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BLOQUEIOS ANESTÉSICOS NA REGIÃO DO ESQUELETO AXIAL DE EQUINOS Luciana Correia de Oliveira 1 , Ana Paula Monteiro Tenório 2 , Mychelle Bruna da Silva Barros 3 e Ernani Méro Campos 4 . ________________ 1. Primeiro Autor é Discente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife-PE CEP: 52171-900 E-mail: [email protected] 2. Segundo Autor é Professora Adjunta do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife-PE CEP: 52171-900 3. Terceiro Autor é Discente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife-PE CEP: 52171-900 4. M.V. Residente do Hospital Veterinário, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Manuel de Medeiros, S/N, Recife, PE CEP: 52171-900 Introdução A anestesia em equinos é uma prática sujeita a problemas e complicações, uma vez que o temperamento característico desta espécie, e seu tamanho, a tornam um risco para o profissional e para os próprios animais [1]. O emprego da anestesia local é mais frequente que o da anestesia geral pelas peculiaridades anatômicas da espécie, facilitadoras de sua execução, como a superficialidade das inervações da cabeça e dos membros, por exemplo. Associada à anestesia local, obrigatoriamente, está a sedação, em maior ou menor grau a depender do caso, o que nem sempre é suficientemente efetivo para a intervenção cirúrgica [1, 2]. O esqueleto axial compreende crânio, coluna vertebral, costelas e esterno [3], sendo as duas primeiras estruturas citadas altamente inervadas e acessíveis, características fundamentais para a aplicação de técnicas de bloqueio anestésico regional [2]. Na região da cabeça, o bloqueio nervoso é realizado em nervos diferentes, e cada um desses bloqueios tem sua finalidade. Os principais bloqueios nessa região compreendem: o nervo supra-orbitário para intervenções a nível de pálpebra superior e adjacências; nervo infra-orbitário para extrações dentárias dos incisivos superiores, excisões tumorais, manipulações de narinas [2]; nervo mentoniano para anestesia de lábios inferiores e mucosa gengival rostral com acesso pelo forame mentoniano, palpado entre o canino inferior e o primeiro pré-molar [1]; nervo mandibular para insensibilização da mandíbula e todas as suas estruturas dentárias; nervo maxilar para anestesia das estruturas dentárias do maxilar e pré-maxilar, seios paranasais e cavidade nasal [4]; nervos óptico, abducente, oculomotor, troclear e oftálmico, com acesso pelo canto medial do olho tangencialmente ao globo ocular, em casos de enucleação [2]. Na região da coluna vertebral, a anestesia local peridural (intercoccígea) é requerida em casos de prolapsos retais, fístulas retrovaginais ou qualquer intervenção cirúrgica na qual seja necessária a insensibilização de regiões retais ou retovaginais [2]. A administração de anestésicos locais no espaço epidural pode ser feita em associação a opióides ou agonistas alfa-2- adrenérgicos, e sem a penetração da dura-máter [1]. Nesta espécie, o volume administrado deve ser muito bem mensurado, pois a prostração apenas dos membros posteriores, ocasionada pela perda de motricidade causada pelo excesso de anestésico, pode provocar acidentes severos, tais como quedas, traumas cranianos e fraturas de membros anteriores. O acesso ao espaço epidural é feito entre as vértebras coccígeas Co1 e Co2 [2]. Buscando cumprir com execelência um dos objetivos pedagógicos que é o ensino-aprendizagem, primou-se pela ministração de aulas práticas, além das teóricas, dado que as técnicas de bloqueio anestésico são complicadas e exigem precisão em sua execução. Assim sendo, foram usados recursos que além de tornar o aprendizado mais interessante, proporcionam um conhecimento seriado, pausado e intensivo. Material e métodos Os recursos utilizados consistem de: atlas de anatomia descritiva de equinos, manequim de um esqueleto eqüino, slides demonstrativos das técnicas, demonstração teórica das regiões a serem anestesiadas em animais vivos. Nas aulas teóricas foram empregados o atlas de anatomia descritiva com o intuito de fazer os alunos relembrarem as estruturas musculares e esqueléticas vistas anteriormente nas disciplinas Anatomia Descritiva dos Animais Domésticos e Anatomia Topográfica dos Animais Domésticos; o manequim de esqueleto eqüino para a visualização das estruturas esqueléticas, dentre elas os forames e espaços intervertebrais por onde se tem acesso aos nervos a serem insensibilizados, e para se ter noção das proporções reais de um animal; slides demonstrativos das técnicas de bloqueio anestésico na região do esqueleto axial com suas finalidades, acessos, cálculos de volume de drogas anestésicas locais e aparelhagem necessária. A aula prática foi ministrada com a presença de um cavalo, macho, mestiço, com três anos de idade. Nele, puderam ser observados e palpados os ossos do esqueleto axial, mais precisamente os forames encontrados no crânio e mandíbula (forames supra-orbitário, infra-orbitário e

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BLOQUEIOS ANESTÉSICOS NA REGIÃO DO ESQUELETO AXIAL DE EQUINOS

Luciana Correia de Oliveira1, Ana Paula Monteiro Tenório2, Mychelle Bruna da Silva Barros3 e Ernani Méro Campos4.

________________1. Primeiro Autor é Discente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de Medeiros s/n,

Dois Irmãos, Recife-PE CEP: 52171-900 E-mail: [email protected]. Segundo Autor é Professora Adjunta do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife-PE CEP: 52171-9003. Terceiro Autor é Discente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife-PE CEP: 52171-900 4. M.V. Residente do Hospital Veterinário, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Manuel de Medeiros, S/N, Recife, PE CEP: 52171-900

Introdução

A anestesia em equinos é uma prática sujeita a problemas e complicações, uma vez que o temperamento característico desta espécie, e seu tamanho, a tornam um risco para o profissional e para os próprios animais [1].

O emprego da anestesia local é mais frequente que o da anestesia geral pelas peculiaridades anatômicas da espécie, facilitadoras de sua execução, como a superficialidade das inervações da cabeça e dos membros, por exemplo. Associada à anestesia local, obrigatoriamente, está a sedação, em maior ou menor grau a depender do caso, o que nem sempre é suficientemente efetivo para a intervenção cirúrgica [1, 2].

O esqueleto axial compreende crânio, coluna vertebral, costelas e esterno [3], sendo as duas primeiras estruturas citadas altamente inervadas e acessíveis, características fundamentais para a aplicação de técnicas de bloqueio anestésico regional [2].

Na região da cabeça, o bloqueio nervoso é realizadoem nervos diferentes, e cada um desses bloqueios tem sua finalidade. Os principais bloqueios nessa região compreendem: o nervo supra-orbitário para intervenções a nível de pálpebra superior e adjacências; nervo infra-orbitário para extrações dentárias dos incisivos superiores, excisões tumorais, manipulações de narinas [2]; nervo mentoniano para anestesia de lábios inferiores e mucosa gengival rostral com acesso pelo forame mentoniano, palpado entre o canino inferior e o primeiro pré-molar [1]; nervo mandibular para insensibilização da mandíbula e todas as suas estruturas dentárias; nervo maxilar para anestesia das estruturas dentárias do maxilar e pré-maxilar, seios paranasais e cavidade nasal [4]; nervos óptico, abducente, oculomotor, troclear e oftálmico, com acesso pelo canto medial do olho tangencialmente ao globo ocular, em casos de enucleação [2].

Na região da coluna vertebral, a anestesia local peridural (intercoccígea) é requerida em casos de prolapsos retais, fístulas retrovaginais ou qualquer intervenção cirúrgica na qual seja necessária a

insensibilização de regiões retais ou retovaginais [2]. A administração de anestésicos locais no espaço epidural pode ser feita em associação a opióides ou agonistas alfa-2-adrenérgicos, e sem a penetração da dura-máter [1]. Nesta espécie, o volume administrado deve ser muito bem mensurado, pois a prostração apenas dos membros posteriores, ocasionada pela perda de motricidade causada pelo excesso de anestésico, pode provocar acidentes severos, tais como quedas, traumas cranianos e fraturas de membros anteriores. O acesso ao espaço epidural é feito entre as vértebras coccígeas Co1 e Co2 [2].

Buscando cumprir com execelência um dos objetivos pedagógicos que é o ensino-aprendizagem, primou-se pela ministração de aulas práticas, além das teóricas, dado que as técnicas de bloqueio anestésico são complicadas e exigem precisão em sua execução. Assim sendo, foram usados recursos que além de tornar o aprendizado mais interessante, proporcionam um conhecimento seriado, pausado e intensivo.

Material e métodos

Os recursos utilizados consistem de: atlas de anatomia descritiva de equinos, manequim de um esqueleto eqüino, slides demonstrativos das técnicas, demonstração teórica das regiões a serem anestesiadas em animais vivos.

Nas aulas teóricas foram empregados o atlas de anatomia descritiva com o intuito de fazer os alunos relembrarem as estruturas musculares e esqueléticas vistas anteriormente nas disciplinas Anatomia Descritiva dos Animais Domésticos e Anatomia Topográfica dos Animais Domésticos; o manequim de esqueleto eqüino para a visualização das estruturas esqueléticas, dentre elas os forames e espaços intervertebrais por onde se tem acesso aos nervos a serem insensibilizados, e para se ter noção das proporções reais de um animal; slides demonstrativos das técnicas de bloqueio anestésico na região do esqueleto axial com suas finalidades, acessos, cálculos de volume de drogas anestésicas locais e aparelhagem necessária.

A aula prática foi ministrada com a presença de um cavalo, macho, mestiço, com três anos de idade. Nele, puderam ser observados e palpados os ossos do esqueleto axial, mais precisamente os forames encontrados no crânio e mandíbula (forames supra-orbitário, infra-orbitário e

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mentoniano) e os espaços intervertebrais coccígeos entre as vértebras Co1 e Co2.

Resultados e Discussão

A inserção do aluno de Anestesiologia Veterinária na rotina clínica em presença do paciente (eqüino) induziu ao maior interesse pelos mesmos levando-os a pesquisar mais, a tirar mais dúvidas e a querer praticar. O estímulo diferencial ocasionado pelo manequim de esqueleto eqüino e pela presença do paciente obteve aceitação de 100% pelos alunos da disciplina apresentada e um aumento na freqüência de presença em aulas práticas.

A aplicação dos novos métodos imprimiu um caráter lúdico à aprendizagem ao incitar o discente ao entusiasmo, uma vez que o conteúdo é ministrado de forma mais divertida e interativa, e conseqüente aprendizado significativo [5]. O processo ensino-aprendizagem foi concluído com sucesso levando em consideração a obtenção dos objetivos pedagógicos e uma maior busca pelo conhecimento [6].

Agradecimentos

À professora e orientadora Ana Paula Monteiro Tenório (Anestesiologia Veterinária) pela constante paciência e aos colegas da Área de Clínica Médica do

HOVET/UFRPE pelo convívio agradável de todas as semanas.

Referências[1] NATALINI, CLÁUDIO C. 2007. Teoria e Técnicas em Anestesiologia Veterinária. Porto Alegre: Artmed.

[2] MASSONE, FLAVIO. 2008. Anestesiologia Veterinária: Farmacologia e Técnicas: Texto e Atlas Colorido/Flavio Massone.-5.ed. (ampl. e atualizada)-Rio de Janeiro:Guanabara Koogan.

[3] GETTY, R. 1981. Anatomia dos Animais Domésticos – vol 1, 5. ed. . Rio de Janeiro: Editora Interamericana.

[4] DOHERTY, T.;VALVERDE, A. 2008. Anestesia & Analgesia em Eqüinos. São Paulo; Editora Roca.

[5] CAMPOS, L. M. L; FELICIO, A. K. C.; BORTOLOTTO, T. M. 2003. A Produção de jogos didáticos para o ensino de Ciências e Biologia: uma proposta para favorecer a aprendizagem. Caderno dos núcleos de Ensino, 35 a 48p

[6] MORATORI, P. B; 2003. Por que utilizar jogos educativos noprocesso de ensino aprendizagem? Trabalho de conclusão, disciplinaIntrodução a Informática na Educação, Curso de Pós-graduação emInformática, UFRJ, Rio de Janeiro.

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