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(RE) DESCOBRINDO O SIGNIFICADO DO CONTEÚDO DANÇA NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA Sandra Midori Hosoume da Costa1

Raphael Gonçalves de Oliveira2 Resumo: O presente artigo investiga o ensino da dança na escola, na busca de verificar a possibilidade de promover o conhecimento e familiarização do conteúdo dança nas aulas de Educação Física. Destarte, é importante que iniciemos com os alunos de 5ª séries as atividades com o conteúdo dança, tendo em vista tratar-se de um conteúdo importante da disciplina de Educação Física. Sugere-se nas quinta séries em função de uma perspectiva de melhor e maior aceitabilidade dos alunos e disposição característicos dessa idade, para que o trato com o conteúdo dança nas séries seguintes constitua-se numa seqüência gradativa e mais agradável. Além da aplicação e análise direta aos alunos da 5ª série, a análise também considerou os depoimentos dos professores que participaram do Grupo de Trabalho em Rede (GTR) com base nos diálogos com os envolvidos no projeto, observou-se que é possível aos alunos terem essa percepção sobre os conhecimentos da dança para além das reproduções coreográficas, a partir das atividades de expressão corporal e improvisação, porém com algumas dificuldades, que demandam de adaptações na realização das práticas pedagógicas. Palavras-chave: Dança; Improvisação; Expressão Corporal; Educação Física;

Escola.

1 Cursista PDE 2011, professora QPM do Estado do Paraná. Formada na UENP de Jacarezinho - PR [email protected] 2 Orientador dessa pesquisa: Professor Orientador Mestre Raphael Gonçalves de Oliveira - [email protected]

1 Introdução

Este artigo pretende contribuir como instrumento de trabalho para o professor

de educação física, procurando trazer para os alunos de 5ª séries o conteúdo dança

em suas aulas com mais freqüência, ampliando desta forma a visão para além das

reproduções coreográficas e do aprendizado de técnicas e sem a preocupação de

que o professor deva ser um exímio coreógrafo ou dançarino.

Pois, observou-se nos alunos das séries finais do ensino fundamental um

conhecimento pouco significativo sobre o conteúdo dança principalmente se

comparada à significativa influência das práticas esportivas.

Sobre isto Rosário e Darido (2005, p. 177) comentam que:

[...] os alunos resistem às atividades que não sejam os esportes coletivos que costumam praticar. As atividades mais apontadas como não utilizadas são as lutas, as atividades rítmicas e a dança, conteúdos de pouca tradição dentro do universo histórico recente da Educação Física na escola.

Além deste agravante, muitos professores não trabalham com a dança em

suas aulas, apresentando alguns aspectos, como falta de material e espaço

adequado, sua formação acadêmica, preconceito, a falta de bibliografias específicas,

falta de afinidade com o conteúdo, desinteresse dos alunos e a questão de gênero.

A presente pesquisa encontra-se ancorada com base nas DCEs, Diretrizes

Curriculares de Educação Física (2008), da Secretaria de Estado de Educação,

dentro do conteúdo estruturante Dança, que constitui-se como elemento significativo

da disciplina no espaço escolar, pois, auxilia para desenvolver a criatividade, a

sensibilidade, a expressão corporal, a cooperação, entre outros aspectos.

Percebeu-se então que existe uma falta de identificação por parte dos alunos

em reconhecerem a dança como um conteúdo da Educação Física, tendo em vista

que a dança acontece na maioria das vezes no cotidiano escolar, como ensaios de

danças para apresentações de datas comemorativas, onde o aluno é levado a

decorar gestos e realizá-los mecanicamente.

De acordo com Capri (2010), a dança nas aulas de Educação Física, permite

ao aluno conhecer seu corpo e suas possibilidades de movimento como forma de

comunicação, possibilitando a capacidade criativa, a improvisação e a composição

coreográfica.

Neste sentido, pensou-se em propor aos alunos das quinta séries

oportunidades educativas de vivenciar a dança nas aulas de educação física, com a

mesma ênfase dada aos jogos e esportes, para que os educandos familiarizem-se e

identifiquem-se com este conteúdo. Sugere-se nas quinta séries em função de uma

perspectiva de melhor e maior aceitabilidade dos alunos e disposição característicos

dessa idade, para que o trato com o conteúdo dança nas séries seguintes constitua-

se numa seqüência gradativa e mais agradável.

Nesse contexto, como integrar a dança, importante conteúdo da disciplina de

Educação Física, como prática pedagógica significativa e não somente como

simples reprodução de coreografias para os nossos educandos?

Tendo em vista tratar-se de um conteúdo importante da disciplina de

Educação Física, procurou-se na implementação do projeto de intervenção na

escola propor algumas práticas pedagógicas baseadas na Expressão Corporal e

Improvisação, possibilitando ao educando reconhecer o próprio corpo, adquirir uma

expressividade corporal, bem como entender o significado do conteúdo dança de

forma mais consciente e crítica.

Algumas práticas pedagógicas estão descritas na produção didático

pedagógica “(Re) Descobrindo os Movimentos Corporais com Criatividade através

da Dança” – material elaborado com o objetivo de subsidiar o trabalho pedagógico

do professor de educação física com relação ao conteúdo dança.

É importante ressaltar que este estudo fez parte do Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE) proposto pelo Governo do Estado do Paraná,

para os docentes que atuam no Ensino Fundamental e no Ensino Médio da

Educação Básica. Após estudos realizados durante este programa através de

cursos, seminários e congressos proporcionados no ano de 2010 e 2011, novos

conhecimentos foram adquiridos e este trabalho constitui-se em duas etapas.

Na primeira etapa buscou-se referenciais teóricos para fundamentação teórica

que auxiliou a implementação prática do projeto de intervenção na escola, por meio

do conteúdo dança enquanto disciplina de educação física escolar e dança no

contexto escolar.

Na segunda etapa, apresentamos a implementação prática das propostas de

atividades de Expressão Corporal e Improvisação, que são os conteúdos específicos

da dança, socializando o passo a passo das atividades propostas para os alunos,

seguindo o encaminhamento metodológico proposto pelas (DCEs, 2008) .

Lembrando que a presente pesquisa não se restringiu apenas aplicação e

análise direta aos alunos da quinta série da escola Estadual Afrânio Peixoto EF do

município de Abatiá. A análise também considerou os depoimentos dos professores

que participaram do grupo de trabalho em rede, que se constituiu em capacitação à

distância, proposta pela Secretaria de Estado e Educação do Paraná (SEED).

2 Fundamentação Teórica

2.1 Conteúdo da Educação Física: A Dança

As diversas manifestações explicitadas através do corpo pelo homem no

decorrer dos anos, contribuíram para formação de vários conteúdos para a disciplina

de Educação Física, que são eles jogos, brincadeiras, danças, esportes, ginásticas,

lutas entre outros.

Sendo a dança considerada a mais antiga das artes criadas pelo homem.

Pois, além da fala, o homem expressava-se corporalmente através do movimento

rítmico, onde se traduziam suas emoções, fantasias, idéias e sentimentos.

O que se sabe de fato, é que a dança já se fazia presente na Idade da Pedra, representando o amor, a luta, a morte, ou como modo de pedir algo ou de agradecer aos deuses. Pode-se dizer que a dança acompanhou o pensamento do ser humano e sofreu influências das instituições sociais. Das cavernas à era dos minúsculos computadores de bolso, a dança fez e faz parte da vida homem (EHRENBERG, 2003, p.49).

Sobre isto diz Gariba:

[...] Nesse sentido, a dança sempre visou acontecimentos importantes da própria vida, da saúde, da religião, da morte, da fertilidade, do vigor físico e sexual, também permeando os caminhos terapêuticos, artísticos e educacionais, estabelecendo assim, uma diversidade interessante para essa manifestação. Dessa forma a dança se insere no universo cultural, expressando significados, simbolizando a existência humana (GARIBA, FRANZONI, 2007, p.156).

Diante das citações descritas acima, podemos considerar que a dança está

intimamente ligada com o processo histórico da civilização. Assim sendo,

observaremos como a dança vem sendo abordada enquanto conhecimento a ser

tratado pela Educação Física, nos seguintes documentos: Parâmetros Curriculares

Nacionais e Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná.

Como nos lembra Brasileiro (2002 /2003, p.50), a legislação prevê desde

1971, o trato com o conhecimento dança em aulas de Educação Física e Educação

Artística/Arte Educação, o que fica explicitado, mais recentemente, nos Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCN, 1997).

Os PCN documentos elaborados pelo Ministério da Educação Brasileira

(MEC) em 1997, onde foi construído um PCN para cada disciplina curricular, ficando

a Educação Física com o volume sete, com o objetivo de orientar e sistematizar o

trabalho docente do ensino fundamental e do ensino médio, nas diferentes escolas

do país.

Foram apresentados nos PCN os temas transversais que envolviam as

problemáticas sociais urgentes, temas como: Ética, Saúde, Meio Ambiente,

Pluralidade Cultural, Orientação Sexual, Trabalho e Consumo. Para a Educação

Física, a inserção dos temas transversais, implicou no empobrecimento dos

conteúdos próprios da disciplina, que perderam a centralidade e importância, tendo

em vista que o currículo priorizava os temas transversais.

Com relação aos conteúdos do ensino fundamental no PCN de Educação

Física foram divididos em três blocos. São eles: Esportes, jogos, lutas e ginásticas;

Conhecimento sobre o corpo; e Atividades rítmicas e expressivas. A dança se

encontra inserida no último bloco como conteúdo a ser desenvolvido na escola.

Com relação á divisão dos conteúdos por bloco nos PCN. Sborquia (2002,

p.70), comenta que:

Desde modo, entendemos que a dança é aceita ora como uma das manifestações da cultura corporal, ora como atividade rítmica. Por estarem contidas num documento nacional, essas contradições podem levar a suposição de que a educação física esteja relacionada apenas a aptidão física.

Sob o mesmo ponto de vista Ehrenberg (2003) comenta que a dança mesmo

considerada como elemento da cultura corporal incorporada pela Educação Física,

será abordada apenas como um trabalho complementar, pois, a dança será

enfocada no documento de Arte. Isto reforça a idéia de que a Educação Física trata

apenas da questão motora.

Com relação à questão sobre o trabalho complementar Sborquia (2002, p.71)

argumenta:

Observamos que o conhecimento de dança está melhor sistematizado nos PCN referente ao conhecimento da Arte [...] ambas as áreas possuem condições para desenvolver o trato com o conhecimento, mas os assuntos não colidem, pois a Educação Física trata a Cultural Corporal como objeto de estudo e a Arte trata de Arte como objeto de estudo, tendo ambas diferentes focos mas podendo ser interdisciplinares e não complementares.

Por conseqüência percebe-se que os conteúdos da Educação Física escolar,

mantiveram pautados em suas dimensões tradicionais, com ênfase exclusiva no

desenvolvimento das aptidões físicas, de aspectos psicomotores e na prática

esportiva.

Atualmente as Diretrizes Curriculares da rede Pública de Educação Básica do

Estado do Paraná (DCE/EB) que tiveram sua construção inicial em 2003, onde a

Secretaria de Educação do Estado do Paraná (SEED) promoveu vários eventos, nos

quais ocorreram discussões coletivas com professores da Rede estadual de Ensino

para elaboração dos textos das DCE/EB, que foram publicadas no final do ano de

2006, que se encontra em vigência como documento oficial da educação no Estado

do Paraná.

As DCE/EB (2008) apontam para a perspectiva na formação do aluno crítico e

reflexivo, que possa estar atuando e transformando a sua realidade.

De acordo com as DCE/EF (2008, p. 62-63).

A Educação Física e seu objeto de ensino/estudo, a Cultura Corporal, deve, ainda ampliar a dimensão meramente motriz. Para isso, pode-se enriquecer os conteúdos com experiências corporais da mais diferentes culturas, priorizando as particularidades de cada comunidade, sob uma abordagem que contempla os fundamentos da disciplina, em articulação com aspectos políticos, históricos, sociais, econômicos, culturais, bem como elementos da subjetividade representados na valorização do trabalho coletivo, na convivência com as diferenças, na formação social crítica e autônoma.

Nesse contexto, a disciplina de Educação Física deve apresentar de forma

variada de maneira a possibilitar aos educandos o contato com o saber acumulado

historicamente pela humanidade, através de seus conteúdos estruturantes

integrados e interligados aos elementos articuladores: Esporte, Jogos e brincadeiras,

Ginástica, Lutas e Dança. Por meio das práticas corporais na escola, desenvolvendo

conceitos, categorias e explicações científicas identificando a estrutura e origem da

cultura corporal, bem como condições para construí-la a partir da escola.

Conforme descrito nas DCE/EF (2008), conteúdos estruturantes são definidos

como conhecimentos de grande amplitude, conceitos e práticas que identificam e

organizam os campos de estudos de uma disciplina, considerados essenciais para

compreender seu objeto de estudo/ensino. E, os elementos articuladores integrados

e interligados ás práticas corporais, permitem ampliar a visão sobre os conteúdos

estruturantes.

Saraiva (2005, apud DCE/EF 2008, p.70) comenta que:

A dança pode se constituir numa rica experiência corporal, a qual possibilita compreender o contexto em que estamos inseridos. É a partir das experiências vividas na escola que temos a oportunidade de questionar e intervir, podendo superar os modelos pré-estabelecidos, ampliando a sensibilidade no modo de perceber o mundo.

Nessa perspectiva, a dança é entendida como uma produção histórica e

social, que pode nos auxiliar na compreensão da sociedade de maneira mais crítica

e reflexiva.

Como também afirma Pacheco (1998, p. 9):

A dança engloba sentidos bem mais amplos e complexos do que aprender uma coreografia ou decorar e executar uma seqüência de movimentos. A ‘dança pela dança’, no mínimo, é uma postura ingênua, pois toda dança comporta valores culturais, sociais e pessoais situados historicamente.

Nesse contexto a dança trata do valor relacionado a cada cultura, do papel

desempenhado pelo universo cultural, de conhecimento sociológico, tanto no que se

refere às tradições como aos processos históricos das civilizações.

Dessa forma, percebemos que de acordo com as referências teóricas

consultadas, a dança apresenta-se como importante conteúdo da educação física

escolar, mas, observamos também que, por questões culturais o esporte e os jogos

aparecem com mais freqüência nas aulas de educação física, permanecendo a

dança em um plano secundário e muitas vezes sendo banida do plano de ensino.

De acordo com Brasileiro (2002, p. 9):

[...] o futebol está marcadamente nas aulas, sejam de professores ou de professoras, mas, a Dança não. Devemos, no entanto, reconhecer a questão cultural, porém para além de reconhecê-la temos que confrontá-la. Se reconhecermos a Dança como conteúdo, teremos que recorrer a ela, assim como recorremos aos demais conteúdos como sendo importantes para a formação das crianças e adolescentes.

Embora os documentos como as DCE/EF, publicados pelo Governo do

Estado do Paraná e os PCN de Educação Física elaborados pelo MEC, deixarem

claros que a Dança faz parte integrante do conteúdo da Educação Física escolar,

existe também a questão com relação à formação dos profissionais da área de

Educação Física com relação à Dança, muitos professores alegam não trabalhar

com o conteúdo Dança, por não se sentirem seguros, devido à formação

inadequada.

De acordo com Brasileiro (2002, p. 9):

[...] porque esse tem sido um forte argumento dos profissionais, a não apropriação do conhecimento que trata a Dança. Isso se reflete, também, no que diz respeito à metodologia desses profissionais, frente ao processo ensino-aprendizagem [...]

Igualmente como afirma Gariba e Franzoni (2007, p.166):

[...] a prática de dança nas aulas de Educação Física ainda se realiza de forma muito restrita. Isto se dá, principalmente, devido ao despreparo na formação dos profissionais.[...]

Kleinubing e Saraiva (2009), com relação à questão da insuficiência na

graduação dos professores, sugere-se que se busquem conhecimentos através de

cursos de aperfeiçoamento, pesquisas ou livros; para ao menos em parte sanarmos

esse problema.

Concordamos com os autores, pois, nos dias atuais a produção de

conhecimento é muito dinâmica, não podemos ficar presos somente aos

conhecimentos da graduação de forma estática, devemos sempre buscar

atualizações e novos conhecimentos.

Brasileiro (2002-2003), também se refere à questão da dança quando tratada

por profissionais de Educação Física, limitar-se a reconhecer somente os

movimentos, retirando dela seu significado ou possibilidade de construção de

conhecimento. A dança tem sido tratada como um fazer privado de saber.

Nesse sentido é importante refletirmos sobre a função da dança, enquanto

significativo conteúdo da educação física escolar, mesmo perpassando por todos os

entraves aqui citados, a Educação Física foi contemplada com este rico elemento da

cultura corporal.

Faz-se necessário este estudo afim de buscar novos caminhos para o

aprofundamento e clareza do conhecimento sobre a dança. Para que se tenha uma

visão mais ampla sobre o conteúdo dança e seus efeitos sobre a formação e

transformação dos nossos educandos, para que eles possam interferir no meio

social onde estão inseridos.

2.2 A Dança na Escola

A dança como manifestação da cultura corporal, tratada no espaço escolar

pelo componente curricular de Educação Física oferece ricas e variadas

possibilidades em vivências corporais, afetivas e sociais, que contribuem no

processo educativo.

Os autores abaixo relatam em seus estudos às contribuições da dança na

ação educativa.

Pereira et al. (2001) apud Gariba e Franzoni (2007, p.162) colocam que:

[...] a dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola: com ela, pode-se levar os alunos a conhecerem a si próprios e/com os outros; a explorarem o mundo da emoção e da imaginação; a criarem; a explorarem novos sentidos, movimentos livres[...]. Veirifica-se assim, as infinitas possibilidades de trabalho do/para o aluno com sua corporeidade por meio dessa atividade.

Kleinubing e Saraiva (2009, p.209):

[...]. Entende-se que a dança que deve estar presente nas aulas de educação física é espaço de promoção da criatividade e principalmente, da sensibilidade, pautada nas possibilidades de ouvir, ver, e apreciar o que outros corpos têm a comunicar e expressar. [...]

Para Ehrenberg e Gallardo (2005) apesar do fato do Brasil ser considerado

um país dançante, a dança é um conteúdo que pouco se trabalha na escola. E,

quando desenvolvido na escola geralmente, não passam de simples reproduções

coreográficas com fins em si mesmo.

Diante do exposto, torna-se complicado o entendimento de que, mesmo a

dança apresentando todos esses aportes, estar presente na nossa cultura, pertencer

à lista das diversões mais preferida dos jovens, ela ainda é um conteúdo pouco

vivenciado e valorizado no espaço escolar.

A dança na escola não apresenta à mesma popularidade dos esportes, na

maioria das vezes a dança é esquecida como conteúdo a ser tratado pela educação

física, como sabemos muitos professores limitam-se a trabalhar com os conteúdos

populares.

Percebe-se que, na maioria das vezes a dança aparece no cotidiano escolar

em apresentações de algumas datas comemorativas, de forma automática,

desprovida de sentido, onde os educandos somente reproduzem movimentos para

abrilhantarem as festividades escolares, sem qualquer discussão e reflexão sobre o

significado das mesmas.

Sobre isto Brasileiro (2008, p.523) afirma que:

Hoje é cada dia mais evidente a presença da dança nas escolas, porém marcadamente nos espaços festivos. Apesar de ser caracterizada, nos documentos curriculares, como um conteúdo da arte e da educação física, ou seja, conhecimento a ser ensinado no espaço de formação de crianças e adolescentes, a mesma aparece e desaparece em programas escolares [...] A dança presente nas festas é quase sempre a mesma ausente dos componentes curriculares.

Sborquia e Gallardo (2005, p.111) também “evidencia que a dança é

descontextualizada da cultura, e consequentemente marginalizada no currículo

escolar, sendo apenas realizada através de eventos extracurriculares”.

Podemos observar então, que a dança como elemento da cultura corporal

está presente na escola, mas, tem sido abordada de forma precária pelos

professores de Educação Física, que utilizam o tempo de suas preciosas aulas para

os árduos ensaios de coreografias. Por conta de festividades escolares em que os

professores, diretores e os pais querem ver o melhor desempenho, negando assim,

todos os valores educativos da dança na escola.

Sobre isto Brasileiro (2001, p.78) afirma que “apesar da Dança estar presente

no espaço escolar, ela é, apenas, um elemento decorativo, sem reflexão como

conhecimento para a formação dos alunos”.

Nesse sentido, também há necessidade de se ter cuidado com relação às

danças veiculadas na mídia, pois, sabemos que a escola tem reproduzido estas

danças sem contextualizá-las e “que nossos alunos não mais apreendem o mundo

somente por meio das palavras, mas principalmente das imagens e movimentos.”

(MARQUES, 2005, p.25). E, na maioria das vezes, o professor de Educação Física

simplesmente seleciona uma música qualquer e solicita aos alunos que dancem os

mesmos apenas reproduzem as coreografias apresentadas na mídia.

Nessa tessitura o professor estará apenas reforçando modismos da mídia,

onde o interesse central é a vinculação com a indústria cultural. Nesse caso

recomenda-se que as “danças veiculadas pela mídia, cujo caráter educacional seja

empobrecedor, devem ser debatidas, aguçando a percepção dos alunos e a

capacidade crítica para analisá-las”. (RINALDI; LARA; OLIVEIRA, 2009, p.231).

Destarte as DCE/EF (2008, p.62) reforçam que “a atuação do professor de

Educação Física é de suma importância para aprofundar a abordagem dos

conteúdos, considerando as questões veiculadas pela mídia em sua prática

pedagógica, de modo a possibilitar ao aluno discussão e reflexão [...]”.

Como se observa a dança não tem sido explorada na escola de forma

adequada, há uma ausência de reflexão sobre sua história com relação ao contexto

em que a mesma foi criada, os seus significados, suas características e influências

que sofrem pela sociedade, não acontecendo assim, as alterações ou modificações

significativas na formação ou transformação do educando.

De acordo com Marques (2005) muitos professores ainda têm à visão

reducionista de que dança na escola é “bom para relaxar”, ”para soltar as emoções”,

”para esquecer os problemas”, “para conter a agressividade”. Será só esse o papel

da dança na escola?

Percebe-se também, que os professores de Educação Física fundamentados

por uma perspectiva tecnicista, infelizmente, notam e valorizam com mais facilidade

as habilidades físicas e capacidades motoras na dança, os demais aspectos são

desprezados.

Tendo em vista que a Educação Física manteve-se pautada por muito tempo

a uma perspectiva tecnicista, historicamente priorizou-se na escola a simples

execução de exercícios físicos sem uma reflexão sobre as práticas corporais.

Neste contexto “não se pretende aqui negar que é preciso lidar com a

aprendizagem da técnica da dança, mas isso não pode impedir a imaginação e a

sensibilidade para um aguçar de todos os sentidos” (FIAMONCINI, 2003, p. 60).

Torna-se necessário ampliar nossa visão, pois, se atermos somente as

técnicas estaremos perdendo importante aspectos da dança como: a criatividade e a

expressividade , pois, de acordo com Fiamoncini (2003, p. 62) “o ser humano não é

movido apenas pelo pensamento, mas também pela sensibilidade, pelo que

experimenta e vive, aprendendo através de suas manifestações, do seu expressar

espontâneo”.

Sob o mesmo ponto de vista Sborquia (2002) afirma que a dança na

educação, deve ir de encontro com as necessidades do educando, ouvindo suas

idéias, percebendo a criatividade e expressividade dos movimentos em detrimento

aos padrões estéticos, as regras e técnicas. Assim sendo, o educando terá

condições de criar e transformar a dança, deixando de ser um simples reprodutor de

coreografias elaboradas pelo professor.

Corroborando com a idéia Marques afirma que:

[...] A escola teria, assim, o papel não de “soltar” ou de reproduzir, mas sim de instrumentalizar e de construir conhecimento em/por meio da dança com seus alunos, pois, ela é forma de conhecimento, elemento essencial para educação do ser social. (MARQUES, 2005, p. 23,24).

Considera-se de grande importância às propostas de Sborquia (2002) e

Marques (2005), quando ressaltam a importância de partimos das experiências

corporais que alunos já possuem, pois são culturais e têm significado. Permite-se

assim, a relação entre o conhecimento em dança e as relações sócio-político-

culturais dos educandos em sociedade.

3 Implementação na Escola: Procedimentos Metodológicos

Este artigo é resultado de uma pesquisa bibliográfica qualitativa, seguida de

pesquisa-ação. Nesta “o pesquisador deve experienciar o espaço e o tempo vividos

pelos investigados e partilhar de suas expectativas para reconstruir o sentido que os

pesquisados dão ao objeto”. (SUZUKI, 2009, p.44). A pesquisa-ação realizou-se na

Escola Estadual Afrânio Peixoto, Ensino Fundamental de 6º ao 9º Ano, na cidade de

Abatiá, PR, no segundo semestre de 2011, com alunos da 5ª série “A”, hoje 6º Ano.

A turma era formada por 33 alunos, sendo 16 do sexo feminino e17 do sexo

masculino, dentre elas 02 alunas inclusas com deficiência auditiva e 03

alunos repetentes.

As aulas tinham duração de 50 minutos cada, e aconteciam duas vezes na

semana, tivemos o total de 18 encontros. Com abordagem teórico-prática, por meio

da utilização de recursos audiovisuais, manipulação de materiais diversificados e

atividades de expressão corporal e improvisação.

Os conteúdos e as atividades da unidade didática elaborada durante o

processo de criação do projeto de intervenção pedagógica na escola, contribuíram

para preparação e efetivação das aulas.

3.1 Relato das Atividades Realizadas

Nº. ATIVIDADES

01 Apresentação do projeto para equipe diretiva, pedagógica, professores e funcionários.

02 Apresentação do projeto para os alunos da quinta série “A”, turma de implementação.

03 Início da Proposta 01: Expressão Corporal Atividade 1 – Aula expositiva e dialogada, valorizando o conhecimento do aluno com relação à expressão corporal. Apresentação de vídeo “O Corpo Fala”, recortes com 15 minutos de duração para reflexão e discussão. Após realização uma dinâmica para “quebrar o gelo” Instrumentos Musicais (berimbau, sanfona, saxofone, teclado, violino, violão, bateria e guitarra). Cada aluno deverá pegar um cartão com o nome de um instrumento (já citados), após o professor solicitou que ao som de uma música movimentam-se executando o gesto do seu instrumento e observassem os colegas que faziam o mesmo gesto que o seu e unisse a eles. Quando todos estivessem agrupados de acordo com seu instrumento deveriam criar uma apresentação, para cada instrumento foi selecionado um ritmo curto para dar mais emoção.

04 Atividade 2 - “Fazendo Poses” – recortes de revistas com fotos de pessoas fazendo poses espalhadas pelo chão. Foram utilizadas músicas com ritmos diferentes, onde os alunos deveriam passear por entre as fotos, no momento em que o profº pausasse a música o aluno deveria escolher e representar a figura. Repetiu-se várias vezes e na última rodada solicitou-se que o aluno pegasse a foto que mais lhe agradou e em seguida formassem equipes com quatro alunos, na qual cada aluno partindo da pose da foto criasse um movimento e organizasse uma seqüência com os demais colegas para realizar uma apresentação.

05 Proposta 01: Expressão Corporal

Atividade 3 – com o poema “Esse Corpo” de Roseli Aparecida Bregolato, leitura, interpretação, discussão e questionamentos. Solicitou-se um registro sobre o entendimento da atividade. Atividade 4 - com “Lençol”: Realizaram-se vários tipos de movimentos com as diversas partes do corpo, sem e com deslocamentos “com o Lençol e sem o Lençol”, utilizou-se de músicas de ritmos variados. Finalizou-se com os seguintes questionamentos para discussão:

a) Qual a sensação de realizar os movimentos debaixo do lençol? Por quê? b) O lençol ajuda ou atrapalha? Por quê?

06

Proposta 01: Expressão Corporal

Atividades: 5) Espelho: (SÁ & GODOY, 2009, p.9).

6) Escultor e Escultura: (BREGOLATO, 2005, p.118).

7)Cai, Cai, Balão: (SÁ & GODOY, 2009, p.40-41). Após vivenciar as atividades na roda de conversa fazer os seguintes questionamentos:

a) O que foi mais prazeroso ser o espelho ou a imagem? Por quê? b) O escultor ou a argila? Por quê?

c) Qual a sensação de utilizar os balões para descobrir o corpo?

07 Proposta 01: Expressão Corporal Nova leitura da realidade (catarse): Em equipes os alunos elaboraram uma coreografia utilizando-se dos movimentos esportivos conhecidos pelos alunos e apresentaram-se para a turma. (SOARES et al, 1998, p.89). Reflexão e discussão:

a) Por que sentimos tanta vergonha de apresentarmos em público?

b) Para os meninos como foi realizar a coreografia? c) Há necessidade de rebolar para dançar? Por quê?

d) Quais foram às dificuldades no grupo? e) Perceberam que vocês dançaram?

f) Como tais atividades podem ajudá-los no dia-a-dia?

08 Proposta 02: Improvisação

Atividade 1 - Leitura e Reflexão. Texto: O que é ritmo?

Atividade 2 – Apanhe Meu Ritmo (BREGOLATO, 2005, P. 128).

09 Proposta 02: Improvisação Atividade 3 – Bastão e Ritmo (FERREIRA, 2005, p.43-44). Atividade 4 – Arco e Ritmo (FERREIRA, 2005, p.44).

Obs. Foi solicitado aos alunos à recriação dos movimentos com os materiais.

10 Proposta 02: Improvisação

Atividade 5 – Escravos de Jó (DARIDO; JÚNIOR, 2008, p. 208-209). Discussão e questionamentos com os alunos:

a) Vocês conhecem outra forma de realizar esta atividade? Como? Atividade 6 – Mistura (FERREIRA, 2005, p.47).

Discussão e questionamentos com os alunos: a) O que acontece quando as músicas são trocadas? b) É preciso usar a criatividade? Por quê?

11 Proposta 02: Improvisação Nova leitura da realidade (catarse)

Atividade – Estações com Materiais Diversificados (chapéus, lenços, cordas, fitas, bolas, arcos, bastões e bexigas).

Finalizou-se com uma apresentação para comunidade escolar. Discussão e questionamentos sobre a atividade realizada:

a) Quem nunca dançou? Por quais motivos não dança? b) O que acharam dessa nova forma de dançar? c) Vocês sabiam que a dança existe há milhares de anos?

12 Entrevista com os pais sobre a Dança

a) Nome do Entrevistado (a): b) Idade do Entrevistado: c) Você sabe dançar? ( ) sim ( ) não d) Quem te ensinou a dançar e) Que tipo de música você dança? f) Onde você dança? g) Qual é a sua opinião sobre dançar ou a dança? (Comente) Apresentação da entrevista para a turma

13 Apresentação de vídeo com vários gêneros de dança, principalmente aqueles citados pelos pais na entrevista.

14 Pesquisou-se em duplas sobre: Por que os povos antigos se utilizavam da dança? Apresentação para a turma e montagem de mural para exposição no pátio.

Inicialmente esclareci o projeto para os alunos e constatei que ficaram um

tanto confusos, pois, os mesmos já haviam tido no primeiro semestre duas

professoras diferentes de educação física. Deste modo, eu seria então a 3ª

professora, com a missão de implementar meu projeto sobre a dança. Este já foi o

meu primeiro grande desafio, os alunos principalmente os meninos, reclamaram

sobre a questão “jogar bola”, expliquei sobre a importância dos esportes, mas, que a

Dança também é um conteúdo importantíssimo da disciplina de Educação Física, e

que aprenderíamos juntos sobre o conteúdo proposto.

Constatei nesse momento através do diálogo prévio, que a maioria dos alunos

só havia vivenciando a dança da quadrilha na festa junina da escola na qual fizeram

os anos iniciais do Ensino Fundamental. Os alunos relataram que os professores de

educação física ensaiavam por várias vezes as coreografias para que ficassem

bonitas para o dia da apresentação, sem mais explicações sobre os detalhes de se

dançar a quadrilha na festa, portanto cofirma-se os estudos de Brasileiro (2008) e

Sborquia e Gallardo (2005) que fundamentaram essa pesquisa.

As atividades propostas foram realizadas num processo gradativo,

primeiro trabalhei com a expressão corporal, fazendo com que os alunos

superassem suas limitações gestuais, a timidez e o medo de se expor ao ridículo. E,

a introdução do ritmo se deu aos poucos, nesse sentido a aceitação e o

entendimento foram ocorrendo durante todo o processo, a cada atividade

desenvolvida.

Percebi que os trabalhos com materiais diversificados, motivaram os alunos a

participarem da aula com mais interesse, a presença dos materiais auxiliam na

criação de movimentos menos tensos. Com relação à solicitação de materiais para

os alunos, temos que levar em consideração que alguns não o trazem para as

atividades o que pode prejudicar o andamento da aula, então é necessário sempre

tê-los em reserva para efetivação da atividade.

Proporcionar a familiarização com os materiais diversificados foi de suma

importância, pois, os materiais e as músicas causam uma euforia nos alunos, há

necessidade de muita calma e controle por parte do professor, deve-se deixar os

alunos livres para as descobertas com os materiais, só assim foi possível propor as

minhas atividades com os materiais e conseguir com que eles se concentrassem de

maneira satisfatória nas explicações.

Nas atividades em duplas os alunos se mostraram mais seguros, pois, deixei

livre a escolha de seu parceiro o que facilitou o encaminhamento das mesmas.

Observei que houve mais liberdade e criatividade na realização dos movimentos,

enquanto que se os pares fossem por mim formados haveria uma barreira com

relação à elaboração dos gestos e o toque, por falta de intimidade entre os alunos.

Após, a realização de cada atividade foi proposta recriações,

discussões e questionamentos, momento em que foi possível verificar o nível de

compreensão dos alunos com relação às atividades propostas. Percebeu-se um

momento fecundo para avaliar a aprendizagem dos alunos, bem como para que o

próprio professor avalie sua prática educativa, permitindo desta maneira replanejar o

seu trabalho.

Procurei filmar algumas atividades principalmente às recriações, expliquei

que o objetivo da filmagem era para que eles pudessem observar seus próprios

avanços. Foi interessante que ao assistirem o vídeo cada um foi pontuando algum

detalhe seu ou de seu grupo que poderiam ser melhorados ou alterados, no início

ficaram envergonhados, mas, aos poucos dão abertura para o diálogo e esta ação

no decorrer do trabalho despertou o interesse na participação.

Destaca-se a atividade de entrevista com os pais dos alunos sobre a dança,

durante a apresentação da entrevista foram sendo pontuados na lousa alguns itens

relevantes. Instiguei para que eles observassem o resultado dos entrevistados, com

relação à quantidade dos que não sabiam dançar, mas, que gostavam e tinham

vontade de aprender. Ficaram surpresos, pois, os pais que não sabiam tinham

vontade de aprender e apenas uma mãe disse que não sabia dançar e achava

ridículo um estilo em específico. Quanto aos ritmos citados: valsa, forró, vanerão e

xote, aprovaram, mas disseram que os pais deveriam agregar outros ritmos,

principalmente os apresentados pela mídia.

Durante a realização das atividades tive grande colaboração de uma

professora interprete de libras, que me auxiliou com as duas alunas inclusas,

permitindo a elas participação ativa durante todas as atividades propostas. Só não

foi possível conseguir um piso de madeira para que as alunas percebessem as

vibrações do som, como a turma era grande necessitava de uma sala ampla, e todas

as dependências da escola são revestidas de pisos cerâmicos.

A dificuldade maior foi com relação aos três alunos repetentes, na qual a

idade não era compatível com a série, então, a vergonha de se expor era grande,

mas o exercício do diálogo e as intervenções em cada encontro, fizeram com que

aos poucos eles se integrassem, tendo em vista que os demais alunos faziam as

aulas sem restrições e se divertiam esse foi um ponto relevante para estimulá-los a

participar.

Os resultados obtidos foram importantes para esse projeto, uma vez que no

desenrolar das atividades alguns alunos não sentiram motivados quanto à nova

metodologia, em contrapartida, a maioria adorou, se manifestando sempre com

alegria e muita disposição na participação das atividades propostas. Quanto ao

aproveitamento da turma, percebeu-se uma melhora significativa.

3.2 Contribuições dos Professores Participantes do GTR

Além das observações e registros pessoais já apresentados neste artigo, esta

análise considerou os depoimentos dos profissionais que participaram do grupo de

trabalho em rede (GTR). Essa capacitação oportunizou a participação de

professores de diversas escolas do estado do Paraná, possibilitou o acesso ao

projeto de intervenção na escola e a produção didático pedagógica, na qual

puderam discutir e dar suas contribuições nos fóruns de discussão.

Nos depoimentos apresentados sobre a temática 1 que consistia na

apresentação do projeto de intervenção na escola, houve entre os professores um

consenso sobre a insuficiência na graduação, falta de capacitação, preconceitos

entre outros fatores que dificultam o trabalho com a dança. Mas, os mesmos

afirmaram em suas declarações que tais fatores não são impedimentos para privar

nossos alunos de vivenciarem o conteúdo dança. Conforme declaração a seguir:

Na criança a dança aparece muito cedo, logo que ela domina a marcha e assim também percebemos que ela se perde cedo, seja por vergonha, repressão ou ate mesmo por falta de estímulos de profissionais que muitas vezes deixam de trabalhar esse conteúdo por pensarem que não sabem ou por acharem difíceis de serem ensinados. Porem, os professores devem se arriscar mais a trabalhar com este conteúdo, porque de fato é tão importante e não tem nenhum segredo para seu ensinamento, alem de fazer parte da disciplina de Educação Física. E para isso não é preciso formar nem um bailarino na escola, é preciso apenas libertar os movimentos e trabalhar as expressões, com uma única ressalva: os cuidados com o tipo de música que vai trabalhar dentro da escola. (Fórum de Discussão 1; por Paulo Correia Silvério Jr. 08/11/2011).

Com relação à temática 2 a apresentação da produção didático-pedagógica

que foi a produção de uma Unidade Didática, organizado através de atividades em

que os alunos com liberdade para a criatividade e espontaneidade, pudessem refletir

sobre seus corpos e sua interação social. Sobre o qual os professores discutiram,

analisaram e deram parecer favorável.

Conforme declarações a seguir:

Muito interessante à produção didático pedagógica, pois na minha opinião valoriza a criatividade do aluno, estimula o desenvolvimento da corporeidade, é possível de realizar com qualquer turma ( as atividades não são complexas, envolvem os alunos de forma coletiva, não expondo portanto aqueles que tem menos " habilidades/vivencias em danças"). Gostei também do fato de iniciar com a 5ª série, pois são geralmente aqueles alunos que estão chegando e que podemos estimulá-los a vivenciar novas possibilidades nas aulas. (Fórum de Discussão 2; por Marilene do SocorroSantos.04/11/2011). Com certeza a sua produção é muito rica para quem está iniciando nas aulas de dança. Posso dizer isso com certeza, pois pouco trabalhei a dança com meus alunos e as suas atividades são bastante pertinentes. Estou em licença especial, mas tenho pego as 5ª séries e pretendo usar seu material. Entrei neste GTR na esperança de encontrar material de dança para as 5ª séries, e achei. Após 25 anos na educação, tive um material concreto em mãos.

(Fórum de Discussão 2; por Regina Cieniuch. 20/11/2011).

No transcorrer do trabalho percebeu-se que as idéias se completavam, dando

rumo ao projeto e uma reestruturação do que se propunha anteriormente, fazendo

do pesquisador um mediador, valendo-se de formular e reformular questões

pertinentes ao projeto norteando novas hipóteses para as situações propostas pelos

cursistas do GTR para condução do projeto de forma positiva.

Essa experiência desenvolvida com os professores foi de grande valia, a

participação foi produtiva, apontando sempre para situações vivenciadas pelo grupo,

assim como também situações negativas que muitas vezes conduziu o pesquisador

para uma abordagem de ânimo para o grupo, na expectativa de afirmação do

propósito desse projeto.

4 Considerações Finais

De acordo com análise da pesquisa há necessidade de grande empenho e

dedicação do professor ao proporcionar aos seus alunos os conteúdos que não são

populares, pois a tarefa não é tão simples, mas não é impossível.

Quando o professor se coloca disponível e o aluno se percebe na ação

educativa, como na construção, na recriação e na improvisação dos movimentos

corporais o seu envolvimento e comprometimento se fortalecem.

Percebeu-se através da análise que os alunos de 5ª séries estão acessíveis

para a aprendizagem do conteúdo dança, através da expressão corporal e

improvisação, atividades diversificadas sem a exigência de materiais e movimentos

complexos, em que os levam a refletir sobre outras possibilidades nas aulas de

Educação Física. Para isso, o professor necessita ousar e propor novos conteúdos e

novas metodologias, desde que bem planejada e sempre ancorada por referenciais

teóricos.

Espera-se com este estudo contribuir para uma reflexão sobre o conteúdo

dança e a possibilidade do trato desse conhecimento nas aulas de Educação Física

e também que as questões aqui levantadas possam oportunizar novas pesquisas

acerca da dança no contexto escolar.

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