regina greyce da silva pereira impacto … greyce da silva pereira impacto da saÚde bucal na...
TRANSCRIPT
Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas Integradas
Área de Concentração em Biociências
REGINA GREYCE DA SILVA PEREIRA
IMPACTO DA SAÚDE BUCAL NA QUALIDADE DE VIDA DA GESTANTE
Cuiabá, 2015
REGINA GREYCE DA SILVA PEREIRA
IMPACTO DA SAÚDE BUCAL NA QUALIDADE DE VIDA DA GESTANTE
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Odontológicas Integradas, da Universidade de Cuiabá – UNIC, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Ciências Odontológicas Integradas, Área de Concentração em Biociências. Orientadora: Profª. Drª. Evanice Menezes Marçal Vieira. Coorientadora: Profª. Drª. Andreza Maria Fábio Aranha.
Cuiabá, 2015
FICHA CATALOGRÁFICA Catalogação na Fonte
Normalização e Ficha Catalográfica Valéria Oliveira dos Anjos Bibliotecária – CRB1/1713
P414i Pereira, Regina Greyce da Silva.
Impacto da saúde bucal na qualidade de vida da gestante / Regina Greyce da Silva Pereira – Cuiabá: Universidade de Cuiabá - UNIC, 2015.
67 f. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Ciências Odontológicas Integradas da Universidade de Cuiabá – UNIC, para obtenção do título de Mestre em Ciências Ontológicas.
Orientadora: Profª Drª Evanice Menezes Marçal Vieira. 1. Odontologia 2. Saúde Bucal. 3. Gestante. I. Título.
CDU: 616.31
REGINA GREYCE DA SILVA PEREIRA
IMPACTO DA SAÚDE BUCAL NA QUALIDADE DE VIDA DA GESTANTE
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Odontológicas Integradas, da Universidade de Cuiabá – UNIC, como requisito para obtenção do Título de Mestre em Ciências Odontológicas Integradas – Área de Concentração Biociências.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________ Orientadora: Profª. Drª. Evanice Menezes Marçal Vieira
______________________________________________________ Membro Titular: Profa. Drª. Andreza Maria Fábio Aranha
______________________________________________________ Membro Titular Externo: Profª. Annelita Almeida Oliveira Reiners
Cuiabá, _____ de _____________ de 2015.
Conceito Final: _____________
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Grata a Deus pelo dom da vida, pelo seu amor infinito. Sem Ele nada sou. Mesmo sem merecer, Deus tem me presenteado todos os dias com seu infinito amor.
Agradeço aos milagres da minha vida, que sofrem os impactos das minhas decisões, mas suportam, compreenden, resistem, aprendem e convivem com essas escolhas e continuam me apoiando e me amando incondicionalmente Teracs Sobré Marciano Ribeiro Filho, Thierry Leonardo Marciano Ribeiro Leonardo e Gaspar Marciano de Oliveira Neto, meus filhos queridos e muito amados, minha família eterna.
A minha família: pais, sobrinhos, noras, enteada, netos postiços e em especial as minhas irmãs Andreya Cristhyne e Adryana Cristhyna, ombros mais queridos nesta caminhada.
Ao Teles, o amor mais puro e sincero, com quem compartilho a realização de todos os meus desejos e sonhos, agora parte dele concretizado. Guardo-o com carinho em meu coração.
Aos Professores do curso de Mestrado em Ciências Odontológicas Integradas da Universidade de Cuiabá – UNIC, Alessandra Nogueira Porto, Alex Semenoff Segundo, Alexandre Meireles Borba, Álvaro Henrique Borges, Andreza Maria Fábio Aranha, Artur Aburad de Carvalhosa, Cyntia Rodrigues de Araujo Estrela, Evanice Menezes Marçal Vieira, Fábio Luís Miranda Pedro, Luiz Evaristo Ricci Volpato, Mateus Rodrigues Tonetto, Matheus Coelho Bandéca, Orlando Aguirre Guedes, Suzane A Raslan e Tereza Aparecida D. V. Semenoff que nos deixaram usufruir de seus conhecimentos, desses momentos de convívio agradáveis e proveitosos. Aprendemos muito mais que ser mestres, tornamo-nos pessoas melhores e formamos uma grande família.
Ao Reitor da Universidade de Cuiabá – UNIC, Rui Fava.
Ao Pró Reitor Acadêmico da Universidade de Cuiabá – UNIC, José Cláudio Perecin.
À Pró Reitora Administrativa e Diretora de unidade da Universidade de Cuiabá – UNIC, Simone Cristina de Castro Wojcicki.
Ao Diretor de Pós-Graduação Stricto Sensu da Kroton, Prof. Dr. Helio Suguimoto.
À Coordenadora de Pesquisa e Pós-Graduação - Stricto Sensu da Universidade de Cuiabá – UNIC, Lucélia de Oliveira Santos.
Ao Coordenador do Mestrado em Ciências Odontológicas Integradas da Universidade de Cuiabá – UNIC, Prof. Dr. Álvaro Henrique Borges.
Ao Diretor da Faculdade de Odontologia da Universidade de Cuiabá – UNIC, Fábio Luis Miranda Pedro.
Às secretárias do Programa de Mestrado da Universidade de Cuiabá, Josieire Marques Missias e Cátia Balduíno Ferreira.
À Drª. Evanice Menezes Marçal Vieira, orientadora, pela paciência, atenção e dedicação do seu tempo para me orientar neste trabalho. Além disso, grande amiga, que tem me inspirado para que eu me torne uma profissional melhor a cada dia.
Andreza Maria Fábio Aranha amiga querida e exemplo de pesquisadora, cujos ensinamentos ultrapassaram os limites do profissional.
A todos meus amigos do mestrado: Ana Paula da Cunha Barbosa, Andre Luis Fernandes da Silva, Andreia Santini, Ariane Liamara Brito Sala Braum, Craudeli Moreira, Fenanda Zanol Matos, Fernanda Silva de Assis, Grace Emanuelle Guerreiro Dias Rocatto, Heitor Simões Dutra Corrêa, Joao Milanez Moreira Júnior, Jussara Machado Pereira, Kadyja Assis Veiga, Laura Maria de Amorim Santana, Lorena Frange Caldas, Marcondes Paiva Serra, Maria Francisca Moretti, Marta Eloiza Zanelli, Pâmela Juara Mendes de Oliveira, Paulo Artur Andrade de Albuquerque, Regina Greyce da Silva Pereira Ribeiro, Rejane Cristina da Cruz Nascimento, Renata Meira Coelho, Sandra Regina Altoé, Sebastião Dias de Oliveira, Thiago Machado Pereira, Vanessa de Souza, Yolanda Benedita Abadia Martins de Barros, os quais, mesmo nos momentos em que estivemos distantes, se fizeram presentes em minha vida. Com eles, também compartilho essa conquista. Vocês participam desta mesma ansiedade e emoção de sermos mestres. Somos 26 vitoriosos. Obrigada por todo carinho, paciência e pelos momentos em que tanto aprendemos juntos. Você são realmente presentes de Deus!
Em especial às minhas amigas companheiras: Patrícia Anjo, por todo apoio e cumplicidade; Kadyja Assis Veiga, jovem inteligente que tanto me ensinou, a Fernanda Zanol pela força e a Ariane Liamara Brito Sala Braum por dividir seu conhecimento comigo. Ao amigo Sebastião Dias de Oliveira pela companhia, por um ano, nesta jornada.
Aos alunos da Iniciação Cientifica que se dedicaram aos estudos e a esta pesquisa: André Luiz Rudini Figueiredo, Karlos Eduardo Barbosa Nunes e Vitória de Moraes Sousa.
Especialmente aos participantes diretos desta pesquisa
Às gestantes, frutos de inspiração do estudo que nos deixaram participar desse momento importante de suas vidas e nos forneceram informações e conteúdo para realizar nosso ensejo.
Aos funcionários das Unidades de Saúde onde realizamos a pesquisa, principalmente aos profissionais Enfermeiros guerreiros, pelo acolhimento e apoio.
À Secretária da Regional de Saúde do Município, na pessoa da amada Zélia da Guia Nobre.
Ao Secretário Municipal de Saúde, na ocasião, o Dr. Kamil Hussein Fares.
Somente Deus explica a minha gratidão.
“A vida é uma coisa fantástica, maravilhosa, linda, divertida. Até as dores que nós vivemos podem ser encantadoras. O importante é não pensar muito na idade e
saber viver cada momento.” (Paulo Autran)
“O que ninguém nunca viu, e o que jamais alguém pensou que podia acontecer, foi
isso o que Deus preparou para aqueles que o amam.” (1 Coríntios 2:9).
RESUMO DO CAPÍTULO 1
RESUMO DO CAPÍTULO 1 PEREIRA, R. G. S. Impacto da saúde bucal na qualidade de vida da gestante. 2015. 67 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Odontológicas Integradas) - Programa de Pós Graduação em Odontologia, Universidade de Cuiabá – UNIC, Cuiabá, 2015. O objetivo deste estudo foi descrever a relação entre qualidade de vida e saúde bucal da gestante. A pesquisa epidemiológica transversal foi conduzida nas Unidades de Saúde da Família da capital mato-grossense. A experiência de cárie dentária foi avaliada através do CPO-D; as amostras de saliva para avaliar o fluxo salivar foram obtidas através do método de coleta de saliva estimulada; o impacto das condições bucais na qualidade de vida foi mensurado por meio do OHIP-14 e as alterações de tecido mole foram identificadas através de minucioso exame clínico intrabucal. Os dados foram analisados através do Programa SPSS13 e utilizados os testes, coeficiente de correlação de Spearman, considerando o nível significância de p<0,05. Das 200 gestantes avaliadas, a maioria (65,5%) encontrava-se na faixa etária entre 19 e 29 anos; 42% no terceiro trimestre gestacional; 57,5% não planejaram a gravidez e 99% apresentaram alguma experiência de cárie. O índice médio do CPO-D foi 8,37. Foram identificadas 133 alterações bucais em tecido mole e a língua saburrosa foi a alteração de maior frequência (29%). Observou-se associação significativa entre CPO-D e OHIP (P=0,002). Dor na boca e desconforto ao mastigar fora as situações mais relevantes da pesquisa. Em relação a qualidade de vida concluiu-se que maioria das gestantes encontrava-se na melhor idade reprodutiva (≥19 anos). Detectou-se elevado índice de cárie entre as gestantes e o OHIP apresentou impacto (<0,05) em relação à dor física. Não houve correlação entre fluxo salivar e cárie dentária. A língua saburrosa foi a alteração de tecido mole mais frequente. Palavras-chave: Gestantes. Saúde bucal. Cárie dentária. Epidemiologia. Qualidade
de vida.
ABSTRACT DO CAPÍTULO 1
ABSTRACT DO CAPÍTULO 1 PEREIRA, R. G. S. Impact of oral health on the quality of life of pregnant women 2015. 67 f. Dissertation (Master's Degree in Integrated Dental Clinic) Post-Graduate Program, University of Cuiabá – UNIC, Cuiabá, 2015. The aim this study was to analyze of oral health conditions and its impact on quality of life of pregnant women. It was cross-sectional study of 200 pregnant women attending Primary Health Units. Dental caries experience was assessed by DMFT; Saliva samples were obtained to assess the salivary flow by stimulated saliva collection method; the impact of oral conditions on quality of life was measured using the OHIP-14 and soft tissue changes were identified through careful clinical intrabucal examination by a specialist dentist in oral diagnostic. Data were analyzed by SPSS 13, and we used the coefficient test Spearman correlation, considering the level of significance p <0.05. Of the 200 pregnant women, most (65.5%) were aged between 19 and 29 years; 42% in the third trimester; 57.5% did not plan the pregnancy and 99% developed caries experience. The average index of the DMFT was 8.37. 133 oral soft tissue changes were identified and the coated tongue is the alteration more often encountered (29%). There was a significant association between DMFT and OHIP (P = 0.002). Mouth pain and discomfort, when chewing, were the most relevant data (≥19 anos). Most patients were in better reproductive age. High rate of caries among pregnant women and OHIP presented impact (p < 0.05) in relation to the physical pain. There was no correlation between salivary flow and dental caries; the coated tongue was the alteration in the soft tissue most often encountered. Keywords: Pregnant women. Oral health. Dental caries. Epidemiology. Quality of
life.
LISTA DE TABELAS
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Perfil das gestantes atendidas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, 2014 (N=200). ........................ 43
Tabela 2 - Componente do CPO-D e dos índices simplificados segundo a prevalência de cárie conforme a população de gestantes de Cuiabá/MT, 2014. ................................................................................. 44
Tabela 3 - Média e desvio-padrão; valor mínimo; valor máximo do CPO-D e seus componentes para a amostra (n=200). ...................................... 44
Tabela 4 - Distribuição da frequência (%) de período gestacional, segundo fluxo salivar e a prevalência de cárie. ........................................................... 45
Tabela 5 - Ocorrência das alterações bucais conforme o período gestacional e faixa etária. ........................................................................................... 46
Tabela 6 - Analise bivariada para associação entre OHIP e variáveis independentes. ..................................................................................... 46
LISTA DE ABREVIATURAS
LISTA DE ABREVIATURAS
ABEP Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa
ACTH Hormônio Adrenocorticotrófico
C Cariados
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
CPO-D Dentes Cariados, Perdidos e Obturados
D Dente
DP Dentes Permanentes
E Extraídos
Ei Extração indicada
ESF Estratégia de Saúde da Família
EUA Estados Unidos da América
FDA Food and Drug Administration
FSH Hormônio Folículo Estimulante
LH Hormônio luteinizante
mi Mililitro
MS Ministério da Saúde
MT Mato Grosso
O Obturados
OHIP Oral Health Impact Profile
OHRQoL Perda Dental e Qualidade de Vida Relacionada a Saúde Oral de Vida
OIDP Oral Impacts on Daily Performances
OMS Organização Mundial de Saúde
P Perdidos
pH potencial Hidrogeniônico
PSF Programa de Saúde da Família
QV Qualidade de vida
RC Rede Cegonha
SUS Sistema Único de Saúde
TCLE Termo de consentimento Livre e Esclarecido
UBS Unidades de Atenção Básica de Saúde
UNIC Universidade de Cuiabá
WHO World Health Organization
SUMÁRIO
SUMÁRIO
1 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 18
1.1 GESTANTE E SAÚDE BUCAL ....................................................................... 18
1.1.1 Cárie dentária ................................................................................................ 19
1.1.2 Doença gengival e periodontal .................................................................... 20
1.1.3 Outras alterações, envolvendo tecido mole da cavidade bucal ............... 22
1.2 SAÚDE BUCAL E QUALIDADE DE VIDA DA GESTANTE ............................ 23
1.3 SAÚDE BUCAL E O IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA ........................... 24
1.4 POLITICAS DE SAÚDE PARA GESTANTES ................................................ 26
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 29
2 ARTIGO - IMPACTO DA SAÚDE BUCAL NA QUALIDADE DE VIDA DA GESTANTE .................................................................................................... 33
2.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 35
2.2 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 38
2.2.1 Aspectos éticos ............................................................................................ 38
2.2.2 População de estudo .................................................................................... 38
2.2.3 Coleta de dados ............................................................................................ 39
2.2.4 Análise dos dados ........................................................................................ 40
2.3 RESULTADOS ............................................................................................... 42
2.4 DISCUSSÃO ................................................................................................... 48
2.5 CONCLUSÃO ................................................................................................. 56
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 58
ANEXOS ......................................................................................................... 63
ANEXO A - CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA BRASIL-ABEP .............................................................................................................. 64
ANEXO B - OHIP-14 ...................................................................................... 65
APENDICE ..................................................................................................... 66
APÊNDICE A - ANAMNESE .......................................................................... 67
1 REVISÃO DE LITERATURA
18
1 REVISÃO DE LITERATURA
1.1 GESTANTE E SAÚDE BUCAL
A saúde bucal é indissociável da saúde geral e considerada muito
importante durante o período gestacional, tanto para a mulher quanto para o
concepto. As gestantes pertencem a um grupo especial de estudo em que as
alterações funcionais e metabólicas podem promover repercussão local ou sistêmica
(COSTANTINE, 2014; CORONADO et al., 2014).
As principais alterações fisiológicas que ocorrem durante a gravidez
compreendem: alterações endócrinas (aumento dos níveis de estrógenos,
prolactina, cortisol, Hormônio Adrenocorticotrófico (ACTH), aldosterona, oxitocina,
supressão de Hormônio Folículo Estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH);
cardiovasculares (aumento da frequência cardíaca na ordem de 10
batimentos/minuto a partir da 14ª semana até a 30ª semana, e pressão arterial
discretamente alterada a partir da 30ª semana); hematológicas (elevação do volume
sanguíneo, redução do número de leucócitos polimorfonucleares e anemia) e
respiratórias (capacidade respiratória vital aumentada) (COSTANTINE, 2014).
Algumas alterações observadas na cavidade bucal da gestante podem
ser decorrentes dessas alterações hormonais que modificam a ação dos mediadores
inflamatórios causando efeitos sobre os tecidos bucais (RUSSEL; MALBERRY,
2008; WANDERA et al., 2009; CORONADO et al., 2014). Consequentemente, pode
ocorrer alteração vascular, edema gengival e aumento da resposta inflamatória à
presença do biofilme dental (GOWDA et al., 2013). Desta forma, sinais e sintomas
clínicos como: perda do dente, dor, sangramento gengival e mau hálito tornam-se
evidentes nestas mulheres (LAINE, 2002; WANDERA et al., 2009).
Durante a gestação, alterações também se manifestam no trato
gastrointestinal, promovendo redução no tempo de esvaziamento gástrico e
aumento no tempo do trânsito intestinal. O aumento da pressão gástrica, causada
pelo atraso do esvaziamento, bem como a compressão do útero gravídico e redução
do muscular do esôfago ocasionam o refluxo gastresofágico, enjoos, náuseas,
vômitos e salivação excessiva, fatores estes associados à incidência de cárie,
19
periodontite, gengivite e outras alterações presentes na cavidade bucal da gestante
(HEMALATHA; MANIGANDAN; AMUDHAN, 2013; MARTÍNEZ-PABÓN et al., 2014;
COSTANTINE et al., 2014; CORONADO et al., 2014).
1.1.1 Cárie dentária
A cárie dentária é uma doença multifatorial, transmissível, de natureza
infectocontagiosa, em que o fator hospedeiro susceptível, microbiota, dieta e tempo
estão inter-relacionados. Para a ocorrência desta doença, bactérias cariogênicas
aderem às superfícies dos dentes, produzindo ácidos e reduzindo o pH salivar, com
consequente desmineralização da estrutura dentária (ROCKENBACH et al., 2006).
Esta doença pode se manifestar logo na primeira infância, pois a má condição bucal
da mãe aumenta o risco do bebê desenvolver cárie precoce, através da transmissão
direta de saliva infectada (YOST; LI, 2008; KUMAR et al., 2013).
Montandon (2001) realizou uma pesquisa no Município de João Pessoa-
PB, com levantamento de dados sobre a saúde bucal durante o período gestacional,
e relatou que, de um universo de 108 gestantes e detectou que 62% diminuíram a
frequência de higienização bucal, principalmente pela manhã devido à ocorrência de
maior enjoo; 80% nunca haviam recebido aplicações tópicas de flúor para minimizar
a maleficência da redução de escovação. Os resultados desta pesquisa apontaram a
cárie como doença bucal de maior prevalência (94,6%), e em segundo lugar, a
doença periodontal (82,4%).
Melo et al. (2007) realizaram um estudo na cidade de Curitiba-Brasil, em
uma Unidade de Saúde da Rede Pública da região metropolitana, onde foram
avaliadas 34 gestantes, entre 2 e 9 meses de gestação, cujos resultados mostraram
que 56% das gestantes apresentavam cárie, 44% possuíam uma higiene deficiente
e 56% não utilizavam fio dental. A baixa frequência de consulta ao dentista foi de
77%. Todas as mulheres avaliadas utilizavam o açúcar para adoçar os alimentos e
53% apresentavam uma alta frequência diária de ingestão de açúcar.
Vergess et al. (2012) identificaram cárie dentária em um pouco mais da
metade (51,6%) de uma população de 1094 mulheres grávidas. A maior ocorrência
desta doença foi registrada nas faixas etárias entre 18 a 24 anos (37%) e também
20
maior quando o pré-natal foi inadequado, associado a baixo nível de escolaridade e
desemprego.
Kumar et al. (2013) realizaram estudo com 206 gestantes e detectaram a
elevada prevalência de cárie (87%) entre as diferentes faixas etárias (18-22 e 32-36
anos), em que se detectou pelo menos um dente cariado em cada gestante. A
análise estatística revelou diferenças significativas entre os trimestres da gravidez
com a prevalência de cárie, aumentando gradativamente com o trimestre. E nesse
mesmo ano, Cornejo et al. avaliaram 80 gestantes entre 18-31 anos, entre as quais,
91,4% apresentaram lesões de cárie ativa entre o 1º e o 2º trimestres de gestação;
53,7% tinham pelo menos um dente obturado e 73,3% dos pacientes apresentavam
no mínimo um dente ausente.
1.1.2 Doença gengival e periodontal
A gengivite é uma inflamação superficial frequente do tecido gengival e é
agravada pela oscilação dos níveis hormonais em combinações com o biofilme bucal
e resposta imunológica da gestante (SILK et al., 2008; DÍAZ-GUZMÁN;
CASTELLANOS-SUÁREZ, 2004). A gengivite pode evoluir para periodontite, uma
doença inflamatória dos tecidos periodontais, afetando 30% das mulheres grávidas
(SILK et al., 2008) e que pode resultar em uma perda gradual do dente e estruturas
de suporte de inserção e a consequente formação de bolsa periodontal, que se torna
como um “reservatório” para microrganismos orais patogênicos ( DÍAZ-GUZMÁN;
CASTELLANOS-SUÁREZ, 2004; SILK et al., 2008; WANDERA et al., 2009;
PSICOYA et al., 2012).
A doença periodontal é de natureza inflamatória e infecciosa e se
manifesta nas mais variadas formas clínicas, tendo no biofilme bucal o agente
etiológico determinante. A manifestação clínica pode ocorrer de forma severa,
dependendo da composição da microflora, de fatores ambientais e adquiridos,
principalmente da dependência da suscetibilidade de cada indivíduo (KUMAR et al.,
2013).
Na gestante, as alterações da composição do biofilme subgengival, a
resposta imunológica e a concentração de hormônios sexuais são fatores que
21
podem influenciar a resposta do periodonto (GAFFIELD et al., 2001). As principais
alterações bucais da gravidez estão relacionadas ao aumento da vascularização e
da permeabilidade vascular dos tecidos gengivais, além de uma resposta
exacerbada dos tecidos periodontais aos fatores irritantes locais (WANDERA et al.,
2009).
Segundo Güncü et al. (2005), os hormônios sexuais podem exercer suas
influências sobre os tecidos periodontais de diferentes maneiras: alterando a
resposta tecidual ao biofilme dental, influenciando a composição da microbiota do
biofilme dental e estimulando a síntese de citocinas inflamatórias, particularmente as
prostaglandinas. O aumento da inflamação na gengiva e periodonto durante a
gestação pode, de fato, estar relacionada à elevação da taxa hormonal. O
estrogênio e a progesterona em maior quantidade no sangue e, consequentemente,
no sulco gengival durante a gravidez atuam como fatores de crescimento de
bactérias gram negativas anaeróbias, como Porphyromonas gingivalis, Bacteroides
forsythus ou Prevotella intermedia presente nestas doenças (PSICOYA et al., 2012).
Rossel et al. (1999) examinando 41 mulheres grávidas entre 16 a 37 anos
de idade, identificou que 100% das gestantes tinham algum tipo de alteração
gengival e periodontal. Em relação às necessidades de tratamento, 90,2% das
mulheres precisava de algum tratamento para além das medidas preventivas
iniciadas, incluindo raspagem e alisamento radicular e / ou eliminar margens de
restaurações defeituosas (61%), e um tratamento mais complexo (29,2%).
Díaz-Guzmán e Castellanos-Suárez (2004), em estudo com 93 gestantes,
mostrou que esse período da gravidez é crucial para o desenvolvimento do fator de
doença gengival, tendo encontrado nenhuma diferença significativa na prevalência
de gengivite (50%) e periodontite (75%) entre o grupo de estudo, no entanto, a
gravidade da doença periodontal foi significativamente mais elevada em mulheres
grávidas: 9,88% (P <0,01). Têm aparecido artigos publicados recentemente no qual
vários autores também não encontraram diferenças significativas na prevalência e
gravidade da gengival ou doença periodontal em grávidas e não grávidas ou
mulheres identificaram um aumento na prevalência de gengivite, mas não na
destruição periodontal (DÍAZ-GUZMÁN; CASTELLANOS- SUÁREZ, 2004).
22
1.1.3 Outras alterações, envolvendo tecido mole da cavidade bucal
Crescimento gengival focal em diferentes níveis, que podem regredir ou
não após o parto, é capaz de se manifestar na cavidade bucal da gestante. Tal
alteração é denominada de “granuloma gravídico”. Segundo a literatura, esta lesão é
citada como a lesão mais frequente em mulheres durante a gestação (CARDOSO et
al., 2013; NEJAD; BIGOMTAHERI; AZIMI, 2014). É uma lesão benigna, não
neoplásica, do tipo reacional e multifatorial, resultante de agressões repetitivas,
micro-traumatismo e irritação local sobre a mucosa bucal, onde ocorre formação de
tecido de granulação em excesso. Na gestante, o crescimento desta lesão pode ser
rápido e estar relacionado com o aumento nos níveis hormonais (CARDOSO et al.,
2013; PURWAR et al., 2015). Clinicamente, apresenta-se como massa plana ou
lobulada, usualmente pediculada, de superfície ulcerada, coloração que varia de
rosa a vermelho ou roxo, de dimensões variadas e de fácil sangramento. Surge
preferencialmente na gengiva, na região da maxila anterior, podendo também ser
observada na região posterior. O tratamento consiste na regressão espontânea após
o nascimento do bebê ou cirúrgico, dependendo do tamanho da lesão (DÍAZ-
GUZMÁN; CASTELLANOS-SUÁREZ, 2004; CARDOSO et al., 2013).
Em algumas gestantes, a língua pode ser afetada por uma alteração
denominada glossite migratória benigna, língua geográfica ou eritema migratório. As
lesões aparecem e desaparecem em diferentes regiões da língua e caracterizam-se
por uma lesão atrófica com eritema central e ausência de papilas linguais. Também
pode estar associada à língua fissurada e crenada (DÍAZ-GUZMÁN;
CASTELLANOS-SUÁREZ, 2004; JÄRVINEN; MIKKONEN; KULLAA, 2014). O
tratamento consiste basicamente na redução ou resolução dos sintomas. (KUMAR;
DASAND; GHARAMI, 2013; TARAKJI et al., 2014). É considerada uma afecção
inflamatória de causa assintomática e desconhecida. Apesar das possíveis
intervenções hormonais no aparecimento de alterações bucais no período
gestacional, esta alteração pode surgir decorrente de outros fatores como estresse
ou algum fator genético (DIÁZ-GUZMÁN; CASTELLANOS-SUÁREZ, 2004).
23
1.2 SAÚDE BUCAL E QUALIDADE DE VIDA DA GESTANTE
Slade et al. (2003) definem que a saúde bucal do indivíduo espelha sua
educação de saúde geral e desenvolve nas pessoas a consciência crítica das reais
causas de seus problemas bucais, tomando consciência de que muitas doenças têm
como porta de entrada para os micro-organismos a boca, provocando efeitos locais
e/ou sistêmicos.
Alguns instrumentos descritos na literatura são empregados para
mensurar o impacto da saúde bucal na qualidade de vida dos indivíduos, sendo:
Oral Impacts on Daily Performances - OIDP (WANDERA et al., 2009); Health-related
quality of life– OHRQoL (ACHAYRA; BHAT, 2009) e Oral Health Impact Profile -
OHIP (SLADE; SPENCER, 1994). Entretanto, o tamanho, conteúdo, estrutura da
escala, forma de resposta e métodos para obtenção dos escores destes
instrumentos apresentam-se de forma variada, inclusive, modificados para serem
utilizados em população específica (ALLEN; LOCKER, 2000).
O OHIP considera as consequências sociais dos problemas bucais de
acordo com a percepção dos próprios indivíduos afetados. A versão original do
OHIP é constituída por 49 itens (OHIP -49) e envolve sete dimensões do impacto a
ser medido conceitualmente: limitação funcional, dor física, desconforto psicológico,
incapacidade física, incapacidade psicológica, incapacidade social e incapacidade
funcional. As respostas são dadas de acordo com uma escala tipo Lickert codificada
como: 0 = nunca, 1 = raramente, 2 = às vezes, 3 = frequentemente e 4 = sempre.
Quanto mais alto o valor atribuído pelo respondente, pior é a autopercepção
(SLADE; SPENCER, 1994).
Versão reduzida do OHIP tem emergido como um forte instrumento na
avaliação subjetiva da saúde bucal relacionada à qualidade de vida. Contendo 14
itens (OHIP- 14), a versão vem sendo preferida ao OHIP-49 por muitos
pesquisadores devido a sua praticidade e validade (ACHARYA; BHAT, 2009;
HAJIAN-TILAKI et al., 2014; LAMARCA et al., 2014) sendo mais sucinto, requer
menos tempo para aplicação, o que favorece sua utilização, inclusive, em serviços
de saúde, em processos de avaliação de saúde bucal e qualidade de vida (SLADE,
1997; SILVA et al., 2008) amplamente utilizados em diferentes culturas e perfis
sociodemográficos (DOS SANTOS NETO et al., 2012; HAJIAN-TILAKI et al., 2014).
24
Na versão brasileira o instrumento OHIP-14 foi testado e validado para
uso em função da cultura e da língua locais, mediante uma pesquisa realizada com
504 puérperas, em que se verificou o impacto negativo da dor de dentes na
qualidade de vida dessas mulheres (OLIVEIRA; NADANOVSKY, 2006; SILVA et al.,
2008).
Acharya et al. (2009) utilizaram o mesmo instrumento para avaliar a
condição de saúde bucal e os fatores capazes de interferir na qualidade de saúde
oral, em um grupo de mulheres grávidas, no sul da Índia. Além do questionário, as
gestantes submeteram-se a exame clínico de cárie e condição periodontal. O maior
impacto bucal na qualidade de vida foi relatado por “boca dolorosa” e “dificuldade em
comer”.
Cornejo et al. (2013) investigaram uma relação entre condições de saúde
bucal e qualidade de vida em mulheres grávidas, de populações socialmente
desfavorecidas. A maioria dos impactos foi notificados nos domínios: desconforto
psicológico (59,9% = preocupação frequente sobre problemas dentários) e limitação
funcional (51,1% = percepção frequente de que "um dente não parecia bom"). Foram
os fatores relacionados à saúde bucal que tiveram maior impacto na qualidade de
vida das gestantes.
Lamarca et al. (2014) avaliaram pelo OHIP-14, a qualidade de saúde
bucal em gestantes e puérperas, de níveis sócio econômico cultural diferentes, no
primeiro trimestre gestacional, os autores identificaram que as condições sociais
das gestantes e/ou puérperas eram importantes para determinar melhor qualidade
de vida relacionada à saúde bucal do que as condições do bairro onde residem.
1.3 SAÚDE BUCAL E O IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA
Entende-se que a questão da qualidade de vida diz respeito ao padrão
que a própria sociedade define e se mobiliza para conquistar, consciente ou
inconscientemente, e, ao conjunto das políticas públicas e sociais que induzem e
norteiam o desenvolvimento humano, as mudanças positivas no modo e estilos de
vida, cabendo parcela significativa da formulação e das responsabilidades ao
denominado setor saúde (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000).
25
Apesar de não existir um consenso a respeito do conceito de qualidade
de vida, tal construto vem sendo abordado segundo três aspectos: subjetividade;
multidimensionalidade; presença de dimensões positivas e negativas. Sob estes
aspectos conceituou-se qualidade de vida como “a percepção do indivíduo de sua
posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em
relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (DOS SANTOS
NETO et al., 2012).
Os conceitos de saúde e qualidade de vida são abstratos e difíceis de
definir, porém, sabe-se que a qualidade de vida dos indivíduos está fortemente
influenciada por sua condição de saúde, incluindo a saúde bucal.
Até recentemente, poucos estudos investigaram a relação entre as
condições bucais e seu impacto na vida das pessoas; mas, na última década, houve
aumento do interesse em quantificar as consequências das doenças. Vários
instrumentos foram desenvolvidos na tentativa de conhecer e avaliar como os
problemas bucais têm afetado a vida diária das pessoas. Estes estudos têm sido
dominados quase exclusivamente por modelos quantitativos utilizando questionários
estruturados. Há, porém, muitas evidências, vindas das ciências sociais, mostrando
que questionários estruturados expõem muito pouco da variedade e profundidade
dos sentimentos dos indivíduos. Entrevistas abertas ou não estruturadas, por outro
lado, proporcionam maior compreensão do comportamento humano e suas crenças.
A ausência de respostas predeterminadas numa entrevista aberta oferece a
possibilidade de perspectivas teoricamente novas de variáveis sociais e culturais,
muitas vezes não pensadas pelo pesquisador. Enquanto os questionários parecem
querer testar hipóteses, as entrevistas abertas levantam hipóteses (DONNELLY et
al., 2015).
A cavidade bucal, portanto, tem grande influência na qualidade de vida
tanto no nível biológico quanto no psicológico e social dos indivíduos, que indicam
satisfação ou insatisfação com a aparência, função e auto-estima em um ponto de
expectativas imediato ou a longo prazo (PETERSEN, 2003).
26
1.4 POLITICAS DE SAÚDE PARA GESTANTES
No Brasil, com a Lei 8.080, criou-se o Sistema Único de Saúde (SUS),
cunhado dentro do princípio de universalização do acesso aos serviços de saúde,
priorizando a atenção primária. Instituiu-se, também, o Programa de Saúde da
Família (PSF), com a finalidade de reverter o formato de oferta da assistência à
saúde, incorporando ações coletivas de cunho promocional e preventivo para suprir
progressivamente o atendimento individualizado, curativo, de alto custo e de baixo
impacto. A Estratégia de Saúde da Família (ESF) concluiu mudanças na dimensão
do modelo assistencial ao estabelecer uma equipe multiprofissional, responsável
pela atenção à saúde de uma população circunscrita, definiu o generalista médico
como o profissional de atenção básica e instituiu novos profissionais voltados para a
ação comunitária, ampliando a atuação da equipe sobre os determinantes mais
gerais do processo saúde-enfermidade (BRASIL, 2004; 2006).
A inserção da saúde bucal e das práticas odontológicas no SUS deu-se
de forma paralela e afastada do processo de organização dos demais serviços de
saúde. Atualmente, essa tendência vem sendo revertida, observando-se o esforço
para promover uma maior integração da saúde bucal nos serviços de saúde em
geral, a partir da conjugação de saberes e práticas que apontem para a promoção e
vigilância em saúde, para revisão das práticas assistenciais que incorporam a
abordagem familiar e a defesa da vida (BRASIL, 2013). Os princípios norteadores
para a promoção da saúde bucal e prevenção de doenças foram implementadas
através dos escritórios regionais da OMS e programas nacionais que desenvolvem
políticas e orientações estratégicas para a melhoria da saúde bucal no século 21
(CODATO; NAKAMA; MELCHIOR, 2008; REIS et al., 2010; PETERSEN, 2014).
A mulher vista em sua integralidade, destaca um período importante de
sua vida reprodutiva. O Ministério da Saúde (MS) organizou um novo programa, o
Programa Rede Cegonha (RC), por meio da portaria 1.459, de 24 de junho de 2011,
com implantação de mudanças no atendimento à gestante. A estratégia abrange
atenção ao parto, nascimento, crescimento e desenvolvimento da criança de zero
aos vinte e quatro meses, bem como o da redução da mortalidade materna e infantil
com ênfase no componente neonatal.
Apesar da gestação não ser caracterizada como uma doença, cuidar da
27
mulher nesta fase e no período subsequente ao nascimento do bebê é de grande
importância e requer a atuação de equipe multidisciplinar. Criação e/ou ativação de
Programas de Saúde na área de abrangência de cada profissional, a partir de um
levantamento prévio da atual situação, são necessários por serem meios capazes de
implantar conceitos atuais de saúde ou modificar hábitos existentes em uma
determinada população. Sendo assim, os Programas governamentais devem ser
instituídos junto a diferentes povos e raças, a fim de se estabelecer saúde ao
alcance de todos.
Dentre as inovações do programa em relação aos serviços oferecidos
atualmente, têm-se a proximidade dos Cirurgiões Dentistas com esse público das
gestantes, através da Programação das Ações e Atividades pactuadas para o
componente pré-natal, no qual uma das ações planejadas foi garantir acesso à
avaliação odontológica da gestante, dentro das referências odontológicas oferecidas
pelo sistema do SUS, vigorando nas unidades de saúde. Assim, teoricamente, as
gestantes tornaram-se pacientes preferenciais e especiais na atenção à saúde
bucal.
Assim, a inovação seria referente às orientações sobre saúde bucal
durante os exames pré-natais, com o objetivo de desmistificar crenças populares,
mito cultural, ansiedade, insegurança, medo de prejudicar o feto na necessidade de
uma intervenção odontológica materna, entre outros (CODATO; NAKAMA;
MELCHIOR, 2008; REIS et al., 2013).
A assistência integral à saúde da mulher enquadrar-se-ia na construção
dessa nova forma de trabalhar em saúde, exigindo engajamento e capacitação de
todos os profissionais envolvidos. Este tipo de atendimento engloba os aspectos
psicossociais, atividades educativas e preventivas, caracterizando o “acolhimento”
da gestante desde o diagnóstico da gravidez (REIS et al., 2013).
REFERÊNCIAS
29
REFERÊNCIAS ACHARYA, S.; BHAT, P. V. Oral-health-related quality of life during pregnancy. J Public Health Dent., v. 69, n. 2, p. 74-7 2009.
ALLEN, F.; LOCKER D. A. Modified Short Version of the Oral Health Impact Profile for Assessing Health Related Quality of Life in Edentulous Adults. The International Journal of Prosthodontics, v. 15, p. 446-50, 2000.
BRASIL. Ministério da Saúde. Área técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada, manual técnico; Brasília: MS, 2006.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: princípios e diretrizes/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: MS, 2004.
BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco, 1. Brasília: MS, 2013. 318 p.
CARDOSO, J. A. et al. Oral granuloma gravidarum: a retrospective study of 41 cases in Southern Brazil. J Appl Oral Sci., v. 21, n. 3, p. 215-8, 2013.
CODATO, L. A.; NAKAMA, L.; MELCHIOR, R. The beliefs of pregnant women about dental care during gestation. Cien Saude Colet., v. 13, n. 3, p. 1075-80, May/Jun. 2008.
CORNEJO, C. et al. Oral health status and oral health-related quality of life in pregnant women from socially deprived populations. Acta Odontol Latinoam., v. 26, n. 2, p. 68-74, 2013.
CORONADO, P. J. et al. Prevalence and persistence of nausea and vomiting along the pregnancy. Rev Esp Enferm Dig., v. 106, n. 5, p. 318-24, May 2014.
COSTANTINE, M. M. Physiologic and pharmacokinetic changes in pregnancy. Front Pharmacol., v. 5, p. 65, Apr. 2014.
DÍAZ-GUZMÁN, L. M.; CASTELLANOS-SUÁREZ, J. L. Lesions of the oral mucosa and periodontal disease behavior in pregnant patients. Med Oral Patol Oral Cir Bucal., v. 9, n. 5, p. 434-7, Nov./Dec. 2004.
DOS SANTOS NETO, E. T. et al. Access to dental care during prenatal assistance. Cien Saude Colet., v. 17, n. 11, p. 3057-68, Nov. 2012.
GAFFIELD, M. L. et al. Oral health during pregnancy: an analysis of informati on collected by the pregnancy risk assessment monitoring system. J Am Dent Assoc., v. 132, n. 7, p. 1009-16, 2001.
GOWDA, T. M. et al. Gingival enlargement as an early diagnostic indicator in therapy-related acute myeloid leukemia: A rare case report and review of literature. J Indian Soc Periodontol., v. 17, n. 2, p. 248-52, Mar. 2013.
30
GÜNCÜ, G. N.; TÖZÜM, T. F.; CAGLAYAN, F. Effects of endogenous sex hormones on the periodontium –Review of literature. Aust Dent J., v. 50, n. 3, p. 138-45, Sep. 2005.
HAJIAN-TILAKI, A. et al. Oral Health-related Quality of Life and Periodontal and Dental Health Status in Iranian Hemodialysis Patients. J Contemp Dent Pract., v. 15, n. 4, p. 482-90, Jul. 2014.
HEMALATHA, V. T.; MANIGANDAN, T.; AMUDHAN, A. Dental considerations in pregnancy-a critical review on the oral care. J Clin Diagn Res., v. 7, n. 5, p. 948-53, May 2013.
JÄRVINEN, J.; MIKKONEN, J. J.; KULLAA, A. M. Fissured tongue: a sign of tongue edema? Med Hypotheses., v. 82, n. 6, p. 709-12, Jun. 2014.
KUMAR, D.; DASAND, A.; GHARAMI, R. C. Benign migratory glossitis. Indian Pediatr., v. 50, n. 12, p. 1178, Dec. 2013.
KUMAR, S. et al. Factors influencing caries status and treatment needs among pregnant women attending a maternity hospital in Udaipur city, India. J Clin Exp Dent., v. 5, n. 2, e72-6, Apr. 2013.
LAINE, M. A. Effect of pregnancy on periodontal and dental health. Acta Odontologica Scandinavica, v. 60, p. 257-64, 2002.
LAMARCA, G. A. et al. The different roles of neighbourhood and individual social capital on oral health-related quality of life during pregnancy and postpartum: a multilevel analysis. Community Dent Oral Epidemiol., v. 42, n. 2, p. 139-50, Apr. 2014.
MARTÍNEZ-PABÓN, M. C. et al. The physicochemical and microbiological characteristics of saliva during and after pregnancy. Rev Salud Publica, v. 16, n. 1, p. 128-38, Jan./Feb. 2014.
MELO, N. O. S. et al. Hábitos Alimentares e de Higiene Oral Influenciando a Saúde Bucal da Gestante. Cogitare Enferm., v. 12, n. 2, p. 189-97, 2007.
MINAYO, M. C. S.; HARTZ, Z. M. A.; BUSS, P. M. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Cien Saude Colet, v. 5, n. 1, p. 7-18, 2000.
MONTANDON, E. M. et al. Hábitos dietéticos e de higiene bucal em mães no período gestacional. J Bras Odontopediatr Odontol Bebê, v. 4, p. 170-3, 2001.
NEJAD, E. S.; BIGOMTAHERI, J.; AZIMI, S. Frequency of gingival pregnancy tumor in iran (confirmed by biopsy). J Int Oral Health, v. 6, n. 6, p. 72-6, Nov./Dec. 2014.
OLIVEIRA, B. H.; NADANOVSKY, P. The impacto f oral pain on quality of life during pregnancy in lowincome Brazilian women. J Orofac Pain, v. 20, n. 4, p. 297-305, 2006.
PETERSEN, P. E. The World Oral Health Report 2003: continuous improvement of oral health in the 21st century - the approach of the WHO Global Oral Health Programme. Community Dent Oral Epidemiol, v. 31, suppl. 1, p. 3-24, 2003. Supplement.
31
PETERSEN, P. E. Strengthening of oral health systems: oral health through primary health care. Med Princ Pract., v. 23, Suppl. 1, p. 3-9, 2014. Supplement.
PISCOYA, M. D. et al. Periodontitis-associated risk factors in pregnant women. Clinics, v. 67, n. 1, p. 27-33, 2012.
PURWAR, P. et al. ‘Granuloma gravidarum': persistence in puerperal period an unusual presentation. BMJ Case Rep., Jan. 2015.
REIS, D. M. et al. Health education as a strategy for the promotion of oral health in the pregnancy period. Cien Saude Colet., v. 15, n. 1, p. 269-76, Jan. 2010.
ROCKENBACH, M. I. et al. Salivary flow rate, pH, and concentrations of calcium, phosphate, and sIgA in Brazilian pregnant and non-pregnant women. Head Face Med., v. 2, p. 44, Nov. 2006.
ROSELL, F. L.; MONTANDON-POMPEU, A. A.; VALSECKI JÚNIOR, A. Simplified periodontal record for pregnant women. Rev Saúde Pública, v. 33, n. 2, p. 157-62, Apr. 1999.
RUSSELL, S. L.; MAYBERRY, L. J. Pregnancy and oral health: a review and recommendations to reduce gaps in practice and research. MCN Am J Matern Child Nurs., v. 33, n. 1, p. 32-7, Jan./Feb. 2008.
SILK, H. et al. Oral health during pregnancy. Am Fam Physician., v. 77, n. 8, p. 1139-44, Apr. 2008.
SILVA, R. A.; MARQUES, F. D.; DE GOES, P. S. Factors associated with self-medication for toothache: analysis using pharmacy personnel in the city of Recife, PE. Cien Saude Colet., v. 13, Suppl, p. 697-701, Ap r. 2008.
SLADE, G. D. et al. Relationship between periodontal disease and C-reactive protein among adults in the Atherosclerosis Risk in Communities study. Arch Intern Med., v. 163, n. 10, p. 1172-9, May 2003.
SLADE, G. D.; SPENCER, A. J. Development and evaluation of the oral health impact profile. Community Dent Health, v. 11, n. 1, p. 3-11, 1994.
SLADE, G. D. Derivation and validation of a short form oral health impact profile. Community Dent Oral Epidemiol., v. 25, n. 4, p. 284-290, 1997.
TARAKJI, B. et al. Relation between psoriasis and geographic tongue. Clin Diagn Res., v. 8, n. 11, ZE06-7, Nov. 2014.
VERGNES, J. N. et al. Frequency and risk indicators of tooth decay among pregnant women in France: a cross-sectional analysis. PLoS One., v. 7, n. 5, e33296, 2012.
WANDERA, M. N. et al. Periodontal status, tooth loss and self-reported periodontal problems effects on oral impacts on daily performances, OIDP, in pregnant women in Uganda: a cross-sectional study. Health Qual Life Outcomes., v. 7, p. 89, Oct. 2009.
32
YOST, J.; LI, Y. Promoting oral health from birth through childhood: prevention of early childhood caries. MCN Am J Matern Child Nurs. v. 33, n. 10, p. 17-23, 2008.
2 ARTIGO - IMPACTO DA SAÚDE BUCAL NA QUALIDADE DE VIDA DA GESTANTE
2.1 INTRODUÇÃO
35
2.1 INTRODUÇÃO
Durante a gestação ocorrem alterações hormonais na mulher as quais
podem contribuir para o aparecimento de alterações bucais como a cárie dentária,
gengivite, periodontite, granuloma gravídico e glossite migratória benigna (GÜNCU,
2005; COSTANTINE, 2014, CORONADO, 2014). Além das alterações bucais
mencionadas, outras relacionadas a distúrbios de desenvolvimento, afecções
inflamatórias e/ou infecciosas, neoplásicas dentre outras, também podem ser
identificadas durante o exame clínico intrabucal (VERGESS et al., 2012; KUMAR et
al., 2013). A cárie dentária é a doença mais frequente e pode estar relacionada no
período gestacional com a mudança na dieta, maior ingestão de açúcar, higiene
bucal deficiente e/ou redução no fluxo salivar (MASHOTO et al., 2009).
A cavidade bucal, portanto, pode apresentar uma grande influência na
qualidade de vida das pessoas, bem como das gestantes que estão passando por
um período de mudanças físicas e estruturais, tanto no nível biológico quanto no
psicológico e social dos indivíduos, que indicam satisfação ou insatisfação com a
aparência, função e auto-estima (PETERSEN, 2003). Até recentemente, poucos
estudos investigaram a relação entre as condições bucais e seu impacto na vida das
pessoas (DONNELLY et al., 2015).
Em função dessa relação entre alterações bucais e qualidade de vida
pensa-se na inserção e efetividade de um programa em saúde bucal, onde é
indispensável o uso de instrumentos capazes de medir percepções, sentimentos e
comportamentos, proporcionando uma crescente seriedade às experiências
individuais e às suas interpretações de saúde e doença, considerando o estilo de
vida, o nível sócio-econômico e cultural (SLADE; SPENCER, 1994; CORCHUELO-
OJEDA; PÉREZ, 2014).
Encontram-se na literatura alguns instrumentos utilizados para mensurar
a dimensão do impacto da saúde bucal na qualidade de vida do indivíduo. Dentre
eles, o OHIP -14, desenvolvido por SLADE e SPENCER em 1994, sendo este um
dos indicadores mais amplamente utilizados em diferentes culturas e perfis sócio-
demográficos (DOS SANTOS NETO et al., 2012; HAJIAN-TILAKI et al., 2014). Este
questionário propõe medir disfunção, desconforto e incapacidade atribuída à
condição bucal. Portanto, as condições bucais precárias são capazes de impactar,
36
de forma negativa, na qualidade de vida das gestantes por proporcionarem algum
desconforto. Entre eles, a dor de dente, mencionada em muitos estudos, como
sendo o principal fator que induz o paciente a procurar tratamento (ACHARYA et al.,
2009; HAJIAN-TILAKI et al., 2014; LAMARCA et al., 2014).
Assim, este estudo teve como objetivo conhecer as condições de saúde
bucal e seu impacto na qualidade de vida das gestantes atendidas em Unidades de
Saúde Pública.
2.2 Materiais e Métodos
38
2.2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.2.1 Aspectos éticos
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade de Cuiabá – UNIC/ MT, nº 525.140.
2.2.2 População de estudo
A população deste estudo foi constituída por 200 gestantes, atendidas
nas Unidades de Atenção Básica de Saúde (UBS) do Município de Cuiabá/MT, no
período de fevereiro a julho de 2014. Para o cálculo amostral considerou-se o
número de mulheres que aderiram à assistência pré-natal na rede pública de
serviços de saúde, segundo dados do DATASUS para o ano de 2011. Desta forma,
considerando a população de 3.887 mulheres e uma confiança de 95% (z=1,96) com
um erro máximo de 5,0 %, uma proporção de 14,0 %, o tamanho da amostra foi
constituído por 177 gestantes. Considerando-se uma provável perda, aumentou-se a
amostra em 23 participantes, permanecendo no final 200 gestantes.
Como critérios de inclusão, foram definidos: gestante com mais de 12
anos; Com acompanhamento em território coberto pela Unidade de saúde;
Cadastrada no Programa Rede Cegonha. Como critérios de exclusão da amostra,
foram definidos: Gestantes com menos de 12 anos; Gestantes que foram
referenciadas para serviços de maior complexidade e que não foram contra
referenciadas para a unidade de origem; Residentes fora da área de cobertura da
Unidade de Saúde; Se recusaram a participar da pesquisa.
As Unidades de Saúde foram selecionadas sobre o critério de
apresentarem maior número de gestantes cadastradas e atendidas para
acompanhamento do pré-natal, foram eleitas 12 Unidades do Programa de Saúde
da Família (PSFs) e 5 Unidades denominadas de centros de saúde do Município de
Cuiabá/MT.
39
2.2.3 Coleta de dados
Anamnese e aplicação de questionário - OHIP
A coleta de dados foi realizada por duas pesquisadoras e dois alunos de
iniciação científicos, previamente treinados, nas Unidades de Saúde pertencente ao
Serviço Único de Saúde (SUS). Foram coletados dados sociodemográficos (idade,
trimestre gestacional, cor de pele, estado civil, escolaridade, planejamento
gestacional, aceitação do estado gestacional no núcleo familiar, atividade produtiva
e nível sócio econômico) de acordo com Associação Brasileira de Estudos
Populacionais (ABEP). Para abranger todas as gestantes frequentadoras das
unidades, a pesquisa foi realizada nos dias programados para atendimento do pré-
natal, e os dados foram coletados enquanto as gestantes aguardavam o
atendimento e após terem lido e assinado o Termo de consentimento Livre e
Esclarecido.
Em seguida, o instrumento Oral Health Impact Profile (OHIP), na forma
reduzida (OHIP-14) foi aplicado como medida para avaliar a percepção do impacto
produzido pelos problemas de saúde bucal na qualidade de vida das gestantes. O
OHIP-14 encontra-se sob a forma de questionário, contendo 14 questões agrupadas
em sete dimensões do impacto avaliadas: limitação funcional (itens 1 e 2); dor física
(itens 3 e 4); desconforto psicológico (itens 5 e 6); incapacidade física (itens 7 e 8);
incapacidade psicológica (itens 9 e 10); incapacidade social (itens 11 e 12) e
desvantagem social (itens 13 e 14). Nestes itens, as gestantes foram questionadas
se tinham sempre (escore 4), repetidamente (escore 3), às vezes (escore 2),
raramente (escore 1) ou nunca (escore 0), passado pela experiência de ter os
problemas relacionados nos 14 itens do OHIP durante os últimos seis meses.
Aplicou-se a escala de Lickert.
Os escores do OHIP-14 foram calculados pela soma dos itens de tal
modo que, consequentemente, os valores alcançados variassem de 0 a 56, com os
mais altos escores significando pior qualidade de vida relacionada à saúde bucal, ou
seja, maior impacto da saúde bucal sobre a qualidade de vida.
40
Avaliação clinica e salivar
A avaliação clínica da condição bucal de cada gestante foi realizada de
acordo com a especificidade de cada variável de estudo. A variável, cárie dentária,
foi avaliada por meio dos critérios utilizados no levantamento epidemiológico em
saúde bucal, realizado no Brasil (2000), utilizando-se do índice CPO-D (dentes
permanentes cariados, perdidos e obturados), que avalia a experiência de cárie na
dentição permanente.
Na avaliação do fluxo salivar, as amostras de saliva total foram obtidas
através do método de coleta de saliva estimulada mecanicamente pela mastigação
de um pedaço de película de parafina, (Parafilm® M/ American/ aprovação para tal
uso pelo FDA dos EUA (Food and Drug Administration).
Os exames das alterações bucais aconteceram através de inspeção e
palpação, sob luz natural, afastadores de madeira e equipamentos de proteção
individual, utilizando procedimentos baseados no World Guia da Organização
Mundial de Saúde para Epidemiologia e Diagnóstico de Doenças da Mucosa Oral.
2.2.4 Análise dos dados
Os dados coletados foram organizados em banco de dados, utilizando-se
planilha Excell. A análise dos dados incluiu medidas descritivas (frequência de
distribuição, valores mínimo e máximo, média, mediana e desvio-padrão) para
caracterização da amostra e análise bivariada. As análises estatísticas foram
realizadas no programa estatístico SPSS (“Statistical Package for the Social
Sciences”, versão 13.0, SPSS), e utilizados os testes coeficientes de correlação de
Spearman. O nível de significância estatística estabelecido para todas as análises foi
de p=0,005.
41
2.3 RESULTADOS
42
2.3 RESULTADOS
Participaram deste estudo 200 gestantes, sendo que a maioria
65,5%(n=131) encontrava-se na faixa etária entre 19 e 29 anos; aproximadamente
metade desta população 42%(n=84) estava no terceiro trimestre gestacional e
53,5% (n=107) encontrava-se na segunda ou mais gestação ; 64%(n=127) auto
declarou-se cor de pele parda e 53%(n= 106) se declararam casadas. Em relação
ao nível de escolaridade 55,8%(n=110), informaram nível médio incompleto ou
médio completo. Quanto ao planejamento familiar, um percentual elevado de
57,5%(n=115) não planejou a gravidez, embora tenham relatado aceitação positiva
no núcleo familiar. Atividades produtivas fora do lar, a maioria 63,5% (n=125)
informou não possuir (Tab. 1).
43
Tabela 1 - Perfil das gestantes atendidas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil, 2014 (N=200). Variáveis N %
Faixa Etária (anos) >18 38 19 19 – 29 131 65,5 30 – 39 29 14,5 40 e + 2 1
Faixa Etária (anos)
< 18 26 13,0 18 e + 174 87,0
Cor da pele
Branca 48 24,2 Parda 127 64,1 Negra 23 11,6
Estado civil
Casada 106 53,0
Vive com companheiro 94 47,0
Escolaridade
Ensino Fundamental 57 28,9
Ensino Médio 110 55,8
Ensino Superior 30 15,2
*Classe econômica
A1; A2; B1 3 1,5
B2; C1; C2 163 82,5
D – E 32 16
Quantidade de gestação
Primigesta 93 46,5
Multigesta 107 53,5
Trimestre gestacional
Primeiro 37 18,5
Segundo 79 39,5
Terceiro 84 42
Gravidez programada
Sim 85 42,5
Não 115 57,5
*Classificação ABEP – Associação Brasileira de Estudos Populacionais ( 2013-2014).
Os dados relativos à prevalência de cárie com base na classificação do
índice CPO-D, relacionado com classe econômica, idade e período de gestação
estão demonstrados na tabela 2. Observou-se significância estatística do CPO-D
em relação à faixa etária (P=0,001).
44
Tabela 2 - Componente do CPO-D e dos índices simplificados segundo a prevalência de cárie conforme a população de gestantes de Cuiabá/MT, 2014. Variáveis
Classificação CPO-D �
P-valor Baixa Moderada Alta Muito alta
n(%) n(%) n(%) n(%) Classe econômica A1 - A2 – B1 - 1(33,3) - 2 (66,7) -0,031 0,667 B2 - C1 – C2 11 (6,7) 23 (13,9) 21 (12,7) 110 (66,7) D – E 1 (3,1) 2 (6,2) 11 (34,4) 18 (56,3) Idade (anos) <18 4 (10,5) 10 (26,3) 10 (26,3) 14 (36,7) 0,310 <0,001* 19-29 8 (6,1) 13 (9,9) 21 (16,0) 89 (68,0) 30-39 - 3 (10,4) 1 (3,4) 25 (86,2) 40 ou + - - - 2 (100,0) Período gestacional 1º trimestre 2 (5,4) 2(5,4) 9 (24,3) 24 (64,9) 0,080 0,261 2º trimestre 5 (6,3) 15 (19,0) 14 (17,7) 45 (57,0) 3º trimestre 5 (6,0) 9 (10,7) 9 (10,7) 61 (72,6) Notas: Baixa de 0 a 2,6 ; Moderada de 2,7 a 4,4; Alta 4,5 a 6,5 e Muito alta igual ou maior a 6,6. � = Coeficiente de Correlação de Spearman’s P-valor (Correlação de Spearman) * P-valor < 0,05
A tabela 3 apresenta o CPO-D médio da população de 8,37. O exame
clínico dos dentes revelou que 99% (n=199) das gestantes apresentou alguma
experiência de cárie; 87% (n=174) dentes obturados, 62,5% (n=125) apresentaram
cárie em um ou mais dentes. Destaca-se neste estudo que apenas uma gestante
apresentou todos os dentes hígidos, portanto livre da doença cárie. (Tab. 3).
Tabela 3 - Média e desvio-padrão; valor mínimo; valor máximo do CPO-D e seus componentes para a amostra (n=200). Máximo Média Desvio Padrão
DP Cariado 13 1,89 2,552 DP Obturado 16 5,04 3,971 DP Extraido 12 1,45 1,948 DP Extração Indicada 5 ,41 ,858 Cariado+Obturado+Extraido 18 8,37 4,574
� = Coeficiente de Correlação de Spearman’s P-valor (Correlação de Spearman)
Quanto ao parâmetro salivar estudado, observou-se que o fluxo salivar
normal identificado na maioria das gestantes (66,5%) estava correlacionado ao
índice CPO-D muito alto, sem apresentar significância estatística (p<0,05) (Tab. 4).
45
Tabela 4 - Distribuição do fluxo salivar e a prevalência de cárie de acordo com o período gestacional.
Variáveis Fluxo salivar
� P-valor Normal Baixo Muito baixo n(%) n(%) n(%)
Período gestacional 1º trimestre 36 (97,3) 1 (2,7) -
0,098 0,166 2º trimestre 66 (83,5) 8 (10,1) 5 (6,3) 3º trimestre 71(84,5) 10 (11,9) 3 (3,6) Índice CPO-D Baixo 12 (100,0) - -
-0,037 0,605 Moderado 23 (88,5) 1 (3,8) 2 (7,7) Alto 23 (71,9) 7 (21,9) 2 (6,3) Muito alto 115 (88,5) 11 (8,5) 4 (3,0) Notas: � = Coeficiente de Correlação de Spearman’s P-valor (Correlação de Spearman)
Na tabela 5, as alterações bucais foram consideradas apenas como
presentes ou ausentes e correlacionadas com o trimestre gestacional e a faixa
etária. A maior quantidade de alterações bucais 40,6% (n=54) foi detectada nas
gestantes que se encontravam nos 2o e 3o trimestres de gestação, representadas
pelo mesmo percentual, e a maioria das lesões 64,7% (86), concentrou-se na faixa
etária entre 19-29 anos.
Foram identificadas 66,5% (n=133) de alterações bucais, sendo mais
frequentes (40,6%) no 2º e 3º trimestres de gestação, com os mesmos índices
alcançados. A faixa etária mais acometida foi de 19 a 29 anos (64,7%) e o sítio de
maior frequência foi a língua. As alterações encontradas foram classificadas como:
Distúrbios do desenvolvimento: língua saburrosa 29% (n=58), língua crenada 21,5%
(n=43), tórus palatino 10 % (n=20), língua geográfica 6 % (n=12), tórus madibular
5% (n=10), língua fissurada 4% (n=8), anquiloglossia 3,5% (n=7), leucodema 2,5%
(n=5), mucosa mordiscada 2% (n=4), pigmentação melânica 2% (n=4), exostose
1,5% (n=3), lesões proliferativas: Hiperplasia gengival 3 % (n=6), granuloma
gravídico 1% (n=2) e outras alterações 9% (n=11).
46
Tabela 5 - Ocorrência das alterações bucais conforme o período gestacional e faixa etária.
Variáveis Alterações bucais
� P-valor Sim não n(%) n(%) Periodo gestacional 1º trimestre 25 (67,6) 12 (32,4)
0,035 0,627 2º trimestre 54 (68,4) 25 (31,6) 3º trimestre 54 (64,3) 30 (35,7) Faixa etária <18 22 (57,9) 16 (42,1)
-0,139 0,050 19-29 86 (65,6) 45 (34,4) 30-39 23 (79,3) 6 (20,7) 40 ou + 2 (100,0) - � = Coeficiente de Correlação de Spearman’s P-valor (Correlação de Spearman) * P-valor < 0,05
A Tabela 6 apresenta a associação das variáveis: classe econômica,
período gestacional e índice CPO-D com relação ao impacto na qualidade de vida.
Observou-se associação significativa apenas entre OHIP-14 e CPO-D (p=0,002). A
confiabilidade do instrumento OHIP-14 foi observada através do indicador alpha de
Cronbach (87,40%).
Tabela 6 - Análise bivariada para associação entre OHIP e variáveis independentes.
Variáveis Impacto dimensão geral OHIP-14
� P-valor Fraco Médio Forte n(%) n(%) n(%)
Classe econômica A1; A2; B1 3 (100,0) - -
0,123 0,083 B2; C1; C2 133 (80,6) 30 (18,2) 2 (1,2) D – E 22 (68,8) 9 (28,1) 1 (3,3) Idade >18 31 (8,1) 7 (18,4) -
0,029 0,681 19-29 103 (78,6) 25 (19,1) 3 (2,3) 30-39 22 (75,9) 7 (24,1) - 40 ou + 2 (100,0) - - Período gestacional 1º trimestre 31 (83,8) 6 (16,2) -
0,020 0,781 2º trimestre 60 (75,9) 19 (24,1) - 3º trimestre 67 (79,8) 14 (16,7) 3 (3,6) CPO-D Baixo 11 (91,7) 1 (8,3) -
0,216 0,002* Moderado 26 (100,0) - - Alto 26 (81,3) 6 (18,7) - Muito alto 95 (73,1) 32 (24,6) 3 (2,3) Notas: Fraco= frequência menor valor atribuído para” nunca” e ”raramente”; Médio= frequência atribuído médio valor atribuído para” às vezes”; Forte= frequência atribuído ao maior valor para “frequentemente” e “sempre”. � = Coeficiente de Correlação de Spearman’s P-valor (Correlação de Spearman) * P-valor < 0,05
2.4 DISCUSSÃO
48
2.4 DISCUSSÃO
O presente estudo de natureza epidemiológica buscou conhecer as
condições de saúde bucal e seu impacto na qualidade de vida de gestantes
atendidas no Sistema Único de Saúde de uma Capital Brasileira. Assim foi avaliada
a saúde bucal de gestantes, com prevalência de mulheres jovens entre 19 e 29
anos, semelhante aos dados encontrados em outros estudos (HONKALA; AL-
ANSARI, 2005; KUMAR et al., 2013; VILLA et al., 2013; KRÜGER et al., 2014),
porém observou-se também que nos países em desenvolvimento as mudanças nos
hábitos e na expectativa de vida da mulher estimulam a postergação do momento da
primeira gravidez, a qual acaba ocorrendo em idades superiores, após serem
atingidos outros objetivos de vida pessoais e profissionais (WOJCIECHOWSKA et
al., 2014).
Quanto à condição socioeconômica, encontrou-se relativa
homogeneidade do grupo estudado, com grande agrupamento de gestantes nas
classes B2, C1 e C2, baseado nos critérios estabelecidos pela Associação Brasileira
de Estudos Populacionais (ABEP). Isto é feito através do Critério de Classificação
Econômica do Brasil, o qual estima o poder de compra das pessoas e famílias
urbanas, abandonando a pretensão de classificar a população em termos de
“classes sociais”. Além disso, no relato das entrevistadas, algumas delas ainda
moram na casa de familiares agregando assim valores à renda da família. O que
diferencia e constitua este estudo que exibem idade crescente, nível de instrução
superior e padrão de classe econômica crescido tenham mudado, mas que somente
esses parâmetros não influenciem na procura da gestante precocemente as
Unidades de Saúde para realização do pré-natal. Já que outros estudos contrariam
esse achado (OLIVEIRA; NADANOVSKY, 2006; VERGESS et al., 2012;
PETERSEN, 2014; CORCHUELO-OJEDA; PÉREZ, 2014).
A gravidez dura em média 280 dias, ou seja, 40 semanas. A data mais
provável do parto (DPP) é o último dia da 40ª semana, contagem feita a partir do
décimo dia da sua última menstruação, a partir da fecundação do óvulo no útero.
Durante este período é essencial que se tenha um acompanhamento
multiprofissional em relação à saúde gestacional (GUSSO; LOPEZ, 2012). Tal fato
foi observado neste estudo, pois a presença das gestantes nas Unidades de Saúde
49
selecionada para a pesquisa mostrou-se muito inferior aos números registrados na
Central de atendimento do SUS.
Provavelmente para minimizar e assegurar a quantidade necessária de
gestantes nos estudos procura-se realizar as pesquisas nos Centros de Atendimento
de pré-natal, atendimento de outros tipos de serviços de saúde ou direto nas
maternidades (TORNELLO et al., 2007; ACHARYA et al., 2009; KUMAR et al.,
2013). Independentemente do local, estudos de interesse odontológico,
principalmente do tipo transversal observacional, são realizados entre as gestantes
ou puérperas. Quando se busca avaliar as condições de saúde bucal, a periodontite
e gengivite destacam-se entre as doenças pesquisadas, devido sua elevada
frequência e interesse primário de estudo, (TORNELLO et al., 2007; MARTÍNEZ-
BENEYTO et al., 2011; VILLA et al., 2013), enquanto que a cárie dentária apresenta-
se relevante por ser doença infecto contagiosa e, quando estudada, é encontrada
neste grupo em nível elevado, com base no índice CPO-D (ROSSEL et al., 2013;
VILLA et al., 2013; CORNEJO et al., 2013; KUMAR et al., 2013).
No presente estudo foi identificado índice CPO-D de 8,37 e prevalência
de cárie dentária de 99%, indicando elevada experiência desta doença entre as
gestantes. Estes dados estão de acordo com estudos realizados anteriormente, nos
quais se observou frequências semelhantes (KUMAR et al., 2013; VILLA et al., 2013;
CORNEJO et al., 2013), bem como resultados superiores (ROSSEL et al., 2013).
Embora outros estudos tenham sido publicados demonstrando resultados inferiores,
minimizando o risco de cárie na população estudada menor que 51% (VERGNES et
al., 2012; HASHIM, 2012; BOGGESS et al., 2011),sendo que tal fato pode estar
diretamente relacionado às políticas de Saúde Pública estabelecidas e também às
condições sócio-econômicas e culturais existentes (CODATO; NAKAMA;
MELCHIOR, 2008; PETERSEN, 2014).
A análise separada dos componentes do CPO-D indicou uma maior
influência do componente obturado média de 5,04, enquanto outros estudos
mostraram componente “cariados” de 6,8 % (KUMAR et al., 2013), 5,4%
(RAKCHANOK et al., 2010), 2,8% (VERGGESS et al., 2010). Embora o componente
“obturado” demonstre cuidado da saúde bucal pela gestante, após manifestação da
doença cárie, este procedimento restaurador não foi considerado “mérito” exclusivo
da prestação do serviço público atual, pois muitas relataram ter realizado tratamento
50
odontológico em clínicas privadas,caracterizados pelas gestantes de “baixo custo” e
“agilidade”.
A cárie dentária é a causa mais comum de “dor de dente” e é considerada
uma das razões mais frequentes para que o indivíduo busque atendimento
odontológico, principalmente em condições especiais durante a vida, como por
exemplo, período gestacional. (ACHARYA et al., 2009; CORNEJO et al., 2013;
KRÜGER et al., 2014). Também tem sido considerada a causa mais comum para os
casos de extrações dentárias (SLADE, 2001). Avaliação referente ao sintoma “dor
de dente” é utilizada para indicar o estado de saúde bucal, bem como uma medida
de qualidade de vida reconhecida (LOCKER, 1988; SLADE, 2001) que podem,
inclusive, prejudicar a rotina de vida diária (ALEXANDRE et al., 2006; MASHOTO et
al., 2009; LAMARCA et al., 2014).
O instrumento de escolha para avaliar a qualidade de vida relacionada às
condições bucais neste estudo foi o OHIP- 14 devido a sua facilidade de aplicação e
por ser muito divulgado entre os pesquisadores, os quais avaliam o impacto das
condições bucais (PIRES; FERRAZ; ABREU, 2006; FERNANDES et al., 2006;
WONG et al., 2008). Este instrumento, considerado como medida válida e confiável
da qualidade de vida relacionada à saúde oral na prática odontológica mostrou uma
relação com a percepção das pacientes sobre a saúde bucal, considerando que
todas as dimensões foram relatadas pelo menos uma vez pelas pacientes.
O resultado do OHIP foi relevante como parâmetro para avaliar o impacto
na qualidade de vida correlacionado com a alteração da doença cárie ativa,
mostrando neste estudo que a “dor” foi o impacto de maior relevância. Porém, dentro
da dimensão “desconforto psicológico” também houve impacto, o que sugere uma
intervenção moderada na qualidade de vida das gestantes. Neste estudo quando
comparados e isolados os componentes do OHIP-14, o item “dores na boca” 7,5%
(n=15) para a resposta repetidamente e 6,53% (n=13) pacientes disseram sempre
sentir dores. Outro item de impacto foi desconforto ao mastigar (item 4),
preocupação (item 5) e vergonha (item 10). O impacto avaliado evidenciou índice
estatístico (p>0,05) significativo ao índice de prevalência do CPO-D.
As correlações do OHIP-14 apontado neste estudo, não impactou quanto
à escolaridade e classe socioeconômica, estando de acordo com alguns trabalhos
publicados (WANDERA et al., 2009; SILVA; MARQUES; DE GOES, 2008;
51
CORNEJO et al., 2013).
Uma boa condição de saúde bucal está diretamente relacionada com uma
boa prática de higiene bucal, o que sugere uma proximidade da gestante com o
dentista pode ser motivadora, pois durante a pesquisa, observou-se que das
gestantes as quais usufruíam de atendimento odontológico público ou privado,
durante o período gestacional, demonstraram melhor higienização bucal, sendo este
fato também confirmado pelos achados de Honkala e Al-Ansari (2005). Infelizmente,
muitas gestantes desconhecem a existência e o acesso livre à saúde bucal durante
o período gestacional, como evidenciado em alguns estudos (HULLAH et al., 2008;
ADENIYI et al., 2010; PETERSEN, 2014). De uma forma geral, esta população
encontra-se sob risco permanente da doença cárie, em virtude de mudanças de
hábitos alimentares, apetite exótico, náuseas, vômitos, dificuldade de acesso ao
serviço odontológico e má higiene bucal (BOGGESS et al., 2011; HEMALATHA et
al., 2013; VILLA et al., 2013; KRÜGER et al., 2014; RAMAZINI et al., 2104).
A saliva e a quantidade de seu fluxo são fundamentais para a lubrificação
e proteção da mucosa bucal e seus componentes do que ação de tampão e limpeza
dos dentes; mantenedora da integridade dentária; atividade antibacteriana e
digestão. A influência da taxa de fluxo salivar em composição bioquímica pode ser
diferente de acordo com o trimestre de gestação (HUMPHREY; WILLIAMSON, 2001;
KIVELA et al., 2003). Em relação ao fluxo salivar, os dados obtidos neste estudo se
apresentaram semelhantes a estudos publicados anteriormente (ROCKENBACH et
al., 2006; KIVELA et al., 2003).
Diante dessa afirmação é importante ressaltar que o fluxo salivar aumenta
nos primeiros meses da gestação e a hiperatividade das glândulas salivares é um
fenômeno, sem causa definida (GUNCU et al., 2005). O excesso de secreção salivar
provoca náusea e vômito e, se persistir até o final da gestação, provoca queda da
capacidade tampão da saliva, fator importante no aumento do risco de
desmineralização dental (CORONADO et al., 2014). Somados, esses fatores
influenciam diretamente em relação ao risco à cárie e a doenças periodontais.
Considerando esse estado fisiológico específico, no qual há uma série de
modificações adaptativas temporárias que ocorrem nas estruturas do corpo da
mulher grávida, decorrente de alterações hormonais, a cavidade bucal não está
isenta de sofrer tais influências e apresentar modificações teciduais de observação
52
clínica (DÍAZ GUZMÁN; CASTELLANOS-SUÁREZ, 2004; COSTANTINE, 2014)
Dentre as alterações bucais relacionadas com tecido mole a doença bucal
de maior prevalência foi a hiperplasia gengival (1,95%). Diaz-Guzmán e Castellanos-
Suárez (2004) que constataram esta alteração em 3,23% das gestantes estudadas.
Reação tecidual constituída por crescimento gengival e componentes inflamatórios e
vascular constitui na condição de gestante o granuloma gravídico. Neste estudo
identificaram-se apenas dois casos de granuloma gravídico, dado baixo em relação
a outros estudos em que constataram que 5% das mulheres grávidas estão
suscetíveis à ocorrência dessa lesão que surge principalmente devido à
angiogênese aumentada (DÍAZ-GUZMÁN; CASTELLANOS-SUÁREZ, 2004;
CARDOSO et al., 2013).
De acordo com Programa Nacional de Saúde implantado, as gestantes
fazem parte de um grupo prioritário para o atendimento odontológico. No entanto,
durante este estudo, observou-se que, com raras exceções, algumas gestantes
foram encaminhadas para atendimento odontológico de referência, principalmente
diante da queixa de “dor de dente”. Observamos não ser esta uma prática comum
nas Unidades em que o estudo foi realizado e que as mesmas, na maioria das
vezes, não eram referenciadas para esse tipo de atendimento, ainda que a própria
unidade a possuísse. Alguns estudos compartilham desta mesma problemática
(DOS SANTOS NETO et al., 2012; PETERSEN, 2014).
A finalidade do acompanhamento pré-natal é garantir o desenvolvimento
da gestação e um parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde
materna. Durante a realização do pré-natal devem ser abordados aspectos
psicossociais e atividades educativas e preventivas para as gestantes quanto aos
cuidados com sua saúde, inclusive a saúde bucal (RAMAZANI et al., 2014). Durante
esta pesquisa, observou-se que há negligência de ambos os lados, tanto na oferta
do Serviço Público Odontológico à gestante como do interesse da gestante em
buscar informações a respeito deste assunto, pois muitas delas desconhecem a
existência deste tipo de atendimento (CODATO; NAKAMA; MELCHIOR, 2008; REIS
et al., 2010; PETERSEN, 2014) .
Há, por parte de algumas gestantes, receio de interferências negativas no
feto, consequente de algum procedimento odontológico. Odontólogos e outros tipos
de profissionais que tenham sobre si a responsabilidade do exame clinico intrabucal
53
das gestantes e/ou puérperas precisam ser melhor preparados para a identificação e
resolução de problemas relacionados com a saúde bucal e ampliação do acesso a
este tipo de serviço, (BOGESS et al., 2011; MARTINEZ-BENEYTO et al., 2011;
KURIEN et al., 2013; KRUGER et al., 2014; JOHNSON et al., 2015), além da
necessidade de desmitificação do atendimento odontológico (PATIL et al., 2013;
ROBSON; BOYCE, 2014), tanto por parte das gestantes quanto por parte de alguns
profissionais.
Programas de Saúde junto a uma comunidade são criados,
principalmente, para atender segmento da sociedade com dificuldade de acesso aos
serviços privados. Países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento apresentam
diferencial no atendimento e tipo de serviço. Assim, estudos desta natureza são de
grande valia para enfatizar a necessidade de melhorias no Serviço de Atendimento
Odontológico à gestante em qualquer parte do mundo (CODATO; NAKAMA;
MELCHIOR, 2008; REIS et al., 2010; DOS SANTOS NETO et al., 2012; PETERSEN,
2014).
Estudos realizados em países em desenvolvimento informam que apenas
entre 30 e 55% das mulheres grávidas receberam assistência odontológica, em
comparação com 70 a 90% nos países desenvolvidos (CORCHUELO-OJEDA;
PÉREZ, 2014). A importância da prevenção à saúde bucal da gestante vem se
sobressaindo através de ações, as quais indicam que doenças como cárie dentária e
problemas periodontais têm grande prevalência e é um caso de saúde pública, por
isso são, constantemente, pesquisados (CODATO; NAKAMA; MELCHIOR, 2008;
REIS et al., 2010; DOS SANTOS NETO et al., 2012; PETERSEN, 2014).
O sucesso dos Programas de Saúde Pública junto à comunidade
depende de um bom planejamento e monitoramento. No caso de se propor ações
para um grupo específico, como as gestantes, por exemplo, é necessário conhecer
suas necessidades e, além disto, identificar o modo como este grupo se auto
reconhece. Sendo assim, o uso dos diversos indicadores clínicos registrados na
literatura, não asseguram atendimento das necessidades de saúde do indivíduo de
forma plena, pois as condições sociais, econômicas e psicológicas também estão
envolvidas no processo saúde-doença e consequentemente na qualidade de vida
(ESCOBAR-PAUCAR; SOSA-PALACIO; SÁNCHEZ-MEJÍA, 2011; ABHISHEK et al.,
2014; LAMARCA et al., 2013). No caso da população deste estudo, as condições
54
fisiológicas e patológicas pertinentes ao estado gestacional também podem estar
envolvidas neste processo (LAINE, 2002; ACHARYA et al., 2009; PISCOYA et al.,
2012).
2.5 CONCLUSÃO
56
2.5 CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos neste estudo, concluiu-se que foi detectado
elevado índice de cárie entre as gestantes e o OHIP apresentou impacto (<0,05) em
relação aos aspectos funcionais que interferem na qualidade de vida de gestantes
como a “dor na boca” e “desconforto ao mastigar”, tornando-se indispensável a
instalação e/ou manutenção de medidas educativo-preventivas referentes à saúde
bucal neste grupo de estudo, bem como uma maior integração entre a equipe de
profissionais que atende às gestantes durante o Pré-natal. A alta frequência de
língua saburrosa demonstrou higiene bucal deficiente.
REFERÊNCIAS
58
REFERÊNCIAS
ABHISHEK, K. N. et al. Impacto da prevalência de cárie em qualidade de saúde oral de vida entre o pessoal da polícia em Virajpet, sul da Índia. J Int Soc Ant Comunidade Dent., v. 4, n. 3, p. 188-92, set. 2014.
ACHARYA, S.; BHAT, P. V. Oral-health-related quality of life during pregnancy. J Public Health Dent., v. 69, n. 2, p. 74-7 2009.
ADENIYI, A. A. et al. Dental attendance in a sample of Nigerian pregnant women. Nig QJ Hosp Med., v. 20, n. 4, p. 186-91, 2010.
ALEXANDRE, G. C. et al. Prevalence and factors associated with dental pain that prevents the performance of routine tasks by civil servants in Rio de Janeiro, Brazil. Cad Saude Publica., v. 22, n. 5, p. 1073-8, May 2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE PESQUISA (ABEP). Critérios de classificação econômica Brasil – 2014: dados com base no levantamento sócio econômico 2010: IBOPE. Disponível em: <www.abep.org–[email protected]>. Acesso em: 8 Fev. 2014.
BOGGESS, K. A. et al. Knowledge and beliefs regarding oral health among pregnant women. J Am Dent Assoc., v. 142, n. 11, p. 1275-82, Nov. 2011.
CARDOSO, J. A. et al. Oral granuloma gravid arum: a retrospective study of 41 cases in Southern Brazil. J Appl Oral Sci., v. 21, n. 3, p. 215-8, 2013.
CODATO, L. A.; NAKAMA, L.; MELCHIOR, R. The beliefs of pregnant women about dental care during gestation. Cien Saude Colet., v. 13, n. 3, p. 1075-80, May/Jun. 2008.
CORCHUELO-OJEDA, J.; PÉREZ, G. J. Socioeconomic determinants of dental care during pregnancy in Cali, Colombia. Cad Saúde Pública, v. 30, n. 10, p. 2209-18, Oct. 2014.
CORNEJO, C. et al. Oral health status and oral health-related quality of life in pregnant women from socially deprived populations. Acta Odontol Latino Americana, v. 26, n. 2, p. 68-74, 2013.
CORONADO, P. J. et al. Prevalence and persistence of nausea and vomiting along the pregnancy. Rev Esp Enferm Dig., v. 106, n. 5, p. 318-24, May 2014.
COSTANTINE, M. M. Physiologic and pharmacokinetic changes in pregnancy. Front Pharmacol., v. 3, n. 5, p. 65, Apr. 2014.
DÍAZ-GUZMÁN, L. M.; CASTELLANOS-SUÁREZ, J. L. Lesions of the oral mucosa and periodontal disease behavior in pregnant patients. Med Oral Patol Oral Cir Bucal., v. 9, n. 5, p. 434-7; 430-3, Nov./Dec. 2004.
DOS SANTOS NETO, E. T. et al. Access to dental care during prenatal assistance. Cien Saude Colet., v. 17, n. 11, p. 3057-68, Nov. 2012.
59
DONNELLY, L. R. et al. The impact of oral health on body image and social interactions among elders in long-term care. Gerodontology, Feb. 2015.
ESCOBAR-PAUCAR, G.; SOSA-PALACIO, C.; SÁNCHEZ-MEJÍA, A. Oral health: social representations among pregnant mothers. Medellin, Colombia. Cien Saude Colet., v. 16, n. 11, p. 4533-40, 2011.
FERNANDES, M. J. et al. Assessing oral health-related quality of life in general dental practice in Scotland: validation of the OHIP-14. Community Dent Oral Epidemiol., v. 34, n. 1, p. 53-62, Feb. 2006.
GÜNCÜ, G. N.; TÖZÜM, T. F.; CAGLAYAN, F. Effects of endogenous sex hormones on the periodontium –Review of literature. Aust Dent J., v. 50, n. 3, p. 138-45, Sep. 2005.
GUSSO, G.; LOPES, J. M. C. Tratado de medicina de família e comunidade. Porto Alegre: Artemd, 2012. 2 v.
HAJIAN-TILAKI, A. et al. Oral Health-related Quality of Life and Periodontal and Dental Health Status in Iranian Hemodialysis Patients. J Contemp Dent Pract., v. 15, n. 4, p. 482-90, Jul. 2014.
HASHIM, R. Self-reported oral health, oral hygiene habits and dental service utilization among pregnant women in United Arab Emirates. Int J Dent Hyg., v. 10, n. 2, p. 142-6, May 2012.
HEMALATHA, V. T.; MANIGANDAN, T.; AMUDHAN, A. Dental considerations in pregnancy-a critical review on the oral care. J Clin Diagn Res., v. 7, n. 5, p. 948-53, May 2013.
HONKALA, S.; AL-ANSARI, J. Self-reported oral health, oral hygiene habits, and dental attendance of pregnant women in Kuwait. J Clin Periodontol., v. 32, n. 7, p. 809-14, Jul. 2005.
HULLAH, E. et al. Self-reported oral hygiene habits, dental attendance and attitudes to dentistry during pregnancy in a sample of immigrant women in North London. Arch Gynecol Obstet., v. 277, n. 5, p. 405-9, 2008.
HUMPHREY, S. P.; WILLIAMSON, R. T. A review of saliva: normal composition, flow, and function. J Prosthet Dent., v. 85, n. 2, p. 162-9, Feb. 2001.
JOHNSON, M. et al. The midwifery initiated oral health-dental service protocol: an intervention to improve oral health outcomes for pregnant women. BMC Oral Health., v. 15, n. 1, p. 2, Jan. 2015.
KIVELÄ, J. et al. Salivary carbonic anhydrase VI and its relation to salivary flow rate and buffer capacity in pregnant and non-pregnant women. Arch Oral Biol., v. 48, n. 8, p. 547-51, Aug. 2003.
KRÜGER, M. S. et al. Dental Pain and Associated Factors Among Pregnant Women: an observational study. Matern Child Health J., v. 19, n. 3, p. 501-10, Mar. 2014.
60
KUMAR, D.; DASAND, A.; GHARAMI, R. C. Benign migratory glossitis. Indian Pediatr., v. 50, n. 12, p. 1178, Dec. 2013.
KUMAR, S. et al. Factors influencing caries status and treatment needs among pregnant women attending a maternity hospital in Udaipur city, India. J Clin Exp Dent., v. 5, n. 2, e72-6, Apr. 2013.
KURIEN, S. et al. Management of pregnant patient in dentistry. J Int Oral Health, v. 5, n. 1, p. 88-97, Feb. 2013.
LAINE, M. A. Effect of pregnancy on periodontal and dental health. Acta odontologica Scandinavica, v. 60, p. 257-64, 2002.
LAMARCA, G. A. et al. The different roles of neighbourhood and individual social capital on oral health-related quality of life during pregnancy and postpartum: a multilevel analysis. Community Dent Oral Epidemiol., v. 42, n. 2, p. 139-50, Apr. 2014.
LOCKER, D. Medindo a saúde bucal: um quadro conceitual. Coletivas em Saúde Bucal, v. 5, p. 3-18, 1988.
MARTÍNEZ-BENEYTO, Y. et al. Self-reported oral health and hygiene habits, dental decay, and periodontal condition among pregnant European women. Int J Gynaecol Obstet., v. 114, n. 1, p. 18-22, Jul. 2011.
MASHOTO, K. O. et al. Dental pain, oral impacts and perceived need for dental treatment in Tanzanian school students: a cross-sectional study. Health Qual Life Outcomes., v. 30, n. 7, p. 73, Jul. 2009.
OLIVEIRA, B. H.; NADANOVSKY, P. The impacto f oral pain on quality of life during pregnancy in lowincome Brazilian women. J Orofac Pain, v. 20, n. 4, p. 297-305, 2006.
PATIL, S. et al. Oral Health Coalition: Knowledge, Attitude, Practice Behaviours among Gynaecologists and Dental Practitioners. J Int Oral Health., v. 5, n. 1, p. 8-15, Feb. 2013.
PETERSEN, P. E. The World Oral Health Report 2003: continuous improvement of oral health in the 21st century - the approach of the WHO Global Oral Health Programme. Community Dent Oral Epidemiol., v. 31, Suppl. 1, p. 3-24, 2003. Supplement.
PETERSEN, P. E. Strengthening of oral health systems: oral health through primary health care. Med Princ Pract., v. 23, Suppl. 1, p. 3-9, 2014. Supplement.
PIRES, C. P.; FERRAZ, M. B.; DE ABREU, M. H. Translation into Brazilian Portuguese, cultural adaptation and validation of the oral health impact profile (OHIP-49). Braz Oral Res., v. 20, n. 3, p. 263-8, Jul./Sep. 2006.
PISCOYA, M. D. et al. Periodontitis-associated risk factors in pregnant women. Clinics, v. 67, n. 1, p. 27-33, 2012.
61
RAKCHANOK, N. et al. Dental caries and gingivitis among pregnant and non-pregnant women in Chiang Mai, Thailand. Nagoya J Med Sci., v. 72, n. 1-2, p. 43-50, Feb. 2010.
RAMAZANI, N. et al. Effect of Anticipatory Guidance Presentation Methods on the Knowledge and Attitude of Pregnant Women Relative to Maternal, Infant and Toddler's Oral Health Care. J Dent (Tehran)., v. 11, n. 1, p. 22-30, Jan. 2014.
REIS, D. M. et al. Health education as a strategy for the promotion of oral health in the pregnancy period. Cien Saude Colet., v. 15, n. 1, p. 269-76, Jan. 2010.
ROBINSON, B. J.; BOYCE, R. A. Why is dental treatment of the gravid patient regarded with caution? When is the appropriate time for care-be it emergent or routine-in the gravid patient? J N J Dent Assoc., v. 85, n. 1, p. 11-4, Winter 2014.
ROCKENBACH, M. I. et al. Salivary flow rate, pH, and concentrations of calcium, phosphate, and sIgA in Brazilian pregnant and non-pregnant women. Head Face Med., v. 28, n. 2, p. 44, Nov. 2006.
ROSELL, F. L. et al. Impacto dos Problemas de Saúde Bucal na Qualidade de Vida de Gestantes. Pesq Bras Odontoped Clin Integr, v. 13, n. 3, p. 287-93, 2013.
SILVA, R. A.; MARQUES, F. D.; DE GOES, P. S. Factors associated with self-medication for toothache: analysis using pharmacy personnel in the city of Recife, PE. Cien Saude Colet., v. 13, Suppl., p. 697-701, Apr. 2008. Supplement.
SLADE, G. D.; SPENCER, A. J. Development and evaluation of the oral health impact profile. Community Dent Health, v. 11, n. 1, p. 3-11, 1994.
SLADE, G. D. Epidemiology of dental pain and dental caries among children and adolescents. Community Dent Health, v. 18, p. 219-27, 2001.
TONELLO, A. S.; ZUCHIERI, M. A. B. O.; PARDI, V. Assessment of oral health status of pregnant women participating in family health program in the city of Lucas do Rio Verde – MT – Brazil. Brazilian Journal of Oral Sciences, v. 6, p. 1265-8, jan./mar. 2007.
VERGNES, J. N. et al. Frequency and risk indicators of tooth decay among pregnant women in France: a cross-sectional analysis. PLoS One., v. 7, n. 5, e33296, 2012.
VILLA, A. et al. Oral health and oral diseases in pregnancy: a multicentre survey of Italian postpartum women. Aust Dent J., v. 58, n. 2, p. 224-9, Jun. 2013.
WANDERA, M. N. et al. Periodontal status, tooth loss and self-reported periodontal problems effects on oral impacts on daily performances, OIDP, in pregnant women in Uganda: a cross-sectional study. Health Qual Life Outcomes., v. 7, p. 89, Oct. 2009.
WOJCIECHOWSKA, M. et al. The assessment of selected factors influencing intent to get pregnant in the Greater Poland Region. Ann Agric Environ Med., v. 21, n. 2, p. 435-9, 2014.
62
WONG, M. C. M. et al. The consequences of orofacial pain symptoms: a population-based study in Hong Kong.. Dent Comunidade Epidemiol Oral., v. 36, p. 417-24, 2008.
ANEXOS
64
ANEXO A - CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA BRASIL-ABEP
NOME DO PACIENTE:____________________________________________ IDADE DO PACIENTE: ___________________________________________ NOME DO RESPONSÁVEL: _______________________________________ ENDEREÇO:____________________________________________________ TELEFONE: ____________________________________________________ DATA DE AVALIAÇÃO: ___________________________________________ RESPONSÁVEL PELA AVALIAÇÃO: ________________________________ Variável Quantidade No. de pontos Posse de itens TV em cores Rádio Banheiro Automóvel Empregada mensalista Máquina de lavar Videocassete e/ou DVD Geladeira Grau de instrução do chefe da família Analfabeto/até 3a. Série fundamental/até 3a. Série do 1o. grau
Até 4a. Série fundamental/até 4a. Série do 1o. Grau
Fundamental completo/1o. Grau completo Médio completo/2o. Grau completo Superior completo TOTAL DE PONTOS CLASSE
65
ANEXO B - OHIP-14
Nome: _____________________________________________Data: ___/____/2014 Marque a resposta que desejar lembrando que as perguntas se referem aos problemas que
podem ter ocorrido com você no último ano. 1 – você teve problemas em pronunciar alguma
palavra por causa de problemas com seus dentes, boca ou dentaduras?
(0) nunca (1) raramente (2) às vezes (3) repetidamente (4) sempre
2 – você sentiu que o seu paladar piorou por causa de problemas com seus dentes, boca ou dentaduras?
(0) nunca (1) raramente (2) às vezes (3) repetidamente (4) sempre
3 – você teve dores na sua boca? (0) nunca (1) raramente (2) às vezes (3) repetidamente (4) sempre
4 – você já achou desconfortável mastigar algum alimento por causa de problemas com seus dentes, boca ou dentaduras?
(0) nunca (1) raramente (2) às vezes (3) repetidamente (4) sempre
5 – você esteve preocupado por causa de problemas dentários?
(0) nunca (1) raramente (2) às vezes (3) repetidamente (4) sempre
6 – você se sentiu tenso por causa de problemas com seus dentes, boca ou dentaduras?
(0) nunca (1) raramente (2) às vezes (3) repetidamente (4) sempre
7 – sua alimentação ficou prejudicada por causa de problemas com seus dentes, boca ou dentaduras?
(0) nunca (1) raramente (2) às vezes (3) repetidamente (4) sempre
8 – você teve que parar suas refeições por causa de problemas com seus dentes, boca ou dentaduras?
(0) nunca (1) raramente (2) às vezes (3) repetidamente (4) sempre
9 – você teve dificuldade de relaxar por causa de problemas com seus dentes, boca ou dentaduras?
(0) nunca (1) raramente (2) às vezes (3) repetidamente (4) sempre
10 – você ficou envergonhado por causa de problemas com seus dentes, boca ou dentaduras?
(0) nunca (1) raramente (2) às vezes (3) repetidamente (4) sempre
11 – você ficou um pouco irritado com outras pessoas por causa de problemas com seus dentes, boca ou dentaduras?
(0) nunca (1) raramente (2) às vezes (3) repetidamente (4) sempre
12 – você teve dificuldades em fazer suas atividades diárias por causa de problemas com seus dentes, boca ou dentaduras?
(0) nunca (1) raramente (2) às vezes (3) repetidamente (4) sempre
13 – você sentiu que a vida em geral ficou pior por causa de problemas com seus dentes, boca ou dentaduras?
(0) nunca (1) raramente (2) às vezes (3) repetidamente (4) sempre
14 – você teve sua capacidade de trabalho reduzida por causa de problemas com seus dentes, boca ou dentaduras?
(0) nunca (1) raramente (2) às vezes (3) repetidamente (4) sempre
APENDICE
67
APÊNDICE A - ANAMNESE
Nome da Paciente:_____________________________ Dta Nasc:_____________ Idade:_____ Estado Civil 1( ) casada 2( ) solteira 3( ) separada 4( ) outros Qual mês de gravidez você se encontra? ( )1º ( )2º ( )3º ( )4º ( )5º ( )6º ( )7º ( )8º ( )9º Tem outros filhos?( )sim ( )não. Quantos?_____ 5 ( ) primigesta 6 ( ) multípara Parto(S)?______ Normal(is)?______ Cesariana(s)?_________ Aborto(s)?________ 1. Esta gravidez foi planejada? 7 ( ) sim 8 ( ) não 2. Quando soube que estava gravida, sua primeira reação foi? 9 ( ) positiva 10 ( ) negativa 3. Quando soube que estava gravida, primeira reação do companheiro foi? 11( ) positiva 12 ( ) negativa 4. Você esta estudando? 13 ( ) sim 14 ( ) não - Se não, há quanto tempo esta afastada da escola? 15 ( ) Há menos de um ano 16( ) Há mais de um ano 5. Grau de escolaridade que esta estudando ou que parou de estudar? 17 ( ) Ensino fundamental completo 18 ( ) Ensino fundamental incompleto 19 ( ) Ensino médio completo 20 ( ) Ensino médio incompleto 21 ( ) Superior completo 22( ) Superior incompleto 23 ( ) Analfabeto 6. Parou os estudos por causa da gestação? 24 ( ) sim 25 ( ) não 7. Você trabalha? 26 ( ) sim 27 ( ) não Informados pelo: ( ) paciente ( ) Responsável. Grau de Parentesco:___________ Você tem algum comentário sobre o questionário? ______________________