relatÓrio de estÁgio -...
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INSTITUTO POLITÉCNICO DE BEJA
ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
Diversidade de formigas no olival transmontano
António Jorge Ribeiro Neto da Silva
7415
Orientador interno:
Doutora Maria Isabel Patanita
Orientador externo:
Doutora Sónia Santos
Curso de Biologia
BEJA
2012
Página | I
Índice Local de Realização .................................................................................................................. III
Resumo ....................................................................................................................................... IV
Abstract ........................................................................................................................................ V
Agradecimentos ......................................................................................................................... VI
1 - Introdução .............................................................................................................................. 1
1.1 - As formigas como bioindicadores e indicadores agroambientais .......................... 3
1.1.1 - Bioindicadores ........................................................................................................ 3
1.1.2 - Indicadores agroambientais ................................................................................. 4
1.2 - Diversidade agrícola e fatores relacionados ................................................................. 5
1.2.1 - Diversidade agrícola .................................................................................................. 5
1.2.2 - Mirmecofauna, paisagem e práticas culturais ....................................................... 5
1.2.3 - Mirmecofauna como indicadora do sistema de cultivo ........................................ 6
1.3 - Formigas da Península Ibérica ........................................................................................ 7
1.3.1- Diversidade de espécies ............................................................................................ 7
1.3.2 - Grupos Funcionais ................................................................................................... 10
1.3.3 - Características dos organismos em resposta às condições ambientais ......... 11
2 - Objetivos .............................................................................................................................. 13
3 - Material e métodos ............................................................................................................. 14
3.1- Caracterização dos olivais .......................................................................................... 14
3.2 - Colheita e identificação de formicídeos ................................................................... 16
3.3 - Análise estatística ....................................................................................................... 16
4 - Resultados ........................................................................................................................... 18
4.1 - Características dos organismos em resposta às condições ambientais ........ 18
4.2 - Composição, abundância e riqueza específica da comunidade de formigas 20
5 - Discussão ............................................................................................................................. 25
6 – Comentários e sugestões ................................................................................................. 27
7 - Conclusão ............................................................................................................................ 28
8 - Referências bibliográficas ................................................................................................. 30
ANEXOS .................................................................................................................................... 38
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Índice de Figuras
Figura 1 - Géneros da família Formicidae da Península Ibérica. ....................................... 9
Figura 2 - Grupos funcionais propostos por Roig e Espadaler para a Península Ibérica.
..................................................................................................................................................... 11
Figura 3 - Colocação de armadilhas de queda. ................................................................... 16
Figura 4 - Comparação da abundância das 5 espécies mais importantes por tipo de
gestão de solo. .......................................................................................................................... 21
Figura 5 - Riqueza específica por tipo de gestão de solo de solo. ................................... 22
Figura 6 - Indicadores do estado de perturbação de acordo com os grupos funcionais
..................................................................................................................................................... 23
Figura 7 - Índice de diversidade (1/D) ................................................................................... 24
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Traits das espécies identificadas em Trás-os-Montes e no Alentejo ............ 19
Tabela 2- Composição, abundância, grupos funcionais e riqueza específica ................ 20
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Local de Realização
Este estágio realizou-se na Escola Superior Agrária de Beja, mais concretamente no
Laboratório de Proteção de Plantas, pertencente ao Departamento de Biociências.
Decorreu entre os meses de Fevereiro e Junho de 2012.
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Resumo
O olival é uma cultura muito característica da região mediterrânica, e em Portugal
trata-se de uma das principais fontes de rendimento para as regiões do Alentejo e Trás-os-
Montes. Em Trás-os-Montes grande parte da área agrícola é ocupada por olival para a
produção de azeite e os modos de produção agrícola em que se encontram são
principalmente a cultura tradicional e o modo semi-intensivo. Nos últimos anos, o progresso
das práticas agrícolas, nomeadamente para aumento na produção dos olivais, tem entrado
em conflito com a qualidade ambiental. Este problema surge através a utilização de
produtos químicos que perturbam e contaminam o ambiente. Assim surge a necessidade de
monitorizar os impactos destes progressos no ambiente, de forma sustentável. Uma das
formas mais modernas para a monitorização ambiental é a utilização de bioindicadores. Um
bioindicador é uma espécie ou grupo de espécies que reflete o estado biótico ou abiótico de
um meio ambiente, o impacto produzido sobre num ecossistema, ou também indicar a
biodiversidade de determinada região. As formigas (Família Formicidae) constituem um dos
grupos de insetos mais importantes no solo do olival, por serem extremamente abundantes.
Elas influenciam fortemente os ecossistemas, uma vez que são importantes na incorporação
de nutrientes ao solo, além de serem predadoras de outros organismos, regulando sua
diversidade no ambiente. Desta forma, as formigas podem ser excelentes bioindicadores,
devido, principalmente à sua abundância e riqueza de espécies.
Em Maio de 2011 amostraram-se as comunidades de formigas em nove olivais de
sequeiro, localizados na região de Mirandela, através da utilização de armadilhas de queda
(pitfall). Depois procedeu-se à contagem e à identificação dos espécimens. Foram
identificados 16093 formicídeos distribuídos por 14 géneros. Destes géneros as cinco
espécies mais abundantes em todos os olivais foram: Cataglyphis sp., Crematogaster
auberti, Messor barbarus, Tapinoma nigerrimum e Tetramorium forte. Os olivais com maior
riqueza específica foram os olivais cujo solo foi mobilizado. De acordo com o Índice de
Simpson os olivais com maior diversidade foram os de Paradela e Guribanes.
Palavras-chave: Oleae europea, Formicidae, biodiversidade, bioindicadores, monitorização
ambiental.
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Abstract
The olive is a very distinctive culture of the Mediterranean region, and in Portugal it is
a major source of income for the regions of Alentejo and Trás-os-Montes. In Trás-os-Montes
largely agricultural area is occupied by olive trees for oil production and the ways in which
they are farming are mainly traditional culture and a semi-intensive. In recent years, progress
in agricultural practices, in particular to increase the production of olive groves, has clashed
with environmental health. This problem arises through the use of chemicals which disrupt
and contaminate the environment. Thus arises the need to monitor the impacts of these
developments on the environment in a sustainable manner. One of the most modern forms
for the environmental monitoring is the use of bio-indicators. A bioindicator is a specie or
group of species that reflects the state of biotic and abiotic environment, the impact on an
ecosystem, and also indicates the biodiversity of a region. Ants (Family Formicidae) are one
of the most important groups of insects in the soil, to be very abundant. They strongly
influence the ecosystem as it is important to incorporate nutrients to the soil, and are
predators of other organisms, range in regulating the environment. Thus, the ants are
excellent bioindicators, mainly due to its abundance and species richness.
In May 2011 were sampled ant communities in nine dry land olive groves located in
the region of Mirandela using the technique of pitfall traps. Then proceeded to count and
identification of specimens. Were identified 16093 ants spread over 14 genera. Of the five
genera most abundant species in all groves were: Cataglyphis sp., Crematogaster auberti,
Messor barbarus, Tapinoma nigerrimum e Tetramorium forte.The olive groves with highest
species richness were the groves where the soil was mobilized. According to Simpson Index
olive groves with a greater diversity were the Paradela and Guribanes.
Keywords: Oleae europea, Formicidae, biodiversity, bioindicators, environmental
monitoring.
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Agradecimentos
À Sara Costa e ao Álvaro Silva, por estarem sempre a meu lado;
A todo o pessoal do Centro de Meteorologia da Base Aérea Nº11, por facilitarem as
minhas presença neste estágio, através de todas as trocas possíveis e imagináveis;
À Doutora Isabel Patanita, pelo tema, pelo acompanhamento e por todo um mundo
em miniatura, que me mostrou e que desconhecia por completo;
À Doutora Sónia Santos pelos milhares de exemplares que forneceu para
identificação, à diversidade de espécies e por toda a ajuda;
À Verónica Sousa pela companhia;
À Andreína Silva, pela simpatia e todo o apoio;
À Cláudia Gonçalves, por tudo! Toda a gente tem de aprender com alguém, e tudo o
que hoje sei sobre formigas, aprendi contigo.
Obrigado.
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1 - Introdução
A oliveira (Oleae europaea L.) constitui um elemento característico da paisagem
Mediterrânica. A origem desta espécie não é clara, pensando-se que poderá ser oriunda de
qualquer parte da Bacia Mediterrânica Oriental ou da Ásia Menor (Fernández e Moreno,
1999). É considerada das plantas mais antigas a ser cultivada, remontando a sua
domesticação, na Bacia Mediterrânica Oriental, há cerca de 3000 a 4000 anos A.C. (Connor
e Fereres, 2005).
Na região Mediterrânica, a oliveira tem sido cultivada tradicionalmente em áreas
consideradas impróprias para culturas mais intensivas, por razões inerentes ao tipo de solo
(pouco profundos), à topografia (terrenos declivosos) e à falta de água para a rega (Connor
e Fereres, 2005). Estes olivais tradicionais (≤100 árvores por hectare) são constituídos por
árvores dispersas, com práticas de poda acentuadas de forma a reduzir o volume do
copado, e por conseguinte as necessidades hídricas, de forma a assegurar a sobrevivência
e a produção durante o longo período estival quente e seco (Connor, 2005). Contudo, nas
últimas duas décadas ocorreram uma série de fatores (ajudas comunitárias, aumento da
procura do azeite, etc.) que impulsionaram a olivicultura, conduzindo a alterações profundas
no sistema de cultivo. Assim, o olival tradicional foi substituído por novas plantações
intensivas (200-400 árvores por hectare), caracterizadas por práticas agrícolas de grande
eficácia produtiva, nomeadamente mobilizações, fertilizações, proteção fitossanitárias e rega
(Torres, 2007).
À semelhança do que aconteceu nos outros países do Mediterrâneo, também em
Portugal assiste-se na atualidade a um interesse pela intensificação desta cultura,
passando, entre outros fatores, pela adoção da rega. No entanto, Portugal, assim como
outras regiões do sul da Europa, apresenta-se vulnerável às alterações climáticas,
nomeadamente à seca e à desertificação (Santos et al., 2002).
Apesar dos cenários futuros para a precipitação em Portugal Continental serem mais
incertos, a maioria dos modelos preveem uma redução da sua quantidade e do número de
dias com chuva. Os modelos de previsão apontam para um incremento da precipitação no
Inverno, sobretudo devido à ocorrência de eventos de forte intensidade, e um forte
decréscimo nas outras estações (Santos et al., 2002). Estas alterações climáticas terão sem
dúvidas impactos na produtividade das culturas na região Mediterrânica, e em particular na
oliveira (Villalobos et al., 2004).
Na região de Trás-os-Montes, é na Terra Quente (ver Anexo 1) que o olival para
azeite é mais representativo, ocupando uma área de 41 281 ha (INE, RGA, 1999), ou seja,
57% da área total do olival da Região Agrária de Trás-os-Montes; o que equivale a cerca de
33% da Superfície Agrária Útil (SAU) da Terra Quente ocupada por olival para a produção
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de azeite. Os concelhos da Terra Quente onde a SAU ocupada por olival assume maior
representatividade são, por ordem decrescente de importância, Mirandela, Vila Flor e
Alfandega da Fé, este último com uma área de olival para azeite de 4 883 ha (39% da SAU).
As variedades predominantes nesta região olivícola são a “Verdeal Transmontana” (10-
40%), a “Madural” (10-22%) e a “Cobrançosa” (12-30%) (Monteiro, 1999). Atualmente, tem-
se verificado um aumento de plantações de olival com cultivar “Cobrançosa”, justificado pela
facilidade de propagação vegetativa, regularidade de produção, bom rendimento em azeite,
baixa resistência do fruto ao desprendimento (facilidade na colheita mecânica) e a produção
de azeite de ótima qualidade.
Em Trás-os-Montes destacam-se dois sistemas de produção do olival: o tradicional e
o semi-intensivo para a produção de azeite (Duarte et al., 2004). O olival tradicional
representa o sistema de produção olivícola mais comum na região, associado às plantações
mais antigas. Este sistema caracteriza essencialmente os muito pequenos e pequenos
agricultores, proporcionando um complemento de rendimento e contribuindo para o auto
consumo. Pelo contrário, os olivais semi-intensivos para azeite estão em geral associados a
médio/grandes produtores que vivem exclusivamente ou maioritariamente do rendimento
agrícola. Este sistema representa as áreas recentemente plantadas (principalmente depois
de 1986, quando Portugal passou a beneficiar da política estrutural comunitária) estando
geralmente associado a declives baixos ou médios, na medida em que a colheita mecânica
é frequente (Duarte et al., 2004).
O progresso das práticas agrícolas, nomeadamente para um aumento na produção
dos olivais tem entrado em conflito com a sanidade ambiental. A diversidade destes
ambientes está ameaçada, bem como o equilíbrio de toda a cadeia que deles dependem.
Para minimizar os impactos destes progressos das práticas agrícolas e dos avanços
tecnológicos refletidos na industrialização moderna, procuram-se cada vez mais, opções
mais sustentáveis Neste contexto, o equilíbrio ambiental dos solos pode ser medido pela
observação das características populacionais de grupos de organismos específicos,
considerados bioindicadores do grau de alteração ou fragmentação de um local.
Dada a natureza ubíqua e ao papel essencial dos invertebrados em muitos
ecossistemas terrestres, muitos gestores agrícolas manifestaram interesse na utilização de
invertebrados para a monitorização dos ecossistemas (Hölldobler e Wilson, 1990; Andersen
e Lonsdale, 1990; Wilson e Hölldobler, 2005).
As comunidades de invertebrados podem registar o impacto das práticas agrícolas, a
curto prazo, além de, a longo prazo poderem indicar mudanças nos ecossistemas
(Parmesan et al., 1999; Bisevac e Majer, 1999; York, 2000).
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No entanto, apesar do reconhecimento de que a monitorização dos invertebrados é
uma atividade importante, muito aceite por agências financiadoras nacionais e
internacionais, os esforços da monitorização, raramente, têm gerado retornos proporcionais
ao seu investimento.
Este estudo vai concentrar-se sobre a potencial utilização das formigas na
monitorização do estado de perturbação do olival. Em contraste com a colheita de formigas,
que representa a fauna de formigas num tempo específico, a monitorização refere-se a
amostragens repetidas ao longo do tempo para identificar padrões de população. Desses
padrões é possível retirar informação que possibilita responder a várias questões
específicas de gestão.
As formigas são consideradas particularmente úteis para a monitorização devido a
várias razões. Elas são abundantes e ubíquas tanto em habitats intactos como em áreas
que sofreram perturbações (Majer, 1983; Andersen, 1990; Hoffmann et al., 2000), a
amostragem é relativamente fácil, sem necessidade de conhecimentos especializados muito
profundos (Greenslade, 1984; Fisher, 1999; Agosti e Alonso, 2000) e as formigas provaram
ser sensíveis e respondem rapidamente a variações ambientais (Campbell e Tanton, 1981;
Majer, 1983; Andersen, 1990). Além disso, as formigas são importantes em diferentes níveis
tróficos (Alonso, 2000) e desempenham papéis ecológicos importantes no solo (Humphreys,
1981; Lobry de Bruyn e Conacher, 1994), no ciclo dos nutrientes (Levieux, 1983; Lal, 1988),
na proteção das plantas, na predação e dispersão de sementes (Ashton, 1979; Beattie,
1985; Christian, 2001). Juntas, estas qualidades atribuem mérito às formigas na
monitorização, por se tratar de um grupo ecológico e numericamente dominante.
1.1 - As formigas como bioindicadores e indicadores agroambientais
1.1.1 - Bioindicadores
A utilização de indicadores biológicos como ferramenta para avaliar o impacte de
práticas agrícolas está a ser cada vez mais utilizada. Em Portugal, o olival ocupa uma área
significativa e tem uma importância múltipla, em particular no que se refere a aspetos
económicos, sociais, culturais e paisagísticos. O Alentejo e Trás-os-Montes são as principais
regiões produtoras de azeite, no país, apresentando enormes áreas ocupadas por olival.
Assim, a olivicultura pode ser modelo para o uso sustentável da terra na zona Mediterrânica,
produzindo produtos de elevado valor e gerando benefícios ambientais, contribuindo
também para a manutenção das populações nas regiões interiores. Neste sentido, os
governos desenvolveram legislação para regular e manter a olivicultura sobre práticas
sustentáveis através da aplicação controlada de pesticidas e fertilizantes. Este facto criou a
necessidade de monitorizar de forma credível a sustentabilidade e qualidade dos
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ecossistemas agrícolas. Os bioindicadores de práticas agrícolas têm sido indicados como
sendo uma ferramenta adequada para fins políticos e de gestão dentro da paisagem
agrícola. Existe, no entanto uma falta considerável de espécies indicadoras para a avaliação
de sustentabilidade dos ecossistemas.
Os organismos bioindicadores são espécies vivas (animais ou vegetais) cujas
funções vitais estão estreitamente relacionadas com certos fatores ambientais e que reagem
de forma conhecida. Esta reação permite caracterizar a qualidade do meio ambiente, como
por exemplo a deteção da existência de substâncias contaminantes no meio natural e/ou
avaliar a gravidade da sua presença. O bioindicador está relacionado direta ou
indiretamente com um ou mais fatores, e a sua reação pode dever-se à sua sensibilidade ou
à sua tolerância (Paolletti e Bressan, 1996; Van Straalen, 1998 in Cotes, 2009).
O uso de índices biológicos é muito antigo, já que as plantas e os animais eram
utilizados para se perceber os fenómenos distintos, como a troca de estações, a chuva, etc.
No entanto, foi no começo do século XX que o uso da bioindicação passou a ser
considerado uma metodologia mais formal. Assim, os botânicos começaram a utilizar a
presença de diferentes tipos de plantas e associações para definir diferentes tipos de solo,
ainda que o conceito de espécies indicadoras fosse aplicado pela primeira vez em sistemas
aquáticos (Wihlm e Dorris, 1968 in Cotes, 2009), e posteriormente em sistemas terrestres
(McGeoch, 1998 in Cotes 2009), convertendo-se numa nova ferramenta para avaliar as
alterações ambientais, como contaminação, excessivo uso do solo, inapropriado uso da
água, etc. (Paoletti, 1999 in Cotes, 2009).
Existe um interesse considerável na identificação de bioindicadores para a utilização
na monitorização e em programas de avaliação do estado do ambiente (Noss, 1990;
Spellerberg, 1993; McKenzie et al., 1995), e recentemente tem aumentado a atenção focada
em invertebrados terrestres para este papel (Disney, 1986; Rosenberg et al., 1986; Kremen,
1992; Williams, 1993).
1.1.2 - Indicadores agroambientais
Segundo a comunicação da Comissão das Comunidades Europeias ao Concelho e
ao Parlamento Europeu (2006), a utilização e desenvolvimento de bioindicadores
agroambientais é fundamental para uma boa estratégia de desenvolvimento sustentável e
que deve ser integrada na CAP (Common Agricultural Policy- Política Agrícola comum).
A integração das preocupações ambientais na CAP é um processo dinâmico que
requer um acompanhamento regular. Os Indicadores agroambientais são ferramentas
essenciais neste exercício de monitorização. Eles podem servir para variados fins,
nomeadamente, para fornecer informações sobre o estado atual e as mudanças em curso
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na condição do meio agrícola; para acompanhar o impacto da agricultura sobre o meio
ambiente; para avaliar o impacto das políticas agrícolas e ambientais na gestão ambiental
das explorações agrícolas; para ilustrar relações agroambientais para o grande público.
Um sistema coerente de indicadores agroambientais deve ser capaz de detetar os
principais efeitos positivos e negativos da agricultura sobre o meio ambiente e refletir as
diferenças regionais nas estruturas económicas e nas condições naturais.
1.2 - Diversidade agrícola e fatores relacionados
1.2.1 - Diversidade agrícola
A diversidade agrícola é a diversidade de plantas e animais existentes numa
exploração ou numa região. Note-se ainda que a produção de cada variedade necessita de
estar associada a um conhecimento da planta ou do animal, das condições que necessita,
de técnicas associadas à sua produção e de usos que pode ter. Este conhecimento é
essencial para a preservação da agrobiodiversidade e por isso, por vezes, é incluído na
definição de agrobiodiversidade (Armando, 2002).
“A agrobiodiversidade é o resultado dos processos de seleção natural, da seleção
cuidada e dos desenvolvimentos inventivos de agricultores, criadores de gado e pescadores
ao longo de milénios. A agrobiodiversidade é um subgrupo vital da biodiversidade. A
biodiversidade agrícola resulta da interação entre o ambiente, recursos genéticos e os
sistemas de gestão e práticas utilizados pelas populações culturalmente diversas,
resultando então em diferentes formas de utilização da terra e água para a produção. Mais
ainda, a agrobiodiversidade engloba a variedade e diversidade de animais, plantas e
microrganismos que são necessários para sustentar as funções chave, as estruturas e os
processos do ecossistema agrícola e como apoio da produção e segurança alimentar” (FAO,
1999).
A agrobiodiversidade é um aspeto vital da biodiversidade global e inclui as
variedades cultivadas mas também insetos, microrganismos, espécies florestais e animais
de pasto, espécies que contribuem para o ecossistema agrícola. Inclui também a cultura e
os conhecimentos locais (FAO, 1999).
1.2.2 - Mirmecofauna, paisagem e práticas culturais
A maioria dos estudos realizados sobre a entomofauna do olival incide sobre
espécies fitófagas que constituem pragas, sendo muito reduzida a investigação sobre a
presença e importância ecológica de outros artrópodes. Em 1984, ainda pouco se sabia
sobre as condições ecológicas mais adequadas para o desenvolvimento dos insetos
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entomófagos presentes no olival (Jimenez, 1985 in Rei, 2006) e até 1999, surpreendia a
escassez de dados pormenorizados sobre o tema, numa cultura tão importante e extensa
para algumas regiões europeias (Guzmán, 1999 in Rei, 2006). Esta situação não é exclusiva
do olival, pois estima-se que apenas cerca de 5% das espécies de insetos estejam
identificadas, e que apenas exista informação relevante para menos de 1% destas espécies
(Raven, 1990; Hook, 1997 in Rei, 2006). Em geral, a maioria da informação existente sobre
insetos relaciona-se com espécies que são pragas agrícolas ou que são carismáticas em
determinada região, embora nenhuma delas seja representativa da diversidade biológica
dos insetos (Hook, 1997 in Rei, 2006). Esta situação pode estar relacionada com a extrema
diversidade dos artrópodes e com o seu tamanho maioritariamente pequeno, associando-se
ainda o desconhecimento dos seus habitats e das suas características ecológicas (Pik et al.,
1999 in Rei, 2006).
As formigas são uma das famílias mais numerosas de artrópodes associadas ao
olival, especialmente em Portugal, onde estão representadas mais de vinte espécies.
Embora o seu papel nesta cultura não esteja completamente esclarecido, é de esperar que
seja relevante, dada a sua abundância e hábitos alimentares. À semelhança do que sucede
em muitos outros ecossistemas agrários, esse papel devera ser duplo. Assim, enquanto
predadores, estes insetos podem contribuir para a limitação natural das pragas da cultura,
mas podem também interferir negativamente com a atuação de outros auxiliares. Acresce
que algumas espécies estabelecem relações de cooperação com hemípteros, alimentando-
se de meladas produzidas por estes insetos e protegendo-os dos seus inimigos naturais.
Por outro lado, certas espécies desempenham papel importante na melhoria das
propriedades físicas do solo e no ciclo de nutrientes (Pereira et al., 2006).
A paisagem está baseada em características naturais que são evolutivas e abióticas,
incluindo o clima, relevo, disponibilidade hídrica, fertilidade do solo, rocha-mãe, glaciações,
vulcanismo, assim como a intervenção humana mediante a agricultura, silvicultura, políticas
rurais, pressões económicas e outras influências culturais (Rei, 2006).
1.2.3 - Mirmecofauna como indicadora do sistema de cultivo
As formigas estão presentes em quase todos os ecossistemas terrestres. A sua
literatura é bastante extensa, mas a maior parte das publicações tratam da sua biologia,
fisiologia, comportamento ou ecologia em laboratório ou em ambientes não agrícolas.
Relativamente poucos trabalhos falam das formigas associadas a culturas. Contudo, estes
insetos podem desempenhar papel importante no êxito do sistema de produção (Haney,
1988).
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Numa análise recente de vários grupos de insetos como potenciais bioindicadores,
as formigas apresentaram-se como os insetos mais importantes (Brown, 1997). Na
Austrália, as formigas têm sido muito utilizadas como bioindicadores (Majer, 1983;
Greenslade e Greenslade, 1984; Andersen, 1997a) de perturbações, como é o caso de
incêndios, pastoreio ou de explorações florestais (Neumann, 1992; York, 1994;
Vanderwoude et al., 1997a). Em estudos efetuados chegou-se à conclusão que, alterações
nas comunidades de formigas causadas por perturbações refletiam-se em alterações de
muitos outros grupos de invertebrados (Majer, 1983; Andersen, 1997b).
O uso de invertebrados como bioindicadores é mais eficaz, quando se conhece,
antecipadamente, a reação da comunidade em relação ao stress ambiental causado pela
perturbação.
As formigas são consideradas excelentes bioindicadores agroambientais, em
primeiro lugar, porque são bem conhecidas a nível sistemático, pelo menos até ao género
(Bolton 1994, 1995; Bolton et al., 2007). Além disso, elas são altamente diversificadas e
dominantes (relativamente a abundância relativa e biomassa) em muitos habitats e seu
papel ecológico nos ecossistemas é reconhecido, assim como, a sua sensibilidade às
mudanças ambientais (Andersen 1997, 2000, Andersen e Majer, 2004). Devido aos seus
hábitos de nidificação permitem ser amostrados ao longo do tempo (Agosti et al., 2000).
Finalmente, a amostragem é geralmente fácil e de baixo custo em termos de tempo e
recursos (Agosti et al., 2000; Andersen et al., 2002).
1.3 - Formigas da Península Ibérica
1.3.1- Diversidade de espécies
O mundo das formigas ibéricas está atualmente a passar por um momento
interessante. Muitos especialistas têm investigado ao longo dos últimos 30 anos, a
taxonomia, a etologia e o conhecimento ecológico das formigas peninsulares aumentou
significativamente refletido em inúmeros artigos e dissertações.
Existem mais de 12000 espécies de formigas no mundo, das quais cerca de 270
foram confirmadas na Península Ibérica. Estas espécies são agrupadas em géneros
diferentes (mais de 40 na Península ibérica e mais de 200 em todo o mundo) e estes em
níveis taxonómicos diferentes, geralmente em tribos, sub-famílias e, finalmente, a família
Formicidae (Gómez e Espadaler, 2007).
A família Formicidae pertence à superfamília Vespoideada Ordem Hymenoptera.
Esta superfamília compreende outros insetos como vespas, abelhas, etc.
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Os insetos pertencentes à família Formicidae são caracterizados, genericamente, por
Bolton (2003):
- São insetos sociais que têm uma casta trabalhadora sem asas, vivendo
normalmente em colónias.
- As fêmeas (operárias e rainhas) têm a cabeça prognata (com as peças bucais
dirigidas para a frente).
- As antenas são divididas em escape (primeiro segmento antenal alongado) e
funículos (resto dos segmentos antenais). As antenas têm um total de 4 -12 segmentos nas
fêmeas e 9 -13 nos machos.
- O segundo segmento abdominal forma um pecíolo diferenciado do resto do
abdómen, embora em certas subfamílias é também distinguido um terceiro segmento
abdominal, formando um o chamado pós-pecíolo.
- As rainhas perdem as asas após o acasalamento.
- Asas posteriores com venação típica da superfamília Vespoidea, no entanto
perderam certas veias.
Taxonomia das formigas Ibéricas:
Reino: Animalia
Filo: Arthopoda
Classe: Insecta
Subclasse: Pterygota
Divisão: Endopterygota
Ordem: Hymenoptera
Família: Formicidae
Na Península Ibérica o maior número de espécies de formigas encontra-se
distribuído pelas sub-famílias: Mirmicinae; Ponerinae, Dolichoderinae e Formicinae.
Os principais géneros que se encontram na Península Ibérica são: Aphaenogaster,
Camponotus, Cataglyphis, Crematogaster, Formica, Goniomma, Lasius, Messor, Pheidole,
Plagiolepis, Proformica, Solenopsis, Tapinoma, Tetramorium (Roig e Espadaler, 2010).
Bolton (2003) desenvolveu uma árvore genealógica da família Formicidae (Figura 1)
ao nível do género para a Península Ibérica.
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Figura 1 - Géneros da família Formicidae da Península Ibérica.
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1.3.2 - Grupos Funcionais
As formigas são componentes importantes de muitos ecossistemas por causa de sua
biomassa e do seu papel ecológico, cumprindo os cinco requisitos para ser um bom
bioindicador: vasta distribuição, abundância e diversidade; importância funcional nos
ecossistemas; sensíveis a alterações ambientais; facilidade de classificação de
amostragem, e identificação; permitem, portanto, a interpretação das alterações observadas.
O papel importante destes insertos como bioindicadores foi consolidado nas ciências
ambientais. Para facilitar esta interpretação, nas últimas duas décadas tem sido proposta e
aplicada a sua classificação em grupos funcionais (Greenslade, 1978; Andersen, 1995). Os
australianos mirmecólogos abriram o caminho (especialmente Greenslade e Andersen), uma
vez que, iniciaram e desenvolveram o corpo teórico de grupos funcionais, tendo em conta,
nomeadamente relações de dominância da fauna de formigas australianas.
Os mesmos critérios foram aplicados noutras áreas, como América do Norte e do
Mediterrâneo.
Baseados nos trabalhos desenvolvidos por Greenslade (1978) e Andersen (1995),
Roig e Espadaler (2010) (Figura 2), propuseram uma distribuição dos taxa de formigas em
oito grupos funcionais para a Península Ibérica e Ilhas Baleares da seguinte forma
(Figura 2):
-Invasivas e/ou exóticas (IE);
- Generalistas e/ou oportunistas (GO);
- Parasitas sociais (P);
- Predadores especializados (SP);
- Especialistas de madeira morta (CWDS);
-Especialistas em climas frios e /ou habitats de sombra (CCS/HS);
- Especialistas em climas quentes e / ou ambientes abertos (HCS/OH);
- Crípticas (C).
De uma forma prática e a fim de proporcionar uma ferramenta de gestão para áreas
naturais, os grupos funcionais propostos foram agrupados e ponderados pela sua
importância relativa. Assim, para fornecer uma primeira análise, foram agrupados os oito
grupos funcionais em três indicadores globais:
-"Indicador global de perturbação", que inclui os grupos funcionais IE e GO;
-"Indicador global de estabilidade", que inclui os grupos funcionais P, SP, CWDS,
CCS/ HS e HCS/OH;
- Por último um indicador apenas com o grupo funcional de formigas designadas
como Crípticas, sobre as quais existe pouco conhecimento (C).
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Estes indicadores quando aplicados a inventários de diferentes mirmecofaunas,
permitem-nos avaliar a “saúde” ambiental do ecossistema.
Os grupos funcionais apresentados por Andersen (1995) simplificam a avaliação de
comunidades de formigas, bem como fornecem informações mais explícitas sobre as
diferenças ambientais do que informação sobre as características da comunidade, como é o
caso da riqueza específica (Andrew et al., 2000; Hoffman e Andersen, 2003). Isto porque os
grupos funcionais de Andersen (1995) separam as diferentes formigas, de acordo com
interações competitivas, resposta a perturbações no ecossistema ou requisitos de habitat.
Figura 2 - Grupos funcionais propostos por Roig e Espadaler para a Península Ibérica.
1.3.3 - Características dos organismos em resposta às condições ambientais
O estudo de comunidades naturais pode ser realizado através de diferentes
abordagens. Por um lado, muitos autores reconhecem certas semelhanças
comportamentais e funcionais ao nível da comunidade que permitem estimar a sua estrutura
ou organização (Putman, 1994; Melville et al., 2006). Por outro lado, a busca por padrões
pode ser alcançada, concentrando-se também nas características da vida (traits) e
interações das espécies individualmente. Com essas informações, pode-se tentar construir
uma imagem da comunidade e do seu funcionamento. As espécies diferem umas das outras
em resposta às condições ambientais (adaptação), apresentando diferentes sensibilidades a
mudanças no ecossistema, e são diferentes de outras espécies, na forma como interagem
com os diferentes recursos (Wiens et al., 1986). Estas diferenças estão muitas vezes
relacionadas com os traits das espécies melhor adaptadas às condições bióticas e físicas de
determinado ecossistema (Chesson e Huntly, 1988). Estudos teóricos têm demonstrado que
os traits podem desempenhar um papel importante no estudo da ecologia e diversidade de
comunidades naturais (Chesson e Huntly, 1988; Sevenster e Van Alphen, 1993).
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Os traits das espécies, que incluem tanto características morfológicas e fisiológicas
que afetam, por exemplo a dieta, e características ecológicas e comportamentais que
determinam, por exemplo o habitat mais favorável (Futuyma e Moreno, 1988; Thygesen et
al., 2005), podem fornecer informação sobre os fatores que controlam a presença ou
ausência de determinadas espécies e, assim, fornecer informação sobre a composição das
comunidades. De todas as espécies que possuem a fisiologia mais adequada para lidar com
as condições ambientais prevalecentes de determinado ecossistema, apenas um pequeno
subconjunto é representativo da comunidade (Putman, 1994). A presença de certas
espécies e a sua abundância relativa depende das relações bióticas entre elas, e
principalmente das interações de competição (Pisarski e Vepsälainen, 1989; Putman, 1994;
Parr, 2008).
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2 - Objetivos
Com este estágio pretende-se aprofundar o conhecimento existente acerca das
espécies de formicídeos que existem no olival.
Pretende-se ainda calcular alguns índices de diversidade e tentar relacioná-los com o
sistema de cultivo do olival.
Finalmente pretende-se saber se alguma das espécies de formigas presentes poderá
ser utilizada como indicador biológico no olival.
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3 - Material e métodos
3.1- Caracterização dos olivais
Em maio de 2011, amostraram-se as comunidades de formigas em nove olivais de
sequeiro, localizados na região de Mirandela (ver Anexo 2), sujeitos a diferentes tipos de
gestão do solo: solo coberto por vegetação natural, solo coberto por leguminosas
semeadas, controlo da vegetação herbácea efetuado por aplicação de herbicidas na linha
de plantação e solo mobilizado.
Em cada olival, foram instaladas 16 armadilhas de queda contendo etilenoglicol,
colocadas a uma distância de 50 m umas das outras em quatro filas alternadas na linha de
plantação e na entrelinha.
Os olivais cujo solo se encontrava coberto por vegetação natural foram os olivais de
Guribanes e Cedães. O olival de Guribanes trata-se de um olival em modo de produção
biológico, principalmente com variedade Cobrançosa, situado a 258 m de altitude com uma
área de 2,1 ha. A sua topologia é inclinada e a precipitação média é de 520,1 mm. O modo
de produção biológico é utilizado neste olival há mais de cinco anos. No que respeita às
oliveiras, estas apresentam uma densidade de 124 árvores por hectare, com idades superior
a cem anos. O controlo de infestantes é realizado através do pastoreio feito pelo gado. O
olival de Cedães apresenta-se em modo produção integrado e está localizado a 342 m de
altitude com uma área de 8,9 ha. A sua topologia é inclinada e a precipitação média é de
520,1 mm. Este olival está, há mais de cinco anos, em sistema de produção integrada e é
constituído por árvores com 18 anos e uma densidade de 204 árvores por hectare. A
variedade mais representativa é a Cobrançosa e a gestão de infestantes é realizada apenas
por corte superficial.
Com o solo coberto por leguminosas semeadas foram selecionados os olivais de
Valbom e de S. Pedro BIO, ambos com a variedade Verdeal-transmontana como mais
representativa. O olival de Valbom está em modo de produção biológico, há mais de cinco
anos. Encontra-se a uma altitude de 372 m de altitude, com uma área de 4 ha. No que
respeita à sua topografia, trata-se de uma zona inclinada e a sua precipitação média é de
520,1 mm. Entre 2006 e 2008 a cobertura do solo era composta por vegetação natural e em
2008 foram semeadas leguminosas. A idade das árvores é superior a 70 anos e a sua
densidade é de 124 árvores por hectare. A gestão de infestantes é realizada por pastagem e
corte superficial. O outro olival, cujo solo se encontra coberto com leguminosas semeadas é
o olival de S. Pedro BIO, que se encontra em modo de produção biológico há mais de cinco
anos. Este está situado a 349 m de altitude, com uma área plana de 3,1 ha e precipitação
média de 520,1 mm. A densidade é de 124 árvores por hectare com idade superior a 100.
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Este olival foi semeado com leguminosas em Novembro de 2010, entre 2008 e 2010 a
vegetação natural era cortada e incorporada no solo. As infestantes atualmente são
controladas por corte superficial e depois são incorporadas no solo.
Foram selecionados para o estudo dois olivais cujo solo fosse regularmente
mobilizado e a esses correspondem os dois olivais de Avantos, um em modo de produção
biológico e o outro em produção integrada. O olival de Avantos (Avantos BIO) em modo de
produção biológico encontra-se neste regime agrícola há mais de cinco anos e a sua
variedade mais importante é a Verdeal-transmontana. Está localizado a uma altitude de 500
m, apresenta um solo plano com uma área de 1,5 ha e uma precipitação média de 520,1
mm. As suas oliveiras têm mais de 100 anos e a sua densidade é de 179 árvores por
hectare. As infestantes são controladas através de mobilização do solo. O outro olival de
Avantos (Avantos PRODI) encontra-se em modo de produção integrada há mais de cinco
anos e a variedade mais significativa é a Cobrançosa. Está localizado a 412 m de altitude,
quanto à sua topografia trata-se de um terreno inclinado, com uma área de 5,56 ha e
precipitação de 520,1 mm. As oliveiras que o constituem têm mais de 80 anos e a sua
densidade é de 100 árvores por hectare. A gestão de infestantes é realizada através de
mobilização de solo.
Por último, foram ainda, selecionados três olivais onde foi efetuado controlo da
vegetação herbácea por aplicação de herbicidas na linha de plantação, um em S. Pedro, um
em Suçães e outro em Paradela. O olival de S. Pedro PRODI encontra-se em modo de
produção integrada há mais de cinco anos e está localizado a 360 m de altitude, sendo
topograficamente plano, com uma área de 11,28 ha e com uma precipitação média de 520,1
mm. As suas árvores têm 10 anos e a sua densidade é de 204 árvores por hectare e a
variedade mais importante é a Cobrançosa. O controlo de infestantes é realizado através da
aplicação de glifosato na linha. O olival de Suçães também se encontra em modo de
produção integrada há mais de cinco anos e a sua variedade mais representativa é Verdeal-
transmontana. Encontra-se a uma altitude de 368 m, tem um terreno plano de 2,1 ha de
área e 520,1 mm de precipitação média anual. As suas oliveiras têm 75 anos e a sua
densidade é de 123,5 árvores por hectare O controlo de infestantes é realizado através da
aplicação de glifosato na linha. O olival de Paradela também se encontra no mesmo modo
agrícola que os últimos dois olivais à mais de cinco anos. Este olival localiza-se a 449 m de
altitude, é inclinado, tem uma área de 1,61 ha e a sua precipitação média é de 520,1 mm. As
oliveiras, principalmente das variedades Cobrançosa e Verdeal-transmontana, têm mais de
70 anos e densidade de 150 árvores por hectare. A vegetação natural é controlada com
glifosato nas linhas e entrelinhas.
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3.2 - Colheita e identificação de formicídeos
A colheita de formicídeos foi efetuada através da colocação em campo de armadilhas
de queda. Este tipo de armadilha, desenvolvida para recolher artrópodes, consiste na
colocação no solo de recipientes, os quais são preenchidos até metade da sua capacidade
com uma substância que mate e conserve os insetos.
Para a recolha dos formicídeos, em cada um dos olivais, foram colocadas 8
armadilhas de queda (Ø =115 mm, altura 130 mm) na linha e outras 8 na entrelinha em
quatro filas alternadas na linha de plantação e na entrelinha e distanciadas 45-50 m entre si.
Como líquido de captura foi utilizado etilenoglicol puro diluído a 50%. As armadilhas
permaneceram em campo durante sete noites e foram colocadas na linha debaixo da copa
da árvore a 50 cm da sapata na orientação sul e na entrelinha no centro de quatro árvores
(Figura 3).
Em laboratório, separaram-se os formicídeos dos outros artrópodes e depois foram
conservados em etanol a 70%, em tubos devidamente etiquetados. De seguida procedeu-se
à contagem e à identificação dos espécimens com recurso a uma lupa binocular e recorreu-
se principalmente a duas chaves taxonómicas. As chaves utilizadas foram a de Gómez e
Espadaler (2007) Collingwood e Prince (1998). Alguns espécimens foram confirmados por
Xavier Espadaler.
3.3 - Análise estatística
A abundância é um conceito estatístico muito utilizado na ecologia para determinar o
tamanho da população de uma espécie num determinado habitat e, neste caso, corresponde
ao número de indivíduos, por espécie recolhidos em cada olival.
Figura 3 - Colocação de armadilhas de queda.
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A riqueza específica também é um conceito estatístico muito utilizado na análise de
comunidades de formigas (Fleishman et al., 2000; Dunnet al., 2007) e corresponde ao
número de espécies de uma determinada região. A eficácia desta medida gera alguma
controvérsia, pois fornece relativamente pouca informação dentro das comunidades (York,
2000; Nakamura et al., 2007). No entanto, a riqueza específica é útil quando se estudam
várias comunidades, uma vez que existem muitos estudos que utilizam esta medição,
permitindo comparações entre diferentes bases de dados (York, 1994; Hoffman, 2000; Read
e Andersen, 2000; Cunningham et al., 2005).
O Índice de Simpson (D) é um índice de dominância e reflecte a probabilidade de
dois indivíduos escolhidos ao acaso na comunidade pertencerem à mesma espécie. Varia
de 0 a 1 e quanto mais alto for, maior a probabilidade de os indivíduos serem da mesma
espécie, ou seja, maior a dominância e menor a diversidade (Uramoto et al., 2005). É
calculado pela equação:
Em que:
S = Número total de espécies observadas na comunidade (riqueza);
pi = Frequência da espécie i na amostra;
Quanto maior for o valor de “D”, menor será a diversidade e maior será a dominância
de determinada espécie em relação às outras. No entanto, para facilitar a interpretação
deste índice, calculou-se o seu inverso (1/D). Assim é mais intuitivo, uma vez que, quanto
maior for o valor de “1/D”, compreendido entre 1 e “S”, maior é a diversidade de espécies e
menor a dominância.
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4 - Resultados
4.1 - Características dos organismos em resposta às condições ambientais
Durante este estágio pretendeu-se recolher informação, maioritariamente através de
pesquisa bibliográfica, acerca dos traits das formigas encontradas nos olivais de Trás-os-
Montes e Alentejo. A seleção foi baseada nas características que são reconhecidas como
ecologicamente importantes nas formigas. Existe muita informação sobre traits de formigas,
no entanto, é escassa, relativamente a algumas das características selecionadas, como é o
caso do tipo de solo que lhe é mais favorável (textura, pH, cobertura).
Na Tabela 1 são apresentados os traits das espécies de formigas encontradas em
olivais do Alentejo e nos olivais de Trás-os-Montes, selecionadas para este trabalho.
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Tabela 1 - Traits das espécies identificadas em Trás-os-Montes e no Alentejo1
1: (a) Gómez e Espadaler (2007); (b) Alonso (2000); (c) Arnan et al. (2011); (d) Collingwood e Prince (1998); (e) Dados do projeto PAS; * pH do solo dos locais onde foram recolhidas ** Textura do solo dos locais onde foram recolhidas *** Cobertura do solo dos locais onde foram recolhidas.
Grupo Funcional Espécie Categoria Padrão de cor Pubescência Tolerância a pH* Textura de solo** Cobertura de solo*** Hábitos alimentares Interação com hemípteros Distribuição Vertical Armadihas onde foram apanhadas Bx Alentejo Trás os montes
Aphaenogaster gibbosa Polimórficas (a) Unicolor (a) Não (a) 4,4/4,7/5,1/7,6/7 (e) Franco/Franco-Arenosa (e)
Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/
Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/
Aplicação de Herbicidas (e)
Sementes, outros artropodos (inclusivé outras
formigas), pétalas. As larvas e raínha também são
alimentadas por ovos tróficos postos pelas obreiras.
Não (b) S/Info Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)
Solenopsis sp. S/Info Unicolor (d) S/Info 4,7/4,8/4,9/5,1/7,6/8,5/8,6 (e) Franco/Franco-Arenosa/Fanco-Limosa (e)Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/
Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado (e)
Agressivas com outras formigas e roubam alimento.
(d)Não (b)
Nidificam no chão, em montes de areia e em
matéria orgânica. (b)Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)
Aphaenogaster senilis Monomórficas (a) Unicolor (a) Não (a) 5,1/6,6/6,8/7/7,6/7,7/8,4/8,5 (e)Franco-Arenosa/Fanco-
Limosa/Limosa/Franco (e)
Solo Coberto c/ Leguminosas Semeadas; Solo
Mobilizado (e)
Sementes, outros artropodos (inclusivé outras
formigas), pétalas. As larvas e raínha também são
alimentadas por ovos tróficos postos pelas obreiras.
Não (b) Nidificam no chão, em montes de areia. (d) Solo (pittfall) e copa (e) Presente (e)
Cardiocondyla batesii S/Info Bicolor (d) Sim, muito pouca (a) 8,5 (e) Franco-Limosa (e) Vegetação Natural (e) S/Info S/Info Nidificam no chão. (d) Solo (pittfall) (e) Presente (e)
Crematogaster auberti Monomórficas (c) Unicolor (a)Sim (muito pouca), poucas
quetas (a)
4,6/4,7/4,8/4,9/6,6/7/7,6/7,1/
8,4/8,5 (e)Franco-Arenosa/Fanco-Limosa/Franco (e)
Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/
Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/
Aplicação de Herbicidas (e)
Exsudados de pulgões. (d) Sim (d)Arborícolas,nidificam em troncos ocos e galhos.
(b)Solo (pittfall) e copa (e) Presente (e) Presente (e)
Crematogaster scutellaris Monomórficas (c) Bicolor (d) Sim, poucas quetas (a) 4,4/4,6/4,7/4,8/5,1/6,6/7,1/7,6/ 8,4 (e) Franco-Arenosa/Fanco-Limosa/Franco (e)
Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/
Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/
Aplicação de Herbicidas (e)
Exsudados de pulgões. (d) Sim (d)Arborícolas,nidificam em troncos ocos e galhos.
(b)Solo (pittfall) e copa (e) Presente (e) Presente (e)
Crematogaster sordidula Monomórficas (c) Unicolor (a) Não, muitas quetas (a) 7/8,4 (e) Franco-Arenosa/Fanco-Limosa (e)Vegetação Natural com trevos semeados/Sem Vegetação
(e)Exsudados de pulgões. (d) Sim (d)
Arborícolas,nidificam em troncos ocos e galhos.
(b)Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)
Pheidole pallidula Polimórficas (a) Unicolor (a) Não, muitas quetas (a) 6,8/7/7,6/7,7/8,4/8,5 (e)Franco-Arenosa/Limosa/Fanco-Limosa/
Franco €
Vegetação Natural com leguminosas semeadas/Sem
Vegetação (e)
Insectos vivos ou mortos, desperdicios vegetais e
animais ou material açucarado. (d)Não (d) Nidificam no solo, algumas em madeira podre. (b) Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)
Plagiolepis pygmaea Monomórficas (c) Unicolor (a)Sim (muito pouca), poucas
quetas (a)
4,4/4,6/4,7/4,8/4,9/5,1/6,6/6,8/7/7,1/7,
7/8,4/8,5 (e)
Franco-Arenosa/Limosa/Fanco-
Limosa/Franco (e)
Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/
Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/
Aplicação de Herbicidas (e)
Predação de ácaros e outros artrópodes pequenos
aparentemente sem atacar outras formigas. (d)Não (d)
Vivem em madeira podre,entre matéria orgânica e
rochas, principalmente em áreas florestais. (d)Solo (pittfall) e copa (e) Presente (e) Presente (e)
Plagiolepis schmitzi S/Info Unicolor (d)Sim (muito pouca), poucas
quetas (a)6,8/7/7,6/7,7 (e) Franco-Arenosa/Limosa (e)
Vegetação Natural com trevos semeados/Sem Vegetação
(e)
Predação de ácaros e outros artrópodes pequenos
aparentemente sem atacar outras formigas. (d)Não(d)
Vivem em madeira podre,entre matéria orgânica e
rochas, principalmente em áreas florestais. (d)Solo (pittfall) e copa (e) Presente (e)
Tapinoma nigerrimum Polimórficas (d) Unicolor (a) Sim (a)4,4/4,7/4,8/4,9/5,1/6,6/6,8/7/
7,1/7,6/7,7/8,4/8,5 (e)
Franco-Arenosa/Limosa/Fanco-
Limosa/Franco (e)
Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/
Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/
Aplicação de Herbicidas (e)
Forrageiras e Exsudados de pulgões (b) Sim (a)Nidificam numa variedade de locais, nas calçadas,
no chão, debaixo de pedras, árvores, etc. (a)Solo (pittfall) e copa (e) Presente (e) Presente (e)
Tapinoma simrothi Monomórficas (d) Unicolor (a) Sim (a) 6,6/6,8/7/7,7/8,4/8,5 (e) Franco-Arenosa/Limosa/Fanco-Limosa (e)Vegetação Natural com trevos semeados/Sem Vegetação
(e)Forrageiras e Exsudados de pulgões (b) Sim (a) S/Info Solo (pittfall) e copa (e) Presente (e)
Tapinoma madeirense S/Info Unicolor (a) Sim (a) 4,6/ 4,7/7,1/8,5 (e) Fanco-Limosa/ Franco arenosa (e)Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo c/ Aplicação de
Herbicidas (e)Forrageiras e Exsudados de pulgões (b) Sim (a) S/Info Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)
Tetramorium bikrense S/Info Unicolor (d) S/Info 7,7 (e) Limosa (e) Sem Vegetação (e) Forrageiras (b) Não (b)Nidificam em montículos de calhaus secos e em
muros virados a sul. (d)Solo (pittfall) (e) Presente (e)
Tetramorium semilaeve Monomórficas (c) Unicolor (a) Não (a)4,4/4,6/4,7/4,8/4,9/5,1/6,6/6,8/7/7,1/7,
6//7,7/8,4/8,5 (e)
Franco-Arenosa/Limosa/Fanco-
Limosa/Franco (e)
Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/
Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/
Aplicação de Herbicidas (e)
Forrageiras (b) Não (b)Nidificam em montículos de calhaus secos e em
muros virados a sul. (d)Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)
Tetramorium forte S/Info Unicolor (a) Não (a) 4,4/4,6/4,7/4,8/4,9/5,1/6,8/7,1/ 7,6 (e) Franco-Arenosa/Franco/Franco Limoso (e)
Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/
Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/
Aplicação de Herbicidas (e)
Forrageiras (b) Não (b)Nidificam em montículos de calhaus secos e em
muros virados a sul. (d)Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)
Camponotus piceus Polimórficas (a) Unicolor (d) Não (d) 4,7/5,1/7,6 (e) Franco/Franco-Arenoso (e) Solo Coberto c/ Leguminosas Semeadas; Solo
Mobilizado (e)Forrageiras (b) Não (b)
Nidificam no solo, em madeira morta, dentro e sob
árvores. (b)Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)
Camponotus micans Polimórficas (a) Unicolor (d) Sim, muito pouca (d) 8,5 (e) Fanco-Limosa (e) Vegetação Natural (e) Forrageiras (b) Não (b)Nidificam no solo, em madeira morta, dentro e sob
árvores. (b)Solo (pittfall) (e) Presente (e)
Camponotus pilicornis Polimórficas (a) Bicolor (d) Não, poucas quetas (a) 4,4/4,7/4,8/6,8/7,6 (e) Franco-Arenosa/Franco (e) Solo Coberto c/ Leguminosas Semeadas; Solo
Mobilizado (e)Forrageiras (b) Não (b)
Nidificam no solo, em madeira morta, dentro e sob
árvores. (b)Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)
Camponotus sylvaticus Polimórficas (a) Bicolor (d) Sim (d) 6,6/6,8/7,6/ 8,4 (e) Franco-Arenosa/Fanco-Limosa (e)Vegetação Natural com trevos semeados /Sem
Vegetação (e)Forrageiras e Exsudados de pulgões (b) Sim (a)
Nidificam no solo, em madeira morta, dentro e sob
árvores. (b)Solo (pittfall) (e) Presente (e)
Cataglyphis iberica Polimórficas (c) Unicolor (d) Não (d) 6,6/6,8 (e) Franco-Arenosa (e) Vegetação Natural com trevos semeados (e) Cadáveres de insectos, ocasionalmente néctar. (d) Não (b) Nidificam no solo. (b) Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)
Cataglyphis hispanica S/Info Unicolor (d) Não (d)4,4/4,7/4,8/4,9/5,1/6,6/6,8/7/ 7,6/8,4
(e)Limosa/Franco/Franco-Arenoso (e)
Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/
Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/
Aplicação de Herbicidas (e)
Cadáveres de insectos, ocasionalmente néctar. (d) Não (d) Nidificam no solo. (b) Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)
Cataglyphis rosenhaueri Polimórficas (c) Bicolor (d) S/Info 6,8 (e) Franco-Arenosa (e) Vegetação Natural (e) S/Info S/Info Nidificam no solo. (b) Solo (pittfall) (e) Presente (e)
Formica cunicularia S/Info Bicolor (d) Não, poucas quetas (a) 8,5 (e) Fanco-Limosa (e) Vegetação Natural (e)Predação de artrópodes e Exsudados de pulgões.
(d)Sim (d) Nidificam no solo. (b) Solo (pittfall) (e) Presente (e)
Formica subrufa Monomórficas (c) Unicolor (d)Sim (muito pouca), poucas
quetas (a)4,7/7/7,6/8,4 (e) Franco-Arenosa/Fanco-Limosa/Franco (e)
Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/
Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado (e)
Predação de artrópodes e Exsudados de pulgões.
(d)Sim (d) Nidificam no solo. (b) Solo (pittfall) e copa (e) Presente (e) Presente (e)
Goniomma hispanica Monomórficas (d) Unicolor (d)Sim (muito pouca), muitas
quetas (a)4,4/ 4,7/4,9/7,1/7,6 (e) Franco-Arenosa/Franco/Franco Limosa (e)
Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/
Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/
Aplicação de Herbicidas (e)
Coletoras de sementes. (d) Não (d) Nidificam em solo nú. (d) Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)
Messor barbarus Polimórficas (b) Bicolor (d) Não, muitas quetas (a)4,4/4,6/4,7/4,8/4,9/5,1/6,6/6,8/7/7,1/7,
6/7,7/8,4/8,5 (e)
Franco-Arenosa/Limosa/Fanco-
Limosa/Franco (e)
Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/
Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/
Aplicação de Herbicidas (e)
Coletoras de sementes. (d) Não (d) Nidificam no solo. (b) Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)
Messor capitatus Polimórficas (d) Unicolor (a) Não, muitas quetas (a) 4,6/4,7/5,1/6,6/6,8 (e) Franco-Arenosa (e)Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/
Leguminosas Semeadas €Coletoras de sementes. (d) Não (d) Nidificam no solo. (b) Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)
Messor bouvieri Polimórficas (d) Unicolor (a) Não, muitas quetas (a) 4,4/4,7/4,9/7,6 (e) Franco/Franco-Arenosa (e)
Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Coberto c/
Leguminosas Semeadas; Solo Mobilizado; Solo c/
Aplicação de Herbicidas (e)
Coletoras de sementes. (d) Não (d) Nidificam no solo. (b) Solo (pittfall) (e) Presente (e)
Proformica nasuta S/Info Unicolor (d) S/Info 4,7 (e) Franco-Arenosa (e) Solo Coberto c/ Vegetação Natural (e) S/Info S/Info S/Info Solo (pittfall) (e) Presente (e)
SP- Predadores
especializados Hypoponera eduardi S/Info Unicolor (d) Sim (a) 6,8 (e) Franco-Arenosa (e) Vegetação Natural (e) Forrageiras (b) Não (b) Nidificam no Solo, em matéria orgânica. (b) Solo (pittfall) (e) Presente (e)
Lasius grandis S/Info Unicolor (d) Sim , muitas quetas (a) 4,6/ 4,7/4,8/6,8/8,5 (e) Franco-Arenosa/Fanco-Limosa (e) Solo Coberto c/ Vegetação Natural; Solo Mobilizado; Solo
c/ Aplicação de Herbicidas (e)
Predação de artrópodes (inclusivé pulgões) e
Exsudados de pulgões. (d)Sim (d)
Nidificam no solo,podem ser arborícolas e
subterrâneas. (b)Solo (pittfall) (e) Presente (e) Presente (e)
Lasius lasioides S/Info Unicolor (d)Sim (muito pouca), poucas
quetas (a)7,7/8,4 (e) Franco-Arenosa/Fanco-Limosa/Limosa (e) Sem Vegetação (e)
Predação de artrópodes (inclusivé pulgões) e
Exsudados de pulgões. (d)Sim (d)
Nidificam no solo,podem ser arborícolas e
subterrâneas. (b)Solo (pittfall) e copa (e) Presente (e)
C - Crípticas
GO - Generalistas/
Oportunistas
HCS/OH - Especialistas
em climas quentes e/ou
ambientes abertos
CCS/CH - Especialistas
em climas frios e /ou
habitats de sombra
Página | 20
4.2 - Composição, abundância e riqueza específica da comunidade de formigas
Na Tabela 2 é apresentada a composição, a abundância, grupos funcionais e a
riqueza específica dos formicídeos identificados durante este estudo. Dos oito grupos
funcionais apresentados por Roig e Espadaler (2010) apenas foram encontradas espécies
pertencentes aos seguintes grupos funcionais: Generalistas e / ou oportunista (GO),
Parasitas sociais (P), especialistas de climas frios e/ou habitats de sombra (CCS/SH),
especialistas em climas quentes e/ou habitats abertos (HCS /OH) e Crípticas (C).
Tabela 2- Composição, abundância, grupos funcionais e riqueza específica
Cedães Guribanes Valbom S.P.BIO Avantos BIO Avantos PROD S.P.PROD Suçães Paradela
Aphaenogaster gibbosa C 0 3 10 0 11 1 0 0 1
Aphaenogaster senilis GO 0 0 3 0 0 0 0 0 0
Camponotus piceus HCS/OH 0 0 3 0 11 5 0 0 0
Camponotus pilicornis HCS/OH 0 0 1 0 2 5 0 0 6
Camponotus fallax HCS/OH 0 0 0 0 1 0 0 0 0
Camponotus cruentatus HCS/OH 0 1 2 0 0 1 0 0 1
Camponotus aethiops HCS/OH 0 0 0 0 10 2 0 0 5
Camponotus lateralis CCS/SH 0 0 3 0 0 2 0 0 0
Cataglyphis hispanica HCS/OH 41 44 26 33 106 20 0 0 4
Cataglyphis sp. HCS/OH 464 124 87 60 253 26 77 0 19
Crematogaster auberti GO 78 19 57 0 311 16 105 1 19
Crematogaster scutellaris GO 0 0 4 15 3 24 11 2 24
Formica subrufa HCS/OH 0 8 1 0 0 64 0 0 0
Formica gerardi HCS/OH 0 0 0 0 0 2 0 0 0
Formica sp. HCS/OH 0 0 0 0 0 0 0 1 0
Goniomma hispanica HCS/OH 16 9 167 0 0 1 2 0 30
Lasius meridionalis P 0 0 0 0 0 0 0 1 0
Lasius grandis CCS/SH 0 7 0 0 2 0 0 2 0
Lasius bruneus CCS/SH 0 0 0 1 0 0 0 0 0
Messor barbarus HCS/OH 822 377 1450 736 152 87 407 147 15
Messor bouvieri HCS/OH 133 2 15 0 0 1 0 0 2
Messor capitatus HCS/OH 118 8 0 0 0 0 0 0 0
Pheidole pallidula GO 0 0 2 0 0 0 0 0 0
Plagiolepis pygmaea GO 100 4 6 3 17 0 5 1 5
Proformica nasuta HCS/OH 0 45 0 0 0 0 0 0 0
Solenopsis sp. C 6 0 1 1 1 1 0 0 0
Tapinoma madeirense GO 0 2 0 0 0 0 4 1 0
Tapinoma nigerrimum GO 2942 55 2314 2 817 1 982 0 40
Tapinoma erraticum GO 0 0 1 0 0 0 0 0 0
Tetramorium forte GO 553 89 1 103 111 218 126 394 39
Tetramorium semilaeve GO 68 22 15 1 2 0 20 16 5
Tetramorium sp. GO 0 0 0 0 0 2 0 0 0
Total por olival 5341 819 4169 955 1810 479 1739 566 215
Total por maneio
Riqueza específica 12 17 21 10 16 19 10 10 15
2289 2520
Solo c/ Aplicação de
HerbicidasSolo Mobilizado
Especies
Solo Coberto c/
Vegetação Natural
Solo Coberto c/
Leguminosas
SemeadasGrupos Funcionais
6160 5124
Página | 21
Das 32 espécies identificadas selecionaram-se as cinco espécies mais abundantes
em todos os olivais: Cataglyphis sp., Crematogaster auberti, Messor barbarus, Tapinoma
nigerrimum e Tetramorium forte (Figura 4).
Em todos os olivais, de acordo com o tipo de gestão de solo (A, B, C e D), a espécie
Tapinoma nigerrimum surge com maior percentagem de abundância (49%, 45%, 36% e
41%, respetivamente). No conjunto de olivais com solo coberto por vegetação natural e por
leguminosas semeadas a espécie Messor barbarus é a menos abundante destas 5
espécies.
Das cinco espécies mais abundantes, três são bioindicadoras de perturbação
(Tapinoma nigerrimum, Crematogaster auberti e Tetramorium forte) e duas de estabilidade
(Messor barbaruse Cataglyphis sp.).
10
2
19
49
10
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50A
31
43
45
2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50B
1214
10
36
14
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Cataglyphis sp. Crematogasterauberti
Messorbarbarus
Tapinomanigerrimum
Tetramoriumforte
C
45
23
41
22
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Cataglyphis sp. Crematogasterauberti
Messorbarbarus
Tapinomanigerrimum
Tetramoriumforte
D
% A
bu
nd
ân
cia
Figura 4 - Comparação da abundância das 5 espécies mais importantes por tipo de gestão de solo.
A - Solo coberto por vegetação natural; B - Solo coberto com leguminosas semeadas;
C - Solo mobilizado; D - Solo com aplicação de herbicidas.
Página | 22
Para o estudo da riqueza específica juntaram-se os olivais novamente por tipo de
gestão do solo e contabilizou-se o número de espécies existente (Figura 5).
Figura 5 - Riqueza específica por tipo de gestão de solo de solo.
Na Figura 5 pode-se observar que os olivais com maior riqueza específica são os
olivais cujo solo foi mobilizado. Em contrapartida, os olivais com o solo coberto com
vegetação natural apresentam o valor de riqueza específica mais baixo.
18
2223
19
0
5
10
15
20
25
Solo Coberto c/Vegetação Natural
Solo Coberto c/Leguminosas
Semeadas
Solo Mobilizado Solo c/ Aplicação deHerbicidas
Riq
ue
za
Esp
ecífic
a
A - Solo coberto por vegetação natural; B - Solo coberto com leguminosas semeadas;
C - Solo mobilizado; D - Solo com aplicação de herbicidas.
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Para a determinação do grau de perturbação dos olivais, por tipo de gestão do solo,
aplicou-se a cada espécie encontrada, o grupo funcional correspondente. De seguida
contabilizaram-se quantas espécies diferentes existiam, de acordo com o seu grupo
funcional e por fim foram calculadas as percentagens de bioindicação (Figura 6).
Figura 6 - Indicadores do estado de perturbação de acordo com os grupos funcionais
Os olivais que apresentaram maior taxa de estabilidade foram os olivais com o solo
mobilizado (61%). No caso dos olivais com o solo coberto por leguminosas semeadas, a
taxa de estabilidade e a taxa de perturbação estão muito próximas (41% e 50%,
respetivamente).
33
56
11
0
10
20
30
40
50
60
70
80A
41
50
9
0
10
20
30
40
50
60
70
80
B
30
61
9
0
10
20
30
40
50
60
70
Perturbação Estabilidade Crípticas
C
39
56
6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Perturbação Estabilidade Crípticas
D
% B
ioin
dic
açã
o
A - Solo coberto por vegetação natural; B - Solo coberto com leguminosas semeadas;
C - Solo mobilizado; D - Solo com aplicação de herbicidas.
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O índice de Simpson (D) foi calculado para cada olival individualmente (Figura 7).
Para facilitar a interpretação deste índice, calculou-se o inverso (1/D) e representou-se
graficamente, uma vez que, desta forma a relação entre o inverso e a diversidade passa a
ser direta, ou seja, quanto maior for “1/D”, maior será a diversidade.
Figura 7 - Índice de diversidade (1/D)
Analisando o gráfico da Figura 7 pode-se constatar que os olivais que apresentam
valores de “1/D” mais elevados são os olivais de Paradela e de Guribanes (8,14 e 3,86,
respetivamente). Os olivais com menores valores são S. Pedro BIO e Suçães (1,64 e 1,81,
respetivamente).
2,88
3,86
2,32
1,64
3,74 3,75
2,60
1,81
8,14
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
Cedães Guribanes Valbom São PedroBIO
AvantosBIO
AvantosPRODI
São PedroPRODI
Suçães Paradela
índic
e d
e d
ivers
idade (
1/D
)
Página | 25
5 - Discussão
Neste estudo foram recolhidas 16093 formigas distribuídas por 14 géneros. Nestes
géneros foram identificadas 29 espécies, surgiram, no entanto, espécimes que só foi
possível identificar até ao género (Cataglyphis sp., Formica sp. e Tetramorium sp.).
Do total de formicídeos, 6160 indivíduos foram capturados nos olivais com solo
coberto com vegetação natural, 5124 nos olivais com o colo coberto com leguminosas
semeadas, 2289 nos olivais com solo mobilizado e 2520 nos olivais com o solo com
aplicação de herbicida. Os olivais em que o solo foi mobilizado ou aplicado herbicida
apresentaram menor número de indivíduos, cerca de metade do número de indivíduos
capturados nos outros olivais (menos intervencionados). Este facto pode ser explicado
devido aos hábitos alimentares, uma vez que, a grande maioria das espécies encontradas
necessitam da vegetação, quer seja para a recolha de sementes, frutos ou outros produtos.
Muitas das espécies alimentam-se de exsudados de afídeos que também necessitam
obrigatoriamente da vegetação para se alimentarem (Collingwood e Prince, 1998).
Nos olivais com solo coberto por vegetação natural, no que diz respeito a
abundância, 49% corresponde a Tapinoma nigerrimum, 19% a Messor barbarus, 10% a
Cataglyphis sp., 10% a Tetramorium forte e 2% a Crematogaster auberti. Nos olivais com
solo semeado com leguminosas a abundância das Tapinoma nigerrimum e Messor barbarus
corresponde a 88% (45% e 43%, respetivamente). Nos olivais mobilizados, destaca-se
Tapinoma nigerrimum com 36%, no entanto a abundância das restantes espécies é muito
aproximada (Crematogaster auberti 14%, Tetramorium forte 14% Cataglyphis sp. 12% e
Messor barbarus 10%). Nos olivais com aplicação de herbicida 41% corresponde à
abundância da Tapinoma nigerrimum, seguido de Messor barbarus eTetramorium forte com
23% e 22% respetivamente, 4% Cataglyphis sp.e 5% Crematogaster auberti.
No que respeita à riqueza específica, os olivais com o solo coberto por vegetação
natural e os olivais com aplicação de herbicida apresentaram o menor número de espécies
(18 e 19, respetivamente). Nos olivais cujo solo se encontrava coberto por leguminosas
semeadas foram identificadas 22 espécies diferentes. E os olivais que apresentaram maior
valor de riqueza específica foram os olivais cujo solo foi mobilizado, onde apareceram 23
espécies diferentes.
Neste trabalho as espécies encontradas pertencem apenas a cinco grupos funcionais
(GO, HCS/OH, CCS/SH, P, C). De acordo com os grupos funcionais, todos os olivais
apresentam um elevado grau de estabilidade, isto devido ao grande número de espécies
indicadoras de estabilidade encontrado (Roig e Espadaler, 2010). No entanto, a
percentagem de bioindicação dos olivais com o solo coberto por leguminosas semeadas, a
diferença entre a percentagem de perturbação e a percentagem de estabilidade estão muito
Página | 26
próximas (41% e 50%, respetivamente), uma vez que aqui surgiram mais espécies
indicadoras de perturbação. Os olivais onde a percentagem de estabilidade é claramente
mais elevada são os olivais com o solo mobilizado.
Depois de aplicado o inverso do índice de diversidade, a cada olival individualmente,
foi possível constatar que o olival de São Pedro BIO foi o que apresentou o menor índice
(1,64), o que significa que existem espécies que são dominantes neste olival, ou seja,
existem espécies com muito mais indivíduos que outras e por outro lado a sua riqueza é de
apenas 10 espécies. Observando a Tabela 1, na coluna de São Pedro BIO pode-se
constatar que o número de indivíduos de Messor barbarus (736 indivíduos) é muito mais
elevado que o número de indivíduos de qualquer uma das outras espécies ali encontradas.
A diferença entre a espécie mais numerosa (Messor barbarus) e a menos numerosa
(Tetramorium semilaeve) é na ordem de várias centenas. Por outro lado, o olival com maior
índice foi o olival de Paradela (8,14) apresentando maior diversidade e, consequentemente,
menor dominância, uma vez que, o número de indivíduos de cada espécie é muito
semelhante, havendo apenas uma diferença na ordem das dezenas.
Página | 27
6 – Comentários e sugestões
A informação relativa às características dos organismos em resposta às condições
ambientais, mais concretamente, acerca das formigas da Península Ibérica, é muito
escassa. Essa falta de informação refletiu-se na dificuldade de obtenção de dados para a
elaboração da tabela relativa às características das espécies encontradas em Trás-
os-Montes e Alentejo. No entanto, os dados obtidos e organizados na Tabela 1, através da
revisão bibliográfica, será certamente útil para futuros estudos relacionados com traits em
Portugal.
Com o decorrer do presente trabalho constatou-se que existe ainda alguma
dificuldade na identificação das espécies de formigas, quer seja pela existência de
características morfológicas difíceis de observar, quer seja pela falta de clareza de alguns
pontos das chaves taxonómicas. Uma forma encontrada para o esclarecimento de dúvidas
relativas à identificação de espécies, foi através do contato com o professor Espadaler, que
respondeu, muitas vezes com imagens bastante esclarecedoras.
Para facilitar o uso da chave taxonómica de Collingwood e Prince (1998) traduziu-se
a parte referente às espécies principais encontradas em Portugal continental (ver Anexo 3).
Esta tradução revelou-se particularmente útil na identificação das espécies do género
Camponotus sp., que não existe na chave de Gómez e Espadaler (2007).
Página | 28
7 - Conclusão
O olival para a produção de azeite ocupa uma área muito significativa na região de
Trás-os-Montes.
As práticas agrícolas têm sofrido, nos últimos anos, um progresso muito importante,
para o aumento de produção e muitas vezes este progresso é negativo para o ambiente.
Uma forma sustentável de monitorizar a perturbação de determinado modo de
produção agrícola é através da utilização de bioindicadores.
Devido à sua natureza ubíqua utilizam-se, frequentemente, invertebrados como
bioindicadores e destes, as formigas têm-se revelado muito úteis, na monitorização de
perturbações ambientais em determinados ecossistemas. As formigas são consideradas
excelentes bioindicadores, uma vez que, surgem praticamente em todos os locais, são muito
abundantes e diversificadas, têm grande importância funcional nos ecossistemas, são
sensíveis a alterações ambientais e a sua amostragem e identificação é bastante simples e
económica.
Na Península Ibérica estão confirmadas cerca de 270 espécies de formigas
distribuídas por mais de 40 géneros.
Uma forma que frequentemente se utiliza, para interpretar a possível informação que
se pode retirar das formigas como bioindicadores, é a atribuição de grupos funcionais às
diferentes espécies. Estes grupos funcionais são ainda agrupados em três indicadores
globais de perturbação que permitem verificar se determinado ecossistema se encontra
perturbado ou se está estável.
Uma forma de estudo da ecologia e diversidade de comunidades naturais, em busca
de padrões, pode ser o estudo de traits das espécies. Os traits podem fornecer informação
acerca de fatores que controlam a presença ou ausência de determinada espécie num
ecossistema.
Nos olivais em estudo foram recolhidas 16093 formicídeos, pertencentes a 32
espécies diferentes. O olival onde foi recolhido o maior número de exemplares foi o olival de
Cedães (5341 exemplares). Quando se agruparam os olivais por tipo de gestão de solo, foi
nos olivais com o solo coberto por vegetação natural que se capturaram o maior número de
exemplares.
O olival com maior riqueza específica foi o olival de Valbom onde se identificaram 21
espécies, seguido de Avantos PRODI com 19 espécies diferentes.
Por tipo de gestão de solo, os olivais com solo mobilizado foram os que
apresentaram maior riqueza específica (23 espécies diferentes), embora existam diferenças
consideráveis no número de espécies de cada olival (21 em Valbom e 10 em S. Pedro Bio).
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Os olivais com o solo coberto por vegetação natural, pelo contrário, apresentaram menor
riqueza específica (18 espécies diferentes no conjunto dos 2 olivais).
De acordo com o estado de perturbação dos olivais, por tipo de gestão de solo,
aplicando os grupos funcionais, conclui-se que todos os olivais se encontravam num estado
de estabilidade, sendo os olivais com o solo mobilizado que apresentaram maior taxa (61%).
Os olivais com o solo coberto por leguminosas semeadas apresentam a taxa de perturbação
muito próxima da taxa de estabilidade (50% e 61%, respetivamente).
Conclui-se, também, através do Índice de Simpson, que o olival de São Pedro BIO
apresenta a maior dominância de espécies e uma das menores riquezas específicas,
enquanto o olival de Paradela é o que apresenta maior riqueza específica e uma menor
dominância entre espécies.
Página | 30
8 - Referências bibliográficas
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ANEXOS
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Anexo 1 – Concelhos constituintes da Terra Quente Transmontana.
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Anexo 2 – Localização dos Olivais
Olivais com solo coberto por vegetação natural:
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Olivais com solo coberto por leguminosas semeadas:
Olivais com solo mobilizado:
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Olivais com aplicação de herbicidas na linha de plantação:
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(continua)
(continuação)
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Página | 45
Anexo 3 - Adaptação e tradução do guia para a classificação de formigas de Portugal
Continental de CedricCollingwood& Anthony Prince: “A GUIDE TO ANTS OF
CONTINENTAL PORTUGAL (Hymenoptera;Formicidae)” ,parte do “Suplemento nº5
BOLETIM DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE ENTOMOLOGIA, LISBOA, 1998”.