representação do negro no livro didático

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Representação do negro no livro didático

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Page 1: RepresentaçãO Do Negro No Livro DidáTico

Os presentes dados referentes ao racismo em livros didáticos e paradidáticos, foram apresentados em seminário elaborado pelo Centro de

Estudos das relações do Trabalho e Desigualdades – CEERT e pelo Fundo das Nações Unidas Para a Infância – UNICEF, em 22 de maio de 2003.

O referido seminário objetivou sensibilizar importantes atores do cenário educacional brasileiro a fim de discutir a inclusão da temática racial em

seus programas institucionais.

O objetivo da tabela que se segue é analisar as principais pesquisas que tiveram como objeto de estudo a representação do negro em livros

didáticos e paradidáticos, apontando suas principais conclusões. Um aspecto que incide em todas as pesquisas analisadas, é a representação do

negro de uma maneira estereotipada e preconceituosa. Outro aspecto que se observa após a análise destas pesquisas, é que decorridas cinco

décadas, ainda nos deparamos com publicações (Banzo, Tronco e Senzala - Elzi Nascimento e Elzita Melo Quinta, ilustrações Negreiros, editora

Harbra, 1999) que tratam o negro como um cidadão de segunda categoria, animalizado e como único responsável pelo processo de escravidão.

Esperamos que estas conclusões contribuam como indicadores de análise e seleção das publicações para o público infanto-juvenil.

Page 2: RepresentaçãO Do Negro No Livro DidáTico

Pesquisas sobre representação do negro em livros didáticos e paradidáticos

Ano Autor Título Principais conclusões

1950 Dante Moreira Leite Preconceito racial e patriotismo em seis

livros didáticos primários brasileiros

Negro representado em situação social

inferior.

Superioridade da raça branca.

O branco tendo uma postura de desprezo

e/ou piedade para com o negro.

1957 Bazzanella Valores e estereótipos em livros de

leitura.

O negro desempenhando funções

subalternas.

Sempre relacionado à escravidão.

1980

(1955-1975)

Fúlvia Rosemberg Análise dos modelos culturais na

literatura infanto-juvenil brasileira.

Em situação de trabalho mesmo quando

não desempenhando nenhuma atividade

profissional (mulheres como empregadas

domésticas e homens como trabalhadores

Page 3: RepresentaçãO Do Negro No Livro DidáTico

manuais).

O negro como escravo.

Escassez de multidões mistas, indicando a

não miscigenação e invisibilidade do

negro.

Religiosos brancos.

Corpo humano: homem, branco e adulto.

Traço tipificador, como se todos os negros

fossem iguais.

1990 Esmeralda Negrão e

Regina Pahim Pinto

De olho no preconceito: um guia para

professores sobre racismo em livros

para crianças.

Inexistência do negro em livros.

O negro como categoria social.

Branco tido como padrão. Tendência ao

branqueamento de objetos

antropomorfizados.

1995 Ana Célia da Silva Discriminação do negro no livro

didático

O negro assemelhado a seres irracionais.

Descontextualizado (sem família).

Associado à animais.

Desempenhando funções subalternas.

Em último lugar.

Menor freqüência nas ilustrações em capas

e como personagens principais.

Representado de forma caricaturada.

Page 4: RepresentaçãO Do Negro No Livro DidáTico

Maltrapilho e sujo, como se negro e pobre

fosse condições intrínsecas.

Criança isolada.

1999 Chirley Bazilli Discriminações contra personagens

negros na literatura infanto-juvenil

brasileira contemporânea

Vinte anos de produção (...) ocorreram (...)

quase inalterações, das tendências sobre

as relações raciais (...). (p. 101)

Fonte: Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdades – CEERT

Page 5: RepresentaçãO Do Negro No Livro DidáTico

Referências bibliográficas:

BAZILLI, Chirley. Discriminações contra personagens negros na literatura infanto-juvenil brasileira contemporânea. São Paulo,

Dissertação de mestrado em Psicologia Social (PUC-SP), 1999.

BAZZANELLA, W. Valores e estereótipos em livro de leitura. Boletim do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais. Rio de

Janeiro, vol. 2, n. 4, mar., 1957.

LEITE, Dante M. Preconceito racial e patriotismo em seis livros didáticos primários brasileiros. Psicologia. São Paulo, n. 3, p.207-31,

1950.

NEGRÃO, Esmeralda V. & PINTO, Regina P. De olho no preconceito: um guia para professores sobre racismo em livros para

crianças. São Paulo, Fundação Carlos Chagas, 1990.

ROSEMBERG, Fúlvia. Análise dos modelos culturais na literatura infanto-juvenil brasileira. São Paulo, Fundação Carlos Chagas,

volumes 1 a 9, 1980.

SILVA, Ana Célia da. Discriminação do negro no livro didático. Salvador, Editora CEAO, 1995.