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RECUPERAÇÃO DE COMPOSTOS BIOATIVOS A PARTIR DE RESÍDUOS DA INDÚSTRIA VITIVINÍCOLA Ana Paula Gil Cruz 2013 1. 2. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

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RECUPERAÇÃO DE COMPOSTOS BIOATIVOS A

PARTIR DE RESÍDUOS DA INDÚSTRIA VITIVINÍCOLA

Ana Paula Gil Cruz

2013

1.

2. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

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ii

Ana Paula Gil Cruz

RECUPERAÇÃO DE COMPOSTOS BIOATIVOS A

PARTIR DE RESÍDUOS DA INDÚSTRIA VITIVINÍCOLA

Tese de Doutorado apresentado ao

Programa de Pós-Graduação em Ciências de

Alimentos, Instituto de Química, da

Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Doutor em Ciências.

Orientadores: Drª. Lourdes Maria Corrêa Cabral

Profª. Drª. Suely Pereira Freitas

Prof. Dr. Alexandre Guedes Torres

Rio de Janeiro,

Abril, 2013.

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Ana Paula Gil Cruz

RECUPERAÇÃO DE COMPOSTOS BIOATIVOS A PARTIR DE

RESÍDUOS DA INDÚSTRIA VITIVINÍCOLA

Tese de Doutorado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências de Alimentos, Instituto de Química, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Ciências.

Aprovada por:

________________________________________

Lourdes Maria Corrêa Cabral, D. Sc., Embrapa Agroindústria de Alimentos (Orientadora)

________________________________________

Suely Pereira Freitas, D. Sc., Escola de Química – UFRJ (Co-Orientadora)

________________________________________

Alexandre Guedes Torres, D. Sc., Instituto de Química – UFRJ (Co-Orientador)

________________________________________

Virgínia Martins da Matta, D. Sc., Embrapa Agroindústria de Alimentos.

________________________________________

Neusa Pereira Arruda, D. Sc., Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – IFRJ

________________________________________

Veronica Calado, D. Sc., Escola de Química - UFRJ

________________________________________

Daniel Weingart Barreto, DSc., Escola de Química - UFRJ

Rio de Janeiro

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Abril, 2013

C957r Cruz, Ana Paula Gil.

Recuperação de compostos bioativos a partir de resíduos da indústria

vitivinícola/ Ana Paula Gil Cruz. Rio de Janeiro: UFRJ/ IQ, 2013.

xxvi; 202 f.: il, 31cm.

Orientadores: Lourdes Maria Corrêa Cabral, Suely Pereira Freitas e

Alexandre Guedes Torres

Tese (Doutorado) – UFRJ/ IQ/ Programa de Pós-graduação em Ciências de

Alimentos 2013.

Referências bibliográficas: 177-193.

1. Bagaço de uva. 2. Extração. 3. Atividade antioxidante. 4.Concentração por

membrana. 5. Secagem por spray drying. I. Cabral, Lourdes Maria Corrêa;

Freitas, Suely Pereira; Torres, Alexandre Guedes. II. Unisversidade Federal do

Rio de Janeiro/ Instituto de Química/ Programa de Pós-gradução em Ciências

de Alimentos. III. Recuperação de compostos bioativos a partir de resíduos da

indústria vitivinícola.

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DEDICATÓRIA

Dedico aos meus pais, José Luiz e Inês, por todos os ensinamentos, renúncias e

amor com que me educaram, pelas palavras de incentivo, pelos conselhos e

presença constante na minha vida mesmo com a distância física atual, pois sem eles

nada seria possível.

Dedico igualmente ao meu esposo, Esteban, por seu imenso amor, dedicação,

incentivo, apoio, companheirismo, conselhos, desprendimento e confiança na minha

capacidade, que me permitiram a realização de mais um sonho.

Dedico às minhas filhas, Pâmela e Manuela, por todo amor e cumplicidade que por

muitas vezes não me deixaram fraquejar, pelas palavras de incentivo, pelos abraços

acolhedores que me fizeram seguir em frente sem esmorecer e sem os quais as

renúncias de alguns momentos de convívio não seriam possíveis.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, nosso Pai, pela vida e todas as oportunidades concedidas.

À Jesus, Divino Mestre, pelos ensinamentos que me fazem buscar

melhorar a cada dia, em todos os âmbitos.

À Embrapa Agroindústria de Alimentos, pela oportunidade e cessão de

suas instalações que permitiram a realização deste trabalho.

Aos meus orientadores, Lourdes, Suely e Alexandre, pela confiança no

meu potencial, ensinamentos e conselhos que me permitiram um crescimento

ímpar e a conquista de mais uma etapa. Muito obrigada pela paciência e

incentivo que muitas vezes precisei, obrigada pelos exemplos de vida

profissional e pessoal que me deram.

Aos professores e coordenadores do Programa de Pós-Graduação em

Ciências de Alimentos do Instituto de Química, pela dedicação e empenho para

garantir a excelência do curso.

Aos funcionários do Programa de Pós-Graduação em Ciências de

Alimentos em especial ao Rafael e ao Cláudio, que com toda a paciência e

conhecimento me socorreram nos momentos mais angustiantes.

Aos professores e funcionários do Programa de Pós Graduação da Escola

Química, pela dedicação e empenho que me permitiram novos conhecimentos.

Aos pesquisadores Loiva, Gildo, da Embrapa Uva e Vinho, e suas equipes

pela ajuda na obtenção dos bagaços e pela troca de conhecimento neste

período.

Aos meus amigos da Embrapa, Chorão, Flávia, William, Filé, Selma,

Érika, Claudão, David, Henriqueta, Andressa, Manuela, Ana Cristina, Sidney,

Luciana Sampaio, Sidinéa e Marco pela amizade, incentivo, conversas e o

carinho que sempre esteve presente em nossos relacionamentos, além da

imensa ajuda em diferentes etapas da parte experimental deste trabalho.

À Virgínia, por ter sido a primeira a acreditar no meu potencial e me

incentivar a seguir e crescer profissionalmente, pela amizade e valiosos

ensinamentos e conselhos que me fizeram crescer ao longo de todos estes anos

de convívio.

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À Renata Tonon, Flávia Gomes, Manuela e Ronoel, por todo o

conhecimento transmitido, amizade e valiosos ensinamentos e conselhos que

me ajudaram a seguir em frente.

À Ilana e Regina Nogueira pelas conversas tão produtivas, amizade e

conselhos nestes anos de convívio.

Ao Edmar, Renata Torrezan, Leda, Janine, Félix e Viktor, por contribuírem

de alguma forma com meu crescimento e pelo convívio sempre tão rico.

Aos colegas de doutorado, em especial à Alexandra, Vanessa Naciuk,

Renata Mariano, Juliane, Luciana Lopes, Ívina, Célia e Nara por compartilhar

tanto os momentos de desespero, como os de alegrias e sucessos ao longo do

curso.

Aos colegas do Laboratório de Bioquímica Nutricional e de Alimentos pela

troca de conhecimento e pelo convívio.

Aos meus pais, que me ensinaram a prosseguir sempre e que os

obstáculos existem para serem superados sem, contudo, trair nossos valores e

ideais. Muito obrigada pelo exemplo que são para mim.

À minha família, Esteban, Pâmela e Manuela, que sempre me

incentivaram e que me motivam a crescer e a ser uma pessoa/profissional

melhor a cada dia. Muito obrigada por serem meu porto seguro, por todo amor,

paciência, apoio, sensibilidade e sabedoria, principalmente durante este período.

Sem vocês não seria possível.

Aos meus amados irmãos, Tico e Tuti, que mesmo longe fisicamente

sempre se fazem presentes em minha vida e dos quais recebo sempre palavras

de carinho, amor, incentivo e conselhos que necessito. Muito obrigada por

fazerem parte da minha história, vocês são meus modelos de desprendimento,

dedicação e amor à vida.

Aos meus tios e tias, Bibiana, Newton, Madalena (in memorian), Clayton,

José Augusto, Tereza, Braúlio, Ireny, Maria Francisca, Jaime, Marilda e Márcio

pelos inúmeros ensinamentos e exemplos de vida.

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Aos meus avôs, Bráulio (in memorian), Aparecida, Joanna e Márcio (in

memorian) que me mostraram que a humildade e a dedicação são ferramentas

fundamentais para o conhecimento e crescimento.

Aos meus sogros, Humberto e Marina, meus primos, primas, cunhadas,

sobrinho e sobrinhas pelo incentivo e carinho.

À Natalia Eitel, minha super estagiária e amiga, por toda a dedicação e

trabalho, sem os quais não teria conseguido atingir todos os objetivos, por todo o

carinho, amizade e companheirismo que crescem a cada dia.

Ao Marlon, Neto e a Carla, por todo empenho e ajuda na execução dos

trabalhos, por todo o crescimento que a rica convivência me trouxe.

Às grandes amigas confidentes Alexandra, Luciana e Isabelle, por todo o

incentivo, apoio, força, ombro amigo e conselhos nas horas mais difíceis, pelos

momentos de descontração e pelos laços da amizade sincera que transcende.

À Rosângela, amiga e meu grande apoio na sustentação do meu lar,

pelas suas orações, carinho e amor a mim e à minha família que me permitiram

a tranquilidade necessária para realizar meus sonhos.

Aos amigos Mônica Pagani, Daniel, Aline Bravo, Sandra Márcia e Simone

pelo incentivo.

Aos amigos conquistados ao longo deste tempo, em especial Flávia

Pingo, Priscila (Perê), Cássia, Renata Cabral, Juliana, Juliana Furtado, Crislen,

Rodrigo, Neto, Larissa, Nara, Luciana, Nathalia, Natalia, Carla, Marlon, Diego,

Luísa, Ana Cristina, pela ajuda, por todos os momentos compartilhados e pelos

laços que não se desfazem com o tempo e distância.

A todos com os quais tive o prazer de conviver e que certamente

contribuíram para este momento.

À CAPES pela concessão de bolsa.

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Seja em você a mudança que quer para o mundo.

Mahatma Gandhi

Embora ninguém possa voltar atrás para fazer um novo começo,

qualquer um pode começar agora a fazer um novo fim.

Emmanuel por Francisco Cândido Xavier

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RESUMO

CRUZ, Ana Paula Gil. Recuperação de compostos bioativos a partir de res íduos da indústria vitivinícola. Rio de Janeiro, 2013. Tese (Doutorado em Ciência de Alimentos) – Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2013.

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, e o décimo primeiro em

uvas. Em 2011, a safra brasileira de uva foi de 1,46 milhões de toneladas das quais

836 mil toneladas foram destinadas ao processamento. Nesta etapa, efluentes e

resíduos diversos são gerados e estima-se que bagaço corresponda a 16% da uva

processada. Assim, é possível inferir que cerca de 134 mil toneladas deste co-

produto são geradas anualmente. O descarte desses resíduos promove graves

impactos ambientais, causados pelas elevadas demandas química e bioquímica de

oxigênio, que impõem a necessidade de tratamentos de elevado custo operacional.

Por outro lado, o bagaço destaca-se quanto a sua composição nutricional e

funcional, que favorece sua utilização como matéria prima para elaboração de novos

produtos de interesse industrial. Diante deste cenário, o presente trabalho teve por

objetivo recuperar os compostos bioativos presentes nos bagaços de uva,

resultantes das vinificações em branco e em tinto assim como da elaboração do

suco de uva. Para tal, foram avaliados os processos de extração com solvente e

com enzimas, seguidos da concentração por tecnologia de membranas. O

planejamento experimental empregado identificou a extração com etanol 70% em

água, como a mais eficiente para a obtenção de extratos ricos em compostos

bioativos. Porém, a alta concentração de etanol no extrato não favorecia sua

posterior concentração por osmose inversa ou nanofiltração. A redução do teor de

etanol de 70 para 30% na etapa de extração possibilitou que, na etapa de

concentração, um fator de concentração em massa igual a dez fosse alcançado na

nanofiltração, além de um incremento de quase seis vezes no valor do fluxo de

permeado. Os extratos, obtidos a partir dos bagaços de uva Pinot Noir vinificada em

branco (VB), de uva Chardonnay vinificada em tinto (VT) e de uva Isabel utilizada na

elaboração do suco (SU), após a concentração por nanofiltração apresentaram

atividade antioxidante média de 120, 45 e 69 µmol TE.g-1, respectivamente, medida

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pelo método ORAC. Os coeficientes de difusão dos compostos fenólicos foram de

8,6x10-15; 1,5x10-16 e 3,3x10-16 m².s-1 para os bagaços VT, SU e VB,

respectivamente, a 50 °C, pH 4,0 e solução hidroeta nólica 70:30 como solvente. Foi

possível a microencapsulação por spray drying destes extratos concentrados

empregando maltodextrina com DE 10 como material de parede. Os pós obtidos

apresentaram atividade antioxidante medida pelo método ORAC de cerca de 440

µmol TE.g-1 para o pó VB e de 218 µmol TE.g-1 para os pós VT e SU. Os valores de

umidade na monocamada foram de 3,7%, 5,9 e 5,4% para os pós VB, VT e SU,

respectivamente, de acordo com as isotermas ajustadas pelo modelo de BET. Foi

possível ainda verificar que a partir da atividade de água (aw) de 0,4 inicia-se a

adsorção de água nas camadas inferiores à monocamada e, acima de 0,7 ocorre a

solubilização dos pós.

Palavras-chave: bagaço de uva, extração, atividade antioxidante,

concentração por membranas, secagem por spray drying.

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ABSTRACT

Brazil is the third largest fruit producer of the world, and the eleventh of grapes. In

2011, the Brazilian grape harvest was 1.46 million tons of which 836 tons were

destined for juice and wine processing. In this step, effluents and waste are

generated, estimated to correspond to 16% of grapes marc. Thus, is possible infer

that about 134 thousand tons of this co-product are generated annually. The disposal

of this waste promotes serious environmental impacts caused by the high chemical

and biochemical oxygen demands, which impose high cost treatments. Moreover,

bagasse stands out as its functional and nutritional composition, which indicates its

use as raw material for production of new products of industrial interest. This study

aimed to recover bioactive compounds present in grape marcs resulting from white

and red winemaking as well as grape juice processing. In this sense, solvent and

enzymatic extractions were evaluated, followed by the concentration using

membrane technology. The experimental design identified the extraction condition

with 70% ethanol in water, as the most efficient for obtaining extracts rich in bioactive

compounds. However, the high concentration of ethanol in the extract did not favor

its subsequent concentration by reverse osmosis or nanofiltration. The reduction of

the ethanol content from 70 to 30% in the extraction step has enabled, in the

concentration step by nanofiltration, a volumetric concentration factor equal to ten

and in addition to an increase of almost six times the value of the permeate flux. The

concentrated extracts, from Pinot Noir grape marc winemaking as white wine (VB),

Chardonnay grapes winemaking as red wine (VT) and Isabel grape used in juice

processing (SU), showed antioxidant activity average of 120, 45 and 69 micromol

TE.g-1, respectively, measured by ORAC method. Phenolics mass diffusion

coefficients were 8,6 x10-15; 1,5 x10-16 e 3,3 x10-16 m².s-1 for grape pomace VT, SU

and VB, respectively, at 50°C, pH 4,0 and 30% ethan ol in aqueous solution as

solvent. It was possible to microencapsulate the extracts by spray drying using

maltodextrin DE 10 as wall material. The obtained powders had antioxidant activity of

approximately 440 µmol TE.g-1 to VB powder and 218 µmol TE.g-1 to the powders VT

and SU. Monolayer moisture value were 3,7%, 5,9 and 5,4% for VB, VT and SU

powders, respectively, in isotherms adsorption fitted using BET model. It was

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possible verify that water adsorption in multilayers starting from aw 0,4 and, above aw

0,7 occur powders solubilization.

Key-words: grape pomace, extraction, antioxidant activity, concentraction by

membrane process, spray drying.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 4.1 – Infográfico, indicando os polos da viticultura brasileira, nos

principais estados produtores de uvas para processamento: uvas finas (A); uvas de

mesa (B) (CAMARGO et al., 2010). ............................................................................ 6

Figura 4.2 – Cacho de uva tinta (alto), engaço (direita) e baga das uvas

(esquerda) e as classificação botânica de suas principais estruturas (TECCHIO et

al., 2010). .................................................................................................................... 8

Figura 4.3- Diagrama resumido dos processos de elaboração de sucos e

vinhos e os respectivos resíduos gerados. Adaptado de: Marzarotto (2005); Brazinha

e Crespo (2010) e Pérez-Serradilla e Luque de Castro (2008). ................................ 11

Figura 4.4 – Metabolismo dos compostos fenólicos em vegetais (NAZCK e

SHAHIDHI, 2004). .................................................................................................... 28

Figura 4.5 Principais subclasses de compostos não flavonoides em uva. ..... 29

Figura 4.6 – Estrutura química do ácido elágico (pt.encydia.com). ................ 30

Figura 4.7- Classificação dos taninos em: 1-galotanino; 2-elagitanino; 3-tanino

complexo e 4-tanino condensado (KHANBABAEE e VAN REE, 2001). ................... 33

Figura 4.8 – Núcleo Flavílio (BRAVO, 1998). ................................................. 34

Figura 4.9 – Principais classes de flavonoides. .............................................. 35

Figura 4.10- Unidades monoméricas das proantocianidinas:Flavan-3-ol

(esquerda) e Flavan-3,4-diol (direita). ....................................................................... 36

Figura 4.11 – Estruturas que contribuem para a atividade antioxidante dos

flavonoides (WADA et al., 2007). .............................................................................. 37

Figura 4.12 – Rota metabólica dos flavonoides a partir da chalcona

(OHKATSU et al., 2010). .......................................................................................... 38

Figura 4.13 – Principais antocianidinas em alimentos.................................... 40

Figura 4.14- Comportamento das antocianinas em função do pH. ................ 42

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Figura 4.15- Exemplos de piranoantocianinas encontradas nos vinhos

(MATEUS, 2009). ..................................................................................................... 44

Figura 4.16-Processos de separação por membranas em função do tamanho

dos poros .................................................................................................................. 51

Figura 4.17 – Esquemas de filtração convencional (A) e com fluxo tangencial

(B) ............................................................................................................................. 53

Figura 4.18- Microesferas produzidas por spray drying (Fang e Bhandari,

2010)......................................................................................................................... 59

Figura 5.1- Prensa hidráulica. ........................................................................ 63

Figura 5.2 – Resíduos industriais. .................................................................. 64

Figura 5.3 – Diagrama de processos para a determinação da eficiência da

extração. ................................................................................................................... 70

Figura 5.4- Tacho encamisado ....................................................................... 71

Figura 5.5- Centrífuga de cestos. ................................................................... 72

Figura 5.6 – Diagrama simplificado dos testes preliminares. ......................... 73

Figura 5.7 - Diagrama representativo do módulo de configuração quadro e

placas (DSS). ............................................................................................................ 73

Figura 5.8 - Módulo piloto de osmose inversa de configuração quadros e

placas (esquerda) e .tanque de alimentação (direita) ............................................... 74

Figura 5.9 - Esquema do sistema de nanofiltração. ....................................... 76

Figura 5.10 - Módulo piloto de nanofiltração configuração tubular e

membranas cerâmicas.............................................................................................. 76

Figura 5.11 – Sistema de nanofiltração com membrana polimérica de

conformação espiral.................................................................................................. 77

Figura 5.12- Fluxograma de processo de limpeza dos sistemas de osmose

inversa e nanofiltração. ............................................................................................. 79

Figura 5.13 - Spray dryer. ............................................................................. 82

Figura 6.1 Gráfico de Pareto para a atividade antioxidante na extração

enzimática. ................................................................................................................ 95

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xvi

Figura 6.2 - Efeito da temperatura e pH sobre as antocianinas totais

(esquerda) e monoméricas (direita). ......................................................................... 96

Figura 6.3 – Efeito do pH e da temperatura sobre a atividade antioxidante. .. 97

Figura 6.4- Efeito da temperatura e razão solvente:substrato sobre a atividade

antioxidante (esquerda) e fenólicos totais (direita). .................................................. 97

Figura 6.5 - Gráficos de Pareto para a atividade antioxidante (esquerda) e

antocianinas (direita) na extração hidroetanólica. ................................................... 100

Figura 6.6 – Efeito da temperatura e razão solvente:substrato sobre a

atividade antioxidante. ............................................................................................ 102

Figura 6.7 – Gráficos das médias marginais de etanol e temperatura para os

fenólicos totais (esquerda) e antocianinas totais (direita). ...................................... 103

Figura 6.8 - Gráficos de Pareto para a atividade antioxidante (esquerda) e

fenólicos totais (direita) na extração do bagaço VB. ............................................... 107

Figura 6.9 - Superfície de resposta da extração dos compostos fenólicos

frente às variações no teor de etanol e pH (esquerda) e pH e razão S:S (direita) .. 108

Figura 6.10 – Gráficos de Pareto para as antocianinas totais (esquerda) e

monoméricas (direita) na extração do bagaço VB. ................................................. 109

Figura 6.11 – Gráfico de superfície de resposta para a atividade antioxidante

em função do pH e teor de etanol na solução, mantendo a razão solvente:substrato

em 9:1. .................................................................................................................... 110

Figura 6.12 Gráficos de Pareto para a atividade antioxidante (esquerda) e

fenólicos totais (direita). .......................................................................................... 114

Figura 6.13 – Gráfico de Pareto para a atividade antioxidante .................... 117

Figura 6.14 - Gráfico de pareto para os compostos fenólicos totais. ........... 118

Figura 6.15 - Gráfico de superfície de resposta para o rendimento em

compostos fenólicos totais de bagaço de uva Isabel (S) em função do pH e teor de

etanol na solução. ................................................................................................... 119

Figura 6.16 – Gráficos de superfície de resposta para as antocianinas totais

(esquerda) e monoméricas (direita) em função da concentração de etanol e do pH.

................................................................................................................................ 120

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xvii

Figura 6.17 – Gráficos de Pareto para antocianinas totais (A) e monoméricas

(B). .......................................................................................................................... 121

Figura 6.18 – Gráfico de valores experimentais versus valores estimados pelo

planejamento fatorial 2². ......................................................................................... 122

Figura 6.19 – Cinética da extração de fenólicos do bagaço de uva Pinot Noir

(VB) ajustada pela segunda lei de Fick com três termos (esquerda) e com o primeiro

termo (direita). ........................................................................................................ 124

Figura 6.20 – Cinética da extração de fenólicos dos bagaços VT e SU. ...... 125

Figura 6.21 – Cinética de extração das antocianinas nos bagaços de uva

Isabel (SU esquerda) e Pinot Noir (VB direita). ...................................................... 126

Figura 6.22 – Eficiência da extração em fenólicos totais e atividade

antioxidante. ........................................................................................................... 128

Figura 6.23 – Fluxo de permeado dos processos de osmose inversa. ........ 129

Figura 6.24- Frações do processo de osmose inversa de extrato

hidroetanólico de bagaço de uva Pinot Noir (VB). .................................................. 131

Figura 6.25 – Permeabilidade hidráulica das membranas de osmose inversa

antes e após o processamento com extrato hidroetanólico. ................................... 132

Figura 6.26 – Fluxo de permeado e fator de concentração volumétrica dos

processos de nanofiltração em sistema cerâmico. ................................................. 133

Figura 6.27 – Correntes da nanofiltração do extrato hidroetanólico de bagaço

de uva Pinot Noir (VB) em membrana cerâmica. .................................................... 134

Figura 6.28- Fluxo de permeado e fator de concentração volumétrica do

extrato hidroetanólico de bagaço de uva Pinot Noir (VB) contendo 70% de etanol

pelo sistema de nanofiltração com membrana polimérica. ..................................... 135

Figura 6.29 – Frações da nanofiltração do extrato hidroetanólico de bagaço de

uva Pinot Noir em sistema espiral com membrana polimérica. .............................. 136

Figura 6.30- Permeabilidade hidráulica da membrana de nanofiltração de

poliamida antes e após o processamento com extrato hidroetanólico. ................... 137

Figura 6.31 – Comparativo entre os processos de nanofiltração com

membranas cerâmica e polimérica. ........................................................................ 138

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Figura 6.32 – Fluxo de permeado e fator de concentração volumétrica de

extrato de bagaço de uva contendo 30% de etanol submetido à nanofiltração a 40°

C. ............................................................................................................................ 139

Figura 6.33- Comparativo entre os retidos da nanofiltração dos extratos de

bagaço de uva contendo 30 e 70% de etanol. ........................................................ 141

Figura 6.34 - Fluxo limite do extrato de bagaço de uva contendo 30% de

etanol no processo de nanofiltração. ...................................................................... 142

Figura 6.35- Nanofiltração do extrato de bagaço de uva Pinot Noir (VB)

contendo 30% de etanol. ........................................................................................ 143

Figura 6.36- Correlação de Pearson entre a atividade medida em ABTS e

ORAC e os compostos bioativos ............................................................................ 147

Figura 6.37 – Cromatogramas sobrepostos da fração retida de VB (preto) e de

jabuticaba (vermelho). ............................................................................................ 148

Figura 6.38 – Espectros de absorção no visível de delfinidina-3-glicosídeo (1)

e cianidina-3-glicosídeo (2). .................................................................................... 148

Figura 6.39- Estrutura química das antocianidinas encontradas Pinot Noir. 150

Figura 6.40 – Cromatogramas das frações da nanofiltração de extrato

hidroetanólico de bagaço de uva Pinot Noir (VB). .................................................. 151

Figura 6.41 - Fluxo de processo e aproveitamento sugerido para a fração de

permeado. ............................................................................................................... 153

Figura 6.42 - Nanofiltração do extrato de bagaço de uva Chardonnay

contendo 30% de etanol. ........................................................................................ 154

Figura 6.43- Fluxo de permeado em função da concentração volumétrica. . 154

Figura 6.44 – Concentração dos extratos durante o processamento. .......... 155

Figura 6.45- Coeficientes de retenção para o extrato hidroetanólico de bagaço

de uva Chardonnay. ............................................................................................... 156

Figura 6.46 - Nanofiltração do extrato de bagaço de uva Isabel. ................. 159

Figura 6.47 – Coeficientes de retenção para o extrato hidroetanólico do

bagaço de uva Isabel. ............................................................................................. 160

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xix

Figura 6.48 – Diagrama de processos sugerido para o máximo

aproveitamento do bagaço e redução real do resíduo sólido. ................................ 164

Figura 6.49- Isotermas de sorção dos microencapsulados obtidos com os

dados experimentais e com os dados ajustados pelo modelo BET ........................ 166

Figura 6.50 Isotermas de sorção dos microencapsulados obtidos com os

dados experimentais e com os dados ajustados pelo modelo de GAB. ................. 167

Figura 6.51- Microencapsulados nas condições de umidade de equilíbrio das

diferentes umidades relativas aos quais foram submetidos para a determinação das

isotermas. ............................................................................................................... 168

Figura 6.52 – Estabilidade das antocianinas totais (esquerda) e monoméricas

(direita) durante o armazenamento. ........................................................................ 169

Figura 6.53- Microencapsulados obtidos com extratos SU, VT e VB, da

esquerda para a direita. .......................................................................................... 170

Figura 6.54- Diagrama de cor do sistema Lab. ............................................ 171

Figura 6.55- Estabilidade dos microencapsulados quanto aos fenólicos totais.

................................................................................................................................ 172

Figura 6.56- Estabilidade dos pós quanto à capacidade antioxidante medida

pelos métodos TEAC e ORAC. ............................................................................... 173

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xx

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1- Coloração das antocianidinas (TAIZ e ZEIGER, 2004). .............. 40

Tabela 5.1 Matriz do planejamento experimental da extração enzimática. .... 65

Tabela 5.2 - Matriz do planejamento experimental para a extração

hidroetanólica. .......................................................................................................... 67

Tabela 5.3- Matriz experimental para a extração hidroetanólica dos bagaços

industriais. ................................................................................................................. 68

Tabela 5.4 – Pontos axiais complementares do planejamento Composto

Central. ..................................................................................................................... 69

Tabela 5.5- Valores de umidade relativa para as soluções saturadas a 25 °C

(Spiess e Wolf 1987)................................................................................................. 92

Tabela 6.1- Matriz experimental do tratamento enzimático e resultados obtidos

.................................................................................................................................. 99

Tabela 6.2 – Matriz experimental do tratamento hidroetanólico e resultados

obtidos. ................................................................................................................... 101

Tabela 6.3 – Ensaios preliminares de extração com bagaço industrial de Pinot

noir submetido à vinificação em branco. ................................................................. 105

Tabela 6.4- Matriz experimental e resultados obtidos com o planejamento

composto central para o bagaço VB. ...................................................................... 111

Tabela 6.5 – Matriz experimental 2³ e resultados obtidos para o bagaço VT.

................................................................................................................................ 113

Tabela 6.6 – Comparativo entre extração hidroetanólica e aquosa. ............ 114

Tabela 6.7 - Matriz experimental e resultados obtidos para o bagaço de uva

Isabel proveniente da elaboração do suco (SU). .................................................... 116

Tabela 6.8 – Comparativo entre os rendimentos em atividade antioxidante

dos bagaços VB, VT e SU em duas condições de extração. .................................. 123

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xxi

Tabela 6.9 – Compostos bioativos e capacidade antioxidante in vitro nas

correntes dos processos de osmose inversa .......................................................... 131

Tabela 6.10 - Compostos bioativos e capacidade antioxidante in vitro nas

correntes da nanofiltração em membrana polimérica. ............................................ 136

Tabela 6.11 – Compostos bioativos e capacidade antioxidante in vitro nas

frações de nanofiltração a 40° C de extrato de baga ço de uva contendo 30% de

etanol. ..................................................................................................................... 140

Tabela 6.12 - Compostos bioativos e atividade antioxidante in vitro nas

correntes da nanofiltração do extrato de bagaço de uva Pinot Noir (VB) – Ensaio 1.

................................................................................................................................ 144

Tabela 6.13 - Compostos bioativos e atividade antioxidante in vitro nas

correntes da nanofiltração do extrato de bagaço de uva Pinot Noir (VB) – Ensaio 2.

................................................................................................................................ 145

Tabela 6.14- Área média dos picos dos cromatogramas das frações

alimentação e retido dos processos com extratos VB. ........................................... 149

Tabela 6.15 – Características físico-químicas das frações da nanofiltração.152

Tabela 6.16 – Compostos bioativos e atividade antioxidante in vitro das

correntes da nanofiltração do extrato de bagaço de uva Chardonnay (VT). ........... 157

Tabela 6.17 – Características físico-químicas das frações da nanofiltração de

extrato hidroetanólico de uva Chardonnay (VT). .................................................... 158

Tabela 6.18 - Compostos bioativos e atividade antioxidante in vitro das

correntes da nanofiltração do extrato de bagaço de uva Isabel (SU) – Processo 1.

................................................................................................................................ 161

Tabela 6.19 -- Compostos bioativos e atividade antioxidante in vitro das

correntes da nanofiltração do extrato de bagaço de uva Isabel (SU) – Processo 2.

................................................................................................................................ 161

Tabela 6.20- Características físico-químicas das frações da nanofiltração de

extrato hidroetanólico de uva Isabel (SU). .............................................................. 163

Tabela 6.21 – Coeficientes dos ajustes das isotermas segundo os modelos de

BET e GAB. ............................................................................................................ 166

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xxii

Tabela 6.22 Medida de cor dos microencapsulados no ponto inicial e final do

estudo de estabilidade. ........................................................................................... 171

Tabela 9.1 – Investimento para a produção de microencapsulados de extrato

de bagaço de uva. .................................................................................................. 199

Tabela 9.2 – Custos operacionais fixos e variáveis para a produção do

micorencapsulado de bagaço de uva VB. ............................................................... 200

Tabela 9.3– Investimento para a produção de microencapsulados de extrato

de bagaço de uva VT .............................................................................................. 201

Tabela 9.4 – Custos operacionais fixos e variáveis para a produção do

micorencapsulado de bagaço de uva V. ................................................................. 202

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xxiii

LISTA DE ABREVIATURAS

ABTS Ácido 2,2 azinobis (3-etilbenzotiazolina-6-sulfônico) diamônio

AUC Area Under Curve

BE Bagaço obtido experimental

BHA Butil-hidroxi-anisol

BHT Butil-hidroxi-tolueno

COX Ciclooxigenase

DE Dextrose equivalente

ER Espécies reativas

GE Grau de esterificação

PAL Fenilalanina amônia liase

PG Galato de propila

SU Bagaço de uva Isabel empregada na elaboração de suco de uva

TBHQ Terc-butilhidroquinona

TROLOX Ácido 6-hidroxi-2-5-7-8-tetrametilcromo2-carboxílico

VB Bagaço de uva Pinot Noir vinificada em branco

VT Bagaço de uva Chardonnay submetida à vinificação tinta

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xxiv

SUMÁRIO

RESUMO ......................................................................................................... x

ABSTRACT ..................................................................................................... xii

LISTA DE FIGURAS ...................................................................................... xiv

LISTA DE TABELAS ....................................................................................... xx

LISTA DE ABREVIATURAS ......................................................................... xxiii

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 1

2. JUSTIFICATIVA ...................................................................................... 3

3. OBJETIVOS ............................................................................................ 4

3.1. Objetivo geral ................................................................................... 4

3.2. Objetivos específicos ........................................................................ 4

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 5

4.1. Uva e seus resíduos ......................................................................... 7

4.1.1. Aspectos botânicos da uva ............................................................ 7

4.1.2. Processamento da uva .................................................................. 8

4.1.3. Resíduos gerados pela vitivinicultura e potenciais de valorização

......................................................................................................13

4.2. Compostos bioativos de uvas e seus resíduos ............................... 26

4.2.1. Não flavonoides ........................................................................... 29

4.2.2. Flavonoides ................................................................................. 34

4.2.3. Relevância dos compostos fenólicos ........................................... 45

4.3. Processos de separação por membranas ...................................... 50

4.4. Secagem por spray drying .............................................................. 56

5. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................... 63

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xxv

5.1. Matéria prima .................................................................................. 63

5.2. Procedimento Experimental ............................................................ 64

5.2.1. Seleção dos parâmetros operacionais da etapa de extração ...... 64

5.2.2. Determinação da melhor condição de extração – resíduos

industriais ......................................................................................................67

5.2.3. Cinética da extração .................................................................... 69

5.2.4. Eficiência da extração ................................................................. 70

5.2.5. Extração em escala piloto ........................................................... 71

5.2.6. Concentração por membranas .................................................... 72

5.2.7. Remoção do etanol por evaporação a vácuo .............................. 81

5.2.8. Microencapsulação ...................................................................... 81

5.3. Métodos analíticos .......................................................................... 84

5.3.1. Determinação da atividade antioxidante pelo método ABTS

expresso em Trolox Equivalent Antioxidant Capacity (TEAC) ............................ 84

5.3.2. Determinação da atividade antioxidante pelo método ORAC

expresso em Trolox Equivalent Antioxidant Capacity (TEAC). ........................... 85

5.3.3. Antocianinas totais e monoméricas ............................................. 86

5.3.4. Identificação das antocianinas monoméricas por CLAE .............. 88

5.3.5. Compostos fenólicos totais por Folin-Ciocalteu ........................... 88

5.3.6. Cor instrumental .......................................................................... 89

5.3.7. pH ................................................................................................ 90

5.3.8. Sólidos solúveis (ºBrix) ................................................................ 90

5.3.9. Acidez titulável total ..................................................................... 90

5.3.10. Sólidos totais ............................................................................. 90

5.3.11. Densidade aparente .................................................................. 90

5.3.12. Determinação do teor de etanol ................................................ 91

5.3.13. Determinação da espessura dos bagaços ................................ 91

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xxvi

5.3.14. Isotermas de sorção .................................................................. 91

5.4. Avaliação estatística ....................................................................... 93

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................ 95

6.1. Seleção dos parâmetros operacionais da etapa de extração ......... 95

6.1.1. Extração enzimática aquosa........................................................ 95

6.1.2. Extração hidroetanólica ............................................................. 100

6.2. Determinação da melhor condição de extração – Bagaços

industriais .......................................................................................................106

6.2.1. Bagaço de uva tinta Pinot noir resultante da vinificação branca

(VB) ....................................................................................................106

6.2.2. Bagaço de uva branca Chardonnay resultante da vinificação tinta

(VT) ....................................................................................................112

6.2.3. Bagaço de uva tinta Isabel oriundo da fabricação do suco de uva

(SU) ....................................................................................................115

6.3. Cinética da extração ..................................................................... 123

6.4. Eficiência da extração ................................................................... 127

6.5. Concentração dos extratos por processos de separação por

membranas .......................................................................................................129

6.5.1. Testes preliminares ................................................................... 129

6.5.2. Concentração dos extratos industriais ....................................... 142

6.6. Secagem e microencapsulação dos extratos concentrados na

nanofiltração e sem etanol por Spray Drying ....................................................... 164

7. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................... 175

8. BIBLIOGRAFIA ................................................................................... 177

9. ANEXOS ............................................................................................. 194

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1

1. INTRODUÇÃO

O suprimento mundial de alimentos apresenta exigência crescente por um

melhor aproveitamento dos recursos naturais, de forma a acompanhar o crescimento

populacional. De acordo com a FAO, perde-se cerca de um terço dos alimentos

produzidos mundialmente, e neste sentido o melhor aproveitamento dos alimentos

por meio de produção integrada mais eficiente em um mundo com recursos naturais

finitos não deve ser uma prioridade negligenciada (GUSTAVSSON et al., 2011).

Além de apresentar implicações econômicas diretas, o melhor aproveitamento dos

alimentos está estreitamente ligado aos impactos ao meio-ambiente. Desta forma, a

investigação de alternativas tecnológicas com vistas a agregar valor a resíduos

agroindustriais pode contribuir para reduzir seu volume e/ou os custos para seu

descarte apropriado.

Enquanto nas décadas de 70 e 80 havia maior preocupação com a

preservação da água e do ar, respectivamente, na de 90 a atenção voltou-se para os

resíduos (KRAEMER). A partir de então têm surgido diretrizes, pesquisas e

posteriormente leis incisivas quanto à destinação dos resíduos e punição nos casos

de não cumprimento da legislação. Uma das consequências foi a criação das

diretrizes europeias para a destinação final de resíduos que determina para 2020 um

volume máximo correspondente a 35% do volume gerado em 1995. Além de

diretrizes gerais (lei espanhola n° 10/1998; lei br asileira nº 12.305/2010), foram

criados acordos setoriais que dispõem sobre a destinação específica de resíduos da

vinicultura, tais como Regulamentos do Conselho Europeu EC 1493/1999 e EC

479/2008 (BRASIL, 2010; DEVESA-REY et al., 2011; BUSTAMANTE et al., 2008).

Uma vez que a legislação brasileira na área de resíduos agroindustriais está no

geral alinhada à União Européia, é possível que no futuro surjam leis específicas

para a vitivinicultura brasileira. As penalidades e multas associadas à má destinação

e ao não desenvolvimento de soluções ambientalmente sustentáveis vêm

favorecendo as ações de responsabilidade compartilhada dos resíduos e

desestimulando os estabelecimentos a permanecerem como “poluidor-pagadores”

(DEVESA-REY et al., 2011).

A “produção verde” pode ser atingida a partir da aplicação de diversas ações

estratégicas, destacando-se o aproveitamento dos co-produtos gerados e as

modificações na planta de produção como algumas das mais promissoras. Além do

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2

aproveitamento da água de distintas etapas do processo, os resíduos vegetais

despertam o interesse pela diversidade de aplicações possíveis, que vão desde a

recuperação de compostos de interesse até a utilização dos resíduos como matéria

prima para elaboração de produtos de maior valor agregado, tais como antibióticos,

enzimas, gomas especiais, biocombustíveis, dentre outros (KOSSEVA, 2009).

A indústria de alimentos gera grande quantidade de subprodutos e resíduos

que podem conter substâncias de elevado valor nutricional e funcional. Além disso, o

descarte desses resíduos apresenta graves limitações ambientais, causadas pelas

elevadas demandas química e bioquímica de oxigênio, que impõem a necessidade

de tratamentos de elevado custo operacional. A uva, por sua vez, é uma das frutas

mais cultivadas no mundo, com cerca de 68 milhões de toneladas, com

aproximadamente 57% da sua produção destinada à fabricação de vinhos, sucos e

derivados (MELLO, 2012a). O Brasil em 2010 foi o 13° maior produtor de vinho e 10°

maior exportador mundial de suco de uva e, de acordo com dados da safra de 2011,

aproximadamente 836 mil toneladas de uvas foram processadas (MELLO, 2012b).

Considerando que o bagaço, principal resíduo gerado, representa de 12 a 15% do

peso da uva processada e que as indústrias gaúchas processam 90% da safra

nacional, estima-se que em 2011 foram gerados cerca de 100 mil toneladas de

bagaço entre os meses de janeiro e março (IBRAVIN, 2011).

O bagaço apresenta características poluentes, mas também uma composição

rica em fibras e compostos bioativos, permitindo seu aproveitamento para um fim

nobre aliando ganhos ambientais, econômicos e sociais. Os bioativos majoritários

são os compostos fenólicos cuja distribuição média na uva é de 84% na semente,

15% na casca e 1% na polpa (PASTRANA-BONILLA et al., 2003). O interesse na

recuperação destes compostos deve-se às propriedades plurifarmacológicas

(SOOBRATTEE et al., 2005) e tecnológicas como ingredientes funcionais, aditivos

naturais, dentre outras, as quais em sua maioria estão associadas à atividade

antioxidante.

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3

2. JUSTIFICATIVA

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, consumidas in natura e

processadas. A uva é uma das frutas mais cultivadas no mundo e o Brasil

atualmente destaca-se como o décimo primeiro produtor mundial (FAOSTAT, 2011).

Durante o processamento, efluentes e resíduos são gerados e estima-se que para

as frutas e vegetais, a quantidade de resíduos corresponda de 10 a 60% da matéria-

prima processada (EIPESON e RAMTEKE, 2003). Em 2011, aproximadamente 836

mil toneladas de uva foram processadas, gerando diversos resíduos dentre os quais

se estima que só de bagaço tenha sido em torno de 134 mil toneladas. O descarte

desses resíduos apresenta graves limitações ambientais, causadas pelas elevadas

demandas química e bioquímica de oxigênio, que impõem a necessidade de

tratamentos de elevado custo operacional. Por outro lado, a composição rica em

nutrientes e compostos funcionais tem direcionado o aproveitamento destes co-

produtos como uma alternativa potencial. A legislação ambiental cada vez mais

rigorosa também favorece a destinação dos co-produtos para diversos fins

diminuindo a quantidade a ser descartada. Na Europa os custos com o não

tratamento dos resíduos das vinícolas podem atingir valores da ordem de 30 a 40 mil

euros/mês (DEVESA-REY et al., 2011). Embora no Brasil as penalidades possam

não atingir estes valores, observa-se a tendência de seguir a legislação europeia

com relação à questão ambiental. Neste âmbito, em 2010 foi promulgada a Lei

12.305 (BRASIL, 2010) que obriga a implantação de um plano de gerenciamento de

resíduos pelas empresas bem como definição de metas e procedimentos

relacionados à minimização dos mesmos. Esta lei também prevê penalidades

diversas para o não cumprimento, que incluem penalidades administrativas e

criminais. Diante do exposto acima, da perspectiva de ampliar a oferta destes co-

produtos, e da necessidade de destinação e tratamento dos mesmos para atender

as legislações vigentes, o presente trabalho objetivou estudar o aproveitamento do

bagaço de uva quanto aos compostos bioativos.

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4

3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

Extrair, concentrar e desidratar compostos bioativos obtidos a partir de

bagaços provenientes da fabricação do suco de uva e dos processos de vinificação

tinta e branca.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Determinar a melhor condição de extração de compostos bioativos

presentes nos bagaços, tendo como critérios de escolha a atividade

antioxidante e os teores de compostos fenólicos e antocianinas totais;

• Determinar a cinética da extração dos compostos bioativos nas diferentes

matrizes avaliadas;

• Extrair, em escala piloto, os compostos bioativos presentes nos bagaços

na melhor condição de extração determinada anteriormente;

• Avaliar os processos de nanofiltração e osmose inversa para a

concentração dos extratos quanto aos compostos bioativos;

• Caracterizar os extratos e os concentrados obtidos quanto às suas

propriedades físico-químicas, bem como à sua capacidade antioxidante in

vitro;

• Avaliar a microencapsulação por spray drying para obtenção de pós com

altos teores de bioativos do resíduo da uva;

• Avaliar a estabilidade dos compostos bioativos nos microencapsulados;

• Determinar as isotermas de sorção das microcápsulas.

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5

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A uva é uma das frutas mais cultivadas no mundo e as primeiras variedades

introduzidas no Brasil pelos portugueses em 1535 foram de uvas finas da espécie

Vitis vinifera, destinadas à elaboração de vinhos e ao consumo in natura. Dentre as

cultivares brancas tem-se a Chardonnay, Moscato Branco, Moscato Canelli,

Proseco, Riesling Itálico e dentre as tintas a Pinot Noir, Cabernet Sauvignon,

Cabernet Franc, Merlot, entre outras (GUERRA et al., 2009). No entanto, a viticultura

brasileira se firmou comercialmente com o cultivo de uvas americanas em especial a

cultivar Isabel (Vitis labrusca) pelos imigrantes italianos em meados de 1860

(CAMARGO et al., 2010). Somente a partir do século XX, o cultivo de uvas

europeias se consolidou comercialmente para a produção dos primeiros vinhos

varietais ou finos, aqueles produzidos exclusivamente com estas variedades.

Tecnologias de produção de uvas e elaboração de vinhos têm contribuído para a

consolidação e expansão, inclusive geográfica, deste mercado. Foi a partir de 1950

que as regiões emergentes como o Vale do Submédio do São Francisco (Bahia e

Pernambuco), norte do Paraná, noroeste Paulista e norte de Minas Gerais iniciaram

o cultivo da uva. Por ser atualmente cultivada em regiões de climas temperado,

subtropical e tropical, a uva é oferecida o ano todo (GUERRA et al., 2009;

CAMARGO et al., 2011).

Pesquisas para o desenvolvimento de novas cultivares e a difusão dessas

castas mais adaptadas ou com características mais interessantes, progressos no

cultivo, expansão geográfica da viticultura, assim como a implantação de sistema de

produção integrada, certificações de localização geográfica e indicação de

procedência foram algumas das ações do setor vitivinícola que auxiliaram e vem

contribuindo para a consolidação e crescimento desta atividade econômica para o

Brasil (CAMARGO et al., 2011) que ocupou o 14° luga r no ranking mundial de

produtores de uva em 2010 (MELLO, 2012b). A grande diversidade climática e

geográfica da viticultura atual no Brasil (Figura 4.1) permite a produção de uvas e

produtos derivados ao longo de todo o ano e com tipicidade distintas, pois são mais

de 160 cultivares entre as espécies Vitis vinífera, Vitis labrusca, Vitis bourquina e

híbridas. (CAMARGO et al., 2011; GUERRA et al. 2009). As adaptações das

variedades às condições edafoclimáticas e de produção das distintas áreas

cultivadas propiciam a síntese de compostos fenólicos que, por sua vez, têm gerado

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6

vinhos com teores de antioxidantes similares e até superiores às concentrações

médias desses compostos para os mesmos vinhos de outros países. Entretanto

poucas pesquisas e patentes foram geradas sobre os antioxidantes dos cultivares

produzidos em solo brasileiro e, dentre elas, duas uvas, Cabernet Sauvignon e

Merlot, concentram 50% das pesquisas (OLIVEIRA et al. 2012).

Embora a Europa ainda seja o maior produtor de uvas e vinhos do mundo,

tem-se observado uma redução em sua área cultivada o que vem impactando na

produção, com redução de 26,41% e 22,16%, respectivamente, no triênio 2008/2010

em relação ao triênio 1990/1992. No mesmo período observou-se um aumento tanto

na área plantada como na produção nos continentes americano e asiático, com

grande destaque para a Ásia, que no triênio 1990/92 produzia 16,65% do total de

uvas e no triênio 2008/2010 passou a produzir 30,01%, aproximadamente 20,37

milhões de toneladas (MELLO, 2012b). Mesmo sendo consumida in natura, grande

parte da produção é destinada ao processamento. Estima-se que 57% da safra

mundial de 2007 tenha sido processada e aproximadamente 26,35 milhões de

toneladas de vinhos tenham sido produzidos (MELLO, 2009).

Figura 4.1 – Infográfico, indicando os polos da viticultura brasileira, nos principais estados produtores

de uvas para processamento: uvas finas (A); uvas de mesa (B) (CAMARGO et al.,

2010).

A B

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7

No Brasil a área plantada de videiras é de 81.915 hectares dos quais 50 mil

encontram-se no Rio Grande do Sul e, mesmo tendo ocorrido uma diminuição de

quase 2% na área cultivada de 2008 para 2011, a safra no mesmo período

aumentou aproximadamente 4,6% (MELLO, 2012a). Em 2011, observou-se que

além do aumento da safra, que atingiu 1,46 milhões de toneladas, o perfil de

distribuição também se alterou, com 57,13% da safra destinada à elaboração de

vinhos, sucos e derivados, superando a safra de 2008 (MELLO, 2012a) igualando-se

ao perfil mundial de 2007. E embora o Brasil não figure entre os três maiores

produtores de uvas, sucos e vinhos, a vitivinicultura de vinhos finos é uma atividade

comercial importante para as regiões Sul e Nordeste (GUERRA et al., 2009). O Rio

Grande do Sul é o principal estado produtor de sucos, vinhos e derivados da uva,

sendo responsável por cerca de 90% da produção nacional, que em 2011 foi de

578,81 milhões de litros (IBRAVIN, 2011).

4.1. UVA E SEUS RESÍDUOS

4.1.1. Aspectos botânicos da uva

A videira botanicamente é classificada em arbusto sarmentoso e trepador da

família Vitaceae gênero Vitis, subgêneros: Euvitis e Muscadinia, com

aproximadamente 62 e 3 espécies, respectivamente. A espécie Muscadinia cultivada

no Brasil é a Vitis rotundifolia, enquanto que do subgênero Euvitis destacam-se as

espécies Vitis vinífera conhecida como uva europeia ou fina e as espécies Vitis

labrusca e Vitis bourquina denominadas uvas americanas ou rústicas (CAMARGO et

al., 2010). Diversas variedades destas espécies são cultivadas no mundo, estima-se

que existam em torno de 5.000 variedades Vitis vinífera e 2.000 Vitis labrusca além

dos híbridos.

O fruto da uva apresenta-se em bagas com formas variadas, esférica, ovóide,

alongada, globosa, oval, e outras, confirmando sua definição como “berry”. De

acordo com a variedade a baga pode apresentar-se em tonalidades que vão de

esverdeada, amarelada, rosado, vermelho, roxo e preta-azulada. Quando a polpa

também é tinta, denomina-se uva tintórea ou tintureira. As bagas apresentam-se

dispostas em cachos sustentados por uma estrutura herbácea ligno-celulósica

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denominada engaço (Figura 4.2) e podem conter até quatro sementes (TECCHIO et

al., 2010).

Figura 4.2 – Cacho de uva tinta (alto), engaço (direita) e baga das uvas (esquerda) e as classificação

botânica de suas principais estruturas (TECCHIO et al., 2010).

A baga constitui-se geralmente de epicarpo e sementes. O epicarpo pode ser

subdividido em epicarpo e endocarpo, o primeiro vulgarmente denominado casca

representa de 5 a 12% do peso da baga, enquanto que o endocarpo ou polpa 64-

90%. As sementes constituem mais de 10% do peso das bagas (GURAK et al.,

2012).

4.1.2. Processamento da uva

Por ser um fruto não climatérico a vindima deve ser rapidamente processada

para evitar perdas e assim tornar possível o abastecimento do mercado ao longo do

ano, sendo as bebidas, vinhos e sucos, os principais produtos derivados de uva

produzidos no Brasil. Embora existam diferenças significativas nos processos

Almofada

Pedúnculo

Pericarpo

Epicarpo

Endocarpo

Almofada

Sementes

Umbigo

Engaço

Baga

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produtivos do suco e vinhos tinto e branco, diversos resíduos como sarro, borra,

engaço, bagaço e outros são gerados e correspondem a cerca de 16% do peso total

da fruta processada (SILVA, 2003; MARZAROTTO, 2005).

O Brasil vem mantendo um crescimento anual de sua produção de suco de

uva, que atualmente corresponde a 32,4% do volume total de bebidas de uva

produzidas, embora os vinhos de mesa ainda sejam os de maior volume,

correspondendo a 44,5%. Já os vinhos finos, que tiveram a produção prejudicada

em 2010 por fatores climáticos, apresentaram um aumento em torno de 92% em

2011 atingindo um volume total de 47,59 milhões de litros (MELLO, 2012a). Os

sucos são elaborados com uvas americanas e híbridas, enquanto os vinhos finos

são obtidos exclusivamente com uvas Vitis vinífera. No Brasil, os vinhos de mesa

são elaborados principalmente com variedades das espécies Vitis labrusca e Vitis

bourquina (GUERRA et al., 2009).

As cultivares tradicionalmente empregadas na elaboração dos sucos são

Concord, Isabel e Bordô, porém novas cultivares como BRS Rúbea, Isabel Precoce,

BRS Violeta, Concord clone 30 e BRS Carmen lançadas pela Embrapa Uva e Vinho

também estão sendo empregadas e permitindo aumentar o período de safra em 25

dias. As cultivares BRS Rúbea e BRS Violeta assim como a Bordô são tintureiras,

com elevado teor de pigmentos antociânicos. Os sucos são normalmente elaborados

com misturas de cultivares para se atingir a qualidade desejada, principalmente

quanto às características organolépticas de aroma, sabor e cor (CAMARGO et al.,

2010). Os sucos, assim como os vinhos, são classificados em branco, tinto e rosado

em função da cor e em relação à forma são denominados de integral, adoçado,

concentrado, desidratado e reconstituído (BRASIL, 1990), sendo o integral a base

para os demais.

As uvas destinadas à elaboração de vinhos devem apresentar teores de

sólidos solúveis elevados para garantir a graduação etílica necessária pela

transformação dos seus açúcares pela levedura; para um mínimo de 12 ºGL, são

necessários pelos menos 22º Brix. Porém, como em alguns países as condições não

favorecem o acúmulo de açúcares na uva madura, é permitida a chaptalização, que

consiste na adição de açúcar após a obtenção do mosto (GUERRA e BARNABÉ,

2005). Dentre as variedades usadas para a elaboração de vinhos finos no Brasil

destacam-se, entre tintas e brancas: Cabernet Franc e Sauvignon; Merlot, Pinotage,

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Pinot noir, Syrah, Tannat, Chardonnay, Malvasia Bianca, Moscato Branco, Moscato

Canelli, Proseco e Riesling Itálico (GUERRA et al., 2009)

Os vinhos podem ser classificados em branco, tinto e rose quanto à cor e com

relação à enologia em tranquilos, espumantes, licorosos e compostos. Os vinhos

tranquilos compreendem os de mesa, finos e leves com no máximo 1 atm de

pressão de gás carbônico; os espumantes caracterizam-se pela presença de

anidrido carbônico que pode variar de no mínimo 1,1 atm para os frisantes e acima

de 4 atm nos espumantes natural e moscato (GUERRA e BARNABÉ, 2005).

Um diagrama simplificado dos processos de obtenção das bebidas e resíduos

gerados é apresentado na Figura 4.3. Independentemente da bebida a ser

produzida, as uvas são desengaçadas e depois esmagadas. O engaço é o primeiro

resíduo gerado e representa de 3 a 6% da uva (PING et al., 2011b).O esmagamento

é suave de modo a romper as bagas sem dilacerar as sementes evitando que alguns

compostos sejam transferidos para o mosto. As sementes e o engaço apresentam

de 6 a 7% de taninos (PING et al., 2011a; ROCKENBACH et al. 2011) e estes

compostos, por conferirem adstringência e amargor além de serem capazes de

precipitar proteínas (SHAHIDHI e NAZCK, 1995), são indesejáveis quando em

excesso.

A principal diferença entre os processos de vinificação em tinto e em branco é

a etapa de fermentação alcoólica (Figura 4.3), na qual as leveduras adicionadas ao

mosto transformarão os açúcares em etanol e subprodutos. Na vinificação em tinto,

as bagas esmagadas seguem com o mosto para a fermentação que pode durar de

quatro a seis dias, enquanto que na vinificação em branco, o bagaço é removido

logo após o esmagamento (GUERRA et al., 2009). Em alguns casos, o vinho segue

para a fermentação malolática, transformação do ácido málico em lático. E após as

etapas de fermentação, trasfegas são realizadas, ou seja, o vinho é transferido de

um recipiente para outro, de modo a remover os sólidos insolúveis. Nesta etapa dois

outros resíduos são recuperados, a borra, massa heterogênea composta

basicamente de vinho (70 a 90%) e sólidos insolúveis como sais de tartarato (2,5 a

4%), e o sarro, material sólido mais resistente que permanece incrustrado nos

recipientes contendo quase 80% de substâncias tartáricas (SILVA,2003). O vinho

ainda segue para a maturação, estabilização, filtração e envelhecimento antes de

ser envasado.

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Figura 4.3- Diagrama resumido dos processos de elaboração de sucos e vinhos e os respectivos

resíduos gerados. Adaptado de: Marzarotto (2005); Brazinha e Crespo (2010) e Pérez-

Serradilla e Luque de Castro (2008).

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Dentre os processos de obtenção do suco, destacam-se o Flanzy em que a

extração é auxiliada pelo insuflamento de SO2 e o método Welch cuja extração se dá

por aquecimento (MARZAROTTO, 2005; GUERRA e BARNABÉ, 2005), que

favorece a extração dos compostos fenólicos (FULEKI e RICARDO-DA-SILVA,

2003). Devido à baixa qualidade do suco e aos riscos operacionais do uso de SO2, o

método Welch é o mais empregado atualmente.

Previamente à maceração o mosto é submetido a um tratamento térmico ou

sulfitação para inativação das enzimas endógenas, principalmente polifenoloxidases

e pectinametilesterase, e diminuir a carga microbiana que pode comprometer a

qualidade e inocuidade do suco. A maceração, que pode ser auxiliada pela adição

de enzimas pécticas, é a etapa de diferenciação para a elaboração de sucos branco,

rosado e tinto. Nos dois primeiros, a maceração não é auxiliada pelo aquecimento e

quando se empregam uvas tintóreas, a prensagem ocorre logo após o

esmagamento (GUERRA e BARNABÉ, 2005). Já para a obtenção do suco tinto, o

mosto com as cascas segue para o aquecimento e maceração com enzimas

pectinolíticas, que irão facilitar a extração de aromas e pigmentos. A temperatura

pode variar principalmente em decorrência das características da preparação

enzimática utilizada assim como o tempo em função das condições da uva e

variedade (CIOTA, 2007).

A obtenção do suco propriamente dito ocorre por prensagem, separando-se

então o suco do material sólido – bagaço. Não se recomenda o uso de roscas sem

fim de modo a evitar o rompimento das sementes. A filtração é auxiliada com nova

dose de enzimas pécticas, pois além da precipitação destas pelos taninos presentes

no suco, quantidades significativas de pectina também são liberadas da casca para

o suco dificultando a filtração e envase (MARZAROTTO, 2005).

A etapa de clarificação, remoção dos sólidos em suspensão pela

centrifugação do suco com ou sem o auxílio de agentes floculantes, é essencial para

a estabilização tartárica, na qual os sais de tartarato são removidos (MARZAROTTO,

2005). A borra removida na etapa de clarificação do suco é constituída de sais

tartáricos e substâncias diversas como proteínas, tanino, fosfatos, sulfatos e outros

(SILVA, 2003). O suco pode ser ainda pasteurizado, caso siga para consumo como

suco integral ou como ingrediente na elaboração de outros produtos. No Brasil,

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grande parte do suco de uva produzido é concentrada para diminuir custos com

transporte e armazenagem.

4.1.3. Resíduos gerados pela vitivinicultura e potenciais de valorização

Os resíduos do processamento da uva são diversos e gerados em grandes

volumes. Estima-se que para cada 100 litros de vinho branco são gerados 31,7 kg

de subprodutos enquanto que para o vinho tinto, 25 kg (COSTA e BELCHIOR, 1972

apud SILVA, 2003), sendo aproximadamente 20 e 15 kg de bagaço,

respectivamente (CAMPOS, 2005). O bagaço da uva é constituído de casca,

semente e engaço, podendo ou não conter etanol e apresenta em sua composição

compostos com atividade antioxidante, fibras, proteínas e alguns ácidos graxos.

Além da grande quantidade de resíduos gerados, estes são produzidos

durante um curto espaço de tempo e apresentam características poluentes como o

baixo pH e elevados teores de compostos fenólicos, antibacterianos e fitotóxicos,

que dificultam sua aplicação direta na resistem à degradação biológica

(BUSTAMANTE et al., 2008) tornando-se um problema ambiental a ser resolvido.

Um acordo da União Europeia obriga as vinícolas a destinar o bagaço e as

borras para as destilarias que, por sua vez, irão gerar outros dois resíduos, o bagaço

exaurido e a vinhaça (BUSTAMANTE et al., 2008). Entretanto, no Brasil, para evitar

o acúmulo destes subprodutos, algumas vinícolas doam os resíduos, que são

empregados como ração animal e adubo de vinhedos. Esta não é uma prática

realizada por todos e nem garante o melhor destino para estes resíduos.

Na Europa, ações efetivas de valorização dos co-produtos e a redução no

volume de resíduos aconteceram a partir de 2000, com penalidades e multas mais

severas (DEVERSA-REY et al., 2011). Assim, espera-se que o panorama nacional

mude fortemente com as legislações ambientais cada vez mais fortes, como a lei de

crimes ambientais, a política nacional de resíduos e as normas estaduais e

municipais.

A Lei 12.305/2010, que instituiu a política nacional de resíduos, impõe à

instituição geradora um plano de gerenciamento dos resíduos como parte para a

obtenção do licenciamento ambiental, que deve conter metas e procedimentos

relacionados à minimização da geração, reutilização, reciclagem, compostagem,

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aproveitamento energético, dentre outros, prevendo a responsabilidade

compartilhada e soluções consorciadas (BRASIL, 2010). Desta forma, espera-se que

as indústrias se adequem e implementem soluções mais ambientalmente viáveis e

juntamente com todas as instâncias da sociedade estabeleçam padrões

sustentáveis de produção e consumo. As mudanças começam a surgir, ainda que de

forma tímida, como o teste piloto da Vinícola Aurora de aproveitamento do engaço e

bagaço para fins energéticos com a safra de 2013 (OLIVEIRA, 2012).

A compostagem vem sendo usualmente sugerida como opção de destinação

dos resíduos vegetais (KOSSEVA, 2009), não sendo diferente para os co-produtos

da vinificação, como sugerido por Bustamante et al. (2008) para um melhor

aproveitamento dos recursos pelos vegetais. A co-compostagem também foi

sugerida por Bertran et al. (2004), empregando o sarro e o engaço para a obtenção

de matéria orgânica e potássio. Outros autores sugerem ainda a obtenção de

substrato para plantas a partir da mistura de resíduos como o bagaço, brotos de

parreiras, borra, vinhaça e bagaço hidrolizado (BUSTAMANTE et al., 2009; DÍAZ et

al., 2002).

Diante do panorama mundial que vem cobrando mais ações dos

estabelecimentos geradores, estimulando a gestão integrada, os resíduos da

indústria de alimentos são vistos atualmente como fonte barata e interessante para

recuperação de compostos valiosos (KOSSEVA, 2009). Embora as pesquisas de

aproveitamento de co-produtos da uva sejam amplas e a destinação tradicional

esteja sendo revista, o foco atual é a recuperação de compostos de maior valor

agregado. Os compostos de interesse desses co-produtos são os sais de tartarato,

leveduras e bioativos, basicamente compostos fenólicos, com variação qualitativa e

quantitativa decorrente de diversos fatores como cultivar, clima, solo, processo a que

foi submetido, dentre outros.

4.1.3.1. Borra e Sarro

A borra e o sarro representam de 5 a 8% do volume de vinho dependendo do

processo e devido à composição rica em substâncias tartáricas e o elevado teor de

etanol, o aproveitamento mais comum é a recuperação de sais de tartarato para a

produção do ácido tartárico e “cremor tártaro”, além da recuperação do álcool vínico

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que após a destilação pode atingir 96° GL (TEIXEIRA et al., 2008). O sarro, por ser

um material mais duro aderido às paredes dos recipientes, tem sua recuperação

auxiliada por água quente ou vapor.

Ciota (2007) avaliou a composição química da borra obtida durante a

fabricação do suco de uva e sugeriu a correção com calcário antes da utilização

como adubo devido ao baixo pH encontrado. Além do baixo pH, Bustamante et al.

(2008) encontraram baixos teores de micronutrientes e consideráveis teores de

compostos fenólicos (1,2 a 16,3 g.kg-1) na borra e no sarro, que podem comprometer

a aplicação desses resíduos como fertilizantes quando aplicados diretamente no

solo e, por isso, sugerem a co-compostagem como alternativa para superar esses

efeitos negativos (BUSTAMANTE et al., 2008).

A borra é rica em compostos nitrogenados, inorgânicos e orgânicos e, embora

para a ração animal este apresente um valor nutricional muito pobre o mesmo não

ocorre para os microorganismos. Considerando que o meio fermentativo pode

representar até 30% do custo total do processo, Bustos et al. (2004a) testaram a

borra sem tratamento prévio e a combinação desta com licor de milho conseguindo

rendimentos similares aos obtidos com o meio convencional contendo extrato de

levedura e peptona para a produção de ácido lático por diversas cepas de

Lactobacillus.

Outra possibilidade de aproveitamento desses co-produtos é a recuperação

de compostos fenólicos, que por apresentarem, em geral, propriedades

antinutricionais limita sua utilização como ração animal. Pérez-Serradilla e Luque-de-

Castro (2011) avaliaram a extração dos compostos fenólicos da borra e verificaram

que a extração facilitada em microondas permitiu rendimentos similares à extração

convencional com borra seca e triturada e ainda com maior taxa de difusão. Wu et

al. (2009) verificaram o efeito positivo do teor de etanol sobre o rendimento da

extração dos fenólicos da borra, na extração por fluído supercrítico. Estes autores

encontraram uma forte correlação entre os compostos fenólicos extraídos e a

atividade de anti-tirosinase. Este fato sugere uma importante aplicação para o

extrato, uma vez que estudos têm demonstrado a relação da tirosinase com mal de

Parkinson e alguns tipos de câncer (ASANUMA et al., 2003; SLOMINSKI et al.

2004).

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4.1.3.2. Bagaço exaurido e vinhaça

Devido ao grande volume de resíduos gerados em curto espaço de tempo e

suas características, foi criado o regulamento europeu 1943 em 1999, pelo qual as

vinícolas são obrigadas a enviarem o bagaço e a borra às destilarias de álcool, para

a recuperação do etanol e tartarato de cálcio, e com isso geram-se outros dois

novos co-produtos, o bagaço exaurido e a vinhaça. Alguns estudos vêm sendo

realizados para um melhor aproveitamento destes últimos.

A vinhaça é o efluente da destilação, constituída de altos teores de sólidos,

em especial leveduras mortas, casca, semente e polpa de uva. Dentre as

alternativas de valorização da vinhaça pode-se citar a recuperação de ácido tartárico

(SALGADO et al., 2010), aplicação para o controle de fungos com 100% de

supressão do crescimento do Fusarium oxysporum (SANTOS et al., 2008), utilização

como substrato para a produção de ácido lático e xilitol (SALGADO et al., 2010; LIU

et al., 2010) e obtenção de biomassa rica em proteína para uso como ingrediente na

ração de peixes (NITAYAVARDHANA e KHANAL, 2010).

O bagaço exaurido, por sua vez, pode ser seco e fracionado e, segundo

Teixeira et al. (2008), servir de combustível para os fornos e geração de vapor para

alimentar a unidade industrial ou ainda serem ensacados e vendidos como material

orgânico para plantas. Esse resíduo pode ainda seguir para a compostagem

(BUSTAMANTE, MORAL et al., 2008), pirólise (ENCINAR et al., 1996) ou como

coadjuvante para o tratamento ambiental adsorvendo metais pesados (FARINELLA

et al., 2007).

4.1.3.3. Engaço

O engaço e o broto de parreira são resíduos lignocelulósicos que não

sofreram transformação alguma, apenas foram removidos em alguma etapa do

processo. Os galhos de parreiras usualmente empregados como fertilizantes

mostraram-se boas fontes de trans-resveratrol e trans-ε-viniferina, 2 e 5 mg.g-1 (base

seca) respectivamente, sendo estes fenólicos compostos bioativos de relevante

interesse por suas propriedades nutracêutica, farmacêutica e fitopatogênica já

descritas na literatura (RAYNE et al., 2008). O engaço, como mencionado

anteriormente, representa de 3 a 6% do peso total da uva e é constituído

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basicamente de fibras, cujo percentual varia muito entre os cultivares, de 60 a 90%

em base seca (GONZÁLEZ-CENTENO et al., 2010).

De acordo com Ping et al. (2011b), o engaço é constituído de

aproximadamente 36% celulose, 34% lignina, 24% hemicelulose e 6% taninos

condensados, especialmente do tipo procianidina. Os taninos condensados são

polímeros de flavan-3-ol incolores que ao serem submetidos ao aquecimento e

hidrólise ácida liberam unidades de antocianidinas (SUN e SPRANGER, 2005), que

são pigmentos responsáveis pela coloração vermelha a roxa. Desta forma, a

recuperação dos compostos fenólicos presente nos engaços, pode ser uma

alternativa de valorização deste co-produto.

As propriedades funcionais de inchaço, adsorção de gordura e retenção de

água do engaço foram avaliadas indicando-o como uma boa fonte de fibra dietética,

e ainda, como fonte de pectina de baixo grau de metilação com menos de 50% das

unidades de ácido galacturônico esterificadas (GONZÁLEZ-CENTENO et al., 2010).

A pectina pode ser empregada na indústria de alimentos para a elaboração de

geleias com reduzido teor de açúcar, pudins, pós para pudins, sucos de frutas e

vegetais, molhos, purês, frutas enlatadas, dentre outras (JASKARI, 1990 apud

COELHO, 2008). O engaço e o bagaço de uva foram classificados por Saura-Calixto

(1998) como fibra dietética antioxidante, por conter mais de 50% de fibra dietética e

capacidade antioxidante, no mínimo, equivalente a 50 mg de vitamina E.

Assim como tantos outros resíduos vegetais o engaço no Brasil está sendo

utilizado diretamente na lavoura, com finalidades distintas como evitar erosão,

nivelar o terreno, facilitar o acesso à parreira e também como adubo para diversas

culturas. Porém, alguns cuidados devem ser tomados para se evitar a contaminação

cruzada na lavoura por este material. Diferente do bagaço que pode ser triturado e

utilizado como ingrediente da ração animal, não sugere-se a mesma aplicação para

engaço devido ao seu elevado teor de taninos (CORREIO RIOGRANDENSE, 2004).

A aplicação do engaço como fertilizante diretamente no solo não é uma boa

alternativa segundo Bustamante et al. (2007), devido a baixa mineralização e a

elevada imobilização do nitrogênio no solo, muito provavelmente pelo elevado teor

de compostos fenólicos. Desta forma, estudos sugerem que a redução destes

compostos através de pré-tratamentos como a compostagem melhoram

significativamente a incorporação da matéria orgânica (BERTRAN et al., 2004).

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4.1.3.4. Bagaço

O bagaço constitui-se basicamente de casca e semente e torna-se um

problema ambiental a ser resolvido, pois além da grande quantidade de resíduos

gerados (16% do total de frutas processadas) em curto espaço de tempo estes

apresentam características poluentes como o baixo pH e elevados teores de

compostos fenólicos, antibacterianos e fitotóxicos, que resistem à degradação

biológica (BUSTAMANTE et al., 2008). Por outro lado, a composição rica em fibras e

compostos fenólicos torna-o interessante pela potencialidade de gerar produtos

inovadores e funcionais. Este direcionamento além de diminuir os impactos

ambientais, pode agregar valor a este co-produto.

Tradicionalmente, no Brasil, esse resíduo também segue para aplicação

direta como fertilizante nas lavouras e ingrediente da ração animal. Contudo, esta

aplicação tem suas limitações decorrentes da composição química rica em taninos,

principalmente nas sementes, que por complexar proteínas, é reconhecidamente um

fator antinutricional. Desta forma, estudos nesta área vêm sendo realizados

propondo novas aplicações ou ainda que estas destinações sejam mais eficazes.

Santos (2011) verificou que a silagem do bagaço de uva em conjunto com o milho

oferecida ao gado como ração promoveu um incremento na atividade antioxidante

do leite e não reduziu a produção de leite. Entretanto, a digestibilidade da matéria

seca e da proteína bruta foram prejudicadas com o aumento do teor de bagaço de

uva, muito provavelmente pelos taninos da semente. Assim o autor sugere que a

inclusão do bagaço de uva na ração animal deve ocorrer juntamente com uma boa

fonte de proteína e ser melhor estudada, para que se comprove os efeitos dos

antioxidantes presentes na dieta tanto sobre a saúde do animal como sobre a

funcionalidade dos produtos por ele gerados.

A preocupação com o meio–ambiente motivou Ping et al. (2011a) a avaliarem

o extrato de proantocianidinas do bagaço de uva obtido via alcalina e recuperados

via ácida e por liofilização, como adesivo verde de madeiras, substituindo os

solventes tradicionais. Da mesma forma outros autores têm apontado o bagaço de

uva como uma boa fonte para combustíveis renováveis por apresentarem matéria

orgânica com alto poder energético (lignina, celulose, hemicelulose). Xu et al. (2009)

submeteram o bagaço à pirólise (aquecimento sem oxigênio) obtendo combustível

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das frações gasosa e líquida, enquanto Bracchitta et al. (2010) e Dinuccio et al.

(2010) sugerem o emprego do bagaço para a obtenção de biogás por fermentação.

Ainda na área da biotecnologia, o bagaço tem sido testado como meio

fermentativo para a produção de enzimas. E embora grande parte da produção

mundial de enzimas se dê por meio de fermentação submersa, devido à facilidade

de homogeneidade do meio e manutenção dos parâmetros de processo, a

fermentação em estado sólido vem sendo largamente estudada principalmente como

forma de valorização de resíduos agroindustriais diminuindo o custo de produção e

maior facilidade de recuperação das enzimas produzidas. Seguindo esta linha, o

bagaço de uva foi utilizado como substrato por Botella et al. (2007) para a produção

de xilanase e pectinase, por Paranthaman et al. (2009) na obtenção de tanase, por

Botella et al. (2005) na produção de enzimas hidrolíticas que poderiam ser

reincorporadas na própria indústria da uva com desempenho similar ao de

preparações comerciais como verificado por Díaz et al. (2011). Outra aplicação

sugerida para o bagaço foi a obtenção de pigmentos naturais monascus por meio de

fermentação em estado sólido com Monascus purpureu (SILVEIRA et al., 2008)

Quanto à aplicabilidade em alimentos, o bagaço de uva mostrou-se uma fonte

interessante de fibra dietética, sendo a lignina, hemicelulose, celulose e pectina os

principais compostos. Os bagaços em pó de uvas “Carbernet Sauvignon e “Royale

Rouge” apresentaram uma composição muito similar quanto aos macronutrientes,

em torno de 56% de fibra dietética total, 7% de lipídios, 11% de proteínas e 5,6% de

açúcares, solúveis. No entanto, diferiram quanto aos teores de metabólitos

secundários, cujos maiores valores foram encontrados na cultivar “Royal Rouge” (YI

et al., 2009), sugerindo a influência genética sobre o metabolismo vegetal.

O bagaço de uva, processado e transformado em fibra dietética antioxidante

de acordo com a metodologia de Saura-Calixto (1998), foi adicionado à carne de

peixe por Sánchez-Alonso et al. (2007) retardando a oxidação lipídica em três

meses, muito provavelmente pela ação antioxidante sinérgica dos compostos

fenólicos e fibra. O bagaço de uva mostrou ainda efeitos positivos sobre o

crescimento de Lactobacillus acidophilus, sugerindo sua aplicação na elaboração de

probióticos, podendo apresentar ainda os efeitos benéficos das fibras e fenólicos

presentes naturalmente (HERVERT-HERNÁNDEZ et al., 2009)

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20

Os compostos fenólicos são a classe de metabólitos secundários majoritária,

com distribuição heterogênea na uva. A distribuição média dos compostos fenólicos

na uva é de 84% na semente, 15% na casca e 1% na polpa, com predomínio dos

taninos condensados nas sementes e ácidos e outros flavonoides na casca

(PASTRANA-BONILLA et al., 2003). Brazinha e Crespo (2010) afirmaram que o

resíduo proveniente do processamento da uva pode alcançar altos preços quando

usado como aditivo nutricional, com grande interesse nos compostos fenólicos,

principalmente flavonoides das cascas e sementes ou, ainda como matéria prima na

indústria cosmética. Corroborando com os referidos autores, verifica-se que a

maioria dos estudos com o bagaço de uva está sendo direcionada à recuperação

dos compostos fenólicos.

O grande interesse nos compostos fenólicos é devido às suas possíveis

propriedades biológicas e tecnológicas como ingredientes funcionais, aditivos

naturais, dentre outras, as quais em sua maioria estão associadas à atividade

antioxidante. Os antioxidantes são largamente empregados nas indústrias

alimentícia, cosmética e farmacêutica e podem ser definidos como qualquer

substância presente em baixas concentrações quando comparada a outras

substâncias e que têm a capacidade de prevenir ou retardar a oxidação de certos

substratos (NAWAR, 1996). Extratos ricos em compostos antioxidantes naturais

estão sendo comercializados e empregados na indústria de alimentos como

antioxidantes naturais na elaboração de alimentos prontos para o consumo

(BREWER, 2011). Porém, um grande desafio tecnológico é aliar a eficácia dos

extratos à manutenção das características sensoriais do produto final.

A extração sólido-líquido é a principal técnica aplicada para a recuperação

dos compostos fenólicos presentes nos bagaços. Esta baseia-se na transferência do

soluto da matriz sólida para a solução extratora envolvendo mecanismos diversos

como a difusão, sorção e dessorção, dentre outros, até que se atinja o equilíbrio

entre as fases. Assim, manter um gradiente de concentração entre as fases favorece

a taxa de transferência ou coeficiente de difusão. A menor granulometria e, em

alguns casos, também a geometria da partícula, podem diminuir ou facilitar o

caminho a ser percorrido pelo soluto, fazendo com que o equilíbrio termodinâmico

seja atingido mais rapidamente. A temperatura e o solvente empregado, por sua vez,

atuarão diretamente sobre a solubilidade dos compostos influenciando sobre o

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rendimento e tempo de equilíbrio da extração. O tempo de extração é um parâmetro

importante a ser definido, uma vez que está relacionado com o equilíbrio e

rendimento (BRENNAN, 2006) e, no caso de compostos bioativos longos períodos

de extração podem favorecer a degradação.

Amendola et al. (2010) utilizaram bagaço seco e moído e etanol aquoso 60%

como solvente na proporção 1:4 a 60 °C e verificara m que a extração dos

compostos fenólicos seguiu a cinética de primeira ordem e o equilíbrio da extração

atingido em 120 minutos. Já Sant’Anna et al. (2012) identificaram o modelo de

cinética de pseudo primeira ordem como o mais apropriado para ajustar os

resulatdos da extração dos compostos fenólicos do bagaço de uva. O equilíbrio da

extração dos fenólicos foi atingido a 45 e 30 minutos a 50 e 60 °C, respectivamente.

A cinética da extração é um dado muito importante para o dimensionamento

da produção e varia com os parâmetros operacionais. Enquanto Amendola et al.

(2010) encontraram um coeficiente de difusividade que variou de 1,23 – 1,50 x10-

10m²s-1 nas condições descritas acima, Pinelo et al. (2005) identificaram o coeficiente

de difusividade de 1,05 x10-12m²s-1 na melhor condição. No trabalho de Pinel et al.

(2005) a extração dos fenólicos do bagaço de uva foi em modo contínuo com etanol

a 50 °C, e verificou-se o melhor coeficiente de dif usão nos níveis inferiores de

tamanho de partícula e fluxo de solvente, sugerindo que o tempo de residência

influenciou mais o mecanismo de extração que o gradiente de concentração.

Os solventes mais empregados na extração de compostos fenólicos são o

metanol, acetona, etanol, água, acetato de etila, soluções aquosas com estes

solventes e misturas destes (KAHKONEN et al., 2001). Porém, devido a grande

variabilidade estrutural das subclasses modificações na solução extratora podem

favorecer a recuperação de uma em detrimento da outra. Embora, muitas vezes,

solventes mais agressivos permitam um maior rendimento, este é um ponto a ser

considerado pelos possíveis danos à saúde dos manipuladores e ao meio ambiente,

além do custo e viabilidade operacional para a total remoção dos mesmos.

A escolha do solvente está fortemente relacionada à aplicação desejada para

o extrato. Diante disso, os extratos para fins alimentícios empregam,

preferencialmente, meios aquosos (GÓMEZ-PLAZA et al., 2006), misturas binárias

com solvente mais ambientalmente favorável como o etanol em meio ácido

(VALDUGA et al., 2008), água sulfurada (JU e HOWARD, 2005, CACACE e MAZZA,

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2002), água acidificada (JU e HOWARD, 2003), meio aquoso com enzimas

hidrolíticas (LANDBO e MEYER, 2001; MUÑOZ et al., 2004), fluído supercrítico

(PALENZUELA et al., 2004), meio aquoso empregando tratamentos elétricos

(BOUSSETTA et al., 2012), alta pressão hidrostática, ultrassom, micro-ondas

(CORRALES et al., 2008; LI et al., 2012) entre outras. Os compostos fenólicos

ligados às estruturas celulares são mais difíceis de serem removidos por solventes e

condições brandas, necessitando nestas situações condições drásticas de hidrólise

ou o emprego de enzimas hidrolíticas.

A aplicação de ciclodextrinas para auxiliar a recuperação dos fenólicos

presentes no bagaço foi avaliada positivamente como alternativa à extração com

solventes. Ratnasooriya et al. (2012) empregaram uma solução aquosa de 2,5% β-

ciclodextrina na razão 20:1 solvente:substrato, a 60°C e 70 rpm atingindo 81% do

rendimento observado com solução 80% de etanol nas mesmas condições.

A extração hidroetanólica dos fenólicos presentes no bagaço também foi

objeto de estudo de Spigno et al. (2007), que verificaram a influência da temperatura

e da composição do solvente sobre o rendimento e a cinética de extração. O

equilíbrio foi atingido com 5 horas de processo a 60°C e os dados sugerem a

cinética de primeira ordem como o modelo de melhor ajuste. A mistura binária água

etanol na faixa de 10 a 30% de água incrementou o rendimento da extração dos

fenólicos, sendo observado ainda, que acima de 50% ocorre efeito contrário.

No processamento da uva tinta para a obtenção de vinho e outros derivados

estima-se que somente de 30 a 40% das antocianinas sejam extraídas (GÓMEZ-

PLAZA et al., 2006). As antocianinas os carotenoides e as betalaínas são corantes

naturais, que também possuem capacidade antioxidante (MERCADANTE et al.,

2010) e, por esta razão, têm sido classificados como aditivos multifuncionais (WADA

et al., 2007). A substituição de corantes sintéticos por naturais é uma das grandes

demandas devido à preocupação crescente dos consumidores por produtos mais

saudáveis. Apostando neste segmento a Christian Hansen que já comercializa

corantes naturais na China desde a década de 1990, investiu, em 2004, US$ 1

milhão para a construção de uma nova planta de corantes naturais (DAGLADET

BORSEN, 2004). Do mesmo modo, os co-produtos gerados principalmente pelas

indústrias processadoras de insumos vegetais são fontes promissoras de pigmentos

e compostos bioativos (BREWER, 2011).

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As antocianinas, por sua vez, são mais eficientemente extraídas em metanol

acidificado, por romper a membrana celular favorecendo a liberação destes

pigmentos presentes nos vacúolos para o meio líquido e, simultaneamente

favorecendo a estabilização do núcleo flavílio (NAZCK e SHAHIDHI, 2004). Porém,

Teixeira et al. (2008) conseguiram rendimentos similares aos obtidos com metanol

empregando solução de etanol acidificado com ácido clorídrico.

Valduga et al. (2008) empregaram a extração hidroetanólica acidificada com

ácido clorídrico para a extração das antocianinas do bagaço de uva Isabel e

obtiveram como rendimento máximo 300 mg ciandina-3-glucosídeo.100g-1 bagaço.

Estes verificaram ainda o efeito negativo do pH sobre o rendimento da extração, ou

seja, o incremento no rendimentos ocorre com a diminuição do pH. O extrato obtido

foi ainda microencapsulado em spray dryer após a remoção do etanol por

evaporação a vácuo e a concentração em antocianinas do pó foi de 95 mg.100 g-1.

Luque-Rodríguez et al. (2007) empregaram a extração sólido-líquido com

etanol aquoso 50% acidificado com HCl e superaquecido (120º C) obtendo extrato

de casca de bagaço de uva com teores de fenólicos totais, antocianinas e flavonóis

7, 3 e 11 vezes superiores ao extrato obtido por extração sólido líquido

convencional.

A extração aquosa de antocianinas da casca da uva facilitada pela ação de

microondas foi avaliada utilizando a superfície de resposta, sendo a densidade da

energia fornecida o fator de maior impacto para o rendimento da extração, seguido

pela concentração de ácido cítrico e razão solvente:substrato (LI et al., 2012). A

densidade de energia foi definida como a energia de irradiação de microondas por

unidade de volume de solvente (W.mL-1) em certo intervalo de tempo. Observou-se

ainda que rendimento máximo foi atingido com uma temperatura de 60,8 °C e uma

densidade de energia da ordem de 32 ω para uma razão solvente substrato de 1:20,

sendo que acima destes valores foi observado mais degradação do que extração

das antocianinas.

A extração subcrítica aquosa e com água sulfurada das antocianinas

presentes na casca de uva foram avaliadas por Ju e Howard (2005) e mostraram

rendimentos de 50 e 60 mg.g-1 (base seca) respectivamente, valores comparáveis

aos 50 mg.g-1 (base seca) da extração com metanol 60% a 50 °C em banho de

ultrassom. Como a utilização de metabissulfito está sendo desencorajada pelos

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riscos operacionais que representa a extração subcrítica aquosa e a extração

auxiliada por preparações enzimáticas podem ser alternativas interessantes.

O emprego de preparações enzimáticas, especialmente com atividades de

pectinase, celulase e hemicelulase, auxilia na extração por hidrolisarem estruturas

celulares favorecendo o extravasamento ou a liberação dos compostos fenólicos

ligados. Embora em alguns casos o rendimento seja inferior ao obtido com solventes

como o metanol, esta é uma alternativa a ser considerada pela segurança e

aplicabilidade (LANDBO e MEYER, 2001). Entretanto, devem-se evitar preparações

com atividade glicosídica residual, por afetar diretamente a estabilidade dos

compostos fenólicos glicosilados extraídos, principalmente das antocianinas, as

quais são mais instáveis na forma de agliconas.

Muñoz et al. (2004) avaliaram o emprego de preparações enzimáticas

comerciais normalmente utilizadas pela indústria vinícola para auxiliar na obtenção

de extratos antociânicos de bagaço de uva provenientes da fabricação de vinho tinto

de três cultivares distintas e, constataram que o tempo de processo e dose de

enzima influenciaram positivamente na densidade de cor do extrato. Embora as

cultivares seja um fator de variação, a preparação contendo pectinase de Aspergillus

niger e hemicelulase de Trichoderma longibachiatum foi a mais eficiente para todas.

O aproveitamento do bagaço vai além da casca, pois estima-se que de 38 a

52% do peso seco do bagaço seja de sementes e, estas apresentam, em média,

40% de lignina, 12% de proteína e de 9,5 a 14,5% de extrato etéreo, em base seca

(SPANGHERO et al., 2009), valores que variam muito de um cultivar para outro.

Desta forma, visando o máximo de aproveitamento e valorização deste resíduo e,

devido ao seu consagrado uso nas indústrias farmacêutica e cosmética, o óleo da

semente da uva vem despertando interesse da comunidade cientifica e industrial. O

óleo de semente de uva, apesar de ter uma composição média de 10% de ácidos

graxos saturados e 90% de ácidos graxos poli e monoinsaturados, em especial o

linoléico (58 a 78%) e o oléico (3 a 15%), apresenta um ponto de fumaça elevado

(190-230 ºC) o que permite seu uso também sob altas temperaturas (MORIN, 1996

apud BAIL et al., 2008). O teor de óleo na semente da uva aproxima-se ao da soja,

variando de 10 a 20%, podendo, portanto, o rendimento da extração ser um fator

limitante para a obtenção deste óleo. Atualmente Itália, França, Espanha são os

maiores produtores mundiais deste óleo.

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O rendimento da extração de óleo de semente de uva não é elevado devido,

principalmente, à composição rica em fibras que pode adsorver o material lipídico

caso seja realizada por via mecânica. Passos et al. (2009) conseguiram aumentar

em 106% o rendimento da extração de óleo de semente de uva em Soxhlet

submetendo as sementes ao tratamento enzimático aquoso com uma mistura de

enzimas protease, celulase, xilanase e pectinase. Já a extração com solvente em

ultrassom permitiu o mesmo rendimento que o obtido com hexano, porém com uma

diminuição significativa no tempo de extração e na quantidade de solvente (DA

PORTO et al., 2013)

Porém, a substituição de solventes como o hexano por outros menos

agressivos ou, ainda, sem o uso de solventes orgânicos vem ganhando força, por

aliar a qualidade do óleo obtido com a questão ambiental. Neste sentido, novas

tecnologias como a extração por fluído supercrítico vêm sendo testadas com

sucesso. Passos et al. (2010) empregaram esta tecnologia em sementes de uva

trituradas obtendo rendimentos de 11,5% em óleo e, ao submeterem as sementes

trituradas ao tratamento enzimático prévio o rendimento foi de 16,5% (PASSOS et

al., 2009). Em ambos os processos o óleo apresentou a mesma composição em

ácidos graxos e capacidade antioxidante, no entanto o custo destas técnicas ainda é

elevado.

Além do óleo, o interesse na semente de uva também reside na sua

composição rica em compostos fenólicos, especialmente oligômeros e polímeros

com grau de polimerização de 2 a 38, com capacidade antioxidante muito superior à

do ácido ascórbico, trolox e quercetina (SPRANGER et al., 2008). As

proantocianidinas das sementes de uva foram extraídas com duas misturas binárias

distintas, acetona-água e acetato de etila-água, verificando-se a importância da água

na solução de modo a estabelecer uma polaridade similar a dos compostos de

interesse. A solução extratora de acetato de etila contendo 10% de água conseguiu

extrair 2,3 vezes mais proantocianidinas que a mistura acetona-água (PEKÍC et al.,

1998), contudo estes solventes devem ser eliminados dos extratos se a

aplicabilidade destes for alimentícia.

O etanol é um dos solventes permitidos para a área alimentícia, e devido a

sua baixa toxicidade tem sido cada vez mais avaliado como substituinte de solventes

orgânicos mais agressivos. A semente de uva teve suas proantocianidinas extraídas

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com uma mistura de etanol e água, atingindo valores de 11,4% do peso das

sementes (NAWAZ et al., 2006). No trabalho conduzido por Bousseta et al. (2012)

as proantocianidinas das sementes foram extraídas com etanol aquoso 50% na

razão 5:1 (solvente:substrato) a 50°C após a descar ga elétrica de alta tensão ou

pulso de campo elétrico, atingindo teores de 9 g de ácido gálico equivalente.100g-1

semente (base seca). Contudo, os autores sugerem a aplicação de pulso de campo

elétrico pela facilidade de separação das fases uma vez que as sementes se

mantêm em suspensão.

4.2. COMPOSTOS BIOATIVOS DE UVAS E SEUS RESÍDUOS

Os metabólitos secundários das plantas são compostos produzidos, mas não

essenciais para os vegetais como os compostos do metabolismo primário, e

encontram-se divididos basicamente em três grandes grupos: os terpenos, os

compostos fenólicos e os alcaloides. A distribuição dos metabólitos secundários não

é universal como as dos metabólitos primários. O estudo destas substâncias iniciou-

se no final do século XIX com grande interesse nas propriedades farmacológicas.

Em alguns casos estes metabólitos servem de indicadores taxonômicos como, por

exemplo, as betalaínas e antocianinas, que não coexistem, sendo as primeiras

restritas a dez famílias da ordem Caryophyllales, onde se encontra a beterraba (Beta

vulgaris) (PERES, 2012). Os compostos fenólicos estão onipresentes nos vegetais e

caracterizam-se por apresentarem ao menos uma hidroxila fenólica (SHAHIDHI e

NAZCK,1995).

Os compostos fenólicos correspondem a um grupo formado por moléculas

muito distintas entre si que estão divididas, em função da estrutura química, em

duas classes, flavonoides e não flavonoides, e estas duas classes dividem-se em

várias subclasses em função do padrão de substituição e das estruturas químicas

(NAZCK e SHAHIDHI, 2004). A grande diversidade dos fenólicos, aproximadamente

10.000 compostos, se deve por também ocorrerem nas formas livre, glicosilada e

conjugada. As funções nos vegetais, por sua vez, são diversas em função desta

diversidade química (TAIZ e ZEIGER, 2004).

Os compostos fenólicos são metabólitos secundários das plantas sintetizados

normalmente e em resposta a condições de estresse. Podem agir como fitoalexinas,

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como atrativo para polinização, por contribuírem para a pigmentação do vegetal,

como alelopáticos, inibindo o crescimento de vegetais competidores, como

antioxidantes e, similarmente ao sistema imunológico humano, protegendo a planta

de raios ultravioleta e de patógenos, dentre outros (PERES, 2012.). Nos alimentos

são os principais compostos responsáveis pelas características sensoriais tais como

cor, adstringência, amargor e aroma, além da estabilidade oxidativa dos produtos

derivados de vegetais. São usados como flavorizantes, vanilia e aldeído cinâmico,

mas por muito tempo, esses compostos foram associados negativamente à

qualidade de alimentos vegetais pela ação antinutricional como, por exemplo, dos

taninos, que complexam proteínas, diminuindo o valor nutricional e em alguns casos

inibem a atividade de enzimas como tripsina e lipases (SHAHIDHI e NAZCK, 1995).

O interesse mais recente se dá pelas evidências da diminuição da incidência de

algumas doenças crônico-degenerativas com a ingestão de frutas, verduras e

legumes, estando estes efeitos benéficos correlacionados aos metabólitos

secundários e vitaminas, principalmente devido ao poder antioxidante destes

compostos (ALVES et al., 2007; MANACH et al., 2004).

Duas vias metabólicas estão envolvidas na biossíntese dos compostos

fenólicos, a do ácido mevalônico e a do ácido chiquímico, sendo a última a principal

para os vegetais e a do ácido mevalônico para as bactérias e fungos. Os derivados

do ciclo da pentose e glicólise, ertitrose-4-fosfato e ácido fosfoenolpiruvato, se

condensam formando o ácido chiquímico o qual ao incorporar mais uma molécula de

fosfoenolpiruvato forma o ácido corísmico que por sua vez irá originar os

aminoácidos aromáticos – triptofano, tirosina e fenilalanina (TAIZ e ZEIGER, 2004).

A grande maioria dos compostos fenólicos é originada da fenilalanina (Figura

4.4), tendo como enzima chave da biossíntese destes a fenilalanina amônia-liase

(PAL) que ao remover uma molécula de amônia da L-fenilalanina forma o ácido

trans-cinâmico iniciando a biossíntese de fenólicos por reações sequenciais diversas

como hidroxilação, o-metilação e condensação (PERES, 2012). Contudo foi

verificada a ação da PAL sobre tirosina originando o ácido p-cumárico seguindo a

rota metabólica dos fenólicos (DAVIES e SCHWINN, 2005).

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C3C6

C3C6

C3C6

C3C6

C3C6

C3C6 C6

C2C6 C6

C3C6 C6C3C6 C6

C3C6

Figura 4.4 – Metabolismo dos compostos fenólicos em vegetais (NAZCK e SHAHIDHI, 2004).

Fatores genéticos irão determinar quais classes e subclasses desses compostos

serão sintetizadas (NAZCK e SHAHIDHI, 2004), os teores e o perfil dos compostos

fenólicos podem ainda variar em função dos estágios de crescimento e maturação,

fatores bióticos e abióticos aos quais o vegetal foi submetido, além das metodologias

analíticas de extração e determinação utilizadas.

A informação genética é uma grande fonte de variabilidade para os teores de

compostos bioativos como pode ser comprovado no estudo de Kataliníc et al.

(2010), que avaliou 14 cultivares de uvas viníferas tintas e brancas encontrando

concentrações médias de fenólicos totais de 1.851 e 875 mg.kg-1 de uvas frescas,

respectivamente e, antocianinas apenas nas uvas tintas com teores que variaram de

158 a 1.848 mg malvidina-3-glucosídeo.kg-1.

As principais subclasses dos não flavonoides presentes nas uvas são: ácidos

fenólicos, estilbenos, taninos, cumarinas, lignanas e neolignanas e dos flavonoides:

flavanol, flavonol, flavona, chalcona e antocianina (GARRIDO e BORGES, 2011;

ABE et al., 2007). Os estudos vêm sendo conduzidos de modo a identificar perfis e

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padrões de ocorrência de fenólicos como identidade da uva empregada,

principalmente na elaboração dos vinhos finos (FIGUEIREDO-GONZALEZ et al.,

2012).

4.2.1. Não flavonoides

A classe dos não flavonoides não apresenta uma estrutura básica em comum

e, portanto, é uma classe muito heterogênea, conforme ilustra a

Figura 4.5, composta por ácidos fenólicos (ácido benzóico, ácido

hidróxicinâmico e seus derivados), ligninas, lignanas, suberinas, estilbenos e taninos

hidrolisáveis (CHEYNIER, 2005; SHAHIDHI e NAZCK, 1995).

OH

OH

O

O

OO

O

O

CO

CO

OH

OH

OH

OH

OH

OH

CO

OH

CO

CO OH

OH

OH

HOOC

R1

OH

R2HOOC

R1

OH

R2

HO OH

H

H

RO

Figura 4.5 Principais subclasses de compostos não flavonoides em uva.

Os ácidos benzoicos são constituídos de sete carbonos (C6-C1) sendo exemplos

desta classe os ácidos gálico, vanílico e siríngico. Podem estar na forma livre ou

como etil ésteres. O ácido gálico é o mais importante dos ácidos benzoicos por ser

precursor dos taninos hidrolisáveis, que são polímeros de ésteres de ácido gálico ou

elágico. Acredita-se ainda que o ácido elágico (Figura 4.6) seja produto da reação

oxidativa entre dois ácidos gálicos.

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Evidências apontam atividade anti-inflamatória do ácido elágico, por inibir a

expressão gênica da enzima COX-2 (ciclooxigenase), modular a via de sinalização

celular envolvida nas doenças crônicas não transmissíveis, dentre outros

mecanismos (BASTOS et al., 2009). Este ácido apresenta ainda capacidade

antioxidante (BIANCHI e ANTUNES, 1999) e atividade antifúngica (SILVA JUNIOR

et al., 2010), indicando certa relevância sobre a prevenção de algumas doenças

cujas causas primárias sejam decorrentes da inflamação e/ou estresse oxidativo

como a asma (ROGÉRIO et al., 2008), obesidade (BASTOS et al., 2009),

cardiovasculares, neurológicas dentre outras (VATTEM e SHETTY 2005, PAN et al.,

2010).

Figura 4.6 – Estrutura química do ácido elágico (pt.encydia.com).

Na uva e seus derivados os ácidos cinâmicos são os mais representativos,

sendo encontrados na forma livre ou conjugados formando ésteres ou diésteres

tartáricos (ABE et al., 2007). Apresentam estrutura básica de nove átomos de

carbono (C6-C3), com destaque na uva para os ácidos cafeico, ferúlico, sinápico e

p-cumárico. Alguns estudos têm buscado identificar estes compostos e o perfil dos

mesmos como marcadores taxonômicos (GARRIDO e BORGES, 2011). Os ácidos

fenólicos são potentes antioxidantes e assim como os demais fenólicos a

potencialidade depende da posição e do grau de hidroxilação (YANISHLIEVA-

MASLAROVA, 2001).

Uma das classes de fenólicos mais associada às uvas é a dos estilbenos cujo

composto de referência é o resveratrol, que também pode ser encontrado em mais

de 70 espécies dentre elas uvas, pinheiros, amendoins e berries. A enzima chave

para a síntese é a estilbeno sintase, uma mutação da chalcona sintase, a qual forma

o resveratrol a partir de uma molécula de coumaroil-CoA e três de malonil-CoA. O

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resveratrol é sintetizado em resposta às condições de estresse bióticos e abióticos

como infecção fúngica, excesso de radiação UV, sendo reconhecidamente uma

fitoalexina de ação fungicida (LANGCAKE e Mc CARTHY, 1979 apud WANG et al.,

2010). Wang et al. (2010) constataram que a maior concentração de resveratrol

encontra-se no floema da haste enquanto que a maior expressão da estilbeno

sintase está na folha. O resveratrol também pode sofrer oxidação e originar

oligômeros denominados viniferina, com propriedade antifúngica (LANGCAKE e Mc

CARTHY,1979 apud MATTIVI et al., 2011).

A uva e seus derivados - vinho e suco- são reconhecidamente as principais

fontes de resveratrol da dieta (WANG et al., 2010). Embora na uva este fenólico seja

menos abundante que os ácidos fenólicos e flavonóis, destaca-se como um dos

fitoquímicos mais promissores em função de seu amplo espectro de efeitos

benéficos à saúde, dentre os quais as atividades antioxidante, cardioprotetora e anti-

carcinogênica (KUNDU e SURH, 2008). A casca é a porção comestível da uva na

qual se concentra o resveratrol, sendo, portanto, uma possível fonte desse

composto.

Os dados da literatura quanto aos teores de resveratrol indicam grande

variabilidade, sendo as condições de cultivo e os tipo de cultivares responsáveis por

esta variabilidade. Pastrana-Bonilla et al.(2003) ao avaliarem 10 cultivares de uva

encontraram resveratrol apenas em oito cultivares com teores que variaram de 0,1 a

0,2 mg.100g-1 de fruta fresca. Anastasiadi et al. (2010) avaliaram o teor de

resveratrol na casca de quatro cultivares obtendo valores muito diferentes (0,00 a

1,18 mg.100g-1 em base seca). Já Iacopini et al. (2008) encontraram resveratrol nas

10 cultivares de uva tinta da espécie Vitis vinifera estudadas, mas os teores também

oscilaram (0,44 a 26,66 mg.100g-1de casca em base seca). Burin et al. (2011)

observaram que mesmo empregando uvas Cabernet Sauvignon de vinhedos

próximos, condições de solo e cultivo similares, os vinhos apresentavam diferentes

conteúdos de resveratrol. Souto et al. (2001) também observaram que teores de

resveratrol nos sete vinhos Merlot da safra de 1997 produzidos na região Sul do

Brasil variaram de 0,91 a 5,43 mg.L-1.

Para os produtos processados, a variação nos teores dos fenólicos e em

especial no resveratrol, que encontra-se na casca, também será fruto das etapas de

processamento necessárias para a elaboração dos mesmos. Nos sucos, por

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32

exemplo, a maceração com enzimas hidrolases, pode facilitar a liberação dos

fenólicos presentes nos vacuólos. A vinificação tinta (Figura 4.3), na qual as bagas

esmagadas seguem juntamente com a polpa da uva para a fermentação alcoólica,

também favorece a extração não somente dos pigmentos antociânicos mas também

de outros fenólicos. Neste sentido, Kostadinovic et al. (2012) verificaram que o

tempo de maceração e o tipo de levedura utilizada na fabricação dos vinhos Merlot e

Vranec afetaram a composição dos vinhos quanto ao teor de resveratrol e a

atividade antioxidante.

Outra subclasse de não flavonoides encontrada nas uvas é a lignina, a

segunda classe de substância mais abundante nos vegetais após a celulose.

Embora pertençam à classe dos fenólicos, as ligninas são polímeros de álcoois de

fenilpropanóides (coniferil, cumaril e sinapil) que desempenham funções primárias e

secundárias. Estes polímeros apresentam-se altamente ramificados nas três

dimensões e por esta razão são insolúveis e extremamente complexos e rígidos. A

resistência mecânica é uma função primária muito necessária para o crescimento e

desenvolvimento do vegetal, contudo a síntese das ligninas é estimulada também

pelo ataque de patógenos, estresse ou herbivoria. Nestas duas últimas situações a

função secundária de proteção se dá pela baixa digestibilidade da lignina pelos

patógenos e pela restrição do acesso dos mesmos a fontes energéticas através das

ligações com proteínas e celulose. Estes compostos, por serem insolúveis,

encontram-se na parede celular, enquanto que os fenólicos solúveis apresentam-se

compartimentalizados em vacúolos ou ainda ligados a estruturas de parede celular

como pectinas e polissacarídeos (NAZCK e SHAHIDHI, 2004).

Os taninos são compostos fenólicos mais complexos, solúveis em água e

massa molecular variando de 500 a 3.000 Daltons e, de acordo com Khanbabaee e

van Ree (2001), os taninos podem ser divididos basicamente em dois grupos, os

taninos condensados e taninos hidrolisáveis, estando os últimos subdivididos em

galotaninos, elagitaninos e taninos complexos (Figura 4.7). Embora inicialmente

tenham sido identificados como componentes antinutricionais, por complexarem

proteínas e enzimas salivares, diminuindo a digestão dos nutrientes (SHAHIDHI e

NAZCK, 1995), o interesse atual nos taninos está associado à possibilidade de

prevenção de doenças. Isto porque são, frequentemente, os compostos bioativos de

plantas medicinais como cáscara sagrada (Rhamnuspurshiana), melissa (Melissa

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officinalis) e outros. Creditam-se estes efeitos à capacidade de complexar proteínas

e polissacarídeos assim como de quelar íons metálicos (COWAN, 1999), que seriam

os mecanismos da ação fungicida e bactericida, por impedir a ação de algumas

enzimas importantes ou ainda inativa-las pela ausência do cofator. Outra

característica importante é a atividade antioxidante por sequestro de radicais livres e

complexação de íons metálicos que podem gerar espécies reativas (Reação de

Fenton) ou decompor peróxidos (YANISHLIEVA-MASLAROVA, 2001). Acredita-se

ainda que os taninos possam atuar de duas maneiras distintas, quando formando

complexos não seriam absorvidos e atuariam sobre o trato gastrointestinal, ou ainda

ao serem absorvidos seus efeitos seriam sistêmicos (SERRANO et al., 2009).

Figura 4.7- Classificação dos taninos em: 1-galotanino; 2-elagitanino; 3-tanino complexo e 4-tanino

condensado (KHANBABAEE e VAN REE, 2001).

Os taninos hidrolisáveis são formados por ésteres de ácidos fenólicos, nos

quais as hidroxilas da molécula de açúcar são esterificadas pelos ácidos gálico ou

elágico e estes são facilmente hidrolisados via enzimática (tanase) e não enzimática

(RODRÍGUEZ-DURÁN et al., 2010). Recentemente a classificação dos taninos

hidrolisáveis compreende os galotaninos, quando o açúcar está esterificado por

unidades de ácido gálico, os elagitaninos, que quando hidrolisados formam o ácido

hexahidróxidifênico que se estabiliza formando o ácido elágico (dilactona), e os

taninos complexos, os quais são ésteres formados por catequina e pelos ácidos

elágico e gálico (KHANBABAEE e VAN REE, 2001). Os taninos não hidrolisáveis

também denominados de taninos condensados ou proantocianidinas pertencem a

classe dos flavonoides.

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34

4.2.2. Flavonoides

Os flavonoides apresentam uma estrutura comum composta por dois anéis

aromáticos ligados por três carbonos e um átomo de oxigênio formando um

heterociclo oxigenado denominado núcleo flavano (Figura 4.8). O grau de oxidação

e o padrão de substituição do anel C, heterociclo, definem as classes de flavonoides

e dentro destas as substituições nos anéis A e B são responsáveis pelas

diversidades de compostos de cada classe. Os compostos podem ainda apresentar

um ou mais moléculas de açúcar principalmente nas posições 3,5 e 7, e ainda ser o

açúcar acilado por um ácido orgânico (RHODES, 1996).

Figura 4.8 – Núcleo Flavílio (BRAVO, 1998).

As principais classes de flavonoides encontradas nos vegetais utilizados em

alimentos (

Figura 4.9) são: flavona ou flavonol, flavanona, flavanol, isoflavona, chalcona,

antocianidina e proantocianidina (NAZCK e SHAHIDHI, 2004; RHODES, 1996).

Nas uvas as principais classes são os flavanóis, proantocianidinas, flavonol e nas

uvas tintas as antocianidinas (GARRIDO e BORGES, 2011; PERESTRELO et al.,

2012).

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35

OHO

OH

R1

R2

R3

O

OH

Flavonóis

OHO

OH

R1

R2

R3

O

Flavonas

OHO

OH

R1

R2

R3

O

Flavanonas

OHO

R OOH

Isoflavonas

OHO

OH

R1

R2

R3

OH

Flavanóis

O

OH

OH

OHHO

OH

O

OH

OH

OHHO

OH

O

OH

OH

OHHO

OH

Proantocianidinas

R2=OH; R1=R3=H Kaempoferol

R1=R2=OH; R3=H Quercetina

R1=R2=R3=OH Miricetina

R2=OH; R1=H Apegenina

R1=R2=OH Luteolina

R=H Daidzeína

R=OH Genisteína

R2=OH; R1=H Naringenina

R1=R2=OH Eriodictiol

R1=OH; R2=OCH3 Hosperetina

R2=R1=H Perlagonidina

R1=OH; R2=H Cianidina

R1=R2=OH Delfinidina

R1=OCH3; R2=OH Petunidina

R1=R2=OCH3 Malvidina

OHO

OH

R1

OH

R2

OH

Antocianidinas

R1=R2=OH; R3=H Catequinas

R1=R2=R3=OH Galocatequinas

Procianidina trimérica

Figura 4.9 – Principais classes de flavonoides.

Os taninos condensados ou proantocianidinas são polímeros ou oligômeros

formados por condensação de unidades de flavan-3ol ou flavan-3,4diol (Figura 4.10),

cujos produtos da hidrólise são antocianidinas (SHAHIDHI e NAZCK, 1995). Quando

as unidades monoméricas se ligam através de ligações éter (C2-C7) tem-se as

proantocianidinas do tipo A. Já quando os monômeros se ligam por reações entre

carbonos, geralmente C4-C6 e C4-C8, denomina-se proantocianidina tipo B. As

unidades podem ser distintas em função do padrão de hidroxilação dos anéis A e B

e desta forma as proantocianidinas podem ser: procianidinas ((+)-catequina/(-)-

epicatequina), prodelfinidinas ((-)-galocatequina/-epigalocatequina) e

properlagonidina ((+)-afzelequina/(-)-epiafzelequina), dentre outras (SERRANO et

al., 2009).

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Figura 4.10- Unidades monoméricas das proantocianidinas:Flavan-3-ol (esquerda) e Flavan-3,4-diol

(direita).

Nas uvas as principais ocorrências são de taninos condensados do tipo B,

procianidinas e prodelfinidinas são os de maior prevalência (HE et al., 2008;

HELLSTRÖM et al., 2009, ZHAO et al., 2010). As proantocianidinas não estão

uniformemente distribuídas nas uvas. Montealegre et al. (2006) ao avaliarem o perfil

de fenólicos de dez variedades de Vitis vinífera encontraram grande variedade nos

teores de proantocianidinas tanto com relação às variedades quanto localização no

fruto, com as mais elevadas concentrações nas sementes (210 a 790 mg.Kg-1) e

casca (traços – 69 mg.Kg-1) e todas as procianidinas identificadas foram do tipo B.

Como pode ser verificado na Figura 4.9, os flavonóis diferem das flavonas apenas

pela função álcool no heterociclo não saturado com função cetona no carbono 4. Já

foram identificados em uvas e vinhos quercetina, miricetina, kaempferol, rutina,

laricitrina, siringetina e isorhamnentina e estes flavonóis foram encontrados nas

formas glicosilada e não glicosilada (MAKRIS et al., 2006, GARRIDO e BORGES,

2011). A conjugação se dá por uma ligação hemiacetal entre o açúcar e a hidroxila

do heterociclo. Estes compostos apresentam sabor amargo e são reconhecidamente

compostos com atividade antioxidante, podendo alguns ainda como a quercetina

também apresentar atividade foto-antioxidante (OHKATSU et al., 2010).

A atividade antioxidante dos flavonoides não decorre somente da remoção de

radicais livres, mas também da quelação de metais e da inibição de algumas

enzimas, como a lipoxigenase (YANISHLIEVA-MASLAROVA, 2001). Os metais se

estabilizam quando existem as hidroxilas adjacentes, como nas posições 3’ e 4’ no

anel B ou ainda quando as hidroxilas estão nas posições C3 e C5 com grupo oxo em

C4 (PIETTA, 2000).

A atividade antioxidante está diretamente relacionada com a estrutura química

(Figura 4.11), presença de hidroxilas livres, bem como a posição das mesmas para

que estejam disponíveis e não estabilizadas com outros constituintes da molécula,

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assim como a presença de duplas conjugadas, por exemplo, entre os carbonos 2 e 3

do heterociclo com a função cetona no carbono 4 (WADA et al., 2007).

OHO

OH

R1

OH

R2

OH

O

OHO

OH

R1

R2

OH

O

OH

OHO

O

R1

R2

O

O

OH

HH

Figura 4.11 – Estruturas que contribuem para a atividade antioxidante dos flavonoides (WADA et al.,

2007).

Ao avaliarem alguns flavonoides, Ohkatsu et al. (2010) verificaram que em

termos de atividade antioxidante tinha-se, em ordem decrescente, quercetina,

luteolina (flavona) e kaempoferol. Pode-se supor que seja pelo número e posição de

hidroxilas, que na quercetina são cinco, enquanto na luteolina e kaempoferol são

quatro hidroxilas. Contudo mesmo ambos apresentado quatro hidroxilas, no

kaempoferol duas hidroxilas estão nas posições 3 e 5 entre a função cetona no

carbono 4, dificultando a doação do elétron enquanto que na luteolina as três

hidroxilas estão mais disponíveis (Figura 4.9).

As flavanonas possuem um grupo cetona no heterociclo saturado e são

intermediários biossintéticos de diversas classes de flavonoides (Figura 4.12).

Podem apresentar sabor amargo ou doce dependendo da configuração, e ainda

ação protetora (VERMERRIS e NICHOLSON, 2006).

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Figura 4.12 – Rota metabólica dos flavonoides a partir da chalcona (OHKATSU et al., 2010).

Embora as flavanonas não sejam potentes removedores de radicais livres,

são compostos que apresentaram atividade fotoantioxidante, podendo assim atuar

de forma distinta na preservação dos alimentos como, por exemplo, sendo

adicionados às embalagens, ou ainda na área cosmética ou farmacêutica. A

hidroxila na posição 7 do anel A, assim como o grupo oxo em C4 e a dupla ligação

entre C2 e C3 no heterociclo são características que favorecem a atividade

fotoantioxidante (OHKATSU et al., 2010)

Os flavanóis, além do heterociclo saturado com função cetona, apresentam

hidroxilas na posição C3 sendo denominados de flavan-3ol ou nos carbonos C3 e

C4 denominando-se flavan-3,4-diol (SHAHIDHI e NAZCK, 1995). Estes compostos

assim como as flavonas absorvem luz na região do UV (280-320nm), sendo

importantes para a proteção da planta contra o excesso desta radiação (TAIZ e

ZEIGER, 2004). Nas uvas os flavanóis identificados foram a catequina, o mais

abundante na natureza, epicatequina e os derivados de ambas. Nos vinhos brancos

produzidos sem o contato prologado das cascas com o mosto fermentativo a

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catequina é o flavonoide mais abundante e responsável pelo sabor deste (GARRIDO

e BORGES, 2011). Contudo além dos monômeros glicosilados ou agliconas, estes

flavonóis também estão nas uvas como dímeros, trímeros e polímeros denominados

proantocianidinas, conferindo sabor adstringente.

A catequina e epicatequina mostraram um comportamento antagonista

quando em associação entre si e entre os flavonóis (quercetina e rutina) e

resveratrol quando a atividade antioxidante foi medida pelo método do DPPH;

contudo este efeito não foi verificado quando o método de análise empregado foi o

de inibição da nitração da tirosina por peroxinitrito (IACOPINI et al., 2008). De um

modo geral tem se preferido a aplicação dos extratos como antioxidantes em

detrimento aos compostos isolados, tanto pelas possíveis interações sinérgicas

como pelo custo elevado de purificação.

As antocianidinas são flavonoides que apresentam o grupo estrutural comum

o núcleo flavílio no qual existem duas insaturações que, por ressonância, se

estabilizam (WROLSTAD et al., 2005) e conferem a propriedade de absorção de luz

na região do visível (500 nm), sendo esta classe de pigmentos fenólicos

hidrossolúveis responsável pelas colorações de vermelho, azul e violeta na maioria

dos vegetais.

A luz é o fator externo mais importante na biossíntese desses compostos por

ativar indiretamente as enzimas envolvidas através do sistema fitocromo, porém sua

biossíntese e acúmulo também são influenciados por outros fatores como

temperatura, condição nutricional, hormônios, danos mecânicos e ataque de

patógenos. Fatores genéticos definem as substituições nos carbonos 3 e 5 do anel B

as quais definem as agliconas ou antocianidinas (MAZZA e BROUILLARD, 1990),

sendo seis as de principal interesse em alimentos (Figura 4.13).

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40

OHO

OH

R1

OH

R2

OH

B

A C

Figura 4.13 – Principais antocianidinas em alimentos.

As substituições no anel B contribuem para a variação de cor (Tabela 4.1),

porém o pH, a concentração na solução e a presença de co-pigmentos são também

fatores importantes (MAZZA e BROUILLARD, 1990; WROLSTAD et al., 2005) que

permitem a grande variabilidade nas tonalidades encontradas no reino vegetal. O

aumento de hidroxilas modifica a coloração de rosa para azul sendo a metilação

responsável pelo efeito contrário (STRINGHETA e BOBBIO, 2000).

Tabela 4.1- Coloração das antocianidinas (TAIZ e ZEIGER, 2004).

Antocianidina Substituintes Coloração

Perlagonidina 4’OH Vermelho alaranjado

Cianidina 3’ e 4’- OH Vermelho violáceo

Delfinidina 3’, 4’ e 5’- OH Azul violáceo

Peonidina 3’- OCH3, 4’- OH Vermelho rosado

Petunidina 3’ - OCH3, 4’ e 5’- OH Violeta

Malvinidina 3’ e 5’ - OCH3, 4’- OH Violeta

As antocianinas localizam-se em vacúolos e se apresentam no vegetal

predominantemente na forma de mono ou di-glicosídeos, e muito pouco na forma de

agliconas. As glicosilações ocorrem mais frequentemente nos carbonos 3 e 5,

podendo também ocorrer, ainda que raramente, como triglicosídeos nas posições 7,

3, 4 e/ou 5. Os açúcares mais encontrados são mono e dissacarídeos como glicose,

Antocianidinas R 1 R2

Perlagonidina H H

Cianidina OH H

Delfinidina OH OH

Peonidina OMe H

Petunidina OMe OH

Malvidina OMe OMe

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ramnose, galactose, xilose e arabinose. As antocianinas podem ainda sofrer

acilações nas moléculas do açúcar, em muitos casos por ácidos tais como p-

cumárico, cafeico, ferrúlico ou sinápico, e com menor frequência pelos ácidos p-

hidroxibenzóico, malônico ou acético. Geralmente, os ácidos se ligam ao carbono 3

da molécula do açúcar, sendo que, em alguns pigmentos, essa ligação ocorre no

grupamento 6-hidroxil e muito raramente no 4-hidroxil (SHAHIDHI e NAZCK, 1995;

FRANCIS, 1982; FRANCIS, 1993). Nas uvas foram identificadas cinco das seis

antocianidinas encontradas nos alimentos: cianidina, delfinidina, peonidina,

petunidina e malvidina; principalmente na forma glicosilada. Estudos indicam ainda

que nos cultivares Vitis vinífera não ocorrem antocianinas diglicosiladas (GUERRA e

BARNABÉ, 2005) e tem-se ainda tentado estabelecer um padrão de ocorrência das

antocianinas para auxiliar a identificação da uva originária do vinho, auxiliando no

combate à fraude (GARRIDO e BORGES, 2011).

De acordo com Francis (1982) e Wrolstad et al. (2005), as antocianinas são

muito instáveis e susceptíveis à degradação. A estabilidade das antocianinas é

afetada fortemente pelo pH e temperatura, contudo sua estrutura química,

concentração na solução, luz, enzimas endógenas ou adicionadas, co-pigmentos,

relação molar entre co-pigmentos e antocianinas, oxigênio, ácido ascórbico, íons

metálicos, açúcares e seus produtos de degradação, proteínas e dióxido de enxofre

também atuam sobre a estabilidade das antocianinas.

O pH atua sobre a estrutura química das antocianinas favorecendo a

degradação irreversível e perda da coloração devido à formação de chalcona (Figura

4.14). Em pH ácido (<2,0) as antocianinas se encontram na forma do cátion flavílio,

cuja coloração é intensa. À medida que o pH aumenta ocorre a formação da base

quinoidal (azul ou violeta) conjuntamente com a hidratação do cátion formando a

pseudobasecarbinol ou hemiacetal que lentamente atinge o equilíbrio formando a

chalcona (incolor), uma estrutura de degradação cujo heterociclo foi rompido

(MARKAKIS, 1982).

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42

R

Gl

HO

O

R1

OH

R2

O

CH OOHO

O

R1

OH

R2

O

R

Gl

OHO

O

R1

OH

R2

O

OH

R

Gl

O

O

R1

OH

R2

O

O

R

Gl

R

OHO

O

R1

R2

O

O

Gl

R

Gl

HO

O

R1

OH

R2

O

CH O

-H +

rápido

Figura 4.14- Comportamento das antocianinas em função do pH.

O aumento da temperatura leva a degradação das antocianinas e à formação

de compostos de coloração marrom. A luz aumenta a síntese das antocianinas no

vegetal, contudo a coloração é mantida em ambiente escuro (MARKAKIS, 1982).

Alguns estudos indicaram diferenças na cinética de degradação pela luz, sugerindo

que fatores como a fonte e, portanto, a estrutura das antocianinas também atue

favorecendo ou não esta degradação (CAVALCANTI et al., 2011).

A ação das enzimas endógenas (polifenoloxidase e peroxidase) é um dos

principais fatores de degradação dos compostos fenólicos, e nas antocianinas

destaca-se também a atuação das glicosidases que ao removerem o açúcar da

molécula formam a aglicona, muito mais instável (HUANG, 1955 apud CAVALCANTI

et al., 2011). Por serem termorresistentes, a inativação térmica destas enzimas em

produtos derivados de vegetais fica dificultada, sendo alternativamente inibidas por

adição de compostos que se ligam à parte protéica da enzima, que complexam o

grupo heme ou que neutralizam o cofator. O dióxido de enxofre (SO2) e os sulfitos,

assim como o ácido ascórbico, são largamente utilizados na indústria com esta

finalidade. No entanto, esses compostos favorecem a degradação das antocianinas

por mecanismos não enzimáticos (RODRIGUEZ-SANOA et al., 1999; MALIEN-

AUBERT et al., 2001).

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Os sulfatos e sulfitos se ligam nas posições 2 ou 4 formando compostos

incolores, sendo esta reação reversível em doses menores que 10g.kg-1 (FRANCIS,

1993). Já o ácido ascórbico degrada as antocianinas tanto pela condesação no

carbono 4 como pela oxidação do anel pirílium (PACHECO-PALENCIA et al., 2007).

Fatores estruturais da molécula são também responsáveis pela estabilidade

das antocianinas, da cor e, por consequência, da atividade biológica, tais como o

grau de substituição do anel B, ou seja, R1 e R3; a natureza e número de açúcares

ligados à molécula; e, ainda, a estrutura e número de grupamentos acil; bem como a

posição da ligação destes na molécula de açúcar. Moléculas diaciladas apresentam

maior estabilidade, uma vez que os radicais acil podem proteger o núcleo flavano

através do rearranjo espacial das moléculas. As acilações favorecem as co-

pigmentações intramoleculares, as quais são mais eficientes já que propiciam a

ligação covalente entre pigmento e copigmento. A presença de resíduo aromático no

grupamento acil permite o alinhamento do resíduo com o núcleo flavílio e

empilhamento, possivelmente por interações hidrofóbicas, protegendo a molécula do

ataque nucleofílico da água, diminuindo a hidratação e prevenindo a formação de

chalcona (WROLSTAD et al., 2005; MALIEN-AUBERT et al., 2001).

As copigmentações intermoleculares são interações entre as antocianinas e

outros compostos que podem ser flavonoides, alcaloides, aminoácidos, ácidos

orgânicos, nucleotídeos ou polissacarídeos ou metais, por ligações covalentes mais

fracas π-π. Os metais são facilmente complexados pelas antocianinas formando

complexos estáveis, sendo este um dos mecanismos de atividade antioxidante desta

classe de fenólicos. Acredita-se ainda que a complexação de metais como ferro,

cobre, alumínio e magnésio sejam responsáveis pela coloração azulada

(CASTAÑEDA-OVANDO et al., 2009).

Quando o copigmento é outra molécula de antocianina, denomina-se auto-

associação e ocorre em soluções concentradas de antocianinas. A copigmentação é

um fenômeno de ocorrência natural ao qual se atribui o principal mecanismo de

estabilidade das antocianinas nos vegetais, ocorrendo preferencialmente em

condições ácidas (MAZZA e BROUILARD, 1990). Estas associações químicas

fracas podem aumentar a estabilidade das antocianinas e ampliar as suas

propriedades antioxidantes (RODRIGUEZ-SANOA et al., 1999, REYES e

CÍSNEROS-ZEVALLOS, 2007).

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44

A copigmentação é provavelmente o principal fenômeno de estabilização das

antocianinas nos vegetais e promovem o deslocamento batocrômico e efeito

hipercrômico (STRINGHETA e BOBBIO, 2000; CAVALCANTI et al., 2011). Acredita-

se que estes efeitos sejam os responsáveis pela grande diversidade de matizes e

ainda pela variação na cor e adstringência de vinhos (MAZZA, 1995). Contudo, a

intensidade dos efeitos depende fortemente do pH da solução que irá deslocar o

equilíbrio para a formação do cátion flavílio (CASTAÑEDA-OVANDO et al., 2009). E

segundo Asen et al. (1972) apud Stringheta e Bobbio (2000), o efeito batocrômico

está diretamente relacionado com a razão copigmento:pigmento.

Os estudos mais recentes apontam para a identificação de possíveis

interações que seriam responsáveis pela estabilidade das antocianinas (PACHECO-

PALENCIA et al., 2007) e, por consequência, favoreceriam o poder antioxidante

responsável pela grande maioria das atividades biológicas (antimutagênica,

anticarcinogênica, efeito protetor gástrico) desta classe de compostos (GALVANO et

al., 2004; PAN et al., 2010).

Outro mecanismo de estabilização das antocianinas é por meio da ciclização

entre o carbono 4 e a hidroxila em C5 formando as piranoantocianinas (Figura 4.15),

que foram identificadas inicialmente em vinhos tintos.

Figura 4.15- Exemplos de piranoantocianinas encontradas nos vinhos (MATEUS, 2009).

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45

A presença do quarto anel na molécula confere um efeito hipsocrômico em

relação à antocianina precursora (MATEUS, 2009) e maior estabilidade em relação

às antocianinas. A estabilidade em relação ao pH vem despertando o interesse

nestas moléculas e este mecanismo pode ser uma alternativa para a viabilização do

uso de pigmentos antociânicos em substituição aos corantes artificiais

(CASTAÑEDA-OVANDO, et al. 2009).

As uvas representam importantes fontes de compostos fenólicos, porém estes

não estão distribuídos uniformemente no fruto e dependem fortemente da cultivar,

entre outros fatores associados às condições de cultivo. Pastrana-Bonilla et al.

(2003), ao avaliarem frutas íntegras, casca e semente de 10 cultivares muscadines

verificaram que os teores de fenólicos totais (mg ácido gálico equivalente.100g-1) e

atividade antioxidante encontram-se distribuídos em ordem decrescente nas

sementes (3.258 a 1.649), casca (545 a 262) e polpa (33 a 11). As antocianinas

encontram-se quase que exclusivamente nas cascas de cultivares púrpuras (132,1 +

47,0 mg.100g-1), com ocorrência nas sementes de todas as cultivares avaliadas (1,2

a 8,7 mg.100g-1) e nas polpas de cultivares púrpuras (0,7 a 4,7 mg.100g-1). Nas

sementes a predominância é de flavonóis, (-)-epicatequina e (+) catequina, enquanto

que na casca os maiores teores foram de miricetina e ácido elágico.

4.2.3. Relevância dos compostos fenólicos

As uvas e seus derivados, vinhos e sucos, são importantes fontes dietéticas

de compostos fenólicos e como vários estudos têm demonstrado os efeitos

plurifarmacológicos (bactericida, antiviral, antialérgico, antitrombótico,

antiinflamatório, anticarcinogênico, hepatoprotetor, vasodilatador) dos fenólicos

(CHEYNIER, 2005, SOOBRATTEE et al. 2005), o interesse sobre estes alimentos e

aproveitamento máximo do potencial dos mesmos é crescente. Grande parte destes

efeitos decorre da capacidade dos compostos fenólicos em remover espécies

reativas, inibir as vias de sinalização e ativação de fatores de transcrição, inibindo

enzimas oxidativas e mediadores inflamatórios, dentre outros. Muitos danos no

organismo iniciam-se com os ataques de espécies reativas (ER) produzidas pelo

metabolismo normal e também durante os processos inflamatórios. A inflamação

crônica está associada como um dos maiores fatores de risco de doenças crônicas,

como arterosclerose, Parkinson, Alzheimer, câncer, obesidade, doenças

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inflamatórias crônicas, transtornos metabólicos, musculares e esqueléticos (PAN et

al., 2010).

As espécies reativas, por sua vez, irão promover danos oxidativos em

biomoléculas importantes como proteínas, DNA, lipídios e açúcares, através de

mecanismos diversos. A oxidação dos lipídios constituintes das membranas

celulares promove a perda de sua principal função, a permeabilidade seletiva. Nas

proteínas a oxidação pode ocorrer em sítios específicos inativando as enzimas, ou

alterar a carga elétrica, aumentando a propensão da molécula à proteólise, ou ainda

promover mutações, translocações e degradações no DNA dentre outras

(SCANDALIOS, 2005). Caso estas espécies reativas não sejam eliminadas pelo

sistema de defesa, enzimático e não-enzimático, e se acumulem no organismo,

ocorrerá um desequilíbrio conhecido como estresse oxidativo, causa primária de

muitas doenças crônico-degenerativas.

Estudos indicam ação protetora dos flavonoides na prevenção de doenças

como o câncer (KAMPA et al. 2007, YANG et al., 2009), cardiovasculares,

desordens neurológicas e metabólicas, dentre outras associadas à inflamação

crônica (PAN et al., 2010), e também na proteção da pele à oxidação e perda de

elasticidade (CORNELLI, 2009).

Com relação aos efeitos benéficos dos fenólicos presentes nas uvas e

derivados sobre a prevenção de doenças cardiovasculares, acredita-se que a

redução das lesões causadas pela aterosclerose e oxidação do LDL, remoção dos

radicais livres minimizando o estresse oxidativo e a modulação da sinalização celular

para a inflamação e agregação plaquetária sejam os principais mecanismos

(LEIFERT e ABEYWARDENA, 2008). O resveratrol, mais precisamente, tem

ganhado notoriedade devido aos estudos atribuírem a ele ações contra certos tipos

de câncer, efeitos neuroprotetor e cardiovascular além da atividade anti-inflamatória

e antienvelhecimento (DAS e MAULIK, 2006).

Embora, inicialmente, a teoria do paradoxo francês sugerisse que parte dos

efeitos benéficos da dieta com alta ingestão de vinho tinto fosse do etanol outros

estudos indicaram que os efeitos benéficos independiam da presença do etanol

(GAZIANO et al., 1993) e estariam relacionados aos compostos fenólicos presentes

nas bebidas (VINSON et al., 2001). Com isso, não somente as bebidas, mas

também extratos de partes como casca e sementes vêm ganhando espaço nas

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pesquisas para um aproveitamento mais nobre com funcionalidades diversas, desde

aditivos naturais com ação antioxidante, conservante microbiano, corante,

suplementos com funcionalidade biológica dentre outras.

Os extratos aquoso e metanólico de uvas viníferas gregas, Mandilaria (tinta) e

Assyrtiko (branca), tiveram o solvente removido por evaporação a vácuo e foram

adicionados juntamente aos indutores de mutagenicidade, bleomicina e peróxido de

hidrogênio (H2O2), às cepas de Salmonella typhimurium TA102, usualmente

empregadas em testes de antimutagencicidade. Os extratos exibiram atividade

antimutagênica, muito provavelmente por remover os radicais livres e/ou complexar

íon ferroso (Fe+2), contudo, não foi observada a mesma resposta quando os ensaios

foram realizados com frações metanólica e de acetato de etila ricas em alguns

fenólicos, sugerindo que a atividade antimutagênica está relacionada ao sinergismo

dos compostos nos extratos não purificados ou ainda decorrentes de outros

compostos além dos fenólicos isolados nas frações mencionadas.

O extrato de semente de uva foi administrado por 12 semanas em hamsters,

verificando-se uma redução de 25% do colesterol plasmático e 68% da

aterosclerose (AUGER et al., 2004). Os extratos de casca e sementes de uva

inibiram a agregação plaquetária em sangue humano através de teste in vitro em

12,7% quando testados isolados e 96,5% quando os extratos foram administrados

juntos. Contudo, em testes ex vivo com sete cachorros a agregação plaquetária foi

inibida em 31,9% somente quando a dose continha os dois extratos e, este efeito foi

potencializado atingindo uma inibição de 56,2% quando além dos extratos de uva os

cachorros receberam uma dose de um blend enzimático de proteases. O efeito dos

extratos foi mantido após 24 horas da administração da última dose, garantindo,

desta forma, o efeito antiplaquetário até a dose seguinte (SHANMUGANAYAGAM et

al. 2002).

Bagchi et al. (2000) avaliaram um extrato comercial concentrado de

proantocianidinas de semente de uva em ensaios in vitro e in vivo, que indicaram

elevada atividade antioxidante e proteção ao estresse oxidativo. O extrato também

apresentou excelente proteção contra lesão de isquemia e reperfusão do miocárdio,

assim como na proteção do infarto do miocárdio. Em humanos a aplicação tópica do

mesmo extrato aumentou a proteção solar e a suplementação melhorou a

pancreatite crônica.

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No estudo de Kataliníc et al. (2010), com 14 cultivares de uvas viníferas tintas

e brancas, verificou-se que os extratos de uvas brancas apresentaram, em média,

menores valores de concentração mínima inibitória para as cepas de

Staphylococcus aureus, Bacillus cereus, Campylobacter coli, Escherichia coli

O157:H7 e Salmonella infantis, sendo, portanto, mais eficientes como

antibacterianos. Os extratos de uvas tintas, por sua vez, apresentaram maiores

teores de compostos fenólicos totais, flavonóis e antocianinas e, apresentaram maior

poder redutor que os extratos de uvas brancas. Assim, a aplicabilidade dos extratos

de uvas tintas e brancas pode ser direcionada de modo a maximizar a

potencialidade de cada um frente às características físicoquímicas e ao perfil em

fenólicos inerentes aos mesmos.

O extrato de uva Isabel aplicado em salsichas por imersão mostrou ser

eficiente na redução de bactérias ácido-lácticas causadoras de limosidade um dos

grandes problemas deste produto (MARDIGAN et al., 2009). Em outro estudo, a

atividade antibacteriana do extrato de semente de uva foi testado contra doze cepas

diferentes de Campylobacter (jejuni e coli) e a inibição do crescimento bacteriano

variou de 5,08 a 6,97 (log UFC.mL-1 extrato). O gênero Campylobacter é o principal

causador de diarreia alimentar e, compreende 17 espécies das quais 14 já foram

associadas a doenças humanas (PARK, 2002). Um dos principais veículos é a carne

de aves domésticas em especial a de frango fresco e, neste sentido, o extrato

poderia ser introduzido na cadeia produtiva de modo a diminuir a contaminação de

alimentos por estas bactérias.

Os extratos comerciais de bagaço e semente de uva foram testados como

suplementos em sistema alimentício para obtenção de produtos desidratados por

soluções osmóticas e incrementaram a concentração de compostos fenólicos que

atingiu 7.176 mg GAE.kg-1, superior ao encontrado em cranberries (5.272 mg

GAE.kg-1) e tida pelos autores como uma das frutas mais ricas em compostos

fenólicos (RÓZEK et al., 2010).

Por outro lado, as indústrias de alimentos vêm buscando substituir os aditivos

sintéticos por naturais devido à demanda dos consumidores e à legislação mais

rígida, sustentada por estudos que indicam efeitos nocivos daqueles à saúde como

carcinogenicidade, reações alérgicas, alterações no metabolismo dentre outras.

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Assim os extratos vegetais são alternativas interessantes, principalmente quando

obtidos de fontes mais econômicas como de co-produtos ou por biotecnologia.

No Brasil, os antioxidantes butil-hidroxi-anisol (BHA), butil-hidroxi-tolueno

(BHT), galato de propila (PG) e terc-butilhidroquinona (TBHQ) ainda são permitidos

com limite de uso máximo de 100 a 200 mg.kg-1, porém ainda que estudos tenham

indicado um limite de uso seguro, o Canadá e a comunidade europeia não permitem

o uso de TBHQ e o BHA e BHT são considerados potencialmente tóxicos (FOOD

INGREDIENTS, 2009). Assim os extratos naturais ricos em compostos antioxidantes

podem ser alternativas interessantes e vem sendo avaliados como substitutos.

Negro et al. (2003) avaliaram a atividade antioxidante dos extratos de bagaço de uva

pelo método in vitro de branqueamento do β-caroteno encontrando 90% da atividade

antioxidante de BHT com 160 ppm dos extratos. Vale ressaltar, porém, que os

compostos fenólicos são compsotos solúveis em meio aquoso estando portanto

mais aptos a atuar em sistemas aquosos. A solubilidade e compatibilidade com o

sistema ao qual será aplicado são características importantes a serem avaliadas

para a escolha do antioxidante. É possível que a microencapsulação em sistemas

lipídicos permitisse a aplicabilidade em meios lipofílicos com maior eficiência.

A substituição dos corantes sintéticos por corantes naturais é de grande

interesse das indústrias, principalmente pela demanda dos consumidores por

produtos naturais e pela maior rigidez das legislações, suportadas em estudos como

o de McCann et al. (2007) que indicaram que os corantes sintéticos contendo

compostos azo podem ser prejudiciais à saúde das crianças. Desta forma,

pesquisas com fontes baratas e estáveis de corantes naturais como as betalaínas,

os carotenoides e as antocianinas vêm sendo conduzidas, mas, em muitos casos, a

estabilidade é um ponto crítico, principalmente para as antocianinas por serem

compostos altamente instáveis e susceptíveis à degradação por pH, oxigênio,

temperatura, enzimas e outros.

Sabe-se que o maior grau de metoxilação assim como o número, estrutura e

localização dos grupos acilas no resíduo glicosil incrementam a estabilidade das

antocianinas, porém estes são fatores inerentes à origem genética da fonte das

antocianinas. Assim, estudos de estabilidade têm sido conduzidos para minimizar

estes problemas. Extratos mais concentrados tendem a ter maior estabilidade, pois

as reações entre as moléculas de antocianinas são favorecidas estas se estabilizam

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através de reações hidrofóbicas (STRINGHETA e BOBBIO 2000). A

microencapsulação por meio de técnicas como spray drying (NAZARRO et al.,

2012), e também pela copigmentação, que pode ser intermolecular com ácidos

fenólicos (GRIS et al., 2007) e outros flavonoides não coloridos (TALCOTT et al.,

2005), ou, ainda, a complexação com íons metálicos permitem uma maior

estabilidade das antocianinas.

BUCHWEITZ et al. (2013) produziram corantes azuis naturais através da

quelação das antocianinas de três diferentes extratos com íons férrico que foram

aplicados com sucesso em sistemas alimentícios sugerindo um potencial uso como

corante natural.

Tendo em vista este cenário, um destino alternativo e mais nobre para o

bagaço de uva poderia ser a obtenção de extratos ricos em compostos bioativos que

além de trazer benefícios econômico e ambiental à agroindústria, agregaria valor ao

co-produto, diminuindo o custo com o tratamento do mesmo. Entretanto, de um

modo geral, a não especificidade e quantidade dos solventes empregados, a

extração de outros constituintes da matriz vegetal podem demandar processos

subsequentes para remover alguns compostos, purificar ou concentrar o extrato

obtido visando aumentar a estabilidade dos mesmos. Assim, a estabilização não

somente das antocianinas, que são mais instáveis, mas também dos demais

fenólicos é de grande interesse para a obtenção de extratos concentrados para as

mais diversas aplicações, podendo inclusive potencializar algumas atividades como

a antioxidante e antimicrobiana por mecanismos sinérgicos.

4.3. PROCESSOS DE SEPARAÇÃO POR MEMBRANAS

Os processos de separação por membranas aplicados industrialmente são

recentes, apesar de o primeiro estudo relatando fenômenos envolvendo membranas

ser de 1748 com Abade Nollet, que emergiu em água pura um copo contendo

destilado de vinho e vedado com uma bexiga de origem animal, que após certo

tempo estufou e, em alguns casos, rompeu-se, evidenciando, com esta experiência,

a permeabilidade e a seletividade da membrana. Porém os fundamentos teóricos

destes processos só foram elucidados recentemente (CHERYAN, 1998; HABERT et

al., 2006).

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Os processos de separação por membrana baseiam-se na permeabilidade

seletiva de alguns compostos do material através do meio filtrante, por meio de uma

força motriz. A composição da membrana e o tipo de força motriz utilizado definem

os diferentes processos: microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração, diálise, osmose

inversa, evaporação osmótica, pervaporação, permeação de gases (PORTER,

1990).

Os processos de micro, ultra e nanofiltração utilizam membranas porosas cuja

seletividade é caracterizada pela diferença de tamanho entre as moléculas da

solução e os poros da membrana; promovendo, então, um fluxo convectivo com

escoamento do permeado nos poros. No processo de osmose inversa utiliza-se uma

membrana densa, sendo a força motriz a diferença de pressão aplicada ao sistema.

Estes processos diferem entre si pelo tamanho dos poros das membranas, que

diminuem da microfiltração para a nanofiltração (0,6 µm a 100 Da) e quase inexistem

nas membranas densas, aumentando a resistência à permeação e,

consequentemente, a diferença de pressão aplicada (Figura 4.16).

Figura 4.16-Processos de separação por membranas em função do tamanho dos poros

Nos processos de osmose inversa, o fluxo de solvente ocorre no sentido

inverso ao do fenômeno denominado osmose, no qual o potencial químico entre as

fases separadas por uma membrana semipermeável promove a permeação do

solvente da solução mais diluída para a mais concentrada até que se atinja o

equilíbrio. Desta forma, para que ocorra a permeação do solvente no processo de

osmose inversa, a pressão aplicada à solução concentrada tem de ser superior à

pressão osmótica da mesma. O solvente neste caso consiste basicamente de água,

Cab

ral,

L. M

. C

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52

pois as membranas densas utilizadas possuem tamanho de corte de 10-4 a 10-2µm

retendo solutos de muito baixo peso molecular como sais, açúcares simples ou

demais moléculas com massa molecular acima de 50 Daltons (HABERT et al.,

2006).

Independente do tipo de força motriz aplicada ao sistema, o fluxo será difusivo

nos processos envolvendo as membranas densas (osmose inversa, pervaporação e

permeação de gases), ou seja, haverá interação entre os componentes da

membrana e o solvente e, no caso da diálise, em que as membranas podem ser

porosas ou densas, o fluxo também será difusivo já que a força motriz aplicada é a

diferença de concentração. Nos processos que empregam membranas porosas e a

pressão como força motriz o fluxo de permeado será convectivo, e nestes casos, os

efeitos de entupimento podem ocorrer (CHERYAN 1998, HABERT et al., 2006).

Os processos de separação por membranas geralmente ocorrem à

temperatura ambiente, trazendo como vantagens o baixo custo energético, a

preservação de compostos termo sensíveis, a seletividade do meio filtrante e o fácil

escalonamento, por se tratar de sistemas modulares. Porém, o custo de reposição

da membrana, a diminuição do fluxo ao longo do processo e a limpeza dos sistemas

são algumas das desvantagens. Mesmo utilizando o fluxo tangencial (Figura 4.17),

verifica-se a diminuição do fluxo de permeado ao longo do processo, consequência

do fenômeno conhecido como fouling, que se caracteriza pelo aumento da

resistência à passagem do solvente pela membrana, que pode ser resultante tanto

da diminuição da porosidade (entupimento, adsorção) quanto da polarização de

concentração e formação de camada gel na superfície da membrana.

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Figura 4.17 – Esquemas de filtração convencional (A) e com fluxo tangencial (B)

A permeabilidade hidráulica é um fator característico de cada membrana e

pode ser definido como o inverso da resistência intrínseca da mesma. Ela pode ser

determinada pela medida da quantidade de água que permeia a membrana em um

determinado tempo, por unidade de área e por unidade de pressão. Porém, o fluxo

de permeado pode ser reduzido drasticamente quando a alimentação deixa de ser a

água, devido aos fatores mencionados anteriormente, entupimento e polarização de

concentração. Como o fluxo de permeado é influenciado pela pressão e

temperatura, estas variáveis podem ser ajustadas de modo a favorecer o

escoamento e modificar as propriedades reológicas do fluido, minimizando os efeitos

de tais fatores e, com isso, garantir maiores rendimentos operacionais.

O uso de tecnologias de processamento mais amenas, como os processos de

separação por membranas, pode ser uma alternativa com grande potencial para se

concentrar e, de certa forma, atingir uma maior estabilidade dos compostos fenólicos

que são facilmente degradados por oxigênio, pH, temperatura e outros (NAZCK e

SHAHIDHI 2004). O crescente interesse por compostos bioativos e produtos

funcionais também tem sido observado nas pesquisas com membranas. Patil e

Raghavarao (2007) avaliaram os processos de ultrafiltração, osmose inversa e

destilação osmótica e suas combinações, para a obtenção de um concentrado de

Men

ezes

, L. F

. S.

B

A

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54

antocianinas da casca de rabanete, sendo a combinação dos três processos o mais

atrativo quando comparado com os processos isolados. O extrato inicial foi

concentrado 25 vezes em sólidos solúveis (1 a 26ºBrix) e, atingido um fator similar

na concentração das antocianinas cuja concentração passou de 40 mg.100 mL-1

para 980 mg.100 mL-1.

Os processos de separação por membranas, em especial, ultrafiltração,

nanofiltração e osmose inversa, vêm sendo testadas com sucesso na concentração

de compostos bioativos. Díaz-Reinoso et al. (2009) testaram cinco membranas,

sendo duas de ultrafiltração e três de nanofiltração, para a concentração de extrato

aquoso de bagaço de uva destilado. Os coeficientes de rejeição de fenólicos

variaram de 61,4 a 100,0% em função das membranas, sendo o menor fator obtido

com a membrana cerâmica de ultrafiltração. As membranas poliméricas

apresentaram-se similares, e os coeficientes de retenção de fenólicos ficou entre 98

e 100%.

Couto et al. (2011) avaliaram seis membranas de nanofiltração de poliamida e

os coeficientes de retenção das antocianinas de suco de açaí clarificado foram de,

no mínimo, 98%. A concentração do suco de uva por osmose inversa, a diferentes

temperaturas, propiciou um coeficiente de retenção das antocianinas de no mínimo

99%, em estudo realizado por Santana (2009).

A nanofiltração foi avaliada para a recuperação de compostos fenólicos do

licor da prensagem do bagaço da laranja vermelha (blood orange), permitindo a

separação parcial destes compostos e dos açúcares. Quatro membranas

poliméricas foram testadas e, para as antocianinas o índice de rejeição foi de no

mínimo 89%, superior, em alguns casos, aos coeficientes de rejeição dos

flavonoides. O pH da alimentação (~3,4) contribuiu para a maior retenção das

antocianinas, pois neste pH tanto as antocianinas quanto as membranas

apresentam carga positiva. Assim, é provável que a repulsão eletrostática entre as

moléculas de antocianinas e as membranas tenha dificultado a permeação das

antocianinas, ainda que estas se apresentem estruturalmente mais favoráveis à

permeação do que outros flavonoides. Assim, dentre as membranas avaliadas, a

membrana de polietersulfona (NFPES10) foi a que permitiu retenção de 89,2% de

antocianinas, 70% de flavonoides e menos de 25% dos açúcares, sendo a mais

indicada para a separação de fenólicos e açúcares (CONIDI et al., 2012)

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A concentração de extratos bioativos de repolho roxo por nanofiltração e

osmose inversa também vem sendo avaliada. Porém, a extração dos compostos

bioativos com solventes é mais eficiente que a extração aquosa como comprovado

por CHANDRASEKHAR et al. (2012) que conseguiram extrair quase duas vezes a

quantidade de antocianinas ao substituir a água por solução de etanol 50% em água

acidificada contendo 1% de HCl 1%. A presença do solvente, por sua vez, pode

dificultar a concentração por membranas poliméricas, pois os solventes podem

interagir com o material constituinte da membrana modificando-o de forma a perder

as características de permeabilidade, seletividade e até a integridade das mesmas

(TSUI e CHERYAN, 2004). E, ainda, a presença de solventes também pode limitar a

aplicação dos extratos sendo interessante a remoção do mesmo.

Os extratos aquoso e etanólico de pequi foram submetidos à nanofiltração,

empregando membrana de poliamida a 25°C e 8.000 kPa de pressão, para a

concentração dos compostos fenólicos e carotenóides. A presença de etanol no

extrato modificou drasticamente as características de seletividade da membrana de

modo que, os coeficientes de retenção que, em meio aquoso, eram de 100% e 97%

para os fenólicos e carotenóides, respectivamente, passaram para 15 e 10% com o

extrato etanólico (MACHADO et al., 2013).

Leidens (2011) precisou reduzir o teor de etanol do extrato de bagaço de uva

de 60% para 18% para que o processo de osmose inversa fosse possível. A

membrana empregada apresentou seletividade ao etanol, e o processo conduzido a

50°C, 5 bar de pressão e 40 L.h -1 de vazão de recirculação permitiu, ao final de duas

horas de processo, obter um retido com apenas 2% de etanol e com 98,5% de

retenção das antocianinas monoméricas.

A desalcolização de vinhos vem sendo uma demanda recente e processos

como evaporação, destilação, destilação a vácuo, adsorção, processos de sepração

por membranas (diálise ou osmose inversa), dentre outros, vêm sendo avaliados. Os

processos com membranas, por serem conduzidos sob condições amenas, têm

permitido poucas alterações nas características sensoriais (BOGIANCHINI et al.,

2011; LABANDA et al., 2009). O condicionamento das membranas é fator

determinante para que condições operacionais sejam atingidas, mas as

características dos solventes irão impactar sobre as propriedades das membranas. A

massa molar de corte deve ser determinada para cada solvente, pois este parâmetro

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determinado em sistema aquoso é insuficiente para caracterizar as membranas

(TSUI e CHERYAN, 2004). Assim, além destas considerações o conhecimento dos

solutos quanto à estrutura, conformação, carga e outros, como já mencionado

anteriormente afetam o fluxo.

Nawaz et al.(2006) utilizaram a mistura etanol:água (50:50 v/v) para extrair os

polifenóis presentes na semente de uva e concentraram o extrato empregando uma

célula de ultrafiltração de escala laboratorial. A membrana empregada apresentou

elevada seletividade e, por ter sido conduzida a 23 + 1ºC, os compostos

termosensíveis foram preservados e concentrados.

Patil et al. (2009) empregaram dois processos de destilação osmótica, um

para a remoção do etanol e outro para posterior concentração das antocianinas

presentes em um extrato hidroetanólico de casca de rabanete. Na etapa de

desalcoolização, a solução de salmoura empregada nos processos de destilação

osmótica foi substituída por água pura, que circulou continuamente, permitindo além

da remoção completa do etanol a concentração das antocianinas em mais de 67%.

O extrato desaclolizado foi concentrado quase oito vezes por destilação osmótica.

Desta forma, os processos integrados de destilação osmótica permitiram concentrar

extrato inicial contendo 37 mg.100mL-1 atingiu 485 mg.100mL-1 processos integrados

permitiram em quase oito vezes por destilação osmótica.

Embora um dos fatores que podem atuar na estabilidade das antocianinas

seja o aumento da concentração das mesmas em solução, estas ainda permancem

muito instáveis em meio aquoso ou hidroetanólicos quando comparadas aos pós ou

microencapsulados. Clemente e Galli (2011) conseguiram uma maior estabilidade

das antocianinas presentes no extrato de bagaço de uva contendo 70% de etanol e

pH 2,0 com a adição de ácido caféico na proporção de 1:2 (ácido:extrato) com uma

meia vida de 15 dias e retenção de 87,5% da cor. Gris et al. (2007) também

adicionaram ácido cafeico na razão de 1:1 (massa:volume) aos extratos de Cabernet

Sauvignon isolado e adicionado ao sistema modelo de iogurte mantidos na ausência

da luz, pH 3,0 e armazenados a 4 + 1°C, contudo a c opigmentação intermolecular

neste caso foi bem mais efetiva e a meia vida nestas condições foi de 6.930 h e

6.673 h para o extrato e iogurte, respectivamente.

4.4. SECAGEM POR SPRAY DRYING

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57

A secagem por atomização ou spray drying data do século XVIII, mas

somente na década de 1920 passou a ser aplicado em nível industrial. Por esta

técnica o líquido que alimenta o sistema é aspergido finamente, entrando em contato

com uma corrente de gás aquecido a temperaturas superiores a 100°C e desta

forma, o líquido é instantaneamente evaporado, formando o produto em pó

(GHARSALLAOUI et al., 2007). Os líquidos a serem processados podem ser

emulsões, soluções ou suspensões, sendo que em algumas situações, dependendo

da composição da alimentação, o processo de secagem pode vir a ser um processo

de microencapsulação, no qual alguns compostos são protegidos por matrizes

poliméricas.

A microencapsulação é um processo pelo qual partículas ou gotículas são

revestidas por um material de parede, formando as microcápsulas. A matriz que

constitui o material de parede pode ser homogênea ou heterogênea e as

propriedades requeridas das cápsulas como proteção química e mecânica, liberação

controlada, ou outros, podem ser atingidas manipulando-se a composição da matriz.

Por outro lado, o material a ser revestido pode ser composto por sólidos, líquidos ou

gases (GHARSALLAOUI et al., 2007). Os primeiros produtos encapsulados foram

obtidos em meados de 1950, embora os estudos tenham sido iniciados na década

de 1930. Por muito tempo, a microencapsulação ficou restrita às indústrias

farmacêuticas, principalmente por permitir a liberação controlada do princípio ativo,

mascarar sabores indesejáveis e aumentar a estabilidade de formulações (GIBBS et

al., 1999). Em alimentos os estudos sobre microencapsulação se iniciaram na

década de 1960, com óleos essenciais, visando evitar a perda de voláteis, promover

liberação controlada de aromas e reduzir a oxidação (RÉ, 1998).

Os processos de encapsulação visam aumentar a estabilidade do material a

ser encapsulado frente a diversos fatores, permitir a liberação controlada, evitar

perda de compostos voláteis. Para os compostos bioativos, como os compostos

fenólicos, a microencapsulação vem sendo largamente avaliada e testada devido

aos ganhos efetivos com a estabilidade, aumento da meia-vida e, redução dos

sabores desagradáveis, quando comparado ao uso dos mesmos compostos na

forma livre. Os agentes de parede mais utilizados são amidos, amidos modificados,

maltodextrinas, goma arábica, misturas destes agentes (FANG e BHANDARI, 2010),

mas também quitosana (KOSARAJU et al., 2006), fibra de frutas (CHIOU e

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LANGRISH, 2007) e emulsão lipoproteica de lecitina de soja e caseinato de sódio

(KOSARAJU et al., 2008).

As microcápsulas podem ser formadas por diversas técnicas como a

secagem por atomização, coacervação, aprisionamento em lipossomas,

revestimento em leito fluidizado, revestimento por extrusão, dentre outros. A

microencapsulação por spray drying, por sua vez, vem sendo mais largamente

empregada pela indústria alimentícia pelo baixo custo relativo aos demais processos

como liofilização que chega a ser 30 a 50 vezes superior (GHARSALLAOUI et al.,

2007). Outra característica importante da microencapsulação por spray drying, que

tem favorecido sua disseminação em alimentos, é que a rápida formação das

cápsulas protege o material do núcleo mesmo sob as condições de temperatura

elevada, permitindo assim poucas perdas e preservação, inclusive, de compostos

termo sensíveis, como os compostos fenólicos (FANG E BHANDARI, 2010)

A alimentação do processo de spray drying deve ser uma solução, emulsão

ou uma suspensão, assim o material de parede deve ter certa solubilidade, mas

também a capacidade de formar filmes e emulsões sem aumentar muito a

viscosidade, além de serem inodoros não higroscópicos e insípidos

(GHARSALLAOUI et al., 2007; SANGUANSRI e AUGUSTIN, 2010). Embora as

possibilidades naturais e sintéticas sejam inúmeras, as opções aprovadas para

alimentos são reduzidas o que, muitas vezes, acaba sendo um fator limitante. Diante

disso, os materiais de parede mais empregados são biopolímeros naturais de

diversas fontes como gomas, proteínas, amidos, gorduras, alginatos, ceras, entre

outros, usados sozinhos ou em combinações. As pesquisas atuais em alimentos têm

focado em agentes encapsulantes alimentícios de mais baixo custo, assim como em

processos viáveis. A liberação controlada ainda é um foco de grande interesse

investigativo, como também a introdução de inibidores de amargor ou realçadores

de sabor nos sistemas de microencapsulação (SANGUANSRI e AUGUSTIN, 2010).

As etapas de obtenção do microencapsulado envolvem basicamente a

obtenção da alimentação (emulsão ou solução), homogeneização, a atomização e a

desidratação das partículas atomizadas. O material de parede, as condições

operacionais como temperatura no atomizador e no tubo coletor e a vazão de

alimentação irão influenciar as características e a granulometria do pó. Quanto à

morfologia, basicamente tem-se microcápsulas e microesferas, sendo que nas

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primeiras o material do núcleo fica no centro totalmente envolto pela matriz,

enquanto que nas microesferas o núcleo está uniformemente disperso na matriz. Os

pós obtidos por secagem por atomização são do tipo microesferas (Figura 4.18)

Figura 4.18- Microesferas produzidas por spray drying (Fang e Bhandari, 2010).

As características de maior estabilidade, a possibilidade de mascarar sabores

indesejáveis, facilitar e permitir maior aplicabilidade, homogeneidade, maior proteção

da bioatividade e biodisponibilidade dos fenólicos microencapsulados têm feito com

que estes se destaquem em relação aos extratos líquidos contendo fenólicos livres

(SANGUANSRI e AUGUSTIN, 2010).

Os processos de microencapsulação de compostos bioativos, de um modo

geral, são avaliados quanto à perda durante o processo determinando-se o

coeficiente de retenção, que é o percentual, em base seca, da massa da substância

de interesse no produto final frente ao total presente na alimentação. Os agentes

encapsulantes afetam o rendimento e o coeficiente de retenção, como verificado por

Sansone et al. (2011), que conseguiram maior eficiência na microencapsulação de

fenólicos nos extratos comerciais dos nutracêuticos, Melissa, Fadogia e Tussilago,

com a mistura de maltodextrina 16 DE (dextrose equivalente) e pectina (70-75% GE

– grau de esterificação) na proporção de 10:1.

Idham et al. (2012) avaliaram maltodextrina com DE de 11 – 15, goma arábica

e misturas dessas na microencapsulação de antocianinas de extrato de Hibiscus

sabdariffa. Em todos os ensaios a matriz foi adicionada até que se atingisse 20°Brix.

O pH foi mantido entre 2,5 a 3,0 e as temperaturas ajustadas para 160/100°C

(entrada/saída). Os autores verificaram que a mistura de maltodextrina e goma

arábica na razão 60:40 foi a mais eficiente, pois permitiu dobrar o tempo de meia

vida das antocianinas a 60°C quando comparada ao co ntrole.

Fenólicos

(solúveis em água)

Matriz

Fenólicos

(insolúveis em água)

Matriz

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60

As temperaturas de entrada e de saída do ar também afetam a estabilidade e

coeficiente de retenção. Ersus e Yurdagel (2007) avaliaram a influência da

temperatura de processo (160/107ºC; 180/118 ºC; 200/130 ºC, entrada/saída) e do

material de parede (maltodextrinas 10, 20 e 30 DE) sobre a concentração e

estabilidade das antocianinas de extrato de cenoura preta (Daucuscarota, L), e

constataram maiores perdas com o aumento da temperatura do processo, sendo

que a maltodextrina DE10 foi a mais indicada por reter melhor os pigmentos.

Cai e Corke (2000) verificaram a influência da temperatura de processo e do

material de parede sobre a retenção e estabilidade de betacianinas de Amaranthus e

obtiveram perdas pequenas, de 2,8 a 7,7%. As maiores perdas ocorreram a 195 e

210°C, corroborando com os resultados previamente a presentados na literatura.

Assim, os autores sugerem que os processos sejam conduzidos com temperaturas

inferiores a 180°C. Dentre os materiais de parede t estados, a mistura de

maltodextrinas DE 10 e 25 na razão 1:3 foi a que promoveu maior estabilidade. Além

da temperatura a umidade relativa (UR) de armazenagem influencia a estabilidade

dos pós microencapsualdos como verificado pelos referidos autores, que

conseguiram após 16 semanas a 25°C, uma retenção de 96,6% dos pigmentos a 5%

de UR enquanto que a 32% de UR a retenação caiu para 88,1%.

A umidade relativa do ar interfere na estabilidade dos pós, pois são capazes

de adsorver água do ambiente em que se encontram, e a água, por sua vez, é

necessária para diversas reações químicas e microbiológicas responsáveis pela

dissolução do pó e degradação do alimento. A atividade de água (aw) é um

parâmetro mais relevante que a umidade por indicar o quanto a água presente no

alimento está na forma livre ou fracamente ligada (FENNEMA, 1996).

As isotermas de sorção de umidade descrevem a relação entre a atividade de

água (aw) e o teor de umidade de equilíbrio de um alimento em uma dada

temperatura. Desta forma, são ferramentas importantes para a determinação da

umidade de equilíbrio, característica importante para as etapas de estocagem,

manuseio, processamento. As isotermas estão divididas em três fases, porém nem

sempre a distinção entre as fases ocorre facilmente. Na primeira fase a aw varia de

0-0,35 que representa a adsorção da água na monocamada (LABUZA, 1968 apud

TONON, 2009). A região correspondente à segunda fase (aw 0,35-0,60) representa a

água adsorvida pelas camadas adicionais à monocamada. E a terceira fase,

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geralmente acima de 60%, corresponde à região em que ocorre a solubilização do

material (FENNEMA, 1996). Em microencapsulados alimentícios o valor da umidade

da monocamada varia de 0,05 a 0,11 (BRENNAN, 2006).

As isotermas de sorção podem ser do tipo adsorção, obtidas com a

hidratação do material, ou de dessorção, obtidas com a secagem do material. As

isotermas de adsorção são obtidas através da determinação da umidade de

equilíbrio do microencapsulado sob diferentes condições de atividade água (aw)

obtidas com soluções supersaturadas de sais conhecidos, mantidos a uma

temperatura controlada pré-definida. A umidade de equilíbrio é atingida quando o

produto é exposto à dada condição de umidade por longo período, neste ponto as

pressões de vapor de água do alimento (P) e do ar (P0) circundante são as mesmas.

Na condição de equilíbrio a umidade relativa correlaciona-se com a aw do meio de

acordo com a Equação 4.1.

[4.1]

As isotermas são construídas empregando modelos matemáticos e os mais

utilizados em alimentos são os de BET (BRUNAUER, EMMETT e TELLER, 1938) e

GAB (GUGGENHEIM-ANDERSON-DE BOER) os quais baseiam-se na adsorção de

água na monocamada molecular e permitem a determinação da quantidade de água

fortemente ligada (Xm), sendo este um valor ótimo para garantir a estabilidade do

produto (FENNEMA, 1996).

Tonon et al. (2010) encontraram teores de umidade na monocamada

molceluar de 3,2% a 6,3% para os sucos de açaí em pó obtidos com diferentes

agentes encapsulantes calculados pelo modelo de GAB, verificando ainda que o

aumento no teor de dextrose equivalente aumenta a higroscopicidade do pó.

A avaliação de distintos materiais de parede, condições operacionais e de

armazenagem que permitam uma maior estabilidade e menor perda dos compostos

bioativos, bem como a caracterização dos pós obtidos, foram e continuam sendo

objetos de estudo com diferentes matérias-primas. Porém, uma maior compreensão

das propriedades e mecanismos da atuação dos fenólicos na prevenção e

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tratamento de doenças pode direcionar as pesquisas nesta área de modo a

aproveitar os sinergismos possíveis, novas tecnologias para liberação controlada em

sítios alvos, dentre outras (FANG e BHANDARI, 2011).

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5. MATERIAL E MÉTODOS

5.1. MATÉRIA PRIMA

Experimentos preliminares foram realizados com o bagaço obtido nas Plantas

Piloto I e II da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Rio de Janeiro/RJ, denominado

“ BE” – bagaço experimental. A uva rosada foi adquirida no comercio local e, após

higienização, foi desengassada e acondicionada em sacos confeccionados com tela

nylon de 150 µm. .Os frutos embalados foram então esmagados em prensa

hidráulica (Figura 5.1) para a obtenção do suco e bagaço.

Figura 5.1- Prensa hidráulica.

Os bagaços provenientes da indústria foram coletados na safra 2010/2011 e

gentilmente cedidos pela Vinícola Aurora. Os três diferentes bagaços (Figura 5.2)

utilizados neste trabalho resultaram da uva Isabel usada na elaboração do suco; da

uva tinta Pinot noir submetida ao processo de vinificação em branco e do. processo

Silv

a, L

. F. M

.

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de vinificação tinta a partir da uva branca Chardonnay. Os bagaços foram

denominados “SU”, “VT”. e “VB”, respectivamente.

Figura 5.2 – Resíduos industriais.

5.2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

5.2.1. Seleção dos parâmetros operacionais da etapa de ext ração

Para selecionar a melhor condição de extração dos compostos bioativos

presentes no bagaço da uva foi realizado um planejamento experimental 24 com

triplicata no ponto central para dois processos distintos: aplicando-se tecnologia

enzimática em meio puramente aquoso e utilizando-se uma mistura binária de etanol

e água como solvente.

As variáveis de resposta avaliadas em todos os planejamentos experimentais

foram os teores de compostos fenólicos totais (SINGLETON e ROSSI, 1968

modificado por GEORGÉ et al., 2005), antocianinas totais e monoméricas (GIUSTI e

WROLSTAD, 2001) e atividade antioxidante (RE et al., 1999).

5.2.1.1. Extração enzimática aquosa

Para a avaliação da melhor condição de extração enzimática, foi realizado um

planejamento fatorial completo 24 com triplicata no ponto central (Tabela 5.1). Os

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fatores avaliados foram a proporção solvente: substrato (massa:volume), dose do

preparado enzimático, pH e temperatura do meio extrator.

Tabela 5.1 Matriz do planejamento experimental da extração enzimática.

Ensaio T ºC pH Enzima¹ Razão S:S²

1 30 (-1) 2,0 (-1) 210 (-1) 1,0 (-1)

2 30 (-1) 2,0 (-1) 210 (-1) 3,0 (+1)

3 30 (-1) 2,0 (-1) 630 (+1) 1,0 (-1)

4 30 (-1) 2,0 (-1) 630 (+1) 3,0 (+1)

5 30 (-1) 4,0 (+1) 210 (-1) 1,0 (-1)

6 30 (-1) 4,0 (+1) 210 (-1) 3,0 (+1)

7 30 (-1) 4,0 (+1) 630 (+1) 1,0 (-1)

8 30 (-1) 4,0 (+1) 630 (+1) 3,0 (+1)

9 50 (+1) 2,0 (-1) 210 (-1) 1,0 (-1)

10 50 (+1) 2,0 (-1) 210 (-1) 3,0 (+1)

11 50 (+1) 2,0 (-1) 630 (+1) 1,0 (-1)

12 50 (+1) 2,0 (-1) 630 (+1) 3,0 (+1)

13 50 (+1) 4,0 (+1) 210 (-1) 1,0 (-1)

14 50 (+1) 4,0 (+1) 210 (-1) 3,0 (+1)

15 50 (+1) 4,0 (+1) 630 (+1) 1,0 (-1)

16 50 (+1) 4,0 (+1) 630 (+1) 3,0 (+1)

17 (PC) 40 (0) 3,0 (0) 420 (0) 2,0 (0)

18 (PC) 40 (0) 3,0 (0) 420 (0) 2,0 (0)

19 (PC) 40 (0) 3,0 (0) 420 (0) 2,0 (0)

¹ Enzima – valores em UI. 100g-1 bagaço; ² Razão S:S – razão solvente:substrato

A preparação enzimática comercial empregada nos experimentos foi a

Rapidase® TF (Aspergillus sp e Trichoderma longibrachiatum). Segundo dados do

fabricante (2010), ela apresenta atividade de hemicelulase e pectinase, podendo

então atuar na hidrólise da parede celular do bagaço da uva, aumentando assim a

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liberação dos compostos bioativos para o meio. Os níveis de pH (2 - 4) e

temperatura (30 a 50ºC) foram estabelecidos com base nas características do

preparado enzimático (ANEXO A) e também visando a preservação dos compostos

bioativos de interesse, sendo as antocianinas os mais sensíveis à temperatura e pH.

Foi empregado ácido cítrico para o ajuste de pH da solução extratora uma vez que o

extrato tinha por finalidade aplicação em alimentos.

A quantidade de enzima adicionada foi baseada em dados da literatura

(SANTIAGO, 2010) e variou de 210 a 630 UI.100.g-1 bagaço (atividade de

poligalacturonase), enquanto que a razão solvente:substrato variou de 1:1 a 3:1.

A preparação enzimática foi diluída no volume correspondente da solução

extratora de cada ensaio antes de ser adicionada ao bagaço previamente pesado e

acondicionado em erlenmeyers. Os erlenmeyers foram tampados e transferidos para

um banho-maria com agitação orbital (60 rpm) e temperatura controlada onde foram

mantidos por 120 minutos. Os sólidos em suspensão foram reduzidos por filtração

em funil de Büchner, sem papel de filtro e, os extratos obtidos foram congelados a -

20°C até análise.

5.2.1.2. Extração hidroetanólica

Para a avaliação da melhor condição de extração hidroetanólica foi realizado

um planejamento fatorial completo 24 com triplicata no ponto central (Tabela 5.2). Os

fatores operacionais: proporção solvente:substrato (massa:volume), porcentagem de

álcool etílico na solução, pH e temperatura do meio extrator foram avaliados.

Os níveis de pH (2 a 4), temperatura (30 a 50ºC) e razão sólido:líquido (1:1 a

1:3), assim como o tempo de extração (120 minutos) foram iguais aos do

planejamento enzimático. O teor de etanol variou de 30 a 70 % com 50 % no ponto

central e teve por base dados reportados na literatura (POMPEU, SILVA e ROGEZ,

2009). Da mesma forma, o ácido cítrico também foi empregado para o ajuste do pH.

O bagaço foi pesado em erlenmeyers, a solução de extração correspondente

a cada ensaio foi adicionada e, após vedação, a mistura foi mantida em banho-maria

com agitação orbital (60 rpm) e temperatura controlada, nas condições do desenho

experimental. Após 120 minutos, os sólidos em suspensão foram reduzidos por

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filtração em funil de Büchner, sem papel de filtro e, os extratos obtidos foram

congelados a-20°C até análise.

Tabela 5.2 - Matriz do planejamento experimental para a extração hidroetanólica.

Ensaio T ºC pH Etanol¹ Razão S:S²

1 30 (-1) 2,0 (-1) 30 (-1) 1,0 (-1)

2 30 (-1) 2,0 (-1) 30 (-1) 3,0 (+1)

3 30 (-1) 2,0 (-1) 70 (+1) 1,0 (-1)

4 30 (-1) 2,0 (-1) 70 (+1) 3,0 (+1)

5 30 (-1) 4,0 (+1) 30 (-1) 1,0 (-1)

6 30 (-1) 4,0 (+1) 30 (-1) 3,0 (+1)

7 30 (-1) 4,0 (+1) 70 (+1) 1,0 (-1)

8 30 (-1) 4,0 (+1) 70 (+1) 3,0 (+1)

9 50 (+1) 2,0 (-1) 30 (-1) 1,0 (-1)

10 50 (+1) 2,0 (-1) 30 (-1) 3,0 (+1)

11 50 (+1) 2,0 (-1) 70 (+1) 1,0 (-1)

12 50 (+1) 2,0 (-1) 70 (+1) 3,0 (+1)

13 50 (+1) 4,0 (+1) 30 (-1) 1,0 (-1)

14 50 (+1) 4,0 (+1) 30 (-1) 3,0 (+1)

15 50 (+1) 4,0 (+1) 70 (+1) 1,0 (-1)

16 50 (+1) 4,0 (+1) 70 (+1) 3,0 (+1)

17 (PC) 40 (0) 3,0 (0) 50 (0) 2,0 (0)

18 (PC) 40 (0) 3,0 (0) 50 (0) 2,0 (0)

19 (PC) 40 (0) 3,0 (0) 50 (0) 2,0 (0)

¹ Etanol – valores em % de etanol na solução extratora; ² Razão S:S – razão solvente:substrato.

5.2.2. Determinação da melhor condição de extração – resíd uos

industriais

A partir dos resultados preliminares obtidos nos itens 5.2.1.1 e 5.2.1.2, duas

condições experimentais foram selecionadas e testadas com o bagaço VB, por ser o

mais similar ao BE. Os resultados iniciais indicaram um rendimento cinco vezes

maior com a extração hidroetanólica sendo, portanto, descartada a extração

enzimática para os bagaços provenientes da indústria.

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A validação da melhor condição de extração dos compostos bioativos

presentes nos bagaços industriais foi realizada utilizando um planejamento fatorial 23

com triplicata no ponto central (Tabela 5.3), tendo a razão solvente:substrato, o pH e

o teor de etanol como variáveis independentes avaliadas. A temperatura de extração

deixou de ser um fator a ser avaliado e foi fixada em 50 °C, uma vez que nesta

temperatura o processo foi eficiente e não ocorreu a degradação dos compostos de

interesse.

Devido às diferenças físico-químicas entre o bagaço BE e os resíduos

industriais (VB, VT e SU), foi inserida uma etapa de reidratação com água destilada

na razão de 1:2 (água:bagaço) em banho-maria a 30°C por 60 minutos previamente

à extração dos biocompostos. Após esta etapa, a solução extratora correspondente

a cada ensaio foi adicionada aos frascos e estes tampados e mantidos por 120

minutos em banho-maria com agitação orbital (60rpm) e temperatura de 50 °C. Os

sólidos em suspensão foram reduzidos por filtração em funil de Büchner sem papel

de filtro e os extratos pesados e congelados (-20 °C) até as análises.

Tabela 5.3- Matriz experimental para a extração hidroetanólica dos bagaços industriais.

Ensaio pH Etanol¹ RazãoS:S²

1 2,0 (-1) 30 (-1) 3,0 (-1)

2 2,0 (-1) 30 (-1) 9,0 (+1)

3 2,0 (-1) 70 (+1) 3,0 (-1)

4 2,0 (-1) 70 (+1) 9,0 (+1)

5 4,0 (+1) 30 (-1) 3,0 (-1)

6 4,0 (+1) 30 (-1) 9,0 (+1)

7 4,0 (+1) 70 (+1) 3,0 (-1)

8 4,0 (+1) 70 (+1) 9,0 (+1)

9 (PC) 3,0 (0) 50(0) 6,0 (0)

10 (PC) 3,0 (0) 50(0) 6,0 (0)

11 (PC) 3,0 (0) 50(0) 6,0 (0)

¹ Etanol – valores em % de etanol na solução extratora; ² Razão S:S – razão solvente:substrato.

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Para o bagaço proveniente da vinificação branca (VB), alguns fatores

apresentaram dependência significativa com os termos de segunda ordem. Neste

caso, seis novos ensaios (Tabela 5.4) foram realizados e o planejamento fatorial 23

transformado em composto central.

Tabela 5.4 – Pontos axiais complementares do planejamento Composto Central.

Ensaio pH Etanol Razão S:S

1 1,32 (-1,68) 50(0) 6,0 (0)

2 4,68 (+1,68) 50(0) 6,0 (0)

3 3,0 (0) 16,36 (-1,68) 6,0 (0)

4 3,0 (0) 83,63 (+1,68) 6,0 (0)

5 3,0 (0) 50(0) 0,95 (-1,68)

6 3,0 (0) 50(0) 11,05 (+1,68)

¹ Etanol – valores em % de etanol na solução extratora; ² Razão S:S – razão solvente:substrato.

5.2.3. Cinética da extração

Para a determinação da cinética da extração, oito ensaios foram conduzidos a

50 ºC em banho-maria com agitação orbital (60 rpm) por 30, 60, 90, 120, 180, 240,

300 e 1440 minutos, empregando uma solução extratora contendo 30% de etanol e

pH ajustado para 4,0 com ácido cítrico na proporção de 9:1 de solvente:substrato.

Previamente à extração, os bagaços foram reidratados com água destilada na

proporção 1:2 (água:bagaço), por 30 minutos em banho-maria a 30 ºC.

Após o período estabelecido de cada ensaio, as misturas foram filtradas em

funil de Bücnher, sem papel de filtro e, os extratos obtidos pesados e avaliados

quanto aos teores de compostos bioativos (itens 5.3.5 e 5.3.3) e atividade

antioxidante (5.3.1). Para fins de modelagem matemática, foi determinada a

espessura média do bagaço usando-se um micrômetro digital (5.3.13) assim como o

teor de sólidos totais (5.3.10) nos resíduo após a extração. Os dados cinéticos foram

ajustados à equação de Fick para se obter o coeficiente de difusão dos compostos.

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70

5.2.4. Eficiência da extração

Três extrações sequenciais foram realizadas para cada matéria-prima. Os

rendimentos observados na extração por 24 horas foram considerados como os

máximos possíveis e, por esta razão, empregados na determinação da eficiência da

extração.

A primeira extração foi conduzida com o bagaço reidratado nas mesmas

condições descritas no item 5.2.3 por 120 minutos em banho-maria a 50 °C e então

filtrada em funil de Büchner sem papel de filtro. Os bagaços retidos no funil foram

submetidos a duas outras extrações sequenciais, por 120 minutos em banho-maria a

50°C com a mesma solução de extração (Figura 5.3). Os filtrados foram recolhidos,

pesados, identificados e, congelados para posterior análise. Os extratos foram

avaliados quanto aos teores de compostos fenólicos totais (item 5.3.5), antocianinas

totais e monoméricas (item 5.3.3) e atividade antioxidante (item 5.3.1).

BAGAÇO FILTRADOS

BAGAÇO

IDENTIFICAÇÃOANÁLISES

REHIDRATAÇÃO(2:1 ÁGUA:BAGAÇO)

30°C 60'

EXTRAÇÃO(Etanol 30%, pH 4.0 razão

solv.:subst. 9:1)

FILTRAÇÃO(Funil de Büchner)

50°C 120'

DUAS VEZES

Figura 5.3 – Diagrama de processos para a determinação da eficiência da extração.

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71

5.2.5. Extração em escala piloto

As extrações em escala piloto foram realizadas sob duas condições: a

primeira, com o maior rendimento, definida no item 5.2.2 para o bagaço VB: 70%

etanol, pH 4,0 e razão solvente:subtrato 9:1 e uma segunda condição, com menor

teor de etanol: 30% etanol, pH 4,0 e razão solvente:substrato 9:1. Para melhor

compreensão, o primeiro extrato foi denominado extrato 70% e somente foi

empregado nos testes preliminares.

Para a obtenção dos extratos hidroetanólicos, de 3 a 6 quilos de bagaço

foram previamente reidratados com água filtrada a uma razão 2:1 (bagaço:água) por

60 minutos a 30 °C em banho-maria. A extração sólid o:líquido foi conduzida por 120

minutos a 50 °C em tacho encamisado (Figura 5.4) so b agitação mecânica de 48

rpm empregando-se o volume de solução extratora correspondente a razão 9:1

(solução:bagaço). As soluções extratoras empregadas tiveram o pH ajustado para

4,0 com ácido cítrico e o teor de etanol foi de 70% para o extrato empregado nos

ensaios preliminares e de 30% de etanol para os extratos utilizados para a obtenção

dos concentrados.

Figura 5.4- Tacho encamisado

A separação das frações foi realizada em centrífuga de cestos (Figura 5.5) a

37,5 g, tendo como meio filtrante uma malha de nylon de 150 µm. O extrato obtido

foi homogeneizado, pesado e envasado em bombonas plásticas previamente

Silv

a, L

. F. M

.

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72

sanitizadas e armazenadas em câmara fria para posterior concentração por

membrana.

Figura 5.5- Centrífuga de cestos.

Antes e após o processo de extração, os equipamentos e a malha eram

lavados com detergente e água e sanitizados com solução de hipoclorito de sódio a

0,01%. A centrífuga era desmontada para sua melhor sanitização.

5.2.6. Concentração por membranas

5.2.6.1. Testes Preliminares

A partir da determinação da melhor condição de extração definida no item

5.2.2 foram obtidos 45 litros de extrato 70 %, que foram empregados nos testes

preliminares para se determinar o melhor processo de separação por membranas

para a concentração do mesmo (Figura 5.6).

Silv

a, L

. F. M

.

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73

Figura 5.6 – Diagrama simplificado dos testes preliminares.

5.2.6.1.1. Concentração por Osmose Inversa

Foi utilizado um sistema de osmose inversa de configuração do tipo quadros e

placas (Figura 5.7) LAB UNIT M20 - DSS com membranas planas e área de

permeação de 0,288 m² com um módulo de alimentação acoplado. O tanque de

alimentação com capacidade para 16 litros é de aço inox, e possui um sistema de

refrigeração e uma bomba de deslocamento positivo de pistão, com pressão máxima

de trabalho de 60,0 bar.

Figura 5.7 - Diagrama representativo do módulo de configuração quadro e placas (DSS).

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74

A membrana utilizada foi a HR98PP (DSS, Dinamarca), do tipo composta,

constituída por um suporte poroso de polissulfona com a camada seletiva de

poliamida e, segundo o fabricante, apresenta 98 % de rejeição a uma solução de

NaCl a 0,25 %, determinada a 25 ºC e 42 bar (Figura 5.8).

Figura 5.8 - Módulo piloto de osmose inversa de configuração quadros e placas (esquerda) e .tanque

de alimentação (direita)

Dois processos de concentração foram conduzidos em sistema de batelada

utilizando 6 litros do extrato 70% obtido no item 4.3, com recirculação do retido, a

uma vazão de recirculação de 700 L.h-1 e diferença de pressão aplicada à

membrana de 60,0 bar. Os processos foram conduzidos até se atingir o fator de

concentração em massa máximo possível. O fator de concentração em massa (Fc) é

definido pela equação 5.1.

[5.1]

sendo;

Fc o fator de concentração em massa,

Ma a massa de alimentação, em quilos e,

Mp a massa de permeado recolhida, em quilos.

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75

O acompanhamento dos processos foi realizado pela determinação do fluxo

de permeado a cada dez minutos. Nestes mesmos tempos, os valores de volume de

permeado acumulado, as pressões de entrada e saída e a temperatura foram

registrados.

O fluxo de permeado foi determinado pela medida da massa de permeado

recolhida entre os intervalos de tempo e calculado pela equação 5.2.

[5.2]

sendo;

J - fluxo de permeado, expresso em kg.h-1m-²,

Mp - massa de permeado recolhido, em kg,

t - tempo medido no cronômetro, em segundos,

a - área filtrante da membrana, em m².

Em todos os processos foram retiradas amostras das frações alimentação,

permeado e retido, para serem analisadas posteriormente, a fim de avaliar o efeito

dos processos sobre os compostos de interesse.

5.2.6.1.2. Concentração por nanofiltração em membranas

cerâmicas

O sistema de nanofiltração está ilustrado na Figura 5.9 e o módulo composto

por membranas cerâmicas utilizado no trabalho está apresentado na Figura 5.10.

Este é composto por quatro membranas tubulares de α-alumina com poros de 0,1

µm e área filtrante total de 0,022 m² e está acoplado ao mesmo módulo de

alimentação descrito no item 5.2.6.1.1. As membranas estão dispostas em série,

sendo o permeado coletado de cada membrana por tubos flexíveis independentes.

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76

Figura 5.9 - Esquema do sistema de nanofiltração.

Figura 5.10 - Módulo piloto de nanofiltração configuração tubular e membranas cerâmicas

Os processos foram realizados em batelada simples a 25 °C, com

recirculação do retido, a uma vazão de recirculação de 700 L.h-1 e diferença de

pressão aplicada à membrana de 14,0 bar. Os processos foram conduzidos até se

atingir o fator de concentração em massa (Fc) máximo possível, e este foi definido

pela equação 5.1.

O fluxo de permeado foi medido a cada dez minutos, sendo a temperatura e

as pressões de entrada e saída registradas, para o acompanhamento do processo.

O fluxo de permeado foi determinado como descrito no item 5.2.6.1.1 e calculado

pela equação 5.2.

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77

Em todos os processos, foram retiradas amostras das correntes de

alimentação, permeado e retido, a fim de avaliar o efeito dos processos na

degradação dos compostos de interesse.

5.2.6.1.3. Concentração por nanofiltração em membrana polimérica

O sistema polimérico (Figura 5.11) utilizado é composto por uma membrana

plana de conformação espiral de poliamida com área filtrante total de 2,5 m²

acoplado ao tanque de alimentação descrito no item 5.2.6.1.1. A membrana utilizada

foi a NF90-2540 (Dow) que apresenta uma retenção de 97% de sais estabilizados

com temperatura de trabalho máxima de 45 °C e 41,0 bar.

Figura 5.11 – Sistema de nanofiltração com membrana polimérica de conformação espiral.

O teste preliminar com este sistema foi conduzido com uma alimentação de

14 kg em sistema de batelada simples e recirculação do retido, a uma vazão de

recirculação de 700 L.h-1, diferença de pressão aplicada à membrana de 15,0 bar e

Silv

a, L

. F. M

.

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78

25 °C. O tempo de processo foi 145 minutos, o qual permitiu atingir o fator de

concentração em massa (Fc) de 5,6.

O fluxo de permeado foi medido a cada dez minutos sendo a temperatura e

as pressões de entrada e saída registradas, para o acompanhamento do processo.

O fluxo de permeado foi determinado como descrito no item 5.2.6.1.1 (

[5.2]

).

As correntes de alimentação, permeado e retido, foram coletadas e

analisadas posteriormente, a fim de avaliar o efeito dos processos sobre os

compostos de interesse.

5.2.6.2. Permeabilidade hidráulica

Para a determinação da permeabilidade hidráulica, o sistema era alimentado

com água destilada, o fluxo de permeado medido a 25 °C sob diferentes pressões e,

calculado pela equação .

[5.3]

sendo;

J - fluxo de permeado, expresso em L.h-1m-2,

V - volume de permeado recolhido, em litros,

t - tempo medido no cronômetro, em segundos,

a - área filtrante da membrana, em m² e,

∆P é a pressão transmembrana aplicada ao sistema, em bar.

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79

A determinação da permeabilidade hidráulica foi realizada sempre antes do

processamento e após a etapa de limpeza descrita a seguir. Os coeficientes de

inclinação da reta, que dão a medida da permeabilidade, eram comparados para

avaliar a remoção de sólidos retidos na membrana.

5.2.6.3. Limpeza dos sistemas de nanofiltração e osmose inversa

Os sistemas de osmose inversa e nanofiltração eram lavados de acordo com o

procedimento descrito no fluxograma abaixo, sempre após o uso e repetido, quando

necessário.

Figura 5.12- Fluxograma de processo de limpeza dos sistemas de osmose inversa e nanofiltração.

A permeabilidade hidráulica era determinada após o processo de limpeza, a fim

de verificar as características hidrodinâmicas da membrana. O sistema era

considerado limpo quando se restaurava, no mínimo, 60% da permeabilidade

hidráulica inicial das membranas, pois o etanol promove alterações nas

configurações das membranas que não são revertidas totalmente com a limpeza.

Caso este valor não fosse atingido, todo o procedimento era repetido.

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80

5.2.6.4. Determinação do fluxo limite

A determinação do fluxo limite foi realizada em membrana polimérica

empregando-se o extrato de vinho branco contendo 30% de etanol, para se

aumentar a eficiência do processo global de obtenção de um extrato concentrado de

bagaço de uva.

Foram realizados três ensaios, com temperaturas de 20, 30 e 40 °C, no

sistema de nanofiltração com membrana polimérica (Figura 5.11) com recirculação

das correntes de permeado e retido, sendo o fluxo de permeado medido sob

diferentes pressões aplicadas ao sistema.

Para cada temperatura de processo foram construídas as curvas de fluxo de

permeado em função da pressão aplicada, determinando-se, então, a condição de

fluxo limite.

5.2.6.5. Concentração dos extratos por nanofiltração

Os resultados obtidos com os ensaios preliminares indicaram a nanofiltração

em membrana polimérica (5.2.6.1.3) de conformação espiral a 40 ºC e 12 bar de

pressão com extrato contendo 30% de etanol como a condição mais favorável para

a concentração dos extratos.

Os processos foram conduzidos no sistema de nanofiltração com membrana

polimérica, em regime de batelada alimentada com recolhimento da corrente

permeada, a 40 °C e 12 bar de pressão aplicada ao s istema até se atingir um fator

de concentração mássica de, no mínimo, 10. A alimentação variou de 35 a 42 kg, e

foram realizadas duplicata dos processos para os extratos dos bagaços VB, VT e

SU.

O fluxo de permeado foi medido a cada dez minutos, sendo a temperatura e

as pressões de entrada e saída anotadas, para o acompanhamento dos processos.

Em todos os processos foram retiradas amostras das correntes de alimentação,

permeado e retido, para serem analisadas posteriormente.

A avaliação da eficiência da membrana dada pelo coeficiente de retenção dos

compostos de interesse foi determinada pela equação 5.4.

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81

[5.4]

sendo,

Cp é a concentração do soluto na fração permeado;

Ca é a concentração do soluto na fração alimentação.

5.2.7. Remoção do etanol por evaporação a vácuo

As correntes retidas foram submetidas à evaporação a vácuo para remover o

etanol remanescente e viabilizar a secagem por spray drying. As correntes de retido

da duplicata dos processos de concentração dos extratos VB, VT e S foram

homogeneizadas na razão 1:1, obtendo-se assim a alimentação deste processo. A

remoção do etanol foi conduzida em rotaevaporador, marca Fisatom modelo 802,

com banho-maria ajustado para 50 °C, com rotação do balão de 50 rpm e pressão

de – 700 mmHg obtida pela bomba de vácuo de bancada (Prismatec modelo 131)

acoplada ao sistema. A fim de evitar perdas, o sistema era alimentado com, no

máximo, 200 mL, e o processo conduzido até a redução de 30% da massa inicial.

5.2.8. Secagem por spray drying

Os processos de secagem por spray drying foram conduzidos em escala

laboratorial utilizando-se o spray dryer da marca Buchii, modelo B190 (Figura 5.13)

com temperatura de entrada controlada em 180 °C. Ne stas condicões a temperatura

de saída foi cerca de 90 °C.

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82

Figura 5.13 - Spray dryer.

Aos extratos sem etanol, obtidos no item 5.2.7, foi adicionada matodextrina

DE10 (Maltodextrina MOR-REX® 1910) em quantidade suficiente para se atingir um

teor de sólidos solúveis de 18 °Brix e, estas mistu ras seguiram para a

microencapsulação no spray-dryer. A massa necessária de maltodextrina a ser

adicionada foi calculada pela equação 5.5.

[5.5]

em que;

mAE - é a massa de agente encapsulante;

mi - é a massa inicial do extrato;

Brixf - é o teor de sólidos solúveis desejado para a mistura;

Brixi - é o teor de sólidos solúveis inicial do extrato;

Os microencapsulados coletados foram pesados e avaliados quanto à

estabilidade, a 25 °C e UR de 52,9%, por três meses .

Cru

z, A

. P. G

.

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83

A retenção dos compostos fenólicos e antocianinas totais e monoméricas foi

estimada a partir dos dados em base seca, de acordo com as equações 5.6 e 5.7,

considerando completa uniformidade do material encapsulado.

[5.6]

em que,

RCFT é a porcentagem de retenção dos compostos fenólicos totais;

CFTmc é a concentração de compostos fenólicos totais em base seca (mg

ácido gálico.100 g-1) no pó

CFTal é a concentração de compostos fenólicos totais em base seca (mg

ácido gálico.100 g-1) na alimentação.

[5.7]

em que,

RA é a porcentagem de retenção das antocianinas (totais e monoméricas);

CAmc é a concentração das antocianinas (totais e monoméricas) em base

seca (mg malvidina 3,5-diglicosídeo.100g-1) no pó;

CAal é a concentração das antocianinas (totais e monoméricas) em base seca

(mg malvidina 3,5-diglicosídeo.100g-1) na alimentação.

5.2.8.1. Estabilidade dos extratos em pó

Os extratos em pó foram distribuídos em placas de petri acondicionadas em

frascos de vidro hermeticamente fechados contendo uma solução supersaturada de

nitrato de magnésio (Mg(NO3)2), mantendo-se uma umidade relativa de 52,9%. A

temperatura da estufa incubadora foi mantida constante, a 25 °C, por três meses.

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84

Os extratos em pó foram avaliados ao longo dos três meses em intervalos

regulares de tempo, quanto à cor (5.3.6), teores de fenólicos totais (5.3.5),

antocianinas totais e monoméricas (5.3.3) e capacidade antioxidante (5.3.1e 5.3.2).

5.3. MÉTODOS ANALÍTICOS

5.3.1. Determinação da atividade antioxidante pelo método ABTS

expresso em Trolox Equivalent Antioxidant Capacity (TEAC)

Para a determinação da atividade antioxidante das diferentes amostras foram

obtidos extratos de acordo com a metodologia descrita por Rufino et al.(2007) e a

quantificação de acordo com Re et al (1999).

As amostras líquidas foram submetidas ao procedimento descrito no ANEXO

B e os extratos congelados por no máximo 15 dias, enquanto que as amostras em

pó foram diluídas diretamente em solução de acetona 7% em água e também

denominados extratos analíticos.

O radical ABTS+ foi formado quimicamente com K2SO5, persulfato de

potássio, adicionando em um frasco âmbar 5 mL da solução 7mM de ABTS em água

destilada e 88 µL da solução deK2SO5 140mM, que permaneceu fechado à

temperatura ambiente por no mínimo 14 horas, para formação e estabilização do

radical ABTS+•. Esta solução concentrada de ABTS+ foi diluída, aproximadamente

80 vezes, em etanol 95% até atingir uma absorvância de 0,700 + 0,020 a 734nm.

Para a construção da curva de calibração de Trolox, eram elaboradas

soluções com concentrações de 100; 500; 1000; 1500 e 2000 μM em etanol 95%, as

quais ao reagirem com a solução de ABTS+ (na proporção de 1:100) durante 6

minutos, ao abrigo da luz e à temperatura ambiente, promoviam um decréscimo na

absorvância da solução, lida a 734 nm, por restaurar parte do ABTS+• em ABTS não

radicalar. O branco era lido com etanol 95% na mesma proporção.

A quantificação da atividade antioxidante dos extratos analíticos era realizada

da mesma forma: alíquotas do extrato de 30 µL e 3,0 mL da solução etanólica de

ABTS+•, eram homogeneizadas, mantidas ao abrigo da luz à temperatura ambiente

e as absorvâncias lidas em espectrofotômetro Bioespectro modelo SP-220 após 6

minutos da adição da última solução. Deste modo, a diferença entre a absorvância

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85

do branco e da amostra, pôde ser expressa como equivalente de Trolox necessário

para uma mesma resposta, utilizando a equação da reta que descreve a variação da

absorvância.em função da concentração do padrão.

5.3.2. Determinação da atividade antioxidante pelo método ORAC

expresso em Trolox Equivalent Antioxidant Capacity (TEAC).

A determinação da atividade antioxidante pelo método do ORAC (Oxygen

Radical AntioxidantCapacity) baseou-se na metodologia descrita por Zuleta , Esteve

e Frígola (2009). A quantificação baseia-se na transferência de hidrogênio do

material antioxidante (Trolox ou amostras) para o radical (AAPH) em excesso,

evitando o ataque deste último à fluoresceína por determinado tempo. Desta forma,

à medida que os compostos com capacidade antioxidante são consumidos a

fluoresceína é oxidada perdendo sua capacidade de emitir fluorescência (ANEXO

C). A oxidação a fluoresceína foi acompanhada pela leitura da fluorescência do meio

reacional em uma microplaca preta (Greiner 96 Flat Bottom Black Polystyrol) tendo a

solução de fluoresceína 78 nM como referência.

Os extratos analíticos obtidos no item 5.3.1foram diluídos em solução tampão

fosfato 75 mM pH 7,4 o suficiente para que a concentração final estivesse entre 20 e

100 µM equivalente a Trolox.

No dia da análise preparou-se 50 mL de solução de fluoresceína sódica 78

nM e 10 mL de solução 221 mM de radical AAPH (Dicloridrato de 2,2,Azobis(2-

metilpropionamida)) em solução tampão fosfato 75 mM pH 7,4. Os pontos da curva

de calibração de Trolox - 10; 20; 40; 60, 80, 100 e 120 μM- foram obtidos a partir de

uma solução estoque de 500 µM e diluídos em solução tampão fosfato 75 mM pH

7,4.

A determinação foi realizada a 37 °C em leitor de m icroplaca Tecan modelo

Infinite 200 com comprimento de onda de excitação de 485 nm e comprimento de

onda de emissão de 535 nm, com leitura de cima para baixo

Em uma microplaca preta foram pipetados 80 µL das soluções de Trolox ou

dos extratos diluídos, e através do sistema de injeção do equipamento foram

dispensados 80 µL da solução de fluoresceína 78 nM nas posições contendo as

amostras e 200 µL nas posições de referência da fluorescência (H10, H11 e H12). A

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86

placa foi agitada e permaneceu no interior do equipamento a 37 °C e leitura da

fluorescência das posições H10-H12 foi medida durante dez minutos. O branco da

reação foi obtido com a solução tampão (80 µL). Após a leitura da fluorescência

inicial, o segundo sistema de injeção do equipamento dispensou 40 µL da solução

de AAPH em todas as posições com exceção das posições de referência, e a

fluorescência foi medida imediatamente e a cada minuto, em modo cinético, até que

se atingisse uma leitura inferior a 5% da fluorescência inicial.

A área abaixo da curva (AUC – area under curve) das soluções padrão de

Trolox, assim como das amostras e do branco foi calculada através de programa

computacional Prisma, plotando-se as leituras de fluorescência ao longo do tempo

de reação. Os valores de AUC das diferentes concentrações de Trolox foram

subtraídos da AUC do branco e as diferenças utilizadas para a construção da curva

de calibração do Trolox. Os coeficientes, linear e angular, obtidos na curva de

calibração foram empregados na quantificação das amostras (Eq. 5.8)

[5.8]

sendo,

AUC amostra- a área abaixo da curva calculada para a amostra;

AUC branco- a área abaixo da curva calculada para branco;

b – o coeficiente linear;

a – o coeficiente angular, e

CA - a concentração da amostra em solução dada em mg.L-1

5.3.3. Antocianinas totais e monoméricas

A determinação do teor de antocianinas totais e monoméricas das amostras

foi realizada utilizando a metodologia de pH diferencial descrita por Giusti e Wrolstad

(2001) adaptada (ANEXO D). As amostras que apresentaram sólidos em suspensão

foram filtradas em papel de filtro de rápida filtração para a leitura da absorvância.

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87

O comprimento de onda de 520 nm foi escolhido devido ao valor do εmalvidina-3,5-

diglucosídeo em tampão pH 1.0 existente na literatura, por ser esta a antocianina

majoritária em uva e, por isso, a mais comumente utilizada para expressar os

valores destes metabólitos secundários em uva.

Para a quantificação das antocianinas totais foram consideradas as absorvâncias

a 520 e 700 nm apenas da solução de pH 1,0 e os cálculos realizados de acordo

com a equação 5.9.

[5.9]

sendo;

AT as antocianinas totais expressas em mg de malvidina-3,5-diglucosídeo,

antocianina majoritária, em 100 g de amostra;

(Abs520 e Abs700)pH1,0 os valores de absorvância da amostra diluída na solução

tampão pH 1,0 lidos a 520 e 700nm, respectivamente;

PM o peso molecular da malvidina-3-glucosídeo (655,5)

fd é o fator de diluição dado pela razão volume da diluição, em litros, por

massa de amostra, em gramas;

ε é o coeficiente de extinção molar da malvidina 3,5-diglucosídeo em solução

tampão pH 1,0 a 520nm, cujo valor é de 37.700 Lcm-1mol -1;

100 é utilizado para expressar o valor por 100 gramas de amostra.

Para a quantificação das antocianinas monoméricas foram consideradas as

absorbâncias a 520 e 700nm das amostras diluídas nas soluções tampão pH 1,0 e

4,5 e os cálculos de acordo com a equação 5.10.

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88

[5.10]

em que,

AM são as antocianinas monoméricas expressas em mg de malvidina-3,5-

diglucosídeo, antocianina majoritária, presentes em 100g de amostra.

AT são as antocianinas totais expressas em mg da antocianina predominante

em 100g de amostra

(Abs520 e Abs700)pH 4.5 são as absorvâncias lidas da solução em pH 4.5 nos

comprimentos de onda 520 e 700 nm, respectivamente.

5.3.4. Identificação das antocianinas monoméricas por CLAE

As antocianinas monoméricas foram identificadas por cromatografia líquida de

alta eficiência empregando a metodologia proposta por de Brito et al. (2007), com

diluição das frações da nanofiltração em metanol em ácido fórmico aquoso (1:9)

antes de ser injetado no cromotógrafo.

Para análise das antocianinas foi utilizado Cromatógrafo Líquido de Alta

Eficiência Waters® modelo Alliance 2695, detector de arranjo de fotodiodos Waters®

2996, coluna Thermo® C18 (100mm x 4,6mm; 2,4µm) a 40ºC, fluxo de 1,0mL/min, e

modo de eluição gradiente com acetonitrila e ácido fórmico 5% em água. O volume

de injeção foi de 20µL.

A identificação de duas das antocianinas detectadas foi realizada pela

comparação com cromatogramas de frutos caracterizados pelo Laboratório de

Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (Embrapa Agroindústria de Alimentos)

através das mesmas condições cormatográficas descritas acima.

5.3.5. Compostos fenólicos totais por Folin-Ciocalteu

Para a quantificação dos compostos fenólicos totais foi realizada uma

extração prévia em acetona 70% por trinta minutos sob agitação magnética e a

mistura filtrada em papel de filtro de rápida filtração. O filtrado foi diluído dez vezes

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89

em água destilada e este seguiu para a quantificação seguindo o procedimento do

ANEXO E, de acordo com o método espectrofotométrico proposto por Singleton e

Rossi (1965) modificado por Georgé et al. (2005). A quantificação dos compostos

fenólicos totais foi realizada através de uma curva de calibração de ácido gálico,

sendo os valores expressos em mg equivalentes de ácido gálico.100 g-1 de amostra.

As leituras de absorvância foram realizadas em espectrofotômetro marca

Bioespectro modelo SP-220 em cubetas de vidro com 1 cm de caminho óptico a

760nm.

5.3.6. Cor instrumental

A análise instrumental de cor foi realizada por transmitância com o auxílio de

colorímetro da marca Minolta modelo CR 400, com medidas nos espaços de cor dos

sistemas CIE L*a*b e LCh. O iluminante escolhido foi o D65, recomendado pela CIE

(Comissão Internacional de Iluminação), por representar a luz média do dia. O

equipamento foi calibrado antes das leituras empregando-se uma placa branca

padrão, com valores definidos de X, Y, Z para o iluminante escolhido.

O sistema de cor CIE L*a*b* é dado por uma esfera, em que a coordenada L*

representa a luminosidade da amostra, e lida de cima para baixo com valores

variando de 100 (reflexão da luz - cor branca) a 0 (cor preta). A coordenada a* pode

assumir valores positivo e negativo correspondendo ao vermelho e verde,

respectivamente. As tonalidades de azul e amarelo são dadas pela coordenada b*,

assumindo valores negativo e positivo, respectivamente.

Para o sistema LCh, a luminosidade L é dada da mesma forma que no

CIEL*a*b*. Este sistema emprega coordenadas polares, em que o C (Chroma) indica

a saturação da cor, variando de 0 a 100, sendo medido do centro à extremidade. O

valor h (hue) indica a tonalidade e inicia-se no eixo sendo medido em graus, em que

90° representa o tom amarelo, 180° o verde, 270° o azul e 0/360° o vermelho.

As determinações da cor instrumental foram realizadas nos pós durante o

período de estabilidade em que estes foram armazenados a 25 °C em estufa

incubadora com umidade relativa de 52,9% obtida com solução salina supersaturada

de cloreto de magnésio. O procedimento consistiu em medida direta da cor do pó

distribuído na placa de petri imediatamente após a homogeneização do mesmo.

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90

5.3.7. pH

As medidas de pH foram realizadas através de leitura direta em

potenciômetro marca Metrohm, modelo 785, de acordo com a metodologia descrita

pela A.O.A.C. (1984 – 13.010), utilizando as soluções tampão pH 4,0 e pH 7,0, para

calibração do equipamento.

5.3.8. Sólidos solúveis (ºBrix)

O teor de sólidos solúveis foi determinado pela leitura direta em refratômetro

de acordo com a metodologia descrita pelo A.O.A.C., 1997 – 932,12, utilizando um

refratômetro de campo, marca Atago modelo N1 com escala de 0 a 32 ºBrix.

5.3.9. Acidez titulável total

A acidez titulável total foi realizada através do método titulométrico proposto

pela A.O.A.C. (1997), em titulador automático, marca Metrohm, modelo 785 DMP –

Titrino, utilizando como titulante uma solução de hidróxido de sódio fatorada com

biftalato de sódio. Os valores obtidos foram expressos em mg de ácido málico por

100 g de amostra.

5.3.10. Sólidos totais

O teor de sólidos totais foi realizado através da metodologia descrita no livro

de normas analíticas Instituto Adolfo Lutz (1985), a qual se baseia na determinação

do peso seco obtido pela secagem, em estufa a vácuo a 60 °C, do material de

interesse até obtenção de peso constante. Os valores foram expressos em

porcentagem mássica.

5.3.11. Densidade aparente

A determinação da densidade aparente foi realizada diretamente em

densímetro da marca PAAR modelo DMA 48, após a calibração do mesmo com ar e

água destilada. Os resultados foram expressos em g.cm-3.

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91

5.3.12. Determinação do teor de etanol

O teor de etanol nas correntes de alimentação, permeado e retido, foi

realizada por meio da determinação da densidade aparente das amostras e

elaboração de uma curva de densidade aparente em função do teor de etanol.

Em erlenmeyers pequenos e tarados, foram transferidas massas conhecidas

das correntes, em triplicata, as quais seguiram para a secagem em estufa a vácuo a

60 °C. Após a secagem as amostras foram ressuspensa s em água destilada e

soluções aquosas contendo 15 e 45% de etanol, sendo a densidade aparente destas

misturas determinadas em triplicata no densímetro. Estes dados foram empregados

para a elaboração da curva de calibração do teor de etanol na mistura binária versus

densidade.

Esta análise foi realizada somente para as correntes de um processo de

nanofiltração do extrato de vinho branco para verificar a seletividade da membrana

para o etanol.

5.3.13. Determinação da espessura dos bagaços

Dez medições de espessura dos bagaços VB, VT e SU foram realizadas em

micrômetro digital da marca Fowler, modelo IP 54, com limite de detecção de 0 a 1

polegada e precisão de 5 x 10-5 polegadas.

5.3.14. Isotermas de sorção

A isoterma de sorção de umidade foi determinada pelo método gravimétrico,

em que a temperatura e a umidade relativa do ar são mantidas constantes até que a

umidade de equilíbrio do material seja atingida. Para tanto, preparou-se sete potes

de vidro hermeticamente fechados, contendo somente as soluções salinas saturadas

da Tabela 5.5, os quais foram armazenados em estufa incubadora mantida a 25 °C

por 24 horas para se atingir o equilíbrio no interior dos mesmos.

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92

Tabela 5.5- Valores de umidade relativa para as soluções saturadas a 25 °C (Spiess e Wolf 1987).

Sais aw Massa sal.100g-1 água

LiCl 0,112 136,34

CH3COOK 0,226 307,70

MgCl2 0,327 200,05

K2CO3 0,438 200,06

KI 0,699 192,97

NaCl 0,753 198,72

KCl 0,843 200,01

As amostras foram pesadas em cadinhos plásticos devidamente identificados

e tarados, transferidas e mantidas no interior dos potes de vidro em estufa

incubadora a 25 °C. As pesagens foram realizadas a cada semana em balança

analítica até que a umidade de equilíbrio fosse atingida. Os ensaios foram realizados

em duplicata.

As umidades de equilíbrio foram determinadas pela equação 5.11 e para

tanto, a umidade inicial de cada extrato em pó foi quantificada em triplicata até peso

constante em estufa a vácuo mantida a 65 °C.

[5.11]

sendo;

Ue a umidade de equilíbrio;

me a massa da amostra no ponto de equilíbrio;

mi a massa inicial da amostra em base seca.

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93

Os dados experimentais foram ajustados empregando-se os modelos de GAB

(Eq. 5.12) e BET (Eq. 5.13)

[5.12]

em que,

UE é a umidade de equilíbrio em cada atividade água avaliada (gágua. g-1

sólidos

secos);

Xm é a umidade na monocamada molecular (gágua. g-1

sólidos secos)

CGAB e KGAB são constantes;

aw é a atividade de água correspondente à cada solução salina saturada.

[5.13]

em que,

UE é a umidade de equilíbrio em cada atividade água avaliada (gágua. g-1

sólidos

secos);

Xm é a umidade na monocamada molecular (gágua. g-1

sólidos secos);

CBET é uma constante;

aw é a atividade de água correspondente à cada solução salina saturada.

N é o número de camadas moleculares.

5.4. AVALIAÇÃO ESTATÍSTICA

Os resultados foram avaliados estatisticamente pela metodologia de

superfície de resposta, análise de variância, testes de normalidade e comparação de

médias empregando os softwares comerciais, Statistica 7.0 e XLSTAT 7.5.

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94

A determinação da área abaixo da curva (AUC) foi calculada pelo programa

GraphPad Prisma versão 5.0 e a modelagem das curvas de sorção de umidade

pelos produtos em pó empregando as equações de GAB e BET por meio do

programa Solver dentro da plataforma do Excell.

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95

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1. SELEÇÃO DOS PARÂMETROS OPERACIONAIS DA ETAPA DE

EXTRAÇÃO

6.1.1. Extração enzimática aquosa

Na faixa analisada, os resultados obtidos para a extração enzimática

indicaram a influência positiva dos fatores razão solvente/substrato e temperatura

para todas as variáveis de resposta. Como esperado, o aumento da razão

solvente/carga favoreceu a transferência de massa da matriz sólida para a solução

extratora por aumentar a diferença de potencial químico. Neste caso o solvente,

água pura (índice de polaridade de 10,2), foi capaz de extrair os compostos mais

polares e fracamente ligados na estrutura da matriz.

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: AA

2**(4-0) design; MS Pure Error=5820,495

DV: AA

-,091191

-,930066

1,734517

1,851838

2,061373

-2,0647

3,23501

3,596609

3,750267

11,13954

11,14695

p=,05

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

1by2

Curvatr.

2by3

(2)Enzima

3by4

2by4

1by3

(3)pH

1by4

(4)Razão solvente:substrato

(1)Temperatura

Figura 6.1 Gráfico de Pareto para a atividade antioxidante na extração enzimática.

O aumento da temperatura também contribuiu de forma positiva para a

recuperação dos compostos bioativos, muito provavelmente pelas características da

preparação enzimática empregada cuja condição ótima foi alcançada nos níveis

superiores de pH e temperatura (ANEXO A).

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96

A redução do pH da solução de extração favoreceu a extração das

antocianinas totais e monoméricas (Figura 6.2 ), muito provavelmente por estabilizar

o núcleo flavílio (MARKAKIS, 1982).

Fitted Surface; Variable: AT2**(4-0) design; MS Pure Error=2,789694

DV: AT

> 24 < 23 < 17 < 11

3035

4045

50

Temperatura

2,02,4

2,83,2

3,64,0

pH

12

18

24

30

AT

Fitted Surface; Variable: AM2**(4-0) design; MS Pure Error=2,463695

DV: AM

> 24 < 23 < 19 < 15 < 11 < 7

2530

3540

4550

55

Temperatura

1,62,0

2,42,8

3,23,6

4,04,4

pH

8

12

16

20

24

28

AM

Figura 6.2 - Efeito da temperatura e pH sobre as antocianinas totais (esquerda) e monoméricas

(direita).

O pH isolado foi marginalmente significativo (p=0,069) para a atividade

antioxidante e, embora o fator de interação entre pH e temperatura não tenha sido

significativo é possível verificar na Figura 6.3 que o aumento simultâneo destes

fatores aumenta a capacidade antioxidante dos extratos. Isto ocorre, provavelmente,

devido a maior estabilidade da preparação enzimática e consequentemente maior

extração de compostos bioativos.

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97

Fitted Surface; Variable: AA2**(4-0) design; MS Pure Error=5820,495

DV: AA

> 1100 < 1200 < 1100 < 1000 < 900 < 800 < 700

3035

4045

50

Temperatura

2,02,4

2,83,2

3,64,0

pH

600800

10001200140016001800

AA

Figura 6.3 – Efeito do pH e da temperatura sobre a atividade antioxidante.

A capacidade antioxidante e o teor de fenólicos totais apresentaram

comportamento similar quanto às variáveis independentes, sendo, portanto,

favorecidas pelo aumento da temperatura e da razão solvente:substrato (Figura 6.4).

O fator de interação entre estas duas variáveis independentes foi significativo para

os fenólicos e marginalmente significativo para a atividade antioxidante (p=0,064).

Fitted Surface; Variable: AA2**(4-0) design; MS Pure Error=5820,495

DV: AA

> 1250 < 1250 < 1000 < 750 < 500

3035

4045

50

Temperatura

1,01,5

2,02,5

3,0

Razão S:S

500750

1000125015001750

AA

Fitted Surface; Variable: FT2**(4-0) design; MS Pure Error=268,9269

DV: FT

> 250 < 235 < 210 < 185 < 160 < 135

3035

4045

50

Temperatura

0,81,2

1,62,0

2,42,8

3,2

Razão S:S

100125150175200225250275300

FT

Figura 6.4- Efeito da temperatura e razão solvente:substrato sobre a atividade antioxidante

(esquerda) e fenólicos totais (direita).

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98

Embora os maiores rendimentos de extração dos compostos fenólicos totais e

antocianinas tenham ocorrido em pH 2,0, 50°C, razão solvente/substrato 3:1 e 630

UI .100g bagaço-1, a capacidade antioxidante do extrato foi maior em pH 4,0 (Tabela

6.1). Como a curvatura não foi estatisticamente significativa pode-se inferir que

dentre as condições avaliadas, as dos ensaios 12 e 16 foram as mais eficientes

quando se trata da capacidade antioxidante e não apresentaram diferença

significativa entre si (p=0,458).

As duas melhores condições para a obtenção de extratos bioativos foram: pH

4,0 (+1), razão solvente:substrato de 3:1 (+1), temperatura de 50°C (+1) em ambos

os níveis de concentração de enzima (210 e 630 UI.100g-1 de bagaço),

respectivamente, sugerindo um excesso da preparação enzimática no meio extrator.

Desta forma, extrações variando a dose da enzima na faixa de 200 a 1800 UI.100g

bagaço-1 foram conduzidas, confirmando a condição de 600 UI.100g bagaço-1 como

a dose mínima para se alcançar a máxima eficiência.

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99

Tabela 6.1- Matriz experimental do tratamento enzimático e resultados obtidos

Ensaios T E pH S:S AA FT AT AM

1 -1 -1 -1 -1 496,7+ 31,2 114,5 +0,9 15,0+ 0,1 12,7+ 0,1

2 -1 -1 -1 +1 786,3+ 9,0 193,9 + 5,8 26,5+ 0,4 22,6+ 0,5

3 -1 -1 +1 -1 455,7+18,8 177,4 + 10,8 8,2+ 0,2 7,0+ 0,2

4 -1 -1 +1 +1 744,7+ 13,0 120,9+12,2 14,0+ 0,4 11,8+ 0,6

5 -1 +1 -1 -1 536,1+ 31,2 144,8 + 0,9 18,3+ 0,2 15,6+ 0,3

6 -1 +1 -1 +1 784,9+ 44,8 171,0 + 3,7 24,1+ 0,2 20,5+ 0,8

7 -1 +1 +1 -1 579,4+ 18,0 102,2 +8,4 9,6+ 0,2 8,3+ 0,1

8 -1 +1 +1 +1 879,5+ 17,6 143,1 +15,1 14,7 + 0,1 12,2+ 0,7

9 +1 -1 -1 -1 658,7+ 30,5 148,0+9,2 17,8 + 0,1 15,2+ 0,1

10 +1 -1 -1 +1 1257,0+ 25,8 286,1 +1,8 32,8+ 0,6 28,1+ 0,7

11 +1 -1 +1 -1 722,3+ 35,4 111,5 + 1,6 11,3+ 0,2 9,7+ 0,2

12 +1 -1 +1 +1 1560,2+ 63,7 235,6+24,7 22,3 + 0,4 18,95+ 0,8

13 +1 +1 -1 -1 823,5+ 27,1 204,1+1,2 20,0+ 0,3 17,31+ 0,4

14 +1 +1 -1 +1 1072,1+ 23,3 232,3 +17,2 31,0+ 0,6 26,31+ 0,6

15 +1 +1 +1 -1 992,0+ 28,8 156,2+10,2 14,2 + 0,1 12,2 + 0,1

16 +1 +1 +1 +1 1579,2+ 50,0 245,1 +1,6 21,1 + 0,5 17,9+ 0,6

17 0 0 0 0 7501+ 34,5 166,4 +13,6 21,7+ 0,8 18,9+ 0,8

18 0 0 0 0 902,7+ 51,3 175,2 +9,5 20,1 + 0,3 17,4 + 0,2

19 0 0 0 0 824,8+ 23,0 198,2 +19,21 23,4+ 0,2 20,5 + 0,2

T°C – temperatura em °C; S:S – razão solvente subst rato; E – enzima em atividade de poligalacturonase; AA – atividade

antioxidante expressa em µmol Trolox.100g bagaço-1

; FT – fenólicos totais expressos em mg de ácido gálico equivalente.100g

bagaço-1

; AT- antocianinas totais – expressas em mg de cianidina-3-glucosídeo.100g bagaço-1

e AM – antocianinas

monoméricas expressas em mg de cianidina-3-glucosídeo.100g bagaço-1

.

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100

6.1.2. Extração hidroetanólica

Os valores de rendimento em capacidade antioxidante variaram de 600 a

2.000 µmol Trolox equivalente.100 g de bagaço-1 na extração hidroetanólica (Tbela

6.2), um pouco acima da faixa de 440 a 1.600 µmol Trolox equivalente.100g de

bagaço-1 observada para a extração enzimática (Tabela 6.1).

Assim como no processo enzimático, a razão solvente/carga e a temperatura

foram os parâmetros estatisticamente significativos para todas as variáveis de

resposta avaliadas. Para a extração das antocianinas a razão solvente/carga foi o

parâmetro de maior impacto, enquanto que a extração dos fenólicos totais e

atividade antioxidante, foram mais sensíveis à variação da temperatura (Figura 6.5).

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: AA2**(4-0) design; MS Pure Error=17753,02

DV: AA

,0714839

,2353584

,576849

-,649428

,7750575

1,509599

2,688955

3,298383

3,430857

4,752745

8,302186

p=,05

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

2by3

1by3

1by2

2by4

3by4

Curvatr.

(2)Etanol

1by4

(3)pH

(4)Razão

(1)Temperatura

,576849

-,649428

,7750575

1,509599

2,688955

3,298383

3,430857

4,752745

Pareto Chart of Standardized Ef fects; Variable: AM

2**(4-0) design; MS Pure Error=,4733805

DV: AM

-1,74449

2,20819

2,404964

-2,57194

2,872069

-3,02431

4,158998

4,652698

-5,01727

10,97468

20,17392

p=,05

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

1by3

Curvatr.

3by4

2by4

1by4

2by3

(3)pH

1by2

(2)Etanol

(1)Temperatura

(4)Razão

Figura 6.5 - Gráficos de Pareto para a atividade antioxidante (esquerda) e antocianinas (direita) na

extração hidroetanólica.

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101

Tabela 6.2 – Matriz experimental do tratamento hidroetanólico e resultados obtidos.

Ensaios T Etanol pH S:S AA FT AT AM

1 -1 -1 -1 -1 890,6 + 24,1 125,3+ 1,8 16,7 + 1,4 14,2 + 0,5

2 -1 -1 -1 +1 751,30+ 27,3 176,1+ 5,4 20,7 + 0,3 19,2 + 0,2

3 -1 -1 +1 -1 719,35+ 51,9 114,4+ 1,7 15,1 + 0,3 12,7 + 0,2

4 -1 -1 +1 +1 999,31+ 72,0 139,3+ 4,5 27,0 + 1,7 25,6 + 1,9

5 -1 +1 -1 -1 639,56 + 42,0 144,8 + 1,0 14,0 + 0,6 11,7 + 0,6

6 -1 +1 -1 +1 934,8 + 52,4 196,2+ 6,1 19,6 + 0,4 15,9 + 0,7

7 -1 +1 +1 -1 1198,70+ 0,8 154,8+ 11,5 16,7 + 0,3 14,6 + 0,4

8 -1 +1 +1 +1 1150,4 + 52,7 209,0+11,03 17,6 + 0,5 16,2 + 0,6

9 +1 -1 -1 -1 906,8 + 36,1 188,6+ 8,3 18,2 + 0,1 15,4 + 0,4

10 +1 -1 -1 +1 1393,6 + 60,3 301,0+ 15,4 26,6 + 0,7 22,3 + 0,6

11 +1 -1 +1 -1 1153,4 + 14,5 183,3+ 14,8 21,3 + 0,2 18,1 + 0,2

12 +1 -1 +1 +1 1965,4 + 68,6 279,6 +7,5 28,9+ 0,3 24,6 + 0,4

13 +1 +1 -1 -1 1324,1 + 80,7 263,0+ 4,1 19,6 + 0,3 16,2 + 0,3

14 +1 +1 -1 +1 1741,3+ 124,6 393,0+ 3,1 30,1 + 0,6 24,6 + 0,6

15 +1 +1 +1 -1 1397,3 + 91,7 207,5+6,9 17,3 + 0,3 14,6 + 0,4

16 +1 +1 +1 +1 1826,7+ 114,2 347,1+ 9,0 28,3 + 0,3 24,6 + 0,6

17 0 0 0 0 1181,5 + 74,8 233,4+ 12,5 22,7 + 0,2 19,9 + 0,2

18 0 0 0 0 1448,0 + 78,7 256,9+ 6,8 21,9+ 0,6 18,6 + 0,5

19 0 0 0 0 1311,3 + 10,0 217,2+ 15,2 22,1 + 0,3 18,8 + 0,4

T – temperatura em °C; S:S – razão solvente substra to em massa; E – % de etanol na solução extratora; AA – atividade

antioxidante expressa em µmol Trolox.100gbagaço-1

; FT – fenólicos totais expressos em mg de ácido gálico equivalente.100g

bagaço-1

; AT- antocianinas totais – expressas em mg de cianidina-3-glucosídeo.100g bagaço-1

e AM – antocianinas

monoméricas expressas em mg de cianidina-3-glucosídeo.100g bagaço-1

.

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102

O aumento da temperatura favoreceu o coeficiente de difusão e a solubilidade

das moléculas no solvente, incrementando o rendimento da extração hidroetanólica

dos compostos avaliados. Embora a maioria dos compostos bioativos recuperados

sejam termolábeis, não se verificou a degradação destes com a temperatura de

50°C, uma vez que a atividade antioxidante dos extr atos também apresentou o

mesmo comportamento.

Fitted Surface; Variable: AA2**(4-0) design; MS Pure Error=17753,02

DV: AA

> 1750 < 1625 < 1375 < 1125 < 875

3035

4045

50

Temperatura

0,81,2

1,62,0

2,42,8

3,2

Razão

75010001250150017502000

AA

Figura 6.6 – Efeito da temperatura e razão solvente:substrato sobre a atividade antioxidante.

O teor de etanol influenciou positivamente a extração dos compostos

fenólicos totais enquanto para as antocianinas o efeito deste fator foi negativo

(Figura 6.7). Acredita-se que embora as antocianinas pertençam à classe dos

compostos fenólicos, outras subclasses também são mensuradas pela metodologia

de Folin empregada e neste caso a modificação da polaridade pelo aumento do teor

de etanol seja mais favorável para a maioria destas subclasses. Para as

antocianinas, observa-se que o etanol somente influi negativamente quando em

temperatura mais baixa (30 °C) em que a solubilidad e destes compostos depende

mais fortemente da polaridade por serem pigmentos hidrossolúveis. Entretanto, a

50°C o efeito da concentração do etanol na solução é sobreposto pelo aumento do

coeficiente de difusão ocasionado pelo aumento da temperatura. Outro fato

importante que deve ser considerado é o baixo teor de antocianinas nesta matriz se

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103

comparado ao de outras fontes como o açaí e outras uvas tintas, que pode ser um

fator a contribuir para a maior intensidade das interações mencionadas acima.

138,82

176,17

238,12

302,15

30,00 50,00

Temperatura

30,00

70,00

Eta

nol

19,90

16,98

23,74

23,82

30,00 50,00

Temperatura

30,00

70,00

Eta

nol

Figura 6.7 – Gráficos das médias marginais de etanol e temperatura para os fenólicos totais

(esquerda) e antocianinas totais (direita).

O pH somente foi significativo para as antocianinas totais, assim como na

extração enzimática. O rendimento da extração foi maior no nível mais elevado de

pH, diferente do observado por Valduga et al. (2009) para as antocianinas do

bagaço de uva seco e triturado. Acredita-se que a solubilização dos compostos

hidrossolúveis seja favorecida em pH 4,0, uma vez que para elaboração da solução

extratora uma menor quantidade de ácido cítrico é adicionada e, consequentemente

menor quantidade de água seja requerida para sua solubilização. Sendo as

antocianinas pigmentos hidrossolúveis, a condição de pH 4,0 favorece sua

solubilização e estabilidade do cátion flavílio. Valduga et al (2009) observaram a

redução do pH aumentava a extração das antocianinas, assim é possível que o

ácido clorídrico adicionado para se atingir o pH 1,0 pode ter auxiliado a ruptura de

estruturas celulares, favorecendo a recuperação das antocianinas. Por outro lado, na

extração enzimática o pH atuou na estabilização do preparado enzimático. E neste

caso, a extração foi favorecida pelo aumento desta variável.

O emprego de ácido clorídrico para acidificar e favorecer a extração das

antocianinas pode diminuir a estabilidade do extrato final quando este for submetido

à concentração a vácuo ou em excesso (>1%), por promover a hidrólise destas ou

desacilação das antocianinas aciladas (RODRIGUEZ-SANOA e WROLSTAD, 2001).

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104

Amendola et al. (2010) obtiveram um extrato hidroetanólico de bagaço de uva

com teor de fenólicos totais de 7,2 g.L-1, um valor muito superior ao 1,2 g.L-1 atingido

neste trabalho no experimento 16, muito provavelmente em decorrência não

somente da cultivar, mas das condições de processo que envolveram a secagem e

moagem do bagaço integral constituído de casca e semente. Embora seja de

conhecimento que a área de contato do material está diretamente relacionada ao

rendimento da extração, no presente trabalho optou-se por utilizar o bagaço com as

dimensões iniciais para facilitar o processamento e diminuir o teor de taninos

condensados nos extratos, os quais se encontram majoritariamente nas sementes.

Embora os taninos condensados contribuam fortemente para a atividade

antioxidante, também são responsáveis pela adstringência nos alimentos (NACZK e

SHAHIDI, 2004) e, desta forma poderiam afetar sensorialmente os produtos nos

quais o extrato poderia ser empregado ou até limitar o uso em preparações

alimentícias.

Ainda que, na maioria dos casos, o aumento da temperatura, da razão

solvente/carga e do teor de solvente melhore a extração de solutos, as

características da matriz e dos compostos de interesse são primordiais para se

estabelecer a condição operacional mais favorável do ponto de vista termodinâmico

e econômico.

Considerando que a capacidade antioxidante do extrato é a variável de

resposta que avalia, de forma global, os compostos extraídos e que os termos de

segunda ordem não foram significativos para nenhum dos planejamentos, pode-se

inferir que as melhores condições de extração foram: hidroetanólico (pH 4,0, razão

S:S 3:1, 30% etanol e 50°C) e enzimático (pH 4,0; r azão S:S 3:1, 630 UI.100g

bagaço e 50°C).

Embora a análise de variância e comparação de médias pelo teste de Fisher

(p<0,05) aplicada aos resultados selecionados nas melhores condições tenha

indicado a extração hidroetanólica como a mais eficiente para a obtenção de extrato

bioativo de bagaço de uva rosada, a diferença entre os rendimentos foi muito baixa e

dependendo da aplicação do extrato a condição enzimática pode ser mais favorável.

Diante dos resultados observados a partir dos dois planejamentos –

enzimático e hidroetanólico – as melhores condições operacionais foram avaliadas

de forma preliminar com o bagaço de uva Pinot noir resultante da vinificação em

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105

branco (VB). Este resíduo industrial era i que se apresentava mais similar ao bagaço

experimental (BE) obtido nas plantas piloto I e II da Embrapa e, por isso foi o

escolhido para os ensaios preliminares. Os resultados obtidos indicaram a extração

hidroetanólica como a mais eficiente para a extração dos compostos bioativos do

bagaço industrial, pois o extrato hidroetanólico apresentou uma atividade

antioxidante cinco vezes superior a do extrato obtido com a extração enzimática

(Tabela 6.3)

Tabela 6.3 – Ensaios preliminares de extração com bagaço industrial de Pinot noir submetido à

vinificação em branco.

Ensaios Enzima Etanol Razão S:S AA FT

Enzimático 630 0 3 607 + 87b 121 + 14b

Etanólico 0 30% 3 3.004 + 173a 465 + 10a

Enzima – dose da preparação enzimática em atividade de poligalacturonase UI.100g bagaço-1

; Razão S:S – razão solvente

substrato em massa; AA – atividade antioxidante expressa em µmol Trolox.100g bagaço-1

; FT – fenólicos totais expressos em

mg de ácido gálico equivalente.100g bagaço-1

.

O bagaço industrial de uva Pinot noir resultante da vinificação em branco

apresentou um teor de umidade de 65% enquanto para o obtido na unidade piloto

este valor foi de 80%. Acredita-se que esta diferença seja a principal causa da

variação observada nos rendimentos dos dois processos avaliados: extração com

etanol e extração enzimática. Por ser um material mais recalcitrante e por não ter

sido triturado ou moído de modo a aumentar a superfície de contato e diminuir o

tamanho das partículas o acesso das enzimas aos substratos foi dificultado

impactando fortemente sobre sua eficácia na extração dos compostos de interesse.

Outro fator importante a ser considerado são os compostos recuperados em cada

tipo de extração, pois os compostos fenólicos fracamente ligados às estruturas da

parede celular ou ainda os compartimentalizados nos vacúolos são mais facilmente

recuperados pela ação de solventes que os arrastam, porém a extração enzimática

permite a recuperação de fenólicos mais fortemente ligados à parede celular e desta

forma o tempo de extração pode ser diferente, uma vez que a transferência de

massa se dá de forma distinta. Para que a extração enzimática seja de interesse

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106

comercial deve-se fazer uma seleção de preparações enzimáticas que promovam

maior hidrólise do substrato. Adicionalmente, pode-se avaliar o emprego da

preparação enzimática como tratamento prévio à extração hidroetanólica.

6.2. DETERMINAÇÃO DA MELHOR CONDIÇÃO DE EXTRAÇÃO – BAGAÇOS

INDUSTRIAIS

Diante dos resultados apresentados acima para o bagaço de uva tinta Pinot

noir (VB), um novo planejamento fatorial com algumas modificações foi realizado

para todos os bagaços industriais. A temperatura foi excluída do planejamento e

mantida a 50 °C. Nesta temperatura, a eficiência de extração foi favorecida sem

perda de estabilidade e atividade antioxidante dos extratos. Este dado corrobora

com os resultados observados por Spigno et al. (2007) para extração dos fenólicos

da casca da uva, que indicaram a degradação dos compostos em temperatura de

extração acima de 60 °C.

Ao final da etapa de extração com o bagaço VB este ainda apresentava uma

coloração muito intensa e um ensaio alterando a razão solvente:substrato para 10:1

foi conduzido obtendo-se um incremento de 40% da atividade antioxidante (AA) do

extrato (4.175 + 166 µm Trolox.100g bagaço-1). Observou-se ainda que a

rehidratação prévia do bagaço favorecia a atuação do solvente na matriz sólida,

aumentando o rendimento de extração.

Deste modo, adotou-se o planejamento fatorial 2³ completo com triplicata no

ponto central, cujas variáveis independentes foram o pH, porcentagem de etanol na

solução de extração e a razão sólido:líquido, para todos os bagaços industriais.

Todos os ensaios foram conduzidos em banho-maria com agitação de 60rpm, a

50°C por duas horas após a etapa de rehidratação pr évia com água destilada.

6.2.1. Bagaço de uva tinta Pinot noir resultante da vinificação branca

(VB)

O bagaço resultante da vinificação branca (VB) foi obtido de uva tinta Pinot

noir logo após a etapa de esmagamento, ou seja, não seguiu para a fermentação

etanólica, sendo este o bagaço menos exaurido da indústria vinícola, e mais similar

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107

ao obtido experimentalmente. Porém, na indústria, a prensagem das uvas foi mais

eficiente que a prensagem hidráulica realizada com as uvas rosadas, tendo em vista

a menor umidade dos bagaços industriais. Neste caso, foi incorporada uma etapa de

rehidratação com água destilada (2:1 bagaço: água) por 60 minutos a 30°C em

banho-maria previamente aos ensaios de extração com solvente.

Como esperado, a razão solvente:substrato atuou positivamente sobre a

extração dos compostos fenólicos (Figura 6.8) e antocianinas (Figura 6.10). O

aumento de solvente promove um acréscimo no potencial químico entre a

concentração do soluto na solução e a concentração de saturação do meio,

favorecendo a transferência do soluto. E, embora para a atividade antioxidante este

fator tenha sido apenas marginalmente significativo (p= 0,056) sabe-se que este é

um fator importante na transferência de massa. Acredita-se que este resultado deva-

se à heterogeneidade da matriz, já que a distribuição dos compostos fenólicos varia

entre as estruturas do vegetal e a atividade antioxidante destes está fortemente

ligada à suas estruturas químicas.

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: aa

2**(3-0) design; MS Pure Error=73130,07

DV: aa

,3832036

,5463851

1,593704

1,615236

2,561185

4,045435

7,482806

p=,05

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

1by2

2by3

Curvatr.

1by3

(1)pH

(3)Razão

(2)Etanol

Pareto Chart of Standardized Ef fects; Variable: ft

2**(3-0) design; MS Pure Error=1242,411

DV: ft

-,22125

-4,08104

-4,81715

5,527135

9,204203

9,408425

12,58302

p=,05

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

(1)pH

1by2

1by3

Curvatr.

(2)Etanol

(3)Razão

2by3

Figura 6.8 - Gráficos de Pareto para a atividade antioxidante (esquerda) e fenólicos totais (direita) na

extração do bagaço VB.

Como reportado por Pinelo et al. (2005), a extração dos compostos fenólicos

da casca da uva que estão fracamente ligados à estrutura celular ou presentes nos

vacúolos foi fortemente afetada pelo tipo de solvente e razão solvente:substrato.

Também foram verificadas as interações entre pH e razão S:S e entre teor etanol e

razão SS, atuando de forma negativa e positiva, respectivamente. Desta forma, a

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108

redução do pH e o aumento, tanto da razão S:S quanto do teor de etanol na solução,

contribuem para uma maior extração dos fenólicos (Figura 6.9).

Fitted Surface; Variable: ft2**(3-0) design; MS Pure Error=1242,411

DV: FT

> 600 < 560 < 460 < 360 < 260

2,0

2,4

2,8

3,2

3,6

4,0

pH30

45

60

75

Etanol

200300400500600700800900

1000

FT

Fitted Surface; Variable: ft2**(3-0) design; MS Pure Error=1242,411

DV: FT

> 700 < 640 < 540 < 440 < 340 < 240

2,02,4

2,83,2

3,6

4,0

pH2

4

6

8

10

Razão

100200300400500600700800900

1000

FT

Figura 6.9 - Superfície de resposta da extração dos compostos fenólicos frente às variações no teor

de etanol e pH (esquerda) e pH e razão S:S (direita)

A extração das antocianinas totais foi mais fortemente afetada pela razão S:S

do que pelo fator de interação razão S:S e etanol enquanto que para as

monoméricas a ordem de grandeza destes fatores foi muito parecida (Figura 6.10).

Observa-se que os maiores rendimentos foram atingidos na máxima razão

solvente:substrato com menores proporções de etanol, muito provavelmente pela

maior solubilização destes compostos em água.

Embora o pH seja um fator importante para a estabilidade das antocianinas e

as monoméricas sejam as mais sensíveis, a influência somente foi observada para

as antocianinas totais. Muito provavelmente porque as antocianinas se mantêm

estáveis na faixa de pH utilizada no estudo, pH ácido abaixo de 4,5. Valduga et al.

(2008) também verificaram a influência do pH sobre a extração das antocianinas

totais no bagaço de uva Isabel, sendo seu efeito negativo, ou seja, os maiores

rendimentos foram atingidos no nível mais baixo de pH.

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109

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: at

2**(3-0) design; MS Pure Error=53,41759

DV: at

1,360015

1,548602

2,181319

-4,10295

-5,30945

-5,5552

9,665589

p=,05

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

1by3

1by2

(2)Etanol

Curvatr.

(1)pH

2by3

(3)Razão

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: am

2**(3-0) design; MS Pure Error=99,26688

DV: am

,3630495

1,270259

1,450584

-2,80107

5,173392

-5,45521

-6,90744

p=,05

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

(2)Etanol

1by3

1by2

(1)pH

(3)Razão

2by3

Curvatr.

Figura 6.10 – Gráficos de Pareto para as antocianinas totais (esquerda) e monoméricas (direita) na

extração do bagaço VB.

A curvatura foi estatisticamente significativa para a extração dos compostos

fenólicos e antocianinas monoméricas, e indicou uma tendência para as

antocianinas totais, sugerindo a existência de interações de segunda ordem. Ou

seja, pontos de sela de máximo (fenólicos) ou de mínimo (antocianinas) rendimento.

Desta forma, para se investigar melhor a interação de segunda ordem o

planejamento experimental fatorial 2³ foi acrescido de seis pontos axiais (PA). Para a

capacidade antioxidante os termos quadráticos dos fatores avaliados foram

significativos, assim como os termos lineares da razão solvente:substrato e etanol.

Entretanto nenhum dos fatores de interação foi significativo, mas pode-se verificar

uma região de máxima atividade antioxidante na Figura 6.11. Neste caso observa-se

valores máximos na faixa de pH de 2,25 a 5,0 o pH e etanol variando de 45 a 80%,

para uma razão solvente:substrato 9:1. O teor de 30% de etanol na solução de

extração e pH de 3 a 4 permite a obtenção de extratos com uma atividade

antioxidante entre 4.000 e 5.000 µmol TE.100g-1 bagaço. Em soluções com menos

de 30% de etanol a atividade antioxidante dos extratos será inferior a 3.000 µmol

TE.100g-1 bagaço na faixa de pH entre 2,0 e 4,0 e, inferior a 1.000 µmol TE.100g-1

bagaço nos valores extremos de pH avaliados.

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110

4500 3000 1500

Figura 6.11 – Gráfico de superfície de resposta para a atividade antioxidante em função do pH e teor

de etanol na solução, mantendo a razão solvente:substrato em 9:1.

Como pode ser verificado na Tabela 6.4, os valores de atividade antioxidante

variaram de 600 a 6.600 µmol TEAC.100g de bagaço-1, com o maior rendimento

atingido no nivel mais alto de todos os fatores. Rockenbach et al. (2007) avaliaram a

composição dos bagaços de uva das variedades Pinot noir e Regente quanto aos

teores de fenólicos totais e atividade antioxidante e, para tanto, empregaram a

extração sólido:líquido com três soluções de 0,1M de ácido clorídrico em solventes

distintos (50% de acetona, metanol e etanol) na proporção de 1,5:50

(bagaço:solvente) por duas horas sob agitação mecânica. Os bagaços foram

previamente secos, triturados e desengordurados em extrator de Soxhlet e os

extratos obtidos apresentaram atividade antioxidante de 41.900 e 47.700 µmol

TEAC.100 g de bagaço-1Regente e Pinot noir, respectivamente. Se considerarmos a

umidade encontrada nos resíduos (77 e 80%), estes rendimentos passam a ser de

10.990 e 9.640 µmol TEAC.100 g de bagaço-1, ainda um pouco superiores aos

resultados deste trabalho. Contudo, vale ressaltar que a razão solvente:substrato no

presente trabalho foi quase três vezes menor e as sementes foram preservadas,

sendo possível sua utilização posterior. Outro ponto importante a ressaltar no

trabalho de Rockenbach et al. (2007) é o uso do ácido clorídrico como auxiliar da

extração, que deve ser removido para a aplicação dos extratos em alimentos, por

exemplo.

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111

Tabela 6.4- Matriz experimental e resultados obtidos com o planejamento composto central para o bagaço VB.

Ensaios Etanol pH Razão S:s AA¹ FT² AT³ AM³

1 30 (-1) 2 (-1) 3 (-1) 3.936,86 + 65,09 265,42 + 5,35 98,93 + 4,30 74,16 + 3,98

2 30 (-1) 2 (-1) 9 (+1) 4.254,56 + 92,27 359,59 + 10,13 174,67 + 0,54 140,71 + 0,82

3 70 (+) 2 (-1) 3 (-1) 5.147,45 + 462,86 336,15 + 2,12 135,02 + 4,57 105,55 + 5,16

4 70 (+) 2 (-1) 9 (+1) 5.759,15 + 506,71 951,10 + 37,30 145,12 + 1,39 94,00 + 4,20

5 30 (-1) 4 (+1) 3 (-1) 4.001,95 + 300,46 534,91 + 6,71 60,57 + 0,55 35,88 + 2,90

6 30 (-1) 4 (+1) 9 (+1) 5.022,42 + 339,85 282,50 + 5,83 142,15 + 1,32 119,09 + 1,28

7 70 (+) 4 (+1) 3 (-1) 5.444,12 + 41,17 295,75 + 3,17 104,44 + 1,62 86,47 + 1,48

8 70 (+) 4 (+1) 9 (+1) 6.588,52 + 547,37 777,04 + 9,94 136,82 + 7,26 94,05 + 5,97

9 (PA) 50 (0) 1,3 (-1,68) 6 (0) 1.974,33 + 120,37 325,67+ 11,72 73,44 + 0,12 59,23 + 0,62

10 (PA) 50 (0) 4,7 (+1,68) 6 (0) 1.920 + 62,91 242,06+ 7,87 71,70 + 0,51 60,73 + 0,41

11 (PA) 16 (-1,68) 3 (0) 6 (0) 728,67+ 28,97 100,95 + 3,87 26,07 + 0,37 21,85 + 0,31

12 (PA) 84 (+1,68) 3 (0) 6 (0) 2.245,75 + 199,89 295,88 + 6,88 90,48 + 1,46 74,62 + 0,77

13 (PA) 50 (0) 3 (0) 0,95 (-1,68) 600,75 + 12,93 78,62 + 1,60 23,70 + 0,34 20,44 + 0,70

14 (PA) 50 (0) 3 (0) 11,05 (+1,68) 1.907,75 + 38,08 312,15 + 8,17 87,66 + 1,52 73,57 + 1,70

15 (PC) 50 (0) 3 (0) 6 (0) 5.006,30 + 769,73 647,89 + 32,20 98,47 + 1,06 57,60 + 1,84

16 (PC) 50 (0) 3 (0) 6 (0) 5.522,15 + 202,75 587,71 + 22,56 102,20 + 1,63 37,76 + 2,69

17(PC) 50 (0) 3 (0) 6 (0) 5.405,01 + 353,37 586,01 + 34,06 112,58 + 2,35 46,09 + 3,74

¹Atividade Antioxidante (ABTS em TEAC) – valores expressos em µmol Trolox equivalente.(100g bagaço)-¹; ² Fenólicos totais – valores expressos em mg ácido gálico equivalente.(100g bagaço)-¹ e

³ Antocianinas totais e monoméricas com valores expressos em malvidina-3,5-diglucosídeo.(100g bagaço) -¹; PA – ponto axial; PC – ponto central.

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112

Embora a atividade antioxidante não seja uma classe de compostos, mas sim

uma condição associada aos compostos extraídos, e o objetivo da extração é a

obtenção de extrato bioativo, por isso esta foi a variável dependente de maior

relevância para o trabalho. Desta forma, a partir dos resultados obtidos estabeleceu-

se a condição de extração: razão solvente:substrato 1:9, solução extratora contendo

70% de etanol com pH ajustado para 4,0 com ácido cítrico, como a mais eficiente

dentre as avaliadas para a extração dos compostos bioativos.

6.2.2. Bagaço de uva branca Chardonnay resultante da vinificação tinta

(VT)

No processo de vinificação tinta o bagaço segue para a fermentação etanólica

sendo este bagaço o mais exaurido de todos. O bagaço de uva branca Chardonnay

utilizado neste trabalho foi submetido à vinificação tinta, uma prática que vem sendo

empregada para se aumentar a concentração dos compostos fenólicos no vinho

branco.

Técnicas enológicas como o aumento na pressão sobre as uvas na primeira

etapa de processo e um maior tempo de maceração proporcionaram vinhos branco

e tinto com maior atividade antioxidante (VILLAÑO et al., 2006); assim como o

aquecimento do mosto e a fermentação com a casca aumentaram a extração de

diversas classes de compostos fenólicos que contribuem para a atividade

antioxidante dos vinhos (NETZEL et al. 2003)

Os rendimentos em atividade antioxidante variaram de 920 a 1.860 µmol

TEAC.100g bagaço-¹ (Tabela 6.5), uma variação menor que a observada com o

bagaço VB e próxima às faixas observadas nas extrações enzimática e

hidroetanólica com o bagaço de uva rosada . No entanto, mesmo sendo o bagaço

VB mais rico que o VT, o rendimento em algumas condições (Tabela 6.4) foi mais

baixo, corroborando para a necessidade de se avaliar as matrizes.

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113

Tabela 6.5 – Matriz experimental 2³ e resultados obtidos para o bagaço VT.

Ensaios pH Etanol % Razão S:S¹ AA² FT³

1 2 (-1) 30 (-1) 3 (-1) 918,29 ± 86,85 183,55 + 5,90

2 2 (-1) 30 (-1) 9 (+1) 1162,21 ± 21,32 301,07 + 2,33

3 2 (-1) 70 (+1) 3 (-1) 1490,35 ± 61,62 313,18 + 14,45

4 2 (-1) 70 (+1) 9 (+1) 1659,89 ± 148,74 382,18 + 2,61

5 4 (+1) 30 (-1) 3 (-1) 970,92 ± 53,87 297,25 + 13,09

6 4 (+1) 30 (-1) 9 (+1) 1561,96 ± 118,96 312,65 + 6,61

7 4 (+1) 70 (+1) 3 (-1) 1186,51 ± 43,58 281,15 + 11,97

8 4 (+1) 70 (+1) 9 (+1) 1820,23 ± 58,92 294,04 + 10,04

9 (PC) 3 (0) 50 (0) 6 (0) 1435,99 ± 43,55 259,69 + 2,61

10 (PC) 3 (0) 50 (0) 6 (0) 1858,56 ± 58,70 272,79 + 5,77

11 (PC) 3 (0) 50 (0) 6 (0) 1725,93 ± 113,78 313,95 + 8,53

¹Atividade Antioxidante (ABTS em TEAC) – valores expressos em µmol Trolox equivalente.100g bagaço-¹; ² Fenólicos totais –

valores expressos em mg ácido gálico equivalente.100g bagaço-¹; PC – ponto central.

Nas condições experimentais propostas, nenhum dos fatores avaliados foi

estatisticamente significativo para a extração dos compostos bioativos do bagaço

oriundo da vinificação tinta (VT), como pode ser verificado nos gráficos de Pareto

(Figura 6.12). Muito provavelmente, a grande heterogeneidade da matéria prima,

que pode ser comprovada pelas diferenças nos valores dos pontos centrais,

ocasionou elevada variação entre os ensaios, impossibilitando a identificação da

causa da variação. Outra hipótese que deve ser considerada neste caso são as

características da matéria prima, uma vez que o bagaço VT é um resíduo já

parcialmente esgotado, devido à fermentação etanólica sofrida durante o

processamento, o teor residual de fenólicos pode ter sido um fator limitante no

transporte de massa.

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114

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: AA2**(3-0) design; MS Pure Error=103742,

DV: AA

-,112866

-,262734

,4922483

,8511072

1,194853

1,30829

3,226783

p=,05

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

1by2

2by3

(1)pH

(3)Razão Sól liq

(2)Etanol

1by3

Curvatr.

-,262734

,4922483

,8511072

1,194853

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: FT2**(3-0) design; MS Pure Error=3990,836

DV: FT

-,06062

-,103663

,2814671

,3217227

,4112581

-,810389

1,482716

p=,05

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

1by3

2by3

(3)Razão Sól liq

(1)pH

(2)Etanol

1by2

Curvatr.

,2814671

,3217227

,4112581

Figura 6.12 Gráficos de Pareto para a atividade antioxidante (esquerda) e fenólicos totais

(direita).

Embora os fatores não tenham sido estatisticamente significativos, observou-

se uma grande variação nos rendimentos, sendo desta forma confirmada a

influência do etanol na extração através dos ensaios, realizados em triplicata (Tabela

6.6). O rendimento da extração com 30% de etanol foi quase três vezes o obtido

com a extração aquosa e mais de 80% do atingido com 70% de etanol (ensaios 6 e

8 – Tabela 6.5). Como o custo com os insumos e processo não deve ser

negligenciado, a melhor condição para a obtenção de extrato concentrado de

bagaço de uva Chadonnay (VT) foi a do ensaio 8: solução extratora contendo 30%

de etanol, pH ajustado para 4 e razão 9:1 solvente:substrato.

Tabela 6.6 – Comparativo entre extração hidroetanólica e aquosa.

Ensaios pH Etanol % Razão S:S¹ AA² FT³

1 4 30 9 1.351,35 + 70,30 251,57 + 5,24

2 4 0 9 447,93 + 40,14 55,54 + 3,09

¹Razão S:S – razão solvente:substrtato; ² Atividade Antioxidante (ABTS em TEAC) – valores expressos em µmol Trolox

equivalente.100g bagaço-¹; ³ Fenólicos totais – valores expressos em mg ácido gálico equivalente.100g bagaço-¹.

Não foi possível a determinação de um modelo matemático para explicar a

extração dos compostos bioativos do bagaço VT usando a metodologia de superfície

de resposta. Entretanto, empregando a avaliação de correlação linear de Pearson

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115

verificou-se uma forte correlação positiva entre a atividade antioxidante e o teor de

compostos fenólicos cujo r foi de 0,81. Assim, alterações que levem a uma maior

extração dos compostos fenólicos fornecerão extratos mais ativos.

O extrato obtido com as condições do ensaio 6, solução 30% de etanol com

pH 4,0 e razão solvente substrato de 9:a, apresentou um teor médio de fenólicos de

389 ± 5,9 mg.L-1, expresso em ácido gálico, superior ao teor médio reportado por

Bravo (1998) para vinhos brancos (200 a 300 mg.L-1) e inferior aos 2.860 mg. L-1

encontrado por Negro et al. (2003) para o extrato de bagaço de uva tinta seco e

triturado extraído com etanol 80%, acidificado com 0,5% de ácido clorídrico 0,1 N e

razão solvente:susbtrato de 30:1, na mesma temperatura de 50°C. Embora a

concentração do extrato tenha sido sete vezes menor que a obtida por Negro et al

(2003), o bagaço de uva branca Chardonnay resultante da vinificação em tinto

apresenta potencial para uso como fonte de compostos fenólicos com aplicação

mais abrangente, uma vez que não apresenta os pigmentos antociânicos.

6.2.3. Bagaço de uva tinta Isabel oriundo da fabricação do suco de uva

(SU)

Assim como os outros bagaços VB e VT da indústria, este também se

apresentava muito seco sendo necessária a reidratação previamente à extração com

solvente. Os resultados experimentais estão apresentados na Tabela 6.7.

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116

Tabela 6.7 - Matriz experimental e resultados obtidos para o bagaço de uva Isabel proveniente da elaboração do suco (SU).

Ensaios Etanol (%) pH Razão S:s AA¹ FT² AT³ AM³

1 30,0 2,0 3:1 856,93 ± 76,23 117,78 ± 8,40 41,89 ± 0,41 34,70 ± 0,35

2 30,0 2,0 9:1 841,14 ± 54,50 130,20 ± 2,60 67,72 ± 0,59 56,86 ± 0,61

3 70,0 2,0 3:1 2158,13 ± 141,29 497,91 ± 11,78 107,03 ± 1,18 83,06 ± 0,73

4 70,0 2,0 9:1 3368,06 ± 293,78 586,52 ± 13,91 155,84 ± 1,62 120,63 ± 2,63

5 30,0 4,0 3:1 1445,47 ± 48,44 241,09 ± 11,12 58,76 ± 2,38 44,81 ± 2,38

6 30,0 4,0 9:1 2502,50 ± 155,41 368,74 ± 16,13 100,70 ± 1,52 78,42 ± 1,56

7 70,0 4,0 3:1 2974,77 ± 55,00 443,93 ± 6,31 81,41 ± 1,85 37,62 ± 2,18

8 70,0 4,0 9:1 4126,68 ± 135,15 601,71 ± 31,79 100,79 ± 3,90 83,05 ± 4,37

9 (PC) 50,0 (0) 3,0 (0) 6:1 (0) 2.986,82 ± 163,04 504,32 ± 24,37 76,20 ± 1,23 62,50 ± 0,92

10 (PC) 50,0 (0) 3,0 (0) 6:1 (0) 3.556,06 ± 184,16 542,08 ± 2,61 88,76 ± 3,17 71,38 ± 3,08

11 (PC) 50,0 (0) 3,0 (0) 6:1 (0) 3.107,59 ± 159,87 551,63 ± 18,73 85,91 ± 1,35 68,85 ± 1,28

¹Atividade Antioxidante (ABTS em TEAC) – valores expressos em µmol Trolox equivalente.100g bagaço-¹; ² Fenólicos totais – valores expressos em mg ácido gálico equivalente.100g bagaço-¹ e ³

Antocianinas totais e monoméricas com valores expressos em mgde malvidina-3,5-diglucosídeo.100g bagaço-¹; PC – ponto central.

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117

Os fatores pH e concentração de etanol atuaram positivamente sobre o

rendimento da extração em atividade antioxidante, sendo verificada uma maior

influência do teor de etanol que do pH, provavelmente por que os níveis de pH

empregados estão dentro da faixa ácida. A razão solvente:substrato mostrou-se

marginalmente significativa (p=0,057), cujo aumento favorece a atividade

antioxidante, porém os fatores de interação não foram estatisticamente significativos

(Figura 6.13).

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: AA2**(3-0) design; MS Pure Error=89958,97

DV: AA

-,795238

1,196233

1,55671

4,011503

4,509011

4,59292

8,229772

p=,05

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

1by2

1by3

2by3

(3)Razão Sól liq

(1)pH

Curvatr.

(2)Etanol

-,795238

1,196233

1,55671

4,011503

4,509011

4,59292

Figura 6.13 – Gráfico de Pareto para a atividade antioxidante

É comum o uso de solventes alcoólicos na extração de compostos fenólicos

de matriz vegetal, especialmente o etanol, quando o extrato é para fins alimentícios.

Tem-se observado, ainda, uma maior eficiência de extração com misturas aquosas

de solventes frente aos solventes puros (PINELO et al., 2005). Acredita-se que seja

a polaridade obtida nas misturas permitem a solubilização de mais classes de

compostos fenólicos.

O comportamento observado para a atividade antioxidante foi muito similar ao

observado para os compostos fenólicos (Figura 6.14), provavelmente por serem os

compostos fenólicos os principais metabólitos secundários presentes na uva e

responsáveis pela capacidade antioxidante. Além disso, as metodologias de

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118

quantificação de compostos fenólicos e de atividade antioxidante por ABTS,

expressa em TEAC, baseiam-se, ambas, em reações de oxi-redução.

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: FT2**(3-0) design; MS Pure Error=625,9002

DV: FT

1,502432

2,605933

4,565513

5,46128

-5,66193

9,398719

17,97935

p=,05Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

2by3

1by3

(1)pH

(3)Razão Sól liq

1by2

Curvatr.

(2)Etanol

1,502432

2,605933

4,565513

5,46128

-5,66193

Figura 6.14 - Gráfico de pareto para os compostos fenólicos totais.

Assim como verificado por Pompeu, Silva e Rogez (2009) para extração dos

compostos bioativos do açaí, o teor de etanol influenciou positivamente, facilitando a

extração dos compostos fenólicos provavelmente por afetar a difusão dos

compostos da matriz sólida para o solvente, aumentando a taxa de transferência de

massa. Cacace e Mazza (2003) verificaram o efeito positivo da concentração do

solvente sobre a extração dos compostos fenólicos de berries trituradas.

Soares et al. (2007) também avaliaram o efeito da concentração do solvente

na solução extratora que variou de 0 a 100% de acetona. Os maiores teores de

fenólicos, 197 e 183 mg.100g-1de casca de uvas Isabel e Niágara, respectivamente,

foram obtidos com as soluções de acetona 75% mantendo-se a proporção de 1:10

(m:v). No entanto, estes valores foram quase um quarto dos observados no presente

trabalho, 586 e 602 mg.100g-1 de bagaço de uva Isabel, obtidos a partir da extração

com etanol 70% em pHs 2 e 4, evidenciando a maior eficiência do sistema de

extração escolhido e utilizado no presente trabalho.

A concentração do solvente na solução promove as alterações físicas como

densidade e viscosidade que podem alterar o coeficiente de difusão dos compostos

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119

de interesse. Na extração de antocianinas de groselha preta (black currant) com

água sulfurada o coeficiente de difusão aumentou com o aumento da concentração

de SO2 já para a extração hidroetanólica este aumento ocorreu na faixa de 39 a 67%

e diminui entre 67 e 95% de etanol (CACACE e MAZZA 2003).

O pH influenciou positivamente a extração dos compostos fenólicos como

esperado, uma vez que o nível mais alto (pH 4,0) empregado no trabalho requer

uma quantidade pequena de ácido cítrico para ser atingido disponibilizando desta

forma mais água livre para a solubilização dos compostos de interesse que são

hidrossolúveis. Outro ponto a ser considerado é que o nível mais alto ainda está na

faixa ácida abaixo de 4,5 que permite a estabilização das antocianinas.

Fitted Surface; Variable: FT

2**(3-0) design; MS Pure Error=625,9002

DV: FT

> 500 < 500 < 400 < 300 < 200 < 100

Figura 6.15 - Gráfico de superfície de resposta para o rendimento em compostos fenólicos totais de

bagaço de uva Isabel (SU) em função do pH e teor de etanol na solução.

A razão solvente:substrato como esperado também atuou de forma positiva

para a extração dos compostos fenólicos (Figura 6.14) já que a difusão dos solutos é

facilitada pelo potencial químico estabelecido entre as concentrações do soluto na

matriz sólida e a solução extratora. Este comportamento também foi verificado por

Cacace e Mazza (2003) para ambos os sistemas solventes avaliados (etanol e água

sulfurada) na extração sólido:líquido de berries trituradas.

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120

As antocianinas são uma classe de compostos fenólicos mais sensíveis às

alterações de pH, pois o aumento do pH favorece a desprotonação do cátion flavílio

facilitando reações de associação e o deslocamento do equilíbrio entre as formas

para a formação de chalcona que por sua vez compromete a coloração da solução.

Já a diminuição do pH estabiliza as antocianinas e intensifica sua coloração

avermelhada (FALCÃO et al. 2007). Por sua vez, as antocianinas monoméricas são

mais sensíveis ao pH, que por não estarem estabilizadas pelos mecanismos de co-

pigmentação intramolecular, intermolecular e auto associação (GIUSTI &

WROLSTAD, 2001) sofrem mais facilmente o ataque nucleofílico da água e

consequente formação de chalcona (MALIEN-AUBERT et al., 2001)

O fator pH isolado não influenciou a extração das antocianinas totais e

monoméricas, porém o fator de interação pH e etanol foi significativo, observando-se

um aumento na extração com o aumento do solvente e diminuição do pH (Figura

6.16) diferente do observado para os compostos fenólicos totais e atividade

antioxidante, para os quais a solução menos ácida favoreceu o rendimento.

> 140 < 140 < 105 < 70 < 35

> 105 < 105 < 70 < 35

Figura 6.16 – Gráficos de superfície de resposta para as antocianinas totais (esquerda) e

monoméricas (direita) em função da concentração de etanol e do pH.

Assim como para os compostos fenólicos, o teor de etanol na solução

extratora influenciou positivamente a extração das antocianinas totais e

monoméricas (Figura 6.17). O maior rendimento foi observado com a solução de

70% de etanol, bem próxima à solução de 74% de etanol identificada por Pompeu,

Silva e Rogez (2009) como a melhor para a extração das antocianinas de açaí.

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121

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: AT

2**(3-0) design; MS Pure Error=43,38501

DV: AT

,0223399

-,71587

-1,26571

-1,65499

-7,00603

7,29799

9,447459

p=,05

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

2by3

1by3

Curvatr.

(1)pH

1by2

(3)Razão Solvente:Substrato

(2)Etanol

Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: AM2**(3-0) design; MS Pure Error=20,89738

DV: AM

,0587839

1,49362

2,10621

-3,97132

8,47516

-8,87041

10,73391

p=,05

Standardized Effect Estimate (Absolute Value)

Curvatr.

1by3

2by3

(1)pH

(2)Etanol

1by2

(3)Razão Solvente:Substrato

1,49362

2,10621

-3,97132

Figura 6.17 – Gráficos de Pareto para antocianinas totais (A) e monoméricas (B).

Com relação à razão solvente:substrato, sobre o rendimento da extração

ocorreu como esperado, ou seja, atuou de forma positiva, uma vez que o aumento

da razão de solvente promove um aumento do potencial químico e favorece a

transferência dos compostos da matriz sólida para a solução.

Na condição do ensaio 4 (Tabela 6.7),o extrato obtido apresentou um teor de

antocianinas monoméricas de aproximadamente 157 mg.L-1, muito superior aos

teores encontrados por Malacrida e Motta (2005) para os sucos de uva simples e

reconstituídos cujos valores máximos encontrados foram 67 e 36 mg.L-1,

respectivamente. Porém Valduga, et al (2008) obtiveram um extrato com 300

mg.100g de bagaço-1 seco e triturado de uva Isabel, empregando etanol pH 1,0

acidificado com HCl e três horas de extração. Enquanto que Soares et al. (2007)

empregaram uma solução de metanol acidificada com 0,1% de HCl encontrando um

teor de antocianinas totais de 82 mg.100g de bagaço-1, inferior ao obtido com a

condição do ensaio 6 (Tabela 6.7), salientando a influência de fatores abióticos

sobre o teor de metabólitos secundários.

Os dados experimentais foram bem ajustados (R²>0,87) ao modelo polinomial

associado ao planejamento fatorial 2³ conforme Figura 6.18.

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122

Observed vs. Predicted Values2**(3-0) design; MS Pure Error=89958,97

DV: AA

500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

Observed Values

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

Pre

dict

ed V

alue

s

Figura 6.18 – Gráfico de valores experimentais versus valores estimados pelo planejamento fatorial

2³.

Como o bagaço residual da extração ainda apresentou uma coloração

intensa, acredita-se que a razão solvente:substrato não foi suficiente para a

solubilização total dos compostos de interesse. No entanto, uma maior proporção na

razão solvente:suubstrato deve ser criteriosamente avaliada por impactar nos custos

de extração e principalmente de concentração dos solutos. Alternativas mais viáveis

a se considerar são a extração em múltiplos estágios e a extração em fluxo contra-

corrente que permitem maximizar o rendimento da extração por manter um potencial

químico relativamente alto que favorece a difusão.

Da mesma forma que o observado para os demais bagaços, a escolha da

melhor condição de extração considerou a atividade antioxidante dos extratos

obtidos como a variável mais importante e o planejamento fatorial 2³. Desta forma, a

condição do ensaio 8 foi a de maior eficiência. Na Tabela 6.8 estão apresentados os

rendimentos das extrações em atividade antioxidante para os três bagaços

estudados nas duas condições de extração mais favoráveis e utilizadas nas etapas

subsequentes do presente trabalho.

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123

Tabela 6.8 – Comparativo entre os rendimentos em atividade antioxidante dos bagaços VB, VT e SU

em duas condições de extração.

Condições Etanol pH Razão S:S VB¹ VT¹ SU¹

1 30 4 9 5.022 ± 340 1.562 ± 119 3.368 ± 294

2 70 4 9 6.588 ± 547 1.820 ± 59 4.127 ± 135

¹- expresso em µmol Trolox equivalente.(100g bagaço)-¹

.

6.3. CINÉTICA DA EXTRAÇÃO

O tempo para se atingir o equilíbrio na extração sólido-líquido depende de

fatores como solvente, temperatura, agitação mecânica, tamanho de partícula,

geometria da partícula, matriz sólida e características da mesma, dentre outros. A

modelagem cinética adequada da extração é uma ferramenta importante na

ampliação de escala e definição dos processos, de modo a se obter melhores

rendimentos com o mínimo de recursos energético, de insumos e tempo, os quais

irão impactar incisivamente sobre os custos operacionais (SILVEIRA et al., 2013,

AMENDOLA et al., 2010).

A cinética do processo de extração dos fenólicos e antocianinas foi obtida

pelo ajuste dos dados à segunda lei de Fick (Eq. 6.3).

[6.3]

onde,

∂c/∂t é a variação temporal da concentração

D é o coeficiente de difusão.

A extração pode ser conduzida em único estágio ou múltiplos estágios. Neste

caso, um novo potencial químico se estabelece a cada estágio, facilitando a

transferência do soluto da matriz para o solvente. Assim, além do número de

estágios, a razão solvente:substrato, características do solvente, temperatura e

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124

agitação são fatores que afetam o rendimento da extração, favorecendo o transporte

de massa pelo potencial químico no sistema extrator aumentando o coeficiente de

difusão dos solutos.

Embora a máxima extração dos compostos bioativos tenha sido com a

solução 70% de etanol aquoso, esta não permitiu a concentração dos extratos pelos

processos de separação por membranas. Portanto, a melhor condição de extração

para a obtenção de um extrato concentrado de bioativos por nanofiltração foi a 50°C,

razão solvente:substrato de 9:1 (massa:volume), solução extratora contendo 30% de

etanol e pH ajustado para 4 com ácido cítrico; sendo esta a condição empregada na

determinação da cinética da extração dos compostos fenólicos e antocianinas.

O dados experimentais foram melhor ajustados ao modelo de Fick (R² = 0,97),

conforme mostrado na Figura 6.19. Nas condições experimentais, o coeficiente de

difusão dos fenólicos no bagaço VB foi de 1,2x10-12 m².h-1. Enquanto que usando-se

apenas o primeiro termo da equação de Fick (Eq. 6.3) o valor obtido para o mesmo

parâmetro foi muito inferior (8x10-14 m².h-1). Neste caso, o coeficiente de difusão foi

subestimado.

VB

2

3 4

5 6

7 8

0 1 2 3 4 5 6

Tempo (horas)

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

Con

cent

raçã

o fe

nólic

os to

tais

1

2

3 4

5 6

7 8

Figura 6.19 – Cinética da extração de fenólicos do bagaço de uva Pinot Noir (VB) ajustada pela

segunda lei de Fick com três termos (esquerda) e com o primeiro termo (direita).

Para os bagaços de uva branca Chardonnay (VT) e Isabel (SU) os dados

também foram bem explicados pela equação de Fick (Figura 6.20). Os coeficientes

de difusão dos fenólicos presentes nos bagaços foram de 8,58x10-15, 1,53 x10-16 e

3,33 x10-16m².s-1 para os bagaços VT, SU e VB, respectivamente e ficaram muito

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125

abaixo dos 1,23 x10-10 e 1,50 x10-10 m².s-1 obtidos por Amendola et al. (2010), com o

bagaço de uva tinta com solução de etanol 60% a 60°C e razão solvente:substrato

4:1. É possível que esta diferença seja devido, principalmente, à geometria e ao

tamanho das partículas, pois no presente trabalho os bagaços foram utilizados

íntegros enquanto que no trabalho mencionado da literatura o resíduo foi seco e

triturado. Desta forma, o processo difusivo do soluto para o meio foi favorecido.

Adicionalmente, o menor tamanho de partícula reduz a distância a ser percorrida

pela solução durante o transporte.

VT

2

3 4

5 6

78

0 1 2 3 4 5 6

Tempo (horas)

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

Con

cent

raçã

o fe

nólic

os to

tais

1

2

3 4

5 6

78

SU

2

3

4

5

6

7

8

0 1 2 3 4 5 6

Tempo (horas)

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

Con

cent

raçã

o fe

nólic

os to

tais

1

2

3

4

5

6

7

8

Figura 6.20 – Cinética da extração de fenólicos dos bagaços VT e SU.

Spigno et al. (2007) verificaram que a temperatura influenciou positivamente a

extração dos fenólicos e também agiu sinergicamente com o etanol, sendo

verificados maiores rendimentos a 60°C que a 28°C e ainda diminuindo o tempo de

extração em cinco vezes. Assim, como o teor de etanol e a temperatura também

foram superiores no trabalho relatado da literatura é possível que estas diferenças

também tenham contribuído para um maior coeficiente de difusão.

Pinelo et al. (2006) extraíram os fenólicos presentes no bagaço de uva seco e

triturado (0,5 mm) em sistema contínuo com vazão de 2 mL.min-1 a 50°C e obtiveram

coeficientes de difusão (10,55x10-13 m².s-1) intermediário aos atingidos com os

extratos VB, VT e SU e com o obtido por Spigno et al. (2007).

O equilíbrio da extração dos fenólicos nos bagaços estudados foi atingido em

aproximadamente três horas, diferente dos 120 minutos observados por Amendola,

et al. (2010) e um quinto do tempo aplicado por Sant’Anna et al. (2012) para a

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126

extração de fenólicos de bagaço de uva Isabel seco e triturado em etanol 50%

acidificado com 0,0012 mol.L-1 de HCl na proporção de 1:50 de subtrato:solvente a

60°C. Contudo vale salientar que a razão solvente:s ubstrato de 50:1 é

excessivamente elevada, considerando a necessidade posterior de concentração

dos extratos obtidos. Além da influência da temperatura e do solvente empregado, a

matriz também influencia na difusão, pois a extração dos fenólicos de groselha preta

atingiu equilíbrio após dez minutos, empregando 1100 ppm de SO2 a 60°C e razão

20:1 de solvente:substrato (CACACE e MAZZA, 2002).

Verifica-se na Figura 6.21 que, para as antocianinas presentes no bagaço SU,

o tempo de extração foi de aproximadamente 90 minutos, menor que o observado

para o bagaço VB. Entretanto, para estas amostras verificou-se a diminuição das

antocianinas nos extratos obtidos com 24 horas de extração, sugerindo a

desestabilização térmica destes compostos. Como esperado, a taxa de transferência

de massa diminui com o tempo. Isto ocorre, pois a diferença entre a concentração

do soluto na matriz e no solvente também diminuindo com o tempo até que se atinja

a condição de equilíbrio.

SU

23

45

6

7

0 1 2 3 4 5 6

Tempo (horas)

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

Con

cent

raçã

o an

toci

anin

as to

tais

1

23

45

6

7

VB

2

3

4

56

7

8

0 1 2 3 4 5 6

Tempo (horas)

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

Con

cent

raçã

o an

toci

anin

as to

tais

1

2

3

4

56

7

8

Figura 6.21 – Cinética de extração das antocianinas nos bagaços de uva Isabel (SU esquerda) e

Pinot Noir (VB direita).

Os coeficientes de difusão foram 1,25 x10-15 e 6,86 x10-16 m²s-1 para as

antocianinas do bagaço de uva Isabel (SU) e de uva Pinot Noir (VB),

respectivamente. As características físico-químicas da matriz podem facilitar o

transporte de massa seja de forma direta ou ainda por suportar temperaturas

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127

maiores. O Hibiscus sabdariffa é um exemplo destas matrizes, pois a extração

aquosa de suas antocianinas conduzida a uma razão solvente:substrato de 25:1

apresentou um coeficiente de difusão de 3,9 x10-11 m².s-1 a 23°C. Adicionalmente, foi

possível aumentar o coeficiente de difusão para 1,35x10-10m².s-1 a 90 °C (CISSÉ et

al., 2012).

Diante dos resultados obtidos, optou-se pelo tempo de 120 minutos para a

extração dos compostos bioativos dos bagaços de uva Pinot Noir submetido à

vinificação branca (VB), uva branca Chardonnay (VT) submetido à vinificação tinta e

uva Isabel (SU) proveniente da obtenção do suco. Este tempo foi escolhido porque

mesmo tendo atingido 75% da extração dos fenólicos totais para o VB e 50% da

extração para VT e SU, a extração das antocianinas já havia atingindo o equilíbrio e

o aumento de 50% no tempo pouco acrescentaria para o rendimento final. Deste

modo, uma avaliação posterior de extração em múltiplos estágios de modo a facilitar

a difusão dos solutos pelo potencial químico poderia ser mais interessante.

6.4. EFICIÊNCIA DA EXTRAÇÃO

Os ensaios para se determinar a eficiência da extração foram conduzidos por

120 minutos nas mesmas condições selecionadas para o estudo cinético em 3

estágios consecutivos conforme a Figura 5.3.

No primeiro estágio foi possível extrair em torno de 50% dos fenólicos

correspondendo a quase 80% da capacidade antioxidante do bagaço de uva Pinot

noir tendo como referência a extração realizada em 24 horas. Com a segunda

extração estes percentuais caem para 38 e 28%, respectivamente e para 22 e 15%

na terceira extração (Figura 6.22). Comportamento similar foi observado com os

outros dois bagaços diminuindo quase 50% o rendimento entre a primeira e a

segunda extração tanto para os fenólicos quanto para a atividade antioxidante. Estes

resultados diferem bastante do observado por Sant’Anna et al. (2012) que obtiveram

somente 9,5% dos fenólicos com a segunda extração. Porém, este autores

empregaram o bagaço de uva Isabel seco e triturado sendo a extração conduzida a

60°C, razão solvente:substrato de 50:1 com solução de etanol aquoso 50%e

concentração de HCl final de 1,2 mM. Estas diferenças nas condições de extração

podem explicar as discrepâncias entre os resultados, uma vez que além dos valores

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128

de temperatura e razão solvente:substrato serem superiores e o menor tamanho das

partículas favorecerem a transferência de massa, a quantidade de ácido clorídrico

adicionado também facilitou a extração por promover a hidrólise de algumas

estruturas. É possível que a extração em contra corrente supere as limitações da

extração em um único estágio aumentando a eficiência quer seja pela redução no

consumo de solvente ou por se atingir maiores rendimentos.

Figura 6.22 – Eficiência da extração em fenólicos totais e atividade antioxidante.

Os bagaços VB e SU residuais das três extrações ainda apresentaram

coloração intensa, indicando a presença de antocianinas e possivelmente também

outros fenólicos mais fortemente ligados na matriz, corroborando com os resultados

de Sant’Anna et al. (2012). Assim, o resíduo da extração poderia ainda ser

aproveitado para a elaboração da fibra dietética antioxidante definida e obtida por

Saura-Calixto (1998) que reduziu a oxidação lipídica de polpa de peixe (SÁNCHEZ-

ALONSO et al., 2007). Ou ainda para tantas outras aplicações como ser submetido

a uma extração mais drástica envolvendo uma etapa de hidrólise para a liberação

destes solutos e separação das sementes para obtenção do óleo. A casca pode ser

direcionada para a obtenção de farinha cuja aplicação na elaboração de barras de

cereais foi avaliada por Balestro et al. (2011) ou ainda como substrato para a

obtenção de produtos obtidos por biotecnologia (enzimas, pigmentos de fungos, etc).

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129

6.5. CONCENTRAÇÃO DOS EXTRATOS POR PROCESSOS DE SEPARAÇÃO

POR MEMBRANAS

6.5.1. Testes preliminares

6.5.1.1. Osmose Inversa

O processo de osmose inversa foi avaliado com o intuito de concentrar os

compostos bioativos e remover parcialmente o etanol, em uma única etapa.

A Figura 6.23 apresenta o comportamento do fluxo de permeado ao longo dos

processos de concentração do extrato de bagaço de uva VB por osmose inversa,

conduzido em sistema de batelada a uma temperatura média de aproximadamente

30°C. O processo foi realizado em duplicata.

Figura 6.23 – Fluxo de permeado dos processos de osmose inversa.

Mesmo o extrato de bagaço de vinho branco contendo um teor de etanol em

torno de 70%, muito acima do teor encontrado em vinhos, o fluxo de permeado

médio (4,9 L.h-1m-2) do primeiro processo foi muito similar ao verificado por Labanda

et al. (2009) e superior aos valores de 1,2 e 1,4 L.h-1m-2 dos fluxos de permeado

iniciais observados no processo de concentração de antocianinas e desalcolização

de extrato de rabanete por Patil et al. (2009).

Entretanto, na repetição do processo de osmose inversa, verificou-se um fluxo

de permeado inicial mais baixo (4,4 frente aos 6,9 L.h-1m-2) e um decaimento neste

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130

parâmetro também mais intenso (Figura 6.23), sendo o fluxo de permeado médio

deste processo igual a 1,57 L.h-1m-2. O segundo processo foi conduzido por 350

minutos e o fator de concentração volumétrica atingido foi inferior a 2, menor do que

o verificado no primeiro processo.

O fluxo de permeado inicial foi mais baixo que a faixa de 16 – 28 L.h-1.m-2

observada para sucos de uva processado a 20° C (SAN TANA, 2009) e que 35 - 45

L.h-1.m-2 atingidos a 50 °C (GURAK et al, 2010), contudo est e fato era esperado, já

que as características do solvente implicam fortemente neste parâmetro sendo

verificadas reduções de até 90% na permeabilidade comparada à permeabilidade

hidráulica. E nos sistemas contendo etanol este efeito é substancial como

constatado por Labanda et al. (2009) que observaram redução da permeabilidade

das membranas entre 15 e 22 vezes.

O primeiro processo foi conduzido por 200 minutos atingindo um fator de

concentração volumétrica de 4,6 enquanto que no segundo processo a

concentração volumétrica alcançada foi de 1,9 com 350 minutos de processo. As

frações foram avaliadas quanto aos compostos fenólicos, antocianinas totais e

monoméricas e capacidade antioxidante e observou-se um comportamento similar

destes compostos nos dois processos (Tabela 6.9).

A relação entre as massas dos compostos fenólicos, antocianinas totais e

monoméricas foi de 3,0, 3,6 e 3,8, respectivamente para o primeiro processo. No

segundo processo a concentração em massa foi de 1,7 para as antocianinas totais e

de 1,6 para os fenólicos totais e antocianinas monoméricas. Os coeficientes de

retenção em ambos os processos foram de 98 e 97%, para os fenólicos totais e

antocianinas totais, respectivamente. Estes valores encontram-se de acordo com o

observado por Santana (2009) que avaliou a concentração de antocianinas de suco

de uva por este processo e por Sagne et al. (2008) que recuperaram os ácidos

acético, propiônico e butírico de efluentes vinícolas.

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131

Tabela 6.9 – Compostos bioativos e capacidade antioxidante in vitro nas correntes dos processos de

osmose inversa

Correntes/ Análises

Processo 1 Processo 2

Alimentação Permeado Retido Alimentação Permeado Retido

Fenólicos Totais¹

147,21 ± 1,17

3,15 ± 0,01

444,64 ± 10,82

150,08 ± 9,72

4,27 ± 0,03 254,92 ± 3,51

Antocianinas Totais²

23,34 ± 0,69 0,79 ± 0,01

88,04 ± 0,71 21,87 ± 0,54 0,82 ± 0,01

36,40 ± 0,11

Antocianinas Monoméricas²

19,01 ± 0,89 nd 72,63 ± 1,66 18,39 ± 0,63 nd 30,23 ± 0,16

Capacidade Antioxidante (ABTS)³

9,57 ± 0,47 0,14 ± 0,03 35,97 ± 0,57 11,81 ± 0,30

0,32 ± 0,01 18,64 ± 2,87

Capacidade Antioxidante (ORAC)³

9,64 ± 0,60 0,24 ± 0,01

30,68 ± 2,11 - - -

¹- expresso em mg de ácido gálico.100g-1; ² expresso em mg de malvidina-3,5-diglicosídio.100g-1; ³ expresso em µmol Trolox

equivalente.g-1; nd- não detectado.

Pode-se observar na Figura 6.24 que mesmo com a pequena permeação das

antocianinas a fração de permeado apresentou uma leve coloração rosa.

Figura 6.24- Frações do processo de osmose inversa de extrato hidroetanólico de bagaço de uva

Pinot Noir (VB).

A capacidade antioxidante das correntes do primeiro processo foram medidas

pelas metodologias que envolvem a transferência de elétrons (ABTS) e de

hidrogênio (ORAC) e refletiram a concentração dos compostos bioativos analisados,

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132

com fatores de concentração de 3,18 e 3,76, respectivamente, evidenciando a

necessidade de avaliação da capacidade antioxidante por metodologias com

mecanismos distintos. Os extratos apresentam uma diversidade de substâncias e

estruturas químicas que poderão contribuir por mecanismos distintos para a

capacidade antioxidante, inclusive com atividade sinérgica ou antagônica (IACOPINI

et al., 2008). Por motivos operacionais, a metodologia ORAC não pode ser realizada

no segundo processamento.

Embora as antocianinas sejam mais sensíveis que outros compostos

fenólicos, as perdas destas substâncias (5 a 7%) foram inferiores às verificadas para

os compostos fenólicos totais avaliados pelo método espectrofotométrico (21%).

Após o processamento as membranas foram limpas e a permeabilidade

hidráulica verificada antes da condução de novo processo. Contudo observou-se

uma perda irreversível de quase 50% na permeabilidade das membranas (Figura

6.25), mesmo realizando novas etapas de limpeza.

Figura 6.25 – Permeabilidade hidráulica das membranas de osmose inversa antes e após o

processamento com extrato hidroetanólico.

Após o segundo processo, não foi possível recuperar as membranas, pois

estas aderiram fortemente ao suporte inviabilizando a recuperação das mesmas.

Diante destes resultados, a osmose inversa empregando a membrana composta de

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133

poliamida HR98PP (DSS, Dinamarca) foi descartada como processo para a

concentração do extrato.

6.5.1.2. Nanofiltração em sistema cerâmico

Para avaliação do processo de nanofiltração foram realizados dois testes com

uma membrana cerâmica conduzidos em regime de batelada a 25 °C.

O decaimento do fluxo de permeado foi bem acentuado como consequência

dos fenômenos de polarização de concentração e entupimento ou fouling (Figura

6.26) causados pela retenção de compostos pela membrana (HABERT et al., 2006).

Figura 6.26 – Fluxo de permeado e fator de concentração volumétrica dos processos de nanofiltração

em sistema cerâmico.

Embora o fluxo médio de permeado (5,1 kg.h-1m-2) e o volume de alimentação

(6 L) tenham sido similares aos do processo de osmose inversa, o fator de

concentração volumétrica foi inferior ao obtido nos processos de concentração por

osmose inversa, devido à área total de permeação do sistema de nanofiltração ser

muito menor que a do sistema de osmose inversa, o que resulta num total de

permeado recolhido menor. O fato do tempo de processamento ser maior pode

afetar a qualidade do extrato concentrado obtido, devido à maior possibilidade de

oxidação.

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134

Os coeficientes de retenção das antocianinas foram de 78 e 83% nos

processos 1 e 2, respectivamente, resultando em uma maior permeação destes

pigmentos (Figura 6.27) quando em comparação ao processo de osmose inversa

(Figura 6.24). Diante deste comportamento, a nanofiltração com membranas

poliméricas foi testada já que, em estudos anteriores, esta membrana apresentou m

elevado coeficiente de retenção para as antocianinas presentes no suco de açaí

(COUTO et al., 2011).

Figura 6.27 – Correntes da nanofiltração do extrato hidroetanólico de bagaço de uva Pinot Noir (VB)

em membrana cerâmica.

6.5.1.3. Nanofiltração em sistema polimérico

A nanofiltração com membrana polimérica foi testada com o extrato contendo

70% de etanol a 20°C e pressão aplicada de 15 bar ( Figura 6.28). Ainda com um

fluxo médio de permeado de 1,8 kg.h-1m-2, a grande área de filtração do sistema

permitiu que em 150 minutos se atingisse 5,6 de fator de concentração volumétrica.

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135

Figura 6.28- Fluxo de permeado e fator de concentração volumétrica do extrato hidroetanólico de

bagaço de uva Pinot Noir (VB) contendo 70% de etanol pelo sistema de nanofiltração

com membrana polimérica.

Novamente, o fluxo de permeado também diminuiu ao longo do processo,

atingindo um equilíbrio devido à compactação das membranas a partir de uma hora

de processo. O fluxo médio de permeado, embora seja baixo (1,85 L.h-1.m-2),

mostrou-se promissor ao ser comparado aos fluxos médios de permeado, 1,2 L.h-

1.m-2 e 4,5 L.h-1.m-2, observados por Leidens (2011) na ultrafiltração de extrato de

bagaço de uva contendo apenas um residual de 2% de etanol com membrana de 10

e 30 KDa, respectivamente. Diferente do observado nos testes com a membrana

cerâmica, a fração de permeado apresentou-se límpida e sem coloração (Figura

6.29) com um coeficiente de retenção de 100% das antocianinas.

O coeficiente de retenção dos compostos fenólicos totais também foi elevado

(99,5%) e acima do observado por Díaz-Reinoso et al. (2009) em cinco membranas

de ultra e nanofiltração testadas para a concentração de bioativos de extrato aquoso

de bagaço de uva fermentado e destilado. Os valores de fenólicos e antocianinas

totais do retido estão acima dos teores de fenólicos e antocianinas encontrados em

12 marcas de sucos de uvas, os quais variam de 23 a 343 mg.100mL-1 e 4 a 46

mg.100mL-1, respectivamente (BURIN et al., 2010).

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136

Figura 6.29 – Frações da nanofiltração do extrato hidroetanólico de bagaço de uva Pinot Noir em

sistema espiral com membrana polimérica.

Embora não tenha sido visualmente observada permeação de antocianinas, o

fator de concentração mássica destes compostos foi mais baixo que o fator de

concentração volumétrica e que a concentração dos compostos fenólicos (Tabela

6.10), diferente do observado no processo de osmose inversa.

Tabela 6.10 - Compostos bioativos e capacidade antioxidante in vitro nas correntes da nanofiltração

em membrana polimérica.

Análises Correntes

AA¹ FT² AT³ AM³

Alimentação 7,66 + 0,12 123,05 + 2,27 17,80 + 0,24 15,36 + 0,25

Permeado 0,12 + 0,01 2,82 + 0,13 nd nd

Retido 33,68 + 2,71 575,78 + 11,26 68,18 + 1,46 55,11 + 1,22

FCV 5,58 5,58 5,58 5,58

FC - analítico 4,40 4,68 3,83 3,59

¹ AA- atividade antioxidante expressa em µmol Trolox equivalente.g-¹ pelo método do ABTS; FT² - fenólicos totais expressos

em ácido gálico equivalente.100g-¹; ³ AT e AM – antocianinas totais e monoméricas – expressas em mg.malvidina-3,5-

diglic..100g-¹.

A membrana polimérica mostrou-se muito eficiente na concentração dos

compostos bioativos do extrato hidroetanólico de bagaço de uva, mesmo com uma

concentração de etanol muito elevada (70%), mas não mostrou seletividade ao

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137

etanol, pois as frações apresentaram teores de etanol similares, na faixa de 47%.

Embora o teor de etanol esteja abaixo do teor de etanol da solução extratora é

possível que durante as duas horas de extração a 50°C tenha ocorrido evaporação

de parte do etanol e ainda que o volume morto do sistema tenha diluído o extrato.

Outro fator importante para a escolha do sistema de membranas empregadas

na concentração do extrato é a restauração da permeabilidade hidráulica da

membrana que está diretamente relacionada com a vida útil das mesmas e

viabilidades operacional e econômica do processo.

A permeabilidade hidráulica da membrana não foi totalmente restaurada com

a etapa de limpeza (Figura 6.30) após o processamento, permanecendo com menos

de 40% do valor inicial; contudo este comportamento foi reversível. E, pelos dados

observados a restauração da permeabilidade não depende da quantidade de

processos de limpeza, mas sim parece estar relacionado à evaporação do etanol

presente no interior da membrana. Isto porque após dois meses sem uso, o sistema

foi lavado e a permeabilidade hidráulica restaurada em 100%, com um valor médio

de 13,2 L.h-1m-2bar-1.

Figura 6.30- Permeabilidade hidráulica da membrana de nanofiltração de poliamida antes e após o

processamento com extrato hidroetanólico.

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138

Diante dos resultados obtidos com as três membranas avaliadas, a osmose

inversa foi inviável para o extrato hidroetanólico e dentre as membranas de

nanofiltração a mais promissora foi a membrana polimérica (Figura 6.31).

Figura 6.31 – Comparativo entre os processos de nanofiltração com membranas cerâmica e

polimérica.

As características da membrana permitiram os maiores coeficientes de

retenção dos compostos bioativos avaliados e a restauração da sua permeabilidade

hidráulica viabilizou operacionalmente o processo.

Leidens (2011) verificou a influência negativa do teor de etanol sobre o fluxo

de permeado no processo de osmose inversa, sendo necessária a redução do teor

de etanol do extrato para que houvesse permeação. O estudo reológico do extrato

hidroetanólico VB utilizado nestes testes preliminares indicou ser este um fluído

pseudoplástico e mostrou também a diminuição da viscosidade aparente com o

aumento da temperatura (Higino, 2012). Então, diante destes estudos, um novo

teste de nanofiltração na membrana polimérica com o objetivo de aumentar o fluxo

de permeado foi conduzido, empregando o extrato obtido na melhor condição de

extração com o menor teor de etanol (30%) e temperatura do processo de

nanofiltração alterada de 20 para 40°C. A temperatu ra de 40° C foi escolhida por ser

inferior à temperatura máxima de trabalho da membrana (45° C) e também menor

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139

que a da extração 50° C, que aparentemente não prom overia perdas dos

compostos.

Figura 6.32 – Fluxo de permeado e fator de concentração volumétrica de extrato de bagaço de uva

contendo 30% de etanol submetido à nanofiltração a 40° C.

O aumento no fluxo médio de permeado foi significativo, passando de 1,85

para 14,5 L.h-1m-2 e acredita-se que a redução do teor de etanol no extrato tenha

sido mais preponderante que o aumento na temperatura sobre o fluxo de permeado.

Pois o fluxo médio a 20°C foi a metade do atingido a 40°C no ensaio de fluxo limite

(Figura 6.34Erro! Fonte de referência não encontrada. ). A redução no teor de

etanol foi eficiente e, o fluxo médio de permeado atingido com o extrato contendo

30% de etanol foi ainda superior aos fluxos médios de 5,9 e 9,5 L.h-1m-2, atingidos

por Xu e Wang (2005) nos processos de concentração por nanofiltração do extrato

aquoso de Ginkgo biloba a 35 e 40°C e mesma pressão de 12 bar aplicada ao

sistema.

O aumento no fator de concentração volumétrica foi possível pela alteração

do volume de alimentação de 6 para 19 litros, permitindo um volume final de retido

circulante superior ao volume morto do sistema. Como pode ser verificado na Figura

6.32, o fluxo de permeado ainda não havia atingido o equilíbrio e o processo poderia

ter continuidade desde que o volume de alimentação fosse maior. Com o fluxo de

permeado sete vezes maior, foi possível atingir 6,9 de fator de concentração

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140

volumétrica num período de tempo de processo mais curto, refletindo em maior

rendimento.

Ao considerar a concentração em massa dos compostos bioativos esta foi de

81 a 87% do valor esperado comparado à concentração volumétrica. O aumento na

temperatura de processo não alterou a seletividade da membrana para os

compostos avaliados, pois os coeficientes de retenção se mantiveram. O percentual

de antocianinas monoméricas no extrato concentrado foi de 80% para ambos os

extratos (Tabela 6.11).

Tabela 6.11 – Compostos bioativos e capacidade antioxidante in vitro nas frações de nanofiltração a

40° C de extrato de bagaço de uva contendo 30% de e tanol.

Análises Correntes

AA¹ FT² AT³ AM³

Alimentação 6,27 + 0,22 84,59 + 4,39 16,94 + 0,10 13,86 + 0,10

Permeado 0,17 + 0,01 2,95 + 0,06 nd nd

Retido 35,20 + 3,44 512,06 + 2,88 98,79 + 0,50 79,62 + 0,99

FCV 6,94

FC - analítico 5,62 6,05 5,83 5,75

¹ AA- atividade antioxidante expressa em µmol Trolox equivalente.g-¹ pelo método do ABTS; FT² - fenólicos totais expressos

em ácido gálico equivalente.100g-¹; ³ AT e AM – antocianinas totais e monoméricas – expressas em mg.malvidina-3,5-

diglic..100g-¹.

Ao avaliar as frações alimentação, verifica-se que a concentração dos

compostos fenólicos totais foi a mais afetada pela redução no teor de etanol de 70

para 30% na etapa de extração. Porém, é possível que este resultado também seja

decorrente da grande variabilidade da matriz utilizada. Vale lembrar que o bagaço

constituído de casca e semente basicamente, também apresenta resíduos de

engaço e como no presente trabalho optou-se por não secar e triturar o resíduo é

possível que em cada lote de extrato produzido o bagaço empregado apresentava

uma composição diferente em percentual destas frações e, como já mencionado

anteriormente a distribuição dos fenólicos também não é homogênea em todo o

vegetal.

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141

Mesmo partindo de um extrato menos concentrado, a fração retida contendo

30% de etanol apresentou-se similar à fração retida obtida com o extrato contendo

70% de etanol (Figura 6.33). Desta forma, foi possível manter a qualidade do

produto final com uma grande redução do etanol na etapa de extração e do tempo

de processo, que com certeza irão impactar diretamente no custo global de

obtenção do extrato concentrado.

Figura 6.33- Comparativo entre os retidos da nanofiltração dos extratos de bagaço de uva contendo

30 e 70% de etanol.

A redução do etanol no extrato foi extremamente positiva para o rendimento

do processo. No entanto, a determinação do fluxo limite é essencial para garantir

rendimento com economia energética. Os ensaios para a determinação do fluxo

limite foram conduzidos em três temperaturas empregando o extrato de bagaço de

uva Pinot Noir (VB) obtido com etanol aquoso 30%. Como esperado, o aumento da

temperatura influenciou positivamente o fluxo de permeado, contudo este efeito não

foi linear, como pode ser verificado na Figura 6.34.

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142

0 5 10 15 20 250

5

10

15

20

30°C40°C

20°C

Pressão aplicada ao sistema (bar)

Flu

xo d

e P

erm

eado

(L.

h-¹.

m²)

Figura 6.34 - Fluxo limite do extrato de bagaço de uva contendo 30% de etanol no processo de

nanofiltração.

Diante dos resultados deste ensaio, estabeleceu-se 40° C e pressão aplicada

ao sistema de 12 bar como as condições de processamento para a concentração

dos extratos hidroetanólicos obtidos de bagaço de uva

6.5.2. Concentração dos extratos industriais

Embora os parâmetros: solução de etanol contendo 70% de etanol, pH 4,0 e

razão solvente:substrato de 9:1, tenham sido responsáveis pelo máximo rendimento

na extração dos compostos bioativos, optou-se pela redução no teor de etanol de 70

para 30% para que a concentração destes extratos por nanofiltração fosse viável.

Assim, os processos de concentração por nanofiltração com membrana polimérica

de conformação espiral foram conduzidos com extratos contendo 30% de etanol, a

40° C, pressão aplicada ao sistema de 12 bar e vazã o de recirculação de 700L.h-1.

Os processos foram conduzidos em regime de batelada alimentada com

recolhimento da fração permeado.

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143

6.5.2.1. Extrato de bagaço de bagaço de uva Pinot Noir oriundo da

vinificação branca (VB)

Os extratos utilizados nos processos de concentração foram obtidos em

escala piloto em dias distintos, e para o primeiro processo a alimentação foi de 40,42

kg enquanto que na replicata o volume foi maior, 49,67 kg. Como os processos

foram conduzidos até se atingir um fator de concentração de aproximadamente 10, o

tempo de processamento em cada um dos ensaios variou (Figura 6.35).

Figura 6.35- Nanofiltração do extrato de bagaço de uva Pinot Noir (VB) contendo 30% de etanol.

O fator de concentração volumétrico foi de 10,2 e 10,7, respectivamente.

Ainda que o fluxo inicial de permeado tenha sido o mesmo (25 e 24 kg.h-1m-2), o

fluxo médio de permeado variou de 14,2 kg.h-1m-2 no primeiro ensaio para 9,6 kg.h-

1m-2 no segundo, sendo este dado reflexo da variação do tempo de processo e

volume de alimentação. Contudo estes valores são mais que o dobro do relatado

para extrato aquoso de erva mate, de 4,5 L.h-1m-2 (MURAKAMI et al., 2011) também

submetido a 12 bar de pressão, e que os 4,0 L.h-1m-2 obtido na concentração de

polifenóis de extrato hidroetanólico de própolis por nanofiltração a 50 bar

(TYLKOWSKI et al., 2010). Foi também um pouco acima dos 8,4 e 7,1 L.h-1m-2

obtidos com os extratos aquoso e etanólico de pequi para a concentração dos

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144

carotenoides por nanofiltração com membranas de poliamida a 25° C e 8 bar de

pressão (MACHADO et al., 2013).

Ainda que o fator de concentração volumétrica em ambos os ensaios tenha

sido similar, os compostos foram mais preservados no primeiro ensaio (Tabelas 6.12

e 6.13), muito provavelmente pelo menor tempo de processo e consequentemente

menor oxigenação e oxidação dos compostos. Entretanto, não foram verificadas

variações entre os ensaios nos coeficientes de retenção dos compostos bioativos e

atividade antioxidante, que ficaram acima de 99%. Assim pode-se inferir que houve

repetitividade nos processos, porém o tempo de processo é um fator a ser bem

considerado para se evitar perdas na bioatividade dos extratos concentrados.

Tabela 6.12 - Compostos bioativos e atividade antioxidante in vitro nas correntes da nanofiltração do

extrato de bagaço de uva Pinot Noir (VB) – Ensaio 1.

Correntes Análises

AA¹ (ABTS) AA¹ (ORAC) FT² AT² AM²

Alimentação 8,40 + 0,54 10,64 + 0,38 105,36 + 2,43 18,35 + 0,25 14,78 + 0,26

Permeado 0,26 + 0,01 0,46 + 0,05 2,96 + 0,04 nd nd

Retido 99,28 + 5,01 127,18 + 12,31 1.232,15 + 15,01 227,75 + 2,11 168,55 + 14,78

FCV 10,25

FC - analítico 10,49 11,95 11,69 12,41 11,16

¹ AA- atividade antioxidante expressa em µmol Trolox equivalente.g-¹ pelo método do ABTS e ORAC; FT² - fenólicos totais

expressos em ácido gálico equivalente.100g-¹; ³ AT e AM – antocianinas totais e monoméricas – expressas em mg.malvidina-

3,5-diglicosídeo.100g-¹.

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145

Tabela 6.13 - Compostos bioativos e atividade antioxidante in vitro nas correntes da nanofiltração do

extrato de bagaço de uva Pinot Noir (VB) – Ensaio 2.

Análises Correntes

AA¹ (ABTS) AA¹ (ORAC) FT² AT³ AM³

Alimentação 7,21 + 0,47 14,44 + 1,39 103,17 + 7,06 16,15 + 0,49 12,46 + 0,10

Permeado 0,28 + 0,02 1,26 + 0,10 3,42 + 0,02 nd Nd

Retido 63,27 + 3,16 111,43 + 6,94 996,84 + 14,30 154,15 + 5,29 117,50 + 5,56

FCV 10,74

FC - analítico 8,75 7,72 9,66 9,54 9,39

¹ AA- atividade antioxidante expressa em µmol Trolox equivalente.g-¹ pelo método do ABTS e ORAC; FT² - fenólicos totais

expressos em ácido gálico equivalente.100g-¹; ³ AT e AM – antocianinas totais e monoméricas – expressas em mg.malvidina-

3,5-diglic..100g-¹.

Os teores de antocianinas da fração retida estão muito acima do encontrado

em sucos de uva que variaram de 4,24 a 46,04 mg.100mL-1 (BURIN et al., 2010) e

mais de 10 vezes superior à concentração de antocianinas encontrada em 173

amostras de vinhos tinto (Merlot, Cabernet Sauvignon, Pinot Noir e Cabernet Franc)

avaliados entre as safras de 1995 a 2000; cujos teores variaram de 6,10 a 12,50

mg.100mL-1 (CLIFF et al., 2007). O teor de antocianinas totais do extrato

concentrado, em base seca, foi de 5,83 e 6,26 g.100g-1, acima dos teores

encontrados em oito diferentes extratos naturais comerciais cujos valores variaram

de 1,00 a 3,47 g.(100g)-1e, destes oito somente um não era de uva e foi o mais

concentrado (PRODANOV et al., 2005). Estes extratos comerciais líquidos eram

quase três vezes mais diluídos que a fração retida.

Embora outras fontes possam gerar extratos ainda mais concentrados, como

o extrato aquoso de casca de rabanete vermelho que, após a concentração por

processo integrado de osmose inversa e destilação osmótica, atingiu uma

concentração de 810 mg.100mL-1 (PATIL e RAGHAVARAO, 2007), ou ainda o

extrato de repolho roxo desalcolizado e concentrado por processos com membrana

de destilação osmótica, cuja concentração final foi de 485 mg.100mL-1 (PATIL et al.,

2009).

Lapornik et al. (2005) testaram alguns solventes para a extração de bagaço

de uva Pinot noir e os teores em fenólicos totais foram de 1.448,6 e 5.790,1 mg.L-1

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146

com etanol 70% após 12 e 24 horas de extração e com metanol 70% os valores

foram 2.025,5 e 6.782,8 mg.L-1. O emprego da extração etanólica seguida da

nanofiltração permitiu obter um extrato mais concentrado em fenólicos totais que o

extrato metanólico obtido por Lapornik et al. (2005) após 24 horas de extração,

tendo ainda mais amplo espectro de aplicação devido a baixa toxicidade do etanol.

O teor de compostos fenólicos totais da alimentação foi de 25,50 e 23,38

g.100g-1 (base seca) e 31,55 e 40,48 g.100g-1 na fração retida (base seca), valores

muito acima do observado por Negro et al. (2003) para os extratos hidroetanólicos

de bagaço (1,40 g.100g-1), semente (2,68 g.100g-1) e casca (1,11 a g.100g-1) de uva

Negro amaro, os quais, diluídos a 160 ppm apresentaram atividade antioxidante

similar ao BHT. Embora o método empregado por Katalínic et al. (2010) seja o

FRAP, este também baseia-se na transferência de elétrons, e ao avaliarem 14

extratos de bagaço de uvas viníferas tintas e brancas quanto à atividade

antioxidante, os valores variaram de 1,46 a 16,5 mM de trolox equivalente, no

mínimo quatro vezes inferior às frações de retido, aproximadamente 66,3 e 99,3 mM

trolox equivalente. Então, é possível inferir que os extratos obtidos podem ser

potentes antioxidantes naturais. Porém os estudos de estabilidade, aplicabilidade e

toxicidade são indispensáveis antes de se assumir que os extratos sejam

alternativas seguras e eficazes aos antioxidantes ou corantes artificiais, ainda que

provenientes de fontes naturais. Buchweitz et al. (2013) conseguiram uma boa

estabilidade com os extratos de repolho vermelho, cenoura roxa e sabugueiro cujas

antocianinas estão na forma de íon férrico quelato, usados como corantes em géis

de gelatina e a base de polissacarídeos, contudo as proteínas parecem estabilizar

mais os corantes que os polissacarídeos. Outra possibilidade de aumentar a

estabilidade é a remoção da água e microencapsulação dos bioativos por spray,

uma vez que a microcápsula formada pode protegê-los da ação danosa do oxigênio

e luz.

Assim como verificado para os extratos de uva Pinot Noir em diferentes

solventes (LAPORNIK et al., 2005), nos extratos de casca, bagaço e semente de

uva (KATALINÍC et al., 2010), a capacidade antioxidante das frações medida pelas

duas metodologias apresentou forte correlação de Pearson com os teores de

antocianinas totais, antocianinas monoméricas e fenólicos totais, com rPearson de no

mínimo 0,98 (Figura 6.36). Portanto, embora possam existir outras classes de

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147

compostos que contribuam para a capacidade antioxidante dos extratos, esta

depende quase que exclusivamente da concentração dos compostos bioativos

avaliados.

0 20 40 60 80 1000

500

1000

1500ATAMFT

ABTS0 50 100 150

0

500

1000

1500ATAMFT

ORAC

Figura 6.36- Correlação de Pearson entre a atividade medida em ABTS e ORAC e os compostos

bioativos

Na uva (gênero Vitis) os principais tipos de antocianinas presentes são cinco

das seis mais comumente encontradas em alimentos, sendo elas: delfinidina,

cianidina, peonidina, petunidina e malvidina. Contudo o perfil irá variar com as

espécies e variedade. Mazza et al. (1999) avaliou o perfil das antocianinas presentes

nos vinhos das variedades Merlot, Pinot Noir e Cabernet Franc, todas da espécie

Vitis vinífera, identificando cinco antocianinas majoritárias que corresponderam a no

mínimo 71% das antocianinas presentes sendo elas em ordem de eluição :

delfinidina-3-glicosídica, cianidina-3-glicosídica, petunidina-3-glicosídica, peonidina-

3-glicosídica e malvidina-3-glicosídica. Da mesma forma, Núñez et al. (2004)

avaliaram outras variedades de Vitis vinífera (Cabernet Sauvignon, Tempranilo e

Graciano), identificando as mesmas antocianinas monoglicosiladas observadas por

Mazza et al. (1999) e na mesma sequência de eluição, corroborando com os dados

da literatura que indicam somente antocianinas monoglicosiladas para as uvas Vitis

vinífera.

Os extratos hidroetanólicos de bagaço de uva Pinot Noir foram avaliados por

cromatografia líquida de alta eficiência e os cromatogramas obtidos foram avaliados

e comparados com o cromatograma de jabuticaba cujas duas antocianinas já

haviam sido identificadas nas mesmas condições pelo laboratório de cromatografia

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148

líquida de alta eficiência da Embrapa Agroindústria de Alimentos e confirmadas por

comparação (BRITO et al., 2007, LEITE-LEGATTI et al., 2012). Pela igualdade entre

o tempo de retenção (Figura 6.37) e o perfil espectral dos picos (Figura 6.38), estes

correspondem à delfinidina-3-glicosídica e cianidina-3-glicosídica, estando de acordo

com os dados da literatura para a uva Pinot Noir (MAZZA et al., 1999).

AU

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

Minutes2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00

Figura 6.37 – Cromatogramas sobrepostos da fração retida de VB (preto) e de jabuticaba (vermelho).

AU

-0,002

0,000

0,002

0,004

0,006

0,008

0,010

0,012

0,014

nm250,00 300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00

274,8

371,2

520,1

594,6

AU

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

nm250,00 300,00 350,00 400,00 450,00 500,00 550,00

279,5

515,3

Figura 6.38 – Espectros de absorção no visível de delfinidina-3-glicosídeo (1) e cianidina-3-glicosídeo

(2).

Sugere-se ainda, que os picos 3, 4 e 5 possam corresponder à petunidina-3-

glicosídica, peonidina-3-glicosídica e malvidina-3-glicosídica, respectivamente, pois

este seria a ordem de eluição das antocianinas de uva Pinot Noir, como verificado

por Mazza et al. (1999) em condições similares ao do presente trabalho. Outros

trabalhos da literatura com uva Pinot Noir também encontraram esta mesma

sequência de eluição das antocianinas sendo a malvidina-3-glicosídeo a majoritária

2 1

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149

com mais de 50% do total de antocianinas (LEE e MARTIN, 2009; LEE e

RENNAKER, 2011; LEE e SKINKIS, 2013). Nas frações alimentação e retido, o pico

5 apresentou um percentual de cerca de 50% das antocianinas majoritárias,

corroborando para a suspeita deste pico ser correspondente à malvidina-3-

glicosídeo (Tabela 6.14).

Tabela 6.14- Área média dos picos dos cromatogramas das frações alimentação e retido dos

processos com extratos VB.

Picos correntes

Alimentação Área dos picos

(µV.seg-1) %

Retido Área dos picos

(µV.seg-1) % FC

1 (delfinidina-3-glicosídeo)

496.813 18,13 5.843.274 17,92 11,76

2 (cianidina-3-glicosídeo

81.122 2,96 838.652 2,57 10,34

3 630.317 23,00 7.505.665 23,02 11,91

4 165.940 6,06 1.938.043 5,94 11,68

5 1.366.209 49,85 16.479.685 50,54 12,06

Como as duas primeiras antocianinas foram identificadas como sendo a

delfinidina-3-glicosídeo e a cianidina 3-glicosídeo, respectivamente, e a coluna

utilizada foi a de fase reversa, não seria possível que as subsequentes fossem de

antocianinas diglicosiladas, pois teriam mais hidroxilas livres e, portanto, com mais

afinidade pela fase móvel. Como na literatura as antocianinas de Pinot Noir

apresentam o mesmo açúcar, a afinidade delas pelas fase móvel e estacionária está

relacionada ao número de hidroxilas livres da aglicona, ou seja, o maior número de

hidroxilas livres confere maior polaridade e afinidade com a fase móvel (CANUTO,

2011), eluindo mais rapidamente e por outro lado a presença de metilas confere

maior afinidade pela fase estacionária (coluna) que por ser de fase reversa

apresenta grupos apolares (Figura 6.39). Assim, sugere-se que a sequência de

eluição seja: delfinidina, cianidina, petunidina, peonidina e malvidina,

respectivamente. Entretanto, a identificação precisa dos demais picos pode ser

realizada com a injeção dos padrões das antocianinas suspeitas quer seja

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150

adicionados na amostra ou injetados isoladamente; ou ainda a análise por

cromatografia líquida acoplada à espectroscopia de massa.

Figura 6.39- Estrutura química das antocianidinas encontradas Pinot Noir.

Os cromatogramas apresentados na Figura 6.40 indicam que não houve

alteração no perfil cromatográfico entre as correntes alimentação e retido. Porém, a

intensidade do sinal aumentou em torno de 10 vezes, correspondendo à

concentração das antocianinas. Como esperado, não foram identificadas

antocianinas na fração de permeado. A contribuição percentual das antocianinas

majoritárias está apresentada na Tabela 6.14, porém para a determinação da

concentração de cada uma das antocianinas seria necessária a confirmação da

identificação de todos os picos previamente. A quantificação é realizada

empregando as curvas de calibração de cada uma das antocianinas, já que a

intensidade do sinal percebido está relacionada com as características de

absortividade molar de cada analito.

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151

Alimentação AU

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0,080

0,090

Minutes2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00

Retido

AU

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

Minutes2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00

Permeado

AU

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

Minutes2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00

Figura 6.40 – Cromatogramas das frações da nanofiltração de extrato hidroetanólico de bagaço de

uva Pinot Noir (VB).

Além da capacidade antioxidante e compostos fenólicos, as características

fisico-químicas das frações também foram avaliadas e como pode ser conferido na

Tabela 6.15, a concentração em sólidos totais foi bem diferente entre os processos

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152

(9,2 e 5,6 vezes) e, provavelmente, não é consequência das variações inerentes ao

bagaço, já que as frações alimentação apresentaram teores similares (0,42 e 0,44).

Observou-se uma concentração em ácidos livres na fração retida,

provavelmente referente aos ácidos fenólicos extraídos do bagaço. Porém a

concentração em massa foi de aproximadamente 6 enquanto que volumétrica foi de

10.

Tabela 6.15 – Características físico-químicas das frações da nanofiltração.

Análises Correntes Acidez¹ pH Sólidos totais²

Pro

cess

o 1

Alimentação 0,11 + 0,00b 3,96 + 0,01b 0,42 + 0,01b

Permeado 0,06 + 0,00c 4,11 + 0,00a 0,14 + 0,01c

Retido 0,68 + 0,01a 3,67 + 0,01c 3,91 + 0,11a

Pro

cess

o 2

Alimentação 0,10 + 0,00b 3,75 + 0,04 0,44 + 0,02b

Permeado 0,06 + 0,00c 3,82 + 0,02 0,15 + 0,01c

Retido 0,58 + 0,00a 3,35 + 0,01 2,46 + 0,11a

¹ valores expressos em ácido tartárico equivalente g.100g-¹; ² sólidos totais expressos em g.100g-¹. Letras diferentes nas

colunas indica diferença significativa com intervalo de confiança de 95% (LSD).

O teor de etanol também foi quantificado, porém em apenas um ensaio e

revelou a não seletividade da membrana por etanol, pois os teores nas frações

alimentação, permeado e retido foram de 25, 26 e 22%, respectivamente. Diante

deste dado, das características físico-químicas e da aparência límpida da fração

permeada, sugere-se a reintrodução desta fração na etapa de extração, pois a

concentração de 40 litros de extrato a um fator de concentração volumétrica de 10,

gera 36 litros de permeado. Assim, considerando um fluxo contínuo de extração e

concentração para cada nova extração de 100 kg de bagaço, os 810 litros de

permeado recuperados iriam compor os 900 litros necessários para a extração

seguinte, necessitando apenas da adição de 67,5 litros de etanol e não mais os 270

litros necessários para a elaboração da solução extratora, além da economia de

água. Consegue-se desta forma a integração dos processos de extração e

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153

concentração, tornando o aproveitamento desse resíduo ainda mais sustentável

econômica e ambientalmente (Figura 6.41).

-

Figura 6.41 - Fluxo de processo e aproveitamento sugerido para a fração de permeado.

6.5.2.2. Extrato hidroetanólico de bagaço de uva branca Chardonnay

submetido à vinificação tinta

Os processos de concentração por nanofiltração conduzidos em duplicata

apresentaram o mesmo comportamento (Figura 6.42) com fluxo médio de permeado

de 16,7 e 18,2 kg.h-1m-2, valores superiores aos observados com o extrato de Pinot

Noir, muito provavelmente pela diluição adicional da alimentação pelo volume morto

do sistema, pois nos processos com extratos contendo antocianinas era possível

descartar o volume morto. O rendimento do processo, traduzido em fluxo de

permeado, foi excelente se comparado à concentração de extrato desalcolizado de

bagaço de uva por ultrafiltração em membranas de 10 kDa (1,2 L.h-1.m-2), 30 kDa

(4,5 L.h-1.m-2) e 50 kDa (11,8 L.h-1.m-2) observado por Leidens (2011). O fluxo foi

ainda melhor que o observado na nanofiltração de suco de açaí clarificado, 12 L.h-

1.m-2, empregando a membrana MPF 36 (Koch Membrane Systems) com massa

molar de corte de 1 kDa e pressão de 15 bar e, quase cinco vezes inferior aos 93

L.h-1.m-2, atingido como o mesmo suco clarificado em membrana composta NF270

(Down/ Filmtec) também com a pressão de 15 bar (COUTO et al., 2011).

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154

Figura 6.42 - Nanofiltração do extrato de bagaço de uva Chardonnay contendo 30% de etanol.

A redução do fluxo de permeado ao longo do tempo é esperada e está

associada à concentração dos sólidos na fração alimentação (Figura 6.43). Este

mesmo comportamento foi verificado por Díaz-Reinoso et al.(2009) nas membranas

de ultra e nanofiltração utilizadas para a concentração de extrato aquoso de bagaço

de uva. Esta relação fica evidente nos processos com polpas de frutas, nas quais os

teores de sólidos (solúveis e totais) é maior, como verificado por Cassano et al.

(2008) com a ultrafiltração do suco de kiwi para a recuperação dos compostos

bioativos.

Figura 6.43- Fluxo de permeado em função da concentração volumétrica.

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155

O volume de alimentação dos dois processos foi diferente, 43,9 kg e 42,1 kg

de extrato e, embora o final do processo tivesse sido, à priori, estabelecido fixando-

se o fator de concentração volumétrica, estes foram 12,9 e 15,5, respectivamente,

isso porque nos sete minutos finais a concentração foi muito rápida passando de 7,8

para os 15,5 (Figura 6.44). Esta concentração elevada associada à manutenção de

um bom fluxo de permeado é atingida com soluções cujos teores de sólidos totais é

baixo, em extratos aquosos ou hidroetanólicos, o que não ocorre com polpas e

sucos de frutas os efeitos de fouling e polarização da concentração dificultam a

permeação e até a impedem.

Figura 6.44 – Concentração dos extratos durante o processamento.

Os coeficientes de retenção para os compostos fenólicos e capacidade

antioxidante mensurada pelos métodos ABTS e ORAC foram, em média, de 99%

(Figura 6.45), similares aos observados com o extrato de bagaço de uva Pinot Noir.

Foram também compatíveis com os observados para carotenoides e fenólicos de

extrato aquoso de pequi e maiores que os 10 e 15% de retenção quando o extrato

de pequi continha 95% de etanol (MACHADO et al., 2013). Isto videncia que a

redução no teor de etanol também pode atuar sobre a qualidade do produto final e

não somente no rendimento. Os solventes podem reagir com as membranas

poliméricas ocasionando inchaço, plastificação ou ainda a dissolução do polímero e

essas interações podem comprometer a integridade ou ainda alterar as propriedades

de permeação/rejeição, resistência das membranas. A solubilidade, constante

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156

dielétrica, viscosidade, tensão superficial e massa molar do solvente são

características relacionadas aos efeitos mencionados acima (TSUI e CHERYAN,

2004).

Figura 6.45- Coeficientes de retenção para o extrato hidroetanólico de bagaço de uva Chardonnay.

A concentração dos fenólicos totais da fração alimentação em base seca

(111,20 e 124,87 mg.g-1) foi elevada ao comparar com as concentrações dos

extratos de uva obtidos com extração subcrítica aquosa (52,3 mg.g-1) e com água

sulfurada (62,3 mg.g-1), não obstante, a capacidade antioxidante medida em ORAC

foi menor (JU e HOWARD, 2005), provavelmente pelas antocianinas presentes

nestes extratos. Os teores de fenólicos totais da alimentação estão acima do obtido

com o extrato aquoso obtido com a uva Chardonnay inteira que foi de 218 mg.L-1 e

das demais variedades brancas avaliadas (máximo de 272 mg.L-1), contudo nas

variedades tintas os fenólicos variaram de 497 a 1215 mg.L-1 (MEYER et al., 1997) e

neste caso a fração retida apresentou-se mais concentrada (Tabela 6.16).

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157

Tabela 6.16 – Compostos bioativos e atividade antioxidante in vitro das correntes da nanofiltração do

extrato de bagaço de uva Chardonnay (VT).

Análises Correntes

Processo 1 Processo 2

AA¹ AA¹* FT² AA¹ AA¹* FT²

Alimentação 3,50 + 0,07 4,46 + 0,22 43,93 +

1,10 3,67 + 0,10 4,88 + 0,01

43,93 + 0,99

Permeado 0,34 + 0,03 0,38 + 0,38 4,19 + 0,31 0,19 + 0,06 0,53 + 0,03 2,30 + 0,18

Retido 37,64 + 0,46 47,87 +

2,31 415,34 +

20,26 40,43 +

1,69 43,20 +

3,61 421,17 +

3,54

FCV 12,90 15,54

FC - analítico

10,56 10,72 9,46 11,03 8,85 9,59

¹ AA- atividade antioxidante expressa em µmol Trolox equivalente.g-¹ pelo método do ABTS e ¹* atividade antioxidante medida

pelo método ORAC; FT² - fenólicos totais expressos em ácido gálico equivalente.100g-¹

A concentração dos compostos em massa não variou na mesma proporção

que a concentração volumétrica e diferente do que ocorreu com os processos de

extrato de Pinot Noir (VB) o tempo de processo foi muito próximo entre as replicatas,

assim é possível que exista um ponto de concentração a partir do qual não seja mais

possível a concentração em massa, apenas volumétrica. Os dados em base seca

indicam que a concentração média variou de 40 a 60% para os parâmetros

avaliados.

De um modo geral a capacidade antioxidante medida pela metodologia que

envolve transferência de hidrogênio (ORAC) foi um pouco superior que a lida em

ABTS, corroborando para a importância da quantificação por mais de uma

metodologia, pois principalmente os extratos naturais apresentam grande

variabilidade de classes e consequentemente diversos mecanismos e ainda a

possibilidade de sinergismos ou antagonismos. A correlação de Pearson entre as

concentrações de fenólicos totais e capacidade antioxidante, foi significativa com

rPearson > 0,99.

Assim como na concentração de fenólicos em massa, a concentração dos

sólidos totais e da acidez titulável total (Tabela 6.17) foram quase a metade da

volumétrica.

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158

Tabela 6.17 – Características físico-químicas das frações da nanofiltração de extrato hidroetanólico

de uva Chardonnay (VT).

Análises Correntes Acidez¹ pH Sólidos totais²

Pro

cess

o 1

Alimentação 0,10 + 0,01b 3,80 + 0,01b 0,40 + 0,02b

Permeado 0,06 + 0,01c 4,07 + 0,01a 0,16 + 0,00c

Retido 0,49 + 0,00a 3,56 + 0,01c 2,89 + 0,04a

Pro

cess

o 2

Alimentação 0,12 + 0,00b 4,03 + 0,01b 0,35 + 0,00b

Permeado 0,05 + 0,00c 4,36 + 0,02a 0,16 + 0,01c

Retido 0,57 + 0,03a 3,79 + 0,00c 2,15 + 0,04a

¹ valores expressos em ácido tartárico equivalente g.100g-¹; ² sólidos totais expressos em g.100g-¹. Letras diferentes na

mesma coluna indicam diferença significativa com intervalo de confiança de 95%, por Fisher (LSD).

As características físico-químicas da fração permeado, límpida, transparente

e o baixo teor de sólidos e pH próximo ao da solução de extração, permitem que o

seu aproveitamento como o da mesma fração obtida com o extrato de uva Pinot

Noir.

6.5.2.3. Extrato hidroetanólico de bagaço de uva tinta Isabel oriundo da

fabricação de suco de uva.

Os processos de concentração por nanofiltração foram realizados em regime

de batelada alimentada, a 40° C, pressão aplicada a o sistema de 12 bar até se

atingir o fator de concentração volumétrica de aproximadamente 10, com volume

total de alimentação de 41,5 e 49,3 kg. O fluxo médio de permeado foi de 14,7 e 8,9

kg.h-1m-2 nos processos 1 e 2, respectivamente (Figura 6.46). Este comportamento

também foi verificado com o extrato de uva Pinot Noir (VB). Em ambos o segundo

ensaio foi conduzido com maior volume de alimentação, o que requereu maior

tempo de processo para se atingir o mesmo fator de concentração volumétrica e

como o fluxo de permeado continuou decaindo a média final foi menor. No entanto,

diferente do ocorrido com o extrato de Pinot Noir (VB), a permeabilidade hidráulica

inicial foi 15% inferior no segundo ensaio, e não foi restaurada até o valor de 9,3 L.h-

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159

1.m-2.bar-1, mesmo realizando mais de uma etapa de limpeza. Assim é provável que

estes dois fatores tenham contribuído para a diferença no fluxo médio entre eles.

Figura 6.46 - Nanofiltração do extrato de bagaço de uva Isabel.

As características do material a ser processado, das membranas e condições

do processamento como temperatura, pressão e vazão de recirculação afetam o

fluxo de permeado, pois embora a presença de solventes na alimentação implique

na redução do fluxo de permeado e até altere o coeficiente de retenção. O fluxo

médio obtido neste trabalho com o extrato contendo 30% de etanol foi muito maior

que o atingido com extrato aquoso de erva mate nas mesmas condições

(MURAKAMI et al., 2011), ou na concentração de polifenóis de extrato hidroetanólico

de própolis por nanofiltração a 50 bar (TYLKOWSKI et al., 2010) e ainda similar aos

11,8 L.h-1.m-2 atingido na ultrafiltração de extrato de uva com apenas 2% de etanol

50 kDa (LEIDENS, 2011) e ao fluxo da nanofiltração de suco de açaí clarificado com

a membrana MPF 36 (Koch membrane systems) porém com pressão aplicada de 15

bar (COUTO et al., 2011).

Os coeficientes de retenção foram acima de 99% (Figura 6.47) e similares aos

observados com os outros dois extratos, confirmando que o teor de etanol presente

no extrato não comprometeu a integridade da membrana e nem afetou suas

propriedades. Entretanto, a composição da membrana e a sua massa molar de corte

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160

e as características das moléculas de interesse variam e o coeficiente de retenção é

uma consequência destes fatores. A retenção de flavonoides totais, antocianinas e

açúcares de resíduo líquido da indústria de laranja variou entre as membranas

testadas e entre as classes de compostos (CONIDI et al., 2012). As menores

retenções foram observadas para os açúcares, como esperado, pelo peso

molecular. As antocianinas pertencem ao grupo dos flavonoides, os quais

apresentam o núcleo flavano em comum, cuja conformação estrutural da molécula

facilita a retenção. Os autores quantificaram tanto os flavonoides totais quanto as

antocianinas e, verificaram que os maiores coeficientes de retenção em todas as

membranas foram observados para as antocianinas. Tal fato foi relacionado à

deficiência de elétrons das antocianinas gerar uma repulsão eletrostática, já que em

pH 3,0 as membranas utilizadas apresentaram potencial de 1mV.

Figura 6.47 – Coeficientes de retenção para o extrato hidroetanólico do bagaço de uva Isabel.

Os teores de antocianinas e fenólicos totais das correntes de alimentação

(Tabela 6.18 e Tabela 6.19) foram menores que 82,15 mg.100g-1 e 196, 83 mg.

100g-1 de antocianinas e fenólicos totais, respectivamente, encontrados nos extratos

de casca de uva Isabel obtidos com acetona 75% (SOARES et al., 2007). Entretanto

em base seca, observa-se o oposto e, as frações de alimentação dos processos 1 e

2 apresentam teores 20 vezes maiores que os teores de antocianinas e fenólicos

dos mesmos extratos obtidos com acetona 75%.

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161

Tabela 6.18 - Compostos bioativos e atividade antioxidante in vitro das correntes da nanofiltração do

extrato de bagaço de uva Isabel (SU) – Processo 1.

Análises Correntes

AA¹ (ABTS) AA¹ (ORAC) FT² AT³ AM³

Alimentação 4,32 + 0,13 5,50 + 0,25 66,94 + 3,28 13,75 + 0,13 11,01 + 0,07

Permeado 0,92 + 0,36 0,42 + 0,01 2,10 + 0,31 nd nd

Retido 49,01 + 6,72 62,07 + 4,71 702,12 + 30,35 154,18+ 4,19 120,83 + 4,11

FCV 10,14

FC - analítico 11,34 11,28 10,49 11,32 10,98

¹ AA- atividade antioxidante expressa em µmol Trolox equivalente.g-¹ pelo método do ABTS e ORAC; FT² - fenólicos totais

expressos em ácido gálico equivalente.100g-¹; ³ AT e AM – antocianinas totais e monoméricas – expressas em mg.malvidina-

3,5-diglicosídeo.100g-¹.

Tabela 6.19 -- Compostos bioativos e atividade antioxidante in vitro das correntes da nanofiltração do

extrato de bagaço de uva Isabel (SU) – Processo 2.

Análises Correntes

AA¹ (ABTS) AA¹ (ORAC) FT² AT³ AM³

Alimentação 6,13 + 0,41 7,25 + 0,43 79,90 + 1,15 14,60 + 0,14 11,55 + 0,10

Permeado 0,11 + 0,00 0,40 + 0,06 2,72 + 0,02 nd nd

Retido 64,42 + 1,33 77,40 + 4,64 886,73 + 43,90 166,29 + 1,06 117,50 + 5,56

FCV 10,47

FC - analítico 10,51 10,62 11,10 11,39 11,04

¹ AA- atividade antioxidante expressa em µmol Trolox equivalente.g-¹ pelo método do ABTS e ORAC; FT² - fenólicos totais

expressos em ácido gálico equivalente.100g-¹; ³ AT e AM – antocianinas totais e monoméricas – expressas em mg.malvidina-

3,5-diglicosídeo.100g-¹.

Dentre os extratos da casca das cultivares Pinot Noir, Isabel, Sangiovese,

Negro Amaro, Cabernet Sauvignon e Primitivo, os maiores teores, em base seca, de

fenólicos totais (1,84 g.100g-1) e atividade antioxidante medida em DPPH (3,64 mmol

Trolox.100g-1) foram encontrados no extrato de Isabel (ROCKENBACH et al., 2011),

porém ainda inferiores ao das frações alimentação. No presente trabalho, os

extratos de bagaço de uva Pinot Noir (VB) apresentaram os maiores teores de

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162

fenólicos e antocianinas e, também foram antioxidantes mais potentes dentre os três

extratos avaliados, contrariando o observado por Rockenbach et al. (2011),

evidenciando a forte influência da variedade e dos processos aos quais as uvas

foram submetidas até a obtenção do bagaço. No processamento do suco, o bagaço

segue para os tratamentos enzimático e térmico enquanto que na vinificação branca

o mesmo é removido logo após o esmagamento mantendo-se muito mais íntegro.

A concentração em massa das antocianinas foi próxima a da concentração

volumétrica, porém os valores foram abaixo dos 485 mg.100g-1 atingido por Patil et

al. (2009) com os processos de desalcolização e concentração do extrato de casca

de rabanete empregando membrana de destilação osmótica. As frações de retido

apresentaram, em base seca, teores de antocianinas totais de 6,68 e 5,32 g.100g-1

superior aos teores 3,47 e 2,11 g.100g-1, em base seca, encontrados nos corantes

comerciais de sabugueiro (Sambus nigra L.) e de uva vinífera, respectivamente.

(PRODANOV et al., 2005).

Os teores em compostos fenólicos totais da fração retida foram quase metade

dos 14,80 mg.mL-1 conseguido por Mardigan et al. (2009) com a extração do bagaço

seco e triturado de uva Isabel com etanol 96% por 48 horas e concentrado quase 10

vezes em estufa com circulação de ar, o qual mostrou ação antibacteriana sobre as

bactérias ácido-láticas em salsichas. Por outro lado, a fração retida mostrou-se de 3

vezes mais concentrada em fenólicos que os extratos metanólicos de casca de uva

Isabel obtidos por Soares et al. (2007) e por dos Santos (2009). Esta mesma fração

retida apresentou de cinco a oito vezes mais fenólicos, em base seca, que os

extratos de 17 variedades de uvas testadas por Iacopini et al. (2008), cujos teores,

em base seca, variaram de 37,70 a 53,04 mg.g-1.

A capacidade antioxidante das frações alimentação e retido foram maiores

quando lidas pelo método ORAC, da mesma forma que nos demais extratos

avaliados neste trabalho, sugerindo mecanismos distintos de atividade antioxidante

pelos compostos presentes no extrato. Os extratos analíticos de bagaço e casca de

uva Isabel apresentaram, respectivamente, atividade antioxidante em DPPH média

de 17,06 e 14,63 mM de Trolox equivalente, superiores aos extratos utilizados como

alimentação, cujos valores médios foram de 5,23 e 6,37 mM de Trolox equivalente

medidos em ORAC e ABTS. A nanofiltração, por sua vez, foi eficiente na

concentração dos compostos bioativos atingindo valores de 3,3 a 4,7 vezes

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163

superiores. Por outro lado, os extratos metanólicos acidificados de casca de seis

cultivares brasileiras apresentaram uma média de 2.076 µmol Trolox.100g-1 (base

seca) e 3,640 µmol Trolox.100g-1 (base seca) para o extrato de uva Isabel, valores

bem inferiores aos atingidos neste trabalho com o bagaço de uva Isabel, antes e

após a nanofiltração.

Os dados de atividade antioxidante quantificados pelas duas metodologias

apresentaram ótima correlação com os fenólicos e antocianinas,com valores de

rPearson > 0,99 para um intervalo de confiança de 95%. Estes resultados foram

similares aos observados com os outros extratos, comprovando a importância dos

fenólicos da uva para a capacidade antioxidante.

As frações foram ainda avaliadas quanto ao pH, acidez titulável e sólidos

totais (Tabela 6.20) e como verificado nos processos dos outros extratos, a fração

permeada mostrou-se límpida e passível de ser reaproveitada.

Tabela 6.20- Características físico-químicas das frações da nanofiltração de extrato hidroetanólico de

uva Isabel (SU).

Análises Correntes Acidez¹ pH Sólidos totais²

Pro

cess

o 1

Alimentação 0,10 + 0,01b 3,89 + 0,01b 0,32 + 0,04b

Permeado 0,06 + 0,01c 4,07 + 0,01a 0,08 + 0,01c

Retido 0,49 + 0,00a 3,58 + 0,01c 2,32 + 0,10a

Pro

cess

o 2

Alimentação 0,09 + 0,00b 3,72 + 0,01b 0,35 + 0,03b

Permeado 0,05 + 0,00c 3,79 + 0,02a 0,10 + 0,00c

Retido 0,71 + 0,03a 3,10 + 0,00c 3,13 + 0,15a

¹ valores expressos em ácido tartárico equivalente g.100g-¹; ² sólidos totais expressos em g.100g-¹. Letras diferentes na

mesma coluna indicam diferença significativa com intervalo de confiança de 95%, por Fisher (LSD).

Assim da mesma forma que nos demais extratos, sugere-se o aproveitamento

da fração permeado na etapa de extração, sendo proposto o diagrama de processos

ilustrado na Figura 6.48 para o aproveitamento máximo do resíduo.

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164

Figura 6.48 – Diagrama de processos sugerido para o máximo aproveitamento do bagaço e redução

real do resíduo sólido.

6.6. SECAGEM E MICROENCAPSULAÇÃO DOS EXTRATOS

CONCENTRADOS NA NANOFILTRAÇÃO E SEM ETANOL POR SPRAY

DRYING

A microencapsulação vem sendo largamente avaliada e testada para os

compostos bioativos, como os compostos fenólicos, devido aos ganhos efetivos com

a estabilidade, aumento da meia-vida, redução dos sabores desagradáveis quando

comparado ao uso dos mesmos compostos na forma livre. Contudo, devido aos

riscos de inflamabilidade, evita-se usar extratos contendo solventes. Assim, o etanol

presente nos extratos concentrados pela nanofiltração, cerca de 25% já que a

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165

membrana utilizada não era seletiva, teve de ser removido antes da

microencapsulação. Um ensaio piloto com um sistema de pervaporação foi

conduzido com o intuito de além de remover, recuperar o etanol presente. Porém, o

fluxo médio de permeado foi extremamente baixo (5,3 x10-3 kg.h-1m-2), o que poderia

acarretar grandes perdas para a capacidade antioxidante pelo longo tempo de

processo e oxidação ao qual o extrato seria submetido. Assim, optou-se por remover

o etanol em rotaevaporador de bancada, até que a massa do extrato fosse reduzida

em aproximadamente 30%.

No presente trabalho, o único material de parede testado foi a maltodextrina

MOR-REX 1910® com dextrose equivalente de 10, que foi adicionada aos extratos

desalcoolizados até se atingir um teor de sólidos solúveis de aproximadamente 20°

Brix, lidos em refratômetro de campo. A maltodextrina empregada no estudo foi a

mesma utilizada por Fang e Bhandari (2011) para a encapsulação de suco de

bayberry, que permitiu a retenção de 96% dos fenólicos e 94% das antocianinas

totais. O teor de material de parede adicionado baseou-se na microencapsulação de

antocianinas presentes no extrato de hibisco (Hibiscus sabdariffa L) realizada por

Idham et al. (2012).

No equipamento utilizado neste trabalho, a temperatura de saída é

monitorada e dependente da vazão de alimentação e do equilíbrio termodinâmico, e

para que não ultrapassasse 90°C as vazões foram aju stadas ao longo do processo e

os valores médios foram de 1086,5; 973,4 e 1040,3 g.h-1 para os ensaios com os

extratos de uva Pinot Noir (VB), Chardonnay (VT) e Isabel (SU), respectivamente.

Embora alguns estudos tenham apontado maiores perdas de antocianinas com

temperaturas acima de 160-180°C (ERSUS e YURDAGEL, 2007; SILVA et al.,

2013), é provável que a temperatura de saída acima de 100°C, em conjunto com a

temperatura de entrada acima de 160°C, seja mais preponderante para a

instabilidade das antocianinas que somente a temperatura de entrada.

As massas de extrato alimentadas no sistema foram de 416, 391 e 422 g para

os processos com os extratos VB, VT e SU, respectivamente, e o pó recuperado

correspondeu a 94, 84 e 91% da massa inicial em base seca.

Todos os pós obtidos apresentaram ótimos ajustes aos modelos BET e GAB,

com R² acima de 0,99 (tabela 6.21). Os valores da umidade na monocamada (Xm)

variaram de 3,7 a 7,4%, estando estes teores de acordo com os dados da literatura

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166

para a matlodextrina DE 10 pura (PÉREZ-ALONSO et al., 2006). Os pós de extrato

de própolis obtidos por spray-dryer apresentaram teores de umidade na monocamda

(Xm) que variaram de 4,5 a 5,2% (DA SILVA et al., 2013), valores similares aos

observados neste trabalho. A determinação da umidade da monocamada é de

grande interesse por indicar a quantidade de água fortemente adsorvida em sítios

específicos, sendo esta a condição de maior estabilidade do produto.

Tabela 6.21 – Coeficientes dos ajustes das isotermas segundo os modelos de BET e GAB.

GAB BET

VB VT SU VB VT SU

Xm 0,056 0,074 0,238 0,037 0,059 0,054

K 0,873 0,857 0,658 2,757 1,646 1,389

C 1,683 1,249 0,457 -

N

14,615 27,45 9,86

R² 0,999 0,998 0,995 1,000 0,999 0,996

O modelo de BET permitiu uma maior homogeneidade nos valores da

umidade da monocamada. Os ajustes dos dados experimentais por ambos os

modelos empregados foram similares até se atingir uma aw de 0,43, mas o melhor

ajuste de todos pontos experimentais foi conseguido no modelo de GAB (Figuras

6.49 e 6.50).

.

Figura 6.49- Isotermas de sorção dos microencapsulados obtidos com os dados experimentais e com

os dados ajustados pelo modelo BET

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167

Mesmo com um ótimo ajuste, o valor de Xm por GAB para o pó SU foi bem

diferente dos demais, em torno de 24g água.100g sólidos-1. Jiménez-Aguilar et al.

(2011) encontraram um teor similar, cerca de 20 g água.100g sólidos-1 para o pó

obtido de extrato de mirtilo tendo como material de parede goma “mesquite”

(Prosopis laevigata).

Figura 6.50 Isotermas de sorção dos microencapsulados obtidos com os dados experimentais e com

os dados ajustados pelo modelo de GAB.

Embora as isotermas pareçam ser as dos tipo II, segundo a classificação de

Brunauer (FENNEMA, 1996), as regiões não estão claramente definidas. Contudo

pode-se observar um leve ponto de inflexão a partir de 0,4 de aw (

Figura 6.49 e Figura 6.50), iniciando-se então a fase II com adsorção da água

nas camadas inferiores à monocamada e. a partir de 0,7 a solubilização do material

(Figura 6.51). Portanto, acima de 0,43 de atividade de água, embora não tenha

ocorrido a solubilização dos pós, a água estará fracamente ligada, ou seja,

facilmente disponível para participar das diversas reações (oxidação, crescimento de

microorganismos) comprometendo a integridade e segurança do produto.

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CH3COOK

MgCl2

K2CO3

KCl

NaCl

KI

Figura 6.51- Microencapsulados nas condições de umidade de equilíbrio das diferentes umidades

relativas aos quais foram submetidos para a determinação das isotermas.

Os microencapsulados foram mantidos a 25°C e umidad e relativa do ar de

52,9% atingida com a solução salina supersaturada de nitrato de magnésio.

Os microencapsulados VB e SU apresentaram teores de antocianinas totais

em torno de 721 e 404 mg.(100g)-1, respectivamente, valores muito superiores aos

95 mg.(100g)-1 obtido por Valduga et al. (2008) na melhor condição de

microencapsulação do extrato de bagaço de uva Isabel empregando uma mistura de

goma arábica e maltodextrina. Embora o bagaço tenha sido da mesma cultivar,

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Isabel, o teor de antocianinas do microencapsulado do presente trabalho foi mais de

quatro vezes superior ao observado por Valduga et al. (2008). Estas diferenças

podem ser resultantes tanto pela etapa de extração como pela concentração

empregada do material de parede.

Após os 51 dias de estocagem, as perdas foram de 8,90 e 10,9% em VB e SU

(Figura 6.52), respectivamente, inferior aos quase 20% observado com suco de

bayberry também microencapsulado com matlodextrina 10DE e mantido a 25 °C em

umidade relativa de 44% (FANG e BHANDARI, 2011). No entanto, quando mantidos

em umidade relativa de 11 e 22% no mesmo período, não foram observadas perdas,

enquanto após 6 meses as perdas nestas condições foram de 7%. Estes dados

evidenciam a importância da umidade sobre a estabilidade dos pós

microencapsulados

Ersus e Yurdagel (2007) testaram maltodextrinas diferentes quanto ao teor de

dextrose equivalente na microencapsulação das antocianinas de extrato de cenoura

preta, as quais foram adicionadas até 20°Brix e obs ervaram que a a maltodextrina

com DE 20-23 foi o melhor agente encapsulante. Com relação à variação na

temperatura do ar de secagem, os mesmos autores identificaram perdas elevadas

quando esta era superior a 160 - 180°C. Na melhor c ondição operacional para o

extrato de cenoura preta, os teores de antocianinas no pó foi de 630,9 mg.(100g)-1,

valor intermediáro aos obtidos com os extratos de bagaço de Pinot Noir e Isabel.

Figura 6.52 – Estabilidade das antocianinas totais (esquerda) e monoméricas (direita) durante o

armazenamento.

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170

Como esperado, as antocianinas monoméricas mostraram-se um pouco

menos estáveis, com perdas de 13,0% no pó VB e 15,2% no pó SU ao longo dos 51

dias de armazenamento. Estes resultados, por sua vez, mostraram-se promissores

se comparados aos observados por Olaya et al. (2009) para os microencapsulados

de amora dos Andes (Rubus glucus) e tamarillo ou tomate de árbol (Solanum

betaceum) os quais tiveram perdas de 60% e 76% ao longo de 35 dias de

armazenamento a 25°C e a w de 0,35. As antocianinas monoméricas são

responsáveis pela coloração mais intensa de vermelho e violeta, devendo ter uma

atenção especial para sua manutenção e integridade, principalmente quando o pó

for aplicado como corante natural.

A cor inicial e final para os pós foi medida pelos sistemas LCh e La*b* e está

apresentada na Tabela 6.22.

Como esperado os vlores de L que indicam a luminosidade foram menores no

pó VB que apresentou-se mais escuro que os demais (Figura 6.53). Valores

positivos de a* indicam a cor vermelha enquanto que os valores negativos de b*

referem-se à coloração azul e os positivos ao amarelo. Assim, os pós VB e SU são

bem similares entre si com tonalidade violeta correspondente às antocianinas e

diferentes de VT, cuja matiz está mais próxima ao amarelo. Da mesma forma, no

sistema LCh, o C é a saturação da cor e o h o ângulo que indica a tonalidade. O pó

VT cujo ângulo é de 77 estaria bem próximo ao amarelo (90), enquanto nos pós VB

e SU o valor de 350 estaria entre o azul e o vermelho (360), correspondendo ao

violeta (Figura 6.54)

Figura 6.53- Microencapsulados obtidos com extratos SU, VT e VB, da esquerda para a direita.

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Tabela 6.22 Medida de cor dos microencapsulados no ponto inicial e final do estudo de estabilidade.

Inicial 51 Dias

L a* b* C h L a* b* C h

VB 41,61 33,51 - 3,89 33,73 353,38 54,32 34,65 -4,86 34,98 352,01

VT 87,02 3,30 14,11 14,50 76,87 91,81 2,54 11,69 11,97 77,73

SU 56,83 33,92 - 4,57 34,22 352,33 61,05 31,81 -4,85 32,18 351,33

Embora pela análise estatística (ANOVA e Fisher) ao longo do tempo de

estabilidade, os parâmetros tenham sido diferentes, o olho humano só percebe

variações cujo delta seja superior a 5.

A microencapsulação dos extratos de amora de Castilla (Rubus glucus) e

tamarillo (Solanum betaceum) não foi tão eficiente quanto a realizada no presente

trabalho para os extratos VB e SU, pois ao longo dos 35 dias de armazenamento a

25°C e a w de 0,35 a saturação da cor (C) diminuiu de 50 para 10 e de 34 para 15,

respectivamente (OLAYA et al., 2009), indicando a degradação dos pigmentos.

Figura 6.54- Diagrama de cor do sistema Lab.

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Os índices de cor do pó de cenoura preta foram L (50 – 56), a* (24 -31) e b*

(5,1 -5,9), posicionando o produto na região do vermelho-alaranjado, diferente dos

pós VB e SU que apresentaram coloração violeta (

Figura 6.54), pois embora os valores de a* estejam próximos ao extrato de

cenoura preta os valores de b foram negativos (ERSUS E YURDAGEL , 2007).

Com relação à estabilidade dos compostos fenólicos após 51 dias de

armazenamento nas condições já mencionadas, foram verificadas perdas de 11,3%

para o VB, 9,8% no VT e 6,3% no extrato SU (Figura 6.55). E embora tenham sido

avaliados apenas durante cerca de 2 meses, estes resultados não estão muito

diferentes da literatura. Os microencapsulados de bayberry perderam de 6 a 9% dos

fenólicos ao longo de 6 meses quando armazenados a 25°C e umidade relativa de

11 a 44%, enquanto que a 40°C estas perdas foram de 9 a 37% e de 6 a 8% sob

5°C (FANG e BHANDARI, 2011).

Figura 6.55- Estabilidade dos microencapsulados quanto aos fenólicos totais.

As oscilações observadas ao longo do tempo e que não se mantiveram

devem ser avaliadas com cuidado, uma vez que a homogeneidade da distribuição

dos extratos e do material de parede nos microencapsulados não foi verificada,

podendo ter diferenças significativas nas proporções destes componentes nas

alíquotas coletadas para as análises.

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173

A capacidade antioxidante dos pós medida pelo método ORAC após 51 dias

de armazenamento foi, no máximo, 6,5% menor que a inicial. Porém pelo método

ABTS a redução foi de 20% para SU, 9,2% para VB e 1,4% para VT (Figura 6.56).

Figura 6.56- Estabilidade dos pós quanto à capacidade antioxidante medida pelos métodos TEAC e

ORAC.

A capacidade antioxidante inicial dos microencapsulados em base seca (µmol

TE.g-1) foi de 456,92 + 50,47 para o VB; 227,47 + 20,29 para o VT e 286,08 + 4,27,

valores bem inferiores aos do suco de açaí microencapsulado com maltodextrina

DE10 que foi de 2.376,29 + 98,90 µmol TE.g-1 de massa seca do suco

(aproximadamente 792 µmol TE.g-1 pó em base seca) obtido por Tonon (2009). Vale

salientar que os produtos obtidos neste trabalho são oriundos de extratos de

resíduos e que o açaí é um dos frutos com maior atividade antioxidante. O pó obtido

por Jiménez-Aguilar et al. (2011), a partir do extrato de mirtilo, apresentou uma

capacidade antioxidante de 115,41 + 1,69 µmol TE.g-1 (base seca), praticamente a

metade da atividade do microencapsulado obtido com o resíduo mais exaurido. Este

dado corrobora para a possibilidade de aproveitamento dos resíduos e necessidade

da avaliação potencial individual.

Embora o extrato de VT inicialmente fosse bem menos ativo que o de SU,

após a microencapsulação os pós não foram estatisticamente diferentes quanto à

atividade antioxidante medida pelo método ABTS com intervalo de confiança de

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95%, porém diferiram quanto à capacidade medida em ORAC com o mesmo

intervalo de confiança. Na metodologia ORAC, o mecanismo de reação é a

transferência de hidrogênio, assim a diferença percebida estatisticamente entre os

extratos SU e VT pode ser devido ao maior número de hidroxilas livres das

antocianinas presentes apenas no extrato SU capazes de transferir o hidrogênio ao

radical AAPH protegendo a fluoresceína por mais tempo.

A capacidade antioxidante medida em ORAC foi a variável que menos oscilou

ao longo dos 51 dias. Contudo assim como verificado por Ersus e Yurdagel (2007)

para o pó de bayberry existe uma correlação entre a capacidade antioxidante e a

concentração dos compostos fenólicos e antocianinas. No presente trabalho, esta

correlação foi significativa, com valores de rPearson > 0,93 para ORAC e maiores que

0,95 para TEAC foram observados.

Os estudos de pré-viabilidade econômica para a obtenção dos pós

microencapsulados dos extratos VB (ANEXO E) e VT (ANEXO F) basearam-se no

trabalho de Eitel (2013), e indicaram que valores de venda acima de R$ 102 e R$ 51

do quilo tornam o processo economicamente viável (TIR>30%). A diferença entre os

valores de venda mínimo de VB e VT deve-se principalmente a quantidade total de

matéria prima considerada para a produção anual. De acordo com os preços

praticados no mercado internacional, acima de €400 o quilo, existe uma indicação da

alta viabilidade econômico-financeira para a produção em escala comercial destes

ingredientes. Contudo, estudos de viabilidade econômica mais detalhados e de

aplicabilidade em sistemas alimentícios devem ser realizados.

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175

7. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

As extrações enzimática e hidroetanólica com o bagaço obtido

experimentalmente proporcionaram valores similares em atividade antioxidante.

Para o bagaço obtido no processo industrial a extração hidroetanólica foi mais

eficiente que a extração enzimática.

Dentre as condições avaliadas para a extração dos compostos bioativos

presentes nos bagaços de uva Pinot noir (VB), Chardonnay (VT) e Isabel (SU), a

que permitiu os maiores rendimentos em atividade antioxidante foi conduzida a

50°C, por duas horas com agitação orbital de 60 rpm , razão solvente:substrato de

9:1, empregando a solução aquosa de etanol 70% com pH ajustado para 4,0 com

ácido cítrico como solvente.

Os coeficientes de difusão dos fenólicos na condição de extração mais

favorável à elaboração dos extratos concentrados foram de 8,58 x10-15; 1,53 x10-16 e

3,33 x10-16 m².s-1 para os bagaços VT, SU e VB, respectivamente.

O tempo necessário para a extração das antocianinas foi inferior ao

observado para os fenólicos totais.

O tempo de extração afeta negativamente a estabilidade das antocianinas.

O elevado teor de etanol no extrato (70%) inviabilizou a concentração por

osmose inversa.

As membranas cerâmicas de nanofiltração não foram eficientes para a

concentração do extrato hidroetanólico, ocorrendo permeação de compostos de

interesse.

A membrana de nanofiltração composta de poliamida foi a mais eficiente

dentre as avaliadas para a concentração dos compostos bioativos, em especial,

quando o teor de etanol do extrato foi reduzido de 70 para 30%.

No caso do processo combinado de extração hidroetanólica e concentração

por nanofiltração, as condições operacionais mais favoráveis foram: extração com

solução de etanol 30% com pH ajustado para 4,0 com ácido cítrico, empregada na

razão 9:1 (solvente:substrato) por duas horas a 50°C, seguida da centrifugação a

37,5g com malha de 150 µm como meio filtrante e concentração em membrana

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polimérica a 40°C, pressão aplicada ao sistema de 1 2 bar e vazão de recirculação

de 700 L.h-1.

Foi possível microencapsular os extratos concentrados por membranas e

isentos de etanol empregando maltodextrina DE10 como agente encapsulante. Os

microencapsulados apresentaram uma boa estabilidade. E mesmo em atmosfera

pouco favorável, umidade relativa de 52% a 25°C, as perdas foram inferiores a 20%

nos 51 dias de armazenamento.

Para uma maior estabilidade dos microencapsulados, recomenda-se o

armazenamento em atmosfera com atividade de água inferior a 43%.

Diante dos resultados obtidos neste estudo sugere-se:

• Avaliar a extração hidroetanólica variando o teor de etanol na solução

de 0 a 30%.

• Realizar um estudo de extração em contra corrente para tentar

maximizar a extração dos compostos ou reduzir a quantidade de

solvente.

• Reciclo do permeado da nanofiltração para a etapa de extração.

• Testar outras membranas e sistemas para a remoção ou até mesmo a

recuperação do etanol presente na fração retido.

• Testar a toxicidade dos extratos e microencapsulados.

• Testar os microencapsulados em sistemas alimentícios como

ingredientes funcionais ou somente antioxidantes ou corantes.

• Realizar um estudo de estabilidade dos microencapsulados por um

período mais longo em outras condições de umidade relativa e

temperatura.

• Aproveitamento da torta da centrifugação para redução efetiva do

resíduo.

• Estudo da viabilidade econômica do processo em escala industrial.

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8. BIBLIOGRAFIA

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194

9. ANEXOS

ANEXO A – TEMPERATURA E pH ÓTIMOS DE AÇÃO DA RAPIDASE TF

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195

ANEXO B – OBTENÇÃO DE EXTRATO ANALÍTICO PARA DETERMINAÇÃO

DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE ADAPTADO DE (RUFINO et al., 2007).

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196

ANEXO C – MECANISMO DE OXIDAÇÃO DA FLUORESCEÍNA PELO

RADICAL AAPH PROPOSTO POR (OU, HAMPSCH-WOODIL E PRIOR, 2001)

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197

ANEXO D – PROCEDIMENTO PARA QUANTIFICAÇÃO DAS

ANTOCIANINAS TOTAIS E MONOMÉRICAS MODIFICADO.

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198

ANEXO E - Procedimentos para quantificação do teor de fenólicos totais por Folin-Ciocalteu.

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199

ANEXO F – ESTUDO DE PRÉ-VIABILIDADE ECONÔMICA PARA A

PRODUÇÃO DE MICROENCAPSULADO EM PÓ RICO EM COMPOSTOS

BIOATIVOS OBTIDOS A PARTIR DO EXTRATO DE BAGAÇO DE UVA VB.

O bagaço da uva tinta Pinot Noir vinificada em branco para a elaboração de

espumante foi material de estudo deste trabalho. Assim, para o estudo de pré-

viabilidade econômica, considerou-se como matéria prima para a elaboração do

microencapsulado VB, 50% do bagaço gerado com a produção de espumante na

Região Sul que em 2011 foi de cerca de 104 mil hectolitros (MELLO, 2012).

Considerou-se que para cada hectolitro de espumante produzido, 17 kg de bagaço

são gerados (SILVA 2003) As condições operacionais foram as mesmas

empregadas para a obtenção dos pós em escala piloto (etanol 30% em água com

pH 4,0 na razão de 9:1, solvente:substrato).

Os cálculos de investimento para a obtenção do pós basearam-se no trabalho

de Sapekie e Renshaw (1983), considerando os equipamentos (extrator,

encaixotadora, módulo de membranas, empacotadora, evapodaor em 4 estágioss e

spray dryer), instalação de uma fábrica como área total de 1.000 m² e o custo de

obra civil de R$ 800 o m² e estão apresentados na Tabela 9.1

Tabela 9.1 – Investimento para a produção de microencapsulados de extrato de bagaço de uva.

Investimento Total Investimento Total (R$) Investimento Fixo 4.797.311,38 Partida (15% Custo equipamentos) 342.626,69 Sub-total (Investimento Capital) 5.482.564,76 Capital de Giro (15% Investimento Capital) 822.384,71

Total 6.304.949,48

O custo de produção para cada quilo de pó foi de R$ 51,12 e os cálculos

considerados estão apresentados na Tabela 9.2.

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200

Tabela 9.2 – Custos operacionais fixos e variáveis para a produção do micorencapsulado de bagaço

de uva VB.

CUSTOS VARIÁVEIS

Unidade Quantidade

anual Preço

ton/ano (R$) Custo anual

(R$) Custo por kg de pó (R$)

bagaço t 881,20 0,00 0,00 0,00

etanol L 2.379,23 2,17 5.160,95 0,02

acido citrico t 3.312,96 3154,40 10.450.401,02 37,89

água tratada m3 5.551,53 0,27 1.498,91 0,01

embalagem produto unidade 2.757.999,36 0,35 965.299,78 3,50

Produção por hora

0,00

16 operadores 2.592 4,77 197.821,44 0,72

9 assistentes 2.592 3 69.984,00 0,25

3 supervisores 2592 12 93.312,00 0,34

Consumo de energia kWh 187920 0,05 9.396,00 0,03 Custo operação do evaporador

36.482,79 0,13

Custo operação do spray dryer

119.024,39 0,43

Custo da Membrana (troca 1/3 por ano)

20.000,00 0,07

TOTAL DE CUSTOS VARIÁVEIS 11.968.381,28 42,89

CUSTOS FIXOS

Administração (5% do custo variáveis) 598.419,06 2,17 Distribuição (3% custos variáveis) 359.051,44 1,30 Marketing (5% custos variáveis) 598.419,06 2,17 Depreciação (10% do investimento de capital fixo) 548.256,48 1,99 Manutenção (2% do investimento de capital fixo 109.651,30 0,40 Despesas gerais (1% de investimento de capital fixo) 54.825,65 0,20 TOTAL DE CUSTOS FIXOS 2.268.622,99 8,23 TOTAL DE CUSTOS DE PRODUÇÃO 14.237.004,27 51,12

Para a conversão de moedas, foi utilizado o câmbio do dia 21/02/2013,

fornecido pelo Banco Central do Brasil (1.97 R$ por 1.00 US$). O estudo de pré-

viabilidade econômica considerou uma taxa mínima de atratividade (TMA) de 30% e

inflação de 5,86% ao ano sendo identificada uma taxa interna de retorno de 37,84%

e um valor presente líquido positivo quando o preço de venda do quilo do pó for de

R$ 102,23.

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201

ANEXO G – ESTUDO DE PRÉ-VIABILIDADE ECONÔMICA PARA A

PRODUÇÃO DE MICROENCAPSULADO EM PÓ RICO EM COMPOSTOS

BIOATIVOS OBTIDOS A PARTIR DO EXTRATO DE BAGAÇO DE UVA BRANCA

CHARDONNAY SUBMETIDO À VINIFICAÇÃO TINTA.

O bagaço da uva branca Chardonnay submetida à vinificação tinta para a

elaboração de vinho branco foi material de estudo deste trabalho. Assim, para o

estudo de pré-viabilidade econômica, considerou-se como matéria prima para a

elaboração do microencapsulado VT, 50% do bagaço gerado com a produção de

vinho branco fino na Região Sul que em 2011 foi de cerca de 24 mil hectolitros

(MELLO, 2012). Considerou-se que para cada hectolitro de espumante produzido,

17 kg de bagaço são gerados (SILVA 2003) As condições operacionais foram as

mesmas empregadas para a obtenção dos pós em escala piloto (etanol 30% em

água com pH 4,0 na razão de 9:1, solvente:substrato).

Os cálculos de investimento para a obtenção do pós basearam-se no trabalho

de Sapekie e Renshaw (1983), considerando os equipamentos (extrator,

encaixotadora, módulo de membranas, empacotadora, evapodaor em 4 estágioss e

spray dryer), instalação de uma fábrica como área total de 1.000 m² e o custo de

obra civil de R$ 800 o m² e estão apresentados na Tabela 9.3.

Tabela 9.3– Investimento para a produção de microencapsulados de extrato de bagaço de uva VT

Investimento Total Investimento Total (R$) Investimento Fixo 4.797.311,38 Partida (15% Custo equipamentos) 342.626,69 Sub-total (Investimento Capital) 5.482.564,76 Capital de Giro (15% Investimento Capital) 822.384,71

Total 6.304.949,48

O custo de produção para cada quilo de pó foi de R$ 25,45 e os cálculos

considerados estão apresentados na Tabela 9.4

.

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202

Tabela 9.4 – Custos operacionais fixos e variáveis para a produção do micorencapsulado de bagaço

de uva V.

CUSTOS VARIÁVEIS

Fatores considerados

Unidade Quantidade

anual Preço

unitário (R$) Custo anual

(R$) Custo por kg de pó (R$)

bagaço t 1.945,27 - - -

etanol L 5252,22 2,17 11.392,97 0,02

acido citrico t 3312,960 3.154,40 10.450.401,02 17,16

água tratada m3 12.255,19 0,27 3.308,90 0,01 embalagem produto

un 6.088.377,36 0,35 2.130.932,08 3,50

Produção por hora

16 operadores 16 2.592,00 4,77 197.821,44 0,32

9 assistentes 9 2.592,00 3,00 69.984,00 0,11

3 supervisores 3 2.592,00 12,00 93.312,00 0,15 Consumo de energia

kWh 187.920,00 0,05 9.396,00 0,02

Custo operação do evaporador 80.537,01 0,13

Custo operação do spray dryer 262.750,38 0,43

Custo da Membrana (troca 1/3 por ano) 20.000,00 0,03

TOTAL DE CUSTOS VARIÁVEIS 13.329.835,80 21,43

CUSTOS FIXOS

Fatores considerados Custo anual

(R$) Custo por kg de pó (R$)

Administração (5% do custo variáveis) 666.491,79 1,09 Distribuição (3% custos variáveis) 399.895,07 0,66 Marketing (5% custos variáveis) 666.491,79 1,09 Depreciação (10% do investimento de capital fixo) 548.256,48 0,90 Manutenção (2% do investimento de capital fixo 109.651,30 0,18 Despesas gerais (1% de investimento de capital fixo) 54.825,65 0,90 TOTAL DE CUSTOS FIXOS 2.445.612,07 4,02 TOTAL DE CUSTOS DE PRODUÇÃO 15.775.447,88 25,45

Para a conversão de moedas, foi utilizado o câmbio do dia 21/02/2013,

fornecido pelo Banco Central do Brasil (1.97 R$ por 1.00 US$). O estudo de pré-

viabilidade econômica considerou uma taxa mínima de atratividade (TMA) de 30% e

inflação de 5,86% ao ano sendo identificada uma taxa interna de retorno de 41,06%

e um valor presente líquido positivo de R$ 830.958,46 quando o preço de venda do

quilo do pó for de R$ 51,89