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TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
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Relatório de Estágio
TravelingToLisbon
Um Modelo de Negócio pioneiro em Lisboa
Adriana Espírito Santo Louro de Jesus
Mestrado em Turismo e Comunicação
Lisboa 2014
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
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TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
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Relatório de Estágio
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
Adriana Espírito Santo Louro de Jesus
Mestrado em Turismo e Comunicação
Orientadora: Professora Alcinda Pinheiro Sousa
Lisboa 2014
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
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TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
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Índice
Lista de Ilustrações…………………………………………………………..7
Siglas e Abreviaturas………………………………………………………...9
Agradecimentos…………………………………………………………….10
Introdução…………………………………………………………………..11
I. Turismo em Portugal/ Turismo em Lisboa. Um esboço de
contextualização…………………………………………………………….14
1. Linhas gerais históricas…………………………………………………...14
2.Tendências actuais do turismo em Lisboa………………………………....25
2.1.Tendências de Alojamento………………………………………………25
2.2. Tendências de Canais de Vendas……………………………………….28
2.3. Tendências do Mercado………………………………………....………29
2.4. O caso de Lisboa………………………………………………………...34
3. Oportunidade de mercado – TravelingToLisbon………………………….37
II. TravelingToLisbon – Uma empresa pioneira…………………………40
1. Apresentação…………………………………………………………...…40
2. Modelo de Negócio…………………………………………….…………42
2.1. Concorrentes……………………………………………………………43
3. Segmentação e Target………………………………………………….....45
4. Canais de Venda……………………………………………………….….46
5. Estrutura da organização e Estrutura accionista…………………..………49
6. Produto………………………………………………………………..…..51
7. Reflexões……………………………………………………………..…...56
III. Caracterização das Operações da empresa…………………………..59
1. As tarefas desempenhadas………………………………………………..59
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2. As skills necessárias……………………………………………………….62
3. Categorização das tarefas………………………………………………....64
4. Descrição das tarefas……………………………………………………...67
4.1. Relação entre as tarefas e os conhecimentos de turismo adquiridos ao
longo do mestrado ………………………………………………….............67
5. Notas finais……………………………………………………………..…69
IV. Análise do estágio……………………………………………………....74
1. Objectivos …………………………………………………………..….…76
2. Formação académica e profissionalização…………………………..…….76
3. Descrição e crítica das tarefas desempenhadas ao longo do estágio……...77
3.1 Adequação ou inadequação das tarefas……………………………...…..79
3.2. Contacto com o cliente…………………………………………..……...79
3.3. Espaço e equipa de trabalho…………………………………………….80
3.4. Conhecimentos adquiridos na componente curricular do mestrado.........81
3.5. Aprendizagem resultante do estágio………………………………..…...82
3.6. Valor académico e profissional………………………………………....83
4. Análise crítica à entidade de acolhimento………………………………...84
Conclusão……………………………………………………………………86
Referências………………………………………………………………….88
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Ilustrações
Figura 1: Chegadas mundiais de turistas internacionais (1950 – 2008)
Figura 2: Evolução da entrada de turistas estrangeiros nos principais destinos
concorrentes de Portugal (2006 – 2011)
Figura 3: Tipos de alojamento turístico
Figura 4: Rankings mundiais
Figura 5: Hostel «Travellers House» em Lisboa, na Rua Augusta
Figura 6: Apartamento 200, Chiado
Figura 7: Hotel Myriad, Parque das Nações
Figura 8: Resultados globais preliminares da actividade turística
Figura 9: Dormidas por principais mercados emissores – Taxa de variação
homóloga mensal
Figura 10: Taxa líquida de ocupação-cama e estada média por região
Figura 11: TravelingToLisbon (entrada)
Figura 12: Praça D. Pedro IV (Rossio)
Figura 13: Sala do departamento operacional e comercial
Figura 14: Apartamento 261 – Castelo
Figura 15: Apartamento 13 – Rossio
Figura 16: Apartamento 10 – Baixa
Figura 17: Apartamento 20 – Baixa
Figura 18: Apartamento 119 – Baixa
Figura 19: Apartamento 117 – Baixa
Figura 20: Sala onde se realizam as team meetings
Figura 21: Zona de recepção a cliente e proprietários
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Figura 22: Apartamento 47 – Castelo
Figura 23: O meu local de trabalho na TTL
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Siglas e Abreviaturas
B2B – Business to Business
B2C – Business to Consumer
CAGR – Compound Annual Growth Rate
DIY – Do it yourself
INAC – Instituto Nacional de Aviação Civil
INE – Instituto Nacional de Estatística
IT – Information Tecnhology
OMT – Organização Mundial do Turismo
PENT – Plano Estratégico Nacional do Turismo
SEO – Search Engine Optimization
TAP – Transportes Aéreos Portugueses
TTL – TravelingToLisbon
Tvh – Taxa de variação homóloga
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Agradecimentos
Aos professores e funcionários da Faculdade de Letras da Universidade
de Lisboa, que me receberam de braços abertos quando eu mal tinha
completado 18 anos, e que tanto me apoiaram, primeiro na licenciatura e
depois no mestrado.
À professora Alcinda Pinheiro pelo carinho e atenção, e por me fazer
acreditar que este passo era concretizável.
À minha mãe, que é uma heroína e maior inspiração que tenho na vida.
Se sou alguém hoje em dia é exclusivamente graças a ela, que ainda me leva
benurons à cama de cada vez que tenho daquelas dores de cabeça
insuportáveis.
Ao meu irmão Miguel que é a luz da minha vida e pelo qual eu iria até
ao fim do mundo e mais além.
À minha avó Gininha pelo carinho e amor que sempre me fez sentir e
por ser a pessoa mais pura e genuína que conheço.
Ao Hugo por me fazer acreditar em mim mesmo quando eu me
recusava a acreditar e por ser o meu admirador número um (ao mesmo tempo
que ele próprio é o meu ídolo).
E a todas as pessoas que de uma forma ou outra fazem parte da minha
vida e contribuem para que eu continue sempre em frente, apesar de todas as
adversidades. Um grande obrigado a todos vós.
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Introdução
O presente relatório tem como objectivo analisar, tão rigorosamente
quanto possível, o estágio realizado na empresa TravelingToLisbon1, no
período compreendido entre Julho de 2013 e Setembro de 2014. O estágio
destinou-se a concluir o mestrado em Turismo e Comunicação, promovido pela
parceria Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE),
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) e Instituto de
Geografia e Ordenamento do Território (IGOT).
Contudo, o estágio realizado não se tratou de um comum estágio
curricular, mas sim de um estágio profissional, mais especificamente uma
medida de empregabilidade jovem impulsionada pelo IEFP. A minha
necessidade de receita financeira fez com que esta fosse a minha única opção,
uma vez que os estágios curriculares nunca são remunerados. Assim, consegui
juntar a componente de aprendizagem num estágio realizado em turismo, ao
mesmo tempo que alcançava um conforto financeiro que me permitia pagar as
propinas e ter algum conforto.
Situada no centro histórico de Lisboa, na Praça do Rossio, cujo nome
verdadeiro é Praça D. Pedro IV, a TravelingToLisbon é uma empresa de
aluguer de apartamentos self-catering, que oferece soluções de alojamento no
centro histórico de Lisboa e arredores. O seu modelo de negócio consiste, em
primeiro lugar, no aluguer de apartamentos próprios, em segundo lugar, na
angariação de apartamento que necessitem de ser geridos por terceiros e,
finalmente, na promoção de apartamentos pertencentes a outrem, através de um
website próprio.
1 Não existe, actualmente, acordo quanto à grafia do nome TravelingtoLisbon ou
TravellingToLisbon, sendo ambas as formas utilizadas pela própria entidade.
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No estágio que realizei nesta entidade, exerci as funções de Guest
Assistant, no departamento operacional. Apoiei também o departamento
comercial, exercendo funções na área de reservas. Este estágio representou
para mim o início da minha vida profissional, e o primeiro contacto com a área
onde pretendo desenvolver conhecimentos e especializar-me. Foi muito
positivo por várias razões, e, ao munir-me de experiencia profissional, abriu-
me as portas para o mercado de trabalho.
Deu-me também a conhecer um mercado totalmente desconhecido para
mim, o mercado dos apartamentos self-catering, apartamentos que pretendem
proporcionar todo o conforto só alcançável num lar, facultando todos os
serviços necessários para um individuo atingir em pleno a sensação de estar na
sua própria casa, fora dela.
Neste relatório vou proceder a uma reflexão acerca do estágio enquanto
experiência pessoal, mas também descrever a entidade e respectiva
organização. Como surgiu, de que se ocupa actualmente e perspectivas futuras.
A experiência de trabalhar nesta entidade e o que, a meu ver, funciona bem ou
mal. As tarefas vão também ser descritas de forma pormenorizada de modo a
que fique clara a actividade da empresa e quais as vantagens e desvantagens de
trabalhar/estagiar na mesma.
O primeiro capítulo designado por Turismo em Portugal/Turismo em
Lisboa, um esboço de contextualização, visou fazer um breve enquadramento
do que é o turismo, em Portugal e mais concretamente em Lisboa, e porque é
que reúne as condições para uma empresa desta natureza fazer sentido e ser
bem-sucedida. No segundo capítulo, intitulado de TravelingToLisbon – uma
empresa pioneira, foi feita uma análise da empresa, o modelo de negócio da
mesma, e as estratégias que desencadeiam o seu sucesso. No terceiro capítulo –
Caracterização das operações da empresa, foram descritas as tarefas
quotidianas da empresa e os métodos que estão na génese do serviço prestado.
Por último, no quarto capítulo, é feita uma análise do estágio, e um paralelismo
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entre o este e o mestrado. São feitas críticas, por um lado à entidade de
acolhimento, e por outro ao mestrado, enquanto ferramenta de distinção de um
funcionário da empresa.
De forma a adquirir o grau de mestre, foram-me propostas três opções e
foram vários os motivos que impulsionaram a minha escolha. Em primeiro
lugar, e como vou referindo inúmeras vezes ao longo do relatório, terminei as
dez unidades curriculares correspondentes ao primeiro ano de mestrado com
uma enorme vontade de conhecer o mundo profissional e como é que este
funciona. Uma vez que a minha licenciatura foi em Tradução, o turismo
afigurava-se uma área ainda algo desconhecida para mim, embora também uma
espécie de complemento à minha primeira formação. Tudo isto, aliado a uma
imaturidade profissional, tornou a opção do estágio irrefutável.
Termino, assim, declarando que a minha foi uma escolha afortunada,
tanto pelo mestrado, em geral, quanto pelo seu estágio, em particular, e desejo
vir a iniciar uma longa e (espero) próspera vida de trabalho nesta área de
actividade económica, social, política e cultural que muito me motiva – a do
turismo!
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I. Turismo em Portugal/Turismo em Lisboa. Um esboço de
contextualização
1. Linhas gerais histórias
A palavra «turismo» parece usar-se hoje sem grande preocupação
quanto a possíveis ambiguidades do seu significado. E contudo, a definição de
turismo tem sido objecto de várias alterações, pressupondo as próprias
mudanças das formas de organização económica, politica, cultural e até
educacional das diversas sociedades.
Em termos gerais, «turismo» implica «deslocação», mas nem todas as
deslocações têm um carácter turístico: as viagens de exploração de novas terras
em demanda de melhor qualidade de vida e, depois, as especificamente
comerciais, não foram viagens de turismo, embora estejam a tornar-se cada vez
mais complexas as relações entre as viagens de negócios2 e as turísticas, ou
porque as experiências vividas nas do primeiro tipo desencadeiam motivações
para os seus protagonistas realizarem as do segundo tipo, ou porque os
viajantes as fazem de modo imediatamente sucessivo. A ideia de turismo está
associada, em especial, à de lazer, bem como à do processo de amadurecimento
cultural, e, deseja-se, intelectual, apetecivelmente apresentado como viável ao
longo de toda a vida de qualquer indivíduo. Mas esta ideia é também
determinada pela moda que, embora facilmente globalizável devido ao
extraordinário poder das tecnologias da informação/comunicação, se oferece
como factor que individualiza, e não que massifica, conforme os potenciais
públicos turísticos.
A primeira definição de turismo de que há conhecimento surgiu em
1910 com o economista austríaco Herman von Schullern zu Schrattenhofen.
Segundo ele, a experiência turística abrange todos os acontecimentos
2 Como será referido mais à frente, a experiência neste estágio permitiu um contacto directo
com os que viajam em negócios, situação cada vez mais frequente, e levando ao
reconhecimento de que este tipo de viagens é actualmente considerado um dos produtos
previstos para a cidade de Lisboa – o chamado turismo de negócios (PENT 2011)
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envolvidos nos processos por que passa quem chega a, permanece em e sai de
determinado país ou região, nomeadamente os aspectos económicos (Apud,
Pinto da Silva 2012). Várias definições se lhe seguiram, mas apenas em 1942,
com os professores Walter Hunziker e Kurt Krapf, se obteve uma definição
mais próxima da que temos hoje em dia:
(…) o conjunto das relações e fenómenos originados pela deslocação e
permanência das pessoas fora do seu local habitual de residência, desde
que tais deslocações e permanências não sejam utilizadas para o
exercício de uma actividade lucrativa principal, permanente ou
temporário (…) (Apud, Cunha 2013:16)
Licínio Cunha e António Abrantes (2013) apontam duas definições para
a palavra turismo, primeiramente, e de um ponto de vista conceptual, tendo
como objectivo encontrar uma definição que faculte um instrumento teórico,
permitindo estudá-lo e distingui-lo das restantes actividades económicas, e em
segundo lugar, de um ponto de vista técnico, cujo objectivo pende para o
campo legislativo, tendo como objectivo definir leis e criar dados estatísticos.
Assim, definem o turismo, em termos conceptuais, como: «o conjunto de
actividades desenvolvidas pelos visitantes em razão das suas deslocações, as
atracções e os meios que as originam, as facilidades criadas para satisfazer as
suas necessidades e os fenómenos resultantes de umas e de outras» (pág. 17)
De um ponto de vista técnico, os autores elegem a definição da OMT como a
mais completa (ainda que privilegie a procura em detrimento da oferta): «o
conjunto das actividades desenvolvidas por pessoas durante as viagens e
estadas em locais situados fora do seu ambiente habitual por um período
consecutivo que não ultrapasse um ano, por motivos de lazer, de negócio e
outros» (pág. 17).
O turismo é uma área que foi evoluindo, acompanhando a própria
evolução humana, não só em Portugal, como no mundo inteiro. Para efeitos do
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presente trabalho, importa esboçar esta análise relativamente ao caso português
apenas.
De acordo com Ramalho Ortigão (1836-1915) «nada há de mais valioso
e propício à nossa higiene intelectual e moral do que as viagens» (Apud, Cunha
2010:129). Foi nessa época que, em Portugal, apesar de um certo fechamento
às influências estrangeiras, começou a ser tomada consciência da importância
das viagens. Porém, considerados os vários escritores que iam abordando a
importância das viagens de um ponto de vista intelectual, foi Alexandre
Herculano quem primeiro considerou a questão da importância económica do
fluxo de visitas a Portugal.
Com efeito, ao longo do século XIX, face à crise económica que o país
enfrentava, emergiram vozes no governo que começaram, timidamente, a
tomar consciência do e a alertar para o facto de o dinheiro que os visitantes
despendiam em Portugal poder constituir uma das fontes para resolver o grave
problema da dívida pública. Em clima de um certo dramatismo, verificou-se a
ritmo moderado a concretização desta teoria, e os apologistas do turismo
começaram a reconhecer inúmeras potencialidades nesta nova indústria que
crescia a olhos vistos, não num panorama de medida implementada para
combater a crise, mas sim como uma forma de enriquecimento para o país, em
ambos os sectores privado e público (Cunha 2010).
De acordo com o mesmo autor, no alvorecer do século XX, surgiu a
Sociedade de Propaganda de Portugal, marco importantíssimo e crucial para o
desenvolvimento do turismo no país. Contrariamente ao que se possa pensar,
foi o patriotismo que uniu gente de diferentes estratos sociais, políticos e
religiosos, para a formação desta entidade sem fins lucrativos. O principal foco
da nova instituição consistiu em publicitar o país de forma a colocá-lo em lugar
de destaque aos olhos do mundo. As principais medidas tomadas nesse sentido
passaram pelo desenvolvimento das ligações ferroviárias, com o centro da
Europa, e das marítimas, com o continente americano.
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Só em inícios do século XX, surgiram as primeiras entidades oficiais de
turismo, embora já existissem instituições de carácter privado, como é o caso
da Sociedade de Propaganda de Portugal. A Repartição do Turismo surgiu em
1911, e Portugal foi o terceiro país a nível mundial a criar uma entidade oficial
de turismo. Até fins dos anos vinte, a actividade turística em Portugal assentava
fundamentalmente nas estâncias termais, e, geograficamente, em Lisboa e na
Madeira. Em 1928, associou-se o jogo ao turismo, ao mesmo tempo que o
Estoril ganhou importância enquanto centro turístico internacional, o que mais
tarde, em 1958, levou à abertura do conceituado Casino do Estoril, actualmente
o maior da Europa3.
Com a Primeira Grande Guerra e a Segunda Guerra Mundial, a importância
do turismo decresceu. Contudo, a partir de 1964, numa Europa recuperada
destes dois cataclismos, tomou-se novamente consciência da importância do
turismo, o que decorreu das seguintes circunstâncias:
Situação económica estável e em ascensão;
Generalização das férias pagas;
Desenvolvimento intensivo do tráfego aéreo.
Seguiu-se um período de reestruturação do país, em especial nas zonas
balneares, com especial ênfase no Algarve. Portugal não estava preparado para
o boom turístico que assolou o mundo. Na figura abaixo podemos verificar o
mesmo, entre 1950 e 2007:
3 Informação obtida na página do casino, disponível em: http://www.casino-estoril.pt/ ,e em
diversos guias de Portugal.
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Figura 1 - Chegadas Mundiais de Turistas Internacionais (1950-2008)
Fontes: UNWTO (2009), UNWTO, World Tourism Barometer, (vários anos). 1º Congresso Internacional
de Turismo ESG-IPCA (http://www.ipca.pt/cit/docs/sessoes/s4/S4_1_22.pdf)
É possível verificar uma evolução ao longo dos anos expostos, exceptuando os
anos de 1982, 2001 e 2003 onde se verificou uma ligeira regressão.
PENT
Em 2007 foi criado o Plano Estratégico Nacional de Turismo (PENT),
uma iniciativa do Governo, da responsabilidade do Ministério da Economia e
da Inovação, tendo como principal função servir de base à concretização de
acções previamente definidas para o crescimento sustentável do Turismo em
Portugal, até 2015. O Plano tem igualmente o objectivo de servir de orientação
para o Turismo de Portugal, entidade pública central do sector turístico,
levando a cabo uma série de actividades com vista a incrementar o turismo
nacional, e viabilizando a sua correcta execução.
As estratégias e objectivos traçados no PENT deixaram de ser
exequíveis aquando da grave crise financeira internacional de 2008 e 2009
(Trindade 2011). Estava previsto no próprio Plano, uma avaliação do mesmo,
que ocorreu ao longo de 2010, e a sua discussão pública teve lugar entre
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Fevereiro e Junho de 2011. Em 2012 foi lançada uma análise definitiva tendo
em vista o espaço temporal compreendido entre 2013 e 2015. Nesta
reformulação foi realizada uma nova análise com vista a satisfazer as
exigências do mercado actual. Entre muitos outros objectivos, o PENT
incentiva as empresas a:
Aprofundar o conhecimento do consumidor e do que a concorrência
tem para oferecer;
Acelerar os processos de inovação da oferta, qualificando e certificando
a mesma;
Repensar os actuais modelos de negócio, assumindo as competências
necessárias e estreitando o contacto directo com o cliente no momento
exacto da aquisição do serviço, simplificando os processos e apostando
em activos estratégicos.
Em suma, tentar responder às exigências de um mercado severamente
competitivo e primar pela qualidade, competitividade e inovação. É cada vez
mais premente a necessidade de ITs claros e simples, mas, ao mesmo tempo,
eficazes e inovadores, ou seja, mecanismos capazes de responder às
necessidades de uma geração direccionada para os meios tecnológicos como
motores de compra e venda. Em simultâneo, não se pode descurar a existência
de um mercado sénior, que implica o contacto directo e a tranquilidade na
comunicação.
Esta reformulação do PENT fomenta ainda a consciencialização da
emergência e proliferação de novos concorrentes, conforme a tabela abaixo,
onde podemos constatar a evolução dos principais destinos concorrentes de
Portugal:
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Figura 2:Evolução da entrada de turistas estrangeiros nos principais destinos concorrentes de
Portugal (2006-2011)
Fontes: Plano Estratégico Nacional de Turismo 2012 ( IET-Instituto de EstudiosTurísticos, Turkey Statistical Institute,
Hellenic Statistical Authority, Central Agency for Public Mobilization and Statistics Arab, Croation Bureau of
Statistics, Observatoire du Tourisme-Statistiques sur le Tourisme au Maroc, Institute National de la Statistique,
National Statistical Institute Republic of Bulgaria) (PENT, 2012)
Esta concorrência prende-se essencialmente com a proximidade e com
variáveis da oferta turística que de alguma forma são semelhantes a Portugal,
como no caso da Croácia e da Grécia o produto Sol e Mar.
Alojamento
Não é possível estruturar destinos turísticos sem alojamento, e todo o
meio de alojamento destinado a proporcionar dormidas a turistas é considerado
como turístico, com fim lucrativo ou não, pago ou gratuito (Cunha 2013). O
alojamento turístico é assim, parte integrante e fundamental do turismo, sem a
qual o mesmo não existiria à escala que existe na contemporaneidade.
O mesmo pode ser muito diversificado, dependendo da sua localização
e do mercado a que se dirige. Um alojamento turístico para uma estadia short-
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break4 numa capital europeia, nunca poderá ter as mesmas características que
um alojamento numa reserva natural da Namíbia. E, mesmo falando num
alojamento turístico em cidade, são necessários estabelecimentos low-cost,
como os Hostels, famosos entre os jovens europeus que procuram apenas
enriquecimento cultural e experiências novas; precisos são também hotéis 5
estrelas, destinados a empresários de meia-idade que visitam a cidade por
motivos profissionais e cujos custos de alojamento serão suportados pela
empresa.
O estágio realizado na entidade de acolhimento TravelingToLisbon,
empresa turística que enquadra o sector do alojamento turístico privado, aluga
apartamentos para turistas e, também aqui, se trata de apartamentos low-cost,
cujo alvo principal são casais jovens que pretendam conhecer a cidade e ter
apenas um sítio para dormir onde possam estar a sós e beneficiar de
privacidade (excluindo assim os Hostels), a par de apartamentos com alto nível
de comodidade, boas áreas, localização aprazível e todo o conforto que o
dinheiro pode comprar na nossa própria casa (aquecimento central, ar-
condicionado, canais por cabo/satélite, internet, etc).
Segundo a OMT e a Eurostat, podemos distinguir alojamento turístico
como sendo toda a instalação que, de modo regular ou ocasional, fornece
dormidas ou estadias aos turistas. Para melhor entender esta definição, é
necessária uma distinção entre instalações que asseguram, sob a forma
comercial e regularmente, a maior parte das dormidas fora da residência
habitual dos seus clientes, e instalações que oferecem ocasionalmente
alojamento para passar a noite (Cunha 2013). Segundo a OMT e a Eurostat, o
alojamento turístico divide-se em dois grupos:
Estabelecimentos de Alojamento Colectivo
Alojamento Turístico Privado
4 Várias expressões em inglês serão usadas ao longo deste trabalho, de forma a manter um
discurso fiel à terminologia comummente utilizada em turismo.
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No quadro abaixo, podemos distinguir os tipos de alojamento turístico tendo
em conta todas estas perspectivas:
Figura 3: Tipos de Alojamento Turístico
Grandes Grupos Subgrupos Grupos Primários
1. Estabelecimentos de
alojamento colectivo
1.1. Hotéis e
Estabelecimentos para-
hoteleiros
1.2. Estabelecimentos
especializados
1.3. Outros estabelecimentos
Colectivos
1.1.1. Hotéis
1.1.2. Estabelecimentos para-
hoteleiros
1.2.1 Estabelecimentos de cura
1.2.2. Acampamentos trabalho-
férias
1.2.3. Alojamentos no interior dos
meios de transporte colectivo
1.2.4.Centros de conferências
1.3.1. Alojamentos férias
1.3.2. Campismo
1.3.3. Outros Colectivos
2. Alojamento Turístico
Privado
2.1. Alojamento Privado em
aluguer
2.2. Alojamento Privado fora
de aluguer
2.1.l. Quartos alugados em
alojamentos familiares
2.1.2. Alojamentos alugados a
particulares ou agências
profissionais
2.2.1. Alojamentos ocupados pelos
proprietários
2.2.2. Alojamentos cedidos
gratuitamente (familiares e amigos)
2.2.3. Outros alojamentos
particulares
Fonte: Cunha, (2013). Introdução ao turismo.
Em Portugal, segundo o Decreto-Lei n.º 39/2008, de 7 de Março5, todos os
«empreendimentos turísticos» podem fazer parte de um dos seguintes tipos:
1. Estabelecimentos hoteleiros;
2. Aldeamentos turísticos;
3. Apartamentos turísticos;
4. Conjuntos turísticos (resorts);
5 Publicado em Diário da República, podendo ser consultado em:
https://dre.pt/application/dir/pdf1sdip/2008/03/04800/0144001456.PDF
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5. Empreendimentos de turismo de habitação;
6. Empreendimentos de turismo no espaço rural;
7. Parques de campismo e caravanismo;
8. Empreendimentos de turismo de natureza.
O tipo de alojamento turístico proporcionado pela TravelingToLisbon
enquadra-se na categoria de apartamento turístico, ou seja, empreendimentos
constituídos por um conjunto coerente de unidades de alojamento e outros
serviços complementares de apoio a turistas, sendo o termo empreendimentos
entendido como apartamentos (Cunha 2013).
Mercado
Uma das linhas de desenvolvimento estratégico previstas no PENT é a
aposta na captação de turistas de 20 mercados emissores internacionais e no
desenvolvimento do Turismo interno. Em Portugal, os principais mercados
emissores externos são o Reino Unido, a Alemanha e a Espanha. Estes
mercados são considerados estratégicos, pois são mercados já desenvolvidos e
responsáveis por uma elevada percentagem da receita para Portugal – receita
potencial superior a 400 milhões de euros.
As outras duas categorias são os mercados a desenvolver, que já
apresentam alguma importância para Portugal – potencial de receita entre os
100 e os 250 milhões de euros e, por último, os mercados de diversificação,
mercados atractivos pela sua elevada dimensão e/ou crescimento, onde
Portugal tem ainda uma posição secundária, mas que deverá ser intensificada
no futuro – potencial de receita até 100 milhões de euros (PENT 2007).
Portugal é actualmente um dos principais destinos turísticos mundiais,
ocupando lugar de destaque nos rankings mundiais:
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Figura 4: Rankings Mundiais
Turistas do
Estrangeiro
12,3 Milhões 12º Na Europa 20º No mundo
Receitas turísticas 7,440 Milhões 14º Na Europa 23º No mundo
Dormidas Globais 39,2 Milhões
Fonte: Turismo de Portugal
A nível da oferta existente em Portugal, de acordo com dados do
Turismo de Portugal (2009) existem cerca de 1058 empreendimentos turísticos,
dos quais 78% são estabelecimentos hoteleiros, e 97 377 quartos, dos quais
82% se encontram inseridos em unidades hoteleiras. Cerca de 85% das
dormidas de estrangeiros ocorrem no Algarve, Lisboa e Madeira, e a
sazonalidade continua a ser um dos maiores problemas enfrentados pelo
turismo em Portugal, tanto a nível da procura por nacionais como da procura
por estrangeiros. Estima-se que Julho, Agosto e Setembro concentrem 38% da
procura nacional e 36% da procura estrangeira (Patrão 2009).
Canais de Venda
A nível dos canais de venda, há muito que a indústria turística se
alterou. A percentagem de pessoas que recorrem actualmente a agências de
viagens para planear as suas férias é muito baixa. A tendência hoje em dia recai
em DIY (Do it Yourself), o que significa fazer por si mesmo, ou seja, existem
diversas plataformas que nos permitem pesquisar o voo mais barato e associá-
lo sem problemas à estadia mais barata e associar esta, por sua vez e se assim o
desejarmos, a tours e transportes que nos sejam convenientes. Tudo isto, claro
está, através do factor internet, que terá sido a principal responsável pelo
decréscimo de utilidade das agências de viagens.
As agências de viagens continuam a ser importantes para um público
sénior que, ao invés de desejar a independência e a aventura de planear uma
viagem por si mesmo, procura o conforto que uma agência de viagens
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proporciona ao poupar o trabalho de fazer buscas intensivas e evitar a aventura
nem sempre desejável.
Também as parcerias entre diferentes entidades de turismo se revelam,
no panorama actual, fundamentais para uma boa concretização e qualidade de
serviços, o chamado B2B (Lindon 2009), uma das tendências do marketing que
se tem revelado fulcral no desenvolvimento das empresas. Uma dada empresa
que fornece serviços turísticos, utiliza comummente plataformas de outras
entidades para vender os seus serviços à mesma, que irá obter uma comissão
sobre essa venda. Se trabalharmos todos rumo a um mesmo objectivo, será
mais fácil alcançá-lo. É também fundamental a utilização das redes sociais
como motor de promoção, especialmente no que toca ao combate da
sazonalidade, onde é tão premente dar a conhecer os diversos eventos (alguns
de carácter internacional) que ocorrem ao longo da época baixa (Outubro-
Maio) no nosso país.
2. Tendências actuais do turismo em Lisboa
2.1. Tendências de Alojamento
Hostel
Figura 5: Hostel «The Travellers House» em Lisboa, Rua Augusta
Fonte: http://katienfuhrman.wordpress.com/travel-tips-2/
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
26
Foto tirada do blog6 de Katie Fuhrman, com dicas de viagens baseadas
na experiência real da sua autora. Lisboa tem lugar de destaque, e o Travellers
House situado no coração de Lisboa é descrito como não apenas um
alojamento mas também um dos motivos pelas quais a sua viagem terá sido
muito agradável. Atraindo especialmente um público jovem em demanda de
outras culturas, os hostels são hoje em dia uma escolha para todos aqueles que
viajam com budgets inferiores, ou apenas com vontade de conhecer pessoas
novas e de ter uma experiência diferente daquela que é proporcionada por um
comum hotel. Em Lisboa, é possível encontrar os quatro melhores hostels do
mundo, estando o Travellers House em terceiro lugar7.
Apartamentos
Figura 6: Apartamento 200, TravelingToLisbon
Fonte: TravelingtoLisbon.com
Este é um dos apartamentos da gama mais alta de ofertas que a TTL
tem para oferecer, destinados a estadias short e long-term. São apartamentos
pertencentes a pessoas que os deixaram «nas mãos» da TTL, para serem
6 Disponível em: http://katienfuhrman.wordpress.com/ 7 «Lisboa tem os quatro melhores hostels do mundo». Notícia publicada no jornal Publico a 6
de Agosto de 2013: Disponível em: http://p3.publico.pt/vicios/em-transito/8856/lisboa-tem-os-
quatro-melhores-hostels-do-mundo
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
27
alugados a turistas ao longo de todo o ano. Por sua vez, a empresa mantê-los-á
em estado impecável e recorrerá a adequadas tácticas de vendas,
nomeadamente através de parcerias com diversos websites (como o mais
conhecido, Booking.com), que, mediante uma comissão de 10%, darão
visibilidade ao apartamento, permitindo a sua procura durante o ano inteiro.
Hotel
Figura 7: Hotel Myriad, Parque das Nações
Fonte: Myriad.pt
Com 176 quartos e 10 suítes, viradas sem obstáculos para o cenário
mágico do Tejo, o Hotel Myriad é a masterpiece do Grupo Sana. Luxo e
requinte são as palavras de ordem, aliadas a um estilo moderno e ao cenário
encantador do Tejo, sobre o qual o próprio hotel se encontra suspenso.
A escolha pelo alojamento está intrinsecamente ligada à experiência
que se quer ter. O hostel e o apartamento são boas escolhas para férias com
amigos. No caso do apartamento, é também uma opção viável para amigos,
família, uma escapadela romântica ou viagem de negócios (Turismo de
negócios). Quanto ao hotel, será com certeza uma opção para uma escapadela
romântica ou uma viagem de negócios. Em Portugal, contrariando o rótulo de
crise, continua-se a apostar no segmento 5 estrelas.
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
28
2.2. Tendências de Canais de Vendas
DIY, a sigla cada vez mais conhecida que vem da expressão inglesa Do
It Yourself, fazer por si mesmo em português, nomeia a tendência actual
aquando da programação de uma viagem. Em substituição dos pacotes
facultados pelas agências de viagens que incluíam o transporte de ida e volta e
a estadia, esta tendência da maioria dos turistas potencia hoje a independência
e maleabilidade de poder escolher o seu próprio voo, com ou sem escala, de
forma a optar pelo factor low-cost em detrimento do factor conforto, ou vice-
versa. Assim, são muitas as plataformas online que permitem fazer pacotes
personalizados e adquirir todos os serviços extra que o cliente possa desejar.
Internet, naturalmente o veículo de grande parte da obtenção de
serviços em todos o mundo. É em simultâneo um catálogo, onde consultamos
opções, preços e formas de pagamento, um ponto de venda onde podemos fazer
a aquisição de serviços, e ainda o local onde encontramos toda a informação e
acompanhamento pós-venda. Dá-nos a ilusão de independência enquanto nos
torna dependentes do consumo de serviços e informações, criando a
necessidade de comunicação desenfreada, que existe actualmente. É,
genuinamente, o principal canal de venda de serviços turísticos, e é necessária
uma constante actualização por parte das empresas, de forma a dar resposta a
uma procura cada vez mais exigente, mas que, ao mesmo tempo, prima pela
simplicidade de adquirir serviços.
SEO é a sigla para o termo inglês «Search Engine Optimization» que
significa em português, optimização de motores de busca. Consiste em dar
visibilidade a um determinado website quando as pessoas procedem à busca de
um determinado serviço. É uma variante do marketing digital, e uma
ferramenta fulcral no turismo, cada vez mais utilizada pelas entidades que
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
29
procuram oferecer os seus serviços, tendo como target, sobretudo, o mercado
internacional.
Por último, e não menos importantes, as Parcerias adquirem um papel
relevante enquanto canais de venda na indústria turística. Em especial, na
empresa onde teve lugar o meu estágio, as parcerias são o mais forte motor de
vendas. É através de parcerias com websites de buscas, como o muito
conhecido booking.com, que a empresa alcança maior visibilidade aquando das
pesquisas dos potenciais turistas, conseguindo obter mais reservas, ou seja,
vender melhor o seu produto.
2.3. Tendências do mercado
Números de Ocupação
Num panorama muito actual, segundo dados do INE datados de 15 de
Julho de 2014, a hotelaria em Portugal registou 4,4 milhões de dormidas em
Maio de 2014, sendo o aumento dos residentes correspondente a 16,1% e a dos
não residentes correspondente a 11,1%. O INE corrobora ainda que os
resultados estão, em parte, associados à realização de eventos de carácter
internacional, a promoções e a programas turísticos específicos, que terão
resultado na procura por parte de residentes e não residentes. No quadro abaixo
podemos verificar alguns números relativos aos resultados de Maio deste ano
(2014) em Portugal:
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
30
Figura 8: Resultados globais preliminares da actividade turística
Fonte: Actividade Turística – Maio de 2014, INE
Segundo uma análise levada a cabo pelo INE referente a Abril deste
mesmo ano, a taxa de ocupação em Portugal aumentou em todas as tipologias,
realçando as pousadas com +13,3% e os aldeamentos com +10,5%, tendo os
hotéis de 5 e 4 estrelas registado os valores mais elevados com +52% e +52,4%
respectivamente (Actividade Turística – Abril de 2014, INE). Como exerci
parte activa da actividade turística nesse mesmo período, facilmente constatei
que este aumento significativo face a igual período do ano passado se prendeu
com o evento desportivo que teve lugar no nosso país neste período8. No que
respeita aos principais mercados emissores, considerando os dados do INE
referentes a 2013, mantêm-se os mesmos 10 no lugar do pódio, sendo 8 deles
Europeus (Reino Unido, Alemanha, Espanha, França, Holanda, Irlanda, Itália e
Bélgica), acompanhados dos Estados Unidos e do Brasil.
No quadro abaixo podemos verificar as diferenças entre Maio deste
ano, e o período compreendido entre Janeiro e Maio também deste ano:
8 A final da Champions League, teve lugar em Lisboa no estádio da Luz, e tendo sido entre
dois clubes espanhóis, a adesão dos nossos vizinhos de Espanha a deslocarem-se ao nosso país
a fim de assistir ao jogo, superou todas as expectativas e esgotou, assim, todos os alojamentos
em Lisboa e arredores ao longo do fim-de-semana que teve lugar no mês de Maio.
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Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
31
Figura 9: Dormidas por principais mercados emissores – Taxas de variação homóloga mensais
Fonte: Actividade Turística – Maio de 2014, INE
O balanço até agora é positivo e o panorama turístico é risonho, dando
especial ênfase ao mês de Maio, que teve uma subida considerável
relativamente ao ano passado, como já foi referido anteriormente, graças a
eventos desportivos que tiveram lugar em Portugal.
Diferentes Segmentos e Ofertas
A revisão do PENT com vista ao horizonte 2013-2015, refere algumas
alterações, por exemplo no respeitante ao perfil do consumidor. Com as
alterações da procura e a presente conjuntura, o actual turista é mais prudente
no momento de adquirir serviços, e mais contido nos seus gastos. A qualidade
é muitas vezes preterida em favor de valores mais baixos, e é cada vez mais
difícil o processo de fidelização. Torna-se assim necessário um maior
conhecimento do cliente e da concorrência, bem como acelerar os processos de
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Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
32
inovação e diferenciação de produtos e serviços, a fim de poder acompanhar o
mercado e destacar-se no mesmo (PENT, 2012).
Os dez produtos que continuarão a ser uma aposta para Portugal até
2015, como prevê o PENT, são:
Sol e Mar
Circuitos Turísticos, e.g. Turismo religioso
Short Break/ City Break
Turismo de Negócios
Promoção do Algarve como turismo de Golf
Turismo de natureza
Turismo náutico
Turismo residencial
Turismo de Saúde
Turismo gastronómico e ecoturismo
Não obstante todas estas constatações, Portugal tem hoje um leque
diferenciado de segmentos turísticos, e são distintas as motivações dos turistas.
Com o mercado low cost, as viagens tornaram-se mais comuns especialmente
entre o segmento jovem, e este é muito diversificado indo dos jovens
académicos à procura de simplicidade e aprendizagem, até a um público mais
alternativo que se desloca frequentemente para assistir a musicais, ou a um
público que viaja por uma questão de moda, não dando real importância à
qualidade turística do destino.
Nos dez produtos identificados pelo PENT, não é feita menção à
importância da cultura enquanto forma de turismo, ainda que o mesmo esteja
implícito em produtos como Circuitos Turísticos, ou Turismo Gastronómico,
pois os mesmos implicam visitas a património português que nada mais é do
que um espelho a reflectir a nossa cultura. Também as Short Breaks/City
Breaks se prendem muitas vezes com eventos artísticos e culturais que tendem
a ter lugar nas cidades europeias, e que são importantes veículos de atracção
turística (Hughes 2000).
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
33
Targets
Os objectivos principais em Portugal assentam fundamentalmente em
três pressupostos, segundo a Revisão do PENT tendo em visto o horizonte
2013-2015:
Portugal deverá ser um dos destinos da Europa de princípios mais
alinhados com o desenvolvimento sustentável, aliado a uma
proposta de valor suportada em características distintivas e
inovadoras no país;
O turismo deverá ter como base a qualidade do serviço e a
competitividade da oferta, possuindo como motor a criação de
conteúdos autênticos e experiências genuínas, na excelência
ambiental e urbanística, na formação dos recursos humanos e na
dinâmica e modernização empresarial das entidades públicas;
A importância do turismo para a economia do país deverá ser
crescente, representando um dos principais motores de
desenvolvimento social, económico e ambiental a nível regional e
nacional.
É importante dinamizar os mercados de crescimento, e aqui se
enquadram os principais mercados emissores para Portugal como é o caso de
Espanha, França e Reino Unido. A ideia é fidelizá-los ao máximo, através de
uma estratégia bem definida que facilite a comunicação e torne Portugal um
destino sempre mais apelativo. Unir esforços, na tentativa de causar um maior
impacto nos mercados com pouca expressão em Portugal, é também um
objectivo explícito no PENT, e várias medidas deverão ser tomadas nesse
sentido, pelas diversas entidades que actuam no ramo turístico em Portugal.
Short Break/ City Break
Short Breaks e City Breaks são uma tendência ao nível mundial,
especialmente nas principais capitais e cidades Europeias. Trata-se de um dos
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
34
produtos que é, desde 2007, e continuará a ser, uma forte aposta em Portugal,
de acordo com o PENT. A dinamização das estadias de curta duração em
cidade passa pela realização de eventos e actividades que possam servir de
motivação na escolha do país, ou, pela surpresa agradável que os turistas têm
ao chegarem à cidade. Este tipo de turismo tem tido um crescimento de 2% a
3% na Europa nos últimos anos, e estima-se um crescimento de 5% a 6% nos
anos subsequentes. No caso de Portugal, falamos fundamentalmente de Lisboa
e Porto, onde este tipo de turismo tem, entre outros benefícios, a vantagem de
ajudar o país a combater a sazonalidade e a dar azo à criação de novas
entidades turísticas que possam adjudicar os serviços necessários (alojamento,
transportes, tours, etc.) aos turistas, ao mesmo tempo que ajuda no combate ao
desemprego, criando novos postos de trabalho.
Os principais mercados emissores de estadias de curta duração, a nível
europeu, são a Alemanha, Reino Unido, Escandinávia, Espanha, Holanda,
Rússia, Itália e França (PENT 2012). Foram identificadas uma série de
características que distinguem Portugal, nomeadamente Lisboa e Porto,
enquanto destino de excelência para este tipo de turismo, estando entre as
principais as boas acessibilidades e a segurança, a hospitalidade e a tolerância,
a luminosidade e o clima ameno.
2.4. O Caso de Lisboa
Ocupação
Do lado da procura, entre 2006 e 2011, o mercado nacional teve um
acréscimo de 200 000 dormidas, enquanto o internacional teve um crescimento
de 700 000 (PENT 2012). O mercado internacional continua a representar 70%
da procura, destacando-se aumentos de mercados emissores em crescimento,
como o Brasil e a Rússia. Em 2014, Lisboa apresentou o maior acréscimo na
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
35
taxa de ocupação, de acordo com dados do Turismo de Portugal sobre o mês de
Maio.
Figura 10: Taxa líquida de ocupação-cama e estada média por região
Fonte: Turismo de Portugal, Actividade Turística Maio 2014
Assim, a revisão do PENT aponta para uma estratégia de aposta nos
mercados em crescimento, e para a dinamização dos já consolidados (Espanha,
Alemanha, Reino Unido, etc.). Também é importante unir esforços para entrar
no leque de opções dos mercados emissores da Ásia e do Médio Oriente.
Oferta
Do lado da oferta, verificou-se, no mesmo período de tempo (2006-
2011), um aumento de 15% (7000 camas). Os principais produtos
estrategicamente importantes para a região de Lisboa são as Short Break/ City
Break ou estadias de curta-duração, (o que se torna cada vez mais óbvio quanto
ao turismo de Lisboa), os circuitos turísticos com especial destaque para as
peregrinações a Fátima (que continuam a atrair católicos de todo o mundo) e o
turismo de negócios. Quanto à primeira opção, é cada vez mais notória a aposta
neste produto por parte das entidades nacionais, uma vez que houve, num
espaço de poucos anos, um verdadeiro boom de hostels e empresas que alugam
apartamentos para estadias de curta-duração. Quanto ao turismo de negócios9,
9 Definição do Turismo de Portugal:
http://www.turismodeportugal.pt/Portugu%C3%AAs/AreasAtividade/desenvolvimentoeinovac
ao/Pages/TurismodeNegocios.aspx
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
36
há também cadeias hoteleiras a apostar neste sector como é o caso do grupo
Sana, ao criar simultaneamente o hotel Myriad e o Myriad Crystal Center, cujo
espaço é exclusivamente dedicado a eventos de negócios.
Aeroporto – Vantagens
O aeroporto de Lisboa, situado na Portela e inaugurado em 1942, é o
mais importante de Portugal em termos de tráfego aéreo. Está localizado a
cerca de 7 km do centro da cidade e faculta aos passageiros, não só um serviço
de autocarros cujo trajecto é directo para a baixa de Lisboa (Aerobus), como
possibilita ainda, há cerca de dois anos, a deslocação de metro para qualquer
ponto da cidade e arredores. Mesmo para um público mais exigente, a
deslocação de táxi para o centro ronda os 12 euros, o que é bastante acessível
quando comparado com outras capitais europeias.
De acordo com o Boletim Estatístico Trimestral, referente ao período de
1 de Abril a 30 Junho de 2014, do Instituto Nacional de Aviação Civil – INAC
– o segundo trimestre deste ano teve um balanço positivo, revelando uma
continuidade no crescimento do sector da aviação civil. O Aeroporto de Lisboa
foi líder neste crescimento, transportando mais cerca de 15% de passageiros do
que em igual período de 2013. Estes resultados advêm das operações da TAP
Portugal10
e da Ryanair11
, assim como de eventos desportivos que decorreram
nesse período.
Segmentação
A segmentação pretende maximizar a procura do mercado
direccionando os esforços de marketing para subgrupos significativos de
clientes/consumidores (Chisnall 1985). É fácil perceber que, quanto maior é o
10
TAP Portugal, disponível em: http://www.flytap.com/Portugal/pt/Homepage 11
Ryanair, disponível em: http://www.ryanair.com/pt/
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
37
conhecimento que uma organização tem sobre os seus clientes, actuais ou
potenciais, maior facilidade tem em implementar esforços de marketing,
fulcrais para estimular a sua decisão de compra. Em turismo, os principais
métodos de segmentação passam por objectivos da viagem, benefícios
procurados pelos turistas, estilos de vida, perfil económico, etc.
Em Lisboa, sabemos que, de um ponto de vista geográfico, e tendo em
consideração os produtos disponíveis, são muitos os segmentos e por isso
também são várias as ofertas para dar resposta a toda essa diversidade.
Mediante a idade e o estrato social, os objectivos e a nacionalidade é possível
encontrar em Lisboa hostels low cost e hotéis 5 estrelas. Também no sector dos
apartamentos, no caso da TTL, é possível encontrar ofertas para os mais
diversos segmentos. A empresa tem clientes com idades inferiores aos 25 anos
assim como mercado sénior.
3. Oportunidade de mercado – TravelingToLisbon
Considerando os pontos abordados anteriormente, é visível a vantagem
e o benefício de uma entidade situada no coração de Lisboa que aluga
apartamentos de curta-duração. Reflectindo sobre os produtos de maior
relevância para a cidade, uma das opções que facilmente viabiliza os três (short
break/city break, circuitos turísticos e turismo de negócios), é precisamente
apartamentos turísticos. No caso dos city breaks/ short breaks, muito comuns
em Lisboa, é cada vez mais vulgar a procura de apartamentos ao invés de
hotéis. A maioria dos hóspedes, especialmente em época baixa, vêm cerca de
3/4 dias chegando por vezes a vir só o fim-de-semana.
Similarmente, o turismo de negócios tem impacto nas receitas da
empresa, uma vez que, aquando de uma deslocação de trabalho com a duração
de uma semana ou até meses, há cada vez mais pessoas a optarem por um
apartamento. Muitas das vezes, devido a parcerias que a empresa cria,
precisamente com o intuito de facultar os seus serviços. Quanto às
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
38
peregrinações, há também muitos turistas que optam por permanecer 2/3 dias
na cidade para, assim, juntarem o útil ao agradável e poderem também
conhecer a cidade.
As parcerias são também muito importantes, e a TTL mantém-nas, não
apenas com entidades estrangeiras, mas também com organismos portugueses.
Isto é de valor inestimável para o crescimento e evolução do turismo em
Portugal, e aquilo a que chamamos em Marketing B2B. Ilustrando, existe uma
parceria entre a TravelingToLisbon e a Mr. Friend, empresa de transfers, que
faculta serviços em Lisboa e arredores. Esta parceria motiva um melhor serviço
uma vez que os clientes podem solicitar um transfer do aeroporto para o
apartamento e a TTL tem o serviço para oferecer e para complementar o seu
próprio. Assim, os técnicos da TTL, em conjunto com os da Mr. Friend,
mantêm-se em contacto e criam um ambiente agradável e acolhedor para o
turista. O hóspede fica satisfeito com ambos os serviços, recomenda, e pode
ponderar o regresso.
O estágio que realizei na entidade de acolhimento proporcionou-me
uma noção do turismo em Lisboa e, sobretudo, de como proporcionar um
serviço de qualidade, uma vez que a minha função era precisamente de Guest
Assistant, isto é, a pessoa que acolhe os turistas. Todo o processo, desde o
momento da compra (reserva), até à data de chegada e à chegada propriamente
dita, exige uma cuidada análise do perfil da pessoa, tendo em consideração
factores como sexo, idade, nacionalidade e a nossa própria percepção enquanto
agente turístico. Numa primeira fase, é difícil, mas ao cabo de alguns meses já
é possível analisar o cliente e escolher qual a melhor abordagem. É preciso
considerar que, numa empresa como a TTL, se trabalha directamente com o
cliente, e este cliente pode ser de vários estratos sociais, de nacionalidade
ocidental ou oriental, amigável ou frio e profissional.
Mas retomando a viabilidade da entidade no panorama turístico
português, mais concretamente no caso de Lisboa, é notória a forma como uma
empresa como esta especificidade pode responder aos desafios dos vários
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
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segmentos de mercado, e ainda ajudar a combater problemas como a
sazonalidade. Através da sua plataforma online, pode ainda servir de veículo de
promoção da própria cidade e dos diversos eventos que ocorrem ao longo do
ano (especialmente em época baixa). A empresa actua também no Porto, onde
tem também obtido bons resultados.
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
40
2. Caracterização da Entidade
1. Apresentação
A TravelingToLisbon é uma entidade portuguesa de aluguer de
apartamentos self-catering no centro histórico de Lisboa, na zona da Expo,
na margem sul do Tejo, no Estoril e em Cascais, bem como na área de
Sintra e Porto.
Figura 11 – TravelingToLisbon (Entrada)
Fonte: Adriana Louro, 2 de Setembro de 2014
Criada em 2006, foi pioneira no alojamento em apartamentos, e a
primeira a explorar o conceito de apartamentos self-catering em Lisboa.
Este conceito vem contrariar alguns outros semelhantes, também em
estadias em apartamentos, como por exemplo o bed & breakfast, que
muitas vezes prevêem determinados bens, como papel higiénico, gel de
banho e outros utensílios necessários numa estadia de curta duração; além
disso, comporta a ideia de pernoitar (uma ou várias noites) numa casa já
habitada pelo respectivo proprietário e por possíveis outros clientes, o que
exclui a sensação de estar «em casa», perdendo-se o factor privacidade.
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
41
A ideia de self-catering, tal como o nome indica, é a de um apartamento
que faculta serviços, comummente encontrados num «lar»: empregada de
limpeza, internet, canais por satélite, etc. Mas aquilo em que difere de um
hotel ou pensão é precisamente no facto de proporcionar privacidade.
Numa primeira fase, a entidade foi criada com o objectivo de rentabilizar
os imóveis da actual sócia fundadora da empresa, Alexandra Guerra
Pauthier, localizados exclusivamente no centro histórico de Lisboa.
Posteriormente, tornou-se numa forma de outros proprietários de imóveis
rentabilizarem os mesmos através de duas modalidades:
Apartamentos de Gestão TravelingToLisbon, isto é, o apartamento é
entregue à empresa e esta deverá não só garantir reservas como receber
os hóspedes e providenciar assistência vinte e quatro horas diárias
aquando da sua estadia, assumindo também a responsabilidade de todos
os componentes do apartamento (internet, gás, etc.);
Apartamentos de Gestão de Terceiros, apartamentos que apenas são
publicitados na páginas da TravelingToLisbon, podendo assim obter
um maior número de reservas e ter maior visibilidade, garantindo a
empresa apenas o que está envolvido no processo de reserva.
A entidade conta actualmente com a colaboração de três sócias, sendo uma
delas a sócia fundadora, que não colabora presentemente com a empresa, e
mantém apenas as suas acções, quatro colaboradores no departamento
operacional (onde eu própria estive integrada), duas no departamento
financeiro, dois colaboradores no departamento comercial e três no
departamento de marketing (embora um deles trabalhe a partir do Porto). Como
tal, perfaz um total de 14 recursos humanos, sendo que um deles, como já
referi, não exerce actualmente funções na empresa, e outro trabalha ausente da
sede, situada no centro de Lisboa, pelo que, no escritório, trabalham doze
pessoas.
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
42
A empresa encontra-se situada no centro histórico de Lisboa, na praça D.
Pedro IV, vulgarmente conhecida como praça do Rossio. Equiparável a um
Duomo em qualquer cidade italiana, a praça do Rossio é uma paragem
obrigatória para qualquer visitante da cidade, e um local estratégico onde
param diariamente diversos autocarros de tours turísticas, e o aerobus
(transporte que efectua o percurso do aeroporto para o centro) que todos os dias
transporta turistas recém-chegados para o centro da capital.
Figura 12: Praça do Rossio
Fonte: http://www.shiadohostel.com/rossio_en.html
2. Modelo de Negócio
O modelo assenta em duas premissas fundamentais, que representam as
formas de negócio da entidade. Em primeiro lugar, a empresa funciona como
uma agência de arrendamento de imóveis, alugando os seus apartamentos
próprios, maioritariamente para estadias de curta e média-duração, embora não
exclua os de longa-duração. Neste último caso, são praticados preços acima da
média do mercado, uma vez que são muito mais rentáveis para a empresa os
alugueres de curta e média-duração. Os de longa-duração constituem, porém,
um factor importante no combate à sazonalidade, pelo que se tornam numa
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
43
mais-valia durante a época baixa, de Outubro a Maio (mesmo considerando os
de maior procura, como o Natal, a passagem de ano e a Páscoa).
Em segundo lugar, a empresa funciona enquanto veículo de promoção,
e tem como ferramenta um canal próprio12
, onde, além dos apartamentos
próprios e os apartamentos de gestão TTL, podemos encontrar apartamentos
que não estão sob a alçada da empresa, e onde esta funciona apenas como
ferramenta de marketing, conferindo visibilidade ao imóvel e proporcionando
que o mesmo se venda mais; estes, tal como referido anteriormente, são os
apartamentos de gestão de terceiros.
Em suma, o modelo de negócio passa por alugar apartamentos,
recorrendo para isso a parcerias, SEO, e B2B, como irei aprofundar mais à
frente, e por promover apartamentos e outros serviços que possam
complementar a oferta. A empresa especializou-se não apenas em vender o seu
próprio produto, como também em ter um papel promotor. Para isso, a
TravelingToLisbon esforça-se por adaptar métodos contemporâneos de
marketing e vendas online, para assim se posicionar no mercado de forma
competitiva.
2.1. Concorrentes
Intra Produto
No respeitante à concorrência, esta pode ser de vários tipos, contudo, a
mais comum é a intra tipo ou intra produto, isto é, empresas iguais que
oferecem os mesmos serviços. Neste caso, procedeu-se a uma pesquisa simples
no Google por «apartments in Lisbon» e, entre várias alternativas, apareceram
três opções, sendo elas: LisbonApartments, Housetrip e Friendlyrentals. Todas
soaram bastante familiares, uma vez que têm parceria com a
TravelingToLisbon, e ao longo do estágio recebi reservas provenientes de
12
Disponível em: http://www.travelingtolisbon.com/
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
44
todas. A Friendlyrentals é uma empresa sediada em Barcelona, existente desde
2003, que oferece estadias em apartamentos em trinta e um destinos
diferentes13
. Contudo, consultando o seu website é possível concluir que a
empresa funciona apenas como canal de venda de apartamentos pertencentes a
outrém. Assim, tem apenas a função de promover apartamentos, dando-lhes
maior visibilidade e, como tal, maior ocupação.
Quanto à Housetrip, é também uma entidade não portuguesa, embora
tenha já uma filial no nosso país, bem como na Inglaterra e na Suíça. Mais uma
vez, o conceito é o mesmo. Um canal que promove apartamentos pertencentes
a proprietários, que pretendem rentabilizar tanto quanto possível o seu imóvel,
através de alugueres de curta-duração.
É um nicho cada vez mais comum um pouco por toda a Europa, pois
representa satisfação para proprietários e viajantes que preferem um conforto
semelhante ao que encontram em sua casa, ao invés da impessoalidade de um
hotel.
Intra Segmento
Por outro lado, a concorrência não tem necessariamente que ser do lado
da oferta. Do lado da procura, há também concorrência referente a turistas que
preferem outro tipo de alojamento (e são estes que, por sua vez, definem os
nossos concorrentes de mercado). O exemplo mais óbvio, tendo em conta o
panorama turístico de Portugal, são os hostels. Há cada vez mais jovens
europeus a optar por este tipo de alojamento, e Portugal é possuidor de três dos
melhores hostels do mundo14
. A hotelaria, em concreto o segmento de luxo, é
também opção para estratos sociais mais altos, no tocante a alojamento.
13
Friendlyrentals, disponível no site da entidade em:
http://www.friendlyrentals.com/pt/apartamentos/sobre-nos.htm 14
Notícia exibida no DN em 2013, podendo ser consultado aqui:
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=3073941
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
45
Embora já haja oferta de apartamentos de gamas de luxo, a hotelaria continua,
actualmente, a registar balanços positivos em Portugal15
.
3. Segmentação e Target
Ao longo do estágio, pude constatar que existem determinadas
características entre o leque diversificado de clientes da TTL. A mais
facilmente destacável consiste na preferência por liberdade no momento da
compra dos diversos serviços que incluem um pacote turístico. Ao invés de
pacotes pré-concebidos, estes clientes preferem escolher o alojamento, o seu
voo e todos os serviços que irão incluir na sua experiência turística. Mas os
turistas que procuram alojamento em Portugal, não são os únicos clientes que
compõem a procura da empresa. Os proprietários que procuram maximizar a
ocupação do seu imóvel, também são clientes, e estes procuram, em alguns
casos, minimizar a sua acção na venda e manutenção do imóvel, colocando-o
sob a gestão da TTL, e noutros casos pretendem apenas conferir-lhes mais
visibilidade, para que haja maior procura por parte de potenciais clientes.
A TTL posiciona-se de forma a atrair estes segmentos. Com um website
fácil de consultar e disponível em seis línguas, atrai um público que procura
facilidade aliada à simplicidade. Dispõe ainda de informação para proprietários
que pretendam esclarecer-se sobre o funcionamento da empresa, juntamente
com testemunhos dos actuais proprietários que já trabalham com a mesma.
Com o fim do estágio, tive oportunidade de debater com Alexandra
Pauthier, sócia fundadora da empresa, algumas questões e, a que achei mais
relevante colocar foi a respeitante ao target market da TTL. Embora sintética,
passo a citar a sua resposta de forma bastante formal:
15 Informação disponível no Turismo de Portugal I.P. em: http://www.turismodeportugal.pt/Portugu%C3%AAs/ProTurismo/estat%C3%ADsticas/quadrosestatisticos/taxasdeocupa%C3%A7%C3%A3o/Documents/Taxas%20de%20ocupa%C3%A7%C3%A3o%202014%20Tipologias.pdf
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Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
46
São todos aqueles que procuram viver lisboa de forma genuína, quer em
família, quer com amigos, que venham em lazer ou em trabalho. São também
os proprietários que investem em lisboa e que procuram parceiros para
rentabilizar ou cuidar do seu investimento. (Alexandra Pauthier 2014)
De facto, se em 2006, a entidade se destacava por ser inovadora, em
2014 luta para criar uma imagem de qualidade que a diferencie da restante
oferta portuguesa. Por um lado prestar o melhor serviço possível a todos
aqueles que visitam Lisboa, seja qual for o motivo, e por outro lado, provar aos
proprietários que, não só garantem esse mesmo serviço de qualidade ao cliente,
como também têm capacidades comerciais avançadas e possibilitam uma maior
visibilidade e posteriormente uma maior ocupação.
4. Canais de Venda
São muitos os canais de venda utilizados numa empresa de
turismo, e os principais já foram mencionados no capítulo anterior. Na TTL, a
estratégia passa basicamente por três canais:
Parcerias
Website
SEO
As parcerias com determinadas entidades, como por exemplo a
Fundação Champalimaud, ou o Teatro de S. Carlos, são fundamentais, uma vez
que estas entidades recebem, de forma recorrente, pessoas que viajam para
Portugal, a título de trabalho. A alternativa mais confortável a um hotel é,
assim, um apartamento, que prima por uma maior privacidade e conforto,
proporcionando uma verdadeira sensação de «lar», ainda que fora dele.
Contudo, num mundo regido pelas tecnologias de informação e redes
sociais, as parcerias ganham um novo formato: o digital. Com este tipo de
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
47
marketing, e com a enorme concorrência neste mercado, as empresas aliam-se
umas às outras, vendendo não só ao cliente final (B2C), mas também a
empresas e através de empresas (B2B). A TravelingToLisbon utiliza outras
entidades para dar uma maior visibilidade aos seus apartamentos. Estão
actualmente publicados apartamentos da TTL em websites como, Booking.com,
Friendlyrentals, Housetrip, Windu, etc. Os referidos canais de venda, tal como
a TTL, procuram explorar apartamentos pertencentes a outrém e conferir-lhes
maior visibilidade, todavia, os que nomeei têm já uma dimensão internacional,
pelo que estão no topo das pesquisas em motores de busca como a Google.
Uma outra questão que debati com Alexandra Pauthier, sócia fundadora
da TTL, referiu-se precisamente ao canal de vendas que, segundo ela masi
eficácia tem no caso desta empresa. A resposta foi:
Neste momento, são sobretudo as parcerias com empresas, sejam web
sejam de outro tipo, com quem criamos sinergias. Isto quebrou as margens,
mas aumentou a nossa visibilidade no mercado de oferta de alojamento de
curta e média duração, de qualidade. (Alexandra Pauthier 2014)
Talvez por ser o mais explorado, as parcerias são o método de venda
mais eficaz para a TTL. Verifiquei um progresso assinalável a partir de
Novembro de 2013, com a chegada das duas sócias, ambas oriundas de França,
que emparceiraram a empresa com muitas entidades, sobretudo do seu país de
origem.
O website da TTL16
representa um canal de venda fundamental para a
empresa, o que confere à sua estratégia uma outra componente de vendas para
além do aluguer de apartamentos (próprios). Embora ainda não tenha uma
dimensão internacional, algo que muito ambiciona, possui já um lugar no
mercado português, havendo muita procura por parte dos proprietários,
sobretudo para a opção de «Apartamentos de Gestão TTL». Esta escolha tem a
16 Disponível para consulta em: http://www.travelingtolisbon.com/pt/
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Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
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mais-valia de tudo ficar nas mãos da entidade, desde o momento da reserva até
à chegada do cliente, permanência e saída, minimizando os esforços do
proprietário para zero. É uma opção ideal sobretudo para proprietários
estrangeiros que viram uma oportunidade de investimento em Portugal na
aquisição de um imóvel, e pretendem que este seja explorado, não podendo
estar presentes para concretizarem os procedimentos operacionais (check-in,
check-out, etc.).
Quanto aos clientes que visitam o website da TTL, encontram uma
imagem apelativa da cidade de Lisboa, e acessível em 6 línguas. As reservas
podem ser realizadas imediatamente durante a pesquisa e têm confirmação
imediata, para além de estarem disponíveis diversas formas de pagamento, para
dar, o mais possível, satisfação às necessidades do cliente.Com igual
preocupação, está disponível uma descrição pormenorizada de todos os
apartamentos e incluídas fotos do seu interior e exterior, tudo isto
acompanhado de um enquadramento geográfico através do Google Maps. É
ainda possível encontrar uma série de reviews de clientes anteriores, e a sua
avaliação do serviço prestado de acordo com diversas variáveis, como a
limpeza, o check-in, o serviço pré e pós-chegada, etc. Para a realização do seu
website, a TTL recorreu à Softway17
, uma empresa especializada em todo o tipo
de soluções web.
Em relação ao que se designa por SEO, é uma tendência actual, e
também aquilo que confere à TTL cerca de 20 000 visualizações por mês
(valor arredondado proveniente de pesquisa levada a cabo em 2009, pela TTL).
Ao longo do último ano tem havido um investimento maior em Adwords18
por
parte da empresa, o que confere visibilidade aquando de uma pesquisa por
parte de potenciais clientes.
17 Disponível para consulta em: http://www.softway.pt/ 18
Serviço de publicidade da Google, em que o anunciante paga apenas quando as pessoas
clicam na sua oferta.
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Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
49
5. Estrutura da Organização e Estrutura Accionista
De forma a proporcionar o melhor serviço possível, a TTL divide-se em
quatro departamentos: comercial, operacional, marketing e financeiro. O
departamento comercial é composto por duas pessoas, o Booking manager, e o
Customer Care. São eles que lidam com as consultas diárias no website e nos
parceiros. Estão em contacto directo com o departamento operacional e
trabalham na mesma sala que este, de forma a facilitar as interacções, que
muitas vezes ocorrem a toda a hora.
Mesmo quando os clientes se dirigem directamente ao escritório, para
alugarem um apartamento para a sua estadia em Lisboa, é muito útil ambos os
departamentos unirem esforços para oferecerem o melhor serviço possível,
tendo também em conta limitações internas, tais como outras reservas no
mesmo período, as limpezas, possíveis manutenções no interior do imóvel, etc.
Figura 13: Sala do Departamento Operacional e Comercial
Fonte: Adriana Louro, 2 de Setembro de 2014
O pc central é o nome que damos ao computador principal, e nele caem
todos os pedidos de reserva e as reservas propriamente ditas. Qualquer
problema, que possa ocorrer durante uma estadia, é reportado para o pc central,
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
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isto é, para o email principal da TTL. Os proprietários e os parceiros utilizam
igualmente esse endereço para entrar em contacto com a empresa e pedir
informações ou requerer pedidos adicionais. Os apartamentos de proprietários
podem ser ocupados por este, e tais bloqueios, embora alguns já sejam
automáticos, têm muitas vezes que ser inseridos na plataforma online da TTL,
sendo mais uma das funções do departamento comercial.
O departamento operacional comporta três pessoas: o Operational
Manager e dois Guest Assistants. Estes têm como função garantir que tudo
decorre da melhor forma possível, e o seu trabalho começa com a chegada do
cliente (check-in), e continua durante toda a sua estadia, isto é, estão
responsáveis por resolver qualquer problema, seja ele uma lâmpada fundida,
uma inundação ou um pedido de transfer. Após a partida, os Guest Assistants
gerem as reviews, sejam elas positivas ou negativas. A limpeza dos
apartamentos é igualmente da responsabilidade do departamento operacional,
desta feita, do Operational Manager, pois é ele quem faz os mapas das
empregadas e insere, consoante seja necessário, uma limpeza, por exemplo, no
caso de surgir uma reserva last minute.
O departamento de marketing é constituído por três elementos: um
trabalha na parte do marketing digital, e reside no Porto, e os restantes operam
na parte do branding, assumindo um as funções de Brand Manager, e o outro
de Brand Assistant. A sua função é gerir a marca TTL da melhor forma, e são
eles que lidam directamente com os proprietários (actuais ou potenciais
clientes) e com os parceiros. Uma das sócias, Bárbara Bouçon, apoia este
departamento.
O departamento financeiro é constituído por dois elementos, actuando
na área da contabilidade. São quem lida com os gastos internos e externos da
empresa, e sempre que é necessário dinheiro para algum gasto seja ele pilhas
ou gasolina, é ao departamento financeiro que nos devemos dirigir. A outra
sócia, Alexandra Le Falher, colabora directamente com este departamento. Por
último, mas não menos importante, quatro empregadas de limpeza que
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Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
51
trabalham há já alguns anos para a TTL, não contando para os números reais de
funcionários da empresa uma vez que a entidade optou por um serviço de
outsourcing.
Quanto à estrutura accionista, ao iniciar o meu estágio, a TTL pertencia
integralmente à sua fundadora, Alexandra Pauthier. Ainda que desconheça os
motivos que estão na génese da fragmentação da empresa, creio que possa estar
meramente relacionado com o facto da actual socia fundadora exercer medicina
a tempo integral, o que certamente lhe ocupa muito tempo, restando pouco para
se dedicar à TTL. A empresa foi dividida assim em três fracções iguais, e é
assim que é actualmente liderada.
6. Produto
A TTL oferece uma gama de apartamentos disposta a ir de encontro ao
máximo de segmentos de mercado possíveis. Existem três modalidades, como
referido anteriormente, que são os apartamentos próprios da empresa, os de
gestão TTL e os de terceiros. Se o cliente tiver um high budget, e primar pelo
luxo e requinte eis as propostas que a TTL tem para lhe oferecer:
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Figura 14: Apartamento 261 – Castelo
Fonte: Travelingtolisbon.com. Disponível em: http://www.travelingtolisbon.com/apartments/Apartment-
in-Lisbon-261-Castelo/46371/
Este apartamento, como muitos outros que compõem a oferta da TTL,
proporciona uma estadia de luxo e requinte em Lisboa. Situado numa das zonas
mais emblemáticas da capital, tem uma vista capaz de cortar a respiração e
capacidade para acolher até quatro hóspedes. O preço varia consoante as
épocas e o número de pessoas, assim como o modo de reserva (se for através
de parceiros estes podem exercer um preço diferente). Fazendo uma simulação
no portal da TTL, um fim-de-semana em Outubro para duas pessoas perfaz um
total de 660 euros por duas noites, o que dá um total de 165 euros por pessoa.
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Figura 15: Apartamento 13 – Rossio
Fonte: Travelingtolisbon.com. Disponível em: http://www.travelingtolisbon.com/apartments/Apartment-
in-Lisbon-13-Baixa/19370/?fs_apt=19370
O apartamento 13 situa-se na praça do Rossio, e dispõe de uma
magnífica vista sobre a mesma. Permite uma estadia de luxo, numa das zonas
mais nobres da cidade, e muitíssimo bem servida de transportes. É adequado a
famílias ou grupos mais numerosos, alojando até oito hóspedes. Mais uma vez,
através de uma simulação, constatou-se que um fim-de-semana, desta feita em
Novembro, fica por 290 euros para 3 pessoas, num total de duas noites. O valor
é mais atractivo, e dá cerca de 49euros por pessoa por noite.
Em tempos de crise, também já é possível viajar com low budget, e a
TTL acompanha esta tendência, oferecendo várias alternativas de alojamento
para todos os tipos de bolso. De seguida, algumas alternativas low cost, para
estadias em Lisboa:
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Figura 16: Apartamento 10 – Baixa
Fonte: Travelingtolisbon.com. Disponível em: http://www.travelingtolisbon.com/apartments/Apartment-
in-Lisbon-10-Baixa/3983/?fs_apt=3983
O apartamento 10 é um imóvel com pequenas áreas, de valor atractivo e
ideal para uma estadia low cost em Lisboa. A minha experiência de um ano na
entidade permitiu-me verificar que é procurado principalmente por casais mais
jovens, oriundos de várias partes da Europa. Numa simulação rápida, pude
constatar que o valor para uma semana em Janeiro é de 455 euros (sete noites)
o que perfaz um total de 32,5 euros por pessoa, por noite. Uma óptima solução
para uma escapadela romântica, com as limitações financeiras inerentes às
carteiras dos mais jovens.
Figura 17: Apartamento 20 – Baixa
Fonte: Travelingtolisbon. Disponível em: http://www.travelingtolisbon.com/apartments/Apartment-in-
Lisbon-20-Baixa/4075/?fs_apt=4075
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O apartamento 20 beneficia de uma localização privilegiada no centro
de Lisboa. É um apartamento para todos aqueles que querem juntar conforto e
low cost num só. Igualmente bem posicionado, perto das principais atracções
turísticas e meios de transporte, e é, mais uma vez, ideal para casais mais
jovens. Simulando mais uma vez, 3 noites, em Outubro, perfaz um total de
177euros, o que representa 29,5euros por pessoa, por noite.
Apartamentos high e low cost são destinados maioritariamente a
estadias de curta e média-duração, contudo, e sobretudo durante a época baixa,
é importante investir em outro tipo de mercados, sendo eles o turismo de
negócios e o turismo associado a fins académicos (por exemplo, o programa de
intercambio de estudantes Erasmus). A TTL aposta numa abordagem de
segmentação; como tal, tem apartamentos para responder a vários tipos de
procura:
Figura 18: Apartamento 119 na Baixa
Fonte:Travelingtolisbon.com. Disponível em:
http://www.travelingtolisbon.com/apartments/Apartment-in-Lisbon-119-Baixa/5791/?fs_apt=5791
O apartamento 119 é ideal para alguém que necessita de estar no centro
da cidade e próximo de transportes. Tem todo o conforto de um lar, incluindo
wifi e canais por cabo, e é ideal para uma estadia de longa duração para um
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
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estudante ou um viajante em trabalho. O valor está algures entre uma estadia
low cost e uma estadia de luxo, pois faz parte da gama medium da oferta da
TravelingToLisbon.
Figura 19: Apartamento 117 – Baixa
Fonte: Travelingtolisbon.com. Disponível em: http://www.travelingtolisbon.com/apartments/Apartment-
in-Lisbon-117a-Baixa/31220/?fs_apt=31220
O apartamento 117 está localizado na Rua da Prata, uma das principais
ruas da baixa lisboeta. Possui as mesmas características do apartamento 119 e,
deste modo, está também talhado para estadias de longa duração.
7. Reflexões
Estas reflexões emanam apenas de um ano a trabalhar na entidade
supramencionada. Pese embora o facto de eu não ter tido nenhum tipo de
contacto com a área de gestão, nem em contexto académico nem profissional,
facilmente constatei que existem alguns problemas na empresa na forma como
esta é gerida, e sobretudo no que toca à gestão dos recursos humanos.
Como já foi referido no ponto anterior, a empresa é gerida,
presentemente, por 3 sócias igualitárias. Existem 4 departamentos, e em três
deles existe um Manager, isto é, uma pessoa que lidera o departamento. As
pessoas que trabalham nos departamentos são estagiárias, o que faz com que a
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
57
sua permanência na empresa seja muito curta (no meu caso pessoal foi um ano,
e é essa a média).
Posto isto, a empresa efectivamente tem custos baixos em mão-de-obra,
pois embora os estágios sejam pagos, são-no pelo estado, ficando a empresa
encarregue apenas das despesas referentes à Segurança Social. Contudo, não é
necessário um diploma em gestão para perceber que a mão-de-obra é a alma de
qualquer negócio e deveria ser a prioridade de qualquer entidade patronal, uma
vez que, só assim, é possível oferecer um serviço de qualidade. E, ainda que
seja praticamente impossível fidelizar um cliente numa indústria como o
turismo, um cliente satisfeito irá, no mínimo, recomendar a boa experiência
que teve ao usufruir de determinado serviço.
Assim, a TTL é uma empresa que tem por um lado, chefes e por outro,
estagiários. A estrutura é vertical, existem as sócias que mandam nos chefes e
os chefes que mandam nos estagiários. A comunicação entre funcionários é
precária o que muitas vezes origina problemas. Se o departamento comercial
receber uma reclamação e não reencaminhar esta ao departamento operacional,
o problema queda-se sem resolução, e mais tarde a empresa receberá uma má
review por um mau serviço prestado.
Contudo, não quero com isto dizer que não haja civismo e respeito entre
colegas e até mesmo algumas amizades previsíveis, resultado de horas de
trabalho muitas vezes com a componente de diversão incluída. Foram até
levados a cabo alguns esforços nos últimos meses do meu estágio, por
exemplo, actividades de team building com o intuito a fortalecer o espirito de
equipa e entreajuda. São actualmente realizadas team meetings
quinzenalmente, de forma a serem abordados os problemas dos últimos dias de
forma regular, e a delinear estratégias para melhor o desemprenho da empresa.
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58
Figura 20: Sala onde são realizadas quinzenalmente as team meetings.
Fonte: Adriana Louro, 2 de Setembro de 2014
O problema-chave prende-se essencialmente com a gestão dos recursos
humanos, começando no processo de recrutamento. Factores como o currículo
académico são muitas vezes desprezados, em função de poder pagar salários
mais baixos, recorrendo a mão-de-obra pouco qualificada. Os incentivos são
inexistentes, e a progressão de carreira é um horizonte longínquo e intangível.
Assim, é fácil concluir a necessidade de mão-de-obra qualificada no
turismo, o que será mais facilmente perceptível no capítulo subsequente.
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Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
59
III. Caracterização das operações
No capítulo anterior procedeu-se à caracterização da
TravelingToLisbon, a entidade de acolhimento do estágio que decorreu de
Julho de 2013 a Setembro de 2014. No início do capítulo, apresentou-se a
empresa e o modelo de negócio da mesma. Foram também descritos, de forma
breve, os objectivos e algumas coisas que poderiam ser alteradas. Por fim,
realizou-se uma análise crítica, de como fomentar a produtividade e o
desenvolvimento da empresa, de forma a, por um lado crescer enquanto
entidade, e por outro, promover a evolução dos seus funcionários.
Depois desta reflexão, vou agora mencionar e descrever as tarefas que
são parte do quotidiano na TTL, e o porquê da necessidade de mão-de-obra
qualificada no sector do turismo, especialmente no caso da entidade de
acolhimento, que tem tanto a dar, e que pode representar mais um dos muitos
vectores de crescimento do turismo em Portugal.
1. As tarefas desempenhadas
São inúmeras as tarefas desempenhas pelos funcionários da
TravelingToLisbon num dia regular de trabalho. Estabelecendo uma espécie de
hierarquia, o mais importante consiste naquilo que se designa por check-ins,
isto é, o acolhimento de todos os clientes que chegam no dia, e esta tarefa é
desempenhada pelo departamento operacional. Posteriormente, é importante
manter o pc central coberto durante o máximo de horas possível (8h – 00h),
pelo que se torna essencial iniciar impreterivelmente às 8h a responder aos
emails que caíram durante a noite, muitas vezes oriundos de países com fusos
horários diferentes.
No departamento financeiro, entre outras tarefas, é necessário agrupar o
dinheiro correspondente aos check-ins do dia. Existem várias políticas de
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Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
60
pagamento, e, de acordo com todas elas, é possível pagar apenas uma parte
aquando da reserva, e o restante à chegada. Os envelopes correspondentes às
reservas são agrupados em dois grupos: valor a ser depositado no banco
correspondente aos apartamentos próprio, e aquele que deverá ser depositado
numa conta destinada às verbas dos apartamentos de gestão TTL.
Outra das tarefas, função do meu superior directo, Daniel Afonso,
Operational Manager, consistia em verificar se caíam reservas durante a noite,
uma vez que em alguns casos as reservas caem automaticamente. Por exemplo
as reservas provenientes da Booking.com. Quando surgiam reservas durante a
noite era necessário confirmar que o apartamento em questão estava limpo e
preparado para receber os clientes. Para o confirmar, bastava uma chamada
para a empregada responsável por esse apartamento.
As redes sociais (Facebook, plataforma TTL, Twitter, etc.) carecem
também de actualização diária, pelo que é uma das funções desempenhadas
pelo departamento de marketing. Se, porventura, alguém se dirigir ao
escritório, também se torna numa prioridade imediata. Os clientes são muitas
vezes recebidos pela TTL no intuito de deixar as suas malas, pois ainda que o
check-out seja às 11h, há casos onde os voos são mais tarde, e torna-se pouco
prático passear por Lisboa com bagagem, assim que é dada aos cliente a
possibilidade de deixar as malas no escritório e aproveitar o seu último dia em
Lisboa (o custo é de 3.50 euros por mala).
É possível, e até mesmo comum, receber proprietários no escritório.
Muitas vezes, existem problemas, sejam eles de canalização ou um mero
investimento por parte do proprietário para melhorar e valorizar o seu imóvel, e
quando assim é, são realizadas reuniões, com a Brand Manager, Maria de
Azevedo Coutinho, de forma a clarificar os pormenores e a fornecer o melhor
aconselhamento e apoio possíveis ao proprietário.
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Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
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Figura 21 – Zona de Recepção de Clientes e Proprietários
Fonte: Adriana Louro, 2 de Setembro de 2014
Assim, ainda que se pense em dedicar duas horas a realizar alguma
tarefa administrativa que esteja em atraso, é necessário um sentido de
adaptação muito grande quando se trabalha neste sector, onde não há dois dias
iguais e é impossível planear as próximas duas horas. Se alguma coisa correr
mal, é preciso parar tudo o que está a ser feito, de forma a resolver o problema
o mais breve possível.
Ilustrando, pode ocorrer a empregada estar a limpar um apartamento
para uma entrada, naquele dia, de uma família de sete, e aperceber-se que o
esquentador está avariado, que surgiu uma infestação de baratas, ou que se
rompeu um cano. Uma situação como esta, mobiliza todos os funcionários da
empresa, e convida-os a unir esforços na tentativa de solucionar o problema em
tempo recorde. Qualquer que seja a tarefa proposta para esse dia, perde o seu
posicionamento e dá lugar ao problema que surgiu e que exige uma solução
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
62
imediata. Estes problemas de carácter físico são alguns dos desafios que se
colocam a quem trabalha com apartamentos self-catering, uma vez que nos
propomos oferecer ao cliente, não só um local em perfeitas condições, como
também todo o conforto de um lar, pelo que o grau de exigência é ainda maior.
2. As skills necessárias
No que diz respeito às skills, existem algumas que revelam ser de valor
incalculável, nomeadamente a fluência em inglês, a língua internacional
destinada à comunicação intercultural. Na TravelingToLisbon, sendo os
clientes também portugueses, sobretudo os proprietários de imóveis na sua
maioria, é também importante o domínio do português, ainda que não seja a
língua materna.
São também necessários alguns conhecimentos básicos de informática,
óptica do utilizador e não só. Ferramentas como o excel e o word são utilizadas
diariamente. Conhecimentos a nível de redes sociais revelam, também, valor
incomensurável, uma vez que representam actualmente importantes motores de
promoção e, posteriormente, de venda. A dinamização destes canais é
fundamental e permite-nos alcançar uma dimensão internacional.
É cada vez mais clara a importância da formação intelectual,
representando uma mais-valia para qualquer entidade que preste serviços de
turismo, e fomentando uma imagem de qualidade da «hospitality» em Portugal.
A comunicação representa um ponto-chave na formação em turismo, e esta,
aliada à percepção da multiculturalidade de uma realidade de globalização,
determina a correcta execução do acolhimento de um turista no país. Este
conhecimento aliado ao marketing, ajuda a entender, em primeiro lugar, a
estratégia a ter, para que segmentos, e como executar todo o processo da
melhor maneira, culminando num serviço turístico de sucesso.
Todavia, nem só as skills adquiridas academicamente ou pela
experiência profissional importam. Existem determinadas características, tais
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
63
como facilidade na resolução de problemas, resistência ao stress, capacidade de
comunicação e facilidade de interacção com diferentes tipos de pessoas, que de
alguma forma são comuns a alguns indivíduos. Um dos maiores desafios é
definitivamente o contacto com pessoas provenientes de todas as partes do
mundo, e a abordagem a ter com cada uma delas. É comum encarar diferentes
culturas como um potencial entrave de comunicação. Mas tendo tido contacto
directo com estas duas áreas, tanto de um ponto de vista prático, como
intelectual, facilmente conclui que a junção de ambas resulta somente de um
enorme enriquecimento, e amadurecimento da identidade cultural de cada
individuo. Pese embora tudo isto, a tarefa de formar um futuro operador
turístico não termina na cultura, na comunicação e no marketing.
Enquanto técnica de turismo apercebi-me que a minha formação
académica e até alguma experiência profissional não me haviam preparado
para lidar com a insatisfação que às vezes de forma imprevista ocorria entre
clientes. Determinadas ocorrências impossíveis de prever, como qualquer
problema que se tem em casa, são por vezes conducentes a problemas muito
mais sérios como por exemplo, uma vontade de desistência do serviço por
parte do cliente.
Enquanto empresa, a TravelingToLisbon dispõem de termos e
procedimentos19
, disponíveis online, que visam acautelar determinadas
situações como desistências do serviço já adquirido. Não é permitido cancelar
reservas por motivos relacionados com o descontentamento com o imóvel, a
menos que este se prenda com situações que à priori impossibilitam uma
estadia no mesmo. Motivos como alegações de que o apartamento não
corresponde às fotografias publicadas na plataforma online não são tidos em
consideração. É necessária uma cuidada análise do cliente, pois existem
variáveis externas que podem influenciar o processo de insatisfação, como por
exemplo, um atraso no voo, um desvio de bagagens no aeroporto e muitas
19
Informação disponível em: http://www.travelingtolisbon.com/pt/procedimentos-condicoes/
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
64
outras que, ainda que alheias ao serviço da TTL, podem influenciar o nível de
satisfação do cliente.
Daí a necessidade de formação dos recursos humanos, não só à priori
como posteriormente, aquando da sua entrada na empresa e ao longo de toda a
sua permanência na mesma. Não apenas na resolução de problemas, mas
enquanto motor de crescimento, pois cada individuo com determinado
currículo académico e profissional é uma mais-valia enquanto ser pensante e
criativo, e vai sempre fomentar o desenvolvimento de uma determinada
entidade.
É fundamental a contratação de profissionais de turismo, qualificados e
motivados para o trabalho. É, também, imprescindível motivar o individuo de
forma a este se entregar a 100% a uma entidade, e fazer aquilo a que se chama
«vestir a camisola». Esta motivação não tem de ser de cariz monetário, o
simples reconhecimento do individuo enquanto ser humano detentor de
determinadas capacidades (e não outras), pode levar a uma maior
produtividade, e a um aproveitamento superior dos pontos fortes de cada um,
enquanto profissionais.
3. Categorização das tarefas
A TTL oferece um sistema de acompanhamento ao cliente de 24 horas
por dia, sete dias por semana. Ilustrando, um dia normal começa às 8 horas da
manhã, com a chegada do primeiro Guest Assistant e do Booking Manager. O
primeiro começa por analisar o mapa do dia, que incluí as chegadas de clientes,
organizado por horas. Verifica se está tudo pronto para a chegada do cliente, se
os recibos estão correctamente feitos, se há vinho (que é oferecido como
presente de boas-vindas aos clientes), se as chaves estão todas no chaveiro, no
seu respectivo lugar e se os apartamentos estão limpos e em perfeitas
condições. Finda esta tarefa, são consultados os emails, inseridas reviews que
possam ter sido recebidas por parte de cliente satisfeitos ou não, e se necessário
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
65
é dado apoio ao departamento financeiro, indo ao banco depositar dinheiro
proveniente de clientes de dias anteriores; ou ao departamento comercial,
respondendo a pedidos de apartamentos, e inserindo bloqueios de proprietários
(que pretendem que o seu apartamento seja considerado ocupado durante um
determinado período de tempo, de forma a não ser reservado).
O Booking Manager ocupa-se maioritariamente do pc central e do
telefone, ainda que as suas funções possam ser interrompidas a qualquer
momento, se algum cliente potencial se dirigir ao escritório para adquirir, de
imediato ou não, um alojamento em Lisboa. Inicia as suas funções, como já
referi, às 8 horas da manhã, e as mesmas cessam às 17 horas. O Costumer Care
inicia as suas funções consoante se encontrar no horário de Verão ou no de
Inverno. No primeiro caso, inicia às 15 horas e termina às 24 horas, e no
segundo inicia às 13 e termina às 22 horas. A sua função em ambos os turnos é
garantir a cobertura do pc central, e garantir ao cliente uma capacidade de
resposta (a contactos online) inferior a três horas.
O segundo Guest Assistant pratica os mesmo horários que o Costumer
Care, embora reveze semana sim semana não com o seu colega. Há sempre um
Guest Assistant escalado para o fim-de-semana, acompanhado de outro
funcionário que poderá ser alguém dos departamentos comercial, operacional e
de marketing (existe uma escala, que faz com que calhe um fim-de-semana a
cada um de dois em dois meses). As funções do segundo Guest Assistant, que
está no turno da tarde são: continuar as tarefas que o primeiro iniciou de
manhã, fazer os check-ins marcados para a tarde e noite, e realizar o mapa de
check-ins para o dia a seguir, assim como os recibos.
Todos os elementos do departamento operacional têm, naturalmente,
que assegurar o correcto decorrer de todas as estadias, resolvendo todos os
problemas que possam ocorrer, o mais rapidamente possível, e a qualquer hora
do dia. Existem dois telemóveis no departamento operacional, o primeiro é o
«chegadas», uma vez que é o número dado aos clientes, com a indicação de
que devem ligar e combinar o encontro à porta do apartamento, assim que
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Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
66
chegam a Lisboa, ou, no caso de já se encontrarem na cidade, assim que
pretendam dar entrada no apartamento; o segundo é o «urgências», que está 24
horas por dia na posse do Operational Manager, e que pode tocar a qualquer
hora do dia e da noite, tendo que ser sempre atendido.
Para além de providenciar um apoio a qualquer hora do dia, o
Operational Manager tem também outras funções, como por exemplo,
coordenar as tarefas e horários de ambos os Guest Assistants, e orientar estes
sempre que necessário. É também responsável por fazer os inventários dos
apartamentos, ainda que esta tarefa possa também ser realizada pelos Guest
Assistants. É de sua responsabilidade, também, a coordenação de todas as
empregadas. Para além de tudo isto, o Operational Manager efectua as
compras necessárias para apartamentos próprios, tendo posteriormente que
lançar todos esses gastos quase diariamente, num programa utilizado
maioritariamente pelo departamento financeiro.
No departamento de marketing, as tarefas diárias consistem no
acompanhamento de proprietários e parceiros. São geridos os conteúdos nas
redes sociais, de forma a dinamizar as mesmas, e aquando das aquisições de
apartamentos, são necessárias actualizações nos diversos canais de venda
(assim como no canal de venda próprio). São também responsáveis pela
angariação de proprietários, uma vez que é de interesse da TTL ter o máximo
de apartamentos possível. Por vezes a Brand Manager tem que se deslocar
pessoalmente aos apartamentos, de forma a apurar se estes estão aptos para
fazerem parte do portfólio da TTL. Uma vez aceite, é necessário proceder-se a
uma sessão fotográfica, realizada pelo Operational Manager, tratar dos
procedimentos legais (tarefa realizada pelo departamento financeiro) e depois o
departamento de marketing trabalha o produto, no sentido de lhe atribuir uma
descrição apelativa nas várias línguas, quer na plataforma da TTL quer nos
diversos parceiros.
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67
4. Descrição das tarefas
4.1. Relação entre as tarefas e os conhecimentos de turismo
adquiridos ao longo do mestrado
Aquando da decisão de iniciar um estágio na área do turismo, findava o
primeiro ano do mestrado de Turismo e Comunicação, leccionado pela
Faculdade de Letras em parceria com o IGOT e a ESHTE. Ao participar nas
dez unidades curriculares propostas ao longo do ano, apercebi-me de que o
aprofundamento do turismo de um ponto de vista académico suscitou o meu
interesse pela mesma área de um ponto de vista prático. Embora tenha ainda
uma experiência profissional limitada, considero fundamental a parte prática
em qualquer área do saber, pois esta diverge sempre da abordagem teórica da
mesma, não impedindo que ambas acabem por convergir numa perfeita
harmonia.
Quando o estágio começou, estava o mês de Julho a iniciar, e com este,
o frenesim que é a época alta em Portugal (e em qualquer parte do mundo). A
formação que me foi dada consistiu em como responder a emails da forma
mais adequada, uma vez que o apoio ao pc central é fulcral, e como realizar os
recibos para o dia seguinte, que se trata de um ficheiro excel formatado para
serem inseridos apenas determinados dados, de forma a automatizar o trabalho
ao máximo. Quanto aos check-ins, a minha principal função, num mês como o
de Julho, função quase exclusiva, fui apenas informada de algumas normas,
como entregar uma garrafa de vinho em jeito de boas-vindas, e os documentos
de preenchimento obrigatório, quer por mim quer pelos clientes. No que diz
respeito ao contacto com o cliente, acompanhei o meu colega Filipe, Guest
Assistant até então na TTL, em dois check-ins, tendo a partir daí adquirido
autonomia para exercer as minhas funções na íntegra.
Aí se iniciou o meu problema, e também a minha primeira conclusão:
lidar com pessoas, sobretudo de diferentes culturas, exige não apenas
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Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
68
experiência intelectual e profissional como também capacidade de análise
psicológica de cada um dos casos, e qualquer solução que possa ser a correcta
de acordo com as normas da empresa, perde todo o seu fundamento em
determinados casos. Contudo, saber à priori justificar adequadamente o porquê
de as coisas terem de acontecer de uma determinada forma, e não de outra, é
algo que exige uma base teórica e profissional consolidada (ou em processo de
consolidação).
Seguindo a mesma óptica, é importante referir que os conhecimentos
adquiridos ao longo do mestrado, revelaram-se fundamentais no desempenho
daquelas que eram algumas das actividades quotidianas da TTL. Destaque para
o ensino da língua inglesa para fins turísticos, que me muniu de vocabulário até
então desconhecido, e de formas adequadas de abordagem e para a
comunicação e cultura que, como já referi anteriormente, são fundamentais
num contacto intercultural diário. Algumas ferramentas adquiridas em
marketing turístico revelaram-se também fulcrais, uma vez que se tratava de
uma área antes totalmente desconhecida para mim. Senti, contudo, uma
necessidade galopante de conhecimentos no âmbito da gestão, uma vez que me
limitou de certa formar não ter algumas noções básicas, sobretudo no que toca
à empresa no seu todo.
Enquanto agente de turismo, posso agora afirmar depois desta
experiência de um ano a trabalhar na área, que a progressão em turismo
beneficia largamente com conhecimentos em gestão e/ou em economia, e
conhecimentos em direito são também uma mais-valia. O turismo é uma área
multidisciplinar, e, chamando novamente a gestão, é realmente importante,
uma vez que, pretendendo um individuo passar por um processo de
crescimento e contribuição para a melhoria da entidade onde presta os seus
serviços, só assim poderá ser uma vantagem para a entidade empregadora.
Senti-me de alguma forma limitada, pois conseguia identificar alguns
problemas na empresa, mas não conseguia apresentar soluções para os
mesmos.
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Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
69
Conhecimento de ITs é actualmente fundamental em qualquer
área, contudo em turismo ganha especial relevo numa altura em que qualquer
turista adquire serviços maioritariamente através de canais de venda online.
São os principais motores de venda em qualquer empresa turística, e a TTL não
é excepção. O desafio contemporaneamente é ter conhecimentos nas
tecnologias de informação que fomentem um lugar de destaque face ao
mercado.
Na unidade curricular de Geografia Turística Internacional, pude
ficar a conhecer os mercados já vagamente consolidados em Portugal, e
aqueles em que importa investir para se tornarem também mercados emissores.
Existem países cuja oferta é concorrente relativamente a Portugal, pelo que é
premente primar pela qualidade desta, construindo ofertas estruturadas e
explorando ao máximo o nosso potencial enquanto destino turístico. Se, até
finais dos anos 90, éramos meramente um país de oferta Sol e Mar, hoje em dia
somos ricos em cultura e património, em sol e natureza, em mares capazes de
chamar o surfista mais exigente do Havai, em noites capazes de animar os
jovens europeus mais exigentes, em luxo e simplicidade, tudo isto
acompanhado de uma gastronomia incomparável.
5. Notas finais
Na génese do turismo, em todas as suas vertentes, está a
capacidade de proporcionar experiências. Estas experiências vão gerar um
impacte que ultrapassa o nível económico, podendo fomentar relações de
negócios, investimentos, empreendedorismo, etc. O verdadeiro desafio é
conseguir que a experiência seja positiva, o que depende de muitas variáveis.
Seguidamente, são apresentados dois exemplos opostos de situações
comunicacionais com clientes, que ocorreram ao longo do estágio, e que foram
de enorme importância para a minha formação prática.
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Em meados de Novembro de 2013 recebi um casal francês, cujo destino
era um apartamento localizado no Castelo, o belíssimo apartamento 47 com
uma vista incomparável sobre Lisboa:
Figura 22: Apartamento 47 – Castelo
Fonte: TravelingtoLisbon.com, disponível em: http://www.travelingtolisbon.com/apartments/Apartment-
in-Lisbon-47a-Castelo/33556/?fs_apt=33556
A minha experiência de quatro meses era de que todos os turistas apreciavam
muitíssimo este apartamento, pelo seu conforto e vista privilegiada. Contudo,
os clientes haviam reservado através da booking.com, e uma das políticas desta
plataforma online é a de permitir apenas uma só morada por zona, pelo que
todos os apartamentos localizados no Castelo têm uma só morada, e a TTL
combate este problema enviando um email aos clientes com a morada efectiva.
Pese embora este envio, são muitos os casos de pessoas que dão apenas atenção
ao primeiro email recebido, ignorando os restantes. Problema algo regular na
TTL, nunca me havia acontecido até então. Procurando adoptar uma atitude de
boa profissional, liguei aos clientes, ficando pronta a dirigir-me ao seu
encontro para os conduzir ao apartamento 47.
Aí surgiu o meu segundo problema: os clientes não falavam inglês. Em
boa verdade, sou detentora do nível B2 de francês, através da Faculdade de
Letras da Universidade de Lisboa, contudo, a minha fluência oral é algo
precária. Pese embora esse facto, descortinei a informação e encontrei-os. Os
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71
clientes manifestaram de imediato o seu enorme desagrado com a confusão em
torno da localização do apartamento, revelando uma antipatia contida, embora
evidente. A meio do nosso percurso, surgiu o meu terceiro problema: apareceu
um indivíduo que tentou assaltar-nos, abrindo a mochila que a senhora
transportava nas costas. Este facto desencadeou de imediato uma reacção
violenta dos dois turistas, tentativa de desistência do serviço que haviam
adquirido, e o desejo de regressar a casa.
De imediato aleguei que Lisboa é uma cidade segura, que o ocorrido
pode acontecer em qualquer parte do mundo e que tratou-se de um azar que
certamente não se iria repetir. A muito custo consegui que os senhores me
seguissem até à porta do prédio onde o apartamento se encontrava e, só depois
de dar entrada no mesmo, a situação acalmou definitivamente. A luz e vista
estonteantes do apartamento 47, apaziguaram o casal francês, que de imediato
se mostrou maravilhado com o produto que havia adquirido.
Esta situação serviu como formação para todas as outras semelhantes
que lhe seguiram, e percebi a importância do poder da comunicação, ou,
ausência do mesmo, na resolução de um problema desta natureza. Entendi
também que há determinadas variáveis no processo compreendido entre o
primeiro contacto do cliente e a posterior partida aquando do término da
estadia, que não nos é possível controlar. Por último, constatei que foi o facto
de o apartamento ser tão apelativo, que desencadeou a tranquilização do
cliente, e potenciou a resolução dos mal-entendidos antecedentes. A qualidade
do produto pode representar um factor chave na resolução de problemas.
Esta segunda ocorrência teve lugar num dia normal na TTL. Após o
despedimento do, na altura, Customer Care, e antes da contratação do que lhe
seguiu, os Guest Assistants que estavam no turno na manhã passaram a exercer
temporariamente essas funções. Assim, eu encontrava-me no período da
manhã, e estava no pc central a responder a emails. Recebi um pedido de um
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Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
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apartamento para uma estadia a iniciar no próprio dia, de um casal proveniente
da Suíça que já se encontrava no aeroporto prestes a descolar, com destino a
Lisboa. Perguntei de imediato se pretendiam um contacto telefónico, de forma
a facilitar a comunicação, e estes acederam. Acabei por lhes enviar as três
opções que me pareceram ir mais de encontro às características do que
procuravam. De imediato, optaram por um belíssimo apartamento (247) no
Chiado. Efectuei o pagamento com os dados do cartão de crédito que o cliente
me providenciou, e dei indicação de que deveriam ligar-me assim que
chegassem ao aeroporto, para nos podermos encontrar à porta do apartamento,
à hora que combinássemos. Cerca de cinco horas depois recebi uma chamada
do casal, e agendámos o encontro para meia hora depois.
Figura 22: Apartamento 247
Fonte: Travelingtolisbon.com, disponível em: http://www.travelingtolisbon.com/apartments/Apartment-
in-Lisbon-247-ChiadoBairro-Alto/40143/?fs_apt=40143
O entusiasmo foi imediato, mostraram-se muito satisfeitos com a
localização, comigo e com o apartamento. Disponibilizei todas as informações
que seriam úteis ao longo da sua estadia, e respondi a todas as questões que me
foram colocadas. A estadia correu de acordo com as expectativas e dois meses
depois recebi a review a corroborar a forma positiva como tinha avaliado a
reacção dos clientes. Ao cumprir as várias etapas do processo da estadia, tudo
decorreu de forma positiva, e o cliente ficou satisfeito.
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Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
73
Esta segunda situação foi esclarecedora para mim, uma vez que me fez
compreender exactamente aquilo que me dá realmente prazer – a satisfação do
cliente. Ao ter o controlo total desta situação, e providenciar todos os passos
incluídos no processo de venda, consegui garantir a total satisfação do cliente
em relação ao serviço que adquiriu.
Como tal, para que tudo funcione da melhor forma, é importante que a
comunicação flua entre colegas e departamentos. É importante a equipa ser
coesa, e trabalhar em conjunto na mesma direcção. Daí que, mais uma vez,
enfatize a importância dos recursos humanos, pois são eles que permitem o
bom funcionamento da empresa.
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74
IV Análise do estágio
1. Objectivos
No capítulo anterior, referi o meu desejo de estagiar logo a partir do
final do primeiro ano do Mestrado em Turismo e Comunicação. Na génese
desta vontade estava, por um lado, a vontade de compreender o funcionamento
de alguma entidade a actuar na área do turismo, e por outro, a necessidade de
arranjar um trabalho, isto é, uma fonte de receita que me permitisse alguma
estabilidade financeira. Assim, iniciei a minha procura numa conhecida
plataforma online de busca e oferta de emprego20
, e foi aí que encontrei a
proposta que viria mais tarde a ser o meu estágio.
A oferta do estágio apresentava-se simples, na parte destinada a ser
preenchida com o nome da entidade, estava TravelingtoLisbon, o que facilitou
bastante o meu trabalho a tentar descortinar o paradeiro da entidade
empregadora. Na parte do local estava Lisboa e na função, Guest Assistant.
Infelizmente o anúncio já não se encontra disponível para consulta na página
supramencionada, contudo, os dois requisitos enfatizados eram o domínio do
inglês e francês e capacidade para conduzir um motociclo 125 cc. Demonstrei
que me enquadrava no perfil pretendido e foi marcada uma entrevista
presencial no dia 27 de Junho de 2013, altura em que fui contratada para um
estágio ao abrigo do programa de incentivo jovem promovido pelo IEFP21
.
Significava isto que havia conseguido conciliar as duas situações que pretendia
– experiência profissional em turismo e equilíbrio financeiro.
Na entrevista explicaram-me que as minhas funções consistiriam
fundamentalmente na recepção de clientes, isto é, check-ins. Pareceu-me ideal
para o meu propósito: trabalho de campo significava contacto directo com
clientes, o que me levaria a compreender as suas motivações e de que forma se
20 Net Empregos, acedido em: http://www.net-empregos.com 21
IEFP estágios, disponíveis, mais detalhadamente, para consulta em:
https://www.iefp.pt/documents/10181/190831/Ficha+S%C3%ADntese+Est%C3%A1gios+Em
prego/4e7ea48a-6178-4aaa-a7fb-d7dc5122ba9a
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75
pode prestar um bom serviço. Como é natural, as minhas funções não se
resumiram a isso e ainda bem. Tive uma semana de formação no pc central
com a então, Booking Manager. Fui elucidada sobre como responder a pedidos
de reservas, e os pormenores referentes aos pedidos provenientes dos mais
diversos canais de venda, inserir reservas, tendo em conta as especificidades de
cada uma e como fazer bloqueios de proprietários. Foi-me também indicado
que deveria estudar a plataforma online da TTL a fim de ficar a conhecê-la
melhor e poder fazer uso das ferramentas que disponibiliza.
Figura 23: O meu local de trabalho na TTL
Fonte: Adriana Louro, 2 de Setembro de 2014
Uma das variáveis sobre a qual mais me agradou pensar no início desta
nova etapa da minha vida profissional foi, sem sombra de dúvida, a respeitante
ao espaço físico de trabalho. São muitas as discussões entre os apologistas dos
open spaces e dos close spaces. Creio que ambos os tipos de espaços
apresentam vantagens e desvantagens, e que tudo depende principalmente da
entidade e das suas especificidades. No caso concreto da TTL, faz sentido que
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Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
76
seja um close space. Há diversas actividades levadas a cabo, nomeadamente no
departamento financeiro, que exigem o silêncio e a tranquilidade que não
podem existir nos departamentos operacional e comercial.
Não criei grandes expectativas em relação ao estágio, porque era uma
área totalmente desconhecida para mim. A minha maior expectativa foi sempre
adquirir conhecimento, quer do modelo de negócio da empresa e do seu target,
quer do mercado. E sem dúvida que alcancei esse objectivo, e foi uma
experiência gratificante e enriquecedora, que me elucidou bastante acerca da
área onde actua.
2. Formação académica e profissionalização. Perspectivas
futuras
Ao ter iniciado a minha formação com tradução, obtive bases fulcrais
nas áreas de línguas (inglês, francês e espanhol) e nas áreas de cultura e
tradução, quer seja de um ponto de vista técnico, quer do ponto de vista
cultural de tudo o que abrange uma língua. Ao estudar tradução, é-nos ensinado
que uma língua por si só, não é suficiente no processo de traduzir de uma
língua para outra, é absolutamente fulcral um conhecimento ao nível da
cultura, pois a língua é um dos instrumentos de transmissão de impressões e
valores culturais.
Ao longo da licenciatura trabalhei em call centers, o que me muniu de
conhecimento acerca de como lidar com o cliente, mas de uma forma
impessoal, e mediada. Uma comunicação pessoal difere muito de todas as
outras que ocorrem por via de meios de comunicação, e é nesta eu ocorrem
muitas vezes os chamados choques culturais, que resultam em mal-entendidos,
pois aquilo que muitas vezes é tido como normal e até mesmo agradável numa
determinada cultura, pode ser rude e até mesmo ofensivo para outra. A lidar
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
77
com diferentes culturas, é importante um conhecimento cultural profundo, que
possibilite uma comunicação clara e harmoniosa.
No mestrado de Turismo e Comunicação, tive a orientação de três
entidades diferentes o que me proporcionou conhecimentos de várias áreas e
contribuiu para o meu enriquecimento académico, o que revelou ser uma mais-
valia no estágio que exerci na TTL. O turismo, aliado à geografia, à
comunicação e à cultura, possibilita um perfeito funcionamento de um estágio
como o que realizei na TravelingToLisbon.
No respeitante ao futuro, num país como Portugal, é necessário haver
um determinado «jogo de cintura» entre aquilo que gostamos de fazer e o
mercado. O turismo é uma área em clara ascensão no nosso país, o que me dá
alguma vantagem na relação entre as minhas expectativas e a adaptação ao
mercado. Nesta altura não tenho qualquer dúvida que é nessa área que gostaria
de trabalhar e desenvolver uma carreira. E há ainda tanto para se fazer!
3. Descrição das tarefas desempenhadas ao longo do
estágio
Ao longo deste relatório preocupei-me em analisar o mais fiel possível
aquilo que foi trabalhar na TravelingToLisbon, e todas as tarefas inerentes a
esta entidade de turismo. As coisas correram sempre bem, e todas as tarefas
propostas ao longo do estágio tiveram a sua importância. Enquanto Guest
Assistant, e como já referi anteriormente, a minha função principal foram os
check-ins dos clientes nos apartamentos. Esta função consistia em ser
contactada pelos clientes assim que chegavam a Lisboa, e combinar com eles
trinta minutos (geralmente) depois, no apartamento.
No processo de check-in, é necessária uma apresentação pormenorizada
e rigorosa do apartamento e das suas especificidades, de maneira a que
TravelingToLisbon
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78
qualquer problema possa ser solucionado pelo cliente, como por exemplo
ensinar a ligar o esquentador, a pôr o televisor a funcionar ou a ligar a internet.
Sendo apartamentos de self-catering, têm o que é necessário numa estadia,
incluindo roupa de cama, toalhas, e tudo o que se possa precisar.
Finda a apresentação, o recibo é apresentado ao cliente com o valor que
resta pagar e, após o pagamento, o recibo é assinado e a data colocada, sendo
de seguida entregue ao cliente. Por motivos de segurança, há um documento a
que chamávamos de CC (iniciais de cartão de crédito), que é para ser
preenchido pela entidade com os dados do cartão de crédito do cliente. Um
outro documento, sempre presente no momento de check-in, é a folha do
relatório onde se colocam possíveis problemas como uma lâmpada fundida ou
uma cadeira partida. Por último, é entregue ao cliente um documento que lhe
permite avaliar o apartamento e o serviço em geral da TTL, com todas as
variáveis que este implica (limpeza, check-in, etc.)
O trabalho de back office consistia maioritariamente no processamento
dos documentos mencionados acima, utilizados nos check-ins. As reviews, na
sua maioria online, podiam também ser em formato papel, quando os clientes
efectivamente as preenchiam, e deixavam no apartamento, após a partida.
Qualquer problema que ocorresse num apartamento ao longo de uma
estadia era automaticamente a minha prioridade. Quando eram problemas
técnicos, como por exemplo, um esquentador avariado, ou algum problema
com a ligação por cabo ao televisor, naturalmente que a minha função consistia
apenas em contactar técnicos, mas se fosse algo ao meu alcance, como reiniciar
o router ou explicar como se liga o forno, era da minha responsabilidade
imediata.
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
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3.1. Adequação ou inadequação das tarefas
As tarefas, na sua génese, eram adequadas e corresponderam ao que me
foi proposto e aceite por mim. Um estagiário tem sempre o estigma do «faz
tudo» dentro de qualquer empresa, mas não foi algo que me tenha incomodado
e concretizei sempre sem nenhum problema, até porque em qualquer entidade
são necessárias idas ao banco e aos correios.
Tudo o que fiz proporcionou-me de um conhecimento muito mais
amplo do que é trabalhar em turismo, do que é trabalhar numa empresa, e do
mercado turístico, especialmente no respeitante a Lisboa. Procurei traçar o
perfil do turista que procura alojamento em apartamentos self-catering, e ainda
que não hajam dados precisos pois não foi feito nenhum levantamento, nem
por mim nem pela entidade, falamos de um segmento entre os 24 e os 40
(maioritariamente), muitos deles casais, classe média/alta, que procuram
explorar Lisboa, ao mesmo tempo que vivem uma experiência romântica com o
parceiro, com toda a privacidade que um apartamento inclui. As nacionalidades
são maioritariamente francesa, espanhola e alemã. As nacionalidades que mais
me surpreenderam por terem tido pouca expressão ao longo do ano em que o
estágio teve lugar foram, israelita, marroquina e sul africana.
3.2. Contacto com o cliente
O contacto directo com o cliente foi a parte mais desafiante do estágio,
mas também a mais enriquecedora. A melhor forma de compreender
profundamente um produto, e se este faz sentido num determinado mercado, é
através do contacto directo com o cliente, perceber as suas motivações, o que é
importante para ele quando viaja, o que espera encontrar, e porquê escolher um
apartamento self-catering ao invés de uma outra forma de alojamento (hotel,
hostel, etc). Este contacto entre um agente de turismo e um turista estende-se
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
80
ao domínio da autenticidade, que em turismo pode ser definida como o valor
que ambos, o agente e o turista, acrescentam ao processo de aquisição de um
determinado serviço (Smith, Macleod and Hart Robertson 2010). Aprendi que
o chamado choque cultural tem muito para oferecer e é uma formação
fundamental que só pode ser adquirida a trabalhar «no terreno».
Há também a componente pessoal que me levou a ter imenso prazer em
conhecer alguns clientes, com culturas diferentes e de sítios diferentes.
Acredito que o turismo é mais do que um fenómeno económico e que, na
verdade, vai buscar muito mais às ciências sociais e humanas, pois resulta
quase sempre num fenómeno de adaptação entre duas culturas distintas.
Representa, entre muitas outras coisas, uma enorme evolução cultural e
pessoal, sendo que muitas vezes nos revemos em culturas que nos eram
desconhecidas, ou conseguimos aceitar e até mesmo admirar culturas que à
priori se nos apresentavam como equívocas e divergentes da nossa. É este,
fundamentalmente, o contributo da cultura ao turismo.
3.3. Espaço e equipa de trabalho
Juntamente com o espaço físico, foi um dos factores que abonou a favor
desta experiência e que a tornou tão inesquecível. Acredito que nunca
conhecemos ninguém por acaso, e eu aprendi muito com algumas das pessoas
com quem trabalhei na TTL. Criei vínculos de amizade também que talvez me
possam acompanhar pelo resto da vida. Mas, de um ponto de vista profissional,
são portas que se vão abrindo, pois uma rede de contactos é fundamental hoje
em dia, e nada mais é que a comunicação a revelar a sua importância, desta
feita, do ponto de vista da empregabilidade.
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
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A equipa era constituída por pessoas com idades compreendidas entre
os 23 e os 53 anos. Embora se perca a denominação «equipa jovem» creio que
todos saímos beneficiados desta diversidade de idades. Por um lado, os de
idades mais jovens (eu e uma colega do departamento de marketing éramos as
mais novas, com 23 anos) aprendem muito com profissionais veteranos, e
estes, por outro lado, beneficiam de uma actualização das tendências de
mercado, de uma geração cuja formação, por ser mais actual, vai mais de
encontro áquilo que é o mercado actualmente, e as suas tendências (sobretudo
se pensarmos num ponto de vista digital, onde surgem novas ferramentas a um
ritmo alucinante).
A nível intelectual, o contacto com pessoas provenientes das mais
diversas áreas é sempre uma forma de evolução e uma mais-valia. Na
TravelingToLisbon, existem recursos humanos com formações em várias
áreas: gestão de recursos humanos, turismo, tradução, marketing, gestão,
arquitectura e contabilidade.
3.4. Conhecimentos adquiridos na componente curricular do
mestrado
Como já referi anteriormente, houve conhecimentos de turismo
aplicados ao longo do estágio, embora haja uma lacuna no que toca a
conhecimentos de gestão, ITs e direito. Foi fundamental a unidade curricular de
marketing turístico, uma vez que é a principal ferramenta de vendas de
qualquer empresa em turismo. Também a formação em comunicação e cultura,
de um ponto de vista turístico, se revelou de extrema importância,
especialmente num estágio no terreno, onde a principal ferramenta utilizada
diariamente era a comunicação, e onde conhecimentos de cultura contribuíram
para o bom funcionamento da comunicação.
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
82
Inglês para fins turísticos foi outra unidade curricular fulcral, uma vez
que determinados termos, pela falta de necessidade de os utilizar na minha vida
passada, eram totalmente desconhecidos para mim. O vocabulário técnico de
turismo revelou-se muito pertinente ao longo do meu estágio, e vai sem dúvida
facilitar o futuro enquanto profissional desta área. Também a unidade
curricular de geografia turística internacional se revelou extremamente útil,
como bases de sustentação para o meu posterior conhecimento dos mercados
emissores para uma empresa como a TravelingToLisbon. Os contextos
socioeconómicos, de cada um destes mercados, facilitou na escolha da
abordagem a ter, e na resolução de potenciais problemas.
3.5. Aprendizagem resultante do estágio
Em termos de aprendizagem, foi enorme e impossível de medir. Todas
as experiências representam um enriquecimento, de alguma forma, e numa fase
de arranque da vida profissional, são os primeiros contactos com a vida laboral
que vão servir de base para o resto da vida. Considero-me actualmente apta
para lidar com clientes, e para prestar um serviço de qualidade. Represento um
país de uma riqueza natural incomparável, seguro e hospitaleiro. Acredito
totalmente no potencial do que estou a vender, que é Portugal. Na
TravelingToLisbon, aprendi a ter espírito de equipa e entreajuda. Aprendi
muito sobre o mercado e as suas tendências e como nos posicionarmos no
mesmo.
Ao trabalhar nesta entidade aprofundei conhecimentos iniciados ao
longo da licenciatura em Tradução, que posteriormente foram aprofundados no
mestrado em Turismo e Comunicação. Destaque para inglês enquanto língua
que aprofundei na sua componente escrita e oral, pois era uma ferramenta
utilizada diariamente, por um lado na recepção de clientes (oral), e por outro a
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
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dar respostas de emails provenientes dos mais diversos sítios (escrita). Os
conhecimentos de cultura que iniciei na licenciatura e depois retomei no
mestrado, foram também uma mais-valia, sobretudo porque o perfil do turista
que visita Lisboa, tem muitas vezes como motivação o turismo cultural.
O turismo cultural pode ser definido como um tipo de turismo assente
em atracções, actividade e práticas culturais como principais motivações
(Smith, Macleod e Hart Robertson 2010:30). Trata-se de turistas que visitam
Lisboa pelo seu património cultural, traduzido não apenas em atracções tais
como museus e igrejas, mas também aquilo que corresponde à identidade
portuguesa, que pode ser traduzido em pessoas, ruas, gastronomia, hábitos
quotidianos, e que transpõe a forma como nos vimos a nós próprios, e
colectivamente enquanto nação (Smith, Macleod e Hart Robertson 2010:99),
que vai representar um factor de motivação para qualquer individuo que
procure determinadas características culturais na escolha do seu destino.
Actualmente o turismo cultural está dividido em pequenos subgrupos, tais
como ecoturismo, turismo gastronómico, etc., contudo tudo o que traduz os
costumes e aquilo que nos distingue enquanto portugueses, pertence ao ramo
da cultura.
3.6. Valor académico e valor profissional
De um ponto de vista académico, é importante percebermos o mercado
e as suas especificidades, e nada mais educativo do que presenciarmos essas
especificidades de um ponto de vista profissional. Por outro lado, a experiência
profissional dá-nos a conhecer novas realidades académicas e fomenta o
processo de consolidação de conhecimentos. Foi ao longo de todo o estágio
que o meu interesse em gestão se tornou cada vez mais evidente, uma vez que
me preocupava em compreender como é que a empresa funcionava, o que
TravelingToLisbon
Um modelo de negócio pioneiro em Lisboa
84
poderia incrementar a produtividade e ultrapassar as metas mensais, e que
interessante seria eu própria criar uma empresa que fornecesse serviços
turísticos em Lisboa.
Por outro lado, este estágio elucidou-me sobre a competitividade
presente no mercado de trabalho em Portugal. As exigências são cada vez
maiores, pois também a oferta de mão-de-obra é cada vez mais qualificada, o
que faz com que uma simples formação intelectual, que outrora poderia servir
como elemento de distinção, é actualmente quase banal, e a necessidade de
constante actualização é galopante.
4. Análise crítica à entidade de acolhimento
Ao longo do estágio, foram mensalmente colocados objectivos com
vista a avaliar a performance da empresa face a outros anos e ao mercado. A
equipa esteve permanentemente à altura do desafio e os objectivos foram quase
sempre cumpridos, ainda que em meses de época baixa, por vezes, os
objectivos não tenham sido alcançados, mas a proximidade foi sempre elevada.
A empresa implementou sempre medidas com vista a combater os
problemas, sendo o principal a sazonalidade. Estas medidas deram sempre
frutos, e o negócio decorreu sempre de forma positiva. O que implica um bom
posicionamento estratégico no mercado. Se antes era importante, em qualquer
negócio, estudar o produto, hoje em dia são os mercados que ditam os produtos
que devem haver e qual a estratégia para os transformar em produtos de
sucesso.
Uma das críticas negativas prende-se com a gestão dos recursos
humanos. É muito comum as empresas não reconhecerem nos seus
colaboradores, a função que estes detêm, que é a de combustível que faz a
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«máquina» trabalhar. É importante valorizar as pessoas, não apenas num
sentido de melhor remuneração, mas principalmente tentar compreender as
potencialidades de cada um, para, enquanto empresa, poder também tirar um
melhor partido delas. Um indivíduo é quase sempre melhor a realizar uma
tarefa que lhe dê prazer ou que o faça sentir que acrescenta algum valor à
mesma, do que a fazer algo que se lhe afigura como aborrecido e que considera
não ter perícia suficiente para a sua correcta concretização. Enquanto estagiária
que fui, recebi o acompanhamento esperado e aprendi bastante. Foi-me dada
formação, inicialmente e sempre que precisei.
Quanto a outros problemas da empresa, eu diria que passa por uma
certa dispersão de estratégias. Não há uma estratégia definida, ao invés são
utilizadas várias em simultâneo, o que resulta, por vezes, numa grande
confusão. Noto que não há ninguém na empresa com conhecimentos de gestão,
o que pode estar na génese deste problema. Contudo, é uma boa empresa para
se trabalhar e estagiar, e foi uma excelente forma, para mim, de «engrenar» na
vida profissional.
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Conclusão
Com a realização deste relatório de estágio, pude compreender melhor o
turismo enquanto fenómeno cultural, económico e social. A
TravelingToLisbon foi um modelo de negócios pioneiro em Lisboa, contudo,
hoje em dia luta para manter um lugar de destaque no mercado português. São
muitas as empresas que, desde 2006, lhe seguiram o exemplo, criando também
a possibilidade de estadias self-catering, e, sobretudo, possibilitando a vários
proprietários, a promoção e gestão dos seus imóveis, garantindo a este maior
visibilidade e reservas.
Consciente de que a pesquisa levada a cabo para a realização deste
relatório precisava de ser mais desenvolvida e aprofundada, o que não foi
possível concretizar, dadas as limitações de tempo próprias do processo de
obtenção do grau de mestre, e de extensão inerentes a este tipo de relatório,
espero vir a fazê-lo num futuro próximo, através de uma pós-graduação, ou do
alargamento da experiência profissional, ou até de um doutoramento. Seja
como for, o que apresentei aqui constitui matéria fundamental dos
conhecimentos adquiridos ao longo do estágio, bem como da aplicação, ao
quotidiano profissional, dos conhecimentos adquiridos também, mas durante o
primeiro ano, curricular, do curso de mestrado em turismo e comunicação.
Com efeito, o trabalho na TravelingToLisbon permitiu-me compreender
o que é um leque de produtos (apartamentos) bem adaptados ao turismo na
cidade de Lisboa, o que é um modelo de negócio Bem pensado, tudo isto
respondendo a uma clara procura do mercado bem localizada e caracterizada.
Também as estratégias utilizadas para fomentar a produtividade são
actualmente as mais eficazes em turismo e não só. O marketing digital, com
todas as suas componentes, é uma área que muito me fascina, com a conclusão
deste estágio. A forma como se comunica o produto é fundamental para a boa
receptividade do mesmo, e é o mais poderoso motor de vendas, no caso da
TravelingToLisbon.
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Consciente de que a pesquisa levada a cabo neste relatório tem várias
limitações, tentei enfatizar que a TravelingToLisbon, oferece um leque de
produtos (apartamentos) que são coerentes com a cidade de Lisboa. O modelo
de negócio está muito bem pensado e responde a uma clara procura do
mercado.
Também as estratégias utilizadas para fomentar a produtividade são
actualmente as mais eficazes em turismo e não só. O marketing digital, com
todas as suas componentes, é uma área que muito me fascina, com a conclusão
deste estágio. A forma como se comunica o produto é fundamental para a boa
receptividade do mesmo, e é o mais poderoso motor de vendas, no caso da
TravelingToLisbon. Pese embora tudo isto, é fulcral para o bom funcionamento
de qualquer entidade, proceder a estudos sistemáticos, por exemplo quanto ao
perfil do cliente, para assim poder traçar estratégias mais adequadas. Foi
também um dos motivos pela qual este relatório não alcançou um maior
aprofundamento.
Também a ausência de alguma sensibilidade cultural para o processo de
captação de clientes e promoção de serviços, pode representar um entrave no
bom funcionamento da empresa. A cultura ganha nova dimensão, quando
encarada na prática. Pode muitas vezes representar um obstáculo na prestação
de um bom serviço de turismo, quando falamos, por exemplo, de culturas
orientais, muito distintas da nossa cultura ocidental. Ainda assim, com uma boa
comunicação, qualquer choque cultural é passível de se tornar num
enriquecimento ao nível de uma formação em turismo.
Assim, concluo que um estágio na TravelingtoLisbon representa uma
mais-valia para um futuro (ou actual) aluno de mestrado em Turismo e
Comunicação, interessado em conhecer uma das tendências em alojamento
turístico, não apenas em Lisboa e em Portugal, como no resto da Europa e do
mundo.
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