resumo - teorias da aprendizagem

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 "#" Teorias da Aprendizagem: um encontro entre os pensamentos filosófico, pedagógico e psicológico. O Cérebro – History Chanel : https://www.youtube.com/watch?v=8X_E6IjBcBU Capítulo 1. As bases históricas da filosofia, da psicologia e da educação: um diálogo que permeia a pedagogia Como expressam Marx e Engels (1980), aquilo que o homem faz, em que acredita, o que conhece e o que pensa sofre interferência das ideias anteriormente elaboradas, ao mesmo tempo em que novas representações produzem transformações em sua existência. (p.19) Capítulo 1.1 Para Platão, no diálogo Eutidemo, a Filosofia é o uso do saber em proveito do homem, onde o fazer e o saber utilizar o que é feito, seria uma “ciência” chamada filosofia, que também se coloca como um modo de viver, o sentido da vida filosófica, seguindo esse preceito. (p.21/22)  A filosofia ocupou um lugar proeminente na cultura ocidental. Pode-se até mesmo diz er que ela foi uma das principais forças dessa cultura, pois todo o conhecimento científico e técnico que se encontra na base do edifício de nossa civilização emergiu sob essa modalidade filosófica, lá na Grécia clássica, cerca de 500 anos antes da nossa era. (SEVERINO, 2008, p.3) (p.22)  A Antiguidade (ou Idade Antiga, sec . IV a.C ao V d.C.) também denominado  período arcaico, é marcada por uma grande transformação na história do pensamento humano, pois foi nesse período que a civilização grega se viu obrigada a criar técnicas e métodos voltados para o processo de ensino-aprendizagem, desligando-se pouco a pouco do pensamento mítico. (p.22) Durante a Antiguidade, o homem interpretava e explicava a realidade por meio do mito ( mythos) [...] as histórias eram passadas de geração para geração por meio da cultura oral, mas sem fundamentos na razão e de maneira não crítica. Isso ocasionava uma compreensão metafórica e ingênua dos fatos e fenômenos, pois estes não se apresentavam de forma racional. (p.22/23) Na Antiguidade temos o Período Clássico, onde destacam-se os sofistas, considerados por muitos como os charlatões da filosofia”, acusados de pregar o falso raciocínio, o raciocínio capcioso, de má-fé e com intenção de enganar os outros, e o Período Helenístico, onde se situam os maiores ícones da filosofia grega: Sócrates, Platão e Aristóteles. (p.24) Na Idade Média (sec. V ao XV), destacamos as instituições escolares, nas quais os ensinamentos tinham como base a supremacia da fé católica, em detrimento da razão. Os principais expoentes desse pensamento foram Santo Agostinho com base no dualismo de Platão, e São Tomás de Aquino, que elaborou sua teoria sobre os ensinamentos de Aristóteles. Nesse período o papel filosófico estava subordinado à teologia, dogmatizando e interpretando a Bíblia sem propriamente criar novas concepções do mundo, caracterizado pelo monopólio eclesiástico de ensino e pela difusão do modelo cristão de educação por meio de escolas organizadas pela Igreja com regras rigorosas e fixadas por intermédio de dogmas (verdades impostas e inquestionáveis), que pregavam o “desprezo do mundo”, a humildade, a solidão e o silêncio, o amor de Deus e a consciência do pecado. (p.25) Na Idade Moderna (meados do sec. XV ao final do sec. XVIII), diversos filósofos emergiram, entre eles o inglês Francis Bacon, com seu método experimental, e o francês René Descartes, com sua visão mecanicista e racional do homem. (p.25/26) Francis Bacon foi reconhecido como o “pensador do Renascimento”, porque sua máxima era a de que, para se descobrir algo, é preciso conhecer, e para conhecer, é preciso experienciar. Assim, Bacon ressalta a observação, a comparação, a repetição e a análise das experiências, e reúne estas na direção do conhecimento. (p.26) Já Descartes contribuiu significativamente no que diz respeito ao processo de “libertação” da pesquisa e da investigação científica dos dogmas teológicos que dominaram toda a Idade Média. Descartes representou a passagem da Renascença para o período moderno da ciência e, segundo alguns autores, representou também os primórdios da psicologia moderna. (p.26)

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Teorias da Aprendizagem: um encontro entre os pensamentos filosófico, pedagógico e psicológico.

O Cérebro – History Chanel: https://www.youtube.com/watch?v=8X_E6IjBcBU

Capítulo 1. As bases históricas da filosofia, da psicologia e da educação: um diálogo que permeia apedagogia

Como expressam Marx e Engels (1980), aquilo que o homem faz, em que acredita, o que conhece e o quepensa sofre interferência das ideias anteriormente elaboradas, ao mesmo tempo em que novasrepresentações produzem transformações em sua existência. (p.19)

Capítulo 1.1

Para Platão, no diálogo Eutidemo, a Filosofia é o uso do saber em proveito do homem, onde o fazer e osaber utilizar o que é feito, seria uma “ciência” chamada filosofia, que também se coloca como um modo deviver, o sentido da vida filosófica, seguindo esse preceito. (p.21/22)

 A filosofia ocupou um lugar proeminente na cultura ocidental. Pode-se até mesmo dizer que ela foi uma dasprincipais forças dessa cultura, pois todo o conhecimento científico e técnico que se encontra na base doedifício de nossa civilização emergiu sob essa modalidade filosófica, lá na Grécia clássica, cerca de 500

anos antes da nossa era. (SEVERINO, 2008, p.3) (p.22) A Antiguidade (ou Idade Antiga, sec. IV a.C ao V d.C.) também denominado  período arcaico, é marcada poruma grande transformação na história do pensamento humano, pois foi nesse período que a civilizaçãogrega se viu obrigada a criar técnicas e métodos voltados para o processo de ensino-aprendizagem,desligando-se pouco a pouco do pensamento mítico. (p.22)

Durante a Antiguidade, o homem interpretava e explicava a realidade por meio do mito (mythos) [...] ashistórias eram passadas de geração para geração por meio da cultura oral, mas sem fundamentos na razãoe de maneira não crítica. Isso ocasionava uma compreensão metafórica e ingênua dos fatos e fenômenos,pois estes não se apresentavam de forma racional. (p.22/23)

Na Antiguidade temos o Período Clássico, onde destacam-se os sofistas, considerados por muitos como os

“charlatões da filosofia”, acusados de pregar o falso raciocínio, o raciocínio capcioso, de má-fé e comintenção de enganar os outros, e o Período Helenístico,  onde se situam os maiores ícones da filosofiagrega: Sócrates, Platão e Aristóteles. (p.24)

Na Idade Média (sec. V ao XV), destacamos as instituições escolares, nas quais os ensinamentos tinhamcomo base a supremacia da fé católica, em detrimento da razão. Os principais expoentes dessepensamento foram Santo Agostinho com base no dualismo de Platão, e São Tomás de Aquino, queelaborou sua teoria sobre os ensinamentos de Aristóteles. Nesse período o papel filosófico estavasubordinado à teologia, dogmatizando e interpretando a Bíblia sem propriamente criar novas concepções domundo, caracterizado pelo monopólio eclesiástico de ensino e pela difusão do modelo cristão de educaçãopor meio de escolas organizadas pela Igreja com regras rigorosas e fixadas por intermédio de dogmas

(verdades impostas e inquestionáveis), que pregavam o “desprezo do mundo”, a humildade, a solidão e osilêncio, o amor de Deus e a consciência do pecado. (p.25)

Na Idade Moderna (meados do sec. XV ao final do sec. XVIII), diversos filósofos emergiram, entre eles oinglês Francis Bacon, com seu método experimental, e o francês René Descartes, com sua visãomecanicista e racional do homem. (p.25/26)

Francis Bacon foi reconhecido como o “pensador do Renascimento”, porque sua máxima era a de que, parase descobrir algo, é preciso conhecer, e para conhecer, é preciso experienciar. Assim, Bacon ressalta aobservação, a comparação, a repetição e a análise das experiências, e reúne estas na direção doconhecimento. (p.26)

Já Descartes contribuiu significativamente no que diz respeito ao processo de “libertação” da pesquisa e dainvestigação científica dos dogmas teológicos que dominaram toda a Idade Média. Descartes representou apassagem da Renascença para o período moderno da ciência e, segundo alguns autores, representou

também os primórdios da psicologia moderna. (p.26)

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O suíço Jean-Jacques Rousseau foi uma figura de transição dentro do iluminismo: de um lado, acentuou asexigências de liberdade presentes no movimento, de outro , abriu caminho para o romantismo, criticando osexcessos racionalistas.

Nesse período da Idade Moderna vivia-se um momento de transição onde havia, de um lado, o desejo pelalibertação do homem, social, cultural e religiosamente, e, por outro lado, uma ação governamentalconstante, que procurava moldar profundamente o indivíduo, tornando-o um produto do Estado, criandouma antinomia que marca a história da Modernidade num processo dramático e inconcluso. (p.26)

 A Idade Contemporânea (sec. XVIII ao XVX) nos traz o pensamento de Hegel, Marx e Engels. Nesseperíodo, com o crescente nível de alfabetização, foi possível estabelecer diferenças entre o que se diz nostextos, o que se escreve, o que o leitor entende, o que agrega em sua interpretação, distinção sem a qual aciência moderna não teria sido possível. (p.27)

 A partir do século XX passamos a ter uma diversidade de correntes filosóficas como o Existencialismo, oEstruturalismo, a Fenomenologia, a Escola de Frankfurt, entre outras, devido a influencia de váriascorrentes filosóficas anteriores e em múltiplas correntes simultaneamente, tornando difícil sua classificação,como nas obras de Sartre, Heidegger, Foucalt, Wittgensten, Althusser, entre outros. (p.27)

Capítulo 1.2

“O homem é a medida de todas as coisas. Como cada coisa é para mim, assim ela é para mim; como cadacoisa aparece para ti, assim ela é para ti.” – Protágoras [...] Portanto, a forma como vemos o mundodepende de nós e de nossas relações com esse mesmo mundo. [...] “O mundo é uma representaçãominha.” – Schopenhauer [...] Ou seja, a forma como vemos e compartilhamos o mundo ocorre por meio darepresentação que fazemos dele, é um processo subjetivo. (p.28)

Para representar as frases acima, Rubem Alves cita Evans-Pritchard ao contar sobre o conceito de feitiçaria dos Azande, tribo africana que acredita na influência de feitiços até em situações comuns, como uma batidade dedão num galho no chão, mostrando que todos possuímos nossa própria “filosofia” de vida, nossomodo de desvendar e compreender o mundo, mesmo que esse modo não seja aceito por outras pessoas.(p.29/30)

“O que não é problemático não é pensado, (visto) que todo pensamento começa com um problema” –Rubem Alves [...] assim, precisamos pensar para fazer uma pergunta; devemos ter consciência de que nãosabemos algo e, por isso, precisamos aprender, tomar posições e fazer escolhas, ainda que, depois dealgum tempo, refletindo sobre tais escolhas, venhamos a mudar de opinião. Dessa forma, partimos decrenças diversas que variam de acordo com nossas próprias experiências de vida, que podem serincoerentes, contraditórios, irrefletidos e ingênuos, e a isto a ciência chama de senso comum. Por outro ladoa exigência de clareza e de livre crítica é própria do percurso filosófico, na recusa da opinião (doxa) e embusca da explicação e da verdade (a teoria), onde a filosofia é uma força de interrogação e de reflexão,dirigida para os grandes problemas do conhecimento e da condição humana. (p.30)

O encontro da filosofia e da pedagogia se dá no momento em que a problematização do método de ensinoentra em discussão, refletindo sobre o ato de educar e sobre o quanto de senso comum  está sendoaplicado no processo de ensino sem uma reavaliação de sua funcionalidade. Afinal, ao analisarmos

reflexiva e criticamente a ação pedagógica, de forma a promover a passagem da educação do sensocomum, assistemática, para a educação sistematizada, que alcança o nível da consciência filosófica,devemos nos indagar a respeito do homem que se quer formar, quais os valores emergentes que secontrapõem a outros, já decadentes, e quais os pressupostos do conhecimento subjacentes aos métodos eprocedimentos utilizados. (p.30/31)

Capítulo 1.3

Desde o século XX vemos uma espécie de bifurcação na raiz que une essas duas ciências, a psicologia e apedagogia, e surge uma tentativa de se organizar as versões modernas da psicologia e da pedagogia, comociências autônomas, com pesquisas, métodos, técnicas, leis, diretrizes e parâmetros próprios. Mas na áreada pedagogia ainda não há um consenso no que se refere à autonomia dessa área de conhecimento. (p.33)

Capítulo 1.4 

Pedagogia, palavra composta pelos termos gregos  paidós (criança), agein (conduzir) e logos (ciência),refere-se ao “ensino das crianças”, à “ciência de ensinar”, a partir de um conjunto de princípios e métodos

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pautados na filosofia (concepção de vida) e em algumas ciências humanas (como sociologia e psicologia).(p.33)

Os primeiros indícios históricos da pedagogia datam, aproximadamente do século XVII, quando o tchecoComênio descreveu que tanto a criança quanto o jovem mereciam cuidados especiais para a efetivação deuma aprendizagem mais produtiva, visto que, para ele, dever-se-ia ensinar “tudo a todos”, visto que, apesarde diferentes aptidões, todos poderiam chegar à erudição, à virtude e a religião – correspondentes as trêsfaculdades necessárias: o intelecto, a vontade e a memória. (p.33/34)

 Apesar disso, na Grécia Antiga já encontrávamos indícios do que viria a ser a pedagogia, afinal, do ponto devista da educação, a Grécia dos períodos clássico e helenístico foi o núcleo constitutivo da tradiçãoocidental, ou pelo menos de alguns dos elementos que a caracterizam. Podemos observar que nesseperíodo já se encontravam acompanhantes de crianças que controlavam e estimulavam suas experiências,assim como grupos de jovens conduzidos por mestres pensadores, como o caso das intervenções deSócrates, Platão e Aristóteles. Surge assim o termo Paideia, que se refere a formação do homem por meiodo contato orgânico com a cultura. (p.34)

Sócrates ministrava seus ensinamentos aos jovens em praça pública e instigava-os a pensarem por sipróprios a partir de provocações como a célebre “conhece-te a ti mesmo”, que orientava a descoberta daprópria ignorância e a possibilidade de superá-la, de “parir” novas ideias. Dessa forma, Sócrates promovia o

desenvolvimento da subjetividade e da crítica. (p.35) A psicologia clínica se liga ao método socrático ao levar as pessoas a pensar, a relatar e a refletir sobresuas vidas a partir de perguntas e da observação dos pontos fracos das reflexões do próprio indivíduo.(p.36)

Platão foi o primeiro a estabelecer uma filosofia da educação na cultura ocidental, pois via a educação comoa necessária formação do espírito, de forma que a grande questão era como formar os homens de bem eleva-los ao conhecimento do bem assim como à sua prática. Platão funda em Athenas uma das primeirasinstituições de ensino do mundo ocidental, a Academia. (p.37)

 Aristóteles, por sua vez, funda sua escola filosófica, o Liceu, pautada na aprendizagem por meio da lógica,da observação e da experiência, mais realista/pragmática e menos dualista/utópica que a Academia de

Platão. (p.38)

Na Idade Média, com o advento da fé subjugando a razão, a Paideia  organiza-se agora em um sentidoreligioso, transcendente, teológico, ancorando-se nos saberes da fé e no modelo da pessoa do Cristo,sofredora, mas profética, e não mais no espírito crítico, investigativo, lógico e racional da Antiguidade.Dessa forma a educação passa a se desenvolver em estreita simbiose com a Igreja, com a fé cristã e comas instituições eclesiásticas, que eram as únicas que tinham permissão para educar, formar e conformar. Éproduzida uma imagem do mundo como ordem desejada por Deus, dessa forma, os processos educativoseram responsáveis pela difusão desse complexo imaginário. (p.38/39)

 Após a chamada Paideia Cristã, autoritária e dogmática, surgiu um fenômeno complexo de muitasdimensões chamado de Renascimento ou Idade das Luzes, movimento que é uma expressão da chamadaModernidade, que coloca o homem novamente no centro do pensamento ocidental, onde o homem volta a

ser a medida de todas as coisas, e não Deus, sem qualquer intervenção de ordem sobrenatural. Dessaforma, a educação passa a ter, ao longo da modernidade, uma ação e prestação pública para odesenvolvimento da cidadania. (p.40)

 A Idade Moderna foi uma época de grandes revoluções, a começar pela a Revolução Industrial, que teveorigem na Inglaterra no século XVIII, onde a máquina passou a suplantar o trabalho humano e a burguesiaassumiu o poder econômico, e a Revolução Francesa, em 1789, que marcou o início da IdadeContemporânea, sendo uma revolução ideológica e social, que aboliu a servidão e os direitos feudais, ondea burguesia assumiu o poder político e passou a ter o controle social. (p.40)

 A Idade Moderna é cheia de contradições, uma vez que, ao mesmo tempo em que coloca o homem nocentro das discussões, o alicia por meio de fortes condicionamentos por parte da coletividade, dando vida aum “mundo moderno” em cujo centro estão a eficiência no trabalho e o controle social. A educação se

tornou necessidade básica do ser humano, sendo alardeado em qualquer discurso político-partidário mas,por outro lado, em momentos se vê um discurso contrário, que afirma não ser possível inserir a educaçãonas sociedades de consumo. Em parte essa contradição se dá pelo foco educacional nesse período servoltado para a formação técnica, visto a necessidade de um novo tipo de proletariado, que entenda das

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funções industriais e seja especializado nisso, em detrimento do desenvolvimento pessoal depotencialidades. (p.41)

Na chamada Contemporaneidade ou Pós-Modernidade, ou mesmo Complexidade, surge um novopanorama de como compreender a educação, não mais sob uma teleologia ética nem sob a perspectivaçãopolítica, mas como um pensamento ainda em construção chamado de filosofia pós-moderna ou pós-estruturalista de uma era histórico-cultural chamada pós-modernidade, condicionados inicialmente porcríticas de pensadores como Nietzsche, Freud e Marx e posteriormente consolidadas no pensamento atualpor Foucalt, Deleuze, Guattari, Lyotard, Baudrillard e Maffesoli, entre outros. (p.41/42)

Capítulo 1.5 

O termo psicologia vem do grego  psykhologuía, composto por  psykhé  (psique, alma, mente) e logos (palavra, razão, estudo), sendo esta a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais ou, emoutras palavras, a ciência que se dedica a estudar tudo o que a pessoa faz, assim como as experiênciassubjetivas inferidas por meio do comportamento. (p.44)

Filósofos como Platão e Aristóteles já se dedicavam, no século V a.C., a questões que atualmenteconcernem a psicologia moderna, mas devemos lembrar que, apesar de a história da psicologia ter sedesenvolvido a partir da filosofia, o que distingue a disciplina mais antiga da filosofia da psicologia moderna

são a abordagem e as técnicas usadas, que denotam a emergência desta última como um campo de estudopróprio, essencialmente científico, cuja abordagem moderna teve início há pouco mais de cem anos, no finaldo século XIX, quando os pesquisadores passaram a confiar na observação e na experimentaçãominuciosamente controlada para estudar a mente humana, momento em que a psicologia começou aadquirir uma identidade distinta das suas raízes filosóficas. (p.44/45)

O Estruturalismo (1875) foi uma corrente psicológica fundada por Wundt e Titchener, onde o objeto deestudo consistia na experiência consciente subordinada ao sujeito que a vivencia, sendo este o movimentoque deu base para o surgimento da psicologia experimental. (p.46)

O Funcionalismo (1900) tinha como foco a operação dos processos conscientes por parte dos organismosvivos, em suas permanentes tentativas de se adaptarem ao seu ambiente. Esse movimento levoupsicólogos a se interessarem pela aplicação da psicologia em problemas do mundo real (pragmatismo).

Destacam-se nessa vertente o biólogo Charles Darwin, com seu revolucionário “A Origem das Espécies” e aseleção natural, e as ideias de Francis Galton que, ao estudar os problemas da herança mental e asdiferenças individuais na capacidade humana, realizou os primeiros estudos sobre o comportamento animal.(p.46)

O Behaviorismo ou Comportamentalismo (aprox. 1919), cujo grande ícone é Burrhus Frederic Skinner, sepautou no desenvolvimento da psicologia como ciência experimental, que buscava investigar ocomportamento humano como algo possível de ser observado e quantificado, sendo que o ambienteinfluenciaria imensamente o desenvolvimento humano, onde o homem é moldado pelo ambiente em quevive e seu conhecimento provém do ambiente externo, de fora pra dentro. (p.46/47)

 A Escola da Gestalt tinha como base o pensamento filosófico de Immanuel Kant e desenvolveu uma teoriada percepção que possibilitou a compreensão de como se ordenam as formas que percebemos em nosso

cérebro, enfatizando que percebemos objetos e figuras como um todo completo, e não em partes isoladasde informação sensorial; isso explicaria o fato da percepção ser capaz de entender as partes a partir dotodo mas não o todo a partir das partes. (p.47)

 A Psicologia Humanista (1950), que parte das teorias filosóficas de Leibniz, tinha como objetivo final apreparação de uma descrição completa do que significa estar vivo como ser humano, sendo que essavertente teve grande impacto na educação, principalmente a partir das ideias de Carl Rogers. (p.48)

 A Psicologia da Educação dedica-se, entre outras coisas, ao estudo dos processos de ensino-aprendizagem. A Psicologia Social surge influenciada pelo movimento filosófico denominado materialismohistórico e dialético, também conhecido como marxismo, pautado nas ideias de Marx e Engels, que enfatizao caráter concreto da consciência como elemento para o entendimento do indivíduo e da sociedade. (p.49)

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Capítulo 4. A dimensão construtivista em Jean Piaget

 A teoria de Piaget é denominada de epistemologia genética  e auxiliou nos estudos relacionados apsicopedagogia, a psicologia e a pedagogia, destacando e sistematizando o sistema cognitivo, desde onascimento até a adolescência do indivíduo, em uma perspectiva construtivista. (p.123) 

Capítulo 4.1 Jean Piaget: um garoto prodígio (biografia)

Piaget nasceu na Suiça, filho de um professor e de uma devota religiosa. Publicou seu primeiro artigo aos11 anos, aos 19 licenciou-se em Ciências Naturais, em Filosofia, estudou na clínica psiquiátrica de Bleuer,onde definiu seu caminho pela Psicologia Experimental como foco para sua investigação Epistemológica.

 Aos 22 anos finaliza sua tese de Doutorado em Biologia. Entrou em contato com as teorias de Darwin e teveaulas com Carl Gustav Jung em Zurique. Aos 23 muda-se para a França onde entra em contato com atécnica da entrevista clínica. Em seguida é convidado a trabalhar com Alfred Binet, criador do teste de QI.

 Aos 25 anos Piaget é convidado a fazer parte do Instituto Jean-Jacques Rousseau, onde iniciou uma desuas grandes obras: a Epistemologia Genética. Estudou suas teorias a partir da observação de seus trêsfilhos. (p.124) 

Capítulo 4.2 A epistemologia genética de Piaget

 A Epistemologia Genética tem como fonte o conhecimento científico (ciência) e a origem desseconhecimento, a gênese (genética). Assim, sua teoria tem como foco o sujeito epistêmico, o indivíduo emprocesso de construção de conhecimento. (p.125)

Piaget se baseou na relação entre o sujeito e os meios físico e social, postulando que estabelecemcontínuas relações entre si, nas quais um constitui o outro e ambos se transformam mutuamente. Dessaforma, questionava tanto as teses que afirmavam ser o conhecimento de origem inata quanto aquelas queacreditavam ser fruto de estimulações provenientes do mundo externo, como se o conhecimento fosse umacópia direta da realidade. Foi o teórico que mais defendeu a visão interacionista do desenvolvimento.

 Abordou em seus estudos o processo de construção do conhecimento desde o nascimento até a idadeadulta, mas seu enfoque principal foi o desenvolvimento infantil, percebendo que crianças com semelhantesfaixas etárias cometiam os mesmos erros. A partir da análise dos testes de QI de Binet-Simon aplicados a

crianças, Piaget percebeu que estas só “erravam” as respostas porque elas eram analisadas a partir doponto de vista do adulto, sendo que, na verdade, as respostas infantis não estavam erradas, apenasseguiam uma lógica própria. A partir disso, propôs investigar como, através de quais mecanismos, a lógicainfantil se transforma em lógica adulta. (p.126)

 Adaptação ou Equilíbrio: o alicerce da teoria de Piaget se fundamenta no conceito de adaptação ou

equilíbrio, onde todo organismo vivo procura manter um estado de equilíbrio ou de adaptação com o seumeio. O processo dinâmico e constante do organismo buscar um novo e superior estado de equilíbrio édenominado processo de equilibração majorante.

Equilibração Majorante: é um momento de equilíbrio nas trocas entre o sujeito e os meios físico esociocultural. Mas esse equilíbrio é sempre instável, posto que sempre surgem novos desafios na interaçãoentre o sujeito e o meio. Em momentos de desafio, o equilíbrio é perdido e, com isso, o sujeito entra em

uma situação de desequilíbrio ou desadaptação. Para recuperar o equilíbrio perdido, o indivíduo precisarámobilizar dois mecanismos da inteligência: a assimilação e a acomodação, de forma que, após concluiresse processo, retomará o equilíbrio perdido, mas agora maior e melhor que o equilíbrio anterior. (p.127)

 Assim, a adaptação resulta do equilíbrio sempre instável entre a assimilação e a acomodação, doismecanismos que não ocorrem separadamente, mas em conjunto, cuja interação promove a modificaçãoe/ou a criação de novos esquemas mentais, que permitirão melhores condições de interação do sujeito paracom o ambiente, adquirindo assim novos conhecimentos, por meio da adaptação intelectual .

 Assimilação: é um aspecto da atividade cognitiva que envolve a incorporação de novos objetos e novasexperiências a uma estrutura mental ou a um esquema sensório-motor.

 Acomodação: é um aspecto da atividade cognitiva que envolve a modificação das estruturas mentais ou dos

esquemas sensório-motores para corresponder aos objetos da realidade. (p.128)

Dessa forma, a adaptação resulta do equilíbrio sempre precário entre a assimilação e a acomodação, doismecanismos que não se separam e cuja atuação recíproca promove a modificação e/ou a criação de

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esquemas motores ou mentais (operações) que permitirão melhores condições para o sujeito interagir comomundo. (p.129)

Capítulo 4.3 O desenvolvimento da inteligência: da infância à vida adulta

Para Piaget, o desenvolvimento cognitivo é um processo de equilibrações sucessivas, estruturado emetapas ou fases. Essas fases variam de duração de acordo com os estímulos aos quais a criança forexposta, ao meio social e familiar em que ela vive e a própria capacidade intelectual e cognitiva da criança eseu desenvolvimento biológico. Independente desses fatores, toda criança passará pelas mesmas etapas,fases ou períodos do desenvolvimento da inteligência, sendo elas: sensório-motor, pré-operatório,operacional concreto e operacional formal. (p.129/130) 

Capítulo 4.3.1 Estágio sensório-motor (de 0 a 2 anos, aprox.)

Inicia-se com o nascimento. No começo da vida mental do recém-nascido apenas os reflexos sensório-motores hereditários e instintivos têm a função de satisfazer o impulso básico de nutrição. É um estágiomarcado por extraordinárias transformações mentais onde o progresso da inteligência dá passos largosnesse período. É considerado o estágio mais complexo e extraordinário em relação ao desenvolvimento.(p.130)

Nesse estágio ocorrerá a organização psicológica básica em todos os aspectos: perceptivo, motor,intelectual, afetivo e social. O bebê irá explorar o próprio corpo, sentir emoções, estimular e ser estimuladopelo ambiente social, desenvolvendo, assim, a base do seu autoconhecimento. Nessa fase o bebê traz tudopara perto de si e constantemente coloca os objetos na boca. Mais próximo aos 2 anos de idade, quando seiniciam a linguagem e o pensamento, o bebê vai se apropriando pouco a pouco do mundo exterior (físicosocial) e constrói as noções centrais de espaço, de causalidade e de temporalidade, assim como a evoluçãoda afetividade sempre atrelada à evolução da inteligência de forma indissociável. Nesse período a criançase encontra “ presa no aqui e no agora” pela ausência de representação simbólica. (p.132)

Capítulo 4.3.2 Estágio pré-operatório (dos 2 aos 6/7 anos, aproximadamente)

No Estágio pré-operatório as mudanças de conduta na criança são profundas, tanto intelectuais quantoafetivas. Por meio da linguagem, que é a grande conquista desse estágio, a criança torna-se capaz de

retomar o passado e “antecipar o futuro”, sendo capaz de reconstituir suas ações passadas sob a forma denarrativas, de antecipar suas ações futuras pela representação verbal.

Pensamento Egocêntrico: a criança pré-operatória tem uma visão da realidade que parte do seu próprio eu,atribuindo às pessoas e ao mundo um sentido próprio de seus pensamentos e sentimentos. (p.132)

 A criança, nessa fase, se subordina ao adulto por ver nele uma figura grande e forte. Além disso, a fala dacriança acontece sempre consigo mesma, em monólogos, mesmo quando há um interlocutor, seja adulto oucriança, visto que ela ainda não consegue argumentar com o outro, apenas apresentam seu próprio pontode vista nesses monólogos, por isso chama-se de  pensamento egocêntrico, mas essa situação começa adiminuir a partir dos 4 anos. É também a fase dos “porquês”, onde a criança perguntará constantementesobre tudo. (p.133)

Função Simbólica: essa função envolve os aspectos da linguagem, desenho, jogo simbólico e a imitação,num chamado  jogo simbólico ou jogo de imaginação e imitação, onde a criança transforma um objeto emrepresentação de outro, uma brincadeira numa representação da vida cotidiana ou ainda um objeto, pessoaou situação por uma palavra. Por exemplo, transformar uma caixa de fósforo em um carrinho, a casinhanuma imitação da vida ou um apelido para uma pessoa. (p.134)

Capítulo 4.3.3 Estágio operacional concreto (dos 6/7 aos 11/12 anos, aproximadamente)

Estágio Operacional Concreto: é uma fase ininterrupta de novas construções, onde surgem novas formasde organização da vida psíquica, cognitiva e afetiva. A criança passa a estabelecer relações entre astransformações dos estados e das coisas, de modo que as ações podem ser executadas mentalmenteindependente da manipulação dos objetos. Aumenta a capacidade de concentração ao trabalhar sozinha eaumenta também a capacidade de trabalhar em grupo a partir de regras, como em jogos. O  pensamento

egocêntrico praticamente desaparece, e a criança passa a ter a capacidade de dialogar com outras pessoase de defender seu próprio ponto de vista, ao mesmo tempo que consegue compreender a argumentaçãodos outros, tornando possíveis as discussões sobre temas. O lúdico do estágio anterior dá lugar ao

 pensamento lógico, onde a criança buscará explicar suas ações e justifica-las. Surgem as noções de

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permanência de substância, de peso e de volume, além das noções de tempo, velocidade e espaço enoções de causalidade e conservação (onde três objetos continuam sendo três independente de suadisposição no espaço, por exemplo). (p.135)

Resumidamente, nesse estágio, a realidade deixa de ser pensada com base na  percepção e passa a serregida pela razão. Antes ela dominava a ação, agora ela domina o pensamento da ação, ou seja, elaadquire a capacidade de realizar operações mentais  e de supor a operação inversa, ou seja, areversibilidade operatória, onde o que se faz no pensamento pode ser desfeito, refeito ou ampliado. (p.136)

Capítulo 4.3.4 Estágio operacional formal (dos 11/12 anos em diante) 

Estágio Operacional Formal: abrange o período da adolescência, com suas crises e desequilíbriosmomentâneos, a maturação do instinto sexual e a explosão hormonal. É o início do período lógico-formal,onde surge a capacidade de pensamento abstrato, ou pensamento hipotético-dedutivo, que ocorre quandoa criança é capaz de raciocinar logicamente mesmo se o conteúdo do seu raciocínio é falso. Ex.:convencionar que a figura da “coruja” será chamada de “cavalo”, contrariando a lógica, mas indo de acordocom a convenção momentânea. Dessa forma ela não pensa mais apenas sobre o mundo real, mas tambémsobre aquilo que é possível. (p.137)

 A Idade da Razão: é outro possível nome para o estágio operacional formal , pois nele surge o interesse

pelas causas sociais, como também a capacidade de abstração, de teorização e de experimentação, alémda possibilidade de compreender doutrinas filosóficas e teorias científicas. (p.137)

Vale lembrar que o desenvolvimento da inteligência humana não para nesse estágio, pois continuamosaprendendo até o último dia de nossa vida. Dessa forma nossa capacidade de aprender é “infinita” eaprimora-se cada vez mais com o passar do tempo. (p.138)

Capítulo 4.4 A concepção construtivista de Piaget e seus reflexos no processo de ensino-aprendizagem

O construtivismo piagetiano se popularizou nas escolas brasileiras. A partir de suas teorias e sua separaçãoentre os estágios do desenvolvimento da criança e do adolescente, os professores puderam planejar suasaulas de acordo com o período, idade, estágio e etapa do desenvolvimento em que a turma está, levando

em conta esse momento na execução, avaliação e expectativa de resultados em cada criança.

Dessa forma o plano de aula passa a ser cognitivo e não mecanicista; estrutural e não meramenteassociativo; interacionista e construtivista, e não inatista ou empirista; e concede relevo aos processos deequilibração. (p.140)

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Capítulo 5. A psicologia de Lev S. Vigotski: o aprendizado como processo social

Vigotski propôs uma nova psicologia, pautada no materialismo histórico e dialético, e contribuiu para acompreensão da aprendizagem dos escolares, sejam estes “normais”, sejam estes alunos com algum tipode dificuldade no processo de escolarização ou com alguma deficiência. (p.147)

Capítulo 5.1 Vigotski e o momento histórico: sua vida

Vigotski nasceu na Bielorússia em 1896 e teve os últimos anos de sua educação em uma escola particular judaica. Em 1914 ingressou na Faculdade de Medicina de Moscou, por insistência da família, mas logotransferiu seu curso para Direito. Em 1917, após se formar em Direito, passa a se dedicar aos estudos depsicologia, tornando-se um renomado psicólogo, feito que o fez retornar a Faculdade de Medicina. Em 1920contraiu Tuberculose, doença que o levaria a morte aos 37 anos. (p.148)

Capítulo 5.2 Reflexões para a construção de uma nova psicologia

Vigotski buscava a criação de uma nova psicologia para um novo homem, propondo uma psicologiabaseada no materialismo histórico e dialético, onde o homem seria visto como ser historicamenteconstituído e constituinte nas relações com a sociedade, na qual a natureza determina que o homem tenhonecessidades, e a história, por sua vez, determina quais serão estas necessidades. Ou seja, a ciência

estuda a natureza, mas são as relações sociais engendradas pelos homens num determinado períodohistórico que determinam a forma de relação do homem com a natureza. Essa teoria estabelece correlaçõescom o materialismo histórico de Marx, mas não busca a psicologia no marxismo e nem a união das duasteorias, sendo pesquisas separadas. (p.151)

Em sua teoria-método, o pensamento e a linguagem são o primeiro plano na relação das diversas funçõespsicológicas, que ocorrem no processo de individuação do homem inserido social e historicamente numacultura. Ou seja, são conceitos construídos e constituintes na e pela relação social, que ocorrem na e pelalinguagem. (p.152)

Capítulo 5.3 Pensamento e linguagem: uma teoria que contribui para a compreensão de sentidos esignificados

 Atividade: é por meio do conceito de atividade  que o homem constitui as suas relações humanas etransforma o mundo. Ao se apropriar da realidade externa, ocorre uma atividade interna de apropriação e dearticulação do novo; o que marca essa atividade  interna é a superação, a confrontação, a contradição e aambiguidade entre o novo e o velho. Dessa forma, é na atividade  que o ser humano desenvolve suacapacidade cerebral . No animal irracional a atividade está dirigida à satisfação biológica enquanto que o serhumano é motivado pela apropriação da experiência humana. (p.153)

Signo: como não podemos nos comunicar por transmissão de pensamento, utilizamos um instrumentotipicamente psicológico, o signo, que é a representação do pensamento humano interno de forma externa,na palavra, na linguagem. (p.154)

Significado: é a unidade que reflete a totalidade do pensamento e da palavra (por meio da menor partícula),ou seja, o significado  é um ponto imóvel e imutável (objetivo) que permanece estável em todas as

mudanças de sentido da palavra em diferentes contextos.

Sentido: abrange a subjetividade, e sua unidade essencial é a emoção. (p.155)

 Assim como  pensamento e linguagem, o significado e o sentido  não podem ser compreendidosseparadamente: ambos devem se apresentar dentro da unidade contraditória do simbólico e do emocional,ou seja, cognição e emoção estão sempre juntas, pois, quando se realiza uma significação, a emoção estásempre presente. Dessa forma, o sentido da palavra é inesgotável , visto que a palavra só adquire sentidono contexto do parágrafo, o parágrafo no contexto do livro, o livro no contexto de toda a obra de um autor.(p.156)

Capítulo 5.4 Vigotski e o aprendizagem dos escolares

Em relação a aprendizagem na escola analisou três teorias:

Primeira Teoria: o aprendizado é considerado um processo externo, que não esta envolvido ativamente nodesenvolvimento.

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Segunda Teoria: o aprendizado é desenvolvimento, ou seja, cada etapa da aprendizagem corresponde auma etapa do desenvolvimento.

Terceira Teoria: aqui ele tenta superar os extremos das outras duas teorias combinando-as, pois, apesar deserem processos inerentemente diferentes, relacionam-se de maneira que cada uma influencia a outra.(p.157)

Vigotski toma como ponto de partida a ideia de que o aprendizado da criança se inicia muito antes dela passar a frequentar a escola, uma vez que, antes de qualquer aprendizado escolar, a criança tem sempreum conceito, uma história prévia ou um “aprendizado pré-escolar” . (p.158)

Dessa forma, ele relata que, amparado em suas Quatro Séries de Investigações, crianças de mesma idademental podem ter níveis de desenvolvimento diferenciados, os quais podem ser observados quando elasresolvem problemas semelhantes, porém mais difíceis, e com auxílio de um adulto.

 A resolução desses problemas com a ajuda de um companheiro mais experiente irá revelar a Zona deDesenvolvimento Proximal (ZDP), que se caracteriza pela distância entre o Nível de Desenvolvimento Real

(NDR), aquele que a criança sabe realizar sozinha, sem auxílio, e o Nível de Desenvolvimento Potencial(NDP), que é aquilo que a criança faz com a mediação de um adulto.

 A ZDP – Zona de Desenvolvimento Proximal definirá as funções que ainda não amadureceram, mas queestão em processo de maturação. (p.159)

 A partir da ZDP estabelecemos um diagnóstico do NDR e um prognóstico do NDP para planejar estratégiaseducacionais que levem as crianças à superação do seu NDR. A partir disso podemos perceber que oaprendizado impulsiona o desenvolvimento da criança, sendo assim, a escola tem um papel essencial naconstrução do ser psicológico adulto dos indivíduos que vivem em sociedades escolarizadas. (p.160)

 Assim, o professor deverá tomar como ponto de partida o que o aluno já conhece e domina, o NDR, paraatuar ou interferir na ZDP, levando a criança a alcançar novas aprendizagens que impulsionam odesenvolvimento e concretizam outras novas aprendizagens.

Essa necessidade de desenvolver um trabalho teórico aplicado a um contexto é oriunda do início da carreirade Vigotski como professor de literatura e de suas preocupações com as questões ligadas à pedagogia.(p.161)

Capítulo 5.5 Fundamentos da defectologia: uma contribuição de Vigotski para a educação de pessoas comdeficiência

Para Vigotski o conceito de norma é uma concepção científica indefinida, visto a multiplicidade infinita devariações dessa “normalidade”, que acabam por tornar o conceito de norma em algo puramente abstrato.

Embasado na concepção de que a criança com deficiência não é inferior aos seus pares “normais”, masapresenta um desenvolvimento qualitativo diferente, Vigotski acreditava que o desenvolvimento infantilapresentava uma enorme diversidade, variando de uma criança para outra. Assim, o profissional, ao

trabalhar com a criança com deficiência, compreende que ela se desenvolve como qualquer outra, mas deum modo particular. (p.163)

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Capítulo 6. A afetividade em Henri Wallon: desenvolvimento intelectual pelo corpo e pelas emoções

Para Wallon, o desenvolvimento de uma criança constitui-se no encontro das condições genéticas dela comsuas condições de existência cotidiana, específicas de uma determinada sociedade, cultura e época. Suasteorias tinham enfoque interacionista, que mesclava as questões genéticas e a variedade dos fatoresambientais. (p.175)

Capítulo 6.1 Henri Wallon: uma breve biografia

Nasceu em Paris, França, em 1879. Dedicou-se à filosofia, medicina, psicologia e política francesa.Participou da 1ª Guerra Mundial como médico e da 2º Guerra Mundial no Movimento de ResistênciaFrancesa contra os invasores nazistas. Antes de chegar à psicologia, passou pela filosofia e pala medicina,momentos que trouxeram base para suas teorias psicológicas. (p.176)

Capítulo 6.2 Henri Wallon: da formação inicial à vida política

Formado em Filosofia, aos 23 anos, começa a lecionar para o ensino secundário e a discordar das diretrizesde ensino. Atravessa as duas Guerras Mundiais em constante debate e questionamento sobre vertentespolíticas, observando as diferentes correntes de pensamento e enfrentando o nazismo e a ascensão dofascismo. (p.177)

Capítulo 6.3 Henri Wallon: da medicina à educação

Por não existir um curso específico de Psicologia na estrutura de sua universidade, ele optou por cursarMedicina, com a finalidade de conhecer a organização biológica do homem, na tradição médico-filosófica.

 Atuou como médico de instituições psiquiátricas, onde se dedicou ao atendimento de crianças comdeficiências neurológicas e distúrbios de comportamento. Ele considerava o comportamento patológicocomo laboratório natural para os estudos da psicologia, pois nessas circunstâncias é possível umaobservação do desenvolvimento desses fenômenos mais lentamente, possibilitando um acompanhamentomais preciso. (p.178)

Wallon fez parte do Movimento da Escola Nova, sendo convocado para integrar uma comissão nomeadapelo Ministério da Educação Nacional cuja finalidade era reformular o ensino francês. Sesse processo

culminou no Projeto Langvin-Wallon para a reforma completa do ensino francês após a Segunda GuerraMundial. Entretanto, esse projeto nunca chegou a ser implantado. (p.180)

Capítulo 6.4 Da evolução psicológica da criança aos estágios de desenvolvimento: uma teoria quecontribui para a educação

Na perspectiva de Wallon, a infância é considerada como um período claramente diferenciado, comnecessidades e características próprias, e cuja função primordial é a constituição do adulto. Apesar disso,devemos ter cuidado para não comparar a criança com o adulto, mas com ela própria, visto que a maneiracomo a criança assimila o mundo pode não ter nenhuma semelhança com a maneira como o adulto o faz,de forma que a transição da criança para o adulto em que ela vai ser tornar não segue um caminho linear.Mas, ao observar o desenvolvimento de uma criança, devemos nos lembrar de que, nessa observação, oobservador lhe empresta alguma coisa de seus próprios sentimento e intenções, de suas expectativas e

desejo de ver e de não ver. (p.182)

Capítulo 6.4.1 Conjunto motor

Conjunto Motor: é onde encontramos as funções responsáveis pelo movimento do corpo no ato motor, apossibilidade de deslocamento no tempo e no espaço, além do equilíbrio corporal, o apoio tônico, para asemoções, e os recursos, para a construção do conhecimento. Dessa forma, a direção do desenvolvimentovai do motor para o mental, por isso a necessidade de liberdade de movimento para a criança. (p.183)

Usa-se, como exemplo para isso, o ato de falar, a aquisição de linguagem através do ato motor, visto que ofalar depende de um longo ajustamento de sequencias de movimentos imitativos dos sons da língua que éfalada na cultura, ou seja, o ato motor , o movimento dos músculos da face, que fará com que se desenvolvaa linguagem. (p.184)

No período de desenvolvimento do conjunto motor  a criança jogará os objetos para longe de si, visto que,para ela, os objetos não apresentam relação com sua própria estrutura, apenas futuramente ela perceberáque os objetos, como ferramentas/instrumentos, podem ser extensões de seu corpo, mas, nesse momento,

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interessa mais compreender sua estrutura corporal e de movimento próprio. Apesar disso o “lançar osobjetos longe” serve como treino para os olhos, visto que a criança ficará atenta ao desaparecimentodesses objetos lançados. (p.187)

 Após esse primeiro momento a criança dá lugar aos gestos de simbolização, nos quais ela se desprendedas limitações de sua estrutura e passa a representar as coisas, ela ultrapassa o gesto e atinge o signo. Umgrande exemplo disso é o desenho, onde a criança utiliza um objeto, lápis, caneta, lápis de cor, giz de cerae afins, para representar elementos da realidade de forma muito mais convencional   do que imitativa, ouseja, ela começa a poder se expressar a partir de convenções de expressão, que futuramente sedesenvolverão na escrita. Sendo assim, o conjunto motor não se limita ao domínio das coisas, mas, porintermédio dos meios de expressão, é suporte indispensável do pensamento. (p.188)

Capítulo 6.4.2 Conjunto afetivo

No conjunto afetivo, encontramos as funções responsáveis pelas emoções, pelos sentimentos e pelapaixão. Estas são afetadas pelos mundos interno e externo, que nos estimulam tanto nos movimentos docorpo quanto nos mentais, visto que é no entrelaçamento com o motor e o cognitivo que o afetivo propicia aconstituição de valores, vontade, interesses, necessidades e motivações que dirigirão escolhas e decisõesao longo da vida.

 A Emoção: é identificada mais por seu lado orgânico, empírico e de curta duração.Os Sentimentos: são identificados pelos componentes representacionais e de maior duração.

 A Paixão: é mais encoberta, mais duradoura, mais intensa, mais focada e com mais autocontrole sobre ocomportamento.

Nos primeiros anos de vida é a emoção  que predomina na criança, visto que esta não se percebe comoindivíduo diferenciado dos demais e suas manifestações afetivas estão ligadas tanto às funções vegetativas(viscerais) quanto às impressões proprioceptivas (musculares). (p.189)

Entre os 3 e 6 anos, a criança se volta para dentro de si mesma, para reconhecer a sua existência e sentirsua própria independência em relação ao outro. Nesse período o ciúme é um sentimento peculiar, porque

há certa confusão entre ela e o outro. Entre 6 e 7 anos a criança começa a participar de grupos maiores e aaprender a delimitar o seu lugar por meio das próprias qualidades e preferencias. Ainda assim, se observauma forte dependência com relação ao adulto. (p.190)

Por volta dos 11 anos instala-se na criança a crise da puberdade, que produz profundas transformações etorna essa idade plena de sentimentos e ambivalências, como nas relações de vaidade, no desejo de atraira atenção e na necessidade de surpreender os outros em contraste paralelo com a timidez, a vergonha edúvida em relação a si mesmo, preponderando a afetividade nessa ambivalência. Nesse período tambémdesenvolvem-se os valores morais que orientarão o projeto de vida da pessoa. (p.191)

Capítulo 6.4.3 Conjunto Cognitivo

No conjunto cognitivo, encontramos as funções responsáveis pela aquisição, pela transformação e pela

manutenção do conhecimento, o que nos permite analisar o presente, registrar, rever e reelaborar opassado, assim como projetar futuros possíveis e imaginários. Esses processos também intervirão naaquisição e utilização da linguagem, da memória, da atenção, da imaginação da aprendizagem e da soluçãode problemas.

Desenvolvimento: integração dos fatores biológicos e sociais, uma vez que todas as experiências ficammarcadas organicamente na criança desde o nascimento. Dessa forma, o desenvolvimento se tornadeterminado, ocorrendo conforme as possibilidades da espécie (biologicamente), e aberto, se levarmos emconta o entrelaçamento entre as características herdadas da espécie humana e as possibilidades no campoda cultura (socialmente). (p.192)

Nos estágios em que a afetividade predomina, o desenvolvimento faz a pessoa voltar-se para dentro de simesma. Nos estágios onde a inteligência  impera, o desenvolvimento ocorre “pra fora”, em direção aos

outros, à descoberta e à construção do mundo exterior. Contudo essa predominância não significaexclusividade, visto que todas continuam paralelamente, uma em maior e outra em menor grau, seja oconjunto motor, o afetivo ou o cognitivo. (p.193)

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Quadro de desenvolvimento na página 193.

Capítulo 6.5 Estágios de desenvolvimento

Wallon propõe cinco estágios do desenvolvimento da criança, sendo eles:

Capítulo 6.5.1 Estágio impulsivo-emocional

Estágio Impulsivo-Emocional: acontece do nascimento até aproximadamente o primeiro ano de vida. Nele odesenvolvimento está voltado para as questões motora e emocional , mais especificamente para aconstrução do “eu”, quando a afetividade predomina, sendo um estágio relacionado com as questõesinternas da criança. Nesse estágio a criança tem total dependência do meio externo, necessitando dele parainterpretar e resolver suas próprias necessidades de sobrevivência. Por ser tão dependente do meio parasobreviver, a criança se encontra num estado de profunda imersão social, um período nebuloso eindiferenciado no qual não consegue distinguir o “eu” do “outro”. (p.195)

Nos primeiros três meses desse estágio, predominam na criança as atividades pautadas em reflexos emovimento impulsivos, monopolizados pelas necessidades primárias fisiológicas tônico-posturais,alimentares e de sono principalmente. Ocorrem descargas motoras que originam movimentos reflexos eimpulsivos que posteriormente serão codificados como forma de comunicação ao analisar as respostas a

esses movimentos com o meio externo. A criança desenvolve a sensibilidade proprioceptiva, relacionada aomovimento e ao equilíbrio do corpo no espaço, e a sensibilidade exteroceptiva, relacionada aoconhecimento do mundo exterior.

No segundo momento, a partir dos três meses, as descargas motoras transformam-se efetivamente emmeios de comunicação, criando um rico canal de troca com o meio, essencialmente afetiva e, inicialmente,sem relação intelectual. (p.196)

Posteriormente a criança começará a criar relações e associações entre suas atitudes e as interpretações esignificados dados pelo meio a elas, que se tornam cada vez mais intencionais, criando o início daconsciência subjetiva, na qual vão se formando as primeiras imagens mentais e nas quais se formarão asprimeiras marcas da individualidade.

Os movimentos circulares, que são atividades que a criança faz de modo repetitivo para analisar os efeitosdas variações de uma mesma atividade, levam a criança a conhecer cada vez mais a si própria e aosobjetos à sua volta. (p.197)

Capítulo 6.5.2 Estágio sensório-motor e projetivo

Estágio Sensório-Motor e Projetivo: estende-se até os 3 anos de idade. Nesse período a criança passa aexplorar e manipular a realidade exterior, em contato com o mundo físico e com as questões intelectuais,voltadas aos aspectos mais objetivos, auxiliada pelo surgimento da marcha (andar) e da linguagem

(comunicar). Esse estágio se divide em duas etapas, a sensório-motora e a projetiva:

Na etapa Sensório-motor, a marcha  permite a criança ter independência para se locomover pelo espaço,transpor obstáculos e movimentar objetos, ampliando seu horizonte espacial, antes limitado. A linguagem 

permitirá a criança dessa idade nomear, identificar e localizar objetos, distinguindo-os, comparando-os eagrupando-os. Ainda em relação à linguagem, ela permite separar-se de suas motivações momentâneas,prolongar na lembrança uma experiência, antecipar, combinar, calcular, imaginar e sonhar.

Dessa forma a criança, a partir da marcha e da linguagem, adentra o mundo dos símbolos, entrando nasegunda fase desse estágio, a etapa Projetiva, onde o ato mental projeta-se em atos motores, tendo início,assim, a organização do pensamento, passando a ver os objetos pelos seus significados e não somentepela sua aparência. (p.198)

Capítulo 6.5.3 Estágio do personalismo

Estágio do Personalismo: vai dos 3 até aproximadamente os 6 anos de idade. Nele a criança torna a voltar-se para si, ao buscar o enriquecimento do “eu” e a construção da personalidade. Ela passa a ter

consciência corporal e a diferenciar o “eu” do “outro”. A criança passa a referir-se a si mesma na primeirapessoa, pelo “eu” e “mim”, diferentemente das fases anteriores onde predominava a auto referencia emterceira pessoa, demonstrando uma evolução na linguagem. (p.199)

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Esse estágio é demarcado por três etapas: a oposição, a sedução e a imitação.

Oposição: por volta dos 3 anos a criança passa a confrontar e contradizer as pessoas à sua volta, parapoder experimentar sua independência, além de demonstrar um intenso desejo de propriedade em relaçãoaos objetos.

Sedução: a criança passa a ter a necessidade de ser admirada, de sentir que agrada o outro, pois assimtambém poderá se admirar. (p.200)

Imitação: a criança passa a cobiçar as qualidades dos outros, pois as suas próprias qualidades não sãomais suficientes. Ela passa a imitar não apenas gestos, mas sim um papel completo, um personagem, umser preferido e muitas vezes desejado. A criança já sabe distinguir o que deve ser e sua vida secreta,dissimulando sentimentos e atitudes que poderiam ser desaprovados pelo adulto, guardando-os para si.(p.201)

Capítulo 6.5.4 Estágio categorial

Estágio Categorial: dos 6 aos 11 anos a criança continua seu desenvolvimento mas passa a ter umcrescimento fundamentado nos aspectos intelectuais. Ela aprende a se conhecer como pessoa emdiferentes grupos, exercendo vários papéis, além de desenvolver a autodisciplina mental   (foco, atenção) a

partir da qual ela poderá se manter atenta apesar dos estímulos externos, respondendo apenas aquelesque a interessem. (p.201)

Este estágio é dividido em duas etapas: o pensamento pré-categorial (até os 9 anos), onde a criança aindatem marcas do sincretismo, e o pensamento categorial (dos 9 aos 11 anos), quando a criança se posicionano mundo utilizando-se de categorias para ordenar a realidade. A escola se torna um aspecto importantepor ser um meio onde convivem diferentes grupos e onde a criança exercita suas potencialidades,transformando ou confirmando a imagem que traz de si. (p.202)

Capítulo 6.5.5 Estágio da puberdade e da adolescência

Estágio da Puberdade e da Adolescência: dos 12 anos em diante a relação estável que existia entre acriança e o adulto é rompida, instalando-se a crise da puberdade, que irá afetar as dimensões afetiva,

cognitiva e motora. É a última etapa que separa a criança do adulto que ela tende a ser, ocorrendomodificações fisiológicas impostas pelo amadurecimento sexual, provocando profundas transformaçõescorporais acompanhadas por uma transformação psíquica.

Signo do Espelho: devido a necessidade de se apropriar novamente de seu corpo que está num momentode transformação, o jovem torna o espelho numa companhia constante, proporcionando momentos deprazer e de grande inquietação ao observar suas transformações, exigindo um novo mergulho dentro de si,momento em que surgem as escolhas de valores morais que o ajudarão a estabelecer relações com asociedade.

 Além disso, diferentemente da criança que tentava imitar o adulto, o jovem passa a tentar distanciar-se delea todo custo. No entanto, ao mesmo tempo em que o jovem quer tornar-se independente do adulto, elenecessita da orientação deste para realizar suas escolhas, numa relação de dependência e oposição que

revela um recurso de construção da personalidade do adolescente. Dessa forma, a puberdade é a idadedas reflexões sobre o ser e o não ser. (p.203)

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Capitulo 7. David Paul Ausubel e Carl Rogers

Cognição: é o ato ou processo da aquisição do conhecimento que se dá através da percepção, da atenção,associação, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem. É o conjunto dos processosmentais usados no pensamento na classificação, reconhecimento e compreensão para o julgamentoatravés do raciocínio para o aprendizado de determinados sistemas e soluções de problemas. De umamaneira mais simples, podemos dizer que cognição é a forma como o cérebro percebe, aprende, recorda epensa sobre toda informação captada através dos cinco sentidos.

Capítulo 7.1 David Paul Ausubel: os desafios de uma aprendizagem significativa

 A psicologia cognitivista preocupa-se com o processo de compreensão, transformação, armazenamento euso da informação envolvida na cognição, e tem como objetivo identificar os padrões estruturados dessatransformação. A aprendizagem, na teoria cognitivista, é encarada como um processo de armazenamentode informação, condensação em classes mais genéricas de conhecimentos, que são incorporados a umaestrutura no cérebro do indivíduo, de modo que esta possa ser manipulada e utilizada no futuro, é ahabilidade de organização das informações que deve ser desenvolvida na educação. (p.212)

Capítulo 7.2 David Paul Ausubel: uma breve biografia

Psicólogo norte-americano, formou-se no curso pré-Médico com especialização em Psicologia,posteriormente se formou em Medicina e se tornou Doutor em Psicologia do Desenvolvimento. (p.212)

Capítulo 7.3 Por que aprendizagem significativa?

Para Ausubel, a Estrutura Cognitiva é o principal fator que influencia na aprendizagem, ou seja, se o alunodispor de uma estrutura cognitiva organizada, terá facilitada a aprendizagem de um novo assunto. (p.213)

Essa estrutura seria a aprendizagem iniciada pelos conceitos mais amplos, gerais, generalizados eabstratos dos assuntos estudados, que aos poucos iriam abrangendo os mais específicos, objetivos emenos abstratos, ou seja, o conhecimento geral facilitaria o conhecimento específico. Dessa forma, umadas variáveis que mais influenciam na aquisição de uma estrutura cognitiva adequada é o uso daquelesconceitos e princípios essenciais que, numa dada disciplina, tenham o mais amplo poder de “inclusibilidade”

e generalidade. Assim, o desafio dos professores é identificar esse processo de “afunilamento” ao dar aula.(p.214)

 Ao adotar essa prática no planejamento das aulas, o professor facilitará o processamento de informaçõespor parte do aluno para que ele possa aprender de forma significativa  o conteúdo, assimilando asinformações em sua estrutura cognitiva. Para isso, Ausubel propõe a utilização de Mapas Conceituais, osquais constituem diagramas hierárquicos que indicam a relação entre os conceitos. Nesse modelo do geralao mais específico: conceitos superordenados, muito gerais e inclusivos; conceitos subordinados,intermediários; conceitos específicos, pouco inclusivos, exemplos. (p.215)

Teoria da Aprendizagem Significativa: composta inicialmente por dois conceitos; substantividade e nãoarbitrariedade.

Substantividade: significa que o que é incorporado à estrutura cognitiva é a substancia do novoconhecimento, das novas ideias, não as palavras precisas usadas para expressá-las. O mesmo conceito oua mesma proposição podem ser expressos de diferentes maneiras, através de distintos signos ou grupos designos, equivalentes em termos de significados. Assim, uma aprendizagem significativa não pode dependerdo uso exclusivo de determinados signos em particular.

Quando há elementos que não podem ser substituídos por símbolos equivalentes, como uma sílaba semsentido onde as letras podem ser identificadas isoladamente, mas que em conjunto não fazem sentido, deforma que não há condições de relacionar este tipo de elemento de forma substantiva com algo já existentena estrutura cognitiva de alguém, então não há substantividade. (ex.: palavra LUD)

Não Arbitrariedade: para alcançar este conceito, espera-se que a relação entre o novo item a ser aprendidoe os itens relevantes da estrutura cognitiva não sejam arbitrários ou aleatórios. Como ao ensinar sobre um

triângulo equilátero, supõe-se sua relação com o triângulo comum, geral, de forma que a relação entre elesnão é arbitraria, mas pensada ao ensinar para que o aluno faça esta relação e compreenda melhor. (p.216)

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Princípio da Diferenciação Progressista: cabe ao professor apresentar, inicialmente, os conceitos e ideiasmais amplas que, posteriormente, incluirão as mais concretas, a partir de uma estrutura hierárquica deafunilamento dos conceitos mais gerais abstratos para os menos inclusivos e específicos.

Princípio da Reconciliação Integrativa: na apresentação de um conteúdo, o professor deve deixar claro aoaluno quando um mesmo conceito detiver mais de um significado, de forma que ele não se confunda esaiba diferenciar um mesmo conceito em diferentes contextos. Temos como exemplo elementos queempiricamente tem um significado mas que, cientificamente, detém outro, como o conceito de ética,  queteve seu significado alterado no decorrer dos séculos.

Estratégia Pedagógica a partir do Organizadores Prévios: organizadores prévios  são o material inicial,introdutório, amplo, genérico e geral de conhecimentos que servirão de base referencial para acompreensão dos assuntos mais específicos que serão abordados durante o decorrer das aulas, criandouma ponte entre o que o aluno já sabe e o que ele irá aprender. (p.218)

 Aprendizagem de Representações: ocorre apenas por símbolos e pelo que eles representam. Ocorre apartir do nascimento, onde o bebê relaciona os sons com as imagens e objetos.

 Aprendizagem de Proposições: num segundo momento, o ser humano começa a dar significado aossímbolos e às ideias expressas.

 Aprendizagem de Conceitos: aqui o indivíduo apreende os conceitos que cada símbolo carregainteriormente.

Capítulo 7.4 O humanismo de Carl Rogers: uma psicologia voltada para o desenvolvimento dapessoa

Carl Rogers foi um psicólogo estadunidense, de família agricultora e fortemente religiosa e conservadora,muito tímido, mergulhou na leitura de livros de todos os tipos desde cedo, e praticava os métodos científicosna fazenda onde vivia. Formou-se em Psicologia especializando-se em problemas infantis. Como psicólogo,considerava desejável que o próprio sujeito dirigisse seu processo terapêutico, o que chamou de métodonão-diretivo, que se aplicava também em outros campos, como a educação.

Capítulo 7.5 O método não-diretivo de Rogers

Método Não Diretivo: ou centrado no cliente, prescreve uma postura empática e incondicional por parte doterapeuta e enxerga o cliente como uma pessoa capaz de compreender a si próprio e ao mundo. Atribui aresponsabilidade da mudança à pessoa ou cliente, e não ao terapeuta, como é ocaso da psicanáliseortodoxa. Rogers não acreditava que as pessoas fossem controladas por forças inconscientes ou porexperiências da infância, de forma que seria possível alterar consciente e racionalmente seus pensamentose comportamentos indesejados. Dessa forma, Rogers não acreditava nas forças do insconsciente, mas na

 perspectiva humanista. (p.222)

Para ele, a personalidade é moldada pelo presente e pela maneira como o percebemos conscientemente. Ainda assim, tinha como pré-requisito para o desenvolvimento de uma personalidade saudável a estimapositiva incondicional na infância, onde a criança recebe uma estima positiva da mãe e, por conta disso,

desenvolve uma espécie de autoestima, denominada por ele de autoatualização. A  Autoatualização seria onível mais alto de saúde psicológica, alcançada por um processo denominado de funcionamento pleno. Opleno funcionamento se caracteriza por uma abertura a toda experiência, a viver plenamente cada momentoguiados pelos próprios instintos, e não pela razão ou opiniões alheias, em um sentido de liberdade e um altograu de criatividade. (p.223)

Capítulo 7.6 A aprendizagem significativa e o ensino centrado no aprendiz

Para Rogers, é necessário sermos verdadeiros e honestos conosco e com os outros, pois dissimular seriacomo não ser sincero consigo mesmo. Não podemos mudar, não podemos nos afastar do que somosenquanto não aceitarmos profundamente o que somos. (p.224)

Percebemos, na teoria de Rogers, uma base filosófica e epistemológica que enfatiza o autoconhecimento e

o livre-arbítrio, onde o sujeito é capaz de compreender-se a si mesmo e de abrir-se ao tratamentoterapêutico, objetivando desenvolver sua autoconsciência e sua autoestima, de modo a relacionar-se bemconsigo mesmo e com as pessoas com as quais convive. (p.225)

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7/25/2019 Resumo - Teorias Da Aprendizagem

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Levando isso em conta e aplicando na aprendizagem, vemos um método onde o professor deixa de ser ocentro do processo de ensino-aprendizagem para ser um facilitador e o aluno, consequentemente, passa ater mais autonomia. (p.225)

Capítulo 7.7 Rogers e a educação formal

É importante que o estudante seja capaz de aprender o conteúdo, mas também que seja capaz deapropriar-se dele de forma pessoal e significativa, por meio de uma visão crítica sobre o que esta sendoensinado. Assim, o professor deve ser capaz de atitudes essenciais, sem ostentar posturas arrogantes,como mediador da aprendizagem e não como o centro do processo ou detentor do saber. (p.226)

Mas Rogers alerta sobre a diferença da psicoterapia e da sala de aula, visto que, no consultório, o pacientetem em si todos os conteúdos e busca apenas o autoconhecimento, enquanto que, na escola, existemconteúdos que devem ser expostos e assimilados pelos estudantes. Para essa tarefa em sala de aula elepropõe que os materiais sejam postos à disposição dos estudantes, e não impostos. (p.227)

Em Liberdade para aprender , Rogers aponta dez princípios de aprendizagem, entre eles: “A aprendizagemsignificativa verifica-se quando o estudante percebe que a matéria a estudar se relaciona com os seuspróprios objetivos.” (p.228)

Tendo os alunos autonomia, cria-se um ambiente onde os estudantes podem se manifestar individual ecoletivamente, provocando movimentos que permitam o aluno refletir, intervir, perguntar e discordar,inclusive debatendo e sugerindo novos caminhos para as aulas, referenciais, datas de entrega e critérios deavaliação. (p.229)