quando o sociólogo quer saber o que é ser professor fragmento

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  • 8/18/2019 Quando o sociólogo quer saber o que é ser professor fragmento

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    Quando o sociólogo quer saber o que é serprofessorEntrevista com François Dubet

    Entrevista concedida à

    Angelina Teixeira PeralvaMarilia Pontes SpositoUniversidade de São Paulo

     Tradução de nes !osa "ueno

    Em entrevista concedida à !evista "rasileira de Educação em setembro de #$$%& durantebreve estada no "rasil& o soci'logo François Dubet re(ete sobre a sua experi)ncia de umano como pro*essor de +ist'ria e geogra,a em um col-gio da peri*eria de "ordeaux&França. /on+ecido por suas pes0uisas sobre a 1uventude marginali2ada na França& FrançoisDubet 0uis vivenciar& diretamente como pro*essor& os dilemas da escola *rancesa

    contempor3nea.François Dubet - pes0uisador do /entre d4Anal5se et d4ntervention Sociologi0ues 6/7!S 89cole des :autes 9tudes en Sciences Sociales;& pro*essor titular e c+e*e do departamentode sociologia da Universidade de "ordeaux e membro senior do nstitute Universitaire deFrance. 9 autor de mais de uma de2ena de livros& entre os 0uais< La galère: jeunes ensurvie. Paris< Fa5ard& #$=>? Les lycéens. Paris< Seuil& #$$#? Sociologie de l’experience.Paris< Seuil& #$$@ 6Edição portuguesa< isboa& nstituto Piaget& #$$>; e  A l’école. 6comDanilo Martucelli; Paris< Seuil& #$%%.

    Por que, enquanto pesquisador, você escolheu lecionar por u ano e u colégio!Eu 0uis ensinar durante um ano por duas ra2Bes um pouco di*erentes.A primeira - 0ue nos meus encontros& coletivos ou individuais& com pro*essores& eu

    tin+a a impressão de 0ue eles davam descriçBes exageradamente di*Cceis da relaçãopedag'gica. Eles insistiam muito sobre as di,culdades da pro,ssão& a impossibilidade detrabal+ar& a 0ueda de nCvel dos alunos& etc. E eu me perguntava se não era um tipo deencenação um pouco dramtica do seu trabal+o.

    A segunda ra2ão - 0ue& durante uma intervenção sociol'gica com um grupo depro*essores& encontrei duas pro*essoras com uma resist)ncia muito grande ao tipo deanlise 0ue eu propun+a. Elas deixaram o grupo. Uma delas escreveu uma carta em 0ueme criticava particularmente por não ter lecionado& de ser um intelectual& de ter umaimagem abstrata dos problemas. Foi um pouco por desa,o 0ue eu 0uis dar aulas para verdo 0ue se tratava.G...H

    Assumi uma classe de cinquièe& IJ ginasial 60ue começa ap's os cinco anos deescola elementar;& com crianças de #KL#@ anos& em um col-gio popular& bastante di*Ccil em0ue o nCvel dos alunos - baixo e dei aulas durante um ano G...H Ensinei +ist'ria e geogra,a 1 0ue são disciplinas 0ue me interessavam e 0ue não re0ueriam uma *ormação especC,cacomo o ingl)s ou as matemticas& pelo menos no nCvel escolar em 0ue eu trabal+ava.Podemos di2er muitas coisas sobre esta experi)ncia. ogo& me dei conta de 0ue aobservação participante era um absurdo. Durante duas semanas& tentei ,carobservando& isto -& ver a mim mesmo dando aula. Mas ap's duas semanas& estavacompletamente envolvido com o meu papel e eu não era de maneira alguma umsoci'logo& embora tivesse me es*orçado para manter um dirio de umas cin0entapginas no 0ual redigi min+as impressBes. Entretanto& não acredito 0ue se possa *a2erpes0uisa se colocando no lugar dos atores? G...H

    Eu ,2 este trabal+o em boas condiçBes& pois *ui muito bem acol+ido pela grandemaioria dos pro*essores 0ue ,caram bastante sensibili2ados pelo *ato de eu ir dar aulas e

    tive realmente muito apoio& muita simpatia 6...; Alis& não - preciso esconder 0ue o *ato deser um +omem no meio de mul+eres pode tamb-m a1udar. Era um clima bastanteagradvel.

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    A min+a primeira surpresa& e 0ue - *undamental& corresponde ao 0ue ospro*essores di2em nas suas entrevistas. Ns alunos não estão naturalmente dispostos a*a2er o papel de aluno. Dito de outra *orma& para começar& a situação escolar - de,nidapelos alunos como uma situação& não de +ostilidade& mas de resist)ncia ao pro*essor. stosigni,ca 0ue eles não escutam e nem trabal+am espontaneamente& eles se aborrecem ou*a2em outra coisa. & na primeira aula& os alunos me testaram& eles 0ueriam saber o 0ueeu valia. /omeçaram então a conversar& a rir 6...;. Um aluno& um menino 0ue estava no

    *undo da sala& *a2ia tanto barul+o 0ue eu pedi para ele vir se sentar na *rente. Ele serecusou. Fui buscOlo& o levantei e o trouxe para *rente. Ele gritava< Ele vai 0uebrar meuombro "om& ,nalmente& depois de de2 minutos& +ouve um contato 6...; ,0uei muitocontente 0ue o menino tivesse #K anos& pois se tivesse pego uma classe de troisièe 6KJginasial; e 0ue o menino tivesse #&=Q m e pesasse >R ilos& eu estaria com problemas. Nuse eu *osse uma 1ovem pro*essora de II anos& não sei como teria reagido.

    A min+a segunda surpresa< - preciso ocupar constantemente os alunos. 7ão sãoalunos capa2es de ,ngir 0ue estão ouvindo& son+ando com outra coisa e não *a2erbarul+o. Se voc) não os ocupa com alguma coisa& eles *alam. 9 extremamente cansativodar a aula 1 0ue - necessrio a toda +ora dar tare*as& sedu2ir& ameaçar& *alar 6...; Porexemplo& 0uando a gente *ala peguem os seus cadernos& são cinco minutos de bagunçapor0ue eles vão deixar cair suas pastas& alguns terão es0uecido seus cadernos& outros não

    terão lpis. Aprendi 0ue para uma aula 0ue dura uma +ora& s' se aproveitam uns vinteminutos& o resto do tempo serve para botar ordem& para dar orientaçBes. Tive muitasdi,culdades. Por exemplo& não sabia como contar +ist'rias e *a2er com 0ue os alunosescrevessem ao mesmo tempo. Se eu contasse a +ist'ria de !oland e de /arlos Magno& osalunos me escutavam como se eu contasse um conto de *adas e não escreviam nada. E0uando escreviam& obviamente& não entendiam nada do 0ue eu di2ia& eles perguntavamse era para escrever com caneta a2ul& vermel+a ou sublin+ar 6...; 9 extremamente di*Ccil eeu tive uma grande agitação na sala& muito penosa& 0ue durou mais ou menos dois meses.Durante estas di,culdades& *alei disso com os meus colegas. Disse a meus colegas 0ueeles bagunçavam e eu estava tão mais surpreso com a bagunça por0ue& tendo sidoassistente muito 1ovem ainda& nunca tive a menor sombra de um problema destanature2a. Por-m l& de cara& eu não controlava nada e os meus colegas apreciaram talve2

    0ue eu tivesse tido problemas& 1 0ue alguns me o*ereceram um livro< "oent enseigner sans stress! 6como ensinar sem estresse; Talve2 eu pudesse di2er 0ue sentia di,culdadespor0ue meu status social me permitia di2)Olo sem ter o sentimento de vergon+a. Pode sermais duro para um pro*essor iniciante.

    #ocê disse que $e% u &golpe de estado'(Depois de dois meses& eu estava um pouco desesperado< eu não conseguia nunca dar aaula. E então um dia& ,2 um golpe de estado na sala. Disse aos alunos< de +o1e emdiante não 0uero mais ouvir ningu-m *alar& não 0uero mais ouvir ningu-m rir& não 0ueromais agitação. Alis& não era bagunça& era agitação. Eu disse< voc)s vão colocar as suascadernetas de correspond)ncia& a caderneta em 0ue se colocam as puniçBes& no canto damesa& e o primeiro

    0ue *alar& eu escrevo a seus pais& e ele ter duas +oras de castigo. E durante uma semana*oi o terror& eu puni. De *ato& *acilitou a min+a vida e ten+o a impressão de 0ue estacrise deu aos alunos um sentimento de segurança& 1 0ue eles sabiam 0ue +avia regras&eles sabiam 0ue nem tudo era permitido. Depois& as relaçBes se tornaram bastante boascom os alunos e bastante a*etuosas. 9 preciso reter desta +ist'ria extremamente banal0ue o *ato de ser soci'logo pode permitir explicar o 0ue acontece& mas não de anteciparmel+or 0ue a maioria das pessoas.

    "oo aca)a se construindo ua rela*+o co os alunos!Sem me dar muito conta disso& os alunos eram sensCveis ao *ato de eu me

    interessar por eles como pessoas& isto signi,ca 0ue eu *alo com eles& 0ue eu me lembro desuas notas& de suas +ist'rias 6...; 7o ,m do ano& eles gostavam muito de mim. DeramOmepresentes. Fi2eram uma *esta 0uando eu *ui embora. En,m& eles me suportavam. E eutamb-m. Era uma relação muito complicada 1 0ue era ao mesmo tempo a*etivo& muitodisciplinar e muito rCgido. /om os alunos& digamos 0ue eu tive o sentimento 0ue começavaa aprender pouco a pouco a dar aulas. G...H

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    N 0ue mais me c+amou a atenção& *oi o clima de receio para com os alunos na salados pro*essores. sto 0uer di2er 0ue alguns pro*essores tin+am medo antes de entrar nasala. 7ão era um col-gio violento. 7ão +avia agressBes& não +avia insultos mas eraobviamente uma provação? como *a2)Olos trabal+ar& como *a2er com 0ue ouçam& como*a2er com 0ue não *açam barul+o Esta - a di,culdade& não - a viol)ncia. G...H

    7o ,nal das contas& ac+ei 0ue a descrição 0ue os pro*essores entrevistados *a2iamna pes0uisa era bastante correta. !ealmente& a relação escolar - a priori desregulada.

    /ada ve2 0ue se entra na sala& - preciso reconstruir a relação< com este tipo de alunos& elanunca se torna rotina. 9 cansativa. /ada ve2& - preciso lembrar as regras do 1ogo? cadave2& - preciso reinteressOlos& cada ve2& - preciso ameaçar& cada ve2& - precisorecompensar 6...; A gente tem o sentimento de 0ue os alunos não 0uerem 1ogar o 1ogo e -muito di*Ccil por0ue signi,ca submeter à prova suas personalidades. G...H

    que este &golpe de estado' udou $undaentalente!Para mim *oi muito negativo por0ue a gente se sente redu2ido a expedientes. Fi2

    reinar o terror durante algumas semanas e depois relaxei. Mas eles sabiam 0ue todos osmeses& eu teria recomeçado. 7o *undo eu estava persuadido& como pro*essor universitrio&0ue a gente podia 1ogar com a sedução intelectual. Falando bem e sabendo mais coisas do0ue eles& eu ac+ava 0ue podia sedu2iOlos intelectualmente. 7en+um e*eito. Foi preciso

    mobili2ar muitos registros& sedução pessoal& ameaças& disciplina& 0ue eu descon+eciacompletamente& 0ue nunca +avia usado na min+a vida universitria. G...H N golpe deestado - um *racasso pedag'gico e moral& mas permitiu ,xar uma ordem bastanteestpida a partir da 0ual a gente pode tentar controlar uma relação pouco regulada. De*ato& no col-gio& - preciso trabal+ar na trans*ormação dos adolescentes em alunos 0uandoeles não t)m vontade de se tornar alunos.

    Podemos *a2er outras observaçBes muito banais sobre a +eterogeneidade dasclasses. Estamos lidando com alunos extraordinariamente di*erentes em termos deper*ormances escolares. Somos obrigados a dar aula a um aluno te'rico& um aluno m-dio0ue não existe& tendo de certa *orma o sentimento de 0ue vamos deixar um pouco de ladoos bons alunos& por0ue existem& e 0ue vamos deixar de lado os maus alunos.

    Nutra coisa 0ue me c+amou a atenção& são alunos 0ue& depois de dois meses&

    entraram em greve& alunos 0ue nada ,2eram. Tiravam 2ero em todas as provas& não*a2iam nada& eram muito gentis& mas tin+am decidido 0ue não trabal+ariam. 9completamente desesperador< no inCcio eu os puni e no ,m não os punia mais& 1 nãoadiantava& t)OlosOia punido todos os dias.

    Ns alunos são adolescentes completamente tomados pelos seus problemas deadolescentes e a comunidade dos alunos - por nature2a +ostil ao mundo dos adultos&+ostil aos pro*essores. Eles podem encontrar um pro*essor simptico& eles podemencontrar um pro*essor interessante& mas de 0ual0uer *orma& eles não entramcompletamente no 1ogo. Eles permanecem nos seus problemas de adolesc)ncia& de amor&de ami2ade e o pro*essor ,ca sempre um pouco *rustrado por0ue& mesmo se os alunos0ueiram& individualmente& estabelecer relaçBes com os pro*essores& coletivamente& elesnão 0uerem t)Olas.

    Eis um pouco do 0ue eu observei e devo di2er 0ue isto correspondia exatamente ao0ue di2iam os pro*essores nas entrevistas individuais ou coletivas. Eles não exageram. 9realmente uma situação em 0ue a gente tem grandes di,culdades para con0uistar osalunos. 9 um trabal+o 0ue se recomeça a cada dia embora& repito& não se trate de alunosmalvados& agressivos& racistas& mas antes alunos *racos em geral.

    que é que você achou dos prograas escolares!9 uma das coisas mais espantosas. N programa - *eito para um aluno 0ue não

    existe. Digamos mais simplesmente 0ue - *eito para um aluno extremamente inteligente.9 *eito para um aluno cu1o pai e cu1a mãe são pelo menos pro*essores de ,loso,a e de+ist'ria. 9 *eito para uma turma 0ue trabal+a incessantemente. N programa - de umaambição considervel e não se pode reali2Olo materialmente. N programa - tamb-m umagrande abstração& at- em +ist'ria e em geogra,a. Por exemplo& não + cronologia& - uma+ist'ria de soci'logos& não - uma +ist'ria 0ue conta +ist'rias. Por isto& ,2 como todos osmeus colegas& daC a metade do programa e contei a +ist'ria& mas nada do 0ue pediram

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    0ue eu ,2esse. At- por0ue as pessoas ac+am 0ue os alunos 0ue cumpriram este programaad0uiriram completamente os dos anos anteriores.

    ProcuraOse& então& outros meios& mas - muito demorado. Eu os levei para ver um,lme sobre a dade M-dia na televisão< -oe da .osa. Assistir ao ,lme levou 0uatro+oras por0ue era preciso explicar as palavras< a palavra in0uisição& a palavra ordemreligiosa 6...;. Eu diria 0ue este sentimento de absurdo da situação pedag'gica - re*orçadopelo *ato dos programas se dirigirem para alunos abstratos& alunos 0ue não existem&

    en0uanto 0ue& 0uando eu estava em cinquièe 6segundo ginasial;& com a mesma idadedeles& tin+a programas in*antis& programas muitos simples. A gente experimenta umdescompasso entre os programas e os alunos.

    sto *a2 com 0ue o trabal+o do pro*essor se1a muito cansativo com o tempo e&entretanto& muitos pro*essores o *a2em muito bem& apesar de tudo. Mas muitos 1ogam atoal+a. sto signi,ca 0ue eles ,ngem dar aula para alunos 0ue ,ngem ouvir. Entretanto& osalunos parecem sensCveis ao *ato de 0ue a gente 0uer v)Olos bem sucedidos.

    Vostaria de apontar duas outras di,culdades. A primeira tem a ver com a extremabrutalidade da seleção. Ns consel+os de classe são cansativos por0ue na verdade& a gentedecide o destino dos alunos em alguns minutos. A segunda coisa - a manutenção de uma,cção sobre os alunos. De certa *orma& por estarmos numa sociedade democrtica& agente considera 0ue todos os alunos t)m o mesmo valor& 0ue eles são iguais. Ao mesmo

    tempo& eles t)m obviamente per*ormances desiguais. Por-m& a gente sempre l+es explica0ue se eles não obtiverem bons resultados - por0ue não trabal+am bastante& e narealidade& isso nem sempre - verdadeiro.

    Assim& muitos alunos são extremamente in*eli2es na escola& sentemOse +umil+ados&magoados. Eu ten+o a imagem de uma relação bastante dura 0ue - compensada por todaa sua vida 1uvenil& por suas brincadeiras& por seus amigos. Mas para muitos alunos& asituação escolar não tem nen+um sentido. G...H

    9 obviamente preciso 0ue a situação escolar ten+a sentido para os alunos o 0uenão - exatamente o caso nos estabelecimentos populares 1 0ue os alunos 0ue l estãonão são mais os antigos bons alunos oriundos das boas *amClias para 0uem a escola - umacoisa normal. Portanto& a escola não pode mais esperar 0ue o sentido da situação escolarven+a de *ora& das *amClias cu1o 1ulgamento os pro*essores *a2em& alis& muitas ve2es. 9

    preciso& portanto& rever a o*erta escolar. Seria preciso rever os programas e as ambiçBesde um modo 0ue os alunos não se1am colocados de entrada em situaçBes de *racasso.Para *alar mais simplesmente& eu ac+o 0ue eles devem aprender menos coisas& mas -preciso 0ue eles as aprendam. G...H Por-m& ao inv-s disso& ensinaO se cada ve2 mais coisassem nunca ter o tempo de veri,car se são assimiladas. Então& os alunos são de,nidos porlacunas. G...H

    Depois& seria preciso ver& no caso do col-gio& o lugar da adolesc)ncia& pois +o1e emdia o col-gio - de,nido por um tipo de guerra *ria entre os adolescentes e a escola. 7ãoacredito de 1eito nen+um 0ue a pedagogia consistiria em reconciliar os alunos e ospro*essores& em tornOlos amigos. Mas& me parece 0ue deveria ter regras de vida emgrupo partil+adas& isto -& 0ue o mundo do col-gio se1a um mundo em 0ue +a1a umacidadania escolar. :averia em termos de educação para a cidadania& coisas *undamentais

    a serem *eitas& ou se1a& verdadeiros contratos de vida comum entre os pro*essores e osalunos& mas 0ue suporiam obrigaçBes para estes alunos& obviamente& mas tamb-mobrigaçBes para os pro*essores. Por exemplo& os alunos t)m o dever de entregar ostrabal+os na data prevista& mas - preciso 0ue os pro*essores ten+am o dever de entregaras correçBes na data prevista. G...H

    A palavra democracia 0uer di2er 0ue as regras de vida em grupo são regrasde,nidas& aplicadas e recCprocas. Por-m& na realidade& + um regulamento interior noscol-gios& 0ue se aplica vagamente 6...;.

    G...H

    /uando você $ala de deocracia escolar, de cidadania escolar, ser0 que você pode $alar co ais precis+o so)re estas idéias! /ual é o lugar de produ*+o destas regras naedida e que você $ala de en$raqueciento, de desapareciento das institui*1es!

    7o col-gio& - preciso recriar um 0uadro normativo& ten+o convicção disto. Masacredito 0ue este 0uadro deva ser criado de um modo democrtico& ou se1a& a partir deuma de,nição dos direitos e dos deveres. G...H E isto por uma ra2ão extremamente simples&

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    - 0ue esse 0uadro normativo deveria envolver tanto alunos como pro*essores& - isso 0ueme parece importante. Mas o 0ue os pro*essores pedem muitas ve2es& - um 0uadrodisciplinar 0ue os prote1a sem obrigOlos a cooperar.

    G...H

    Ser0 que a escola deveria ser sociali%adora!Sim& mas ela o - de *ato. Ela o -& inclusive 0uando não *unciona. Mas não acredito

    0ue ela deva ser sociali2adora da maneira como muitos entendem na França +o1e em dia<conservadora& volta da moral& volta da disciplina& volta dos princCpios 6...; Eu ac+o 0ue eladeve ser sociali2adora de um modo muito mais democrtico& muito mais aberto. N debatenão - entre permissividade e autoridade& eu ac+o 0ue isto - um *also debate. 9 preciso terao mesmo tempo autoridade e liberdade.

    G...HNs alunos pedem para 0ue +a1a um pouco de reciprocidade& eles 0uerem aceitar um

    certo nmero de coisas 1 0ue eles não t)m escol+a mas - preciso 0ue a regra se1a 1usta eenvolva a todos& pois não *aria sentido se os adultos ,2erem o 0ue eles proCbem 0ue ascrianças *açam. Este tipo de atitude supBe mudanças considerveis no sistema& supBe 0ueos diretores ten+am poder& 0ue este poder se1a controlado& supBe 0ue os sindicatos nãode*endam sistematicamente todo colega 6...;.

    G...H

    2i%3se que o aprendi%ado dos alunos de colégio te a ver co seu apego aos pro$essores(Ac+o 0ue - verdade por tr)s ra2Bes. A primeira - 0ue& psicologicamente& os alunos

    de col-gio não estão em condiçBes de distinguir o interesse pela disciplina do interessepor a0uele 0ue ensina a disciplina. 9 preciso uma *orte maturidade intelectual paradistinguir o interesse pela disciplina do interesse por 0uem a ensina. A segunda ra2ão -0ue esta observação - con,rmada pelos alunos cu1as notas variam sensivelmente em*unção dos pro*essores& e isto na mesma disciplina. G...H A terceira ra2ão - mais cientC,ca.Um dos colegas de "ordeaux& Veorges Felou2is& *e2 um estudo sobre o e*eito pro*essor. Eletesta alunos no começo do ano& os testa no ,m do ano e mede o aumento de suasper*ormances. Nbviamente& o e*eito pro*essor - considervel. sto signi,ca 0ue +

    pro*essores 0ue ensinam muitas coisas a muitos alunos& + pro*essores 0ue ensinammuitas coisas a alguns alunos& e + pro*essores 0ue não ensinam nada a nen+um aluno.Wuando os alunos di2em depende do pro*essor& este tipo de medida con,rma suaimpressão.

    N problema - 0ue não se sabe o 0ue determina o e*eito pro*essor. N m-todopedag'gico escol+ido não *a2 a di*erença. Ns +omens não são mais e,cientes 0ue asmul+eres& os antigos não mais 0ue os novos. : vel+os pro*essores totalmente ine,cientese pessoas 0ue começam e,cientes logo na primeira semana. A ideologia do pro*essortamb-m não tem nen+um e*eito. N nico elemento 0ue parece desempen+ar um papel - oe*eito pigmaleão& isto - os pro*essores mais e,cientes são em geral a0ueles 0ue acreditam0ue os alunos podem progredir& a0ueles 0ue t)m con,ança nos alunos. Ns mais e,cientessão tamb-m os pro*essores 0ue v)em os alunos como eles são e não como eles deveriam

    ser. Nu se1a& são os 0ue partem do nCvel em 0ue os alunos estão e não a0ueles 0ue nãoparam de medir a di*erença entre o aluno ideal e o aluno de sua sala. Mas evidentemente&nas atitudes particulares& entram tamb-m orientaçBes culturais gerais& interesses sociais&tipos de recrutamento e de *ormação. 7ão são apenas problemas psicol'gicos.#

    # Fragmento do texto. Em !evista "rasileira de Educação& nJ QR e Q%& mai. a de2.L#$$>. DisponCvel emXXX.anped.org.br

    http://www.anped.org.br/http://www.anped.org.br/