proparoxitonas e o sistema acentual do portugues

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    Cadernos de Estudos Lingsticos 50(1) Jan./Jun. 2008Cad.Est.Ling., Campinas, 50(1):69-90, 2008

    ALGUMAS OBSERVAES SOBRE AS PROPAROXTONAS E O SISTEMAACENTUAL DO PORTUGUS

    GABRIEL ANTUNES DE ARAUJO(USP)

    ZWINGLIO O. GUIMARES-FILHO(USP)

    LEONARDO OLIVEIRA(UNICAMP)

    MRIO EDUARDO VIARO(USP)

    ABSTRACT: In Brazilian Portuguese, words with antepenultimate syllable stress are regarded asexceptions to lexical stress rules. Evidence for their exceptionality has been given in the literature: thelate introduction of these words in the language, the predominant occurrence of the antepenultimatesyllable stress in low frequency words, and the tendency of the language to shift stress to the penultimatesyllable. Using a corpus of 18,413 words with antepenultimate stress and their respective phonologicaltranscription from the Houaiss dictionary (HOUAISS & VILLAR 2001), we argue that these claims are notalways accurate and that words with antepenultimate stress are a long established and consistentpattern in the language. Furthermore, we show that stress shift to the penultimate syllable is not therule, but it is only one possibility, restricted by the phonotactics of the language, and that preservationof antepenultimate stress is far more frequent. The data and analyses presented in this paper argue thatprediction of lexical stress in Brazilian Portuguese must include words with the antepenultimate pattern,as there is no evidence that they are either disappearing in the language or being avoided by speakers.

    0. INTRODUO

    O objetivo deste texto ampliar o estudo publicado por ARAUJO & OLIVEIRA (2006),utilizando, para tanto, um corpus amplo, com 18.413 palavras proparoxtonas, todaspresentes no Dicionrio Houaiss (HOUAISS & VILLAR 2001, doravante DH). Naquele estudo,os autores apresentam uma anlise baseada em um corpus de 316 palavras proparoxtonase 319 paroxtonas escolhidas aleatoriamente. Dessa forma, com base em uma amostrasignificativamente mais ampla, pretendemos verificar a validade dos argumentosapresentados naquele artigo.

    ARAUJO & OLIVEIRA (2006) mostraram como as palavras proparoxtonas tm sidotratadas nos trabalhos que discutem o acento primrio no portugus do Brasil (doravantePB). Ao defenderem que as proparoxtonas pertencem gramtica do portugus, emborasejam freqentemente desconsideradas ou rejeitadas nas anlises, os autores afirmam que

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    ARAUJO, GUIMARES-FILHO, OLIVEIRA E VIARO Algumas observaes sobre...qualquer teoria sobre o acento deveria, necessariamente, levar em considerao o estatutodessas palavras.

    A partir do DH, foi construdo um corpus com 150.875 palavras. Trata-se, portanto, deum corpus de lngua escrita composto de verbetes no-lematizados. Foram eliminadas,manualmente, palavras constitudas por abreviaes, siglas, elementos de composio eestrangeirismos no adaptados ao portugus (como aardvark, por exemplo), bem como oshomnimos e as palavras hifenizadas, formadas por justaposio. Este corpus foi trabalhadocom o uso de programas computacionais, desenvolvidos na plataforma MatLab (TheMathWorks, Inc., 1984-2002)1. O programa permitiu que as palavras fossem separadas emslabas, tivessem a slaba tnica localizada e qualificada, transcritas em alfabeto fontico,transliteradas em uma notao fonolgica, e permitiam, ainda, localizao e manipulaoartificial das epnteses. Para casos complexos de transliterao, como os oferecidos pelosgrafemas x, e, o, utilizamos a ortopia fornecida pelo dicionrio. As separaes e transcriesfonticas foram submetidas, por amostragem, a uma verificao manual de 2.500 palavras(13,6% do corpus das proparoxtonas) e, por meio dela, pode-se estipular que a margem deerro foi inferior a 0,5%.

    O texto est organizado da seguinte forma: inicialmente, as principais descries dasproparoxtonas no PB sero resumidas. Em seguida, mostraremos que essas descriesfalham ao desconsiderar as proparoxtonas como um trao marcante da lngua. Essa rejeiose baseia normalmente nos processos de reduo (sncope e apcope) que as transformamem paroxtonas e na suposta baixa freqncia das proparoxtonas. Apresentaremos, paratal, uma anlise dos contextos fnicos em que poderiam ocorrer as redues, levando-seem conta as 18.413 palavras proparoxtonas do corpus. A freqncia de uso dasproparoxtonas foi avaliada, dessa vez, considerando-se sua ocorrncia em pginas dainternet em portugus indexadas pelo site de buscas Google. Ao mesmo tempo, mostraremosque os processos de reduo so restritos e no gerais, como defendido na literatura. Emseguida, apresentaremos dados que demonstraro que a introduo de palavrasproparoxtonas na lngua se deu, sobretudo, nos sculo XIII e XIX e no somente no sculoXVI. Posteriormente, abordaremos a questo da qualidade das vogais na slaba tnica dasproparoxtonas. E, por fim, no sumrio e nas concluses, discutiremos o tema da percepona manuteno do acento proparoxtono no portugus.

    1. AS PROPAROXTONAS

    A literatura que trata do acento lexical no PB (cf. CMARA JR 1970, LEITE 1974, ANDRADE1994, BISOL 1992, 1994, MATEUS 1996, MASSINI-CAGLIARI 1999, CAGLIARI 1999, SNDALO 1999,LEE 1995, 2004, AMARAL 2002, inter alios) afirma, em geral, que o acento na penltima slaba o padro, enquanto que acentos na ltima (oxtona) e na antepenltima (proparoxtona)slabas so desvios. CMARA JR (1970) afirma que o acento distintivo e imprevisvel.

    1 Trabalho desenvolvido por Zwingli o Guimares-Filho e Leandro Mariano (ambos do Instituto de

    Fsica da USP), integrados no grupo de Morfologia Histrica do Portugus (GMHP), liderado por MrioEduardo Viaro (http://www.usp.br/gmhp).

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    Cadernos de Estudos Lingsticos 50(1) Jan./Jun. 2008Assim, o autor oferece uma srie de pares mnimos acentuais que incluem palavras damesma categoria (substantivos: S) e palavras de categorias diferentes (substantivo S /verbo: V).

    (1) Oxtona/paroxtonabati (v) bate (v)Par (S) pra (v)

    (2) Paroxtona/proparoxtonaduvida (V) dvida (S)secretaria (S) secretria (S)analise (V) anlise (S)

    LEITE (1974) prope uma anlise gerativa para o acento em portugus e conclui que aacentuao nos substantivos diferente da dos verbos, pois no possvel utilizar omesmo conjunto de regras para ambos. Alm disso, h uma srie de condies para aaplicao das regras. Portanto, sua proposta, que inclui regras para cada tipo de acentuao(bem como as consideradas especiais, para determinados sufixos como, por exemplo, osindicadores de superlativo e de diminutivo), bem distinta da proposta de Cmara Jr. Leiteno descarta as proparoxtonas, nem as rotula como excepcionais. Ao contrrio, cria umaregra para explic-las. De uma maneira geral, todos os autores posteriores a LEITE (1974)afirmam que o padro proparoxtono marcado, ou mesmo no-natural, para a acentuaoda lngua portuguesa.

    As anlises posteriores a LEITE baseiam-se na teoria mtrica ou na teoria da otimalidade.BISOL (1992, 1994), por exemplo, apresenta uma regra que inclui os verbos e os no-verbosrecorrendo ao recurso da extrametricalidade para dar conta de exemplos residuais. Aextrametricalidade tem a funo de tornar elementos (em geral slabas ou codas) invisveis aplicao da regra. Assim, todas as palavras proparoxtonas tm a slaba final extramtrica.No que diz respeito ao verbo, a extrametricalidade condicionada morfologicamente. Issoresulta em um problema para a teoria fonolgica, pois a anlise unificadora no prevista,nesses termos, pela teoria. Ademais, Bisol assume que o caso no-marcado para o no-verbo marcado para o verbo. Alm disso, algumas regras fonolgicas que se aplicam aosno-verbos no se aplicam aos verbos.

    SNDALO (1999), por sua vez, sugere que as formas proparoxtonas so mantidas noportugus padro por meio da presso da gramtica normativa. Assim, ela cita o exemploabbora que possuiria duas formas: [abb], a forma fontica tima, e [abbo], aforma sub-tima, mantida na lngua, graas presso da gramtica normativa ou por sersociolingisticamente marcada.

    LEE (1995: 141) afirma que na maioria das palavras do portugus, o acento cai napenltima slaba. Ao mesmo tempo, COLLISCHONN (1999: 140) afirma que podemosconsiderar que o acento proparoxtono marcado, no sentido de que menos usual. umacento especial, contrrio tendncia geral de acentuar a penltima slaba, embora nofique claro, no texto, o clculo utilizado pela autora para a freqncia dessas palavrasproparoxtonas. De fato, anlises estatsticas como a de VIARO & GUIMARES-FILHO (2007)

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    ARAUJO, GUIMARES-FILHO, OLIVEIRA E VIARO Algumas observaes sobre...indicam que cerca de 62% das palavras lematizadas do DH so paroxtonas (este percentualsobe para 72% quando se consideram tambm os verbetes flexionados). Aps avaliar aanlise de BISOL (1994) e propor sua prpria anlise, LEE (1995: 152-165) afirma que asproparoxtonas, sobretudo aquelas terminadas em slabas pesadas, continuam problemticaspor se tratarem de um padro excepcional. Como soluo temporria, Lee assume que essaspalavras so marcadas na representao subjacente, ou seja, marcadas no Lxico.

    LEE (2004) mostra que o processo de sncope o apagamento de fonema no interiorda palavra poderia sugerir que as proparoxtonas so comumente rejeitadas no portugus.Essa noo crucial para se desqualificar as proparoxtonas na teoria do acento de Lee,pois, mostrando que as proparoxtonas tendem sncope, restariam anlise apenas asparoxtonas e as oxtonas. Baseado em MASSINI-CAGLIARI (1999), assume no s que asslabas finais so extramtricas, ao lado do processo de sncope, mas tambm mostra umatendncia das proparoxtonas tornarem-se paroxtonas.

    (3) cor(re)go c rre [kg]fsf(o)ro fs.fo [fsf]abb(o)ra [abb] cf. abobrinhac(u)los [kls] cf. oclinhos(adaptado de LEE 2004: 5)

    Uma outra hiptese, amplamente aceita, sugere que as palavras proparoxtonasentraram na lngua portuguesa na Renascena (sculo XVI) graas ao uso de termos eruditosdo latim e do grego (cf. WILLIAMS 1975:28-29). Pretendemos avaliar essa hiptese cruzandodados das proparoxtonas com as datas da informao etimolgica do DH.

    Dessa forma, pode-se concluir que a literatura, de uma forma geral, resolve a questodas palavras proparoxtonas considerando-as excees s regras de acento2. Os argumentoscomumente apresentados baseiam-se, sobretudo, na:

    (4) a baixa freqncia absoluta (em relao s no-proparoxtonas)b sncope da vogal na slaba ps-tnica ou extrametricalidade da vogal/slaba finalc introduo tardia na lngua (sculo XVI)

    Para avaliarmos cada um desses argumentos, foi analisada uma amostra de 18.413proparoxtonas. As informaes diacrnicas, no entanto, foram obtidas das 10.590 palavrasda amostra que possuam datao. Tendo em mos essa lista com as datas de introduo nalngua, fornecidas pelo DH, as proparoxtonas foram avaliadas com o auxlio de programasna linguagem MatLab, com respeito :

    2 A raiz dessa rejeio, no entanto, no se sustenta cientificamente, como veremos, e sua causa

    talvez possa ser encontrada na tradicional excluso in limine das proparoxtonas nas regras de acentuaogrfica, formalizada por meio da frase todas as proparoxtonas so acentuadas.

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    Cadernos de Estudos Lingsticos 50(1) Jan./Jun. 2008(5) a Sncope: a mudana do acento proparoxtono para paroxtono a partir da queda da

    vogal ps-tnica.b Consoantes circunvizinhas vogal acentuada.c Introduo na lngua: a data do primeiro registro escrito, segundo o DH. Uma vez

    que muitas palavras foram registradas somente pelo sculo de apario nos documentos,trabalhamos apenas com os sculos.

    d Freqncia de uso normalizada da ocorrncia da palavra no corpus de pginas emportugus do banco de dados do Google3 no dia 18/7/2006.

    e Qualidade da vogal acentuada.

    2. APAGAMENTO VOCLICO E CONTEXTO FNICO

    Defenderemos que, a princpio, as palavras proparoxtonas no deveriam ser estranhasao PB, pois havia proparoxtonas no latim e muitas das palavras proparoxtonas do portugusso originrias de emprstimos do latim e do grego. A gramtica histrica nomeia estesemprstimos como eruditismos. Uma vez que a mudana do acento na antepenltima paraa penltima slaba foi comum na passagem do latim para o portugus, alguns autoresgeneralizaram essa regra e passaram a defender que a mudana ainda amplamente ativa noPB. MASSINI-CAGLIARI (2007, no prelo) afirma que o padro acentual proparoxtona excepcional no Portugus Arcaico: Como exemplos de nomes proparoxtonos mapeadosno corpus de cantigas religiosas, podem ser citados: prologo, angeo, espirito, dicipolo,ydolo, letera, filosofo, poboo, crerigo, paravoa, sabado, camara, lampada, Evora, folego,duvida, citola, perigoo, vespera, Pascoa, Theophilo, etc. Note-se que todas essas palavrasso proparoxtonas terminadas em duas slabas leves. Entretanto, h tambm casos(rarssimos) de proparoxtonas em que uma das duas ltimas slabas pesada, porquetravada por consoante exemplos: Locifer, mercores, Princeps4, omees/omees. Ademais,MASSINI-CAGLIARI (2007) acrescenta que processos fonolgicos que transformam antigasproparoxtonas em paroxtonas so bastante atestados nas Cantigas de Santa Maria,como por exemplo: perigo vs periglo, perigoo; poboo vs. pobro e poblo.

    Indicando as slabas leves por L e as pesadas por P, as palavras proparoxtonas soformadas por sete categorias (contando-se somente as trs slabas finais), como em (6). Onegrito indica o acento tnico. Convm mencionar que o padro PPP no foi encontrado nocorpus.

    3 A contagem do algoritmo de busca no muito precisa acima de 100 mil ocorrncias absolutas,

    conforme discutido na literatura (cf. http://itre.cis.upenn.edu/~myl/languagelog/archives/002373.html).

    4 No entanto, preciso perceber que a palavra Locifer pode ser oxtona, uma vez que a passagem

    dos u para o so incomuns nas tnicas, mas comuns nas pretnicas. Nas Cantigas de Santa Maria 27: 6,os trs primeiros ps dos versos hendecasslabos apontam para a situao tona, tona, tnica: Vencerdev a Madre daquel que deitou/ Locifer do Ceo, e depois britou/ o ifern e os santos dele sacou, / e venceua mort u por nos foi morrer. Uma das formas antigas, citadas no DH, Lucifel (e no h, de fato, nonosso corpus, proparoxtonas terminadas em l). Para que a palavra Princeps seja proparoxtona necessrio postular a ocorrncia do fenmeno da epntese j no portugus medieval. Nas Cantigas deSanta Maria, apenas aparece a forma no plural princepes, que no tem a ltima slaba pesada (METTMANN1959).

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    ARAUJO, GUIMARES-FILHO, OLIVEIRA E VIARO Algumas observaes sobre...(6) a. LLL, como em mdico e bbado (14592 casos; 79,3%)

    b. PLL, como em ltimo e prsico (3633 casos; 19,7%)c. LLP, como em jpiter e lcifer (124 casos; 0,67%)d. PLP, como em ngelus e zngiber (56 casos; 0,30%)e. LPL, como em pnalti e rcorde (5 casos; 0,03%)f. LPP, como em chlenger e cferd (2 casos; 0,01%)g. PPL5, como em antspasto (1 caso; 0,005%)

    A TABELA 1 mostra as porcentagens de slabas tnicas em cada padro acentual.Deve-se considerar o corpus total de 150.875 mil palavras, sendo 24,9% oxtonas, 62,5%paroxtonas, 12,2% proparoxtonas e 0,4% monosslabos. Curiosamente, tanto as paroxtonascomo as proparoxtonas possuem cerca de 83% de suas slabas tnicas abertas, ou seja,terminadas em vogal, incluindo V, CV, CCV, CGV, e GV (onde V uma vogal, C uma consoantee G um glide). Nas oxtonas, o quadro invertido, mas devemos considerar que 38,6% dasoxtonas do corpus so formas do verbo no infinitivo. Os no-verbos oxtonos terminadosem vogal no ultrapassam 18% do total de oxtonas. Os dados referem-se base cominterpretao dos fonemas conforme a realizao fontica da variante paulistana (VIARO &GUIMARES-FILHO, 2007). Quanto s oxtonas, por exemplo, essa interpretao considera aconsoante final do verbo no infinitivo pronunciada como [R ], como em [fala] falar e nopreviu o apagamento da consoante / / final6, como em [fala] falar. Portanto, as diferenaspercentuais dependem da interpretao dada. De qualquer forma, os dados podem sugerirque tanto paroxtonas quanto proparoxtonas preferem slabas acentuadas abertas.

    Tabela 1: Slabas tnicas em cada padro acentual quando considerando o Padro Fonolgicoe uma interpretao dos fonemas conforme a realizao fontica da variante paulistana.

    PEREIRA (1916:46-50) afirma que o portugus j alterava a posio do acento em muitaspalavras de origem latina: Nem sempre observa a lingua a lei glottica da persistencia dasyllaba tonica latina (...) Refugindo ao esdruxulo, a analogia reduziu todos os verbos aotypo dos paroxytonos na conjugao do pres. do indic., deslocando para a penultima a

    5 A palavra performance [peRfRms], proparoxtona, PPL, aparece no DH como performance (sem

    o acento agudo), portanto, est dicionarizada como paroxtona. Assim, esta palavra representa um casoem que o item lexical ainda no foi aportuguesado na ortografia, mas no h variao de pronncia. Issoserve, portanto, para ilustrar a tendncia de conservao da tonicidade na slaba original, no importandose antepenltima, penltima ou ltima.

    6 A depender do dialeto, este rtico pode se realizar de vrias maneiras (cf. Cristfaro-Silva 1999).

    Padro

    Fonolgico

    Variante

    Paulistana

    Abertas Fechadas

    Abertas Fechadas

    Oxtona 14,2% 85,8% Oxtona 17,9% 82,1%

    Paroxtona 68,2% 31,8% Paroxtona 83,1% 16,9%

    Proparoxtona 79,6% 20,4% Proparoxtona 83,2% 16,8%

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    Cadernos de Estudos Lingsticos 50(1) Jan./Jun. 2008tnica dos proparoxytonos latinos. Assim, havia a tendncia da supresso da vogal nuclearsilbica medial e a posterior silabificao esquerda como em:

    (7)

    .dum

    *cldo [kaw.du] caldo

    .ram

    *utra [ow.ta] outra

    .dum

    *sldo [sow.du] soldo

    .dem

    *vrde [ve.de] verde7

    Ou a supresso da vogal nuclear silbica medial e silabificao direita:

    (8)

    .num

    *dmno [do~.nu] dono

    .lum

    *msclo [ma.u] macho

    .rum

    *scro [so.gu] sogro(exemplos adaptados de FERREIRA NETTO 2001)

    LEE (2004) mostra que as mudanas (de acento antepenltimo para acento penltimo)em portugus podem ser explicadas em paralelo ao latim. Dessa forma, assume que a noode sncope crucial para se compreender as constantes redues de proparoxtonas paraparoxtonas. Baseado em MASSINI-CAGLIARI 1999, adota que as slabas finais so extramtricase prope a derivao em (9), pois LEE considera que o p em portugus o troqueu silbico.Dessa maneira, a slaba reduzida fica na posio fraca do p, criando as condies para aressilabificao e a alterao da posio do acento. Portanto, nos exemplos a seguir, aslaba fraca do p apagada, como visto em (3), repetidas, parcialmente:

    (9) crrego [kg]fsforo [fsf]

    Em primeiro lugar, devemos olhar para os dados de uma forma diferente. Em (10), huma lista com exemplos, comumente citados (cf. FERREIRA NETTO 2001) com o objetivo de seprovar que as proparoxtonas so reduzidas para paroxtonas:

    (10) a abbora [abb] cf. abobrinharvore [av] cf. arvrinhafsforo [fsf] ?fosfrinhoxcara [ik] cf. xicrinhachcara [ak] cf. chacrinhaculos [klus] cf. oclinhos

    7 Neste trabalho, o asterisco indica, normalmente, que a forma no foi atestada. Esse uso surgiu no

    gerativismo, para a indicao da agramaticalidade. Apenas neste exemplo est sendo usado com o sentidotradicional de palavra reconstruda (e, portanto, altamente provvel). O uso ambguo do smbolo advmda fuso de perspectivas at recentemente incompatveis. No se props nenhuma soluo para resolveressa contradio.

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    ARAUJO, GUIMARES-FILHO, OLIVEIRA E VIARO Algumas observaes sobre...b ccegas [ksk] cf. cosquinha

    fsica [fizg] ??fisguinhapssego [pezg] ?pesguinhomsica [muzg] ?musguinha

    c crrego [kg] cf. corguinho

    d nmero [nu~]cmodo [ko~d]

    De fato, as palavras em (10) so reduzidas em diversas variantes do portugus, emboraisso no ocorra em todas8. Entretanto, os diminutivos listados em (10)a, por exemplo, socompartilhados por um grande nmero de falantes e oferecem forte apoio aos defensoresda reduo. Um outro olhar sobre os dados em (10) revela que o ambiente fnico de todasas palavras reduzidas permite que sejam reduzveis de maneira no-aleatria. A reduo ,portanto, possvel, havendo tambm uma ressilabificao em seguida. Se o elemento a serressilabificado uma consoante /R/ ou /l/ no onset da slaba final, a ressilabificao formarum onset complexo, desde que o onset da slaba ps-tnica no-final seja uma oclusiva ouuma labiodental, como em (10)a. Porm, h a possibilidade de o elemento ser ressilabificadopara a coda da slaba tnica. Nesse caso, deve ser necessariamente uma dos quatroconsoantes possveis na posio de coda (cf. (10)b, c, d), o que equivale, segundo adescrio de CMARA JR (1970), a um dos arquifonemas: /S, R, N, L/. Dessa forma, ocorresncope em uma palavra com acento na penltima slaba (proparoxtona), nos seguintescasos: a slaba ps-tnica formada por uma consoante (oclusiva ou labiodental) e umavogal e a slaba ps-tnica final possui no onset uma consoante lquida (/R/ ou /l/). Nessecaso, a vogal da slaba ps-tnica apagada (sncope) e a consoante lquida ressilabificada, formando um onset complexo (quando o onset complexo for possvel).

    (11) abbora [abb] cf. abobrinhaculos [klus] cf. oclinhos

    A slaba ps-tnica no-final formada por uma consoante e uma vogal, sendo que aconsoante um rtico /r/ ou //. Nesse caso, a vogal da slaba apagada e o rtico ressilabificado para a coda da slaba tnica.

    8 A variante em questo corrente no portugus do Brasil. H , tambm, algumas variantes do pb nas

    quais a sncope ocorre de uma maneira mais freqente. Assim, em alguns falares de mg e no interior de sp,por exemplo, h apagamentos que envolvem tanto a vogal ps-tnica como a consoante do onset daslaba final, como em poca > [p], bbado > [beb], cndida > [ka~dj]/[ka~d], etc. Alm disso, naregio central de mg, h registros de apagamento completo de todas as slabas p s-tnicas (cf. Lee 2004).

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    Cadernos de Estudos Lingsticos 50(1) Jan./Jun. 2008(12) crrego [kRg]9 cf. corguinho

    A slaba ps-tnica no-final formada por uma consoante e uma vogal [i], sendo quea consoante uma realizao das consoantes contnuas coronais /s, z/. Nesse caso, a vogalpode ser apagada, ocorrendo espalhamento do trao [voz] para o onset da slaba seguinte.

    (13) ccegas [ksk] cf. cosquinhafsica [fizg] ??fisguinhapssego [pezg] ?pesguinhomsica [muzg] ?musguinha

    A slaba ps-tnica formada por uma consoante e uma vogal, sendo que a consoante uma realizao das consoantes nasais /m, n/. Nesse caso, a slaba ps-tnica pode serapagada ocorrendo espalhamento da nasalidade para a slaba tnica (anteriormente oral).

    (14) nmero [nu~]10cmodo [ko~d]11

    A consoante /l/, contudo, no ressilabificada, no ocorrendo, portanto, sncopequando essa consoante ocupar a posio de onset na slaba ps-tnica no-final, apesarde /l/ ser uma consoante possvel na posio de coda. Assim, pressupomos que a sncopeno ocorre mesmo que o alofone [w] de /l/ tambm seja possvel como elemento na coda.Nesse caso, possvel que a perda da distino morfolgica comprometa a lexicalidade dapalavra. Pode-se ainda argumentar que, aps a sncope da vogal, a consoante da slabaapagada dever manter uma fidelidade em seus traos, inviabilizando assim sua mudanapara [w].

    (15) evanglico ??[eva~wk]catlico ??[katwk]

    9 A depender do dialeto, este rtico pode se realizar de vrias maneiras (cf. Cristfaro-Silva 1999).

    10 CMARA JR (1970: 59) afirma que (...) depois de vogal nasal s se realiza um /r/ forte e nunca

    o/r/ brando prprio exclusivamente da posio intervoclica. Isto, que eu disse desde 1948, repetidocom outras palavras por Morais Barbosa, comentando a pronncia obrigatria de genro, honra etc.(Barbosa 1965, 92). No entanto, em realizaes como [nu~.] h um possvel contra-exemplo.

    11 FERREIRA NETTO (2001:178) transcreve [ko~u~.du].

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    ARAUJO, GUIMARES-FILHO, OLIVEIRA E VIARO Algumas observaes sobre...Um outro caso a ser considerado ocorre com palavras que possuem [s] ou [z] no onset

    da slaba final seguidos de [i]. Nesse caso, a vogal final apagada e a consoante [s] ressilabificada para a coda da slaba ps-tnica, gerando, portanto, uma paroxtona. Portanto,temos aqui um caso distinto dos apresentados acima, pois a reduo em (16) ocorre devidoao apagamento da vogal da slaba tona final (apcope). o que ocorre com 611 palavrasdo corpus12.

    (16) aplice [apls]elefantase [elefa~tiz]

    Consideramos tambm, por definio, que o processo de sncope no ocorre quandoas consoantes /p t k b d g f v/ estiverem, aps a realizao da sncope, nas posies de codada tnica e onset da ps-tnica no-final. Isso se d pelo fato de essas consoantes noserem permitidas, no sistema do PB, se houvesse apagamento da vogal ps-tnicano-final, nem como coda da tnica, nem como segundo elemento de um onset complexoda ps-tnica resultante.

    (17) mdico *[mdk]bbado *[bebd]rpido *[xapd]pnalti *[penlt]poca *[pk]

    Por enquanto, os fatos apresentados no contrariam as afirmaes de SNDALO (1999)e LEE (2004), pois suas descries levantam pontos relevantes que devem ser considerados.De fato, a gramtica normativa, como qualquer outro instrumento lingstico, exerce pressosobre a lngua. No entanto, pessoas com baixa escolarizao ou mesmo sem escolarizaoalguma tambm produzem palavras proparoxtonas. Alm disso, o letramento, auniversalizao e a democratizao do acesso escola tenderiam, portanto, a aumentar ainfluncia da gramtica normativa e, por conseguinte, aumentar a ocorrncia deproparoxtonas em muitas variantes. Possivelmente, os dois fatos (influncia da gramticanormativa e produo de proparoxtonas) no sustentam uma relao de causa econseqncia. Por outro lado, o fenmeno de sncope ou reduo voclica no PB noparece estar relacionado tambm com a diminuio da freqncia das palavras proparoxtonas.A reduo parece ser oriunda da possibilidade de estruturas silbicas menos marcadasprevalecerem em relao a estruturas mais marcadas. Nesse sentido, a proposta de LEE(2004) no menciona exemplos de redues que ocorrem quando a consoante na slabaps-tnica no ressilabificvel, ou seja, distinta de /S, R, N, L/. Portanto, LEE (2004) noarrola exemplos como em (17), nos quais a sncope seria estruturalmente impossvel nesses

    12 Casos semelhantes a este mereceriam um estudo mais detalhado de fontica acstica, uma vez que

    tambm possvel imaginar casos de apcope do [i] aps outras fricativas e africadas: cnjuge [ko~u],trade [tiad], pirmide [pia~mid], satlite [satlit], tquete [tikit]. Um caso ainda mais

    complexo o de cccix [kksiks]_[kkisi]_[kkis].

  • 79

    Cadernos de Estudos Lingsticos 50(1) Jan./Jun. 2008contextos. Os exemplos em (17) so de palavras proparoxtonas que provavelmente pertencemtambm expresso de pessoas no-escolarizadas. Pode-se, inclusive, afirmar que todasso, possivelmente, comuns ou familiares a todos os falantes. Portanto, alguns dosargumentos comumente utilizados para desqualificar as proparoxtonas (presso dagramtica, origem erudita, baixa freqncia) no podem ser aplicados nesses casos.

    Posto isto, nos voltamos para a possibilidade estrutural da slaba formada em casosde apagamento ou manuteno da estrutura silbica nas palavras proparoxtonas everificamos a natureza do cluster complexo (no onset da ps-tnica) ou do elemento formadorde coda nas palavras proparoxtonas, nos casos de sncope. Do total de 18.413 palavrascom acento antepenltimo no corpus, cerca de dois teros das palavras proparoxtonasno formam clusters vlidos quando feito o apagamento mecnico da vogal da slabaps-tnica, como em rpido > *rp.do, calotpico > *calotp.co, haffobo > *haff.bo. Oapagamento da vogal da slaba ps-tnica gera slabas com codas vlidas em 4.287 casosou 23,2% do total, como em fsica > fs.ca, anisrico > anisr.co, gnese > gn.se. Em 439casos, ou 2,4% do total, a slaba ps-tnica no-final formada somente por uma vogal. Porfim, so geradas palavras cuja slaba ps-tnica possui um onset vlido, como em abbora> ab.bra, prspero > prs.pro, tero > .tro em 2.158 (11,7%) dos casos, resultando emslabas invlidas em 62,7 % das palavras, conforme apresentado na TABELA 1. H, ainda, oscasos em que o apagamento da vogal da slaba ps-tnica no-final gera uma seqncia decoda possvel seguida por um onset complexo permitido, como em priplo > pr.plo. Nessecaso, o onset supercomplexo formado por trs consoantes, rpl, como em *p.rplo, no possvel em portugus.

    Tabela 2. Validade dos clusters produzidos por sncope da vogal ps-tnica.

    Para avaliar a confiabilidade desta anlise, um segundo mtodo foi utilizado paracomparao, com o uso de um programa de identificao de encontros consonantaispassveis de epntese13. Nesse mtodo, verificou-se se, aps a sncope forada daps-tnica no final, a transcrio automtica gerava uma epntese no local da vogalapagada, sendo considerados reduzveis por sncope apenas os casos em que no ocorriaepntese. Obtivemos resultados similares aos obtidos pela anlise de clusters vlidos:67,5% de redues invlidas e 32,5% de redues vlidas. Portanto, os dados sugerem que

    13 O programa identificava os encontros consonantais resultantes depois do apagamento da vogalps-tnica, como p.t, g.b, d.f, etc., onde o ponto representa a diviso silbica entre os elementos da codae do onset.

    Freqncia

    Relativa

    Nmero de

    ocorrncias

    Sncope gera clusters invlidos 62,7% 15.538

    Sncope gera codas vlidas na slaba tnica 23,2% 4.287

    Sncope gera onsets vlidos para slaba ps-tnica 11,7% 2.158

    Slaba ps-tnica intermediria do tipo V

    (portanto, no-apagvel) 2,4% 439

    TOTAL 100% 18.413

  • 80

    ARAUJO, GUIMARES-FILHO, OLIVEIRA E VIARO Algumas observaes sobre...a sncope da vogal da slaba ps-tnica no-final gera slabas bem-formadas apenas emcerca de uma a cada trs palavras. Dessa forma, a sncope da vogal no explicaria todas asredues possveis. QUEDNAU (2002) sugere que o fenmeno da sncope depende da variaodialetal e da velocidade da fala, porm na maior parte das variantes urbanas, o apagamentono est lexicalizado e ainda possui forte conotao negativa. Por outro lado, a anlise dosdados indica que o fenmeno da sncope pode ser claramente associado gramaticalidadeda slaba resultante. Os nossos resultados sugerem que, quando ocorre o fenmeno doapagamento da vogal ps-tnica, o processo condicionado, mormente, por regras defonottica da lngua que no podem ser descritas somente em termos sociolingsticos.Outro argumento empregado contra as proparoxtonas baseia-se na epntese voclica. Avogal padro para as adies (prteses, epnteses e paragoges) no portugus [i], comoem [i]sport[i] esporte (prtese e paragoge, respectivamente) e tc[i]nico tcnico (epntese)(cf. COLLISCHONN 2000). Nesse sentido, LEE (2004) oferece um exemplo interessante. Paraexplicar determinadas variantes, o autor defende que ocorre sncope da vogal [a] medial emlmp[a]da resultando na forma *lampda. Uma vez que p no pode ocorrer como coda daprimeira slaba (i.., *lap), nem como onset complexo (i., *pda), a epntese voclica,lmp[i]da, garantiria a boa-formao da estrutura silbica. No entanto, lmp[i]da ou bb[i]do(seguindo a mesma argumentao) continuam sendo palavras proparoxtonas. Por outrolado, h 895 casos (1% do corpus) de paroxtonas (na forma ortogrfica) que se transformamem proparoxtonas aps epntese, como por exemplo, pacto > [pakit]. A relao entreepntese voclica e as proparoxtonas poderia ser um tpico de uma pesquisa futura.

    MASSINI-CAGLIARI (1992: 132), tratando da formao de palavras por siglas, mencionaque praticamente inexistem siglas com acento proparoxtono. A autora cita apenas a palavraVNI, como exemplo de sigla proparoxtona, por causa da epntese que ocorre entre o V e oN, como em VNI, da mesma forma que palavras como ritmo so paroxtonas apenas doponto de vista da ortografia. Alm de VNI, encontramos pelo menos duas outras palavrasformadas por siglas proparoxtonas, ambas com adio voclica, VARIG e ETCO. Portanto,palavras formadas por siglas com acento proparoxtono so de fato minoritrias.

    Ademais, sobretudo no que concerne aos substantivos, palavras oxtonas tambmpodem ser transformadas em paroxtonas (18), nos processos morfofonolgicos conhecidoscomo truncamento ou abreviao (cf. ARAUJO 2002). Sem dvida, esse fato tambm deve serabordado pelas anlises do acento.

    (18) Maraca[na] MaracaMorum[bi] Morumbatraves[ti] travecosapa[ta~~] sapata

  • 81

    Cadernos de Estudos Lingsticos 50(1) Jan./Jun. 20083. INTRODUO TARDIA

    Uma vez que o portugus pode ser rastreado diacronicamente, por meio de registrosescritos e reconstrues, at o latim vulgar, possvel, teoricamente, usar fontes histricaspara localizar a primeira apario de uma determinada palavra desde os primrdios de seuuso. Se a hiptese da entrada na lngua no sculo XVI justifica a excepcionalidade dasproparoxtonas (posteriores s mudanas fonolgicas que alteraram a posio do acentona palavra), dois fatos estatsticos so esperados: primeiro, a data mdia da primeiradocumentao na lngua para palavras proparoxtonas dever ser maior do que para palavrasno-proparoxtonas; e, em segundo lugar, a distribuio emprica das palavras com acentona antepenltima dever apresentar uma transio evidente ou um pico no sculo XVI, quecorresponde data da suposta introduo da maioria dessas palavras.

    Os grficos da FIGURA 1 mostram a evoluo temporal do nmero de palavras criadasem cada sculo, presentes no DH, de acordo com a tonicidade. Foi utilizada uma escalavertical logartmica porque a introduo de novas palavras registradas no portugus nosculo XIX quase uma ordem de grandeza superior dos demais sculos, fazendo que ogrfico em escala linear se torne ilegvel. Uma forma interessante de discutir estes dados sed por meio da relao entre as produtividades relativas de cada uma das tonicidades aolongo dos sculos (cf. FIGURA 2). As barras verticais no grfico da FIGURAS 2 correspondemaos desvios padro dos percentuais apresentados. Estes desvios padro foramdeterminados considerando que as palavras contidas no DH correspondem a uma amostradas palavras portuguesas existentes e, portanto, sujeitas a flutuaes amostrais.

    IX X XI XII XIII XIV XV XVI XVII XVIII XIX XX

    100

    101

    102

    103

    104

    105

    Sculo

    N

    mero

    de

    pala

    vra

    sn

    ov

    as

    (es

    ca

    lalo

    gar

    tmic

    a)

    oxtonasparoxtonasproparoxtonas

  • 82

    ARAUJO, GUIMARES-FILHO, OLIVEIRA E VIARO Algumas observaes sobre...

    Figura 1 Evoluo temporal do nmero de palavras criadas em cada sculode acordo com a tonicidade.

    A data mdia da primeira documentao na lngua das palavras proparoxtonasno DH o ano de 1843, com uma disperso (desvio-padro) de 147 anos, enquanto asno-proparoxtonas tm como data mdia o ano de 1737 com uma disperso de 218anos. Assim, embora a primeira previso seja numericamente correta, como mostra aFIGURA 1, tanto as proparoxtonas como as no-proparoxtonas entram na lngua deforma regular em todos os sculos. Pode-se, inclusive, afirmar que h uma tendnciapara picos nos sculos XIII, XVI e XIX, tanto para as proparoxtonas quanto para asno-proparoxtonas. O primeiro pico est associado ao prprio surgimento doportugus como lngua independente. O ltimo pode estar ligado, entre outras coisas,s revolues tcnico-cientficas, exploso demogrfica na Europa e na Amrica e consolidao da escolarizao universal que promoveu um letramento em massa,resultando em um nmero maior de obras literrias e no-literrias impressas. Acorrelao entre Renascena e proparoxtonas no estatisticamente evidente comomostra a FIGURA 2.

    IX X XI XII XIII XIV XV XVI XVII XVIII XIX XX

    100

    101

    102

    103

    104

    105

    Sculo

    N

    mero

    de

    pala

    vra

    sn

    ov

    as

    (es

    ca

    lalo

    gar

    tmic

    a)

    proparoxtonasno proparoxtonas

  • 83

    Cadernos de Estudos Lingsticos 50(1) Jan./Jun. 2008

    Figura 2 Relao entre a tonicidade e a criao lexical. As barras verticais so os desvios padrocorrespondentes s flutuaes estatsticas amostrais.

    A segunda previso tambm se mostrou equivocada, pois a entrada de proparoxtonasmantm uma trajetria crescente, com destaque para os sculos XIX e XX.

    4. FREQNCIA DE USO E TONICIDADE

    A distribuio da freqncia de uso de cada tipo de tonicidade (oxtonas, paroxtonas,proparoxtonas e monosslabos) foi comparada com a freqncia global das palavras doportugus. Assim, dividindo a freqncia de uso das palavras em 4 partes (quartis)(denominadas de raras, incomuns, comuns e freqentes), cada uma destas partes contendoaproximadamente 25% do total das palavras da base, obtivemos para cada tipo de tonicidadea distribuio apresentada na TABELA 3. Estes resultados mostram que as palavrasproparoxtonas tm uma distribuio de freqncia de uso com uma tendncia para valoresmenos comuns do que as palavras no-proparoxtonas, pois h quase 50% delas no quartildas palavras raras, e pouco mais de 10% no das freqentes, quando o esperado era cerca de25% em cada um.

    IX X XI XII XIII XIV XV XVI XVII XVIII XIX XX

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    100

    Sculo

    Fre

    q

    n

    cia

    rela

    tiv

    a(%

    )

    Oxtonas

    Paroxtonas

    Proparoxtonas

  • 84

    ARAUJO, GUIMARES-FILHO, OLIVEIRA E VIARO Algumas observaes sobre...

    Tabela 3 Distribuio estatstica da freqncia de uso, de acordo com a base de pginas emportugus do Google, em termos da tonicidade das palavras.

    Porm, um ponto que precisa ser esclarecido se essa baixa freqncia de uso se deveao fato da palavra ser proparoxtona ou as caractersticas das proparoxtonas, como, porexemplo, serem, em geral, palavras mais longas que as dos outros tipos (VIARO & GUIMARES-FILHO 2007). A relao entre tonicidade e o nmero de slabas est apresentado na FIGURA3. A freqncia relativa de oxtonas diminui com o aumento do nmero de slabas da palavra,ou seja, quanto maior o nmero de slabas da palavra, menor a chance de ser oxtona,enquanto para as proparoxtonas ocorre o oposto. curioso observar que a freqnciarelativa de paroxtonas se mantm aproximadamente estvel perto de 70% para palavrascom quatro ou mais slabas (GUIMARES-FILHO et alii 2006).

    14 Foram denominadas Raras as palavras que ocorriam em menos de 10 pginas, Incomuns aquelas

    usadas em at 200 pginas, Comuns para at 20 mil pginas e Freqentes para mais de 20 mil pginas(o maior nmero de ocorrncias encontrado foi de 317 milhes para a preposio de). Pesquisasrealizadas entre os dias 18 e 21 de julho de 2006.

    Quartis de freqncia de uso14

    Raras Incomuns Comuns Freqentes

    TODA A BASE

    27,5 %

    26,3 %

    23,7 %

    22,6 %

    Raras

    Incomuns

    Comuns

    Freqentes

    Monosslabos

    0,0 %

    0,2 %

    4,4 %

    95,4 %

    Oxtonas

    21,1 %

    27,2 %

    26,1 %

    25,6 %

    Paroxtonas

    26,3 %

    26,4 %

    24,2 %

    23,1 %

    Proparoxtonas

    47,5 %

    24,8 %

    16,4 %

    11,4 %

    Raras

    Incomuns

    Comuns

    Freqentes

    No-proparoxtonas 24,7 % 26,5 % 24,7 % 24,1 %

    Proparoxtonas 47,5 % 24,8 % 16,4 % 11,4 %

  • 85

    Cadernos de Estudos Lingsticos 50(1) Jan./Jun. 2008

    9sS

    10sS

    8Ss

    ta~~

    2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 ou mais

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    100

    Nmero de Silabas

    Fre

    q

    n

    cia

    rela

    tiv

    a(%

    )Oxtonas

    Paroxtonas

    Proparoxtonas

    Raras Incomuns Comuns Freqentes

    Proparoxtonas

    17 %

    26 %

    28 % 29 %Trisslabos

    No-proparoxtonas

    25 %

    24 %

    22 % 29 %

    Proparoxtonas

    41 %

    27 %

    17 % 14 %Tetrasslabos

    No-proparoxtonas

    28 %

    28 %

    24 % 20 %

    Proparoxtonas

    50 %

    26 %

    16 % 9 %

    Pentasslabos

    No-proparoxtonas

    33 %

    29 %

    21 % 17 %

    Proparoxtonas

    47,5 %

    24,8 %

    16,4 % 11,4 %TODOS

    No-proparoxtonas 24,7 % 26,5 % 24,7 % 24,1 %

    Figura 3 Relao entre tonicidade e o nmero de slabas. As barras verticais indicamos desvios padro correspondentes s flutuaes estatsticas amostrais.

    Para avaliar a importncia do nmero de slabas da palavra na freqncia de uso,verificamos os casos dos trisslabos, tetrasslabos e pentasslabos:

    Tabela 4 - Distribuio estatstica da frequncia de uso em termos da tonicidade deacordo com o nmero de slabas das palavras.

    Estes resultados mostram que com o aumento do nmero de slabas da palavra h umatendncia geral de reduzir a freqncia de uso que parece ser um pouco mais acentuado nocaso das proparoxtonas, como por exemplo, as proparoxtonas no grupo das freqentespassam de 29% no caso dos trisslabos para 9% no caso dos pentasslabos, enquanto nogrupo das raras passam de 17% para 50%.

    H ainda outros efeitos, como a data de criao da palavra, que tambm precisam serinvestigados antes de se concluir que o fato da palavra ser proparoxtona influencia demaneira significativa a freqncia de uso da palavra. Os resultados parecem indicar a

  • 86

    ARAUJO, GUIMARES-FILHO, OLIVEIRA E VIARO Algumas observaes sobre...existncia deste efeito, embora com uma intensidade bem menor do que a primeira anliseindicava (sem distinguir o nmero de slabas).

    Para complementar a discusso sobre relao entre freqncia de uso e tonicidade,realizamos um segundo teste, filtrando as palavras simultaneamente quanto ao nmero deslabas e data de criao lexical. Assim, tomando apenas palavras com 3, 4 ou 5 slabas,obtivemos a distribuio de freqncias de uso em termos da data de criao lexical, obtendoos resultados apresentados na TABELA 5, que mostram que o efeito da tonicidade no perceptvel para as palavras criadas entre os sculos XIII a XVIII. A tendncia de reduo dafreqncia de uso das proparoxtonas criadas nos sculos XIX e XX pode estar ligada aostermos cientficos formados por radicais eruditos. Estes resultados indicam que a relaoentre freqncia de uso e tonicidade um problema que precisa ser abordado com o uso demtodos estatsticos rigorosos a fim de evitar concluses equivocadas.

    Tabela 5 Distribuio da freqncia de uso dos trisslabos, tetrasslabos e pentasslabos comrelao data de criao lexical para palavras proparoxtonas e no-proparoxtonas.

    5. QUALIDADE DA VOGAL

    A qualidade da vogal acentuada relevante porque o PB tem um sistema voclicodependente do acento lexical. O nmero de vogais dependendo da posio do acento, paraa maioria das variantes do PB o seguinte:

    (19) Posio pr-tnica: 5 vogais: [i, u, e, o, a]. (Para algumas palavras isoladas [, ]).Posio tnica: 7 vogais: [i, u, e, , o, , a]Posio ps-tnica no-final: 5 vogais: [i, u, e, o, a]Posio ps-tnica final: 3 vogais: [, , ]

    Apesar de as vogais mdias abertas terem sua distribuio limitada posio deacento, trata-se apenas de uma tendncia e no uma causa, uma vez que as vogais mdiasfechadas [e, o] tambm ocorrem na posio tnica. Porm, qual a distribuio especficade [, , ] nas palavras proparoxtonas, comparada distribuio nas palavrasno-proparoxtonas?

    Raras

    Incomuns

    Comuns

    Freqentes

    Proparoxtonas 6 %

    9 %

    17 %

    68 %

    Sculos XIII a XV

    No-proparoxtonas

    5 % 14 %

    23 %

    59 %

    Proparoxtonas 13 %

    24 %

    25 %

    38 %

    Sculos XVI a XVII No-proparoxtonas

    10 %

    23 %

    30 %

    37 %

    Proparoxtonas 44 % 27 % 18 % 11 %Sculos XIX e XX

    No-proparoxtonas 26 % 29 % 26 % 19 %Proparoxtonas 43 % 26 % 17 % 14 %

    TODOS os sculos No-proparoxtonas 26 % 28 % 24 % 22 %

  • 87

    Cadernos de Estudos Lingsticos 50(1) Jan./Jun. 2008A TABELA 6 mostra a distribuio das sete vogais do PB na posio tnica.

    Tabela 6 Tipos de vogais tnicas nas palavras com acento antepenltimo eno antepenltimo com respectivas freqncias percentuais.

    As maiores diferenas entre as duas categorias esto na distribuio das vogas mdiasaltas [, ]. Para as palavras com acento na antepenltima, 37,2% das vogais acentuadasso mdias altas e para as com acento no-proparoxtono somente 10,4% das vogaisacentuadas so mdias altas. Dessa forma, palavras proparoxtonas tm 2,6 vezes maischances de terem a vogal [] na posio acentuada e 4,4 vezes mais chances de ter a vogal[] na posio acentuada do que palavras com acento no-proparoxtono. Isso sugere queh uma correlao entre acento e vogais mdias abertas em palavras proparoxtonas (cf.WETZELS 1991, 1992). Essa correlao poderia ter uma motivao fontica, assumindo-seque a diferena de qualidade est relacionada altura da vogal. Uma vez que as slabasacentuadas so mais longas e permitem que a abertura da vogal seja mais longa e menosprecisa, tais vogais poderiam ter surgido e ter permanecido restritas posio tnica namaioria das variantes do portugus. No entanto, essa questo permanece em aberto.

    Interessante seria ainda observar qual a vogal que est na ps-tnica no-final. Emordem decrescente de freqncia temos: /i/ (65,3%), /a/ (10,9%), /o/ (10,5%), /e/ (9,7%) e /u/(3,6%). curioso observar que, embora seja o caso mais freqente, apenas 28% das palavrascom vogal ps-tnica no-final /i/ so apagveis (geram codas vlidas ou onsets complexosvlidos depois da sncope). Por outro lado, 81% dos casos com /u/ so apagveis (para asdemais vogais ps-tnicas os percentuais so: /o/ 38%, /a/ 49%, /e/ 70%).

    6. SUMRIO E CONCLUSES

    A dicotomia acento fonologicamente determinado vs. acento lexicalmenteespecificado pode ser mais bem avaliada quando dados morfolgicos, histricos e defreqncia so agrupados em uma anlise. Em relao s palavras proparoxtonas, osseguintes pontos so especialmente relevantes:

    Vogal tnica Proparoxtonas No-Proparoxtonas Oxtonas Paroxtonas

    i

    26,5 %

    22,5 %

    28,3 %

    7,9 %

    u

    2,6 %

    4,7 %

    5,0 %

    3,8 %

    e

    4,4 %

    13,5 %

    16,8 %

    5,2 %

    12,0 %

    4,7 %

    5,3 %

    2,9 %

    o

    7,7 %

    6,7 %

    5,1 %

    10,6 %

    25,2 % 5,7 % 6,9 % 2,7 %

    a 21,6 % 42,3 % 32,5 % 66,9 %

  • 88

    ARAUJO, GUIMARES-FILHO, OLIVEIRA E VIARO Algumas observaes sobre...(20) a. Sempre existiram no portugus;

    b. Palavras oxtonas e proparoxtonas, cujos padres acentuais no so o cannico, soencontradas em todas as pocas e so criadas com freqncias proporcionais sua representatividadeno corpus;

    c. As redues (proparoxtonas > paroxtonas) ocorrem em determinados contextos, emborahaja tambm oxtonas que se transformam em paroxtonas e paroxtonas que se transformam emproparoxtonas;

    d. No h evidncias que sustentam que os falantes evitem o uso das proparoxtonas ou quehaja um direcionamento para uma mudana de posio de acento;

    e. Emprstimos recentes sugerem que o princpio de conservao do acento ainda est ativo.

    O objetivo deste artigo foi legitimar a presena de palavras proparoxtonas nas anlisesdo sistema acentual do portugus do Brasil. Foi mostrado que essas anlises desqualificamas proparoxtonas por no disporem de instrumentos que possibilitem uma explicaounificada para o fenmeno do acento lexical. Ao mesmo tempo, embora assumamos que,estatisticamente, as proparoxtonas sejam marginais no sistema circa 12% do corpus de150 mil palavras, acreditamos que as anlises deveriam consider-las como parte dosistema.

    Procuramos mostrar que as redues (sncope e apcope) que transformam palavrasproparoxtonas em paroxtonas ocorrem sob certas circunstncias, dentre elas a possibilidadede uma consoante em coda ou onset ser ressilabificada como segundo elemento de onsetcomplexo ou como coda, que ocorrem apenas em cerca de 1/3 das proparoxtonas. Almdisso, foi mostrado que explicaes paralingsticas como a presso da gramtica normativa,a origem erudita da palavra ou a baixa freqncia de uso no so causa nem conseqnciada existncia ou da manuteno das proparoxtonas.

    No entanto, algumas questes se colocam para pesquisa futura. Certamente,proparoxtonas pertencem ao sistema do PB, embora, estatisticamente, o acentoantepenltimo seja minoritrio, mas necessrio entender as razes pelas quais a consoante/l/ no ressilabificada e no ocorre sncope quando ocupa a posio de onset na slabaps-tnica, apesar de /l/ (ou seu alofone [w]) ser uma consoante possvel na posio decoda. A relao entre epntese e as proparoxtonas tambm merece maior ateno, assimcomo a relao entre sncope e freqncia de uso.

    Por fim, os dados em (10) mostram que, comumente, so criados onsets complexosfora da posio do acento, como em ch[k]a, embora CRISTFARO-SILVA (2002) julgue que aposio tnica seja a ideal para onsets complexos, ao lembrar casos de apagamento doonset complexo como em problema [pobem], ou de mettese do segundo elementopara a posio tnica, como em estupro [istup]. A formao desses onsets complexos,entretanto, tambm mereceria uma investigao mais detalhada.

    Por fim, no podemos ainda nos esquecer de que o julgamento dos dados em aceitveisou no sempre foi problemtico desde que surgiu o conceito de agramatical no gerativismo.H um certo elemento subjetivo no julgamento da agramaticalidade, uma vez que isso

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    Cadernos de Estudos Lingsticos 50(1) Jan./Jun. 2008depende da experincia e da capacidade de percepo do indivduo, que costuma aferrar-senas suas convices, tolerando alguns dados ou achando outros exagerados, conforme omomento ou at mesmo conforme a linha terica. A apcope do e talvez ocorra numapalavra mais freqente, aprendida mais espontaneamente, como aplice do que numapalavra como prosapdose, que rara, aprendida pela escrita e utilizada como jargo.Apesar de todo o contexto fnico ser parecido, h sabidamente palavras mais comuns queoutras, pronunciadas por poucas pessoas e em poucos discursos. Somente estudos defontica acstica de palavras proparoxtonas produzidas em situaes espontneas poderonos dar a certeza sobre os casos de sncope e apcope, de modo que se possa generalizarcomo regra fonolgica. H fatores que relativizariam a possibilidade ou a impossibilidadeditada pelo contexto fnico, ou seja, reforariam a presena de mais proparoxtonas do queo normal, quais sejam: a baixa freqncia de uso da palavra, a velocidade mais pausada dafala individual/regional, a formalidade situacional do discurso e o policiamento normativodo falante. Esses fatores, contudo, no parecem abalar nossa argumentao, pelo contrrio,um aumento da quantidade de proparoxtonas no lxico do PB, ainda que motivada poresses outros fatores, apenas reforam a tese que propomos defender, a saber, de que asproparoxtonas so um elemento pertencente ao sistema da lngua portuguesa to digno deser estudado quanto s oxtonas e as paroxtonas.

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