resenha do livroana mae barbosa

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  • 7/31/2019 Resenha Do Livroana Mae Barbosa

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    Resenha do livro "Arte Educao Contempornea. Consonncias Internacionais". AnaMae Barbosa (Org.). So Paulo: Cortez, 2005Autora: Teresa Ea

    Esta antologia de textos organizada por Ana Mae Barbosa revela bem o seu trao, a

    sua fora empreendedora e a sua capacidade de entender as diferenas e as similitudes nomundo da arte educao. A seleco criteriosa e abrangente. As origens dos autores sodiversas, gente oriunda dos vrios continentes que enriquece o livro com teorias, conceitos erelatos de experincias em arte/educao bem variados.

    partida parece uma colectnea de grandes autores, de peritos sobre educaoartstica e, com facilidade reconhecemos as grandes vises sobre a educao artstica donosso tempo Mas depois olhando melhor muito mais do que isso, um livro que levantapolmicas, que traz novas vises e novos desafios para a arte educao, os exemplos focadosno se reduzem aos exemplos de estudo da cultura ocidental, nele a arte de outras culturas esobretudo de Africa tem um lugar de destaque, e sobretudo uma coleco de textosoriginais integrando vozes frescas que falam sobre temas bem prementes na nossa sociedade.

    A histria da arte e processos do seu ensino, tema da parte primeira do livro re-vistoa partir dos ngulos da histria da arte, da crtica, da sociologia, da lingustica e da semiticacom autores como Edward Lucie-Smith, Donald Soucy, Annie Smith tratando o difcilconceito de histria da arte, e Jacqueline Chanda , a ultima autora com um excelente ensaiosobre maneiras de ler e interpretar obras de arte, apelando para narrativas plurais.

    A segunda parte do livro cujo tema versa sobre as leituras da obra e do campo desentido da arte essencialmente terica , Brent Wilson a partir de uma breve histria doensino artstico comenta aqui o seu perfil desejado de ensino da arte na era ps-moderna.Ana Mae Barbosa comenta o papel educador dos museus na sociedade, fala do problema dadesvalorizao da educao nos crculos artsticos e culturais, tecendo duras e bemfundamentadas crticas ao sistema. Ana Mae reflecte tambm sobre o uso das novastecnologias na divulgao da arte, de como elas podem ser fabulosas ou redutoras. DavidThistlewood trata um problema tambm bem complicado sobre os conceitos de moderno,contemporneo e vanguarda na arte , de como tudo isso relativo, de como dependente dafalta de informao ou do excesso de informao . Kerry Freedman fala-nos de comoalgumas informaes sobre arte podem ser construdas socialmente e de como importantevalorizar todo o tipo de conhecimento que os alunos vo adquirindo fora da escola,conhecimento muitas vezes apreendido atravs da cultura de massa. E para finalizar estaparte Ana Amlia Barbosa num relato muito vivido reflecte sobre estratgias de releitura daobra a partir da proposta triangular que visa o desenvolvimento do sentido crtico da criana.

    A terceira parte do livro dedicada interculturalidade, termo muito prprio que ouvipela primeira vez da boca da prpria Ana Mae Barbosa, at ento eu apenas tinha ouvidofalar de multiculturalismo, o termo to divulgado no mundo anglo saxnico. Hoje eu prefiroo termo intercultural porque me parece muito mais tolerante, mais aberto interaco e mestiagem como diz Marin Cao. Os ensaios desta seco incluem um relato sobre aexperincia do ensino da arte na Nigria por Jimi Bola Akolo apelando para a necessidade depreservar identidades culturais no currculo, precisamos com urgncia de repensar a questoda diversidade de culturas e evitar hegemonias culturais. Heloisa Salles re-conta-nosaspectos da arte africana, fazendo-nos pensar nas histrias negadas do colonialismo. MarinLpez Cao faz-nos re-equacionar o olhar sobre o outro e o olhar do outro na educaoartstica, questes importantes quando se pretende fazer educao para a paz, objetivo to

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    debatido na conferncia mundial da educao artstica promovida pela Unesco em 2006. Estetexto bastante longo, mas prend-nos a teno desde o incio com uma descrio depropostas de trabalho interessantssimas. Flvia Maria Cunha Bastos parte da abordagem daarte/educao baseada na comunidade, ideia muito difundida hoje em dia e que apresentavrias vantagens do ponto de vista da educao intercultural, para relatar um estudo de caso

    onde se promoveu o estudo das artes locais abrindo a escola comunidade. GrahamChalmers no seu ensaio re-equaciona as suas posies anteriores sobre o pluralismo cultural,confessa que o seu livro que escreveu seis anos atrs no era assim to radical quanto isso eque agora mais do que nunca necessrio tomar posies e incentivar o sentido crtico dascrianas. Para mim esse livro foi uma referncia e o seu autor dos poucos arte educadores aafirmar bem alto que precisamos fomentar uma pedagogia da justia, no uma pedagogia deintegrao onde se trabalha lado a lado mas uma pedagogia de trabalho de grupo para fazeralgo juntos. Daniel Vesta, Patrcia Sthur e Christine Ballenge-Morris como j costume nosseus textos tratam com extrema clareza de linguagem temas de reconstruo social, culturavisual, multiculturalismo, cultura, identidade e currculo so os conceitos revisitados por estegrupo no seu artigo intitulado Questes de diversidade na educao e cultura visual:comunidade, justia social e ps-colonialismo onde se fala longamente sobre o fenmeno doterrorismo e se pergunta o que significa democracia na era da cultura visual? Para acabar estaseleco de textos sobre interculturalidade Ana Mae convidou Belidson Dias, Belidson umapessoa fascinante que se tem dedicado s questes das representaes de gnero esexualidade na arte, foi ele quem um dia me explicou os pressupostos da teoria queer, coisade que eu tinha ouvido vagamente falar sem nunca ter percebido muito bem, mas Belidson ptimo para explicar coisas complicadas e isso v-se no seu artigo onde ele foca o olharqueer, de que modo esse olhar pode ser uma ferramenta til na interpretao ou na anlisecrtica dos artefactos da cultura visual.

    A quarta parte deste livro incide sobre Interdisciplinaridade no ensino da arteMickael Parsons inicia a seco com uma abordagem prpria de interdisciplinariedade , eleconfessa que trabalhar com o currculo integrado no fcil nem para professores nem paraos alunos e que existe o perigo de a arte ser por vezes tratada de forma ligeira. Arthur Eflandapresenta uma viso de imaginao atravs de uma perspectiva cognitiva e reflecte sobre opapel da imaginao no campo da educao artstica e da educao em geral. Kit Grauer, RitaIrwin, Alex de Casson e Sylvia Wilson analisam por meio de imagens e de textos um estudode caso de dois artistas e professores durante a realizao de uma pesquisa sobre o programaAprendendo atravs da Arte, um projecto interdisciplinar que envolvia a cooperao entreartistas e escolas e segundo essa pesquisa este tipo de programa tem muitas vantagens, porexemplo o desenvolvimento profissional dos professores e a colocao positiva da arte naaprendizagem das crianas.

    A ltima parte do livro dedicada Avaliao da aprendizagem nas artes visuais comum texto explicativo dos conceitos bsicos e diferentes papeis da avaliao por DougBoughton, ele fala tambm de alguns desafios colocados por teorias e prticas ps-modernas,alguns caminhos possveis como por exemplo a avaliao autntica que utiliza instrumentosmuito mais complexos do que o teste sumativo, uma seleco criteriosa de trabalhos queilustrem processo e produto onde o aluno possa exprimir a sua voz e que seja avaliado comcritrios transparentes e adequados, critrios abertos que permitam julgamentos globaisporque so passveis de gerar um maior grau de concordncia entre os avaliadores.Seguidamente aparece o texto de Maurice Sevigny e Marguerite Fairchild sobre a crtica dearte no ensino de artistas, reflectindo sobre o tipo de linguagem usado na aprendizagem

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    A arte educao em um contexto tnicoMarcelo Manzatti, So Paulo (SP) 27/11/2007 19:5820/11/2007 Elisangela Oliveira, para o 100 Canais

    Iniciando o seminrio, Dilma chamou ateno para o longo perodo de ausncia decadeiras, na Universidade de So Paulo que discutissem o papel africano na formao denossa Cultura e de nossa arte, mas que resultaram em algumas matrias e em um grupo de

    pesquisas sobre o tema, que conta com a participao dela, responsvel ainda por duasdisciplinas que discutem a temtica, contextualizada junto s outras Culturas que formaram aCultura brasileira. O resultado se deu com a presso dos alunos, via Pr-reitoria degraduao, e significa um dos primeiros passos para a efetivao, na Universidade, da Lei10639/03, que prev a introduo Histria e Cultura Afro-Brasileira no ensino bsico.

    Silva criticou ainda a forma como a 10639/03 se constituiu atravs de uma alterao Lei de Diretrizes e Bases da Educao (LDB), em seu artigo 26 A mas a colocou comopositiva, por permitir uma abordagem mnima do tema, de forma transversal, e no somenteatravs da questo do trfico negreiro, da guerra e da fome, nas aulas de Geografia e Histria.Uma das propostas dessa abordagem, na Universidade, vm a partir da questo da(s)linguagem(ns), a partir de uma proposta da prpria ECA/CCA. Nesse contexto, a intelectual

    considera fundamental a participao da matriz africana na Cultura Brasileira no serentendida como simples participao, mas como contribuio central, formadora mesmo.Em sua explanao, considera ainda importante a atuao hoje do MEC, que aps

    quatro anos da Lei comea a se debruar sobre o vcuo deixado para sua regulamentao, epara a necessidade de considerar neste ensejo outras etnias ainda.

    A professora Salum, responsvel por uma disciplina sobre o tema no MAE USP,chamou ateno em sua participao para a questo da invisibilidade da arte africana emcontraste com sua importncia na histria da Arte como um todo, e deu diversos exemplos decomo se deu sua explorao, ligada sempre etnografia e desconsiderando preceitosreligiosos e existenciais, centrais para sua compreenso, assim como ignorando sua riquezatcnica, em alguns casos claramente superior Arte europia ou asitica.

    Neste contexto, chamou ateno ainda para a necessidade de mudar os modelos depassagem e compreenso do conhecimento, europeus, para permitir padres outros,considerando no ensino nossa forte precedncia ontolgica negra e indgena, que nos levam aentender e intuir diversas instituies e modos de ser africanos, em relao aos quais oseuropeus tm preconceitos. A Lei tm importante papel neste sentido. Colocou ainda que h,hoje, poucas colees de arte africana no pas, em especial a coleo do museu Goethe(Belm, PA) e do Museu Federal (Rio de Janeiro, RJ), com valor documental e ntegras.Comentou ainda, em relao ao processo civilizatrio/exploratrio imposto ao continente

    Ainda nos primeiros dias de outubro deste ano, em 10/10, durante a II Semana de arteeducao da ECA USP, coberta pelo Cultura e Mercado(http://www.semanadearteeducacao .blogspot.com), deu-se o debate A influnciaafro-brasileira na arte-educao do Brasil, destinado a discutir As presenas eausncias da cultura afro-brasileira na construo do ensino da arte. A discusso sedeu com a apresentao de trs convidadas, as professoras Dilma de Melo Silva, daECA USP e presidente da Sociedade Cientfica de Estudos da Arte, Lisy Salum, doMAE USP, e Renata Felinto, arte-educadora do Museu Afro Brasil, tambm de SoPaulo.

    http://www.overmundo.com.br/perfis/marcelo-manzattihttp://www.overmundo.com.br/perfis/marcelo-manzatti
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    pela Europa, que O fato colonial foi extorsivo e provocou uma srie de mudanas na frica,e a adulterao de um conjunto original que se pretendia desenvolver.

    Abordando o tema sob a tica da arte-educao, Felinto apropriou-se do espao,dando uma aula muito positiva sobre a questo da Educao a partir da Arte e Culturaafricanas, tomando como base o prprio Museu Afro Brasil. Concentrou sua apresentao a

    partir da questo das ausncias e presenas artsticas negras no espao educacional brasileirohoje. Citou a necessidade de incluirmos diversos artistas nestas discusses, citando-os edebatendo-os resumidamente (o que no faremos neste espao, por no ser o melhor meiopara tal). Discutiu, porm e principalmente, a questo do ser uma arte afro-brasileira ou no.A terminologia, hoje, aborda questes muito dspares, e por isso se mostra por demaisabrangente, compreendendo artistas muito diferentes entre si, ao que afirmou ser um termoque temos de pensar sobre, e envolve tambm a questo das aes afirmativas e da discussode uma metodologia do ensino das questes africanas.

    A partir desta discusso, Felinto colocou como primordial entender: O que a arteafro-brasileira; O que ensinaremos aos nossos alunos como produo afro-brasileira; Comoconceituar esta arte, e classificar estes artistas se a partir do critrio da descendncia, ouconsiderando tambm a questo temtica/cultura de sua produo. A partir disso, colocou aeducadora, podemos pensar a questo da Educao e a apresentao, neste espao, da histriae da arte africana e afro-brasileira. Salum comentou ainda, quanto a este ponto, que o queinteressa no a cor da pele, mas a cultura, o modo dever e entender o mundo, questocontrovertida porque voc simplesmente separa-a do restante. Neste sentido, citou ainda otrabalho de Manoel Carneiro da Cunha, como o melhor j feito sobre o tema, o qual se centrana conceituao da arteafro-brasileira, na questo religiosa. A questo principal, concluiuSalum, a multidimenso da arte, relacionada multiplicidade de cores e fatores, e do uso decores determinadas e principalmente do modo de ser e estar da frica, ao que disse ser umacoisa de saber o que est dentro da gente.

    Ampliando o debate, com a participao da platia, comentou-se ainda que a falta dematerial didtico para professores de arte real e factual, e Silva colocou que sua produocabe aos professores e doutores da Universidade. Salum reforou a questo, dizendo serindispensvel a produo de materiais e o entendimento das dificuldades dos educadores narede, papel j iniciado na internet, em sites como o do MAE.

    Praticamente encerrando o debate, Silva colocou a questo levantada pelo artista RojNastide. O mesmo declarou, categoricamente, que africanus sum. Apesar disso, era loiro deolhos azuis, e aceitou portanto a identidade por adoo.

    A Arte como Propulsora da Integrao 'Arte e Comunidade', Joinville,SC 26/11Labes, Marcelo Blumenau (SC) 19/11/2007 13:06 78 votos nenhum

    Sobre o ensino de artes nas escolas, ningum melhor para falar a respeito do queprofessores de arte. Pois bem. ser lanado no dia 26 de novembro o livro A Arte comoPropulsora da Integrao Arte e Comunidade, das professoras Eliana Stamm e Silvia SellDuarte Piloto.

    Atravs de um trabalho realizado nas escolas de tempo integral uma iniciativa dogoverno do estado estas arte-educadoras coletaram dentre diversos projetos de ensino,experincias que tiveram como objetivo relacionar a arte com a vivncia cotidiana e ascolocaram no presente livro.

    http://www.overmundo.com.br/agenda/agenda.php?municipio=4545http://www.overmundo.com.br/agenda/agenda.php?estado=SChttp://www.overmundo.com.br/perfis/labes-marcelohttp://www.overmundo.com.br/agenda/agenda.php?municipio=4545http://www.overmundo.com.br/agenda/agenda.php?estado=SChttp://www.overmundo.com.br/perfis/labes-marcelo
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    A educao contempornea, qualquer licenciado sabe que precisa ser repensada. Naverdade, no tanto a educao como o relacionamento entre o que ensinado e o que daliser necessrio para a vida. Outra questo que precisa ser comentada a esse respeito arevoluo que os arte-educadores enfrentam cotidianamente: em tempos multimdia, de queforma trazer o aluno para o mundo artstico atravs da sala de aula?

    Questes como essas so apresentadas nos trs captulos da obra, que pretendediscutir a articulao do ensino formal com o ensino no-formal (e a entram as mdias todasa que os educandos tm acesso hoje), a concepo de artista professor e tudo quanto issoqueira dizer e, principalmente, porque mais ousado, o livro procura discutir a arte comopropulsora em um currculo integrado. Por que no se pode partir do ensino de artes para osdemais temas?

    O mais bacana de um projeto destes que ele traz para o mundo aquilo que aconteceem sala de aula e ainda sob uma tica pedaggica e crtica. Dessa forma, tanto o projeto deensino das escolas de tempo integral como o projeto de a arte-educao seguir como carro-chefe no currculo escolar podem ser expostos s crticas, sejam positivas ou negativas, quesurgem em decorrncia de uma publicao.

    preciso estar atento a publicaes desse porte. Quando se pensa em comear adiscutir ensino, isso no se faz somente nos mbitos constitucionais, mas sobretudo precisoconsultar o professor, que est ali diariamente plantando e colhendo frutos de seus projetosde ensino.

    Introduzindo as QuestesNosso esforo, neste trabalho, buscar compreender a proposta de Teatro na

    Educao no contexto do Movimento Escolinhas de Arte.Para tanto, se faz necessrio, por um lado, levantar o que j foi construdo em

    termos de Histria da Arte-Educao no Brasil e por outro lado, buscar fundamentarnossa concepo de Histria.

    Em 1984 a professora Ana Mae Barbosa (Doutora da ECA-USP) organizou o ISimpsio Internacional de Histria da Arte-Educao (1 a 4 de agosto na ECA-USP).

    Surgiu, como um dos resultados deste simpsio, o livro Histria da Arte-Educao, no qual a autora faz colocaes, em seu texto de abertura, instigantes epertinentes at hoje sobre o arte-educador, o ensino da arte e sua histria. Ana Mae noreferido texto, salienta que em 1984 nem nos Estados Unidos havia ocorrido umsimpsio sobre este tema, isto considerando que os americanos j tinham um ensino euma pesquisa melhor estruturada em arte-educao.

    Assim, ao estudarmos este acontecimento somos levados a valorizar a ousadiade um simpsio deste porte e a discusso que o tema provocou em nosso ensino de artede forte cunho espontanesta naquele momento. Por isso a possibilidade deste simpsio- e o seu prprio acontecer - provocou entre os arte-educadores uma sensao dbia demedo e fascinao.

    Pensamos que isto aconteceu pelo fato do simpsio possibilitar um inter-relacionamento crtico entre propostas do mundo inteiro em ensino de arte. Para ns,brasileiros, este simpsio representou a possibilidade de ruptura entre o ensino de artemodernista (Movimento Escolinha de Arte) e o ensino de arte ps-modernista(Movimento de Arte Educao). interessante ressaltar o que chama ateno, AnaMae, sobre a postura que predominava entre os arte-educadores brasileiros dos anos 80:

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    "Para os arte-educadores espontanestas, adeptos do 'dar lpis e papel

    criana e deixar fazer', a Arte-Educao no tem Histria nem precisa ter,porque se configura no 'aqui e agora."(1986:8)

    O argumento crtico utilizado por Ana Mae contrrio a essa postura -

    espontanesta - que o "aqui e agora" tambm histrico, sendo construdo e no dadoao acaso, possuindo determinantes que se encontram no cotidiano da sociedade e nocomplexo terico-prtico do ato de educar. Podemos, desta forma dizer que o arte-educador, de um modo geral, foi conclamado a se perceber como sujeito histrico epara isso era necessrio compreender que o aqui e agora no algo fortuito, mas algoque envolvia emoes, paixes, desejos, medos, rasgos de reflexes, tentativas e erros,portanto carregado de intencionalidades histricas e sociais.

    Uma outra postura de arte-educador que emergia naquele momento (anos 80),no Brasil, tem na professora Ana Mae Barbosa, atravs de seus estudos, pesquisas epublicaes, uma liderana. Aqui cabe um parntese, para dizer que salientamos oimportante papel poltico e conceitual marcante na liderana da professora Ana Maepara no cairmos no erro de idealiz-la como herona, pois isto contradiz toda a suahistria de comprovados compromissos polticos e agudeza em sua postura filosficadiante da Histria do Ensino da Arte - que fomos capazes de construir at hoje. Se faznecessrio esse esclarecimento para podermos colocar um pouco sobre a vertente dearte-educao que surgia nos anos 80 e que tem como base a histria e a crtica do quefoi o ensino de arte brasileiro desde a Misso Artstica Francesa(1816), passando pelosanos 40 com a criao da Escolinha de Arte do Brasil e conseqentemente oMovimento Escolinhas de Arte at os anos 70 quando passa a ser obrigatrio arte nocurrculo escolar sob o ttulo de Educao Artstica.

    Para concluir nossa reflexo sobre o texto em questo, podemos dizer que ele sinttico e bastante profundo, nele a autora enfatiza a importncia do arte-educador sedescobrir como sujeito histrico, isto : sujeito que reflete sobre seu passado e busca opresente em uma perspectiva do futuro. Sua maior crtica, neste texto, pode sertraduzida no susto que a postura de arte-educador espontanesta provoca. Neste sentido,destacamos:

    "O que me assustou no foi o desconhecimento das lutas travadas no Brasildesde o sculo XIX por positivistas e liberais, para tornar a arte disciplina

    obrigatria nos currculos, nem o desconhecimento das inmeras experincias

    de implantao de Arte na Escola, a partir da dcada de 20 no Brasil.O que me assustou foi descobrir que o professor de arte se pensa sem Histria

    e Histria importante instrumento de auto identificao. No por acaso que

    os colonizadores procuraram destruir a Histria dos povos colonizados.Ignorncia da prpria Histria torna os povos mais facilmente

    manipulveis."(1986:10)

    Os argumentos de Ana Mae Barbosa, em favor de uma nova postura de arte-educador, propem a busca de se localizar historicamente, enquanto classe,compreendendo a funo social do ensino da arte, fortalecendo a auto imagem daclasse que deve afirmar a arte como importante rea de conhecimento, ensino epesquisa. Desta forma, ela cita Robert Saunders quando ele diz:

    "Nossa profisso teve origem nos tempos das cavernas e ns devemos nos

    orgulhar dela e do que ns somos" (apud, 1986:10).

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    Complementando esta reflexo colocamos a concepo de Histria que nosserve de base. Buscamos, neste sentido, uma acepo de Histria que valoriza ocotidiano e que estuda as mentalidades de todas as vertentes sociais para no cair noerro de idealizar o professor de arte, apenas, como aquele que se enquadra em ummodelo transformador ou no modelo reprodutor das desigualdades estticas, artsticas e

    sociais. Para isso nos fundamentamos no texto, Uma historiografia do cotidiano: ocotidiano e as mentalidades na histria, publicado na revista - Histria: Cotidiano eMentalidades - da Atual Editora, da professora Laura de Mello e Souza (Doutora doDepartamento de Histria da USP). Ela chama a ateno, no referido artigo, para umavertente bastante interessante do estudo da Histria que vem sendo difundida naInglaterra:

    "H hoje, na Inglaterra, uma grande historiografia do cotidiano e das prticassociais que busca inspirao tanto na notvel antropologia britnica da

    primeira metade do sculo (como Keith Thomas, Alan MacFarlane, talvez

    Peter Laslett) quanto na tradio socialista e marxista de uma histria dosmovimentos sociais (como E. P. Thompson, Christiopher Hill, Eric

    Hobsbawm)".(1995:7)

    Consideramos que pertinente a colocao anterior por estarmos trabalhandocom uma reflexo crtica acerca do Movimento de Escolinhas de Arte que reflete oensino de arte modernista e conseqentemente alguns momentos teremos que recorrerao Movimento de Arte-Educao que reflete o ensino de arte ps-modernista, pois, ele, nosso referencial mais atual.

    A concepo de Histria que fundamenta, portanto, este trabalho, parte da idiaque:

    "(...) o estudo do cotidiano e mentalidades no (...) mera curiosidade: ele se

    justifica por ser o campo em que a ao humana mais se repete e se conserva,

    entravando inclusive as transformaes mais profundas, tantas vezes

    necessrias. No mundo do dia-a-dia, as diferenas entre os grupos sociais somenores, as vezes quase desaparecendo. Com isso, no se quer dizer que no

    exista luta e conflito social, mas, na verdade, postula-se uma posio bastante

    democrtica: por um lado, todo o homem, rico ou pobre, preto ou branco,torna-se um agente histrico digno de nota e de estudo; por outro lado,

    conhecer as resistncias mudana essencial para melhor se conduzir os

    processos transformadores da sociedade".(1995:7)

    Deste modo, por exemplo, tanto o professor do interior que, por sua prprialocalizao geogrfica, tem dificuldade de acesso as mais recentes discusses emensino de arte, e por isso sua prtica se reflete fragmentada, quanto aquele professorque freqenta o meio acadmico discutindo e construindo em ensino de arte, devem serconsideramos como mentalidades em suas prticas cotidianas diferenciadas quedevemos contrapor em uma perspectiva dialtica. Pensando e agindo assim,trabalharemos em favor de uma histria mais comprometida com os movimentossociais, estabelecendo uma dinmica baseada no multiculturalismo (tendncia doensino de arte ps-modernista), medida em que todos os cdigos estticos e artsticospodem ser contrapostos de maneira a se compreender os sujeitos histricos e sociais

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    envolvidos, possibilitando interpretaes dos mesmos e de seus movimentos de umaforma menos excludentes.

    Cabe, desta forma, tentarmos estabelecer contornos territoriais entre o ensino dearte modernista e o ensino de arte ps-modernista.

    Grosso modo, podemos dizer que o ensino de arte modernista tem suas bases

    filosficas e metodolgicas em Herbert Read

    1

    , John Dewey, Lowenfeld, Peters, Slade,apenas para citar alguns.O modo modernista de ensino de arte se traduz, principalmente, na

    compreenso da arte como um grito da alma, emoo que deve ser desbloqueada etransformada em expresso, exerccio criativo com base no aprenderfazendo (Dewey),segundo o mtodo da livre expresso. Os adeptos desta acepo de ensinoconsideravam que h em toda pessoa um manancial artstico que pode ser liberadoatravs do processo criador, portanto, o ensino deve possibilitar o contato commateriais e ambiente adequado para que acontea o desbloqueio emotivo e criativo.Colocando a originalidade como o valor mais importante no fazer artstico.

    Dadas algumas referncias sobre o ensino de arte modernista tentaremosdelinear o que vem a ser o ensino de arte ps-modernista. Em primeiro lugar pensamosque a ps-modernidade no pode ser proposta como simples rejeio modernidade: aps-modernidade em vez disso uma espcie de passagem de um tom (um sentido)para outra - espcie de ruptura - no prprio discurso modernista, uma nova inflexo nosentido de desvio, atalho, corte na linha condutora, uma releitura ou uma desleitura darealidade.

    Temos assim, que admitir que o ensino da arte no contexto da ps-modernidadeadquire uma nova complexidade e isto no quer dizer que o ensino modernista tenha seapresentado distante de fundamentos. Apenas devemos compreender que o ensinomodernista se fundamentava em uma filosofia Idealista, interrelacionando-se a umaideologia liberal, difundindo a idia de que todos so livres e que a educao um bemacessvel a todos na sociedade, de certa forma escamoteando a luta de classes.

    Recortando este ngulo da questo vamos perceber que a concepo ps-modernista de sociedade admite a sua formao multicultural, assim no escamoteandoas diversas organizaes estticas, artsticas e sociais, favorecendo o convvio e acontraposio de posturas. Da, o ensino de arte ps-moderno buscar sair do mbito damera catarse emocional e livre expressividade para tratar a produo artstica comoalgo que se constri no complexo dialtico entre o sentir-pensar a partir de um contextohistrico-social.

    Contemplando essa discusso, surge no Brasil nos anos 80 no MAC-USP,novamente sob a liderana da professora Ana Mae, uma proposta que a princpio foiidentificada como Metodologia Triangular: esta proposta tenta articular a Histria daArte (e a esttica como um ramo da filosofia que d aporte terico para Histria daArte), a Leitura de Obra de Arte e o Fazer Artstico.

    A proposta triangular vem sendo discutida: ora criticada ferozmente pelosmodernistas, ora vista com certo triunfalismo pelos que gostam de receitas novas, orade forma mais sensata como uma maneira de ensinar arte que exige do educador umapercepo interdisciplinar do conhecimento e uma compreenso dos movimentos dasociedade de forma multicultural, alm de bastante estudo e aprofundamento terico.

    http://www.ihcarus.hpg.ig.com.br/nota1.htmlhttp://www.ihcarus.hpg.ig.com.br/nota1.html
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    Esta proposta, que foi gestada por arte-educadores em artes plsticas, vemtambm sendo experimentada em outras linguagens artsticas, como o caso daSecretaria de Educao e Esportes do Estado de Pernambuco em Teatro-Educao.

    Em Teatro-Educao importante salientar, como vanguarda do ensino de artebrasileiro, o trabalho da professora Ingrid Dormien Koudela (Doutora da ECA-USP).

    Sobre seus estudos e pesquisas nesta rea de conhecimento, destacamos a traduo dolivro de Viola Spolin:Improvisao para o Teatro (1979 - Editora Perspectiva); a suadissertao de mestrado depois transformada no livro Jogos Teatrais (1984 - EditoraPerspectiva); a coordenao do Curso de Especializao em Artes Cnicas na rea deTeatro-Educao, ECA-USP e a organizao do livro Um Vo Brechtiano (1992 -Editora Perspectiva). Ingrid Koudela escreveu a primeira dissertao de mestrado emTeatro-Educao no Brasil, elevando essa rea de conhecimento categoria deacadmica.

    Sua obra Jogos Teatrais ,apresenta-se como a mais significativa abordagemterica de Teatro-Educao. Na referida obra, ela parte da concepo de ensino de arte"essencialista" de Elliot Eisner, juntamente com a trade Spolin-Piaget-Langer - quepossibilitou um arrojado aporte terico ao arte-educador.

    Mas, os estudos da professora Ingrid Koudela no param por a, pois sendo umaprofunda estudiosa e pesquisadora da obra de Brecht, ela buscou na pedagogiabrechtiana a oportunidade de se estabelecer a funo social do Teatro-Educao.

    Seus estudos - pesquisas e publicaes - podem ser compreendidos como umsalto de qualidade entre a tendncia modernista e a proposta de ensino de arte ps-modernista: hoje no se pode mais educar em arte voltado apenas para a mera liberaoemocional e criativa. O ensino de arte ps-modernista pretende, entre outras coisas,decodificar a gramtica artstica, uma compreenso mais crtica da funo social daarte, guardando respeito para com as produes artstico-culturais dos diversos gruposque compem a sociedade.

    Diante do exposto buscamos construir olhares que se pretendem crticos doMovimento Escolinhas de Arte medida que este movimento representou um marco naeducao brasileira, considerando o contexto histrico modernista (ps-guerra) em quese originou e se difundiu. A perspectiva, de nossa reflexo, a questo da articulaoentre Teatro e Educao neste Movimento.

    Queremos ainda, deixar claro que nossa crtica parte da concepo de ensino dearte ps-modernista, estudo que aprofundado e desenvolvido, sobretudo, pelaprofessora Ana Mae Barbosa. Finalmente, queremos ressaltar que temos respeito depesquisador pelos avanos, pela ousadia e pela vontade de transformar atravs daeducao em arte, sonho perseguido pelos que lideraram e pelos que, de alguma forma,participaram do Movimento Escolinhas de Arte.

    A arte da criana - sua expresso mais livre e diferente do adulto - sustentou afilosofia difundida pelo MEA e sua principal caracterstica revolucionria, talvez, tenhasido com relao livre expresso: incitava-se a livre atividade criativa da criana emoposio a cpia, acreditando no manancial artstico, interior, da criana ainda noafetado pelo mundo adulto. Por isso, tentava-se preservar a criana da influncia daobra de arte instituda historicamente para que ela no corresse o risco de praticar amera cpia.

    Arte Educao

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    ser o que os outros querem que ela seja e no o que poderia ser de verdade. O que me fazlembrar de Martin Heidegger nos seus pensamentos que tratam do Ser e Tempo, quando falada Existncia Inautntica.

    Voltando ao perodo escolar, a criana aprender a escrever, ler, fazer contas eresolver problemas atravs de smbolos, sinais e frmulas, ser estimulado o raciocnio

    lgico, dedutivo, simblico, temporal, rpido, conhecer a linguagem verbal onde smbolos( letras) organizados formaro slabas, palavras e frases.Notamos aqui, o simples fato de ser alfabetizada, no faz dessa criana ainda um

    poeta. Na atividade do desenho ela continua procurando enriquecer os seus registros commais detalhes buscando um resultado realista.

    Nas escolas o conhecimento sensvel quase nunca trabalhado e a criana tende aabandonar aquela atividade prazerosa e ldica por no conseguir evoluir mais, pois oraciocnio lgico e simblico ir dominar. Por crticas dos coleguinhas da escola, dos pais eat mesmo de professores despreparados (O bom professor sabe que a crtica tem um efeitoofensivo e destruidor na autoconfiana do aluno e que o elogio e o incentivo s favorecemsua evoluo), a criana se frustra, abandona o desenho e sua percepo fica estagnada.

    Na fase adulta, se solicitarem para que desenhe algo ficar envergonhada, pois seruma pessoa adulta desenhando algo infantil, o seu desenho mostra o estgio em que suapercepo visual parou de evoluir.

    As pesquisas mostram que qualquer pessoa, bem orientada, pode aprender a desenharde modo sensvel ganhando mais confiana, senso crtico e esttico.

    Nesse momento, no meu ver, que aparecem as confuses muito comuns nos dias dehoje. O fato de saber desenhar, ou seja, representar, copiar, imitar a realidade, produzir umaimagem mimtica, no faz dessa pessoa ainda um artista.O desenho um dos elementosque precisa para dar forma a um sentimento original e indito, como tambm dominarmateriais e meios expressivos (tcnicas), organizar estmulos nos espao grfico, pictrico outridimensional (composio), selecionar um repertrio de signos visuais somados a uma visode mundo diferente que iro constituir uma tentativa de linguagem prpria.

    O fazer artstico muito importante para sua formao, mas no basta, precisa daCultura da Arte, ou seja, conhecer a Histria da Arte em toda sua amplitude, como ainda afruio artstica, ter condies de fazer leituras e interpretaes e usufruir a Arte.

    Como o nvel da percepo, na maioria das pessoas, est muito aqum do que poderiaser, por falha do nosso sistema de ensino, fica fcil para aquele que julga ser mais sensvel,abusar da falta de percepo do povo e se passar por artista, professor, curador, crtico dearte, produtor, promotor, etc.

    Fica claro tambm a queda de qualidade dos trabalhos de Arte onde poucas pessoasesto habilitadas para apontarem quem quem.

    Os eventos artsticos e culturais, onde muitas vezes, os responsveis no so os maissensveis e preparados, mas sim aqueles que se relacionam melhor, gerando assim o declnioda qualidade das atividades culturais.

    Como estudante das artes e tambm como artista, tenho a preocupao com aqualidade do meu trabalho e tambm com a administrao de espaos culturais, escolas dearte, cursos de arte, galerias de arte, sales de arte, etc.

    Acredito que estamos todos em estgios de evoluo diferentes e que tudo queconstitui o universo, tem a potencialidade de vir a ser, porm me desagrada muito a falta derespeito com a Arte Genuna, com seus Mestres, com a Histria da Arte e com a profissoque escolhi e que anos de estudos e investimentos numa carreira sejam banalizados.

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    Vejo que uma das funes do artista contemporneo, no adular o pblico ousubjugar o apreciador, como falou Fernando Pessoa, mas sim educar.

    ARTE-EDUCAOO desenvolvimento da criatividade

    Reportagem: Adriana PerriInserida em: 7/12/2002Um indivduo aprende a crescer e a desenvolver-se baseado nas suas vivncias em

    diversas esferas. Por isso cada vez mais necessrio encarar a educao como um todo,permitindo que o desenvolvimento intelectual e emocional caminhem juntos, em equilbrio.Esta educao global representa a integrao dos aspectos fsicos, intelectuais, espirituais esociais da vida da criana, promovendo o conhecimento de si mesma. Ao aprender arelacionar-se com sua prpria personalidade a criana pode, ento, partir para a descoberta domundo exterior.

    A Arte, por estar em permanente transformao, ampliando-se, possibilita aes quevalorizam a produo e a transmisso do conhecimento. Proporcionar s crianas eadolescentes vivncias que permitem liberar a criatividade, experincias na pintura, namodelagem, na msica, na dana, na dramatizao, estimulam seu sentido crtico e conduzema formas diferentes de ver o mundo. A construo do saber torna-se desafiadora e prazerosa,ao mesmo tempo em que rompe as barreiras da excluso, porque est baseada na capacidadede experienciar de cada um. Segundo a educadora Ana Mae Barbosa, ex-diretora doMAC/USP (Museu de Arte Contempornea da USP), para as crianas com necessidadeseducacionais especiais a arte extremamente eficiente. "No caso da Educao Especial, aarte eficiente e mais democrtica, por desenvolver as mltiplas inteligncias. Ela trabalhamais fortemente os componentes intuitivos, sensoriais e a percepo espacial. As chances dacriana com necessidades educacionais especiais ser bem sucedida nas artes, de sentir-seaprovada, ter seu ego cultural reforado e, assim, se desenvolver cognitivamente so imensasporque a Arte-Educao no lida com o certo e o errado, mas com o provvel, o imaginvel"

    As crianas com deficincia muitas vezes se afastam do convvio social,demonstrando dificuldade em relacionar-se com outras crianas e adultos. A interao que aescola permite fundamental para seu desenvolvimento, devendo ser sempre estimulada, ecabe ao professor usar sua capacidade criativa para contornar as limitaes e asparticularidades de cada criana. Na sala de artes a sociabilizao reforada, os materiaisso compartilhados, observar e s vezes imitar o trabalho do colega permitido, assim oaprendizado vivenciado atravs da cooperao e integrao. A criana sente-se mais segurae aprende a confiar no grupo a que pertence, encontrando espao para revelar suasdificuldades e dialogar espontaneamente sobre a deficincia da qual portadora, o que abre apossibilidade de quebrar uma srie de barreiras, fazendo com que se sinta aceita pelos demaiscompanheiros.

    NO SE PODE DEIXAR NINGUM MARGEM DO CONTATO COM A ARTE

    Caminhos de Thomaz IanelliUma nova gerao de educadores

    Coluna Especial: Documentando a ArteComo revela Paulo Chagas, professor e compositor, ps-gra-duado em Educao

    Especial na rea dos problemas de comunicao, em seu artigo O Desenvolvimento da

    http://www.sentidos.com.br/canais/revista.asp?codpag=279&codtipo=&subcat=99&canal=revistahttp://www.sentidos.com.br/canais/revista.asp?codpag=280&codtipo=&subcat=99&canal=revistahttp://www.sentidos.com.br/canais/revista.asp?codpag=279&codtipo=&subcat=99&canal=revistahttp://www.sentidos.com.br/canais/revista.asp?codpag=280&codtipo=&subcat=99&canal=revista
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    Criatividade (Portugal, 1999), inventar uma histria, fazer msica, fazer um desenho ou outroproduto expressivo qualquer e analis-lo em termos crticos so formas de estimular asensibilidade da criana ou do adolescente, contribuindo para a integrao da sua existnciainterior e para a construo psicolgica da sua personalidade. E , em torno desta estrutura,que iro funcionar todas as outras atividades mentais

    Ignorar este fato e orientar os alunos para a aprendizagem exclusiva da leitura, daescrita, do clculo e das aptides profissionais amputar-lhes grande parte da suasensibilidade o que no menos nefasto que amputar-lhes um brao ou uma perna. Ana MaeBarbosa concorda. "O universo teraputico da Arte se ampliou com a ps-modernidade. Noapenas teraputica a catarse da Arte, mas tambm teraputica a conscientizao crticaacerca do mundo em que vivemos, da cultura que nos envolve, que de um lado nos submete ede outro amplia nossos horizontes e nos constri. No se pode deixar ningum margem docontato com a Arte"

    Fonte de pesquisa: site O Caracol do Ouvido

    ARTE CONTEMPORNEA, TRANSDISCIPLINARIDADEE ARTE-EDUCAO

    Maria Beatriz de Medeiros

    Os artistas, aos poucos, foram aprendendo a rapidamente incorporar, a fazer uso dastecnologias disponveis. Isto cada vez mais imediatamente. Podemos citar os impressionistaspintando ao ar livre com o auxlio de tintas industrializadas e vendidas em tubos de alumnioque facilitam o transporte. Podemos citar Cezanne vendo a natureza formada por planos ecilindros utilizando-se de esptulas industrializadas. Podemos citar Picasso fazendo colagemcom pedaos de jornal. Podemos citar Marcel Duchamp tomando definitivamente, como obrade Arte, o objeto industrializado, ainda que assinando-o, logo transformando-o.

    A meu ver, a Pop-Art d a partida para a utilizao macia, utilizao positiva, dosmateriais industriais, desde a utilizao repetitiva de tcnicas de impresso, at entoutilizadas apenas para produes industriais (serigrafia, off-set), at as tintas automotivas,passando por pratos, cortinas de plstico... Dando, ainda, partida para a utilizao crtica dolixo da sociedade (e) da sociedade do lixo.

    Ento toquei em dois pontos aos quais teremos que voltar: as utilizaes positivas ecrticas de tcnicas e objetos industrializados, e a linguagem artstica especfica de cadatcnica.

    Em se tratando de Arte-Educao teremos que voltar, ainda, aos objetivos desteSeminrio de "Arte-Educao", que tem como subttulo "A Transdisciplinaridade Possvel".

    Cada nova tcnica criada com determinados objetivos. A litografia foi inventadapara resolver os problemas dos altos custos da tipografia para a impresso de livros; afotografia para resolver, definitivamente, o problema ou a soluo da representaoperspectiva. O rdio foi desenvolvido para a comunicao militar distncia, o computadorpara agilizar solues de problemas matemticos, para computar, ou ainda, para ordenarcomo dizem os franceses: ordinateur. Acoplado tecnologia da televiso, o computador foiinicialmente utilizado para visionar campos inimigos. Estes objetivos so o que chamamos de"a positividade das tecnologias", objetivos para os quais foram criadas.

    Vou dar aqui um exemplo mais palpvel, literalmente palpvel. Para fazermos Artecom terras (vermelhas, pretas, arenosas, frteis, mpares) precisamos compreender as ligas

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    mquinas pesadas se tornam objetos estticos, passando por objetos de uso dos quais, porvezes, esquecemos as cargas tecnolgicas. A Arte implica insero em um contextosociolgico, e antropolgico como quer Mario Costa. Arte e Comunicao so linguagens(retrica, sintaxe, gramtica), ainda que a Arte seja, por vezes, linguagem da ordem do grito.Os meios de comunicao atuais envolvem tecnologias audio-visuais e Cincia da

    computao (lgica e matemtica). Abraando o planeta, com estes meios, somos levados pensar polticas e economias internacionais, e, consequentemente, nos vemos envolvidos noincessante processo de Globalizao. Nosso espao atual, o ciberespao (Roy Ascott e PierreLvy) hiper-transdisciplinar.

    Nossa contemporaneidade est toda plena de tecnologias, e estas tecnologiasenvolvem, como vimos, diferentes, seno todas, as disciplinas do conhecimento humano(Esttica, Antropologia, Sociologia, Comunicao, Ecologia, linguagem,...). E, a Arte,necessariamente, reflexo e reflexo da nossa realidade, uma realidade "grvida de umavio"(3), grvida de tecnologias. Seria importante realizar, aqui, uma reflexo sobre otrabalho em grupo, condio sine quoi non, para se realizar um trabalho com Arte etecnologias complexas, no entanto, no desejo muito me estender.

    Quanto Arte-educao, imprescindvel dar aos alunos as possibilidades detrabalhar com estas linguagens contemporneas da Arte que so as suas, com as quaisnasceram e que mitificam, por desconhec-las; e que mitificam como deseja a mdia. A mdiasabe que o mito gera desejo, um desejo insano que s o compreender pode vencer, e por issomesmo alimenta o mito. Com as tecnologias da imagem-movimento contemporneas, osjovens esto, definitivamente, envolvidos: fotografia, televiso, vdeo, vdeo-game, diferentessoftwares para computadores, e as redes de comunicao. Preparar cidados, para o futuro,significa preparar cidados para estarem cada vez mais envolvidos por estas, e outras,tecnologias.

    imprescindvel, primeiramente, que estas tecnologias sejam demitizadas pelasInstituies de ensino. Os equipamentos so caros mas podem ser conseguidos.

    Urge formar (re-formar) os professores. Hoje, a cada quatro anos, as tecnologiasevoluem de tal forma que podemos nos considerar defasados. No digo reciclar, mas re-formar, formar, fundamentar conhecimentos sobre as tecnologias: conhecimentos tcnicos etericos sobre as implicaes da presena macia da Tecnologia. Urge fazer estascompreenses por todos os professores de todas as reas de conhecimento. Urge equipar e daraos professores as possibilidades de lecionar Arte com estes novos meios no to novos,meios transdisciplinares, de expresso.

    Cito ento para terminar um pequeno trecho do livro CAOS de James Gleick, editor ereprter doNew York Times, "o trabalho excepcional, no ortodoxo, que cria revolues."Uma revoluo tem um carter interdisciplinar suas descobertas principais vm, muitasvezes, de pessoas que se aventuram fora dos limites normais de suas especialidades." Osproblemas que preocupam esses cientistas "no so considerados linhas de investigaolegtimas" (4).

    No vejo o problema levantado por Ana Mae j que a Arte-educao , por definio,e em sua essncia, de carter interdisciplinar (Arte e educao), e exatamente por serinterdisciplinar revolucionria, linha de investigao, at agora, ilegtima. Cito as palavrasde Gerd Bornheim, ditas na Abertura deste Seminrio, h dois dias. na Arte-educao tudoso problemas e a vantagem so que problemas incitam a reflexo.

    ______________________________

    http://www.corpos.org/papers/transdiciplinaridade.html#3%233http://www.corpos.org/papers/transdiciplinaridade.html#4%234http://www.corpos.org/papers/transdiciplinaridade.html#3%233http://www.corpos.org/papers/transdiciplinaridade.html#4%234
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    (1) Fred Forest, nascido em 1933, na Arglia, artista da comunicao. Ele foi o primeiro autilizar o vdeo na Frana. Obteve o Prmio de Comunicao na XII Bienal de So Paulo, erepresentou a Frana na XXXVII Bienal de Veneza. Em 1974 fundou o Collectif ArtSociologique juntamente com Herv Fischer e Jean-Paul Thnot.(2) Costa, Mario,Lestetica della comunicazione: cronologia e documenti. Salermo, Palladio,

    1988, p. 18, citado por Annateresa Fabris, na Introduo do livro Sublime Tecnolgico deMario Costa, So Paulo, Experimento, 1995, p. 7.(3) msica cantada por Marina Lima(4) James Gleick, Caos. A criao de uma nova cincia, Rio de Janeiro, Campus, 1990, p. 32 e33.