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Relato de Prática
Tema: Jogos Olímpicos 2016 no Brasil.
Welington Santana Silva Júnior1
E.M. Prof. Walter Carretero
Sorocaba, 2016
RESUMO
Pelos princípios e procedimentos pedagógicos do currículo cultural, as aulas de
educação física na E. M. Prof. Walter Carretero situada em um bairro de Sorocaba
interior de São Paulo, para as turmas dos 1ºs aos 5ºs anos do ensino fundamental I, teve
como tema nos 1º, 2º e 3º bimestres de 2016, os Jogos Olímpicos no Brasil, devido a
realização do evento sendo o país sede neste ano. Os relatos aqui descritos se referem as
vivências das aulas dos alunos do 3º ano B, 4º ano D e 5º ano A. Iniciei fazendo
perguntas aos alunos sobre os Jogos Olímpicos na intensão de mapear o conhecimento
prévio sobre o tema. As respostas em comum foram: futebol, basquete, natação, corrida,
vôlei e ginástica. Eles responderam dizendo alguns nomes de esportes, não o evento
propriamente dito. Das respostas em comum, procurei tematizar o que os alunos mais
falaram, escolhi assim o atletismo, porque em todas as turmas pelo menos um aluno
falou sobre as corridas. Quando comecei a falar sobre o atletismo, a maioria dos alunos
entendia que seriam somente as corridas, daí então pude perceber mais um motivo
importante em tematizar esse esporte, mostrar para os alunos que dentro do atletismo
existem diferentes modalidades esportivas. Para melhor planejar, separei os temas por
bimestres, onde no 1º e 2º iríamos trabalhar a corrida de revezamento, a corrida de
velocidade, a corrida de resistência e a corrida com barreiras, e no 3° estudaríamos o
salto em distância, o lançamento de peso e no decorrer das discussões o vôlei sentado
como Jogos Paralímpicos. Como materiais utilizamos cordas, cones, bastões, caixas de
papelão, uma bola de vôlei e um peso confeccionado com sacolas plásticas, areia e fita
crepe. Com o objetivo de aprofundamento e ampliação do tema, buscamos realizar aulas
na sala com a contextualização de textos históricos e específicos das modalidades do
atletismo, dos Jogos Olímpicos e dos Jogos Paralímpicos, pesquisas na sala de
informática e observações de imagens impressas. No decorrer das tematizações
surgiram assuntos de gênero, aptidões e deficiências físicas, fato que favoreceu a
problematizações referente aos temas e abertura para estudarmos os Jogos Paralímpicos
como citado anteriormente, onde vivenciamos o vôlei sentado. Como avaliações,
utilizamos fotos, registros escritos e mapeamento avaliativo em sala de aula e nas rodas
de conversa. Para encerramos o projeto, realizamos os Jogos Olímpicos na escola, onde
cada turma representou um país e fizemos as competições não visando resultados, mas
sim a vivência dos esportes.
Palavra Chaves: Jogos Olímpicos, Educação Física, Atletismo.
1 Professor de Educação física Escolar no município de Sorocaba desde 2014, especialista em fisiologia
do exercício, membro do GEPF (Grupo de Pesquisa em Educação Física Escolar – USP), membro do GEPEF (Grupo de Estudos em Pedagogia da Educação Física da Faculdade de Educação Física da ACM de Sorocaba), e membro do GIAP (Grupo de Pesquisa Sobre Infância, Arte, Práticas Educativas e Psicossociais).
Desenvolvimento.
Iniciei as aulas fazendo perguntas aos alunos sobre os jogos olímpicos na
intensão de mapear2 o conhecimento prévio sobre o tema:
Qual evento esportivo muito importante vai acontecer neste ano de 2016 aqui no
Brasil? (Poucos alunos souberam responder que seriam os jogos olímpicos).
O que são os Jogos Olímpicos?
As respostas em comum foram: futebol, basquete, natação, corrida, vôlei e
ginástica.
Eles responderam dizendo alguns nomes de esportes, não o evento propriamente
dito. Das respostas em comum, procurei tematizar3 o que os alunos mais falaram,
escolhi assim o atletismo, porque em todas as turmas pelo menos um aluno falou sobre
corrida de forma geral. Quando comecei a falar sobre o atletismo, a maioria entendia
que eram somente as corridas, daí então pude perceber mais um motivo importante em
tematizar essa modalidade, mostrar para os alunos que dentro do atletismo existem
diferentes modalidades esportivas.
Para melhor planejar, separei os temas por bimestres, onde no 1º e no 2º iriamos
trabalhar a corrida de revezamento, a corrida de velocidade, a corrida de resistência e
corrida com barreiras, e no 3° estudaríamos o salto em distância, o lançamento de peso e
por consequências de algumas discussões os Jogos Paralímpicos, onde vivenciamos o
vôlei sentado.
Corrida de Revezamento.
Na corrida de revezamento trabalhamos as passagens de bastão ascendente,
descendente, visual e não visual. Com a participação dos alunos, criamos um jogo
chamado pega-pega-bastão, uma forma lúdica para melhor entenderem as passagens de
bastão. Pega-pega-bastão: Alunos espalhados pela quadra e parados em certo ponto com
2 O mapear sendo uma didática do currículo cultural, tem como objetivo conhecer as manifestações
corporais que fazem parte do cotidiano dos alunos, ou para saber quais práticas se encontram disponíveis ao seu redor, buscando também levantar saberes prévios presentes nos alunos. (NEIRA; NUNES, 2011, pag. 107). 3 No currículo cultural, a construção do conhecimento advém da tematização, uma ação didática que
inviabiliza qualquer previsão antecipada, buscando nos acontecimentos diários atividades que focalizem o tema que está sendo estudado. (NEIRA; NUNES, 2011, p. 102).
uma distância de dois ou três metros entre eles. Um aluno é o fugitivo, que deverá estar
com o bastão nas mãos, outro será o pegador devendo correr atrás somente do aluno que
estiver com o bastão. O aluno fugitivo para não ser pego deve rapidamente durante as
corridas de fuga passar o bastão para um dos alunos que estarão espalhados pela quadra,
quem pegar o bastão passa a ser o fugitivo. Caso o pegador pegue o fugitivo antes que o
bastão seja passado para outro aluno, o fugitivo pego deverá passar o bastão para o
pegador, contar até 5 segundos e correr atrás do pegador que passará a ser fugitivo.
Fizemos grupos de quatro participantes e realizamos as corridas usando como
pistas as linhas da quadra. Evitei que acontecesse a competição, porém isso é quase que
inevitável, a competição era uma forma de estimulo, mas em muitos casos consegui
trabalhar essa questão para que não houvesse desistências. Antes de cada prática eu
fazia com os alunos uma ampliação e aprofundamento4 com leituras de textos ou
imagens da corrida especifica, e no final novamente para discutir novas ideias sobre os
resultados alcançados.
Pega-pega-bastão Corrida de revezamento ressignificada
Corrida de velocidade.
Na corrida de velocidade, comecei perguntando para os alunos o que eles
imaginavam que seria uma corrida de velocidade. Devido o nome, rapidamente alguns
deles responderam que seria uma corrida rápida.
Para iniciar essa corrida, iniciamos a aula com jogos onde os alunos precisassem
correr o mais rápido possível, tipo “mãe da rua” e “mãe do disco”, eles tinham que
4 É uma didática do currículo cultural que busca fontes de conhecimento que se aproxime o máximo da
realidade da manifestação cultural, assim como a didática chamada de ampliação que tem como objetivo acessar diferentes discursos que cercam está manifestação. (NEIRA; NUNES, 2011, p. 134).
atravessar o espaço determinado como a rua sem voltar para trás e o mais rápido e reto
possível, fazendo com que isso fosse semelhante ao que acontece na corrida de
velocidade.
Comecei colocando os alunos em paralelos e dando sinal de largadas, após fui
colocando novas regras como a saída baixa de cinco apoios.
Falei sobre as saídas através dos comandos: “Em seus lugares, pronto, já”, e
conversamos sobre a importância de não queimar a linha de largada, fato que estava
acontecendo muitos como todas as turmas.
Assim como na corrida de revezamento, sempre antes das práticas e após as
práticas conversávamos sobre especificidades da corrida, formas de saídas, tipos de
corridas e ideias para melhor compreender o que estava acontecendo na prática. Em
uma das aulas falei com os alunos sobre as distâncias diferentes das corridas como as de
100, 200 e 400 metros, logo após, procurei ressignificar5 com os alunos tal cultura
corporal, pedindo para que eles escolhessem lugares na quadra onde cada corrida
poderia ser representada de acordo com as distâncias citadas, olhando para as linhas das
quadras.
Houve ideias bem diferentes e com explicações diversas, todas elas foram
aceitas e vivenciadas. Após as corridas discutimos o que deu certo e errado.
Com as duas corridas vivenciadas nas aulas práticas e pelas contextualizações
nas rodas de conversas no início e no fim de cada aula, iniciamos as aulas em sala para
que pudéssemos nos aprofundar no tema pelo que já tinha sido discutido na prática. Na
sala de aula, comecei escrevendo alguns tópicos na lousa e perguntando sobre cada um
deles, de acordo com as respostas eu explicava com mais detalhes através de desenhos e
outras anotações na própria lousa sobre o que estava sendo discutido.
5 Devido o distanciamento pela realidade dos alunos referente a realidade social da manifestação
cultural em prática, ressignificar é a didática do currículo cultural onde os docentes estimulam o grupo á criarem possibilidades de vivenciar atividades que permitam a compreensão desta manifestação da cultura corporal usada na tematização relacionada diretamente ao tema. (NEIRA; Nunes, 2011, p.123).
Linha de partida Linha de chegada
Corrida de resistência.
Começamos a corrida de resistência com um mapeamento onde fiz perguntas
para os alunos sobre tal modalidade:
Alguém sabe o que é corrida de resistência? Alguém já praticou a corrida de
resistência? O que significa a palavra resistência?
A maioria disse que não tinham participado de nenhum treino com esse nome,
dois ou três alunos disseram que participaram de uma prova de corrida onde tinham que
correr uma distância longa no paço municipal da cidade em um evento esportivo. Teve
alunos que falaram que eram como as provas de resistência do BBB (Big Broder Brasil)
provavelmente porque as palavras “prova de resistência” eram muito faladas pelo
apresentador do programa transmitido pela Rede Globo. Sobre a palavra resistência, a
resposta mais comum foi: é quando se resiste alguma coisa, tipo resistir à corrida.
A partir dai, iniciei uma contextualização básica sobre a corrida de resistência,
de meio fundo e de fundo, conversamos sobre a questão fisiológica que dá característica
a corrida após uma aluna perguntar de que forma nosso corpo poderia se tornar mais
resistente, fato que nos permitiu ampliar o tema, abordando assuntos biológicos
referentes as adaptações fisiológicas promovidas por programas de exercícios físicos em
treinamento esportivos.
Após, com o uso de oito cones e das linhas da quadra, montamos uma pista de
corrida, onde coloquei equipes de 4 a 6 alunos para correrem juntos em um tempo
determinado. Procurei no início deixar claro que o objetivo não era ver quem chegaria
primeiro, mais sim quem conseguiria regular sua velocidade para poder permanecer na
corrida durante o tempo determinado de acordo com a série, sendo em torno de 1 a 3
minutos de corrida, um tempo relativamente curto, mas por se tratarem de crianças
pequenas com capacidades físicas muito diferentes das de adultos, e por saber que eles
iriam tentar correr o mais rápido possível, achei melhor não propor tempos longos.
Após as primeiras vivências, os alunos perceberam que aqueles que iniciavam a corrida
com muita velocidade não estavam conseguindo concluir o tempo determinado, fato que
os fizeram compreender a importância de controlar a velocidade em uma corrida como a
de resistência.
Em uma das aulas, um aluno pediu para eu colocá-lo para correr em um grupo
de meninas porque as meninas eram mais fracas. Não falei nada na hora, coloquei esse
aluno para correr em um grupo misto, onde eu escolhi algumas meninas que corriam
muito bem. Deixei a corrida acontecer, uma das meninas correu melhor que esse
menino que inclusive não conseguiu completar a prova. No fim da aula, levantei essa
questão e discutimos sobre gênero, onde falamos que no esporte até pode haver
diferenças entre homens e mulheres devidos os fatores biológicos, porém que mesmo
assim, em muitos casos existem mulheres mais fortes e resistentes fisicamente que
alguns homens, mas que na sociedade essa diferença não deve existe, quando acontece
são ações preconceituosas e machistas.
Corrida de resistência
Corrida com obstáculos.
Comecei a corrida com obstáculo perguntado aos alunos se algum deles já tinha
praticado essa corrida no atletismo? As respostas em comum foram: É correr desviando
de algumas coisas, tipo cones; É correr e pular algumas coisas; É correr e pular
obstáculos e cones.
Elaborei uma atividade onde alguns alunos deveriam ficar agachados e outros
alunos deveriam correr pelos que estavam agachados, sem dizer a forma que o fariam,
alguns saltavam e outros apenas desviavam. Em seguida, fizemos algumas atividades de
jogos com regras modificadas onde era preciso saltar os osbstáculos sendo esses os
próprios alunos agachados.
Exemplos: Mãe da rua obstáculos – de 5 a 7 pegadores, os alunos fugitivos
quando pego deveriam agachar e virar um obstáculo humano, os alunos fugitivos
deveriam durante as corridas saltar os obstáculos, o jogo acabava quando todos os
fugitivos viravam obstáculos.
Pega-pega-obstáculo – Um ou mais pegadores, quem for pego vira obstáculo,
quem estiver livre deve saltar os obstáculos para salva-los.
Fizemos algumas corridas com obstáculos humanos, onde em um espaço
determinado, os alunos se posicionavam como osbstáculos (agachados) e outros como
corredores (em pé), ao sinal de partida os corredores corriam e saltavam os alunos
obstáculos, logo em seguido os corredores se posicionavam como osbstáculos e os
alunos obstáculos como corredores. Fizemos também uma pista de corrida seguindo os
mesmos princípios, alunos corredores e alunos obstáculos. Após utilizamos caixas de
papelão como obstáculos, dividimos a turma em grupos de 5 a 7 alunos para que não
houvessem quedas ou possíveis acidentes pelo pouco espaço e muitos alunos ao mesmo
tempo, foi bem divertido e dinâmico, os alunos que ficavam na arquibancada
aguardando seus momentos de correr torciam por seus colegas, e de certa forma faziam
suas observações para que pudéssemos discutir no fim da aula.
Mãe da rua obstáculos Corrida com obstáculos
Corrida com obstáculos humanos
Atletismo não é só corrida, o arremesso de peso e o salto em
distância também é atletismo.
Arremesso de peso.
Quando começamos o mapeamento e as tematizações dos os Jogos
Olímpicos através das práticas das modalidades do atletismo, conhecida pela
maioria dos alunos como as corridas, uma das observações feitas foi o fato dos
alunos não saberem a definição dos esportes pertencentes ao atletismo.
Após as vivências das corridas de velocidade, de resistência, de
obstáculo e de revezamento, perguntei aos alunos quais esportes estavam
acontecendo naquele momento nos Jogos Olímpicos no Rio 2016, que não são
corridas? Estávamos no mês de agosto, momento em que os jogos estavam
em andamento. As respostas comuns foram: “lançamento de dardos”,
“arremesso de peso”, “lançamento de disco”, “natação”, “futebol”, “salto em
distância” e “futebol na água”.
Através das respostas, escolhi o tematizar o “arremesso de peso” e o
“salto em distância”, para que os alunos conhecessem outras modalidades
esportivas, que não são corridas, mas que pertencem ao atletismo.
Para explicar melhor sobre as características que fazem um esporte
pertencer ao atletismo, conversamos sobre os principais movimentos corporais
envolvidos, como: O saltar, o arremessar e o correr. A modalidade esportiva
em que o movimento corporal relacionado ao objetivo for qualquer um desses
três movimentos principais, então esse esporte pertencerá ao atletismo.
Iniciamos as vivencias com o arremesso de peso, destacando o
arremessar como um dos principais movimentos corporais que caracterizam o
atletismo e analisando algumas imagens que imprimi, onde mostravam atletas
realizando o arremesso de peso, logo após, iniciamos a prática com as
técnicas de pegada na bola (peso), a realização simples do arremesso e logo
em seguida iniciamos a técnica do giro de 180° com deslocamento para pegar
impulso e arremessar o peso em uma distância maior. E para finalizar as aulas
práticas, fizemos as técnicas do arremesso de peso dentro de um círculo feito
no piso da quadra com giz de lousa, onde também realizamos algumas
competições com a utilização dos próprios alunos como juízes para marcar o
local onde o peso caísse.
Para nos aprofundarmos sobre o tema, fizemos aulas nas salas
trabalhando textos que contextualizassem essa manifestação cultural, onde
procuramos conhecer a história, os objetivos e as regras da modalidade
esportiva.
Para ampliar o conhecimento sobre a temática, fizemos algumas aulas
na sala de informática com o objetivo de pesquisar sobre a modalidade, fazer
diferentes observações e levantar questões que não foram feitas durante as
aulas anteriores na sala e na quadra.
Arremesso de peso
Salto em distância.
No salto em distância, a maior preocupação estava em quais matérias
usar na falta de uma caixa de areia apropriada para a modalidade, colchonetes
ou tatames, o que seria melhor? Opinamos pelos tatames, pois os colchonetes
eram finos e não iriam amortecer bem a queda após o salto.
Iniciamos as aulas com uma conversa e exposição de imagens da
modalidade, com o objetivo de fazer um mapeamento sobre até onde os alunos
conheciam sobre o salto em distância. Logo após esta parte, iniciamos os
saltos, fizemos uma fila, determinamos a raia de corrida e a linha de partida, e
começamos a saltar, com os alunos descalços para não danificar os tatames.
Na semana seguinte, fiz uma tábua de impulsão com papelão e fita
crepe, e introduzi esse acessório nas aulas teóricas e práticas. Em todas as
aulas, mesmo sendo na quadra, sempre conversávamos sobre a modalidade,
seja no início ou no final, com assuntos relacionados ao contexto histórico,
assim como o fiz nas corridas, nestes momentos também sempre
procurávamos conversar sobre a história dos Jogos Olímpicos.
Para o aprofundamento, assim como no arremesso de peso,
trabalhamos textos em sala de aula. Em média, a cada 4 ou 6 aulas práticas,
fazíamos 1 aula teórica em sala.
Na ampliação do tema, também procurei usar a sala de informática, não
foi muito fácil, porque desta vez somente 2 ou 3 computadores estavam
funcionando, porém mesmo com a dificuldade, o objetivo de levantar questões
sobre a modalidade foi alcançado.
Salto em distância
Jogos Paralímpicos.
O início da tematização dos jogos paraolímpicos, se teve após o
questionamento de uma das alunas do 4º ano A, que foi fundamental para a
discussão durante a aula sobre os deficientes físicos, a pergunta foi:
Professor, por que os Jogos Olímpicos foram transmitidos na televisão e
os Jogos Paralímpicos não?
Repassei a pergunta para a turma, não demorou muito e ouvi um
dizendo: - “é preconceito”. Foi o início de uma discussão sobre a
desvalorização que nossa sociedade tem com as pessoas portadoras de uma
deficiência física ou mental, falamos sobre o acesso a todos os lugares,
principalmente pelos cadeirantes (pessoas paraplégicas), levantamos em
questão a nossa escola, onde discutimos se na construção da mesma foi
pensado na inclusão de alunos paraplégicos. Como resultado chegamos à
conclusão que nossa escola não possui estrutura para alunos cadeirantes
frequentarem todos os lugares, teríamos que fazer adaptações para que
acontecesse uma verdadeira inclusão.
Iniciamos a tematização dos Jogos Paralímpicos começando por
contextualizações históricas, onde buscamos informações referentes a origem,
progressão e continuidade atual, com atividades na sala de aula e nas rodas de
conversa.
Para vivenciar os Jogos Paralímpicos, realizamos a prática do vôlei
sentado. Começamos com uma roda de conversa no objetivo de fazermos um
mapeamento sobre essa modalidade e para iniciarmos um debate sobre os
deficientes físicos, preconceitos, dificuldades, discriminação, valorização, etc.
Não tínhamos na escola uma rede de vôlei para iniciarmos a prática,
montamos uma rede com o uso de cones e cordas, fato que não interferiu na
qualidade das aulas.
Confesso que não foi fácil, até o momento tínhamos feito a prática de
esportes do atletismo, modalidades individuais, ao iniciar um esporte coletivo,
com regras diferentes, obtivemos muitos conflitos devido a competição natural
entre os alunos e a dificuldade das crianças pequenas de ficarem sentadas e
se locomoverem somente se arrastando. Dificuldades essas que na segunda
aula prática das turmas já estavam diminuídas.
Para que a competição entre eles não interferisse na aula, eu procurei
deixar claro que as partidas seriam por tempo e não por pontuação, pois
durante os jogos eu não contava os pontos, eu registrava o tempo da atividade.
Com os alunos de 1º e 2º anos, procurei fazer dois times, dividindo a
turma em números iguais de participantes, para que todas as crianças
estivessem participando ao mesmo tempo, evitando assim a dispersão, sem
separar meninos de meninas, procurei formar equipes com os mesmos
números de meninas e meninos juntos. Já com os 3ºs, 4ºs, e 5ºs anos,
formamos equipes de 6 jogadores, conforme as regras oficiais, também mistos,
sem separação de gênero, mesmo que os alunos pedissem para formar
equipes de meninos contra as equipes de meninas, conversamos sobre a
importância da igualdade entre gêneros na sociedade e tentávamos envolver
todos no jogo sem fazer diferenças.
Mudamos algumas regras e determinamos espaços diferentes de acordo
as dificuldades das turmas, conforme a ação pedagógica do princípio da
ressignificação pelo currículo cultural, construindo novos significados e
possibilidades sobre o tema, onde por exemplo, com os alunos de 1º e 2º anos,
o espaço da área de jogo era menor que para as outras turmas com alunos
maiores, também mudamos a forma de jogar, onde ao invés de rebater, os
alunos tinham que segurar a bola, fazer os três passes e arremessar ou rebater
para o campo do adversário, isso para que eles pudessem intender melhor o
jogo, pois minha intenção não estava em trabalhar os fundamentos do vôlei,
mas sim a vivencia direta do jogo, os fundamentos fomos discutindo no
decorrer dos jogos, sem nenhum tipo de exigência por movimentos corretos, o
que nos interessava era a manifestação corporal.
Aulas teóricas.
Para cada um dos três temas, em dias específicos, fazíamos o
aprofundamento, a ampliação e a problematização em sala de aula com textos,
registros e leituras, e na sala de informática com pesquisas na internet.
Princípios esses, defendidos no currículo cultural, para que os alunos possam
acessar diferentes conhecimentos populares e científicos referente ao tema,
comparando um com o outro, observando fatos que nas aulas práticas não
foram observadas, conhecendo a realidade, já que em muitos momentos a
ressignificação foi necessária, não para fugir da real prática da manifestação,
mas para estudarmos outras formas de realização da manifestação corporal
em questão.
Um fato que muito enriqueceu nossas aulas foi a realização e
transmissão dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos ao mesmo tempo em que
estávamos trabalhando alguns dos esportes envolvidos, com isso os alunos
traziam para as aulas suas observações após assistir na televisão os jogos.
E a história dos Jogos Olímpicos?
Durante todo o projeto, do 1º ao 3º bimestres, discutíamos fatos
históricos que relatavam a origem dos Jogos Olímpicos desde a Antiga Era a
até a Era Moderna, procurei buscar informações em livros, artigos e sites.
Foi muito interessante esses momentos, porque na maioria das vezes eu
estava apreendendo ao mesmo tempo com os alunos, devido os
planejamentos das aulas que estavam exigindo muitas pesquisas. A cada aula
onde surgiam curiosidades e duvidas exigia um novo estudo e um novo
planejamento para as próximas tematizações.
Ao receber a tocha olímpica na cidade de Sorocaba, também buscamos
contextualizar os mitos religiosos e os fatos históricos que deram origem a
tocha olímpica.
Geralmente, entre as vivências das modalidades esportiva do atletismo,
também conversávamos sobre a história dos Jogos Olímpicos, e assim
também fizemos com cada um das modalidades tematizadas, fato que nos
permitiu construir problematizações6 e ampliações através de questionamentos
feitos pelos alunos, como:
Por que os países faziam as guerras?
Por que os atletas da era antiga jogavam nus (sem roupas)?
Por que as mulheres não participavam dos primeiros jogos olímpicos?
Por que os Jogos Olímpicos passam na televisão e os Jogos
Paralímpicos não?
Foram questões como essas que prolongaram o andamento do projeto,
para cada questão levantávamos uma nova discussão, onde tratávamos de
assuntos religiosos devido a origem dos jogos olímpicos, questões de gênero
devido a exclusão das mulheres nos primeiros jogos, e as construções culturais
referente o culto ao corpo na antiga era.
Ampliações e aprofundamentos.
6 Ação pedagógica ocorrida pela ampliação do tema, que permite analisar criticamente aspectos da
manifestação corporal, estimulando os alunos a buscarem respostas para melhor compreender os efeitos práticos desta manifestação. (NEIRA, NUNES, 2011, p. 136).
Olimpíadas, pontos positivos e negativos.
Com o objetivo de desenvolver a criticidade nos alunos, levantei em aula
os pontos positivos e os pontos negativos trazidos para um país que decide ser
sede de grandes eventos esportivos como os Jogos Olímpicos e a Copa do
Mundo.
Pontos positivos: Melhora no transporte, melhora na segurança, geração
de empregos, aumento na economia local, valorização dos atletas e dos
esportes menos conhecidos.
Pontos negativos: Gasto do dinheiro público, aumento dos impostos
após os jogos, a poluição na lagoa Rodrigo de Freitas expondo a saúde dos
atletas, o aumento do risco de assaltos e o aumento de pessoas cambistas que
venderam ingressos com preços abusivos e de forma ilegal.
Após, as perguntas que fiz aos alunos foram:
Será que o Brasil estava preparado para ser sede dos Jogos Olímpicos
2016?
Como anda a educação, a saúde, o saneamento básico e a segurança
no Rio de Janeiro e em todo o nosso país?
Procurei me manter neutro, enfatizei que não haveria respostas erradas
ou certas, mas que cada um expusesse sua opinião própria e justificasse.
Alguns disseram que os jogos Olímpicos foram bons para o país e para
o estado sede dos jogos, porém a maioria dos alunos disseram que os pontos
negativos foram maiores que os pontos positivos
Avaliações.
Como avaliação7, propus atividades de registros8 em cartazes pelas
turmas dos 3ºs, 4ºs e 5ºs anos e em folhas de sulfite para os alunos de 1ºs e
2ºs anos, onde o objetivo era descrever sobre tudo que trabalhamos durante o
7 A avalição pelo currículo cultural visa pelas anotações das observações dos ocorridos no cotidiano das
aulas e pelos registros dos alunos, favorecer a junção de informações que possam resultar em reflexões sobre o trabalho pedagógico em andamento até a sua conclusão. (NEIRA; NUNES, 2011, p. 158). 8 No currículo cultura, é pelo registro que se alcança a retomada dos procedimentos para a socialização,
dadas pelas discussões em aula e a noção da necessidade de se tomar novas direções. (NEIRA; NUNES, 2011, p. 157).
andamento do projeto, além das escritas, os alunos também fizeram desenhos
representando a prática. Também tiramos fotos e registramos as falas de
alunos e acontecimentos como forma avaliativa durante todo o projeto,
considerando que são pelas avaliações que novas ideias para nova aulas vão
surgindo, exigindo assim atividades avaliativas constantes.
Avaliações e registros na confecção de cartazes.
Avalição com modelagem de massinhas caseiras em um trabalho interdisciplinar com a
professora de sala.
Jogos de encerramento.
Para finalizar o projeto Jogos Olímpicos Brasil 2016, planejamos e
fizemos uma programação para a semana das crianças no mês de outubro,
onde ficou acordado a realização dos jogos na quadra e que cada sala
representaria um país, também opinamos em premiar a todos os alunos com
um adesivo no formato de uma medalha de ouro, para que não houvesse
classificação entre ganhadores e perdedores, pois nosso objetivo estava na
construção do conhecimento, e não na busca de movimentos corporais
perfeitos e específicos de cada modalidade como acontecem nos centros
esportivos. Foi um dia muito divertido e de oportunidades para todos
funcionários da escola participarem, inclusive para as professoras de sala, que
muito ajudaram neste momento, algumas até fizeram um trabalho em paralelo
interdisciplinar ao se apropriarem de nosso projeto na educação física.
Encerramento do projeto
Referência:
MATTHIESEN, S.Q. et al. Atletismo se Aprende na Escola. Projeto Núcleo de Ensino
da UNESP de Rio Claro. Unesp/Rio Claro, p587-611, 2003
NEIRA, M. G. A reflexão e a prática no ensino. Educação Física. São Paulo: Blucher,
2011.
PAIVA, M.; FERNANDES, S. Corridas de Velocidade. Centro de Formação da
Associação das Escolas de Matosinhos, v.56, n.23, 2016
RUBIO, K. Jogos Olímpicos da Era Moderna: uma proposta de periodização. Rev.
Bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo,, v. 24, n. 1, p.55-68, Não é um mês valido! 2010.