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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE TEORIAS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EDER EDSON DE CARVALHO RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO PRÁTICA DE ENSINO E ESTÁGIO DOCENTE NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL REGULAR Estágio: A união da teoria com a prática SÃO CARLOS 2014 1

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE TEORIAS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

EDER EDSON DE CARVALHO

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIOPRÁTICA DE ENSINO E ESTÁGIO DOCENTE NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL REGULAR

Estágio: A união da teoria com a prática

SÃO CARLOS

2014

1

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE TEORIAS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

EDER EDSON DE CARVALHO

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIOPRÁTICA DE ENSINO E ESTÁGIO DOCENTE NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL REGULAR

Estágio: A união da teoria com a prática

Relatório apresentado à disciplina Prática deensino e estágio docente nos anos iniciais doEnsino Fundamental regular, do curso degraduação Licenciatura em Pedagogia daUniversidade Federal de São Carlos, comoparte das atividades avaliativas.Docente: Profa. Dra. Aline Sommerhalder

SÃO CARLOS

2014

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Lista de figuras

Figura 01 Fotografia aérea do bairro Santa Felícia, município de São Carlos

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SUMÁRIO

Introdução....................................................................................................... 5

1. Políticas públicas para a Educação Básica no Brasil e a prática

educativa...............................................................................................................5

1. 1 O papel dos anos iniciais do Ensino Fundamental no contexto

atual do ensino brasileiro com duração de nove anos.............................7

1.2 A docência com as crianças nesse nível de ensino............................. 8

2. A unidade escolar onde o estágio foi desenvolvido 9

2.1 O estágio: experiência de ensino e de aprendizagem......................... 12

2.2 A regência: contribuições para a formação docente........................... 14

2.2.1 O Plano de Regência..................................................................... 14

2.2.2 Diário reflexivo sobre a Regência................................................ 20

Conclusão............................................................................................................. 24

Referências........................................................................................................... 25

Apêndices............................................................................................................. 26

DIÁRIO DE CAMPO 01................................................................................... 26

DIÁRIO DE CAMPO 02................................................................................... 28

DIÁRIO DE CAMPO 03................................................................................... 31

DIÁRIO DE CAMPO 04................................................................................... 33

Fotos da regência.......................................................................................... 37

Anexo..................................................................................................................... 37

Ficha de presença assinada

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Introdução

O presente relatório é fruto das inserções em estágio docente nos anos

iniciais do Ensino Fundamental regular na turma do terceiro ano “B” da Escola

Municipal de Educação Básica (EMEB) Professora Angelina Dagnone de Melo,

localizada na rua José Ferreira, s/nº, no bairro Santa Felícia, município de São

Carlos, estado de São Paulo.

O estágio é parte dos créditos integralizados na disciplina de Prática de

ensino de estágio docente nos anos iniciais do Ensino Fundamental regular, do

curso de graduação Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal de São

Carlos, tendo como docente e supervisora a Professora Doutora Aline

Sommerhalder.

O principal objetivo do estágio é a integração dos graduandos e futuros

professores com a realidade enfrentada em sala de aula para que possam conflitar

teoria e prática buscando uma identidade com a docência e contribuindo com a

comunidade na minimização dos problemas enfrentados na dimensão escolar nos

processos de aquisição dos conteúdos curriculares e de seus usos sociais.

O primeiro capítulo desse relatório intitulado “Políticas públicas para a

Educação Básica no Brasil e a prática educativa” pretende trazer uma reflexão

embasada em referenciais teóricos e legais sobre um panorama da Educação

Básica em nosso país e o cenário do Ensino fundamental de nove anos nesse

contexto.

No capítulo 2 “A unidade escolar onde o estágio foi desenvolvido” uma

contextualização entre teoria e prática determina as experiências obtidas no

processo de estágio ao qual fui inserido. As reflexões contidas nesse capítulo são

frutos das observações, participações e análises feitas ao longo das minhas

inserções a campo.

Logo esse trabalho é resultante da dialética entre teoria e prática no campo

da formação de professores.

1. Políticas públicas para a Educação Básica no Brasil e a prática educativa

5

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Nos últimos anos o crescimento de políticas públicas para a Educação Básica

no Brasil vem ganhando destaque no cenário nacional e internacional sendo objeto

de estudo e discussões na dimensão acadêmica. Trata-se de uma temática com

várias perspectivas, concepções e cenários complexos em disputa. Nesse sentido é

importante destacar a ação política de diferentes atores e contextos institucionais

influenciados por marcos regulatórios frutos de orientações, compromissos e

perspectivas, em escala nacional e mundial, preconizados por agências ou

organismos multilaterais e fortemente assimilados ou naturalizados pelos gestores

dessas políticas públicas.

Com esse olhar, o debate sobre tais políticas públicas articula-se a processos

mais amplos que a dimensão intra escolar sem esquecer, nesse trajeto, a

importância do papel social da escola e dos processos relativos a organização,

cultura e gestão do tempo e espaço próprios de sua dinâmica. O que se torna

fundamental, então, é não perder de vista que o processo educativo é mediado pelo

contexto sociocultural, pelas condições em que se efetiva a prática educativa, pelos

aspectos organizacionais e pela dinâmica em que se organiza a Educação Básica

em nosso país.

1. 1 O papel dos anos iniciais do Ensino Fundamental no contexto atual

do ensino brasileiro com duração de nove anos

As políticas neoliberais para a Educação Básica, no Brasil, vem seguindo um

modelo de órgãos internacionais como o do Banco Mundial para disputar lugar

privilegiado no ranking internacional que traz uma mostra sobre os índices sociais e

econômicos e classifica os países em desenvolvidos e em desenvolvimento.

Seguindo essas premissas nossas políticas para a educação cresceram na direção

de compensar as desigualdades sociais existentes no cenário de contradição. Assim

se sustenta políticas como a do Ensino Fundamental de nove anos como tentativa

de minimizar tais desigualdades e avançar nos indicadores externos de avaliação.

Para Arelaro, Jacomini e Kein (2011) o Ensino fundamental de nove anos é

fruto das políticas compensatórias iniciadas na década de 70 com a criação da pré-

escola. Entretanto a pré-escola foi sendo ressignificada ao longo do tempo,

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ganhando uma identidade singular dentro do contexto educacional brasileiro

construindo e resinificando a cultura na Educação Infantil o que contraria a inserção

do primeiro ano no Ensino Fundamenta. Segundo as autoras:

O argumento predominante nas justificativas do Ministério da Educação(MEC) e na documentação legislativa sobre o ensino fundamental de noveanos é que a medida garante a ampliação do direito à educação para ascrianças de 6 anos de idade, em especial as pobres e excluídas do sistemaeducacional. Ponderou-se, naquele momento, que as crianças de 6 anosdas classes média e alta já estavam matriculadas em escolas e que serianecessário incluir as classes desfavorecidas. (ARELARO, JACOMINI eKEIN 2011; p. 38)

Analisando o trecho citado é possível perceber que novamente as políticas

compensatórias estavam crescendo no cenário educacional. Arelaro, Jacomini

e Kein (2011) ainda ressaltam que aparentemente, o fato das crianças de seis anos

de idade não estarem matriculadas nas pré-escolas em sua totalidade, criou-se um

consenso de que o Ensino fundamental de nove anos garantiria o direito dessas

crianças à educação.

Com o estudo das autoras acima citadas, percebemos claramente a influência

das políticas neoliberais na promoção da universalização da educação básica no

Brasil. É fato que as políticas implantadas até o momento tem expandido

significativamente o acesso das crianças das camadas mais populares à educação

fundamental. Entretanto o que se discute é com qual finalidade essas políticas vem

sendo implantada em nosso país. A busca pelo crescimento da economia vem sendo

o principal objetivo dos últimos governos e os investimentos do capital estrangeiro é

o que determina o equilíbrio da nossa balança comercial, portando obter bons

resultados no ranking mundial é criar notoriedade para os investimentos dos grandes

fundos monetários internacionais.

Se a política já está implantada, o que resta saber é se as instituições deram

conta de atender as crianças de sies anos de idade, respeitando sua cultura, seu

desenvolvimento histórico, cultural, físico e psicológico no contexto das práticas

educativas instituídas. Logo vários estudos, pesquisas e programas emergem nessa

perspectiva com o objetivo de traçar e orientar a prática docente nas instituições de

Ensino Fundamental numa tentativa de responder as incógnitas geradas no interior

das Instituições de Ensino. Entretanto, mais do que responder esses

questionamentos os projetos e programas desenvolvidos pelos governos federais,

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estaduais e municipais corroboram para o sucesso nos índices de avaliação externa.

1.2 A docência com as crianças nesse nível de ensino

Implantada a política para a obrigatoriedade do Ensino fundamental de nove

anos a questão que emerge no interior das academias e das instituições que

abarcam essa categoria de ensino é: Qual prática educativa deve ser socializada

com as crianças de seis anos de idade?

Segundo as orientações do 3° relatório do programa de ampliação do Ensino

Fundamental para nove anos a ação pedagógica deve:

[…] buscar a interação entre as diversas áreas de conhecimento e aspectosda vida cidadã como conteúdos básicos para a constituição deconhecimentos e valores. Dessa maneira, os conhecimentos sobre oespaço, tempo, comunicação, expressão, a natureza e as pessoas devemestar articulados com os cuidados e a educação para a saúde, asexualidade, a vida familiar e social, o meio ambiente, a cultura, aslinguagens, o trabalho, o lazer, a ciência e a tecnologia. (BRASIL, 2006;p.16)

O relatório,(BRASIL, 2006), ainda indica que tais conteúdos devem ser

praticados de maneira prazerosa e lúdica, se distanciando das práticas de

monótonas com exagero de atividades e disciplinamento estéril. E ainda ressalta a

importância de uma prática docente descentralizada e a importância da organização

do espaço como peio de exploração em atividades significativas que oportunizam a

protagonização no processo de aprendizagem.

O conteúdo do relatório traz uma abordagem de cultura escolar que difere de

outras já instituídas até então para o Ensino Fundamental de oito anos. Ainda

segundo Brasil (2005) a instituição do Ensino Fundamental de nove anos:

[…] não se trata de transferir para as crianças de seis anos os conteúdos eatividades da tradicional primeira série, mas de conceber uma novaestrutura de organização dos conteúdos em um Ensino fundamental denove anos, considerando o perfil de seus alunos. (BRASIL, 2006; p.17)

Pensando no trecho citado, o que podemos concluir com o relatório é que a

inserção das crianças de seis anos no Ensino Fundamental deve garantir que novas

práticas pedagógicas e uma nova cultura organizacional devem ser construídas para

atender às necessidades e particularidades dessas crianças que tão cedo chegam

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ao universo das letras.

Não devemos esquecer, que as crianças nessa faixa etária dos anos iniciais

do Ensino Fundamental estão em constante processo de amadurecimento e

transformação. É no exercício da infância que as crianças reelaboram valores e

resinificam conteúdos e conhecimentos. Portanto qualquer prática docente nesse

nível de ensino deve contemplar a dimensão lúdica, o reconhecimento e a

valorização da diversidade e o espaço para o protagonismo na produção do

conhecimento.

2. A unidade escolar onde o estágio foi desenvolvido

A EMEB (Escola Municipal de Educação Básica) Angelina Dagnone de Melo,

localiza-se na rua José Ferreira, s/nº, no bairro Santa Felícia, município de São

Carlos, estado de São Paulo. A escola iniciou suas atividades no mês de setembro

do ano 2000 e atualmente atende a alunos do primeiro ao quinto ano do Ensino

Fundamental e regular e os Termos I e II da EJA (Educação de Jovens e Adultos).

Possui treze salas de aula e atende aproximadamente 650 alunos distribuídos nos

três períodos de funcionamento: matutino, vespertino e noturno.

Em relação aos indicadores de avaliação a escola obteve, no IDEB (Índice de

Desenvolvimento da Educação Básica) de 2011, nota 6.3 que ultrapassou a média

do município na categoria que foi de 5.5. Os indicadores demonstram uma queda na

nota da escola em relação ao ano de 2009 que foi de 6.4 e uma constante na média

municipal da categoria que se manteve em 5.5.

A nota da Prova Brasil nos anos iniciais do Ensino fundamental, evoluíram

significativamente desde a aplicação da avaliação externa em 2005 a 2009, tanto em

Língua Portuguesa, como em Matemática. Entretanto em 2011 os índices

retrocederam significativamente: Língua Portuguesa que ficou com nota 218, 89 no

ano de 2009 caiu para 216,91 em 2011. já a nota em Matemática caiu de 247,16 em

2009 para 239,98 no ano de 2011. A redução nos índices ocorreu na mesma

proporção para as médias gerais da categoria em nível municipal e estadual. Na

contramão, os índices de aprovação crescem constantemente: subiu de 93% em

2005 para 97% em 2011.

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Atualmente a escola é composta por trinta e cinco professores com diversos

vínculos empregatícios: efetivos, admitidos por concurso público e contrato

temporário, selecionado por prova de títulos cujo o objetivo é de preencher as vagas

remanescentes da atribuição inicial e as vagas originárias de afastamentos e

licenças. Auxiliares administrativos, Agentes Educacionais, Educadoras Alimentares,

Auxiliares de serviços Gerais e Bibliotecários completam o quadro, totalizando 51

funcionários.

A escola oferece alimentação escolar de qualidade para todos os alunos nos

períodos regulares e possui água encanada e filtrada, energia elétrica, laboratório de

informática com acesso à internet, parque infantil, quadra coberta, cozinha e

refeitório equipados, sala de recursos tecnológicos com televisão, computadores,

lousa digital, sala de recursos para atendimento de portadores de necessidades

educacionais especiais, banheiros adequados e equipados, sala para os

professores, sala para a diretora equipada, secretaria equipada, Biblioteca do

Futuro1, rede pública de coleta de esgoto e coleta seletiva de resíduos sólidos

orgânicos e inorgânicos.

O espaço físico da escola é pequeno. Um corredor atravessa todo o prédio,

sendo interrompido apenas por um pequeno pátio que integra o refeitório dos

alunos. As paredes estão em ótimo estado de conservação. As turmas utilizam as

paredes do corredor para expor trabalhos e atividades realizadas em sala de aula

numa espécie de mural. O intervalo é separado em três momentos em cada período,

para atender todos os alunos. A acústica do ambiente é muito ruim, pois no período

de intervalos é praticamente impossível desencadear qualquer tipo de atividade oral

porque o barulho atrapalha muito, mesmo com as portas fechadas.

A área externa é bem ampla, com quadras (de areia e salão coberta), parque

infantil e Biblioteca do Futuro. Mas ainda há falta de uma área verde livre para a

interação dos alunos com a natureza. Esses espaços são utilizados também para o

desenvolvimento do Programa Mais educação:

[...]criado pela Portaria Interministerial nº 17/2007 e regulamentado pelo

1 As Escolas do Futuro são bibliotecas escolares comunitárias que atendem tanto os alunos,professores e funcionários das EMEB – Escola Municipal de Educação Básica -, pois estão instaladasjunto a elas, mas também toda a comunidade em seu entorno; assim, todos os cidadãos podemutilizar o acervo de livros, revistas e jornais, os computadores com acesso à internet, fazer pesquisase aos sábados frequentar cursos de informática básica Linux. (SÃO CARLOS, 2014)

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Decreto 7.083/10, constitui-se como estratégia do Ministério da Educaçãopara indução da construção da agenda de educação integral nas redesestaduais e municipais de ensino que amplia a jornada escolar nas escolaspúblicas, para no mínimo 7 horas diárias, por meio de atividades optativasnos macrocampos: acompanhamento pedagógico; educação ambiental;esporte e lazer; direitos humanos em educação; cultura e artes; culturadigital; promoção da saúde; comunicação e uso de mídias; investigação nocampo das ciências da natureza e educação econômica.(BRASIL, 2014)

A escola conta também com outro programa, de iniciativa municipal, que

utiliza dos espaços internos e externos para a realização de oficinas aos finais de

semana, o Programa e Projeto Escola Nossa:

A Secretaria Municipal de Educação desenvolve nas 52 escolas municipaiso programa Escola Nossa, que visa fortalecer o vínculo entre a escola e acomunidade por meio de parcerias com órgãos públicos e ONGs,oferecendo atividades, como cursos, oficinas, palestras etc. Dentro doprograma, também é realizado o projeto Escola Nossa, que utiliza o espaçofísico das escolas para desenvolver atividades físicas e diversas oficinaspara a comunidade em geral.(SÂO CARLOS, 2014).

Os Programas e Projetos desenvolvidos nos espaços escolares contribuem

para a aproximação da comunidade com a escola. É esperado pelos gestores dos

programas e projetos que a comunidade participe mais da escola e que ajude a

conservar e proteger o patrimônio físico da unidade com esse tipo de iniciativa. As

escolas estaduais do município de São Carlos também desenvolvem o Programa

Mais Educação e em paralelo ao Programa e Projeto Escola Nossa é desenvolvido o

Programa Escola da Família2 com a mesma finalidade.

A comunidade atendida pela unidade escolar é mista, as famílias pertencem

aos mais distintos níveis sociais. As contradições chocam-se com o comportamento

e com a organização da escola para atender diferentes atuações no cenário

educativo. Os choques e conflitos aparecem nas práticas pedagógicas fruto do

Projeto Político Pedagógico da unidade e do Plano anual de Ensino aplicado. A

finalidade que ambos os documentos deixam transparecer é a preparação para os

exames e avaliações externas. Os conflitos resultantes das práticas aplicadas

resumem ao domínio do capital cultural que uma parcela da comunidade possui.

2 O programa atua em cerca de 2.300 unidades escolares em todo o Estado de São Paulo,principalmente em escolas que ficam em áreas socialmente vulneráveis. Em muitas dessas áreas, aescola é o único equipamento público disponível para a comunidade, centralizando atividadesculturais e esportivas e reafirmando o caráter público de todos os equipamentos mantidos peloEstado. Esse Programa também procura envolver os pais dos alunos nas atividades, promovendo avalorização da educação e da escola. As atividades do Programa Escola da Família se organizam emtorno de quatro eixos: cultura, esporte, prevenção à saúde e geração de renda. (SÃO PAULO, 2014).

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O bairro no qual a EMEB Angelina Dagnone

de melo está inserida é bem populoso e se

encontra em região privilegiada no Município de

São Carlos, pois possui vias de acesso rápido e

de fácil acesso e conta com uma alta

infraestrutura como: Unidades de Saúde da

Família, CeMEI (Centro Municipal de Educação

Infantil), Farmácias, Padarias, Grandes redes de supermercados, além de ser

cercado por dois campus da USP (Universidade de São Paulo) e pelo Shopping

Iguatemi.

2.1 O estágio: experiência de ensino e de aprendizagem

O estágio é um processo de aprendizagem indispensável a um profissional

que deseja estar preparado para enfrentar os desafios de uma carreira. Está no

estágio a oportunidade de assimilar a teoria e a prática, aprender as peculiaridades

e o manejo da profissão, conhecer a realidade do cotidiano escolar e os desafios da

docência para construir uma prática significativa. Sabemos que pedagogicamente o

aprendizado é muito mais eficaz quando é adquirido por meio do processo de

experiência.

O que fazemos diariamente e com frequência é absorvido com muito mais

eficiência. É comum ao estagiário lembrar-se do que realizou durante o estágio

enquanto assiste às aulas e do que aprendeu em sala enquanto está exercendo

atividades no estágio. As aulas em sala de aula ensinam conceitos e teorias que

são necessárias aos futuros professores. A vivência do trabalho permite assimilar

vários elementos que foram ensinados teoricamente. É possível distinguir aquilo que

precisamos aprender e nos aperfeiçoar. Torna-se possível identificar deficiências e

falhas, onde o estágio é o momento mais apropriado para extrair benefícios dos

erros. Será também possível auferir a qualidade do ensino que temos conforme as

dificuldades que enfrentamos. Segundo Machado (1997):

Observar a interação na classe a partir do aluno permite-nos reconhecê-losob outros aspectos, que também o constituem como sujeito. Ou seja, nospermite reconhecer outras dimensões do sujeito frequentemente tipificado

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Page 13: RELATORIO FINAL DE ESTAGIO ANOS INICIAIS.pdf

com a etiqueta de aluno, resultando num sujeito que foi recortado econstruído na relação professor-aluno.(MACHADO, 1997; p. 33)

Nas inserções de estágio durante um período equivalente a trinta horas pude

refletir um pouco sobre vários aspectos do cotidiano escolar. A cultura organizacional

da escola, a rotina adotada para sistematização dos conteúdos, a organização do

tempo, os processos grupais e as relações e interações entre professor/aluno e

aluno/professor. Também foi muito interessante observar e refletir sobre os usos dos

recursos materiais e tecnológicos em sala de aula e o uso dos espaços físicos:

A sala de aula é bem organizada, as carteiras estão uma atrás da outra,dispostas em cinco fileiras. Na parede direita, onde se localiza a porta, ficauma espécie de varal onde estão pendurados alguns mapas geográficos. Naparte superior da lousa fica um telão retrátil que serve para projeção. Aofundo da sala ficam dois armários de aço e uma prateleira com materiaisdidáticos. A professora disse que dois dos armários são para seu uso, poistodos sabem que ela guarda muitos materiais para reaproveitar depois ematividades ou de outras formas didáticas.(Apêndices: Diário de campo 01)

A organização do espaço e do tempo estão intimamente ligados a finalidade

da prática educativa. Muitas vezes esse objetivo não está explícito no planejamento

do professor, entretanto é um mecanismo que define a prática docente em sala de

aula:

[…] o espaço e o tempo como elementos estruturantes têm duplo sentido:funcionam como meios coercitivos ou permissivos no ato educativo, mas,por outro lado, não são suficientes para definir em si mesma a relação como conhecimento nem a relação entre professor e alunos.(MACHADO, 1997;p. 32)

Os estudos de Machado (1997) apontam que a relação que o professor

estabelece com os alunos é resultante de um processo de organização do tempo e

do espaço, mesmo o professor ocupando um lugar de destaque na distribuição do

conhecimento ele continua sendo singular na interação com o tempo e espaço em

sala de aula.

Observando a rotina na turma a qual fiz minhas inserções percebo que o

sucesso ou fracasso de uma aula bem planejada está intimamente ligada as

interações de tempo e espaço estabelecidas na relação professor e aluno. Por isso

planejar é também prever e estar preparado para novas situações de aprendizagem

que podem surgir como fruto dessas interações.

13

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2.2 A regência: contribuições para a formação docente

A regência é o momento onde o estagiário pode enfrentar os riscos e ter nas

mão as rédias da pratica docente. É nesta fase do estágio que o aluno da graduação

coloca em prática toda sua habilidade adquirida até então no processo de estágio

colaborativo e experimenta por algum tempo o controle e manejo dos recursos da

sala de aula e das teorias socializadas na vida acadêmica. Minha experiência com a

regência nessa turma me fez refletir que muitas vezes acreditamos que nosso

planejamento é perfeito e que nada pode abalar o que nele foi proposto. Mudar a

rotina e a organização da sala de aula é algo que requer muito domínio e

conhecimento das situações de aprendizagem e de interação estabelecidas na

turma, por isso devemos sempre ter cuidado para não confundir os educandos, mas,

por outro lado, é nosso dever mostrar outras possibilidades de organização da rotina

e novas formas de aprender e ensinar.

2.2.1 O Plano de Regência

DATA DA REGÊNCIA:

16 de maio de 2014.

PÚBLICO ALVO:

Alunos do 3º ano, Turma B do Ensino Fundamental na EMEB Angelina

Dagnone de Melo

ÁREA DO CONHECIMENTO:

Língua Portuguesa, Matemática e Arte.

TEMA:

Criatividade.

CONTEÚDO:

medida de capacidade (ml);

medida de massa (g);

leitura e interpretação de um texto instrucional;

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cores primárias e secundárias;

DURAÇÃO TOTAL:

Aproximadamente três aulas de 50 minutos.

PROBLEMATIZAÇÃO

A turma para a qual proponho esta sequência de atividades normalmente tem

poucos momentos autônomos para criação e aulas com pouca dinâmica. Alguns

alunos ainda não leem convencionalmente e a maioria da turma não faz distinção

entre os gêneros textuais. Também apresentam pouco conhecimento das unidades

de medida.

Pretendo oferecer aos alunos algumas ferramentas que contribuam para o

processo de leitura e compreensão dos diferentes gêneros textuais e da

compreensão de algumas unidades de medida para que os alunos avancem em

suas hipóteses a partir de atividades concretas e lúdicas.

JUSTIFICATIVA

Decidi trabalhar com as atividades concretas porque os alunos do terceiro ano

ainda necessitam de um apoio material para compreenderem os conteúdos

abstratos ensinados em sala de aula. Pois sabemos que uma criança quando entra

em contato com o material concreto passa a ter uma motivação maior para

aprendizagem já que sua aprendizagem, nessa fase, ainda está muito ligada as

experiências sensoriais.

Trazer autonomia para as crianças nessa fase da aprendizagem, garante que

elas passem a gostar mais de aprender e procurem mais por essa aprendizagem,

por isso é essencial alimentar a criatividade e a curiosidade das crianças para que

ela possa buscar conhecimento em novas fontes de aprendizagem.

EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM

OBJETIVOS GERAIS:

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Page 16: RELATORIO FINAL DE ESTAGIO ANOS INICIAIS.pdf

Propiciar condições para que o aluno possa:

Comunicar-se no cotidiano;

Ler mesmo que não convencionalmente;

Produzir textos escritos ainda que não saiba escrever convencionalmente;

Reconhecer as cores primárias e secundárias

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Propiciar condições para que o aluno possa:

Utilizar materiais de medida, compreendendo seus usos e suas finalidades;

Identificar as unidades de medida como parte de um texto instrucional;

Compreender as diferenças entre gramas e mililitros;

Antecipar significados de um texto escrito a partir das características do

gênero instrucional;

reconhecer um texto instrucional a partir de suas estruturas e finalidades

Usar características estruturais do texto instrucional ao produzi-lo

coletivamente;

desenvolver a criatividade.

ATIVIDADE 01: “Conhecendo o gênero instrucional”

Duração: Aproximadamente uma aula de 50 minutos.

Material necessitário: Projetor, diferentes portadores de texto instrucional

(manuais, receitas, bulas, etc)

Iniciar uma conversa com as crianças questionando sobre o que eles já

sabem sobre o gênero instrucional e suas finalidades:

1. Vocês já ouviram falar em texto instrucional (Um texto instrucional é aquele

16

Page 17: RELATORIO FINAL DE ESTAGIO ANOS INICIAIS.pdf

cuja função é instruir, ensinar, mostrar como algo deve ser feito. Descrevem

as etapas que devem ser seguidas para um determinado procedimento.)?

Para que serve?

2. Onde encontramos em nosso dia a dia os textos instrucionais?

3. Quem já observou os pais, amigos e/ou familiares lendo bula de remédio,

manual de aparelhos eletrônicos ou mesmo as regras para saber como se

joga um jogo?

É importante, neste momento, fazer boas intervenções remetendo as

recordações das crianças ao uso social desse tipo de gênero que tem como

finalidade orientar e instruir quem o utiliza nas diferentes formas.

Depois apresentar os diferentes tipos de gênero instrucional no telão e

explicar que cada um tem uma finalidade diferente, mas que todos servem para

instruir os usuários para fazer uma receita, tomar adequadamente um remédio,

compreender o funcionamento de um aparelho ou as regras de um jogo, entre

outros.

Depois propor as crianças a divisão da turma em quatro grupos para separar

os materiais que portam os textos instrucionais da seguinte forma:

1. expor os portadores do texto instrucional coletivamente;

2. cada grupo deverá encontrar um tipo de portador do texto instrucional:

receitas, regras de jogos, bulas de remédio, manuais de aparelhos eletrônicos

instruções fabricação de brinquedos.

3. Ao final da atividade, cada grupo deve socializar as suas tarefas e socializar

as estratégias que usaram para encontrar os diferentes portadores do texto

instrucional.

ATIVIDADE 02: “Fazendo uma massinha de modelar caseira”

Duração: Aproximadamente uma aula de 50 minutos.

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Material necessitário: quatro refratários plásticos para mistura, quatro pacotes

de 1kg farinhas de trigo, dois pacotes de sal, 1litro de olho de soja, corante

liquido nas cores amarelo, azul e vermelho, quatro balanças e quatro colheres

de sopa, quatro copos de medida e plástico para forrar as mesas.

Começar a atividade conversando com as crianças sobre o que será

proposto. Neste momento é interessante e significativo levantar os conhecimentos

prévios das crianças sobre as unidades de medida:

1. Vocês já ouviram falar em unidades de medida? Quais são elas? Para que

servem?

2. Onde usamos as unidades de medida? Em quais momentos? E como

denominamos as unidades de medida convencionais e quais suas

especificidades.

Nesse momento é interessante apresentar os materiais usados para as

diferentes medidas e passar nos grupos para as crianças manipularem e

conhecerem. Depois distribua os materiais para cada grupo e proponha a

elaboração de uma massinha de modelar caseira.

Propor oralmente que as crianças misturem nos refratários: 400g de farinha

de trigo; duas colheres de sopa de óleo de soja; 200g de sal e aproximadamente

250 ml de água. As crianças deverão, nos grupos, usar os materiais entregues para

realizar as medições e elaborar a receita.

Por fim, depois que os grupos estiverem terminado, pedir para que cada

grupo separe a massinha em três partes e coloquem aproximadamente 3 gotas de

corante em cada parte deixando uma de cor amarela, outra vermelha e a última de

azul. Depois propor as crianças que misturem dois pedaços de massinha de cores

diferentes para verem o que acontece.

Neste momento elas perceberão que as massinhas mudaram de cor

formando novas cores. É importante explicar que a essas cores damos o nome de

cores secundárias que vem da mistura das primárias: amarelo, vermelho e azul. Em

18

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seguida deixa os grupos criarem esculturas e objetos com suas massinhas.

ATIVIDADE 03: “Produzindo um texto instrucional”

Duração: Aproximadamente uma aula de 50 minutos.

Material necessitário: Duas cartolinas, giz, lousa, canetas hidro cores e fita

adesiva para fixação do cartaz;

Iniciar a atividade deixando claro os objetivos e sua proposta para as crianças

em uma breve conversa. E propor as crianças a produção coletiva de um texto

instrucional, cuja a finalidade será orientar as crianças de outras turmas na

elaboração de suas massinhas de modelar caseiras.

O professor deverá ser o escriba: enquanto as crianças ditam o professor

escreve na lousa o texto instrucional que ensinará a preparar uma massinha de

modelar.

Chamar a atenção dos alunos para seguir os passos desse tipo de texto:

Nome da Receita; Materiais ou Ingredientes necessários e Modo de Fazer.

Depois do texto escrito na lousa pedir para os alunos revisarem de forma a adequar

a escrita para veiculação num cartaz que será exposto no mural da escola.

Depois de revisado, escreva o texto nas cartolinas com letra bastão caixa alta,

visto que os alunos em fase de alfabetização também poderão utilizar o texto como

fonte de conhecimento e aprendizagem. E em seguida fixar o cartaz no mural da

escola.

AVALIAÇÃO

Observar se o aluno foi capaz de:

Realizar as atividades dentro da proposta e do tempo previsto;

Interagir e contribuir coletivamente para a formulação de hipóteses e reflexão

sobre a leitura e a produção dos textos;

19

Page 20: RELATORIO FINAL DE ESTAGIO ANOS INICIAIS.pdf

Expor suas opiniões e reflexões sobre a leitura e a escrita do gênero

trabalhado;

Realizar integralmente as propostas das atividades, superando limites,

capacidades e hipóteses;

Reconhecer os diferentes portadores do gênero textual trabalhado;

Utilizar os aparelhos de medida para a fazer a receita de massinha;

Compreender as diferenças entre as unidades de medida.

Para tanto serão utilizados os registros de observações escritas como

ferramenta desencadeadora de um processo reflexivo sobre a prática docente e a

aprendizagem das crianças.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Partindo sempre de uma aprendizagem significativa e com ênfase ao estimulo

e avanço do educando propomos um plano flexível, podendo surgir conceitos,

aprendizagens e atividades que aqui não estão programadas, entretanto serão

registradas posteriormente.

REFERÊNCIAS

SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Ler e escrever: guia de

planejamento e orientações didáticas. São Paulo: FDE, 2011.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa/ Secretaria de

Educação Fundamental. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. SÃO PAULO, Secretaria

da Educação;

2.2.2 Diário reflexivo sobre a Regência

Minha regência foi planejada para três aulas de cinquenta minutos.

Previamente agendei com a professora colaboradora a atividade para uma sexta-

20

Page 21: RELATORIO FINAL DE ESTAGIO ANOS INICIAIS.pdf

feira, nove de maio. Como minha colega de turma, Vanda, precisava da minha ajuda

para sua regência, combinamos que faríamos uma troca eu auxiliaria a Vanda no dia

nove em sua regência e ela me auxiliaria no dia dezesseis em minha regência. Logo

remarquei a data com a professora colaboradora.

No dia e hora marcados estava a Vanda e eu na Escola Municipal de

Educação Básica Angelina Dagnone de Melo para o desenvolvimento da minha

regência. A professora colaboradora havia pedido que eu preparasse uma aula

diferente, para que os alunos saíssem um pouco da rotina. Inicialmente pensei em

trabalhar com a temática indígena, mas depois de pesquisar sobre os conteúdos que

seriam abordados para as crianças de terceiro ano e pensando nos recursos que

estariam disponíveis para meu uso percebi que não fugiria muito das aulas

expositivas que os alunos já assistiam cotidianamente. Pensando nisso, mudei meu

plano de aula e resolvi montar uma sequência de atividades para três aulas cujo o

objetivo que não estava explícito era reconstruir a organização do espaço,

permitindo novas aprendizagens a partir do trabalho em grupo.

No início da regência pedimos para os alunos que se organizassem em

grupos de quatro alunos de acordo com as suas afinidades. Apenas um grupo ficou

com cinco alunos. Percebi que os alunos não conheciam essa organização porque

não souberam se orientar quanto ao espaço que havia na sala de aula e qual seria a

disposição mais adequada para os grupos, por isso nós orientamos os alunos de

forma que todos pudessem realizar as atividades e visualizar a lousa e o telão

(recursos que utilizamos como apoio).

Quando a turma já estava organizada, o primeiro passo foi fazer uma

conversa inicial para explicar aos alunos o que seria feito. Depois desse breve

diálogo coloquei a rotina na lousa, contendo o nome das três atividades para nos

organizarmos quanto ao tempo proposto para cada atividade. Depois conversei com

os alunos sobre os textos instrucionais, perguntei se eles conheciam e se já tinham

ouvido falar nesse tipo de texto. Percebi que os alunos não faziam ideia do que seria

um texto instrucional até eu falar sobre receitas, manuais, e instruções para jogos.

Então, em seguida, perguntei para que usávamos esses tipos de texto, qual as

finalidades, quem usava e onde circulava esse tipo de texto. No início as crianças

ficaram muito agitadas e queriam falar todos ao mesmo tempo, por isso parei a aula

21

Page 22: RELATORIO FINAL DE ESTAGIO ANOS INICIAIS.pdf

por um momento e fiz alguns combinados para o prosseguimento da aula.

Depois de levantar os conhecimentos que os alunos já possuíam sobre os

textos instrucionais coloquei no telão algumas imagens de portadores onde estavam

presentes esses tipos de textos e pedi aos alunos que falassem um pouco sobre

cada uma das imagens. Nesse momento fui fazendo intervenções, colocando

questões que faziam os alunos refletirem sobre a importância dos textos

instrucionais e seus usos nas práticas sociais.

Após a exposição, distribuímos aos grupos vários portadores dos textos

instrucionais tais como: livro de receitas, manual de instruções, bula de remédios,

caixas de jogos e rótulos de produtos. Pedimos para que cada grupo apresentasse

os materiais que haviam pegado e falasse um pouco sobre eles. Observei que os

alunos estavam muito motivados com a atividade, entretanto não conseguiam

distribuir as tarefas dentro dos grupos, por isso parei a aula por um instante para

falar sobre a divisão do trabalho em grupo e sobre cooperatividade.

Nessa atividade fui passando pelos grupos, e fazendo algumas intervenções

levantando alguns questionamentos sobre os portadores do texto instrucional, se

eles reconheciam a especificidade de cada um. Ao final dessa etapa um aluno de

cada grupo socializou as discussões que fizeram e apresentou o portador que

haviam pegado.

Iniciamos a segunda atividade, onde peguntei aos alunos se eles conheciam

as unidades de medida convencionais. Falando assim parecia que nenhum aluno

sabia do que eu estava falando, mas coloquei algumas situações de uso no

cotidiano em relação a quantidades e eles logo fizeram inferência ao conteúdo.

Falaram sobre régua, fita métrica, gramas, quilos, litros e mililitros. Nesse momento

aproveitei para discutir também sobre as medidas não convencionais, ou seja, as

medidas que usamos muitas vezes nas brincadeiras e nos jogos da infância como,

os pés, palmos, polegadas, passos, entre outras.

Em seguida perguntei aos alunos se eles perceberam a escrita de medidas e

quantidades nos textos instrucionais, todos os grupos relataram o que encontraram

nos portadores dos textos. Logo distribui com o auxílio da Vanda os instrumentos de

medida que levamos (balanças, colheres de sopa e copos de medida) para o

desenvolvimento da próxima atividade. As crianças experimentaram os materiais e

22

Page 23: RELATORIO FINAL DE ESTAGIO ANOS INICIAIS.pdf

manipularam com grande entusiasmo. Depois de conversar um pouco mais sobre

esses instrumentos propus a receita da massinha de modelar para os grupos

fazerem. Distribuímos os materiais necessários (óleo, sal, farinha, água e as bacias)

e oralmente fui falando as quantidades de cada elemento para a elaboração da

receita. Os alunos usaram os instrumentos de medida para medir as quantidades

necessárias e passo a passo foram fazendo as massinhas de modelar.

Percebi que a interação e a cooperação entre os grupos havia melhorado.

Todos estavam participando e dividindo as tarefas e as etapas do trabalho. Quando

os grupos terminaram suas receitas, perguntei se eles sabiam quais eram as cores

primárias. Percebi que alguns alunos conheciam, entretanto confundiam com as

cores secundárias. Após essa conversa pedi aos alunos para dividirem suas

massinhas em três partes iguais para colorirem com os corantes das cores primárias

(amarelo, azul e vermelho). Distribuímos os corantes para os grupos e pedimos para

que eles colorissem suas massinhas uma parte de cada cor. Depois de coloridas as

massinhas pedimos para os alunos repartirem entre os integrantes dos grupos de

forma que cada aluno ficassem com um pedaço de cada cor. Sugeri aos alunos que

misturassem duas cores primárias para formarem novas cores. Nesse momento os

alunos ficaram surpresos ao descobrir as cores secundárias (verde, roxo e laranja).

Em seguida pedi para os alunos liberarem a criatividade para modelar o que viesse

a mente. Saiu muitas esculturas interessantes.

Depois de brincar com as massinhas, os alunos enrolaram suas massinhas

no plástico filme para levarem embora. A Vanda auxiliou os alunos nesse momento.

Posteriormente, fixei três cartolinas na lousa e pedi para os alunos me ajudarem na

elaboração de uma receita de massinha de modelar para colocar no mural da escola

(no corredor) para que todos os alunos da escola tivessem acesso. Os alunos

prontamente ditaram, enquanto eu escrevia com o pincel atômico. Enquanto os

alunos falavam eu intervia para que prestassem atenção nas características do

gênero e na escrita com coerência. Após a atividade os alunos pediram para copiar

a receita, então deixamos os alunos copiarem enquanto organizávamos os materiais

para guardar.

Afixei as cartolinas no mural da escola e com a ajuda dos alunos organizamos

e limpamos a sala e as carteiras. A regência ultrapassou o tempo previsto usamos

23

Page 24: RELATORIO FINAL DE ESTAGIO ANOS INICIAIS.pdf

uma aula a mais do que previamente foi planejado. Percebi que não havia pensado

em meu planejamento que deveria dispor de um tempo para a organização e

reorganização do espaço já que os alunos, cotidianamente sentam em fileiras e

também para a limpeza da sala de aula e das carteiras. Acredito também que a

atividade de fazer a massinha poderia ser feita num outro espaço para não sujar a

sala de aula e ganhar um pouco mais de tempo.

Ao final da regência, com o espaço já organizado e limpo, fiz uma roda de

conversa com os alunos questionando sobre suas aprendizagens. Os alunos

responderam que aprenderam o que era texto instrucional e que descobriram que

não era somente receita que se considerava texto instrucional. Disseram também

que aprenderam muito sobre os usos das medidas e o que representam as unidades

de medida. E também falaram que aprenderam a misturar as cores primárias para

criar as secundárias. Me surpreendi com um aluno que disse que aprendeu a

trabalhar em equipe e que isso foi o mais importante para ele.

Para finalizar, gostaria de deixar registrado a minha tristeza por saber que o

aluno Flávio foi remanejado para o segundo ano. Acredito que foi proposta uma

solução que não foi adequada nesse caso. O aluno tinha condições de acompanhar

o terceiro ano, entretanto a professora precisava de mais apoio para flexibilizar as

atividades para atender os diversos níveis de aprendizagem dos alunos de sua

turma. Ao final da regência o aluno foi na sala para me dar um abraço e mostrar as

atividades que havia desenvolvido na outra turma.

Conclusão

Primeiramente é necessário considerar que a prática docente não é uma

tarefa fácil. Entender como a criança pensa e aprende para ajudá-la nesse processo

de construção do conhecimento é uma atividade que exige muita reflexão sobre as

práticas e sobre os métodos adotados pelos professores em sala de aula. Para

tornar-se um bom professor é necessário entender as necessidades das crianças e

buscar condições didáticas para resolver os problemas e mediar os conflitos que

emergentes nessa dimensão.

Durante o estágio busquei estabelecer um paralelo entre a teoria e a prática

para compreender de forma mais clara como se estabelecem os processos de

24

Page 25: RELATORIO FINAL DE ESTAGIO ANOS INICIAIS.pdf

aprendizagem e as interações sociais permeadas nas situações de aprendizagem

produzidas no ambiente escolar. A aprendizagem que me proporcionou o estágio

trouxe uma reflexão sobre minha atuação em sala de aula, visto que já atuo na

docência do ciclo I do Ensino Fundamental, proporcionando uma base mais

resistente e trazendo confiança para iniciar uma prática dialética, dialógica e lúdica

na minha trajetória como professor dos anos iniciais.

O diálogo com a professora colaboradora do estágio, bem como sua prática

docente foram determinantes para uma análise reflexiva sobre o papel do professor

nos anos iniciais do ensino Fundamental e permitiu uma aprendizagem muito

positiva para a construção da minha identidade como docente.

Contudo o estágio é uma ferramenta indispensável na formação inicial de

professores e no aperfeiçoamento de práticas mais eficazes e eficientes no ensino

dos anos iniciais. Atuar como estagiário é uma experiência muita rica e dinâmica do

que é de fato essa dimensão complexa que não se resume apenas em ser

professor, mas também ser gestor dos processos educativos.

Referências

ARELARO, L. R.G.; JACOMINI, M.A.; KEIN, S. B. O ensino fundamental de 9 anos e

o direito à educação. Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 37, n. 1, 220p. 35-51,

jan/abr. 2011.disponível em http://www.scielo.br/pdf/ep/v37n1/v37n1a03.pdf

BRASIL, Ministério da Educação (MEC). Ensino Fundamental de nove anos –

orientações gerais -. In: Ampliação do Ensino Fundamental para nove anos. 3º

Relatório do Programa. Portal do MEC. Brasília, Distrito Federal, maio de 2006. p.

13-26.

BRASIL, Ministério da Educação. Saiba mais – Programa Mais Educação. Portal do

MEC. Brasília, Distrito Federal, 2014. Disponível em

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=16689&Itemid=1115

acesso em 12 de maio de 2014.

25

Page 26: RELATORIO FINAL DE ESTAGIO ANOS INICIAIS.pdf

MACHADO, Antonio. Os sujeitos e a constituição da situação escolar.In: EDWARDS,

Verónica. Os sujeitos no universo da escola. São Paulo, Ática, 1997. P. 29-65.

SÂO CARLOS, Secretaria Municipal de Educação. Escolas do Futuro. Portal da

Educação.Prefeitura Municipal de São Carlos. São Carlos, São Paulo, 2014.

Disponível em http://www.saocarlos.sp.gov.br/index.php/educacao/115329-escolas-

do-futuro.html acesso em 12 de maio de 2014.

SÂO CARLOS, Secretaria Municipal de Educação. Programa e Projeto Escola

Nossa. Portal da Educação. Prefeitura Municipal de São Carlos. São Carlos, São

Paulo, 2014. Disponível em http://www.saocarlos.sp.gov.br/index.php/educacao/153989-

programa-e-projeto-escola-nossa.html acesso em 12 de maio de 2014.

SÃO PAULO, Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Escola da Família.

Portal da Educação. São Paulo, São Paulo, 2014. disponível em

http://www.educacao.sp.gov.br/escoladafamilia/sobre-programa acesso em 12 de

maio de 2014.

Apêndices

DIÁRIO DE CAMPO 01

São Carlos, 28 de março de 2014

Neste diário decidi retratar minhas primeiras impressões da inserção no

estágio, buscando colocar em evidencia a organização dos espaços de

aprendizagem, a organização dos recursos didáticos disponíveis e a rotina de

atividades dos estudantes.

Organização do espaço pedagógico

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Page 27: RELATORIO FINAL DE ESTAGIO ANOS INICIAIS.pdf

Iniciei meu estágio hoje as 7 horas, na turma do 3º ano B. No caminho para

escola reparei que o bairro é bastante desenvolvido com muitos estabelecimentos

comerciais e postos de saúde da família. Ao lado da escola funciona um CeMei

-Centro Municipal de Educação Infantil- que atende as crianças de 0 a 5 anos de

idade. Essas crianças contemplam a maior demanda de atendimento na EMEB

(Escola Municipal de Educação Básica) Angelina Dagnone de Melo na qual cumpro

minha carga horária de estágio obrigatório.

Quando cheguei na escola fiquei muito feliz, pois fui muito bem recebido, pela

equipe gestora da escola e pelo quadro de apoio. Também fui muito recepcionado

pela professora colaboradora, que na ocasião, me pediu para retirar o boné que eu

usava porque não era permitido em sua sala o uso do mesmo.

De início fiquei um pouco desorientado, pois a professora pediu para que eu

me sentasse numa carteira ao fundo da sala, mas logo depois pediu que eu

auxiliasse um aluno que estava com dificuldades em copiar os textos e as atividades

que ela havia passado na lousa. Prontamente atendi o pedido da professora,

preocupado se esta seria minha atribuição todas as vezes que fosse a campo. Em

conversa a professora colaboradora me disse que eu deveria ajudar um aluno que

não estava alfabetizado, mas que hoje havia faltado.

O aluno que auxiliei, não possui nenhum problema de aprendizagem

aparente, mas não possui motivação para a realização das mesmas. Perguntei se

ele gostava da escola e me respondeu que sim, mas que não gostava de fazer lição

porque era muito difícil copiar em “letra de mão”. Com o meu direcionamento ele

conseguiu realizar todas as atividades. Os outros alunos a todo momento olhavam

para min, não sei se queriam atenção ou se estavam apenas curiosos.

Hoje todos os alunos da escola participaram de uma apresentação de arte

circense com a interpretação mímica de dois palhaços convidados. O certame

aconteceu na quadra, fiquei surpreso ao saber que várias professoras que conheço

estão trabalhando nessa escola. Estava conversando com uma delas quando fui

chamado por um dos palhaços para compor a apresentação como figurante. Com

muita timidez fui à frente da plateia para representar um chuveiro. Fiquei morrendo

de vergonha, mas as crianças adoraram. Acabei ficando conhecido por todos na

escola. Após o término da apresentação voltamos à sala de aula.

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Page 28: RELATORIO FINAL DE ESTAGIO ANOS INICIAIS.pdf

A sala de aula é bem organizada, as carteiras estão uma atrás da outra,

dispostas em cinco fileiras. Na parede direita, onde se localiza a porta, fica uma

espécie de varal onde estão pendurados alguns mapas geográficos. Na parte

superior da lousa fica um telão retrátil que serve para projeção. Ao fundo da sala

ficam dois armários de aço e uma prateleira com materiais didáticos. A professora

disse que dois dos armários são para seu uso, pois todos sabem que ela guarda

muitos materiais para reaproveitar depois em atividades ou de outras formas

didáticas.

A professora colaboradora parece ter muito domínio disciplinar das crianças,

pois elas são muito comportadas e silenciosas. As crianças copiam textos e

atividades da lousa durante muito tempo e algumas nem conseguem dar conta da

primeira cópia e já são obrigadas a ir para outra, logo os alunos não conseguem

sequer responder as atividades, pois passam o tempo todo copiando. Não sei se

essa é uma prática rotineira, mas acredito que não seja, penso que se fosse eu o

professor dessas crianças de terceiro ano, elas estariam dispostas de outra maneira

e não estariam tão silenciosas assim. Terminei meu estágio hoje com algumas

questões latentes que me fazem pensar sobre como e de que forma essas crianças

aprendes e qual a finalidade desse aprendizado, tendo como pano de fundo essa

prática pedagógica.

DIÁRIO DE CAMPO 02

As experiências que relatarei nesse diário compreende as inserções feitas no

segundo, terceiro e quarto dia de estágios. Usarei o nome fictício “Flávio” para

preservar a identidade do aluno que auxiliei nesses dias.

Um caso de ensino

Segundo dia de estágio

São Carlos, 04 de abril de 2014

No meu segundo dia de estágio conheci Flávio o aluno que a professora

28

Page 29: RELATORIO FINAL DE ESTAGIO ANOS INICIAIS.pdf

colaboradora disse que eu deveria auxiliar na aprendizagem pois ele não estava

alfabetizado ainda. Ela disse que era o caso mais gritante que ela tinha e que eu

poderia ajudá-lo com algumas aulas de reforço. Como eu estava o conhecendo

naquele dia e não sabia quais eram suas dificuldades apliquei uma avaliação

diagnóstica que compreendia na sondagem com ditado de uma lista de palavras do

mesmo campo semântico, um ditado de números e a resolução de alguns problemas

envolvendo o campo aditivo e multiplicativo.

Fiquei surpreso com o resultado das avaliações, porque o aluno se saiu bem

em todas, logo ele estava alfabetizado. Sendo assim perguntei ao aluno se ele

conhecia a fábula da cigarra e a formiga e ele respondeu afirmando que sim. Logo

recontei a fábula para ele e pedi que ele a reescrevesse em seu caderno. Nesse

momento ele perguntou se poderia escrever com letra de forma e respondi que ele

ficasse a vontade para usar a letra que lhe fosse mais confortável para escrever. No

momento da escrita fiquei ao lado do aluno fazendo algumas intervenções na

questão ortográfica, pois ele tinha muita dificuldade com ortografia. Entretanto ele

reescreveu um belíssimo texto com clareza, coesão e coerência embora tenha

demorado um pouco.

Questionei o aluno se ele sabia escrever, porque que ele não fazia as

atividades da sala de aula, ele me respondeu que não realizava porque não

conseguia copiar com “letra de mão”. Então entendi sua desmotivação para a

realização das tarefas. Conversei com a professora e disse para ela valorizar as

produções de Flávio, mesmo que fossem feitas com letra de imprensa, pois o aluno,

pelo visto, estava inseguro por não conhecer as letras cursivas. Disse que ele está

na hipótese alfabética, já produzindo textos, mas que não conseguiria acompanhar o

ritmo da professora se continuasse copiando textos e atividades da lousa com a letra

cursiva.

A professora agradeceu minha presença e lamentou que seria pouco tempo

de estágio, afinal minha carga horária é reduzida em cinquenta por cento por já atuar

como docente nos anos iniciais do Ensino fundamental. Comprometi-me com a

professora em trazer atividades para a próxima inserção que melhorasse o

desempenho do aluno na compreensão e decodificação da letra cursiva.

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Page 30: RELATORIO FINAL DE ESTAGIO ANOS INICIAIS.pdf

Terceiro dia de estágio

São Carlos, 11 de abril de 2014

No terceiro dia de estágio, conforme combinado, trouxe para Flávio uma

apostila para escrita e reescrita de textos que trabalha com a questão das cantigas e

textos de memória e que trabalha também com exercícios de caligrafia da letra

cursiva. Iniciei meu trabalho com o aluno mostrando a apostila e dando algumas

orientações de como realizar as atividades propostas nesse material. Depois de

fazer e corrigir as primeiras atividades, orientei o aluno para que fizesse o restante

em casa. Conversei com a professora colaboradora para que acompanhasse essa

tarefa que deveria ser diária, pois eu iria ter muito pouco tempo para acompanhá-las.

Depois auxiliei o aluno na realização das atividades propostas pela professora

da turma. O aluno estava bem e conseguiu terminar quase todas as atividades

propostas, entretanto percebi que não gostava muito de fazer as atividades

propostas pela professora, porque ele disse que preferia as que eu elaborava.

Ao final do período a professora olhou o caderno de Flávio e elogiou sua letra

e organização. Eu disse a ela que o aluno fez tudo com muito capricho e

organização. Nesse momento o aluno pediu para mostrar o caderno para a

professora do segundo ano, onde a professora não demonstrou objeção. Depois o

aluno voltou para a sala de aula muito feliz.

Me despedi da turma, agradeci e disse que voltaria na semana seguinte.

Quarto dia de estágio

São Carlos, 25 de abril de 2014

Hoje foi meu quarto dia de estágio, não fiz muita coisa diferente da semana

anterior, apenas trouxe as atividades para que Felipe realizasse. Durante esse

tempo que estou fazendo minhas inserções não vi muita mudança na prática

docente da professora: os espaços continuam os mesmos, a metodologia é sempre

a mesma e senti a falta de uma rotina escrita na lousa para acompanhamento e

organização dos alunos na questão do tempo proposto nas atividades e a sequencia

das mesmas.

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Page 31: RELATORIO FINAL DE ESTAGIO ANOS INICIAIS.pdf

Até o momento percebi pouca sequencia nas atividades propostas em sala de

aula. E essas poucas se resumem a atividades que trabalham apenas o conteúdo

conceitual nas áreas de língua portuguesa, ciências, geografia e história e

procedimentais nas áreas de arte e matemática. Acredito que os conteúdos devem

ser tratados e abordados em sala de aula de todas as formas possíveis para

oportunizar aprendizagens mais significativas para os alunos.

Percebi que hoje o Flávio estava mais desmotivado do que de início; não sei o

porquê, mas ele não quis realizar as atividades que eu havia lhe proposto. O aluno

não terminou a reescrita da cantiga “Atirei o pau no gato” e não resolveu as

situações-problema que eu havia proposto, mesmo com minha ajuda. Flávio me

questionou se voltaria sempre para dar aulas a ele, respondi que sim, mas não por

muito tempo porque meu estágio já estava chegando ao fim.

A professora perguntou como o aluno estava indo nas atividades eu disse que

hoje ele parecia não estar muito afim de fazer e ela respondeu que ele é assim

mesmo, está sempre desmotivado e desinteressado. Propus ao aluno que ele

fizesse um desenho e que nesse desenho ele procurasse expressar o que estava

sentindo. Ele desenhou várias pessoas, acredito que seja de sua família e também

desenhou a professora do segundo ano e me desenhou também. Procurei não fazer

nenhuma interpretação, apenas elogiei seu trabalho.

Terminei meu estágio me despedindo das crianças e combinei com a

professora

colaboradora minha regência para sexta-feira, nove de maio.

DIÁRIO DE CAMPO 03

São Carlos, 09 de maio de 2014

Neste diário de campo resolvi escrever sobre as minhas impressões,

observações e aprendizagens que pude vivenciar como auxiliar de uma regência em

colaboração com minha colega de estágio Vanda Aparecida da Silva.

31

Page 32: RELATORIO FINAL DE ESTAGIO ANOS INICIAIS.pdf

Regência no quinto ano: colaborando com a estagiária Vanda

Eu havia marcado minha regência para o dia nove. Entretanto depois do meu

quarto dia de estágio, combinei com a Vanda que a auxiliaria em sua regência e ela

faria o mesmo comigo. O problema foi que marcamos as regências para o mesmo

dia, logo ligamos para a escola para desmarcar minha e regência no terceiro ano e

remarcar para a sexta-feira posterior no dia dezesseis de maio. Sendo assim, na

data marcada fomos desenvolver o plano de aula da Vanda no quinto ano. O

professor colaborador acompanhou todo o desenvolvimento da regência. É

importante lembrar e registrar aqui que também me preparei para a regência da

Vanda quando li seu plano de aula e conversamos sobre os conteúdos, recursos e

as situações didáticas propostos.

Começamos a regência com uma conversa inicial onde foi explicado para os

alunos o que aconteceria durante o período. No desenvolvimento das atividades eu

auxiliava a Vanda no que era preciso. Sugerir que os alunos se organizassem em

grupos, mas para apoiar uma ao outro e para organizar a disposição das carteiras

para a projeção das imagens que colocamos.

No plano a Vanda propôs uma ampliação de desenhos, onde ensinou a

técnica de quadricular o desenho para ampliá-lo. Logo senti a necessidade de

explicar alguns conceitos e procedimentos matemáticos para que os alunos

pudessem se apropriar dessa técnica. Pedi permissão a Vanda que prontamente

deixou com que eu conduzisse a aula por alguns minutos. Depois a Vanda continuou

sua regência mostrando imagens e explicando sobre técnicas de desenho ao longo

da história.

Quando os alunos colocaram a “mão na massa” eu passei em cada grupo

auxiliando os alunos que estavam com dificuldades. A Vanda fez o mesmo. Apenas

aproximadamente uns quatro alunos não conseguiram terminar a atividade no tempo

previsto. Acredito que a regência foi um sucesso, pois saíram desenhos

maravilhosos e apesar de ser o mesmo modelo, cada desenho trouxe a criatividade,

diversidade e subjetividade de cada aluno.

Gostei muito de auxiliar a Vanda em sua regência, os alunos do quinto ano

são muito participativos e colaboraram para o sucesso da aula. Acredito que o

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Page 33: RELATORIO FINAL DE ESTAGIO ANOS INICIAIS.pdf

trabalho aos pares funciona muito bem nas escolas, quando um professor tem a

oportunidade de colaborar com seu colega de trabalho os horizontes se ampliam e

aprendemos a enxergar a educação de outro prisma, refletindo sobre a nossa

prática docente.

Terminamos o estágio nos despedindo das crianças e do professor

colaborador e agradecemos pela colaboração de todos.

DIÁRIO DE CAMPO 04

São Carlos, 16 de maio de 2014

Decidi retratar nesse diário de campo apenas as minhas experiências

vivenciadas no momento da regência, pois foram tantas as aprendizagens e

interações estabelecidas nesse dia que dividi-las com outros momentos seria de

inserções a campo seria injusto.

A reorganização do espaço e novas possibilidades de aprendizagem

Minha regência foi planejada para três aulas de cinquenta minutos.

Previamente agendei com a professora colaboradora a atividade para uma sexta-

feira, nove de maio. Como minha colega de turma, Vanda, precisava da minha ajuda

para sua regência, combinamos que faríamos uma troca eu auxiliaria a Vanda no dia

nove em sua regência e ela me auxiliaria no dia dezesseis em minha regência. Logo

remarquei a data com a professora colaboradora.

No dia e hora marcados estava a Vanda e eu na Escola Municipal de

Educação Básica Angelina Dagnone de Melo para o desenvolvimento da minha

regência. A professora colaboradora havia pedido que eu preparasse uma aula

diferente, para que os alunos saíssem um pouco da rotina. Inicialmente pensei em

trabalhar com a temática indígena, mas depois de pesquisar sobre os conteúdos que

seriam abordados para as crianças de terceiro ano e pensando nos recursos que

estariam disponíveis para meu uso percebi que não fugiria muito das aulas

expositivas que os alunos já assistiam cotidianamente. Pensando nisso, mudei meu

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Page 34: RELATORIO FINAL DE ESTAGIO ANOS INICIAIS.pdf

plano de aula e resolvi montar uma sequência de atividades para três aulas cujo o

objetivo que não estava explícito era reconstruir a organização do espaço,

permitindo novas aprendizagens a partir do trabalho em grupo.

No início da regência pedimos para os alunos que se organizassem em

grupos de quatro alunos de acordo com as suas afinidades. Apenas um grupo ficou

com cinco alunos. Percebi que os alunos não conheciam essa organização porque

não souberam se orientar quanto ao espaço que havia na sala de aula e qual seria a

disposição mais adequada para os grupos, por isso nós orientamos os alunos de

forma que todos pudessem realizar as atividades e visualizar a lousa e o telão

(recursos que utilizamos como apoio).

Quando a turma já estava organizada, o primeiro passo foi fazer uma

conversa inicial para explicar aos alunos o que seria feito. Depois desse breve

diálogo coloquei a rotina na lousa, contendo o nome das três atividades para nos

organizarmos quanto ao tempo proposto para cada atividade. Depois conversei com

os alunos sobre os textos instrucionais, perguntei se eles conheciam e se já tinham

ouvido falar nesse tipo de texto. Percebi que os alunos não faziam ideia do que seria

um texto instrucional até eu falar sobre receitas, manuais, e instruções para jogos.

Então, em seguida, perguntei para que usávamos esses tipos de texto, qual as

finalidades, quem usava e onde circulava esse tipo de texto. No início as crianças

ficaram muito agitadas e queriam falar todos ao mesmo tempo, por isso parei a aula

por um momento e fiz alguns combinados para o prosseguimento da aula.

Depois de levantar os conhecimentos que os alunos já possuíam sobre os

textos instrucionais coloquei no telão algumas imagens de portadores onde estavam

presentes esses tipos de textos e pedi aos alunos que falassem um pouco sobre

cada uma das imagens. Nesse momento fui fazendo intervenções, colocando

questões que faziam os alunos refletirem sobre a importância dos textos

instrucionais e seus usos nas práticas sociais.

Após a exposição, distribuímos aos grupos vários portadores dos textos

instrucionais tais como: livro de receitas, manual de instruções, bula de remédios,

caixas de jogos e rótulos de produtos. Pedimos para que cada grupo apresentasse

os materiais que haviam pegado e falasse um pouco sobre eles. Observei que os

alunos estavam muito motivados com a atividade, entretanto não conseguiam

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distribuir as tarefas dentro dos grupos, por isso parei a aula por um instante para

falar sobre a divisão do trabalho em grupo e sobre cooperatividade.

Nessa atividade fui passando pelos grupos, e fazendo algumas intervenções

levantando alguns questionamentos sobre os portadores do texto instrucional, se

eles reconheciam a especificidade de cada um. Ao final dessa etapa um aluno de

cada grupo socializou as discussões que fizeram e apresentou o portador que

haviam pegado.

Iniciamos a segunda atividade, onde peguntei aos alunos se eles conheciam

as unidades de medida convencionais. Falando assim parecia que nenhum aluno

sabia do que eu estava falando, mas coloquei algumas situações de uso no

cotidiano em relação a quantidades e eles logo fizeram inferência ao conteúdo.

Falaram sobre régua, fita métrica, gramas, quilos, litros e mililitros. Nesse momento

aproveitei para discutir também sobre as medidas não convencionais, ou seja, as

medidas que usamos muitas vezes nas brincadeiras e nos jogos da infância como,

os pés, palmos, polegadas, passos, entre outras.

Em seguida perguntei aos alunos se eles perceberam a escrita de medidas e

quantidades nos textos instrucionais, todos os grupos relataram o que encontraram

nos portadores dos textos. Logo distribui com o auxílio da Vanda os instrumentos de

medida que levamos (balanças, colheres de sopa e copos de medida) para o

desenvolvimento da próxima atividade. As crianças experimentaram os materiais e

manipularam com grande entusiasmo. Depois de conversar um pouco mais sobre

esses instrumentos propus a receita da massinha de modelar para os grupos

fazerem. Distribuímos os materiais necessários (óleo, sal, farinha, água e as bacias)

e oralmente fui falando as quantidades de cada elemento para a elaboração da

receita. Os alunos usaram os instrumentos de medida para medir as quantidades

necessárias e passo a passo foram fazendo as massinhas de modelar.

Percebi que a interação e a cooperação entre os grupos havia melhorado.

Todos estavam participando e dividindo as tarefas e as etapas do trabalho. Quando

os grupos terminaram suas receitas, perguntei se eles sabiam quais eram as cores

primárias. Percebi que alguns alunos conheciam, entretanto confundiam com as

cores secundárias. Após essa conversa pedi aos alunos para dividirem suas

massinhas em três partes iguais para colorirem com os corantes das cores primárias

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(amarelo, azul e vermelho). Distribuímos os corantes para os grupos e pedimos para

que eles colorissem suas massinhas uma parte de cada cor. Depois de coloridas as

massinhas pedimos para os alunos repartirem entre os integrantes dos grupos de

forma que cada aluno ficassem com um pedaço de cada cor. Sugeri aos alunos que

misturassem duas cores primárias para formarem novas cores. Nesse momento os

alunos ficaram surpresos ao descobrir as cores secundárias (verde, roxo e laranja).

Em seguida pedi para os alunos liberarem a criatividade para modelar o que viesse

a mente. Saiu muitas esculturas interessantes.

Depois de brincar com as massinhas, os alunos enrolaram suas massinhas

no plástico filme para levarem embora. A Vanda auxiliou os alunos nesse momento.

Posteriormente, fixei três cartolinas na lousa e pedi para os alunos me ajudarem na

elaboração de uma receita de massinha de modelar para colocar no mural da escola

(no corredor) para que todos os alunos da escola tivessem acesso. Os alunos

prontamente ditaram, enquanto eu escrevia com o pincel atômico. Enquanto os

alunos falavam eu intervia para que prestassem atenção nas características do

gênero e na escrita com coerência. Após a atividade os alunos pediram para copiar

a receita, então deixamos os alunos copiarem enquanto organizávamos os materiais

para guardar.

Afixei as cartolinas no mural da escola e com a ajuda dos alunos organizamos

e limpamos a sala e as carteiras. A regência ultrapassou o tempo previsto usamos

uma aula a mais do que previamente foi planejado. Percebi que não havia pensado

em meu planejamento que deveria dispor de um tempo para a organização e

reorganização do espaço já que os alunos, cotidianamente sentam em fileiras e

também para a limpeza da sala de aula e das carteiras. Acredito também que a

atividade de fazer a massinha poderia ser feita num outro espaço para não sujar a

sala de aula e ganhar um pouco mais de tempo.

Ao final da regência, com o espaço já organizado e limpo, fiz uma roda de

conversa com os alunos questionando sobre suas aprendizagens. Os alunos

responderam que aprenderam o que era texto instrucional e que descobriram que

não era somente receita que se considerava texto instrucional. Disseram também

que aprenderam muito sobre os usos das medidas e o que representam as unidades

de medida. E também falaram que aprenderam a misturar as cores primárias para

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Page 37: RELATORIO FINAL DE ESTAGIO ANOS INICIAIS.pdf

criar as secundárias. Me surpreendi com um aluno que disse que aprendeu a

trabalhar em equipe e que isso foi o mais importante para ele.

Para finalizar, gostaria de deixar registrado a minha tristeza por saber que o

aluno Flávio foi remanejado para o segundo ano. Acredito que foi proposta uma

solução que não foi adequada nesse caso. O aluno tinha condições de acompanhar

o terceiro ano, entretanto a professora precisava de mais apoio para flexibilizar as

atividades para atender os diversos níveis de aprendizagem dos alunos de sua

turma. Ao final da regência o aluno foi na sala para me dar um abraço e mostrar as

atividades que havia desenvolvido na outra turma.

Fotos da regência

Anexos

* Ficha de estágio assinada (impressa)

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