qualidade biológica da Água do rio cávado
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Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
Qualidade Biológica da Água
do Rio Cávado
Dissertação de Mestrado em Hidrobiologia
Marta Juliana Barbosa Maciel Meira Peixoto
Porto, 2008
1
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Agradecimentos
À Profa. Doutora Natividade Vieira, pela orientação dada ao longo da execução deste trabalho, esclarecimento de dúvidas, empréstimo de material de estudo e encorajamento e estímulo moral. Aos meus Pais e Namorado por todo o incentivo e entusiasmo com que me estimularam na concretização deste projecto e apoio moral com palavras de alento mesmo nos momentos de desânimo. Aos meus Irmãos e Cunhada por todo o incentivo na concretização deste projecto. À Ana Sofia que para além de partilhar o laboratório comigo partilhou a sua amizade. À Profa. Doutora Teresa Maria de Jesus pela prestabilidade demonstrada para auxiliar e emprestar material de estudo, mas sobretudo pela forma humana como me apoiou. À Doutora Ana Bio, por toda a disponibilidade demonstrada para colaboração. Ao Técnico Pedro Correia por toda a colaboração na concretização deste projecto. Ao Prof. Doutor Nuno Formigo, pela disponibilidade no esclarecimento de dúvidas e na cedência de material de estudo. Ao Professor Doutor Rui Cortes, pela prestabilidade demonstrada para esclarecimento de dúvidas e empréstimo de material de estudo. À Doutora Francisca Aguiar, pelo material, nomeadamente artigos que gentilmente cedeu. À Doutora Virgínia Uieda pelos artigos que gentilmente cedeu. À Dra. Raquel Figueiredo e às Águas do Cávado, S.A., Portugal, pela solicitude em me receber e ceder material de estudo. Ao Dr. João Ferreira e ao INAG pela solicitude com que atenderam ao meu pedido de material de consulta. Às Agences de L´Eau pelo empréstimo de um livro.
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Resumo
Este trabalho visou a avaliação biológica da qualidade da água do Rio Cávado,
utilizando comunidades de macroinvertebrados bentónicos. O estudo foi enriquecido
com a medição e cálculo de parâmetros físico-químicos e de parâmetros de qualidade do
habitat.
A investigação desenrolou-se no período de ano, sobre quatro pontos distintos,
distribuídos pela zona terminal do rio.
A análise dos resultados obtidos pelo cálculo dos diversos índices de
diversidade, bióticos, métricas e cálculos estatísticos, coadjuvados pelos resultados
físico-químicos e pela avaliação do habitat, indica que este rio tem sofrido importantes
alterações que se traduzem numa água de qualidade reduzida.
O rio em questão deverá ser alvo de monitorização e acções de preservação no
sentido de melhorar a qualidade da água.
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Abstract
This work aimed for the biological evaluation of the Cávado River’s water
quality, using communities of benthic macro invertebrates. The study was further
increased by measuring and calculating the physical-chemical parameters and the
habitat quality parameters.
The investigation developed in the period of one year, over four distinct spots,
distributed along the river’s ending zone.
The analysis of the results obtained through the calculus of different diversity
levels, biotic, metric and statistical calculus, supported by physical-chemical results and
by the habitat evaluation, indicates that this river has passed through important changes
which originate a poor water quality.
This river should be monitored and preservation actions should take place, in
order to improve its water quality.
5
Índice
1. Introdução 9
1.1 A Água e sua Importância 10
1.2 Avaliações de Qualidade da Água, Físico-Química e Biológica 12
1.2.1 Avaliação Físico-Química 13
1.2.2 Avaliação Biológica 14
1.2.2.1 Breve Revisão da Evolução de Sistemas de Avaliação Biológica 14
1.2.2.2 Panorâmica da Avaliação Biológica Actualmente 15
1.2.2.3 Características que fazem dos Macroinvertebrados Bons Indicadores de Qualidade da Água
16
1.2.2.4 Vantagens das Técnicas de Avaliação Biológica com Macroinvertebrados 17
1.2.2.5 Tipos de Métodos baseados em estudos com Macroinvertebrados 18
1.2.2.6 Tipos de Investigações praticáveis com Técnicas de Avaliação Biológica com Macroinvertebrados
18
1.3 Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Cávado 19
1.3.1 Aspectos Topográficos 19
1.3.2 Aspectos Geomorfológicos 23
1.3.3 Aspectos Climatéricos 25
1.3.4 Aspectos Sócio-Económicos 25
1.3.5 Principais Fontes de Poluição 26
1.4 Organização e Objectivos do Trabalho 27
2. Metodologia 29
2.1 Amostragem 30
2.1.1 Escolha das estações 31
2.1.2 Periodicidade 36
2.1.3 Recolha 36
2.2 Tratamento das amostras de Macroinvertebrados 38
2.2.1 Preservação 38
2.2.2 Extracção 38
2.2.3 Triagem e Identificação 39
2.2.4 Contagem 39
2.3 Parâmetros Biológicos de Qualidade do Habitat 40
2.3.1 Índice de Avaliação Visual do Habitat 40
2.3.2 Índice de Qualidade do Bosque de Ribeira 40
2.4 Parâmetros Físico-químicos 41
2.4.1 Parâmetros medidos “in situ” 41
2.4.2 Parâmetros medidos no laboratório 42
2.4.3 Tratamento dos Dados Físico-Químicos 42
2.5 Parâmetros Biológicos com Macroinvertebrados 43
2.5.1 Caracterização Funcional da Comunidade 43
2.5.1.1 A Nível de Fisiologia Alimentar 43
2.5.1.2 A Nível de Fisiologia Respiratória 44
2.5.1.3 A Nível de Habitat e Mobilidade 45
6
2.5.2 Medidas Bioindicadoras 45
2.5.2.1 Índice Biótico Belga 45
2.5.2.2 Índice Iberian Biological Monitoring Working Party 46
2.5.2.3 Percentagem de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera 47
2.5.2.4 Percentagem de Raspadores 47
2.5.2.5 Índice de Diversidade de Shannon-Weaver 48
2.5.2.6 Índice de Equitabilidade de Pielou 48
2.5.3 Tratamento dos Dados de Macroinvertebrados 49
3. Resultados e Discussão 50
3.1 Avaliação da Qualidade do Habitat 52
3.2 Avaliação Físico-Química 54
3.2.1 Temperatura Ambiente e Temperatura da Água 54
3.2.2 Luminosidade 57
3.2.3 Velocidade da Corrente 58
3.2.4 Oxigénio Dissolvido e Carência Bioquímica de Oxigénio 59
3.2.5 Sais Dissolvidos 63
3.2.5.1 Nitratos, Nitritos e Amónia 63
3.2.5.2 Fosfatos 66
3.2.6 pH 67
3.2.7 Sólidos Suspensos 68
3.2.8 Condutividade 70
3.3 Avaliação Biológica com Macroinvertebrados 71
3.3.1 Caracterização Biológica Geral 72
3.3.2 Caracterização Funcional da Comunidade 73
3.3.2.1 A Nível de Fisiologia Alimentar 73
3.3.2.2 A Nível de Fisiologia Respiratória 74
3.3.2.3 A Nível de Habitat e Mobilidade 75
3.3.3 Análise Estatística 77
3.3.4 Medidas Bioindicadoras 81
3.3.4.1 Índice Biótico Belga e Índice Iberian Biological Monitoring Working Party 81
3.3.4.2 Percentagem Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera e Percentagem de Raspadores 83
3.3.4.3 Índice de Diversidade Shannon-Weaver 84
3.3.4.4 Índice de Equitabilidade de Pielou 85
4. Conclusões 87
5. Bibliografia 89
Anexo I - Índice de Avaliação Visual do Habitat em Rios de Elevado Gradiente 100
Anexo II - Índice de Qualidade do Bosque de Ribeira (QBR) 103
Anexo III - Classificação de Macroinvertebrados de acordo com a Fisiologia Alimentar 106
Anexo IV - Classificação de Macroinvertebrados de acordo com a Fisiologia Respiratória 108
Anexo V - Classificação de Macroinvertebrados de acordo com o Habitat e a Mobilidade 110
Anexo VI - Cálculo do Índice Biótico Belga 112
Anexo VII - Cálculo do Iberian Biological Monitoring Working Party 115
Anexo VIII - Macroinvertebrados Identificados e Classificação Fisiológica 118
7
Índice de Figuras
Figura 1 Localização do rio Cávado. 20 Figura 2 Delimitação da Bacia Hidrográfica do Rio Cávado. 21 Figura 3 Afluentes e Rio Cávado. 22 Figura 4 Barragens do Rio Cávado 24 Figura 5 Localização dos Pontos de Recolha. 31 Figura 6 Ponto 1, Amares, montante. 32 Figura 7 Ponto 1, Amares, jusante. 32 Figura 8 Ponto 2, Lago, montante. 33 Figura 9 Ponto 2, Lago, jusante. 33 Figura 10 Ponto 3, Barcelos, montante. 34 Figura 11 Ponto 3, Barcelos, jusante. 34 Figura 12 Ponto 4, Marachão, montante. 35 Figura 13 Ponto 4, Marachão, jusante. 35 Figura 14 Rede de Mão. 37 Figura 15 Crivos. 38 Figura 16 Lupa Binocular. 39 Figura 17 Temperatura ambiente e temperatura da água no Ponto 1. 54 Figura 18 Temperatura ambiente e temperatura da água no Ponto 2. 55 Figura 19 Temperatura ambiente e temperatura da água no Ponto 3. 55 Figura 20 Temperatura ambiente e temperatura da água no Ponto 4. 55 Figura 21 Luminosidade que atinge a superfície da água no momento de recolha. 57 Figura 22 Velocidade da corrente. 58 Figura 23 Variação da temperatura da água, do oxigénio dissolvido e da carência bioquímica de
oxigénio no Ponto 1. 60
Figura 24 Variação da temperatura da água, do oxigénio dissolvido e da carência bioquímica de oxigénio no Ponto 2.
60
Figura 25 Variação da temperatura da água, do oxigénio dissolvido e da carência bioquímica de oxigénio no Ponto 3.
61
Figura 26 Variação da temperatura da água, do oxigénio dissolvido e da carência bioquímica de oxigénio no Ponto 4.
61
Figura 27 Valores de concentração de nitratos, nitritos e amónia presentes na água no Ponto 1. 64 Figura 28 Valores de concentração de nitratos, nitritos e amónia presentes na água no Ponto 2. 64 Figura 29 Valores de concentração de nitratos, nitritos e amónia presentes na água no Ponto 3. 64 Figura 30 Valores de concentração de nitratos, nitritos e amónia presentes na água no Ponto 4. 65 Figura 31 Valores de concentração de fosfatos na água. 66 Figura 32 pH da água. 67 Figura 33 Sólidos em suspensão na água. 68 Figura 34 Condutividade da água. 70 Figura 35 Ordens identificadas em percentagem. 72 Figura 36 Categorias fisiológicas alimentares por local e por recolha. 73 Figura 37 Categorias fisiológicas respiratórias por local e por recolha. 74 Figura 38 Categorias fisiológicas de mobilidade e habitat por local e por recolha. 75 Figura 39 Distribuição percentual dos indivíduos em cada amostragem e agrupados em clusters
definidos pela técnica “K-means”. 77
Figura 40 Ordenação no espaço das amostras de macroinvertebrados bentónicos segundo a técnica n-MDS, baseada numa matriz de distâncias euclidianas tendo por base a distribuição percentual dos indivíduos em cada amostragem e agrupados em clusters definidos pela técnica “K-means”.
78
Figura 41 Mapa com Índice Biótico Belga. 81 Figura 42 Mapa com Índice Iberian Biological Monitoring Working Party. 82 Figura 43 Índice Ephemeroptera, Plecoptera, Trichoptera e Percentagem de Raspadores. 83 Figura 44 Índice de Diversidade de Shannon-Weaver. 84 Figura 45 Índice de Equitabilidade de Pielou. 85
8
Índice de Tabelas
Tabela 1 Índice de Avaliação Visual do Habitat e Índice de Qualidade do Bosque de Ribeira para cada ponto de amostragem.
52
1. Introdução 1. Introdução
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
10
1.1 A Água e sua Importância
A água desempenha um papel vital e insubstituível em todo o equilíbrio
ecológico, sendo um recurso natural imprescindível à manutenção da Vida na Terra
(Rodrigues et al., 2001). As células são constituídas em grande percentagem por água,
pelo que, na sua ausência, os organismos vivos morreriam. O Ser Humano não seria
excepção (Mendes & Oliveira, 2004).
A História conta-nos que os primeiros aglomerados humanos se localizaram em
zonas onde os recursos naturais como a água eram abundantes e acessíveis (Mendes &
Oliveira, 2004). Os habitats de água doce, embora ocupem uma pequena porção da
superfície terrestre, foram desde sempre alvo da atenção humana, uma vez que
permitem o acesso à água mais directamente utilizável e de forma barata (Odum, 1997).
Mas o aumento demográfico e tecnológico a que se tem assistido tem provocado
a crescente degradação da água (Cássio, 1983). À medida que as civilizações
aumentam, aumenta a necessidade de água e a poluição da mesma (Jesus, 1996).
Actualmente é já reconhecido que as actividades humanas degradam os sistemas
aquáticos (Cortes et al., 2002). Como poluição da água, a UNESCO, no Relatório do
Programa Hidrológico Internacional (1982), definiu “… qualquer modificação, quer
natural quer artificial, que directa ou indirectamente modifique a qualidade da água e
altere ou destrua o equilíbrio dos ecossistemas e dos recursos naturais, de tal modo que:
- Provoque perigos para a Saúde Pública;
- Diminua a sua adequabilidade ou eficiência e o bem-estar do Homem e das suas
comunidades;
- Reduza os usos benéficos da água” (Mendes & Oliveira, 2004).
Também a Organização Mundial de Saúde, (1972), revelou preocupação com a
contaminação da água, que descreveu como a “introdução ou descarga na água de
organismos patogénicos ou de substâncias tóxicas, que a tornem imprópria para
consumo público e/ou usos domésticos” (Mendes & Oliveira, 2004).
Mas a crise a que se assiste é produto do crescimento populacional e do
desenvolvimento tecnológico associado. A degradação dos recursos naturais, mais
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11
concretamente a poluição dos recursos aquáticos, resulta do efeito combinado do
consumo e da produção (Wetzel, 1993).
Nos dias de hoje, as questões relacionadas com a utilização da água ultrapassam
largamente o aspecto quantitativo, assumindo carácter também qualitativo. A água, vista
como molécula com características físico-químicas próprias, não se encontra no estado
puro na Natureza. Sob esta perspectiva, seria incolor, inodora, insípida, o que não se
verifica, pois aparece associada a outras substâncias que se encontram em suspensão ou
dissolvidas e que alteram as suas propriedades (Mendes & Oliveira, 2004). Algumas
destas substâncias devem-se à sua poluição por esgotos domésticos e actividades
agrícolas e decorrentes da industrialização (Mendes & Oliveira, 2004). Faz-se uso dos
habitats aquáticos como sistemas de tratamento de resíduos, e de modo abusivo (Odum,
1997). Verifica-se uma redução dramática na reserva de água disponível (Wetzel, 1993).
A agricultura e a indústria utilizam grandes quantidades de água, mas de forma
incorrecta. A par dos desperdícios de água, verifica-se que em algumas zonas agrícolas
existe poluição proveniente de pesticidas e de restos de fertilizantes que conduzem a
episódios de eutrofização. A eutrofização é um processo que ocorre em sistemas
aquáticos e que consiste num enriquecimento em energia e nutrientes. Ocorre um
desenvolvimento excessivo de algas, de plantas superiores imersas, emersas ou
flutuantes. Após o limite, o sistema entra em situação de risco por formação de zonas
anaeróbias, o que resulta numa redução da produtividade. “…haverá, inicialmente, uma
acção dominantemente biossintética, para, depois de atingido o máximo, se iniciar uma
fase predominantemente biodegradativa” (Mendes & Oliveira, 2004).
Mas o que se observa em determinado momento no meio aquático é resultado da
interacção ao longo do tempo de diversos factores biológicos, físicos e químicos que
estabeleceram entre si um equilíbrio dinâmico (Lévêque, 1996).
Diariamente são produzidas novas substâncias, cujas consequências de utilização
apenas se conhecem após o uso (Mendes & Oliveira, 2004). Fazer face a esta crise que
se apresenta implica compreender as “respostas metabólicas dos ecossistemas aquáticos
(…)” (Wetzel, 1993). Advém desta situação, que a legislação apenas surja tardiamente,
quando danos sobre o ambiente foram já produzidos (Mendes & Oliveira, 2004). São
levadas a cabo acções no sentido de contrariar a degradação a que se assiste, contudo
são “adaptações terapêuticas e ajustamentos e não medidas verdadeiramente
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
12
correctivas” (Wetzel, 1993). No sentido de aproximar a legislação ao que de mais actual
se tem feito ao nível da análise da água, surge a Directiva Quadro da Água no seio da
União Europeia. A monitorização do estado da água deixa de se restringir aos seus usos,
para se virar também para o seu “estado ecológico”, definido por três grupos de
elementos: biológicos, hidromorfológicos e físico-químicos (Bernardino et al., 2000).
1.2 Avaliações de Qualidade da Água, Físico-Química e Biológica
No contexto supra mencionado, compreende-se que a monitorização e avaliação
da qualidade da água se tornem necessárias. As metodologias de análise da água, até
muito recentemente baseavam-se sobretudo em parâmetros físico-químicos (Alba-
Tercedor, 1996), relegando para segundo plano os processos biológicos que estudam a
qualidade da água através da relação entre os organismos aquáticos e o meio, e as
relações estabelecidas entre esses próprios organismos (Agences de L´Eau, 1993;
Fontoura, 1984a). Contudo, a investigação não surtia os efeitos desejados (Cortes et al.,
2002). Por este e outros motivos, os instrumentos de análise da água tiveram e têm de
evoluir. Os custos associados à análise da água, os tempos de resposta e as lacunas no
conhecimento obrigam à procura de novas metodologias, pelo que os métodos
biológicos se apresentam como a nova metodologia a adoptar de modo a complementar
os já existentes (Mendes & Oliveira, 2004), uma vez que traduzem alterações efectivas
do ecossistema (Cortes et al., 2002). Além daquelas vantagens, os métodos biológicos
impõem-se pela capacidade de detecção da acção de poluentes quando em baixas
concentrações e/ou quando em descargas descontínuas e de situações esporádicas de
poluição tóxica, nem sempre possível através de métodos puramente físico-químicos,
para além de as respostas biológicas integrarem inúmeras condições físico-químicas
(Fontoura, 1984a; Metcalfe, 1989). A avaliação biológica é portanto, uma via de acesso
a condições existentes no passado, contrariamente aos métodos físico-químicos que
apenas dão uma visão das condições na altura de amostragem (Alba-Tercedor, 1996) e
permite fazer um diagnóstico que reflecte intervalos de tempo alargados (Bernardino et
al., 2000), pois as comunidades acumulam efeitos provocados pelos diversos tipos de
poluição, química e física do habitat, tornando-se vantajosa a sua utilização (Karr,
1998). Os organismos, porque se encontram adaptados às condições ambientais em que
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13
estão inseridos, são afectados por qualquer tipo de perturbação (Alba-Tercedor, 1996).
As substâncias poluentes alteram as características físico-químicas da água, afectando-
os (Fontoura, 1984a). A análise biológica é a avaliação directa dos efeitos da poluição
sobre as comunidades (Cortes et al., 2002). Actualmente a avaliação da qualidade da
água pode e deve ser feita através de processos físico-químicos e de processos
biológicos (Fontoura, 1984a; Cortes et al., 2002).
1.2.1 Avaliação Físico-Química
Estudar um ambiente aquático implica conhecer a interacção estabelecida entre
os organismos aquáticos e factores tais como a velocidade da corrente, a temperatura, a
oxigenação da água, o clima, a geomorfologia (Lévêque, 1996).
Os indicadores de qualidade da água mais usados eram os parâmetros físico-
químicos, por se pensar serem os mais determinantes, pelo que, toda a estratégia de
recuperação ambiental neles se fundamentava (Cortes et al., 2002).
Estes parâmetros permitem a identificação e/ou determinação de:
- oxigénio dissolvido,
- percentagem de saturação de oxigénio,
- carência bioquímica de oxigénio,
- nitritos,
- nitratos,
- fosfatos,
- amónia,
- temperatura da água,
- transparência,
- velocidade da corrente, entre outros (Fontoura, 1984a; Fontoura, 1984b ).
Através destes resultados e por comparação com valores estudados e
padronizados, pode inferir-se acerca da qualidade da água.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
14
1.2.2 Avaliação Biológica
A poluição do meio aquático, como consequência da actividade humana provoca
perturbações nas comunidades em termos de abundância, de riqueza específica, de
comportamento e de reacções fisiológicas (Agences de L´Eau, 1993), pois as condições
do meio aquático produzem efeitos sobre as espécies que nele habitam (Lévêque, 1996).
A designação de Indicador Biológico ou Bioindicador é usado para designar um
organismo ou um sistema biológico que permite detectar uma modificação, geralmente
uma deterioração da qualidade do meio (Agences de L´Eau, 1993), que se manifesta
após ultrapassada a capacidade de adaptação das espécies (Lévêque, 1996).
A nível aquático podem distinguir-se grupos de organismos através do seu grau
de sensibilidade a determinadas alterações ambientais. Assim, determinados organismos
designam-se de Intolerantes ou Sensíveis uma vez que não conseguem sobreviver nas
novas condições, enquanto outros, porque não são afectados, constituem os Tolerantes.
Em caso de perturbação, os organismos tolerantes ocupam as áreas antes ocupadas por
intolerantes, que perante as novas condições, as abandonaram ou morreram (Alba-
Tercedor, 1996).
1.2.2.1 Breve Revisão da Evolução de Sistemas de Avaliação Biológica
A constatação de que havia organismos que se desenvolviam selectivamente em
águas receptoras de resíduos orgânicos levou à criação do Sistema Sapróbio por
Kolkwitz e Marsson em 1908 que identificaram organismos aquáticos indicadores
daquele tipo de poluição (Agences de L´Eau, 1993), principalmente bactérias, algas,
protozoários e rotíferos, aos quais são atribuídos valores de acordo com sua tolerância à
poluição. “O termo «sapróbio» significa a dependência de um organismo na
decomposição de substâncias orgânicas como um recurso alimentar.” (Silveira, 2004).
O Sistema Sapróbio distinguia Zonas Sapróbias consoante a pureza da água:
- Oligossapróbios – que se caracteriza por pureza elevada;
- β-Mesossapróbios – que revela alguma carga orgânica, mas estável e ainda com
riqueza específica;
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
15
- μ –Mesossapróbios – que possui carga orgânica considerável, sendo os processos de
redução substituídos por processos oxidativos;
- Polissapróbios – que se caracteriza pela presença de carga orgânica muito elevada, que
desencadeia crescimento acelerado de microorganismos e de bactérias e em que os
processos de oxidação dominam (Agences de L´Eau, 1993).
O conceito de zona sapróbia foi depois substituído por Classe de Qualidade em
1962 por Liebman, sendo atribuído a cada classe um número em numeração romana, I,
II, III e IV, que definiam níveis crescentes de saprobicidade (Agences de L´Eau, 1993).
Os métodos baseados no sistema sapróbio não permitem avaliar a qualidade
geral do ecossistema aquático uma vez que apenas utilizam organismos indicadores de
poluição orgânica (Agences de L´Eau, 1993).
Surgem os Índices Bióticos que estudam a relação dos organismos com todo o
tipo de poluição, sem contudo estabelecerem uma relação bem definida entre o grau de
degradação do ecossistema e o tipo de poluente (Agences de L´Eau, 1993).
Nasce deste modo o conceito de Qualidade Biológica, uma vez que, através da
composição e estrutura de comunidades de organismos se infere acerca da qualidade da
água. Determinado meio aquático tem boa qualidade biológica se nele se encontrarem
comunidades de organismos características (Alba-Tercedor, 1996).
1.2.2.2 Panorâmica da Avaliação Biológica Actualmente
A tendência a que se começa a assistir é a da realização da análise biológica nos
mesmos locais, com periodicidade constante e semelhante à da avaliação físico-química
(Cortes et al., 1999).
Actualmente os elementos biológicos incluem a análise de diferentes seres vivos
(Bernardino et al., 2000): macrófitas, microalgas, peixes e macroinvertebrados (Cortes
et al., 2002). Os elementos físico-químicos são considerados importantes na medida em
que condicionam os biológicos (Bernardino et al., 2000).
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
16
As macrófitas são um indicador simples da qualidade da água, apesar disso estão
condicionadas por condições geológicas, edáficas e climáticas, além de que são
tolerantes a poluentes temporários. As microalgas, como as diatomáceas, apesar de bem
conhecidas em termos de reacção a poluentes, são de identificação morosa. Os peixes
são de fácil identificação e por se encontrarem no topo de cadeias alimentares reflectem
todo o conjunto de situações anteriores, todavia a sua mobilidade prejudica a acuidade
do estudo (Wetzel, 1993; Charvet, 1995).
Os macroinvertebrados são seres vivos cuja abundância varia bastante, não
estando ainda as razões completamente estabelecidas (Michaletz et al., 2005), mas sabe-
se que está relacionada com a cobertura de macrófitas (Gerrish & Bristow, 1979), com a
quantidade de determinados peixes (Svensson et al., 1999), uma vez que algumas
espécies incluem macroinvertebrados na sua dieta (Motta & Uieda, 2004a), com a
profundidade e produtividade (Hanson & Peters, 1984; Michaletz et al., 2005), com a
velocidade da corrente, tipo de substrato, e sobretudo com a poluição (Agences de
L´Eau, 1993). Esta variabilidade tem particular interesse quando se manifesta como
reacção aos contaminantes.
1.2.2.3 Características que fazem dos Macroinvertebrados Bons Indicadores de
Qualidade da Água
Os invertebrados de água doce dividem-se em Microinvertebrados e
Macroinvertebrados. Os microinvertebrados são de tamanho inferior a 1mm. Incluem
entre outros, Protozoários, alguns Platelmintes, Rotíferos, a maioria dos Nematelmintes,
Crustáceos, Cladóceros, Ostrácodes, Copépodes. Os macroinvertebrados apresentam,
salvo raras excepções, dimensões superiores a 1mm. Incluem-se neste grupo os
Oligochaetas, os Insectos, os Moluscos, alguns Crustáceos, os Hirudíneos, alguns
Platelmintes, Espongiários, Cnidários, Briozoários (Agences de L´Eau, 1993). Os
macroinvertebrados bentónicos vivem fixos quer aos sedimentos do fundo de um habitat
aquático, quer a plantas vasculares aquáticas ou algas filamentosas ou até objectos
submersos, e pertencem a vários grupos taxonómicos (Agences de L´Eau, 1993;
Campaioli et al. 1994; Odum, 1997). Nos cursos de água podem distinguir-se duas
zonas principais, a de remanso e a dos rápidos, sendo a segunda a eleita pelos
organismos bênticos, pois permanecem aderentes ou fixos sobre substrato firme,
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
17
existente nestas zonas de águas baixas e de corrente suficientemente elevada para deixar
o fundo livre de sedimentos e de materiais soltos. Em água doce são cosmopolitas
(Odum, 1997). Entre o conjunto de macroinvertebrados pode encontrar-se os que
habitam sobre substratos duros como blocos, lages, rochas, seixos, sobre vegetais vivos
como algas, plantas vasculares aquáticas e musgos e sobre materiais orgânicos
macroscópicos como ramagens, folhas, etc.
Os macroinvertebrados apresentam vantagens em relação a outros seres vivos
porque são:
- organismos que se encontram no interface do substrato do fundo com a água,
pelo que integram modificações que ocorram em ambos;
- organismos que se encontram em vários tipos de microhabitats;
- constituídos por grupos taxionómicos com diferente grau de sensibilidade à
poluição;
- organismos com carácter sedentário ou mobilidade reduzida;
- organismos com ciclos de vida relativamente longos (Agences de L´Eau, 1993;
Cook, 1976; Cortes et al., 2002; Fontoura, 1984a; Fontoura, 1985) de que advém efeitos
mais directos da sua relação com o poluente, e a possibilidade de se inferir acerca da
existência de descargas intermitentes de poluentes ou ainda sobre uma possível
exposição prolongada (Cortes et al., 2002).
1.2.2.4 Vantagens das Técnicas de Avaliação Biológica com Macroinvertebrados
As técnicas de avaliação da qualidade da água que utilizam macroinvertebrados
aquáticos como indicadores demonstraram já a sua eficácia na detecção de pontos de
alteração e na cartografia da qualidade das águas:
- pela fácil colheita;
- pelo seu baixo custo;
- pela rapidez na aplicação;
- pela fiabilidade.
- pelo grande conhecimento para a identificação dos seres;
- pela existência de chaves taxionómicas desenvolvidas para o efeito;
- pelo leque de respostas em função das condições do meio;
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
18
- pelo vasto conhecimento relativamente à reacção da comunidade e organismos
às acções dos poluentes (Agences de L´Eau, 1993; Alba-Tercedor, 1996; Cook, 1976;
Cortes et al., 1999; Cortes et al., 2002; Fontoura, 1984a; Fontoura, 1985).
1.2.2.5 Tipos de Métodos baseados em estudos com Macroinvertebrados
Existem diferentes formas de utilizar os macroinvertebrados em estudos de
qualidade da água e dos meios aquáticos, mediante os objectivos e fins pretendidos:
- Métodos baseados no Sistema Sapróbio;
- Métodos baseados na análise numérica e estatística, de que constam os Índices de
Diversidade, Índices de Similaridade, entre outros;
- Índices bióticos e Scores;
- outros (Agences de L´Eau, 1993).
1.2.2.6 Tipos de Investigações praticáveis com Técnicas de Avaliação Biológica com
Macroinvertebrados
Concluindo e generalizando, a utilização de macroinvertebrados, permite:
- avaliar a qualidade da água,
- estimar sobre o efeito de determinado poluente sobre a comunidade,
- inferir sobre a evolução temporal e espacial dos danos causados por um
poluente,
- estabelecer comparações entre diferentes cursos de água,
- inferir acerca do funcionamento de estações de tratamento de água (Fontoura,
1985).
Os macroinvertebrados, conjuntamente com outros organismos têm vindo a ser
utilizados como indicadores biológicos da qualidade da água, quer para diagnóstico,
quer para integrarem programas de monitorização (Cortes et al., 2002; Fontoura, 1985).
Mas a presença e o sucesso de um organismo ou grupo de organismos dependem
de um conjunto de condições. Qualquer condição que se aproxime ou exceda os limites
de tolerância diz-se ser um factor limitante. Torna-se pois urgente reduzir a pressão
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
19
exercida sobre os recursos aquáticos que, de outra forma, transformará a água num
factor limitante para os seres vivos (Odum, 1997). O ciclo da vida e o ciclo da água
encontram-se de tal forma interligados, que se torna indispensável a gestão sustentada
daquele recurso (Mendes & Oliveira, 2004). A água, mais do que o petróleo, é um
recurso essencial, pelo que, a sua escassez poderá ser inclusive, origem de novos
conflitos armados (Mendes & Oliveira, 2004).
1.3 Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Cávado
1.3.1 Aspectos Topográficos
A Bacia Hidrográfica do rio Cávado localiza-se a Norte de Portugal e estende-se
por uma área de 1613,1Km2 entre a região de Trás-os-Montes e o Minho. Abraça o
distrito de Vila Real e o distrito de Braga que corta completamente, fig.1 (Paredes,
1990; Soares, 2004), percorrendo aproximadamente 129Km em direcção ENE-WSW
(PBH do rio Cávado, 2000; Fontoura, 1989). Assim, nasce na Serra do Larouco, no
Distrito de Vila Real, a cerca de 1520 metros de altitude e desagua no Oceano Atlântico,
em Esposende, Distrito de Braga (PBH do rio Cávado, 2000). A altitude média da bacia
é de 564m, e apresenta forma rectangular com 16Km de largura e 100Km de
comprimento (Paredes, 1990).
O Plano da Bacia Hidrográfica do rio Cávado, fig.2, inclui não só a bacia
daquele rio, mas também algumas ribeiras e parte da bacia do rio Lima que drena para
Espanha. Este conjunto é delimitado a Norte pelas bacias hidrográficas dos rios Neiva e
Lima, faz fronteira com Espanha, a Este com a bacia hidrográfica do rio Douro e a Sul
com a bacia hidrográfica do rio Ave (PBH do rio Cávado, 2000). A sua bacia
hidrográfica inclui total ou parcialmente as serras do Larouco, Barroso, Gerês, Amarela
e Cabreira (Fidalgo & Correia, 1995).
O rio Cávado possui diversos afluentes, fig 3, entre os quais se destacam o rio
Homem na margem direita e o rio Rabagão na margem esquerda, cujas bacias ocupam
257Km2 e 246Km2 respectivamente, do total da área da bacia hidrográfica do Rio
Cávado (Paredes, 1990).
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
20
!P
!P!P
!P
!P
!P
!P!P
!P !P
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FAFE
BRAGA
AMARES
BARCELOS
GUIMARAES
ESPOSENDE
VILA VERDEVIEIRA DO MINHO
TERRAS DE BOURO
POVOA DO LANHOSO
CELORICO DE BASTO
CABECEIRAS DE BASTO
VILA NOVA DE FAMALICAO
MURCA
ALIJO
CHAVES
BOTICAS
SABROSA
VALPACOS
VILA REAL
MONTALEGRE
MESAO FRIOPESO DA REGUA
MONDIM DE BASTO
RIBEIRA DE PENAVILA POUCA DE AGUIAR
SANTA MARTA DE PENAGUIAO
Legenda
Rio Cávado
Cursos de Água da Bacia Hidrográfica
!P Cidades Sedes de Concelho
Distrito de Vila Real
Distrito de Braga
Fig. 1 – Localização do rio Cávado.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
21
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!P
!P!P !P
!P
!P
BRAGA
AMARES
BARCELOSESPOSENDE
VILA VERDE
TERRAS DE BOURO
MONTALEGRE
Legenda
Rio Cávado
Cursos de Água da Bacia Hidrográfica
Distrito de Vila Real
Distrito de Braga
Bacia Hidrográfica do Rio Cávado
Fig. 2 – Delimitação da Bacia Hidrográfica do Rio Cávado.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
22
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!P!P !P
!P
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Rio Homem Rio
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Rio Cávado
Rio
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Rio Rabagão
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Rio
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s
Regato Vilar
Ribeira Sabroso
Ribeiro Outeiro
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Ribeira Cabra
Ribeiro Torrão
Ribeiro Lamas
Ribeira Corujeira
Rio Homem
Rio Cávado
Rio
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agão
Rio
Cáva
do
Rio Cávado
Rio Rabagão
BRAGA
AMARES
ESPOSENDE
VILA VERDE
BARCELOS
TERRAS DE BOURO
MONTALEGRE
Fig. 3 – Afluentes e Rio Cávado.
Legenda
Rio Cávado
Bacia Hidrográfica do Rio Cávado
Cursos de Água da Bacia Hidrográfica
!P Cidades Sede de Concelho
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
23
1.3.2 Aspectos Geomorfológicos
Compreender o funcionamento de um curso de água implica conhecer o
ambiente terrestre que o circunscreve pois há interdependência entre ambos,
nomeadamente a natureza geológica da bacia hidrográfica (Lévêque, 1996).
O rio Cávado, atravessa a quase todo o comprimento afloramentos de granito e
com menor relevo afloramentos de outras rochas como xistos, grauvaques,
granodioritos e outras rochas semelhantes. São marcantes os terraços formados por
areias quartzíticas, calhaus rolados e argilas. Na foz, os depósitos modernos são
relativamente espessos e constituídos por areias fluviais, lodos fluviais e depósitos
argilosos de fundo de vale (Paredes, 1990; Teixeira & Medeiros, 1969).
A fig.4 apresenta as albufeiras do Rio Cávado.
O rio Cávado pode ser dividido em três unidades:
- rio de montanha, que corresponde ao troço inicial, que de acidentado passa a
mais plano, com geologia granítica. Baixa densidade populacional, manchas
extensas e bem definidas de ocupação de solo;
- zona intermédia, de leito mais largo e movimentado suave. A densidade
populacional é mais elevada, numa área fortemente rural;
- zona final, de relevo plano, leito largo, apresentando vários meandros.
Fortíssima densidade populacional e dispersão humana, aqui também patente a
ruralidade e as fainas do mar (PBH do rio Cávado, 2000; Fidalgo & Correia,
1995).
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
24
Rio Homem Rio
Cabr
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Rio Cávado
Rio
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Rio C
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Rio C
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Ribeira Corujeira
Rio Homem
Rio Cávado
Rio
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Rio
Cáva
do
Rio Cávado
Rio RabagãoAlbufeira Caniçada
Albufeira Penide
Albufeira Salamonde
Albufeira ParadelaAlbufeira Alto Cávado
Fig. 4 – Barragens do Rio Cávado.
Legenda
Rio Cávado
Bacia Hidrográfica do Rio Cávado
Cursos de Água da Bacia Hidrográfica
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
25
1.3.3 Aspectos Climatéricos
A área abrangida pela Bacia Hidrográfica do rio Cávado encontra-se na região
mais pluviosa de Portugal (PBH do rio Cávado, 2000). A precipitação sobre a bacia do
rio é da ordem dos 3500hm3, sendo Janeiro o mês mais pluvioso, e só a área mais a
montante do rio apresenta estações do ano mais rigorosas (Paredes, 1990; PBH do rio
Cávado, 2000). A precipitação mais baixa regista-se em Julho (PBH do rio Cávado,
2000). O Verão é fresco e o Inverno é chuvoso. A precipitação ao longo do ano
manifesta-se com certa periodicidade. O próprio relevo da bacia condiciona a
pluviosidade, sendo que nas zonas mais montanhosas há maior precipitação, reduzindo
nas zonas de relevo mais plano e mais próximas do litoral (Paredes, 1990).
De modo simplista pode dizer-se que a área mais a montante tem clima que varia
entre fresco, húmido e muito chuvoso, e a área mais a jusante tem clima que varia entre
temperado, húmido e chuvoso (PBH do rio Cávado, 2000).
A temperatura média anual em Montalegre é de 9,5ºC e em Braga é de 15ºC, o
que permite ter uma ideia da gradação das temperaturas ao longo da bacia (Paredes,
1990).
1.3.4 Aspectos Sócio-Económicos
É importante conhecer o tipo de actividades humanas praticadas na área
circunscrita pela bacia hidrográfica, pois estas condicionam a utilização da área terrestre
que a circunscreve e desse modo os tipos de substâncias com potencial poluente que são
introduzidas (Lévêque, 1996).
São abrangidos pela bacia hidrográfica do rio Cávado os concelhos de
Montalegre, Terras de Bouro, Vieira do Minho, Póvoa de Lanhoso, Vila verde, Braga,
Barcelos e Esposende (Paredes, 1990).
As principais actividades humanas praticadas ao longo da Bacia Hidrográfica do
Cávado incluem a agro-pecuária e a indústria (PBH do rio Cávado, 2000). Paredes
(1990) apontava a indústria têxtil e vestuário, e a de produtos metálicos e máquinas. No
Plano de Bacia Hidrográfica do Rio Cávado (2000) é apontada a indústria de produção
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
26
de energia hidroeléctrica e a de tinturaria. Convém também referir a exploração do rio
pela implantação de unidades de aquacultura (PBH do rio Cávado, 2000).
1.3.5 Principais Fontes de Poluição
Neste rio há excessiva introdução de nutrientes devido às actividades humanas
desenvolvidas na bacia. Como consequência ocorre um aumento da produção primária
que se espelha em todo o sistema (Cortes et al., 1999).
Relativamente à poluição urbana, na área do plano de bacia hidrográfica do rio
Cávado, o atendimento às populações em termos de sistemas de saneamento é ainda
baixo, com excepção das zonas de maior densidade urbana. A falta de tratamento das
águas residuais urbanas deve-se essencialmente aos custos de construção de
infraestruturas para servir pequenos aglomerados populacionais dispersos e ainda a
insensibilidade sobre os efeitos nocivos desta prática para o ambiente.
A poluição industrial ao nível do plano de bacia hidrográfica deve-se
essencialmente à indústria têxtil, alimentar, de papel e metalomecânica. A este nível
verifica-se a ausência de sistemas de tratamento de efluentes industriais, pelo que,
sobretudo para jusante a poluição se faça sentir (PBH do rio Cávado, 2000).
A poluição adjacente da actividade agrícola, ao nível deste rio, afecta de forma
mais intensa os concelhos de Barcelos, Póvoa de Varzim e Esposende. Estes são os
mais susceptíveis ou afectados por poluição difusa.
A criação de gado como agente poluente é mais preocupante nos concelhos de
Barcelos, Póvoa de Varzim, Esposende e Vila Verde (PBH do rio Cávado, 2000).
Estas actividades são agentes de perturbação do equilíbrio do rio, que poderão
inviabilizar as suas utilizações futuras (PBH do rio Cávado, 2000; Fontoura, 1989): a
agricultura, porque utiliza pesticidas e fertilizantes, que podem alcançar os ambientes
aquáticos por lixiviação através do perfil dos solos (Tomita & Beyruth, 2003); a
indústria porque liberta variados tipos de poluentes nos cursos de água, consoante o
tipo. No caso da aquacultura, consiste nos desperdícios derivados da alimentação dos
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
27
peixes e dos produtos resultantes do metabolismo, ou seja, alimento não ingerido, fezes,
produtos excretados, de concentração variada (Deviller et. al, 2004).
Em 1990, Paredes previa um aumento da pressão sobre a água do rio Cávado
provocada pelo consumo de água e pela rejeição de águas usadas.
No rio Cávado ao longo da década de 90 verificou-se uma degradação
generalizada da água e na albufeira do Alto Cávado um enriquecimento em matéria
orgânica e bacteriológica (PBH do rio Cávado, 2000).
O estuário do rio Cávado encontra-se integrado na Área da Paisagem Protegida
do Litoral de Esposende (APPLE) criada em 1987 pelo Decreto-Lei 357/87 de 17 de
Novembro, pelo que se pode considerar que a zona final é mais preservada e ordenada
(Fidalgo & Correia, 1995).
Tem-se vindo a observar um aumento do turismo sazonal na área terminal do
rio, que pode vir a transformar-se num impulsor de poluição (Soares, 2004).
1.4 Organização e Objectivos do Trabalho
Esta tese reporta-se a um estudo no Rio Cávado, entre os anos de 2005 e 2006,
para avaliação da qualidade das suas águas. Procurou-se:
- Fazer uma avaliação biológica da qualidade da água do rio Cávado através do estudo
das comunidades de macroinvertebrados;
- Confrontar os resultados da análise biológica com os da análise físico-química;
- Comparar a qualidade da água nas diversas estações de amostragem;
- Relacionar a qualidade da água em cada estação com o meio envolvente mais próximo
da mesma;
- Identificar, caso se verifique e se for possível, eventuais agentes de poluição;
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
28
- Identificar aspectos de requalificação ecológica das zonas alteradas a partir da
observação dos índices bióticos e ambientais calculados;
- Monitorização da qualidade da água nos pontos de amostragem e futuramente ao
longo do rio Cávado.
2. Metodologia
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
30
A execução do trabalho dividiu-se em quatro fases distintas, que dizem respeito
à recolha de água e macroinvertebrados para análise, ao tratamento das amostras
recolhidas, ao cálculo e processamento de dados físico-químicos e ao processamento de
dados biológicos.
2.1 Amostragem
Foi efectuado um reconhecimento prévio do curso de água, em que se teve em
atenção o acesso às possíveis estações de amostragem, estradas, pontes, observação da
profundidade dos pontos de recolha e características naturais e/ou artificiais.
Uma boa amostragem é crucial para a produção de resultados fidedignos. Deve
ter-se em atenção cinco passos diferentes definidos por Fontoura (1985): objectivos,
escolha das estações de amostragem, periodicidade, registo de factores abióticos e
finalmente a recolha.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
31
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!P!P !P
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Ponto de Recolha 4 - Marachão
Ponto de Recolha 3 - Barcelos
Ponto de Recolha 1 - Amares
Ponto de Recolha 2 - Lago
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Rio Cávado
Rio Rabagão
AMARES
ESPOSENDE
VILA VERDEAlbufeira Caniçada
Albufeira Penide
Albufeira Salamonde
Albufeira Paradela
Albufeira Alto Cávado
BRAGA
BARCELOS
TERRAS DE BOURO
MONTALEGRE
2.1.1 Escolha das estações
O trabalho de campo foi efectuado em quatro pontos distintos do Rio Cávado
(figura 5). No caso do trabalho efectuado, pretendendo-se com a análise biológica uma
avaliação geral da qualidade da água, o estudo foi vocacionado para a zona terminal do
rio, que reflecte, em certa medida, o seu percurso anterior. Não se fez a selecção dos
locais de amostragem por ecótipos ou por pontos de referência uma vez que o Plano de
Bacia Hidrográfica não os tem definidos segundo o Anexo II da Directiva Quadro da
Água (Bernardino et al., 2000). A primeira estação localiza-se próxima da Vila de
Amares, (figuras 6 e 7), a segunda em Lago, (figuras 8 e 9), um pouco mais para jusante
encontra-se a terceira estação em Barcelos (figuras 10 e 11), e a última já próxima de
Esposende onde se localiza a foz deste rio, na localidade de Marachão (figuras 12 e 13).
Tal como é referido por Fontoura (1989), as estações não foram escolhidas
aleatoriamente, mas tendo por base zonas já estudadas em trabalhos anteriores, para que
se pudesse estabelecer um quadro evolutivo da qualidade da água neste rio, embora os
trabalhos existentes sejam escassos.
0 19.120 38.2409.560 Meters
Legenda
Rio Cávado
Bacia Hidrográfica do Rio Cávado
Cursos de Água da Bacia Hidrográfica
!P Cidades Sede de ConcelhoFigura 5 – Localização dos Pontos de Recolha.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
32
Figura 7 – Ponto 1, Amares, jusante.
Figura 6 – Ponto 1, Amares, montante.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
33
Figura 8 – Ponto 2, Lago, montante.
Figura 9 – Ponto 2, Lago, jusante.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
34
Figura 10 – Ponto 3, Barcelos, montante.
Figura 11 – Ponto 3, Barcelos, jusante.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
35
Figura 12 – Ponto 4, Marachão, montante.
Figura 13 – Ponto 4, Marachão, jusante.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
36
2.1.2 Periodicidade
A amostragem foi efectuada no período de um ano, entre 2005 e 2006. Neste
intervalo de tempo procedeu-se à recolha de água e, sazonalmente, à recolha de
macroinvertebrados, pela seguinte ordem Outono, Inverno, Primavera e Verão.
2.1.3 Recolha
Foi efectuada:
- Recolha de água para análise físico-química, com auxílio de frascos de
polietileno de 2 litros, devidamente etiquetados, indicando o local e a data da colheita e
transportados até ao laboratório dentro de uma caixa térmica;
- Amostragem de macroinvertebrados. Existem métodos de amostragem
específicos para os diferentes tipos de organismos: pelágicos, perifíticos e bentónicos.
Os organismos pelágicos em geral são maus indicadores devido à sua mobilidade. Os
organismos perifíticos são recolhidos com os materiais onde vivem. No caso dos
macroinvertebrados bentónicos, o método de recolha deve ter em atenção:
- a natureza do substrato dos diversos locais de amostragem;
- a velocidade da corrente do rio;
- a profundidade do curso de água;
- tipo de amostra pretendida.
Neste trabalho utilizou-se a rede de mão porque:
- permite obter uma amostra de todo o tipo de habitats;
- é um instrumento muito versátil;
- permite fácil manejo;
- é aplicável em substrato de calhau, blocos e plantas aquáticas;
- permite obter amostras rapidamente.
Embora apresente as seguintes limitações:
- eficiência dependente do esforço de amostragem;
- amostragem semi-quantitativa;
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
37
- restrito a profundidade inferior a um metro.
A rede de mão (figura 14), usada era constituída por um saco de rede com malha
de 500µm de secção quadrangular, cabo de cerca de 1,17metros, com as seguintes
medidas:
- largura da armação - 20cm
- comprimento da armação - 26cm
- abertura da armação - 520cm2
- comprimento da rede - 49cm
A amostragem obteve-se por movimentação manual da rede de mão, em
direcção a montante. O substrato foi revolvido com a própria rede e com o auxílio dos
pés e das mãos. A amostragem é activa pois a agitação da rede desaloja os
macroinvertebrados que entram na rede por acção da água corrente, uma vez que a boca
da armação se encontra voltada para montante. Calhaus de menores dimensões, algas,
plantas e folhas foram lavados num balde com água, que depois era adicionada ao resto
da amostra, ou lavados à boca da rede. Recolheu-se sempre algumas plantas aquáticas
que poderiam conter macroinvertebrados (Fontoura, 1985; Cortes et al., 1999).
Efectuou-se a recolha como vem sendo descrito, durante 5 minutos, cobrindo
todos os habitats de forma proporcional à sua representatividade – captura por unidade
de esforço (Cortes et al., 2002).
Figura 14 - Rede de Mão.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
38
As amostras foram colhidas para recipientes plásticos com tampa e devidamente
etiquetados, indicando o local e a data da colheita.
As recolhas de material biológico passaram ainda pelas etapas que de seguida se
descrevem.
2.2 Tratamento das amostras de Macroinvertebrados
2.2.1 Preservação
O material recolhido não foi imediatamente tratado, pelo que foi fixado com
formol a 4%.
2.2.2 Extracção
Em laboratório efectuou-se a separação dos organismos do resto do sedimento.
O processo teve início com a lavagem da amostra com jacto de água sobre crivos de
grandeza decrescente, de malhas 100μm e de 500μm, (figura 15). Após esta fase o
depósito foi vertido para um tabuleiro branco e com uma pinça e agulha os organismos
foram separados para frascos com álcool a 70%.
Figura 15 – Crivos.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
39
2.2.3 Triagem e Identificação
Os organismos foram separados e identificados por grupos taxonómicos com
auxílio de uma lupa binocular (figura 16) com diferentes ampliações (Ross, 1948;
Hynes, 1970; Fontoura, 1985; Campaioli et al., 1994; Campaioli et al., 1999; Moretti,
2004.)
2.2.4 Contagem
Procedeu-se à contagem dos indivíduos de cada grupo, que permite a
caracterização funcional da comunidade e o cálculo dos diversos índices e métricas.
Fig. 16 – Lupa Binocular
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
40
2.3 Parâmetros Biológicos de Qualidade do Habitat
O cálculo de índices de avaliação biológica de qualidade do habitat foi feito
directamente “in situ”, (Anexos I e II).
2.3.1 Índice de Avaliação Visual do Habitat
Este índice, (EPA, 1999 – Anexo I), procura avaliar a viabilidade de um local no
suporte da vida aquática (Barbour, 1997).
É um índice de fácil e rápida utilização. Como o próprio nome indica, efectua-se
através de uma análise visual de parâmetros, tais como: a capacidade do substrato para
acolher a epifauna, tipo de substrato e estabilidade do mesmo, velocidade e
profundidade do canal, caracterização do corredor ripário. Efectua-se numa área com
comprimento de 100m (Resh et al., 1995).
2.3.2 Índice de Qualidade do Bosque de Ribeira
Este índice procura avaliar, como o próprio nome indica, a qualidade do bosque
de ribeira (Munne et al., 1998 – Anexo II).
É um índice de fácil e rápida utilização. Utilizam-se parâmetros relativos à
cobertura riparia e vegetal, e ao grau de naturalidade do canal. As características
ecológicas e geomorfológicas são expressas quantitativamente, traduzindo uma classe
de qualidade.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
41
2.4 Parâmetros Físico-químicos
Nas águas naturais podem definir-se substâncias habituais, para as quais há um
limite aceitável definido, contrariamente a outras substâncias, cuja presença traduz
alguma anomalia, ou cujas concentrações são excessivas, condicionando a qualidade e a
possibilidade de uso. As primeiras fazem parte dos ciclos biogeoquímicos pelo que a
Natureza se encarrega dos processos de auto-regeneração (Mendes & Oliveira, 2004).
Quando se analisa a qualidade de uma massa de água deve ter-se presente as
características dessa massa de água, que podem apresentar modificações consideráveis,
ocasionais ou periódicas, reflectindo a acção de factores internos ou externos, bióticos
ou abióticos (Mendes & Oliveira, 2004). Por este motivo, torna-se indispensável
perceber algumas das relações entre as substâncias que se encontram na água e a própria
água, e como se faz sentir a actuação de determinados agentes sobre ela e as
características apresentadas em função disso.
Alguns dos parâmetros foram medidos directamente “in situ”, outros analisados
no Laboratório de Ecologia do Departamento de Zoologia e Antropologia da faculdade
de Ciências.
2.4.1 Parâmetros medidos “in situ”
A temperatura da água e temperatura ambiente foram medidas com um
termómetro de mercúrio graduado em ºC.
A velocidade da corrente da corrente mediu-se com uma fita métrica e um
cronómetro (m/s).
A luminosidade foi medida por estimativa em percentagem.
O pH, o oxigénio dissolvido, os sólidos suspensos e a condutividade foram
medidos com um kit portátil.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
42
2.4.2 Parâmetros medidos no laboratório
Os Nitratos, Nitritos, Amónia e Fosfatos foram medidos com um Fotómetro
Multiparâmetros de bancada “Hanna Instruments Série C200”.
A Carência Bioquímica de Oxigénio foi determinada segundo o protocolo de
Apha, (1992).
2.4.3 Tratamento dos Dados Físico-Químicos
As análises espaciais e temporais foram convertidas em gráficos de dispersão de
valores utilizando o programa Microsoft Excel 2002.
Foi calculado o coeficiente de correlação de Pearson (Daniel, 1987; D´Hainaut,
1992), para verificar a existência de correlações entre os parâmetros.
Os gráficos resultantes apresentam em alguns casos mais do que um parâmetro.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
43
2.5 Parâmetros Biológicos com Macroinvertebrados
No laboratório efectuou-se a análise da comunidade de macroinvertebrados e o
cálculo das diversas medidas bioindicadoras.
2.5.1 Caracterização Funcional da Comunidade
Identificados os organismos, podem classificar-se de acordo com características
fisiológicas e ecológicas (Jesus, 2001).
2.5.1.1 A Nível de Fisiologia Alimentar
A estrutura trófica de um rio é dominada por invertebrados (Wallace et al.,
1987) e as relações tróficas estabelecidas indicam condições a que estes organismos
estão sujeitos (Fontoura, 1989).
A forma de alimentação dos macroinvertebrados influencia todo o seu
comportamento (Yule, 1996).
Segundo vários autores, os insectos aquáticos, na sua maioria são oportunistas
adaptando a sua alimentação ao que existe no ambiente em que se encontram (Motta &
Uieda, 2004). Além disso, porque na sua maioria as espécies de macroinvertebrados
«aquáticos são polifagos e não mono ou oligofagos é preferível, segundo Cummins
(1973), estabelecer uma classificação baseada no mecanismo de preensão dos alimentos
que traduz o nicho trófico dos organismos nos ecossistemas, em detrimento da
classificação tradicional baseada na natureza do alimento, isto é, Carnívoros,
Herbívoros, Detritívoros.» (Fontoura, 1989, p. 101).
De forma a examinar as alterações na composição trófica da comunidade
macrobentónica, os taxa de macroinvertebrados eram inicialmente distribuídos por
cinco grupos funcionais que se distinguiam pela forma como se alimentavam e pelo
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
44
tamanho dos detritos ingeridos e designados de: retalhadores, que utilizam matéria
orgânica grosseira transformando-a em detritos de pequenas dimensões; colectores, que
aproveitam os detritos finos; raspadores, que consomem perifiton; predadores que
consomem animais vivos; e limnívoros, que utilizam matéria orgânica que se encontra
no sedimento (Fontoura, 1989; Merritt & Cumins, 1996; Tachet et al., 2000; Jesus,
2001). Esta classificação, sobretudo no que diz respeito aos insectos aquáticos, tem
aplicabilidade no hemisfério Norte. No hemisfério Sul outras classificações têm sido
efectuadas, sendo que estes se dividem em: Detritívoros, se se alimentam de matéria
orgânica particulada; Herbívoros, se se alimentam de plantas vasculares e/ou algas;
Carnívoros, se se alimentam de animais; Consumidores de perifiton se se alimentam de
algas, de matéria orgânica e microbiota; e Omnívoros se utilizam recursos de dois ou
mais dos grupos tróficos referidos. A classificação referida é muito diferente da usada
neste trabalho, sendo que os grupos tróficos designados por consumidores de perifiton,
os herbívoros e detritívoros correspondem aos raspadores (Motta & Uieda, 2004b).
Sistematizando, obtém-se os seguintes grupos:
- Retalhadores Herbívoros;
- Retalhadores Detritívoros;
- Colectores Filtradores;
- Colectores Detritívoros;
- Raspadores Minerais;
- Raspadores Orgânicos;
- Predadores Mastigadores;
- Predadores Sugadores;
- Limnívoros (Jesus, 2001 – Anexo III).
2.5.1.2 A Nível de Fisiologia Respiratória
A classificação da fisiologia respiratória dos macroinvertebrados faz-se pelo
estudo das diferentes formas de obtenção de oxigénio, que se apresentam de seguida:
- respiração pulmonar;
- respiração cutânea;
- respiração branquial e cutânea;
- respiração branquial;
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
45
- respiração branquial e aérea;
- respiração aérea (Jesus, 2001 – Anexo IV).
2.5.1.3 A Nível de Habitat e Mobilidade
A caracterização do nível de habitat e da mobilidade dos macroinvertebrados,
permitiu criar as seguintes classificações:
- colados ou fixos;
- pouco móveis;
- mergulhadores;
- nadadores;
- patinadores;
- planctónicos;
- trepadores;
- escavadores (Jesus, 2001 – Anexo V).
2.5.2 Medidas Bioindicadoras
O cálculo de índices é uma metodologia muito usada em trabalhos de avaliação
da qualidade da água, uma vez que por «fornecerem informações de modo inequívoco,
reprodutível e traduzível (…)» (Jesus, 2001), são também facilmente comparáveis.
2.5.2.1 Índice Biótico Belga
Para calcular o Índice Biótico Belga, identificam-se os organismos pelos limites
práticos, tabela 1 do Anexo VI, de seguida utiliza-se o número de unidades sistemáticas
definidas pelo quadro padrão de Tuffery e Verneaux (1968), tabela 2 do Anexo VI, bem
como a presença ou ausência de organismos indicadores.
O valor obtido corresponde a uma classe de qualidade, pela tabela 3 do Anexo
VI.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
46
As unidades sistemáticas obtidas pela presença de um único indivíduo não são
tidas em consideração (Fontoura, 1984).
Apresenta diversas vantagens, entre as quais, a simplicidade, a rapidez, baixo
custo, utilidade prática e segurança de resultados (Fontoura, 1984 b).
2.5.2.2 Índice Iberian Biological Monitoring Working Party
O Índice Iberian Biological Monitoring Working Party é a designação adoptada
para a Península Ibérica do Biological Monitoring Working Party’, que consiste num
sistema de pontuação de famílias de macroinvertebrados, com base na sua tolerância à
poluição (Fontoura, 1984b), sendo estes organismos distribuídos por 10 grupos de
diferente sensibilidade, tabela 1 do Anexo VII. O Biological Monitoring Working Party’
(BMWP’) resultou de uma adaptação à Península Ibérica de um sistema criado antes na
Inglaterra, o Biological Monitoring Working Party (BMWP) (Alba-Tercedor &
Sánchez-Ortega, 1988)
Após recolha de macroinvertebrados do ambiente aquático sobre o qual se vai
efectuar o estudo, aqueles organismos são separados de acordo com a Família a que
pertencem. Elabora-se um inventário e soma-se o total de pontuação para cada local de
amostragem.
O valor obtido pertence, pela tabela 2 do mesmo anexo, a uma Classe de
Qualidade que indica a qualidade da água em questão. Na rede hidrográfica considerada
marca-se cada local de amostragem da cor correspondente à sua Classe de Qualidade
(Alba-Tercedor, 1996).
Este índice é de fácil utilização e de fácil aplicabilidade à totalidade da Península
Ibérica. Por se identificarem macroinvertebrados até à Família pode ser utilizado por
quem não tem muita experiência em classificação. Todavia é um pouco limitado nas
classificações que estabelece, pois há situações em que o somatório fica no limite
intermédio entre duas classes (Alba-Tercedor, 1996).
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
47
O Índice Biótico Belga e o Iberian Biological Monitoring Working Party
“combinam o factor tolerância com o factor diversidade (especialmente o IBB)” (Cortes
et al., 1999). São os índices mais utilizados na Península Ibérica, pelo que são óptimos
para estabelecer comparações (Cortes et al., 1999).
2.5.2.3 Percentagem de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera
Este é um índice muito simples, em que se contabilizam os organismos
pertencentes às ordens Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera e se calcula a sua
percentagem em relação ao tamanho da amostra.
EPT= nº indivíduos (Ephameroptera, Plecoptera e Trichoptera)
O aumento da percentagem de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera é
indicador de melhoria da qualidade da água (EPA, 1999).
2.5.2.4 Percentagem de Raspadores
Este é um índice muito simples, em que se contabilizam os organismos
Raspadores e se calcula a sua percentagem em relação ao tamanho da amostra.
%Raspadores= nº indivíduos Raspadores
O aumento da percentagem de Raspadores é indicador de melhoria da qualidade
da água (EPA, 1999).
x 100 nº total de indivíduos
x 100 nº total de indivíduos
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
48
2.5.2.5 Índice de Diversidade de Shannon-Weaver
O índice de diversidade de Shannon-Weaver requer a contagem dos organismos
por grupos, pelos limites práticos de identificação, pelo que é independente do tamanho
da amostra (Fontoura, 1984).
S H´ = - ∑ [(ni/N) loge(ni/N)] i=1
S: número de grupos taxonómicos
ni: número de indivíduos do grupo taxonómico i
N: número total de indivíduos (Fontoura, 1985)
Os índices de diversidade transformam dados de abundância interespecíficas
num simples valor numérico (Washington, 1984).
2.5.2.6 Índice de Equitabilidade de Pielou
Este índice procura determinar o modo como o número de indivíduos da
comunidade se distribui pelas espécies que a constituem (Washington, 1984).
H´ E = ——––
ln(S)
H´: índice de diversidade de Shannon-Weaver
S: número de grupos taxonómicos
O valor deste índice varia de 0 a 1. Quanto mais se aproxima de 1, mais a
comunidade se encontra bem distribuída no meio, mais estável e em princípio, com
grande diversidade de indivíduos. Se se aproxima de 0, a comunidade será constituída
por menos espécies e menos estável. Sistematizando, o 1 corresponderia a uma
comunidade ideal e o 0 a uma comunidade constituída apenas por uma espécie.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
49
2.5.3 Tratamento dos Dados de Macroinvertebrados
O resultado da caracterização funcional da comunidade ao nível da fisiologia
alimentar, fisiologia respiratória, habitat e mobilidade, foi representado sob a forma de
gráficos circulares com o programa Microsoft Excel 2002, utilizando a distribuição
percentual dos indivíduos nos diferentes pontos de amostragem e ao longo do tempo.
A análise estatística consta de:
- Análise de Clusters, K-Means, feita através do programa Statistica versão 6.1;
- n-MDS e ANOSIM através do programa Primer versão 5.2.
Foram calculadas diversas medidas bioindicadoras, sendo que:
- o Índice Biótico Belga e o Índice Iberian Biological Monitoring Working Party foram
apresentados num mapa com a Bacia Hidrográfica do rio Cávado, recorrendo ao
programa ArcMap da ESRI;
- a Percentagem de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera, a Percentagem de
Raspadores, o Índice de Diversidade de Shannon-Weaver e o Índice de Equitabilidade
de Pielou foram representados num gráfico de dispersão de valores utilizando o
programa Microsoft Excel 2002.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
50
3. Resultados e Discussão
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
51
Uma das questões mais pertinentes relativamente à análise da água diz respeito
ao facto de esta incidir em amostras pontuais, realizadas em ocasiões e locais precisos, e
determinadas por parâmetros específicos. Por este motivo é complicada a extrapolação
dos resultados para um período de tempo entre duas amostragens e para uma dada área
(Mendes & Oliveira, 2004) entre dois locais de amostragem.
Assim, um resultado isolado não deve ser considerado como absoluto. Deve ser
integrado num conjunto mais vasto de informações, o conjunto de informações
disponíveis sobre a qualidade dessa água (Mendes & Oliveira, 2004).
Cada análise deve ser integrada no contexto em que foi efectuada, de modo a
poder tirar-se dela conclusões significativas (Mendes & Oliveira, 2004).
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
52
3.1 Avaliação da Qualidade do Habitat
A avaliação da qualidade do habitat foi feita através do cálculo do Índice de
Avaliação Visual do Habitat e do Índice de Qualidade do Bosque de Ribeira, índices de
cálculo simples (Vidal-Abarca & Alonso, 2000) cuja acuidade de determinação
contudo, melhora com o treino (Hannaford et al., 1997).
A tabela 1 apresenta os resultados obtidos através do cálculo daqueles índices.
Ponto de Amostragem Índice de Avaliação Visual
do Habitat
Índice de Qualidade do
Bosque de Ribeira
Ponto 1 – Amares 115 50
Ponto 2 – Lago 132 50
Ponto 3 – Barcelos 95 30
Ponto 4 - Marachão 134 55
Os valores obtidos para os diferentes pontos de amostragem são de um modo
geral baixos para ambos os índices.
O Índice de Avaliação Visual do Habitat tem como máximo 200 (Anexo I), mas
os valores calculados afastam-se muito desse topo.
O Índice de Qualidade do Bosque da Ribeira tem máximo 100 (Anexo II), sendo
que, de acordo com as classes de qualidade definidas, em Amares, em Lago e em
Barcelos há forte alteração, ou seja, má qualidade, e em Marachão começa a haver
alterações importantes mas a qualidade é ainda aceitável.
Tabela 1 - Índice de Avaliação Visual do Habitat e Índice de Qualidade do Bosque de Ribeira para cada ponto de amostragem.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
53
No Ponto 1 existem terrenos agrícolas nas proximidades do rio, perturbando o
bosque de ribeira.
No Ponto 2 existem estruturas construídas pelo Homem como uma ponte e uma
represa, condicionamento do leito do rio.
O Ponto 3 apresenta-se com as pontuações mais baixas. Esta situação deve-se
não só ao facto de existirem estruturas construídas nas proximidades, mas também de
canais de saneamento a montante e a jusante da zona de recolha, cujo cheiro
nauseabundo se fazia sentir, condicionamento do leito do rio e lixo depositado pelos
transeuntes ao longo da margem do rio.
O Ponto 4 apresenta os melhores resultados do cálculo destes índices, embora
também seja uma zona alterada, nomeadamente por condicionamento do leito do rio.
Os valores baixos calculados compreendem-se se se atender à intervenção
humana nas áreas circundantes.
Já na 1ªFase do PBH do rio Cávado, foram analisados o canal e a cortina ripária
que apresentaram de maneira geral alteração, indicativa de degradação do rio, crescente
para jusante. A degradação física verificada foi explicada pela exploração agrícola
excessiva e pela poluição de origem urbana, mais intensa nos concelhos de Braga e
Barcelos. Apenas a zona mais a montante, a 8,75Km da nascente do Rio Cávado não se
encontrava degradada (Cortes et al., 1999).
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
54
3.2 Avaliação Físico-Química
3.2.1 Temperatura Ambiente e Temperatura da Água
A temperatura ambiente interfere sobre a queda pluviométrica, e a forma como
esta se distribui ao longo do ano é um factor determinante para os seres vivos quer estes
sejam terrestres ou aquáticos, e como tal, para os macroinvertebrados também. Varia em
função de factores como a geografia, os movimentos do ar, outros (Odum, 1997).
Nos cursos de água a temperatura varia definindo um ciclo diário e um ciclo
sazonal. Embora esta variação seja mínima, interfere sobre o desenvolvimento das
comunidades aquáticas (Cortes, 1997).
De forma indirecta, a temperatura, porque condiciona a precipitação, pode ser
responsável pelo aumento do caudal superficial de um rio, podendo fomentar os
processos naturais de autodepuração, levando a um menor grau de poluição (Cortes et
al., 2002), pelo que este foi um parâmetro medido.
A observação das figuras 17, 18, 19, e 20, permite verificar que ao longo do ano
houve oscilações de temperatura quer da Água, quer Ambiente. A temperatura
aumentou até atingir, de modo geral, um máximo em Agosto de 2006. Os valores
mínimos foram obtidos no Inverno, como seria de esperar.
0
5
10
15
20
25
30
Out. 2005 Dez. 2005 Fev. 2006 Abr. 2006 Ago. 2006 Out. 2006
Temperatura da Água Temperatura Ambiente
Figura 17 – Temperatura Ambiente e da Água no Ponto 1.
Tem
pera
tura
(ºC
)
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
55
0
5
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30
Out. 2005 Dez. 2005 Fev. 2006 Abr. 2006 Ago. 2006 Out. 2006
Temperatura da Água Temperatura Ambiente
0
5
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30
Out. 2005 Dez. 2005 Fev. 2006 Abr. 2006 Ago. 2006 Out. 2006
Temperatura da Água Temperatura Ambiente
0
5
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30
Out. 2005 Dez. 2005 Fev. 2006 Abr. 2006 Ago. 2006 Out. 2006
Temperatura da Água Temperatura Ambiente
Figura 18 – Temperatura Ambiente e da Água no Ponto 2.
Figura 19 – Temperatura Ambiente e da Água no Ponto 3.
Figura 20 – Temperatura Ambiente e da Água no Ponto 4.
Tem
pera
tura
(ºC
) Te
mpe
ratu
ra (º
C)
Tem
pera
tura
(ºC
)
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
56
Verifica-se que existe grande relação entre a temperatura ambiente e a
temperatura da água. As oscilações da primeira modificam, como seria de esperar, a
segunda.
As recolhas foram efectuadas de jusante para montante, decorrendo durante o
período da manhã e início da tarde, motivo que terá condicionado o facto de
esporadicamente a temperatura da água se apresentar superior a montante (Ponto 1).
Os organismos aquáticos têm geralmente um limite de tolerância à temperatura
mais restrito do que os animais equivalentes em terra, uma vez que a amplitude de
variação da temperatura tende a ser menor na água do que na terra. “A água possui
diversas propriedades térmicas características de tal forma combinadas que minimizam
as variações de temperatura; por isso as amplitudes térmicas são menores (…)” (Odum,
1997) e as trocas de calor ocorrem com oscilações de temperatura menos intensas e
mais lentamente na água do que no ar (Odum, 1997; Wetzel, 1993), o que se pode
observar nos gráficos.
As águas superficiais podem registar, temporariamente, valores inferiores a 12ºC
e/ou superiores a 15ºC. No caso do rio analisado, apenas no mês de Fevereiro e para
todos os pontos, se registaram temperaturas inferiores aos 12ºC.
Não se registaram temperaturas extremamente elevadas em qualquer dos pontos
analisados. Mendes & Oliveira (2004) referem que seria de esperar tais resultados em
caso de poluição térmica, devido a descargas de águas de arrefecimento de fábricas nas
águas de superfície, que mesmo que moderada, teria graves consequências (Odum,
1997) como a diminuição da quantidade de oxigénio na água ou o aumento da
actividade respiratória e da velocidade das reacções químicas e bioquímicas de
organismos aquáticos (Mendes & Oliveira, 2004). Na zona em questão do rio analisado
não se pode falar, através dos resultados obtidos, desta forma de poluição.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
57
3.2.2 Luminosidade
A luz é a fonte fundamental de energia, influenciando o comportamento e a
distribuição dos seres vivos e as suas características fisiológicas e morfológicas. Sem
luz, a vida não existiria. É um factor vital e um factor limitante.
A combinação da temperatura com a luminosidade, humidade e variação das
marés, controla amplamente as actividades estacionais e diárias das plantas e dos
animais. A temperatura é, com frequência, responsável pela zonagem e pela
estratificação que ocorrem nos ambientes aquáticos e terrestres (Odum, 1997).
O gráfico da figura 21 indica a percentagem de luz incidente no rio Cávado nos
pontos e momentos de recolha. A avaliação da luminosidade em cada ponto de
amostragem permite, ainda que de forma rudimentar, percepcionar diferenças de ponto
para ponto.
0
25
50
75
100
Out. 2005 Dez. 2005 Fev. 2006 Abr. 2006 Ago. 2006 Out. 2006
Ponto 1Ponto 2Ponto 3Ponto 4
No Ponto 1 a luz incidiu sempre completamente sobre a água da zona amostrada.
No Ponto 2 não houve incidência completa, porque se encontra próximo de uma ponte,
e porque apresenta cobertura vegetal estável.
Os Pontos 3 e 4 sofreram alterações ao nível do grau de incidência de luz. Sendo
pontos que apresentam cobertura vegetal e pontes, qualquer alteração da hora de recolha
reflectiu-se na alteração do ângulo de sombra e portanto, em maior/menor luminosidade
da área de recolha.
Luminosidade (%)
Meses de recolha
Figura 21 – Luminosidade que atinge a superfície da água no momento de recolha.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
58
A luminosidade da água é um factor da máxima importância, pois interfere sobre
a produção fotossintética de oxigénio. A luminosidade condiciona também a
temperatura, que tal como os sais dissolvidos, interferem sobre a capacidade da água
para conter oxigénio (Cortes, 1997; Odum, 1997).
3.2.3 Velocidade da corrente
A corrente de um curso de água contribui de forma expressiva para a
distribuição de gases vitais, sais e organismos pequenos. Por esta razão, a corrente pode
afectar muitos seres vivos, plantas e animais, que se encontrem perfeitamente adaptados
morfológica e fisiologicamente às condições do meio. Muitos seres vivos adoptam uma
posição definida na corrente e têm limites de tolerância muito restritos relativamente a
este factor. (Odum, 1997), o que também sucede com os macroinvertebrados. Além
disso, as correntes de água exercem pressão sobre as rochas de tal forma que provocam
a sua erosão. A sua acção faz-se sentir mecanica e quimicamente. Nas zonas onde a
energia cinética é menor, as substâncias depositam-se (Lévêque, 1996).
O gráfico da figura 22 apresenta os valores registados em campo.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
Out. 2005 Dez. 2005 Fev. 2006 Abr. 2006 Ago. 2006 Out. 2006
Ponto 1Ponto 2Ponto 3Ponto 4
Velocidade (m/s)
Meses de recolha
Figura 22 – Velocidade da corrente.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
59
Os pontos analisados apresentam uma velocidade de corrente muito inconstante,
sendo que sofre um decréscimo nos meses mais quentes e volta novamente a aumentar.
Este rio apresenta barragens hidroeléctricas que, conjuntamente com o volume de
precipitação, condicionarão estas variações.
A velocidade da corrente no Ponto 1 sofre uma inversão em Agosto. Tratando-se
do ponto com velocidade, regra geral, mais elevada, passa a ser o ponto com velocidade
de corrente mais baixa.
Concretamente no Ponto 2 as variações da velocidade da corrente devem-se ao
facto de este ponto se encontrar próximo de uma represa, pelo que, as descargas
provocavam o aumento do caudal do rio e o aumento da velocidade.
3.2.4 Oxigénio Dissolvido e Carência Bioquímica de Oxigénio
A concentração de gases na água difere com as condições ecológicas da altura e
da zona considerada, pelo que é função da actividade metabólica global (Mendes &
Oliveira, 2004). De uma maneira geral, a concentração de oxigénio e de dióxido de
carbono na água são as mais elevadas do conjunto de gases dissolvidos em águas
naturais. Em água doce tornam-se factor limitante. Parâmetros tais como a concentração
de oxigénio dissolvido e a carência bioquímica de oxigénio são frequentemente medidos
e estudados (Odum, 1997), motivo pelo qual também foram alvo deste estudo.
Tal como outros factores, a quantidade de oxigénio dissolvido varia com o
tempo e com o lugar (Odum, 1997; Agences d`Leau, 1993), como se apresenta nas
figuras 23, 24, 25, e 26.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
60
Figura 24 - Variação da temperatura da água, do oxigénio dissolvido e da carência bioquímica de oxigénio no Ponto 2.
Figura 23 - Variação da temperatura da água, do oxigénio dissolvido e da carência bioquímica de oxigénio no Ponto 1.
0
1
2
3
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Out. 2005 Dez. 2005 Fev. 2006 Abr. 2006 Ago. 2006 Out. 2006
O2
e C
BO 5
(mg/
L)
0
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Tem
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tura
da
Águ
a (ºC
)
Oxigénio dissolvido Carência Bioquímica de Oxigénio Temperatura da Água
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Out. 2005 Dez. 2005 Fev. 2006 Abr. 2006 Ago. 2006 Out. 2006
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e C
BO
5 (m
g/L
0
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da
Águ
a (ºC
)
Oxigénio dissolvido Carência Bioquímica de Oxigénio Temperatura da Água
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
61
Figura 25 - Variação da temperatura da água, do oxigénio dissolvido e da carência bioquímica de oxigénio no Ponto 3.
Figura 26 - Variação da temperatura da água, do oxigénio dissolvido e da carência bioquímica de oxigénio no Ponto 4.
0
1
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Out. 2005 Dez. 2005 Fev. 2006 Abr. 2006 Ago. 2006 Out. 2006
O2
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(mg/
L)
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a (ºC
)
Oxigénio dissolvido Carência Bioquímica de Oxigénio Temperatura da Água
0
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Out. 2005 Dez. 2005 Fev. 2006 Abr. 2006 Ago. 2006 Out. 2006
O2
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BO
5 (m
g/L
0
5
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Tem
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tura
da
Águ
a (ºC
)
Oxigénio dissolvido Carência Bioquímica de Oxigénio Temperatura da Água
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
62
A quantidade de oxigénio dissolvido nos Pontos 1 e 2 apresentou-se, regra geral
superior aos Pontos 3 e 4 à excepção do mês de Outubro.
Localmente não houve grandes oscilações da quantidade de oxigénio na água, à
excepção das recolhas de Abril e Agosto.
O oxigénio da água provém essencialmente de duas fontes: por acção da
fotossíntese das plantas aquáticas e por difusão da atmosfera (Cortes, 1997; Odum,
1997). De ponto para ponto de recolha há variação da quantidade de oxigénio
dissolvido, facto que provavelmente se deverá a diferentes velocidades de corrente. O
oxigénio difunde-se lentamente na água, à excepção de quando há correntes ou
movimentos de água ou ventos, facto que terá sido responsável pelos elevados valores
do Ponto 2, devido a libertação de água de uma represa, que provocou correntes de
água.
A carência bioquímica de oxigénio, que corresponde ao oxigénio consumido na
degradação de matéria orgânica por bactérias (Cortes, 1997), foi elevada nos pontos
amostrados, o que se verifica em cursos de água com elevada actividade bacteriana de
degradação de matéria orgânica, ou seja, poluídos.
A redução de oxigénio dissolvido na água ter-se-á devido à actividade de
bactérias aeróbias responsáveis pela estabilização de materiais biodegradáveis das
substâncias nela presentes e à redução das taxas de rearejamento superficiais, como
referem Mendes & Oliveira (2004) e Cortes, (1997), bem como ao aumento da
temperatura.
Verifica-se, para os quatro pontos de amostragem (figuras 23, 24, 25 e 26) que
oscilações da temperatura se fazem sentir em oscilações da concentração de oxigénio
dissolvido. Quando a temperatura baixa, a concentração de oxigénio aumenta e quando
a primeira é mais elevada, a concentração do segundo diminui. A quantidade em
solução deste gás aumenta com as baixas temperaturas e diminui com as altas (Nisbet &
Verneaux, 1970; Cortes, 1997; Odum, 1997).
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
63
De maneira geral a quantidade de oxigénio dissolvida situa-se na Classe
Satisfatória definidas por Nisbet & Verneaux (1970), sendo excepções:
- o Ponto 1 em Dezembro de 2005, que pertence à Classe Duvidosa;
- o Ponto 2 em Outubro de 2005, que pertence à Classe Boa;
- o Ponto 3 em Dezembro de 2005, Fevereiro e Abril de 2006, que pertencem à
Classe Duvidosa;
- o Ponto 4 em Fevereiro, Abril e Agosto de 2006, que pertencem à Classe
Duvidosa e em Outubro de 2006 que pertence à Classe Boa.
Os valores de carência bioquímica de oxigénio encontrados estão na sua maioria
de acordo com os definidos por Nisbet & Verneaux (1970) para as zonas inferiores de
grandes cursos de água.
3.2.5 Sais Dissolvidos
As substâncias que se encontram numa massa de água, em solução ou
suspensão, orgânicas ou inorgânicas, determinam uma cor para essa água (Mendes &
Oliveira, 2004), que se quer transparente. Além disso actuam sobre a produtividade do
próprio ecossistema: os nitratos e os fosfatos, (azoto e fósforo), até certos valores, são
limitantes nos ecossistemas de água doce (Odum, 1997; Cortes et al., 1999).
3.2.5.1 Nitratos, Nitritos e Amónia
Em estudos de qualidade de água, os Nitratos, Nitritos e Amónia não podem ser
analisados isoladamente (Nisbet & Verneaux, 1970).
As figuras 27, 28, 29 e 30, registam os valores de nitratos, nitritos e amónia
registados.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
64
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
Out. 2005 Dez. 2005 Fev. 2006 Abr. 2006 Ago. 2006 Out. 2006
Am
ónia
e N
itrito
s (m
g/L)
.
0
2
4
6
8
10
12
Nitr
atos
(mg/
L)
Amónia Nitritos Nitratos
Figura 27 – Valores de concentração de nitratos, nitritos e amónia presentes na água no Ponto 1.
Figura 28 – Valores de concentração de nitratos, nitritos e amónia presentes na água no Ponto 2.
Figura 29 – Valores de concentração de nitratos, nitritos e amónia presentes na água no Ponto 3.
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
Out. 2005 Dez. 2005 Fev. 2006 Abr. 2006 Ago. 2006 Out. 2006
Am
ónia
e N
itrito
s (m
g/L)
.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Nitr
atos
(mg/
L)Amónia Nitritos Nitratos
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Out. 2005 Dez. 2005 Fev. 2006 Abr. 2006 Ago. 2006 Out. 2006
Am
ónia
e N
itrito
s (m
g/L)
.
0
5
10
15
20
25
Nitr
atos
(mg/
L)
Amónia Nitritos Nitratos
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
65
Os valores de concentração de Nitratos são elevados, o que presumivelmente se
deve ao facto de o Rio Cávado atravessar zonas agrícolas. A lixiviação dos solos
conduzirá os fertilizantes utilizados naquela actividade para o rio.
Este composto provirá quer da lixiviação dos solos, quer de efluentes agrícolas e
industriais como referem Mendes & Oliveira, (2004).
Segundo Nisbet & Verneaux (1970) as concentrações de Nitratos encontradas
definem maioritariamente Classes de qualidade 4 e 5, numa escala de 1 a 6,
correspondendo 6 à pior. As concentrações de Nitratos no Inverno são superiores
havendo no entanto no Verão e para o Ponto 2 um valor anormalmente elevado, cuja
explicação poderá ser a utilização de fertilizantes em alguma exploração agrícola
adjacente ao rio.
As classes de qualidade definidas para os Nitritos indicam a existência de
poluição insidiosa e de perturbações no ciclo do azoto, bem como poluição sensível. O
valor de Nitritos é sempre superior a 0,01mg/L, pelo que não ocorre a autodepuração.
Em águas limpas, os valores são muito baixos ou nulos, o que não é o caso.
As classes definidas para a Amónia pelos mesmos autores indicam poluição
insidiosa.
Figura 30 – Valores de concentração de nitratos, nitritos e amónia presentes na água no Ponto 4.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Out. 2005 Dez. 2005 Fev. 2006 Abr. 2006 Ago. 2006 Out. 2006
Am
ónia
e N
itrito
s (m
g/L)
.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Nitr
atos
(mg/
L)
Amónia Nitritos Nitratos
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
66
3.2.5.2 Fosfatos
O gráfico da figura 31 mostra os valores de fosfatos medidos em cada ponto de
amostragem nas diferentes recolhas.
Os valores obtidos encontram-se maioritariamente na Classe 4 definida por
Nisbet & Verneaux (1970), sendo indicadores de forte produtividade e de eutrofia.
Acima de 0,3mg/L para águas correntes há risco de efeitos nocivos (Nisbet & Verneaux,
1970). Esta situação verifica-se em Agosto de 2006 no Ponto 1 e em Agosto e Outubro
do mesmo ano para o Ponto 3. Estas ocorrências esporádicas dever-se-ão, no caso do
Ponto 1, à introdução de adubos fosfatados, no caso do Ponto 3, a descargas de poluição
urbana.
0
0,4
0,8
1,2
1,6
2
2,4
2,8
3,2
Out. 2005 Dez. 2005 Fev. 2006 Abr. 2006 Ago. 2006 Out. 2006
Ponto 1Ponto 2Ponto 3Ponto 4
Meses de recolha
Fosfatos (mg/L)
Figura 31 – Valores de concentração de fosfatos na Água.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
67
3.2.6 pH
O pH exprime a actividade do ião hidrogénio na água e varia com a origem desta
e com a natureza dos terrenos atravessados.
A figura 32 exibe o valor de pH medido nas diferentes amostras de água
recolhidas.
Regra geral, este valor encontra-se entre os 6,5 e os 8,5. Num rio, a actividade
biológica das algas, sobretudo na estação mais quente, pode fazer ultrapassar aquela
gama (Mendes & Oliveira, 2004), o que não aconteceu para o rio analisado.
Na maioria das recolhas o pH da água medido corresponde à Classe 3, Acidez
Fraca, havendo ainda um número de amostras significativas pertencentes à Classe 2,
Acidez Média, e à Classe 4, Aproximadamente Neutro, definidas por Nisbet &
Verneaux, (1970).
As formações graníticas que abrangem o Rio Cávado induzem alguma acidez às
águas (Cortes, 1999).
Figura 32 – pH da água.
0123456789
Out. 2005 Dez. 2005 Fev. 2006 Abr. 2006 Ago. 2006 Out. 2006
Ponto 1Ponto 2Ponto 3Ponto 4
pH
Meses de recolha
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
68
3.2.7 Sólidos Suspensos
O teor em sólidos de uma água reflecte o contacto com materiais geológicos
diversos (Odum, 1997). A erosão na bacia hidrográfica de um rio pode promover
alterações das quantidades de sólidos presentes na água.
No caso de Portugal, esta erosão ocorre essencialmente durante as primeiras
quedas pluviométricas outonais, podendo registar-se valores superiores a 1000mg/L
(Mendes & Oliveira, 2004), o que não se verificou, figura 33.
Por questões logísticas, em Outubro de 2005 não foi medido o valor de Sólidos
em suspensão.
O Rio Cávado, atravessando afloramentos graníticos, revela valores baixos de
sólidos em suspensão. De facto, tal como seria de esperar, a sua concentração é inferior
a 30mg/L em quase todas as recolhas. No caso de zonas graníticas, os teores são em
regra baixos (inferiores a 30mg/L), atingindo, pelo contrário, valores elevados no caso
0
40
80
120
160
200
240
280
320
Out. 2005 Dez. 2005 Fev. 2006 Abr. 2006 Ago. 2006 Out. 2006
Ponto 1Ponto 2Ponto 3Ponto 4
Sólidos Suspensos (mg/L)
Meses de recolha
Figura 33 – Sólidos em suspensão na água.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
69
de contacto com rochas sedimentares (até mais de 1000mg/L). Segundo a Organização
Mundial de Saúde, uma água pode classificar-se de excelente qualidade em relação a
este parâmetro, quando o seu resíduo seco total for inferior a 300mg/L. Quando o seu
teor ultrapassar 1200mg/L, a água será considerada inaceitável (Odum, 1997).
A concentração de sólidos em suspensão permite classificar de boa a qualidade
da água relativamente a este parâmetro, uma vez que é sempre baixa, inferior a
300mg/L.
Nisbet & Verneaux (1970) apresentam uma classificação diferente, sendo que,
valores acima dos 150mg/L indicam poluição, o que inclui a recolha de Agosto no
Ponto 4. O valor obtido em Agosto, e para Marachão, deve ser resultado de influência
marítima, uma vez que este ponto se localiza próximo da foz. Elevados valores podem
também dever-se a influência antropogénica ou a efluentes e resíduos descarregados, ou
de materiais submetidos a processos de lixiviação, como refere Odum (1997). De facto,
Paredes (1990) constatou que a água do mar influencia o regime do troço final do Rio
Cávado, através da análise de valores obtidos para Marachão, para tempo de caudais
baixos. Marachão é uma zona do rio Cávado que se encontra sob stress pelo efeito das
marés, que se verifica pelo aparecimento de formas algais de água salobra e pelos
valores de salinidade (Costa, 1991).
Os valores mais elevados deste parâmetro foram medidos nos meses mais
quentes em que a própria temperatura deve ter influenciado a dissociação de substâncias
dissolvidas.
Substâncias em suspensão na água, de natureza orgânica ou inorgânica, podem
interferir sobre a penetração da luz. A turvação causada é muitas vezes um factor
limitante (Odum, 1997), situação que parece não se inscrever no quadro apresentado.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
70
3.2.8 Condutividade
A condutividade eléctrica é um parâmetro de avaliação da qualidade da água que
permite conhecer o seu grau de mineralização. Existe uma relação entre a quantidade de
sais minerais dissolvidos e a resistência que a mesma oferece à passagem de corrente
eléctrica (Mendes & Oliveira, 2004). Quanto maior o número de iões dissolvidos numa
água, maior a sua condutividade. Os valores medidos encontram-se registados no
gráfico da figura 34.
Por questões logísticas, em Outubro de 2005 não foi medido o valor da
Condutividade da Água (figura 34).
Tal como seria de esperar, os valores mais elevados de condutividade foram
obtidos para os meses mais quentes, uma vez que a condutividade também aumenta
com o aumento da temperatura.
O valor de condutividade medido em Marachão, em Agosto, estará relacionado
com a elevada concentração de sólidos em suspensão da mesma recolha.
04080
120160200240280320360400440480520
Out. 2005 Dez. 2005 Fev. 2006 Abr. 2006 Ago. 2006 Out. 2006
Ponto 1Ponto 2Ponto 3Ponto 4
Figura 34 – Condutividade da água. .
Meses de recolha
Condutividade (mS/cm)
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
71
3.3 Avaliação Biológica com Macroinvertebrados
A análise biológica consta de:
- uma apreciação global dos taxa identificados nos diversos pontos de
amostragem e por estação do ano (Anexo VIII);
- análises funcionais da comunidade incluindo grupos fisiológicos definidos a
nível alimentar, respiratório, e de habitat e mobilidade;
- análise estatística;
- cálculo de Medidas Bioindicadoras.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
72
3.3.1 Caracterização Biológica Geral
A figura 35 apresenta os organismos identificados pelo Taxa a que pertencem e
em percentagem.
Uma apreciação global permite verificar que foram identificados diversos taxa e
que existem diferenças significativas de ponto para ponto e de umas estações do ano
para as outras.
A operação de fixação com formol no campo poderá ter feito com que alguns
Plathelminthes se tenham contraído, dificultando a sua identificação, como indica
Fontoura, (1985).
No PBH do rio Cávado, 1ªFase, 1ºVol, (Cortes et al., 1999) não foram
encontrados Plecoptera, de forma semelhante ao que aconteceu neste estudo em que
poucos organismos desta ordem foram encontrados. Sendo os Plecoptera indicadores de
qualidade da água, a sua ausência permite, pelo menos, colocar em causa a qualidade da
água nos pontos amostrados deste rio.
Figura 35 – Taxa identificados em percentagem.
Outono Inverno Primavera Verão
0
25
50
75
100
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
%
Diptera Ephemeroptera Plecoptera Trichoptera Coleoptera Heteroptera Gasteropoda Odonata Hirudinea Megaloptera Oligochaeta Bivalve
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
73
3.3.2 Caracterização Funcional da Comunidade
As reacções e adaptação dos organismos a determinado ecossistema dependem
da sua fisiologia. A compreensão desta ajudará ao entendimento de outras análises
(Usseglio-Polatera, 1994).
3.3.2.1 A Nível de Fisiologia Alimentar
A figura 36 apresenta as diferentes categorias alimentares por amostra.
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Ver
ão
P
rim
aver
a
Inve
rno
O
uton
o
Rec
olha
Figura 36 - Categorias fisiológicas alimentares por local e por recolha.
Retalhadores Herbívoros
Retalhadores Detritívoros
Colectores Filtradores
Colectores Detritívoros
Raspadores Minerais
Raspadores Orgânicos
Predadores Mastigadores
Predadores Sugadores
Limnívoros
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
74
3.3.2.2 A Nível de Fisiologia Respiratória
A figura 37 apresenta as diferentes categorias respiratórias por amostra.
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
Figura 37 - Categorias fisiológicas respiratórias por local e por recolha.
Respiração Aérea
Respiração Branquial
Respiração Branquial e Aérea
Respiração Branquial e Cutânea
Respiração Cutânea
Respiração Pulmonar
Ver
ão
Pri
mav
era
Inv
erno
O
uton
o
Rec
olha
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
75
3.3.2.3 A Nível de Habitat e Mobilidade
A figura 38 apresenta as diferentes categorias a nível de habitat e mobilidade por
amostra.
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
V
erão
Prim
aver
a
I
nver
no
O
uton
o
Rec
olha
Figura 38 - Categorias fisiológicas de mobilidade e habitat por local e por recolha.
S – Patinadores
F – Planctónicos
M – Mergulhadores
N – Nadadores
C – Colados ou fixos
P – Pouco móveis
T – Trepadores
E – Escavadores, construtores de tocas
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
76
A figura 36 revela de uma forma geral grande quantidade de organismos que se
alimentam de partículas orgânicas, nomeadamente Limnívoros, Colectores Filtradores,
Colectores Detritívoros (Jesus, 2001). Este resultado encontra-se em concordância com
os elevados valores de Nitratos e de fosfatos detectados um pouco por todos os pontos
de amostragem e em todas as estações do ano.
A figura 37 revela existir grande percentagem de organismos cuja respiração é
independente do meio, pelo que podem ser encontrados em ambientes com poluição
orgânica, ou seja, menos oxigenados.
A figura 38 apresenta grande percentagem de Escavadores, Mergulhadores e
Colados ou fixos, com variações de percentagem esporádicas, organismos que não
precisam de oxigénio na água para sobreviver.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
77
3.3.3 Análise Estatística
O tratamento estatístico (figuras 39 e 40) constou de uma análise de Clusters (K-
means) que estabelece um número pré-determinado de grupos de pontos atendendo à
diferente composição percentual dos taxa das amostras. Posteriormente efectuou-se uma
análise n-MDS (atendendo a dados percentuais e distâncias euclideanas) para obter uma
distribuição das amostras num espaço adimensional onde se marcaram os clusters.
Efectuou-se uma análise de similaridades (ANOSIM) e obteve-se um Rglobal de 0,823.
MolluscaAnnelida
Ephemeroptera Plecoptera
OdonataMegaloptera
Heteroptera Coleoptera
Trichoptera Diptera
Taxa
0
20
40
60
80
100
%
Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Cluster 4 Cluster 5
Figura 39 –– Distribuição percentual dos indivíduos em cada amostragem e agrupados em clusters definidos pela técnica “K-means”.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
78
O primeiro cluster reúne as recolhas do ponto 4, Marachão, sendo que estas se
distinguem pelos elevados valores de Heteroptera. Nesta zona estiveram reunidas
condições favoráveis à vida destes organismos, como a fraca velocidade da corrente, a
existência de macrófitas e de calhaus submersos e algas. Em parte contribuem os
Mollusca, representados por Gasteropoda, também eles limnófilos e raspadores de
microflora associada a rochas e macrófitas (Jesus, 2001). Aqueles raspadores orgânicos
e estes raspadores minerais (Jesus, 2001). O ponto C1 aparece associado a este cluster,
pois também apresentou elevado número de Heteroptera. Sendo a recolha de Primavera,
a diminuição da velocidade da corrente terá conduzido ao povoamento da área por estes
organismos.
A1
A2
A3
A4
B1
B2
B3
B4
C1
C2
C3C4D1
D2
D3
D4
Stress: 0,15
Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Cluster 4 Cluster 5
Figura 40 – Ordenação no espaço das amostras de macroinvertebrados bentónicos segundo a técnica n-MDS, baseada numa matriz de distâncias euclidianas tendo por base a distribuição percentual dos indivíduos em cada amostragem e agrupados em clusters definidos pela técnica “K-means”.
A1 – Outono, Amares B1 – Inverno, Amares C1 – Primavera, Amares D1 – Verão, Amares A2 – Outono, Lago B2 – Inverno, Lago C2 – Primavera, Lago D2 – Verão, Lago A3 – Outono, Barcelos B3 - Inverno, Barcelos C3 - Primavera, Barcelos D3 - Verão, Barcelos A4 – Outono, Marachão B4 - Inverno, Marachão C4 - Primavera, Marachão D4 - Verão, Marachão
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
79
Marachão é um ponto de recolha que, como já foi referido, se classificou
relativamente à percentagem de oxigénio dissolvido e em diversas recolhas, de
Satisfatório e Duvidoso. Os Heteroptera da Família Corixidae são organismos que não
dependem da quantidade de oxigénio dissolvido na água. Estes indivíduos vêm à
superfície e captam o oxigénio, pelo que a menor quantidade de oxigénio na água não
perturba o seu metabolismo (Jesus, 2001). Além disso, nesta zona, e como já foi
referido, Costa (1991) encontrou formas algais de água salobra, o que criará ambiente
propício para estes raspadores orgânicos de algas e microflora (Jesus, 2001).
O segundo e terceiro clusters reúnem amostras de diferentes estações e pontos
de amostragem. Parece evidenciar uma homogeneidade, do troço estudado do Rio
Cávado, indicadora de má qualidade da água.
No caso concreto do segundo cluster, apesar da variedade de taxas, apresenta
uma maioria de organismos indicadores de poluição os Diptera e os Annelida. Este
grupo apresenta também grande representatividade de Heteroptera, indivíduos que
podem ser encontrados em habitats com poluição orgânica.
O terceiro cluster caracteriza-se pela predominância de amostras recolhidas no
Inverno em que a ocorrência de fortes chuvas poderá ter removido os organismos,
permanecendo os que vivem enterrados e constroem tocas no substrato como os
Mollusca, Annelida e Diptera (Jesus, 2001). Há também uma amostra do ponto 2, que
se crê estar associada às restantes devido ao represamento de água a montante que
poderá ter provocado o mesmo efeito da chuva.
O quarto cluster representa uma amostra de Outono do Ponto 3. Caracteriza-se
pela presença de Mollusca, Coleóptera e em maior percentagem de Odonata, na sua
maioria exclusivamente limnófilos. Como se verificou pela análise da velocidade da
corrente, nesta recolha existe grande discrepância entre os Pontos de amostragem 1 e 2 e
os Pontos 3 e 4. No Ponto 4 da recolha de Outono foram também identificados alguns
Mollusca e Coleóptera limnófilos, mas o elevado valor de Heteroptera ofuscou a
presença daqueles. Assim, aliada à baixa velocidade da corrente que se fazia sentir no
momento de recolha, as fortes chuvas que antecederam esta recolha terão
disponibilizado alimento aos Odonata que são seres que se alimentam de outros ou de
partes de outros organismos (Jesus, 2001).
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
80
O quinto cluster representa uma recolha de Verão, no Ponto 2, que como já foi
referido, se localiza próximo de uma represa. O elevado valor de Ephemeroptera e de
Trichoptera leva a crer que descargas de água que tenham ocorrido desde a Primavera
tenham tido nestas duas estações do ano, maior impacto, elevando o teor de oxigénio
dissolvido, pelo que se encontra grande quantidade de organismos indicadores de boa
qualidade da água. A alternância da velocidade da corrente permitiu o desenvolvimento
de organismos predominantemente reófilos, sem contudo, impedir o desenvolvimento
de alguns limnófilos. Os indivíduos encontrados são nadadores que se refugiam no
substrato por períodos de tempo no caso de haver aumento de corrente. Esta recolha
parece evidenciar melhorias na qualidade da água.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
81
3.3.4 Medidas Bioindicadoras
3.3.4.1 Índice Biótico Belga e Índice Iberian Biological Monitoring Working Party
Os valores obtidos pelo cálculo do Índice Biótico Belga, mapa da figura 41,
indicam má qualidade da água. A maioria dos resultados aponta para uma água
moderadamente poluída. Em nenhuma recolha a classe de qualidade foi 1, ou seja, não
há zonas de águas não poluídas. De modo geral a qualidade da água é baixa.
Figura 41 – Mapa com Índice Biótico Belga.
!P
!P
!P!P !P
!P
!P
DD
D D
Ponto de Recolha 4 - Marachão
Ponto de Recolha 3 - Barcelos
Ponto de Recolha 1 - Amares
Ponto de Recolha 2 - Lago
Rio Homem R
io C
abril
Rio Cávado
Rio
Faf
ião
Rio C
abreira
Rio
Pont
es
Rib
eira
Toj
al
Rio A
rado
Ribeira Roda
Rio
Ger
ês
Ribeira Febros
Ribeira Poriço
Rib
eiro
Mau
Ribeiro D
ola
Rio Rabagão
Rib
eira
Ber
edo
Ribeiro S
apogal
Rio Pedrinho
Corga Contenca
Rib
eira
Aba
dia
Rio
Reg
adia
s
Ribeira Sabroso
Rib
eira
Pan
óias
Ribeira Cabra
Ribeiro Torrão
Ribeira Corujeira
Rio Homem
Rio
Rab
agão
Rio
Cáv
ado
Rio Cávado
Rio Rabagão
AMARES
ESPOSENDE
VILA VERDEAlbufeira Caniçada
Albufeira Penide
Albufeira Salamonde
Albufeira Paradela
Albufeira Alto Cávado
BRAGA
BARCELOS
TERRAS DE BOURO
MONTALEGRE
Cor Significado Azul Águas não poluídas
Verde Ligeiramente poluída
Amarelo Moderadamente poluída
Laranja Muito poluída
Vermelho Fortemente poluída
A – Outono B – Inverno C – Primavera D – Verão
Legenda
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
82
Os valores obtidos pelo cálculo do Índice Iberian Biological Monitoring
Working Party indicam contaminação da água, (figura 42) à semelhança do que
aconteceu para o Índice Biótico Belga. A maioria dos resultados aponta para uma água
contaminada/muito contaminada. Em nenhuma recolha a classe de qualidade foi 1, ou
seja, não há zonas de águas no melhor estado. O panorama obtido pelo cálculo deste
índice é de forma geral mais negativo do que o obtido por cálculo do Índice Biótico
Belga.
O ponto 2 no Verão apresentou água de qualidade superior para ambos os
índices, facto corroborado pela análise estatística.
Figura 42 – Mapa com Índice Iberian Biological Monitoring Working Party.
!P
!P
!P!P !P
!P
!P
DD
D D
Ponto de Recolha 4 - Marachão
Ponto de Recolha 3 - Barcelos
Ponto de Recolha 1 - Amares
Ponto de Recolha 2 - Lago
Rio Homem R
io C
abril
Rio Cávado
Rio
Faf
ião
Rio C
abreira
Rio
Pont
es
Rib
eira
Toj
al
Rio A
rado
Ribeira Roda
Rio
Ger
ês
Ribeira Febros
Ribeira Poriço
Rib
eiro
Mau
Ribeiro D
ola
Rio Rabagão
Rib
eira
Ber
edo
Ribeiro S
apogal
Rio Pedrinho
Corga Contenca
Rib
eira
Aba
dia
Rio
Reg
adia
s
Ribeira Sabroso
Rib
eira
Pan
óias
Ribeira Cabra
Ribeiro Torrão
Ribeira Corujeira
Rio Homem
Rio
Rab
agão
Rio
Cáv
ado
Rio Cávado
Rio Rabagão
AMARES
ESPOSENDE
VILA VERDEAlbufeira Caniçada
Albufeira Penide
Albufeira Salamonde
Albufeira Paradela
Albufeira Alto Cávado
BRAGA
BARCELOS
TERRAS DE BOURO
MONTALEGRE
Cor Significado Azul Águas muito limpas.
Águas não contaminadas ou não alteradas de modo sensível. Verde Evidentes alguns efeitos de contaminação. Amarelo Águas contaminadas. Laranja Águas muito contaminadas. Vermelho Águas fortemente contaminadas.
A – Outono B – Inverno C – Primavera D - Verão
Legenda
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
83
A 1ªFase, 1ºVol, do PBH do rio Cávado, (1999), menciona cálculos do BMWP´
que indicam águas muito contaminadas e pelo Índice Biótico Belga água poluída e
elevado grau de degradação (Cortes et al., 1999). De destacar que segundo avaliação
feita por Bernardino et al. (2000) com onze pontos de amostragem sujeitos ao cálculo
do BMWP´ a qualidade da água não era satisfatória e apenas um tinha a classificação de
Água não contaminada. Cinco apontavam para Água pouco contaminada, um para Água
contaminada e quatro para Água muito contaminada.
3.3.4.2 Percentagem Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera e Percentagem de
Raspadores
O gráfico da figura 43 mostra a variação da percentagem de Ephemeroptera,
Plecoptera e Trichoptera e a variação da percentagem de Raspadores nos quatro pontos
de amostragem ao longo das diferentes estações.
0
25
50
75
100
Out
ono
Inve
rno
Prim
aver
a V
erão
Out
ono
Inve
rno
Prim
aver
a V
erão
Out
ono
Inve
rno
Prim
aver
a V
erão
Out
ono
Inve
rno
Prim
aver
a V
erão
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
%
Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera Raspadores
Figura 43 – Percentagem Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera, e Percentagem de Raspadores por ponto de amostragem ao longo das estações do ano.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
84
Uma primeira análise do gráfico da figura 43 revela discrepâncias na forma
como variam as duas métricas de ponto para ponto, e similaridade na forma como
variam em cada ponto particular ao longo das estações.
A percentagem de raspadores apresenta-se sempre elevada no Ponto 4 pelos
motivos anteriormente explicados. Exceptuando a recolha de Outono do Ponto 3 e a de
Inverno do Ponto 1 as duas métricas variam de forma semelhante. As diferenças dever-
se-ão aos diferentes substratos e diferentes velocidades da corrente.
Os resultados obtidos pelo cálculo das duas métricas entram em concordância
com os resultados obtidos pelo cálculo do Índice Biótico Belga, mas sobretudo com os
resultados do cálculo do Iberian Biological Monitoring Working Party. Quando há
aumento da Percentagem de Raspadores e da Percentagem de Ephemeroptera,
Plecoptera e Trichoptera, os outros dois índices apresentam também melhorias da
qualidade da água.
A recolha de Verão no Ponto 2 é um bom exemplo da consonância entre as
diferentes medidas bioindicadoras e análise estatística, pois todos os resultados a
apresentam com melhorias de qualidade da água. No caso das métricas em questão, a
percentagem de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera aumentou drasticamente e os
raspadores, até esta recolha pouco evidentes, foram identificados de forma significativa.
3.3.4.3 Índice de Diversidade de Shannon-Weaver
O gráfico da figura 44 mostra apresenta os resultados do cálculo do Índice de
Diversidade de Shannon-Weaver para os diferentes pontos de amostragem ao longo de
cada uma das estações.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
85
Os valores do índice calculado são baixos e variam bastante com o tempo e de
ponto para ponto. Parece haver alguma instabilidade da comunidade que impede o
desenvolvimento de diferentes taxa.
No Ponto 2 as alterações provavelmente devem-se ao represamento de água,
cuja corrente forte ocasional dificulta a fixação dos indivíduos.
O Ponto 4 é um ponto controverso, pois sofre influência marinha, o que intervém
na organização da comunidade de macroinvertebrados.
Os melhores valores de diversidade são os obtidos no Ponto 1 na Primavera e no
Ponto 3 no Verão.
As comunidades de macroinvertebrados são relativamente pobres em termos de
diversidade, nos diversos pontos de amostragem, o que poderá dever-se à existência de
barragens hidroeléctricas, que por provocarem variações de caudal, segundo Cortes et
al., (2002), promovem deriva e empobrecimento das comunidades, pela instabilidade do
substrato que sofre carreamento. Em águas com grande velocidade de corrente, este é o
principal factor limitante (Agences de L´Eau, 1993). Em Lago, na estação mais
rigorosa, o facto de existir um açude a montante, condiciona todo o desenvolvimento de
macroinvertebrados na estação.
Figura 44 – Índice de Diversidade de Shannon-Weaver.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Outono Inverno Primavera Verão
Ponto 1Ponto 2Ponto 3Ponto 4
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
86
3.3.4.4 Índice de Equitabilidade de Pielou
O gráfico da figura 45 mostra apresenta os resultados do cálculo do Índice de
Equitabilidade de Pielou para os diferentes pontos de amostragem ao longo de cada uma
das estações.
O cálculo deste índice revela alguns bons resultados, contudo, este índice não
deve ser estudado isoladamente. Uma comunidade pode ser estável mas contudo não
apresentar boa diversidade. Valores mais elevados de equitabilidade podem ser obtidos
quando há igual número de indivíduos nos diferentes taxa, independentemente dos taxa
em causa, ou da diversidade de taxa. A conjugação da diversidade com a equitabilidade
indica de forma mais concreta o estado da comunidade. Elevados valores de diversidade
aliados a valores de equitabilidade próximos de 1, traduzem um bom estado.
Na situação em estudo, gráfico da figura 45, existem valores de equitabilidade
próximos de 1, em que o índice de diversidade calculado (figura 44), não indica uma tão
boa diversidade. Não se pode por isso, falar de boa qualidade da água.
Figura 45 – Índice de Equitabilidade de Pielou.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
Outono Inverno Primavera Verão
Ponto 1Ponto 2Ponto 3Ponto 4
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
87
4. Conclusão
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
88
No final deste trabalho pode referir-se o seguinte:
- A avaliação do habitat que envolve as zonas do Rio Cávado abrangidas neste
estudo revela profundas transformações ao longo do seu percurso que se
reflectem num decréscimo de qualidade ripária.
- A análise físico-química da água revela valores que indicam poluição elevada,
nomeadamente por nitratos, fosfatos, e demonstrada através da carência
bioquímica de oxigénio. Supõe-se que tenha origem em poluição difusa por
produtos de origem agrícola e por efluentes resultantes do processamento de
produtos animais.
- O cálculo dos índices de qualidade biológica, nas zonas do Rio Cávado
abrangidas nesta investigação, apresentam resultados que permitem classificar a
água como sendo de má qualidade, uma vez que indicam poluição e
contaminação. O Índice de Diversidade apresenta valores baixos, verificando-se
a dominância de algumas espécies, situação característica de locais alterados.
Revela-se necessário a implementação de medidas de monitorização mais activa
e de acções de preservação e conservação procurando alcançar resultados mais positivos
no que concerne à qualidade da água e do ecossistema envolvente. Neste sentido, parece
pertinente a criação de uma base de dados de estudos realizados sobre a qualidade da
água deste rio e de outros, que permita compreender a evolução temporal destes
ecossistemas.
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
89
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Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
100
Índice de Avaliação Visual do Habitat em Rios de Elevado Gradiente (EPA, 1999)
Anexo I Índice de Avaliação Visual do Habitat em Rios de Elevado Gradiente
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
101
Categorias Parâmetro do habitat Óptimo Sub-óptimo Marginal Pobre
1. Capacidade do substrato para acolher a epifauna
Mais de 70% de habitat favorável à colonização pela epifauna e à utilização pelos peixes; mistura de ramos, troncos submersos, blocos ou outros habitats estáveis e com potencial máximo de colonização (ex: troncos já com um certo tempo de deposição).
40-70% de mistura de habitats estáveis; boas condições para a total colonização; habitat adequado para a manutenção das populações; presença de substrato adicional recentemente depositado no canal e ainda não completamente apto para a colonização.
20-40% de mistura de habitats estáveis; disponibilidade de habitat inferior ao desejável; substrato frequentemente removido ou perturbado.
Menos de 20% de habitats estáveis; evidente falta de habitats; substrato inexistente ou instável.
Pontuação 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 02. Firmeza do substrato
(“embeddedness”) 25% de cascalho, blocos e calhaus rolados rodeados por sedimentos finos. Bandas de blocos que criam nichos ecológicos diversificados.
25-50% de cascalho, blocos e calhaus rolados rodeados por sedimentos finos.
50-75% de cascalho, blocos e calhaus rolados rodeados por sedimentos finos.
Mais de 75% de cascalho, calhaus rolados e blocos rodeados por sedimentos finos.
Pontuação 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 03.Regimes
velocidade/profundidade Presentes os quatro regimes de velocidade/profundidade (lento-profundo, lento-baixo, rápido-profundo, rápido-baixo). (lento é menor que 0.3 m/s, profundo é maior que 0.5 m/s).
Apenas 3 dos quatro regimes estão presentes (se falta o regime rápido-baixo, a pontuação deve ser inferior do que faltando qualquer dos outros regimes).
Apenas 2 dos quatro regimes estão presentes (se falta o regime rápido-baixo, a pontuação deve ser inferior do que faltando qualquer dos outros regimes).
Prevalência de um único regime (usualmente o regime lento-profundo).
Pontuação 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 04.Deposição de sedimentos Pouco ou nenhum
aumento da superfície de ilhas e menos de 5% de substrato afectado pela deposição de sedimentos.
Algum aumento de formação de barreiras, constituídas, essencialmente, por cascalho, areia ou sedimentos finos; 5-30% do substrato afectado; pequena deposição de sedimentos nas poças.
Deposição moderada de cascalho, areia ou sedimentos finos em faixas novas ou antigas; 30-50% do substrato afectado; deposição de sedimento, nas obstruções e constrições do canal; deposição moderada de sedimento nas poças.
Pesados depósitos de materiais finos aumentam a formação de barreiras; mais de 50% do substrato em mudanças frequentes; quase ausência de poças devido à deposição de sedimentos.
Pontuação 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 05. Homogeneidade do fluxo
de água no canal A água corre pelos dois lados do canal, podendo apenas uma pequena parte do leito do rio não estar coberta por água.
A água corre por mais de 75% do canal; ou menos de 25% do canal não está coberto por água.
A água corre por 25-75% do canal, e /ou o substrato encontra-se exposto nas zonas de rápidos.
Muito pouca água no leito do rio e a maior parte confinada a poças.
Parâ
met
ros a
ava
liar
Pontuação 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
102
Categorias Parâmetro do habitat Óptimo Sub-óptimo Marginal Pobre
6. Alteração do canal Canalização débil ou ausente; rio com um padrão normal.
Presente alguma canalização, usualmente em áreas de pontes; podem existir evidências de canalização antiga (dragagens, com idade superior a 20 anos), mas não existir canalização recente.
A canalização do rio pode ser extensiva; taludes ou escoras podem estar presentes em ambas as margens; 40-80% do rio corre canalizado ou com interrupções.
Margens limitadas por cimento ou muros; mais de 80% do rio corre canalizado ou com interrupções; os habitats aquáticos estão fortemente alterados ou inteiramente removidos
Pontuação 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 07. Frequência de rápidos Ocurrência
relativamente frequente de rápidos; razão distância entre rápidos/largura do rio inferior a 7:1 (geralmente 5:7); a variedade de habitats é a chave. Em rios onde os rápidos são contínuos a localização de blocos ou outros obstáculos naturais assumem grande importância.
Ocurrência pouco frequente de rápidos; razão distância entre rápidos/largura do rio é de cerca de 7:15.
Rápidos e curvas de rio ocasionais; contorno do leito do rio pode propiciar alguns habitats; razão distância entre rápidos/largura do rio é 15:25
Geralmente águas calmas ou presença de pequenos rápidos; razão distância entre rápidos/largura do rio é superior a 25.
Pontuação 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 08. Estabilidade das
margens (pontuação para cada margem)
Margens estáveis; pouca ou nenhuma evidência de erosão ou de derrocada das margens; fraco potencial para problemas futuros; menos de 5% das margens com problemas.
Margens moderadamente estáveis; pouca frequência de pequenas área erosionais; 5 –30% das margens são áreas de erosão.
Margens moderadamente instáveis; 30-60% das margens em risco de erosão; grande potencial de erosão durante um aumento de caudal.
Margens instáveis; muitas zonas erodidas; áreas “feridas “ frequentes; 60-100% das margens têm marcas de erosão.
Pontuação (M.E.) M. E. 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Pontuação (M.D.) M. D. 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 9. Corredor ripário
(pontuação para cada margem)
Mais de 90% da superfície da margem e da zona ripária coberta por vegetação autóctone, incluindo árvores, vegetação rasteira ou vegetação herbácea; nudez do solo mínima ou não evidente; praticamente todas as plantas com um crescimento natural.
70-90% da superfície das margens coberta por vegetação autóctone, mas com um dos tipos de plantas mal representado; ruptura evidente da vegetação rasteira, mas que não afecta o seu potencial de crescimento.
50-70% da superfície das margens coberta por vegetação; grandes manchas sem vegetação; apenas metade do terreno apresenta potencial de crescimento.
Menos de 50% dos terrenos marginais se encontram com cobertura vegetal; grandes espaços sem vegetação; pouca ou nenhuma capacidade de crescimento de cobertura vegetal.
Pontuação (M.E.) M. E. 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Pontuação (M.D.) M. D. 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 10. Largura do corredor
ripário (pontuação para cada margem)
Largura do corredor ripário maior que 18m; as actividades humanas (parqueamento de automóveis, campismo, campos agrícolas, pastagens) não têm impacto na área.
Largura do corredor ripário entre 12 e 18m. O impacto de actividade humanas é mínimo.
Largura do corredor ripário entre 6 e 12 m. O impacto das actividades humanas e considerável.
Largura do corredor ripário inferior a 6m; pouca ou nenhuma vegetação ripárica devido a actividades humanas.
Pontuação (M.E.) M. E. 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Parâ
met
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ava
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Pontuação (M.D.) M. D. 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
103
Anexo II Índice de Qualidade do Bosque de Ribeira (QBR)
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
104
Índice de Qualidade do Bosque de Ribeira (QBR) (Munné et al., 1998)
Grau de cobertura da zona ripária Pontuação entre 0 e 25Pontuação
25 >80% de cobertura vegetal na zona ripária (as plantas anuais não são contabilizadas) 10 50-80% de cobertura vegetal na zona ripária 5 10-50% de cobertura vegetal na zona ripária 0 <10% de cobertura vegetal na zona ripária
+10 se a conectividade entre o bosque de ribeira e o ecossistema florestal adjacente é total +5 se a conectividade entre o bosque de ribeira e o ecossistema florestal adjacente é maior que 50% -5 se a conectividade entre o bosque de ribeira e o ecossistema florestal adjacente é entre 25 e 50% -10 se a conectividade entre o bosque de ribeira e o ecossistema florestal adjacente é menor que 25%
Estrutura da cobertura vegetal (contabiliza-se toda a zona de ribeira) Pontuação entre 0 e 25Pontuação
25 cobertura de árvores superior a 75% 10 cobertura de árvores entre 50 e 75%, ou cobertura de árvores entre 25 e 50% e de arbustos superior a 25% 5 cobertura de árvores inferior a 50% e o resto da cobertura efectuada por arbustos entre os 10 e os 25% 0 sem árvores e arbustos abaixo dos 10%
+10 se na zona de inundação a concentração de helófitos ou arbustos é superior a 50% +5 se na zona de inundação a concentração de helófitos ou arbustos é entre 25 e 50% +5 se existe uma boa conexão entre a zona de arbustos e árvores com a zona de bosque adjacente -5 se existe uma distribuição regular dos pés de árvores e o bosque é superior a 50% -5 se as árvores e os arbustos se distribuem em manchas, sem continuidade -10 Se existe uma distribuição regular das árvores e dos arbustos e o bosque é inferior a 50%
Qualidade da cobertura vegetal (depende do tipo geomorfológico da zona de ribeira) Pontuação entre 0 e 25Pontuação Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3
25 número de espécies diferentes de árvores autóctones >1 >2 >3 10 número de espécies diferentes de árvores autóctones 1 2 3 5 número de espécies diferentes de árvores autóctones - 1 1-2 0 sem árvores autóctones
+10 se existe uma continuidade da comunidade ao longo do rio uniforme e ocupando mais de 75% da zona de ribeira
+5 se existe uma continuidade da comunidade ao longo do rio uniforme e ocupando entre 50 a 75% da zona de ribeira
+5 se existe uma disposição em galeria das diferentes comunidades +5 se o número de espécies diferentes é: >2 >3 >4
-5 se existem estruturas construídas pelo homem -5 se existe alguma árvore introduzida isolada -10 se existem espécies de árvores introduzidas formando comunidades -10 se existem descargas de efluentes
Grau de naturalidade do canal fluvial Pontuação entre 0 e 25Pontuação
25 o canal do rio não está modificado 10 modificações das zonas adjacentes ao rio com redução do canal 5 sinais de alteração e estruturas rígidas intermitentes que modificam o canal do rio 0 rio canalizado na totalidade do sector
-10 se existe alguma estrutura sólida dentro do leito do rio -10 se existe alguma represa ou outra infra-estrutura transversal no leito do rio
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
105
Determinação do Tipo Geomorfológico da Zona Ripária
(Somar o tipo de desnível da direita e da esquerda da zona de inundação e somar ou retirar segundo os outros atributos) Pontuação Tipos de desnível da zona ripária Esquerda Direita
Vertical/côncavo (declive >75%), com uma altura não superada pelas maiores cheias
6 6
Igual mas com um pequeno talude ou zona de inundação periódica
5 5
Declive entre 45 e 75º, em escada ou não. O declive conta-se como o ângulo entre a horizontal e a recta entre a zona de inundação e o último ponto da zona de ribeira.
3 3
Declive entre 20 e 45º, em escada ou não.
2 2
Declive menor que 20º, zona de ribeira uniforme ou plana
1 1
Existência de uma ou mais ilhas no meio do leito do rio
Largura do conjunto superior a 5 m
-2 -2
Largura do conjunto entre 1 e 5 m
-1 -1
Potencialidade de suportar uma massa vegetal de ribeira. Percentagem de substrato duro com incapacidade para enraizar uma massa vegetal permanente.
>80% Não se pode medir 60-80% +6 30-60% +4 20-30% +2
Pontuação total Tipo geomorfológico segundo a pontuação
>8 Tipo 1 Ribeiras fechadas, normalmente de cabeceira, com baixa potencialidade de uma zona ripária extensa 5 a 8 Tipo 2 Ribeiras com uma potencialidade intermédia para suportar uma zona de vegetação, zonas médias dos rios <5 Tipo 3 Ribeiras extensas, nas zonas baixas dos rios, com elevada potencialidade para possuir um bosque extenso
Classes de qualidade de acordo com o QBR Qualidade do bosque de ribeira QBR Cor no mapa
Sem alteração, estado natural 95-100 Azul Ligeiramente perturbado, boa qualidade 75-90 Verde Início de alterações importantes, qualidade aceitável 55-70 Amarelo Fortemente alterado, má qualidade 30-50 Laranja Degradação extrema, péssima qualidade 0-25 Vermelho
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
106
Anexo III Classificação de Macroinvertebrados de acordo
com a Fisiologia Alimentar
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
107
Classificação de Macroinvertebrados de acordo com a Fisiologia Alimentar
Categoria Descrição Grupos Taxonómicos SH Retalhadores Herbívoros
Alimentam-se de partículas de tecidos vivos de plantas vasculares, com dimensões superiores a 103μm (CPOM1), que cortam e dividem em fragmentos mais pequenos.
Trichoptera: PHRYGANEIDAE, LEPTOCERIDAE (Oecetis,,Triaenodes, Leptocerus, Erotesis) Lepidoptera (Paraponix, Nymphula) Coleoptera: HALlPLlDAE, EUBRIIDAE, HYDROCHIDAE, HELOPHORIDAE, CHRYSOMELlDAE Diptera: Diamesinae, EPHYDRIDAE
SD Retalhadores Detritívoros
Alimentam-se de partículas em decomposição, com dimensões superiores a 103μm (CPOM), que cortam e dividem em fragmentos mais pequenos.
Plecoptera Filipalpia Trichoptera: LlMNEPHILlDAE, LEPIDOSTOMATIDAE, SERICOSTOMATIDAE Coleoptera: HELODIDAE Diptera: TIPULlIDAE, Orthocladiinae
CF Colectores Filtradores
Possuem adaptações (apêndices fortemente modificados, construção de casulos ou teias) que lhes permitem filtrar partículas de restos orgânicos, elementos da microflora e da microfauna, de dimensões inferiores a 103μm (FPOM2 e UPOM3), que se encontram em suspensão no meio aquático.
Bivalvia Crustacea: ATYIDAE Ephemeroptera: SIPHLONURIDAE Trichoptera: ECNOMIDAE, HYDROPSYCHIDAE (Hydropsiche), PSYCHOMYIIDAE, BRACHYCENTRIDAE, PHILOPOTAMIDAE Lepidotera: Catac/ysta Diptera: SIMULlIDAE, Chironomini, SYRPHIDAE, CULlCIDAE
CS Colectores Detritívoros
Recolhem material em decomposição com dimensões inferiores a 103 μm (FPOM e UPOM) que encontram no sedimento ou sobre o substrato.
Crustacea: GAMMARIDAE, ASELLlDAE Ephemerotera: BAETIDAE (Baetis), EPHEMERIDAE, CAENIDAE (Caenis), LEPTOPHLEBIIDAE (Habroleptoides, Paraleptophlebia, Choroterpes), HEPTAGENIIDAE (Electrogena), OLlGONEURIIDAE, POLYMITARCIDAE, EPHEMERELLlDAE (Ephemerella),POTAMANTHIDAE Heteroptera: GERRIDAE Coleoptera: HYDROPHILlDAE (A), DRYOPIDAE, LlMNEBIIDAE HYDRAENIDAE Trichoptera: BERAEIDAE Diptera: Corynoneurinae, CERATOPOGONIDAE
RM Raspadores Minerais
Têm um aparelho bucal, ligeiramente modificado, que lhes permite raspar a microflora (partículas com dimensão inferior a 103μm) associada a pedras e a macrófitas.
Mollusca Gasteropoda Ephemeroptera: HEPTAGENIIDAE (Heptagenia, Rhytrogena, Ecdyonurus), BAETIDAE (CentroptiJum, Pseudocentroptilum), EPHEMERELLlDAE (Torleya) Trichoptera: GOERIDAE, THREMMATIDAE, HELlCOPSYCHIDAE, GLOSSOSOMATIDAE, MOLANNIDAE, ODONTOCERIDAE, Lepidoptera Acentrix Coleoptera: ELMIDAE, EUBRIIDAE Diptera: Prodiamesinae, TABANIDAE, DIXIDAE, STRATIOMYIDAE, BLEPHARICERIDAE
RO Raspadores Orgânicos
Têm um aparelho bucal, ligeiramente modificado, que lhes permite raspar a microflora (partículas com dimensão inferior a 103μm) associada a algas.
Ephemeroptera: CAENIDAE (Brachycercus), BAETIDAE (Cloeon, Procloeon); LEPTOPHLEBIIDAE (Habrophlebia, Thraulus), HEPTAGENIIDAE (Epeorus) Heteroptera: CORIXIDAE Trichoptera: LEPTOCERIDAE (Athripsodes, Mystacides, Setodes, Ceraclea, AdiceJla) Diptera: Tanytarsini, PSYCHODIDAE
PM Predadores Mastigadores
Alimentam-se de outros organismos ou de partes de organismos.
Plathelmintes Tricladida: Phagocata Plecoptera Setipalpia Odonata e Megaloptera Trichoptera: RHYACOPHILlDAE, POLYCENTROPODIDAE, HYDROPSYCHIDAE (Diplectrona, Cheumatopsiche) Coleoptera: DYTISCIDAE (A), GYRINIDAE, HYGROBIIDAE, HYDROPHILlDAE (L) Diptera: LlMONIIDAE, CHAOBORIDAE, Tanypodinae
PS Predadores Sugadores
Têm o aparelho bucal modificado, permitindo-lhes sugar células e fluidos tecidulares de outros organismos.
Plathelminthe Tricladida excepto Phagocata Nematoda e Hirudinea Heteroptera excepto CORIXIDAE e GERRIDAE Hymenoptera e Neuroptera Coleoptera: DYTISCIDAE (L) Trichoptera: HYDROPTlLlDAE Diptera: RHAGIONIDAE, DOLlCHOPODIDAE, ATHERICIDAE, ANTHOMYIIDAE, EMPIDIDAE, SCIOMYZIDAE
L Limnívoros
Vivem enterrados no substrato e engolem os sedimentos, aproveitando a matéria orgânica.
Oligochaeta Diptera: PTYCHOPTERIDAE
Tabela 1 - Classificação de macroinvertebrados tendo em consideração a fisiologia alimentar, segundo Jesus
(2001).
CPOM – “Coarse Particulate Organic Material” FPOM – “Fine particulate Organic Material” UPOM – “Ultrafine Particulate Organic Material” DOM – “Dissolved Organic Material”
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
108
Anexo IV Classificação de Macroinvertebrados de acordo
com a Fisiologia Respiratória
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
109
Classificação de Macroinvertebrados de acordo com
a Fisiologia Respiratória
Categoria Descrição Grupos Taxonómicos A Respiração Aérea
Ocorre em indivíduos que se encontram à superfície da água, que captam o oxigénio atmosférico e o transportam consigo, sob a forma de bolha de ar, na face ventral do corpo ou sob os élitros. Esta bolha de ar serve de reserva de oxigénio, funcionando também como pulmão ou brânquia permitindo trocas gasosas com o meio aquático. Ocorre também em indivíduos que vivem submersos e que captam o oxigénio atmosférico através de um ou mais filamentos tubulares que mantém à superfície e que comunicam com os únicos espiráculos funcionais que possuem. São indivíduos independentes do meio aquático para adquirir o oxigénio podendo ser encontrados em habitats com poluição orgânica.
Heteroptera; Hymnoptera; Coleóptera excepto larvas de ELMIDAE, GYRINIDAE, HYGROBIIDAE, PSEPHENIDAE; Díptera: DIXIDAE, PSYCHODIDAE, TABANIDAE, PTYCHOPTERIDAE, CHAOBORIDAE, ANTHOMYIDAE, SYRPHIDAE, STRATIOMYIDAE, CULICIDAE
B Respiração Branquial
É utilizada por organismos que obtêm o oxigénio directamente do meio aquático, por difusão através de traqueobrânquias. As traqueobrânquias são divertículos filamentosos ou em placa que se encontram no exterior do corpo dos indivíduos (nos Ephemeroptera, nos segmentos abdominais; nos Plecoptera, nos segmentos torácicos e nos Odonata no último segmento abdominal), aos quais vão ter as traqueias que depois conduzem o oxigénio para o resto do corpo. São organismos que estão muito dependentes da concentração de oxigénio dissolvido na água, sendo a sua presença um indicativo de baixo nível ou de ausência de poluição orgânica.
Bivalvia, Gasteropoda Posobranchia Crustácea Ephemeroptera Plecoptera: PERLIDAE, Protonemura, Amphinemura Odonata zigoptera Megaloptera e Lepidoptera Coleóptera: larvas de ELMIDAE, GYRINIDAE, HYGROBIIDAE, EUBRIIDAE Trichoptera excepto: SERICOSTOMATIDAE, LEPTOCERIDAE (Mystacides, Triaenodes, Erotesis), BERAEIDAE, ECNOMIDAE, HELICOPSYCHIDAE, MOLANNIDAE, GLOSSOMATIDAE, PSYCHOMYIIDAE Díptera: TIPULIIDAE, LIMONIIDAE, EMPIDIDAE, BLEPHARICERIDAE, ATHERICIDAE
BA Respiração Branquial e Aérea
Surge geralmente em organismos cujas traqueobrânquias são reduzidas, não permitindo a absorção de todo o oxigénio de que necessitam, directamente do meio aquático. Estes organismos possuem também capacidade de captar oxigénio directamente da atmosfera e de o armazenar no seu corpo para suprir as suas necessidades.
Odonata Anisoptera Díptera: EPHYDRIDAE
BC Respiração Branquial e Cutânea
Surge em organismos que para além de possuírem respiração cutânea, possuem também trauqeobrânquias. Um caso particular é o que se passa em relação a alguns CHIRONOMIDAE cujas traqueobrânquias, situadas na região posterior do corpo, possuem irrigação sanguínea, (o sangue dos Chironomus, possui hemoglobina) e funcionam como dispositivos para captação do oxigénio, ocorrendo as trocas gasosas a nível celular, o que lhes confere uma grande resistência a condições de anóxia quase total.
Díptera: SIMULIIDAE, CHIRONOMIDAE
C Respiração Cutânea
Ocorre em indivíduos que não possuem estruturas externas para a respiração e efectuam as trocas gasosas por difusão através da superfície do corpo.
Turbellaria, Nematoda, Oligochaeta, Hirudinea Plecoptera excepto PERLIDAE, Protonemura, Amphinemura Trichoptera: BERAEIDAE, ECNOMIDAE, HELICOPSYCHIDAE, GLOSSOMATIDAE, PSYCHOMYIIDAE, MOLANNIDAE, SERICOSTOMATIDAE, LEPTOCERIDAE (Mystacides, Triaenodes, Erotesis)
P Respiração Pulmonar
Os indivíduos possuem a cavidade paleal desprovida de brânquias, mas densamente vascularizada funcionando como um pulmão. São relativamente independentes do oxigénio existente no meio, pois muitas vezes vivem associados a folhas de macrófitas absorvendo directamente o oxigénio para a cavidade paleal.
Gasteropoda pulmonata
Tabela 1 - Classificação de macroinvertebrados tendo em consideração a fisiologia respiratória, segundo Jesus
(2001).
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
110
Anexo V Classificação de Macroinvertebrados de acordo
com o Habitat e a Mobilidade
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
111
Classificação de Macroinvertebrados de acordo com
o Habitat e a Mobilidade
Categoria
Descrição
Grupos taxonómicos
S Patinadores
Vivem à superfície da água, onde se alimentam de organismos que aí caem. Encontram-se essencialmente em rios de baixa ordem ou nas margens de rios de ordem elevada.
Heteroptera: GERRIDAE, HEBRIIDAE, VELlIDAE, MESOVELlIDAE, HYDROMETRIDAE
F Planctónicos
Habitam águas abertas de fluxo lento, em rios de ordem elevada.
Diptera: CHAOBORIDAE
M Mergulhadores
Nadam em rios de águas calmas emergindo à superfície para capturar o oxigénio atmosférico e voltando a mergulhar para as macrófitas ou outros objectos submersos,
Heteroptera: CORIXIDAE, NOTONECTIDAE Coleoptera: DYTISCIDAE (A)
N Nadadores
Adaptados à natação. Refugiam-se no substrato por curtos períodos de tempo em casos de aumentos de corrente.
Crustacea Ephemeroptera: LEPTOPHLEBIIDAE, BAETIDAE, SIPHLONURIDAE Coleoptera: GYRINIDAE (A), HYGROBIIDAE(A), HALlPLlDAE (A) Diptera: CULlCIDAE
C Colados ou fixos
Possuem adaptações comportamentais (construção de redes, fios de seda) ou morfológicas (ganchos, corpo espalmado dorsoventralmente ou ventosas) que lhes permitem aderir ao substrato.
Plathelminthe, Hirudinea, Mollusca Gasteropoda Ephemeroptera: HEPTAGENIIDAE, OLlGONEURIIDAE Coleoptera: EUBRIIDAE, CHRYSOMELLlDAE Trichoptera: HYDROPSYCHIDAE, GLOSSOSOMA TIDAE, HYDROPTILlDAE, PHILOPOTAMIDAE, ECNOMIDAE, THREMMA TIDAE, HELlCOPSYCHIDAE Diptera: SIMULlIDAE, DIXIDAE, EMPIDIDAE, ANTHOMYIIDAE, DOLlCHOPODIDAE, SCIOMYZIDAE, BLEPHARICERIDAE
P Pouco móveis
Habitam a superfície de folhas flutuantes de plantas vasculares ou de sedimentos nas zonas deposicionais. Possuem modificações que lhes permitem manterem-se no substrato (ex: corpos pesados) com a superfície respiratória livre de sedimentos.
Ephemeroptera: CAENIDAE, POTAMANTHIDAE Odonata Anisoptera Heteroptera: NEPIDAE Coleoptera: GYRINIDAE (L), HALlPLlDAE (L), HYDROPHILlDAE, HYDRAENIDAE, LlMNEBIIDAE, HYDROCHIDAE, ELMIDAE, HELOPHORIDAE, HElODIDAE, DRYOPIDAE (A) Trichoptera: POl YCENTROPODIDAE, PHRYGANEIDAE, BRACHYCENTRIDAE, LlMNEPHILlDAE, GOERIDAE, LEPIDOSTOMATIDAE, LEPTOCERIDAE, BERAEIDAE, SERICOSTOMATIDAE, ODONTOCERIDAE Diptera: PSYCHODIDAE, PTYCHOPTERIDAE, EPHYDRIDAE, STRATIOMYIDAE, ATHERICIDAE, SYRPHIDAE
T Trepadores
Vivem e deslocam-se nas plantas vasculares ou nos detritos vegetais (ex: troncos, ra ízes).
Ephemeroptera: EPHEMERELLlDAE Odonata Zigoptera Coleoptera: DYTISCIDAE (L), HYGROBIIDAE (L) Trichoptera: RHYACOPHILlDAE Diptera: Diamesinae, Tanypodinae, Oothocladiinae
E Escavadores, construtores de tocas
Vivem nos sedimentos finos (e na zona hiporreica), onde podem construir tocas e alimentar-se do sedimento. Corpo pequeno e filiforme (longos, cilíndricos e finos).
Nematoda, Oligochaeta, Mollusca. Bivalvia Ephemeroptera: EPHEMERIDAE, PROSOPISTOMATIDAE, POl YMITARCIDAE, Plecoptera Heteroptera: PLEIDAE, NAUCORIDAE Megaloptera, Lepidoptera, Hymenoptera Coleoptera: DRYOPIDAE (L) Trichoptera: PSYCHOMYIIDAE Diptera: Chironominae, TIPULlIDAE, LlMONIIDAE, T ABANIDAE, CERA TOPOGONIDAE, Corynoneurinae
Tabela 1 - Classificação de macroinvertebrados de acordo com o habitat e com a mobilidade, segundo Jesus
(2001).
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
112
Anexo VI Cálculo do Índice Biótico Belga
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
113
Cálculo do Índice Biótico Belga
Limites Práticos de Identificação
PLATHELMINTES género
NEMATODA presença
OLIGOCHEAETA família
HIRUDINEA género
CRUSTACEA família
PLECOPTERA género
EPHEMEROPTERA género
TRICHOPTERA família
ODONATA género
HEMIPTERA família
DIPTERA família (excepto Chironomus thumni e Chironomus plumosus)
MOLLUSCA género
HYDRACARINA presença
Tabela 1 - Limites práticos de identificação para o cálculo do Índice Biótico Belga (adaptado de Fontoura, 1984).
I II III
Número total de U. S.
Grupos faunísticos 0-1 2-5 6-10 11-15 ≥16 Índices bióticos
1 + de uma U.S. - 7 8 9 10 PLECOPTERA ou Ecdyonuridade
2 uma só U.S. 5 6 7 8 9 TRICHOPTERA com invólucro 1 + de uma U.S. - 6 7 8 9
larvar 2 uma só U.S. 5 5 6 7 8 Ancylidae ou EPHEMEROPTERA 1 + de uma U.S. - 5 6 7 8
excepto Ecdyonuridae 2 2 ou - de 2 U.S. 3 4 5 6 7 Aphelocheirus ou ODONATA ou Gammaridae ou MOLLUSCA 0 todas as U.S. mencionadas ausentes 3 4 5 6 7 excepto Spharidae
Asellus ou HIRUDINEA ou Spharidae ou HETEROPTERA 0 todas as U.S. mencionadas ausentes 2 3 4 5 6 excepto Aphelocheirus Tubificidae ou Chironomidae
dos grupos Thumni-plumosus 0 todas as U.S. mencionadas ausentes 1 2 3 - -
Eristalinae 0 todas as U.S. mencionadas ausentes 0 1 1 - - Tabela 2 - Quadro padrão de Tuffery e Verneaux que permite definir o índice biótico (adaptado de Fontoura, 1985).
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
114
Classe Índice Biótico Significado Cor
I
10-9
Águas não poluídas
Azul
II
8-7
Ligeiramente poluída
Verde
III
6-5
Moderadamente poluída
Amarelo
IV
4-3
Muito poluída
Laranja
V
2-1-0
Fortemente poluída
Vermelho
Tabela 3 - Classes de Qualidade, significado dos valores do Índice Biótico Belga (IBB) e cores a utilizar para a representação cartográfica (adaptado de Fontoura, 1985).
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
115
Anexo VII Cálculo do Iberian Biological Monitoring Working Party
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
116
Cálculo do Iberian Biological Monitoring Working Party
Tabela 1 - Pontuações atribuídas às diferentes famílias de macro-invertebrados aquáticos para o cálculo do BMWP’ (adaptado de Alba-Tercedor, 1996).
Famílias Pontuação Siphlonuridae, Heptageniidae, Leptophlebiidae, Potamanthidae, Ephemeridae, Taeniopterygidae, Leuctridae, Capniidae, Perlodidae, Perlidae Chloroperlidae Aphelocheiridae Phryganeidae, Molannidae, Beraeidae, Odontoceridae, Leptoceridae, Goeridae Lepidostomatidae, Brachycentridae, Sericostomatidae Athericidae, Blephariceridae
10 Astacidae Lestidae, Calopterygidae, Gomphidae, Cordolegasteridae, Aeshnidae Corduliidae, Libellulidae Psychomyiidae, Philopotamidae, Glossosomatidae
8
Ephemerellidae, Prosopistomatidae Nemouridae Rhyacophilidae, Polycentropodidae, Limnephilidae, Ecnomidae
7
Neritidae, Viviparidae, Ancylidae, Thiaridae Hydroptilidae Unionidae Corophiidae, Gammaridae, Atyidae Platycnemididae, Coenagrionidae
6
Oligoneuriidae, Polymitarcidae Dryopidae, Elmidae, Helophoridae, Hydrochidae, Hydraenidae, Clambidae Hidropsychidae Tipulidae, Simuliidae Planariidae, Dendrocoelidae, Dugesiidae
5
Baetidae, Caenidae Haliplidae, Curculionidae, Chrysomelidae Tabanidae, Stratiomyidae, Empididae, Dolichopodidae, Dixidae, Ceratopogonidae, Anthonyidae, Limoniidae, Psychodidae, Sciomyzidae, Rhagionidae Sialidae Piscicolidae Hidracarina
4 Mesoveliidae, Hydrometridae, Gerridae, Nepidae,Naucoridae, Pleidae, Vellidae Notonectidaem, Corixidae Helodidae, Hydrophilidae, Hygrobiidae, Dytiscidae, Gyrinidae Valvatidae, Hydrobiidae, Lymnaeidae, Physidae, Planorbidae Bithyniidae, Bythinellidae, Sphaeridae Glossiphoniidae, Hirudidae,Erpobdellidae Asellidae, Ostracoda
3 Chironomidae, Culicidae, Ephydridae, Thaumaleidae
2
Oligochaeta (todas as classes), Syrphidae
1
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
117
Classe Qualidade Valor Significado Cor
I
«Boa»
> 150
101-120
Águas muito limpas
Águas não contaminadas ou não alteradas de modo sensível
Azul
II
«Aceitável»
61-100
Evidentes alguns efeitos de contaminação
Verde
III
«Duvidosa»
36-60
Águas contaminadas
Amarelo
IV
«Crítica»
16-35
Águas muito contaminadas
Laranja
V
«Muito crítica»
< 15
Águas fortemente contaminadas
Vermelho
Tabela 2 - Classes de Qualidade, significado dos valores de BMWP’ e cores a utilizar para a representação cartográfica (adaptado de Alba-Tercedor, 1996).
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
118
Anexo VIII Macroinvertebrados Identificados e Classificação Fisiológica
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
119
Estação 1 - Amares
Ordem Família Género/Espécie Nº de Indivíduos F.Respiratória Alimentação Habitat
Gasteropoda Hydrobriidae Sadleriana fluminensis 5 P RM C Diptera Chironomidae Chironomus sp. 5 BC CF E Trichoptera Thremmatidae Thremma sardoum 15 RB RM C
Estação 2 - Lago
Ordem Família Género/Espécie Nº de Indivíduos F.Respiratória Alimentação Habitat
Oligochaeta Lumbricidae Eiseniella tetraedra 2 C L E Diptera Chironomidae Chironomus sp. 2 BC CF E Trichoptera Ecnomidae Ecnomus tenellus 2 C CF C Trichoptera Limnephilidae Potamophylax 2 B SD P
Estação 3 - Barcelos
Ordem Família Género/Espécie Nº de Indivíduos F.Respiratória Alimentação Habitat
Coleoptera Dryopidae Dryops 3 A CS E Coleoptera Elmidae Oulimnius 2 B RM P Gasteropoda Planorbidae Planorbarius 3 P RM C Odonata Coenagrionidae Coenagrion 20 B PM T
Estação 4 - Marachão
Ordem Família Género/Espécie Nº de Indivíduos F.Respiratória Alimentação Habitat
Coleoptera Dryopidae Dryops 2 A CS E Gasteropoda Hydrobriidae Potamopyrgus 8 P RM C Heteroptera Corixidae Micronecta 21 A RO M Odonata Coenagrionidae Coenagrion 6 B PM T
Recolha de Outono
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
120
Estação 1 - Amares
Ordem Família Género/Espécie Nº de Indivíduos F.Respiratória Alimentação Habitat
Gasteropoda Hydrobriidae Sadleriana fluminensis 3 P RM C Oligochaeta Lumbriculidae Lumbriculus variegatus 2 C L E
Estação 2 - Lago
Ordem Família Género/Espécie Nº de Indivíduos F.Respiratória Alimentação Habitat
Diptera Chironomidae Chironomus sp. 3 BC CF E Oligochaeta Lumbricidae Eiseniella tetraedra 2 C L E Oligochaeta Naididae Nais 3 C L E
Estação 3 - Barcelos
Ordem Família Género/Espécie Nº de Indivíduos F.Respiratória Alimentação Habitat
Coleoptera Elminthidae Limnius 2 A RM P Diptera Ceratopogonidae Forcipomyia 1 C CS E Diptera Chironomidae Chironomus sp. 119 BC CF E Ephemeroptera Baetidae Baetis 6 B CS N Ephemeroptera Caenidae Caenis luctuosa 10 B CS P Heteroptera Corixidae Micronecta sp. 4 A RO M Gasteropoda Planorbidae Ancylus 1 P RM C Gasteropoda Planorbidae Planorbarius 3 P RM C Odonata Coenagrionidae Coenagrion 4 B PM T Oligochaeta Lumbriculidae Lumbricalus variegatus 3 C L E Oligochaeta Naididae Nais 101 C L E Oligochaeta Tubificidae Tubifex 6 C L E Trichoptera Limnephilidae Potamophylax 6 B SD P Trichoptera Leptoceridae Leptocerus 1 C SH P Trichoptera Odontoceridae Odontocerum albicorne 1 B RM P Trichoptera Philopotamidae Philopotamus 1 B CF C
Estação 4 - Marachão
Ordem Família Género/Espécie Nº de Indivíduos F.Respiratória Alimentação Habitat
Bivalve Unionidae Anodonta 2 B CF E Coleoptera Dryopidae Dryops 3 A CS E Diptera Chironomidae Chironomini 18 BC CF E Ephemeroptera Caenidae Caenis luctuosa 7 B CS P Heteroptera Corixidae Micronecta 561 A RO M Gasteropoda Viviparidae Viviparus 9 P RM C Oligochaeta Lumbricidae Eiseniella tetraedra 10 C L E Oligochaeta Lumbriculidae Lumbriculus variegatus 11 C L E Oligochaeta Naididae Nais 7 C L E Oligochaeta Tubificidae Tubifex 2 C L E Trichoptera Leptoceridae Leptocerus 1 B SH P Trichoptera Limnephilidae Limnephilinae 3 B SD P
Recolha de Inverno
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
121
Estação 1 - Amares
Ordem Família Género/Espécie Nº de Indivíduos F.Respiratória Alimentação Habitat
Coleoptera Dryopidae Dryops 4 A CS E Coleoptera Dytiscidae Agabus bipustulatus 2 A PM T Coleoptera Elmidae Oulimnius sp. 2 B RM P Coleoptera Haliplidae Haliplus 2 A SH P Coleoptera Hydrophilidae Hydrous piceus 3 A PM P Coleoptera Sphaeridiidae Coelostoma orbiculare 2 A CF E Diptera Chironomidae Chironomus 3 BC CF E Ephemeroptera Baetidae Baetis 23 B CS N Gasteropoda Hydrobriidae Sadleriana fluminensis 2 P RM C Heteroptera Corixidae Corixidae 41 A RO M Heteroptera Corixidae Micronecta 9 A RO M Heteroptera Corixidae Sigara 16 A RO M Heteroptera Notonectidae Notonecta 4 A PS M Hirudinea Haemopidae Haemopis 2 C PS C Oligochaeta Lumbricidae Eiseniella tetraedra 4 C L E Oligochaeta Tubificidae Tubifex 10 C L E Trichoptera Ecnomidae Ecnomus tenellus 2 C CF C Trichoptera Lepidostomatidae Lasiocephala basalis 3 B SD P
Estação 2 - Lago
Ordem Família Género/Espécie Nº de Indivíduos F.Respiratória Alimentação Habitat
Diptera Ceratopogonidae Leptoconops 3 C CS E Diptera Dolichopodidae Dolichopus 2 C PS C Hirudinea Hirudinidae Hirudo medicinalis 3 C PS C Oligochaeta Haplotaxidae Haplotaxis gordioides 8 C L E Oligochaeta Lumbriculidae Lumbriculus variegatus 8 C L E Oligochaeta Tubificidae Tubifex 2 C L E
Estação 3 - Barcelos
Ordem Família Género/Espécie Nº de Indivíduos F.Respiratória Alimentação Habitat
Diptera Chironomidae Chironomus 7 BC CF E Diptera Ptychopteridae Ptychoptera 3 A L P Ephemeroptera Caenidae Caenis luctuosa 1 B CS P Heteroptera Corixidae Micronecta 18 A RO M Oligochaeta Haplotaxidae Haplotaxis gordioides 5 C L E Trichoptera Leptoceridae Leptocerus 10 C SH P Trichoptera Thremmatidae Thremma sardoum 1 B RM C
Recolha de Primavera
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
122
Estação 4 - Marachão
Ordem Família Género/Espécie Nº de Indivíduos F.Respiratória Alimentação Habitat
Diptera Chironomidae Chironomus 5 BC CF E Gasteropoda Physidae Physa 2 P RM C Gasteropoda Planorbidae Planorbarius 26 P RM C Heteroptera Corixidae Micronecta 143 A RO M Oligochaeta Lumbriculidae Lumbriculus variegatus 2 C L E Trichoptera Ecnomidae Ecnomus tenellus 3 C CF C
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
123
Estação 1 - Amares
Ordem Família Género/Espécie Nº de Indivíduos F.Respiratória Alimentação Habitat Diptera Chironomidae Chironomus sp. 24 BC CF E Ephemeroptera Leptophlebiidae Paraleptophlebia 2 B CS N Plecoptera Perlidae Perla 3 B SD E Trichoptera Polycentropodidae Polycentropus 2 B PM P
Estação 2 - Lago
Ordem Família Género/Espécie Nº de Indivíduos F.Respiratória Alimentação Habitat
Coleoptera Elmidae Oulimnius sp. 2 B RM P Coleoptera Haliplidae Haliplus sp. 3 A SH P Diptera Chironomidae Chironomus 8 BC CF E Ephemeroptera Leptophlebiidae Paraleptophlebia 83 B CS N Heteroptera Corixidae Sigara 2 A RO M Gasteropoda Bithyniidae Bithynia 3 BC RM C Odonata Coenagrionidae Coenagrion pulchellum 7 B PM T Trichoptera Glosssomatidae Glossoma 2 B RM C Trichoptera Molannidae 3 C RM P Trichoptera Polycentropodidae Polycentropus 2 B PM P Trichoptera PsychomyiIdae Psychomyia 5 C CF E
Estação 3 - Barcelos
Ordem Família Género/Espécie Nº de Indivíduos F.Respiratória Alimentação Habitat
Coleoptera Dryopidae Dryops 3 A CS P Diptera Chironomidae Chironomus sp. 38 BC CF E Diptera Limoniidae Pedicia 2 B PM E Ephemeroptera Leptophlebiidae Paraleptophlebia 12 B CS N Heteroptera Corixidae Micronecta 31 A RO M Gasteropoda Planorbidae Planorbarius 4 P RM C Gasteroptera Viviparidae Viviparus 2 P RM C Hirudinea Haemopidae Hemopis 2 C PS C Megaloptera Sialis 3 B PM E Odonata Coenagrionidae Coenagrion pulchellum 12 B PM T Oligochaeta Lumbricidae Lumbriculus variegatus 6 C L E Oligochaeta Naididae Nais 1 C L E Oligochaeta Naididae Ophidonais 9 C L E Oligochaeta Naididae Uncinais 6 C L E Oligochaeta Tubificidae Tubifex 10 C L E Trichoptera Polycentropodidae Polycentropus 2 B PM P
Recolha de Verão
Qualidade Biológica da Água do Rio Cávado
124
Estação 4 - Marachão
Ordem Família Género/Espécie Nº de Indivíduos F.Respiratória Alimentação Habitat
Bivalve Sphaeriidae Sphaerium 1 B CF E Coleoptera Dryopidae Dryops 1 A CS P Coleoptera Elmidae Oulimnius 1 B RM P Diptera Chironomidae Chironomus sp. 20 BC CF E Ephemeroptera Leptophlebiidae Paraleptophlebia 10 B CS N Heteroptera Corixidae Micronecta 244 A RO M Gasteropoda Valvatidae Valvata piscinalis 6 BC RM C Gasteropoda Planorbidae Planorbarius 2 P RM C Gasteropoda Viviparidae Viviparus 10 P RM C Odonata Coenagrionidae Coenagrion 1 B PM T Trichoptera Brachycentridae Micrasema 1 B CF P Trichoptera Ecnomidae Ecnomus tenellus 4 C CF C