a monotongação do ditongo decrescente [ej]

Eduardo Elisalde Toledo

(Doutorando – PPGLetras/UFRGS)

III Jornada do Projeto VARSUL

A monotongação do ditongo decrescente [ej] em amostra de recontato de Porto Alegre

Esta apresentação resume a dissertação defendida por Eduardo Elisalde Toledo, com orientação da Profa. Dra. Valéria Monaretto (2011).

O Fenômeno Variável

c[aj]xa [ow]rop[ej]xe

c[a]xa

c[aj]xa p[ej]xe

[Vogal+glide]

p[e]xe

[ow]ro

[o]ro

[Vogal+glide]

[Vogal]

Objetivos

Generalizar resultados.

Verificar o status da variação (mudança em progresso ou contemporização).

Verificar a ocorrência de condicionamento morfológico.

Hipóteses

Os contextos seguintes tepe e fricativa palatal são os principais condicionadores da monotongação de [ej]. Os fatores sociais não desempenham papel na monotongação de [ej].

A monotongação de [ej] é um caso de variação estável na língua.

Não há condicionamento morfológico atuando na monotongação de [ej].

Metodologia

14 informantes (recontatados do

Projeto NURC, em 1999.)

Bancos de entrevistas:

NURC (início dos anos 1970)

VARSUL (fim dos anos 1990)

Porto Alegre, RS

1791 dados coletados:

760 (NURC)1031 (VARSUL)

Programa estatístico GoldVarb, versão 3.0

A constituição da amostra20-29 anos

57-66 anos

67-76 anos

+ 77 anos

47-56 anos

30-39 anos

40-49 anos

+ 50 anos

2 mulheres2 homens

1 mulher1 homem

2 mulheres4 homens

1 mulher1 homem

NURC VARSUL6 mulheres8 homensTOTAL:

As variáveis

Variável dependente

[ej]>[e]

Variáveis independentesVariáveis

linguísticas

Contexto fonológico seguinte

Tonicidade

Natureza morfológica

Classe de palavra

Variáveis independentes

Variáveis sociais

Sexo

Idade

Frequência geral de monotongação

61%

39%

NURC

[ej]

[e]

65%

35%

VARSUL

[ej]

[e]

Frequência geral por idade

A: 20 – 29 anos (NURC); 47-56 anos (VARSUL)

B: 30 – 39 anos (NURC); 57-66 anos (VARSUL)

C: 40 – 49 anos (NURC); 67-76 anos (VARSUL)

D: mais de 50 anos (NURC); mais de 77 anos (VARSUL)

Frequência geral por sexo

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Homens Mulheres

NURC

VARSUL

Variáveis selecionadas pelo GoldVarb



Classe de palavra

Tepe (feira)

Radical (beira)

Não verbo (maneira)


Frequência Peso Relativo

Tepe 572/594 96% 0.57

Fricativa palatal 89/172 51% 0.25

TOTAL 661/766 86%

Input 0.93 Significance 0.00



Sufixo 311/377 82% 0.36

Radical 350/389 90% 0.63

TOTAL 661/766 86%


Classe de palavra


Não verbo 627/652 96% 0.6

Verbo 34/114 30% 0.07

TOTAL 661/766 86%


Palavras mais frequentes - verbos

VARSUL NURC

Palavra ocorrência redução ocorrência redução

Sei 34 0 53 0

Comecei 19 0 8 0

Estudei 17 0 1 0

Fiquei 17 0 11 0

Achei 16 0 7 0

Gostei 14 0 6 0

Cheguei 14 0 4 0

Veio 14 0 3 0

Formei 12 0 0 0

Entrei 11 0 0 0

Dei 10 0 4 0

Trabalhei 10 0 1 0

Palavras mais frequentes – não verbos

VARSUL NURC

Palavra ocorrência redução ocorrência redução

Janeiro 25 25 7 7

Seis 16 0 12 0

Maneira 15 15 25 25

Brasileiro 12 12 27 27

Direito 10 0 4 0

Distribuição da monotongação no interior da palavra

ocorrência %

Posição final 0/553 0

Posição não-final 658/1238 53

TOTAL 1791

Estudo comparativo

Redução Total de dados

Número de informantes

Cabreira(1996)

483 32% 1512 36

Amaral (2005)

1055 33% 3169 42

Toledo (2011)

667 37% 1791 14

Generalizando os resultados: efeito das variáveis linguísticas

Contexto seguinte

Morfologia do ditongo

Cabreira (1996)

Amaral (2005)

Toledo (2011)

Generalizando os resultados: efeito das variáveis sociais

Sexo Idade Escolaridade Localidade

Cabreira (1996)

Amaral (2005)

__________

Toledo (2011)

____________ ___________

Considerações finais

Hipótese 1

Resultado

Os contextos seguintes tepe e fricativa palatal são os principais condicionadores da monotongação de [ej]. Os fatores sociais não desempenham papel na monotongação de [ej].

Contexto Seguinte e Natureza Morfológica :convergência (contextos tepe e fricativa palatal, e base)

Variáveis sociais: o programa estatístico não as selecionou como importante para aplicação da regra variável em nossa amostra.


Hipótese 2

Resultado

Estamos diante de um caso de variação estável na língua.

Tendência de estabilidade da regra variável quando comparadas as frequências entre dados do início dos anos 70 e do final dos anos 90:

NURC: 39% de monotongação (302/760) ; VARSUL: 35% de monotongação (365/1031).


Hipótese 3

Resultado

Não há condicionamento morfológico.

Inicialmente, Natureza Morfológica (radical) e Classe de Palavra (não verbos) foram apontados como variáveis relevantes.

Análise das palavras mais frequentes:

Formas verbais: predominantemente na posição final da palavra, como sufixo ( sei, fiquei etc.);

Formas não verbais: predominantemente seguido do contexto tepe, constituindo formas terminadas em –eiro(a), sufixos ou parte do radical (brasileiro, maneira etc.)

ReferênciasAMARAL, Marisa Porto do. Ditongos variáveis no sul do Brasil. In: Letras de Hoje. Porto Alegre. v. 40, nº 3, p. 101-116, 2005.

BISOL, Leda (org.). Introdução a Estudos de Fonologia do Português Brasileiro. 4ª Edição revista e ampliada. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005.

___ . Ditongos Derivados. In: DELTA, SP, v. 10, p. 123-140, 1994.

___. O Ditongo na Perspectiva da Fonologia Atual. In: DELTA, São Paulo, v. 05, n. 2, p. 185-224, 1989.

CABREIRA, Sílvio Henrique. A monotongação dos ditongos orais decrescentes em Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre. In: Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 29, nº 4, p. 129-141, 1994.

___. A monotongação dos ditongos orais decrescentes em Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre.Dissertação (Mestrado em Letras) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1996.

GUY, Gregory. Variationist approaches to phonological change. In: JOSEPH, Brian D., JANDA, Richard D. (eds.) The Handbook of Historical Linguistics. Massachusetts: Blackwell, 2008.

LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola, 2008. (Tradução de Marcos Bagno, Maria Marta Pereira Scherre e Cardoso, Caroline Rodrigues)

TAGLIAMONTE, Sali. Analysing sociolinguistic variation. Cambridge: Cambridge University Press, 2006

TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. 7ª ed. São Paulo: Ática, 2005.

WEINRICH, Uriel; LABOV, William; HERZOG, Marvin I. (tradução de Marcos Bagno). Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança linguística. São Paulo: Parábola, 2006.

III Jornada do VARSUL

Eduardo Elisalde Toledo

[email protected]

ANEXOS

1. Variável dependente Frequência

0- manutenção do ditongo

1124/1791

1- redução do ditongo 667/1791

ANEXOS

2. Contexto Fonológico seguinte

Frequência

(f) Fricativa 81/102

(v) velar 8/70

(a) Alveolar 4/454

(t) Tepe 572/594

(n) Nasal 0/90

(e) Vogal 2/346

(#) pausa 0/100

(l) labial 0/35

ANEXOS

3. Tonicidade Frequência

(3) átono 31/156

(4) tônico 636/1635

ANEXOS

4. Naturezamorfológica

Frequência

(r) Radical 354/916

(s) sufixo 313/875

ANEXOS

5. Classe de palavra Frequência

(p) Verbos 36/670

(q) Não verbos 631/1121

ANEXOS

6. Idade Frequência

(5) 20 – 29 anos (NURC); 47-56 anos (VARSUL)

88/224 (NURC)91/255 (VARSUL)179/479 TOTAL

(6) 30 – 39 anos (NURC);57-66 anos (VARSUL)


(7) 40 – 49 anos (NURC); 67-76 anos (VARSUL)


(8) + de 50 anos (NURC); + de 77 anos (VARSUL)


ANEXOS

7. Sexo Frequência

(h) Homens 196/500 (NURC)220/616 (VARSUL)416/1116 TOTAL

(m) Mulheres 106/260 (NURC)145/415 (VARSUL)251/675TOTAL

ANEXOS

ANEXOS

Exemplos:

- Verbos em que ocorre redução: “deixam”, “deixou”, “deixei”

a monotongação do ditongo decrescente [ej]

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