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6 º Ano do
Mestrado Integrado em Medicina
Dissertação: Tuberculose Associada ao Tratamento
de Doenças Autoimunes
Por Mariana Cristina Quaresma
1
Junho 2012
Dissertação para obtenção de Mestrado em Medicina
Afiliação Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar / Universidade do Porto
Titulo "Tuberculose Associada ao Tratamento de Doenças Autoimunes"
Autora Mariana Cristina Mendonça Costa de Oliveira Quaresma
Endereço Rua dos Carvalhos nº 133 4470-258 Maia, Vermoim
Contacto Telefónico 00351 913420628 Email [email protected]
Orientador Professor Doutor Carlos Vasconcelos
Co-Orientadora Dra. Raquel Faria
2
3
RESUMO
A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 1/3 da população mundial possa
estar infetada pelo bacilo Mycobacterium Tuberculosis. Nos indivíduos saudáveis o
risco de reativação de infeção latente e de progressão para Tuberculose Doença é cerca
de 5 % mas este aumenta em condições clinicas conhecidas de imunossupressão como a
infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana. A incidência de Tuberculose
encontra-se aumentada nos doentes com Doenças Autoimunes como o Lupus
Eritematoso Sistémico e a Artrite Reumatoide particularmente em áreas onde a
Tuberculose é endémica. A este risco estão também atribuídos os distúrbios
imunológicos subjacentes á doença autoimune, o efeito imunossupressor das
Terapêuticas Modificadoras da Doença, a presença de co morbilidades, doença
autoimune prolongada e doença extra articular. A revisão atualizada da literatura
existente é importante para uma melhor compreensão do papel das diferentes
terapêuticas com potencial imunossupressor sobre o risco de Tuberculose em doentes
reumáticos. Para isso, procedeu-se á análise sistemática de artigos de investigação
publicados na Pubmed utilizando como meio de pesquisa o motor de busca online
Medline. Vários estudos observacionais demonstraram uma forte associação entre
Tuberculose e o uso de Inibidores do Fator de Necrose Tumoral alfa sugerindo um risco
diferencial entre os diferentes biológicos. Contudo, não existe consenso na literatura
quanto ao risco de Tuberculose associada ás Terapêuticas Modificadoras de Doença
convencionais nomeadamente o Metotrexato. Alguns estudos sugerem ainda que os
Glucocorticoides são um fator de risco importante para Tuberculose mas apenas Jick et
al caracterizou o risco droga-especifico. A Tuberculose associada ao tratamento de
doenças reumáticas surge nas primeiras semanas do tratamento com Infliximabe ,
apresenta-se frequentemente sob a forma extrapulmonar e disseminada e está associada
a maior mortalidade. Apesar dos testes de rastreio da Tuberculose Latente em Doentes
Reumáticos serem menos específicos e sensíveis a realização de rastreio e
quimioprofilaxia nesta população especifica tem demonstrado ser eficaz.
Palavras-chave: Risco de Tuberculose, Doenças Autoimunes, Lúpus Eritematoso
Sistémico, Artrite Reumatoide, Imunossupressores, Glucocorticoides, Rastreio,
Tratamento
4
ABSTRACT
The World Health Organization estimates that about one third of the world´s
population may be infected with Mycobacterium Tuberculosis bacillus. In healthy
individuals the risk of Latent Infection reactivation and progression to
Tuberculosis Disease is up to 5% and is increased in various known
immunosuppressive conditions such as in the HIV infected patient. Tuberculosis
risk is increased in patients with Autoimmune Diseases as in those with Systemic
Lupus Erythematosus and Rheumatoid Arthritis who live in endemic areas. This
risk is attributed to underlying immunological disturbances, the
immunosuppressive effects of Disease Modifying Drugs and the presence of co
morbidities, prolonged disease duration and extra articular disease. An up to date
review of the existing literature is crucial for a better understanding of the risk of
Tuberculosis associated with therapeutical approaches of rheumatic patients. In
order to do so, a systematic review and analysis of Pubmed published investigation
articles was made using Medline, an internet research engine. Various studies
demonstrated a strong association between the risk of Tuberculosis and the use of
Tumor Necrosis Factor alpha Inhibitors also suggesting a differential risk between
biologics. However, there is no convincing data about the risk associated with
conventional Disease Modifying Drugs such as Methotrexate. Some studies also
suggests that Glucocorticoids are a major risk factor for Tuberculosis but only
Jick et al characterized their drug-specific risk. Tuberculosis in rheumatic patients
is diagnosed within weeks following treatment with Infliximab , it is frequently
extra pulmonary and disseminated in its presentation, and is associated with
greater mortality. Screening tests for Tuberculosis infection in Rheumatic Patients
are less sensitive and specific but screening programmes and chemoprophylaxis
have shown to be efficient.
Key-words: Tuberculosis Risk, Autoimmune Diseases, Systemic Lupus
Erythematosus, Rheumatoid Arthritis, Immunosuppressors, Glucocorticoids,
Screening, Treatment
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a realização deste trabalho e a concretização de um sonho aos meus pais
que sempre acreditaram.
A todos os amigos que me fizeram sorrir e a todas as pessoas que contribuíram para o
meu crescimento pessoal um muito obrigado.
Ao meu Tutor e Professor Carlos Vasconcelos, o meu agradecimento pela sugestão de
um tema interessante e pelo tempo precioso oferecido.
Á minha coorientadora Dra. Raquel Faria, por me ter disponibilizado material de
consulta.
6
SIGLAS E ABREVIATURAS
OMS - Organização Mundial de Saúde
MTB - Mycobaterium tuberculosis
TBD - Tuberculose Doença
TBL - Tuberculose Latente
VIH - Vírus da Imunodeficiência Humana
DAI - Doença Autoimune
AR - Artrite Reumatóide
LES - Lupus Eritematoso Sistémico
DMARDS - Terapêuticas Modificadoras de Doença
GC - Glucocorticóides
MTX - Metotrexato
SLZ - Sulfasalazina
AZA - Azatioprina
FNT-alfa - Fator de Necrose Tumoral alfa
anti-FNT-alfa - Inibidores do Fator de Necrose Tumoral alfa
ETN - Etanercept
ADA - Adalimumab
IFX - Infliximab
RR - Risco Relativo
OR - Odds Ratio
7
CCPD - Centro de Controlo e Prevenção de Doenças
ACR - American College of Rheumatology
SPR - Sociedade Portuguesa de Reumatologia
PT - Prova Tuberculinica
IGRA- Interferon Gamma Release Assay
8
ÍNDICE GERAL
1. Resumo / Abstract 4
2. Agradecimentos 6
3. Siglas e Abreviaturas 7
4. Introdução 10
4.1.1 Carga Global da Tuberculose
4.1.2 Tuberculose, Autoimunidade e Imunossupressão
4.1.3 Pertinência do Tema e Objetivos
5. Material e Métodos 13
6. Desenvolvimento 14
6.1 Incidência e Características da TB em doentes com LES e AR
6.2 Tuberculose associada aos Glucocorticoides
6.3 Tuberculose associada aos DMARDS clássicos
6.4 Tuberculose associada aos DMARDS biológicos
6.5 Rastreio da Tuberculose Latente e Tuberculose Doença
6.6 Tratamento da Tuberculose Latente e Tuberculose Doença
6.7 Prevenção da Tuberculose nas DAI : Investigação
7. Conclusão 26
8. Bibliografia 28
9. Anexos 33
9
INTRODUÇÂO
CARGA GLOBAL DA TUBERCULOSE
Em 1993 a Tuberculose (TB) foi declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
uma emergência mundial. Desde essa altura foram implementadas medidas e estratégias
agressivas de rastreio e controlo da doença nomeadamente o programa DOTS parte do
Plano Global STOP TB[1]. Apesar dos avanços realizados nesta área surgem cerca de 9,2
milhões de novos casos de Tuberculose Doença (TBD) por ano[2] e a TB continua a ser a
segunda causa global de morte em adultos por causa infeciosa a seguir ao VIH/SIDA
tendo sido responsável por cerca de 1,4 milhões de mortes no ano 2010 ( OMS 2010 ).
Estima-se que cerca de 1/3 da população mundial possa estar infetada pelo bacilo
Mycobacterium tuberculosis (MTB) e que sem tratamento adequado 5 a 10% das
pessoas saudáveis com Tuberculose Latente (TBL) irão sofrer reativação e progressão
para TBD[2]. A risco de reativação da TB depende de vários fatores ambientais
reconhecidos na literatura e está associado a vários estados de imunossupressão
(TABELA 1). É particularmente elevado em indivíduos infetados pelo Vírus da
Imunodeficiência Humana (VIH) (8-10% por ano) e em países onde a TB tem alta
prevalência[2] (Fig.1).
TB, AUTOIMUNIDADE E IMUNOSUPRESSÃO
De acordo com vários estudos publicados o Lupus Eritematoso Sistémico (LES) [3-9] e a
Artrite Reumatoide (AR)[10-12][3][4] são fatores de risco independentes para tuberculose e
infeções oportunistas[10][11]. Vadillo Font et al[3] calcularam a densidade de incidência de
TB numa população de 3634 doentes com Doenças Autoimunes (DAI) acompanhados
por um período acumulado de 9795 anos em 153 casos por 100 000 doentes e
verificaram um aumento significativo em relação á densidade de incidência na
população de Madrid para aquele ano (38 casos por 100 000). Neste estudo a incidência
de TB foi diferente para os vários tipos de DAI sendo superior para doentes com LES -
645 casos por 100 000 doentes e outras vasculites não especificadas - 930 casos por 100
000 quando comparados com doentes com AR - 231 casos por 100 000, Polimialgia
10
Reumática - 565 casos por 100 000 e a Artrite Temporal de Células Gigantes - 367
casos por 100 000. JE Yun et al[4 ] relataram igualmente maior incidência de tuberculose
entre doentes com lúpus em comparação com outras DAI.
O incidência de TB nas DAI varia de acordo com a prevalência nacional de TB.
Segundo Erdozain JG et al [5]os doentes com LES em Espanha apresentam um risco 6
vezes superior de desenvolver TBD quando comparados com a população em geral. Em
Hong Kong, o Risco Relativo (RR) de TB em doentes com LES varia entre 5 e 15 [6][8] e
na India, um pais de alta prevalência de TB e cuja incidência em 2008 foi a maior a
nível global[1], o risco de TB nos doentes com LES foi 10-60 vezes superior[9] em
comparação com a população indiana.
As terapêuticas biológicas revolucionaram o tratamento de várias doenças
imunomediadas e em particular as Doenças Reumáticas como a AR, Espondilite
Anquilosante, Artrite Idiopática Juvenil e a Artrite Psoriática. No entanto, o seu uso
generalizado nomeadamente dos Inibidores do Fator de Necrose Tumoral Alfa (anti-
FNT-alfa) tem sido responsável pelo aumento da incidência de TBD naqueles doentes
na última década[11-13]. Alguns estudos demonstram que Terapêuticas Modificadoras de
Doença (DMARDS) convencionais e que são utilizadas no tratamento da AR como o
Metotrexato (MTX), Cicloserina, Azatioprina (AZA), Ciclofosfamida e Leflunomida
estão associadas a um risco significativo de TB[14][11][3]. No entanto outros estudos
contradizem estes resultados[15].
Os Glucocorticoides (GC) estão igualmente associados á TBD, particularmente quando
utilizados durante um período prolongado (superior a 1 mês) e em doses diárias
moderadas de prednisona (ou seu equivalente) superiores a 10 mg ou doses acumuladas
superiores a 700 mg de acordo com Vadillo et al[16][3].
Para além do tratamento com GC, DMARDS clássicos e DMARDS biológicos que
interferem nos mecanismos de defesa do hospedeiro, são preditores de infeção e de TB
nos doentes com DAI, anormalidades imunológicas associadas ao mecanismo
fisiopatológico das DAI como deficiência na imunidade mediada por células,
comprometimento da fagocitose e características clinicas da doença como doença
prolongada[4], score de atividade de doença elevado e presença de fatores de mau
prognóstico como presença de doença extra articular[17][18] e nefrite lúpica[19][8][6].
11
A TBD em doentes com AR e LES sob terapêutica imunossupressora apresenta-se
frequentemente de forma atípica e plurissintomática com incidência aumentada de
formas extrapulmonares e disseminadas[11-16] responsáveis por morbimortalidade
importante. Para além disso, a capacidade da TB em mimetizar outras condições
clinicas[20][21] e infeções granulomatosas por Micobactérias Não Tuberculosas (MNTB) [22] são situações que complicam o diagnóstico de TB.
PERTINÊNCIA DO TEMA E OBJECTIVOS
Este facto conduziu vários países a elaborarem orientações e recomendações para o
rastreio e quimioprofilaxia de TB em pacientes candidatos ao tratamento com agentes
biológicos[23-29] e durante o tratamento com glucocorticoides (GC) apesar da evidência
cientifica existente sobre os GC ser limitada. As medidas de rastreio e quimioprofilaxia
da TB implementadas permitiram reduzir a ocorrência de casos de TB nesta população
especifica[30][31] no entanto o risco de TB nestes doentes permanece aumentado quando
comparado com o da população em geral.
Segundo as orientações do Plano Global STOP TB[1] a identificação e redução dos
fatores de risco associados à ocorrência da TB são metas a alcançar de forma a priorizar
medidas eficazes no controle deste flagelo mundial. O rastreio e tratamento da TB nas
populações de risco[2] são importantes na tentativa da erradicação da doença e os doentes
com DAI devem fazer parte dessa abordagem.
A revisão atualizada da literatura existente sobre o tema proposto é necessária para uma
melhor compreensão sobre o risco de TB associado ás terapêuticas imunomoduladoras
e/ou imunossupressoras, frequentemente utilizadas no tratamento das DAI como o LES
e a AR de forma, a otimizar a abordagem aos doentes. Para isso, interessa também
estudar e compreender quais as características mais comuns da TBD nesta população,
nomeadamente a sua forma de apresentação, evolução clinica e complicações mais
frequentes. As recomendações existentes e relativas ao rastreio, diagnóstico, tratamento
e profilaxia da TB também serão revistas neste trabalho.
12
MATERIAL E MÉTODOS
Procedeu-se à revisão sistemática da literatura cientifica existente sobre o tema proposto
utilizando como meio de pesquisa o motor de busca online Medline. As seguintes
palavras-chave foram utilizadas: Risco de Tuberculose, Doenças Autoimunes, Lupus
Eritematoso Sistémico, Artrite Reumatoide, Imunossupressores, Glucocorticoides,
Rastreio e Tratamento. Um total de 134 artigos foi identificado dos quais 49 foram
selecionados e incluídos no artigo final de revisão bibliográfica. Nesta revisão, foram
incluídos principalmente artigos de investigação médica sobre Incidência e Risco de
Tuberculose em doentes com Lúpus Eritematoso Sistémico e Artrite Reumatoide sob
terapêutica imunossupressora. Relativamente a outras Doenças Autoimunes como
Espondilartropatias e Doença Inflamatória Intestinal poucos artigos foram identificados
com as palavras-chave utilizadas. Devido á impossibilidade de abordar todas as doenças
numa revisão apenas a Artrite Reumatoide e o Lúpus Eritematoso Sistémico serão
abordados em maior profundidade, exceto por algumas observações pontuais referentes
a outras doenças mencionadas no texto. As terapêuticas abordadas são aquelas utilizadas
com maior frequência no tratamento de doenças reumáticas e que o autor julgou serem
importantes pela frequência do seu uso, potencial imunossupressor e controvérsia que
geram na comunidade cientifica. Os artigos publicados noutras línguas para além da
Portuguesa, Inglesa ou Espanhola foram excluídos por limitações linguísticas do autor
desta revisão. Os estudos analisados consistem em ensaios clínicos, estudos caso-
controlo randomizados e controlados, estudos caso-controlo não randomizados e
controlados, estudos observacionais, relatórios de farmacovigilância e meta-análises e
encontram-se disponíveis online na base de dados da Pubmed Central. Foram
valorizados principalmente os resultados dos estudos de autores que encontraram
significado estatístico no cálculo da Incidência, Risco Relativo de Tuberculose e Odds
Ratio com intervalo de confiança de 95%. No presente artigo também se encontra
informação que o autor considerou pertinente dos sites oficiais da Organização Mundial
de Saúde e de outras entidades reconhecidas como a British Thoracic Society, a
Sociedade Portuguesa de Reumatologia e o Colégio Americano de Reumatologia.
13
CARACTERISTICAS DA TB EM DOENTES COM LES E AR
Segundo J-E Yun et al[4] a TBD em doentes com LES é mais grave, tem maior potencial
de disseminação e manifesta-se em mais de 50% dos casos sob a forma extrapulmonar
sendo estes dados coerentes com outras publicações[6-8]. No mesmo estudo, nenhum
doente com AR desenvolveu TB extrapulmonar e a taxa de recidiva após tratamento
adequado foi mais baixa do que nos doentes com LES. Mesmo nos doentes com LES a
TB pulmonar apresentou envolvimento mais extenso com atingimento de 2 ou mais
lobos. O padrão miliar difuso foi mais frequente nos doentes com LES em comparação
ao infiltrado focal, uni-lobar e cavitação típicas da TB em populações saudáveis e cuja
apresentação foi regra no grupo de doentes com AR. Relativamente á radiografia do
tórax nos doentes com LES, aquela foi normal ou inconclusiva na maioria dos casos.
No estudo de J-E Yun et al[4] a presença de história prévia de TB e maior duração da
DAI nos doentes com LES estiveram associadas ao desenvolvimento de TB. Zhang et
al[6] demonstraram que doentes com nefrite lúpica têm maior susceptibilidade para
desenvolver TB.
Na AR a presença de marcadores de gravidade como Fator Reumatoide, leucopenia e
presença de envolvimento extra-articular[17][19] são preditores importantes de infeção no
entanto, o seu papel no risco especifico de TB ainda não foi esclarecido.
O diagnóstico de TBD nos doentes com DAI pode ser complicado e demorado.
Manifestações da TB extrapulmonar como febre persistente, artralgias, artrite, anemia,
derrame pleural e pericárdico são frequentes[20] e podem mimetizar exacerbações da
DAI. A própria infeção pelo MTB pode precipitar o aparecimento do LES através do
aumento da produção de anticorpos anti-dsDNA devido a mecanismos de mimetismo
molecular[21]. Por outro lado, infeções granulomatosas por Micobactérias Não
Tuberculosas (MNTB) constituem um importante diagnóstico diferencial da TB
particularmente nos doentes com LES e doença prolongada[22]. Atualmente nos EUA
estes agentes oportunistas são isolados com maior frequência do que o MTB e podem
14
contribuir para os resultados falsos positivos da Prova Tuberculinica (PT) como
demonstrado em alguns estudos dificultando o diagnóstico de TB nestes doentes.
TB ASSOCIADA AOS GLUCOCORTICÓIDES
Os GC sistémicos para alem da sua ação anti-inflamatória exercem um efeito depletor
na imunidade celular, diminuem o numero de linfócitos circulantes e reduzem a
produção de citoquinas como a interleucina 1 e anti-TNF-alfa. O seu beneficio está
comprovado no alivio sintomático dos doentes reumáticos e estudos recentes
demonstram que os GC quando iniciados precocemente e em baixas doses inferiores a
10mg com os DMARDS convencionais têm capacidade de atrasar a progressão
radiológica das lesões articulares associadas á AR[23]. No entanto devido ao seu
potencial imunossupressor e a sua capacidade em suprimir a reatividade do hospedeiro á
tuberculina, a British Thoracic Society (BTS) e o Centro de Controlo e Prevenção de
Doenças (CCPD) recomendam desde 2000 a realização do rastreio da TB em todos os
doentes medicados com doses de prednisona ou equivalente superiores a 15 mg durante
um período superior ou igual a um mês devido ao risco presumido de TB.
Jick et al[16] lideraram um estudo retrospetivo de todos os casos de TB que ocorreram no
Reino Unido entre 1990-2001 considerando uma amostra de cerca de 3 milhões de
habitantes e verificaram que os doentes com TB apresentavam uma probabilidade 5
vezes superior de estarem a receber tratamento com corticoides na altura do diagnóstico
da TB. A incidência de TB foi superior nos doentes que receberam tratamento recente
com GC (120 dias antes do diagnóstico). A magnitude da associação entre exposição
aos GC e desenvolvimento de TB foi significativamente maior para doses de prednisona
superiores ou iguais a 15mg/dia quando comparada com doses inferiores a 15mg/dia
sendo o OR de 7,7 e 2,8 respectivamente. Apesar de doses fisiológicas de GC (
7,5mg/dia ) estarem associadas a um OR de 2,0 esta associação não teve significado
estatístico. A associação entre TB e dose cumulativa foi evidente nomeadamente a partir
de doses de 1000 mg no entanto a partir de doses superiores a 2999mg os resultados
foram inconclusivos.
15
O RR de TB associado aos GC é independente de outros fatores de risco para TB para a
população em geral e que foram analisados por Jick et al como Índice de Massa
Corporal < 20 , Diabetes, Tabagismo ativo, Doença Pulmonar Crónica ou tratamento
com DMARDS convencionais. Jick et al [16] verificaram ainda no seu estudo que ¼ do
risco esperado de TB associado aos corticoides estava afinal associado a doença
pulmonar crónica sugerindo que esta pode ser um importante fator de confundimento na
avaliação do risco de TBD.
Estudos sugerem existir uma correlação positiva entre a dose de GC, via de
administração e gravidade/mortalidade por TB[4][7][9]. Num estudo[4] dois de 3 doentes
com LES morreram com TB miliar após terem recebido tratamento com doses de
prednisolona superiores ou iguais a 30mg/dia para exacerbação do LES apesar da
terapêutica concomitante com anti bacilares. Um doente morreu com TB miliar após ter
recebido no mês anterior á confirmação de TB, dois pulsos de metilprednisolona
(500mg). Hill et al[20] verificaram que 11 doentes que desenvolveram TB miliar estavam
medicados com doses de prednisona superiores ou iguais a 10 mg na altura do
diagnóstico da TB.
TB ASSOCIADA AOS DMARDS CONVENCIONAIS
DMARDS clássicos como o MTX constituem o tratamento de primeira linha de doentes
com AR. Outros tratamentos como a Sulfasalazina (SLZ), Leflunomida, Ciclosporina e
a Azatioprina estão indicados em associação com o MTX ou em monoterapia quando
este não é tolerado[23].
Não existe consenso na literatura quanto ao risco de TB associado aos DMARDS
clássicos nomeadamente o MTX. Brassard et al[11] analisaram retrospetivamente 50
casos de TB em 24 282 doentes canadianos com AR e verificaram que os doentes
medicados com MTX, Leflunomida e Ciclosporina apresentaram um RR significativo
de 3,0 de desenvolver TB. Nesse estudo, o RR ajustado para cada DMARD foi superior
para a Leflunomida (11,7) e para a Ciclosporina (3,8) em comparação ao MTX (3,4). O
RR de TB associado aos DMARDS convencionais aumentou significativamente durante
tratamento prolongado (superior a 1 ano) e com o número de prescrições a partir de 6
16
prescrições por ano, o que sugere um risco cumulativo. No entanto num estudo
observacional[14] de 386 casos de TB numa coorte de 112 300 doentes com AR, Brassard
et al verificaram que a relação entre a dose de DMARDS clássicos e o risco de TB não
foi tão significativa. No registo de biológicos do Reino Unido[30] não foram relatadas
ocorrências de TB em 3232 doentes com AR medicados com DMARDS convencionais
durante um periodo de follow up de 7345 pessoas-ano.
A hidroxicloroquina, SLZ e os sais de ouro não demonstraram ter potencial
imunossupressor in vitro. Pelo contrário, os antimaláricos não só têm um efeito
imunomodulador no processamento de antigénios como apresentam ação
antimicrobiana in vitro contra vários micro-organismos infeciosos nomeadamente o
vírus e bactérias intracelulares como a Legionella spp e o MTB ao induzir um aumento
do pH no fagolisossoma[19]. Estão indicados como terapêutica de combinação com
DMARDS clássicos no alivio sintomático dos doentes com AR e são terapêutica de
primeira linha em doentes com LES e especificamente nas manifestações cutâneas.
Alguns estudos caso-controlo demonstraram uma menor incidência de infeções nos
doentes com LES tratados com hidroxicloroquina e uma redução em 16 vezes no RR de
infeção[19] sugerindo um efeito protetor associado aquele tratamento. Até á data não
existem estudos que avaliem o papel dos antimaláricos na redução do risco de TB.
TB ASSOCIADA AOS DMARDS BIOLÓGICOS
Os agentes biológicos são compostos por anticorpos monoclonais, proteínas de fusão ou
outros péptidos que atuam através de vários mecanismos (Fig.2) importantes na
fisiopatologia da AR : inibição de vias sinalizadoras de citoquinas inflamatórias
tipicamente os anti-FNT-alfa como o ETN, IFX, ADA, Golizumab pegol e
Certilizumab, o Inibidor da Interleucina 1(Anakinra) e da Interleucina 6 (Tocilizumab),
modulação ou inibição da ativação de células T (Abatacept) ou depleção de células B
(Rituximab). Estão indicados na AR refractária ao tratamento com MTX e/ou outros
DMARDS convencionais e em doentes com marcadores de mau prognostico
independentemente do uso de GC [23].
17
A Food and Drug Administration americana considerou a TB como um efeito adverso
associado ao uso de todos os anti-FNT-alfa de primeira geração e o rastreio de TB está
recomendado em todos os doentes candidatos a este tipo de tratamento [26].
Numa metanálise da Cochrane[13] foram analisadas as ocorrências de todas as reações
adversas associadas a alguns agentes biológicos existentes (anti-FNT-alfa, Anakinra,
Tocilizumab, Abatacept e Rituximab) indicados para qualquer fim, e a força de
associação entre o uso daqueles agentes e o risco de TB foi 4.68 vezes superior ao dos
controlos verificando que o Número Necessário Tratar para Lesar seria de 681
doentes[13].
Os anti-FNT-alfa de primeira geração como o ETN, IFX e o ADA são os agentes
biológicos mais envolvidos no desenvolvimento de TBD em doentes reumáticos [30-33][11-13]. Gomez-Reino et al [12] calcularam que em Espanha, os doentes com AR
tratados com anti-FNT-alfa , têm um risco 19 vezes superior de desenvolver TB quando
comparados com doentes com AR não tratados.
A incidência de TB em pacientes tratados com anti-FNT-alfa é maior em países onde a
prevalência de TB é mais alta como em Espanha (1113 casos por 100,000 associados ao
IFX em 2001) [12] e em Portugal (1350 casos por 100 000 entre 1999 e 2005) [35]. No
entanto, em países como o Reino Unido, onde a incidência de TB na população é baixa
(6,2 casos por 100 000 habitantes) esta aumenta significativamente em doentes com AR
tratados com IFX para 54 casos por 100 000 e para 28 casos por 100 000 [30] naqueles
tratados com ETN. Na Suécia [32] o risco de TB associado aos anti-FNT-alfa é 4 vezes
superior ao da população em geral (5 casos por 100 000).
Existe um diferencial no risco de TB entre os diferentes anti-FNT-alfa [33][34]. O IFX é o
anti-FNT-alfa mais frequentemente implicado seguido pelo ADA e o ETN sendo que os
dois primeiros estão associados a um RR de TBD 3 a 4 vezes superior ao do ETN [33].
No período decorrido entre 1998 e 2002 a incidência de TB nos EUA em doentes
tratados com IFX e ETN foi de 144 casos por 100,000 doentes e 35 casos por 100,000
doentes respectivamente ). Entre 1999 e 2005, foram registados em Portugal 13 casos de
Tuberculose em 960 doentes reumáticos expostos a anti-TNF-alfa. Oito casos estiveram
associados ao IFX, 5 ao ADA e um caso esteve associado ao ETN [35].
18
A TBD associada ao IFX ocorre numa fase precoce do tratamento, habitualmente nas
primeiras 12 a 21 [31] semanas e 98% dos doentes com tuberculose são diagnosticados
durante os primeiros 6 meses de terapêutica sugerindo uma reativação de infeção latente
No entanto, há casos descritos de TB após suspensão do IFX até 6 meses. O tempo
médio entre o inicio do tratamento com ETN ou ADA e o desenvolvimento de TB é
mais prolongado -13,4 meses e 18,5 meses respectivamente [33]. Tubach et al [33] sugerem
que esta diferença possa estar associada a nova exposição ao MTB ou tempo
prolongado de imunossupressão para reativação. Askling et al descreveram casos de TB
até 3 anos após inicio de terapêutica com anti-FNT-alfa [32].
Apesar de apresentarem eficácia semelhante no tratamento da AR os anti-FNT-alfa têm
perfil farmacocinético [34] e mecanismos de ação distintos (Fig.2) que podem ser
responsáveis pelas diferenças no risco de TB fármaco-especifico. O ETN é uma
proteína de fusão que estabelece ligações estáveis com formas solúveis de FNT-alfa. O
IFX é um anticorpo monoclonal com mecanismo semelhante ao ADA e ambos possuem
alta afinidade e especificidade para o FNT-alfa transmembranar formando complexos
estáveis que lisam os monócitos, linfócitos T CD4 e TCD8 quer por ação direta (ADA e
IFX) quer através da ativação da cascata do complemento (IFX) [34]. Enquanto o IFX é
administrado pela via endovenosa em pulsos e apresenta maior biodisponibilidade, o
ETN e o ADA são administrados na forma subcutânea.
WG Dixon et al [30] verificaram que os médicos prescrevem preferencialmente ETN aos
doentes com fatores de risco para TB nomeadamente com história prévia e sugeriram
haver um viés de seleção no cálculo do risco de TB para aquele medicamento. O risco
de TB associado ao ADA segundo o mesmo autor pode estar sobre calculado. Uma vez
que, o ADA foi o último anti-FNT-alfa de primeira geração a ser comercializado
(2002), a probabilidade dos doentes estudados terem sido expostos a outras terapêuticas
imunossupressoras é grande, e o risco de TB poderá resultar de um efeito aditivo das
várias terapêuticas [30].
Relativamente ás características da TB associada aos anti-FNT-alfa. W.G Dixon et al [30]
relataram que em 40 casos de TB associada aos anti-TNF-alfa, vinte e cinco (62%)
tiveram apresentação extrapulmonar sendo esta mais frequente nos doentes tratados com
os anticorpos monoclonais IFX (67%) e ADA (65%) em comparação ao ETN (50%). A
forma disseminada ocorreu em 40% dos doentes medicados com ADA e
19
aproximadamente em metade dos casos a TBD foi diagnosticada após 3 meses da
suspensão do tratamento. Há casos descritos de linfadenite, peritonite, meningite,
espondilite, infeção cutânea, esplénica e renal por MTB[4] entre outros, e as
manifestações clinicas são frequentemente atípicas. O tempo de duração da DAI até ao
diagnóstico de TB foi de aproximadamente 9 anos.
No estudo de Fonseca et al [35] a idade média de diagnóstico de TB foi de 46,7+/-13,8 e o
sexo feminino foi o mais atingido (61% dos casos) ao contrário do que acontece em
alguns estudos que não demonstram diferenças significativas entre sexo e idade.
Relativamente aos novos agentes biológicos, estão descritos 3 casos de TB durante o
tratamento com o Certolizumab pegol (2008). Nenhum caso de TB foi associado até
hoje ao uso do Rituximab [37] no entanto, a depleção de células B in vitro resulta numa
ativação anormal das células T CD4 e Lutt et al [38] descreveram dois casos de infeção
grave por MNTB associados ao uso de Rituximab em doentes com miosite refractária.
Apenas um caso de TB foi relatado durante um ensaio clinico de fase 3 num doente com
AR tratado com Abatacept. O Abatacept desempenha um papel secundário na resposta
granulomatosa á infeção por MTB e ao contrário dos outros anti-TNF-alfa não
demonstrou exacerbar TBD induzida em ratinhos [39] sendo que, provavelmente está
associado a um risco reduzido de TB. O Tocilizumab [40] não esteve associado a TB
durante ensaios clínicos realizados até 2009.
TB ASSOCIADA Á TERAPEUTICA DE COMBINAÇÃO
Os agentes biológicos e os GC são habitualmente utilizados em associação aos
DMARDS convencionais como o MTX [23] no entanto a informação relativa ao risco
aditivo de efeitos adversos, nomeadamente de TB, associados á terapêutica de
combinação é limitada e controversa.
Brassard et al [14] não demonstraram um risco aditivo de TBD quando doentes tratados
com DMARDS biológicos ou DMARDS convencionais foram estratificados por
exposição aos GC. No entanto, estudos referem risco acrescido significativo de TB
quando os GC são associados a outras terapêuticas imunossupressoras mesmo em
baixas doses.
20
Greenberg JD at al [36] verificaram através da análise do registo americano CORRONA,
que a combinação de MTX e anti-TNF-alfa não aumenta o risco de infeções
oportunistas incluindo a TB. Pelo contrário, no estudo de Fonseca et al [35] dos 13
doentes medicados com anti-TNF-alfa e que desenvolveram TB, 10 encontravam-se sob
terapêutica concomitante com MTX isolado ou em combinação com SLZ.
RASTREIO DE TB
Atualmente não existe um teste padrão para o rastreio da TBL e as recomendações
relativas ao rastreio de TBL em doentes candidatos ao tratamento com anti-TNF-alfa
variam entre países (TABELA 2) provavelmente refletindo a prevalência local da TB.
O Colégio Americano de Reumatologia (CAR) [26] e a Sociedade Portuguesa de
Reumatologia (SPR) [24] recomendaram em 2008 o rastreio de TBL e quimioprofilaxia
com isoniazida (INH) em todos os doentes candidatos a terapêutica com anti-FNT-alfa.
Segundo a SPR [24] todos os doentes devem ser avaliados preferencialmente para TBD e
TBL no momento do diagnóstico da DAI e uma segunda vez antes do inicio do
tratamento com agentes biológicos.
As recomendações existentes sobre rastreio de TBL em doentes sob tratamento com GC
são escassas e as encontradas são referentes ás guidelines da American Thoracic Society
de 2007 e do CCPD. Segundo estas entidades o rastreio de TB em todos os doentes
medicados com doses de prednisona ou seu equivalente superiores a 15 mg durante um
período superior ou igual a um mês.
A estratificação do risco para infeção por MTB/TBL[23-27] (como baixo nível
socioeconómico, história de TB prévia, imigração de um país/região de alta
incidência/prevalência de TB, contacto recente com doente bacilífero, profissão de
risco, institucionalização etc ); a avaliação do risco de progressão para TBD (como
infeção pelo HIV, uso de drogas EV, diabetes, baixo IMC/desnutrição , presença de
doença pulmonar crónica, história de cancro hematológico, do pulmão, cabeça e
pescoço etc) e rastreio de sintomas de TBD (como presença de sintomas como tosse
crónica e perda de peso) estão indicadas na abordagem inicial dos doentes com DAI.
A realização de radiografia do tórax está indicada na maior parte dos países, uma vez
que permite excluir TBD na presença de sintomas e TBL nos doentes assintomáticos
21
particularmente em países com alta prevalência de TB. Nos EUA só está recomendado
quando a PT é positiva e não faz parte da abordagem inicial do doente candidato ao
tratamento com anti-FNT-alfa [26]. A presença de alterações imagiológicas como
complexo de Ghon, calcificações linfáticas e espessamento pleural em doentes
assintomáticos candidatos aos tratamentos já referidos é indicação para o tratamento da
TBL [24].
A análise da expetoração deve ser realizada nos doentes com suspeita de TBD e mesmo
naqueles com radiografia normal [26].As hemoculturas são úteis no diagnóstico de TB
disseminada e a biópsia de lesões suspeitas pode ser necessária [26].A Tomografia Axial
Computorizada pode ser mais sensível na adenopatia mediastínica e doença pleural [26].
A Prova Tuberculinica (PT) consiste na administração intradérmica de 2 unidades de
Tuberculina RT23) e está indicada no rastreio de infeção por MTB em doentes
reumáticos candidatos ao tratamento com anti-FNT-alfa em vários países
nomeadamente Portugal[24], Espanha [29] e França [23]. Devido a maior especificidade dos
IGRA em relação á PT países como o Reino Unido [27] e a Suíça [25] recomendam o seu
uso para o rastreio de TBL.
O cut off de positividade da PT varia de acordo com critérios locais (TABELA 2). O
rastreio de TBL em doentes reumáticos portugueses candidatos a terapêutica com anti-
TNF-alfa começou em 2002 e foi atualizado em 2005 com a redução do limiar de
positividade de 10mm para 5mm que segundo Fonseca et al [35] permitiu aumentar a
sensibilidade diagnóstica em 15%. Jasmer et al sugere a mesma leitura da PT para os
doentes tratados com GC. A SPR [24] recomenda ainda a repetição da PT se a primeira
tiver sido negativa (< 5mm) dentro de 7 a 14 dias da primeira.
As recomendações relativas aos doentes que já se encontram em tratamento com
imunossupressores não são claras no entanto alguns autores defendem a realização de
PT periódicas durante o tratamento com imunossupressores para verificar a sua
conversão.
A PT está associada a resultados falsos-positivos em doentes previamente imunizados
com o Bacilo Calmette-Guérin ou como consequência de reações cruzadas com outras
estirpes de micobactérias nomeadamente MNTB. A sensibilidade da PT é menor nos
doentes imunodeprimidos [41]. Recentemente foi demonstrado que resultados falsos-
22
negativos ocorrem em maior proporção nas DAI e particularmente nos doentes com
LES medicados com GC [42] e com AR [43]. Assim como uma PT negativa não exclui
infeção por TB, uma PT positiva mesmo que num doente previamente imunizado com
BCG não deve ser ignorada.
Hatemi et al [44] demonstraram que o IFX não suprime a PT.
Atualmente os dois Interferon Gamma Release Assay (IGRA) comercializados são o T-
SPOT-TB e o QuantiFERON®-TB Gold (QFT-2G). Vários estudos demonstram maior
sensibilidade dos IGRA em relação á PT no diagnóstico de infeção por MTB em
indivíduos imunodeprimidos apesar da maior frequência de resultados indeterminados [41] . Takeda et al relataram resultados indeterminados com QFT-2G em 32,4% doentes
com LES que desenvolveram TB [42] e recomendam cautela na interpretação dos
resultados dos imunoensaios. A presença de linfopenia e SLEDAI elevado estiveram
significativamente relacionados com resultados indeterminados.
O QFT-2G apresenta em relação ao T-SPOT-TB, maior concordância com fatores de
risco para TBL e probabilidade pré-teste mais elevada nos diagnóstico de TBL em
populações com fatores de risco.
A combinação da PT e do QFT-2G demonstraram ser uteis no rastreio de TBL nas DAI [45] e tem sido apoiada por algumas entidades apesar dos custos económicos associados.
O teste da adenosina aminase (ADA) no soro/plasma ou a PCR do MTB associado a
TAC/RM segundo Rivera V. at al [46] podem ser úteis no diagnóstico de TB em doentes
autoimunes.
TRATAMENTO DA TB
TRATAMENTO DA TBD
O esquema terapêutico da TBD nos doentes com DAI e sob terapêutica com anti-FNT-
alfa é igual ao recomendado para a população em geral pelo que, devem ser tratados
com 4 agentes aos quais o MTB é sensível. [27]
Os doentes com TBD devem completar o tratamento com anti-bacilares antes de iniciar
terapêutica com anti-FNT-alfa. Apesar de raros, estão descritos casos de reações
23
paradoxais após inicio de tuberculostáticos em doentes tratados com IFX e que
desenvolveram TBD [47]. Fonseca et al [35] descreveram o primeiro caso associado ao
ADA em 2006. Segundo os autores, este fenómeno pode resultar de uma resposta
inflamatória excessiva no contexto da reconstituição do sistema imune semelhante ao
que acontece no doente infetado pelo VIH mas com maior frequência (35%).
Estudos observacionais demonstraram no entanto, que é seguro reiniciar terapêutica
com anti-FNT-alfa, dois meses após início da terapêutica anti bacilar no caso de TBD
( e um mês após inicio do tratamento da TBL).
A Tuberculose Multirresistente (TBMR) tem uma prevalência global de 4,6% ( OMS )
Apesar de estarem descritas recaídas de TB em doentes reumáticos durante o tratamento
com anti-bacilares nenhum estudo descreve o perfil de sensibilidade aos
tuberculostáticos nem a taxa de incidência de TBMR nesta população [47].
A terapêutica combinada com anti-FNT-alfa e anti bacilares pode resultar em maior
hepatotoxicidade e alguns autores sugerem a necessidade de desenvolver esquemas
terapêuticos menos hepatotóxicos para tratar estes doentes.
TRATAMENTO DA TBL
Gaitonde et al [28] estudaram o papel da profilaxia com isoniazida (INH) em doentes
com LES sob terapêutica prolongada com GC e descreveram uma redução na incidência
de TB de 11% para 2%. Carmona et al [29] demonstraram a eficácia das recomendações
sobre o rastreio e profilaxia da TB em doentes tratados com anti-TNF-alfa e relataram
uma redução de 78% na incidência de TBD nesta população.
Os esquemas de quimioprofilaxia da TBL em doentes candidatos ao tratamento com
anti-TNF-alfa variam entre países (TABELA 2). O esquema com 300mg de INH por
um período de 9 meses tem a eficácia máxima de 70% [24] e está recomendado em
Portugal após avaliação da função hepática (Nível de Evidência A).
No entanto devido a questões como descontinuação da terapêutica, risco de efeitos
adversos e resistência crescente á INH, esquemas alternativos têm sido propostos.
Duarte R. et al [48] demonstraram que o esquema quimioprofilático com INH, Rifampina
e Pirazinamida durante 2 meses foi seguro numa coorte de 324 doentes e não esteve
associado a hepatotoxicidade significativa tal como o esquema de 6 meses de INH.
24
Nenhum esquema de tratamento para TBL apresenta eficácia de 100% e por isso mesmo
após profilaxia os doentes em risco podem desenvolver TBD e devem ser mantidos sob
vigilância clinica continua durante o tratamento com imunossupressores e até 6 meses
após a sua suspensão [24].
PREVENÇÃO DA TB : INVESTIGAÇÃO
Existe uma alta prevalência de deficiência de vitamina D em doentes com DAI como a
esclerose sistémica, poliomiosite, dermatomiosite e o síndrome anti-fosfolipídeo assim
como em doentes com tuberculose .
Estudos laboratoriais demonstram que a vitamina D tem um papel na defesa contra a
tuberculose por estimular a maturação dos fagossomas via catelicina, uma defensina que
restringe o crescimento intracelular do MTB e atua como imunomodulador ao reduzir a
proliferação de células T e B. Martineau et al [49] demonstraram que uma dose de 2,5 mg
de vitamina D inibe o crescimento in vitro do MTB. Apesar da vitamina D ser
recomendada como suplemento nos doentes com LES e outras DAI desconhece-se o seu
papel na redução do risco de TB nestes doentes.
25
CONCLUSÃO
Apesar de vários estudos sustentarem que as DAI como o LES e AR são fatores de risco
independentes para o desenvolvimento de TB existem poucos estudos que avaliam o
risco de TB especifico para cada DAI. O estudo de Vadillo et al sugere um risco
significativamente acrescido de TB na subpopulação de doentes com Polimialgia
Reumática. É necessário conhecer o risco especifico para cada doença para perceber
qual o risco absoluto das terapêuticas imunomoduladoras.
A literatura existente sobre o risco de Tuberculose especifico para os DMARDS
clássicos ou glucocorticoides é limitada e pouco conclusiva. É necessário clarificar o
papel das baixas doses de GC consideradas não imunossupressoras no risco de TB
assim como o efeito da administração intermitente e da terapêutica de curta duração.
Como demonstrado por Jick et al doses diárias de prednisona inferiores a 15mg estão
associadas a um risco significativo de TB e por isso o cut off atualmente proposto para o
rastreio de TB pela BTS e pelo CCPD pode não ser suficiente.
O risco absoluto de TB fármaco-especifico é difícil de determinar dado o uso
concomitante de alguns medicamentos e de terapêuticas prévias que podem contribuir
para o risco cumulativo. Por outro lado, poucos estudos avaliam o papel da gravidade e
atividade da DAI na altura do diagnóstico de TB e estes podem ser fatores de
enviesamento determinantes para os resultados. Os doentes com indicação para
tratamento com DMARDS biológicos são habitualmente mais jovens, com doença ativa
refractária ao tratamento com DMARDS convencionais e com fatores de mau
prognóstico sendo difícil esclarecer se o risco de TB advém do estado de
imunossupressão da doença de base ou surge como complicação da terapêutica
imunosupressora. Como vários autores sugerem o risco de TB associado aos anti-FNT-
alfa não é claro e pode mesmo não ser significativo. Para além disso, a carga de TB
atualmente atribuída ao uso de anti-FNT-alfa pode ser função da maior prevalência de
infeção por MTB no passado. O facto do risco de TB parecer ser transitório e diminuir
26
com o tratamento prolongado com anti-FNT-alfa pode significar uma recuperação do
sistema imune e melhor controlo da doença de base.
A experiência clinica com os novos biológicos é limitada dada a sua introdução recente
no mercado.
O diagnóstico de TB em doentes tratados com anti-FNT-alfa é frequentemente tardio
por vários motivos: baixa sensibilidade dos testes de rastreio, forma de apresentação
atípica da doença, atingimento extrapulmonar com necessidade de diagnóstico
histopatológico, capacidade da TB em mimetizar outras condições clinicas
nomeadamente exacerbação da DAI.
Na maior parte dos estudos caso-controlo o número de casos de TB é demasiado baixo
para permitir uma avaliação independente do papel dos imunossupressores no risco de
TB e alguns estudos observacionais não têm informação clinica suficiente para validar
os diagnósticos nem excluem determinados fatores de enviesamento como infeção pelo
VIH, imigração, cancro e outras co-morbilidades como por exemplo doença pulmonar
crónica. Os resultados dificilmente podem ser generalizados para outras populações
tendo em conta as diferentes taxas de incidência e prevalência de TB a nível regional,
nacional e internacional.
Os programas de rastreio e tratamento da TB direcionados para esta população
especifica e que foram implementados nos vários países parecem ser eficazes no entanto
não se conhece qual o impacte global relativamente ao panorama da Tuberculose.
Provavelmente irão ganhar maior importância no futuro tendo em conta a prevalência
crescente das DAI nos países desenvolvidos.
A abordagem dos doentes com DAI deve ser individualizada e depende do risco pessoal
para TBL e TBD. Um rastreio apropriado varia de acordo com a prevalência nacional e
regional de TB e pode implicar a utilização de PT, IGRA e/ou radiografia. Não existe
um teste padrão para o diagnóstico de Tuberculose Latente por isso a quimioprofilaxia
da TB em indivíduos de alto risco pode ser necessária independentemente do resultado
da PT e/ou do IGRA. Medidas de controlo do risco como cessação tabágica, boa
nutrição, redução da exposição a contactos contagiosos, minimizar a exposição aos
corticoides são medidas importantes na prevenção da TB nestes doentes para além da
quimioprofilaxia com isoniazida.
27
Mesmo em países de alta incidência e prevalência de TB o risco desta doença em
doentes com DAI como a AR e LES é baixo mesmo quando consideradas as
terapêuticas imunosupressoras / imunomoduladoras. São necessários mais estudos para
comprovarem o beneficio da vitamina D na redução do risco de TB em doentes com
DAI.
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ANEXOS
FIGURA 1. Incidência TB estimada por 100 mil pessoas em 2008.
Adaptado de Global tuberculosis control: a short update to the 2009 report.Geneva,
World Health Organization; WHO/HTM/TB 2009.426.
33
FIGURA 2. Terapêuticas Biológicas utilizadas no tratamento da Artrite Reumatóide
Inibidores do Fator de Necrose Tumoral alfa - Adalimumabe e Golimumabe ( anticorpos monoclonais
humanos ); Infliximabe ( anticorpo IgG1 quimérico ); Etanercepte ( proteina de fusão receptora-Fc do
TNF); Certolizumabe pegol ( anticorpo pegilado humanizado do fragmento Fab'). Agentes com
diferentes alvos; Anakinra ( antagonista IL-1R ); Abatacepte ( proteina de fusão CTLA-4-Fc ); anticorpo
humanizado Tocilizumabe, com ligação ao IL-6R; e Rituximabe, anticorpo monoclonal quimérico anti-CD
20 ADAPTADO da Fonte Nat Rev Rheumatol 2011 Nature Publishing Group
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TABELA 1 RISCO RELATIVO* DE TB POR CONDIÇÃO CLINICA
Condições Clinicas Risco RelativoHIV 100-500
Silicose 30Diabetes mellitus 2,0-4,1
Insuficiencia Renal Cronica/hemodiálise 10,0-25,3Gastrectomia 2-5
Bypass jejunoileal 27-63Transplante Orgãos Sólidos
Renal 37Cardiaco 20-74
Carcinoma da Cabeça e Pescoço 16* Independente da reactividade á tuberculina
ADAPTADO do Relatório da CDC (Centers for Disease Control and Prevention) de 2000
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TABELA 2 Rastreio Tuberculose Latente (TBL) e recomendações nacionais sobre o uso de Inibidores do TNFa (Fator de Necrose Tumoral alfa)
TBL e Inibidores do TNFa
Estratificação do risco, exame físico e RX tórax
PT Detalhes PT
PT positiva Tratamento LTB primeira linha
Referência
Reino Unido Todos os doentesExclui doentes em terapêutica imunosupressora
Uma fase5 mm não vacinados15 mm vacinados com BCG
6 meses INH British Thoracic Society
EUA Todos os doentes (RX só quando PT positiva)
Todos os doentes
Uma fase 5 mm ignora BCG 9 meses INH
Centers for Disease Control and Prevention
Espanha Todos os doentes Todos os doentes
Duas fases 5 mm 9 meses INH Gómez-Reino et al
Portugal Todos os doentes Todos os doentes
Duas fases 5 mm 9 meses INH Sociedade Portuguesa de Reumatologia
França Todos os doentes Todos os doentes
Uma fase 10 mm 2 meses RIF/PZA
Mariette and Salmon
Irlanda Todos os doentes Todos os doentes
Uma fase 5 mm ignora BCG
9 meses INH Kavanagh et al
Suíça Todos os doentes Recomenda IGRA
IGRA preferido
PT não recomendada
9 meses INH Beglincger at al
PT- Prova Tuberculinica; IGRA- Imunoensaios Libertadores do Interferão Gama BCG - bacilo Calmette-Guérin; INZ- Isoniazida; RIF-Rifampicina; PZA-Pirazinamida
( BASEADO e ADAPTADO da Fonte Curr Opin Rheumatol 2008 Lippincott Williams Wilkins )
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