representaÇÕes sociais das mudanÇas climÁticas … · qual é o seu papel em relação à...
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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ – UNIC
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS: UM ESTUDO DE CASO COM
BACHARELANDOS DO CURSO DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE CUIABÁ
JOSÉ VALTER RIBEIRO
ORIENTADOR: PROF. DR. CARLO RALPH DE MUSIS
CUIABÁ-MT
2015
UNIVERSIDADE DE CUIABÁ – UNIC
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS: UM ESTUDO DE CASO COM
BACHARELANDOS DO CURSO DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE CUIABÁ
JOSÉ VALTER RIBEIRO
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, da Universidade de Cuiabá – UNIC como requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais, na Área de Concentração Análise e Modelagem Ambiental.
ORIENTADOR: PROF. DR. CARLO RALPH DE MUSIS
CUIABÁ-MT
2015
FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)
Bibliotecária: Elizabete Luciano/CRB1-2103
R484r Ribeiro, José Valter
Representações Sociais das Mudanças Climáticas Globais: um
estudo de caso com bacharelandos do curso de Direito da
Universidade de Cuiabá./José Valter Ribeiro. Cuiabá-MT, 2015.
75p.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Ciências Ambientais da Universidade de Cuiabá – UNIC, como
requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais,
na Área de Concentração Análise e Modelagem Ambiental.
Orientador: Prof.Dr. Carlo Ralph de Musis
CDU: 34:551
1.Introdução. 2.Revisão Bibliográfica. 3.Materiais e Métodos.
4.Análise dos Resultados. 5.Considerações Finais. 6.Referências
Bibliográficas.
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DEDICATÓRIAS
A Deus e meu querido pai Manoel Santos Ribeiro (in
memorian) e a minha querida mãe Adelice Santos
Ribeiro (in memorian) a minha eterna gratidão, pois
mesmo não sendo alfabetizados fizeram de mim quem
sou, e que me permitiram chegar onde estou. À minha
querida esposa Maria Isabel Marconi Zago Ribeiro pelo
amor e compreensão durante a realização do Mestrado.
À minhas queridas filhas Vanessa Cristhina e Mônica
Regina pelo estímulo à pesquisa, ao conhecimento.
xi
Agradecimentos
Ao Professor-Doutor Carlo Ralph De Musis, professor de
conhecimento técnico e cientifico apurados, que se soma à sua cultura
ímpar. Manteve sempre o admirável equilíbrio entre o rigor da exigência
cientifica e minha liberdade de elaboração. Obrigado Professor, pela
atenção dispensada a um operador do Direito, “ovelha negra” no meio
dos biólogos e engenheiros. Obrigado pela atenção dispensada e pela
demonstração do que é ser educador.
Aos professores componentes da banca de qualificação Prof. Dr.
Léo Adriano Chig e Prof. Dr. Thiago Rangel, pelo interesse,
compreensão e disponibilidade. Muito obrigado!
Aos meus queridos professores do curso de Mestrado em
Ciências Ambientais: Dr. Carlo Ralph De Musis, Dr. Osvaldo Borges
Pinto Júnior, Dr. Léo Adriano Chig, Dra. Francieli Bmfiglio Santana, Dr.
Higo José Dalmagro e Dra. Júlia Arieira, que tiveram a paciência de
algumas vezes interromper as aulas para ouvir os meus
questionamentos, que tinham como objetivo gerar discussão com o
grupo. Haja discussão.
Aos meus queridos colegas da 1ª turma do Mestrado de
Ciências Ambientais da Universidade de Cuiabá.
À Secretária do Mestrado, Cátia Balduino Ferreira, colega de
turma no segundo módulo do Mestrado, que sempre nos atendeu com
carinho, respeito e profissionalismo.
À Direção da Faculdade de Direito que me concedeu no horário
de trabalho a oportunidade de realizar um sonho.
Aos meus amigos que sempre me acompanham, com palavras
de atitudes e afetos.
xii
No meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra
Carlos Drummond de Andrade
xiii
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS .............................................................................. xi
RESUMO ........................................................................................................... xii
ABSTRACT ........................................................................................................ xiv
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 3
2.2 TEORIA DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL .................................... 3
2.3 Fundamentos................................................................................. 4
2.3.1 As funções da Representação Social ...................................... 6
2.3.2 Teoria do Núcleo Central: Representações Sociais ............... 10
2.4 MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS ......................................... 11
2.4.1 Introdução .............................................................................. 11
2.5 Aquecimento global e mudanças climáticas na divulgação
científica ......................................................................................................14
2.5.1 Outra visão do aquecimento global ........................................ 20
2.5.2 Política Nacional sobre Mudança do Clima............................ 22
2.5.3 As mudanças climáticas globais e as práticas educacionais . 25
3 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................... 29
3.1 Aplicação do questionário ........................................................... 32
xiv
3.2 Análise de conteúdo e de saturação ........................................... 32
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................................... 32
4.1 Categoria Mudanças climáticas globais ................................................... 34
4.2 Categoria Capitalismo .............................................................................. 37
4.3 Categoria devastação ambiental .............................................................. 38
4.4 Categoria conscientização ....................................................................... 40
4.5 Categoria Educação Ambiental ................................................................ 42
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 44
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 47
xv
LISTA DE ABREVIAÇÕES
A.L.P. – Associação Livre de Palavras
CCE – Educação para as Mudanças Climáticas
ECO-92 – Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento
GEE – Gases de Efeito Estufa
IALEI – Instituto Internacional Aliança de Estudos Educacionais
IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
MDL – Mecanismo Desenvolvimento Limpo
OMM – Organização Meteorológica Mundial
PNEA – Política Nacional de Educação Ambiental
PNMA – Política Nacional do Meio Ambiente
PNMC – Política Nacional sobre a Mudança do Clima
PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
xvi
RESUMO
Esta pesquisa de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciências
Ambientais da Universidade de Cuiabá – UNIC propôs estudar a percepção dos
acadêmicos do curso de Direito da Universidade de Cuiabá, campus Beira Rio e Pantanal
sobre as mudanças climáticas globais. A investigação desta pesquisa foi realizada em
agosto de 2014 no curso de Direito da Universidade de Cuiabá – UNIC com três turmas
do 10º semestre, concluintes do curso em dezembro de 2014. Como estratégia para o
instrumento de coleta de dados foi utilizado um questionário, que tinha como objetivo o
estudo das representações sociais e das mudanças climáticas globais. O estudo teve como
referentes teóricos a Teoria das Representações Sociais desenvolvidas pelo psicólogo
social Serge Moscovici. A partir de 1990 o fenômeno “mudanças climáticas globais”
passou a ser uma das mais frequentes questões ambientais veiculadas pela mídia, fato
ocasionado, provavelmente, pelos relatórios do IPCC (Intergovernamental Painel on
Climate Change). A presente pesquisa buscou conhecer o que os alunos sabem sobre as
mudanças climáticas globais, suas possíveis causas, seus efeitos, os responsáveis e seu
posicionamento frente ao problema e às possíveis soluções. Afinal, este fenômeno está
realmente ocorrendo? Quais são as bases científicas convincentes para sua compreensão?
Se estiver ocorrendo, seria causado pela ação do homem (contingência antropogênica)?
Ou refletiria ela apenas uma situação natural da atmosfera do planeta Terra (contingência
natural)? Há fortes divergências sobre essa temática, pois é típico da comunidade
científica reagir com um misto de entusiasmo e de ceticismo quando novas ideias são
lançadas. Com essa pesquisa percebeu-se que os acadêmicos ainda não possuem clareza
sobre o tema, fazem algumas confusões entre conceitos distintos e não sabem, ao certo,
qual é o seu papel em relação à responsabilidade e formas de minimizar os efeitos.
Palavras chave: Mudanças climáticas globais, representações sociais, concepções e
acadêmicos.
xvii
ABSTRACT
This Master's research of the Graduate Program in Environmental Sciences of the
University of Cuiabá - UNIC proposed study the perception of academics of law school
at the University of Cuiabá, campus Beira Rio and Pantanal on global climate change.
The investigation of this survey was conducted in August 2014 at the law school of the
University of Cuiabá – UNIC, with three classes of the 10th semester, course graduates in
December 2014. As a strategy for data collection instrument was used a questionnaire,
which aimed to the study of social representations and global climate change. With
reference to ethical criteria, academics signed the Consent suit and Clear, ensuring the
confidentiality of information. The study was related theoretical Theory of Social
Representations developed by Serge Moscovici. Since 1990 the "global climate change"
phenomenon has become one of the most common environmental issues propagated by
the media, caused fact, probably by the IPCC report (Intergovernmental Panel on Climate
Change). Given the importance of this issue for the life of the planet, it is considered
important to know how the academics are realizing that matter, and how to put against
this problem. This research aimed to know what students know about global climate
change, its possible causes, its effects, those responsible and its position relative to the
problem and possible solutions. After all, this phenomenon is actually occurring? What
are the compelling scientific basis for their understanding? If you experience would be
caused by man (anthropogenic contingency)? Or reflect it just a natural state of the
Earth's atmosphere (natural contingency)? There is strong disagreement on this issue, it is
typical of the scientific community to react with a mixture of enthusiasm and skepticism
when new ideas are thrown. With this research was realized that academics still lack
clarity on the issue, make some confusion between different concepts and do not know
for sure what is your role in relation to responsibility and ways to minimize the effects.
Keywords: Global climate change, social representations, concepts and academics.
1
1 INTRODUÇÃO
É perceptível na mídia geral que o clima em todo o planeta vem se alterando
gradualmente, e o que antes era tomado pelo senso comum como mero sensacionalismo
de ambientalistas mais radicais, hoje é percebido como uma realidade que preocupa as
pessoas em todos os lugares, mesmo aquelas menos habituadas às questões ambientais, e
residentes em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.
Tais alterações colocam em xeque a civilização que vem se consolidando após a
Revolução Industrial e à qual estamos entranhadamente ligados. Somos, pois, alvo direto
do seu desafio que envolve a esfera da vida, da qual não podemos nos desvencilhar.
Já não se trata mais de mero alarme desprovido de comprovações, pois admitem
que estamos diante de desafios que descortinam uma fronteira de responsabilidade dos
indivíduos e da coletividade.
Acerca da ocorrência de mudanças climáticas, das suas causas humanas e das
medidas que devam ser tomadas, ao menos em tese, para a redução dessas alterações. As
perguntas não estão mais sendo feitas pela comunidade cientifica, mas sim pelos
governos e por todas as sociedades civis e organizadas.
A pesquisa aqui proposta trata principalmente de verificar se as mudanças
climáticas globais são causadas principalmente pela ação do homem vivendo em
sociedade, devido capitalismo excessivo, ou se essas mudanças são ocorridas pela própria
natureza.
Na atualidade vem sendo considerados que a participação do homem tem sido
mais decisiva, haja vista que neste processo de evolução cultural juntamente com a
exploração econômica causam efeitos destrutivos irrecuperáveis.
A importância deste trabalho é justamente tratar dessa controvérsia, onde a
referência antropogênica possa ou não ser o fator determinante para uma consciência das
mudanças climáticas globais, uma vez que os recursos vêm sendo esgotados em ritmo
acelerado.
2
O questionamento da pesquisa girou em torno de ouvir a opinião dos acadêmicos
de direito sobre mudanças climáticas globais, e, saber até que nível de consciência eles
trazem em seus conhecimentos diários, respondendo as seguintes indagações: quais
mudanças e que impactos naturais e sociais provocariam as mudanças climáticas globais?
Será o aquecimento global um reflexo da crise ecológica que impera no contexto social
contemporâneo, fruto de uma quase irracional relação entre o homem e seu meio, ou tudo
não passa de um raro, porém cíclico, fenômeno natural? Há, de fato, uma crise climática
ou tudo não passa de um alarmismo fantasioso, alimentado por uma indústria que lucra e
se alimenta com a propagação do caos?
Uma vez compreendido este momento torna-se um desafio para entender as
diferentes posturas dos acadêmicos, e, que poderá ser reflexo da própria sociedade que
vive, pode-se entender que ocorre uma massificação das informações devido às m
interpretações acerca do tema, essas atualizações obtidas e submetidas a um
procedimento metodológico de amostragem, utilizando-se de questionários e análise
qualitativa da informação, procurou-se considerar a inter-relação entre o que já temos de
conhecimento ao que constantemente se transforma em fenômenos de massa.
Os discursos frequentemente colocados para a sociedade referentes às mudanças
climáticas globais devem ser analisados mais cautelosamente, já que seguramente não há
ainda nenhuma segurança nos poucos dados científicos em relação a ações diretas de
nossa sociedade, comprometendo todo ecossistema, existindo assim muito mais
controvérsias do que afirmações a respeito das preocupações quanto a conservação dos
recursos naturais.
3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.2 TEORIA DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL
A Teoria das Representações Sociais desenvolvida pelo Serge Moscovici teve sua
origem na França, na década de 1960, e culminou na publicação de sua obra La
psychanalyse, son image et son public,1 tendo grande repercussão na compreensão dos
mais variados trabalhos de pesquisa na produção do conhecimento cientifico
(PATRIOTA, 2014).
Psicólogo social romeno, naturalizado francês, Moscovici nasceu em 1928 no seio
de uma família judia e vivenciou o período da Segunda Guerra Mundial, sofrendo,
inclusive, discriminação antissemita. Estudou Psicologia na França em 1948,
investigando e divulgando a psicanálise.
Podemos dizer que é na sociologia e na antropologia que estão às origens das
Representações Sociais, especialmente em Durkheim, no conceito de representação
coletiva, usado como base para elaborar teorias sobre a religião, magia e pensamento
místico.
A partir do conceito de representações coletivas de Durkheim e Psicologia Social
com Moscovici no final da década de 50, passou a tratá-las como representações sociais
que, que interpretadas como fato ou evento de interesse cientifico de natureza dinâmica,
com uma extensão de construção histórica e cultural cuja prevenção é apreender no
pensamento social como se procede a transformação na sociedade, constituindo a teoria
das representações sociais.
Moscovici, porém, se recusou, inicialmente, a conceituar diretamente o termo
“representações sociais”, já que para ele não era possível determinar previamente como
1 “A psicanálise, sua imagem e seu público”.
4
sua pesquisa iria evoluir. Com efeito, não definiu um conceito justamente para que este se
desenvolvesse com sua pesquisa e que pudesse ter amplitude.
A teoria das representações sociais torna-se importante por levar consideração a
própria observação empírica dos indivíduos e esta busca de conhecimento gera uma
dinâmica efetiva de transformações do pensamento social, entendendo que no
relacionamento preexiste diferente maneiras de se comunicar por objetivos distintos e que
podem representar sempre novas comunicações sociais.
Jodelet (2005) ao discutir e analisar a construção de representações sociais,
discorre que estas estão entre nós e que os efeitos simbólicos do cotidiano, em que se
manifestam os saberes e as práticas dos sujeitos, demandam uma compreensão de que o
registro simbólico expresso não apenas um saber sobre a realidade, mas também sobre as
identidades, as tradições e as culturas que dão forma a um modo de viver.
2.3 Fundamentos
Conforme Moscovici (2001, 1978), na concepção de Durkheim, o indivíduo sofre
pressão das representações dominantes da sociedade. É a sociedade que pensa ou exprime
os sentimentos individuais. As representações não são, assim, necessariamente
conscientes pelos indivíduos. Assim, de um lado, as representações conservam a marca
de realidade social onde nascem, mas também possuem vida independente, reproduzem-
se e se misturam, tendo como causas outras representações e não apenas a estrutura
social.
Conforme o autor a representação social possui duas faces indissociáveis, tal
como uma folha de papel: a fase figurativa e a simbólica. O autor assinala ainda que as
representações se referem sempre a alguma coisa, e são atribuídas a um sujeito, de modo
que representar um objeto é pensá-lo e repensá-lo. Esse processo vai se tornando mais
complexo a partir do momento em que o indivíduo se insere na cultura, e representa
objetos a partir de do universo nocional. Assim, a representação traduz a relação de um
sujeito com um objeto, mas também a relação de um grupo com um objeto
(MOSCOVICI, 1978).
5
Moscovici (1978) caracteriza a representação social como um conjunto de
proposições, reações e avaliações que dizem respeito a determinados pontos emitidos no
decurso de uma pesquisa ou de uma conversão, pelo coro coletivo de que cada um faz
parte, queira ou não. Ou como o próprio autor afirma:
O que estamos sugerindo, pois, é que pessoas e grupos, longe de serem
receptores passivos, pensam por si mesmos, produzem e comunicam
incessantemente suas próprias e específicas representações e soluções às
questões que eles mesmos colocam. Nas ruas, bares, escritórios, hospitais,
laboratórios, etc. as pessoas analisam, comentam, formulam, “filosofias”
espontâneas, não oficiais, que têm um impacto decisivo em suas relações
sociais, em suas escolhas, na maneira como eles educam seus filhos, como
planejam seu futuro, etc. Os acontecimentos, as ciências e as ideologias apenas
lhes fornecem o “o alimento para o pensamento. (MOSCOVICI, 2003, p. 45).
Um dos objetivos primordiais das representações sociais é tornar familiar algo até
então desconhecido, possibilitando a classificação, categorização e nomeação de ideias e
acontecimentos inéditos, com os quais não havíamos ainda nos deparado. Tal processo
permite a compreensão, manipulação e interiorização do novo, juntando-o a valores,
ideias e teorias já assimiladas, preexistentes e aceitas pela sociedade. É possível encontrar
o hiato entre o que se sabe e o que existe, a diferença que separa a proliferação do
imaginário e o rigor do simbólico (MOSCOVICI, 1978).
Dessa forma, a Teoria das Representações Sociais é uma opção teórica para
descrição e explicação dos fenômenos sociais, pois reproduzem pensamentos e
comportamentos comuns a um grupo de indivíduos.
Importante explicitar que o conhecimento se consolida no tempo, porém, não
estagnado, mutável, em novos conhecimentos vão sendo gerados; o desconhecido se
torna familiar em um sistema de trocas possibilitado pela linguagem, manifestando
formas de pensar permeadas pelo universo sociocultural e histórico desses sujeitos,
“enriquecendo a tessitura do que é, para cada um de nós, a realidade” (MOSCOVICI,
1978).
Para Jodelet (2001, p.22):
As representações sociais são uma forma de conhecimento socialmente
elaborado e compartilhado, com um objetivo prático, e que contribui para a
construção de uma realidade comum a um conjunto social.
6
Jodelet (2001) destaca que a representação social deve ser estudada articulando
elementos afetivos, mentais e sociais e integrado, ao lado da cognição, da linguagem e da
comunicação, as relações sociais que afetam as representações e a realidade material,
social e ideal sobre a qual elas vão intervir. Ela sugere que, para abarcar o conjunto de
componentes e relações contidos na representação social, vista como saber prático, é
preciso responder a três perguntas fundamentais: Quem sabe, e a partir de onde sabe? O
que e como se sabe? Sobre o que se sabe, e com que efeito?
2.3.1 As funções da Representação Social
Para Moscovici, o verdadeiro inventor do conceito é Durkheim, na medida em
que fixa os contornos e lhe reconhece o direito de explicar os fenômenos mais variados
da sociedade. Ele o define por uma dupla separação. Primeiramente as representações
coletivas se separam das representações individuais, como o conceito das percepções ou
das imagens. Essas últimas próprias a cada indivíduo são variáveis e trazidas numa onda
ininterrupta. O conceito é universal, fora do vir-a-ser, e impessoal.
O tema da relação entre grupos, atos e ideias (ou imagens) está presente desde sua
tese de doutorado, ao estudar as diversas maneiras pelos quais a psicanálise era percebida
(representada) e propagandeada o público parisiense.
Segundo Sá (2002), a representação pode ser estudada a partir de diversos
aspectos, tal como o epistêmico, no qual se focalizam os processos cognitivos: ou então
com base na psicodinâmica, cuja ênfase se coloca sob os mecanismos intrapsíquicos; ou
ainda, através do âmbito social ou coletivo, que poderia facilitar a compreensão de como
os processos de pertencimento, de participação social e cultural do sujeito podem
influenciar a construção desse conhecimento.
Para compreender o fenômeno de algumas Representações Sociais, temos que
perguntar: Por que criamos essas representações? A resposta é que a finalidade
de todas as representações é tornar familiar algo não familiar (MOSCOVICI,
2003).
Moscovici (2003) considera que os universos consensuais são universos
familiares nos quais as pessoas querem ficar, pois não há conflito. Nesse universo, tudo o
que é dito ou feito, confirma as crenças e as interpretações adquiridas. Em geral, a
7
dinâmica das relações é uma dinâmica de familiarização em que os objetos e pessoas são
compreendidos previamente.
O não familiar são as ideias ou as ações que nos perturbam e nos causam
tensão. Essa tensão entre o familiar e o não familiar é sempre estabelecida em
nossos universos consensuais, em favor do primeiro. No entanto, o que nos é
incomum, não familiar é assimilado e pode modificar nossas crenças. Esse é o
processo de reapresentar o novo (MOSCOVICI, 2003).
Conforme Moscovici (2004), o desconhecido gera estranheza que o sistema
representacional é logo acionado para garantir a familiaridade das coisas. O estranho
perturba a comunicação, interrompe o fluxo da interação e desestrutura as relações. Por
isso, busca-se agregá-lo a uma cadeia de representações sociais existentes, acomodá-lo a
categorias de conceitos convencionais e, desse modo, torna-lo familiar. As representações
sociais possibilitam a convencionalização e acomodação da novidade através dos seus
mecanismos de funcionamento.
Outro aspecto destacado por Moscovici (1978) ao estudar representações sociais é
aquele que se refere às condições de formação das mesmas, a respeito dos quais ele
ensina que, apresentam duas faces: a figurativa que traz uma imagem; e a simbólica,
responsável por apreender o sentido.
Segundo Moscovici (2003) diz que ao se transformarem palavras, ideias ou seres
não familiares em algo mais usual, mais próximo do entendimento dos sujeitos aciona-se
um duplo mecanismo de pensamento baseado na memória e que traz consigo uma carga
de significações e imagens já existentes.
Esse duplo caráter das representações é elucidado pelos seus processos
sociocognitivos formadores, intrinsecamente ligados, denominados de ancoragem e
objetivação. Esses processos de pensamento consistem em recursos mediante os quais se
recorre à memória na tentativa de encontrar algo já experimentado, que possa servir de
modelo para uma situação nova. Moscovici (2003) assim os define:
Ancoragem – Esse é um processo que transforma algo estranho e perturbador,
que nos intriga, em nosso sistema particular de categorias e o compara com um
paradigma de uma categoria que nós pensamos ser apropriada. É quase como
que ancorar um bote perdido em um dos boxes (pontos sinalizadores) de nosso
espaço social. [...] Objetivação – Une a ideia de não familiaridade com a de
realidade, torna-se a verdade essência da realidade. Percebida primeiramente
como um universo puramente intelectual e remoto, a objetivação aparece,
8
então, diante de nossos olhos, física e acessível. (MOSCOVICI, 2003, p.61,
71).
Esclarecidas as circunstâncias sociais que promovem a elaboração das
representações sociais e o decorrente modo de raciocínio característico, torna-se
necessário entender os processos de sua formação: a ancoragem e a objetivação.
A ancoragem como, atribuição de sentido e instrumentalização do saber,
explica a maneira pelas quais informações novas são integradas e
transformadas no conjunto dos conhecimentos socialmente estabelecidos e na
rede de significações socialmente disponíveis para interpretar o real, e depois
são nela reincorporadas, na qualidade de categorias que servem de guia de
compreensão e ação (JODELET, 2005).
Segundo Moscovici (1978), a objetivação teria como funcionalidade tornar real
um esquema conceitual. Esse processo reabsorveria o excesso de significações,
materializando-as de modo a reproduzir um conceito em imagem. Assim, é um
mecanismo que possibilitaria o transporte para o nível da observação do que antes era
apenas inferência ou símbolo.
Os elementos do conteúdo das representações podem ser identificados pelos
conceitos e imagens, que se estabelecem na circulação das comunicações e interações
formando-se, como assevera Moscovici (2003), categorias explicativas do real,
compartilhadas pelos sujeitos nos seus grupos sociais. Esses são sinais seguros de nossa
tendência em objetivar.
Portanto¸ a ancoragem e a objetivação prestam-se para que haja uma
familiarização com o novo, primeiramente situando-o no panorama de referência do
sujeito, podendo ser comparado e interpretado sendo depois reproduzido e colocado sob
controle. As duas maneiras de se representar são, para Moscovici (2003), processos
distintos de se trabalhar com a memória, vez que esta é posta em movimento pelo
processo de ancoragem, cabendo à objetivação oferecer a trama material às ideias.
Para Jodelet (2001) ensina que as investigações que pretendem identificar os
componentes das representações sociais devem=se responder às seguintes questões:
“Quem sabe e onde sabe? O que sabe e como sabe?; Sobre o que sabe e com que efeitos?
” Estas indagações referem-se a três tipos de dimensões básicas e interligadas apontadas
por ela, para o estudo das representações sociais que são: condições de produção e
circulação, processo e estados, e estatuto epistemológico das representações sociais.
9
Ao entender a ancoragem e a objetivação é possível constatar que a formação de
representações sociais não pode ser descrita como um processo passivo de aquisição e
informações do meio. Desse modo, conhecimentos ou informações são analisados para
que se adequem às necessidades do grupo, e nesse decurso podem sofrer diversas
modificações.
Os processos de ancoragem e objetivação são fundamentais para a estruturação
das representações sociais. Por exemplo, os problemas ambientais, tornam-se uma
representação social, quando passam a serem sentidos, seja no discurso ou na realidade.
Assim, passam a ser uma preocupação e começam a ser percebidos e discutidos, no
mundo do senso comum.
Neste prisma¸ a objetivação é mecanismo que procura “transformar algo abstrato
em algo quase concreto, transferir o que está na mente em algo que exista no mundo
físico” objetivando-o. A ancoragem é o mecanismo “tenta ancorar ideias estranhas,
reduzi-las a categoria e imagens comuns, colocá-las em um contexto familiar”
(MOSCOVICI, 2003).
A ancoragem e a objetivação também são maneiras de lidar com a memória,
permitindo que o não familiar do passado, como forma específica de
conhecimento, passe a ocupar um lugar dentro de nosso mundo familiar. Nesta
ótica, a ancoragem mantém a memória em movimento e a memória é dirigida
para dentro, sempre absorvendo e descartando objetos, pessoas e
acontecimentos, que ela classifica com um nome e de acordo com um tipo. A
objetivação é transformar uma abstração em algo quase físico (MOSCOVICI,
2003).
Com efeito, uma representação social é a organização de imagens e linguagens de
vários ambientes exteriores. Não se refere apenas ao ambiente da ciência, mas a qualquer
sistema de conhecimento ou expressão provindo da mídia, da tradição, das leis políticas e
até mesmo do ambiente urbano. Todos estes adicionam elementos de sabores diferentes
em nossa vida cotidiana, ao que já é comum e, consequentemente, neste processo de
comunicação, todos se modificam.
Assim, a representação social, formada sobre determinado fenômeno, assunto, ou
até mesmo um objeto material, encontra-se em contínua elaboração, sempre sendo ligada
a um determinado contexto histórico e geográfico, dentro das atividades cotidianas tanto
sociais, culturais, econômicas e ambientais.
10
2.3.2 Teoria do Núcleo Central: Representações Sociais
Abric, no final da década de 70, trouxe à Teoria das Representações Sociais, outra
teoria, a do Núcleo Central. Para Abric (2000), uma representação é constituída de um
conjunto de informações, de crenças, de opiniões e de atitudes de um dado objeto social.
Este conjunto de elementos, se organizado, estrutura-se e constitui num sistema sócio-
cognitivo de tipo específico denominado por Abric (2000) de “Teoria do Núcleo
Central”.
Abric (2000) definiu Núcleo Central pela natureza do objeto representado e pelo
tipo de relações que um grupo social mantém com esse objeto. O Núcleo Central de uma
representação social para Abric (2000) tem duas funções fundamentais.
Geradora é o elemento pelo qual se cria ou se transforma o significado dos
outros elementos constitutivos da representação. Pela função geradora os
outros elementos ganham um sentido, um valor.
Organizadora é o núcleo central que determina a natureza dos elos, unindo
entre si os elementos da representação. Neste sentido, o núcleo é o
elemento unificador e estabilizador da representação.
Conforme Lima (2006), quando as representações estão no mundo consensual,
definindo a homogeneidade do grupo, elas se localizam no núcleo central, tornando-se
estáveis, coerentes, rígidas e resistentes à mudança, pouco sensível ao contexto imediato
dentro do qual o sujeito utiliza ou verbaliza as suas representações. Quando permitem a
integração das experiências e histórias individuais, elas se localizam nos periféricos,
suportando a heterogeneidade do grupo. São então, flexíveis, evolutivas e sensíveis ao
contexto imediato.
O núcleo central promove a geração, organização e estabilidade das
Representações Sociais. Os elementos periféricos concretizam, regulam,
prescrevem e preservam os comportamentos, individualizam as representações,
enquanto protegem o núcleo central (LIMA, 2006).
As representações sociais são formas de comunicações que se atribui vários
significados, dependendo de como pode ser aplicada, e, quando ocorre o rompimento da
bivalência entre a objetividade e subjetividades, o termo representação passa a ter várias
interpretações e importâncias psicológicas entre os indivíduos, pois estes mudam de
atitudes comportamentais das dimensões sociais que vivem.
11
A busca das relações existentes entre indivíduos relaciona-se as manifestações dos
fatos sociais que, gerados pela comunicação de significados, relacionam diversas
variáveis culturais e abrem, na sua interpretação, espaços para o exercício da
interdisciplinaridade.
Embora as ciências, em suas transformações, sofram críticas pelos seus modismos
e, para o leigo, como prática pouco producente, possuem um conteúdo que, por sua
abstração e possibilidades interpretativas, tem um impacto em potencial no senso comum.
Compreender a realidade social como representações sociais ajuda-nos a
mergulhar em uma ciência nova e desafiante, que exige uma apercepção da ciência. Uma
vez que trata de ações entre indivíduos, e estes possuem necessidades proeminentes de
conscientização do mundo em que vive e da necessidade constante de novos
conhecimentos da realidade humana.
2.4 MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS
2.4.1 Introdução
De acordo com estudos, os cientistas e pesquisadores, posicionam que o Universo
tem 13,8 bilhões de anos, o sistema solar, incluindo a Terra, 4,6 bilhões; a origem da vida
começou há 600 milhões de anos, os dinossauros viveram há 65 milhões de anos, os
grandes símios surgiram há 10 milhões de anos e os humanos entre 3 e 4 milhões de anos.
Com a sua formação atual, a Terra nasceu graças à colisão com outro planeta,
denominado “irmã gêmea”, que se destruiu em vários estilhaços, que, por sua vez, se
uniram e formou a Lua, atualmente nosso satélite.
Entre os dois planetas procederam no ajustamento atual da Terra, a qual, neste
período, estava incandescente. Como a colisão foi tangencial, fez também com que o
planeta passasse a girar em torno de si, dando origem ao dia e à noite, e aumentasse a sua
órbita gravitacional, fixando o ar atmosférico e a água e tudo o que nela continha.
(SIRVINSKAS, 2014)
12
A evolução do homem, por outro lado, passou por diversas etapas. A pré-história
durou quase a totalidade do seu tempo. O período neolítico teve início há mais de 20 mil
anos, o mundo agrário há 10 mil; a História, há 3.500 anos. A Revolução Industrial tem
quase 300 anos e a revolução dos computadores não chega há 70 anos.
A evolução histórica da Terra e do Homem passou por muitas transformações.
No entanto, a proteção da natureza, apesar de antiga, não tem surtido os efeitos
desejados. Sua proteção tem como fundamento a Bíblia Sagrada. Desse modo,
o homem será julgado por aquilo que fizer contra a natureza.
O meio ambiente é criação divina. Assim, a “Terra é do Senhor e tudo que há
nela; o mundo e todos os que nele habitam” (Salmo 24:1). Continua mais
adiante: “Os Céus são do Senhor, mas a Terra Ele a deu aos filhos dos homens”
(Salmo 115:16). Vê-se, pois, que o homem é mero procurador de Deus na
Terra, devendo prestar-lhe contas de suas atitudes praticadas contra a natureza.
(SIRVINSKAS, 2014)
Para Pierangelli (2012), na Idade Média e na Moderna, especialmente no período
da Revolução Industrial,
[...] começaram efetivamente as agressões à natureza, cuja extensão, ainda
hoje, em uma gradação quanto aos seus efeitos nocivos, é bastante variável,
podendo atingir tão só o meio local, o regional ou até comprometer o equilíbrio
biológico do próprio planeta. Estas agressões podem se constituir em simples
emanações de fumaças nauseabundas das fábricas de produtos químicos, ou
das nuvens de pó produzidas numa fábrica de cimento, em que Perus2 é um
triste exemplo, ou, ainda, da difusão de substâncias radioativas lançadas tanto
no oceano como na atmosfera.
Giddens (2010), sociólogo contemporâneo da Universidade de Londres, em sua
obra “A Política da Mudança Climática” assim se expressou sobre a questão das
mudanças climáticas.
Este é um livro sobre pesadelos, catástrofes [...] e sonhos. É também sobre as
rotinas cotidianas que dão continuidade e substância a nossa vida. É sobre os
SUV – os veículos utilitários esportivos, ou 4x4. É uma longa investigação a
respeito de uma única pergunta: por que é que alguém, qualquer pessoa, nem
que seja por apenas mais um dia, continua a dirigir um SUV? É impossível que
esses motoristas não saibam que estão contribuindo para uma crise de
proporções épicas no que tange ao clima mundial. À primeira vista, o que seria
mais inquietante do que a possibilidade de eles estarem contribuindo para
minar a própria base da civilização humana? Caso não esteja óbvio, apresso-me
a acrescentar que os SUV são uma metáfora. Somos todos motoristas de SUV,
por assim dizer, já que pouquíssimos de nós estão preparados para a gravidade
das ameaças que temos pela frente. Para a maioria, há um abismo entre as
preocupações conhecidas da vida cotidiana e um futuro abstrato, embora
apocalíptico, de caos climático. Quase todas as pessoas do mundo devem ter
2 Perus é um bairro da cidade de São Paulo. Em 1926 foi instalada a primeira indústria de cimento em São Paulo.
13
ouvido a expressão mudança climática e sabem ao menos um pouquinho sobre
o que ela significa.
Na concepção de Sirvinskas (2014), antropocentrismo, ecocentrismo e
biocentrismo são concepções genéricas atribuídas pelos cientistas em face da posição do
homem no meio ambiente. Antropocentrismo destaca o homem no centro das
preocupações ambientais, ou seja, no centro do universo. Ecocentrismo, ao contratempo,
destaca o meio ambiente no centro do universo. O Biocentrismo, por sua vez, procura
conciliar as duas posições extremas, colocando o meio ambiente e o homem no centro do
universo. É importante destacar que não só o homem é o destinatário da proteção
ambiental, mas todas as formas de vida (art. 3º, I, da Lei n.6.938/81 – Política Nacional
do Meio Ambiente).
Para Milaré (2005) em sua obra jurídica “Direito do Ambiente – Doutrina –
Jurisprudência” se expressou sobre o assunto.
Antropocentrismo e ecocentrismo, passando-se pelo biocentrismo, são
diferentes cosmovisões. Cientistas e pensadores debruçaram-se sobre estes
temas, não importa se direta ou indiretamente. É instigante verificar como
vários ilustres cientistas (físicos, matemáticos, biólogos, antropólogos e vários
outros) buscaram na filosofia um complemento de que necessitam para o
avanço em suas respectivas áreas de saber. Se não foram todos filósofos
profissionais, foram ao menos amadores.
Segundo Sirvinskas (2014), o nosso planeta é formado por três grandes
ecossistemas (terrestre aquático e atmosférico). No ecossistema terrestre podemos
encontrar todos os recursos ambientais indispensáveis para a existência da vida. Existem
neles montanhas, rochas, vários tipos de solos, areia, florestas e diversas formas de
vegetação.
Para cada tipo de solo e clima podemos identificar o melhor tipo de produção de
alimentos ou a criação de animais para o abate, sem deixar de mencionar as inúmeras
bacias hidrográficas. Existem ainda no subsolo várias matérias-primas (minérios) para
fabricação de produtos e/ou insumos.
O ecossistema aquático ou marinho é muito rico em recursos ambientais e a
biodiversidade nele existente ainda é desconhecida pelos cientistas/pesquisadores por
causa de sua extensão. Esse ecossistema tem uma função muito importante para o planeta
em face de suas correntes marinhas, que servem para autorregular a temperatura, além de
nos fornecer alimentos em abundância. O ecossistema atmosférico é outro sistema que
14
nos fornece o ar que respiramos e permite o acúmulo de vapor d’água para a formação do
ciclo das chuvas.
São os três grandes ecossistemas que interagem entre si e de maneira contínua e
sustentável do planeta. Qualquer alteração na constituição e formação de tais sistemas
pode colocar em risco toda a forma de vida da Terra (SIRVINSKAS, 2014).
2.5 Aquecimento global e mudanças climáticas na divulgação científica
As mudanças climáticas constituem fenômeno natural, porém hoje está, conforme
a mídia geral, intensificada pelas atividades do homem. Vários são as suas propagações
no encadeamento ambiental, social e econômico, agravadas em populações vulneráveis
como as tradicionais. Embora as mudanças climáticas não possam ser suprimidas, podem
e devem ser mitigadas como forma de abrandar os seus efeitos.
Há apontamentos de mudanças climáticas antes mesmo da existência do
homem, como as glaciações. Durante a Idade Média, houve também mudanças
no clima as quais juntaram temporariamente a Escandinávia à Groelândia e à
América do Norte. Nesses momentos históricos, porém, o homem não tinha
influência sobre o clima (BELLO FILHO, 2010).
A partir da Revolução Industrial, com o desmatamento de grandes áreas de
florestas e a queima de combustíveis fósseis, o homem deixou de ser mero coadjuvante e,
juntamente com a natureza, passou a ser agente provocador de mudanças climáticas
(BELLO FILHO, 2010). Em síntese, conforme o autor, as mudanças no clima se
intensificaram e continuam devido à busca desenfreada por maior produtividade em
prejuízo do meio ambiente.
No campo da pesquisa cientifica ainda não há unanimidade se o aquecimento
global está diretamente relacionado à ação antrópica. Porém, estudos científicos afirmam
que, para além da dinâmica do vapor d’água na atmosfera (seu principal regulador),
existe uma prelação causal com o aumento de emissões antropogênicas de gases de efeito
estufa na atmosfera, tais como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso
(N2O), clorofluorcarbonos (CFC’s) e hidrofluorcarbonos (HFC’s).
15
Segundo Giddens (2010), no início do século XIX o francês Jean-Baptiste Joseph
Fourier constatou, ao calcular a diferença entre a energia solar que chegava a Terra e
aquela que era irradiada para o espaço como luz infravermelha, que o planeta, em tese,
deveria estar congelado. A partir daí concluiu que a atmosfera agia como uma cobertura
que conservava parte do calor gerado pela energia (luz) solar, tornando habitável o
planeta Terra, para humanos, animais e vegetais. No início de seus estudos, Fourier
levantou a hipótese de que o dióxido de carbono (CO2) tinha papel fundamental nesse
processo de conservação de calor na superfície da Terra.
Para Robert Kandel (2007) em 1860 o britânico John Tyndall realizou
intervenções sobre a absorção de calor pelo dióxido de carbono e pelo vapor d’água. O
pesquisador foi o primeiro a concluir que as grandes mudanças na temperatura média da
Terra, responsáveis pelos períodos de grande variação de temperatura no planeta,
transcorriam das variações da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera.
Segundo Giddens (2010) em 1895 o químico sueco Svante August Arrhenius
realizou estudos que constataram que a combustão crescente de combustíveis fósseis
(carvão, gás natural, petróleo) fazia aumentar a quantidade de dióxido de carbono (CO2)
na atmosfera. Perante os resultados colhidos, estabeleceu a hipótese de que tal fenômeno
reforçaria o efeito estufa provocando uma elevação da temperatura da superfície do
globo.
Ainda que não se desconheça o fato de que as mudanças climáticas fazem parte
de nosso passado geológico, o qual inclui eras do gelo, inundações e ondas de
calor, é notório que, atualmente, o clima da Terra está mudando. Em mais de
diversos locais da Terra, constata-se que as mudanças climáticas já são de fato,
realidade: derretimento das geleiras do Ártico; aumento no nível dos oceanos;
maior ocorrência de tempestades tropicais, furacões, ciclones e tornados;
chuvas intensas, inundações de deslizamentos de terra em certas regiões; secas
extremas e desertificação em outras localidades (MOREIRA, 2013).
Para Casagrande et al. (2011) no momento em que as mudanças climáticas são
consideradas um fator de risco em face ao destino da humanidade – dentre os vários
riscos passiveis de se elencar (BECK, 1998) – a compreensão da divulgação cientifica
sobre o aquecimento global torna-se um complexo desafio para se entender as diferentes
posturas pessoais e institucionais acerca do tema.
Afinal, este fenômeno está realmente ocorrendo? Quais são as bases cientificas
convincente para sua compreensão? Se estiver ocorrendo, seria causado pela
ação do homem (contingência antropogênica)? Ou, refletiria ele apenas uma
16
situação natural da atmosfera do planeta Terra (contingência natural)? Há
fortes divergências sobre essa temática, pois é típico da comunidade científica
reagir com um misto de entusiasmo e de ceticismo quando novas ideias são
lançadas (CASAGRANDE et al.; 2011).
Nessa mesma época, alguns cientistas chegaram a afirmar, de forma precipitada,
que o problema se manifestaria dentro em breve e que poderia ter efeitos sociais
ecológicos e econômicos desastrosos. Tais crenças estavam fundamentadas, em parte, nos
resultados dos modelos globais simulados por computadores de balizados centro de
pesquisas da atmosfera do planeta (MILLER, 2008).
A partir das discussões na Rio-92, segundo Casagrande et al., (2011) ganharam
destaque as questões associadas ao efeito estufa3 e, por derivação, a um conceito ainda
incipiente: o aquecimento global. As duas últimas reuniões de Convenção do Clima
foram a Conferência de Copenhague (2009) e a Conferência do México (2010). O
primeiro evento, durante o qual foi divulgado o 4º Relatório do Intergovernmental Painel
on Climate Change (IPCC) – o AR-4 constituiu-se num dos mais respeitáveis marcos, a
comprovar a importância que o tema contraiu no contexto das mais diversas instituições
sociais em âmbito internacional.
O IPCC, órgão criado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA) e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 1988 para estudar o
problema das mudanças climáticas. Aglomera aproximadamente 2.800 cientistas de mais
de 150 países. A missão deste Painel consiste em avaliar a informação cientifica
disponível sobre os efeitos das mudanças climáticas, destacar seus impactos ambientais e
socioeconômicos e traçar estratégias para dar respostas adequadas ao fenômeno. No
Brasil possui um grupo de especialistas para coordenar as atividades relacionadas com o
Painel.
A dinâmica climática é condicionada pela radiação solar, que é a fonte básica
de energia para a Terra. A proporção entre a radiação refletida e a incidente é
chamada albedo, que é variável para diferentes tipos de superfície a exemplo
dos oceanos – cerca de 10%, e a neve e o gelo – em torno de 90% (LINO,
2009).
3 Segundo AVZARADEL (2009) o efeito estufa consiste na retenção de calor pela atmosfera em razão da presença de determinados composto gasosos em sua estrutura. Salientamos que o efeito estufa per si é um fenômeno natural, sempre existente e cuja natureza é irreversível.
17
Segundo Casagrande et al. (2011) dentre as várias questões postas às ciências e à
sociedade, pode se destacar: que mudanças e que impactos naturais e sociais, portanto
para o planeta e para a humanidade, provocariam as mudanças climáticas globais?
Atualmente as principais controvérsias e incertezas sobre as mudanças climáticas
e o aquecimento global podem ser resumidas em quatro posições: 1) a referência à
participação antropogênica no aquecimento global; 2) a possibilidade (ou não) de
amenizar esse fenômeno climático e como isso deve ser realizada; 3) a temporalidade dos
efeitos do aquecimento sobre a sociedade e o meio ambiente; 4) a severidade desses
efeitos. (CASAGRANDE et al., 2011).
1) A participação antropogênica no aquecimento global.
Segundo o IPCC, a causa principal do aquecimento da atmosfera é a emissão de
dióxido de carbono (CO2) e outros gases resultantes da queima de combustíveis fósseis,
que propagado na atmosfera, ativam o efeito estufa.
Para o IPCC, o gás carbônico é o responsável pelo aumento da temperatura média
global considerando que
[...] a maior parte do aumento das temperaturas médias globais observadas
desde meados do século XX é muito provável que seja devido ao aumento
observado nas concentrações de gases de efeito estufa antropogênicas (IPCC –
AR4, 2007).
Esse mesmo relatório contestou a tese de que as emissões naturais provavelmente
não são a razão do aquecimento global e que a:
Grande difusão observada do aquecimento da atmosfera e oceanos, juntamente
com a perda de massa de gelo, apoiam a conclusão do que é extremamente
pouco provável que a mudança climática global nos últimos 50 anos possa ser
explicada sem forças externa, e muito provável que não seja devido apenas a
causas naturais conhecidas. (IPCC-AR4, 2007).
Segundo Baptista (2009), ao contrário da posição do IPCC, o pesquisador
Lomborg (2002), considera que o aquecimento global não pode ser atribuído à ação
antropogênica. Para esse cientista, a grande quantidade de dióxido de carbono enviada à
atmosfera pelas florestas em decomposição e pelos oceanos contribui em muito nas
mudanças climáticas: o fundamental argumento deles apoia-se de que a Terra passou por
outros períodos de aquecimento antes da Era Industrial.
18
Molion (2007) critica a visão do IPCC e considera que o clima do planeta varia de
maneira natural ao longo de sua existência, forçado por agentes, quer externos – como
oscilações das atividades solar e vulcânica, e dos parâmetros orbitais terrestres – quer
internos – como variação da temperatura de superfície dos oceanos e cobertura de
nuvens. Isso se deve, porque o clima nunca é estável, que nunca permaneceu em
equilíbrio.
2) A possibilidade (ou não) de amenizar esse fenômeno climático e
como isso deveria ser realizada.
O IPCC aponta que o passo inicial é restringir as emissões de CO2 para a
atmosfera e que, depois disso, é necessário aumentar a eficiência do uso de energia
alternativa para queimar menos combustíveis fósseis. Os estudos do Painel apontam que,
do período pré-industrial (início do século XVIII) à década de 1990, a concentração de
dióxido de carbono na atmosfera aumentou em 25%. Em menos de cem anos, a
temperatura média da Terra subiu 0.5ºC (IPCC-AR4, 2007).
3) A temporalidade dos efeitos do aquecimento sobre a sociedade e o
meio ambiente.
O Painel Climático avaliou que os primeiros sinais do aquecimento global já estão
presentes, tais como as secas nos continentes, a intensificação de ciclones, grandes
nevascas e tempestades, etc., e ainda, conforme os modelos de simulação há a previsão de
que o nível dos mares deve subir, em média, 38 centímetros até o final desse século, o
que colocaria as cidades costeiras em risco (CASAGRANDE et al., 2011).
Os pesquisadores do IPCC alertam que o aumento de 0.5ºC na temperatura do
planeta seja de ordem antropogênica, as previsões de suas repercussões constituem,
ainda, apenas probabilidades.
Contrariando o IPCC, Lomborg (2002) considera que a atual elevação do nível
dos mares está dentro da oscilação característica dos últimos 300 anos; no século XX, por
exemplo, o nível dos mares cresceu 20 centímetros sem nenhum efeito perceptível.
4) A severidade desses efeitos.
19
Por fim, quanto ao grau de severidade do aquecimento global, o pressuposto do
IPCC é de que as catástrofes naturais serão mais frequentes e devastadoras, pois os
levantamentos estatísticos que monitoram as imagens dos satélites mostram que a massa
glacial do planeta vem se reduzindo progressivamente com o derretimento de geleiras
(CASAGRANDE et al. (2011).
O pesquisador (Nobre, 2010) contesta as críticas desferidas contra as afirmações
do IPCC, avaliando que elas:
Servem de impulso para os céticos porque eles não conseguem trazer qualquer
fato científico novo, surpreendente, que coloque realmente em dúvida a ciência
robusta e sólida do aquecimento global [...]. Todo esse alvoroço e os
questionamentos sobre a legitimidade do órgão são mais uma jogada política
de quem é contra a agenda climática. Mas essas coisas duram muito pouco,
porque a força da ciência é tremenda [...]. Quem faz avançar a ciência do clima
não é o IPCC. Quem faz avançar a ciência do clima é a ciência. O IPCC só
sumariza resultados. E ao fazer esse sumário, o IPCC não é infalível, [assim]
como nenhuma instituição cientifica é infalível.
A questão da mudança climática é um desafio complexo na sociedade de risco
(BECK, 1998),4 pois envolve o que ficou conhecido como “paradoxo de Giddens”:
Visto que os perigos representados pelo aquecimento global não são palpáveis,
imediatos ou visíveis no decorrer da vida cotidiana, por mais assustadores que
se afigurem, muita gente continua sentada, sem fazer nada de concreto a seu
respeito. No entanto, esperar que eles se tornem visíveis e agudos para só então
tomarmos medidas sérias será, por definição, tarde demais (GIDDENS, 2010).
Segundo Avzaradel (2009) esses efeitos indesejados ligados às mudanças
climáticas fazem com que hoje o tema passe a ocupar importantes fóruns políticos
internacionais e nacionais. Um indício deste fato pode ser a repercussão na agenda
política internacional da divulgação dos resultados parciais do Quarto Relatório do IPCC,
ao longo do ano de 2007. Neste ano o IPCC, em seu quarto relatório, concluiu que:
[...] o aquecimento do sistema climático é inequívoco, como está agora
evidente nas observações dos aumentos das temperaturas médias globais do ar
e do oceano, do derretimento generalizado da neve e do gelo e da elevação do
nível global médio do mar.
4 Beck (1998) “[...] identifica a sociedade de risco como uma segunda modernidade ou modernidade reflexiva, que emerge com a globalização, a individualização, a revolução de gênero, o subemprego e da difusão dos riscos globais. Os riscos atuais caracterizam-se por ter consequências, em geral de alta gravidade, desconhecidas em longo prazo e que não podem ser avaliadas com precisão, como é o caso dos riscos ecológicos, químicos, nucleares e genéticos”.
20
O IPCC relaciona uma série de riscos às mudanças climáticas capazes de impactar
de maneira substancial a vida na terra. Dentre os vários exemplos possíveis destacamos o
aumento do nível dos oceanos com a inundação de áreas costeiras densamente ocupadas;
o aumento de eventos climáticos como chuvas, ciclones e de áreas sujeitas a processos de
desertificação, além de perda acelerada de biodiversidade. Esses riscos são em certa
medida reforçados por indícios de que as temperaturas já estão mais altas e de que
eventos climáticos extremos vêm se tornando mais frequentes e destrutivos
(AVZARADEL, 2009).
2.5.1 Outra visão do aquecimento global
Segundo Molion (2007) no final da década dos anos 1970, após um período de 30
anos de resfriamento, surgiu a hipótese que a temperatura média global estaria
aumentando devido à influência humana. Essa hipótese está fundamentada em três
argumentos: a série de temperatura média global do ar da superfície “observada” nos
últimos 150 anos, o aumento observado na concentração de gás carbônico a partir de
1958 e os resultados obtidos com modelos numéricos de simulação de clima.
Para Molion (2007) discutiram-se criticamente esses três aspectos, mostrando suas
deficiências e concluiu-se que a representatividade global da série de temperaturas é
questionável e que a não comprovação do efeito-estufa pelas atividades humanas, bem
como as limitações dos modelos matemáticos de simulação de clima, não justificam a
transformação da hipótese do aquecimento global antropogênico em fato cientifico
consumado.
Segundo Molion (2008), já houve um aquecimento global nos últimos 150 anos,
uma vez que entre 800 a 1220 dC a temperatura era mais elevada do que de hoje, e entre
1350 e 1850 o clima se resfriou, especialmente na Europa Ocidental. Após isso, então, a
temperatura volta a se elevar.
Outro ponto para que Molion (2008) chama a atenção é a maneira pela qual são
feitas as medidas de variação de temperatura. Nas estações climatométricas são feitas
medidas da superfície em um raio de 150 metros ao redor dessas estações. Tais medidas
21
não são padronizadas ou houve mudanças de instrumentação ao longo dos últimos 150
anos passados. Também, há o problema da localização, já que as mesmas estão no “Velho
Mundo”, em locais que se desenvolveram muito após a Segunda Guerra Mundial. Em
contraponto, estão os satélites, que fazem médias sobre grandes áreas incluindo os
oceanos.
Para o autor, outro fator que pode interferir nesse aumento de temperatura é a
mudança na cobertura terrestre, pois onde havia vegetação, hoje há asfalto e concreto,
fazendo com que nos centros urbanos, haja as ilhas de calor, que elevam a temperatura
em até 5º C. Além desse fator, há o calor liberado pelos veículos e edifícios aquecidos.
Isso pode explicar a mudança de temperatura aparente em 1977, já que ao redor da
estação climatométricas pode ter ocorrido uma grande urbanização.
Molion (2008) faz comentários a respeito dos gases estufa, mais precisamente
CO2 já que o IPCC considera que 97% das emissões desse gás são naturais provenientes
dos oceanos, vegetação e solo, e que somente os 3% restantes são antropogênicos. Porém,
a relação entre a quantidade de dióxido de carbono e a temperatura, obtida pelas análises
de cubos de gelos (com o Dome C2)5 mostra que as temperaturas dos períodos
interglaciais anteriores parecem ter sido superiores às do presente período interglacial,
enquanto as concentrações do CO2 foram inferiores a 300 ppbv.
Por fim, o autor explica que a variabilidade do clima não permite afirmar que o
aquecimento de 0,7 º C tenha ocorrido pela intensificação do efeito estufa, e até diz que
pode ter sido o inverso, que a concentração de CO2 pode ter aumentado em virtude do
aumento da temperatura. Isso porque se a radiação solar aumentou e o albedo diminuiu, a
temperatura terrestre aumentou e consequentemente a temperatura dos oceanos também
se alterou, diminuindo a solubilidade do gás que ficou na atmosfera. Com o aumento de
1º C na temperatura das águas superficiais ocorreria um aumento de 28 a 30 ppmv da
concentração de dióxido de carbono na atmosfera. Conclui-se então que é a temperatura
do ar que provoca o aumento de CO2 e não o inverso.
5 Dome C (Dome Concordia) – região da Antártida de onde foram colhidas amostras de gelo por cientistas europeus integrantes do Projeto Epica (European Project Icecoring in Antartctic),
22
Não estamos de acordo, totalmente, com nenhuma das duas posições
apresentadas, de forma que tiramos nossas próprias conclusões baseadas naquilo que
julgamos ser o mais correto para o meio ambiente, se tratando do aquecimento global ou
qualquer outro problema. Porém, não podemos descartar as evidências de mudanças
climáticas que estão ocorrendo em várias partes do planeta nos mostrando que de alguma
forma o planeta tem sido prejudicado.
Enfim, nós estamos preocupados com o aquecimento global, mas não queremos
aguardar que se chegue a um veredicto final apontando as causas reais. E, além disso,
como educadores, temos a missão de esclarecer aos acadêmicos a respeito do assunto, de
forma que eles conheçam os dois lados, e também sejam capazes de pensar suas atitudes
e tomar posição ativa frente à problemática.
2.5.2 Política Nacional sobre Mudança do Clima
No Brasil, em consonância com o que se passa em outras partes do globo
terrestre, universidades, centros de pesquisa especializada, confederações de institutos
produtoras, órgãos governamentais e entidades da sociedade civil se puseram em campo
para somar esforços e multiplicar resultados. No que concerne ao nosso ordenamento
jurídico recente, a União estabeleceu a Política Nacional sobre Mudança do Clima –
PNMC, por meio da Lei 12.187, de 29 de dezembro de 2009 (MILARÉ, 2011).
A Política Nacional foi causada por uma situação crítica de modo planetário.
Entre nós, ela contesta apelos científicos que movimentaram, por toda parte, tomadas de
atitude em face de uma hipotética intensa para, em seguida, desembocar na procura de
resoluções de brevíssimo prazo, com vistas a se evitar episódios nocivos extremos e
iminentes. O resultado será a adoção de providências a média e longos prazos na direção
de travar as causas do efeito estufa e das suas consequências sobre os ecossistemas.
Nesse caso, é problemático escolher um caminho. Tomam-se medidas radicais
instantâneas (de ordem política e socioeconômica) para a redução dos poluentes ou se
privilegia o crescimento econômico-social? Prolonga-se o efeito estufa ou se reduz o
ritmo de crescimento? Privilegia-se o desenvolvimento ou a sustentabilidade? Parece
23
haver uma disposição para se dar tempo a uma mudança forçosamente lenta nos
processos produtivos e de consumo (MILARÉ, 2011).
Com efeito, na ordem prática, não há como aferir e ponderar tais processos. Em
qualquer escolha haveria o risco de verdadeiros sacrifícios, seja no quadro do meio
ambiente planetário, seja no caso de desequilíbrio da economia dos países e do bem-estar
das populações. Infelizmente, chegamos a esse ponto e não é mais possível prolongar o
dilema (MILARÉ, 2011).
A Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento ocorrida em 1992 no Rio de Janeiro (ECO-92), representou uma nova
etapa na combinação das políticas ambientais internacionais.
Se a reunião de Estocolmo em 1972 teve o importante papel de propiciar a
ostentada consciência acerca dos problemas ambientais globais, a ECO-92 representou
um período nas relações internacionais, principalmente marcadas pela introdução do
conceito de sustentabilidade nos atos internacionais; a observação de que os instrumentos
internacionais devem visar à adequação de um direito intergeracional; além do
espraiamento da questão ambiental em todas as áreas do Direito Internacional (SOARES,
2001).
Conforme Moreira (2012), a Convenção do Clima discutiu sobre os encargos
perante as alterações severas no clima global, decorrente da emissão crescente de gases
de efeito estufa (GEE), e estruturou um regime internacional sobre o clima fundante de
metas prestantes estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera
num nível que previna uma interferência antrópica perigosa no sistema climático.
Observando que esse nível deverá ser muito aos ecossistemas adaptarem-se naturalmente
à mudança do clima, que garanta que a produção de alimentos não seja ameaçada e que
permita ao desenvolvimento econômico progredir de maneira sustentável.
Dentre as obrigações propostas na Convenção do Clima destacam-se a previsão
de que as partes devem provocar a gestão sustentável, bem como promover e
contribuir na conservação e fortalecimento de sumidouros e reservatórios de
todos os gases de efeito estufa tais como a biomassa, as florestas, os oceanos,
os ecossistemas terrestres, costeiros e marinhos (MOREIRA, 2012).
Neste ponto, implica observar o expresso reconhecimento de sumidouros e
reservatórios como elementos de equilíbrio climático, razão pela qual, Feldman & Rachel
24
(2004) concebem a necessidade de inserir instrumentos baseados em estímulos, como por
exemplo, pagamentos por serviços ambientais, para a recuperação, proteção e
conservação de florestas.
Esta atitude dialoga com o Protocolo de Quioto, decorrente da Convenção do
Clima, que veio constituir a criação de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL),
destinados a viabilizar a execução das metas de redução de emissões de gases de efeito
estufa obrigatória aos países industrializados. O MDL admite aos países com obrigações
de reduções de emissões que efetuem atividades de projetos em países em
desenvolvimento, que são contabilizados pelo país desenvolvido na realização de suas
obrigações. Isso é admissível por tratar-se de um fenômeno com impactos globais, e não
locais ou regionais (FELDMAN e RACHEL, 2004).
Todavia, o MDL não considerou estruturas para manutenção de florestas e
desmatamento evitado, restringindo-se à restauração de sumidouros por meio de
florestamento e reflorestamento. A necessidade de um mecanismo destinado a impedir o
desmatamento como mecanismo de enfrentamento das mudanças climáticas é uma das
discussões cruciais para o enfrentamento do tema.
O Protocolo de Quioto prescreveu para 2008 a redução das emissões antrópicas de
gases estufa em pelo menos 5% dos níveis de emissão em 1990, determinando ainda a
política e programas que deveriam ser assumidos pelas partes a fim de da consecução das
metas de redução de emissões de gases e efeito estufa.
Nesse aspecto, determina-se de forma genérica que a prospecção de novas
tecnologias industriais e produção de energia menos agressivas ao ambiente, que a
agricultura e o manejo de florestas sejam desenvolvidos em bases sustentáveis e que os
sumidouros e reservatórios de gases de efeito estufa sejam elemento de proteção e
incremento. Além disso, orienta geração de energia, a formas mais renováveis; ao
transporte, setor em que deveriam promover políticas e práticas prestantes a ser reduzidas
das emissões de gases estufa (OLIVEIRA NUSDEO, 2005).
25
2.5.3 As mudanças climáticas globais e as práticas educacionais
A Constituição Brasileira estabelece a obrigação estatal de promover a educação
ambiental, que é um dos mais importantes mecanismos para a proteção do meio
ambiente, pois não se pode acreditar – ou mesmo desejar – que o Estado seja capaz de
exercer controle absoluto sobre todas as atividades que, direta ou indiretamente, possam
alterar negativamente a qualidade ambiental. É através da educação ambiental que se faz
a verdadeira aplicação do princípio da prevenção (ANTUNES, 2013).
O conceito de Educação Ambiental tem-se formado a partir de um processo
contínuo formulado em cada um dos eventos internacionais. Em que pese às definições
internacionais a respeito, desenvolver-se-á a do ordenamento jurídico (BRASIL, 1999),
conforme abaixo:
Art. 1º Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e
sua sustentabilidade.
A Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) de 1981 e a Constituição Federal
de 1988 estabeleceram a obrigação da promoção da educação ambiental em todos os
níveis de ensino, tendo como princípio um aspecto humanista, democrático e
participativo, e destacando uma compreensão de meio ambiente que considera a
relevância da interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural.
A educação ambiental brasileira vem crescendo como área de ensino e pesquisa,
sempre buscando articular à questão ambiental com aspectos sociais, éticos, históricos e
políticos, entre outros, atuando como prática social, inserida em diferentes espaços de
uma sociedade marcada por conflitos socioambientais.
Por meio da Educação Ambiental e de suas estratégias, ações ou oficinas
concernentes, o cidadão pode conhecer e entender melhor o significado do mundo em que
vive e compreender as necessidades e prioridades reais para a melhoria da qualidade de
vida. Conforme KALIL (2002), a Educação Ambiental é ação transformadora e política,
que forma o cidadão e instrui as comunidades para a cidadania ativa visando a
sustentabilidade, a justiça social e o bem comum:
26
Desprezam-se as advertências dos órgãos internacionais e de lideranças locais e
ainda veem na Educação Ambiental um processo de transformação política que
pode ameaçar muitos dos seus dogmas e impedir as bases ideológicas e
culturais da estrutura vigente que prestigia o lucro, o consumo e o
mercantilismo capitalista que produz resultados imediatos, mas que
comprometem a sustentabilidade (KALIL, 2002)
Em pesquisa organizada pela International Alliance of Leading Education
Institutes – IALEI, da qual participou a Faculdade de Educação da USP – com a
elaboração de artigo sobre a realidade brasileira, foi produzido relatório global, como
consequência do resumo de dez relatórios de diferentes países, ressaltando quatro
questões estruturais.
Destas, três articulavam a respeito à educação para o desenvolvimento sustentável
de posição mais ampla, mas uma peculiar buscava abordar o papel da educação frente à
urgência das mudanças do clima, tendo sido formulada da seguinte maneira: Pode a
educação contribuir com o desafio de lidarmos com a necessidade de mitigação e
adaptação às mudanças climáticas? Se sim, como se daria tal contribuição e como esta
influenciaria a educação para o desenvolvimento sustentável e vice-versa? (GUERRA et
al., 2010).
Nos países desenvolvidos, nos últimos anos a CCE (Climate Change Education)6
começou a desenvolver uma identidade própria. É o caso da Austrália, do Canadá e da
China, cujos governos vêm promovendo diversas iniciativas educacionais focadas no
aquecimento global e suas consequências.
No Brasil, onde o Estado compartilha com inúmeras entidades sociais, o
movimento se deu nesse campo de atuação, particularmente pelo ativismo de
organizações não governamentais e também de iniciativas empresariais.
O processo de formação inicial e continuada de docentes para o ensino-
aprendizagem e na formação profissional particular no campo ambiental há um enorme
espaço em termos de pesquisa, e uso de metodologias inovadoras, e mais ainda em
debates sobre as mudanças climáticas.
6 Educação para as mudanças climáticas.
27
Em aquiescência com outros documentos, considera-se que cada vez mais
procedimentos, atitudes sustentáveis e valores têm sido instigados, mas isso tem sido
ponderado de acordo com a prioridade dada nos recintos de educação formal e informal
frente à discussão de como pode a educação em diferentes estágios colaborar para
conseguir a meta ambígua e contestável tanto do “desenvolvimento sustentável”, quanto
da utopia da construção de “sociedades sustentáveis”. (GUERRA et al., 2010).
Conforme os autores, nesse aspecto há uma necessidade de pensar sobre o papel
da educação para a ascensão da aprendizagem social, construída ambientalmente -
alusivo a processos cujo conteúdo e ênfase voltam-se ao pensamento crítico sobre a
realidade do colapso ambiental o que nos remete a precisão urgente de mudanças de
atitudes e práticas individuais e sociais, e de ressignificação de valores, dentro de uma
base cooperativa confinante ao pensamento crítico e à disposição para solução e
minimização de problemas e adequação à vulnerabilidade das populações e da nossa
espécie aos resultados das mudanças climáticas, cujo foco nas necessidades de
sobrevivência poderia assistir as pessoas a tratar de forma mais crítica e responsável o
ambiente em que vivem, assumindo consciência dos panoramas de um futuro de
mudanças incertas.
O educador Paulo Freire (1997) nos dizia que o “não há o que fazer” é o discurso
pacífico que não podemos acolher. Até mesmo a produção de documentários que atingem
as mudanças globais vem assinalando os fatos científicos, as consequências de
responsabilidades das mudanças pela ação humana: mas ao mesmo tempo recomendando
estratégias e soluções para a vulnerabilidade das populações frente a essa realidade,
suplantando as fragilidades nos modelos como o meio ambiente aparece na mídia – seja
em função da superficialidade com que os temas são tratados ou da falta de espaço para
enfoques mais complexos em torno das questões expostas (LUCKMAN, 2007).
Cabe como dever e direito, tanto ao poder público quanto aos educadores e
educadoras, a toda sociedade – como recomenda o artigo 225 da Constituição Federal de
1988 – decidir urgentemente nossas responsabilidades comuns, nos interrogando quais
são as nossas alternativas: “esperar para ver; agir para reduzir os riscos; agir como parte
de uma estratégia de ações-chave para desacelerar o aquecimento”! (MILLER, 2007).
Isto expressa que pensar sobre nossas escolhas quanto ao modo de vida faz parte do
28
aprendizado da cidadania ambiental global, visando a um planeta mais perfeito para as
atuais e futuras gerações.
A necessidade de uma crescente internalização da problemática ambiental, um
saber ainda em construção, demanda empenho para fortalecer visões integradoras que,
centradas no desenvolvimento, estimulem uma reflexão sobre a diversidade e a
construção de sentidos em torno das relações indivíduos natureza, dos riscos ambientais
globais e locais e das relações ambiente desenvolvimento.
A educação ambiental, nas suas diversas possibilidades, abre um espaço de
possibilidades para repensar práticas sociais e o papel dos professores como mediadores e
transmissores de um conhecimento necessário para que os alunos adquiram uma base
adequada de compreensão essencial do meio ambiente global e local, da interdependência
dos problemas e soluções e da importância da responsabilidade de cada um para construir
uma sociedade planetária mais equitativa e ambientalmente sustentável.
De uma perspectiva pedagógica, há uma necessidade, em termos metodológicos,
de encontrar alternativas de ensino aprendizagem inovadores para abordar um tema cujos
cenários são negativos e problemáticos, como indicam os relatórios do IPCC, sem cair
num ponto de vista catastrofista de imobilismo ou, por outro lado, numa visão simplista a
respeito de uma questão tão importante e crucial à sociedade contemporânea.
A questão mais desafiante, portanto, é criar condições para que as iniciativas
educacionais sejam estratégicas para realizar as mudanças necessárias para motivar os
cidadãos a agir em direção às metas de sustentabilidade. As questões são complexas e não
possuem respostas precisas, mas os programas educativos têm apresentado impactos
consistentes referentes à multiplicação do tem a e sua importância para a humanidade
mover-se em direção a uma cultura política e socioambiental de sustentabilidade.
(JACOBI et al., 2011).
Para Guerra et al. (2010) na encruzilhada em que o homem se encontra frente à
crise ambiental e do dilema ético entre o Ter e o Ser, recorro ao sapere aude kantiano:
devemos nos atrever a fazer uso de nosso entendimento.
29
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Neste capítulo será apresentado o percurso metodológico deste estudo.
Primeiramente será contextualizado o cenário da pesquisa, os discentes da Faculdade de
Direito da Universidade de Cuiabá. Em seguida serão explanadas as estratégias utilizadas
na pesquisa e as características e instrumento para a coleta de dados.
Ainda, serão detalhados o Universo de sujeitos e os procedimentos de
amostragem. Por fim, serão descritos os procedimentos e técnicas utilizados na análise
dos dados obtidos junto aos sujeitos.
A investigação desta pesquisa foi realizada em agosto de 2014 no curso de Direito
da Universidade de Cuiabá – UNIC com três turmas do 10º semestre, concluintes do
curso em dezembro de 2014.
Como estratégia para o instrumento de coleta de dados foi utilizado um
questionário (Anexo I), que tinha como objetivo o estudo das representações sociais e das
mudanças climáticas globais. Com referência aos critérios éticos, os acadêmicos
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo II), garantindo o sigilo
das informações.
A elaboração do questionário adotou uma série de cuidados para formular as
questões no que se refere: a ordem, a quantidade, a clareza e a precisão, assim como a
aplicação do pré-teste, sendo este desenvolvido junto aos acadêmicos concluintes do
curso de Direito, da Universidade de Cuiabá – UNIC.
Este questionário buscou, além da identificação dos discentes, obter um banco de
dados baseado em evocações livres a partir de um estímulo indutor relativo às mudanças
climáticas globais.
Os indivíduos entrevistados evocaram as cinco primeiras palavras que lhes
surgiam frente ao estímulo apresentado. Posterior à evocação, solicitamos que
hierarquizassem as palavras para que pudéssemos obter a ordem média de evocação
(OME). Na sequência, atribuíram a importância às evocações, a fim de possibilitar o
cálculo da ordem média de importância (OMI) e, por fim, justificavam a escolha das
mesmas.
30
Após a realização da coleta de dados, tabulamos os dados em uma planilha do
Microsoft Excel, organizando as similaridades semânticas e de sentido para análise de
saturação e modelagem por estatística. Esta ação foi desenvolvida através da prevalência
dos lexemas.7
A nomenclatura das categorias se deu pela aproximação entre as palavras
evocadas e as justificativas que os acadêmicos expressaram no questionário, bem como a
relação das literaturas que tratam dos assuntos abordados.
Por meio das categorias, trazemos a análise e discussão de suas prevalências, bem
como sua ordem média de evocação (OME) e a ordem média de importância (OMI).
Além desses elementos, buscamos trazer algumas das justificativas realizadas pelos
sujeitos.
Com estes dados, pudemos perceber certas representações sobre o trabalho com o
corpo/aluno sob a óptica dos discentes do curso de Direito da UNIC.
A construção metodológica a ser utilizada nesta pesquisa viabiliza-se em Gatti
(2005), na medida em que considera uma inter-relação entre os conceitos de quantidade e
qualidade. Para a autora, quantidade é uma qualidade atribuída a determinado fenômeno.
Por outro lado, também é necessária uma atribuição de sentidos para o conceito de
quantidade, pois seu significado objetivo é restrito.
O trabalho foi pautado pelas seguintes questões:
Quais aspectos representacionais foram revelados pelos bacharelandos em Direito
quanto suas percepções a respeito das mudanças climáticas globais?
7 Para agruparmos as palavras que se encontravam no mesmo grupo morfológico e que
possuíam diferenciações prefixais e sufixais, consideramos a similaridade semântica e de sentido.
31
Como compreender a estrutura representacional apreendida conforme o grupo de
alunos de Direito pesquisado?
Para tentar responder tais questões, foi elaborado um instrumento composto por
duas partes, e aplicado de forma individual. A primeira parte do instrumento utilizou um
formulário baseado no teste de Associação Livre de Palavras (ALP), técnica
originalmente elaborada por Jung, que considerava que a estrutura psicológica do sujeito
poderia ser desvelada mediante a análise de uma rede simbólica manifesta em evocações
livres (NÓBREGA E COUTINHO, 2003). Conforme os autores, as pesquisas em
representações sociais que instrumentalizam tal técnica.
[...] visam identificar as dimensões latentes nas RS, através da configuração
dos elementos que constituem a trama ou rede associativa dos conteúdos
evocados em relação a cada estímulo indutor. Por tratar-se de uma técnica
projetiva, os conteúdos latentes e não filtrados pela censura tornam-se
salientes.
A ALP, em pesquisas de representações sociais, permite evidenciar universos
semânticos comuns a determinado grupo, o que pode viabilizar a identificação de
elementos estruturais de uma representação – núcleo central e elementos periféricos –,
conforme teoria de Abric (1998).
O instrumento se estrutura a partir de palavras evocadas pelos inquiridos,
mediante a estimulação através da apresentação de termos indutores. Para este trabalho
foram solicitadas aos sujeitos cinco palavras, como resposta ao seguinte mote indutor:
“mudanças climáticas globais”.
Uma segunda parte do instrumento caracterizou-se por um questionário composto
pelos seguintes tópicos:
Código de identificação do sujeito, escola e região pesquisada;
Perfil dos sujeitos – idade, sexo, estado civil, formação e dados profissionais.
32
3.1 Aplicação do questionário
O questionário foi aplicado em duas turmas do 10º semestre do curso de Direito
da Universidade de Cuiabá, sendo uma turma do campus Beira Rio e outra do Pantanal,
cujo ingresso se deu em 2010, concluindo em 2014, mediante o cumprimento de carga
horária de 3.700 (três mil e setecentos) horas. Do total de 105 alunos, 98 aceitaram
participar da pesquisa.
O instrumento de coleta de dados foi o questionário, que foi aplicado no campus
Beira Rio em 20/08/14 e no campus Pantanal em 22/0//14. Com referência aos critérios
éticos, os acadêmicos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
garantindo o sigilo das informações.
A elaboração do questionário seguiu uma série de cuidados para formular as
questões no que se refere: a ordem, a quantidade, a clareza e a precisão, assim como a
aplicação do pré-teste, sendo este desenvolvido junto aos alunos concluintes do curso de
Direito da Universidade de Cuiabá, campus Beira Rio e Pantanal. O questionário foi
composto de questões abertas, para que os acadêmicos manifestassem de forma livre suas
impressões sobre as mudanças climáticas globais.
3.2 Análise de conteúdo e de saturação
A fim de selecionar uma amostra de sujeitos que respondessem aos
questionamentos levantados, fez-se necessário um levantamento de dados acerca da
extensão e amplitude do universo de sujeitos a serem arguidos.
As evocações tiveram por base uma categorização por análise de conteúdo
conforme Popping (2000), Krippendorff (1980) e Bardin (2009) e avaliação de sua
saturação conforme De Musis et al. (2002).
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
As evocações obtidas foram submetidas a um procedimento de análise de
saturação que levou a um patamar de 20 indivíduos com 5 categorias (Figura 1), um valor
compatível com o tamanho da amostra coletada (80 questionários).
33
O gráfico de saturação indica onde as palavras e justificativas dos sujeitos
começam a apresentar certa redundância, permitindo inferir quanto a representatividade
da amostra coletada para a pesquisa. Neste gráfico, percebemos inflexão indicadora do
início da saturação a partir do sexto indivíduo e efetiva no vigésimo indivíduo.
Figura 1 – Curva de saturação entre os números de questionários e de categorias.
As estatísticas descritivas, assim como os rótulos das categorias, estão
apresentadas na Tabela 1, as relações entre estas podem ser observadas no dendrograma
presente na Figura 2, uma discussão amiúde segue nos tópicos a seguir.
Tabela 1 – Estatísticas descritivas das categorias para as evocações livres
Categorias %
Ordem
média de
evocação
Ordem média
de importância
Capitalismo 17.4% 3.24 3.12
Conscientização 25.7% 3.22 2.34
Devastação Ambiental 10.8% 2.81 2.97
Educação Ambiental 11.2% 3.64 2.37
Mudanças climáticas 82.6% 2.66 3.84
Número de questionários
Nú
mero
de
Ca
teg
oria
s
34
globais
17,4%
Capitalismo (C)
Produção,
poluição,
procura
desenfreada pelo
desenvolvimento
econômico,
lucro, consumo,
selvageria do
capitalismo.
10,8%
Devastação
ambiental (D)
Devastação
ambiental,
desmatamento,
desertificação,
catástrofe, extinção
dos seres vivos.
25,7%
Conscientização
(Co)
Futuras gerações,
preservação
ambiental,
políticas
ambientais,
escassez dos
recursos naturais
renováveis, medo.
11,2%
Educação
ambiental (EA)
Qualidade de
vida,
conscientização,
políticas
públicas,
pesquisas
científicas,
educação de
qualidade.
82,6%
Mudanças
climáticas
globais (MCG)
Aquecimento
global, efeito
estufa,
degradação do
meio ambiente,
sobrevivência,
mudanças
profundas.
Figura 2 – Dendrograma do sistema de categorias
4.1 Categoria Mudanças climáticas globais
A categoria “Mudanças climáticas globais”, com 82.6% das evocações, foi a mais
prevalente, reportando ao fato deste ser um discurso muito presente na mídia, tendo sido
tema de documentários premiados8 e tema fortemente presente na mídia geral,9
reportando a evocações como:
Aumento temperatura: esta mudança climática além de transformar o dia a dia
do ser humano desconfortável, desencadeia uma série de fenômenos de escala
crescente que atinge diretamente à sua sobrevivência como: seca em uma série
de Estados, queda produção de alimentos, descongelamento de geleiras.
(pn15)10
8 Vide “Uma verdade inconveniente”. Foi vencedor do Oscar de Melhor Documentário do ano de 2007, com participação do ex-vice-presidente norte-americano Al Gore. 9 No período de 01/01/05 a 01/01/15 o jornal Folha de São Paulo publicou 61 artigos com a expressão “mudanças climáticas globais” e 1282 com o termo “mudanças climáticas”. (FOLHA, 2015a; FOLHA, 2015b) 10 Código correspondente ao questionário coletado.
35
O aquecimento global trouxe mudanças profundas no ambiente mundial,
desestabilizando o que antes era habitável para a sociedade. Trouxe problemas
tanto para a sociedade como para os animais que perderam o seu habitat natural
em decorrência do uso da natureza sem restrições pelo homem. (pn23)
Mudança de atitude expressa um sentimento quando se fala em mudanças
climáticas globais, pois estas mudanças muitas vezes estão desordenadas.
Que interfere no ecossistema mundial e me traz a sensação que a natureza, o
clima, em especial, está respondendo as inúmeras agressões do homem o
sentimento e de mudar as atitudes que visem a preservação e um sistema
climático mais equilibrado (br80)
As mudanças climáticas repentinas são causadas pelo homem, pela má
utilização dos recursos naturais, pelo desenvolvimento industrial desenfreado e
a despreocupação em políticas de desenvolvimento sustentável. (br58)
Os discursos referem às mudanças climáticas globais como consequência de ações
diretas de nossa sociedade, comportando eventos de porte suficiente para comprometer
todo ecossistema. Embora a questão das mudanças climáticas seja controversa, não se
observou discursos de contraponto, reportando unicamente a um discurso de afirmação
do evento e preocupação quanto a conservação dos recursos naturais.
Conforme o 4º Relatório divulgado pelo IPCC foi constatado que a população e a
industrialização no mundo aumentaram consideravelmente e, por consequência, os níveis
de CO2 na atmosfera vêm crescendo e influenciando na manutenção do efeito estufa. Para
o IPCC, o gás carbônico é o responsável pelo aumento da temperatura média global
considerando que:
[...] a maior parte do aumento das temperaturas médias globais observadas
desde meados do século XX é muito provável que seja devido ao aumento
observado nas concentrações de gases de efeito estufa antropogênicas. (IPCC –
AR4,2007).
Esse mesmo relatório contestou a tese de que as emissões naturais possivelmente
não são a causa do aquecimento global e que a grande difusão observada do aquecimento
da atmosfera e oceanos, juntamente com a perda de massa de gelo, apoiam a conclusão de
que é extremamente pouco provável que a mudança climática global nos últimos 50 anos
possa ser explicada sem forças externa, e muito provável que não seja devido apenas a
causas naturais conhecidas (CASAGRANDE, et al 2011).
36
Ao contrário do IPCC, pesquisadores como Molion (2008), Baptista (2009),11
consideram que o aquecimento global não pode ser atribuído à ação antropogênica. Para
esses pesquisadores, a grande quantidade de dióxido de carbono enviada à atmosfera
pelas florestas em decomposição e pelos oceanos também contribui em muito nas
mudanças climáticas; o principal argumento deles apoia-se na tese de que a Terra passou
por outros períodos de aquecimento antes da Era Industrial, e não se conhece com certeza
os agentes que os provocam (BAPTISTA, 2009).
Uma hipótese é que essa questão possua um grau de abstração maior do que
outras, facilitando a evocação de opiniões mais contundentes e alarmistas, posto que mais
distanciadas. Um processo psicossomático de distanciamento possivelmente associado ao
conceito de “zona muda”12 de Jean Claude Abric.
O confronto entre esses dois argumentos tem por arena a mídia científica, com
prevalência do primeiro, o qual influencia fortemente a mídia e as políticas de Governo.
Mas será essa questão a mais premente dentre os problemas ambientais? Embora em
minoria, as falas abaixo expressam preocupações ampliadas:
A falta de controle da poluição e da degradação sem a imposição de parâmetros
e metas para os países do mundo, mesmo considerando suas diversidades,
acarreta inexistência de objetivos ou a possibilidade de se alcançar alguma
meta ambiental. Em suma sem controle, não há equilíbrio econômico-social-
ambiental. (pn17)
O clima está sempre em alteração, independentemente da ação do homem.
(pn41)
11 Em 2007, um grupo de cem pesquisadores assinou a Carta Aberta ao Secretário da ONU na qual coloca em dúvida a hipótese que o aquecimento global seja induzido pelo homem. 12 Conforme Abric (2006 e 2005) a “zona muda” corresponde a um fenômeno psicossomático em que indivíduos em suas narrativas selecionam os aspectos expressáveis da representação de determinados objetos em razão da normatividade que percebem estar em jogo na situação em que se encontram e, então, apresentam aquilo que imaginam ser a “boa resposta” ou o discurso “politicamente correto”. Exatamente, nessas situações existem duas facetas da representação: uma representação explícita, verbalizada pelos sujeitos; e uma segunda parte da representação, não verbalizada ou não expressa pelos sujeitos, a qual consistiria em uma zona muda das representações sociais.
37
4.2 Categoria Capitalismo
Em oposição a categoria anterior, esta aponta culpando por uma eventual reação
negativa da natureza o capitalismo e seus frutos: o consumismo, o fetiche por tecnologia
a selvageria empresarial.
A evolução tecnológica gera mais e mais demandas. Mais e mais demandas
acarretam demandas de recursos não renováveis e apesar do aumento da
produtividade e outros benefícios da tecnologia, a mudança de comportamento
da sociedade pela tecnologia prejudica o meio ambiente de maneira egoísta e
sem limites. (pn17)
A sociedade pós-moderna, produtiva e consumista, promove aceleração sobre o
meio ambiente e biosfera. (pn41)
O homem para produzir riqueza altera substancialmente a natureza seja
mudando a vegetação nativa, seja emitindo resíduos e substâncias tóxicas no
meio ambiente. A alteração da natureza em razão da ação humana acaba
causando mudanças climáticas. O homem tem contribuído com a sua atitude de
progresso a todo custo, deixando de cumprir a seu papel de reconstruir, medir
sua ação na destruição do meio ambiente. A consequência temos sentido nas
mudanças climáticas. O interesse econômico faz com que grande parte dos
empresários deteriore o meio ambiente em função da produção de riquezas,
fazendo com que o meio ambiente mude o seu ciclo causando grandes
impactos como as mudanças climáticas. (pn18)
Contudo, o que vem a ser o capitalismo? Na concepção de Antônio Houaiss
(2004) a palavra capitalismo têm várias acepções, porém, as mais destacadas são: 1)
Econômico – sistema econômico baseado na legitimidade dos bens privados e na irrestrita
liberdade de comércio e indústria, com o principal objetivo de adquirir lucro. 2)
Econômico Social – Sistema social em que o capital está em mão de empresas privadas
ou indivíduos que contratam mão de obra em troca de salário.
O uso do capital como mediador das trocas em uma sociedade, por princípio, não
deveria entrar em confronto com a ideia de manejo sustentável do meio ambiente. A
partir de uma análise estritamente econômica, a médio e longo prazo, o uso de práticas
menos agressivas ao meio ambiente, posto seu menor risco, constituiriam o caminho da
prudência. As falas a seguir sintetizam e transcendem essa questão.
Pelo capitalismo excessivo é que as grandes potências mundiais prejudicam e
ignoram a maior parte dos danos causados ao meio ambiente e
consequentemente ao meio ambiente climático. (br59)
A procura desenfreada por desenvolvimento a qualquer custo não leva em
conta o meio ambiente, nem as pessoas, pois esse falso desenvolvimento está
matando milhares de pessoas todos os anos. (br60)
38
Industrialização desenfreada é produto final que causa toda a cadeia de
mudanças climáticas e prejuízos ao resto do planeta. (br59)
Posto que o sistema capitalista está ligado à produção em massa e o consumo na
mesma proporção, e com isso produz o lucro, e para a aquisição de matéria-prima é
preciso extrair da natureza diversos recursos, a exploração é, por decorrência, constante e
desenfreada, sendo propícia ao desgaste do meio ambiente.
Os países desenvolvidos procuram dividir de forma injusta, as responsabilidades
pela crise ambiental com os países em desenvolvimento. Defendem o estabelecimento de
metas de emissão de gases de efeito estufa para os países em desenvolvimento, impondo
como consequência natural uma limitação de seu desenvolvimento social e econômico.
No entanto, os países em desenvolvimento necessitam gerar riquezas; se
desenvolver para avançar na solução de seus problemas sociais e econômicos, caso
contrário, os países ricos continuariam ricos e os pobres continuariam pobres. A questão
está no apressamento e, de certa forma, no não desejo de laborar melhores práticas face a
ganhos rápidos e certos.
Responsabilidade de todos os países inclusive os desenvolvidos são
preocupantes o fato de países desenvolvidos considerarem uma obrigação dos
países subdesenvolvidos manter o bioma natural enquanto outros se recusam a
diminuir seus resíduos em detrimento se sua estabilidade financeira. No que
tange ao intervencionismo internacional a falta de fiscalização e proteção do
patrimônio genético do Brasil, interesses que em algumas vezes são velados
pela suposta proteção ambientais, quando na realidade é o desejo de não ter um
concorrente no mercado, pesquisas e patentes. (pn36)
Preocupação; em razão das formas incoerentes que isso tem ocorrido,
preocupação também com desmatamento e a degradação do meio ambiente,
que influência diretamente nesse processo. Atualmente a selvageria do
capitalismo, quando digo isso quero dizer as grandes indústrias, criações de
polos tem se tornado, cada dia mais incisivo e até que ponto isso pode chegar.
Essa falta de preocupação dos seres humanos em especifico nosso
representante pode gerar consequências incalculáveis. (br77)
4.3 Categoria devastação ambiental
Aninhado ao tópico anterior (vide dendrograma), o desmatamento, com suas
consequências, surge como ápice do Capitalismo. Temos como exemplo dessa acepção as
falas:
39
O desmatamento ilegal deixando milhões de animais desabrigados. (br45)
O desmatamento desenfreado tem trazido consequência irreversível ao nosso
planeta como o aquecimento global. (br53)
Os danos ambientais são visíveis, pois altera-se as condições climáticas assim
tem manifestado a natureza com mais intensidade causando grandes
catástrofes, seja todas relacionadas a esta desajuste sendo imensas queimadas,
nevascas até mesmo extinção de espécies. (br79)
O modelo de desenvolvimento econômico originado no século XX (capitalista) se
tornou incapaz de conciliar as necessidades e exigências consumistas que lhe são
próprias, com a preservação das condições básicas que proporcionasse a garantia da
qualidade de vida das sociedades.
Em decorrência do desenvolvimento acelerado do capital e a busca de garantir
maior lucratividade, a natureza passou a ser cada vez mais devastada. Visando amenizar
os efeitos do capitalismo sobre o meio ambiente, foram realizados vários debates com a
busca de alternativas que pudessem diminuir os efeitos da devastação ambiental.
O aquecimento global trouxe mudanças profundas no ambiente mundial,
desestabilizando o que antes era habitável para a sociedade. Trouxe problemas
tanto para a sociedade como para os animais que perderam o seu habitat natural
em decorrência do uso da natureza sem restrições pelo homem. (pn23)
A destruição por parte do homem que ocorre desde os tempos antigos de forma
desenfreada e sem limites, hoje reflete e de certa forma possui culpa, no que se
refere as mudanças climáticas globais. (br51)
Os danos ambientais provocados pela atividade humana têm sido, há algumas
décadas, fonte de preocupação e pesquisa das comunidades científicas, que têm alertado
para as graves consequências do uso indiscriminado dos recursos naturais, tais como a
desertificação, aceleração do aquecimento global, a destruição dos ecossistemas,
provocado pelo desmatamento e muitos outros.
Os problemas ambientais que as sociedades vêm enfrentando nas últimas décadas
atribuem à própria economia a necessidade de analisar e reavaliar a questão ambiental e
buscar formas de conciliar desenvolvimento econômico com proteção ambiental,
considerando que meio ambiente e desenvolvimento econômico estão interligados.
40
4.4 Categoria conscientização
A conscientização para cuidar do meio em que vivemos deve partir do princípio
de que todos os recursos são finitos, e para isso precisam de cuidados do homem. As
consequências geradas no meio ambiente têm grande impacto, seja ela gerada por grandes
empresas ou por um simples desperdício em casa ou no trabalho. Conforme essas
informações migram do universo reificado para o nocional surgem representações
objetivadas em sentimentos.
[Medo] Vivemos atualmente sem nos preocupar com o futuro, e cada vez mais
poluímos e trabalhamos contra o bem estar do nosso planeta. (br71)
[Socorro] Reflete um sentimento que as mudanças climáticas são reações de
agressão ao meio ambiente. Nesta lógica o socorro passa por um processo a
onde não podemos mais relegar ao acaso. Precisamos de políticas públicas que
andem e previnam interferências que levam o meio ambiente a um processo de
recuperação. (br80)
[Descaso] por parte dos seres humanos que ainda não se conscientizaram do
quão necessário é a preservação do meio ambiente. (pn08)
[A] escassez dos recursos naturais não renováveis - como, por exemplo, a água,
a energia elétrica, que se não houver uma conscientização da coletividade neste
momento, todos nós seremos os mais prejudicados e os efeitos já estão
aparecendo no nosso dia-a-dia. (br57)
Podemos considerar que essa objetivação decorre de uma aproximação do
representado. A percepção de que as alterações climáticas, do solo, desflorestamento,
queimadas, efeito estufa, poluição do ar e da água, podem comprometer a vida presente
tem sua presença imanente, levando a um sentimento generalizado de impotência e
insegurança.
A percepção dos problemas de grandes metrópoles, como enchentes, acúmulo de
lixo nas ruas, excesso de veículos emitindo muito gás carbônico na atmosfera, contudo,
remete a uma noção de que é necessária uma consciência ampliada.
O dever de conscientização no sentido de reduzir os problemas já criados
para encontrar em forma de garantir o futuro das próximas gerações. (br51)
[A conscientização é a] influência do homem contribui as vezes para
mudanças climáticas, por exemplo os gases de veículos entre outros
contribuindo para aumentar camada de ozônio, deve existir uma
conscientização humana e um interesse para diminuir esse fato. (br62)
41
[A] falta de conscientização do homem em saber que ele está destruindo o
seu lugar aonde vive, não pensando no próximo, não tem amor a natureza
que deveria ser preservada. (br57)
A ideia de que a consciência ecológica está intimamente ligada à preservação do
meio ambiente, passou a ser a preocupação mundial e nenhum país pode eximir-se de sua
responsabilidade. Tal necessidade de proteção do meio ambiente é antiga e surgiu quando
o homem passou a valorizar a natureza, mas não de maneira acentuada como nos dias de
hoje.
Talvez não se desse muita importância à extinção dos animais e da flora, mas
existia um respeito para com a natureza, por ser criação divina. Só depois que o homem
começou a conhecer a interação micro-organismos existente no ecossistema é que sua
responsabilidade aumentou (Milaré, 2011). Contudo, até que ponto essa é uma
responsabilidade apenas dos outros?
De início, temos que a conscientização é um tema que cresce e que faz com que o
meio ambiente torne-se preservado pelo homem. Consiste em suprir necessidades das
pessoas sem afetar as próximas gerações, até provendo melhorias. Dessa forma, tem por
fé que cada um fazendo a sua parte, a preservação do meio ambiente está garantida para
as futuras gerações. Destarte, precisaríamos pensar além, precisaríamos de uma
conscientização ampliada que, articulando o social com o individual, favoreceria nossa
perenidade enquanto parte da natureza.
Devemos nos preocupar com que qualidade de vida que terão as futuras
gerações. (pn01)
Cuidar da natureza. Para mim reflete um sentimento de unidade e não de algo
separado neste sentido as mudanças climáticas globais me sentir e refletir até
onde vamos com tanta agressão, poluição, a meu ver as mudanças climáticas
são reações do homem na natureza. (br80)
Uma atividade introspectiva que cada um deve desenvolver como uma forma
de engrandecimento e aprimoramento interior por reconhecer que não somos os
únicos a usufruir do ambiente e após nossa estada outros virão sendo
fundamental terem um ambiente climáticos de qualidade para o seu
desenvolvimento. (br47)
As futuras gerações verão as consequências dos danos causados pelo homem
hoje. A falta de conscientização acarretará grandes perdas para futura geração.
(br62)
42
4.5 Categoria Educação Ambiental
Conforme Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA – Lei 9.795/99)
vigente, em seu artigo primeiro, define-se educação ambiental como os processos por
meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos e
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem
de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
O meio ambiente precisa ser preservado e isso depende de nós da sociedade em
não poluir, está na preservação, na educação. (pn21)
Por outro lado:
A população de um modo geral não sabe nem o que é mudanças climáticas.
Não tem consciência da mudança que faz o simples fato de não jogar lixo na
rua. (br65)
[A] falta de educação ambiental em todos os níveis, e estados põe em risco um
meio ambiente equilibrado e sadio para a presentes e futuras gerações. Não
pondo em prática várias técnicas já disponíveis para preservação ambiental.
(br60)
Se entendermos a educação ambiental como ação transformadora e política, que
forma o cidadão e instruí as comunidades para a cidadania ativa visando a
sustentabilidade, a justiça social e o bem comum, suas estratégias, ações ou oficinas
concernentes, têm no cidadão elemento ativo que, ao conhecer e entender melhor o
significado do mundo em que vive, orienta suas práticas no sentido do bem pessoal e
comum.
Nestes tempos de ciberespaço a informação assume um papel cada vez mais
relevante, petitio principii, a educação torna-se uma importante via para cidadania,
representando a possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para a transformação
da sociedade. Nesse sentido cabe destacar que a educação ambiental assume cada vez
mais uma função imanente, na qual a lealdade ampliada dos indivíduos torna-se um
objetivo essencial para promover o desenvolvimento sustentável.
As políticas públicas e as estratégias de desenvolvimento do mundo moderno
vislumbram novas paisagens para o mundo via educação ambiental. O objetivo desse
panorama idílico é conduzir-nos a um grau de desenvolvimento mais próximo possível
daquilo que desejamos. O papel da educação ambiental, principalmente enquanto
43
ancorada na perspectiva das políticas públicas, é de fundamental importância social,
dependendo tanto da vontade política dos nossos governantes, quanto o agir local dos
indivíduos, para resolver os problemas das nossas sociedades.
Não menos importante que a consciência ambiental, as políticas ambientais são
imprescindíveis para o controle das mudanças climáticas. Exige do poder
público uma maior atuação em prol de medidas emergenciais que previnam as
drásticas mudanças climáticas. (br67)
Assim, temos nas falas uma educação ambiental objetivada como um instrumento
de constituição do ser humano para o desenvolvimento sustentável que só poderá ser
alcançado com a revisão dos valores humanos, das atitudes éticas, tanto dos homens entre
si como destes com a natureza.
A conscientização da população, por meio da educação de qualidade é a única
solução para reverter essa situação e salvar o planeta das possíveis tragédias
que poderão ocorrer. (pn22)
Destarte, retornamos ao sapere aude Kantiano, e temos na elaboração e reflexão
constante, um meio, talvez o único de encaminhamento à ação de forma prestante ao uma
melhor harmonia com o meio ambiente e, por derivação, com nossa perenidade.
44
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como bem se pode deduzir do quanto foi exposto, as mudanças climáticas
constituem um fenômeno global de implicações múltiplas. Elas não compõem um fato
isolado, fechadas em si mesmas. Desde a origem até suas mais remotas consequências,
essas mudanças globais envolvem um sem número de fatores e, sendo sistêmicas, isto é,
estão intimamente ligadas ao ecossistema terrestre, tanto em suas causas quanto em seus
efeitos.
As implicações das mudanças climáticas exigem medidas urgentes para buscar
contê-las ou adaptar-se a elas. Neste sentido, muitas ações têm sido realizadas. Porém, é
necessário priorizar a problemática das variações no clima para implementar medidas
mais efetivas na mitigação do aquecimento global.
Com esta pesquisa pudemos apreender as Representações Sociais, bem como
algumas das concepções prévias dos acadêmicos do curso de Direito da Universidade de
Cuiabá acerca do aquecimento global. Entendemos que, por se tratar de um tema bastante
atual e divulgado amplamente a mídia, tais representações e concepções têm papel
fundamental na aquisição de desses conhecimentos, diferentemente de diversos temas
científicos discutidos apenas em sala de aula.
Porém, mesmo considerando algumas diferenças devido ao grupo social ao qual
pertencem os acadêmicos, muitas concepções prévias se repetiram entre as turmas,
havendo termos que as aproximam. Em relação aos temas discutidos nesse trabalho, a
partir das análises dos questionários, chegamos as seguintes conclusões.
No que se refere ao meio ambiente, os acadêmicos, em sua maioria, têm a visão
espacial. Além da visão compartilhada pela maioria, os acadêmicos se dizem
preocupados com o meio ambiente, porém, existem contradições, pois em algumas
questões encontramos citações de atitudes que degradam o meio ambiente ou que são
despreocupadas. Isso revela que mesmo os acadêmicos estão sensibilizados com os
problemas ambientais, contudo, muitos ainda não sabem qual é o seu papel frente ao
aquecimento global e de que forma suas atitudes aumentam ou minimizam os efeitos do
fenômeno.
45
Tratando-se do conhecimento sobre o que é o aquecimento global, encontramos
um núcleo de representações sociais bastante parecidos entre as turmas, constituindo-se
dos termos: “mudanças climáticas globais”, “capitalismo”, “conscientização”,
“devastação ambiental” e “educação ambiental”, pois foram os termos que mais se
associaram aos demais termos presentes nas respostas dos questionários.
Quanto às mudanças do planeta decorrente do aquecimento global, encontramos
um núcleo de representações sociais, novamente parecido entre todas as turmas.
Constatamos que há uma forte ideia de causa e efeito nas respostas, já que muitas
apresentam os termos de forma sequencial, por exemplo: aquecimento, derretimento das
geleiras, aumento do nível do mar e inundações.
Dentre as possíveis causas do aquecimento global, encontramos uma arena onde
as ações do homem e causas naturais estão postas como as responsáveis pelo
aquecimento global. Quanto à possibilidade de sua mitigação, temos algo semelhante, já
que a maioria dos acadêmicos afirma que é possível controlar o aquecimento global, bem
como isso pode ser feito por meio de suas ações individuais. Em relação às atitudes
individuais que podem ser feitas a fim de que os efeitos do aquecimento global sejam
minimizados, uma vez que afirmam que poderiam fazer tais ações, ou seja, ainda não as
praticam.
Concluímos, então, que mesmo se tratando de um tema atual e com ampla
divulgação nos diversos meios de comunicação, ainda existe muito a ser trabalhado para
que se conheça em profundidade o assunto. Os acadêmicos sobrepõem concepções sobre
os fatos que, conforme atribuem, podem afetar o clima do planeta, de forma que, muitas
vezes, associam problemas ambientais que não se relacionam com as causas do
aquecimento global, como a diminuição da camada de ozônio, e os tsunamis e
terremotos.
De modo geral, constatamos que os acadêmicos ainda não conseguem associar
suas atitudes individuais com maneiras de controle do aquecimento global. Isso se explica
pelo fato de responsabilizarem as indústrias pelo problema sem associarem seu papel de
consumidores. Citam o não desperdício de energia sem tratar sobre o uso de energia para
a fabricação dos produtos que irão comprar.
46
Ainda há muito que ser feito a respeito do tema. Acreditamos que a presente
pesquisa possa contribuir para a necessidade de conhecer as ideias, concepções e
representações que os acadêmicos manifestam sobre o tema. É de grande importância que
não só os acadêmicos, mas a sociedade em geral, conheça, de fato, a explicação cientifica
a respeito das causas do aquecimento global.
Por fim, cada indivíduo deve reconhecer-se como agente desse processo, que seu
modo de vida e consumo estão intimamente ligados ao agravamento do problema e que é
necessário o envolvimento de todos na busca de soluções para os problemas ambientais.
A sociedade deve romper o paradigma de que a culpa é sempre do outro, que o
aquecimento global não tem mais solução, e que apenas os órgãos superiores têm a
autonomia para solucionar o fato.
O nível de conscientização deve partir do meio em que vivemos e do princípio de
que todos os recursos são finitos, por isso precisam de cuidados do homem, já que as
consequências ao meio ambiente têm grande impacto, seja ela gerada por grandes ou
pequenos atos, em suprir necessidades das pessoas ou instituições.
Entende-se que os problemas ambientais podem ser atribuídos à própria economia
e a necessidade de reavaliar a questão ambiental e buscar formas de conciliar
desenvolvimento econômico com proteção ambiental, considerando que meio ambiente e
desenvolvimento econômico estão interligados.
Sem a satisfação das necessidades humanas básicas não há desenvolvimento
sustentável, o que significa dizer que sem justiça climática também não há. Daí a ligação
essencial entre desenvolvimento sustentável e justiça climática. Portanto, se de fato a
humanidade anseia pela concretização do desenvolvimento sustentável devem convergir
para uma agenda política aberta às demandas globais por justiça climática.
Para além do descerrar das cortinas, tenho que a educação ambiental como ação
transformadora e política para a cidadania ativa objetivando a sustentabilidade, vê no
cidadão elemento ativo que, ao conhecer e entender melhor o significado do mundo em
que vive, onde a educação torna-se uma importante via para cidadania, representando a
possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para a transformação, dependendo tanto
47
da vontade política, quanto da ousadia e do agir dos indivíduos no saber, onde ele terá a
coragem de refletir, transformar de forma harmoniosa e positiva o meio onde vive.
Como bem se pode deduzir do quanto foi exposto, as mudanças climáticas
constituem um fenômeno global de implicações múltiplas. Elas não compõem um fato
isolado, fechadas em si mesmas. Desde a origem até suas mais remotas consequências.
O alerta das mudanças climáticas globais – certamente mais do que em outras
crises – vem para mobilizar uma constelação de ideias, sentimentos e ações comuns. É o
que acontece com esse risco planetário. A orquestração da política para as mudanças
climáticas faz lembrar que a família humana precisa estar em sintonia com “harmonia das
esferas” de que falava o filósofo Pitágoras no século VII antes de Cristo. Não é
admissível que prossigamos desafinando do ‘com serto’ e do ‘com certo’ do Universo.
(MILARÉ, 2011).
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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53
ANEXO I
QUESTIONÁRIO AOS ACADÊMICOS DO 10º SEMESTRE DO CURSO
DE DIREITO
Este questionário constitui instrumento de coleta de dados de pesquisa
com os acadêmicos do 10º semestre da Faculdade de Direito da Universidade de Cuiabá
que tem como objetivo o estudo das representações sociais e das mudanças climáticas
globais.
A pesquisa é de responsabilidade do pós-graduando José Valter Ribeiro,
agregada ao Mestrado em Ciências Ambientais do Programa de Pós-Graduação Stricto
Sensu, Mestrado Acadêmico em Ciências Ambientais, na Universidade de Cuiabá –
UNIC sob orientação do Prof. Dr. Carlo Ralph De Musis.
O responsável por este estudo assume o compromisso junto aos
acadêmicos do 10º semestre do curso de Direito da Universidade de Cuiabá – UNIC:
I. Preservar o sigilo e a privacidade dos sujeitos cujos dados (informações) serão
estudados;
II. Assegurar que as informações serão utilizadas, única e exclusivamente, para a
execução da pesquisa em questão;
III. Assegurar que os resultados da pesquisa serão divulgados de forma anônima,
não sendo usadas iniciais ou quaisquer outras indicações que possam
identificar o sujeito da pesquisa.
Obrigado pela sua participação.
54
1. DADOS DEMOGRÁFICOS
Data de nascimento: _____/_____/_____ (dia/mês/ano)
Sexo: ( ) masculino ( ) feminino
Estado Civil: ( ) solteiro(a) ( ) casado(a) ( ) divorciado(a)
( ) desquitado(a) ou separado(a) judicialmente ( ) viúvo(a)
Você realizou o ensino básico em escola:
( ) pública ( ) privada
( ) parte na escola pública e parte na escola privada
Ano de ingresso no Curso de Direito: ____________
Você é beneficiário do FIES: ( ) Sim ( ) Não
Por que escolheu o curso de Direito para formação no ensino superior?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
55
__________________________________________________________________________________________________________________
Você trabalha? ( ) Sim ( ) Não
Se for sim a que área você atua? _______________________________________________________________________________________________________________________
Qual função você desempenha?
________________________________________________________________________________________________________________________________
II – Questionário sobre Mudanças Climáticas Globais.
1) Como as questões ambientais são trabalhadas/estudadas em seu curso?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2) Que mudanças e que impactos naturais e sociais provocariam as mudanças climáticas globais?
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3) Para você, o que é desenvolvimento sustentável? __________________________________________________________________
56
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
TREINO
4) Escreva, por favor, as primeiras cinco palavras ou expressões que lhe vêm à mente quando você pensa sobre o Big Brother.
a. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2
b. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2
c. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2
d. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2
e. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2
Explique as palavras ou expressões fornecidas na página anterior:
a)________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
b)________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
57
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
c)________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
d)________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
e)________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4) Escreva, por favor, as primeiras cinco palavras ou expressões que lhe vêm à mente quando você reflete sobre as mudanças climáticas globais.
a. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2
b. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2
c. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2
d. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2
e. ( ) – 2 – 1 0 + 1 + 2
58
Explique as palavras ou expressões fornecidas na página anterior:
a)________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
b)________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
c)_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
d)________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
e)________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
59
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Anexo II
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Nome do Pesquisador – JOSÉ VALTER RIBEIRO
Você está sendo convidado a participar desta pesquisa. Ao integrar este estudo
estará permitindo a utilização dos dados fornecidos. Você tem liberdade de se recusar a
participar e ainda se recusar a continuar participando em qualquer momento da pesquisa,
sem qualquer prejuízo pessoal.
Todas as informações coletadas neste estudo são estritamente confidenciais, você
não precisará se identificar. Somente o pesquisador terá acesso às suas informações e
após o registro desta o documento será destruído.
Consentimento Livre e Esclarecido: Tendo em vista os esclarecimentos acima
apresentados, eu, manifesto livremente meu consentimento em participar da pesquisa.