resenha - casperlibero.edu.br · resenha 155 o livro é o resultado de um trabalho dos autores...
TRANSCRIPT
Revista Communicare
153 Título do Artigo
Resenha
Bruno Hingst Doutor em Meios e Processos Audiovisuais pela Escola de Comunicação e Artes pela Universidade de São Paulo – ECA/USP. Docente e pesquisador da Faculdade Cásper LiberoEmail: [email protected]
O que é o Cinema no Mundo Digital?
GAUDREAULT, André; MARION, PgilippeO Fim do Cinema? Uma Mídia em Crise na Era Digital
Campinas: Papirus, 2016203 páginas
Volume 17 – Nº 1 – 1º Semestre de 2017
Resenha 155
O livro é o resultado de um trabalho dos autores feito para o projeto Tech-nés, que reúne três grupos de pesquisa acadêmica (Universidade de Montreal, Universidade Católica e Centro de Pesquisa Intermeios sobre as Artes de Le-tras e as Técnicas – Crlalt), que busca conduzir um estudo aprofundado sobre o cinema, desde as origens do processo fotoquímico, passando pelo advento da televisão e alcançando a revolução digital, que tem gerado diversas turbulências tecnológicas e afetado diretamente a estética e a técnica cinematográfica, e, por-tanto, a sua própria identidade.
O livro abre uma nova perspectiva de discussão sobre o que de fato é o Ci-nema hoje, ao reunir, de maneira interessante, ideias e reflexões de diversos pen-sadores acadêmicos, jornalistas e cineastas, diante da chegada de uma realidade que tem apresentado uma série de inovações tecnológicas e afetado diretamente diversas áreas da sociedade e se refletido cada vez mais sobre o universo midiá-tico e sob as novas formas de acesso a conteúdos.
Assim o cinema despontou no final do século XIX como uma nova for-ma de arte e tecnologia, rapidamente se tornou uma grande mídia popular e integrou num mesmo processo, produção industrial, educação e velocidade de divulgação; por outro lado, vemos com a chegada da revolução digital em pleno século XXI outras discussões como, por exemplo, como essa mesma tecnologia pode estar afetando a “essência” do Cinema em questões relacionadas às suas formas de produção, conservação, distribuição e projeção.
De espaço dominante para o “espetáculo cinematográfico”, a sala de cinema foi perdendo espaço, ao longo das últimas décadas, para novas experiências de re-cepção como a televisão aberta na sala de estar; exclusividade de uma programação na sua tv a cabo, gravação e reprodução de conteúdo em VHS,DVD e Blu-Ray.
Essa mesma revolução digital gerou algo impensável até alguns anos atrás: a convergência tecnológica de conteúdos originários tanto da tv (fita magnéti-ca) quanto do Cinema (película) que passam a ser difundidos quase de maneira ilimitada, eliminando qualquer noção de fronteiras e ampliando o acesso a um novo universo de imagens, que agora atende pelo conceito mais amplo e não menos polêmico e complexo, de “audiovisual”.
Revista Communicare
156 A informação de qualidade na área da saúde é tão importante e preciso quanto qualquer tratamento
De forma que vão sendo discutidas ao longo do livro se essas transforma-ções digitais estão mudando a natureza do cinema, afetando a sua linguagem, narrativa, expressão e representação, assim como o papel do espectador num contexto de um mundo interconectado, no qual o filme é apenas uma das formas de expressão existentes dentre tantas outras.
Então podemos discutir qual é a identidade do cinema neste mundo de alta tecnologia digital. O cinema foi sendo desmaterializado com a perda de seu suporte f ísico (a película), acrescido pela perda da apreciação exclusiva do filme na sala de cinema, ou seja, a sua dessacralização.
E em tempos de revolução digital, a sala de cinema acabou por ser suplanta-da também por novas formas de disseminação das imagens através das platafor-mas de vídeo e áudio streaming (imateriais) que permitem um alcance ilimitado para novas formas de acesso e exibição no mais diferentes formatos, seja com o uso de computadores, netbooks, tablets ou celulares.
Fica uma questão: diante de tantos avanços tecnológicos, como fica a identida-de do cinema se hoje podemos assistir a um filme em um celular? O cinema é uma mídia em crise ou falamos de uma nova forma de fazer cinema? Enfim, o que ele pode representar ? Questões importantes para reflexão e uma pesquisa aprofundada.
Volume 17 – Nº 1 – 1º Semestre de 2017
Resenha 157