relatório de grupo 1º semestre/2017 · história “alice no país das maravilhas” usava. ......
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Relatório de grupo – 1º semestre/2017
Turma: 3º ano
Professora: Ana Paula Godoy
Professora auxiliar: Sofia Farias
Coordenadora: Lucy Ramos Torres
A Dança das horas
Flávia Muniz O relógio vai batendo... As pessoas vão correndo; Pois ninguém pode parar. O tempo manda no mundo, E quem atrasa um segundo, Atrasado já está! É hora do doutor Nicolau ir para o hospital. É hora de dona Izabel limpar o hotel. É hora de Heloísa costurar a camisa. É hora de dona Helena regar a horta. É hora de vovó Glória contar história. É hora do Henrique fazer a lição. Viu só? Já me atrasei! Que horas são?
Estávamos coletando folhas quando um aluno achou um objeto
pendurado em uma árvore, ficamos bastante curiosos e nos interessamos pelo
bilhete, que estava ao lado dele, que dizia:
Senhor dos tempos
Tempo, tempo, tempo...
Tempo de viver, sonhar,
experimentar
Tempo de
Junto com o bilhete havia um relógio de bolso.
Achamos que alguém tivesse perdido, logo encontramos uma
pista, era um chinelinho, bem pequeno. Algumas crianças
acharam que o relógio parecia muito com o que o coelho da
história “Alice no País das Maravilhas” usava. Outras crianças
ficaram intrigadas com a mensagem e pensaram que o relógio
poderia ser do "Senhor dos Tempos".
Envolvidos com esse mistério os alunos fizeram muitas indagações,
Pietra B. se reportou ao personagem do ano anterior.
“Será que a carta é da Dama de Cristal?”
E o faz de conta começava a surgir com a fala da Malu:
“Desde que a escola foi construída acontecem coisas estranhas...”. E a
Lívia continua:
“É muito mistério...”
“Vai que tem uma lenda na escola. Se tem lenda, tem que investigar.”,
dizia o Rafa.
As indagações e a busca por elementos norteadores foram muitas:
“Eu vi uma pista.”, dizia a Ana Júlia.
“Pode ser que no livro ‘A Árvore da Vida’ tenha alguma pista.”, dizia a
Pietra A.
Aguçamos a curiosidade infantil trazendo outras pistas e junto ao livro
“Alice no País das Maravilhas”, as crianças encontraram algumas folhas de um
papel semelhante ao que estava escrito a mensagem. Foi o que bastava para o
relógio de bolso se transformar em nosso objeto disparador.
Segundo Torres1, o objeto disparador é o ponto de partida para um
caminho a ser trilhado no qual abrem-se portas, possibilidades num movimento
de descobertas intuitivas. A rede de ideias iniciais que se forma é fruto de
reflexões pessoais e do grupo a partir das provocações que o objeto deflagra.
Elencam-se assim caminhos, temas, eixos, ideias que permearão o trabalho ao
longo do ano.
No 3º ano temos vivenciado intensamente o jogo simbólico, através do
trabalho com projetos e objeto disparador, na medida em que os alunos entram
em uma contextualização hipotética da realidade.
Envolvidos pelo imaginário lúdico começamos a tecer nossa rede de
ideias em nossas rodas de conversa. A partir dos olhares das crianças
começamos a criar o “Senhor dos Tempos”. Quem seria esse personagem?
Através de desenhos, adjetivos e apreciação da música trazida pela
Anita “Oração ao Tempo”, construímos nosso personagem.
Mas o coelho do livro “Alice no País das Maravilhas”
era sempre lembrado pelos alunos, especialmente pela sua
necessidade de estar sempre olhando para o relógio.
A leitura do livro “Alice no País das Maravilhas”
despertou nos alunos muito interesse e passamos a trazer
junto com a leitura diversas propostas de atividades.
A cada capítulo trazíamos um conceito, foi assim ao ler o trecho abaixo:
1- TORRES, Lucy Ramos O Objeto Disparador na Escola do Sítio. facebook@escoladositio, 2016
“Presa na toca do coelho, Alice bebe um líquido e começ a a
diminuir... diminuir... até ficar com 25 cm. Depois come um bolinho
e cresce... cresce... até ficar c om 3 metros."
Trouxemos os questionamentos relacionados à medida de comprimento.
O que será que mede menos que 25 cm e o que mede mais de 3 m?
Para investigar e desenvolver o conceito de metro, construímos nossa
própria fita métrica, baseada no quadriculado do caderno de Matemática.
Munidos de régua, fita métrica e trena, começamos a medir vários objetos para
descobrirmos o que passava na portinha de entrada do país das Maravilhas.
Também nos medimos e descobrimos que não conseguiríamos entrar
nesse país.
Curiosos, comparamos a medida
de nossa altura com a da sala de aula.
Depois medimos a distância de nossa
classe até o portão e descobrimos que ela
media aproximadamente 71 crianças
deitadas, ou 63 fitas métricas, ou ainda
94,50 metros.
Os conceitos relacionados à série
começaram a aparecer através da
história.
“O Coelho Branco passa pela
Alice, olhando apressadamente em
seu relógio .”
Buscamos saber qual o horário
preferido do dia de diversas pessoas,
através de entrevista. Fizemos a
tabulação dos dados, construímos uma
tabela e organizamos em madrugada,
manhã, tarde e noite.
Fomos investigando e construindo o conceito de horas. Fizemos um
estudo do relógio, analisamos seus ponteiros de segundo, minuto e hora. E aos
pouco fomos entrando no conceito de multiplicação, com a sequência de 5 em
5.
“Eles desafiam a Alice com enigmas lógicos ...” Com as maluquices propostas pelo Chapeleiro trouxemos os desafios
matemáticos, nos quais a partir de vivências na sala de aula, cada criança tinha
que criar um enigma e entregar para o seu colega resolver.
“Um dodô decide que todos devem ser secos através da Corrida
Eleitoral, onde não existem regras exceto a que obriga a correr
apenas em círcul os.”
Fizemos diversas interpretações
textuais coletivamente e individualmente,
baseado nos capítulos do livro.
Paralelo a isso, começamos a nos
comunicar com o Coelho. Assim
conhecemos o gênero textual carta e
trocamos correspondências com o
“Senhor dos Tempos”. Comparamos esse
gênero ao cartaz, que também deixamos
para que ele lesse nossas mensagens.
“Alice foi convidada para uma festa onde estão presentes
o Chapeleiro Maluco, a Lebre de Março e o Arganaz, o chá das 17h.”
No Sítio o chá não foi
das 17h e sim das 9h. A
manhã começou animada,
cada criança que chegava a
sala nos alegrava com lindos
trajes, preparados com
carinho para este momento
tão esperado.
Logo iniciamos os
preparativos da comida, as
crianças colocaram as mãos
na massa e fizeram um bolo
de cenoura (na expectativa do coelho aparecer para comer um pedaço), pão de
queijo, feito com batata doce, limonada e claro, o chá de erva cidreira.
Enquanto a comilança assava, transformamos nossa sala em um espaço
elegante, com uma mesa comprida, decorada com flores, adornada com jogos
americanos e xícaras.
Em nossa imaginação caímos no buraco do país das Maravilhas e fomos
parar na casa do Chapeleiro Maluco.
A comida estava
uma delícia e rapidinho
acabou, deixando o
espaço para o baile, realizado com as músicas pré-selecionadas pela turminha.
Também, usamos palavras cordiais e respondemos vários desafios que
criamos, assim como o Chapeleiro Maluco fazia.
Foi tudo
Tudo estava perfeito menos por um detalhe... O Coelho Branco não veio
ao chá...
Mas, para a nossa alegria, ele apareceu uma semana depois. Atrasado
como sempre! E trouxe junto a Alice, a Rainha de Copas e o Chapeleiro
Maluco, que representaram magicamente a história que nos encantou, através
de um teatro trazido pela família da Ana Júlia.
As crianças, empolgadas, perguntaram ao Coelho se ele estava
deixando algumas cartinhas e a surpresa veio com a confirmação, que ele era
o Senhor dos Tempos.
“Alice é convidada à jogar uma partida de críquete com a
Rainha e o resto dos seus sú ditos.”
Vendo a ilustração do livro trouxemos o desafio de cada criança criar o seu jogo do país das Maravilhas. Após criar o jogo, os alunos escreveram um texto instrucional com as regras para que depois jogássemos.
Surgiram diversos jogos, alguns bem fantásticos e que foram adaptados
para que pudessem ser realizados.
“Mas de repente a Irmã de Alice a acorda, tirando do seu
rosto folhas que caíram. Alice conta tudo o que sonhou... ”
Conversando sobre os sonhos, vimos à semelhança com as obras do
movimento surrealista, nas quais ocorre a mistura entre o real e o irreal.
Conhecemos alguns
representantes do movimento como
o Salvador Dali, aguçamos o olhar
através da observação de diversas
obras e fizemos algumas releituras
de pinturas surrealistas.
A história da Alice terminou, mas tivemos a oportunidade de conhecer
outro coelho e junto com ele viajamos novamente pelas asas da leitura, e pela
imaginação que o livro traz. Como leitura monitorada tivemos o livro “Felpo
Filva”, escrito pela Eva Furnari.
Através de um enredo divertido, em que diversos gêneros textuais são
inseridos na narrativa, mergulhamos novamente em propostas de atividades
contextualizadas por uma história. Entramos na fantasia com a chegada
surpreendente de uma carta escrita pela Charlô, a esposa do Felpo.
A carta veio junto com uma caixa. Nela Charlô nos pedia para cuidarmos
de sua filhotinha e depois entregarmos para alguém que entendia de coelhos.
A alegria das crianças foi contagiante, ao ver uma coelhinha dentro da
caixa. Novamente um personagem estava saindo de dentro de um livro e
criando vida em nossas aulas.
A Pietra B. nos disse que tinha uma
coelha em sua casa. Por isso se prontificou
a cuidar da Charlote. Continuamos nossas
correspondências com a Charlô e também
com a família da Pietra que ficou cuidando
da filhotinha.
O nosso novo personagem de estudo, Felpo Filva era um grande
escritor, e suas tramas foram lidas e criticadas pela Charlô, que acabou
ajudando-o a escrever histórias mais alegres. Assim como o Felpo, resolvemos
criar os nossos livros. Para isso nos preparamos escrevendo uma história com
tema livre, combinamos que nela deveria conter tudo o que estávamos
trabalhando com relação à estruturação de texto.
Como um autor faz a revisão do texto, também fizemos. Melhorando
aspectos de ortografia, coerência, paragrafação, sinais de pontuação e letra
maiúscula, com todo cuidado possível, para que um colega lesse o que
produzimos. Passamos nosso texto a limpo em um papel especial. E o mais
gostoso foi ler o texto dos colegas.
Também fizemos uma pesquisa sobre o coelho para conhecermos
melhor os seus hábitos e costumes.
Nosso interesse sobre animais tinha sido despertado e as crianças
queriam continuar conhecendo mais informações sobre eles. Assim, cada um
escolheu um animal para pesquisar e contar aos colegas, também criou um
passatempo interessante para socializar com a turma. Após as apresentações,
fizemos um levantamento das características dos animais pesquisados,
classificando-os a partir de suas semelhanças e diferenças.
Foram momentos importantes, em que cada um pode mostrar o que
sabia, tendo a oportunidade de explicar e ser ouvido.
Procuramos trazer os conceitos e conteúdos de forma contextualizada, a
partir da leitura e também de jogos e vivências. Assim foi com o jogo do
dicionário, no qual após uma série de atividades em que trabalhamos a ordem
alfabética os alunos foram estimulados a pesquisar as palavras no dicionário.
Através de uma forma lúdica e divididos em equipes, as crianças buscaram se
superar, tentando rapidamente encontrar as palavras sorteadas.
Da mesma forma, buscamos trazer para a tabuada uma forma gostosa
de estudar. Após diversas atividades de construção do sentido da
multiplicação, nas quais trabalhamos o entendimento, (como sequência
numérica, construção da tábua de Pitágoras e associação da escrita aditiva
com a multiplicativa) propusemos que as crianças decorassem a tábua de
multiplicação para participar das Olimpíadas da Tabuada. As crianças
escolheram suas equipes, criaram o nome e deram uma cor de identificação. E
tiveram ao longo de uma semana desafios em que juntos tinham que encontrar
os resultados.
A criação artística trabalhada neste semestre pelo 3º ano, também
passou pelas sensações despertadas através da música e de elementos da
natureza. Assim foi com as mandalas em que a justaposição de elementos
criavam um todo.
Recebemos a visita da Lívia, mãe do Matheus que nos trouxe uma
vivência, na qual pudemos olhar para dentro e expressar a sutileza de nossas
emoções. Após o relaxamento, conhecemos um pouco mais sobre as
mandalas, nos inspirando em composições da própria natureza, como a
formação de flores e frutas.
Após criarmos a nossa mandala individual,
escolhemos um elemento para elaboração de uma
mandala coletiva usando sal e areia colorida. Os
elementos escolhidos por cada um se juntaram, de
maneira a formar um todo harmônico e simétrico. Um
trabalho realizado aos poucos, em etapas, onde
gradativamente a imagem aparecia.
Nossa mandala coletiva passou por um longo
processo de transformação. A princípio foi crescendo
pelas mãozinhas habilidosas de nossos alunos,
depois desmanchada pelo processo químico da
umidade do ar.
Trabalhamos com diferentes sentimentos, principalmente de aceitação.
Após a base de madeira secar, transformamos novamente, retiramos o sal e
colocamos apenas areia colorida.
Juntos decidimos construir a mandala do desapego, assim como vimos
os monges tibetanos. Para sua criação
passamos pelo mesmo processo da
mandala de areia, mas sem usar a cola.
Ao final de toda a construção, fizemos
como os monges e misturamos todos os
elementos, transformando-a.
O tema do ano de nossa escola “Transformação: movimento contínuo e
permanente”, foi trabalhado neste semestre, através de nossas escolhas.
Na época da Páscoa, vivenciamos a introspecção, olhando para dentro
refletimos sobre aquilo que poderíamos melhorar e transformar. Fizemos
alguns combinados da postura adequada aos alunos de 3º ano, cada um
escolheu dois, daqueles que julgava serem os mais importantes e que
poderiam melhorar.
Anotamos esses combinados escolhidos em um papel e guardamos em
uma caixa. Ao longo de 2 meses nos dispomos a tentar superar. Após o
período abrimos a caixa, para verificar se tínhamos conseguido superar este
desafio.
Muitos conseguiram, outros se esforçaram. Neste trabalho tínhamos
como objetivo despertar a consciência através da reflexão. Cada criança tem o
seu tempo: o tempo da reflexão, o tempo da execução, o tempo da
transformação.
“Tempo, tempo, tempo...”
Neste semestre o 3º ano fez diversas reflexões sobre o tempo. Ora
mergulhando no faz de conta, ora através de discussões sérias e bem reais
que nos ajudaram a amadurecer. Através de inúmeros desafios a
aprendizagem e o desenvolvimento foram acontecendo no tempo de cada
criança, respeitando o movimento do grupo. Pensando neste tempo que para
cada um é único: “Temos nosso próprio tempo...”.