psicologia alquimica

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NOÇÕES ALQUÍMICAS PARA A BUSCA BEM-ESTAR EM TEMPOS MODERNOS

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psicologia alquimica

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Page 1: Psicologia Alquimica

NOÇÕES ALQUÍMICAS PARA A BUSCA

BEM-ESTAR EM TEMPOS MODERNOS

Page 2: Psicologia Alquimica

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

1) CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ALQUIMIA

2) CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DA ALQUIMIA

2.1 – ANIMISMO;

2.2 – UNIDADE;

2.3 – ALÉM DO TEMPO, DO ESPAÇO E DA RAZÃO;

2.4 – TRANSFORMAÇÃO;

2.5 – FACILITAÇÃO;

2.6 – CRIAÇÃO DE UMA VIDA NOVA;

3) OS SEGREDOS DOS METAIS E SUAS RELAÇÕES COM OS PLANETAS

4) AS SETE OPERAÇÕES ALQUÍMICAS SAGRADAS

4.1 – OS ESTÁGIOS ALQUÍMICOS

4.1.1 – O ESTÁGIO DE NIGREDO;

4.1.2 – O ESTÁGIO DE ALBEDO;

4.1.3 – O ESTÁGIO DE RUBEDO;

4.2 – AS FORÇAS ALQUÍMICAS NATURAIS

4.2.1 – SAL;

4.2.2 – ENXOFRE;

4.2.3 – MERCÚRIO;

4.3 – AS SETE OPERAÇÕES ALQUÍMICAS SAGRADAS

4.3.1 – CALCINATIO;

4.3.2 – SOLUTIO;

4.3.3 – COAGULATIO;

4.3.4 – SUBLIMATIO;

4.3.5 – MORTIFICATIO;

4.3.6 – SEPARATIO;

4.3.7 – CONTIUNTIO;

5) A FABRICAÇÃO DO OURO: O DESENVOLVIMENTO HUMANO A LUZ DA

ALQUIMIA

6) OS ¨QUATRO CANTOS DA PERSONALIDADE¨ OU TIPOS HUMANOS DE JUNG

6.1 – TIPO INTELECTUAL;

6.2 – TIPO SENTIMENTO;

6.3 – TIPO INTUITIVO;

6.4 – TIPO SENSORIAL;

7) A TEORIA DOS QUATRO ELEMENTOS E DOS QUATRO HUMORES

8) 10 RECEITAS ALQUÍMICAS PARA SE VIVER NO MUNDO MODERNO OU COM UM

POSSÍVEL MELHOR BEM-ESTAR

Page 3: Psicologia Alquimica

1) CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ALQUIMIA

A alquimia, popularmente ao menos, é entendida como o processo de transformação ou

transmutação de chumbo em ouro. Muitos países do mundo têm documentada sua prática – den-

tre os quais pode-se enumerar Egito, China e Índia, embora a Grécia e a Arábia tenham tido um

papel também de importância forte no contexto de sua evolução histórica. Como resultado dessa

multiplicidade de locais onde teve sua prática ocorrendo ela adquiriu, assim, variadas definições.

Para um sumo sacerdote egípcio, por exemplo, ela tinha um significado; para um boticário do sé-

culo XV, por outro lado, tinha outra significação. Apesar disso há elementos comuns que fazem

da alquimia um conjunto de conhecimentos coerentes e dotados de teoria e prática devidamente

articulados.

No que corresponde à sua história pode-se dizer que esta se estende por boa parte da ci-

vilização humana e pode ser dividida, para fins didáticos, em dois grandes movimentos: a

Alquimia Chinesa e a Alquimia Ocidental.

A alquimia chinesa tinha como principal base o Budismo e como seu principal objetivo

fabricar o Elixir da Longa vida, o qual estariua relacionado com a fabricação do ouro. Na China

a alquimia podia ser dividida, por sua vez, em Waidanshu ( a "Alquimia Externa", que procurava

o Elixir da Longa Vida através de táticas envolvendo metalurgia ou manipulação de certos

elementos), e em Neidanshu, a "Alquimia Interna" (ou espiritual, que procurava gerar esse elixir

no próprio alquimista). A medicina tradicional chinesa, vale mencionar como uma informação

interessante, herdou da Waidanshu as bases da farmacologia tradicional e da Neidanshu as partes

relativas ao Qi. Muitos dos termos usados hoje na medicina tradicional chinesa, assim, provém

da alquimia.

No tocante à alquimia ocidental pode-se dizer que desenvolveu-se principalmente no

Egito (em especial em Alexandria), Mesopotâmia, Grécia, Índia (onde acreditava-se fortemente

num vinculo entre a imortalidade e o ouro, idéia provavelmente trazida pelos persas devido à

invasão da Índia por Alexandre o Grande em 325 a.C. em sua busca pela fonte da juventude), no

Mundo Islâmico (praticada pelos Sírios, Persas e Iraquianos desde medos do século VIII) e na

Europa (tendo seu desenvolvimento maior ocorrido entre os séculos VIII e X).

Feita esta breve evoluçao histórica a respeito da alquimia, agora parece possível a nós

pensarmos nela com uma certa clareza de que ela não se trata apenas de um conjunto de conhe-

cimentos que tem por objetivo transformar chumbo em ouro mas sim, que se refere a uma

disciplina de estudo que envolve elaborados e diversos tipos de conhecimentos físicos, psicoló-

gicos e, finalmente, espirituais. Como diz a historiadora Cherry Gilchrist: ¨A alquimia é uma

disciplina que envolve trabalho físico, terapêutico e espiritual. Se qualquer um desses elementos

for retirado do contexto para representar sozinho a tradição alquímica, a totalidade e o verdadeiro

espírito da alquimia estarão perdidos¨. E é este entendimento da alquimia que teremos em mente

no contexto do presente curso.

* * * * * * * * * *

2) CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DA ALQUIMIA

2.1 – ANIMISMO: um conceito central para a alquimia é o de que tudo é

dotado de vida. Muitas palavras poderiam ser aqui usadas para representar esta

característica da alquimia, mas aqui é usado o termo animismo por ele sugerir a

presença de uma única consciência que ¨anima¨ todos os seres e todas as coisas –

a qual pode ser denominada como Deus, Anima Mundi (Alma do Mundo) ou

Mente Universal, dentre outros nomes, dependendo da cultura que se tome como

base.

Page 4: Psicologia Alquimica

Essa energia arquetípica, assim, injetaria na materia – da menor das pe-

dras à mais complexa das criaturas –, algum grau de consciência. Portanto, faz-

se bastante evidente que a toda a vida aqui seja considerada como dotada de uma

sacralidade intocável. E como nao poderia esta ser sagrada? Se valorizar-mos

tudo, então tudo o que tivermos é sagrado. Nenhuma coisa será mais importante

que outra; apenas a forma delas as diferenciará. Para a mãe natureza, dessa for-

ma, não existe preconceito ou julgamento de espécie alguma capaz de tornar

uma flor mais bonita que outra, um animal mais merecedor que outro. Toda vida

é igualmente entendida e respeitada como preciosa.

2.2 – UNIDADE: a segunda característica importante à alquimia é a ênfa-

se dada à unidade. Existem muitas maneiras de se olhar para o trabalho alquimi-

co e até mesmo pontos de vista que discordam entre si quanto aos métodos utili-

zados em relação à ele, mas, no final das contas, é fundamental que todas as par-

tes discordantes sejam conduzidas a uma união harmoniosa. Esta exigência se

apóia numa premissa: toda a vida está interligada; ela é um sistema em que cada

parte depende, até certo ponto, de todas as outras partes. Isto é uma coisa que es-

tá começando a ser aprendida pelas ciências modernas. Por exemplo, a teoria do

caos afirma que até o bater das asas de um pássaro contribui de alguma maneira,

mesmo que pequena, para o surgimento de um furacão. Tal constatação pode pa-

recer impossível ou algo incompreensível às pessoas em geral, a não ser para os

físicos obviamente. Quem já não vivenciou ou conhece alguem que tenha vi-

venciado uma experiência incomum, onde as variáveis mais improváveis se en-

caixaram conjuntamentamente ao mesmo tempo em que qualquer explicação ra-

cional se vê dificil de alcançar e organizaram-se de modo ordenado, por fim,

fragmentos sem relação aparente entre si da vida?

2.3 – ALÉM DO TEMPO, DO ESPAÇO E DA RAZÃO: levando em conta

que os alquimistas não costumavam dividir o mundo fisico ou da matéria em ca-

tegorias científicas, como tempo e espaços, fenômenos de ondem além do físico

ou transpessoais costumam ocorrer no contato com o universo alquimico.

O psiquiatra suiço Carl Gustav Jung estudou ao longo de sua vida e prá-

tica profissional a ocorrencia de acontecimentos sem causas determináveis ou

identificáveis, mas que tinham como curioso efeito ligar acontecimentos de ma-

neiras ordenadas ou bem significativas. Ele chamou a este fenômeno de sincro-

nicidade e o conceituou como um processo não causal que descreve a ¨coinci-

dência, no tempo, de dois ou de vários acontecimentos não-relacionados de sig-

nificado igual ou semelhante¨. ¨Sua ´inexplicabilidade´¨, assinala ainda ele, ¨não

se deve ao fato de ignorarmos sua causa, mas ao fato de que o nosso intelecto é

incapaz de pensá-la¨1.

2.4 – TRANSFORMAÇÃO: a quarta característica comum à alquimia é a

capacidade de progressiva transformação de materiais aparentemente sem valor

em materiais preciosos que lhe é atribuída. O trabalho de todo alquimista sempre

começa com a prima materia ou matéria prima: aquilo que ele escolhe como ma-

téria inicial, básica, de seus experimentos.

A prima matéria pode nao se tratar necessariamente de um material de

natureza física. Assim, não é no jardim, no laboratório, na igreja ou no templo

1 Memórias, Sonhos e Reflexões – Carl Gustav Jung – Págs 358 e 359.

Page 5: Psicologia Alquimica

que se vai encontrá-la no contexto de uma alquimia pessoal. Um lugar para se

iniciar uma busca por ela é na confusão, nas crises, nos sonhos desfeitos, nas

piores pesadelos ou nos desastres – em todas estas experiências que são comu-

mente associadas aos aspectos sombrios da vida. É entao que todo indivíduo

enquanto um alquimista de si mesmo, poderá se descobrir mais vulnerável ou

mais capaz de reunir a coragem necessária para fazer as mudanças drásticas ou

alquimicas sobre sua vida ou sobre si mesmo.

2.5 – FACILITAÇÃO: a quinta característica essencial da alquimia se re-

fere a uma capacidade do alquimista de suspender uma visão objetiva da realida-

de que ele tenha de maneira alterar sua mente para que esta fique de acordo com

os poderes do céu e da terra, ou seja, da natureza e facilite, finalmente, o curso

de seus experimentos ou transformações.

Os alquimistas, assim, e tendo as informações das linhas anteriores como

base, eram guiados pela matureza ao mesmo tempo em que a ajudavam. Dentro

de uma crença de que toda a matéria (incluindo o ser humano) é consciencia ma-

terializada, pode-se até mesmo chegar a perceber o quanto é absurdo pensar que

se possa estar fora ou acima da natureza, ou mesmo controlá-la completa ou ir-

restritamente de alguma forma. Ao contrário do mágico, o alquimista trabalha

com ela ao adaptar a sua mente para que ela se junte aos elementos naturais com

uma intencionalidade concentrada e um propósito deliberado. O alquimista, em

suma, imita a natureza, mas dá também sua contribuição individual a ela ao pro-

ceder desta maneira. Com isso o ritmo ou a ordem em que as coisas normal-

mente mudam é acelerado.

2.6 – CRIAÇÃO DE UMA VIDA NOVA: a sexta caraterística comum a

toda alquimia diz respeito a acreditar na possibilidade de que novas formas de

criação surjam por meio de intervenções humanas. Isto seria o passo além à

adaptação. Depois de conhecer um pouco os segredos da natrueza parece ser

possível se criar novas formas de vida. Para evitar uma arrogância sem limites

que poderia fazer parte de ambições exageradas como essas, é preciso que todo

alquimista tenha sempre em mente que ele é parte da natureza e, sob pena de se

tornar neurótico, não pode separar-se de forma alguma dela. Por mais poder que

este possa adquirir, a natrueza sempre acabará, no final e de alguma maneira

talvez inimaginável levando a melhor. Como disse o alquimista persa Ostane a

este respeito: ¨A natureza se compraz na natureza, a natureza triunfa sobre a na-

tureza, a natureza domina a natureza¨.

Um dos exemplos de alquimia biológica mais comum que se pode men-

cionar é o do nascimento de uma criança. Da interação física e emocional de

dois indivíduos nasce um terceiro com traços em parte de um e em parte de

outro. Desde que os pais sejam saudáveis o bebê nascerá, finalmente, com uma

relativa facilidade.

* * * * * * * * * *

3) OS SEGREDOS DOS METAIS E SUAS RELAÇÕES COM OS PLANETAS

Os alquimistas não faziam uma profunda distinção entre as pedras celestiais – de estrelas

e planetas – e as encontradas sob a superfície do planeta Terra. Eles acreditavam que os metais,

minerais e pedras preciosas surgiam por intermédio e/ou influência dos corpos celestiais. A par-

tir destas informações pode-se então pensar que os indivíduos sejam influenciados por tais

Page 6: Psicologia Alquimica

corpos da mesma maneira que estes exercem um misterioso poder sobre o planeta todo. Pode-se,

em suma, concordar com os alquimistas em um ponto: a influência da lua se faz sentir tanto nos

fluídos corporais dos indivíduos quanto na água do mar visto que ambos os universos têm como

elemento predominante a água. Outro exemplo desta dinâmica pode ser encontrado nos ciclos

menstruais das mulheres, os quais se comportam de forma semelhante, ou ao menos muito pare-

cida, com as marés dos oceanos. A astrologia é a modalidade de estudo que se concentra nestes

efeitos cósmicos e tenta explicá-los tomando como ponto de partida os corpos celestes. A alqui-

mia atua de maneira semelhante, mas usa o planeta Terra como ponto de partida para tentar che-

gar ao mesmo objetivo. A astrologia e a alquimia tentam, portanto, dar possíveis explicações

para os poderes que se originam de cima e de baixo, dando às profundezas internas humanas a

chance de estabilizarem suas realidades ou funcionamentos com os poderes da natureza.

Assim, a transformação do chumbo em ouro, quando levada ao contexto da vida dos indi-

víduos, envolve mudanças em seus estados de consciência – os quais são influenciados constan-

temente por forças ativas e passivas, representadas na astrologia pelos planetas e na alquimia

pelos metais respectivamente. Como são dotados de poder espiritual os planetas fazem com que

os metais, forças passivas que sejam, se modifiquem.

Em alguns sistemas esotéricos há vários níveis, graus ou estágios que correspondem a

estados de consciência e que os seguidores de tais sistemas têm de necessariamente atravessar se

quiserem integrar de forma mais unificadora estas duas modalidades de forças e consecutiva-

mente todas as dimensões da realidade como seres físicos e espirituais. Geralmente tais estados

de consciência se fazem em número de sete. No sistema indiano da Yoga, por exemplo, há sete

chakras e no Cristianismo sete sacramentos. Do mesmo modo, no universo de ação da alquimia

há sete metais que recebem influência, cada um deles, do deus astrológico que lhe corresponde.

Sao eles:

OS METAIS E OS PLANETAS

METAL ALQUÍMICO

DEUS ASTROLÓGICO (PLANETAS)

CHUMBO SATURNO

ESTANHO JÚPITER

FERRO MARTE

OURO SOL

COBRE VÊNUS

MERCÚRIO MERCÚRIO

PRATA LUA

Para que este quadro possa ser compreendido de forma correta algumas questões mere-

çam talvez um melhor esclarecimento. O primeiro fato que talvez cause estranheza é o motivo de

porquê o ouro ficou precisamente no meio, e não no fim de tal listagem como se poderia esperar

que estivesse. Tem-se que recorrer à astrologia para que tal fato seja entendido. É fato observá-

vel, também, que são mencionados os sete planetas visíveis, mas que a Terra se faz ausente nesta

lista. A astrolologia adotou este ponto de referência tomando como base uma perspectiva oonde

é no planeta Terra onde tudo começa e termina. É chumbo e ouro, usando-se a linguagem al-

química. Tem-se, então, que imaginar este quadro como se ele fosse uma toalha posta sobre uma

mesa, com o ouro ocupando o lugar central desta. A superfície plana é a terra sólida e, dela, tem-

se que tirar a energia de cada planeta para fazer ouro.

Page 7: Psicologia Alquimica

Agora examinemos, por sua vez, cada um dos deuses astrológicos e sua influência

sobre os indivíduos e os metais.

SATURNO – representa o limite exterior da inteligência humana. Trata-se

do chumbo no sentido de ser o mais distante, o mais escuro e o mais receptivo

a uma infusão humana de vida. É habitualmente retratado como um velho que

segura uma foice em uma das mãos e um bebê na outra. Como fica no limite

externo do tempo, ele supostamente interromperia o tempo dos indivíduos na

Terra. Assim como o tempo faz os indivíduos terem horários a cumprir, Satur-

no traz estrutura aos seus dias e limites aos seus pensamentos. Seu dia é Sába-

do.

Por mais escura que possa parecer sua figura, porém, esta nao se faz isen-

ta de méritos. Há sempre um pouco de ouro em qualquer metal. Inclusive no

chumbo. Como figura arquetípica universal Saturno é o velho sábio que ensina

os indivíduos a irem mais devagar, a refletir e a ter paciência.

JÚPITER – representa a expansão espiritual. As idéias súbitas, que são

como relâmpagos, estão simbolizadas nas suas insignias: setas e dados relam-

pejantes. Ele aparece também em forma de águia, capaz de descrever círculos

em torno do Sol e da Lua. Segundo o pensamento alquímico, mistura uma

grande quantidade de Sol (fogo) com um pouco de Lua (água). O fogo puxa os

indivíduos para cima e pode levar a resultados positivos e negativos. Uma

disposição Júpiter positiva nos mesmos favorece uma boa conduta, lealdade e

generosidade, enquanto que uma disposição negativa – por outro lado –,

produz neles indulgência e desperdício.

E, o que se faz mais importante, Júpiter tem a função de trazer modera-

ção entre o espírito e o corpo por intermédio de uma sensibilidade espiritual

que injeta em ambos e à uma comunhão que promove entre corpo e alma. Júpi-

ter compara-se ao Homem de Lata de O Mágico de Oz, pois, embora tenha na

mão um machado pronto para derrubar uma árvore, seu coraçao estremece com

esta idéia. Reconciliando estas forças, em resumo, uma alquimia baseada na

força moderadora de Júpite se torna uma alquimia espiritual.

MARTE – aparece comumente de armadura, empunhando uma espada e

um escudo. Trata-se de um soldado nato, um guerreiro e um matador, opondo-

se à ênfase que seja dada à integração e à totalidade. Seu realismo inflexível vi-

dsa à destruição, assim como o ferro cauteriza uma ferida ou a espada decepa a

cabeça de uma fera. Ferro e fogo sao seus emblemas. Com ele, a alma é branda

e incapaz de combater as forças que procuram aniquilá-la – vícios, trapaças,

fantasmas internos. Mas, como os outros planetas, ele tem seus traços redento-

res. Ele é aquele que faz com eficiência, aquele que conserta, aquele que em-

preende com confiança e orgulho. A consciência marciana iluminada é como

um guerreiro, que o indivíduo pode chamar quando necessário em suas trans-

mutações alquímicas. É necessário no entanto, aguentar sua falta de paciência,

sua tendência a se gabar ou discutir, mas pode-se contar com sua lealdade.

SOL – diante dos efeitos solares sobre o planeta Terra, até mesmo o céti-

co é forçado a admitir a existência de influências celestiais. Segundo a alqui-

mia e a astrologia, é ele quem infunde energia em cada partícula de matéria

terrena. Todos os planetas têm dois lados (casas) em sua personalidade, mas o

Page 8: Psicologia Alquimica

Sol é totalmente masculino, assim como a Lua é totalmente feminina. Enquan-

to o poder feminino da Lua reside na sua proximidade com a terra, na sua for-

ma mutante e na sua natureza reflexiva, o sol se faz constante, quente e gerador

de sua própria energia. O Sol é, em suma, uma força arquetípica masculina,

além de ser visto como ouro, rei e fonte da vida. Quando em seus aspectos

positivos promove nos indivíduos uma forte tendência à autoridade, à generosi-

dade, à autoconfiança, à dignidade e à afetividade. Quando, por outro lado, são

seus aspectos negativos que se fazem notar evidencia nos indivíduos qualida-

des sombrias como vaidade, excesso de confiança, exibicionismo e arrogância.

Quando dominado pelos indivíduos, enquanto agente de transformação, dota-os

da capacidade de subjugarem as faíscas que separam as coisas, fazendo com

que se voltem, finalmente, umas contra as outras. Dominada este segredo todos

os opostos encontram sua harmonia, alquímicamente falando, com as suas qua-

lidades reais enquanto Rei celeste

VÊNUS – enquanto Marte parece caracterizar o sexo masculino, Vênis se

mostra o oposto: afetuosa, solidária, amorosa. Mostra-se, em outras palavras,

bela, além de exibir uma grande paixão pelas coisas delicadas da vida. Aparece

segurando um coração porque dota o corpo físico da essência espiritual do

amor por intermédio do encanto, beleza e graça. É a rainha do céu e da terra,

poise ocupa em cuidar ou zelar pelas duas maiores afeições da alma: do corpo e

do espírito.

Sua força se revela quando os indivíduos são os controladores do prazer e

não este o controlador dos mesmos. A prostituição pode ser entendida como o

equivalente alquimico, dessa forma, de esquemas que visam ao lucro e à usura

e, como eles, erra o alvo – o verdadeiro ouro. Quem usa a paixão para manipu-

lar ou vive emocionalmente confuso(a), pensando com o coração e não com a

cabeça, personifica a fraqueza de Vênus. Estes indivíduos exibem uma tendên-

cia ao exagero da própria beleza ou a usar uma falsa aparência para enganar ou

tirar vantagem. O amor, da mesma forma que os planetas, também carrega em

si um lado escuro, dotado de uma dupla natureza: numa, a meta é o prazer pelo

prazer e, na outra, o prazer é encarado pelos indivíduos como um canal por

onde se dará uma ligação espiritual.

MERCÚRIO – trata-se de uma entidade complexa que existe em três di-

mensões ao mesmo tempo: como planeta ou deus arquetípico (Mercurius), co-

mo um dos três princípios alquímicos básicos (os outros dois são o enxofre e o

o sal), e como um metal ou hospedeiro da transmutação.

No contexto da astrologia e da alquimia, mercúrio é o ¨útero de todos os

metais¨, o que tem como significado que ele serve como ponto de entrada de

influências espirituais e como metal receptivo à transformação. Como deus, faz

ligações de importância vital entre mundos, em todos os níveis da realidade.

No plano humano, realiza sua mágica pelo habilidoso das palavras. Nao trata-

se aqui de meros jogos de palavras, mas sim de uma eloquência reveladora de

significados profundos que estão presentes nos pensamentos.

Indivíduos com forte disposição mercurial são dotados geralmente de

mentes com um funcionamento rápido, se mostram falantes, eloquentes e alta-

mente expressivas. Elas captam o que os outros querem dizer muito antes das

palavras serem mesmo pronunciadas. Os tipos mercúrio, de qualquer gênero,

Page 9: Psicologia Alquimica

podem adotar aspectos masculinos e femininos, combinando estas diferenças

em uma perfeita harmonia.

LUA – cumpre a função de agente celeste que tem por razão para influen-

ciar os indivíduos a meta de manter seus corpos e suas almas sempre juntos.

Esse ¨outro sol¨ é, muitas vezes, representado por uma linda mulher com uma

lâmpada em uma das mãos e uma lança na outra – e uma coroa em forma de

lua crescente lhe adornando a cabeça. Assim como Saturno é o aspecto do tem-

po que corresponde à morte, ela é o crescimento e a gestação. Mas sua produ-

ção nao é como a do Sol porque ela nao gera os próprios poderes criativos. Seu

segredo está sim na capacidade de refletir qualquer poder que brilhe em sua

clara superfície branca.

A consciência lunar, assim como acontece com os outros corpos celestes,

também pode adotar arpectos negativos ou positivos. Uma Lua positiva propor-

ciona aos indivíduos sensibilidade, impressionabilidade, mutabilidade e – às

vezes –, perspicácia e praticidade. Uma Lua negativa, por outro lado, tende a

intensificar a capacidade imaginativa dos indivíduos a ponto de fazê-los mes-

mo até chegarem a perder o contato com a realidade.

* * * * * * * * * *

4) AS SETE OPERAÇÕES ALQUÍMICAS SAGRADAS

4.1 – OS ESTÁGIOS ALQUÍMICOS: os indivíduos associam a escuridão, um tema

central à alquimia, a reinos inconscientes, à ignorância ou às forças do mal. Na natureza a escuri-

dão, porém, nao é boa nem má, mas sim uma condição simplesmente e que permite ás coisas

descansar, criar raízes e crescer. Tendo em vista esse raciocínio, os alquimistas chamaram aos

três estágios das chamadas operações alquímicas sagradas de nigredo (escurecer), albedo (cla-

rear) e rubedo (avermelhar) respectivamente.

4.1.1 – NIGREDO: dotado de componentes subjetivos e físicos, trata-se

do momento onde a consciência do alquimista (indivíduo) começa a tomar forma

e a aparentar alguma ordem no tocante ao desenvolvimento do trabalho alquími-

co propriamente dito. Em outras palavras, diz respeito ao solo negro e rico que

fornecerá a tal trabalho as melhores condições possíveis para que sua evolução

ocorra em todas as suas potencialidades de dar certo; do ponto inicial de uma

longa jornada que é trilhada terapeuticamente pela consciência do indivíduo em

seu desejo de transformar os elementos de seu ser e de sua existência de estado

de chumbo em ouro.

4.1.2 – ALBEDO: a luz que permeia o trabalho alquimico caso o solo

negro e rico que serviu de base ao estágio de nigredo seja nutrido adequada-

mente pelo alquimista/indivíduo. Em termos terapêuticos, fala-se neste momento

de um fortalecimento e desenvolvimento das potencialidades que o trabalho

alquímico apenas vislimbrava no estágio anterior de formas mais consistentes

e/ou verificáveis. Unido ao estágio anterior, assim, este segundo estágio consti-

tui-se numa ampliação de uma transformação interna e subjetiva que começou a

ser construída alquimicamente no estágio anterior pelo alquimista.

4.1.3 – RUBEDO: o estágio final do trabalho alquímico, ou seja, a trans-

formação do chumbo inicial do estado de nigredo no ouro alquímico propria-

mente dito. Em uma linguagem terapêutica trata-se da integração dos aspectos

conscientes e inconscientes do mundo interno e subjetivo do indivíduo com as-

Page 10: Psicologia Alquimica

pectos deste de natureza além do mensurável por meios físicos; de uma união,

em suma, doa aspectos físicos, subjetivos e espirituais deste mundo interno num

todo harmonioso e integrado.

4.2) AS FORÇAS ALQUÍMICAS NATURAIS: os alquimistas acreditavam num uni-

verso energético onde forças impediam o colapso do mundo solar e do mundo lunar. Como o Sol

e a Lua correspondiam ao espírito e à alma, esse mesmo equilíbrio alquímico era necessário para

se manter a consciência humana dos indivíduos. No século XV um alquimista árabe, tendo isso

como premissa, detalhou três forças naturais como básicas à alquimia nos seguintes termos:

4.2.1 – SAL: deve ser entendido alquimicamente nao como cloreto de só-

dio, mas sim como a base na qual se assenta a criação alquímica. Na experiência

humana, ele representa a força que permite aos indivíduos apreender os fenô-

menos naturais. É ele, em suma, que permite aos indivíduos explorarem suas

profundezas internas para ali posteriormente descobrirem uma sabedoria verda-

deira perante suas vidas e o mundo que os cerca.

4.2.2 – ENXOFRE: a força que dá à matéria inerte o poder de irromper

na criação. Além disso, pode ser visto como o complemento masculino do sal,

que possui uma natureza feminina. É também a energia que dá forma ao impulso

criativo, à emoção sombria e à compreensão latente. Sem ele, a idéia continuaria

na prancheta, mas, com ele, as idéias começam a tomar forma. Uma boa risada,

descobertas súbitas, um beijo espontâneo, exemplificam sua ação na vida huma-

na.

4.2.3 – MERCÚRIO: a mais ambígua das forças, caracteriza-se por ser

inquieto, furtivo e extremamente mutável. Enquanto uma das três energias bási-

cas da alquimia, representa as substâncias e qualidades que agem como catalisa-

dores ou instigadores de mudanças drásticas na qualidade e na forma dos mate-

riais. Possui as características femininas da água e as masculinas do céu – por is-

so sendo considerado andrógino –, tendo, assim, uma incrível capacidade de se

ligar a outros metais, incluindo a prata e o ouro. Do ponto de vista terapêutico,

trata-se de um método usado para extrair o que a vida tem de melhor a oferecer

aos indivíduos.

4.3) AS SETE OPERAÇÕES ALQUÍMICAS SAGRADAS: os alquimistas usavam

muitos métodos e procedimentos em seus trabalhos. Essas operações eram codificadas em pala-

vras obscuras e imagens simbólicas – e a ordem em que eram usadas variava de um alquimista

para outro. Embora muitos estudiosos já se tenham dedicado a estudá-las, sete em especial costu-

mam ser mencionadas pela grande maioria deles, as quais são as seguintes:

4.3.1 – CALCINATIO: operação usada pelos alquimistas para iluminar a

escuridão de seus mundos internos, purgá-los de suas qualidades inferiores e

transmutá-los, por fim, em ouro. Seu simbolos era o de um leão vermelho devo-

rando o Sol, fato que acontece quando a consciência desce no mundo instintivo.

Em outros mais claros trata-se da operação que dota os indivíduos de uma capa-

cidade de controle de seus instintos de uma forma que não se deixem escravizar

por uma impulsividade que lhes pode ser considerada inerente para que possam

ter ou assumir o controle mais adequado possível, por fim, de seus desejos e

vontades mais intensos ou até então incontroláveis. Só o leão da cura consegue

domar as energias intensas do espírito, impedindo, ao mesmo tempo, que o ins-

tinto domine a vontade do alquimista.

Page 11: Psicologia Alquimica

4.3.2 – SOLUTIO: operação utilizada alquimicamente para possibilitar

que os alquimistas lidem com suas mudanças de humor, o qual sendo bom ou

mal carrega em si, por sua vez, a confiabilidade dos julgamentos feitos por eles a

respeito do mundo que os cerca. Tem como simbolo o batismo – uma prática

ainda presente em diversas religiões ainda nos tempos modernos –, por este se

fazer capaz de purificar o ¨pecado original¨ de que cada indivíduo possa se sentir

ou ter se visto alvo no momento de seu nascimento. A água do batismo, em su-

ma, age como a dissolvedora dos agentes dos pecados e dos pontos cegos da

existência dos alquimistas no que se refere a seus mundos internos ou subjetivos,

pontos cegos os quais possam estar talvez lhes impedindo de prosseguir em suas

transmutações do chumbo em direção ao ouro, ou seja, a uma vida melhor ou

com maior bem-estar.

4.3.3 – COAGULATIO: operação cujo objetivo está em permitir aos

indivíduos a concepção da matéria-prima de suas próprias construções internas

num plano mental. Ou seja, trata-se do primeiro passo da transformação dos

conteúdos internos inerentes a ele na direção de uma maior clareza e estrutura-

ção dos mesmos no contexto de suas experiências e metas futuras de vida. Seu

símbolo é a terra por esta ser capaz de sustentar tudo que com ela entrar em con-

tato de alguma maneira.

4.3.4 – SUBLIMATIO: operação que auxilia no aprendizado, por parte

dos indivíduos, no que se refere a transformar os sons em palavras e estas em

ações posteriormente. Utiliza como meio para unir os indivíduos aos seus domí-

nios espirituais e, com isso, promover tal transformação de palavras em atos os

hinos, os cânticos, e as chamadas palavras mágicas ou de poder.

4.3.5 – MORTIFICATIO: operação onde uma ¨mortificação interna¨

ocorre para o indivíduo fazendo o papel de um agente de mudança necessária no

curso de sua vida; o momento em que seu mundo interno se livra de equivocadas

ilusões, de apegos ditados por carências e da contaminação interna e, muitas ve-

zes, não desejada cujo meio é a dor, o sofrimento ou sacrifícios das mais varia-

das causas. Como consequência de tal operação, assim, é costumeiro os indiví-

duos/alquimistas sentirem uma sensação de desmembramento físico e interno.

Como imagens associadas a ela, por fim, pode-se descatar as imagens de morte,

de corvos negros, de esqueletos e de túmulos.

4.3.6 – SEPARÁTIO: tal operação deve ser vista de duas maneiras: como

uma separação do mundo interno dos indivíduos em relação aos conteúdos que

sejam reais para eles e daqueles que nâo lhes sejam ainda tão claros ou reais até

o momento – de suas fantasias em relação a esta realidade física –, e como uma

preparação para o estágio final de sua transmutação alquímica, o coniunctio. Em

outras palavras, trata-se de uma experiência onde os indivíduos se vêem livres

para alternar entre duas realidades: para fazer o trabalho do seu mundo interno

de um ponto de vista físico ou real quando isso for o necessário e fundamental

para eles e para realizarem o mesmo trabalho, por outro lado, com o seu olhar e

energias voltados inteiramente para o espirito, para os seus domínios espirituais.

4.3.7 – CONIUNCTIO: os alquimistas se referem a dois tipos de expe-

riências quando falam sobre esta operação: o menor (marcado por uma identifi-

cação de seus mundos internos entre atividades de cunho mais físico e outras de

natureza mais subjetiva para o indivíduo) e maior (marcada por uma união entre

estes dois tipos de forma indiferenciada, o que dá ao alquimista/indivíduo, por

sua vez, a experiência de ambos como um todo unificado).

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