porta em porta), pois ela se deve com freqüência à fraqueza hereditária constitucional e ao enfraquecimento da resistência corporal,

que ocorre em pacientes suscetíveis à invasão da doença ou que entrem em conato com alguém que sofra dela. A doença se localiza nos

pulmões, fazendo que o yin do rim seja consumido, e quando a doença está alongo prazo ela afeta o rim podendo causar além da Deficiência yin do P à Deficiência Yin, Hiperatividade do Fg, Fg vazio e uma Deficiência Qi.

Colite ulcerativa se caracteriza por sintomas de umidade-calor no ID e IG

(Maciocia, 1996). Doença Crohn, caracteriza por áreas de inflamação no ID, em alguns casos,

podem também afetar o IG (Maciocia, 1996).

Herpes zoster e simples refere-se a uma espécie de inflamação aguda na pele que

ocorre em especial no tórax, nas costas, face e região lombar, com pequenas erupções na pele,

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em forma de guirlanda, em volta da cintura. Ela é causada por umidade-calor acumulado no

BP, FG hiperativo no F (MAO-LING, 2001).

Observando essas etiologias com nomeações diferentes, mas iguais em seus

sintomas e características podemos traçar tratamentos para uveíte seguindo esses doenças

pelas suas características na MTC.

3.0 METODOLOGIA

3.1 Caracterização da Pesquisa

Este estudo trata-se de uma revisão

bibliográfica, que consiste de toda a bibliografia

pesquisada, em forma de livros, revistas, publicações

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avulsas e imprensa escrita. Sua finalidade é colocar o

pesquisador em contato direto com tudo aquilo que

oferece escrito sobre determinado assunto, com o

objetivo de permitir ao cientista o reforço paralelo na

análise de suas pesquisas ou manipulações de suas

informações. A bibliografia pertinente oferece meios

para definir, resolver, não somente problemas já

conhecidos como também explorar novas áreas, onde

os problemas ainda não e cristalizaram

suficientemente.

Este estudo vem para realizarmos uma revisão bibliográfica da uveíte na Medicina

tradicional Chinesa, onde após a pesquisa bibliográfica, vamos propor prováveis tratamentos

para essa patologia (SALVADOR, 1986; LAKATOS, MARCONI, 1992; LUCIANO, 2001).

3.2 Coleta de dados

Neste estudo utilizemos: livros, artigos, revistas cientificas e materiais da Internet

(Scielo, Medline, Bireme, Google) em português e espanhol.

4.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Nesse trabalho observamos que as uveítes são inflamações da úvea, túnica

vascular do globo ocular, bem protegida pelo invólucro escleral. As uveítes são então

raramente exógenas e quase sempre endógenas, com ataque por via hemática, pelos antígenos,

toxinas ou por imunocomplexos.

Deve-se fazer uma anamnese minuciosa para se ter um diagnóstico com sucesso na

uveíte, pois nas maiores dos casos ela vem associada com outra doença sistêmica. Pois na

maioria dos casos está relacionada com doenças do resto do corpo e muitas vezes se descobre

através do olho que uma pessoa tem determinada doença. A uveíte se relaciona muito com a

clínica geral e pode estar associada a tuberculose, sífilis, AIDS, artrite reumatóide entre outras

citadas no trabalho.

Como destacamos no texto acima a uveíte na MO pode ter várias causas nas quais

destacamos as seguintes: Uveíte exógena (que é causada por uma lesão externa no trato uveal,

por invasão externa de algum microorganismo, por trauma direto ou cirurgia.); Uveíte

endógena (que constitui um grupo mais freqüente e possui variedades etiológicas de

localização e inflamação. Nas uveítes anteriores ela está associada ao HLA-B27, artrites e

espondiloartropatias; as uveítes intermediárias as mais freqüentes são as idiopáticas, as

vasculites e as doenças sistêmicas. E por última a uveíte posterior a mais freqüente é por

toxoplasmose, candidiase, citomegalovírus).

A etiologia da uveíte pode não ser estabelecida com exatidão, porém, muitos

casos, através de recursos clínicos, laboratoriais ou anatomopatológicos ela pode ser, se não

provada, pelo menos inferida com grande segurança.

Na MTC suas causas também podem ser variadas, citaremos as seguintes: Ataque

de Vento-Calor de F, estagnação de xue, obstrução dos vasos; Acumulação interna de Vento-

Umidade e Fg-Fleuma; Ataque de Veneno-Calor e formação de pus; Vazio de Yang de R;

Déficit de Yin de F e R, subida de Fg Vazio.

Tanto na MO e na MTC se não tratada rapidamente a uveíte pode causar

conseqüências leves e até graves tais como: ceratopatia em faixas, sinéquias, seclusão pupilar,

catarata, glaucoma, rotura de retina, deslocamento de retina, hemorragia vítrea, edema

macular cistóide, membrana neovascular sub-retiniana, fibrose de retina, hipotonia ocular e

atrofia bulbar, entre outras.

Infelizmente pacientes em uso de corticoterapia e também com imunossupressores

podem apresentar efeitos colaterais indesejáveis, especialmente quando em altas doses da

medicação e longo tempo de tratamento, podem ocasionar: distúrbios eletrolíticos, problemas

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gastrointestinais, endócrinos, cardiovascular, ocular, musculoesquelético, neurológicos, e

psiquiátrico, dermatológico e outros.

Observamos nos estudos que ela pode estar associada no tratamento para

diminuir/amenizar os efeitos colaterais dessa patologia dos medicamentos utilizados ou então,

quando não se tem causa específica (idiopática) onde se pode entrar com a acupuntura como

tratamento principal através de uma análise plena do caso. Pois em atendimento ambulatoriais

observamos que em indivíduos com esta patologia os sintomas e a qualidade de vida começa a

ter um equilíbrio, melhorando as atividades de vida do indivíduo; pois eu mesma possuo essa

patologia e com as sessões de acupuntura tive uma melhora do quadro álgico (visão), quando

tinha crise, as crises eram com sintomas mais bruscos e rápido “desapareciam”.

Com isso a MTC e a acupuntura podem equilibrar esses desequilíbrios com pontos

locais e distais, conseqüentemente diminuindo os efeitos colaterais da medicação; onde uma

de suas principais etiologias é o calor vazio ou o calor cheio podendo ocorrer nos zang-fu. A

evolução da doença, sua piora ou sua melhora são a expressão da luta entre a energia de saúde

e a energia perversa.

Por essas diferentes etiologias indicamos realizar pesquisas mais profundas nessa

área, onde a prática seria o principal enfoque; pois em alguns casos foi observado a melhora

nos efeitos colaterais dos medicamentos utilizadas nessa patologia, alem das crises terem sido

menos freqüentes; pois a acupuntura é ainda um vasto campo a ser explorada em busca de

novas comprovações.

5.0 REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO

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APÊNDICE

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66

APÊNDICE 01

CORTICOTERAPIA

Os corticóides são hormônios de natureza esteróide produzidos na porção cortical

das glândulas adrenais e constituem três famílias: os glicocorticóides, os minerelocorticóides

e os andrógenos adrenais (FINAMOR, FINAMOR, MUCCIOLI, 2002).

O principal glicocorticóide é o cortisol (ou hidrocortisona), cuja taxa de secreção

no homem e de 10 a 20mg nas 24 horas. Sua concentração média no plasma é de 14mg/dl,

entretanto seus níveis variam amplamente durante o período de 24 horas, atingindo valores

mais elevados nas primeiras horas da manhã e diminuindo gradualmente para 2 a 5mg/dl no

final do dia. O excesso dos glicocorticóides (exógeno ou endógeno) suprime a resposta

imunológica normal, sendo esta propriedade imunossupressora a que melhor caracteriza as

suas indicações terapêuticas para o tratamento dos processos inflamatórios, doenças auto-

imunes e para a viabilização de transplantes (FINAMOR, FINAMOR, MUCCIOLI, 2002).

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São fármacos bastante utilizados e de ação ampla, no qual a razão básica desse uso

tão difundido é a extraordinária capacidade antiinflamatória que possui nos tecidos corporais,

foram introduzidos na prática médica em 1949, para o tratamento da artrite reumatóide. Suas

indicações, desde, então, se espalham pelas diversas especialidades médicas, incluindo a

dermatologia, a endocrinologia, a oncologia e a oftalmologia. São agentes que simulam os

esteróides hormonais endógenos produzidos no córtex adrenal (DAMIANI, KUPERMAN,

DICHTCHEKENIAN, et al, 2001; CABRAL, 2002; FINAMOR, FINAMOR, MUCCIOLI,

2002).

Ação antiinflamatória:

Essa resposta antiinflamatória ocorre por ação local, tanto na fase precoce, quanto

na fase tardia do processo inflamatório. Mecanismos que explicam a inibição deste processo:

Redução da exsudação dos leucócitos e outros constituintes celulares do

plasma, reduzindo assim o edema;

Manutenção da membrana celular, evitando assim edema intracelular com

conseqüentemente destruição da célula;

Estabilidade dos lisossomos, evitando assim a liberação de enzimas que

digeririam os constituintes celulares, prolongando a resposta antiinflamatória (DAMIANI,

KUPERMAN, DICHTCHEKENIAN, et al, 2001).

Tipos e propriedades:

Diversos agentes corticosteróides possuem propriedades de ambos os hormônios, a

fluocortisona é mais comumente usada sua atividade mineralocorticóide, enquanto que a

hidrocortisona, a prednisona e a metilprednisolona são mais utilizadas na clínica por suas

propriedades glicocorticóides (FINAMOR, FINAMOR, MUCCIOLI, 2002).

Equivalência antiinflamatória (mecanismo clássico):

Corticósteróides Meia vida biológica (horas) Potência equivalente (mg)

Ação Curta

Cortisona

Hidrocortisona

8-12

8-12

25

20

Ação Intermediária

Prednisona

Prednisolona

18-36

18-36

5

5

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Metilprednisolona

Triancinolona

1836

18-36

4

4

Ação Longa

Dexametasona

Betametasona

36-54

36-75

0,75

0,6

Quadro comparativo das várias preparações glicocorticóides, suas meia-vidas biológicas, doses equivalentes em

miligramas, levando-se em conta o mecanismo de ação clássico. Fonte: DAMIANI, KUPERMAN,

DICHTCHEKENIAN, et al, 2001.

Efeitos Colaterais:

Infelizmente, pacientes em uso de corticóides podem apresentar efeitos colaterais

indesejáveis, especialmente quando em altas doses da medicação e longo tempo de tratamento

são requeridos (FINAMOR, FINAMOR, MUCCIOLI, 2002).

Por apresentar tantos efeitos paralelos indesejáveis seu uso deve ser sempre

individualizado e planejado, com os pacientes sendo supervisionados periodicamente.

Orienta-se sempre a administração junto das refeições para evitar sintomas dispépticos. O uso

prolongado pode ainda ocasionar distúrbios de coagulação vascular. Seu uso é contra-

indicado em pacientes com infecção fúngica sistêmica, e deve-se evitar o uso de vacinas com

vírus vivos durante o tratamento (FINAMOR, FINAMOR, MUCCIOLI, 2002).

Quando a dose utilizada do corticóide aumenta ou prolonga-se a sua aplicação, os

riscos de efeitos indesejáveis aumentam consideravelmente. Em tratamentos prolongados, a

administração da medicação em dias alternados é válida, sendo também importante aplicação

da dose no período da manhã, mimetizando o ritmo do corticóide endógeno (FINAMOR,

FINAMOR, MUCCIOLI, 2002; PÉREZ, FERNÁNDEZ, LÓPEZ, 2003).

Efeitos colaterais do tratamento com esteróides

Sistemas Efeitos Colaterais

Distúrbios eletrolíticos Retenção de sódio e edema;

Excreção aumentada de potássio;

Excreção aumentada de cálcio;

Neutrofilia;

Linfopenia;

Eosinopenia e monocitopenia;

Púrpuras.

Gastrointestinal Náuseas e vômitos;

Úlcera péptica;

Hepatomegalia;

Aumento do apetite;

Esofagite, pancreatite.

Endócrino Hipercortisolismo (estado Cushingóide);

Insuficiência adrenal secundária;

Nefrocalcinose;

Nefrolitíase;

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Uricosúria;

Amenorréia, Diabetes Mellitus e intolerância a glicose.

Cardiovascular Hipertensão arterial;

Tromboembolismo;

Infarto do miocárdio;

Acidente vascular cerebral (AVC);

Flebites.

Músculo e Esquelético Fraqueza muscular proximal (miopatia)

Fraturas ósseas;

Necrose asséptica da cabeça do fêmur;

Osteoporose.

Neurológico e Psquiátrico Cefaléia e tontura;

Insônia e mudanças do humor;

Pseudotumor cerebral;

Psicose.

Ocular Catarata subcapsular posterior;

Glaucoma;

Aumento da pressão intra-ocular;

Exacerbação da queratite herpética;

Infecções oculares oportunistas (viral ou fúngica)

Outros Aumento da suscetibilidade a infecções;

Ocultação de sintomas e infecções.

Fonte: (DAMIANI, KUPERMAN, DICHTCHEKENIAN, et al, 2001; FINAMOR,

FINAMOR, MUCCIOLI, 2002; BRITO, MOREIRA, FONTENELLE, 2005).

Ações Metabólicas:

Por ser tão variados os efeitos colaterais que decorrentes das numerosas ações

metabólicas que esse grupo de drogas produz, que citaremos algumas delas abaixo o seu

funcionamento.

No metabolismo de hidratos de carbono, os glicocorticóides antagonizam várias

ações periféricas da insulina, tendo potencial diabetogênico: aumenta à resistência a insulina

diminuindo a utilização periférica de glicose e promovendo a neoglicogênese. Já no nível

hepático promove a deposição de glicogênio e, neste efeito, é semelhante à insulina.

Com relação ao metabolismo lipídico, seu efeito agudo é de ativar a lipólise mas, a

longo prazo, promove uma redistribuição característica do tecido adiposo que confere ao

paciente o clássico aspecto de obesidade centrípeta (fácio-escápulo-truncal), com ganho de

peso. Já no metabolismo protético, apresentam dualidade de ações, em doses fisiológicas atua

como agente anabolizantes, incorporando proteína, mas em doses farmacológicas são

fracamente catabólicos, promovendo intenso desgaste protéico que, clinicamente, traduz-se

por uma pele frágil, friável, fraqueza muscular intensa com redução de massa muscular e

desgaste da matriz óssea.

No sistema músculo esquelético eles reduzem os osteoblastos e aumentam a

atividade osteoclástica, com perda de massa óssea. Reduzem a absorção intestinal de cálcio,

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antagonizando os efeitos da vitamina D, promovendo calciúria e levam a um

hiperparatoreidismo secundário, com aumento do paratormônio. Já no sistema hidro-

eletrolítico são poderosos retentores de sódio e perdedores de potássio, graças a um efeito

mineralocortióide.

No sistema hematopoiético, os corticóides tendem a aumentar os níveis de

hemoglobina e o número de hemácias circulantes. Na série branca, observa-se uma netrofilia

através da liberação da medula óssea para a corrente sanguínea, diminuindo da renovação da

circulação e aumento da liberação da parede do endotélio para a circulação. Além disso ocorre

ainda uma eosinopenia, linfopenia e monocitopenia

Os efeitos psiquiátricos e comportamentais devem ser lembrados quando utilizados

os glicocorticóides. Aparentemente tais efeitos ocorrem em pessoas predispostas e podem

incluir alterações de humor, cognição, padrões de sono e percepção sensorial, depressão,

euforia, mania e verdadeiros quadros psicóticos podem ser observados. No hipocampo,

podem provocar reduzida regeneração axonal e apoptose de células hipocampais, o que se

deve exigir um acompanhamento atento de todo o paciente em uso crônico e em doses altas

(DAMIANI, KUPERMAN, DICHTCHEKENIAN, et al, 2001).

Vias de administração:

Os corticóide são freqüentemente utilizados na oftalmologia, principalmente nas

doenças de caráter inflamatório e nas doenças imunológicas. A opção pela via de

administração vai depender do tipo de doença e da intensidade da inflamação (FINAMOR,

FINAMOR, MUCCIOLI, 2002).

Vias de administração:

Corticóide tópico – utilizado para tratamento de reação inflamatória de segmento

anterior nas uveítes anteriores ou posteriores; a solução penetra na córnea melhor que a

suspensão ou pomada. O tratamento inicial deve ser agressivo, na tentativa de se evitar

complicações; quanto mais crônica for a evolução da doença mais difícil é mantê-la sob

controle. A pressão intra-ocular deve ser cuidadosamente monitorada. Formas disponíveis:

dexametasona, betametasona e prednisolona (FINAMOR, FINAMOR, MUCCIOLI, 2002;

PÉREZ, FERNÁNDEZ, LÓPEZ, 2003).

Corticóide periocular – pode ser utilizado por via subconjuntival ou subtenoniana.

Essa via permite concentrações intra-oculares maiores da medicação, minimizando seus

efeitos sistêmicos. Indicado na uveíte anterior aguda severa, com fibrina na câmara anterior

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ou hipópio, pacientes com quadros reumáticos como espondilite anquilosante e demais HLA-

B27 positivo, nos pós-operatória de catarata, uveítes intermediárias e vasculites retinianas,

reação inflamatória vítrea associada com a síndrome de recuperação imunológica em

pacientes com AIDS (FINAMOR, FINAMOR, MUCCIOLI, 2002; PÉREZ, FERNÁNDEZ,

LÓPEZ, 2003).

Corticóide sistêmico – é a via de escolha da maioria dos pacientes com uveíte

endógena bilateral grave, após a exclusão de doenças infecciosas. Utiliza a prednisona de 1 a

1,5mg/kg/dia, em dose única pela manhã. Após a melhora do quadro inflamatório deve-se

iniciar redução lenta da dosagem inicialmente estabelecida. A pulsoterapia pode ser utilizada

em alguns casos de uveíte autoimune, especialmente em pacientes com doença ocular grave

bilateral e com risco de perda visual rápida. Em geral o tratamento é feito com

metilprednisolona 500mg-1g/dia, durante 3 dias (FINAMOR, FINAMOR, MUCCIOLI, 2002;

PÉREZ, FERNÁNDEZ, LÓPEZ, 2003).

Corticóide intra-ocular – essa via de administração, ainda é feita de maneira

experimental, e requer muito cuidado em suas indicações, com doses variando de 2-

4mg/0,1ml. A aplicação intra-vítrea de cortisona cristalina parece não ser tóxica para a

estruturas intra-oculares, reduz a inflamação no pós-operatório e parece ser uma arma

adicional no tratamento da retinopatia proliferativa e das inflamações intra-oculares

(FINAMOR, FINAMOR, MUCCIOLI, 2002).

Os corticóides de depósito subtenoniano na forma de acetato de triancinolona

(Kenalog 40mg) ou acetato de metilprednisolona (Depomedrol 40mg) são amplamente

utilizados para tratamento de quadros inflamatórios oculares, refratários ou tratamento com

corticóide tópico e sistêmico. A via periocular tem o objetivo de aumentar a concentração

intra-ocular da droga, através da absorção transescleral, possibilitando a redução da terapia

sistêmica e minimizando os efeitos colaterais da corticoterapia prolongada. A liberação do

corticóide de depósito é regulada pela composição bioquímica do mesmo, sendo que as

preparações insolúveis em água persistem por mais tempo em contato com a esclera

(FINAMOR, DIMANTAS, CAMPOS, ET AL, 2003).

As principais indicações dessa via de administração de corticóide são a baixa

acuidade visual associada à inflamação intravítrea crônica e/ou presença de edema macular

cistóide (FINAMOR, DIMANTAS, CAMPOS, et al, 2003; PÉREZ, FERNÁNDEZ, LÓPEZ,

2003).

Principais uveítes e via de corticóide recomendada

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Doença Indicação Tópico Sistêmico Periocular

Sd. VKH Inflamação ativa Sim Sim Algumas vezes

Oftalmia Simpática Inflamação ativa Sim Sim Algumas vezes

Sd. Behçet Inflamação ativa Sim Sim Algumas vezes

Sarcoidose Inflamação ativa Sim Sim Algumas vezes

Uveíte intermediária Inflamação ativa, EMC Sim Sim Algumas vezes

Toxoplasmose Lesão ativa macular ou e feixe

papilomacular, vireíte

importante

Sim Sim * associado

ao tto específico

Não

Retinites virais Doença ativa com reação

inflamatória importante

Sim Sim * associado

ao tto específico

Não

Uveíte anterior aguda RCA / fibrina Sim Às vezes Sim

Fonte: FINAMOR, FINAMOR, MUCCIOLI; 2002.

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APÊNDICE 02

O EFEITO IMUNOSSUPRESSÃO E IMUNOSSUPRESSORES

O efeito imunossupressor é uma característica desses medicamentos. Os linfócitos

T são mais suscetíveis dos que os linfócitos B. Diminuem o aporte de leucócitos aos sítios

inflamados, inibem a resposta proliferativa de monócitos e sua diferenciação a macrófagos,

inibem a produção de adesão e estimulam as interleucinas antiinflamatórias, como a IL-10.

Isto confere a este grupo de compostos suas propriedade antiinflamatória tão potente. Enfim é

uma diminuição da atividade do sistema imunológico, ficou muito tempo restrito à

administração empírica e não-monitorizada (DAMIANI, KUPERMAN,

DICHTCHEKENIAN, et al, 2001; GARCIA, LOPES, SCHOTT, et al, 2004).

Usualmente os imunossupressores levam algumas semanas antes de ter efeito

terapêutico pleno, motivo pelo qual são associados com corticóides, e a dose destes últimos

reduzida ou descontinuada após a estabilização da doença. A ciclosporina foi estudada em um

ensaio clínico com 56 pacientes com uveítes e a eficácia da droga foi similar a do corticóide.

Outro ensaio clínico comparou ciclosporina com colchicina em 96 pacientes com doença de

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Behçet com manifestações oculares. A ciclosporina foi superior à colchicina na diminuição da

freqüência das agudizações, melhora da agudização e melhora na acuidade visual. Um estudo

realizado em pacientes com coroidopatia em “birdshot”, outro em pacientes refratários a

corticóide e em um terceiro em pacientes pediátricos, embora não controlados, corroboram a

eficácia da ciclosporina em uveítes (PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES

TERAPÊUTICAS, 2004).

A azatioprina foi avaliada em um ensaio clínico randomizado duplo cego,

controlado por placebo que incluiu 73 pacientes com doença de Behçet, 48 destes com

manifestações oculares. Os pacientes foram randomizados em 2 grupo, um para receber

azatioprina 2,5 mg/kg e outro placebo. Os dois grupos foram autorizados a manter o uso de

corticóides conforme necessário. O tempo de acompanhamento do estudo foi de 24 meses.

Um trecho dos pacientes com doença ocular utilizado o placebo tiveram que abandonar o

estudo por piora das manifestações oftalmológicas, sendo que nenhum paciente do grupo

azatioprina teve piora significativa dos sintomas. Não houve evidência de que a azatioprina

seja útil na recuperação dos sintomas estabelecidos, mas há forte evidência de que ele seja

superior ao placebo na prevenção de deterioração da acuidade visual (PROTOCOLO

CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS, 2004).

Em gestantes e nutrizes não há estudo definitivos sobre a segurança da

aztioprina/6mercaptopurina durante a gestação, contudo a maioria dos estudos parece

demonstrar que ela atravessa a barreira placentária e que o risco-benefício deve ser

considerado, principalmente no primeiro trimestre de gestação pois ela pode causar

mutagenicidade e treratogenicidade (PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES

TERAPÊUTICAS, 2004).

E em crianças estudos que utilizaram azatioprina não identificaram toxicidades

específicas para esta faixa etária que restringissem o seu uso.

Os imunossupressores mais utilizados são: Prednisona (comprimidos de 5mg,

20mg e 50mg), Azatioprina (comprimidos de 50mg), 6-mercaptopurina (comprimidos e

50mg) e a Ciclosporina (cápsulas de 10mg, 25mg, 50mg e 100mg; solução oral com

100mg/ml; ampolas com 50mg e 250mg) (PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES

TERAPÊUTICAS, 2004).

Efeitos colaterais relatados para os seguintes medicamentos:

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75

Medicamento Efeitos colaterais

Prednisona Insônia, nervosismo, vertigem, convulsões, psicose, pseudotumor

cerebral, dor de cabeça, delírio, alucinações, euforia, úlcera péptica,

náuseas, vômitos, distensão abdominal, esofagite ulcerativa,

pancreatite, hepatite, catarata, glaucoma, aumento da quantidade de

pêlos no corpo, espinhas, atrofia da pele, hiperpigmentação,

síndrome de Cushing, aumento do apetite, diabete mélito, edema,

supressão adrenal, supressão do crescimento, retenção de líquido,

parada da menstruação, dores articulares, sangramentos nasais,

pressão alta, hipocalemia, alcalose, fraqueza muscular, osteoporose,

fraturas e reações de hipersensibilidade, pode facilitar o

estabelecimento ou agravar infecções virais, fúngicas e bacterianas.

Ciclosporina O risco de infecções de várias etiologias e alguns tipos de neoplasias

é aumentado com o seu uso, disfunção renal, tremores, aumento da

quantidade de pêlos no corpo, pressão alta, hipertrofia gengival,

aumento do colesterol e triglicerídeos, formigamento, dor no peito,

infarto do miocárdio, batimentos rápidos do coração, convulsões,

confusão, ansiedade, depressão, fraqueza, dores de cabeça, unhas e

cabelos quebradiços, coceira, espinhas, náuseas, vômitos, perda de

apetite, gastrite, úlcera péptica, soluços, inflamação na boca,

dificuldade para engolir, hemorragias, inflamação do pâncreas,

prisão de ventre, desconforto abdominal, síndrome hemoalítico-

urêmica, diminuição das células brancas do sangue, linfoma,

calorões, hipercalemia, hipomagnesemia, hiperuricemia, toxicidade

para os músculos, disfunção respiratória, sensibilidade aumentada a

temperatura e reações alérgicas, toxicidade renal e hepática e

ginecomastia.

Azatioprina e 6-metacaptopurina Os efeitos tóxicos incluem o sistema hematológico e gastrointetinal.

Anemia, diminuição das células brancas, vermelhas e plaquetas do

sangue, náuseas, vômitos, diarréia, dor abdominal, fezes com

sangue, toxicidade para o fígado, pancreatite, febre, calafrios,

diminuição de apetite, vermelhidão de pele, perda de cabelo, aftas,

dores articulares, retinopatia, falta de ar, pressão baixa, pneumonite e

reações de hipersensibilidade, pode facilitar o estabelecimento ou

agravar infecções virais, fúngicas e bacterianas.

Fonte: PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS, 2004.

Deve-se monitorar a utilização do azatioprina/6-mercaptoprina pois pode acarretar

leucopenia e/ou trombocitopenia graves, e hemograma completo deve ser realizado

semanalmente no primeiro mês, quinzenalmente no segundo e terceiro meses e, após,

mensalmente. A ciclosporina deve ter a dose ajustada conforme seus níveis séricos, que, após,

devem ser monitorizados regularmente. A ciclosporina é nefrotóxicas principalmente em

idosos e em usuários de outras drogas nefrótóxicas, e também tem efeito hipertensivo.

Dosagens de creatinina e monitarização da pressão arterial devem ser feitas antes do

tratamento em pelo menos duas ocasiões e depois do início do tratamento a cada quinze dias

durante os primeiros 3 meses de uso e, após, mensalmente se o paciente estiver estável.

Nessas ocasiões também devem ser realizados hemograma, dosagens de ácido úrico, potássio,

lipídios e magnésio; pois a ciclosporina deve ser reduzida de 25-50% se houver alteração

relevante em algum desses valores em relação aos níveis pré-tratamento. Se a redução for

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efetiva ou alteração for grave, a ciclosporina deve ser suspensa (PROTOCOLO CLÍNICO E

DIRETRIZES TERAPÊUTICAS, 2004).

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77

APÊNDICE 03

CUIDADOS E RECOMENDAÇÕES COM A CORTICOTERAPIA E A

IMUNOSSUPRESSÃO

Deve-se ter cuidado com gestantes e nutrizes e também em crianças; pois os

corticóides atravessam a barreira placentária. Entretanto estudos adequados não tem sido

realizados em humanos, havendo alguma evidência que doses farmacológicas de corticóides

podem aumentar o risco de insuficiência placentária e diminuição do peso ao nascimento.

O uso de prednisona, triancinolona e betametasona pode ser feito em mães que

amamentam. Por outro lado, não é considerado seguro o uso de dexametasona e deflazacort.

Em relação a metilprednisolona, pode ser utilizado desde que a dose seja baixa (menos que

8mg/dia) e a criança seja amamentada após 4 horas da tomada do corticóide. Não se conhece

o efeito da hidrocortisona sobre o leite materno ainda.

Em crianças deve-se evitar o uso prolongado de corticóides, que pode causar

retardo de crescimento.

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78

Pacientes com uso de corticóides recomendam-se dosagens de potássio e sódio

séricos e glicemia de jejum para monitorização (DAMIANI, KUPERMAN,

DICHTCHEKENIAN, et al, 2001; PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES

TERAPÊUTICAS, 2004).

APÊNDICE 04

PONTOS INDICADOS PARA A UTILIZAÇÃO NA ACUPUNTURA NOS SINTOMAS

E SINAIS DA UVEÍTE

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Pontos Nome em Chinês Função

P1 Zhongfu Dor e vermelhidão.

P7 Lieque Edema, calázio.

Circula o Qi defensivo e liberta o exterior, expele vento, beneficia a Bx

e abre as passagens da água, desvios dos olhos.

P9 Taiyuan Dor, vermelhidão, ceratite, manchas, catarata, pterígio.

IG1 Shangyang Glaucoma, neuropatia ótica, baixa visão, distúrbio visual, edema,

inflamação, discromatopsia.

Elimina calor, expele o vento, dispersa o frio, ilumina os olhos, Atrofia

ótica.

IG2 Erjian Baixa visão, distúrbio visual, inflamação, distúrbio oculomotores.

Elimina calor.

IG3 Sanjian Baixa visão, distúrbio visual, dor, edema, lacrimejamento.

Dispersa o vento exterior, elimina calor, ilumina os olhos.

IG4 Hegu Baixa visão, distúrbio visual, edema, inflamação, dor, vermelhidão,

prurido, fotofobia, blefarite15

, dacriocistite, pterígio, ceratite, manchas,

uveíte, glaucoma.

Dispersar o vento exterior, interrompe dor.

IG5 Yangxi Dor, vermelhidão, blefarite, ceratite, manchas.

Expele o vento, interrompe a dor inchaço ocular.

IG6 Pianli Baixa visão, dor e vermelhidão.

IG7 Wenliu Elimina calor, interrompe dor, expele vento, inchaço ocular.

IG8 Xialian Dor, vermelhidão.

IG11 Quchi Dor, vermelhidão, lacrimejamento.

Expele vento exterior, elimina calor, esfria o xue, resolve a umidade,

regulariza o Qi nutritivo e o xue.

IG16 Jugu Domina a rebelião ascendente do Qi, remove obstruções do meridiano.

IG20 Yingxiang Baixa visão, dor, vermelhidão, edema, prurido.

Dispersa o vento exterior.

E1 Chengqi Baixa visual, distúrbio visual, dor, vermelhidão, lacrimejamento,

blefarite, dacriocistite, ceratite, uveíte, glaucoma, catarata, neuropatia

ótica, discromatopsia, hemeralopia16

, distúrbios motores

oculopalpebrais, distúrbio de refração.

Expele vento, ilumina os olhos, edema ocular.

E2 Sibai Baixa visual, distúrbio visual, dor, vermelhidão, lacrimejamento,

blefarite, dacriocistite17

, ceratite, manchas, pterígio, miodisopsias,

distúrbio de refração, distúrbios motores palpebrais.

Expele vento, ilumina os olhos.

E3 Juliao Baixa visual, distúrbio visual, edema prurido, pterígio, manchas,

catarata, glaucoma, neuropatia óticas, miodisopsias, distúrbios de

refração, distúrbios motores oculopalpebrais.

Expele vento, remove obstruções do meridiano, alivia edemas.

E4 Dicang Baixa visual, prurido, distúrbios motores oculopalpebrais, distúrbios de

refração, hemeralopia.

Expele vento, remove obstruções do meridiano.

E8 Touwei Baixa visual, distúrbio visual, fadiga visual, dor, lacrimejamento,

distúrbios motores oculopalpebrais.

Expele vento, alivia dor, ilumina os olhos, elimina calor, interrompe

lacrimação, alivia tonturas.

E36 Zusanli Baixa visual, distúrbio visual, fadiga visual, neuropatia ótica, atrofia

ótica.

Beneficia BP e E, tonifica o Qi e xue, dissipa o frio, fortalece o corpo,

ilumina os olhos, regulariza o Qi defensivo e nutritivo, aumenta o

yang, expele vento e a umidade, resolve edema.

15

Blefarite – inflamação aguda ou crônica da borda palpebral. Fonte: SILVA, 2005.

16 Hemeralopia – cegueira noturna ou inaptidão para ver a luz escassa à noite ou à hora crepúsculo.

17 Dacriocistite – inflamação da glândula lacrimal acompanhada de secreção mucopurulenta.

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E41 Neiting Dor.

Remove obstruções do meridiano, elimina vento e calor, ilumina os

olhos.

BP2 Dadu Fortalece o BP, elimina calor.

C5 Tongli Distúrbio visual, baixa visual, dor, vermelhidão, distúrbios vasculares.

Beneficia a BX, tonifica o Qi do C.

ID3 Houxi Baixa visual, distúrbio visual, vermelhidão, dor, prurido, fotofobia,

edema, lacrimejamento, blefarite, calázio18

, ceratite, ulceração,

mancha, pterígio, uveíte, glaucoma, catarata, discromatopsia19

,

hemeralopia, retinopatias, neuropatias óticas, exoftalmia20

, distúrbios

motores oculopalpebrais, distúrbios de refração.

Elimina e vento do VG; expele o vento exterior, resolve umidade

elimina calor.

ID5 Yanggu Distúrbio visual, dor, inflamação.

Remove obstruções do meridiano, expele a umidade-calor.

ID6 Yanglao Baixa visual, distúrbio visual, dor, vermelhidão, distúrbios

oculomotores.

Remove obstruções do meridiano, ilumina os olhos.

ID7 Zhizheng Baixa visual, distúrbio visual, vermelhidão, calázio.

Remove obstruções do meridiano.

ID8 Xiaohai Baixa visual.

Resolve a umidade-calor, remove obstruções do meridiano.

ID12 Bingfeng Ponto de encontro do ID, VB, TA e do IG.

Bx1 Jingming Baixa visual (miopia), distúrbio visual, vermelhidão, dor prurido,

fotofobia, edema, lacrimejamento, blefarite, calázio, ceratite, mancha,

pterígio, uveíte, glaucoma, catarata, discromatopsia, hemeralopia,

retinopatias, neuropatias óticas, exoftalmia, distúrbios motores,

oculopalpebrais, distúrbios de refração.

Expele vento, elimina calor, interrompe dor, prurido e lacrimação,

ilumina os olhos.

Bx2 Zanzhu Baixa visual, distúrbio visual, vermelhidão, dor, prurido, fotofobia,

edema, lacrimejamento, blefarite, calázio, ceratite, mancha, pterígio,

uveíte, glaucoma, catarata, discromatopsia, hemeralopia, retinopatias,

neuropatias óticas, exoftalmia, distúrbios motores, oculopalpebrais,

distúrbios de refração.

Expele vento, suaviza o F, remove obstruções do meridiano,

interrompe dor, ilumina os olhos.

Bx3 Meichong Elimina vento e umidade.

Bx4 Quchai Perturbação visual.

Bx5 Wuchu Perturbação visual.

Domina o vento interior.

Bx9 Yuzhen Baixa visual, dor.

Bx10 Tianzhu Baixa visual, perturbação visual, distúrbios oculomotores.

Expele vento, abre os orifícios, remove obstruções do meridiano,

ilumina os olhos.

Bx18 Ganshu Baixa visual, distúrbio visual, dor, lacrimejamento, manchas, uveítes,

retinopatias, neuropatias óticas, distúrbios oculomotores, hemeralopia,

edema.

Beneficia o F e a VB, resolve umidade-calor, movimenta o Qi

estagnado, beneficia os olhos, elimina o vento.

Bx19 Danshu Resolve a umidade-calor no F e na VB.

Bx45 Yixi Perturbação visual, dor.

Bx48 Yanggang Elimina umidade-calor

Bx58 Feiyang Baixa visual, perturbação visual, dor.

18

Calázio – pequeno tumor indolor e duro no bordo palpebral devido à inflamação crônica de uma de suas

glândulas sebáceas. 19

Discromatopsia – Anomalia da percepção de cores. 20

Exoftalmia – saliência do globo ocular para fora da órbita ocular. Fonte: SILVA, 2005.

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Remove obstruções do meridiano, fortalece o R e BP.

Bx60 Kunlun Baixa visual, perturbação visual, dor, fotofobia.

Expele o vento, remove obstruções do meridianos, elimina calor,

revigora o xue.

Bx62 Shenmai Baixa visual, perturbação visual, dor, vermelhidão, distúrbios

oculomotores.

Remove obstruções do meridiano, beneficia os olhos, elimina o vento

interior.

Bx66 Tonggu Baixa visual, perturbação visual, dor, vermelhidão.

Elimina calor, remove obstruções dos meridianos, elimina vento.

Bx67 Zhinyin Baixa visual, perturbação visual, dor, vermelhidão, edema,

lacrimejamento, mancha, pterígio, catarata.

Elimina vento, remove obstruções do meridiano, revigora o xue, limpa

os olhos.

R6 Zhaohai Baixa visual, dor.

Nutre o yin, beneficia os olhos, esfria o xue.

R16 Huangshu Baixa visual, dor, vermelhidão.

Remove obstruções do meridiano, tonifica o R, beneficia o C.

R17 Shangqu Elimina umidade-calor.

R18 Shiguan Baixa visual, dor, vermelhidão.

R19 Yindu Elimina umidade-calor.

R20 Tonggu Baixa visual, dor, vermelhidão.

R21 Youmen Elimina umidade.

C6 Neiguan Dor, vermelhidão.

Regulariza o Qi C e do xue, harmoniza o E, acalma a mente, regulariza

e limpa o TA.

TA1 Guanchong Baixa visual, perturbação visual, dor, vermelhidão, mancha, pterígio

edema.

Elimina calor, expele vento, revigora o xue, restaura a consciência.

TA2 Yemen Perturbação visual, vermelhidão, mancha.

Elimina o calor, expele o vento, remove obstruções do meridiano.

TA3 Zhongzhu Perturbação visual, dor, vermelhidão, mancha, edema.

Elimina o calor, expele o vento, remove obstruções do meridiano,

regulariza o Qi, eleva a mente.

TA4 Yangchi Edema, vermelhidão.

Remove obstruções do meridiano, elimina calor, promove a

transformação de fluidos, beneficia o Qi original, tonifica os VG e VC.

TA5 Waiguan Dor, vermelhidão, edema.

Expele o vento-calor, liberta o exterior, remove obstruções do

meridiano, domina o yang do F.

TA17 Yifeng Baixa visual, perturbação visual, dor, mancha, distúrbio oculomotores.

Expele o vento.

TA18 Qimai Perturbação visual, lacrimejamento, distúrbio pupilar.

TA20 Jiaosun Dor, vermelhidão, mancha, pterígio21

, exoftalmia.

TA23 Sizhukong Baixa visual, distúrbio visual, dor, vermelhidão, blefarite, ceratite,

mancha, distúrbio oculopalpebrais.

Expele o vento, interrompe dor, ilumina os olhos.

VB1 Tongziliao Baixa visual, distúrbio visual, dor, vermelhidão, prurido, fotofobia,

edema, lacrimejamento, blefarite, calázio, ceratite, mancha, pterígio,

distúrbio pupilar, uveíte, catarata, glaucoma, retinopatia ótica, distúrbio

vascular, hemeralopia, distúrbio de refração.

Expele o vento-calor, elimina o Fg, ilumina os olhos.

VB4 Hanyan Baixa visual, perturbação visual, dor, distúrbios oculomotores.

VB5 Xuanlu Dor, vermelhidão, distúrbios motores, oculopalpebrais.

VB13 Benshen Perturbação visual.

Acalma a mente, elimina vento, reúne a essência à cabeça.

21

Pterígio – espessamento altamente vascularizado da conjuntiva, apresentando forma triangular, estendendo-se

sobre a córnea desde o ângulo interno do olho. Fonte: SILVA, 2005.

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82

VB14 Yangbai Baixa visual, perturbação visual, dor, vermelhidão, prurido, fotofobia,

lacrimejamento, distúrbios motores oculopalpebrais, hemeralopia.

Elimina vento exterior, domina o aumento do Qi.

VB15 Toulinqi Baixa visual, perturbação visual, dor, vermelhidão, lacrimejamento,

mancha, pterígio, distúrbios oculomotores.

Equilibra emoções e regulariza a mente.

VB16 Muchuang Baixa visual, fadiga visual, perturbação visual, dor, vermelhidão,

edema.

VB20 Fengchi Baixa visual, perturbação visual, dor, vermelhidão, lacrimejamento,

blefarite, dacriocistite, ceratite, uveíte, glaucoma, neuropatia,ótica,

atrofia ótica, distúrbios oculomotores.

Elimina vento (interior e exterior), domina o yang do F, ilumina os

olhos, elimina calor, limpa o cérebro.

VB37 Guangming Baixa visual, dor, vermelhidão, prurido22

, catarata, atrofia ótica,

hemetalopia.

Ilumina os olhos, expele vento, elimina calor, conduz o Fg em

descendência.

VB38

VB39 Xuangzhong Beneficia a essência, elimina vento.

VB40

VB41

VB42

VB43

VB44

F2 Xingjian Baixa visual, perturbação visual, fadiga visual, dor, vermelhidão,

edema, lacrimejamento, catarata, glaucoma, hemeralopia, distúrbios de

refração.

Elimina o Fg do F, domina o yang do F, esfria o xue, domina o vento

interior.

F3 Taichong Baixa visual, perturbação visual, dor, vermelhidão, uveíte.

Domina o yang do F, expele o vento interior, promove o fluxo suave

do Qi do F, acalma a mente.

VG4 Mingmen Perturbação visual.

VG12 Shenzhu Elimina calor interior, fortalece o corpo.

VG16 Fengfu Elimina calor, desobstrui a mente.

VG17 Naohu Elimina vento, desobstrui a mente.

VG20 Baihui Desobstrui a mente, eleva o espírito, tonifica o yang, fortalece a função

ascendente do BP, elimina vento interior.

VG23 Shangxing Resolve o fleuma.

VG24 Shenting Acalma a mente.

VC12 Zhongwan Tonifica o E e BP, resolve umidade.

Dagukong Dor, mancha, catarata.

Jianming Mancha, dacriocistite, retinopatia, atrofia ótica.

Jianming Catarata, glaucoma, uveíte, distúrbios de refração.

Jianming Retinopatia, atrofia ótica.

Jinggong Tonifica a essência do R.

Qiuhou Dor, baixa visual, perturbação visual, glaucoma, neuropatia ótica,

atrofia ótica, distúrbios oculomotores.

Shixuan Elimina o calor, domina o vento interior, abre os orifícios.

Desmaio, insolação, convulsão, histeria, ataque epilético

Taiyang Dor, vermelhidão, edema, blefarite, ceratite, uveíte.

Elimina vento, Fg.

Xinzanzhu Baixa visual, dor, glaucoma, uveíte.

Yiming Baixa visual, catarata, glaucoma, hemeralopia, atrofia ótica, distúrbios

de refração.

Yintang Elimina vento, acalma mente.

22

Prurido – coceira cutânea que pode ocorre por conta de uma doença de pele, uma afecção geral ou não ter uma

causa detectável. Fonte: SILVA, 2005.

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Yuyao Dor, blefarite, ceratite, pterígio, catarata, neuropatia ótica.

Elimina calor, remove obstruções do meridiano, ilumina os olhos,

tonifica o yin do F.

Zengming Mancha, distúrbio de refração.

FONTE: WEN, 1985; FRANZINI, POLETTI, POLETTI, 1991; MACIOCIA, 1996; MAO-LINGH, 2001.

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APÊNDICE 05

REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO COMPLEMENTAR

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