[renata cruz rabello] anteprojeto

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Introdução No contexto atual, os mais diversos cursos passam por uma transformação tecnológica, absorvendo as mudanças, atualizando as informações, despertando-se também, a necessidade de questionar o processo tradicional de ensino. O desafio encontra-se em como despertar o interesse do aluno, incentivar sua participação nas atividades curriculares, saindo assim do estado passivo de espectador, promovendo autonomia e a capacidade de autogerenciamento do próprio conhecimento. As metodologias ativas de aprendizagem “favorecem a possibilidade do aluno enquanto construtor principal de sua própria aprendizagem e exigem uma docência que reconheça a aprendizagem como construção do aprendente.” (BUENO; KOEHLER; SELLMANN; SILVA, M.; PINTO) A aprendizagem significativa remete necessariamente à construção de significado. O aluno deve aprender utilizando os conhecimentos existentes para compreender o novo conteúdo, através de associações e conexões com conteúdos já pré-estabelecidos. “O estudante precisa assumir um papel cada vez mais ativo, descondicionando-se da atitude de mero receptor de conteúdos, buscando efetivamente conhecimentos relevantes aos problemas e aos objetivos de aprendizagem. Iniciativa criadora, curiosidade científica, espírito crítico reflexivo, capacidade para auto-avaliação, cooperação para o trabalho em equipe, senso de responsabilidade, ética e sensibilidade na assistência são características fundamentais a serem desenvolvidas em seu perfil” (MITRE, 2008, p.2137). Metodologia ativa de aprendizagem: - Aprendizado cooperativa; - Aprendizado baseada em problemas; - Aprendizado entre pares (Peer instruction);

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Pós-Graduação LATU SENSU Arquitetura, Educação e Sociedade

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Page 1: [RENATA CRUZ RABELLO] Anteprojeto

Introdução

No contexto atual, os mais diversos cursos passam por uma transformação

tecnológica, absorvendo as mudanças, atualizando as informações,

despertando-se também, a necessidade de questionar o processo tradicional de

ensino.

O desafio encontra-se em como despertar o interesse do aluno, incentivar sua

participação nas atividades curriculares, saindo assim do estado passivo de

espectador, promovendo autonomia e a capacidade de autogerenciamento do

próprio conhecimento. As metodologias ativas de aprendizagem “favorecem a

possibilidade do aluno enquanto construtor principal de sua própria

aprendizagem e exigem uma docência que reconheça a aprendizagem como

construção do aprendente.” (BUENO; KOEHLER; SELLMANN; SILVA, M.; PINTO)

A aprendizagem significativa remete necessariamente à construção de

significado. O aluno deve aprender utilizando os conhecimentos existentes para

compreender o novo conteúdo, através de associações e conexões com

conteúdos já pré-estabelecidos. “O estudante precisa assumir um papel cada vez

mais ativo, descondicionando-se da atitude de mero receptor de conteúdos,

buscando efetivamente conhecimentos relevantes aos problemas e aos objetivos

de aprendizagem. Iniciativa criadora, curiosidade científica, espírito crítico

reflexivo, capacidade para auto-avaliação, cooperação para o trabalho em

equipe, senso de responsabilidade, ética e sensibilidade na assistência são

características fundamentais a serem desenvolvidas em seu perfil” (MITRE,

2008, p.2137).

Metodologia ativa de aprendizagem:

- Aprendizado cooperativa;

- Aprendizado baseada em problemas;

- Aprendizado entre pares (Peer instruction);

Page 2: [RENATA CRUZ RABELLO] Anteprojeto

- Aprendizado em grupo (Team based learning);

- Método de estudo de caso;

- Problematização;

- Simulações;

- Seminários;

- Visitas de estudo;

Entre as metodologias de aprendizagem, optou-se por focar o estudo no

aprendizado entre pares (peer instruction), na qual o professor Eric Mazur foi o

pioneiro e aplicou em suas aulas de física, obtendo resultado muito satisfatório.

Seguindo seu método, os professores da Universidade UNISAL em Lorena

recentemente implementaram em cursos da área de humanas, para alunos de

pedagogia, direito e psicologia.

– Aprendizado entre pares (Peer instruction) – Eric Mazur

"Segundo o professor Mazur, a linguagem mais simples utilizada pelo aluno

durante a discussão, ao invés da explicação puramente técnica do professor,

permite que outros colegas entendam com mais rapidez os conceitos." (PINTO 1,

pg. 3)

O Peer Instruction (PI) proporciona o envolvimento de todos os alunos em sala

de aula, através de atividades que requerem a compreensão e aplicação dos

conceitos apresentados e depois explicação aos colegas. Diferente da prática

usual em que o professor formula questões informais durante a palestra a alguns

alunos da classe, geralmente aqueles já mais motivados, o processo mais

estruturado de questões do PI envolve todos os estudantes, sem exceção. O

professor Eric Mazur adotou a prática em classes grandes, mas outros

instrutores também encontraram bons resultados em salas com poucos alunos.

Page 3: [RENATA CRUZ RABELLO] Anteprojeto

Uma classe em que se adota a metodologia PI é dividida em uma série de curtas

apresentações, cada uma focada em um ponto principal e seguida de uma

pergunta conceitual correspondente, chamada de ConcepTest (Teste conceitual),

para comprovar o entendimento dos alunos. Estes possuem então alguns

minutos para responder individualmente e reportá-la ao instrutor. Em seguida,

certo tempo é disponibilizado para que os estudantes conversem entre si, e

tentem se convencer da resposta correta imaginada, com argumentos baseados

no que se aprendeu em sala de aula. Durante a discussão, que dura de 2 a 4

minutos, o instrutor circula pela classe ouvindo a argumentação. Após o período

estipulado, o professor pede a resposta para a mesma pergunta, que pode ter

sido alterada após a conversa com os colegas, faz a explicação da resposta

correta e continua a aula com o próximo tópico.

É importante saber que os alunos não são avaliados por essas respostas do teste

conceitual, mas a participação ao longo do semestre conta como presença nas

aulas.

Uma atividade essencial para a eficiência da metodologia é a preparação dos

estudantes antes do início da aula, através da leitura prévia do material

disponibilizado pelo professor, por permitir mais tempo de aula voltado para a

aplicação dos testes de conceito. Aprender com a leitura consiste em importante

habilidade aos estudantes, por proporcionar liberdade e autonomia no processo

de ensino, não apenas no período universitário, mas para o resto da vida

profissional.

O artigo publicado pelos professores Eric Mazur e Catherine Crouch, de 2000,

demonstra a eficiência da metodologia PI, que se iniciou em 1993, sendo

aprimorada a cada ano. O resultado após 7 anos foi satisfatório, por refletir o

melhor desempenho dos alunos que tiveram esse modo de aprendizado quando

comparado ao ensino tradicional.

O teste de conceito também teve um desempenho muito favorável no processo

de aprendizagem. Todas as respostas durante o semestre foram analisadas,

verificando-se que após o tempo de discussão, o número de alunos que

apresenta a resposta correta aumenta consideravelmente, desde que a

Page 4: [RENATA CRUZ RABELLO] Anteprojeto

porcentagem de acerto inicial esteja entre 35% e 70%, deixando claro a

importância do estudo prévio por parte dos alunos. Ademais, há um número

expressivo de mudança de respostas erradas para corretas após a conversa entre

os colegas de classe, conforme indicado na figura 1.

A leitura prévia possibilita o foco do professor nos conceitos mais importantes e

complicados, adotando exemplos diversos dos já apresentados no estudo

individual, de forma a abordar o tema completo, fazendo os estudantes

assimilarem o conceito.

Algumas formas de incentivo foram inicialmente adotadas sem muito êxito:

pequenos formulários (quizzes) ou relatórios curtos sobre o tema proposto. A

partir de 1998, foram introduzidas três perguntas (não múltipla escolha) “digitais”

que deveriam ser entregues antes do começo da aula: duas referentes a alguns

conceitos presentes na leitura solicitada e a terceira consistia em uma opinião a

respeito da leitura: “What did you find difficult or confusing about the reading? If

nothing was difficult or confusing, tell us what you found most interesting.

Please, be as specific as possible.”(MAZUR,CROUCH, pg.4) “O que você achou

difícil ou confuso na leitura? Caso nada tenha sido difícil ou confuso, conte o que

você considerou mais interessante a respeito da leitura. Por favor, seja o mais

específico possível.”

Conhecendo essas respostas, o professor pode se preparar adequadamente, ao

saber as fraquezas do conhecimento de seus alunos.

Page 5: [RENATA CRUZ RABELLO] Anteprojeto

Experiência da UNISAL – Centro Universitário Salesiano de São Paulo,

unidade de Lorena

- foi criado um núcleo de assessoria pedagógica (NAP) e o Laboratório de

Metodologias Inovadoras, na UNISAL de Lorena.

- MTAA – Metodologias tecnológicas ativas de aprendizagem

Resolveram aplicar a metodologia do “Peer Instruction” proposto pelo professor

Eric Mazur (física em Harvard) em disciplinas de ciências humanas.

- principal diferença que permitiu maior participação em aula – leitura prévia.

GRAFICO

- dúvidas e dificuldades no processo

Assim, é foco do projeto do Laboratório de Metodologias Inovadoras

considerar o aluno como sujeito de seu processo de aprendizagem. Também,

entendê-lo como sujeito inacabado e que, como ser humano, deve construir-se, e só

pode fazê-lo, de dentro para fora, ou seja, entendendo que a educação, de forma

Page 6: [RENATA CRUZ RABELLO] Anteprojeto

geral, é produção de si próprio e implica tempo e atividade. E, para haver

atividade, o aluno precisa mobilizar-se. (PINTO, 2013. P.7)

Nas metodologias ativas o mais importante é mobilizar-se. Mobilizar-se é pôr

recursos em movimento; mobilizar-se é também fazer uso de si próprio como

recurso. E, justamente, partindo dessa hipótese, propõe-se o Laboratório de

Metodologias Inovadoras com a finalidade de mobilizar o aluno, propondo

atividades que, quando os alunos nelas investirem, farão uso de si mesmos como

de um recurso, uma vez que as atividades – e as metodologias que lhes dão suporte

(como é fulcro do presente projeto) – remetem a um valor: o de tornar-se sujeito.

(PINTO, 2013. P.7)

Pensar o aluno como sujeito de sua própria educação significa entender o

professor como mediador. (PINTO, 2013. P.8)

Page 7: [RENATA CRUZ RABELLO] Anteprojeto

1. Aprendizagem cooperativa: inclui situações em que intencionalmente nos colocamos em posição de

interagir com outros seres humanos para trocar ideias, dialogar, discutir criticamente um

determinado assunto. Pode envolver dinâmicas de grupos.

2. Aprendizagem baseada em projetos: requer outras ações que não só a repetição de conteúdos

memorizados, mas a construção do conhecimento que se torna possível por meio do envolvimento

do aprendiz em todas as etapas do seu desenvolvimento de um projeto. Desde o planejamento

perpassando todo o processo até a avaliação.

3. Aprendizagem entre pares: exige estudo prévio, ou seja, incentivar o aluno a aprender com fontes

primárias, feedback constante aluno-professor e interação constante. O aluno é corresponsável por

sua aprendizagem.

4. Método de Estudo de Caso: consiste na triangulação de pessoas, eventos e circunstâncias. Apresenta

um problema acompanhado por informações contextuais. É uma forma estruturada para

compartilhar experiências e desafia o aluno a acrescentar a própria interpretação.

5. Problematização: proposta de problemas reais que pretendem preparar o estudante/ser humano,

para tomar consciência de seu mundo e atuar também intencionalmente para transformá-lo, sempre

pra melhor, para um mundo e uma sociedade que permitam uma vida mais digna para o próprio

homem.

6. Simulações: propõem que o estudante simule situações reais, exercitando múltiplas habilidades a fim

de identificar uma situação problema e chegar a sua resolução.

7. Seminários: atividade de leitura, pesquisa e posterior exposição sobre o tema estudado.

8. Visitas de estudo: proporcionam o conhecimento de ambientes diferentes dos da sala de aula,

experimentando na prática, conteúdos estudados na teoria.

Page 8: [RENATA CRUZ RABELLO] Anteprojeto

Bibliografia levantada sobre o tema:

BARBOSA, Eduardo Fernandes; MOURA, Dácio Guimarães. Metodologias ativas de

aprendizagem na educação profissional e tecnológica. B. Tec. Senac, Rio de Janeiro, v. 39, n.2,

p.48-67, maio/ago. 2013. Disponível em:

<http://www.senac.br/media/42471/os_boletim_web_4.pdf>. Acesso em 18 de julho de 2015.

BERBEL, Neusi Aparecida Navas. As metologias ativas e a promoção da autonomia de

estudantes. : Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 32, n. 1, p. 25-40, jan./jun. 2011.

Disponível em:

<http://www.proiac.uff.br/sites/default/files/documentos/berbel_2011.pdf>. Acesso em 11 de

agosto de 2015.

CROUCH, Catherine H; MAZUR, Eric. Peer Instruction: Ten years of experience and results.

Am. J. Phys., Vol. 69, No. 9, September 2001. Disponível em:

<http://web.mit.edu/jbelcher/www/TEALref/Crouch_Mazur.pdf>. Acesso em 11 de agosto de

2015.

CROUCH, Catherine H. WATKINS, Jessica. FAGEN, Adam P. MAZUR, Eric. Peer Instruction:

Engaging students one-on-one, all at once. In Reviews in Physics Education Research, Ed. E.F.

Redish and P. Cooney, pp. 1-1 (American Association of Physics Teachers, College Park, MD,

2007). Disponível em:

<http://mazur.harvard.edu/sentFiles/Mazurpubs_537.pdf>. Acesso em 10 de agosto de 2015.

MAZUR, Eric. Peer Instruction: a user's manual. New Jersey: Prentice Hall, Inc, 1997.

MITRE, Sandra Minardi et al. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação

profissional em saúde: debates atuais. Ciência & Saúde Coletiva, 13 (Sup 2), 2008. Disponível

em:

<http://www.scielosp.org/pdf/csc/v13s2/v13s2a18.pdf>. Acesso em 11 de agosto de 2015.

PINTO, Antonio Sávio da Silva et al. Inovação Didática - Projeto de Reflexão e Aplicação de

Metodologias Ativas de Aprendizagem no Ensino Superior: uma experiência com “peer

instruction”, 2012. Disponível em:

<http://www.labmi.com.br/wp-content/uploads/2013/03/Inova%C3%A7%C3%A3o-

Did%C3%A1tica-Projeto-de-Reflex%C3%A3o-e-Aplica%C3%A7%C3%A3o-de-Metodologias-

Page 9: [RENATA CRUZ RABELLO] Anteprojeto

Ativas-de-Aprendizagem-no-Ensino-Superior-uma-experi%C3%AAncia-com-%E2%80%9Cpeer-

instruction%E2%80%9D.pdf>

Acesso em 11 de agosto de 2015.

PINTO, Antonio Sávio da Silva et al. O Laboratório de Metodologias Inovadoras e sua

pesquisa sobre o uso de metodologias ativas pelos cursos de licenciatura do UNISAL,

Lorena, 2013. Disponível em:

<https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=5&cad=rja&uact=8&ved=0CD4

QFjAEahUKEwicy5bZrJ_IAhUBjZAKHaC-B5Q&url=http%3A%2F%2Fwww.labmi.com.br%2Fwp-

content%2Fuploads%2F2013%2F12%2FArtigo-Conise-2013.doc&usg=AFQjCNFFglZLF7j6nsansXwdIsSW-

p91Qw>

Acesso em 30 de setembro de 2015.

REZENDE JUNIOR, Rosemar Aquino et al. Aplicabilidade de metodologias ativas em cursos de

graduação em engenharia. XLI Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia, Gramado,

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<http://www.fadep.br/engenharia-eletrica/congresso/pdf/118003_1.pdf>. Acesso em 11 de

agosto de 2015.

THURNEAU, Arthur F. Engaging students in the classoon and beyond. Copyright University of

Michigan, 2011. Disponível em:

http://www.crlt.umich.edu/tstrategies/tsal.php . Acesso em 08 de maio de 2012.

WATKINS, Jessica. MAZUR, Eric. Using JiTT with Peer Instruction, in Just in Time Teaching Across

the Disciplines, Ed. Scott Simkins and Mark Maier, pp. 39-62 (Stylus Publishing, Sterling, VA,

2009).

Laboratório de Metodologias Inovadoras em www.labmi.com.br