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Ao longo da história abioenergia tem sidoimportante para satisfazer asnecessidades humanas.Hoje em dia, éprincipalmente utilizadapara aquecimento econfecção de alimentos, nospaíses em desenvolvimento.Mas enquanto os líderes
mundiais estão a meditar sobre a estrutura pós-Quioto,está a ser dada muita atenção a novas e modernasformas para a utilização da bioenergia. A substituiçãodos combustíveis fósseis por biomassa nos sistemas deaquecimento e energia pode ter um papel importantena estabilização das emissões de carbono. Ao mesmotempo que os líderes começam a discutir a redução dasemissões de carbono em 50% até 2050, osbiocombustíveis podem ter um papel importante namitigação de emissões no sector dos transportes.
Para além da importância das alterações climáticas, acrescente preocupação sobre o aumento dos preços doscombustíveis fósseis para transporte, assim como sobre asegurança energética, está a fazer com que muitospaíses encarem os biocombustíveis como um elementochave para a estratégia nacional de energia. Embora deforma menos eficiente do que quando utilizados paraaquecimento, para produção de electricidade ou nofabrico de produtos derivados da floresta, osbiocombustíveis podem, ainda assim, ser uma escolhada sociedade. De qualquer modo, os biocombustíveissão actualmente uma alternativa que está a seractivamente promovida em muitas partes do mundo.
Resumo
Introdução
Bioenergia - Biocombustíveis - Biomassa
Bioenergia é a energia produzida através da matériaorgânica (biomassa).
Biocombustíveis são os combustíveis líquidos, sólidosou gasosos derivados da biomassa, quer sejam deorganismos vivos, quer através dos seus processosmetabólicos. A biomassa refere-se ao “materialorgânico proveniente das plantas e animais”1. Aprodução de biomassa e de biocombustíveis tem deser sustentável de modo a equilibrar o ciclo docarbono, a mantê-lo intacto e assegurar que osimpactes ambientais e sociais da sua produção sejamaceitáveis.
Para saber mais sobre a biomassa, faça o downloaddo resumo temático sobre Biomassaem:www.wbcsd.org/web/biomass.htm ouwww.bcsdportugal.org (versão portuguesa)
Etanol
Bio-petróleo
Metanol
Biogás
Diesel FT
Biodiesel
DME
Hidrogénio
Digestão
Gaseificação
Hidrólise/Fermentação
Compressão/esterificaçãoTransesterificação enzimática
Pirólise
Colza oleaginosa
Trigo
Milho
Beterraba
Batatas
Miscanthus
Erva de pastagem
Colmo
Culturas anuais
Herbáceas Perenes
Espécies florestais de crescimento rápido
Pinho/abeto
Floresta
Resíduos florestais
Palha
Resíduos sólidos urbanos
Resíduos gordos e óleos
Resíduos + desperdícios
Recursos Tecnologia de conversão Combustível
Figura 1: Caminho dos biocombustíveis
Fonte: Adap
tado do E4Tech, David, A
usilio Bauen, Adam
Chase, Jo H
owes. “Liq
uid biofuels andhydrogen from
renewable resources in the U
K to 2050: a technical analysis”. E4tech (UK) Ltd. 2003.
Esta publicação temática foca, de forma resumida, autilização dos biocombustíveis no sector dos transportes.Embora estejam a ser encarados como uma alternativapossível aos combustíveis fósseis, actualmente a maioriados biocombustíveis disponíveis para motores têmcustos de produção por unidade de energia produzidamais elevados do que os combustíveis derivados dopetróleo.
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Resumo
Para que os custos destes combustíveis venham adescer serão necessários importantesdesenvolvimentos e investimentos governamentais,de forma a melhorar a produção e a tecnologia dedistribuição.
Os biocombustíveis incluem um número considerávelde diferentes produtos e muitas formas de produção(ver Figura 1). O biocombustível mais utilizado, oetanol, é actualmente produzido, em grande parte, apartir da cana-de-açúcar do Brasil e do milho dos EUA.No entanto, o maior produtor de biodiesel é aAlemanha, onde o combustível é produzido a partir decolza. Cada caminho, desde o recurso utilizado até àtecnologia de conversão para combustível, tem a suapegada de carbono distinta.2
A nossa principal fonte de dados para 2005, bemcomo as referências para 2030, foi a AgênciaInternacional de Energia (AIE) World Energy Outlook(AIE 2006). As projecções para 2030 têm como base“Cenário Político Alternativo” (CPA) da AIE; 2030 é oano que foi escolhido para projectar o impacte
cumulativo da implementação de políticas nacionaisconsideradas em 2005. Actualmente, um númeroconsiderável de países chave estão a meditar sobreobjectivos mais agressivos para a produção debiocombustíveis. O AIE está a estudar cenáriospolíticos mais fortes para a discussão durante asnegociações pós-Quioto.
A produção mundial de biocombustíveis chegou aosvinte milhões de toneladas de petróleo equivalente(Mton) em 2005, representando cerca de 1% doconsumo total de combustível para transporte porestrada. O Brasil e os EUA em conjunto sãoresponsáveis por quase 80% do fornecimentomundial (ver Figura 2). A produção de etanol está aaumentar rapidamente em muitas partes do mundoem resposta aos preços altos do petróleo, e é apoiadaatravés de incentivos governamentais e regulamentospara a mistura de combustíveis. De igual modo, aprodução de biodiesel é também altamenteconcentrada, com a União Europeia responsável por75% do total de produção de biocombustíveis (verFigura 3).
50,000
40,000
30,000
20,000
10,000
0
Milhões de litros
UE
EUA e Canadá
Brasil Mundo
1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Figura 2: Produção de combustível de etanol mundial eregional (1990-2006)
Font
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União Europeia75%
Estados Unidos13%
Outros12%
Figura 3: Produção mundial de biocombustível em 2006(6,6 mil milhões de litros)
Fonte:CitadonoBanco
Mundial(2007).“Biofuels:ThePromiseandthe
Risks”.Agriculture
forDevelopmen
tPolicyBrief.
Font
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Resumo
A “primeira geração” debiocombustíveis dizrespeito aos combustíveisderivados de matérias-primas, pela suaconstituição em açúcar,amido e óleo, podendoestes ser convertidosutilizando tecnologias de
Primeira geração
A “segunda geração” debiocombustíveis refere-seaos produzidos através debiomassa lenho-celulósicade plantas herbáceas eperenes, através detecnologias dehidrólise/fermentação,gaseificação ou pirólise.Não existe produção
industrial de biocombustíveis a partir deste tipo debiomassa, mas está a ser desenvolvida umainvestigação que foca a produção em larga escalaem particular nos Estados Unidos, Canadá,Alemanha, Suécia, China e Brasil.
O sucesso da tecnologia da celulose vai permitirtecnicamente a utilização de uma grandequantidade de matérias-primas, bem como deresíduos agrícolas ou urbanos e plantaçõesespecíficas de celulose, tal como relvados e árvoresde rápido crescimento.
Segunda geração
Preç
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Etanol: cana-de-açúcar
Etanol: milho
Etanol:açúcar de beterraba
Etanol:trigo
Etanol: bio massa lenhosa
Biodiesel: gordura animal
Biodiesel: óleo vegetal
Biodiesel: síntese FT
Preço ou custo de produção (dólares por litro)
20302005
1.2
1.0
0.8
0.6
0.4
0.2
0
Figura 4: Custos de produção actuais e futuros de etanol comparados com osrecentes preços/litro de gasolina equivalente (sem impostos).
Font
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07. A
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IE.W
orldEconomicOutlook.2006
As matérias-primas de celulose podem crescer commenos fertilizante e água e em solos de baixaqualidade comparativamente àquelas que sãoactualmente utilizadas para as culturas de produçãode etanol convencionais. Além disso, os custos dasculturas de celulose podem ser consideravelmentemais baixos, quando comparados com as culturas decereais e sementes actualmente utilizadas na Europae nos Estados Unidos.
A Figura 4 mostra os actuais custos da produção debiocombustíveis, dos quais é esperado umdecréscimo com o avanço da tecnologia, processosde conversão e melhores economias de escala. Aspolíticas agressivas no sector energético e osrendimentos antecipados dos mercados de carbonoestão a levar ao investimento em biocombustíveis. Oconhecimento adquirido pela prática vai levar aodecréscimo dos custos de produção. Durante aspróximas décadas, é esperado que o etanolcontribua em grande parte para o aumento dautilização de biocombustível a nível mundial, talcomo é também previsto que os custos de produçãobaixem mais rapidamente do que os do biodiesel ede outros biocombustíveis.
hidrólise/fermentação e de prensagem/esterificação. Nos países da OCDE, a maior parte do etanol éproduzido a partir de culturas amiláceas, como omilho, trigo e cevada. Nos países tropicais como oBrasil, o etanol é essencialmente produzido atravésda cana-de-açúcar.
*Gasolina sem impostos e preços de diesel (Jan. 2000 - Julho 2006). Com base na média mensal de preços deimportação de crude na região da AIE, preços de importação de crude variando entre os 20 e os 70 dólares porbarril neste período. Nota: O custo estimado exclui os subsídios relacionados com as colheitas ou com o própriobiocombustível.
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Resumo
140
120
100
80
60
40
20
02004 2010 2015 2030
160Mton
Estados UnidosUEChinaBrasilMundo
Figura 5: Consumo mundial de biocombustíveis, cenáriospolíticos alternativos
Fonte: AIE. W
orld Energy Outlook. 2006
De acordo com a AIE, estáprevisto um aumentoconsiderável na procura decombustíveis no sector dostransportes rodoviáriosdurante as próximasdécadas, especialmentenas regiões emdesenvolvimento. Estáprevisto que os
biocombustíveis contribuam para o crescimento dataxa de utilização de recursos para ir de encontro aesta procura. Para suportar os 7% de aumento daprocura de combustíveis para transportes de estrada,é esperado que a produção aumente a uma taxa de8,3% ao ano, alcançando 73 milhões de toneladasem 2015 e 147 milhões de toneladas em 2030 (verFigura 5)3.
Anteriormente, acreditava-se que as tecnologias desegunda geração de biocombustíveis não estariamdisponíveis no mercado até 2030; contudo, os apoiosgovernamentais podem alterar esta situação. Vão sernecessários avanços no desenvolvimento destastecnologias antes que estas possam sercomercialmente utilizadas em larga escala. É possívelque este progresso possa ocorrer num futuro maispróximo, conduzindo a um desenvolvimento maisrápido de produção de biocombustíveis do que eraesperado anteriormente.
Previsão para aprodução de
biocombustíveis
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Para determinar oequilíbrio dos gases comefeito de estufa (GEE)associados aos diferentestipos de biocombustíveis,é essencial considerar asemissões ao longo detodo o seu ciclo de vida -desde a alteração dautilização dos solos para
produção agrícola até ao processamento ecombustão dos combustíveis (avaliação do ciclo devida). A maioria dos estudos que utilizam este tipode análise, incluem as emissões de dióxido decarbono bem como de outros gases com efeito deestufa como o óxido nitroso e o metano.4 Asculturas que necessitem de grandes inputs deenergia fóssil (na forma de fertilizantes) e que têmbaixos rendimentos energéticos por hectare, vãoter uma maior pegada de carbono. Da mesmaforma, as culturas energéticas têm um impacte decarbono negativo adicional caso substituamflorestas primárias.
Questões
Pegada decarbono/eficáciada mitigação de
emissões deGEE
A energia necessária para o processamento doscombustíveis é também uma parte importante naavaliação do ciclo de vida. Por exemplo, o etanol dacana-de-açúcar do qual o bagaço é utilizado como fontede energia, tem menos emissões de CO2 do que o etanolfeito a partir do milho, onde a energia utilizada noprocesso de fabrico provém normalmente doshidrocarbonetos.
A Figura 6 retirada do relatório Mobilidade Sustentávelpara 2030 ilustra a análise “Do poço à roda” (WTW -Well-to-Wheel). A WTW não só considera os GEEproduzidos quando um combustível é utilizado numveículo (“Do Tanque à Roda” - TTW - tank-to-wheel),mas também os GEE emitidos pela produção edistribuição do combustível (“do poço ao tanque” -WTT - Well-to-tank). O TTW considera a eficiência dossistemas de propulsão, como a combustão interna dosmotores, assim como a sua substituição futura. A WTTcontabiliza o carbono sequestrado no crescimento dasmatérias-primas, bem como a sua conversão paracombustível. Ambos têm de ser considerados quando secompara um combustível de transporte e um potencialsubstituto.
Emissões de gases com efeito de estufa (g/km)
Combustível Sistema de propulsão
-150 -100 -50
MCI VEH
VEH
ID VEH
ID VEH
MCI
MCI
ID MCI
ID MCI
ID MCI (2)
ID MCI Avançado (1)
ID MCI
MCI (2)
MCI (2)
MCI Avançado(1)
ID MCI
2010 MCI
Diesel F-T (madeira residual)
Diesel
Gasolina
LH2 (EU – NG-Mix)
CNG (UE, NG-Mix)
Diesel-FT (Madeira residual)
Diesel-FT (NG remota)
Biodiesel RME- (metiléster de colza)
Diesel
Diesel
Etanol (palha)
Etanol (açucar de beterraba)
Gasolina
Gasolina
Gasolina
0 50 100 150 200 250 300
(1) Estimado pela VKA MCI – Motor de combustão interna(2) Estimado pela BP, com base em dados da GM (General Motors) ID – Injecção directa (3) Output da rede pela utilização da energia no processo de conversão VEH – Veículo eléctrico híbrido(4) Com base em dados hídricos
Emissões do poço ao tanque Emissões Do Tanque à Roda
Figura 6: Emissões de gases com efeito de estufa “Do poço à roda” para vários combustíveis e combinações de sistemas de propulsão
Fonte: W
BC
SD. M
obility 2030: M
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inability. 2004.
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Os biocombustíveispodem ser misturadoscom gasolina ou diesel, naforma simples ou quasepura (p.e. mistura deetanol de E85). Noentanto, os mais recentesnecessitam de umamodificação doscomponentes dos veículos
e infra-estruturas de distribuição tal como condutas,depósitos e distribuidores de combustível. Isto poderáser uma barreira à utilização.
Infra-estruturasa jusante e
biorefinarias
Questões
A escala de biorefinação necessária será determinadapor variados factores, incluindo a disponibilidade dematérias-primas, proximidade de mercados,objectivos das empresas (utilização local, produçãopara exportação, etc.), aplicações dos combustíveis erecursos financeiros. É expectável que a segundageração de biorefinarias crie sub-produtos de grandevalor, e também necessite de unidades de produçãocomplexas e de grande capital. Em níveis baixos demistura, o biocombustível líquido pode ser distribuídoatravés de infra-estruturas de distribuição existentes;do ponto de vista do consumidor requer o mínimo deadaptação para os veículos actuais baseados emcombustíveis derivados do petróleo.
Gal/MMBTU
A refinação do petróleoconsome 1-2 mil milhõesde galões por dia
101 100 1,000 10,000 100,000
Refinação de combustível
Irrigação dos solos
Processamento de etanol
Irrigação de milho
Electrólise de hidrogénio
Correcção de hidrogénio
Processamento de urânio
Minério de urânio
Armazenamento de petróleo em minas de sal **
Areias petrolíferas
Xisto petrolífero *
Destilador de xisto petrolífero
Refinarias
Aumento da recuperação petrolífera
Extracção de petróleo
Armazenamento de gás nas minas de sal **
Operações nas condutas de gás natural
Extracção e produção de gás natural
Gaseificação do carvão
Manchas de carvão
Liquefacção do carvão
Lavagem de carvão
Mineração do carvão
Figura 7: Consumo de água por unidade de energia e utilização de água na extracção e produção de combustível
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06.
A disponibilidade de águapode constituir umalimitação regional ounacional à produção decolheitas nos países emdesenvolvimento. Existemdiferenças significativasentre processos decombustível fabricado. Oimpacte mais importante
no que respeita ao consumo de água está na irrigaçãodas colheitas usadas como matéria-prima naprodução de combustíveis. As colheitas não irrigadaspodem desempenhar um papel importante nasegunda geração de biocombustíveis, apesar destastambém consumirem grandes quantidades de águaatravés da evaporação. A água da chuva absorvidapelas plantas não entra no solo nem nos sistemas deáguas superficiais. Em algumas regiões isto vai criartensão nos já de si limitados recursos de água.
Recursoshídricos
A produção de combustíveis também pode serintensa e afectar a disponibilidade de água. A Figura 7mostra a variação da eficiência no processo hídricoentre os diferentes combustíveis e o seu método deprodução nos EUA. Contudo, um simples critério,mesmo que importante como o consumo de água,não é suficiente para caracterizar todos os impactesrelativos ao consumo de recursos relacionado comum determinado combustível. Os diferentes processosde produção têm também diferentes impactes naqualidade da água. Por exemplo, os resíduosprovenientes do processo industrial podem poluir osrecursos hídricos. De forma semelhante, osescorrimentos superficiais de solos agrícolas podemser poluentes significativos. Uma vez mais, osmétodos agrícolas variam grandemente no seuimpacte a jusante.
* Consumo de água para aprodução de energiaeléctrica do ciclocombinado evaporação-arrefecimento das turbinasde gás.
**Uma única utilizaçãopara solução minas de sal
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A maior causa dedegradação dosecossistemas é a alteraçãoda utilização dos solospara a agricultura queconduz à alteração depastagens e florestas. Éesperado que a taxamundial actual de soloarável utilizada para o
crescimento da biomassa para os biocombustíveiscresça de 1% para 3,8% em 2030, com base na
Questões
Requisitos dossolos e alteração
da utilização dos solos
suposição de que os biocombustíveis derivemsomente das colheitas convencionais.
Se as tecnologias de segunda-geração com base nabiomassa lenhosa forem comercializadasmundialmente antes de 2030, as necessidades dossolos aráveis por unidade de biocombustívelproduzido podem diminuir substancialmente, desdeque uma importante fracção da biomassa necessáriaprovenha de solos regenerados e marginais nãoutilizados para colheitas e pastagens, bem como deresíduos agrícolas e florestais.
A segurança alimentar éuma das maiorespreocupações à volta dasustentabilidade daindústria dosbiocombustíveis. Aprodução de biomassacompete com alimentos,fibras e madeira pelautilização dos solos e com
a água e os fertilizantes. Existe o receio que estacompetição possa levar a um deficit do armazenamentode mercadorias, na medida em que as colheitasdisponíveis para alimentação ou produtos florestaispossam ser utilizados para combustível. De acordo comuma estimativa, os preços agrícolas e de gado podem,como resultado, aumentar entre 20% e 50% por voltade 20165. (Nota de tradução)
Além disso, a produção de biocombustível afectanegativamente a exportação de certas colheitas, comopor exemplo o decréscimo das exportações actuais demilho e rebentos de soja dos EUA, da colza da EuropaOcidental e da cana-de-açúcar do Brasil. Países ricos,importadores de produtos agrícolas, com grande poderde compra, podem suportar a procura destas colheitasa preços mais elevados, provocando assim aumentosadicionais nos seus preços. Para os mais pobres, quesão os compradores de alimentos, isto vai criar umamaior pressão nos seus já limitados recursosfinanceiros. Contudo, deste aumento da procura e dospreços podem resultar rendimentos mais elevados paraos agricultores. Para além disso, os preços maiselevados das colheitas agrícolas são uma possívelresposta ao “paradoxo da agricultura”. Consiste esteparadoxo em que, durante os períodos de grandeprodução, os agricultores sempre tiveram que venderos seus produtos a preços baixos, porque a ofertaexcede a procura. Agora que existem alternativas deutilização para as colheitas alimentares, o fornecimentoe a procura podem tornar-se mais equilibradas,resultando em preços mais altos para a produçãoagrícola.
Uma consequência deste paradoxo é que muitosgovernos sempre utilizaram largamente os subsídiosaos agricultores para sustentar a agricultura como um
Competição poralimentos, fibras
e produtosflorestais
sector viável do ponto de vista empresarial.Os biocombustíveis, como uma nova mais valia deutilização dos produtos agrícolas, criam um potencialpara muitos agricultores melhorarem a sua actividade ereduzirem ou eliminarem a necessidade de subsídios.Do mesmo modo, o aumento da procura parabiomassa pode reduzir a quantidade de alimentosdesperdiçados nos mercados internacionais.
Finalmente, o problema da escassez de alimentos emcertas zonas é, actualmente, uma consequência dadistribuição não equitativa dos sistemas de distribuiçãode alimentos, um assunto que está fora do domíniodos biocombustíveis.
Nota de tradução: Na realidade já em 2007 se verificou uma subida muitoacentuada dos preços internacionais de diversos produtos agrícolas,designadamente cereais, que nalguns casos ultrapassou os 100%. Esta subidaampliou a polémica que já vinha a desenhar-se sobre os efeitos nocivos dautilização para fins energéticos de produtos agrícolas normalmente destinadosà alimentação. No entanto, na opinião de muitos especialistas, a causaprincipal da subida de preços está no aumento de consumo de bensalimentares em países muito populosos como a China e Índia, resultante doelevado crescimento económico verificado nesses países.
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Com os actuais preços altosdos combustíveis fósseis, osbiocombustíveis estão amostrar ser uma formaviável para a redução dosgases com efeito de estufa,em que os custos dasmatérias-primas são baixose onde a tecnologia deconversão está madura. As
tecnologias de segunda geração têm o potencial defazer uma contribuição adicional, mas não se tornarãoeconomicamente viáveis sem que haja um substancialesforço de desenvolvimento e de promoção da suautilização.
Muitos dos potenciais benefícios dos biocombustíveisnão estão ainda reflectidos nos preços dos combustíveis.É necessário o apoio de políticas governamentais paradesbloquear este potencial.
Os governos de todo o mundo estão a estimular odesenvolvimento de indústrias de biocombustíveisnacionais. As iniciativas incluem misturas obrigatórias,isenção de impostos, subsídios directos, financiamentofácil e barato, incentivos fiscais para produtores debiocombustíveis e produtores de veículos decombustível flexível (FFV - flexible fuel vehicle), políticasgovernamentais de compra, etc. Contudo, entre estasdiferentes políticas alternativas, a mistura obrigatória é amais popular. Por exemplo, a directiva da UE para autilização de biocombustíveis sugere a substituição de5,75% (equivalente de energia) da procura total decombustíveis fósseis em 2010. Do mesmo modo,propõe a substituição em 10% até 2020. Ao mesmotempo, os EUA têm um objectivo de produçãoobrigatória de 28 mil milhões de litros de etanol em20126, e recentemente propuseram o aumento doscombustíveis renováveis em 133 mil milhões de litrosaté 2017.
O comércio internacional, os investimentos e atransferência de tecnologias podem facilitar esteprogresso.
Subsídios,barreiras de
mercado erestrições
Questões
A rápida dispersão da produção de biocombustíveis vainecessitar da integração dos objectivos políticosclimáticos a nível mundial, com os sistemas de mercadomultilaterais. O comércio de combustíveis é reguladopelas normas da Organização Mundial de Comérciopara a indústria. O Acordo sobre Subsídios e MedidasCompensatórias limita as opções dos países para apromoção de um único processo de produção emdetrimento de outro. As colheitas agrícolas sãocomercializadas segundo um número de regras que sedesenvolveram em cenários nacionais muito diferentes.As regras do comércio de energia são normalmenteconcebidas de forma a promover o acesso àsexportações de combustíveis. As regras de comércioagrícola foram frequentemente criadas para proteger aagricultura doméstica das importações. A remoção dasbarreiras de mercado e o apoio para a utilização dosbiocombustíveis vai requerer a integração destesdiferentes regimes políticos.
As grandes empresas estãoactualmente a analisar osmercados debiocombustíveis e ainvestir cada vez maisneste campo. As pequenase médias empresas (PME's)podem desempenhar umpapel importante naexploração destes
mercados.
Sustentabilidadeda cadeia de
fornecimento
Adicionalmente, os grupos de PME's eficientes podembeneficiar as grandes empresas criando cadeias defornecimento mais eficazes e a racionalizarprocedimentos de procurement. Além disso, osinvestimentos podem ser tornados mais eficientesatravés de parcerias estratégicas entre o sector públicoe privado. Os governos podem implementar medidaspara criar ambientes apropriados ao investimento; poroutro lado, as grandes empresas podem fornecer agestão necessária e contribuir substancialmente para ofinanciamento do projecto.
10
A integração dosmercados agrícolas depaíses onde existepotencial para ofornecimento dematérias-primas a baixospreços com a procura decombustível de paísescom alto consumo, vaiaumentar a utilização das
tecnologias de biocombustíveis. A rápida utilizaçãovai apresentar desafios à sustentabilidadeambiental e social. A criação e implementação deum sistema de certificação com base em critériosde sustentabilidade, pode ter um papel importantena resolução destes desafios, garantindo que osbiocombustíveis são produzidos de uma formaresponsável.
As diferentes tecnologias de produção debiocombustíveis têm diferentes pegadas decarbono. Por exemplo, o cultivo energético emsolos empobrecidos pela agricultura pode serpositivo em termos do rendimento do sequestrode carbono e fornecer habitat e outros serviçosrelacionados com os ecossistemas. Mas estasmesmas práticas em zonas húmidas nãoanteriormente cultivadas podem ter impactesnegativos na água e nos habitats. Destaspráticas pode resultar, de uma só vez, umaelevada libertação de carbono a partir do solo,o que causaria a perda dos benefícios positivos
Questões
Produçãosustentável
resultante da substituição posterior decombustível fóssil.
Assim, o critério que é quantificável, mas flexívelpara aplicação em vários contextos, pode focar emáreas como as emissões de GEE, produção deplantações, protecção da biodiversidade,segurança alimentar e condições de trabalho,entre outros. Além disso, será imperativo que oscritérios estabelecidos sejam cumpridos emconformidade e que este cumprimento não sejadispendioso.
A pressão mundial da procura de combustívellíquido vai ser exercida nos sistemas dominantes eas vidas dos agricultores pobres das zonas ruraisvão ser difíceis de gerir, mas desenvolvendo umsistema que represente diferentes partesinteressadas, esta pressão pode ser aliviada. Váriosgrupos, como o Roundtable on Sustainable Biofuels,estão a explorar sistemas de certificação robustosque podem distinguir as variantes dasustentabilidade ambiental e social. Tal sistematem de ser utilizado a nível mundial para permitiraos utilizadores finais discriminarem entrecombustíveis que respeitam os critérios desustentabilidade. Finalmente, a harmonização destandards entre países pode ajudar várias partesinteressadas, em particular produtores deautomóveis, a desenvolver tecnologiasuniformizadas que podem ser facilmentedisseminadas.
Tendo em conta que maisde três quartos dapopulação pobre dospaíses emdesenvolvimento, vive emáreas rurais, a agricultura eo desenvolvimento ruralsão questões críticas parao aliviar da pobreza7. Aprodução de
biocombustíveis tem grande potencial para reduzir apobreza, criando receitas e actividades que criamriqueza ao mesmo tempo que vão de encontro àprocura de energia. Com estas oportunidadespotenciais, contudo, surgem questões como osdireitos de propriedade, direitos dos trabalhadores esegurança alimentar, entre outros. A produção debiocombustíveis, por exemplo, pode serextremamente prejudicial para agricultores que nãosejam proprietários. Além disso, a falta de segurançano trabalho e abusos dos direitos dos trabalhadoresameaçam o progresso económico e social. Por estarazão, tomar agora as decisões certas e criar aspolíticas apropriadas, torna-se um elemento chavepara garantir o aliviar da pobreza e a distribuiçãoequitativa do crescimento.
Desenvolvimentorural
À medida que a segunda geração de tecnologias combase em matérias-primas lenhocelulósicas se tornamcomercialmente viáveis, os efeitos potencialmentenegativos nos solos e competição pela disponibilidadede alimentos vai diminuir. Mas estas tecnologiaspodem ainda ser acompanhadas por um risco: oprovável aumento do incentivo à exploração deterrenos pouco produtivos (tais como pastagens esavanas) para a plantação de gramíneas de altodesenvolvimento e de outras culturas resistentes paraa obtenção de biomassa para combustível,deslocando cereais e culturas de subsistência.
Além disso, a produção de quantidades significativasde biocombustíveis com base em matérias-primas emterrenos marginais pode competir com as pastagenspara gado, ter impactes inaceitáveis nos ecossistemase prejudicar a fertilidade dos solos através da remoçãosustentada de muitos resíduos de biomassa. Umaalternativa de matérias-primas em grandedesenvolvimento são as microalgas. Apesar deste tipode produção levantar o tema controverso daengenharia genética, as algas podem ajudar a evitarum número de questões associadas à sustentabilidadeda utilização dos solos, utilização de água potável,desflorestação e produção de alimentos.
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1. Worldwatch Institute. Biofuels for
transport.2007.
2. São seis os gases com efeito deestufa abrangidos peloProtocolo de Quioto. O termo“pegada de carbono” é umaexpressão abreviada que serefere ao somatório dos gasesem equivalentes de dióxido decarbono
3. AIE. World Energy Outlook. 2006
4. Wordwatch Institute. Biofuels for transport. 2007.
5. OCDE-FAO. “Agriculture Outlook, 2007-2016”. 2007.www.oecd.org/dataoecd/6/10/38893266.pdf (acedido a19 de Outubro de 2007)
6. Wordwatch Institute. Biofuels for transport. 2007.
7. World Bank. Agriculture & Rural Development: Issue
Brief.
2007.www1.worldbank.org/publicsector/pe/pfma07/ARDBrief.pdf (acedido a 10 de Agosto de 2007).
Notas
Aviso LegalEste relatório é publicado em nome do WBCSD. Tal comooutras publicações do WBCSD, é resultado de um esforçocolectivo do secretariado e executivos de várias empresasmembro. Um grande número de membros reviu apublicação, garantindo assim que o documento representa agrande maioria das opiniões dos membros do WBCSD. Nãosignifica, contudo, que todas as empresas membropartilhem as ideias aqui expostas.
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O World Business Council forSustainable Development (WBCSD)é uma coligação de 200 empresasinternacionais, unidas pelocompromisso partilhado para com odesenvolvimento sustentável atravésde três pilares: crescimentoeconómico, equilíbrio ecológico e
progresso social. Os membros são oriundos de mais de 30países e 20 grandes sectores industriais. Beneficiamtambém de uma Rede Global de mais de 60 conselhosempresariais nacionais e regionais e organizaçõesparceiras.
A missão é assegurar a liderança empresarial comocatalisadora para a mudança rumo ao desenvolvimentosustentável. É também apoiar a licença empresarial paraoperar, inovar e crescer, num mundo cada vez maismoldado pelas questões do desenvolvimento sustentável.Os objectivos incluem:
Liderança empresarial - ser líder na promoçãoempresarial do desenvolvimento sustentável;Desenvolvimento de políticas - participar nodesenvolvimento de políticas para criar as condiçõesestruturais ideais, para as empresas darem umacontribuição efectiva para o desenvolvimento sustentável;
O Business Case - desenvolver e promover o businesscase para o desenvolvimento sustentável;
Melhores práticas - mostrar a contribuição empresarialpara o desenvolvimento sustentável e partilhar as melhorespráticas entre os membros;
Alcance global - contribuir para um futuro sustentávelnas nações em desenvolvimento e aquelas que seencontram em transição.
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A missãoA missão principal do BCSD Portugal é fazer com quea liderança empresarial seja catalisadora de umamudança rumo ao desenvolvimento sustentável epromover nas empresas a eco-eficiência, a inovação ea responsabilidade social.
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